Você está na página 1de 25

ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

AULA 6

Profª Eliane Silva Custódio


CONVERSA INICIAL

Inversores são circuitos que convertem potência DC em AC com


frequência, tensão e corrente determinadas pelo projetista. A saída não é
perfeitamente senoidal, mas pode ser considerada como tal. Os inversores são
usados em aplicações industriais, controles de velocidade para motores
síncronos e de indução, aquecimento por indução, fontes de alimentação para
aeronaves, fontes de alimentação de funcionamento contínuo (Uninterruptible
Power Supplies – UPS) e transmissão em alta tensão DC (Ahmed, 2000).
Nesta aula, estudaremos: inversores monofásicos de fonte de tensão nas
configurações meia ponte e ponte completa, a modulação PWM e os modelos
de inversores usando esse tipo de modulação. Os inversores monofásicos de
fonte de tensão são os mais usados e por isso são o foco de nosso estudo, mas
também será mostrado o inversor com terminal central. No último tema, veremos
o inversor trifásico básico que tem como principais tipos os de condução de 180°
e 120°, sendo o de 120º o mais importante.

TEMA 1 – INVERSOR BÁSICO

O circuito básico de um inversor gera tensão alternada a partir de uma


fonte linear. Nesse caso, é um circuito meia ponte com duas chaves que ligam e
desligam a carga de forma alternada gerando uma tensão retangular na saída.

Figura 1 – Circuito básico de um inversor meia ponte

Fonte: Ahmed, 2000.

A combinação das chaves com as polaridades gera a Tabela 1:

Tabela 1 – Combinação

Estado S1 S2 Tensão saída


1 + - +E
2 _ - 0
3 _ + -E
4 + + 0’
A representação do estado pode ser verificada na primeira forma de onda
da Figura 2. Para se ter um sinal mais próximo de uma onda senoidal (retangular
AC), é possível repetir alguns estados e conseguir a segunda forma de onda da
Figura 2.

Figura 2 – Saída

Fonte: Ahmed, 2000.

A taxa de variação dos estados das chaves define a frequência e é dada:

1
𝑓𝑓 =
𝑇𝑇

Essa tensão na forma de retangular AC pode ser usada em alguns casos,


mas para a maioria das necessidades, a tensão senoidal é necessária. Nesse
tipo de saída pode ser colocado filtro, mas como se trata de um circuito de alta
potência, o filtro precisa ser dimensionado para passar uma corrente alta, o que
o torna caro, pesado e, na maioria das vezes, não terá a eficiência necessária.
Para conseguir uma tensão o mais senoidal possível, é interessante usar
modulação por PWM (Pulse With Modulation).

1.1 Inversores de fonte de tensão (VSIS)

A fonte de entrada DC é constante e independente da corrente da carga


e pode ser uma bateria ou uma saída de retificador controlado. O inversor
converte a tensão de entrada DC em uma quadrada AC.
3
1.2 VSI em meia ponte

O principal circuito usado em inversores é o inversor meia ponte VSI. Esse


modelo usa duas chaves S1 e S2, e pode ser um transistor de potência, um
tiristor GTO ou um SCR. Os diodos D1 e D2 são de retorno.

Figura 3 – Inversor de tensão em meia ponte

Fonte: Ahmed, 2000.

A formas de onda podem ser verificadas na Figura 4. As chaves são


ligadas e desligadas alternadamente.

Período 0 até T/2

S1 fica ligada e S2 desligada → 𝑉𝑉𝑂𝑂 = +𝐸𝐸

Período T/2 até T

S2 fica ligada e S1 desligada → 𝑉𝑉𝑂𝑂 = −𝐸𝐸

Então, essa tensão tem uma forma de onda quadrada, e a frequência é o


inverso do período controlado. Precisa-se ter cuidado para não ligar as duas
chaves ao mesmo tempo, pois produziria um curto na fonte de entrada.

Figura 4 – Forma de onda na saída com carga resistiva

Fonte: Ahmed, 2000.

4
Sendo 𝑆𝑆1 𝑒𝑒 𝑆𝑆2 ligadas por um intervalo 𝑇𝑇𝑂𝑂𝑂𝑂 , a tensão média da meia onda
de saída será dada por:

𝑇𝑇𝑂𝑂𝑂𝑂 𝑇𝑇𝑂𝑂𝑂𝑂
𝑉𝑉𝑂𝑂 = 𝐸𝐸 = 2𝐸𝐸 = 2𝐸𝐸𝐸𝐸
𝑇𝑇/2 𝑇𝑇

𝑇𝑇𝑂𝑂𝑂𝑂
d é o ciclo de trabalho: 𝑑𝑑 = 𝑇𝑇

A tensão de RMS é:

𝑉𝑉𝑂𝑂(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) = √2𝑑𝑑𝐸𝐸

Corrente de saída para carga resistiva:

𝐼𝐼𝑂𝑂 = 𝑉𝑉𝑂𝑂 /𝑅𝑅

Corrente na chave para carga resistiva:

𝐼𝐼𝑆𝑆1𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜2 = 𝐼𝐼𝑂𝑂 /2

Potência de saída para carga resistiva:

2
𝑉𝑉𝑂𝑂(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) 𝐸𝐸 2
𝑃𝑃𝐿𝐿 = = 2𝑑𝑑
𝑅𝑅 𝑅𝑅

Quando a carga é indutiva, a saída não pode sofrer inversão de polaridade


no mesmo momento, então o diodo entra como caminho para a corrente fluir na
mesma direção. O funcionamento fica dessa forma:

Período 0 até 𝒕𝒕𝟏𝟏

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇ã𝑜𝑜 𝑉𝑉𝑂𝑂 − 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝

𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐼𝐼𝑂𝑂 − 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 → 𝐷𝐷1 − 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐

Período 0 até T/2

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇ã𝑜𝑜 𝑉𝑉𝑂𝑂 − 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝

𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐼𝐼𝑂𝑂 − 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 → 𝑆𝑆1 − 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐

Em T/2

𝑆𝑆1 − 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑

𝐷𝐷2 − 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐
5
Em 𝒕𝒕𝟐𝟐

𝑆𝑆2 − 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙

𝐷𝐷2 − 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏

Período 𝒕𝒕𝟐𝟐 até T

𝑆𝑆2 − 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙

O ciclo então se repete. A Figura 5 mostra os dispositivos conduzidos


durante os vários intervalos. Observe que os diodos de retorno conduzem
somente quando a tensão e a corrente são de polaridades opostas.
As fontes de correntes DC i1 e i2 podem ser obtidas da forma de onda da
corrente na saída, como mostra a Figura 5. Durante o meio-período positivo da
tensão de saída, a corrente é fornecida pela seção de cima da fonte DC; no meio-
período negativo, é fornecida pela seção de baixo.

Figura 5 – Formas de onda na saída com carga RL

TEMA 2 – INVERSOR VSI EM PONTE COMPLETA

2.1 Com carga resistiva

O inversor de fonte de tensão em ponte completa pode ser montado com


dois meia ponte. A Figura 6 mostra o circuito básico para um inversor monofásico
de fonte de tensão em ponte completa: quatro chaves e quatro diodos de retorno.
A amplitude da tensão de saída – e, portanto, a potência de saída – é o dobro
do modelo meia ponte.

6
Figura 6 – Inversor de fonte de tensão em ponte completa

Fonte: Ahmed, 2000.

As chaves são ligadas e desligadas por pares em diagonal. Portanto, a


fonte DC fica ligada de maneira alternada à carga, em direções opostas. A
frequência de saída é controlada pela taxa de velocidade de acionamento das
chaves. Se os pares de chaves passarem para o estado ligado em intervalos
iguais, a forma de onda da tensão de saída será uma onda quadrada com um
pico de amplitude E, como mostra a Figura 7. Observando a forma de onda,
verifica-se que é a mesma que o inversor meia onda e por isso as fórmulas
usadas são iguais. A sequência de chaveamento é fornecida na Tabela 2.

Figura 7 – Saída em onda quadrada

Fonte: Ahmed, 2000.

Tabela 2 – Sequência de chaveamento em onda quadrada

7
Os pares de chaves devem passar do estado ligado para desligado o mais
rápido possível, mas do estado desligado para o ligado deve ter um tempo de
retardo para evitar que os pares estejam ligados simultaneamente e a fonte entre
em curto circuito.
Para controlar a tensão AC, um terceiro estado da chave pode ser usado,
no qual a tensão de saída é zero. A forma de onda da saída é uma onda em
degrau da Figura 8. A sequência de chaveamento é fornecida na Tabela 3.

Figura 8 – Saída em degrau

Fonte: Ahmed, 2000.

Tabela 3 – Sequência de chaveamento da saída degrau

Fonte: Ahmed, 2000.

Sendo 𝛿𝛿 o terceiro estado das chaves, a tensão média de saída por ser
calculada por:

(𝑇𝑇⁄2) − 𝛿𝛿 𝛿𝛿 2𝛿𝛿
𝑉𝑉𝑂𝑂 = 𝐸𝐸 = 𝐸𝐸 �1 − � = 𝐸𝐸 �1 − �
𝑇𝑇⁄2 𝑇𝑇⁄2 𝑇𝑇

8
O valor do RMS:

2𝛿𝛿
𝑉𝑉𝑂𝑂(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) = 𝐸𝐸 �1 −
𝑇𝑇

É o valor de tensão de saída em função do período e do tempo do terceiro


estado das chaves.

2.2 Com carga indutiva (RL)

O circuito com carga indutiva na forma de ponte completa pode ser visto
na Figura 9. As chaves são SCRs e a forma de tensão na saída é retangular com
ciclo de trabalho de 50%.

Figura 9 – Circuito do inversor em ponte completa com carga RL

Fonte: Ahmed, 2000.

Quando a tensão de saída é positiva, a corrente começa a crescer


exponencialmente, e, na tensão negativa, a corrente diminui exponencialmente.
Os diodos fornecem um caminho de volta quando as chaves estão desligadas.

Etapas de funcionamento (Figura 10):

1 – Em t = 0

D1 e D4 – são ligados
→ Tensão positiva na saída
→ Corrente cresce; polaridade inversa até zero

9
2 – Quando a corrente de saída chega a zero

D1 e D4 – são desligados
SCR1 e SCR4 – são ligados
→ Tensão positiva na saída
→ Corrente cresce positivamente até o máximo

3 – Quando chega à metade do período (T/2)

SCR1 e SCR4 – desligados


D1 e D4 – ligados
→ Tensão negativa na saída
→ Corrente decresce até zero

4 – Quando a corrente de saída chega a zero

SCR2 e SCR3 – ligados


D1 e D4 – desligados
→ Ciclo recomeça

Figura 10 – Formas de onda com carga RL

Fonte: Ahmed, 2000.

TEMA 3 – MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO (PWM)

A modulação por largura de pulso é o método mais usado para controlar


a tensão de saída dos inversores e pode ser classificada em:

10
• modulação por largura de pulso simples;
• modulação por largura de pulso múltipla;
• modulação por largura de pulso senoidal.

3.1 Modulação por largura de pulso simples

Na modulação simples, a cada semiciclo de tensão é mandado um pulso


para as chaves que devem estar ligadas naquele momento. Para uma frequência
determinada, a largura de pulso enviada para as chaves pode variar, e assim
varia a tensão na saída.
A forma de onda da tensão de saída de um inversor monofásico em ponte,
Figura 11, sem modulação é mostrada na Figura 12. Nesse caso, as chaves S1
e S4 estão ligadas em um semiciclo, e as S2 e S3 no outro semiciclo, de modo
a produzirem a tensão máxima de saída.

Figura 11 – Inversor em ponte

Fonte: Ahmed, 2000.

Figura 12 – Formas de onda sem modulação

Fonte: Ahmed, 2000.

Obtém-se o controle da tensão com a variação da fase, isto é, o momento


de disparo de S3 e S4 em relação a S1 e S2. O gráfico com as ondas de saída
com variação do momento de disparo das chaves é verificado na Figura 13.
11
Figura 13 – Forma de onda modulada

Fonte: Ahmed, 2000.

3.2 Modulação por largura de pulso múltipla

Nessa modulação, o chaveamento pode ser realizado diversas vezes


durante cada semiciclo, fornecendo um trem de pulsos de amplitude constante
que vai controlar a tensão na saída.
A forma de onda da tensão de saída consiste em m pulsos para cada
semiciclo da tensão de saída requerida. Se f for a frequência de saída do
inversor, a frequência dos pulsos (𝑓𝑓𝑝𝑝 ) de saída será dada por:

𝑓𝑓𝑝𝑝 = 2𝑓𝑓𝑓𝑓

Número de pulsos:
2𝑚𝑚 = 𝑓𝑓𝑝𝑝 /𝑓𝑓

A Figura 14a mostra a forma de onda da tensão de saída para m = 2. A


largura do pulso 𝑡𝑡𝑤𝑤 deve ser menor do que 𝜋𝜋⁄2. Na Figura 14b, para m = 3, fica
claro que 𝑡𝑡𝑤𝑤 < 𝜋𝜋⁄3. Em geral, a largura do pulso 𝑡𝑡𝑤𝑤 ≤ 𝜋𝜋⁄𝑚𝑚.

12
Figura 14 – Formas de onda moduladas por largura de pulso múltipla: a) m = 2;
b) m = 3

Fonte: Ahmed, 2000.

Pode-se manter a quantidade de pulsos constantes e variar a largura do


pulso, conforme a Figura 15.

Figura 15 – Variação da largura de pulso com m = 5 fixo

Fonte: Ahmed, 2000.

13
3.3 Modulação por largura de pulso senoidal (SPWM)

Nesse tipo de modulação, a tensão de saída é controlada pela variação


dos períodos nos estados ligado e desligado, de modo que os períodos ligados
(largura do pulso) sejam mais longos no pico da onda. O padrão geral da
modulação SPWM pode ser visto na Figura 15.

Figura 16 – Padrão de modulação por largura de pulso senoidal

Fonte: Ahmed, 2000.

Os tempos de chaveamento são determinados como na Figura 17a:

• Onda de referência: 𝑉𝑉𝑅𝑅 (𝑡𝑡), senoidal, amplitude 𝑉𝑉𝑚𝑚 e frequência 𝑓𝑓𝑚𝑚 (igual à
desejada da saída do inversor).
• Onda portadora: 𝑉𝑉𝑐𝑐 (𝑡𝑡), triangular, amplitude 𝑉𝑉𝑐𝑐 e alta frequência.

A onda de referência é comparada com a de referência, e os pontos de


chaveamento ocorrem no encontro dessas duas formas de onda. A largura do
pulso 𝑡𝑡𝑤𝑤 é determinada pelo tempo durante o qual 𝑉𝑉𝑐𝑐 (𝑡𝑡) < 𝑉𝑉𝑅𝑅 (𝑡𝑡) no semiciclo
positivo da onda senoidal e 𝑉𝑉𝑐𝑐 (𝑡𝑡) > 𝑉𝑉𝑅𝑅 (𝑡𝑡) no semiciclo negativo.

Relação de funcionamento N – número de pulsos em cada semiciclo

𝑁𝑁 = 𝑓𝑓𝑐𝑐 /𝑓𝑓𝑚𝑚

Índice de modulação M – determina a largura de cada pulso

𝑀𝑀 = 𝑉𝑉𝑚𝑚 /𝑉𝑉𝑐𝑐

O valor M é igual ao valor RMS da tensão de saída do inversor, e seu


ajuste pode ser feito com a variação da amplitude da onda de referência com a
onda de referência fixa.
A frequência de saída do inversor muda com a variação da frequência da
onda de referência. A Figura 17a mostra uma onda com N = 6 e M = 1 e, na
Figura 17b, com M = 0,5.
14
Figura 17 – Formas de onda moduladas por largura de pulso senoidal: a) M = 1;
b) M = 0,5

Fonte: Ahmed, 2000.

TEMA 4 – INVERSORES MODULADOS POR LARGURA DE PULSO (PWM) E


INVERSOR COM TERMINAL CENTRAL

4.1 Inversores modulados por largura de pulso (PWM)

4.1.1 Inversores monofásicos em ponte completa

Quando um inversor é modulado por largura de pulso, a tensão de saída


tem amplitude constante com polaridade invertida, de forma a gerar a frequência
necessária na saída. A tensão de saída do inversor é controlada pela variação
da largura de pulso de cada ciclo da tensão de saída.

15
A Figura 18 mostra o circuito de um inversor monofásico em ponte com
BJTs como chaves. As chaves Q3 e Q4, do lado direito do inversor, passam para
o estado ligado após o ângulo α, em relação à passagem para o estado ligado
das chaves Q1 e Q2 do lado esquerdo.
A Tabela 4 mostra a sequência de chaveamento e a tensão de saída
resultante 𝑉𝑉𝑜𝑜 (Figura 19), que tem uma largura do pulso 𝑡𝑡𝑤𝑤 . A mudança do ângulo
de deslocamento pode alterar a tensão de saída do inversor.
Os inversores que usam transistores ou tiristores GTO podem operar em
frequências de chaveamento muito mais altas e são empregados nos inversores
modulados por largura de pulso. Quando um inversor desse tipo opera com uma
alta frequência de chaveamento, as perdas são relativamente grandes, o que
reduz a eficiência e cria problemas no resfriamento contra o calor dissipado.

Figura 18 – Diagrama do circuito

Fonte: Ahmed, 2000.

Figura 19 – Formas de onda de saída PWM

Fonte: Ahmed, 2000.

16
Tabela 4 – Sequência de chaveamento

Fonte: Ahmed, 2000.

4.1.2 Inversores monofásicos em meia ponte

Um inversor em meia ponte tem tensão positiva ou negativa, sem tensão


igual a zero. Portanto, em vez de ficar igual a zero, poderá apenas reverter. A
Figura 20 mostra a forma de onda PWM para um inversor em meia ponte. A
tensão de saída pode ser controlada por meio da largura de pulso.

Figura 20 – PWM em um inversor em meia ponte

Fonte: Ahmed, 2000.

Para inversores em meia ponte, costuma-se usar a modulação por largura


de pulso senoidal (Figura 21). Uma onda senoidal retificada é usada como
referência para comparação com a portadora triangular. Durante o período em
que o sinal de referência é mais alto do que a onda portadora, as chaves são
operadas para fornecer pulsos no sentido positivo; do contrário, são fornecidos
pulsos no sentido negativo.

𝑉𝑉𝑅𝑅 > 𝑉𝑉𝐶𝐶 → 𝑆𝑆1 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 → 𝑉𝑉𝑂𝑂 = +𝐸𝐸

𝑉𝑉𝑅𝑅 < 𝑉𝑉𝐶𝐶 → 𝑆𝑆2 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 → 𝑉𝑉𝑂𝑂 = −𝐸𝐸

17
Figura 21 – Modulação por largura de pulso senoidal em um inversor em meia
ponte

Fonte: Ahmed, 2000.

4.2 Inversores com terminal central

Os inversores mais usados já foram discutidos em temas anteriores, mas


o inversor com terminal central é um modelo interessante e será comentado
neste item. A Figura 22 mostra um inversor acoplado ao transformador. Esse tipo
de inversor apresenta isolamento elétrico entre a carga e a fonte de alimentação.

Figura 22 – Inversor monofásico com terminal central

Fonte: Ahmed, 2000.

A tensão na carga pode ser ajustada pela relação de espiras do


transformador. Uma vez que os SCRs passam de maneira alternada para os
estados ligado e desligado, a fonte de tensão fica ligada em cada metade do
enrolamento primário do transformador a cada vez, o que gera uma tensão
alternada no enrolamento secundário. É possível produzir uma saída em degrau
com a combinação em série de dois inversores desse tipo, como mostra a Figura
23, e com a variação dos instantes relativos de disparo.

18
Figura 23 – Inversor monofásico com terminal central em série

Fonte: Ahmed, 2000.

O modelo da Figura 24 usa um capacitor de alta capacitância. Quando


carregado, o capacitor funciona como uma bateria com tensão igual a E/2 para
a constante de tempo (RC para carga resistiva) muito maior que a frequência de
chaveamento.

Figura 24 – Inversor monofásico com capacitor grande

Fonte: Ahmed, 2000.

Assim, se 𝑆𝑆1 estiver ligada e S2 desligada (Figura 25), a tensão aplicada

na carga será: E – E/2 =E/2

Quando os estados de chaveamento forem invertidos, a tensão na carga

será a própria tensão do capacitor (–E/2).

19
Figura 25 – a) S1 ligada e S2 desligada, b) S1 desligada e S2 ligada

Fonte: Ahmed, 2000.

TEMA 5 – PRINCÍPIO BÁSICO DO INVERSOR TRIFÁSICO VSI EM PONTE

Nesse modelo de circuito inversor trifásico, a tensão de entrada DC é


transformada em uma saída variável trifásica de frequência variável. A entrada
DC pode ser obtida de uma fonte DC ou de uma tensão AC retificada. O inversor
trifásico em ponte pode ser projetado com a combinação de três inversores
monofásicos em meia ponte.
Um inversor básico é mostrado na Figura 26 e consiste em seis chaves
de potência com seis diodos de retorno associados. As chaves são abertas e
fechadas na sequência apropriada para gerar a onda desejada. A taxa de
chaveamento determina a frequência de saída do inversor. Para operar essas
três chaves, várias sequências são possíveis, mas há dois modos fundamentais
que completam um ciclo com seis chaveamentos. Nesta aula, estudaremos o
tipo de condução por 120°.

20
Figura 26 – Inversor trifásico em fonte

Fonte: Ahmed, 2000.

5.1 Tipo de condução por 120°

Neste modelo, cada chave conduz por 120°, e somente duas chaves
conduzem todo o tempo: semiciclo positivo (S1, S3 e S5) ou negativo (S2, S4 e S6).
Segundo Ahmed (2000), as duas chaves ligadas conectam dois dos
terminais da carga aos terminais de alimentação DC, enquanto o terceiro
terminal permanece flutuando. Há seis intervalos em um ciclo da forma de onda
da tensão AC. As chaves passam para o estado ligado em intervalos de 60° da
forma de onda da tensão de saída, em uma sequência apropriada para a
obtenção das tensões vAB, vBC e vCA. A taxa de chaveamento determina a
frequência de saída.
Para eliminar a possibilidade de curto na fonte DC, as duas chaves, no
mesmo caminho, não podem estar ligadas ao mesmo tempo. Portanto, há um
intervalo de 60° entre o fim da condução na chave S1 e o começo da condução
na chave S4, que está no mesmo caminho de S1. O mesmo é verdadeiro para as
chaves S3 e S6 e S5 e S2.
As tensões de fase na carga, vAN, vBN e vCN, podem ser determinadas para
diversas durações de 60° com uma carga resistiva ligada em Y. É possível obter
essas tensões ao considerar os circuitos equivalentes das diversas combinações
de carga do inversor para os seis intervalos, como pode ser visto na Figura 27.
Os resultados estão resumidos na Tabela 5.
21
Figura 27 – Circuitos equivalentes de inversores trifásicos em ponte

Fonte: Ahmed, 2000.

Tabela 5 – Valores detalhados

Fonte: Ahmed, 2000.

As formas de onda das tensões de fase 𝑉𝑉𝐴𝐴𝐴𝐴 , 𝑉𝑉𝐵𝐵𝐵𝐵 𝑒𝑒 𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶 são verificadas na
Figura 28. Pode-se calcular as tensões a partir das tensões de fase:

𝑣𝑣𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝑣𝑣𝐴𝐴𝐴𝐴 − 𝑣𝑣𝐴𝐴𝐴𝐴

22
𝑣𝑣𝐵𝐵𝐵𝐵 = 𝑣𝑣𝐵𝐵𝐵𝐵 − 𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶

𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶 − 𝑣𝑣𝐴𝐴𝐴𝐴

Na Figura 28 também estão desenhadas as tensões de linha que são


iguais, mas defasadas de 120°.
Cada chave fica ligada durante 120° na sequência. Quando S1 está ligada
em 𝜔𝜔𝜔𝜔 = 0, o terminal A estará ligado do lado positivo da fonte DC. Quando S4
está ligada em 𝜔𝜔𝜔𝜔 = 𝜋𝜋, o terminal A estará ligado do lado negativo da fonte DC.
Se a carga for indutiva, a forma de onda se tornará diferente do que é
mostrado aqui porque o terminal da tensão, no período desligado, será afetado
pelo comportamento transitório da corrente.
Com uma carga resistiva balanceada, ligada em Y, a potência de saída é:

(𝐸𝐸 ⁄2)2 (𝐸𝐸 ⁄2)2


𝑃𝑃𝑜𝑜 = + = 𝐸𝐸 2 /2𝑅𝑅
𝑅𝑅 𝑅𝑅

em que R é resistência por fase.

Figura 28 – Formas de onda de tensão no circuito de 120°

Fonte: Ahmed, 2000.

23
Valor RMS da tensão de fase:

𝐸𝐸√2 𝐸𝐸
𝑉𝑉𝑝𝑝ℎ(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) = =
2√3 √6

Valor RMS da tensão de linha:

𝐸𝐸
𝑉𝑉𝐿𝐿(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) = √3𝑉𝑉𝑝𝑝ℎ(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) =
√2

Corrente RMS na chave:

𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠ℎ(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) = 𝐸𝐸/2√3𝑅𝑅

Valor RMS da corrente na saída:

𝐼𝐼𝑂𝑂(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) = √2𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠ℎ(𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅)

Valor nominal da tensão inversa na chave = E.

FINALIZANDO

Nesta aula, abordamos inversores monofásicos de fonte de tensão nas


configurações meia ponte e ponte completa, modulação PWM, inversor com
terminal central e o básico de inversores trifásico.
Explicamos o que é um inversor, a operação de inversores de fonte de
tensão em meia ponte e ponte completa, o princípio da modulação por largura
de pulso e largura de pulso senoidal e o princípio básico de inversores trifásicos.
Serão disponibilizados diversos exercícios e aplicações para o completo
entendimento sobre inversores, que é um assunto muito importante para a
eletrônica de potência e, consequentemente, para a engenharia elétrica.

24
REFERÊNCIAS

AHMED, A. Eletrônica de potência. São Paulo: Pearson, 2000.

BARBI, I. Eletrônica de potência. 6. ed. Florianópolis: Ed. do Autor, 2006.

MARQUES, A. E. B.; CRUZ, E. C. A.; CHOURI JÚNIOR, S. Dispositivos


semicondutores: diodos e transistores. 1. ed. São Paulo: Érica, 1996. (Coleção
Estude e Use. Série Eletrônica Analógica).

MOHAN, N. Eletrônica de potência – curso introdutório. Rio de Janeiro: LTC,


2014.

RASHID, M. Eletrônica de potência. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2014.

25

Você também pode gostar