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SUMARIO
1 — PALAVRAS INICIAIS
2 _ CONCEITOS BÁSICOS
3 — BRASIL
3.1 — POPULAÇÃO — DENSIDADE DEMOGRÁFICA
3.2. — JUVENTUDE DA POPULAÇÃO
3.3. — RAÇA E POPULAÇÃO
3 .4 . — CONDIÇÕES DE VIDA DA POPULAÇÃO BRA-
SILEIRA
7 — ANTI — BRASIL
8 — CONCLUSÃO
— 3—
1 — PALAVRAS INICIAIS
Ao dar início ao Período Conjuntural do V I I CICLO
DE ESTUDOS SÔBRE DOUTRINA DE SEGURANÇA NACIO-
NAL, organizado pela DELEGACIA DE SÃO PAULO da AS-
SOCIAÇÃO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE
GUERRA, cabe-nos pesquisar os interêsses e aspirações do po-
vo brasileiro, definir os Objetivos Nacionais Permanentes do
Brasil e pôr em evidência as manifestações contrárias aos
mesmos.
O estudo que apresentaremos não é nosso apenas. Nasceu
êle de dois Trabalhos de Grupo (1) que tivemos a honra de
relatar em 1963. Os cem estagiários que, naquele tormentoso
ano, concluíram o Curso Superior de Guerra e o Curso de
Estado Maior e Comando das Fôrças Armadas (2), elegendo-
nos orador da turma, levaram-nos a apresentar, em discurso
proferido na presença do então Presidente da República (3),
uma síntese da preleção de hoje, a qual, nos três últimos
anos, tem sido submetida a debate em diversos Ciclos de Es-
tudos promovidos pela ADESG no Brasil .
2 _ CONCEITOS BÃSICOS
Lembremos algumas noções já apresentadas na parte
doutrinária dêste Ciclo.
2.1 — Interesses nacionais
Todo o Estado, para o preenchimento de seus fins, fica
na dependência de certos interêsses nacionais supremos, de
natureza interna e externa, cuja formulação pressupõe a na-
cionalidade composta do homem, da terra e das instituições.
Os interêsses nacionais são, portanto, os interêsses do
homem, da terra e das instituições. Têm algo de concreto.
Existem em si mesmos. Podem até ser ignorados, durante
muito tempo, pela maioria dos cidadãos. E podem também
opor-se ao contigente dominante da nacionalidade.
3 — BRASIL
Na pesquisa dos interêsses e aspirações de um povo, há
necessidade de conhecer êste povo. É o que procuraremos
fazer agora com o nosso.
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4 — PANORAMA DO MUNDO
Gravidade e complexidade maiores ainda em face da
conjuntura internacional em que, queiramos ou não, estamos
mergulhados.
O mundo de nossos dias cresceu e diminuiu com os saté-
lites artificiais e com o vôo orbital dos astronautas. A con-
quista do espaço leva alguns ao pavor. Para nós tem, todavia,
algo semelhante à descoberta das Américas: o mundo possui
uma dimensão a mais!
Os prodígios da técnica aproximam os homens, destruin-
do distâncias. Não fôra o desrespeito à liberdade de trans-
missão das idéias, tudo se saberia, em qualquer parte da
Terra, quase imediatamente. As notícias, entretanto, mes-
mo assim, correm céleres. Os jornais cedem lugar ao rádio
e o rádio à televisão. O analfabeto já pode ver os fatos e in-
terpretá-los de acôrdo com suas possibilidades. Materialmente,
o mundo é cada vez mais «um mundo só». Social e econô-
micamente, entretanto, ainda não o é. E, justamente por-
que todos sabem de tudo, as diferenças se fazem gritantes,
as desigualdades, das quais os jornais e os livros apenas davam
notícia, passam a ferir os sentimentos, não apenas de inveja,
porém de justiça dos menos afortunados. Surgem reações de
todos os tipos. Nunca, talvez, o nosso «mundo só» tenha sido
tão diferenciado como nos dias de hoje.
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Imitamos os que compram a esperança pelo preço da l i -
berdade e se escravisam a monótona e sempre igual, mas de
efeitos positivos, atuação partidária para implantação do co-
munismo marxista no Universo ?
Ou nos entregamos a um radicalismo, de sabor totali-
tário que conduz a gestos brutais e a atitudes de violência
desumana ?
Antes de responder, remontemos aos princípios da nacio-
nalidade, para saber se ainda somos brasileiros, se continua-
mos fiéis àquilo que, nos séculos passados, constituiu ou ideias
de nossa gente.
A história pátria não tem somente 466 anos. Em 1.500, deu-
se apenas o encontro de um povo, cujo passado mergulhava
numa antiguidade remota, com uma terra em que viviam ou-
tros homens de história até hoje pouco conhecida em seus
primórdios. Muitas de nossa convicções atuais, raizes de nos-
sos objetivos permanentes se encontravam nas caravelas aqui
aportadas.
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I — INTEGRIDADE TERRITORIAL
Manter as atuais fronteiras do país e viver a comunidade
brasileira no território nacional sem qualquer intromissão es-
trangeira, direta ou indireta;
I I — INTEGRAÇÃO NACIONAL
Manter a comunidade nacional social e económica e politi-
camente integra, através da participação ativa e contínua de
todas as pessoas, grupos e classes sociais no esfôrço comum de
superar os obstáculos de qualquer natureza à i.nídade nacional
e de promover o aproveitamento ordeiro, dosado e conjugado
de todos os valores e energias para o progresso equilibrado de
toda a Nação;
I I I — SOBERANIA NACIONAL
Manter a comunidade nacional, social e económica e polití-
de acôrdo com as peculiaridades nacionais, e c onviver com as
demais nações em têrmos de igualdade de direitos e oportuni-
dades;
IV — PROSPERIDADE NACIONAL
Evoluir e progredir com ordem e equilíbrio em todos os
campos de atividade nacional, e alcançar padrões sociais e
económicos para tóda a comunidade, comparáveis aos melho-
res padrões mundiais;
V — PRESTÍGIO INTERNACIONAL
Caracterizar a personahdade nacional no conceito das na-
ções e influir nas decisões da política internacional em função
dos interêsses nacionais, do relativo equilíbrio do poder de tô-
das as nações e da preservação da paz;
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V I — PAZ SOCIAL
Solucionar os conflitos de interêsses entre os grupos e clas-
ses sociais sob a égide do direito, pela prática efetiva e perma-
nente da justiça social, em função do Bem Comum, e elevar os
valores morais a níveis que os façam prevalecer na distribuição
da justiça;
V I I — DEMOCRACIA-REPRESENT ATIVA
Praticar o regime democrático-representativo sem interrup-
ção, e alcançar o grau jurídico-político mais evoluído dêsse re-
gime, em função dos princípios fundamentais da filosofia de
vida democrática.
Colocando lado a lado os resultados da pesquisa de 1963 e
a definição atual da ADESG, temos:
1966 | 1963
Integridade Territorial | Integridade Territorial
Integração Nacional | Unidade da Pátria
Soberania Nacional | Independência e Soberania
Prosperidade Nacional Desenvolvimento Económico
Prestígio Internacional | Projeção Internacional
Valorização e Dignificação
Paz Social do Homem
Democracia Representativa Fundamento Popular do Poder
7 — ANTI-BRASIL
Setenta milhões de brasileiros, com objetivos definidos e
seculares, ínexoràvelmente integrados num mundo inquieto,
participamos da ansiedade geral ou já satisfizemos nosso dese-
jo de Ordem e de Progresso?
Nação alguma pode considerar-se plenamente realizada.
Há sempre mais um passo a dar e para dá-lo indispensável se
torna vencer antagonismo e pressões.
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Dentre as ameaças mais graves à nossa vida como povo
brasileiro e cristão podemos apontar o comunismo Internacio-
nal, o apêgo a doutrinas e métodos superados, a inflação e o
conjunto de males morais a que denominaremos «complexo das
deficiências do caráter nacional».
A marcha do comunismo e dos Comunistas se faz sentir a
cada momento, gerando discórdia, dividindo democratas, le-
vando-os à perplexidade.
1
Ainda que sua vitória não signifique, por exemp o, a per-
da de nossa soberania e de nossa independência, esta soberania
e esta independência terão de ser entendidas como tudo mais
de modo diferente, dentro de concepção diversa daquela que
adotamos e amamos nos dias de hoje.
Por outro lado, muitos homens de nossas elites se apegam
ainda a formulas políticas e sistemas de ação já superados.
Muitos teimam também em encarar o ser humano, complexo
difícil, como o «homo economicus», nada mais, uma espécie de
máquina de trabalho, sem estômago e sem alma.
Vivemos, também, uma crise ecónomica de sérias pro-
porções, a despeito do notável incremento industrial que teve
o país e dos esfórços do atual govêrno. A inflação a tudo
tem corroído. Ou nós a contemos, agora, definitivamente, ou
ela acaba com o Brasil, com a dignidade dos seus homens, com
a esperança dos seus jovens, com a tranquilidade de seus che-
fes de família.
Há quem atribua os nossos males a uma generalizada falta
de caráter e de preparo. Não cremos que sejamos, no conjunto,
piores que os nacionais de outros países. Entretanto, atos e
fatos por vezes parecem demonstrar que muitos brasileiros
reclamam melhor formação. O preparo de homens públicos
diz respeito não apenas à competência, mas a seu caráter,
embora a ignorância possa conduzir a erros tão grandes que
chegam até a superar os danos provocados pela corrupção.
Quando se aliam, entretanto, incompetência e desonesti-
dade, e quando semelhantes defeitos servem para aglutinar in-
divíduos em grupos, que se espalham pela Nação e se prolon-
gam no tempo, só um milagre poderá salvar o país. Feliz-
mente, entre nós, tais grupos, que existem, são minoritários,
pois, do contrário, a Patria já teria desaparecido.
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Não basta, entretanto, para garantir a nossa segurança e
realizar o nosso desenvolvimento, vencer o comunismo, destruir
doutrinas e métodos antiquados, debelar a inflação e superar
as dificiências de caráter nacional.
Necessário se faz remover os óbices que se opõem a cada
um dos interêsses e aspirações nacionais. Não nos é possível
focalizar todos êles. Destacaremos apenas os mais graves.
J á f o i dito que constituímos um arquipélago de regiões
geográficas distintas, isoladas pela deficiência das rêdes de
comunicação. Urge integrar o país abrindo estradas e preen-
chendo os enormes espaços vazios de nosso território. Que
obstáculos devem ser vencidos para isso? Três nos parecem
mais salientes:- exiguidade de nossa população; precárias con-
dições de vida em muitas regiões vazias; falta de atrativo, de-
corrente de uma estrutura social anacrónica, em zonas em
que a natureza é propícia. Enfrentados os imensos problemas,
contrários à criação de boas condições de vida nos desertos
demográficos, removidos os óbices de natureza jurídica, que
roubam os atrativos das terras desocupadas, onde buscar os
habitantes para ela? — No aumento da população, pelo estí-
mulo à natalidade, ou na imigração? A explosão demográfica
mundial constitui uma ameaça ao Brasil. Corremos o risco
de vêr multidões e multidões de estrangeiros, inspirados numa
doutrina moderna de espaço vital quererem, num futuro não
muito remoto, preencher os hiatos do nosso solo. Se tal ocor-
rer, passaremos a ser estrangeiros em nossa própria terra.