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Lisboa
2020
Gil Barbosa
A transição democrática em cabo verde: o caso do poder local
Lisboa
2020
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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
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A transição democrática em cabo verde: o caso do poder local
Epígrafe
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A transição democrática em cabo verde: o caso do poder local
Dedicatória
Aos meus filhos Silvano e Daniel e à minha esposa Menilita Barbosa que foram motivo
da minha inspiração para a concretização desse sonho
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Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus por tudo que Ele fez por mim, meu refúgio
e meu porto seguro e, que sem Ele nada sou.
Agradeço aos meus pais, António Barbosa e Mafalda Moreira que de uma
forma incondicional apoiaram-me nesta tarefa, com palavras de apoio e incentivo
principalmente nos momentos mais difíceis desta caminhada.
Aos meus amigos que de uma forma ou de outra me apoiaram com palavras de
incentivos que este sonho seria possível.
Bem-haja a todos!
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Resumo
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A transição democrática em cabo verde: o caso do poder local
Abstract
The present work addresses the democratic transition in Cape Verde and the
case of local power between the authoritarian single-party regime and the democratic
regime. This dissertation encompasses three focal points. The first one concerns
general causes of the transition from one regime to another, types of regime
transitions, and the types of transitions that have occurred on the African continent.
This section aims to demonstrate the conditions that allow for a classification of a
consolidated democracy and the difficulties involved in the past democratic
consolidation processes in African countries. The second focal point discusses the
transition process from an authoritarian regime to democracy. Characteristics of the
single-party Cape Verdean regime that resulted in the political opening and
establishment of democracy in the archipelago will be presented here. Finally, local
power before the political opening and its contribution to the democratic regime and,
thus, the consolidation of democracy in Cape Verde will be analyzed as the third focal
point.
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A transição democrática em cabo verde: o caso do poder local
Índice
Epígrafe .................................................................................................................................... 3
Dedicatória ............................................................................................................................... 4
Agradecimentos ........................................................................................................................ 5
Resumo..................................................................................................................................... 6
Abstract .................................................................................................................................... 7
Listas de Siglas e Abreviaturas ................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 10
CAPÍTULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: TRANSIÇÕES E CONSOLIDAÇÕES DEMOCRÁTICAS ... 13
1.1 – A transição para a democracia e a consolidação democrática ..................................... 13
1.2 As consolidações democráticas em África ...................................................................... 27
CAPÍTULO II A TRANSIÇÃO DO REGIME MONOPARTIDÁRIO PARA O REGIME MULTIPARTIDÁRIO
EM CABO VERDE ..................................................................................................................... 33
2.1 O regime monopartidário em Cabo Verde ..................................................................... 33
2.2 As causas do enfraquecimento do Partido Único ........................................................... 39
2.3 A abertura política e as primeiras eleições livres............................................................ 42
CAPÍTULO III O CASO DO PODER LOCAL................................................................................... 53
3.1 O poder local antes da transição democrática ............................................................... 53
3.2 O novo ‘rosto’ do poder local no regime democrático - descentralização/regionalização
........................................................................................................................................... 55
3.3 Financiamento dos municípios ...................................................................................... 64
3.4 A Consolidação do Poder Local ...................................................................................... 66
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 74
Bibliografia.............................................................................................................................. 77
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INTRODUÇÃO
Deste modo, poder-se-á perguntar: qual era a autonomia do Poder Local antes
da transição democrática? No regime monopartidário, que critérios eram utilizados
para ‘eleger’ o representante máximo da Câmara e Assembleia Municipal? Será que
a democracia trouxe algo de novo ao Poder Local? Qual o papel do Poder Local para
a consolidação da democracia em Cabo Verde?
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Por outro lado, Garretón (1991) afirma que uma transição democrática é o
princípio de um regime democrático que até então não se identificava com a
democracia. Portanto, uma democratização política é entendida como um conjunto de
processos que englobam num todo os mecanismos da transição do regime autoritário
para a democracia. Tendo como ponto de partida as transições ocorridas nos finais
dos anos 80 e inícios dos anos 90, Garretón (1991) considera que mesmo quando se
concretiza uma transição de um regime para outro, neste caso, de autoritarismo para a
democracia, não é suficiente para resolver todos os problemas da sociedade, visto
que, não passa de um mero processo político. A transição apenas instaura o primeiro
governo eleito democraticamente, isto é, a partir das eleições livres e diretas. Contudo,
a transição per se, não resolve os problemas dos cidadãos, pois isto só acontece
quando esta estiver totalmente consolidada.
poder, deixando o poder de forma temporária nas mãos dos revolucionários, que se
comprometem a devolver o poder ao eleitorado com a realização de eleições.
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Por sua vez, Weffort (1989) afirma que a liberalização seria a primeira fase de
um processo de transição democrática, isto é, a liberalização significa que as pessoas
se sentem apenas protegidas do exercício arbitrário do poder. Porém, a
democratização significa a participação nas decisões, ou seja, no exercício efetivo da
cidadania tanto em seus direitos quanto em seus deveres
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tido oposição. A este propósito, afirmou Querido, “uma força política acaba de se
construir, sem qualquer programa sério de governação e sem qualquer outro objetivo
anunciado que não o de destruir e ilegalizar o PAICV” (Querido, 2011, p. 251).
Neste caso concreto da transição política em Cabo Verde, pode dizer-se, antes
de mais, que se verificou aquilo que Huntington (1994) designou como a terceira vaga
de democratizações, em que a maioria dos partidos da oposição eram recém-criados e
apresentavam-se diante das populações como solução ou alternativa ao partido único,
do qual o povo já estava exausto. Estes partidos assumiram-se como uma nova
esperança do povo face ao regime.
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“na nova ordem estabelecida, aos governantes dos pequenos países cuja
sobrevivência dependia, em larga medida, da ajuda do Ocidente, não restava
outra saída: contrafeitos ou não, preparados ou não, tiveram que, à pressa e
por vezes desajeitadamente, renegar as suas antigas convicções ou
conveniências e declarar nos respetivos países o pluralismo político”
(Querido, 2011, p. 245).
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O terceiro fator está relacionado com a relação do partido único com a Igreja
Católica em Cabo Verde, que não era muito saudável devido a algumas decisões
políticas do partido que eram contrárias à doutrina da Igreja Católica. Neste sentido,
afirma Almada (2011), os embates do Estado com a Igreja Católica, ao tomar certas
medidas que não tiveram suficientemente em conta nem o momento, nem a realidade
sociológica e cultural cabo-verdiana, como foi o caso da Lei da Reforma Agrária de
1982 e a Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, em 1986, em nada facilitaram o
bom relacionamento entre as duas instituições. Tais políticas do governo de partido
único levaram a Igreja Católica local a uma reação através do seu representante
máximo em Cabo Verde, o bispo D. Paulino Évora.
“(…) aos católicos está vedado, está proibido dar o seu voto a partidos cujos
princípios ideológicos, os objetivos e processos que preconizam, a realização
histórica para que tendem, se lhes afigurem incompatíveis com a conceção
cristã do homem e da sua vida em sociedade” (Évora, 1990, p. 9)
Segundo o bispo, era ponto assente que não merecem a confiança e o voto os
programas que não asseguram o respeito pelos valores mais fundamentais, como a
religião, a família, a vida, mesmo ainda dentro do ventre materno. Portanto, tendo em
conta que mais de 90% da população cabo-verdiana era católica, esta tensão entre a
Igreja Católica local e o governo influenciou bastante os eleitores que puniram, através
de votos, o partido único nas eleições de janeiro de 1991.
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O ponto fundamental foi a mudança ministerial feita pelo então secretário geral
do partido, Pedro Pires, poucos dias antes do Congresso extraordinário do PAICV, que
provocou divergências e desagrado no interior do próprio partido. De facto,
“Osvaldo Lopes da Silva, profundamente revoltado por achar que tinha sido
injustamente demitido do cargo de Ministro dos Transportes e Turismo, em
termos duros e pouco usuais entre os camaradas vindos da Guiné, chamou
Pedro Pires de ‘um simples comandante de retaguarda’ enquanto ele tinha
lutado de armas na mão, contrariando assim o acordo de cavalheiros
inicialmente firmado” (Querido, 2011, p. 248).
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Assim, quando todos acreditam, mesmo em tempos de crise, que a única forma
de dar a volta à situação deve ser conseguida de acordo com as regras democráticas,
a democracia torna-se a única forma de fazer política.
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Para além destas condições, Linz (2015) apresenta mais cinco categorias.
Primeiro, a necessidade de criar condições favoráveis ao progresso de uma sociedade
civil livre e ativa. Entende-se, neste caso, por sociedade civil o “espaço onde se
propicia a emergência de grupos, movimentos e indivíduos relativamente autónomos,
que se auto-organizam e procuram veicular valores, criar associações e solidariedades
e promover os seus interesses” (Linz, 2015, p. 132).
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É interessante sublinhar que uma das razões pelas quais os líderes africanos
iniciaram à luta pela independência era precisamente o facto de acreditarem que como
Estados independentes obteriam mais-valias no que se refere ao bem-estar do povo,
através da diminuição da pobreza e da instauração da paz. Contudo, tal não passou
de uma utopia, uma vez que depois de alcançarem a independência nada disso se
concretizou, pelo contrário, mantiveram as estruturas centralizadas e autoritárias da
época colonial sob novo rosto, o sistema de partido único. É evidente que houve uma
certa descontinuidade após a independência, mas também continuou, de certa
maneira, uma herança deixada pelos antigos colonos, como por exemplo, o aspeto
económico e a burocracia do Estado.
uma política que se baseia nas relações clientelistas, no qual o Estado não passa de
um negócio que gera dinheiro, poder e status.
Por outro lado, encontra-se nesses países uma sociedade civil débil, não só
pelo colonialismo, mas também pela adoção de regimes monopartidários que
permitiram uma cultura de submissão naquele continente. De acordo com Boadi
(1996), este facto deve-se à implementação do autoritarismo em África, que, de certa
maneira, impossibilitou o desenvolvimento de uma sociedade civil forte e deixou as
associações de cidadãos sob o controlo do regime e sem poderem participar na
atividade política. Segundo Monga (1997), a sociedade civil nos países africanos
continua muito coagida e, de certa forma, há um desinteresse generalizado e um
desencanto político. Considera o mesmo autor que muitos governos daquele
continente não reconheceram constitucionalmente os direitos da sociedade civil,
mesmo com a instauração do multipartidarismo. De facto, em muitos desses países,
os governos mantêm sob controlo apertado as associações da sociedade civil e, até
mesmo, as organizações sociais, não reconhecendo, por exemplo, os sindicatos.
Por sua vez, Joseph (1998) realça que, em muitos países do continente
africano, o direito ao voto não é um dado adquirido e, muitas vezes, o sufrágio nem
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Segundo Nzouankeu (1991), para que haja realmente democracia nos países
africanos, é necessário, além de um Estado democrático e uma sociedade
democrática, uma geopolítica democrática. Uma geopolítica democrática constituiria,
de certa maneira, um estímulo acrescentado à consolidação da democracia naquele
continente. Segundo o mesmo autor, uma das causas da fragilidade da democracia
em África consiste na existência de certa hostilidade à democracia na maioria das
regiões. Esta antipatia à democracia pode causar consequências graves ao regime,
inclusive o regresso ao regime anterior, ou seja, ao autoritarismo. Neste sentido,
percebe-se que a regionalização do pluralismo seria uma - valia no que se refere à
criação de zonas politicamente homogéneas, podendo, de certa maneira, contagiar
não só as outras regiões como também os países vizinhos.
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Por outro lado, o partido autoritário “não é uma entidade ideológica bem
organizada que monopoliza todo o acesso ao poder. Transforma-se unicamente em
mais um elemento do pluralismo do poder; em mais um grupo que pressiona com os
seus interesses particulares; em mais um canal através do qual interesses divergentes
procuram encontrar um acesso ao poder; em mais um campo onde recrutar os
membros da elite” (Linz, 2015, p 31).
Por sua vez o artigo 50º submete a Assembleia Nacional Popular aos princípios
do partido, a saber:
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memória dos cabo-verdianos como a mais bárbara tortura que o país, alguma vez na
sua história, presenciou.
Denota-se que não passa de uma desculpa por parte dos dirigentes do
PAIGC/CV, pois, como poderia um grupo de camponeses e agricultores indefesos,
cuja armas são as suas enxadas, no norte do país (Santo Antão), assassinar os
dirigentes do governo na cidade da Praia? Não se encontra outra resposta, senão o
abuso do poder autoritário sobre aqueles pobres camponeses e agricultores que só
queriam ver as suas condições de vida melhorar, algo que seria mais difícil com a
Reforma da Lei Agrária.
Não há dúvida que o partido único em Cabo Verde tinha sob o seu domínio, e
de forma autoritária, todos os setores da sociedade cabo-verdiana. Portanto, será que
se pode encontrar alguma semelhança do regime autoritário cabo-verdiano com os
outros regimes autoritários no continente africano?
Em Cabo Verde, ao contrário dos outros países africanos, o regime foi mais
moderado, apesar do episódio do massacre de 31 de agosto em Santo Antão. No
continente africano, foi mais notória a violação dos direitos humanos, a tortura, tanto
física como psicológica e, em muitos países, como por exemplo, Angola e
Moçambique, chegaram ao extremo, com a guerra civil. Graças à sua homogeneidade
étnica e cultural, o regime autoritário em Cabo Verde, a par de São Tomé e Príncipe,
não enveredou pelo extremismo, como acontecera com os outros países africanos,
que tinham uma multiplicidade étnica e cultural, originando conflitos internos.
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“nessa reunião, que não foi pacífica, a corrente favorável aos trotskistas,
liderada por Pedro Pires, venceu. Essa vitória provocou, quase de imediato,
o afastamento voluntário dos que se consideravam os representantes dos
verdadeiros princípios de Cabral e do PAIGC, deixando assim aos trotskistas
e seus protetores o controle da direção do partido em Cabo Verde” (Querido,
2011, p. 224).
Contudo, essa posição não demorou por muito tempo. Em 1977, o III
congresso do PAIGC em Bissau interditou completamente o acesso a lugares cimeiros
do partido aos trotskistas. Estes, porém,
Deste modo, em 1979, chegou-se ao fim desta crise, que culminou com a
expulsão dos trotskistas do seio do partido.
1
Nesta altura já tinha havido a separação do Estado binacional entre Cabo Verde e Guiné Bissau, tendo
Cabo Verde optado pela sigla PAICV.
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Com a crise instalada no seio do partido único em Cabo Verde, não havia outra
alternativa senão dar um passo rumo à abertura política. Mesmo os mais
conservadores não resistiram a tanta pressão, tanto a nível nacional como a nível
internacional, e acabaram por ceder e reconhecer que era impossível manter por muito
mais tempo o regime de partido único. E em 1990 deu-se finalmente a abertura política
em Cabo Verde, encabeçada pelo movimento que optou pelo nome de MPD
(Movimento Para a Democracia).
construir, sem qualquer programa sério de governação e sem qualquer outro objetivo
anunciado que não o de destruir e ilegalizar o PAICV” (Querido, 2011, p. 251).
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cabo-verdiana pelas remessas que envia aos seus familiares em Cabo Verde, as quais
contribuem bastante para o crescimento do Produto Interno Bruto do país. Daí a razão
de incluir os emigrantes, através de mais 3 círculos eleitorais na diáspora, naquele
momento histórico do país, a fim de estarem presentes, através de votos, nas
primeiras eleições livres e democráticas.
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São
Lourenço
12.113 9.300 5 72,8 4 20,6 1 0,5 6,1
dos
Órgãos
Tarrafal 11.604 8.147 5 68,9 4 24,9 1 0,8 5,4
Nossa Sra.
do
5.084 4.325 2 72,2 2 21,4 0 0,3 6,1
Livrament
o
Santo
5.702 4.730 2 80,9 2 12,7 0 0,7 5,7
Crucifixo
Santo
Antônio
3.555 2.904 2 64,5 2 26,2 0 0,5 8,8
das
Pombas
Santo
1.842 1.408 2 72,5 2 18,2 0 0,9 8,4
André
Nossa
Senhora
5.944 4.695 3 54 2 31,1 1 0,6 14,3
do
Rosário
Nossa
Senhora 1.153 916 2 61 2 29,5 0 0,9 8,6
da Lapa
Nossa
Senhora 27.408 21.380 12 74,9 10 19,9 2 0,4 4,8
da Luz
São João
5.444 4.425 2 66,7 2 25,1 0 0,5 7,7
Batista
África 2.976 1.557 1 31,9 0 64,2 1 0,4 3,5
América 857 495 1 20,6 0 77,4 1 0,2 1,8
Europa 2.997 965 1 55 1 41,6 0 1,9 1,5
Total 166.818 125.564 79 62,5 56 31,6 23 0,5 5,4
Fonte: Boletim Oficial de Cabo Verde nº 3, 25 de janeiro de
1991.
*Percentuais calculados sobre o total de votantes.
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31.6
5.4
5.9
0.5
62.5
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26.1
38.6
72.1
Fogo). Os outros quatro municípios foram eleitos pelos independentes que contaram
com o apoio do MPD, a saber: São Vicente, Paúl, Maio e Sal. De salientar que dois
dos municípios vencidos pelo PAICV são as ilhas onde nasceram o então Presidente
da República e o Primeiro Ministro, Boa Vista e Fogo respetivamente. Com esta vitória
o MPD confirmou, a mudança total, ou seja, o rompimento dos cabo-verdianos com o
regime autoritário, dando novo rumo à governação daquele país.
Por outro lado, o artigo 31º dessa mesma Lei estabelece que “as receitas de
Estado provenientes da privatização serão utilizadas, separada ou conjuntamente,
apenas para fomento empresarial, realização de investimentos na área da formação
profissional e amortização da dívida pública” (Cabo Verde, Lei-Quadro de Privatização,
31º).
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Apesar das eleições legislativas, de 1995 terem sido disputadas por cinco
partidos, os resultados obtidos não foram tão diferentes dos das primeiras eleições
legislativas realizadas em 1991. Na verdade, o MPD conseguiu mais uma vez garantir
uma maioria qualificada no parlamento.
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Com 61,29% dos votos, o MPD elegeu 50 dos 72 deputados para a Assembleia
Nacional, confirmando assim a confiança dos cabo-verdianos, pelo reconhecimento e
cumprimento dos compromissos assumidos em 1991, quando ganharam as primeiras
eleições livres e democráticas em Cabo Verde. Por sua vez, o PAICV, com 29,75%
dos votos, não foi além dos 21 deputados, ocupando, mais uma vez, o lugar da
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Chart Title
6.71
29.75
0.6
2.15
1.55
61.29
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Para falar do Poder Local em Cabo Verde tem de se falar da herança assumida
do tempo colonial. O PAIGC, após a independência, assumiu o modelo da
organização administrativa portuguesa. Recorde-se que o modelo administrativo, no
tempo colonial, centrava-se fundamentalmente no comércio, isto é, na necessidade de
cobrar impostos e de controlo de mercadorias. Daí a importância de uma organização
administrativa centralizada que fosse capaz de desempenhar este cargo, o qual, com
o decorrer do tempo, acumularia as funções políticas de feitor ou rendeiro, bem como
as de representante dos moradores na sua participação comunitária através da
Câmara. É, pois, através deste cenário que surge em 1475 o primeiro município em
Cabo Verde, Ribeira Grande de Santiago, graças à importância portuária que tinha na
altura, nas transações entre a ilha de Santiago e a Costa Ocidental Africana.
“Os órgãos do poder local fazem parte do poder estatal unitário. Eles
baseiam-se na participação popular, apoiam-se na iniciativa e capacidade
criadora das comunidades locais e atuam em estreita coordenação com as
organizações de massa e outras organizações sociais.
O poder local organiza-se essencialmente através das autarquias locais.
A lei regula a organização, as atribuições e as competências do poder local”
(CRCV,1980, artigo 94).
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Depois de quinze anos sob o regime monopartidário, Cabo Vede conhece pela
primeira vez, nos anos noventa do século XX, novo regime político e um sistema
pluripartidário, dando assim início à Segunda República e a um novo paradigma do
Poder Local.
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Stº Antão
Porto Novo Porto Novo Porto Novo Porto Novo Porto Novo
S Vicente S Vicente S Vicente S Vicente S Vicente
S Nicolau S Nicolau S Nicolau S Nicolau Tarrafal de
São
Nicolau
(Lei nº
67/VI/2005
de 9 de
Maio
Sal Sal Sal Sal Ribeira
Brava
Boa Vista Boa Vista Boa Vista Boa Vista Sal
56
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Mosteiros S
(Lei nº Domingos
23/IV/91 de
30 de
Dezembro)
Brava S Filipe Ribeira
Grande de
Santiago
(Lei nº
63/VI/2005
de 9 de
Maio)
Mosteiros S Filipe
Brava Mosteiros São
Lourenço
dos
Órgãos
(Lei nº
64/VI/2005
de 9 de
Maio)
Brava
Brava São
Salvador
do Mundo
(Lei nº
65/VI/2005
de 9 de
Maio)
S Filipe
Mosteiros
Santa
Catarina
na Ilha do
Fogo (Lei
nº
66/VI/2005
de 9 de
Maio)
Brava
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Apesar dos sucessivos Governos não terem podido ou conseguido levar para a
frente as suas políticas de descentralização, nomeadamente a regionalização, este
tema está presente em todos os Programas do Governo, de forma recorrente, como
opções políticas de fundo.
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“os Municípios têm finanças e patrimónios próprios, cuja gestão compete aos
respetivos órgãos autárquicos no âmbito da autonomia administrativa,
financeira e patrimonial” (Regime Financeiro da Autarquias Locais, artigo 3º).
“Os municípios participam, por direito próprio nas receitas provenientes dos
impostos diretos e indiretos do Estado, nomeadamente o Imposto Único
sobre os Rendimentos (IUR), o Imposto sobre valor acrescentado (IVA), o
Imposto sobre Consumos Especiais (ICE), o Imposto de Selo e os Direitos
Aduaneiros”. (Regime Financeiro da Autarquias Locais, artigo 10º, nº1).
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Por sua vez, o FSM conta com um apoio de 25%, mas este não abrange todos
os Municípios. Só participam os Municípios cuja média de impostos municipais seja
inferior à média nacional. O FSM tem como objetivo reforçar a coesão municipal, de
modo a promover a correção de assimetrias em benefício dos Municípios mais pobres.
Segundo consta no artigo 12º do Regime Financeiro da Autarquias Locais,
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“é nítido que o poder local requer mais recursos e novos mecanismos para o
melhor exercício das atribuições já descentralizadas, mas é sobretudo
evidente que uma nova vaga de descentralização se impõe necessária, como
condição para valorizar o potencial endógeno e para acelerar o crescimento
económico local e nacional, reduzir as assimetrias regionais e promover o
equilíbrio regional”(OE 2018, nº 401).
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60%
Tabela nº 6 Financiamento dos Municípios Barlavento/Sotavento BARLAVENTO
ILHA CONCELHO TOTAL SOTAVENTO
PAÚL 116611019 BARLAVENTO 1907749055
SANTO P. NOVO 229926249 SOTAVENTO40% 2868395361
ANTÃO R. GRANDE 212332179 TOTAL 4776144416
Subtotal 558869447
S. VICENTE S. VICENTE 357976402
R. BRAVA 117251716
SÃO NICOLAU TARRAFAL 79171489
Subtotal 196423205
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Não obstante ao esforço que o Governo tem feito, mais precisamente neste
último OE, convém realçar alguns pontos que se consideram importantes para uma
maior consolidação do Poder Local, dando-lhe mais autonomia e tendo por objetivo
maior descentralização total e menores assimetrias regionais. Deste modo, propor-se-
ão algumas linhas orientadoras:
Entende-se, assim, que a partir destas medidas e não só (haverá muito mais
que este estudo não abarca, mas que fique o desafio a novos estudos sobre este
tema), o Poder Local poderia alicerçar-se como elemento fundamental na
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aos municípios (CRCV no artigo 231º), poderá constituir uma nova e importante etapa
no reforço do poder local e, consequentemente, da democracia.
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CONCLUSÃO
O final do século XX ficou marcado, ao menos no campo da Ciência Política,
como a era da democracia. Nesse período constata-se, de uma forma geral,
processos de mudança de regimes não democráticos para regimes democráticos.
Muitos regimes autoritários passaram para a democracia, tendo este processo de
transição ocorrido, principalmente, nos países do Leste Europeu, onde provocou a
queda do comunismo. De igual modo, no continente africano significou o fim dos
regimes monopartidários. O anseio pela liberdade no seio das populações criou
grande expectativas na democracia como meio e garantia para melhorar a qualidade
de vida.
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Grandes mudanças foram operadas pelo MPD, após ter sido eleito
democraticamente, principalmente no que se refere às liberdades e direitos que até
então não faziam parte do povo cabo-verdiano. Acabou com algumas instituições do
regime anterior, como por exemplo, a polícia política. No campo económico, em que o
antigo regime optou por uma política socioeconómica alicerçada no centralismo estatal
baseada na economia planificada, o novo governo iniciou uma política de privatização,
com o intuito de dar mais alívio à Administração Pública, e aos cofres do Estado.
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Desde a abertura política em Cabo Verde, o Poder Local tem sido um elemento
de preocupação dos sucessivos governos nos seus Programas, cujo objetivo é
descentralizar o poder, dando mais autonomia ao Poder Local, através do
financiamento de acordo com a realidade de cada município.
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BIBLIOGRAFIA
Fontes primárias
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República de Cabo Verde (1991, dezembro 18). Boletim Oficial, nº50, Suplemento.
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República de Cabo Verde (1992, setembro 25). Boletim Oficial, I Série, nº12,
Suplemento.
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Suplemento.
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República de Cabo Verde (2011, junho 14). Boletim Oficial, I Série, nº 20 Suplemento.
Fontes secundárias
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Diocese de Cabo Verde.
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3, 156-170.
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Querido, J. (2010). Um Demorado Olhar sobre Cabo Verde. Lisboa: Chiado Editora.
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2, 3, 75-88.
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