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LOGÍSTICA NO SETOR
PÚBLICO
graduação
GESTÃO PÚBLICA
MARINGÁ-pr
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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LOGÍSTICA NO SETOR
PÚBLICO
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.
Olá, caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) ao livro de Logística no Setor Público. Sou
o professor Danilo José Assini e, juntamente com outros professores, desenvolvi este livro para
auxiliá-lo no desenvolvimento das competências e habilidades requeridas ao Gestor Público.
Sendo assim, é com imenso prazer que apresentamos abaixo a estrutura do livro de Logística
no Setor Público, na certeza de que esse contribuirá para sua vida acadêmica e profissional.
Na quarta unidade, você aprenderá sobre o almoxarifado central, quais suas vantagens,
estruturas, funcionamento e controle. Sendo assim, você entenderá que o almoxarifado
é o setor responsável pelo recebimento, armazenagem e distribuição dos bens e produtos
LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância 7
adquiridos pela Administração pública.
Por fim, chegamos à última unidade da nossa disciplina, na qual você compreenderá como
funciona os centros de consumos, ou seja, qual é a importância da distribuição para o processo
de logística, além de aprender qual será a rota de distribuição e o custo que ela agrega a este
processo.
Não se esqueça de que as seções de Saiba Mais e Reflita são para que você extrapole seus
conhecimentos, portanto leia com atenção e também assista aos vídeos recomendados.
Lembre-se também de que as indicações de leituras são muito importantes para complementar
seu conhecimento na área, visto que o seu objetivo é tornar-se um profissional cada vez mais
qualificado e entendedor do assunto.
Um grande abraço!
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA
HISTÓRIA DA LOGÍSTICA.......................................................................................................17
ESTRATÉGIA LOGÍSTICA.......................................................................................................36
A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL...................................................................................................37
UNIDADE II
CADEIA DE ABASTECIMENTO..............................................................................................47
ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS.............................................................................................49
O PAPEL DA LOGÍSTICA........................................................................................................54
CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO....................................................................................................58
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA............................................................................................................61
ROTEIRIZAÇÃO.......................................................................................................................69
UNIDADE III
A NECESSIDADE DE COMPRAR...........................................................................................80
UNIDADE IV
ALMOXARIFADO CENTRAL
FUNCIONAMENTO DO ALMOXARIFADO............................................................................121
CONTROLE............................................................................................................................133
UNIDADE V
DISTRIBUIÇÃO...................................................................................................................... 141
SEPARAÇÃO......................................................................................................................... 141
MERENDA ESCOLAR...........................................................................................................156
KITS ESCOLARES................................................................................................................160
CONCLUSÃO ........................................................................................................................163
REFERÊNCIAS......................................................................................................................166
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA
Professor Esp. Danilo José Assini
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Conceitos de logística
A partir de agora você irá estudar Logística no setor público, e acredito que muitos se
perguntarão: o que é logística? Apesar de ser uma palavra do nosso cotidiano, nem todos
sabem o que significa ao certo, alguns imaginam o que é, mas, se tiverem que definir
exatamente, poucos definiriam corretamente.
Vários autores dizem que a logística teve origem em atividades militares, isso justifica
a primeira frase na definição acima “Parte da arte da guerra [...]”, mas não podemos ficar
apenas com essa ideia. Faria e Costa (2005, p. 15) consideram que a origem da logística não
deveria ser “associada apenas às operações de guerra, pois, por exemplo, na construção das
Pirâmides do Egito e em outras obras majestosas foram realizadas, também, muitas atividades
relacionadas às atividades da logística”.
Uma das definições mais completas de logística é a apresentada pelo Conselho dos
Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos (2005 apud FARIA e COSTA, 2005, on-
line):
Logística é a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e
controla, de forma eficiente e eficaz, a expedição, o fluxo reverso e a armazenagem
Dessa forma, podemos dizer que a logística é o conjunto de atividades relacionadas desde a
obtenção de materiais até a satisfação dos consumidores de qualquer organização, por meio
da venda ou do oferecimento de um produto ou serviço.
Nas instituições públicas, a logística também é utilizada, pois, assim como as instituições
privadas, elas têm necessidades de adquirir produtos ou serviços, que após as compras
devem ser recebidos, armazenados e distribuídos para o consumo, possibilitando a prestação
de um serviço público.
A logística é algo fundamental para a consecução dos objetivos traçados pela Administração
Pública, por tratar-se de ferramenta necessária para assegurar a boa aplicação dos recursos
públicos.
Embora inexistam muitas normas que regulamentem tal funcionalidade no âmbito público, a
prática vem ensinando e revelando aos gestores como seria o modelo ideal de logística. Novas
Diante dessa indisponibilidade do interesse público, a Administração Pública sofre uma série
de limitações comparando-se com a atuação de particulares, devendo sujeitar-se à legislação
e adotar uma postura equânime e impessoal em relação a terceiros, mediante técnicas de
gestão eficazes.
Trata-se de um tema com poucas posições doutrinárias e de muita inaplicabilidade por parte
da Administração Pública, revelando-se um tema problemático para ser dirimido.
Dessa forma, importante se faz externar que a utilização da logística na Administração Pública
é um dever do Estado como o todo, visto ser ferramenta essencial para a satisfação do
interesse público.
HISTÓRIA DA LOGÍSTICA
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Desde os primórdios da humanidade até o Século XV, a produção de bens era feita por
artesãos que cuidavam de todo o ciclo produtivo, desde a encomenda até a entrega do pedido
ao cliente.
Nessa época, a logística era relativamente simples e ficava sob responsabilidade do próprio
artesão e não tinha grandes complicações, pois os pedidos eram feitos pelos clientes
diretamente ao artesão que conhecia todas as informações que precisa para executar seu
trabalho. Ele sabia o tempo que levaria para produzir um produto e quantas encomendas tinha
na fila de espera. Conhecia também a disponibilidade do estoque de matérias-primas, assim
como o preço que pagou por esses materiais e quanto de material precisava para fazer cada
bem. Além disso, também conhecia quanto receberia pelos serviços encomendados e quanto
gastou para executá-los.
Nesse período, os donos de oficinas eram os responsáveis pela logística, eles recebiam as
matérias-primas dos clientes, as direcionavam para artesãos que trabalhavam na oficina,
definindo o prazo de entrega pela quantidade de serviço que cada artesão possuía.
A Revolução Industrial teve lugar na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, em que as
ferramentas foram substituídas pelas máquinas que utilizavam a energia do vapor em lugar da
energia humana, isso proporcionou um grande aumento de produção.
Essa produção necessitou de novos mercados e junto com isso de melhorar o transporte
desses produtos, ou seja, precisava-se tornar a logística mais eficiente. O desenvolvimento
da locomotiva (conhecida como maria-fumaça) e a utilização do vapor nos navios auxiliaram
nesse processo (PIRES, 2004).
A história da logística continuou sem muitas alterações até a metade do século passado, as
empresas sabiam da importância, mas na prática as funções da logística eram divididas entre
diversos departamentos.
A partir de 1960, surgem os primeiros registros de criação de cargos específicos para o setor de
logística, sendo o seu ocupante o responsável por controlar o fluxo de materiais e transportes.
Logística é um processo que faz parte do nosso cotidiano, mas que passa despercebida pela
maioria das pessoas.
Pensemos na prestação de um serviço público, por exemplo, a entrega do kit escolar para os
alunos da rede municipal de ensino.
Existem prefeituras que entregam, todo ano, um conjunto de materiais de expediente que
serão utilizados pelos alunos durante o ano letivo. Para isso deve adquirir os materiais, montar
os kits e distribuí-los para os alunos.
Nesse processo devem ser definidas algumas questões. Inicialmente é necessário conhecer
Conhecidas essa variáveis iniciais, deve-se proceder à compra dos materiais de expediente,
atentando-se ao procedimento licitatório que deve ser adequado às características, quantidades
e valores desses materiais.
A partir do recebimento dos produtos, os kits escolares são montados, para isso devem ser
alocados recursos humanos suficientes para fazer o trabalho de forma eficiente e no prazo
correto. Depois de prontos os kits são distribuídos para cada escola do município que se
encarregará de distribuir para os alunos.
Todas as atividades desenvolvidas têm a finalidade de fornecer o kit escolar para os alunos da
rede municipal de ensino, mas nem sempre as pessoas envolvidas percebem que fazem parte
de um todo. Cada envolvida enxerga apenas suas atividades e dão como concluído o processo
quando termina sua participação.
Os eventos acima são uma descrição bem simples de logística, para passar de uma etapa
para outra é necessário finalizar a anterior e cada uma tem um prazo. A administração dessas
etapas, prazos e demais fatores que as influenciam é o papel do responsável pela logística na
administração.
Segundo Dias (2010, p.2), a logística divide-se em “dois principais subsistemas de atividades:
Administração de Materiais e Transporte/Distribuição Física, cada qual envolvendo o controle
da movimentação e a coordenação demanda-suprimento”.
Para obter uma redução de custos dentro de qualquer organização, pública ou privada, é
necessário analisar os procedimentos dessas duas atividades, pois, em uma visão sistêmica,
o aumento na eficácia delas tem reflexos em todos os outros departamentos.
A competitividade entre as organizações é uma realidade que está cada dia mais complexa e
não pode mais ser ignorada. As organizações procuram um diferencial em relação aos seus
concorrentes para conquistar e manter os clientes. Mas isso a cada dia tem se tornado uma
tarefa mais e mais difícil.
Existe algo em comum entre essas abordagens. Mas alguns aspectos são comuns a todas,
Pesquisas mais recente mostram que os produtos estão se tornando cada vez mais parecidos
na visão dos clientes. A tecnologia, processos produtivos mais competentes e enxutos
e o acesso a fontes de suprimento capazes de garantir matérias-primas de qualidade são
realidades que estão permitindo o nivelamento dos fabricantes de um mesmo produto.
Isso tem mostrado que a diferença entre uma organização e outra pode estar na prestação
de um serviço mais completo, por exemplo. Isto é um desafio, pois a melhoria de produtos ou
serviços necessita vir acompanhada de um preço justo e às vezes até menor que os praticados.
Para que um sistema logístico seja implantado e consiga atingir seus objetivos, alguns pontos
precisam ser avaliados e observados (FERRAES NETO e KUEHNE JR., 2002):
a) planejar o sistema para atender às necessidades dos clientes;
b) o pessoal envolvido deve ser treinado e estar capacitado;
A logística poderá ser a forma para a diferenciação de uma empresa na visão dos clientes,
para a redução dos custos e para agregar valor, resultando em um aumento da lucratividade.
Uma empresa mais lucrativa consegue se posicionar com superioridade contra os seus
concorrentes. Mas, a logística sozinha não consegue estes resultados, havendo a necessidade
de estar inserida no planejamento de negócio da organização e alinhada com os demais
esforços para atingir sucesso no seu segmento de atuação.
Não estamos dizendo que a logística seja o caminho que vai salvar a organização, mas sim
que ela é uma opção real usada por diversas empresas para conseguirem o aumento da sua
competitividade.
Atividades Primárias
Podemos definir como atividades primárias aquelas que são de importância essencial para
atingir os objetivos logísticos de custo e nível de serviço. Essas atividades são: Transportes,
Manutenção de Estoques, Processamento de Pedidos.
Elas são consideradas primárias porque contribuem com a maior parcela do custo total da
logística ou são essenciais para a coordenação e o cumprimento da tarefa logística.
Para a maioria das organizações, o transporte é a atividade logística mais importante, pois
é a atividade que utiliza a maioria dos custos logísticos. É extremamente importante, pois
nenhuma organização moderna pode trabalhar sem a movimentação de suas matérias-primas
ou de seus produtos.
Transporte refere-se aos vários métodos para se movimentar produtos. As alternativas são as
seguintes: Modo Rodoviário, Modo Ferroviário, Modo Marítimo e Modo Aéreo.
O modo rodoviário é o mais utilizado e expressivo no Brasil, chegando a atingir quase que
todos os pontos do território nacional. Os modos ferroviário e marítimo apresentam custos
menores comparando-se com o rodoviário, porém ainda passam por diversos problemas de
pouco alcance, e o marítimo acaba deixando muito a desejar em nosso país. Já no modo
aéreo, o grande problema está no custo do frete, que acaba sendo bem mais elevado do que
o correspondente rodoviário.
Explorando as Modalidades
Macroprocessos de logística
A logística pode ser dividida em macroprocessos, ao todo são quatro, sendo eles: o de
entradas, alimentação ou suprimento; o interno ou de operação; o de saída ou distribuição e o
de logística reversa.
Distribuição
Serviços
Fornecedor Suprimentos Consumidor
Públicos
Logística
Reversa
Fonte: Os autores
A legislação básica desse macroprocesso é composta pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993,
e pela Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que definem os procedimentos essenciais para
as aquisições e contratações, fundamentais para o início das atividades de suprimento nas
organizações públicas.
Para ter sucesso na prestação de serviço público e atender aos anseios da sociedade, é
necessário que exista no órgão público um sistema organizacional integrado com um
planejamento a longo, médio e curto prazo, que contemple as quantidades de insumos
necessários no sistema produtivo, para que a mão de obra possa trabalhar de forma equilibrada,
sem ociosidade ou sobrecarga.
É importante ressaltar que distribuição e logística não são sinônimos, mas que a distribuição
faz parte da logística.
LOGÍSTICA REVERSA
Já foi dito que a logística veio à tona para os consumidores após o advento da internet e do
crescimento do comércio eletrônico e que sua eficiência é fundamental na concorrência estre
as empresas que está cada vez mais acirrada.
Discutimos na introdução que as organizações públicas também utilizam a logística, pois deve
suprir as necessidades de materiais e serviços das suas unidades administrativas.
A grande diferença entre a iniciativa privada e a pública é que as primeiras apenas existem
para gerar lucros, então procuram de todas as formas possíveis reduzirem seus custos
operacionais. Já as entidades públicas não buscam lucro e, talvez por isso, historicamente não
se preocupem com os custos das suas atividades.
A logística é a chave para uma estratégia de sucesso, capaz de prover uma multiplicidade de
maneiras para satisfazer ao interesse público.
Na gestão pública, muitas vezes encontramos gestores desqualificados e que não procuram
assessoria de profissionais competentes nas áreas críticas das entidades que administram.
Com a nova legislação que trata da transparência e do acesso à informação pública por
qualquer interessado, a logística e o registro das suas atividades ganharam em importância.
Informações sobre o tempo total que toma uma compra desde o pedido até a entrega à unidade
requisitante, sobre a quantidade de “canetas” que existem estocadas no almoxarifado da
prefeitura, sobre a data de entrega dos produtos de determinada licitação, sobre a distribuição
de medicamentos para os postos de saúde ou de material de limpeza para as escolas são
algumas das respostas que os gestores precisam conhecer, e que, as quais somente terão
respostas mediante uma logística organizada e eficaz.
A implantação das atividades de logística parece ser uma atividade complexa, mas não é. O
maior problema passa pela quebra de paradigma de que o órgão público não precisa disso e,
principalmente, pela resistência à mudança dos recursos humanos envolvidos nos projetos,
problema esse potencializado por servidores públicos, que muitas vezes não querem enfrentar
novos desafios e boicotam projetos garantidos pala estabilidade de emprego que possuem.
Nos últimos anos, os avanços tecnológicos auxiliaram reduzindo o tempo nos procedimentos e
operações na gestão pública. Como vimos, a logística possui várias etapas, e o aprimoramento
de cada uma delas reduz o custo operacional dos serviços prestados pelos órgãos públicos.
Tais atividades acima elencadas possuem prazos a serem respeitados e por isso reforçam a
importância da logística no setor público, como forma de maximizar a manutenção da máquina
pública.
Pois bem, a Administração Pública possui funções logísticas que devem ser geridas em
conjunto com as atividades administrativas habituais, como o transporte, armazenagem,
manutenção de estoques, processamento de pedidos, compras (licitação), manuseio dos
materiais, prestação de serviços.
Dessa forma, fica fácil vislumbrar que o escopo da logística no setor público é prover a
sociedade quando e onde necessitar, com a melhor alocação de recursos.
Dentre essas funções logísticas têm algumas que se destacam principalmente pelo custo e
tempo destinado às mesmas, sendo elas:
Estas três funções acima elencadas são tidas como as primordiais e essenciais dentro do
processo de logística, mas que dependem das atividades de apoio que passaremos a expor:
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Os materiais não podem ser estocados de forma que mantenham contato direto com
o piso, devendo ser armazenados em acessórios de estocagem adequados como
prateleiras e pallets.
Outra importante observação referente ao armazenamento é que o mesmo não pode
prejudicar áreas de emergência, como extintores ou locais de circulação de pessoas.
Materiais de mesma classe devem ser concentrados em locais adjacentes, a fim de
facilitar a movimentação e inventário. Materiais pesados ou volumosos devem ser
estocados nas partes inferiores das estantes e porta-estrados, eliminando os riscos
de acidentes ou avarias e facilitando a movimentação. Quando o material tiver que
ser empilhado, deve-se atentar para a segurança e altura das pilhas, de modo a não
ESTRATÉGIA LOGÍSTICA
Não podemos deixar de falar, mesmo que de forma rápida, sobre a importância de escolher e
traçar uma boa estratégia e como executá-la. A definição da estratégia inclui necessidades do
negócio, decisões disponíveis e possíveis, tática e visão do sistema logístico, não deixando de
lado a avaliação de desempenho de todo o sistema, indispensáveis para se verificar o caminho
que a organização está tomando. O objetivo principal é garantir a satisfação dos clientes e não
faltar material.
Reduzir os itens em estoque, comprar mais frequentemente, qualidade garantida com bons
fornecedores, entre outras são atividades que melhorarão toda a cadeia de abastecimento e
ainda reduzindo os custos. Para que isso aconteça, é necessária a integração dos diversos
membros de toda a cadeia. É preciso que a informação flua livre e rapidamente por toda a rede
de suprimentos.
Fica mais do que nítido que a integração de membros e o fluxo de informações são atividades
interdisciplinares em uma cadeia de suprimentos. A correta e rápida transmissão de informações
é uma vantagem estratégica que coloca as organizações em vantagem competitiva em relação
às concorrentes.
A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
As leis são totalmente aplicadas à logística, ainda mais se tratando de gestão pública, em que
o cuidado com as normas deve ser ainda maior. Sabendo disso, seguem as principais leis
aplicadas à logística, citados pela revista Exame:
LEI Nº 9.841, DE 5 DE OUTUBRO DE 1999
Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que trata sobre o
tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos Arts. 170 e 179
da Constituição Federal.
LEI Nº 9.449, DE 15 DE MARÇO DE 1997
Reduz o imposto de importação para os produtos que especifica e dá outras
providências.
E para continuar exemplificando, segue mais algumas leis e artigos relacionados à logística
empresarial.
1. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964 (Código Financeiro Federal).
2. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional).
3. Art. 198, § 3° da CRFB/88 (regularidade com o INSS).
4. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 (improbidade administrativa).
5. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 (licitações e contratos).
6. Lei nº 9.012, de 30 de março de 1995 (regularidade do FGTS).
7. Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998 (limites para licitação).
8. Lei nº 9.854, de 27 de outubro de 1999 (declaração de empregabilidade de menor).
9. Decreto nº 34.314, de 27 de novembro de 2009 (registro de preços).
10. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Responsabilidade Fiscal).
11. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 (Pregão).
12. Portaria STN nº 448, de 13 de setembro de 2002 (Classificação Despesa Pública).
13. Decreto nº 26.945, de 22 de julho de 2004 (compras corporativas).
14. Lei nº 12.676, de 22 de outubro de 2004 (altera o Código De Administração Finan-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos ao longo desta unidade que vários são os tipos de organização do setor público
ou privado que fazem uso da logística. Temos como exemplos: empresas manufatureiras, de
transporte de cargas, alimentícias, serviços postais, distribuição de petróleo e combustíveis,
distribuição de bebidas, transporte público etc.
Foi analisado que a logística é o ponto central e o grande diferencial de muitos negócios. À
medida que as organizações investem em novos parceiros comerciais, ampliam-se os gastos
com o planejamento de toda a cadeia logística. Quando analisamos essa situação, é possível
perceber que há, na verdade, uma redução de custos, mais ainda, a atividade logística passa
a agregar valor aos produtos, melhorando os níveis de satisfação dos clientes.
Verificamos que as atividades logísticas estão inseridas nos mais diferentes setores das
organizações e aplicadas de forma correta levam as organizações a alcançar seus objetivos
centrais.
VAZ, J. C.; LOTTA, G. S. A contribuição da logística integrada às decisões de gestão das políticas
públicas no Brasil. RAP – Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro 45(1):107-39, jan./fev.
2011. Disponível em: <http://vaz.blog.br/blog/?p=975>.
ATIVIdAdE dE AuTOESTudO
1. Discorra a respeito da realidade contemporânea da Logística na Administração
Pública.
2. Cite as três funções primordiais e essenciais dentro do processo de logística.
3. Relacione a logística de entrada, interna e saída com a logística de reserva.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Sistema produtivo
• Canais de Distribuição
INTRODUÇÃO
Eis que surge a grande dúvida: como agregar mais valor aos produtos, reduzir os custos e
ainda conseguir aumento da lucratividade?
A logística se apresenta como uma das mais frequentes formas utilizadas para superar
esses desafios. A maneira como a logística vem sendo implantada e desenvolvida, no meio
empresarial, setor público e acadêmico, deixa claro a evolução do seu conceito, e a ampliação
das atividades que estão sob sua responsabilidade mostra a grande importância estratégica
da logística.
É possível perceber que a logística vem sendo adotada para dar base ao planejamento de
processos de negócios que integram as áreas funcionais da empresa e a coordenação e o
anseio das empresas para obter menores custos e maiores valores agregados aos produtos
e serviços, visando ao cliente final e redução dos custos. Este processo recebe o nome de
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – GCS (conhecido como Supply Chain Management
–SCM, na língua inglesa).
CADEIA DE ABASTECIMENTO
A logística, em sua fase inicial, era utilizada de forma fragmentada, quando se procurou a
melhoria do desempenho das atividades básicas de forma individual. Neste período não havia
uma formato sistêmico. A ênfase era funcional e a execução dava-se por departamentos
especializados.
Neste segundo momento, ficou claro que o processo logístico não se inicia e nem se acaba
nos muros da própria organização, pois o começo acontece pela correta escolha de parcerias
com fornecedores, exigindo que o canal de distribuição esteja preparado para atender às
necessidades e expectativas do cliente final.
Um exemplo pode ser dado por meio de um fabricante de bebidas. Ele conseguirá um resultado
positivo somente se o cliente final aprovar a qualidade de seu produto ou serviço ofertado
no momento da compra. Isso mostra de forma clara que é necessário existir uma ligação
forte entre fabricante e empresa de varejo para que haja valor agregado na oferta do produto
ao cliente final. Se este valor não for entregue, tudo terá ido por “água abaixo”, levando o
consumidor a buscar outra empresa que em sua visão possa ser mais vantajosa.
Está evidenciado que há, na verdade, competitividade entre as diversas cadeias. Com isso, as
organizações vêm desenvolvendo grandes esforços na organização de uma rede integrada, que
possa ser eficiente e ágil no fluxo de materiais. Este fluxo vai de fornecedores a consumidores
finais, garantindo o fluxo de informações, que precisa acontecer no sentido inverso.
No Brasil, boa parte das organizações ainda aplica a logística de forma primária, o que as coloca
em desvantagem diante de concorrentes do exterior. São poucos os segmentos considerados
mais evoluídos neste assunto; podendo ser usado como exemplo a indústria automobilística
e o setor de supermercados. Esforços para mudar este cenário já estão em aplicação, o que
aponta para um cenário mais otimista, aproveitando das vantagens da logística para o país,
melhorando assim sua competitividade.
ORGANIZAÇÕES ENVOLVIDAS
Fonte: O autor
O mais interessante é que neste formato de gerência não somente os componentes e maté-
rias-primas são adquiridos em outras empresas, mas os serviços dos mais variados, como:
distribuição, armazenagem, transportes de insumos e produtos, alimentação de empregados,
estacionamento, segurança, manutenção, assessoria jurídica etc. Com base nesta realidade
A estrutura da cadeia logística integrada é composta por três grandes grupos, segundo Ching
(1999, on-line):
Logística de suprimentos – gerencia as relações entre a empresa e seus fornece-
dores. Seus principais objetivos são desenvolver produtos e garantir a qualidade das
matérias-primas, componentes e embalagens que atendam aos requisitos de fabrica-
ção, de forma a obter o menor custo total possível dentro da cadeia logística.
Logística de produção – objetiva sincronizar a produção com as demandas. Cabe à
logística de produção transformar os materiais em produtos finais ou acabados, dentro
de prazos pré-definidos.
Logística de distribuição – gerencia a relação empresa/consumidor. Responsável pela
distribuição física dos produtos acabados, a logística de distribuição deve maximizar o
atendimento ao cliente, proporcionando o nível de serviço adequado, sem incorrer em
custos desnecessários.
Ao se considerar a relação com o ambiente, no que tange a matéria-prima, verifica-se
que há um subsistema, na cadeia de suprimentos, denominado logística de suprimen-
tos. Chama-se logística de suprimentos aquela que trabalha com os fluxos de materiais
de fora para dentro da manufatura, incluindo-se, aí, a matéria-prima e outros insumos
(peças, componentes, outros produtos acabados que vão integrar o processo produti-
vo).
A logística de distribuição física atua de dentro para fora da indústria e envolve as transferências
de produtos entre a fábrica e os armazéns próprios ou de terceiros, seus estoques, os
subsistemas de entrega urbana e interurbana de mercadorias, os armazéns e depósitos do
sistema (movimentação interna, embalagem, despacho) (NOVAES e ALVARENGA, 2000).
O sucesso e a eficiência da cadeia logística e, mais especificamente, da cadeia de
distribuição, dependem de um alto grau de cooperação entre as empresas participantes.
O fluxo constante e confiável de informações é fator determinante no gerenciamento
da cadeia de distribuição e essencial para que bons resultados de satisfação das
exigências dos clientes finais sejam atingidos (SILVA, 2006).
As atividades logísticas deverão estar sintonizadas com quatro grandes grupos e necessita
encontrar respostas para algumas questões, independente de quais sejam as aplicações em
análise:
a) Fornecedores: de quem adquire materiais e componentes. Percebe-se a
importância da atividade logística no desenvolvimento dos fornecedores, uma
atividade de fundamental importância, a exemplo do que estão fazendo as
montadoras de automóveis, colocando os seus principais fornecedores dentro do
seu parque produtivo.
b) Manufatureiras: onde vai produzir, ou seja, onde vai instalar a fábrica; quanto e
quando produzir determinado produto. É clara a importância do planejamento de
materiais, pois é a partir das decisões acima que poderá ser definida toda a política
de estoques da organização.
c) Centros de distribuição: onde armazenar produtos acabados? Onde armazenar
peças de reposição? Quanto armazenar de peças e de produtos acabados?
Não podemos deixar de lado que as definições logísticas envolvem algumas características
fundamentais das organizações, em nível estratégico, como o impacto em múltiplas funções
dentro das organizações, a troca entre objetivos conflitantes, como aumentar vendas diminuindo
custos e barateando os produtos, ou aumentar o nível de serviço com um acréscimo a curto
prazo, nos custos. Estas dúvidas devem ser alicerçadas em análises e planejamento e nunca
calcadas no achismo.
O PAPEL DA LOGÍSTICA
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Produto – também aqui a logística tem uma função importantíssima. O processo de fabricação
e as funções logísticas da organização devem ser abraçadas de forma integrada e pensadas
conjuntamente.
Momento desejado – a logística tem a função de garantir que o produto ou serviço seja
entregue ao consumidor no momento correto. O cliente, no ato da compra, recebe uma
promessa de data de entrega. Se esta data não for cumprida, por qualquer motivo, isso causará
uma avaliação de falta de qualidade ou falta de organização na empresa. O Correio brasileiro
aposta em sua eficiência logística ao garantir ao cliente que sua encomenda será entregue até
as 10 horas do dia seguinte, por meio do serviço Sedex 10.
Confiança mútua – a confiança deve ser mútua entre o comerciante e o cliente, levando em
conta alguns aspectos como atenção pessoal, honestidade e profissionalismo de quem atende.
A cada etapa que o cliente passa a conhecer melhor o atendente, vai verificando a verdade
Continuidade – este aspecto é considerado ainda como um grande problema para o setor
de bens duráveis no Brasil. A continuidade na relação de pós-venda é sempre difícil. Mesmo
que problemas ocorram por parte do fabricante (falta de peças, má assistência técnica, preços
incompatíveis dos serviços), é quem atende que está mais próximo do cliente. É ele que acaba
recebendo as reclamações dos clientes. Para diminuir estes problemas, algumas organizações
desenvolveram a função do ombudsman, que atende diretamente as reclamações dos clientes,
sem precisar passar por outros setores da organização.
Segue abaixo um exemplo da logística aplicada na empresa Submarino, mostrado por Schimtt
e Shionara (2001):
Segundo Novaes (2001), a logística de suprimento é uma parte muito importante pelo seu
aspecto estratégico e pela importância econômica a ela associada tanto pelo setor público
como pelo privado.
Nas atividades ligadas ao varejo, a logística que movimenta os produtos acabados da fábrica
até ao consumidor é chamado de distribuição ou outbound logistics.
Os responsáveis pelo setor de distribuição física trabalham com elementos específicos, tais
como depósitos, veículos para transporte, estoques, equipamentos de carga e descarga etc.
Há uma relação paralela muito forte entre as atividades da distribuição física de produtos e os
DEPÓSITO DA FABRICANTE
FÁBRICA
TRANSPORTE
CENTRO DE
ATACADISTA
DISTRIBUIÇÃO
TRANSPORTE
DEPÓSITO
VAREJISTA VAREJISTA
CONSUMIDOR FINAL
Fonte: O autor
Definir de forma mais detalhada os objetivos dos canais de distribuição depende em sua
A distribuição física tem como objetivo geral levar os produtos certos, para lugares certos, no
momento certo e com o nível de serviço desejado, pelo menor custo possível (NOVAES, 2001).
No estudo do supply chain, a distribuição física vai desde a saída do produto da fábrica até
sua entrega final ao consumidor. Em certos casos, o produto é enviado da produção para o
depósito de um atacadista; em outros, o produto é transportado desde o fabricante até o centro
de distribuição de varejo.
A distribuição física dos produtos é executada a partir de alguns componentes, sejam eles
físicos ou informacionais:
1. Instalações físicas – fornecem espaços destinados a abrigar as mercadorias até
que sejam transferidas para as lojas ou entregues aos clientes. Dispõem de facilida-
des para descarga de produtos, transporte interno e carregamento dos veículos de
distribuição.
2. Estoque de produtos – é formado pelo estoque de produtos ao longo de todo o
processo. O custo de capital dos produtos acabados que permanecem estocados
nos depósitos da fábrica, nos centros de distribuição dos atacadistas, distribuidores e
varejistas, nas lojas de varejo e nos veículos de transporte, passou a ser um encargo
elevado para as empresas. Isto porque a oferta de produtos se abriu em um leque
de opções muito grande, com variedade de tipos, capacidade, acabamento e cores,
nunca vistos, ocasionando um acréscimo expressivo nos níveis do estoque.
3. Veículos – já que os produtos são normalmente comercializados em pontos distintos
em relação ao local de fabricação, sua distribuição implica o deslocamento espa-
cial das mercadorias, necessitando de veículos para realizá-lo. Na transferência de
produtos desde o fabricante até o centro de distribuição do varejista (ou depósito do
atacadista) empregam-se veículos maiores, com mais capacidade; no abastecimento
de lojas, em geral, são usados veículos menores, com mais condições de manobrabi-
lidade em áreas urbanas. Também, a necessidade de maior frequência nas entregas
Na distribuição do tipo UM PARA UM, o carregamento do veículo é feito de forma a lotá-lo por
completo. Ao carregar o veículo, vai se acomodando a carga nos espaços disponíveis, com o
objetivo de se obter um melhor aproveitamento de sua capacidade.
Na figura 06, é possível ver de onde o veículo parte carregado do depósito e percorre uma
distância até a área de entrega. O veículo realiza várias visitas em diversos clientes, efetuando
coletas e entregas. Terminado o serviço, o veículo volta ao depósito, percorrendo uma nova
distância.
A distribuição UM PARA MUITOS é influenciada por 15 fatores, quando enfocada sob o ponto
de vista da logística, na visão de Novaes (2001):
1. Divisão da região a ser atendida em zonas de entrega, sendo cada zona alocada nor-
malmente a um veículo.
2. Distância d entre o CD e a zona de entrega.
3. Velocidades operacionais médias.
a. V1 no percurso entre o depósito e a zona.
b. V2 no percurso dentro da zona.
4. Tempo de parada em cada cliente.
5. Tempo de ciclo – necessário para completar um roteiro.
6. Frequência das visitas às lojas ou aos clientes, ou seja, diária, semanal, mensal etc.
7. Quantidade de mercadoria a ser entregue em cada loja do roteiro.
8. Densidade da carga.
9. Dimensões e morfologia das unidades transportadas.
10. Valor unitário.
11. Acondicionamento – carga solta, a granel, paletizada etc.
12. Grau de fragilidade.
Fonte: O autor
A logística tem em seu conceito a visão de agregar ou adicionar valor de tempo e lugar ao
produto/serviço que será entregue ao consumidor, além de ser a atividade mais importante
para concretizar a entrega de valor.
Segundo Bowersox e Closs (1997), com exceção dos custos de bens adquiridos, o transporte
absorve, em média, a porcentagem mais elevada de custos do que qualquer outra atividade
logística.
Existem pesquisas que apontam que os custos de distribuição física agregam cerca de 16%
do valor final de um item.
ROTEIRIZAÇÃO
O termo roteirização é a designação que vem sendo adotada como equivalente ao
inglês “routing” ou “routeing”, para designar o processo de determinação de um ou
mais roteiros ou seqüências de paradas a serem cumpridos por veículos de uma frota,
objetivando visitar um conjunto de pontos geograficamente dispersos, em locais pré-
determinados, que necessitam de atendimento. O termo roteamento também é utilizado
alternativamente por alguns autores, embora este termo seja mais comumente utilizado
quando associado às redes computacionais (CUNHA, 1997, on-line).
Galvão (1997) afirma que muitos deles pecam por não serem capazes de abordar o componente
espacial do problema. Como exemplo, pode-se citar a localização geográfica exata dos pontos
a serem atendidos (clientes) ou a consideração das restrições de tráfego rodoviário.
Ainda, segundo Farkuh Neto e Lima (2006), os despachantes localizados nos depósitos e CDs
só conseguiam falar com os motoristas dos veículos por meio de rádio e assim mesmo quando
estavam dentro da área de alcance das transmissões. No entanto, na maioria das vezes, o
contato só era realizado em algumas ocasiões em que o motorista conseguia um acesso
telefônico e ligava para sua sede.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O primeiro passo deverá ser uma avaliação do segmento ou público-alvo que se pretende
atingir, principalmente em relação à previsão de vendas, que uma vez quantificada é hora de
analisar os clientes e assim, fazer a escolha certa do canal para fazer os produtos chegarem
até eles.
Quanto mais concentrado estiverem os clientes, menor deverá ser o canal de distribuição.
O setor alimentício se aplica a esta explicação. O tipo de produto também é um fator que
merece muito destaque na hora de escolher um canal de distribuição. Alguns tipos de produtos
são tão específicos e complexos tecnicamente que exigem profissionais especializados para
comercializá-los.
O gerenciamento da cadeia de suprimentos é um conjunto de métodos que são usados para propor-
cionar uma melhor integração e uma melhor gestão de todos os parâmetros da rede: transportes,
estoques, custos, etc. Esses parâmetros estão presentes nos fornecedores, na sua própria empresa e
fi nalmente nos clientes. A gestão adequada da rede permite uma produção otimizada para oferecer ao
cliente fi nal o produto certo, na quantidade certa. O objetivo é, obviamente, reduzir os custos ao longo
da cadeia, tendo em conta as exigências do cliente – afi nal, isso é qualidade: entregar o que o cliente
quer, no preço e nas condições que ele espera.
Esta gestão é por vezes difícil, especialmente para um sistema que não tenha controle sobre toda a
cadeia. Por exemplo, uma empresa que terceiriza uma parcela da produção ou da logística, deixou de
ter controle sobre uma parte importante do processo. É difícil também porque a demanda do cliente é
desconhecida na maioria das vezes e varia substancialmente de um mês ao outro, o que implica um
planejamento da produção mais complexo. Os produtos a serem fabricados também podem mudar
(nova estação, moda, modelos, melhorias), o que colocará em evidência a necessidade de uma estra-
tégia de preços e cálculos de custos de fornecimento e estoque.
O problema aparece também em produtos completamente novos, inovadores, onde os modelos pron-
tos não podem ser aplicados e exigem, assim, novas soluções. Por exemplo, projetar uma nova fábri-
ca na China: os produtos seriam entregues para os clientes, após a fabricação, em 6 semanas (por
ATIVIdAdE dE AuTOESTudO
1. Discorra sobre processo e cadeia de abastecimento.
2. Relacione as organizações envolvidas com o sistema produtivo.
3. Discorra sobre os canais de distribuição.
Objetivos de Aprendizagem
• Demonstrar que a Administração Pública satisfaz ao interesse público por meio das
compras.
Plano de Estudo
A existência de uma central de compras facilita o trâmite dos demais atos, visto que unifica
o processo, simplificando o controle logístico. Com isso ocorre uma economia de recursos,
pessoas, processos e tempo, contribuindo para o avanço do setor público.
Trata-se da mais inovadora técnica de gestão, visto os inúmeros benefícios que são
proporcionados por sua adoção. Embora seja novo, muitos órgãos públicos já têm efetuado
todos os esforços para sua implantação, focando principalmente na capacitação dos servidores
envolvidos. Desta forma, a centralização das compras é peça fundamental dentro da logística
utilizada pela Administração Pública para atender aos anseios sociais.
Os processos licitatórios devem respeitar inúmeros atos e demandam um tempo razoável para
sua finalização, motivo pelo qual torna a central de compras tão importante.
Por exemplo, uma compra excessiva de determinado produto, além de mostrar-se desnecessária,
utiliza verba que poderia ser investida em outros produtos ou serviços essenciais. Já a compra
insuficiente também acarreta prejuízos, pois além de prejudicar o bom funcionamento da
Com isso, faremos uma abordagem completa dos principais tópicos para a implantação e o
bom funcionamento de uma central de compras, trazendo exemplos encontrados em nossa
prática diária, para facilitar a compreensão do tema e reforçar sua importância dentro da
Administração Pública.
A NECESSIDADE DE COMPRAR
O anseio de comprar faz parte da identidade de qualquer ser humano, em razão da voraz e
eminente necessidade de consumo. Com a Administração Pública não é diferente, visto que
sua missão consiste em gerenciar o interesse público e para que a mesma seja alcançada com
êxito, necessita efetuar aquisições.
Visando cumprir suas funções, a Administração Pública precisa atuar nos mais variados
segmentos, produzindo bens e prestando serviços para a sociedade. Mas acontece que ela
não é autossuficiente, isso significa que não produz, tampouco realiza tudo aquilo que precisa
para atender ao interesse público envolvido. Deste modo, é necessário que a mesma recorra a
terceiros para que, em uma interação contratual, possa receber os préstimos de que necessita.
Acontece que o ente público não possui a mesma prerrogativa de uma pessoa física ou
de determinada entidade privada que tem a liberdade de contratar com terceiros conforme
conveniência. Tal diferença é fruto de imposição legal que determina aos órgãos públicos
que oportunizem a todos os interessados em serem contratados, as mesmas condições de
negociação.
Com isso, um processo administrativo deve ser instaurado para que a legislação seja atendida
e que o interesse público seja alcançado.
Vejamos o seguinte exemplo: para que um guarda municipal consiga exercer diariamente suas
atividades de maneira satisfatória, precisa de uma série de equipamentos, como: uniforme
da guarda, rádio transmissor, motocicleta, equipamentos de segurança como capacete, bota,
luvas dentre outros.
Inúmeros são os exemplos, mas o que podemos garantir é que, em todos os tipos de prestação
de serviços públicos, o processo licitatório deve ser instaurado para aquisição dos materiais
necessários. Em algumas situações, além de adquirir bens, necessárias se faz a contratação
dos próprios prestadores de serviços.
Mas como visto anteriormente, o órgão público não pode ir comprando ao seu livre alvedrio e
,para que tais equipamentos sejam adquiridos, precisa abrir o processo licitatório.
A formação de uma central de compras auxilia no êxito do processo licitatório, e esse tema é
o que iremos explorar na sequência.
Em razão dessa terceirização dos serviços públicos, uma ferramenta denominada central
de compras vem tornando-se peça fundamental na estratégia de compras da Administração
Pública, resultando em significativas vantagens.
Muitos órgãos públicos ainda não criaram suas centrais de compras e continuam efetuando
Nestas organizações resistentes, cada setor, gerência ou secretaria é responsável por gerir as
demandas e efetuar suas compras de forma individualizada.
Com isso, os esforços são dobrados para aquisição de objetos semelhantes, visto que são três
processos que tramitam em conjunto.
SECRETARIA DE
EDUCAÇÃO LICITAÇÃO
SECRETARIA DE
SAÚDE LICITAÇÃO
SECRETARIA DE LICITAÇÃO
ESPORTES
Fonte: O autor
SECRETARIA DE
EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE CENTRAL DE
SAÚDE COMPRAS LICITAÇÃO
SECRETARIA DE
ESPORTES
Fonte: O autor
Para isso, uma estrutura mínima é preciso para a formação de uma central de compras, com
servidores competentes e capacitados para que o serviço seja desempenhado da melhor
maneira possível.
A implantação da central de compras exige deste setor um enorme esforço dos servidores
envolvidos, visto que os mesmos são responsáveis por registrar em um banco de dados todos
os possíveis bens e serviços que a Administração necessita para exercer seu papel diante da
sociedade.
O ideal é que esse registro seja divido por categorias, como gêneros alimentícios, materiais
Para cada objeto, seja ele material ou serviço, deverá haver um número de cadastro e a
descrição do mesmo terá que ser a mais completa possível, ao fito de que cada Secretaria ou
Setor não tenham dúvidas no momento de proceder a suas solicitações de compras.
Importante se faz a descrição detalhada, para que os fornecedores não entreguem produtos
em desconformidade com as necessidades de cada órgão, visto ser uma realidade bem
comum nas compras públicas.
Sabe-se que o edital de licitação é lei entre as partes, ou seja, as cláusulas e condições
nele existentes vinculam os fornecedores e toda a Administração Pública que não podem
descumpri-lo.
Mediante um exemplo fica mais fácil visualizar e entender a importância que um objeto bem
descrito tem perante a Administração Pública. Imaginemos uma licitação instaurada para
aquisição de produtos de limpeza com inúmeros itens, mas dentre eles um item descrito
apenas como sabão em pó.
Caso um edital seja publicado desta forma, não estranhem, pois é bem comum este tipo de
desleixo na Administração Pública, qualquer tipo de sabão em pó que for oferecido pelos
licitantes deverá ser aceito pelo órgão licitante visto inexistir qualquer critério para verificar se
o mesmo atende às reais necessidades.
Para evitar surpresas quanto ao fornecimento, o objeto deve ter sua descrição bem detalhada,
com indicação do seu nome, número do registro no banco de dados do órgão, a quantidade
necessária, especificações básicas, o tamanho da embalagem, dentre outros, vejamos:
Item 01 – Sabão em Pó – 1 quilograma (KG)
Quantidade: 40 (quarenta) caixas com 1 (um) quilograma
Código de Registro: 7079-3
Especificação Técnica: deverá constituir-se de pó granulado e homogêneo. Apresentar
aroma agradável e ser inócuo à pele. Quando misturado em água deverá apresentar boas
condições de formação de espuma e completa dissolução. Na decantação não poderá
aparecer partículas arenosas ou sólidas, estranhas a sua constituição. Não poderá man-
char ou esbranquiçar o corpo sobre o qual for aplicado, bem como não deixar resíduos
após o enxague, removendo gorduras e manchas. Deverá ser de primeira linha.
LOGÍSTICA NO SETOR PÚBLICO | Educação a Distância 85
Complemento: na embalagem deverá constar a data da fabricação, da validade, número
do lote e registro na Anvisa. A validade deverá ser de 12 (doze) meses a partir da data
de entrega.
Por meio deste simples exemplo, conclui-se que é um trabalho árduo, que demanda
comprometimento e muita disciplina dos servidores envolvidos, visto não ser fácil alimentar
este banco de dados, tampouco especificar corretamente cada objeto.
Acontece que se realizado da maneira correta, as chances de falhas diminuem e com isso a
Administração Pública fica mais próxima de atender ao interesse público.
Uma observação de extrema importância é que a Lei de Licitações veda a fixação de marcas
nos produtos a serem licitados, visto comprometer a competitividade imposta pela Constituição
Federal. Tal restrição é encontrada no art. 15, §7°, I da Lei 8.666/93, vejamos:
A saída é inserir nos editais de licitação, algumas marcas “pré-aprovadas”, cujas informações
foram obtidas em experiências anteriores. Desta forma, as marcas ali inseridas não são
exigidas como condição para participação, mas apenas um informe de que, se as mesmas
forem oferecidas para a Administração Pública, serão facilmente aceitas, uma vez que já foram
aprovadas anteriormente.
Caso uma marca diferente das fixadas no edital seja proposta por um dos licitantes, deverá
Uma outra alternativa nos casos em que for necessária a indicação de marca como referência
de qualidade ou facilitação da descrição do objeto, deve esta ser seguida das expressões “ou
equivalente”, “ou similar” e “ou de melhor qualidade”, devendo, nesse caso, o produto ser aceito
de fato e sem restrições pela Administração.
O próprio Tribunal de Contas da União já teceu algumas deliberações sobre o tema, como
pode ser observado nos acórdãos abaixo:
Observe com rigor, em todos os processos licitatórios, as normas pertinentes e que,
ao especificar produtos, faça-o de forma completa, porém sem indicar marca, modelo,
fabricante ou características que individualizem um produto particular.
Acórdão 1034/2007 Plenário
A indicação ou preferência por marca em procedimento licitatório só é admissível se
restar comprovado que a alternativa adotada é a mais vantajosa e a única que atende
às necessidades do órgão ou Entidade.
Acórdão 88/2008 Plenário (Sumário)
Experiências em licitações públicas têm demonstrado que os licitantes necessitam, para bem
elaborar propostas, de especificações claras e precisas, que definam o padrão de qualidade
e o desempenho do produto a ser adquirido. Se não for assim, corre-se o risco de o licitante
ofertar o que tem de mais barato e não o que pode oferecer de melhor.
Inúmeros são os exemplos de compras em que a descrição do objeto não é precisa e detalhada,
ocasionando resultados insatisfatórios. Tais compras são realizadas rotineiramente pelo critério
do menor preço, sem indicação de qualquer parâmetro de qualidade e que aparentemente
Por isso, é importante que o ato convocatório da licitação defina claramente critérios de análise
dos produtos ofertados, os quais deverão levar em conta fatores de qualidade, durabilidade,
funcionalidade e desempenho, dentre outros julgados necessários.
Por fim, o que a Lei Geral de Licitações veda e os Tribunais de Contas condenam, especialmente
o Tribunal de Contas da União, é a preferência por determinada marca ou indicação sem
devida justificativa técnica nos autos.
Com a implantação de uma central de compras, o banco de dados com o registro dos produtos
e serviços facilitará todo o sistema logístico, visto que existirão códigos para cada registro e
serão por meio deles que as Secretárias e Setores farão suas solicitações, de acordo com
as respectivas descrições. Assim, os fornecedores estarão mais seguros para formular suas
propostas, visto que terão certeza do objeto que está sendo licitado.
Este setor é responsável pela segunda etapa no processamento das compras, visto que os
servidores ali existentes são incumbidos de estarem em constante contato com cada Secretaria
ou Setor da Administração para captar as necessidades existentes em cada um.
Importante frisar que com a centralização das compras, várias comunicações internas são
encaminhadas de forma simultânea para todas as Secretarias ou Setores do órgão, para que
demonstrem o interesse nos itens referentes àquela determinada categoria que será licitada.
Por isso tal setor está dentro da central de compras, visto que centraliza todos os pedidos para
que ocorra apenas uma única licitação e atenda a todas as Secretarias ou Setores envolvidos.
Com a comunicação interna em mãos, o trabalho do servidor que receber a mesma será
simplificado, visto que todos os possíveis produtos ou serviços estão elencados neste
documento, bastando ao mesmo assinalar se existe a necessidade e qual a quantidade
suficiente para suprir a demanda.
A orientação é que cada Secretaria ou Setor tenha arquivado um documento que revele o
histórico de consumo, que pode ser semestral ou anual. Assim, a quantidade especificada na
comunicação interna será bem aproximada da realidade, evitando compras excessivas ou em
quantidades ínfimas.
Trata-se de um setor que deve estar em total sintonia com os demais, pois a agilidade e
precisão dos pedidos podem interferir de modo significativo em toda a prestação de serviços.
Abaixo, um modelo desta Comunicação Interna que é usualmente utilizada pelos órgãos
públicos, principalmente na esfera municipal.
O preenchimento da comunicação interna por parte das Secretarias e Setores deverá ser feita
com total atenção, para que não ocorram aquisições equivocadas, por inexistir os produtos na
lista.
No caso de não conter o referido produto ou serviço, ou a descrição não estiver correta,
a Central de Compras deverá ser informada com o máximo de urgência para que efetue o
cadastro no banco de dados e inclua nas próximas captações de pedidos os novos itens.
Este setor tem a função de processar os pedidos recebidos de cada Secretaria e Setor,
unificando os mesmos e encaminhando para o próximo setor que irá efetuar a pesquisa de
preços.
Trata-se de um serviço bem simples, mas que tem sua importância dentro do processo de
logística.
Para que a Administração Pública efetue suas aquisições, alguns parâmetros devem ser
Uma vez definidos os objetos a serem licitados, com a descrição detalhada dos itens por
categoria, com a quantidade estimada de consumo, imprescindível que haja uma pesquisa de
preços para encontrar o preço que deverá ser pago pelos produtos e serviços.
A Lei de licitações em nenhum momento externa de forma clara como deverá ser procedida
esta cotação de preços, impondo apenas que seja licitado levando-se em conta o preço
praticado no mercado, conforme prescrito no art. 43, IV da Lei 8.666/93, vejamos:
Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes
procedimentos:
[...]
IV – verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital
e, conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão
oficial competente, ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os
quais deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis (grifo nosso).
Neste sentido, as contratações públicas somente poderão ser efetivadas após estimativa
prévia do seu valor, que deve obrigatoriamente ser juntada ao processo licitatório.
O valor estimado da contratação será o principal fator para escolha da modalidade de licitação
a ser realizada, exceto quanto ao pregão que não se baseia no valor da licitação como condição
de escolha. Desde que o objeto seja considerado bem ou serviço comum, poderá ser utilizada
a modalidade pregão, independente do valor da contratação.
A estimativa levará em conta todo o período de vigência do contrato a ser firmado, consideradas
ainda todas as prorrogações previstas para a contratação. No caso de compras, a estimativa
total considerará a soma dos preços unitários multiplicados pelas quantidades de cada item.
Preço estimado é um dos parâmetros de que dispõe a Administração para julgar licitações e
efetivar contratações. Deve refl etir o preço de mercado, levando em consideração todos os
fatores que infl uenciam na formação dos custos.
Preço unitário é o correspondente a cada unidade licitada e preço global, o total da proposta.
A pesquisa de preços deve ser elaborada com base nos preços correntes no mercado onde
será realizada a licitação, podendo ser local, regional ou nacional.
Com isso, o edital será elaborado e posteriormente publicado, ao fito de que o maior número
de empresas interessada compareçam ao certame e possibilitem ao órgão uma aquisição
vantajosa.
A centralização das compras é capaz de proporcionar vantagens de toda a ordem e uma das
mais importantes é a uniformização dos produtos e serviços adquiridos.
Nos órgãos públicos em que as compras são feitas individualmente por cada setor ou secretaria,
muitos são os problemas enfrentados e um dos mais comuns é a divergência na qualidade dos
materiais ou serviços adquiridos por cada secretaria.
Um exemplo para facilitar a compreensão pode ser a aquisição de canetas. Sabe-se que
existem inúmeras marcas que produzem tal material e que cada caneta tem sua particularidade
e qualidade específica. Neste caso, três licitações são abertas, sendo uma pela secretaria de
administração, outra pela educação e a última pela saúde. Com isso, cada secretaria adquire
canetas de uma marca, visto que foram licitações distintas.
Esse fato tem causado muitos transtornos administrativos, principalmente em relação aos
servidores que manuseiam tal material, visto que a mesma entidade pública adquire produtos
semelhantes, mas com qualidade distinta.
Com a centralização este tipo de problema é reduzido e em alguns casos cessa por completo,
visto que será realizada apenas uma única licitação para suprir as necessidades de todas as
secretarias, uniformizando desta forma os produtos e serviços adquiridos.
Para explicarmos o primeiro motivo, utilizaremos o mesmo exemplo das canetas, em que
Aquisição de Canetas
PREFEITURA X
Fonte: O autor
Diante do exposto fica registrada a seguinte pergunta: Como pode uma única unidade
administrativa adquirir o mesmo produto, inclusive no tocante à marca, por preços tão
diferentes?
A resposta é fácil de ser encontrada, visto que tal fato só foi concretizado em razão de terem
sido abertas licitações individuais para cada secretaria, o que seria evitado se houvesse uma
Central de Compras para recepcionar os pedidos de todos os interessados e efetuar uma
única compra para toda a Administração Pública.
PREFEITURA X
CENTRAL DE
COMPRAS
LICITAÇÃO
PREÇO PAGO
R$ 0,50
Fonte: O autor
A figura acima é capaz de refletir a otimização dos recursos pela Administração Pública,
possibilitando que investimentos ocorram em outros setores graças à redução dos gastos.
Uma outra vantagem relacionada aos recursos diz respeito à redução significativa do número
de processos licitatórios instaurados, bem como o número de servidores envolvidos em cada
processo.
Considerações finais
A centralização das compras revela-se imprescindível para que a Administração Pública logre
êxito em suas ações e atenda ao interesse público envolvido.
Dessa forma, com a capacitação dos servidores envolvidos, legislação própria e estruturação
da central de compras de acordo com os setores elencados nesta obra, o interesse público
será alcançado com maior facilidade.
Com isso, podemos avançar para a próxima unidade, que trará do Almoxarifado Central como
o tema principal.
Caro(a) acadêmico(a), esse link irá tratar sobre Logística Aplicada ao Setor Público.
<http://www.al.sp.gov.br/StaticFile/ilp/logistica.pdf>.
ATIVIdAdE dE AuTOESTudO
1. Explique como ocorre o funcionamento de uma central de compras.
2. Escreva sobre o que é preciso para alcançarmos a formação de uma central de
compras na Administração Pública.
3. Discorra sobre as vantagens da central de compras.
ALMOXARIFADO CENTRAL
Professor Esp. Luis Fernando Otero
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Estrutura do almoxarifado
• Funcionamento do almoxarifado
• Controle
INTRODUÇÃO
Dependendo do órgão público existem diversos almoxarifados em uma mesma esfera, por
exemplo, existem prefeituras com mais de dez almoxarifados diferentes em uma mesma
cidade, quatro da saúde, três da educação etc.
Em nível municipal deveria existir um único local de recebimento e armazenamento para que
os procedimentos sejam padronizados com maior facilidade.
Cronograma de entrega
O art. 40, II da Lei de licitação diz que obrigatoriamente o edital deve conter “prazo e condições
para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei,
para execução do contrato e para entrega do objeto da licitação” (grifo nosso).
Não é tão comum, mas o correto é que todos os órgãos públicos elaborem o cronograma de
entrega e que o mesmo faça parte do edital da licitação, com essa medida os interessados
em vender produtos ou serviços poderão organizar a sua logística e calcular seus custos de
maneira mais eficiente, proporcionando economia aos cofres públicos.
Pense em uma licitação para adquirir gêneros alimentícios para a merenda escolar, em que
estão previstos, entre outros produtos, dez mil quilos de tomates. Quando o empresário vê o
edital, ele começa a perguntar-se: como será essa entrega? Será que é tudo de uma vez? Será
que tem entrega todas as semanas? Ou será que acompanha a sazonalidade da fruta e só tem
entrega nos períodos em que o tomate é mais barato?
Registro do pedido
Como o órgão público faz os pedidos para que os fornecedores entreguem os produtos ou
serviços?
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Vale a pena ressaltar que o resultado da licitação deve ser anotado em um contrato administrativo,
que pode ser materializado em um termo de contrato ou em documento equivalente.
O art. 40 da Lei de Licitações obriga a publicar como anexo do edital de licitação a minuta
do futuro contrato, sempre que o vencedor da licitação seja obrigado a assinar um termo de
contrato.
Então um pedido pode ser feito por meio de um contrato assinado, no qual já consta um
cronograma de entrega ou, em casos em que a entrega é única ou o valor é pequeno, o pedido
é materializado na nota de empenho ou na ordem de fornecimento.
Esses pedidos, normalmente, são realizados mediante nota de empenho, ordem de fornecimento
ou de serviço. O contrato é utilizado no caso de registro de preços para prestação de serviço
que requer de mais exigências ou, independentemente do objeto, ao final do prazo de validade
Por exemplo, uma ata de registro de preço estima a compra de mil litros de gasolina para os
veículos da prefeitura, mas passou quase um ano e foram consumidos 600 litros. A prefeitura
pode fazer um contrato dos restantes 400 litros e no contrato serão transcritas as exigências
constantes na ata de registro de preços e será definido o prazo de vigência do contrato.
Quem são os responsáveis nos órgão públicos pela emissão dos pedidos?
Seguindo o cronograma de entrega ou conforme a sua necessidade, o órgão público deve emitir
as notas de empenho e, quando entender necessário, encaminhar a ordem de fornecimento
ou de serviço.
Em todo órgão público há um responsável pela emissão das notas de empenho, normalmente,
é o setor financeiro ou, em alguns casos, a própria contabilidade que se responsabiliza por
essa tarefa.
Repare que quando isso acontece o setor responsável pelo recebimento não está sabendo de
nada do que está acontecendo e pode ser surpreendido a qualquer momento pela chegada de
fornecedor para realizar a entrega de produtos pedidos.
Assim, quando o órgão requisitante comunica o fornecedor deve também comunicar o setor de
recebimento para que se prepare para receber o objeto em questão.
Dessa forma, podemos dizer que o setor requisitante é o órgão central e ele interage com todos
os envolvidos, sem que esses outros envolvidos tenham contato até a entrega dos produtos,
conforme demonstrado na Figura 7.
FORNECEDOR
SETOR
REQUISITANTE
SETOR DE
RECEBIMENTO SETOR DE FINANÇAS
Fonte: Os autores
Para aumentar a eficiência, podemos recomendar que o fluxo do pedido fosse linear. Dessa
forma, o setor requisitante faz o pedido para o responsável pela emissão do empenho que,
por sua vez, encaminha a nota de empenho diretamente ao setor de recebimento, que se
encarregará de comunicar o fornecedor, passando as orientações necessárias para realizar a
entrega (como fazer o agendamento, horários etc.).
O ideal é que esse sistema de informação seja todo informatizado, pois possibilita que os
Fonte: Os autores
Na figura 8 percebemos que o setor requisitante apenas faz o pedido e o setor de recebimento
fica sabendo de todos os pedidos realizados antes das entregas.
Considerando apenas a Administração Pública, por agora temos três setores envolvidos em
um processo de pedido e recebimento de produtos.
Além desses setores, o § 8º do art. 15 da Lei de Licitações diz que o recebimento de material de
valor superior a R$ 80 mil deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, três membros,
conhecida como comissão de recebimento, ou seja, será o quarto ator.
Por último, toda execução de contrato deverá ter um responsável (representante do órgão
público licitante) pelo seu acompanhamento designado para essa finalidade. O quinto
envolvido na fase de pedido e recebimento de produtos ou serviços é o fiscal de contratos que
deve acompanhar e verificar se todos os atos do procedimento de compra, desde o início do
processo até a execução do contrato, foram realizados regularmente.
Em uma descrição bem simples verificamos, no tópico anterior, que são cinco setores que
se envolvem no processo de fazer uma solicitação ou pedido de entrega até o recebimento
concreto desse pedido.
(1)
(3) Comissão de
Fiscal do (9) Total
Recebimento
Contrato
Fonte: Os autores
Por exemplo, os pedidos envolvem mais do que uma única pessoa. Na educação pode envolver
os diretores das escolas, um supervisor que junta esses pedidos e, por último, o responsável
por passar o pedido (o único considerado na Figura 9).
Considerando que em cada setor temos diversos funcionários envolvidos em um pedido e que
os pedidos são feitos por diversos departamentos, secretarias ou gerências, pode-se dizer
que são muitos os servidores envolvidos no sistema de recebimento de produtos ou serviços.
Isso pensando em uma única licitação, mas pensemos em todas as compras que acontecem
durante um ano, quantas pessoas se envolvem nesses processos? Em média, uma prefeitura
pequena (20 mil habitantes) faz 120 licitações por ano, número que vai aumentando com o
tamanho populacional do município, podendo chegar aos mil tranquilamente.
Quanto mais processos licitatórios, mais pessoas envolvidas na hora de fazer os pedidos
teremos.
Bom, imagine uma prefeitura que tenha um almoxarifado para cada secretaria, teriam vários
almoxarifados em uma única prefeitura. Agora pense se nas maiores secretarias (por exemplo,
saúde e educação) existisse um almoxarifado exclusivo para receber material de expediente,
outro para materiais de manutenção, um para merenda escolar, outro para o hospital municipal
e outro para medicamentos.
Existem prefeituras que têm mais de dez almoxarifados em cidades de pequeno e médio porte.
Não precisa nem saber o que é logística para perceber que os procedimentos não são
padronizados e que os custos acabam majorados pela ineficiência na gestão.
Qual a diferença nos procedimentos para receber uma caneta que vai ser utilizada na Saúde
Não deveria haver diferenças, os procedimentos para receber materiais são os mesmos,
independente de quem vai utilizar os produtos.
Agora em uma ótica perfeccionista (leia-se impossível) não deveríamos ter almoxarifados,
ainda mais quando se trata de um órgão público que, normalmente, não produz um produto,
mas sim presta serviços.
Como vimos no exemplo, o órgão público não precisa de matérias-primas, mas produtos já
industrializados prontos para serem “transformados” em serviços públicos.
Conforme dito, é impossível deparar-se com essa situação na prática, seria perfeito se isso
pudesse acontecer.
Então, partindo do pressuposto de que os almoxarifados são necessários vejamos quais são
as principais vantagens econômicas de manter um almoxarifado.
a) Formação de cargas:
Ainda quando o local de recebimento é único, pode juntar todos os pedidos em uma mesma
data, possibilitando que a economia de escala aconteça, entregando uma quantidade maior
por preço mais baixo.
Assim, na central de armazenamento, são formadas cargas de produtos diversificados que são
distribuídos conforme a necessidade dos requisitantes.
b) Processamento de pedidos:
Os pedidos realizados por diversos setores podem ser processados e separados conforme
a logística de distribuição. Por exemplo, em um determinado bairro temos uma escola, um
posto de saúde e um centro esportivo, se não existisse um almoxarifado central, cada uma
dessas repartições receberia um pedido da secretaria a qual se encontra vinculada, sendo três
veículos deslocados para atender a uma mesma região. Com a centralização, um único veículo
precisa ser deslocado, permitindo que outros dois setores sejam atendidos no mesmo período.
Uma das grandes vantagens da centralização dos locais de armazenamento é que podemos
diminuir a quantidade de produtos estocados.
Vou contar um caso real, que se não tivesse visto não acreditaria. Certa vez fazendo um
trabalho em uma prefeitura, estávamos diagnosticando o processo de recebimento e,
principalmente, o de armazenamento. Para isto, escolhemos por sorteio três repartições para
analisar produtos em comum que armazenavam, pedimos o relatório de posição de estoque
(relatório que demonstra a situação do estoque no ato da sua emissão) e nos chamou a
atenção a quantidade de papel higiênico que havia em todos eles. Claro, acabou sendo uns
dos produtos escolhidos para análise.
Ao chegar ao primeiro prédio que funcionava, entre outras coisas, como almoxarifado, pedimos
ao responsável que nos indicasse o local de armazenamento do papel higiênico, ele nos levou
até uma sala e saiu para que pudéssemos contar tranquilamente. Bom, o fato de o produto
estar acondicionado em fardos facilitou a contagem, mas o total que contamos não chegava
aos 20% da quantidade registrada no sistema. Chegamos a pensar que podia ser um erro de
lançamento. Questionamos o responsável se esse era todo o papel higiênico e ele nos indicou
uma segunda sala com mais alguns fardos, mas ainda faltavam uns 70% do total. Repetimos
o questionamento ao responsável e ele indicou uma terceira sala que teria papel higiênico,
quando abrimos a porta nos deparamos com uma sala de uns 40 m² cheia de papel higiênico,
do solo até o teto havia espaço apenas para abrir a porta. Tinha um papel, colado em um dos
fardos, com a quantidade de total de fardos que, supostamente (supostamente, porque não
conferimos a quantidade), existiam naquela sala.
Nesse caso, o papel higiênico era estoque para três secretarias, mas as outras que precisassem
do material não poderiam utilizar desse e sim deveriam comprar mais papel.
Com a centralização pode-se gerenciar o ciclo de um pedido de acordo com o consumo médio
de cada secretaria, por exemplo, se um pedido demora um mês para ser concluído, pode-se
trabalhar com dois ou três meses de estoque para que, quando se inicia um novo pedido, ainda
exista quantidade suficiente em estoque para consumo.
FUNCIONAMENTO DO ALMOXARIFADO
Quando chega a vez de receber os produtos ou serviços, deve-se verificar no edital da licitação
qual o local pré-determinado para prestar o serviço ou entregar o produto.
A verificação que deve ser realizada nas prestações de serviços é a mesma que acontece
quando se recebe algum produto, a diferença é que muitas vezes o serviço é prestado em
algum lugar da cidade e a verificação deverá ser in loco.
Para qualquer rotina, seja em uma empresa privada ou em um órgão público, devem existir
manuais com instruções por escrito descrevendo os detalhes das atividades a serem
desenvolvidas. No almoxarifado é muito importante que todas as rotinas estejam descritas
no papel para que exista uma padronização das atividades, independente do servidor que
execute a ação.
Qualquer almoxarifado deve ser dividido em alguns setores, onde cada um assume funções
essenciais para atingir objetivos em comum. Na figura 10 se observa o layout de um
almoxarifado com os seus setores, destacando que o seu tamanho será dimensionado de
acordo com volume de produtos que serão estocados.
Saída: Portaria e
Separação e Segurança
Liberação
Carga e Descarga
para entrega.
Armazenagem (estoque):
Guarda e Preservação.
Entrada:
Descarga e Administrativo
Conferência.
Fonte: Os autores
Para instalar qualquer almoxarifado, se devem tomar alguns cuidados em relação ao prédio
onde o mesmo vai funcionar, pois nele irão ficar armazenados produtos que somados possuem
valores altos.
O prédio deve ser adequado aos padrões de segurança, com muros altos, instalação de itens
de segurança como câmeras de segurança, cerca elétrica, alarme etc. Ainda deve possuir
equipamentos adequados para prevenção e combate a incêndios.
A área interna do almoxarifado deve ter superfície lisa, sem rachaduras e que permita que
os equipamentos circulem sem dificuldades. A área ao redor do prédio do almoxarifado, de
preferência, deve ser urbanizada para evitar formação de pó e criação de insetos e roedores.
Área de armazenagem
O setor de estoque ou armazenagem deve ser utilizado apenas com essa finalidade e deve ter
características que permitam futuras alterações no layout, caso seja necessário.
O terreno onde vai funcionar o almoxarifado deve permitir a instalação de uma área para carga
e descarga com espaço para o trânsito adequado de veículos de diversos tamanhos.
A iluminação, ventilação e a umidade devem ser adequadas aos produtos que serão
armazenados no almoxarifado, por isso devem ser controlados.
A limpeza de um almoxarifado deve ser exemplar, não podendo deixar acúmulo de pó, tanto
Ainda deve existir um local para que os servidores do almoxarifado façam suas refeições,
sendo totalmente proibido o consumo de alimentos nas demais dependências.
Além das características do edifício, o almoxarifado deve possuir equipamentos que auxiliem
no manuseio dos produtos estocados, como carrinhos de carga, empilhadeiras, palleteiras etc.
Portaria e segurança
Pensando nos valores dos produtos que estão armazenados em um almoxarifado, e no caso
dos órgãos públicos, que esses valores foram pagos com dinheiro público devem existir
cuidados com a segurança do local.
O primeiro é evitar que qualquer pessoa entre no almoxarifado, pode-se resumir que, além
dos servidores que trabalham no local, podem ingressar os fornecedores quando vão fazer as
suas entregas.
Quando um fornecedor chega para fazer uma entrega, deve identificar-se na portaria,
fornecendo alguns dados pessoais para que possa ser possível manter controle das pessoas
que entraram no almoxarifado, destacando o horário de entrada e saída. Para liberar a entrada
do fornecedor, o servidor do local deve verificar se o fornecedor tinha um horário agendado e
se a entrega era aguardada.
Administrativo
Como já foi dito, o ideal é que este setor seja o responsável por comunicar os pedidos ao
respectivo fornecedor, passando as orientações necessárias.
Para poder fazer essa verificação, deve-se consultar a descrição e as condições do instrumento
convocatório da licitação, as propostas dos licitantes vencedores, a ata da sessão de licitação
e a nota de empenho.
Quando um fornecedor vai proceder à realização da entrega, deve comunicar-se com o setor
administrativo para agendar um horário disponível para poder fazer a entrega.
Após identificar o pedido, o setor administrativo deve conferir se a nota fiscal está de acordo
com a nota de empenho em relação às quantidades e valores e se a marca é a mesma que
foi ofertada na licitação.
Se tudo está em conformidade, deve ser alimentado o sistema e emitida uma guia cega, usada
para conferência durante o recebimento. A guia cega contém a descrição dos produtos, a
marca e o tipo de volume que deverá ser conferido (pacote, caixa, fardo, unidade, litro, quilo
etc.), no caso de ser pacotes, caixa ou fardo deve constar na descrição quantas unidades
deve conter a embalagem. Por exemplo, “caixa com 24 unidades”, “fardo com 1250 folhas” ou
“pacote com 6 unidades”.
A guia cega deve ser encaminhada para o setor de recebimento de produtos. Em caso de
dúvida, deve ser encaminhada junto com a guia cega uma cópia da descrição do produto que
constava no instrumento convocatório.
Após a recepção do produto, a guia cega deve voltar preenchida e os dados que constam nela
devem ser digitados no sistema que irá finalizar a análise.
As informações levantadas durante os inventários devem ser registradas no sistema por algum
servidor do setor administrativo.
Os prazos de validade devem ser controlados pelo setor administrativo e, em caso de haver
algum produto com prazo vencido, o setor administrativo promoverá sua correta destinação e
a baixa do sistema.
Entrada
No recebimento deve ser verificada a condição física de cada produto. Caso sejam entregues
produtos diferentes, deve-se tomar o cuidado de manusear um tipo de produto por vez para
evitar erros de conferência no recebimento.
O setor de entrada é acionado após a emissão da guia cega. A primeira ação é selecionar
aleatoriamente alguns volumes para fazer uma conferência, por amostragem, dos produtos
que serão entregues.
A partir desse fato autoriza-se o fornecedor para que descarregue todo o material da entrega.
Importante ressaltar que a obrigação de descarregar os produtos é do fornecedor e não dos
servidores do almoxarifado.
O art. 73 da Lei de Licitações diz que o recebimento dos produtos pode ser provisório ou
definitivo.
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:
[...]
II - em se tratando de compras ou de locação de equipamentos:
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material
com a especificação;
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade do material e
consequente aceitação.
Dessa forma, o recebimento é provisório quando não foi totalmente conferido, mas o fornecedor
deixa os produtos no almoxarifado. Destaca-se que os produtos não podem ser armazenados,
mas apenas guardados no almoxarifado.
Quando tudo está conforme solicitado, pode se atestar o recebimento definitivo. Lembrando
que quem faz essa verificação dos produtos de entrega é a comissão de recebimento, que
pode ser formada por servidores do almoxarifado, mas pode ser composta por servidores de
outros setores.
Os produtos recebidos devem ser organizados nos pallets para poderem ser armazenados. O
tamanho de cada pallet é definido conforme orientação nos próprios volumes entregues, por
exemplo, nas caixas de alguns produtos encontramos dados como altura máxima, desenho
para empilhar as caixas etc.
Após a formação do pallet, ele é identificado com o endereço onde será armazenado e quando
concluída toda a entrega os produtos podem ser guardados nos respectivos locais.
Área de armazenagem
A estocagem dos produtos nunca deve ser direta no solo, mas sim organizadas em pallets de
forma a permitir a identificação fácil dos produtos. Deve existir um cuidado com a iluminação,
principalmente para que os produtos não fiquem expostos diretamente à luz solar.
Após o recebimento dos pedidos, os produtos são liberados para serem direcionados ao
endereço onde ficarão estocados.
P P P P P P
A A A A A A
L L L L L L
RUA 07
RUA 06
RUA 05
RUA 04
RUA 03
RUA 02
RUA 01
L L L L L L
E E E E E E
T T T T T T
S S S S S S
Fonte: Os autores
Além dos corredores com a distribuição exibida na Figura 11, cada rua é dividida em casas,
que são espaços da largura de um pallet, durante toda a extensão do corredor de porta-pallets.
Ainda cada casa é dividida por andares, o normal é que além do térreo existam mais três
prateleiras ou andares para que receba os pallets com os produtos, conforme demonstrado na
Figura 12 a seguir.
Fonte: Os autores
Assim, um endereço de estoque é composto pelo número da rua, pelo endereço da casa
(normalmente de dois dígitos) e pelo andar (de mais dois dígitos), conforme a Figura 13 que
segue.
X XX XX
Fonte: Os autores
O andar térreo é utilizado para armazenar pallets que não estão com sua capacidade total de
armazenamento preenchida, ou seja, para aqueles pallets dos quais estão sendo retirados os
produtos que são distribuídos para consumo.
As embalagens parcialmente utilizadas devem ser objeto de atenção quanto aos cuidados
no seu fechamento para evitar perdas ou deterioração dos produtos. Nesses volumes é
interessante deixar marcada a quantidade que resta na embalagem.
O setor de armazenagem também é responsável pela separação dos produtos que serão
Saída
Quando algum setor do órgão público faz um requerimento de material para ser utilizado no
consumo, o setor de saída é acionado para que se verifique qual o dia que será a entrega e
providencie a separação dos produtos do pedido.
O setor de saída é quem deverá solicitar ao setor de armazenamento para que faça a
movimentação física dos produtos necessários para atender aos pedidos.
Após a separação dos materiais, o setor de conferência verifica se o pedido foi totalmente
separado para proceder à organização para que o mesmo possa ser liberado para entrega.
CONTROLE
Para que o almoxarifado central atinja o seu objetivo de aumentar a eficiência da gestão
pública, é importante ressaltar que o controle interno tem um papel fundamental, pois ele é o
responsável pelo acompanhamento das atividades e pela confrontação da prática com a teoria
para evitar que falhas se repitam eternamente.
O controle interno também verifica como são feitas outras rotinas do almoxarifado, isso pode
ser feito por meio de questionários que são aplicados junto aos servidores do setor.
Por último, são verificadas as condições de manutenção do prédio onde funciona o almoxarifado.
A cada atividade do controle interno, deve ser elaborado um relatório que auxiliará no processo
de melhoria contínua que os órgãos públicos devem seguir.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bom, nesta unidade vimos como funciona um almoxarifado central. Essa que é considerada
uma das novas ferramentas de gestão e que auxilia no aumento da eficiência da Administração
Pública.
A forma burocrática com que tudo acontece na administração pública também está presente
nesta etapa, mas pode-se dizer que de uma forma mais branda, principalmente, quando
comparada com outros processos como, por exemplo, a licitação ou a contratação de
servidores.
O funcionamento do almoxarifado possui dois fluxos que andam ao mesmo tempo em sentidos
contrários, mas que se encontram no setor de estoque. São os fluxos de entrada e saída de
produtos, que concomitantemente, todos os dias, se movimentam. Enquanto há fornecedores
fazendo entregas, há também servidores fazendo separação de pedido para poder fazer
distribuição de produtos.
O ciclo de funcionamento de um almoxarifado é um ciclo que não tem fim, que a cada dia, a
cada entrega ou a cada pedido está renovando-se, finalizando-se e iniciando-se no mesmo
instante.
Agora podemos passar para a última unidade, que abordará a distribuição e alguns casos
específicos de entregas diretas nos centros de consumos.
Almoxarifado
<http://www.youtube.com/watch?v=hovtTnWLzZs>.
Inaugurações em Brumado Almoxarifado Central e UBS de Arrecife.wmv
<http://www.youtube.com/watch?v=ZaLSFxmbyiU>.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Rotas de distribuição
• Custos
INTRODUÇÃO
Chegamos à última unidade da nossa disciplina, na qual vamos tratar da distribuição dos
produtos armazenados no almoxarifado e de alguns casos onde a entrega deve ou pode ser
realizada diretamente no centro de consumo.
Os casos em que a entrega é direta podem ser justificados pela falta de estrutura para realizar
a distribuição com a equipe própria, por isso a obrigação é repassada ao fornecedor, ou
simplesmente pelo custo ser mais alto se optar por fazer a distribuição com a equipe própria,
ou ainda por falta de tempo hábil para fazer a distribuição.
Depois que os produtos estão armazenados, o centro de consumo irá realizar um pedido
solicitando a entrega de diversos materiais, nas quantidades necessárias para o consumo.
Nos centros de consumo, haverá também uma espécie de minis almoxarifados que manterão
os produtos estocados em condições de serem utilizados e receberão, excepcionalmente,
produtos entregues diretamente pelos fornecedores.
A administração pública tem o costume de estimar suas compras não pela necessidade, mas
pelos recursos disponíveis. Assim, por exemplo, se forem comprar canetas, essa compra é
pautada pelos recursos disponíveis, não se compram mil canetas, se compram mil reais em
canetas.
Existe um paradigma nas unidades administrativas de que se não gastar todos os recursos
orçamentários disponíveis, essa unidade receberá menos recursos no próximo exercício.
Diante dessa situação, encontramos casos como o do papel higiênico relatado na unidade
anterior e diversos outros que fazem da administração pública essas instituições que precisam
aprender com as organizações privadas, onde o dinheiro tem dono, portanto é aplicado com
cuidado e, apenas, nos casos de real necessidade.
Nesse processo, um sistema informatizado é muito útil, pois os órgãos requisitantes podem
conferir as quantidades de matérias que possuem em estoque antes de fazer o pedido, assim
como, após a formação de um histórico de consumo, o sistema pode realizar o pedido, que
precisa apenas da confirmação do órgão consumidor para que seja autorizada a distribuição
dos produtos.
SEPARAÇÃO
Após receber um pedido, a equipe administrativa do almoxarifado vai acionar o pessoal que
trabalha no setor de saída dos produtos. Os servidores desse setor recebem guias com os
pedidos de cada unidade, nessas guias encontram-se os produtos que serão entregues,
as quantidades de cada um desses produtos e o endereço onde cada produto encontra-se
armazenado no almoxarifado.
Exemplificando o parágrafo acima, podemos citar o caso do detergente neutro, aquele utilizado
para lavar louças na cozinha. O mais comum é que esse produto seja pedido por caixas
(normalmente com 24 unidades). É muito difícil que uma unidade peça um pallet fechado de
detergente, mas pode acontecer de ter pedidos de algumas unidades do produto, ou seja,
menos de uma caixa.
Cabe ressaltar que a paletização de um produto deve atender a padrões nacionais, que
objetivam facilitar a logística em todas as organizações. No Brasil é utilizado o pallet PBR, que
mede 1,00 m por 1,20 m. A altura máxima de armazenamento é de 1,20, isso considerando o
padrão de 15 cm da estrutura do pallet.
Para cada produto existe o lastro e o arranjo físico para armazenamento de caixas ou
embalagens nos pallets. Os fabricantes indicam essas informações (lastro e arranjo) nas
caixas com um desenho.
Respeitando principalmente a altura dos pallets, pois tem que considerar um espaço para que
a empilhadeira possa movimentar os pallets nas estruturas porta-pallets.
Após a acomodação das embalagens, os pallets são cobertos com filme esticável de polietileno
ou, como é conhecido, de filme Sthetch, para facilitar a movimentação e também para proteger
as embalagens dos produtos da poeira, humidade etc.
Voltando à separação, são utilizados os apartamentos térreos para deixar os pallets que não
Os produtos separados são acondicionados em caixas para que sejam distribuídos, cada caixa
é identificada com o código correspondente ao pedido, o nome do órgão que fez o pedido e a
indicação da rota de distribuição correspondente.
Assim como no supermercado, o caixa confere todos os produtos que foram retirados das
prateleiras; no almoxarifado, existe uma equipe que confere todos os pedidos que foram
separados.
Caso falte algum produto, um novo pedido é realizado pelo setor de conferência direcionado ao
setor de separação com os produtos faltantes. Após a separação desse novo pedido, a equipe
de conferência completa o pedido original e esse fica pronto para distribuição.
ROTAS DE DISTRIBUIÇÃO
Na distribuição devem ser conhecidas todas as unidades administrativas que possam fazer
pedidos de materiais para o almoxarifado. Assim, recomenda-se que sejam marcados no mapa
Cada equipe deve ter a sua disposição o número de servidores e os equipamentos necessários
para realizar cada entrega.
Outra possibilidade é ter uma única equipe de entrega, independentemente do tipo de produto.
Ou seja, serão realizadas as entregas pela localização do órgão e em cada uma é entregue
todo tipo de produtos. Nessa alternativa, é preciso tomar cuidado com produtos perecíveis,
pois uma entrega mensal não é suficiente para atender à demanda, haja vista que os produtos
não ficam em condições de consumo durante esse tempo.
Recomenda-se que a cidade seja dividida em cinco partes e que se defina a periodicidade das
entregas (semanal, quinzenal ou mensal) de acordo com o tipo de produto. Conforme foi dito,
as entregas de produtos perecíveis devem atender ao prazo de conservação dos mesmos,
podendo as entregas ser semanais e os outros produtos serem distribuídos mensalmente.
Independentemente do critério levado em consideração para definição das rotas (uma equipe
para cada tipo de produto ou uma equipe geral), em cada região da cidade serão definidas
Fonte: O autor
O tempo ocupado para o planejamento das rotas de entregas será recompensado, pois quanto
mais destinos forem colocados em uma mesma rota, sem prejudicar o tempo de entrega e a
qualidade dos produtos, mais o custo total da operação será reduzido.
A divisão da cidade em cinco partes ou setores justifica-se pelo fato de que cada setor terá
três dias úteis para receber os pedidos, sendo ao todo quinze (15) dias úteis para entregas.
É importante deixar, pelo menos, dois dias no mês sem entregas para realizar o inventário
periódico no almoxarifado e com essa divisão da cidade sobrarão os dias necessários, mesmo
nos meses com menos dias úteis.
Cada rua do almoxarifado deve receber um tipo de produto para evitar que um prejudique a
qualidade do outro, por exemplo, não é recomendável deixar produtos de limpeza junto com
gêneros alimentícios.
A definição dos produtos que serão recebidos, armazenados e distribuídos no almoxarifado vai
depender dos custos e da estrutura necessária para poder atender à demanda das unidades.
Dessa forma, definidos os critérios de entrega, cada setor em que a cidade foi dividida receberá
os pedidos no mesmo dia e não deverá haver entrega de pedidos para outros setores nesse
dia, com exceção dos produtos perecíveis que têm um ciclo de entrega próprio.
Em todas as entregas deve ser emitido um guia de conferência que deverá ser assinado pelo
separador, pelo conferente, pelo entregador e pelo encarregado em receber o material no
centro de consumo. Esse documento conterá a relação de todos os produtos do pedido.
A utilização de um sistema informatizado auxilia nesse processo, pois o sistema pode ser
alimentado pelos servidores envolvidos no processo, ou seja, ao abrir um pedido, o sistema
identifica a rota e direciona para um separador no tempo hábil para sua preparação, quando
o pedido estiver separado, o servidor alimenta o sistema que direciona para um conferente,
após realizar o seu trabalho, o conferente também informa o sistema que direciona o registro
do pedido ao responsável pelo recebimento no setor requisitante. O pedido será baixado após
a confirmação de recebimento alimentada pelo servidor da unidade consumidora.
Em se tratando de administração pública, que não está acostumada a trabalhar com essas
rotinas, qualquer problema pode aumentar o risco de acabar com o almoxarifado central, ou
com o trabalho organizado dos almoxarifados. Por isso, a distribuição é um dos processos
mais importantes do sistema.
Como você deve saber, a contabilidade pública está passando por mudanças com o objetivo
de aproximá-la das normas internacionais de contabilidade, inclusive alterando seu nome para
Contabilidade Aplicada ao Setor Público.
Assim essa nova contabilidade é definida como o ramo da ciência contábil que aplica, no
processo gerador de informações, os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as normas
contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público.
Para atingir o objetivo é necessário ter controle dos dados gerados e que esses dados sejam
tratados para transformá-los em informações.
Qualquer movimentação de materiais deve ser objeto de registro e controle, pois afinal é
dinheiro público que está sendo movimentado.
Apesar de a Lei 4.320/64, conhecida como Lei das Finanças Públicas, abordar a questão de
custos, quem tem contato com algum órgão público sabe que não existe nenhuma preocupação
com esse tema.
São pouquíssimas as instituições públicas que detêm algum controle ou sistema de custos
implantado e que funcione de forma eficaz.
Martins (2003, p. 25) define custo como o “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção
de outros bens e serviço”, ou seja, é um gasto de recurso para transformá-lo em um produto
ou serviço.
Na área pública podemos parafrasear a definição acima como o gasto realizado por órgão da
administração pública com objetivo de prestar um serviço à população.
Ou seja, toda despesa pública é um gasto que faz parte do custo de um serviço público. Agora
eu pergunto, qual é o custo para podar uma árvore “pública” na sua cidade? Qual é o custo de
uma vaga na rede pública de ensino da sua cidade?
Essas são perguntas complexas para responder, é necessário ter o controle de diversos fatos
que produzem dados que, por sua vez, influenciam os custos.
Mas qual é o custo de um vereador na sua cidade? É uma pergunta mais fácil de responder,
pois é só pegar o valor das despesas realizadas pelo Poder Legislativo municipal e dividir esse
valor pelo número de vereadores.
Pensando que em uma universidade pública temos os melhores pesquisadores, você deve
imaginar que todas elas sabem o custo de uma vaga para cada um dos cursos disponibilizados
pela instituição. Correto?
Pois bem, se você é dos que achavam isso, você está errado, são poucos os gestores que se
preocupam em saber esse custo e quando procuram é feito um levantamento simples de custo
médio, ignorando os cursos.
Ora, não precisa ter muito conhecimento para perceber que um curso de medicina requer mais
gastos do que um curso de administração, portanto o custo também é maior.
Nessas alterações que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público vem sofrendo, é enfatizada a
questão do levantamento de custos, tanto que está sendo alterada a estrutura da contabilidade
criando um sistema de custos, que vai registrar, processar e evidenciar os custos dos bens e
serviços produzidos e ofertados à sociedade pela entidade pública.
A perspectiva é positiva se pensarmos em médio e longo prazo, contudo fica a dúvida: por
que a administração não se preocupa com os seus custos como as organizações privadas se
preocupam?
Se pararmos para pensar na questão acima, verificaremos que um dos principais fatos está
nos recursos financeiros da organização. Enquanto as instituições privadas devem incorrer em
gastos para tentar arrecadar recursos, a Administração Pública tem recursos garantidos por
meio dos pagamentos de tributos por parte da sociedade.
Um segundo aspecto importante e mais relacionado com a nossa disciplina atual é a questão
dos estoques.
Já nas organizações públicas, são poucos os gestores que têm essa consciência, mesmo
servidores e políticos com origem na área empresarial parece que se esquecem desses
conceitos quando adentram um órgão público para gerenciar.
Ainda sobre os estoques, os empresários têm interesse em saber quantos produtos estão
estocados, pois eles só pagam impostos depois que eles saem do almoxarifado, a União por
meio dos seus órgãos regulamenta a questão para evitar fraudes e sonegação de impostos.
A obrigação legal dos órgãos públicos é de realizar despesas, mas inexiste na legislação
federal qualquer obrigatoriedade do órgão público manter um sistema de controle de estoque.
Podemos concluir que os gestores pensam da seguinte forma: se é uma coisa que não tem
dono e tampouco existe obrigação legal, para que ter informações sobre o controle de estoque
na Administração Pública?
O problema é que essa coisa tem dono e, em função, a população na condição de tal,
quer saber o que acontece com os produtos comprados. Para isso, em 2007, a sociedade
maringaense apresentou uma proposta lei que prontamente foi acatada pelos vereadores, e
obriga a todos os órgãos municipais da cidade de Maringá, no Paraná, a manter um controle
de estoque eficaz.
Link:
<http://sapl.cmm.pr.gov.br:8080/sapl_documentos/norma_juridica/9903_texto_integral>.
Link:
<http://www2.maringa.pr.gov.br/site/index.php?sessao=f38601a1cd8nf3>.
Pode-se dizer que é das poucas, senão a única lei nesse sentido, e quem sabe não seja esse
o caminho para a profissionalização dos controles de estoque nos órgãos públicos.
Mas depois de entregar os produtos na unidade solicitante, é necessário que existam pequenos
almoxarifados nessas unidades para estocar e controlar os produtos durante o período que
perdurará até a próxima entrega.
Como uma dessas unidades deve fazer a estimativa das quantidades dos produtos nos seus
pedidos? Toda estimativa de quantidade de produtos para consumo deve tomar por base
Mas para ter esses dados é preciso que se estabeleça um mecanismo de controle que permita
obter o histórico de consumo, isso mediante o registro de entrada de produtos e suas saídas,
de preferência contendo a destinação que foi dada aos produtos.
Pensou-se em fazer uma compra emergencial, em uma farmácia da cidade, mesmo não
tendo amparo legal, pois o fornecedor demoraria em entregar o medicamento, mas o peço da
farmácia era mais de 200% mais caro do que o preço da licitação.
Até que alguém teve a ideia de pesquisar os estoques nas outras UBSs, para desespero de
toda a Secretaria de Saúde, metade dos postos estavam com estoques insuficientes até para
o consumo próprio. Descartando a ideia de buscar as sobras de estoque e redistribuir para os
que precisavam.
Outra pessoa questionou qual seria a quantidade necessária que deveria ser comprada para
atender à população até a entrega do fornecedor. Diante desse questionamento, o servidor
que estava ligando para as UBSs retomou o trabalho de verificar as quantidades daquele
medicamento nos estoque das restantes UBSs.
A surpresa agradável (pela situação, não pela gestão) foi que três UBSs receberam quantidades
acima do necessário durante um longo período de tempo, o que proporcionou que elas
aumentassem o estoque desse medicamento e que neste momento pudessem redirecionar
As quantidades eram tão absurdas que não houve necessidade de realizar a compra
emergencial e, quando o fornecedor realizou a entrega, ainda havia medicamento em estoque
de todas as UBSs.
O controle de estoque deve existir em toda unidade que armazena produtos até o consumo,
mesmo que provisoriamente. Dessa forma, é possível identificar qual foi o setor consumidor e
para a prestação de qual serviço foi utilizado o produto, permitindo a alocação do custo desse
produto na prestação de determinado serviço público.
Uma escola, por exemplo, recebe produtos para o consumo durante todo o mês, mas esses
produtos ficam estocados durante um tempo até o consumo. Deve-se manter um controle dos
Com esse controle é possível estimar quais produtos precisam ser entregues a cada mês e,
juntando todas as unidades ou centros de consumos, podem ser estimadas as quantidades de
cada produto que precisam ser adquiridas por meio de licitação.
Quando não há esse controle, os órgãos públicos definem as quantidades com base na
licitação anterior, mas sem saber se todos os itens foram adquiridos, consumidos ou de fato
foram utilizados para satisfazer ao interesse público.
Dessa forma, para que o gestor possa tomar uma decisão correta, precisa de informações. No
caso das licitações, essas informações devem estar no termo de referência e esse documento
deve ser elaborado com base nos dados levantados por meio dos registros do sistema de
controle de estoque.
Assim o sistema de controle de estoque tem duas funções, evitar desvio de finalidade no
consumo dos produtos adquiridos com recursos públicos e dar subsídios para definição do
planejamento das quantidades que precisam ser adquiridas no próximo ano.
A seguir, trataremos de alguns casos que requerem uma logística específica de acordo com a
estrutura de cada órgão público. Como já foi relatado em algumas situações, a Administração
Pública pode receber produtos diretamente nas unidades consumidoras e são alguns desses
casos que serão tratados a seguir.
É importante ressaltar que além de ter uma logística que permita o controle e evite desvios, a
mesma deve ser eficiente e deve atender à demanda das unidades que compõem a máquina
pública, ou seja, deve existir uma relação custo-benefício equilibrada.
MERENDA ESCOLAR
A merenda escolar é um tipo de serviço público que requer de cuidados especiais, no que diz
respeito à logística, entre outros fatores.
A primeira decisão importante que deve ser tomada é se serão compradas refeições prontas
ou se as mesmas serão preparadas nas próprias escolas.
Se a Administração optar por adquirir as refeições prontas, deve-se definir a forma como será
entregue e servida cada refeição. Pode ser em marmitas individuais, em que cada aluno já
recebe a refeição pronta, como podem ser entregues os pratos do cardápio separados e as
refeições servidas nas escolas.
Além desse quesito, é preciso definir o cardápio que será servido aos alunos. Os cardápios
devem ser planejados para um determinado período, que deve ser, no mínimo, bimestral.
Para abaixar os custos da merenda escolar e para que os alunos criem o hábito de ingerir
diversos alimentos, é recomendável que sejam utilizados apenas alimentos da época, ou seja,
aqueles que são produzidos em maior quantidade no período em que o cardápio é servido.
Com base nessa quantidade o órgão público procede à contratação de empresa que entregará
as marmitas. Na licitação deverá constar um cronograma de entrega, com quantidades e
endereços, pois não é viável que a entrega aconteça no almoxarifado central para distribuição
pela equipe da prefeitura. Nesse caso, a entrega deve ser direta nas escolas, ou seja, na
unidade que vai consumir o produto adquirido.
Já se a opção escolhida for a de preparar as refeições nas escolas, devemos ter diversas
ações para atingir o objetivo de servir a merenda escolar.
Após a definição do cardápio, é preciso comprar os alimentos que serão utilizados nas cozinhas
das escolas. Para isso, devemos ter licitações de hortifrutigranjeiros, carnes, pães, alimentos
não perecíveis etc.
Se uma prefeitura não dispõe de capacidade para realizar a distribuição semanal que requer
os alimentos perecíveis da merenda escolar, automaticamente, a gestão deverá decidir por
“terceirizar” a responsabilidade da entrega para o fornecedor.
Isso deverá constar no edital de licitação (periodicidade e locais de entrega), no caso de quais
alimentos serão entregues cada semana, em quais quantidades e onde serão entregues.
Vale ressaltar que os alimentos, assim como todos os produtos que os órgãos públicos compram
ou contratam, são de primeira qualidade. Existem diversos servidores que não possuem essa
consciência e recebem qualquer produto dos fornecedores, pois “dá para aproveitar” para
servir uma boa refeição.
Nesses casos, as equipes de recebimentos que trabalham nas diferentes escolas devem ser
capacitadas e treinadas para que recebam os alimentos de forma correta e que não permitam
que os fornecedores se aproveitem da falta de conhecimento, pois os prejudicados serão os
alunos.
Em um dos trabalhos que acompanhei em uma determinada prefeitura, fizemos uma reunião
com as diretoras das escolas e centros de educação infantil para conhecer as dificuldades de
logística que elas enfrentavam e medir o grau de conhecimento sobre o tema.
Algumas reconheceram que mais de uma vez receberam produtos sem qualidade, achando
que estava bom, pois “a merenda é servida de graça para os alunos”, mas sem a consciência
de que o órgão público pagava o preço de produtos de primeira.
Ainda é importante que a cozinha disponha de toda a infraestrutura necessária para poder
preparar as refeições, como panelas, utensílios, eletrodomésticos etc.
Por último, e não menos importante, é necessário estimar quantas pessoas precisarão
trabalhar em cada escola para poder fornecer a merenda escolar para os alunos.
Para acompanhar a qualidade da merenda em cada unidade de ensino, podem ser instalados
projetos onde os próprios alunos verificarão periodicamente os produtos entregues, a forma de
recebimento e o trabalho dos profissionais que atuam na escola.
Dessa forma, os alunos estarão sendo preparados para serem cidadãos que acompanham
a aplicação dos recursos públicos e auxiliarão o trabalho do conselho da merenda escolar,
que deve fiscalizar os gastos públicos referentes a produtos e serviços que objetivam servir
merenda escolar para as crianças e adolescentes.
O caso dos kits escolares também é complexo e requer a tomada de decisões quanto à forma
que os mesmos serão adquiridos e distribuídos.
Para começar, deve-se saber qual é a composição de um kit escolar no órgão que trabalhamos,
pois não existe padrão de kit escolar. Em algumas cidades existe uma lei municipal que
regulamente a composição do kit, já em outras prefeituras é a própria equipe pedagógica que
define qual será o arranjo do kit.
A preparação desses kits precisa de mais de uma licitação, portanto é importante iniciar o
planejamento deles até o final de junho do ano anterior ao que os materiais serão utilizados,
dessa forma os kits poderão ser entregues no início das aulas, evitando prejuízos para alunos
e professores.
Assim como na merenda escolar, deve existir um controle com o número de alunos para estimar
as quantidades de materiais que serão adquiridos, e ainda devem-se levantar as quantidades
de uniformes que serão necessários por tamanho que cada aluno precisará.
No mínimo, teremos uma licitação para os uniformes e outras para o material escolar.
Os uniformes serão entregues por tipos de peças (camisetas, regatas, agasalhos etc.) e
separados por numeração e caberá ao órgão público fazer a separação e a distribuição por
escola. Ressalta-se que é importante manter um excedente em estoque para novos alunos ou
para eventuais trocas.
Já o material escolar pode ser licitado o kit pronto com sua composição ou podem ser adquiridos
os produtos por item e, posteriormente, serem montados os kits pelos servidores do órgão.
Sem contar que são poucas as empresas que dispõem de estrutura para montar os kits, com
isso afasta potenciais concorrentes o que também aumenta o custo do órgão. Por último,
existem empresas aventureiras que, atraídas pelos altos valores dessas licitações, entram
sem se preocupar em planejar o tempo do qual deverão dispor para montar os kits, com isso
acontecem atrasos nas entregas e, dependendo do tempo, pode acontecer de se iniciarem as
aulas sem o material dos alunos.
Por parte do órgão público os kits podem ser montados dentro do almoxarifado central ou
nas escolas. A segunda possibilidade é mais viável, pois facilita as entregas. Por exemplo, se
uma escola possui cem (100) alunos matriculados ela vai receber cem (100) unidades de cada
produto para que sejam entregues aos alunos, que podem ser separados previamente ou na
hora de entregar aos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Olá novamente, chegamos ao final de mais uma unidade e, junto com esta, chegamos ao final
da disciplina.
Se for um órgão estadual ou federal, o planejamento deve ser objeto de preocupação, mas
depois de pronto, funciona da mesma forma que uma prefeitura. Nesses casos, recomenda-se
a criação de regionais para cada almoxarifado ao invés de centralizar tudo.
Em todo o processo de logística, deve existir uma preocupação com os custos envolvidos nas
operações e com o registro de todos os fatos que podem tornar-se informações importantes
para o processo de tomada de decisão.
Sempre deve existir uma relação entre os custos de uma operação e o benefício que será
obtido por ela.
Lembrando que o registro e os controles não terminam no almoxarifado, mas sim nas unidades
consumidoras dos produtos e que, para o sucesso dessa nova técnica de gestão pública, é
necessário o envolvimento de servidores treinados e capacitados para exercer suas funções.
Caro(a) acadêmico(a), por meio do link abaixo você poderá refl etir sobre o papel da logística no que
tange ao controle de estoque, demanda e transporte.
Apesar de básico, na Administração Pública, são poucos os casos em que a estimativa de
compra toma por base o consumo em período anterior. Muitas vezes, ao questionar quanto pre-
cisamos comprar, escutamos a resposta “quanto temos para gastar?”. Pense no que acontece
com os produtos comprados sem necessidade.
<http://www.logisticadescomplicada.com/controle-de-estoques-logistica-e-previsao-de-demanda/>.
ATIVIdAdE dE AuTOESTudO
1. Explique a importância do processo de recebimento e armazenagem dos produtos.
2. Aborde as vantagens da implantação de um almoxarifado central.
3. Relacione a estrutura, funcionamento e controle do almoxarifado.
Este conceito de logística é adequado aos mais diversos segmentos de negócios no setor
privado e também à logística do setor público. Mas, então, qual é a diferença na gestão
logística dos diversos segmentos ou da própria logística do setor privado e do setor público? A
grande diferença é que as realidades e características são distintas, e os gestores da logística
têm que preocupar-se com a aderência das práticas respeitando as restrições do ambiente em
que atuam e, desta forma, implantar modelos logísticos que atinjam maior eficiência e eficácia.
Na logística do setor público não é diferente, os gestores de logística do setor público devem
respeitar as principais restrições logísticas no modelo em que atuam e identificar quais são
os modelos logísticos que teriam maior aderência, ou seja, que poderiam ser materializados e
que trariam maiores resultados, ou seja, como obter um fluxo físico de mercadorias eficientes
e eficazes, atendendo às necessidades dos seus clientes, com níveis de serviços adequados
com o menor custo total.
Caro(a) aluno(a), pudemos compreender na leitura do nosso livro as ideias principais sobre
os conceitos da logística e dos processos da cadeia de abastecimento, o processamento de
pedidos na administração pública, as vantagens da utilização do almoxarifado central e a
importância dos centros de consumo. A reflexão que fica neste sentido é como, por meio dos
conceitos gerais e específicos de logística, os gestores da logística do setor público do Brasil
poderão contribuir para uma conquista evolutiva de obtenção de uma logística do setor público
cada vez mais eficiente e eficaz, onde, na melhor forma de gestão do dinheiro público, poderão
implantar dia a dia as boas práticas de logística, atendendo aos níveis de serviços desejados
pelos seus clientes nos menores custos logísticos totais.
CARVALHO, José Crespo de et al. Auditoria logística: medir para gerir. Lisboa: Edições
Sílabo, 2001.
CARVALHO, José Crespo de; DIAS, Eurico Brilhante. Estratégias logísticas. Lisboa: Edições
Sílabo, 2004.
COÊLHO, Eugênio Pacceli de Freitas. Logística de dispensação na rede de saúde pública. In:
III CONGRESSO CONSAD DE GESTÃO PÚBLICA, 2010, Brasília. Anais... Brasília: CONSAD,
2010. Disponível em: <http://www.consad.org.br/sites/1500/1504/00001853.pdf>. Acesso em:
15 jul. 2012.
FARIA, Ana Cristina; COSTA, Maria de Fátima Gameiro. Gestão de Custos logísticos. São
Paulo: Atlas, 2005.