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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

ATIVIDADE AVALIATIVA 5
AUDIÊNCIA SIMULADA - CASO 5

CONTESTAÇÃO

Disciplina: Prática Trabalhista – 9° SEMESTRE


Professor: Danilo Corregliano
Turma: DIR5AM-MCB

Integrantes do grupo:
Nome: BIANCA DE SOUZA CAVALCANTI PADILHA - RA 817125936
Nome: EMA HOSELIN APAZA FLORES – RA:81710110
Nome: EDUARDA ALVES SANTANA – RA:81713832
Nome: LAÍS FERNANDES PALHUCA – RA: 81711049
Nome: LUCAS FERNANDES PALHUCA – RA: 81711050
Nome: MARIANA KARLA DOS SANTOS PIRES - RA: 817126158
Nome: HENRIQUE F. DOS SANTOS - RA: 81716079
Nome: JOSIANE EUGÊNIA DE SOUSA - RA 818114116
Nome: RENATO DE OLIVEIRA ELIAS - RA 817118406
Nome: GABRIEL ZAIDAN - RA: 818145778

São Paulo
2021
AO JUÍZO DA … VARA DO TRABALHO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS / SP

Processo n° ...

ENTREGA DISRUPTIVA S/A., CNPJ nº


04092309/0001-76, com sede à Rua Forte, 43, Centro - Santos/SP, CEP 01765-560,
nos autos da Reclamatória em epígrafe que lhe move CARLOS DRUMMOND DE
ANDRADE, já qualificada, por seu advogado que esta subscreve (conforme
instrumento de procuração com endereço profissional juntado), vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 847 da
CLT c/c nos arts. 336 e ss. do CPC, apresentar

CONTESTAÇÃO

pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir alinhavados.

1. SÍNTESE DA INICIAL:

O reclamante ajuíza ação trabalhista alegando, em


suma, que começou a trabalhar com entregas no dia 01 de janeiro de 2019 para
plataforma digital ENTREGA DISRUPTIVA S/A recebendo uma média mensal de
R$1.200,00 (mil e duzentos reais) e abrindo o aplicativo para realização de entregas
das 10:00h às 18:00h, de segunda a sexta.

Diz o reclamante que a empresa reclamada possui


responsabilidades trabalhistas para com ele, perante os artigos 2º e 3º da CLT e a
existência de um vínculo empregatício, afirmando que há as características de
pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação jurídica.

Sustenta também o reclamante a inexistência do


requisito de exclusividade, não contendo impedimento de realização de duas
atividades concomitantemente.

Alega também o descumprimento dos artigos 29 e


41 da CLT por não haver CTPS anotada pela reclamada e nem receber verbas
rescisórias.

O reclamante relata ter direito a intervalo


intrajornada por trabalhar 8 horas diárias das 10:00h às 18:00h de maneira contínua.

Requer por fim o reconhecimento de vínculo


empregatício do período trabalhado até o presente momento; a condenação da
reclamada em verbas contratuais de terço constitucional, 13º salário, depósitos
mensais do FGTS de 8%, adicional de periculosidade em R$6.304,00, anotação da
CTPS e repasse das contribuições previdenciárias ao INSS; o pagamento do
reembolso de despesas com manutenção e abastecimento do veículo em R$
19.280,00; e de intervalo intrajornada em R$ 4.752,00; o pagamento de honorários
advocatícios sucumbenciais de 15% e a concessão do benefício da Justiça Gratuita.

2. MÉRITO:

2.1. DA INEXISTÊNCIA DO VÍNCULO DE EMPREGO:

Bem sabemos que atualmente a utilização de


aplicativos de entregas se tornou uma prática bastante comum, e isso
consequentemente acarretou em um aumento significativo de entregadores. Ocorre
que, por todo Brasil, a grande maioria desses entregadores vem acionando a Justiça
do Trabalho com o intuito de conseguir um possível vínculo de emprego com essas
empresas de aplicativos, e para assim adquirir direitos expressos na CLT e na
Constituição Federal.

Mas, de acordo com o Artigo 2º da Consolidação


das Leis do Trabalho, considera-se empregador a pessoa física ou jurídica que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço. Por outro lado, quanto ao empregado, trazemos o Artigo 3º da
CLT que estabelece o seguinte:

“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa


física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e
mediante salário.”

Ou seja, o empregado é toda pessoa física que


presta serviços de natureza contínua ao empregador, sob sua dependência,
mediante pagamento de salário. Como pudemos observar no artigo acima temos a
presença de requisitos necessários para a existência de um vínculo empregatício,
em outras palavras, para a caracterização de uma relação de emprego é
indispensável o preenchimento concomitante de cinco requisitos, são eles:
a) Subordinação: necessidade do empregado de cumprir as ordens que são
impostas pelo empregador, desde que lícitas;
b) Habitualidade: significa dizer que a prestação do serviço tem de ser realizada
de maneira contínua, onde há uma expectativa de continuidade na relação
existente entre empregado e empregador;
c) Onerosidade: conclui-se como a contraprestação recíproca entre empregado
e empregador, onde um presta o serviço e o outro lhe paga uma
contraprestação consubstanciada em verbas salariais;
d) Pessoalidade: esta ocorre quando não for possível que o trabalhador possa
fazer-se substituir por outro trabalhador;
e) Pessoa Física: ser Pessoa Física expressa que apenas haverá relação de
emprego se o contratado prestador de serviços for uma pessoa física, e não
jurídica.
Nas relações entre entregadores e aplicativos, não
se configura a subordinação, por não haver obrigação de estar à disposição ou com
aplicativo constantemente ligado para promover as entregas solicitadas, que podem
ser escolhidas e até mesmo recusadas, não havendo sequer estipulação de
quantidade mínima de entregas.

Com relação a habitualidade, o entregador tem o


livre arbítrio de escolher seu horário de trabalho (de acordo com a sua
disponibilidade), o meio pelo qual irá trabalhar, bem como quando quer trabalhar ou
não, bastando desligar o aplicativo para isso, e podendo retornar a qualquer hora.
Logo, não há de se falar na configuração deste requisito.

A pessoalidade não é exigida no caso em tela,


dada a possibilidade de escolha e de recusa a chamada para a entrega. Ainda, há
de se mencionar que não havia fiscalização do trabalho dos entregadores pela
reclamada, o que faz presumir que não havia controle de fato no tocante ao trabalho
ser executado por outra pessoa.

Igualmente ausente a continuidade, já que o


entregador pode se colocar ou não a disposição para realizar as entregas.

No que se refere às suspensões: não é possível


que ENTREGA DISRUPTIVA S/A responda, pois não há vínculo empregatício. Ao
haver o trabalho autônomo, Carlos assume os riscos a serem tomados pela sua
atividade.

Para reforçar tal entendimento, trazemos o


seguinte julgado:

“MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO -


PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA
2ª REGIÃO X RAPIDDO AGÊNCIA DE SERVIÇOS
DE ENTREGA RÁPIDA S/A. e IFOOD.COM
AGÊNCIA DE RESTAURANTES ONLINE S/A.,(...)
A parte autora alega, em apertada síntese, que as
requeridas contratam empregados disfarçados na
figura de trabalhadores autônomos, diretamente ou
por intermédio de empresas denominadas
operadores logísticos, com o intuito de sonegar o
vínculo de emprego e os direitos daí decorrentes,
postulando a declaração da existência de relação
de emprego dos entregadores e condutores
profissionais que prestam serviços de transporte
de mercadoria intermediados por suas plataformas
digitais, sob pena de multa a ser fixada por
trabalhador encontrado em situação irregular e
demais pedidos decorrentes do reconhecimento da
relação de emprego elencados às fls. 142/149 (ID.
78866ea - Pág. 141/148). Postula, ainda, que as
rés sejam condenadas a se absterem de contratar
trabalhadores como autônomos quando presentes
os requisitos previsto nos artigos 2º e 3º da CLT ou
manter intermediadores de mão de obra para
mascarar o vínculo de emprego, bem como de
instituírem prêmios ou outras modalidades de
remuneração que acarrete a intensificação do
trabalho ou aumento da carga de trabalho. Por fim,
postula o pagamento de compensação pecuniária
em valor equivalente a 5% do faturamento bruto do
grupo econômico ou em valor não inferior a R$
24.500.000,00 (vinte e quatro milhões e quinhentos
mil reais...
.... Nessa esteira restam IMPROCEDENTES os
pedidos de declaração de existência de vínculo de
emprego entre entregadores e a requerida e a
respectiva multa por obrigação de fazer e todos os
demais pedidos uma vez que esses decorriam da
declaração de existência de vínculo de emprego.”

(TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª


REGIÃO TRT-2 – 37ª VARA DO TRABALHO DE
SÃO PAULO ||| ACPCIV
1000100-78.2019.5.02.0037)

Por todos esses fundamentos, fica explícito a


carência dos pressupostos necessários, de subordinação, bem como de
habitualidade, pessoalidade, e continuidade, características essenciais do vínculo
empregatício, inexistindo portanto a relação de emprego narrada na exordial.

Dentre outros fatores, tais situações demonstraram


que entre os entregadores e o aplicativo não existe relação de emprego. Importante
frisar que empresa, ora reclamada, não registrou nenhum de seus entregadores
como empregados, e isso é de conhecimento de todos, pois ela mesma se coloca no
mercado apenas como uma plataforma que liga consumidores, vendedores e
entregadores, mais se amoldando como uma espécie de “operador logístico” já que
envolve três personagens diferentes, além do APP.

Diante disso, constata-se que não há vínculo de


emprego entre entregadores e aplicativos, visto que há apenas o preenchimento de
um dos requisitos presentes no artigo 3º da CLT, que por si só, não basta para
caracterizar a relação empregatícia.

2.2. DA RELAÇÃO DE TRABALHO E DO TRABALHADOR AUTÔNOMO. DA


AUSÊNCIA DA EXCLUSIVIDADE:

A reclamada não tem intenção alguma de negar a


existência de relação de trabalho, até porque tal relação é caracterizada como um
gênero abrangente de vários tipos de trabalho, porém, quanto à alegação de vínculo
empregatício, não há possibilidade, contendo por outro lado, o trabalho autônomo de
Carlos.

Em inicial, a questão apontada na reclamação


trabalhista pelo rito sumaríssimo, mais precisamente no ponto ll. 1, alega-se a
existência de vínculo empregatício entre o reclamante e a reclamada, o que se vê
incabível.

À face do exposto sobre a ausência do vínculo


empregatício é indubitável que o Reclamante classifica-se como trabalhador
autônomo, isto é, ocorre a execução das suas atividades profissionais com a
ausência do vínculo empregatício, assumindo assim os seus próprios riscos. A
comprovação de dada situação é a inexistência da exclusividade na prestação de
serviços, efetuando o Reclamante os seus serviços como motorista das 10h às 18h
e guarda noturno após este período de labor, por sua própria escolha.

Diante do entendimento da legislação, para que


um indivíduo seja caracterizado como empregado, é necessário que sejam
preenchidos os requisitos de subordinação, continuidade, remuneração e
pessoalidade, como mencionamos no tópico anterior, o que claramente não é o caso
posto ao juízo.

Ressalta-se que a pessoa jurídica é caracterizada


apenas como um veículo para as relações de consumidores, vendedores e
entregadores. Não é possível responder para certo indivíduo que seja considerado
superior pois não há relação de hierarquia entre os usuários da ENTREGA
DISRUPTIVA S/A, não sendo possível a alegação de subordinação para com Carlos.

Demonstra-se, portanto, autônoma a atividade de


entrega exercida por Carlos, ao inexistir características empregatícias que levariam o
requerente a ser considerado empregado e, consequentemente, existir um vínculo
empregatício, como mostra o art. 442-B da CLT, in verbis:

“Art.442-B. A contratação do autônomo,


cumpridas por este todas as formalidades legais,
com ou sem exclusividade, de forma contínua ou
não, afasta a qualidade de empregado.”

Como pudemos observar, o próprio artigo acima


expõe que o trabalhador autônomo não precisa necessariamente ser exclusivo para
aquele que o contratou para prestar os seus serviços, sendo afastada a
possibilidade do artigo 3º da Consolidação. Desta maneira, reafirma-se a não
caracterização de vínculo empregatício.

Encontra-se o descabimento da alegação de


vínculo empregatício diante de características de trabalhador autônomo em
processo do Tribunal Regional do Trabalho da 14 Região:

TRT-14 - RECURSO ORDINARIO: RO


19020080011400 RO 00190.2008.001.14.00:
“ENTREGADOR MOTOBOY. VÍNCULO DE
EMPREGO INEXISTENTE. A prova produzida nos
autos não revela que estão presentes os requisitos
do art. 3 da CLT, conclui-se, portanto, que o
reclamante laborou na condição de empregado
autônomo.
(TRT-14 - RO: 19020080011400 RO
00190.2008.001.14.00, Relator: JUIZ VULMAR DE
ARAUJO COELHO JUNIOR, Data de Julgamento:
06/08/2008, PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DETRT14 n.148, de 13/08/2008)”

Portanto, diante do que foi exposto, é indiscutível a


característica autônoma do trabalho realizado pelo requerente.

2.3. DA ANOTAÇÃO DA CTPS E REPASSE DAS CONTRIBUIÇÕES


PREVIDENCIÁRIAS AO INSS:

Cumpre-se destacar que o reclamante nunca foi


contratado como empregado, ou seja, este exercia a função de entregador, o qual o
reclamante era o verdadeiro prestador de serviços sendo a reclamada apenas uma
facilitadora entre os consumidores, vendedores e bem como os entregadores.

Desse modo, o reclamante não sofreu quaisquer


controles de jornada de trabalho por parte da Empresa, visto que sequer haverá
juntada de cartões de ponto, tendo em vista serem documentos inexistentes.

Ainda, o reclamante efetuava as entregas dos


pedidos feitos com o gozo de ir laborar suas atividades no dia que melhor lhe
aprouvesse. No caso fático é apontado que o reclamante iniciava suas atividades de
segunda a sexta, das 10:00 hrs às 18:00, horário pelo qual foi estipulado pelo
reclamante, pois, não há evidências que a reclamada impôs estas condições.

Ora Vossa Excelência, o reclamante não sofreu


sanções caso faltasse ao serviço, sendo apenas imposto pela reclamada que caso o
reclamante “cancelasse” muitas solicitações, receberia suspensões e, dependendo
de as circunstâncias, seria desligado da plataforma.

Em cenário fictício, vamos supor que o consumidor


“X”, realiza uma solicitação ao restaurante “Y”, e esta entrega é direcionada ao
entregador “Z”, o qual recusa diversos serviços sem quaisquer justificativas
plausíveis para tal decisão. Resta claro, que o consumidor “X”, que está à espera de
sua encomenda e/ou refeição ficará insatisfeito com o restaurante que não possui
culpa e o restaurante com a plataforma de entrega. Podemos observar, um efeito
dominó nesta situação. Sendo assim, a punição de "cancelamento" é considerada
um respaldo aos consumidores, bem como o estabelecimento que se disponibiliza
para efetuar tal prestação, e o aplicativo é um serviço intermediário na relação.

Perante exposto, não há dúvidas que o vínculo


empregatício está fragilizado, pois, não há todos os requisitos presentes para que
seja considerado relação empregatícia. Isto porque, o reclamante “LIGAVA” o
aplicativo da empresa e automaticamente se tornava disponível para receber as
notificações de entrega, ou seja, por elemento volitivo do reclamante que este
aciona o APP, não tendo a reclamada qualquer interferência não havendo
subordinação por parte da reclamada.

Adicionalmente, o requisito da pessoalidade não


está configurado, pois, qualquer entregador poderá realizar as entregas, basta este
“aceitar” a notificação.

A reclamada reconhece que há onerosidade, haja


vista, que há pagamento de um salário e podemos observar a eventualidade.
Entretanto, para que seja reconhecida a relação de trabalho é necessário que os
requisitos sejam cumulativos, o que não ocorre nestes autos.

Diante disto, requer que seja desconsiderado o


pedido de anotação da anotação da CTPS e repasse das contribuições
previdenciárias ao INSS, tendo em vista o reclamante ser autônomo.

2.4. DA COBRANÇA INDEVIDA DAS VERBAS CONTRATUAIS

Em minuciosa análise do registro de trabalho


fornecido pela reclamada nos deparamos com o contrato de prestação de serviço.

O prestador de serviços é a pessoa física ou


jurídica que presta algum tipo de serviço em troca de remuneração financeira.
Tendo isso em vista, não há o que se falar de
verbas contratuais, uma vez que não foi acordado pelas partes.

O terço constitucional, o 13º salário e o depósito


mensal do FGTS são devidos apenas para aqueles que estão no regime da CLT, o
que não é o caso da reclamante.

Em relação às despesas com manutenção e


abastecimento do veículo, não são obrigações da empresa, uma vez que, a
reclamante é prestadora de serviço e deve arcar com suas despesas extras, sendo o
salário suficiente para suprir suas necessidades.

Acerca do intervalo intrajornada, a reclamante tem


a autonomia para escolher o melhor horário para as suas pausas, uma vez que foi
contatado de tal maneira.

3. DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, aos pedidos formulados na petição


inicial, assim se manifesta a reclamada:

a) CONTESTA. Como já exposto, não há vínculo empregatício a ser


reconhecido, tendo em vista o reclamante ser considerado trabalhador
autônomo.
b) CONTESTA. Requer que seja desconsiderado o pedido de anotação da
CTPS e repasse das contribuições previdenciárias ao INSS, haja vista o
reclamante ser autônomo.
c) CONTESTA. O Fato do intervalo intrajornada, pois, a reclamante possuía
autonomia para escolher o melhor horário para suas pausas.

Protesta provar o alegado por todos os meios em


direitos admitidos, sobretudo prova testemunhal e depoimento.

Termos em que,

Pede deferimento.
Local, Data

Advogado

OAB nº...

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