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MATERIAL COMPLEMENTAR

AULA 03

MANUAL DE
PRECIFICAÇÃO

JORNADA

ADVOGANDO
EM FAMÍLIA
MANUAL DE PRECIFICAÇÃO
Afinal, quanto cobrar por cada demanda de Direito de Família?

Se for um caso em que não se verifique proveito econômico?

Se a parte não estiver sob posse e administração dos bens (meação)?

Se for litigioso? E se as partes desistirem?

Calma! Os dilemas em relação à precificação são enfrentados por


todos os advogados e, especialmente, por nós familiaristas.

A precificação de serviços advocatícios gera debates entre advogados


e, infelizmente, não há uma fórmula única para que você nunca
precifique errado. A dúvida entre cobrar um valor e o cliente achar “caro
demais”, ou cobrar um valor que o cliente aceite sem pestanejar, é
antiga e muito comum entre nós!

Você deve estar atento, também, à forma como apresentar os


honorários, para que o cliente entenda o que você está, de fato,
resolvendo, diligenciando e providenciando. A cobrança deve ser feita
de forma clara e muito bem detalhada:

-Enumere as despesas relacionadas ao trabalho, desde o pagamento


de custos, deslocamentos e até a cobrança de reembolso de despesas
de clientes, muitas vezes pagas antecipadamente pela parte
contratada;

-Esclareça os limites da sua contratação: analise quais são os


procedimentos englobados no seu contrato e saliente as fases ou
instâncias em que você estará apto a atuar;

-Consigne o prazo de validade da sua proposta e inclua uma cláusula


no seu contrato em relação à mantença da obrigação firmada mesmo
ocorrendo eventual desistência durante o processo/demanda.

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Nas demandas de família, o ideal é que você entenda o valor de
seus honorários em duas etapas:

Valor de
Arranque + Percentual sobre
ganho econômico
percebido pelo
= Valor dos
honorários
cliente

Lembre-se de que nem sempre as demandas terão


ganho/proveito econômico e, portanto, em alguns casos, essa
etapa não é avaliada para fixação.

Alguns cuidados na precificação de demandas familiaristas são


necessários:

-Vamos começar pelo valor de ARRANQUE, que é o valor inicial a


ser cobrado para dar início ao procedimento (que pode ser
parcelado, se necessário);
-Entenda que as demandas de família exigirão maior
concentração de esforços em seu início, e é por isso, que você deve
ter, como base, esse valor de arranque.

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Como calcular os critérios para esse valor de arranque?


Aqui vão algumas dicas:

Confira a Tabela da OAB: Você utilizará a tabela para estabelecer um preço


inicial, um valor-base. Cada seccional da OAB disponibiliza em seu site a
tabela para auxiliar o advogado.
Analise quais os limites da sua atuação: Alguns contratos podem se
desdobrar em outros. Quer um exemplo? Inventário pode se desdobrar em
procedimento de regularização de imóveis. Mas o seu cliente sabe que você
só foi contratado para atuar especificamente no Inventário? Deixe isso bem
claro!
Você sabe por que a precificação de um serviço é uma tarefa tão
complexa? Porque a maioria dos advogados não consegue precisar a
quantidade de tempo gasta em cada caso ou demanda. Isso é óbvio:
realmente não há como prever o tempo exato de duração de um
procedimento, especialmente quando estamos no início da Advocacia. Mas
você precisa levar em consideração os seus custos fixos, os recursos
necessários para execução dos serviços e, com base neles, saber valorar a
sua hora.

Quantas horas você trabalha por mês?


Calcule quantas horas você trabalha por mês

Número de horas X Número de dias trabalhados = Total

Exemplo: 6 horas\dia X 5 dias trabalhados na semana = 30 horas


semanais

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VALOR DE HORA TÉCNICA
Um mês tem em média 4,2 semanas

- Se multiplicarmos o total de horas trabalhadas por semana pela média de


semanas por mês, teremos o total de horas trabalhadas por mês.

VEJA: 30 h\semana X 4,2 = 126 horas\mensais


- Já sabemos quantas horas são trabalhadas, precisamos saber o total de
gastos e despesas mensais, para calcularmos quanto custa a sua hora
efetiva de trabalho. Para isso some todas as suas despesas:

- Aluguel: R$ 1.000,00
- Energia: R$ 150,00
- Água: R$ 50,00
- Internet: R$ 150,00
- Mercado e Papelaria: R$ 150,00
- Condomínio: R$ 350,00
- IPTU: R$ 50,00
- Serviços gerais: R$ 550,00
- Software de gestão: R$ 50,00

TOTAL: R$ 2.500,00
Quando você divide o valor total dos seus custos pelo número de horas
trabalhadas no mês, você chega ao valor da sua hora sem lucro algum, ou
seja, se você recebe menos do que esse resultado por hora de trabalho,
você paga para trabalhar.

2.500 / 126 = R$ 19,84.

Esse cálculo resulta na sua hora-custo, ou seja, no seu valor inegociável.


Você não pode cobrar menos do que essa quantia por hora de trabalho,
sob pena de prejuízo.

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QUANTO VOCÊ QUER GANHAR?

- Seja realista com as suas circunstâncias! Qual o salário supriria as suas


necessidades hoje? Qual remuneração mensal você gostaria de ganhar?

Acresça a esse valor desejo o percentual de 30%, em relação aos impostos.

Um exemplo:
7.000,00 (meta) + 2.100.00 (impostos) = R$ 9.100,00

- Divida esse total por suas horas trabalhadas por mês e terá o valor da
hora desejada.

TEMOS: 9.100 /126 horas mensais = R$ 72,22


Sua hora técnica, portanto, vale a soma da hora-desejada com a
hora-custo = R$ 19,84 + R$ 72,22 = R$ 92,06.

- Para descobrir sua margem de negociação é simples, basta diminuir o


valor da hora desejada pelo valor de hora custo.

TEMOS: R$ 72,22 – R$ 19,84 = 37,53.


Essa diferença corresponde ao valor que você pode negociar para mais ou
para menos na quantificação de horas do seu trabalho, a depender da
causa, pautando-se em alguns critérios:

1.A complexidade da causa;


2.A previsão média de tempo de duração de demanda;
3.A litigiosidade do problema;
4.Número de procedimento a serem realizados;
5.O maior ou menor grau de burocracia desses procedimentos;
6.A capacidade financeira do cliente.

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VOCÊ DEVE SE ATENTAR:

- Estipule uma cláusula de validade na sua proposta (ex: 30 dias);


- Entre em contato novamente depois de alguns dias que a proposta foi feita,
caso o cliente não tenha entrado em contato (ex: 15 dias);
- Analise a tabela da OAB para mínimo do “valor de arranque”, que
corresponde ao valor para amenizar o risco de inadimplência;
- Estipule por contrato quais despesas (como viagens, hospedagens) serão
adiantadas ou reembolsadas;
- Examine o proveito econômico para a fixação de eventual percentual sobre
o quinhão ou meação do cliente, se for o caso.

Quando o cliente
reconhece seu valor ele
NÃO QUESTIONA SEU PREÇO!

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