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pandemia
Expectativas iniciais:
Não é possível saber a exata situação de pessoas deficientes, pré ou pós-pandemia.
Assim, o grupo possui diferentes expectativas sobre o trabalho. A partir disso, parte do
grupo não acredita que a situação dos deficientes seja tão diferente em comparação a sua
vida antes da pandemia, porém ainda assim devem existir dificuldades de adaptação, como
a utilização de equipamentos de proteção individual, como máscaras e “face shield”.
Também achamos que é preciso considerar que os deficientes adquiriram muitos novos
obstáculos, além da perda de terapias rotineiras fora de casa, também há a perda de
contato social, o que pode dificultar as relações do deficiente para o resto do mundo
Responsáveis entrevistados:
● Cláudia de Noronha Santos, 49 anos, advogada - mãe de Letícia
● Alessandra e Fabio Pereira, 50 e 49 anos, médicos - mãe e pai de Henrique
● Erika Shu, 53 anos, guia de turismo - mãe de Chenei
● Eva Marques, 45 anos, funcionária pública - mãe de Felipe
1. Como era a sua rotina (dia a dia, fatos marcantes) pré-covid 19?
3. Como a pandemia afetou a sua rotina em casa? Quais são as maiores diferenças
notadas em relação à quarentena (o ato de ter que se evitar sair de casa)?
Cláudia: “Mudamos em quatro pontos fundamentais:
I) agora raramente saímos para fazer compras de mantimentos e comida,
II) paramos de passear com o Tank (cachorro) no início da pandemia (e, talvez não
coincidentemente, Tank faleceu em abril de 2020 após uma baixa de imunidade que
aparentemente fez emergir a famigerada Doença do Carrapato, que estava dormitando em
seu organismo);
III) começamos a lavar/higienizar todas as compras de supermercado e encomendas que
chegavam;
IV) desde agosto de 2020 voltamos a fazer exercícios físicos: Cláudia, Letícia e Eduardo
fazem aulas de ginástica no play do prédio com um personal trainer. Todos de máscara,
embora o play seja amplo e tenha bastante espaço aberto e todos também aproveitam esse
momento para tentar pegar sol.
A necessidade de ficar em casa SEMPRE QUE POSSÍVEL é algo que tem trazido certa
angústia. Outra tarefa - apenas cansativa - é a necessidade de lavar todos os itens de
compras/encomendas que entram na nossa casa (hoje sabemos que não é mais tão
preconizada, mas continuamos a fazê-la).”
Alessandra e Fabio: Henrique saiu do colégio e de todas as terapias por 1 ano e faz
atividades educacionais com a cuidadora. Os pais continuam saindo para trabalhar sempre
que solicitado.
(foto)
Erika: “Não vamos a nenhum lugar público (praia, parque, shopping, supermercado, etc) ou
fazemos qualquer tipo de aglomeração. Chenei sai apenas para praticar esportes.”
Eva: “Felipe teve mudanças de humor, impaciência, falta de percepção do que estava
acontecendo ao seu redor. A obrigatoriedade do uso de máscara e de não poder tocar no
outro afetaram alguns comportamentos por aqui. No início, foi mais complicado, mas
conforme o tempo foi passando, fomos nos readaptando à nova realidade e nos
reinventando.”
4. Seu trabalho é remoto? Você consegue conciliar seu trabalho diário (profissão ou
não) e dar a atenção requisitada ao deficiênte?
Cláudia: Sim, Cláudia e Eduardo têm trabalho remoto. Cláudia não conseguiu e pediu para
sair do escritório em que estava trabalhando, para poder se dedicar adequadamente às
aulas online e atividades escolares de Letícia. Eduardo é dono do próprio escritório, de
forma que tem maior flexibilidade para trabalhar e cuidar de Letícia.
Alessandra e Fabio: Alessandra consegue conciliar o trabalho e a atenção a Henrique no
geral, mas não todo o tempo que ele gostaria e precisa. Fábio não consegue. Ele nunca
conseguiu dar a atenção que gostaria, nunca foi suficiente.
Erika: “Sim, é remoto e consigo conciliar o trabalho e a atenção ao meu filho, mesmo que
haja diminuição na renda.”
Eva: Hoje, meu trabalho e do pai é remoto sim. Consigo conciliar pois reorganizei os
horários de trabalho, de escola/homeschooling e de terapias.
12. Acredita que terá alguma dificuldade a ser enfrentada ao voltar a vida pré-covid?
Cláudia: Nenhuma dificuldade em relação à Letícia.
Alessandra e Fabio: “Henrique terá que se readaptar à escola, principalmente a ficar
quietinho sentado, dentro da sala de aula fazendo a tarefa. Talvez já não reconheça seus
colegas de classe.”
Erika: Não.
Eva: Se conseguirmos voltar à rotina anterior, Felipe precisaria se adaptar novamente até
que conseguisse internalizar a antiga rotina de novo.
14. Qual foi o aprendizado durante a pandemia e como ele irá influenciá-los em
relações futuras.
Cláudia: “O aprendizado maior é o de que devemos nos sentir felizes por aquilo que
temos.”
Alessandra e Fabio: “Foi necessário o treino principalmente da paciência, para manter
Henrique feliz, mesmo sem poder sair de casa.”
Erika: “É preciso fazer economias para passarmos por tempos difíceis com maior
segurança econômica.”
Eva: “O aprendizado foi de que podemos nos adaptar a tudo e sobreviver, basta ter espírito
forte. Aprendemos a ser mais solidários, mais atenciosos, mais cooperativos, a nos
reinventarmos diariamente. Houve muito crescimento por aqui em vários aspectos. Temos
sempre que valorizar o lado bom mesmo num momento ruim, tudo é uma lição!!”
Conclusão:
De acordo com as entrevistas pode ser concluído que apesar de algumas situações
se mantiverem, houve mudanças significativas. Com novas complicações, uma necessidade
repentina de mudança de hábitos levou a dificuldade de adaptação por parte da pessoa
com deficiência. Para os cuidadores e familiares a dificuldade de conciliar seu trabalho e
escola com a atenção requerida foi notada, podendo até chegar na renda familiar. Em
relação ao acompanhamento da deficiência houve alguns problemas no comportamento,
principalmente. Por necessitar de contato com um especialista, foi necessário a alteração
no modo que o encontro acontece, e em um dos casos houve a interrupção do tratamento.
Diferente do que inicialmente foi considerado, essas foram as dificuldades geradas pela
falta de contato social.
Ao sair de casa, alguns entrevistados relataram a dificuldade de manter o uso de
máscaras e “face shields”. Uma atenção maior precisa ser dada a esse grupo pelos meios
de saúde pública em relação à vacina, pois a dificuldade da rotina e do tratamento caso
contaminação são fatores importantes a serem considerados.
Porém, as respostas não são semelhantes. Houve tanto a melhoria e a regressão
durante o tempo quarentenado quanto a dificuldade a ser enfrentada no momento de volta à
rotina pré-covid. Pode-se concluir que as experiências passadas durante a pandemia são
individuais em diversos fatores. Tendo em consideração também que a pequena parcela
entrevistada não deve representar um todo, pois a situação de cada deficiente e suas
famílias são únicas em seus fatores e circunstâncias.
Pela conclusão por parte individual dos entrevistados, todos se mantiveram
positivos, de certa forma. Todos mostraram que obtiveram aprendizados que vão ser
levados para frente.