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DOCÊNCIA EM

PRIMEIROS SOCORROS
SAÚDE
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Triagem Organização LTDA ME
Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educação

P842p Primeiros socorros / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação,


2012.

193p. : il.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-293-0

1. Primeiros socorros. I. Portal Educação. II. Título.

CDD 616.0252
SUMÁRIO

1 CONCEITOS BÁSICOS EM PRIMEIROS SOCORROS ............................................................9

2 ASPECTOS LEGAIS DO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA .....................................................11 2

3 SINAIS VITAIS ..........................................................................................................................14

3.1 PULSO ......................................................................................................................................14

3.2 RESPIRAÇÃO ...........................................................................................................................15

3.3 PRESSÃO ARTERIAL ...............................................................................................................16

3.4 TEMPERATURA .......................................................................................................................18

4 ATENDIMENTO PRÉ- HOSPITALAR.......................................................................................21

4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR.......................................22

4.2 NORMATIZAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DO SAMU .............................................................24

4.3 O SOCORRISTA .......................................................................................................................26

4.3.1 Atribuições e Responsabilidades dos Socorristas .....................................................................27

5 AVALIAÇÃO DA CENA ............................................................................................................30

6 CINEMÁTICA DO TRAUMA .....................................................................................................34

6.1 ENERGIA E LEIS FÍSICAS .......................................................................................................37

6.2 CAVITAÇÃO ..............................................................................................................................39

6.3 TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA .............................................................................................41

6.3.1 Densidade .................................................................................................................................42

6.3.2 Área de superfície .....................................................................................................................42


7 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA ...........................................................................................................44

7.1 CIRCULAÇÃO ...........................................................................................................................46

7.2 VIAS AÉREAS COM CONTROLE DA COLUNA CERVICAL ....................................................50

7.3 DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS....................................................................................54

7.4 MANOBRA DE HEIMLICH ........................................................................................................55 3

7.5 RESPIRAÇÃO ...........................................................................................................................59

7.6 AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA ...................................................................................................60

7.7 EXPOSIÇÃO DA VÍTIMA...........................................................................................................63

7.8 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS ............................................................64

7.8.1 Vítima com capacete .................................................................................................................64

7.8.2 Vítima presa em ferragem .........................................................................................................65

8 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA ....................................................................................................67

8.1 CABEÇA ....................................................................................................................................70

8.2 PESCOÇO.................................................................................................................................71

8.3 OLHOS ......................................................................................................................................71

8.4 ORELHA E NARIZ .....................................................................................................................71

8.5 BOCA ........................................................................................................................................72

8.6 TÓRAX ......................................................................................................................................72

8.7 ABDÔMEN ................................................................................................................................73

8.8 DORSO .....................................................................................................................................74

8.9 PELVE .......................................................................................................................................75

8.10 MEMBROS INFERIORES .........................................................................................................75


8.11 MEMBROS SUPERIORES ........................................................................................................77

9 RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E CEREBRAL ...............................................79

9.1 RECONHECENDO A PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA .....................................................82

10 SUPORTE BÁSICO DE VIDA ...................................................................................................84

11 SUPORTE AVANÇADO DE VIDA ............................................................................................87 4

12 DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO ..........................................................................88

13 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL .....................................................................90

14 FRATURAS ...............................................................................................................................92

15 ENTORSE ................................................................................................................................95

16 LUXAÇÃO .................................................................................................................................96

17 CONTUSÃO .............................................................................................................................97

18 AMPUTAÇÕES .........................................................................................................................98

19 QUEIMADURAS.......................................................................................................................100

20 ASFIXIA ...................................................................................................................................106

21 HEMORRAGIA .........................................................................................................................111

21.1 CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS .................................................................................112

21.1.1 Hemorragias Externas ..............................................................................................................112

21.1.2 Hemorragias Internas ...............................................................................................................112

21.2 CONSEQUÊNCIAS DAS HEMORRAGIAS ..............................................................................113

21.3 RECONHECIMENTO DAS HEMORRAGIAS ...........................................................................114

21.4 ABORDAGEM DA VÍTIMA E CONDUTAS NAS HEMORRAGIAS EXTERNAS .......................115

21.5 CONTROLE DAS HEMORRAGIAS INTERNAS.......................................................................117


22 CHOQUE ..................................................................................................................................118

22.1 CHOQUE HIPOVOLÊMICO .....................................................................................................118

22.2 CHOQUE CARDIOGÊNICO .....................................................................................................119

22.3 CHOQUE ANAFILÁTICO ........................................................................................................120

22.4 CHOQUE NEUROGÊNICO ......................................................................................................121 5

22.5 CHOQUE SÉPTICO .................................................................................................................122

22.6 TRATAMENTO DO CHOQUE ..................................................................................................123

23 EMERGÊNCIAS CAUSADAS PELO CALOR EXCESSIVO ....................................................124

23.1 INSOLAÇÃO.............................................................................................................................124

23.2 INTERMAÇÃO ..........................................................................................................................125

24 CONVULSÕES ........................................................................................................................127

24.1 ABORDAGEM E CONDUTA ....................................................................................................129

25 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO .................................................................................131

25.1 CAUSAS DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO .............................................................131

25.2 FATORES DE RISCO ..............................................................................................................132

25.3 SINAIS E SINTOMAS DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO .........................................132

25.4 ABORDAGEM E CONDUTA ....................................................................................................134

26 ANGINA DE PEITO ..................................................................................................................136

27 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO ......................................................................................137

27.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS..................................................................................................137

27.2 ABORDAGEM E CONDUTA ....................................................................................................138

28 INTOXICAÇÕES ......................................................................................................................140
28.1 INTOXICAÇÃO POR INGESTÃO .............................................................................................142

28.2 INTOXICAÇÃO POR INALAÇÃO .............................................................................................143

28.3 INTOXICAÇÃO POR ABSORÇÃO ...........................................................................................144

29 AFOGAMENTOS ....................................................................................................................145

29.1 CLASSIFICAÇÕES DO AFOGADO .........................................................................................146 6

29.2 ABORDAGEM E CONDUTA ....................................................................................................147

30 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO ...............................................................................148

30.1 LESÕES NO COURO CABELUDO .........................................................................................148

30.2 FRATURAS DE CRÂNIO .........................................................................................................149

30.3 LESÕES CEREBRAIS..............................................................................................................150

30.4 AVALIAÇÃO E ABORDAGEM DA VÍTIMA ...............................................................................152

30.5 ESCALA DE COMA DE GLASGOW ........................................................................................152

31 DESMAIO .................................................................................................................................154

32 CHOQUE ELÉTRICO ...............................................................................................................158

32.1 ELETROCUSSÃO ....................................................................................................................158

32.2 CAUSAS DO CHOQUE ELÉTRICO .........................................................................................159

32.3 QUEIMADURAS .......................................................................................................................159

32.4 QUEDA DE ALTURA ................................................................................................................160

32.5 PRIMEIROS SOCORROS .......................................................................................................160

33 FERIMENTOS NO TÓRAX ......................................................................................................163

33.1 FRATURA DE COSTELA .........................................................................................................163

33.2 TÓRAX INSTÁVEL ...................................................................................................................164


33.3 CONTUSÃO PULMONAR ........................................................................................................165

33.4 PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO ..........................................................................................166

33.5 PNEUMOTÓRAX ABERTO ......................................................................................................167

33.6 CONTUSÃO CARDÍACA ..........................................................................................................167

33.7 TRATAMENTO E CONDUTA ...................................................................................................168 7

34 FERIMENTOS NO ABDÔMEN ................................................................................................169

34.1 TRAUMATISMOS FECHADOS ................................................................................................169

34.2 TRAUMATISMOS PENETRANTES .........................................................................................170

34.3 PRIMEIROS SOCORROS........................................................................................................171

35 FERIMENTOS POR ANIMAIS PEÇONHENTOS .....................................................................173

35.1 ENVENENAMENTO OFÍDICO .................................................................................................173

35.1.1 Micrurus (Corais) ......................................................................................................................173

35.1.2 Crotalus (Cascavéis) ................................................................................................................174

35.1.3 Bothops (Jararacas) .................................................................................................................176

35.1.4 Lachesis (Surucucus) ...............................................................................................................177

35.1.5 Conduta ....................................................................................................................................178

35.2 ACIDENTES COM ARANHAS..................................................................................................179

35.3 ACIDENTES COM ESCORPIÃO..............................................................................................180

35.3.1 Reconhecimento .......................................................................................................................180

36 FERIMENTOS NOS OLHOS ....................................................................................................182

37 CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS .....................................................................................185

38 CORPOS ESTRANHOS...........................................................................................................187
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................192

8
1 CONCEITOS BÁSICOS EM PRIMEIROS SOCORROS

Primeiros socorros são cuidados realizados imediatamente a uma pessoa cujo estado
físico coloca em perigo a sua saúde ou até mesmo a sua vida, com o objetivo de manter as suas
funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, até que seja prestada uma assistência
9
médica qualificada e especializada.

Como o próprio nome refere, são os procedimentos de emergência que devem ser
aplicados a uma pessoa em perigo de vida, com o objetivo de manter os sinais vitais e evitar o
agravamento, até que ela receba assistência definitiva.

Podemos ainda considerar comouma série de procedimentos simples com o intuito de


salvar e manter vidas em situações de urgência e emergência, realizadas por pessoas comuns
com esses conhecimentos, até a chegada de atendimento médico especializado.

Os primeiros socorros também podem ser definidos como medidas que se aplicam
imediatamente ao acidentado, enquanto se aguarda assistência médica.

Devem limitar-se aos procedimentos mínimos, que não prejudiquem a vítima e a


coloquem em situação de manter os seus sinais vitais estáveis.

Essas medidas se resumem basicamente em:

 Retirar a vítima do local;


 Mantê-la em posição adequada, de preferência em decúbito dorsal;
 Identificar as lesões;
 Adotar medidas de urgência;
 Transportar a vítima se houver condições para isso.
Diversas situações podem necessitar de primeiros socorros. As situações mais comuns
que observamos no dia a dia são:

 Atendimento de vítimas de acidentes automobilísticos;


 Atropelamentos;
 Incêndios; 10

 Aglomeração de pessoas;
 Afogamentos;
 Catástrofes naturais;
 Acidentes em indústrias;
 Emergências clínicas, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral;
 Ataques epilépticos;
 Convulsões.

Tão importante quanto o próprio atendimento a vítima é providenciar o atendimento


especializado, ou seja, entrar em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU), o Corpo de Bombeiros ou a Polícia. Não se esquecer deinformaro local correto da
ocorrência, o número de vítimas e as condições destas vítimas.

FIGURA 1 – PRIMEIROS SOCORROS

FONTE: Disponível em: <http://vidasaudavel.powerminas.com/wp-content/uploads/2010/05/Primeiros-socorros-


1.jpg>.Acesso em: 25 ago. 2011.
2 ASPECTOS LEGAIS DO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA

Quando falamos em aspectos legais do atendimento de urgência não podemos deixar


de citar o artigo 135 do Código Penal Brasileiro, que trata da omissão de socorro: 11

Art.135:Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à


criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou
em grave e iminente perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública.

Pena - detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão


corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte.

Só o fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui
um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência
de omissão de socorro.

É importante saber também que a vítima pode se recusar a receber o atendimento,


portanto nestes casos o socorrista deve respeitar a vontade da vítima.Quando o paciente é
adulto, esse direito existe quando ele estiver consciente e com clareza de pensamento.

Essa situação pode ocorrer por vários motivos, tais como crenças religiosas ou até
mesmo falta de confiança no socorrista que for realizar o atendimento. Nestes casos, a vítima
não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que o
socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a
sua confiança por meio do diálogo.

Caso a vítima não possa falar em decorrência do acidente, como um trauma na boca,
por exemplo, mas consegue demonstrar por meio de sinais que não aceita o atendimento,
fazendo uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do socorrista, é importante proceder
da seguinte forma:

 Nunca discuta com a vítima;


 Nunca questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças
religiosas; 12

 Não toque na vítima, isto poderá ser considerado como violação dos seus direitos;
 Tente conversar com a vítima, informando a ela que você sabe realizar o
atendimento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o
atendimento, mas que você é treinado e pode prestar uma assistência de
qualidade, enquanto o atendimento médico especializado não chega;
 É importante que testemunhas provem que o atendimento foi recusado por parte da
vítima, portanto você pode reunir os dados destas testemunhas.

Quando a vítima for uma criança, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela
mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do
socorro especializado, o prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que
comprovem o fato.

O consentimento da vítima para que se possa realizar o atendimento de primeiros


socorros pode ser formal, quando esta fala ou sinaliza que concorda com o atendimento e após
o socorrista ter se identificado e informado à vítima de que possui treinamento específico em
primeiros socorros.

Pode ser tambémimplícitoquando esta vítima estiver inconsciente, confusa ou ferida


gravemente, a ponto de não poder falar ou sinalizar consentindo com o atendimento.

A legislação nesses casos conclui que a vítima daria o consentimento, caso tivesse
condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros.

O consentimento implícito pode ser adotado também nos casos de acidentes


envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a
legislação conclui que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem
presentes no local.

13
3 SINAIS VITAIS

Os sinais vitais são indicadores das funções vitais do nosso organismo e podem
orientar o diagnóstico inicial e acompanhar a evolução do quadro clínico de uma vítima. 14

São considerados também como os sinais emitidos pelo nosso corpo de que suas
funções vitais estão normais e que qualquer alteração indica uma anormalidade.

Os sinais vitais são:

 Pulso;
 Respiração;
 Pressão arterial;
 Temperatura.

3.1 PULSO

É a ondulação exercida pela expansão das artérias seguida por uma contração do
coração. Nada mais é que a pressão exercida pelo sangue contra a parede arterial em cada
batimento cardíaco.

O pulso pode ser percebido sempre que uma artéria é comprimida contra um osso. Os
locais mais comuns para obtenção do pulso são nas artérias carótida, radial, femoral e braquial.

Pode ainda ser verificado por meio da ausculta cardíaca com o auxílio de um
estetoscópio e denominamos pulso apical. Na verificação do pulso deve-se observar a sua
frequência, ritmo e volume.

TABELA 1 – ÍNDICES NORMAIS DE PULSO

ÍNDICES NORMAIS DE PULSO

15
Homem 60 a 70 bpm

Mulher 65 a 85 bpm

Criança 80 a 120 bpm

Bebê 100 a 160 bpm

3.2 RESPIRAÇÃO

A respiração refere-se à entrada de oxigênio na inspiração e a eliminação de dióxido


de carbono pela expiração. É a sucessão rítmica de movimentos de expansão e de retração
pulmonar com a finalidade de efetuar trocas gasosas entre a corrente sanguínea e o ar nos
pulmões.

Para avaliar a respiração devemos verificar seu caráter, se ela é superficial ou


profunda, seu ritmo que pode ser regular e irregular e por último sua frequência, ou seja, a
quantidade de movimentos respiratórios por minuto.
TABELA 2 – ÍNDICES NORMAIS DA RESPIRAÇÃO

ÍNDICES NORMAIS DA RESPIRAÇÃO

Homem 15 a 20 movimentos respiratórios por minuto

Mulher 18 a 20 movimentos respiratórios por minuto


16
Criança 20 a 25 movimentos respiratórios por minuto

Lactente 30 a 40 movimentos respiratórios por minuto

Outros fatores podem alterar os valores normais da respiração como exercícios físicos,
medicamentos, fatores emocionais, portanto, é importante que o socorrista saiba reconhecer
estas alterações.

São empregados termos específicos para definir as alterações dos padrões


respiratórios, tais como:

 Eupneia: respiração normal, com movimentos regulares, sem dificuldades;


 Apneia: é a ausência dos movimentos respiratórios;
 Dispneia: dificuldade na execução dos movimentos respiratórios;
 Bradipneia: diminuição da frequência respiratória;
 Taquipneia: aumento da frequência respiratória.

3.3 PRESSÃO ARTERIAL


É a força exercida pelo sangue contra a parede interna das artérias quando este é
impulsionado pela contração cardíaca. Pode variar de acordo com a idade do paciente, devido
ao aumento da atividade física, situações que levam ao estresse e ao medo e por alterações
cardíacas.

A pressão arterial é influenciada pela força dos batimentos cardíacos e pelo volume
circulante. A contração cardíaca é denominada sístole e o relaxamento do coração é 17
denominado diástole. A pressão sistólica é a pressão máxima do coração, enquanto a pressão
diastólica é a pressão mínima do coração.

FIGURA 2 – PRESSÃO ARTERIAL

FONTE:Disponível em:<http://nickmartins.com.br/atualidades/wp-content/uploads/2011/01/perigo-pressao-
baixa.jpg>. Acesso em: 16 set. 2011.

São empregados termos específicos para definir alterações nos valores anormais da
pressão arterial, são eles:
 Hipertensão: aumento dos níveis da pressão arterial;
 Hipotensão: redução dos níveis da pressão arterial;
 Normotenso: são os parâmetros normais da pressão arterial.

TABELA 3 – VALOR NORMAL DA PRESSÃO ARTERIAL

VALOR NORMAL DA PRESSÃO ARTERIAL 18

4 anos 85/60 mmHg

6 anos 95 x 62 mmHg

12 anos 108 x 67 mmHg

Adulto 120 x 80 mmHg

3.4 TEMPERATURA

É o nível de calor que chega a um determinado corpo, ou seja, é a diferença entre o


calor perdido e o calor produzido pelo organismo. É influenciada por meios físicos e químicos e
seu controle é realizado por meio da estimulação do sistema nervoso central.

A temperatura corporal reflete o balanceamento entre o calor produzido e o calor


perdido pelo corpo e pode ser verificada nas regiões axilar, oral e retal. É medida por meio do
termômetro clínico e possui uma graduação que varia de 34ºC a 42ºC, sendo que raramente o
ser humano sobrevive com sua temperatura acima ou abaixo destes parâmetros.
FIGURA 3 –TEMPERATURA

19

FONTE:Disponível em:<http://www.atmosferafeminina.com.br/content/user/images/febre_materia.jpg>.

Acesso em: 13set. 2011.

Veja na tabela abaixo, os parâmetros normais da temperatura corporal em adultos e


crianças:

TABELA 4 – PARÂMETROS NORMAIS DA TEMPERATURA

Pontos de aferição Adulto Criança

Oral 37ºC 37,4ºC

Retal 37,5ºC 37,8ºC

Axilar 36,7ºC 37,2ºC


Variações de 0,3ºC a 0,6ºC da temperatura são consideradas normais e pode se elevar
em situações como:

 Infecção.
 Medo.
 Ansiedade. 20

São causas da diminuição da temperatura corporal:

 Exposição ao frio.
 Estado de choque.
 Hemorragias.

São empregados termos específicos para definir alterações nos valores anormais da
temperatura, são eles:

 Afebril: temperatura corporal normal.


 Hipotermia: temperatura corporal abaixo do normal.
 Hipertermia: temperatura corporal acima do normal.
4 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

O atendimento pré-hospitalar (APH) é aquele atendimento emergencial prestado a


vítimas no ambiente externo ao hospital. Pertence a um dos elos da cadeia de atendimento a 21
vítimas sendo também conhecida como segundo socorro ou resgate.

FIGURA 4 – CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA

FONTE: Disponível em:


<http://www.inem.pt/files/2/multimedias/Thumbnail.axd?WM_FICHEIRO=/files/2/multimedias/2010052409065785283
1.jpg&WM_WIDTH=500&WM_HEIGHT=147>.

Acesso em: 13 set. 2011.

O atendimento pré-hospitalar é destinado às vítimas de trauma, violência urbana, mal


súbito e distúrbios psiquiátricos visando a sua estabilização clínica e remoção para uma unidade
hospitalar adequada. Este atendimento é realizado por profissionais de saúde treinados, como
socorristas, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos.

No Brasil, os serviços de atendimento pré-hospitalar são realizados por: Corpo de


Bombeiros dos estados, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ou por profissionais
treinados de empresas particulares.
Os objetivos das manobras de salvamento são retirar a vítima de uma situação hostil,
como por exemplo, um incêndio, um ambiente confinado realizando a remoção da mesma para
uma área adequada possibilitando o atendimento de suporte básico de vida (SBV) ou do suporte
avançado de vida (SAV).

Há diversos protocolos e modelos de atendimento pré-hospitalar, onde podemos


destacar o Protocolo Norte-Americano e o Protocolo Francês. NoProtocolo Norte-Americano 22
aplica-se o conceito de chegar à vítima no menor tempo possível, realizar manobras essenciais
para estabilizá-la e removê-la o mais rápido possível a um hospital adequado. No protocolo
Francês adota-se o princípio de ofertar o atendimento médico no local até a estabilização da
vítima.

Atualmente no Brasil, o sistema adotado é o misto, em que se estabeleceram unidades


de suporte básico, que são tripuladas por socorristas treinados em atendimento pré-hospitalar e
por unidades de suporte avançado, com a presença domédico.

A emergência ocorre quando há uma situação crítica ou algo iminente, com a ocorrência de
perigo, ou seja, um incidente ou imprevisto. Considerando a área médica, é uma situação que exige uma
intervenção médica imediatamente.
A urgência é quando existe uma situação que não pode ser adiada, mas que deve ser
resolvida rapidamente, pois se houver uma demora, haverá para a vítima um risco de morte. Na
medicina, estas situações necessitam de um tratamento médico com um caráter menor que a
emergência, ou seja, menos imediatista.

4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Em 1792, houve a primeira tentativa de organização de auxílio médico de urgência,


realizada pelo médico cirurgião Dominique Larrey. Esses cuidados eram realizados com vítimas
de guerras no período de Napoleão, ainda no campo de batalha, com o objetivo de prevenir
complicações.

Com base nessas informações podemos considerar que as guerras contribuíram de


forma benéfica para o desenvolvimento do atendimento pré-hospitalar. Na prática civil, os
médicos demoraram a se mobilizar, mesmo com o aumento crescente e progressivo das perdas
de vidas humanas por traumas originados de acidentes automobilísticos.

Essa demora fez com que as autoridades sanitárias delegassem essas atividades aos 23

profissionais responsáveis pelos resgates, principalmente os soldados do Corpo de Bombeiros.

Em 1955, na França, foram criadas as primeiras equipes móveis de reanimação, com a


obrigação inicial de prestar assistência médica a vítimas de acidentes de trânsito e a
manutenção da vida das vítimas submetidas a transferências entre as unidades hospitalares.

O SAMU francês iniciou-se por volta da década de 60, quando os médicos começaram
a detectar que havia uma desproporção considerável entre os meios disponíveis para tratar
vítimas nos hospitais e os meios ultrapassados que eram utilizados no atendimento pré-
hospitalar.

Dessa forma, constatou-se a necessidade da realização de um treinamento específico


para as equipes de resgate e a importância da presença e atuação do médico no local da
ocorrência, com o objetivo de aumentar as chances de sobrevivência das vítimas, iniciando
imediatamente os cuidados básico e avançado, restaurando a ventilação, respiração e circulação
das vítimas.

No ano de 1965, foram criados oficialmente os Serviços Móveis de Urgência e


Emergência (SMUR) e, em 1968, foi criado o SAMU com o objetivo de controlar as atividades do
SMUR.

No Brasil, o SAMU teve início por meio de um acordo assinado entre os governos
brasileiro e francês, por meio de uma solicitação do Ministério da Saúde, quando se optou pelo
modelo de atendimento francês, em que as viaturas de suporte avançado possuem
obrigatoriamente a participação do médico, diferente do modelo americano em que as atividades
de resgate são exercidas primariamente por paramédicos.
4.2 NORMATIZAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DO SAMU

O Atendimento Pré-Hospitalar no Brasil surgiu sem muito sucesso, mas hoje é considerado um
serviço primordial e tem demonstrado importantes resultados para a sociedade. A Portaria nº 2048/MS,
24
em 5 de novembro de 2002, normatiza a implantação do SAMU e considera que a área de Urgência e
Emergência constitui-se em um importante componente da assistência à saúde.
E, de acordo com o § 2º, este regulamento é de caráter nacional, devendo ser utilizado pelas
Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios na implantação dos Sistemas
Estaduais de Urgência e Emergência, com ou sem vínculo com a prestação de serviços aos usuários do
Sistema Único de Saúde.

FIGURA 5 – VIATURA DO SAMU

FONTE: Disponível em: <http://www.esmeraldanoticias.com.br/wp-content/uploads/2011/06/samu.jpg>. Acesso em:


13 set. 2011.
Como descreve a Portaria citada acima, a área de urgência e emergência constitui-se em um
importante componente da assistência à saúde. A expansão de serviços nesta área nos últimos anos tem
contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços de urgência e emergência disponibilizados
para o atendimento da população, conforme ressalta o Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde, ciente dos problemas existentes e em parcerias com as Secretarias de
Saúde dos estados e municípios, tem contribuído para reversão deste quadro amplamente desfavorável à
assistência da população.
O sistema estadual de urgência e emergência deve se estruturar a partir da leitura ordenada 25
das necessidades sociais em saúde e sob o imperativo das necessidades humanas nas urgências.
O diagnóstico dessas necessidades deve ser feito a partir da observação e da avaliação dos
territórios sociais com seus diferentes grupos humanos, da utilização de dados de morbidade e
mortalidade disponíveis e da observação das doenças emergentes.
Para sanar a necessidade do atendimento emergencial foi implantado pelo governo federal o
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192), um serviço de socorro pré-hospitalar móvel que
chega rapidamente às pessoas, em qualquer lugar para atender qualquer problema de saúde urgente que
possa levar ao sofrimento ou até mesmo à morte.
São feitos atendimentos por equipes de profissionais de saúde, que recebem as chamadas
gratuitas, feitas pelo telefone, e como resposta envia uma ambulância, com técnico de enfermagem ou
com enfermeiro e médico, ou mesmo uma simples orientação.
O Ministério da Saúde considera como nível pré-hospitalar, na área de urgência e emergência,
aquele atendimento que procura chegar à vítima nos primeiros minutos.
Após ter ocorrido o agravo à saúde, agravo este que possa levar à deficiência física ou mesmo
à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento adequado e transporte a um hospital
devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde.
A equipe de atendimento pré-hospitalar realiza os seguintes procedimentos:

 Reanimação cardiorrespiratória;
 Oxigenoterapia;
 Contenção de hemorragias;
 Imobilizações;

 Intubação orotraqueal;
 Punção venosa com reposição de volume e medicação;
 Transporte de pacientes.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) deve ser composto por uma equipe
multiprofissional oriundos da área de saúde, sendo o coordenador do serviço, responsável técnico um
médico, o responsável de enfermagem um enfermeiro, médicos reguladores, médicos intervencionistas,
enfermeiros assistenciais, auxiliares e técnicos de enfermagem.
Além dessa equipe de saúde, em situações de atendimento às urgências relacionadas com as
causas externas ou de pacientes em locais de difícil acesso, deverá haver uma ação integrada com
outros profissionais, com bombeiros militares, policiais militares e rodoviários e outros.
Essa equipe deve trabalhar em conjunto, em busca de um só objetivo, ou seja, o atendimento
sistematizado, dinâmico e com qualidade ao cliente e asua família. 26
A portaria 824/99, adaptada pelo Ministério da Saúde, define que o sistema de atendimento
pré-hospitalar é um serviço médico, sua coordenação, regulação e supervisão direta é a distância e deve
ser efetuada unicamente por médico, tem na Central de Regulação Médica o elemento ordenado e
orientador da atenção pré-hospitalar, sendo o médico regulador o responsável pela decisão técnica em
torno dos pedidos de socorro e decisão gestora dos meios disponíveis.
Diversos pontos de interesse no atendimento pré-hospitalar são discutidos por organizações
médicas, como por exemplo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, que desde julho de 1999 define as
“Diretrizes sobre o Tratamento de Infarto Agudo do Miocárdio”. E, ainda, aborda em parte o atendimento
pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio, demonstrando que um melhor preparo das equipes de
atendimento pré-hospitalar, a eficiência dos treinamentos, o uso de algumas drogas, a assistência via
telefonia, colocação rápida da ambulância junto à vítima e a conscientização da população possivelmente
reduzirão os números de óbito por mal súbito.

4.3 O SOCORRISTA

O socorrista é uma pessoa que foi treinada para prestar o primeiro atendimento e
auxiliar os profissionais do atendimento pré-hospitalar, no local da emergência.
FIGURA 6 – SOCORRISTA

27

FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/ccs/media/cpqam_samu2.jpg>.

Acesso em: 13 set. 2011.

É geralmente a primeira pessoa treinada a entrar em contato com o paciente. Nos


Estados Unidos foi criado um programa de treinamento de socorristas, onde centenas de
pessoas completaram os cursos formais e auxiliam na assistência às emergências e à
manutenção da vida.

Em quase todas as regiões dos EUA, os socorristas tornaram-se parte importante do


sistema de saúde e os cuidados, por eles prestados, reduziram o sofrimento, diminuíram
sequelas adicionais e salvaram muitas vidas. No Brasil, existem diversos cursos de primeiros
socorros para treinamento de socorristas, realizados tanto por instituições privadas quanto
públicas.

4.3.1 Atribuições e Responsabilidades dos Socorristas


A primeira atribuição do socorrista, no local da emergência, é com relação à segurança
pessoal. O desejo de ajudar as pessoas que têm necessidade de atendimento pode favorecer o
esquecimento dos riscos no local. O socorrista deve ter segurança ao aproximar-se da vítima e
permanecer em segurança enquanto presta o atendimento.

Parte das preocupações do socorrista com a sua segurança pessoal está relacionada
com a própria proteção contra as doenças infecciosas. Ao avaliar ou prestar atendimento a 28
vítimas, deve evitar contato direto com o sangue do paciente, fluidos corpóreos, mucosas,
ferimentos e queimaduras. O socorrista tem quatro deveres relacionados aos pacientes, que
devem ser cumpridos no local da emergência. Estes deveres são:

 Ter acesso ao paciente, com segurança e utilizando instrumentos manuais, quando


necessário;
 Identificar o que está errado com o paciente e providenciar a assistência de
emergência necessária;
 Elevar ou mobilizar o paciente apenas quando for preciso e realizar tal
procedimento sem ocasionar lesões adicionais;
 Transferir o paciente e as informações pertinentes para os profissionais do serviço
de emergência.

As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o cumprimento das

seguintes atividades:

 Controlar o local do acidente de modo a proteger a si mesmo, ao paciente e


prevenir outros acidentes;
 Ter certeza de que a central do sistema de emergência foi notificada, permitindo a
chegada dos profissionais no local da ocorrência, com o menor tempo possível;
 Identificar o que está errado com o paciente, utilizando-se das informações obtidas
no local e pelo exame físico do paciente;
 Fazer o melhor possível, dentro de sua capacidade;
 Obter ajuda do pessoal presente no local da emergência e controlar suas
atividades;
 Transferir as informações pertinentes, sobre a ocorrência, para os profissionais do
serviço de emergência;
 Auxiliar os profissionais do serviço de emergência no local da ocorrência e trabalhar 29
segundo sua orientação.
5 AVALIAÇÃO DA CENA

Devemos sempre avaliar a cena de um acidente, pois assim a abordagem da vítima


poderá ser mais eficiente e segura para quem está prestando o socorro, e com isso a vítima terá 30
um atendimento satisfatório. Esse procedimento pode muitas vezes salvar vidas.

No primeiro momento,o socorrista deverá ter ideia do contexto geral da situação, pois
apenas com uma pré-avaliação do local é que ele pode conhecer o tipo de vítima com que está
lidando.

O socorrista na sua pré-avaliação deverá classificar a cena de forma simples em:

 Emergência clínica: Infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, mal


súbito ou outras afecções clínicas.
 Trauma: Acidentes automobilísticos, fraturas, quedas, queimaduras, etc.

FIGURA 7 – AVALIANDO A CENA

FONTE: Disponível em: <http://rmtonline.globo.com/banco_imagens_novo/noticias/%7B0485B56F-CCBB-4212-


8698-25859A854E69%7D_acidente_Chapada_carro_600.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
A avaliação da cena também é importante para que o socorrista possa dimensionar os
riscos potenciais existentes na cena, prevenindo assim que a pessoa que for realizar o primeiro
atendimento não se torne mais uma vítima da ocorrência.

Cinco etapas na fase de avaliação da cena devem ser verificadas, com o objetivo de
diminuir os riscos e promover um socorro eficiente até a chegada do socorro especializado.São
elas: 31

 Segurança: É necessário avaliar se a cena é segura para que as vítimas possam


ser abordadas, e assim procurar tornar o ambiente adequado para o atendimento.
Por exemplo, no caso de acidentes automobilísticos, deve-se sinalizar o local
evitando assim que ocorra um atropelamento da equipe de resgate.

 Cinemática: Verificar como o acidente ocorreu ou no caso de uma emergência


clínica verificar o que aconteceu com a vítima, perguntando a ela, se estiver
plenamente consciente, ou a pessoas próximas que testemunharam o mal súbito.
Caso não consiga colher essas informações iniciais deve-se adotar procedimentos
de primeiros socorros.

 Bioproteção: Devemos evitar possíveis infecções por meio do contato direto com
os fluidos corporais das vítimas, usando equipamentos de proteção individual, como
por exemplo, luvas de procedimentos e máscaras. Se não existem equipamentos
de proteção individual, devemos abortar os primeiros socorros, realizando apenas
procedimentos seguros.

 Apoio: Devemos procurar auxílio de pessoas próximas da cena, para que estas
possamajudarna organização do espaço necessário para o atendimento a vítimas,
chamando o socorro médico especializado, orientando o trânsito de veículos,
mantendo a ordem e a calma entre as outras pessoas. Se não houver pessoas por
perto, o atendimento deve serrealizadocom o máximo de agilidade e tranquilidade.

 Triagem: Realizada com o objetivo de calcular a quantidade de vítimas envolvidas


na ocorrência e o estado clínico de cada uma.

O dimensionamento da cena poderá ser iniciado mesmo antes da chegada da equipe 32


de resgate no local da ocorrência. Os socorristas poderão antecipar as prováveis condições da
vítima por meio das informações repassadas pelocentro de comunicações.

É importante que seja repassada à equipe de resgate informações como:

 A localização exata da emergência;


 A natureza da emergência;
 O número de pessoas envolvidas;
 A existência de perigos no local da ocorrência.
Após identificar os perigos potenciais do local, o socorrista deverá iniciar o
gerenciamento dos riscos presentes e o controle destes riscos. Esta tarefa inclui medidas já
comentadas anteriormente, mas que são muito importantes, tais como:sinalização do local,
isolamento, estabilização de veículos, controle de tráfego, desligamento de cabos elétricos
energizados, desligamento de motores automotivos, desativação de sistemas de air bags,
remoção de vítimas em situação de risco iminente, entre outros.

É importante que o socorrista seja capaz de estabelecer uma associação entre o


cenário do acidente e o padrão de lesões produzidas por ele. A capacidade de avaliar o cenário
de um acidente, identificando os mecanismos físicos ou as forças que atuaram na produção de
lesões, constitui uma habilidade importante para qualquer socorrista, pois propiciará que ele
identifique lesões potenciais, associadas ao padrão de transferência de energia em
determinadas situações, mesmo que a vítima não apresente sinais externos evidentes de
trauma.

Para isso, o socorrista deverá conhecer os conceitos básicos da mecânica aplicada ao


trauma, ou seja, do processo de avaliação da cena de um acidente para determinar as lesões
que provavelmente estão presentes, com base na força e no movimento envolvido no trauma.

FIGURA 8 – AVALIAÇÃO DA CENA

33

FONTE: Disponível em: <http://www.servesisma.com.br/resg.JPG>. Acesso em: 13 set. 2011.


6 CINEMÁTICA DO TRAUMA

A equipe de resgate que atende uma vítima politraumatizada deve ter dois tipos de
lesões em mente quando se deparar com a ocorrência. O primeiro tipo de lesão é aquele 34
identificado facilmente no exame físico, permitindo tratamento precoce, como por exemplo, uma
hemorragia externa, uma fratura exposta. O segundo tipo de lesão é aquele identificado como
potencial, ou seja, não identificado facilmente no exame físico, mas pode estar presente pelo
mecanismo de trauma sofrido pelo paciente.

Dependendo do grau de suspeita destas lesões pela equipe de resgate, danos menos
aparentes podem passar despercebidos, sendo tratados tardiamente, e trazendo problemas
graves e por muitas vezes irreversíveis à vítima.

Deste modo, ressalta-se a importância de se conhecer a história do acidente. Quando


bem acurada e interpretada pela equipe, tem-se a suspeita de mais de 90% das lesões antes de
ter contato direto com o paciente.

Podemos dizer que a história no trauma divide-se em três fases:

 Pré-impacto: São aqueles eventos que precedem o acidente, tais como ingestão
de álcool e/ou drogas, doenças preexistentes da vítima ou idade. Estes dados terão
influência significativa no resultado final da ocorrência.
 Impacto: Avalia-se o tipo de evento traumático, como por exemplo, um acidente
automobilístico, atropelamento, queda ou perfuração por arma de fogo ou arma
branca. Deve-se estimar a quantidade de energia trocada, ou seja, a velocidade do
veículo, a altura da queda ou o calibre da arma.
 Pós-impacto: Essa fase inicia-se após a vítima ter absorvido a energia do impacto.
As informações levantadas nas fases de pré-impacto e impacto são utilizadas para
conduzir as ações pré-hospitalares na fase de pós-impacto. A ameaça à vida pode
ser rápida ou lenta, dependendo em parte das ações tomadas nesta fase pela
equipe de resgate.

Por exemplo, as informações coletadas pela equipe de resgate a respeito dos danos
externos e internos de um veículo constituem-se em pistas para as lesões sofridas pelos seus
ocupantes. Com esta análise, a identificação das lesões de difícil diagnóstico ou aquelas ocultas
são facilitadas, permitindo tratamento mais precoce reduzindo-se a morbimortalidade das
vítimas. 35

Algumas observações são muito comuns, são fáceis de ser identificadas, tais como:

 Deformidades do volante de direção: Sugere um trauma torácico.

FIGURA 9 – TRAUMA TORÁCICO

FONTE: Disponível em: <http://www.tecnocaronline.com.br/img/dicas_feriado-02.jpg>.

Acesso em: 13 set. 2011.

 Quebra com abaulamento circular do para-brisa: Indica o impacto da cabeça, o que


sugere lesão cervical e craniana.

FIGURA 10 – TRAUMATISMO CRANIANO

36

FONTE: Disponível em: <http://a5.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-


aksnc1/6215_106329806877_53662206877_2056170_1867475_n.jpg. Acesso em: 13 set. 2011.

 Deformidades baixas do painel do carro: Sugere luxação do joelho, quadril ou


fratura de fêmur.

FIGURA 11 – LUXAÇÃO DO JOELHO, QUADRIL OU FRATURA DE FÊMUR

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_FO02u2K5S5Q/SjAK-


8C2fVI/AAAAAAAAAHE/ei7_Vf6jENE/s1600/painel+II.001.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
6.1 ENERGIA E LEIS FÍSICAS

Para que possamos entender e interpretar as informações obtidas na cena do acidente


faz-se necessário considerar algumas leis da física, como por exemplo, a primeira Lei de 37
Newton, que diz que um corpo em movimento ou em repouso tende a ficar neste estado até que
uma energia externa atue sobre ele.

Um corpo em movimento, sendo este movimento retilíneo e uniforme, irá continuar no


seu movimento, com a mesma velocidade, até que haja uma força que o faça alterar o seu
movimento.

Ainda com relação a esta lei podemos acrescentar que a tendência que um objeto tem
para resistir a alterações no seu movimento chama-se inércia e que a massa é a propriedade do
corpo que nos vai permitir especificar qual é a resistência que este oferece à alteração de seu
movimento.

É nesta lei que se baseia o princípio dos cintos de segurança, para evitar que num
acidente os passageiros sejam projetados para fora do veículo devido à inércia.

FIGURA 12 – LEI DA INÉRCIA

FONTE: Disponível em: <http://fikolars.pbworks.com/f/colisao_cinto.jpg>.

Acesso em: 13 set. 2011.


A Lei da conservação da energia afirma que a energia não é criada ou destruída, mas
sim, pode mudar de forma. As formas mais comuns são:

 Mecânica;
 Térmica;
 Elétrica; 38

 Química.

A energia cinética é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade, dividido


por dois.

FIGURA 13 – FÓRMULA DA ENERGIA CINÉTICA

FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_DASlMWE-


Pxw/TFYD_hIUfHI/AAAAAAAAACs/FHE7UpAtcKQ/s320/cin%C3%A9tica+1.png>.

Acesso em: 13 set. 2011.

Portanto, a velocidade é o fator gerador de energia cinética mais importanteque a


massa, ou seja,a energia trocada em um acidente em alta velocidade é muito maior do que uma
em baixa velocidade. Já a diferença da massa dos ocupantes do veículo pouco interfere na
energia de colisão. Uma força é igual ao produto da massa pela sua aceleração ou
desaceleração.
Outro fator que devemos considerar em um acidente é a distância de parada, pois
antes da colisão, o veículo e o passageiro viajam numa mesma velocidade. Durante o impacto,
os dois sofrem uma brusca desaceleração e chegam até a parar. Portanto, quanto maior a
distância de parada, menor será a força de desaceleração sobre o veículo e seus passageiros.

A compressibilidade do material também exerce influência na distância de parada e


consequentemente na força de desaceleração sofrida pelo veículo. Assim que ocorre a 39
compressão do material, há um aumento na distância de parada, absorvendo parte da energia,
impedindo que o corpo absorva toda a energia, diminuindo as lesões no mesmo.

FIGURA 14 – COMPRESSIBILIDADE

FONTE: Disponível em: <http://pitstopbrasil.files.wordpress.com/2009/09/bel-air_malibu_7_640x408.jpg>. Acesso


em: 13 set. 2011.

6.2 CAVITAÇÃO

É o deslocamento violento dos tecidos do corpo humano para longe do local do


impacto, devido à transmissão de energia. Este rápido movimento de fuga dos tecidos a partir da
região do impacto leva a uma lesão por compressão tecidual e também a distância, pela
expansão da cavidade e estiramento dos tecidos.

Este fenômeno gera dois tipos de cavidades ou deformações, são elas:

40
 Cavidade temporária: São formadas no momento do impacto, sendo que os
tecidos retornam a sua posição prévia após o impacto. A cavidade temporária pode
ser encontrada em traumas fechados e em traumas penetrantes, como por
exemplo, ferimento por arma de fogo. Por ser uma cavidade temporária, essa não
está visível quando o socorrista examina a vítima, portanto, avaliar as energias
envolvidas no evento e correlacionar com possíveis lesões são passos
fundamentais na avaliação da biomecânica.

FIGURA 15 – CAVIDADE TEMPORÁRIA

FONTE: Disponível em: <http://0.tqn.com/f/p/440/graphics/images/en/15818.jpg>.

Acesso em: 13 set. 2011.


 Cavidade permanente: São causadas pelo impacto e compressão dos tecidos e
podem ser vistas após o trauma. A diferença básica entre os dois tipos de
cavidades é a elasticidade dos tecidos envolvidos. Quando um motoqueiro bate sua
cabeça contra um obstáculogeram-se múltiplas fraturas de crânio, não permitindo o
retorno dos ossos às suas posições originais, causando um afundamento de crânio.
Isto forma uma cavidade permanente que é facilmente identificável no exame.

41

FIGURA 16 – CAVIDADE PERMANENTE

FONTE: Disponível em: <http://www.chuckhawks.com/energy_transfer_12ga.jpg>.

Acesso em: 13 set. 2011.

6.3 TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA

Transferência de energia é a modificação do tipo de energia, como por exemplo, a


fricção (energia mecânica) contra algum objeto gera calor (energia térmica), ou também apenas
a transferência de energia para um corpo diferente, por meio da primeira lei de Newton.

Para avaliarmos melhor a transferência de energia, temos que estudar dois fatores que
influenciam em sua transferência, a densidade e a área de superfície.

42

6.3.1 Densidade

Quanto mais denso o tecido, maior o número de partículas atingidas, portanto,


poderemos encontrar lesões mais extensas.

Quanto menor a densidade do tecido, menor o número de partículas atingidas, mas


isso não representa diretamente lesões menos extensas, mas menos aparentes. Podemos
encontrar tecidos pouco densos, mas com lesões graves, entretanto, com apresentações
diferentes.

6.3.2 Área de superfície

Quando há transferência de energia, tanto para um tecido muito denso quanto para um
tecido pouco denso, a área de superfície de impacto é determinante para o tamanho da lesão,
contudo, não existirá influência direta na gravidade da lesão.

Por exemplo, um ferimento proveniente de uma lâmina em que sua área de contato
com a pele não é muito grande. No entanto, a trajetória da lâmina pode lesionar grandes vasos,
ocasionando ferimentos com risco de morte.
O conhecimento da ocorrência da transferência de energia e de suas variáveis pela
equipe de resgate tem grande importância prática. Isto pode ser confirmado quando se compara
duas equipes que atendem um motorista que se chocou violentamente contra o volante.

A que conhece cinemática do trauma, mesmo não reconhecendo lesões externas,


saberá que ocorreu uma cavitação temporária e uma grande desaceleração suspeitando de
lesões de órgãos intratorácicos. Com isso, a conduta será mais agressiva, minimizando a 43
morbimortalidade dos pacientes.

Já a equipe que não possui estes conhecimentos, não suspeitará de lesões de órgãos
intratorácicos, retardando o diagnóstico e conduta das mesmas, influenciando diretamente na
sobrevida dos pacientes.
7 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

O exame primário tem por objetivo identificar e manejar situações que ameaçam a vida
desta vítima. Ele é realizado sem movimentar a vítima da sua posição inicial, com exceção dos 44
casos em que haja necessidade de intervir em alguns passos, como por exemplo, na
desobstrução das vias aéreas.

Para avaliar o nível de consciência devemos chamar a vítima ou dando-lhe um


comando vigoroso, em voz alta, tocando-a pelos ombros com cuidado, dizer: "ei, você está
bem?", "o que aconteceu?" ou "abra seus olhos!".

Se a vítima responder, emitindo som, gemido, pronunciando palavras ou obedecendo


ao comando, significa que as vias aéreas estão livres, a respiração e circulação estão presentes.

FIGURA 17 – AVALIANDO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_OFTzR8CWOqI/S_wWr4vQ-


_I/AAAAAAAAAEE/kQDHbwA66kc/s1600/10.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.

Caso não responda, evidenciando a inconsciência, é necessário solicitar AJUDA de um


serviçode atendimento móvel de urgência (SAMU) e um Desfibrilador Externo Automático (DEA).
FIGURA 18 – DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO

45

FONTE: Disponível em:


<http://2.bp.blogspot.com/_Ug0eQeQQUS0/Sp2YTQW1TaI/AAAAAAAAAGo/QvhKlAahETQ/s320/500T.jpg>.
Acesso em: 13 set. 2011.

O momento do pedido de ajuda dependerá do tipo de ocorrência, quando o socorrista


estiver sozinho. Em caso desubmersão ou afogamento, trauma, overdose de drogas e parada
respiratória, o socorrista deve iniciar os procedimentos de ressuscitação durante dois minutos
antes de solicitar ajuda.

Excetuando-se os casos citados acima, o socorrista deve chamar ajuda


imediatamente. Os números de telefone utilizados são:

 193: Serviço de Resgatedo Corpo de Bombeiros;


 192: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Após a avaliação do nível de consciência, ésempre realizado um processo que segue


uma sequência fixa e padronizada, sendo que o socorrista só pode passar para o passo seguinte
após a completa resolução do passo anterior. Na prática, alguns passos podem ser avaliados
simultaneamente.

A sequência padronizada no exame primário é a seguinte:

 C- Circulação; 46
 A- Vias aéreas com controle da coluna cervical;
 B- Respiração;
 D- Avaliação neurológica;
 E- Exposição da vítima.

7.1 CIRCULAÇÃO

Definimos por circulação artificial a compressão torácica externa, ou seja, a massagem


cardíaca. A reanimação cardiopulmonar deverá ser realizada logo que o socorrista identificar que
a vítima não apresenta pulso, caracterizando assim a parada cardíaca.

Quando realizada a avaliação primária, a abordagem busca sinais, entre estes, a


frequência cardíaca denota a parada cardíaca. Em um adulto, é feita pela constatação da
ausência de pulso na artéria carótida ou, na artéria femoral associada à perda de consciência e a
outros sinais periféricos, como palidez, cianose e pele pegajosa.
FIGURA 19 – VERIFICANDO PULSO NA REGIÃO DO PESCOÇO

47

FONTE: Disponível em:<http://www.coracaosaudavel.com/images/abcressu05.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.

A verificação do pulso não deve ultrapassar mais do que cinco ou dez segundos pela
possibilidade dele ser lento, pela sua irregularidade ou por sua amplitude reduzida.

Se existe pulso, porém a respiração é ausente, após as duas ventilações iniciais, elas
devem ser continuadas na frequência de uma ventilação a cada cinco segundos.

Se caracterizada a parada cardíaca, deve-se imediatamente chamar por auxílio de


"socorro especializado" sem abandono da vítima e prontamente iniciar a compressão torácica
externa.

O paciente deve estar em decúbito dorsal horizontal, apoiado numa superfície rígida
como o solo, uma tábua ou uma bandeja de servir de tamanho apropriado, interposta entre o
doente e o leito.
FIGURA 20 – LOCAL CORRETO PARA REALIZAÇÃO DA MASSAGEM CARDÍACA

48

FONTE: Disponível em:<http://portal.ua.pt/projectos/mermaid/prisocorros.htm> Acesso em: 13 set. 2011.

 O socorrista posiciona a vítima em decúbito dorsal (deitada de costas);


 Encontre a posição na metade inferior do esterno, entre os mamilos;
 Coloque a palma de uma mão (com os dedos estendidos) sobre esse local;
 Coloque a palma da outra mão (com os dedos estendidos) em cima da primeira.

FIGURA 21– POSIÇÃO DAS MÃOS PARA REALIZAÇÃO DA

MASSAGEM CARDÍACA

FONTE: Disponível em:<http://portal.ua.pt/projectos/mermaid/prisocorros.htm>.Acesso em: 13 set. 2011.


 Posicione seu corpo diretamente sobre suas mãos. Os ombros devem ficar
“olhando” para as mãos;
 Inicie as compressões;
 Pelo menos trinta compressões para cada duas ventilações;
 Realize o ciclo de compressões e ventilações por pelo menos cinco ciclos
ininterruptos ou até que o resgate especializado chegue ao local do atendimento.
49

FIGURA 22– MASSAGEM CARDÍACA

FONTE: Disponível em:<http://portal.ua.pt/projectos/mermaid/prisocorros.htm>. Acesso em: 13 set. 2011.

Os braços do socorrista devem permanecer em extensão com as articulações dos


cotovelos fixas, transmitindo ao esterno da vítima a pressão exercida pelo peso dos seus ombros
e tronco, reduzindo a fadiga. A pressão aplicada deve ser suficiente para deprimir o esterno em
de cinco centímetros no adulto.

Ao realizar as compressões elas deverão ser rítmicas e regulares, seguindo-se


imediatamente o relaxamento de igual duração, aliviando totalmente a pressão, permitindo ao
tórax retornar a sua posição normal, sem, entretanto, retirar as mãos.

Tal movimento permite o enchimento das câmaras cardíacas para redistribuição do


sangue pelo organismo, atingindo enfim as perspectivas das manobras de RCP.

A sequência destas manobras não deve ser interrompida. A respiração artificial e a


massagem cardíaca externa devem ser associadas, para uma reanimação efetiva.
50
Caso atenda sozinho à vítima, serão trinta compressões para cada duas ventilações.
Em dois socorristas a ideia é a mesma, mas não há a necessidade de parar a massagem para
realizar as ventilações.

Após quatro ou cinco ciclos de compressão e ventilação, que deve durar


aproximadamente um minuto, aconselha-se a reavaliação de presença de pulso e de respiração
espontânea, repetindo-se as reavaliações a cada três minutos.

Durante a parada cardíaca, a massagem cardíaca realizada de modo apropriado pode


produzir uma onda de pressão sistólica próximo a 100 mmHg, entretanto, a pressão diastólica é
ao redor de zero, resultando, assim, uma pressão média de 40mmHg que irá representar a
pressão de perfusão em grandes vasos, ou seja, 1/3 a 1/4 do normal.

Essa situação de fluxo em nível crítico impõe ao socorrista uma eficiência e exige uma
constância nas compressões.

7.2 VIAS AÉREAS COM CONTROLE DA COLUNA CERVICAL

A causa mais comum de obstrução de vias aéreas em pacientes inconscientes é o


relaxamento da musculatura da língua, que se projeta para o fundo da garganta ou orofaringe
impedindo a passagem de ar nas vias aéreas superiores e inferiores.

Para restabelecer a permeabilidade das vias aéreas superiores, devemos


simplesmente remover corpos estranhos ou realizar a elevação da mandíbula. A possibilidade de
lesão na coluna cervical deve ser sempre considerada, portanto, movimentos bruscos,
excessivos ou aplicados com uma força desproporcional poderá causar lesões neurológicas
irreversíveis na coluna cervical, como por exemplo, uma tetraplegia.

A cabeça e o pescoço da vítima nunca devem ser hiperestendidos ou mesmo fletidos


para manter ou estabelecer uma via aérea permeável. Para que possamos verificar se esta via
aérea não está obstruída devemos solicitar à vítima que ela fale. Caso a vítima não consiga falar, 51
observamos que esta vítima possui uma alteração do nível de consciência. Caso a vítima
atenda a solicitação, podemos considerar que esta via aérea está livre, com a ventilação e
perfusão cerebral mantidas, devido à passagem de ar por esta via aérea.

Se a vítima apresentar rouquidão ou falta de voz significa que deve haver um


comprometimento das vias aéreas superiores, ou seja, uma obstrução.Avaliar e controlar as vias
aéreas são condutas rápidas e simples, não necessitando inicialmente de nenhum equipamento,
portanto estas técnicas manuais de desobstrução e controle ou estabilização da coluna cervical
não devem ser retardadas a espera do socorro especializado.

A obstrução das vias aéreas pode ser causada por:

 Objetos sólidos;
 Queda da língua;
 Líquidos.

Os principais sintomas apresentados pela vítima com obstrução das vias aéreas são:

 Tosse;
 Respiração ruidosa;
 Movimentos respiratórios alterados;
 Cianose (extremidades roxas).

Para realizarmos o controle das vias aéreas podemos realizar as seguintes técnicas:
 Manobra tríplice ou elevação da mandíbula.

FIGURA 23– ELEVAÇÃO DA MANDÍBULA

52

FONTE: Disponível em:<http://www.sbp.com.br/img/cursos/curso_suporte/fig02-05.gif>.

Acesso em: Acesso em: 13 set. 2011.

 Manobra de tração da mandíbula.


FIGURA 24 – TRAÇÃO DA MANDÍBULA

53

FONTE: Disponível em:<http://www.concursoefisioterapia.com/2010/02/manobra-de-tracao-de-mandibula-jaw.html


>. Acesso em: Acesso em: 13 set. 2011.

 Inserção de uma cânula orofaríngea.

FIGURA 25 – INSERÇÃO DA CÂNULA DE GUEDEL

FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_P-


MzoBY5JIc/S1djluYhWBI/AAAAAAAAAsk/lI3bPhqETck/s400/canula+guedel.JPG>. Acesso em: 13 set. 2011.
Uma vez realizado o controle ou a estabilização da coluna cervical, não podemos em
hipótese alguma liberá-la, até que esta seja imobilizada definitivamente com o colar cervical ou
com outro dispositivo que evite o movimento tanto lateral, como de flexão da cabeça.

54
7.3 DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

O reconhecimento rápido da obstrução das vias aéreas determinará se esta vítima será
socorrida rapidamente ou se ela evoluirá para o óbito. A obstrução poderá ser parcial, quando
não há a completa interrupção do fluxo de ar, ou total, quando há uma completa interrupção do
fluxo de ar das vias aéreas superiores para as vias aéreas inferiores, estabelecendo assim, as
trocas gasosas.

A troca ineficiente de ar é indicada pela presença de:

 Tosse ineficaz e fraca;


 Ruídos respiratórios gementes ou estridentes;
 Dificuldade respiratória;
 Cianose.

Os métodos de desobstrução das vias aéreas variam de acordo com o tipo de objeto
que está causando a obstrução. Caso a vítima apresente uma obstrução das vias aéreas por
sólidos, devemos realizar:

 Remoção manual do objeto;


 Compressões torácicas.

Caso ocorra a obstrução por líquidos, devemos realizar:


 Aspiração das vias aéreas;
 Rolamento 90º para que o líquido seja retirado pela boca evitando assim sua
aspiração para os pulmões.

7.4 MANOBRA DE HEIMLICH 55

A manobra de Heimlich é o melhor método pré-hospitalar de desobstrução das vias


aéreas superiores por um corpo estranho. Esta manobra foi descrita pela primeira vez pelo
médico Henry Heimlich, em 1974, que induz uma tosse artificial, que vai expelir o objeto da
traqueia da vítima.

Uma pessoa sozinha consegue realizar a técnica correta e desobstruir a via aérea,
posicionando suas mãos na região abdominal e exercendo uma pressão sobre o final do
diafragma, comprimindo indiretamente a base dos pulmões e expelindo o objeto causador da
obstrução.

As compressões abdominais devem ser realizadas da seguinte forma:

Vítima em pé:

 Ficar atrás da vítima;


FIGURA 26 – MANOBRA DE HEIMLICH

56

FONTE: Disponível em: <http://www.lxjovem.pt/index.php?id_tema=473>. Acesso em: 13 set. 2011.

 Posicionar uma de suas pernas entre as pernas da vítima, servindo de base caso
ela desmaie;
 Colocar o braço em volta da cintura da mesma;

FIGURA 27– POSIÇÃO DAS MÃOS

FONTE: Disponível em: <http://www.lxjovem.pt/index.php?id_tema=473>. Acesso em: 13 set. 2011.


 Fechar uma mão e colocar o lado do polegar contra o abdômen da vítima entre a
cicatriz umbilical e o apêndice xifoide;

FIGURA 28– POSIÇÃO DAS MÃOS

57

FONTE: Disponível em: <http://www.lxjovem.pt/index.php?id_tema=473>. Acesso em: 13 set. 2011.

 Com a outra mão envolver a mão fechada e pressionar o abdômen da vítima;

FIGURA 29– POSIÇÃO DAS MÃOS

FONTE: Disponível em: <http://www.lxjovem.pt/index.php?id_tema=473>. Acesso em: 13 set. 2011.


 Puxar ambas as mãos em sua direção, com um rápido empurrão para cima e para
dentro, comprimindo a parte superior do abdômen com a base do pulmão,
expulsando o ar e movimentando o objeto causador da obstrução;
 Realizar cinco vezes a manobra com uma compressão firme e vigorosa, suficiente
para movimentar o objeto e desobstruir as vias aéreas;
 Caso a vítima fique inconsciente, a manobra deverá ser interrompida e deve-se
iniciar a reanimação cardiorrespiratória. 58

Se a vítima estiver deitada ou inconsciente:

 A vítima deve ser colocada em decúbito dorsal, ou seja, com as costas no chão;
 Ajoelhar-se por cima da coxa da vítima ou posicionar-se lateralmente a ela;
 Colocar a segunda mão diretamente sobre a primeira e realizar a compressão
abdominal;

FIGURA 30 – COMPRESSÃO ABDOMINAL

FONTE: Disponível em: <http://csaudeesp.blogspot.com/>. Acesso em: 13 set. 2011.


 Observar se o objeto foi expulso.

Em vítimas obesas ou grávidas devemos realizar os seguintes procedimentos:

 Posicionar-se atrás do paciente; 59


 Posicionar uma de suas pernas entre as pernas da vítima;
 Posicionar as mãos acima do apêndice xifoide;
 Realizar as compressões abdominais;
 Verificar se o objeto foi expulso.

A desobstrução de vias aéreas em crianças menores que um ano deve ser realizada
da seguinte forma:

 Deitar a criança de bruços sobre o braço;


 Apoiá-la na palma da mão, de cabeça para baixo;
 Bater nas costas com as mãos em concha;
 Verificar se o objeto foi expulso.

7.5 RESPIRAÇÃO

Anteriormente havia uma recomendação para que os movimentos respiratórios fossem


avaliados pelo procedimento ver, ouvir e sentir, porém não há mais esta necessidade.

O socorrista deve priorizar a qualidade da massagem cardíaca, ou seja, realizar o ciclo


com trinta compressões e abrir a via aérea e aplicar duas ventilações.
A respiração boca a boca só deve ser realizada nas seguintes situações:

 Em situações de afogamento;
 Traumatismos;
 Em crianças e bebês.
60

Existem estudos comprovando que a massagem cardíaca realizada corretamente e


ritmada é suficiente para manter a vítima viva até a chegada de socorro profissional sem a
utilização da respiração boca a boca.

No caso de crianças e bebês, afogamento ou traumatismos, a massagem cardíaca se


faz em sintonia com a respiração bocaaboca, porém em situações de parada cardíaca em
adultos apenas a massagem cardíaca deve ser feita, até que os socorristas cheguem para levar
a vítima ao hospital.

7.6 AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA

Na avaliação neurológica, o socorrista deve avaliar o estado de consciência da vítima.


Pode-se usar a sequência AVDS, como descrito a seguir:

 A: Alerta;
 V: Responde a estímulos verbais;
 D: Responde a estímulos dolorosos;
 S: Sem resposta.

Se a vítima estiver consciente, pergunte nome, telefone paracontato e endereço. Faça


também perguntas que você possaavaliar se ela está respondendo com coerência.

Por exemplo: Que dia é hoje? É dia ou é noite? Converse com ela, procure acalmá-la e
pergunte onde sentedores e em caso de suspeita de fratura da coluna, pergunte seestá sentindo
os braços e as pernas.

Se ela não se comunicar, veja se reage ao estímulo verbal e se não houver resposta,
veja se a vítima reage ao um estímulo tátil oudoloroso.Caso esteja inconsciente, abra os olhos 61

dela e verifique aspupilas.O estado das pupilas pode significar:

 Normais: normalmente não há lesões neurológicas aparentes e oxigenação está


presente.
 Pupilas diferentes: uma normal e a outra dilatada significa presença de lesão
neurológica. O socorrista deve intensificar a avaliação, pois pode haver parada
cardiorrespiratória.
 Se as duas pupilas estiverem dilatadas: significa parada cardiorrespiratória há
mais de um minuto. Também pode haver lesão neurológica.

Nesse caso, o socorrista deve iniciar imediatamente as manobras de ressuscitação.


Sempre que a vítima estiver inconsciente, deve-se desconfiarde fratura da coluna vertebral ou de
parada cardiorrespiratória. Nesse caso, movimente a vítima o mínimo possível,
protegendosempre a coluna

A escala de coma de Glasgow deve ser usada. Lembrando que esta é uma escala
neurológica que constitui um método confiável e objetivo de registrar o nível de consciência de
uma pessoa para avaliação inicial e contínua após um traumatismo craniano.

Seu valor também é utilizado no prognóstico do paciente e é de grande utilidade na


previsão de eventuais sequelas. Segue abaixo a escala completa:
TABELA 5 – ESCALA DE COMA DE GLASGOW

VARIÁVEIS ESCORE
Abertura ocular Espontânea 4
À voz 3
À dor 2
Nenhuma 1 62
Resposta verbal Orientada 5
Confusa 4
Palavras inapropriadas
Palavras 3
incompreensivas
Nenhuma 2
1
Resposta motora Obedece aos comandos
Localiza dor 6
Movimento de retirada 5
Flexão anormal
Extensão anormal 4
Nenhuma 3
2
1

O escore máximo permitido pela escala é quinze pontos e o mínimo de três pontos. Se
o paciente apresentar uma pontuação de oito pontos ou menos, a intubação orotraqueal está
indicada.

Pontuação total: de 3 a 15

3 = Coma profundo (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo);


4 = Coma profundo;

7 = Coma intermediário;

11 = Coma superficial;

15 = Normalidade.

63

Classificação do trauma cranioencefálico:

3-8 = Grave (necessidade de intubação imediata);

9-12 = Moderado;

13-15 = Leve.

7.7 EXPOSIÇÃO DA VÍTIMA

Sendo assim, para que um diagnóstico diferencial mais preciso seja realizado, é
preconizado que dentre o C-A-B-D-E dos primeiros socorros, o “E” refere-se à exposição da
vítima.

Quando estabilizadas respiração e circulação, iniciamos a exposição da vítima para


verificar se existem outros ferimentos, complicações e situações a serem resolvidas.

Lembre-se que tal procedimento deverá ser realizado com cautela e precaução a fim
de evitar maiores dolos na vítima já fragilizada. Todo movimento realizado, principalmente se em
pós-trauma, deverá atender normas de manipulação assegurando a assistência prestada.

A busca por outras e/ou maiores lesões pode no momento da primeira assistência
salvar a vida da vítima.

Em primeiros socorros, chamamos de “a hora de ouro” a primeira hora de atendimento,


portanto, se o socorrista fizer o seu melhor, a probabilidade desta vítima ter sua vida prolongada
é grande.

64

7.8 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

7.8.1 Vítima com capacete

A retirada do capacete deve ser realizada por dois socorristas treinados. O primeiro
passo é posicionar a vítima em decúbito dorsal, ou seja, posição supina, por meio do rolamento
em bloco.

Um socorrista posiciona-se atrás da cabeça da vítima, abre a viseira e segura cada


lado do capacete com os dedos estabilizando a mandíbula. O outro socorrista mantém a
estabilização da coluna cervical, colocando os dedos polegar no ângulo da mandíbula de um dos
lados e o indicador e médio no outro lado. A outra mão mantém a imobilização do pescoço,
apoiando a região cervical.

A seguir, o socorrista que segura o capacete pelas laterais, força a sua abertura
liberando as orelhas e traciona-o delicadamente, enquanto o outro socorrista mantém a
estabilização do pescoço para evitar a inclinação da cabeça.

Após a retirada do capacete, os socorristas devem manter a imobilização da coluna


cervical manualmente até obter dispositivo que o faça.
FIGURA 31– RETIRANDO O CAPACETE DE FORMA CORRETA

65

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-


u1Xw93nGPj8/TdfrQRgx9oI/AAAAAAAAAJU/CMpOSNXQQxk/s400/capacete5.gif.

Acesso em: 13 set. 2011.

7.8.2 Vítima presa em ferragem

Em caso de acidente automobilístico com vítima presa entre as ferragens, não


movimente o acidentado, pois isso poderá agravar seu estado. Sinalize o local para evitar novos
acidentes e solicite ajuda imediatamente a um serviço móvel de urgência.
FIGURA 32– VÍTIMA PRESA NAS FERRAGENS

66

FONTE: Disponível em: < http://2.bp.blogspot.com/_XNH-


UIyc1zU/TEFVDmH8q0I/AAAAAAAACoU/oaQspTh_7ng/s1600/moto_ferragens.jpg. Acesso em: 13 set. 2011.
8 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

É o exame realizado após o exame primário, ou seja, após o C-A-B-D-E e tem por
finalidade examinar todo o corpo por meio da palpação e inspeção. Esta avaliação é composta 67
pela avaliação objetiva, ou seja, o exame físico da cabeça aos pés, controle dos sinais vitais e
avaliação subjetiva caracterizada pela entrevista. É realizada somente após o término da
avaliação primária ou das manobras de ressuscitação cardiopulmonar, quando instituídas e
obtido sucesso.

Tem por objetivo a detecção de lesões que embora graves não impliquem risco
iminente de morte. Ao iniciá-la em vítimas com história de trauma, é necessária a manutenção
da estabilização da coluna cervical por meio manual ou com dispositivos durante todo o
procedimento.

Para iniciar essa avaliação, o socorrista deverá expor a vítima somente o necessário,
respeitando sua intimidade e protegendo-a contra os efeitos da hipotermia.

As informações levantadas no exame da cabeça aos pés, associadas ao mecanismo


do trauma auxiliam o socorrista na detecção ou suspeita de situações graves como, por
exemplo, uma hemorragia interna. Deve-se olhar para a vítima, buscando sinais ou lesões
aparentes.

A vítima poderá assumir uma posição que demonstre que ela está com dor, segurando
ou apontando para determinado membro ou região do corpo ou ainda permanecendo sentada
com o objetivo de melhorar a respiração.

A entrevista é feita simultaneamente, levantando informações obtidas junto ao próprio


paciente ou às testemunhas que se encontram no local. Com essas informações podem-se obter
detalhes da história ou do mecanismo de trauma, queixas e sintomas que o paciente relata.

Em vítimas conscientes, o socorrista deve identificar-se explicando os procedimentos


que irá realizar com a vítima. Após esse primeiro contato, o socorrista deve perguntar o nome da
vítima, tratando-a sempre pelo seu nome. Segue a avaliação perguntando idade, endereço, data
e com isso avaliando se as respostas estão corretas, demonstrando que a vítima apresenta um
nível de consciência e oxigenação cerebral adequada.

Entretanto, a vítima poderá estar confusa sendo necessária uma abordagem mais
detalhada indicando ao socorrista possíveis lesões e situações graves. A entrevista com a vítima 68
deve ser rápida e direcionada, devendo-se questionar a vítima quanto à:

 Presença de dor;
 Sensação de formigamento;
 Calor ou perda da sensibilidade em alguma parte do corpo;
 Doença;
 Uso de medicamentos;
 Alergias a remédios ou a algum tipo de alimento;
 Quando foi a última refeição;
 Uso de substâncias como álcool ou drogas ilícitas.

Todas estas informações são importantes para a agilidade no tratamento da vítima e


para que o socorrista possa priorizar suas atitudes. Na vítima de acidente, além dos
questionamentos anteriores é de grande importância a determinação do mecanismo de trauma,
tentando estabelecer a intensidade de impacto sofrido.

Algumas situações devem ser avaliadas rapidamente, determinando as possíveis


lesões, são eles:

 Capotamento;
 Ejeção da vítima do veículo;
 Uso de cinto de segurança;
 Uso de capacete;
 Posição no veículo;
 Deformidade do veículo.
Estas informações a respeito do evento são importantes na condução do atendimento,
partindo sempre da queixa principal, direcionando a entrevista e a assistência que deverão ser
feitas simultaneamente, durante a avaliação da vítima.

Na inspeção devem ser pesquisados:

69

 A cor da pele;
 Simetria;
 Alinhamento;
 Deformidade;
 Sangramento.

Na palpação deverá ser pesquisado:

 Deformidade;
 Rigidez;
 Flacidez.

O exame secundário deve ser realizado obedecendo à seguinte sequência:

 Cabeça;
 Pescoço;
 Olhos;
 Orelhas e nariz;
 Boca;
 Tórax;
 Abdômen;
 Cintura pélvica;
 Membros inferiores;
 Membros superiores;
 Dorso.

8.1 CABEÇA 70

Palpe o crânio com os polegares fixos na região frontal, examine os olhos procurando
por objetos estranhos. Verifique se as pupilas estão normais, dilatadas, contraídas ou desiguais.

Normalmente apresentam o mesmo diâmetro, ou seja, devem estar do mesmo


tamanho.

FIGURA 33 – EXAME DO CRÂNIO

FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_YQ-


op14RPUo/TTQz1T0XW2I/AAAAAAAAB_c/sYtxHs2Tg9s/s1600/9-A.JPG>. Acesso em: 13 set. 2011.
8.2 PESCOÇO

A coluna cervical deve ser mantida imobilizada manualmente ou por utilização de colar
cervical durante todo o exame. Realizar a palpação na coluna cervical verificando o seu 71
alinhamento. Verificar na região anterior se há desvio de traqueia, lesões ou sangramentos.

8.3 OLHOS

Verifica-se a presença de cortes, queimadura de pálpebras e cílios ou objeto


encravado. Atentará coloração ao redor dos olhos, como presença de hematoma, pois indica
possível trauma craniano.

Nesse momento, as pupilas são avaliadas quanto ao tamanho, simetria e reação à luz.
Normalmente, são do mesmo tamanho e reagem com contração na presença de luz.

Quando se apresentam do mesmo tamanho, são denominadas isocóricas. Quando são


desiguais são chamadas de anisocóricas, situação que pode ocorrer no traumatismo craniano
encefálico ou no acidente vascular cerebral.

As pupilas poderão estar contraídas ou dilatadas por ação de drogas, iluminação ou


ausência de oxigenação cerebral. São denominadas mióticas quando estão contraídas e
midriáticas quando estão dilatadas.

8.4 ORELHA E NARIZ


Inspecionar quanto à saída de sangue ou líquido cefalorraquidiano por essas
estruturas. Se positivo, indica possível fratura de ossos do crânio. Verifica-se ainda a simetria,
presença de lesões e edema.

O líquido cefalorraquidiano é um líquido transparente que circula entre as meninges


aracnoide e pia-máter, e sua principal função é proteger o cérebro, agindo como amortecedor de
choques mecânicos aplicados principalmente na cabeça. 72

8.5 BOCA

Promove-se a abertura da boca, a fim de identificar e remover corpos estranhos que


poderão obstruir as vias aéreas como sangue, secreções, próteses dentárias, dentes soltos ou
restos alimentares. Os lábios, gengivas e língua devem ser observados quanto à coloração e
presença de edema e ferimentos.

8.6 TÓRAX

Com a mão espalmada e com os dedos entrelaçados, realizar a palpação a procura de


lesões nos arcos costais, procurar ferimentos e reação à dor. Deve-se inspecioná-lo em busca
de edema, assimetria, ferimentos, deformidades, retrações, objetos encravados ou fraturas.

Observar, também, se a expansão do tórax durante a respiração ocorre da mesma


forma em ambos os lados, palpar as clavículas e costelas buscando deformidades, crepitações
ósseas, áreas dolorosas ou mesmo ferimentos com fraturas expostas e enfisema subcutâneo.

8.7 ABDÔMEN

73

Realizar a palpação com a espalmada e com os dedos entrelaçados, buscando áreas


de sensibilidade, flacidez e rigidez. Devem ser examinados os quatro quadrantes do abdômen
em busca de hematomas, equimoses, abrasões, ferimentos abertos ou objetos encravados.

Procura-se distensão, rigidez ou dor à palpação superficial, delimitando qual o


quadrante abdominal acometido. Este dado é importante, pois auxilia o socorrista a suspeitar de
hemorragia interna, caso a vítima esteja apresentando sinais de choque hemorrágico,
associando os achados do exame físico aos sinais vitais apresentados com o mecanismo do
trauma.

Os quadrantes nos quais pode ser dividido o abdômen são:

 QSD: Quadrante superior direito;


 QSE: Quadrante superior esquerdo;
 QID: Quadrante inferior direito;
 QIE: Quadrante inferior esquerdo.

O quadrante superior direito contém órgãos como o fígado, a vesícula biliar, parte do
intestino grosso e o rim direito. No quadrante superior esquerdo há o estômago, o baço, o
pâncreas, parte do intestino grosso e o rim esquerdo.

O ovário direito e parte do útero em mulheres, o apêndice vermiforme, parte do


intestino grosso, o ureter direito e a bexiga urinária estão contidos no quadrante inferior direito.
No quadrante inferior esquerdo estão localizados parte do intestino grosso, o ovário esquerdo e
parte do útero e da bexiga urinária.

Deve-se observar se a vítima assume posição que demonstre que ela esteja com dor,
sendo assim, o socorrista poderá aliviar a dor abdominal, orientando a vítima a flexionar os
joelhos e quadril, mantendo-a aquecida.

Vítimas com história de trauma deverão permanecer em posição supina sem flexionar 74

as pernas, mantendo o alinhamento de toda coluna vertebral e a imobilidade da coluna cervical.

8.8 DORSO

Realizar manobras de rolamento para examinar as costas. Observar o alinhamento da


coluna cervical se há deformidades ou ferimentos. Palpar a coluna em busca de edema,
hematoma ou crepitação.

Após realizar o exame secundário, realize todos os curativos, imobilizações e outros


procedimentos, antes de remover a vítima. Durante todo o exame mantenha-se atento aos
passos do exame primário.

O socorrista deve palpar com delicadeza a coluna vertebral por intermédio da curvatura
natural da cintura até onde a mão alcançar sem movimentar a vítima. Pesquisar regiões
dolorosas, com edema, afundamentos ou deformidades ósseas, hematomas e ferimentos. É
difícil determinar fraturas da coluna vertebral, pois muitas vezes os sintomas se confundem, e a
queixa de dor da vítima é em outra região.
8.9 PELVE

Busca-se por alterações que, com frequência, estão relacionadas com fraturas da
pelve como hematomas, deformidade articular no quadril, sangramento pelo ânus, vagina ou 75
uretra.

O exame é feito palpando-se levemente as cristas ilíacas, enquanto se investiga a


ocorrência de crepitação óssea, dor ao procedimento ou instabilidade da cintura pélvica.

A crista ilíaca faz parte do osso do quadril denominado ílio e é a extremidade superior
expandida e pode ser palpada em toda sua extensão, bilateralmente. A ocorrência de
incontinência urinária ou fecal e priapismo, em homens, são sinais sugestivosde lesão na medula
espinhal, decorrente de fratura ou deslocamento da coluna vertebral. O priapismo é
caracterizado por ereção peniana prolongada, sem estimulação sexual, frequentemente,
causada por lesão medular.

8.10 MEMBROS INFERIORES

Inspecionar e palpar a coxa até os pés, observando o alinhamento, deformidade e


rigidez, buscando lesões e ferimentos. Devem ser pesquisados também:

 Hematomas;
 Sangramentos;
 Deformidades;
 Espículas ósseas.
Palpar toda a extensão do membro, buscando deformidades como:

 Angulações;

 Encurtamentos;
 Edema; 76

 Espasmo muscular;
 Crepitação óssea;
 Aumento de volume,
 Abrasões;
 Palidez;
 Cianose nas extremidades.

A cianose é caracterizada por um tom azulado da pele ou mucosas, manifestada por


tecido com baixa oxigenação, em razão da diminuição de irrigação sanguínea ou da oxigenação.
O socorrista deve avaliar a circulação distal à lesão, verificando a temperatura, cor da pele,
enchimento capilar, e pulso da extremidade lesada.

Para verificar o enchimento capilar deve-se comprimir e soltar rapidamente o leito das
unhas e polpas digitais. Quando há circulação normal, o retorno sanguíneo é de um e meio a
dois segundos, se estiver retardado, ou seja, maior que dois segundos, indicando que a
circulação está lenta.

Se a circulação estiver ausente, esses locais permanecem descorados após a


compressão. A avaliação da artéria tibial posterior é importante nos casos em que pode haver
fratura nos membros inferiores.

Esta artéria é o maior ramo terminal da artéria poplítea e sua porção inferior pode ser
palpada posteriormente ao maléolo medial, exercendo leve pressão contra a proeminência óssea
da extremidade inferomedial da tíbia.

Testar movimentos e sensibilidade solicitando à vítima que faça movimentos com os


dedos dos pés, e que empurre a mão do socorrista com o pé, aplicando um estímulo na região
plantar de um dos pés e solicitando que a vítima identifique qual pé foi estimulado, alternando-
os.

FIGURA 34 – PALPAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES

77

FONTE: Disponível em:


<http://4.bp.blogspot.com/_7H9r_7bo6nc/SyBogqF3OoI/AAAAAAAABRU/6WCBl455zZY/s400/palpa%C3%A7%C3%
A3o+tibial.JPG>. Acesso em: 13 set. 2011.

8.11 MEMBROS SUPERIORES

Inspecionar e palpar dos ombros até as mãos, observando o alinhamento, deformidade


e rigidez. Buscar lesões e ferimentos. Inicia-se inspecionando e palpando a partir dos ombros até
os dedos das mãos, pesquisando:

 Presença de abrasões;
 Hematomas;
 Ferimentos;
 Espículas ósseas;
 Aumento de volume;
 Deformidades;
 Palidez;
 Cianose de extremidades. 78

O socorrista deve avaliar a circulação, investigando os seguintes eventos:

 Temperatura;
 Cor da pele;
 Enchimento capilar;
 Presença de pulso radial bilateralmente, atentando-se à simetria e amplitude do
pulso.

Devemos avaliar também os movimentos e sensibilidade, solicitando à vítima que faça


movimentos com as mãos e os dedos ou que lhe aperte a mão. A sensibilidade é testada
solicitando que a vítima identifique a região que está sendo estimulada.

Relembrando que na avaliação primária o socorrista deve avaliar e corrigir as situações


que coloquem em risco imediato a vida da vítima, ou seja, situações que afetam diretamente as
funções vitais das vítimas.

Já na avaliação secundária o socorrista deve avaliar e corrigir situações que não


colocam a vítima em perigo imediato de vida, mas que podem agravar o estado da vítima se não
forem corrigidas.
9 RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E CEREBRAL

O termo Reanimação Cardiorrespiratória e Cerebral (RCRC) vem sendo inserido na


prática profissional, em substituição ao termo Reanimação Cardiopulmonar (RCP). 79
A ressuscitação cardiorrespiratória e cerebral é um conjunto de medidas utilizadas no
atendimento a vítima de parada cardiorrespiratória. O atendimento correto exige, na maioria dos
casos, o emprego de técnicas adequadas para o suporte das funções respiratórias e
circulatórias.
É uma técnica desenvolvida em casos de urgência e emergência e qualquer
interrupção ou suspensão da respiração espontânea constitui uma ameaça à vida da vítima.
A aplicação imediata das medidas de ressuscitação cardiorrespiratória e cerebral é
uma das atividades que exige conhecimento, treinamento e sua execução deve ser feita com
técnica, seriedade e disposição.
A probabilidade de execução da ressuscitação cardiorrespiratória e cerebral é bem
pequena, exceto quando trabalhamos em hospitais, serviços de resgate e clínicas, porém o
socorrista ou qualquer profissional de saúde deve estar pronto e treinado para atender uma
vítima, pois isso fará a diferença entre a vida e a morte do paciente.
A parada cardíaca é definida como a interrupção repentina da função de bombeamento
cardíaco, que pode ser constatada pela falta de batimentos cardíacos da vítima e quando houver
dilatação das pupilas, e que, se não revertida, poderá levar a vítima à morte. Já a parada
respiratória é a interrupção total da respiração, devido à falta de oxigênio e excesso de gás
carbônico no sangue.
Independente da forma que ocorreu e de onde a parada cardíaca ocorreu, os objetivos
da equipe de ressuscitação consistem em restaurar espontaneamente a circulação e respiração,
preservando as funções vitais durante todo o processo de ressuscitação.
A doença cardíaca ainda é a causa mais frequente de morte nos países
industrializados seguido das emergências traumáticas caracterizada em muitas cidades pelos
acidentes automobilísticos.
Por estes motivos, os conceitos de reanimação cardiorrespiratória e cerebral tendem a
concentrar-se na isquemia miocárdica como causa primária de parada cardiorrespiratória.
A reanimação cardiorrespiratória e cerebral é uma terapia sintomática, que auxilia a
manutenção da função do nosso organismo até o restabelecimento da função cardíaca normal.
A causa básica da parada cardiorrespiratória deve ser identificada e tratada
rapidamente, sem que isso interrompa ou retarde ainda mais o início das manobras de
reanimação.
As principais causas de parada cardiorrespiratória são:

80
 Infarto agudo do miocárdio;
 Traumas;
 Arritmias cardíacas;
 Drogas;
 Hipotermia;
 Hipóxia;
 Afogamento;
 Distúrbios metabólicos.

Nas causas primárias, a parada cardíaca ocorre devido a uma disfunção do próprio
coração, que pode causar uma arritmia cardíaca, sendo a mais comum a fibrilação ventricular,
resultando em uma isquemia miocárdica.

As arritmias cardíacas e a isquemia miocárdica são as principais causas primárias


relacionadas com a parada cardíaca em adultos que não sofreram traumatismos.

Já nas causas secundárias, o problema do coração é causado por uma disfunção


respiratória ou por uma causa externa. São as principais causas de parada cardiorrespiratória
em vítimas de traumatismos.

Podemos considerar a oxigenação deficiente devido à obstrução de vias aéreas ou


doenças pulmonares como câncer de pulmão, transporte inadequado de oxigênio consequente
de hemorragia grave, estado de choque, intoxicação por monóxido de carbono ou ainda devido à
ação de fatores externos sobre o coração, como por exemplo, drogas e descargas elétricas.
O atendimento de uma parada cardiorrespiratória deve ser realizado por manobras de
ressuscitação com o objetivo de recuperar e manter, artificialmente, as funções circulatórias e
respiratórias.

Para que a equipe de socorristas tenha êxito em seu atendimento, fatores como
condição clínica do paciente antes da parada cardiorrespiratória, as causas, a qualidade nas
manobras aplicadas, o tempo decorrido entre a parada cardiorrespiratória e a realização das 81
manobras de reanimação, são determinantes para que esta condição seja revertida.

A probabilidade de sobrevida de uma vítima de parada cardiorrespiratória diminui


drasticamente a cada minuto perdido durante a ressuscitação cardiorrespiratória e cerebral.

A parada cardiorrespiratória constitui emergência médica extrema, pois interrompe o


aporte de oxigênio ao organismo, causando uma anóxia tecidual, exigindo que as manobras de
ressuscitação sejam realizadas. As repercussões da anóxia são diferentes nos vários tecidos e
exercem seu efeito nocivo mais rapidamente no músculo cardíaco e tecido cerebral.

Qualquer que seja a causa originária da parada cardiorrespiratória, o paciente perde a


consciência em dez segundos. Nos próximos dois a quatro minutos, ocorre a depleção da
adenosina trifosfato no cérebro. Este tempo representa, portanto, o limite entre a vida e a morte
do paciente ou a instalação de graves sequelas neurológicas se o paciente se recuperar.

FIGURA 35 – REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E CEREBRAL

FONTE: Disponível em: <http://www.resgatetatico.com.br/imagens/imagens%20geral1/First_Responder.jpg>.


Acesso em: 13 set. 2011.
9.1 RECONHECENDO A PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

A identificação da parada cardiorrespiratória e o atendimento inicial devem ser


iniciados dentro de no máximo quatro minutos a partir da intercorrência, pois as funções vitais do
82
sistema nervoso ainda estão preservadas, mas a partir deste período as possibilidades de
recuperação tornam-se inviáveis.

A eficácia da reanimação em caso de parada cardíaca depende do tempo em que o


atendimento for iniciado, pois ainda grande parte do organismo permanece biologicamente vivo,
durante algum tempo.

Se a parada cardiorrespiratória for precedida de déficit de oxigenação, este tempo é


ainda menor. A ausência de circulação do sangue interrompe a oxigenação dos órgãos e com
isso em alguns minutos as células mais sensíveis começam a morrer.

Os órgãos mais sensíveis à falta de oxigênio são o cérebro e o coração. A lesão


cerebral irreversível ocorre geralmente entre quatro e seis minutos, ou seja, o paciente estará em
morte cerebral. As vítimas submetidas à hipotermia podem suportar períodos mais longos sem
oxigênio, pois o consumo de oxigênio pelo cérebro é menor.

No atendimento de primeiros socorros, o socorrista deve observar sinais como


imobilidade e palidez. Esses sinais identificarão efetivamente uma parada cardiorrespiratória,
para que as manobras de reanimação possam ser iniciadas.

Ao iniciar o atendimento, o socorrista deve verificar o nível de consciência, tentando


observar as respostas do acidentado aos estímulos verbais. Contudo, se o acidentado não
responder, o socorrista deve comunicar imediatamente ao atendimento especializado e iniciar as
manobras de reanimação.

É importante que o socorrista observe os seguintes eventos na determinação da


parada cardiorrespiratória:

 Ausência de pulso numa grande artéria;


 Apneia ou dificuldade respiratória;
 Espasmo laríngeo;
 Cianose de extremidades e das mucosas;
 Inconsciência;
 Dilatação pupilar.

A partir desse momento, o suporte básico de vida deve ser iniciado com o objetivo de
restabelecer as funções vitais da vítima até a chegada do suporte avançado de vida. 83
10 SUPORTE BÁSICO DE VIDA

O suporte básico de vida (SBV) é o conjunto de medidas e procedimentos técnicos que


objetivam o suporte de vida à vítima, até a chegada do serviço médico especializado, que 84
realizará o transporte dessa vítima até o hospital, traçando um padrão para atendimento com a
finalidade de prevenir agravamentos e evitar o surgimento de outras lesões.

Podemos ainda defini-lo como manobras de socorro às vítimas em situação de risco de


morte, com o objetivo de manter a via aérea livre e suporte ventilatório e circulatório sem
equipamentos ou com o mínimo de recursos possíveis. Envolve também o acesso precoce ao
serviço de emergência médico de urgência especializado, ao atendimento avançado e à
desfibrilação elétrica.

Todas essas manobras podem ser desenvolvidas por profissionais da saúde ou leigos,
treinados ou não, no ambiente hospitalar ou pré-hospitalar, e estão estreitamente relacionadas
com a sobrevida dessa vítima.

Para um único socorrista o suporte básico de vida obedece a uma sequência, mas
para uma equipe completa, as manobras são concomitantes.

Devido à importância destas medidas, a cada cinco anos, são publicadas diretrizes
mundiais de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) baseadas em estudos científicos e de
reconhecida evidência e relevância para as boas práticas do SBV.

No ano de 2010, no mês de outubro, foram publicadas as novas resoluções para


atendimento da parada cardiorrespiratória (PCR), que é uma condição súbita e inesperada de
deficiência da oxigenação corporal.

A principal ênfase das novas diretrizes está no diagnóstico rápido e adequado da


situação, ou seja, o reconhecimento da inconsciência e da qualidade da respiração.
É importante ressaltar que a respiração agônica ou gasping pode ser observada com
grande frequência nos minutos iniciais da parada cardiorrespiratória e nesses casos a vítima
apresenta um ritmo e a expansão respiratória inadequados.

O serviço médico especializado deve ser comunicado urgentemente, enquanto se


avalia a vítima buscando a identificação da parada cardiorrespiratória. Relembrando que em
adultos as principais causas de parada cardiorrespiratória são cardíacas. 85

Nas paradas cardíacas primárias, o fluxo arterial fica estagnado e a saturação de


oxigênio começa a se reduzir, portanto a ressuscitação cardiopulmonar e cerebral iniciada
precocemente mantém o fluxo de oxigênio adequado para os órgãos vitais.

Portanto, o diagnóstico deve ser rápido e, em caso de dúvida no reconhecimento da


respiração, devem-se iniciar rapidamente as manobras de reanimação.

Com a finalidade de tornar o início das manobras de reanimação mais veloz, a


pulsação em grandes artérias deve ser procurada apenas por profissionais da saúde e não deve
demorar mais que dez segundos.

As compressões torácicas externas devem ser iniciadas imediatamente, ou seja, nas


novas diretrizes da American Heart Association (AHA), a sequência do suporte básico de vida foi
invertida do A – B - C para C – A– B.

A compressão torácica de alta qualidade deve ser realizada no meio do tórax da vítima
em decúbito dorsal horizontal sobre superfície rígida e plana. Deve-se comprimir o tórax cerca de
cinco centímetros, com a região hipotenar da mão dominante, permitindo o retorno do mesmo
entre as compressões e evitar as interrupções.

A outra mão do socorrista deve estar posicionada sobre a primeira com os dedos
entrelaçados ou estendidos, de maneira a evitar a aplicação de força sobre as costelas. A
frequência das compressões deve ser de cem vezes por minuto, no mínimo, mas não deve
ultrapassar 120 compressões por minuto.

Se o socorrista não for treinado ou houver situação que impossibilite a realização da


ventilação artificial, deve ser realizada a compressão torácica sem interrupções até a chegada do
socorro especializado, fadiga do socorrista ou retorno da consciência da vítima.
Caso seja realizada a ventilação artificial, esta deve ser feita na proporção de trinta
compressões para duas ventilações, de forma assincrônica à compressão e gerando elevação
visível do tórax.

É importante lembrar que antes de iniciar o atendimento, deve-se verificar se o


ambiente não oferece risco ao socorrista e/ou à vítima. O uso de equipamento de proteção
individual (EPI) também é importante, pois a emergência não justifica a sua não utilização. 86

Na possibilidade de ocorrência de desfibrilação elétrica, esta deve ser feita


precocemente, até o terceiro minuto de fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular sem
pulso (TVSP).

Após o choque, a CTE deve ser reiniciada o mais breve possível. Assistolia e atividade
elétrica sem pulso (AESP) não são ritmos chocáveis, mas devem receber RCP. Após a
desfibrilação e a retomada do ritmo cardíaco normal, deve-se manter a compressão torácica até
que a contração mecânica do coração seja útil e eficiente.

As manobras do suporte básico de vida são fundamentais para sistematizar a ação


durante um atendimento de emergência, facilitando o raciocínio e a tomada de decisão.
11 SUPORTE AVANÇADO DE VIDA

O suporte avançado de vida são manobras médicas invasivas, como por exemplo,
procedimentos cirúrgicos, administração de medicamentos, punção venosa, dentre outros 87
realizados na vítima com o objetivo de estabilizar clinicamente este paciente. Pode ser realizada
tanto no atendimento pré-hospitalar quanto no atendimento hospitalar.

O suporte avançado de vida consiste na ressuscitação com uso de equipamentos


adicionais ao usado no suporte básico de vida. Para aplicação dessas técnicas, é necessária a
presença de médicos, enfermeiros ou profissionais treinados, pois são procedimentos
específicos.

São procedimentos realizados no suporte avançado de vida:

 Obtenção das vias aéreas;


 Ventilação;
 Obtenção de um acesso venoso periférico ou central;
 Administração de medicamentos;
 Cuidados pós-ressuscitação;
 Intubação orotraqueal;
 Cricotireoidotomia;
 Alinhamento de fraturas;
 Redução de luxações;
 Drenagem torácica.

No suporte avançado de vida os profissionais possuem mais recursos técnicos e


materiais para atender uma vítima, portanto é um atendimento que deve ser treinado
exaustivamente por toda a equipe que trabalha na emergência.
12 DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO

A desfibrilação é a aplicação de uma corrente elétrica em um paciente, utilizando um


desfibrilador, um equipamento eletrônico cuja função é reverter um quadro de fibrilação atrial ou 88
ventricular.

A reversão ou cardioversão se dá mediante a aplicação de descargas elétricas no


paciente, graduadas de acordo com a necessidade. Os choques elétricos em geral são aplicados
diretamente ou por meio de eletrodos colocados na parede torácica do paciente.

Além dos desfibriladores tradicionais, em que um médico verifica a situação presente e


ajusta o aparelho conforme a necessidade há também o desfibrilador automático externo, com a
capacidade de fazer uma avaliação das condições cardíacas do paciente e informar o utilizador
se um choque deve ser dado ou não.

O Desfibrilador Automático Externo ou simplesmente DEA é um aparelho eletrônico


portátil que diagnostica automaticamente as arritmias cardíacas, tais como, a fibrilação
ventricular e taquicardia ventricular em um paciente.

O DEA pode diagnosticar e tratar as arritmias, por meio da desfibrilação, ou seja, uma
aplicação de corrente elétrica que é aplicada na vítima para que o coração retome o ciclo
cardíaco normal.

É utilizado em paradas cardiorrespiratórias e tem como objetivo identificar o ritmo


cardíaco chamado de fibrilação ventricular, pois esse ritmo está presente em aproximadamente
90% das paradas cardíacas.

Ele efetua a leitura automática do ritmo cardíaco por meio de pás adesivas no tórax.
Tem o propósito de ser utilizado por pessoas leigas, com recomendação que o socorrista tenha
realizado o curso e treinamento específico de suporte básico em parada cardíaca.

Suas descargas devem ser divididas conforme a idade da vítima são elas:
 Adultos: 200 J (bifásico) e 360 J (monofásico) em adultos;
 Crianças, acima de oito anos: 100 J(redutor). Não há consenso na utilização de
crianças com menos de 30 kg.

Hoje, são utilizados equipamentos em unidades de emergências e em unidades de


terapia intensiva, com cargas monofásicas que variam de 0 a 360 Joules ou Bifásicas de 0 a 89
200J.

Ele pode também efetuar a desfibrilação com leitura automática do ritmo cardíaco,
permitindo que uma pessoa que não tenha conhecimento prévio seja o operador do aparelho. A
utilização do DEA vem sendo difundida em vários países, pois ele pode salvar muitas vidas.

São razões importantes que devem ser consideradas e que facilitam na utilização:

 É um equipamento autoinstrutivo;
 Quando instalado na vítima, age inteligentemente;
 Aplica a descarga elétrica apenas quando o ritmo cardíaco for chocável.

FIGURA 36 – DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO

FONTE: Disponível em: < http://www.solostocks.pt/img/desfibrilhador-externo-automatico-331821z0.jpg >. Acesso


em: 13 set. 2011.
13 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

O crescente número de vítimas que apresentam infecção pelo vírus da


imunodeficiência humana aumenta o risco do socorrista ao se expor a sangue e outras 90
secreções orgânicas procedentes de acidentados infectados.

Os socorristas devem considerar potencialmente infectadas todas as vítimas que ele


atender. Por isso, deve empregar, durante todo o socorro, as regras de segurança individual, ou
seja, as precauções universais para minimizarem os riscos de exposição.

No atendimento pré-hospitalar, equipamento de proteção individual é definido como um


dispositivo destinado à proteção da integridade física do socorrista, durante a realização de
atividades que possam oferecer riscos potenciais a sua pessoa.

Os principais equipamentos de proteção individual são:

 Luvas de procedimentos;
 Luvas estéreis;
 Máscaras descartáveis;
 Óculos;
 As próprias roupas do socorrista.

Além dos equipamentos de proteção individual, o socorrista deve preparar também


materiais básicos de atendimento, que devem ser limpos e higienizados a cada atendimento,
pois podem transmitir doenças entre os pacientes. São eles:

 Tesoura;
 Esfigmomanômetro;
 Estetoscópio;
 Lanterna para o exame pupilar;
 Colar cervical;
 Prancha rígida, dentre outros.

Recomenda-se no atendimento inicial, que o socorrista execute rotinas de segurança,


dentre as quais podemos destacar:
91

 Use sempre os equipamentos de proteção individual;


 Cheque constantemente as condições de funcionamento de seus materiais de
trabalho;
 Higienize todos os equipamentos de proteção individual e materiais básicos após
seu uso, para evitar a contaminação;
 Antes e após cada atendimento, lave bem as mãos com água e sabão.
14 FRATURAS

A fratura é definida como uma lesão ou quebra de um osso, causada por uma
pancada, queda ou pela aplicação de força. Pode ainda ser definida como a quebra da 92
continuidade do osso e ocorre quando o osso é submetido a estresse maior do que ele pode
suportar.

As fraturas podem ser causadas por:

 Uma pancada direta;


 Um impacto violento;
 Um movimento de rotação repentina;
 Contração muscular extrema.

Apesar de o osso ser afetado, outras estruturas adjacentes também são atingidas,
resultando em um edema de tecidos moles, hemorragia no músculo e articulações, luxações
articulares, ruptura de tendões, nervos rompidos e vasos sanguíneos danificados.

Os órgãos corporais podem ser lesados pela força que causa a fratura ou pelos
fragmentos da fratura, e por esse motivo, imediatamente após um trauma, a pessoa pode ficar
em estado de confusão, não ter consciência da fratura e tentar caminhar com perna fraturada.

Por esse motivo quando se suspeita de fratura, é importante imobilizar a parte do corpo
afetada imediatamente antes do paciente ser movimentado. O movimento de fragmentos de
fratura causara dor adicional, danos de tecidos moles e sangramentos. As fraturas são mais
comuns nos membros, podendo ser únicas ou múltiplas.

As fraturas são divididas em dois tipos:

 Fechadas: que apesar do choque, deixam a pele intacta.


 Expostas ou abertas: quando o osso fere a pele, ficando exposto.
FIGURA 37 – FRATURA EXPOSTA

93

FONTE: Disponível em: <http://www.tvcanal13.com.br/fotos/idosa%20atropelada.jpg>.

Acesso em: 17 set. 2011.

São sinais indicadores:

 Dor ou grande sensibilidade em um osso ou articulação;


 Incapacidade de movimentar a parte afetada, além do adormecimento ou
formigamento da região;
 Inchaço e pele arroxeada, acompanhado de uma deformação aparente do membro
machucado.

Os primeiros socorros em fraturas são:

 Atentar para perfusão do membro atingido;


 Manter a vítima aquecida;
 Imobilizar o osso, ou articulação, atingido com uma tala;
 Manter o local afetado em nível mais elevado que o resto do corpo e aplique
compressas de gelo ou resfriadas para diminuir o inchaço, a dor e a progressão do
hematoma;
 As fraturas expostas exigem cuidados especiais, como a cobertura do local com um
pano limpo ou gaze e encaminhamento para serviço hospitalar especializado.

94

FIGURA 38 – FRATURA FECHADA

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_ePcEtAaRqy8/Sj1nZ7KPhUI/AAAAAAAAAm0/-


KxPdCl40TE/s400/maior_0903085744fracture-types-2%5B1%5D.JPG>. Acesso em: 17 set. 2011.
15 ENTORSE

É a torção de uma articulação, com lesão dos ligamentos, ou seja, estrutura que
sustenta as articulações. Os cuidados são semelhantes aos abordados nas fraturas. 95

FIGURA 39 – ENTORSE

FONTE: Disponível em:<http://www.clinicadeckers.com.br/imagens/orientacoes/34_ent_tornozelo.jpg>.

Acesso em: 17 set. 2011.


16 LUXAÇÃO

É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na


articulação. Os primeiros socorros são também semelhantes aos da fratura fechada. Lembre-se 96
de que não se deve fazer massagens na região, nem tentar recolocar o osso no lugar.

São lesões em que a extremidade de um dos ossos que compõem uma articulação é
deslocada de seu lugar. O dano a tecido mole pode ser muito grave, afetando vasos sanguíneos,
nervos e a cápsula articular.

FIGURA 40– LUXAÇÕES

FONTE: Disponível em: <http://www.clifisio.com/editor/userfiles/image/4012591424_b2d5ca0d32.jpg>.

Acesso em: 17 set. 2011.


17 CONTUSÃO

É uma área afetada por uma pancada ou queda sem ferimento externo. Pode
apresentar sinais semelhantes aos da fratura fechada. Se o local estiver arroxeado, é sinal de 97
que houve hemorragia sob a pele, ou seja, um hematoma.
18 AMPUTAÇÕES

O trauma está entre as causas mais comuns de amputação dos membros inferiores e
superiores. A preocupação inicial do socorrista deverá ser sempre com a vida da vítima, e depois 98
com as suas necessidades cirúrgicas.

FIGURA 41 - LESÃO PROVOCADA POR ACIDENTE DE TRABALHO

COM SERRA CIRCULAR

FONTE: Disponível em: <http://www.eutrabalhoseguro.com/>. Acesso em: 17 set. 2011.


Neste contexto, o mais importante é a pessoa e não o membro amputado, e nessa
linha torna-se imprescindível uma abordagem global do paciente, de forma a assegurar o
máximo de suas potencialidades físicas e psicológicas.

De qualquer forma, deve ficar claro que os procedimentos para amputação de


membros inferiores ou superiores buscam a restauração de um órgão enfermo e não uma
mutilação. 99

Nessa conjuntura, é fundamental um trabalho integrado dos diversos tipos de


profissionais envolvidos na reabilitação do paciente para estimular e valorizar a capacidade
residual da pessoa atingida e assim buscar uma recuperação total.

No diagnóstico médico a amputação é considerada como um diagnóstico secundário,


pois a enfermidade ou trauma recebe o rótulo de diagnóstico primário. E, posteriormente, se
surgirem complicações, quanto mais cedo forem identificadas as causas, mais rápido poderá ser
o controle e cura, o que possibilitará um melhor desempenho do paciente na fase da reabilitação.

Já as causas traumáticas atingem também um número expressivo da população por


acidentes de trânsito, de trabalho ou, em número menor, em razão de outra etiologia. Dentre os
citados, os acidentes de trabalho tendem a culminar em amputações dos membros superiores
(dedos, mão e braço).
19 QUEIMADURAS

Como maior órgão do corpo humano, a pele é composta por três camadas; são elas:

 Epiderme; 100

 Derme;
 Tecido subcutâneo.

Exerce a importante função de formar uma barreira protetora contra o ambiente


externo. Previne infecções, a perda de fluidos corporais, auxilia na regulação corpórea, é repleta
de terminações nervosas.

Assim, quando uma lesão térmica acontece, uma ou muitas dessas estruturas e/ou
funções citadas são lesadas e têm sua atividade comprometida.

As queimaduras podem acontecer por contato com:

 Chama, brasa ou fogo;


 Vapores quentes;
 Líquidos ferventes;
 Sólidos superaquecidos ou incandescentes;
 Substâncias químicas;
 Emanações radioativas;
 Radiações infravermelhas e ultravioletas;
 Eletricidade;
 Frio;
 Outros.

As prioridades no cuidado às vitimas de queimaduras seguem os mesmos princípios e


prioridades que para qualquer vítima de trauma:

 Pare o processo de queimadura (térmica ou química);


 Realize o exame primário para avaliação e tratamento;
 Providencie os cuidados específicos para lesões isoladas.
101

Ainda entre as vítimas de queimaduras, existem os que sofrem lesões pulmonares por
inalarem subprodutos tóxicos da combustão. Deve-se considerar que houve a inalação se
reclusa em local fechado com presença de fumaça, atentando para cuidados respiratórios além
dos visíveis. A probabilidade da presença de monóxido de carbono em níveis alarmantes para
desencadear problemas sistêmicos e pulmonares requer atenção especial.

Quanto à avaliação das queimaduras, sete fatores devem ser observados para que
entre os pacientes queimados se determine quais são os mais críticos:

1) Profundidade da queimadura;

2) Área da superfície corpórea envolvida;

3) Idade do paciente;

4) Lesões pulmonares:
a) Inalação de fumaça;
b) Inalação de subprodutos tóxicos.

5) Lesões associadas:
a) Queimaduras de vias aéreas.
6) Situações especiais:
a) Queimaduras químicas;
b) Queimaduras elétricas;
c) Intoxicação por monóxido de carbono.

7) Doença preexistente. 102

Quanto à profundidade, a primeira avaliação será visual. Esta será apenas uma
estimativa, já que a extensão e a profundidade real da lesão podem não ser aparentes por vários
dias.

Queimaduras de primeiro grau, superficiais:

 Lesão apenas da epiderme;


 Vermelhidão, inflamação e dor na pele.

FIGURA 42 – QUEIMADURA DE PRIMEIRO GRAU

FONTE: Disponível em: <http://primeirossocorros12b.blogs.sapo.pt/1681.html>.

Acesso em: 17 set. 2011.


Queimaduras de segundo grau, espessura superficial:

 Lesão tanto da epiderme quanto da derme;


 Pele com áreas avermelhadas, bolhas íntegras ou rotas mostrando uma ferida
secretante;
 Queixas de muita dor; 103

 Perdas significativas de líquidos, que podem ocorrer levando ao choque.

FIGURA 43 – QUEIMADURA DE SEGUNDO GRAU

FONTE: Disponível em: <http://primeirossocorros12b.blogs.sapo.pt/1681.html>

Acesso em: 17 set. 2011.

Queimaduras de terceiro grau, espessura total:

 Trauma da epiderme, derme e tecido celular subcutâneo (possivelmente lesões


mais profundas);
 Pele com aparência chamuscada ou de couro, e que pode estar sangrando;
 Nenhuma dor (entretanto, queimaduras de segundo grau associadas provocam
dor);
 Reenchimento capilar ausente.

FIGURA 44 – QUEIMADURA DE TERCEIRO GRAU 104

FONTE: Disponível em: <http://www.gmvarginha.com.br/primeiros_sorrro/queimadura/queimaduras.htm>.

Acesso em: 17 set. 2011.

São necessários cuidados especiais no ferimento a fim de evitar maiores danos e


proliferações infecciosas. As roupas ao redor das lesões devem ser removidas com muita
cautela, principalmente para não retirar as que estiverem aderidas à pele queimada.
No atendimento pré-hospitalar, o paciente deverá ser envolvido em lençol limpo e seco,
ou até mesmo estéril. Tecidos que soltem fragmentos ou partículas no ferimento e quaisquer
pomadas ou soluções não devem ser utilizadas.

Toda a extensão queimada deve ser coberta com compressas secas. O socorrista não
deve romper bolhas, pois elas são um mecanismo de proteção. O desbridamento não deve ser
realizado na cena do incidente. 105

Anéis, joias, relógios devem ser retirados uma vez que os metais retêm calor e os
membros acometidos com a movimentação dos fluidos corpóreos irão edemaciar.
20 ASFIXIA

A asfixia, também chamada de sufocação ou engasgo é o espasmo da tosse e


expectoração que se apresentam em consequência da penetração de líquidos ou sólidos nas 106
vias aéreas. As causas da asfixia são:

 Afogamento;
 Grande traumatismo do tórax;
 Envenenamento por drogas ou gases;
 Enforcamento;
 Choque elétrico;
 Qualquer bloqueio das vias respiratórias.

O reflexo da tosse da vítima expulsará o líquido aspirado da traqueia em dez a trinta


segundos. A obstrução completa se apresenta quando algum alimento sólido ou algum objeto
estranho se aloja na laringe.

Dependendo da gravidade da asfixia, os sintomas podem incluir:

 Agitação;
 Palidez;
 Dilatação das pupilas;
 Respiração ruidosa;
 Tosse;
 Inconsciência com parada respiratória;
 Cianose da face e extremidades.
Geralmente, as pessoas que se engasgam estão conversando enquanto mastigam
algum tipo de alimento. As dentaduras podem provocar asfixia, pois interferem na sensibilidade
da boca em relação aos alimentos que estão sendo mastigados. O alimento não consegue ser
tão bem mastigado com uma dentadura quanto com dentes naturais, porque a dentadura exerce
uma menor pressão.

Se algum alimento seguir o canal errado, o reflexo de tossir resolve o problema. Na 107
verdade, a pessoa não está engasgando se conseguir tossir livremente, tiver coloração normal e
conseguir falar. Se a tosse for mais como uma respiração entrecortada e a pessoa estiver
ficando azul, é bem provável que esteja engasgando.

Se houver dúvida, verifique se ela consegue falar. Em caso afirmativo, a traqueia não
está completamente obstruída e o oxigênio está chegando aos pulmões. Uma pessoa
engasgada não consegue se comunicar, a não ser por gestos.

O sinal universal de engasgo é uma das mãos segurando a garganta, com os dedos
estendidos. Uma pessoa que exiba este sinal requer tratamento imediato e não pode ser deixada
sem atendimento

FIGURA 45 – SINAL UNIVERSAL DO ENGASGO

FONTE: Disponível em: < http://www.saudeeforca.com/wp-content/uploads/2010/09/asfixia_thumb.gif>. Acesso em:


17 set. 2011.
Se o objeto está preso no nariz, o socorrista deve:

 Peça para que a pessoa respire pela boca;


 Observe a localização do objeto e se ele não tiver sido introduzido até o fundo,
tente pressionar a base do nariz e empurrar o objeto para baixo;
 Se isso não funcionar ou o objeto estiver alojado no fundo, procure atendimento 108

médico. Não tente forçar, pois você pode machucar a pessoa ou, pior, pressionar o
objeto ainda mais para dentro.

Se a pessoa engasgou e respira sem dificuldades, o socorrista deve:

o Esperar a pessoa tossir, pois a própria pressão do ar pode expulsar a comida para
fora.
o Você pode ajudar a vítima a expelir o objeto realizando a tapotagem nas costas.
Coloque-se atrás dela e faça a pessoa se curvar para frente e inicie as manobras. É
importante medir a força aplicada.
o Uma manobra de compressão também pode ajudar. Coloque-se por trás e junte
suas mãos entre a cintura e fim das costelas do engasgado. Aplique pressão rápida
e seguidamente.
o Não tente virar a pessoa de cabeça para baixo para forçar a saída do objeto (uma
bala engolida por uma criança, por exemplo). Isso pode piorar o engasgo,
especialmente se ocorrer vômito.

Se a pessoa engasgou e não consegue respirar, o socorrista deve:

o Observar se a vítima apresenta falta de ar. Ela ficará desesperada e começará a


ficar cianótica. Se isso acontecer, o caso é grave, pois o objeto está obstruindo a
passagem de ar.
o Se o objeto for pontiagudo, não se deve fazer nada, apenas chamar o socorro
médico imediatamente.
o Em outro caso, a solução é provocar o vômito, forçando com isso a saída do objeto.
Isto é conseguido colocando seu dedo na garganta da vítima, mas se mesmo assim
não funcionar, procure socorro médico imediatamente.

Em caso de asfixia em bebês, o socorrista deve proceder da seguinte forma: 109

 Coloque a criança no colo ou deitada de costas, e posicione os dedos indicador e


médio de ambas as mãos no final do osso esterno, próximo ao abdômen;
 Empurre o abdômen contra o diafragma, comprimindo-o de maneira súbita e
vigorosa;
 Posicione a vítima "a cavaleiro", estendida, com a cabeça mais baixa que o tronco;
 A cabeça deve ser sustentada com a mão, em torno do queixo e tórax. O ideal é
que o socorrista descanse o braço sobre sua própria coxa;
 Golpeie quatro vezes, rapidamente, com a outra mão, entre os ombros;
 Em seguida, ponha a mão livre nas costas da criança, de modo que fique entre as
duas mãos, uma sustentando o tórax, pescoço e queixo, e a outra apoiando o
dorso;
 Então vire a criança de uma vez e coloque-a sobre a coxa com a cabeça mais baixa
que o tronco;
 Faça quatro compressões seguidas no esterno.
FIGURA 46 – ENGASGO EM LACTENTES

110

FONTE: Disponível em: <http://www.hospitalgeral.com.br/1_com/pri_socorros/img/asfix2.jpg>. Acesso em: 17 set.


2011.
21 HEMORRAGIA

O sangue é responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes para as células do


corpo humano e pela retirada de gás carbônico e outras excretas para os órgãos de eliminação. 111

O corpo humano possui um volume sanguíneo de aproximadamente 70 ml/Kg de peso


corporal para adultos e 80ml/Kg para crianças, ou seja, um indivíduo com 70ml/Kg possui
aproximadamente 4.900ml de sangue.

Hemorragia é definida como a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso


sanguíneo. Quanto maior a quantidade perdida de sangue, mais grave será a hemorragia.

Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser estimada por meio
da avaliação do paciente e dos sinais de choque. Quanto mais rápida a hemorragia, menos
eficientes são os mecanismos compensatórios do organismo.

Um indivíduo pode suportar a perda de um litro de sangue, que ocorre em um período


de horas, mas não tolera esta mesma perda se ela ocorrer em minutos.

Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são as


contrações da parede dos vasos sanguíneos, diminuindo o tamanho da abertura por onde o
sangue está drenando e a coagulação do sangue, que é uma sequência complexa de reações
químicas que resultam na formação de um coágulo de fibrina, impedindo assim a drenagem do
sangue pelo orifício de vaso lesado.

Estes mecanismos têm como objetivo a hemostasia, ou seja, o controle do


sangramento pelo organismo isoladamente, defendendo-o, ou em associações com técnicas
básicas e avançadas de tratamento médico.

Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os


hemofílicos, podem apresentar hemorragias graves por traumas banais.
21.1 CLASSIFICAÇÃODAS HEMORRAGIAS

21.1.1 Hemorragias Externas

112

Sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangue. Podem ser


controladas utilizando técnicas básicas de primeiros-socorros. As hemorragias podem ser:
arterial, venosa e capilar.

FIGURA 47 – HEMORRAGIAS EXTERNAS

FONTE: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/hemo.gif>.

Acesso em: 19 set. 2011.

21.1.2 Hemorragias Internas


É o extravasamento de sangue para o interior do corpo. O sangramento de estruturas
profundas pode ser oculto ou se exteriorizar como, por exemplo, hemorragia do estômago com
hematêmese.

As medidas básicas de socorro não funcionam, pois é necessário um atendimento


especializado realizado em uma unidade hospitalar.

113

21.2 CONSEQUÊNCIAS DAS HEMORRAGIAS

As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de


choque. As hemorragias lentas e crônicas causadas por uma úlcera, por exemplo, causam
anemia, ou seja, a diminuição dos níveis de hemoglobina no sangue circulante.

O quadro clínico varia de acordo com a quantidade perdida de sangue, velocidade do


sangramento, estado prévio de saúde e idade da vítima.

Perdas de até 15% do volume sanguíneo (750 ml em adultos) geralmente não causam
alterações. São totalmente compensadas pelo corpo com, por exemplo, doação de sangue.
Perdas maiores que 15% e menores que 30% (entre 750 a 1.500 ml) geralmente causam estado
de choque sem hipotensão arterial.

Os sinais e sintomas são:

 Ansiedade;
 Sede;
 Taquicardia;
 Pulso radial fraco;
 Pele fria;
 Palidez cutânea;
 Suor frio;
 Taquipneia;
 Enchimento capilar lento.

Perdas acima de 30% (maiores que 1.500) levam ao choque descompensado com 114

hipotensão. Os sinais e sintomas são:

 Alterações das funções mentais;


 Agitação;
 Confusão ou inconsciência;
 Sede intensa;
 Pele fria;
 Palidez cutânea;
 Suor frio;
 Taquicardia;
 Pulso radial ausente;
 Taquipneia importante;
 Enchimento capilar lento.

A perda de mais de 50% do volume sanguíneo leva o indivíduo a óbito.

21.3 RECONHECIMENTO DAS HEMORRAGIAS


As hemorragias externas podem muitas vezes ser reconhecidas durante a inspeção. O
sangue pode ser absorvido pelas vestes da vítima, pelo solo ou tapetes, dificultando a avaliação
pelo profissional de emergência.

Os pacientes politraumatizados com sinais de choque e lesões externas pouco


importantes provavelmente apresentam lesão interna. Os locais mais frequentes de hemorragia
interna são o tórax e o abdômen. Observar presença de lesões perfurantes, equimoses ou 115
contusões na pele sobre estruturas vitais.

Os órgãos abdominais que frequentemente produzem sangramentos graves são o


fígado e o baço. Algumas fraturas, especialmente de quadril e fêmur, podem produzir
hemorragias internas graves.

Observar extremidades com deformidade, dor e instabilidade pélvica. A distensão


abdominal com dor após traumatismo sugere hemorragia interna.

Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar, por vezes, no tórax produzindo


hemoptise, que é a expectoração sanguínea ou sanguinolenta por meio da tosse, proveniente de
hemorragia na árvore respiratória.

O sangramento do esôfago, estômago e duodeno podem se exteriorizar por meio da


hematêmese, que é a saída de sangue pela boca com origem no sistema gastrointestinal.

O sangue eliminado pode ser vermelho vivo ou com aparência de borra de café,
caracterizando a digestão deste sangue. Neste caso, o socorrista pouco pode fazer no
atendimento pré-hospitalar para controlar a hemorragia. As condutas visam ao suporte da vida,
principalmente à manutenção da permeabilidade das vias aéreas e respiração, até a chegada ao
hospital.

21.4 ABORDAGEM DA VÍTIMA E CONDUTAS NAS HEMORRAGIAS EXTERNAS


 Realizar a avaliação primária;
 Desobstruir vias aéreas e efetuar assistência ventilatória, se necessário.
Suplementar oxigênio em alta concentração, utilizando máscara com reservatório e
fluxo de 12L/min.;
 Elevar extremidades com sangramento acima do nível do coração;
 Colocar compressa sobre o ferimento, efetuando a compressão direta da lesão,
com a mão enluvada. Caso a compressa fique encharcada de sangue, coloque 116

novas compressas secas sem retirar a primeira. O objetivo é não retirar o coágulo;
 Fixar a compressa sobre o ferimento com bandagem ou, caso não disponha de
bandagem, manter a compressão manual;
 Se houver persistência da hemorragia, ocluir a artéria próxima ao ferimento, para
diminuir a circulação no local.

A compressão direta e a elevação do membro são os principais métodos para deter


uma hemorragia, pois não diminuem a irrigação sanguínea em outros locais.

FIGURA 48 – ABORDAGEM E CONDUTA

FONTE: Disponível em: <http://portal.ua.pt/projectos/mermaid/jpgs/12_1.jpg>.

Acesso em: 19 set. 2011.


21.5 CONTROLE DAS HEMORRAGIAS INTERNAS

O controle pré-hospitalar de hemorragias internas é impossível, o tratamento é


cirúrgico. Pacientes com hemorragias internas devem ser removidos rapidamente para o 117
hospital, mantendo os cuidados de suporte básico de vida. Em focos de fratura é possível reduzir
a perda sanguínea por meio de manipulação adequada e imobilização.
22 CHOQUE

Choque é uma síndrome caracterizada pela incapacidade de o sistema circulatório


fornecer oxigênio e nutrientes aos tecidos de forma a atender as suas necessidades 118
metabólicas.

A insuficiência circulatória causa dano celular e lesão em vários órgãos, que podem
tornar-se irreversíveis se o choque não for rapidamente corrigido. Não se deve definir choque
com base apenas na pressão arterial, já que existem condições em que pode haver hipotensão
sem choque com oferta e consumo adequados de oxigênio.

O conceito atual de choque e toda sua fisiopatologia envolvem um desequilíbrio entre a


oferta e a demanda celular de oxigênio. Para que as necessidades metabólicas celulares sejam
atendidas, deve haver uma adequada oferta de oxigênio.

Esta oferta é a quantidade total de oxigênio transportada aos tecidos, e é dependente


de três fatores: a concentração de hemoglobina, o débito cardíaco e o conteúdo de oxigênio no
sangue arterial.

Após o estabelecimento do quadro de choque, vários mecanismos compensatórios


ocorrem para preservar o suprimento de oxigênio a órgãos vitais como o coração e o cérebro,
atuando para restaurar pelo menos parcialmente o volume intravascular efetivo e aumentar o
débito cardíaco.

A moderna classificação do choque foi proposta por Weil, em 1972, utilizando quatro
categorias, baseadas na causa primária da anormalidade perfusional. Estas categorias, contudo,
não são isoladas entre si, havendo considerável superposição entre os diversos tipos.

22.1 CHOQUE HIPOVOLÊMICO


No choque hipovolêmico o desarranjo inicial é a perda de volume circulante, com
redução do retorno venoso e diminuição do débito cardíaco e da oferta de oxigênio.

A pressão arterial isoladamente não é um bom indicador da severidade do choque


hipovolêmico, pois pode ser mantida em níveis próximos da normalidade devido à
vasoconstrição intensa, especialmente em pacientes jovens e sem patologia prévia, devendo ser
analisada em conjunto com outros parâmetros na avaliação da gravidade do choque. 119

Nas fases iniciais o choque hipovolêmico é rapidamente reversível pela restauração


apropriada do volume intravascular. Contudo, se a perfusão tissular e a oferta de oxigênio
permanecem severamente diminuídas, dano celular irreversível pode ocorrer.

O choque hipovolêmico pode ser classificado em hemorrágico e não hemorrágico. O


choque hipovolêmico hemorrágico caracteriza-se por baixas pressões de enchimento ventricular
e pressão capilar pulmonar associada a níveis reduzidos de hemoglobina e hematócrito.

Pode ocorrer por perdas sanguíneas externas ou por sangramentos ocultos, não
exteriorizados. O choque hipovolêmico não hemorrágico é resultante de perda apenas do
componente líquido do compartimento intravascular.

Geralmente estes casos são devido à perda excessiva de líquidos pelos tratos
gastrointestinal ou urinário. Também pode ser resultado de transudação para o meio
extravascular, como ocorre nas queimaduras, traumatismos extensos em partes moles,
peritonites, pancreatites e obstrução intestinal.

Achados que suportam o diagnóstico de choque hipovolêmico não hemorrágico


incluem baixas pressões de enchimento e hematócrito normal ou elevado.

22.2 CHOQUE CARDIOGÊNICO


Choque cardiogênico pode ser definido como uma incapacidade primária do coração
de fornecer um débito cardíaco suficiente para as necessidades metabólicas, na presença de um
volume circulante adequado.

Pode ser encontrado em diversas situações clínicas, porém, sua principal causa é a
perda súbita de massa muscular por infarto agudo do miocárdio (IAM).

O choque cardiogênico ocorre em cerca de 7 a 10% dos casos de IAM, com 120

mortalidade de 70 a 90%, sendo geralmente associado à perda superior a 40% da massa


muscular do ventrículo esquerdo. Esta perda pode ocorrer em consequência de um grande
infarto ou com infartos menores sucessivos.

O resultado do tratamento clínico no choque cardiogênico é extremamente


desfavorável. A mortalidade é alta e os sobreviventes apresentam baixa expectativa de vida
devido ao avançado grau de insuficiência cardíaca que se estabelece.

A infusão de drogas inotrópicas deve ser iniciada imediatamente. Vasodilatadores


como a nitroglicerina ou nitroprussiato de sódio podem ser benéficos, pois diminuem a pré e pós-
carga, reduzindo a congestão pulmonar e facilitando o esvaziamento ventricular.

O uso de dispositivos de assistência circulatória mecânica, o balão intra-aórtico, pode


ser uma alternativa terapêutica nos casos de grande perda de massa ventricular.

22.3 CHOQUE ANAFILÁTICO

As reações alérgicas do tipo I, ou anafiláticas, são mediadas por anticorpos da classe


IgE. Como parte da reação ao antígeno, os anticorpos são gerados e ligados a receptores de
superfície nos mastócitos e basófilos com alta afinidade por sua porção Fc.
Se a porção Fab dos anticorpos se ligarem a um antígeno, ocorre a ativação de
múltiplos sistemas enzimáticos intracelulares, levando à produção e liberação de vários
mediadores químicos vasoativos como a histamina, prostaglandinas e leucotrienos, causando
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e inflamação.

A reação que ocorre pouco tempo após a exposição ao antígeno é caracterizada por
sensação de sufocamento, broncoespasmo, edema laríngeo, angiodema, respiração ruidosa, 121
transudação pulmonar e alterações cutâneas agudas urticariformes.

As seguintes alterações hemodinâmicas são encontradas:

 Baixas pressões de enchimento ventricular;


 Débito cardíaco baixo;
 Resistência vascular sistêmica reduzida;
 Hematócrito elevado.

22.4 CHOQUE NEUROGÊNICO

A insuficiência circulatória periférica aguda de causa neurogênica acontece nos casos


de sofrimento intenso do tronco cerebral, precedendo a morte encefálica, com falência
hemodinâmica e vasodilatação generalizada por perda do tônus vasomotor simpático ou em
lesões da medula espinhal alta, caracterizando o “choque medular”.

Este último inclui hipotensão arterial secundária a vasodilatação periférica pela


deficiente atividade autonômica simpática e pela hipotonia e paralisia musculares.
A diminuição da inervação simpática resulta em redução do débito cardíaco, pois
provoca redução da contratilidade miocárdica e do retorno venoso pelo aumento do volume
sanguíneo no sistema capacitância venosa secundária e venodilatação.

Finalmente, reflexos cardíacos em nível espinal também estão abolidos, pois as lesões
de T1 a T4 levam à perda de inervação simpática cardíaca, facilitando a bradicardia uma vez que
a inervação vagal parassimpática permanece preservada. 122

22.5 CHOQUE SÉPTICO

Este termo refere-se ao estágio avançado de uma síndrome progressiva, denominada


sepse. Termos como sepse, septicemia, bacteriemia, síndrome séptica, choque endotóxico,
choque séptico são usados como sinônimos, dando margem a confusões e um conhecimento
impreciso da fisiopatologia.

Choque séptico pode ser causado por uma variedade de microrganismos. Os mais
frequentemente envolvidos são as bactérias gram-negativas (50% dos casos) e gram-positivas
(30 a 35% dos casos).

O restante abrange bactérias menos comuns, fungos, vírus e até protozoários. Apesar
de a sepse poder afetar qualquer faixa etária, o risco maior é para pessoas acima dos 65 anos,
pois a defesa contra infecções requer uma complexa interdependência de diversos sistemas que
podem ser comprometidos pela idade avançada e pela presença de condições comórbidas que
aumentam a suscetibilidade às infecções.

Fatores que predispõem à sepse por qualquer agente incluem desnutrição, alcoolismo,
diabetes mellitus, neoplasias, AIDS, doenças leucoproliferativas, cirrose hepática, queimaduras,
tratamento com imunossupressores e procedimentos invasivos.
O processo, na sepse, começa com a proliferação do microrganismo no foco da
infecção. O organismo pode invadir a corrente sanguínea diretamente, levando as hemoculturas
positivas, ou pode proliferar apenas localmente e liberar várias substâncias na circulação.

O choque séptico é caracterizado inicialmente por débito cardíaco reduzido, devido à


hipovolemia e ao baixo retorno venoso que existe na maior parte dos casos.

Diversos fatores contribuem para a diminuição do volume intravascular: 123

 Desidratação produzida por febre, taquipneia, redução da ingestão de líquidos e


eventualmente vômitos, diarreia, poliúria, sangramentos e sequestração em
cavidades;
 Aumento da permeabilidade vascular e transudação para o espaço extravascular;
 Aumento da capacitância venosa por venodilatação;
 Síntese proteica redirecionada para a produção de diversas proteínas da fase
inflamatória aguda em detrimento da síntese de albumina, com redução da pressão
coloidosmótica intravascular.

Após a adequada reposição volêmica, os achados típicos do choque séptico são:


débito cardíaco elevado e resistência vascular reduzida, com tendência ao aumento progressivo
da resistência vascular pulmonar.

22.6 TRATAMENTO DO CHOQUE

A maior parte dos casos de choque requer administração de volume intravascular. O


maior desafio neste ponto é restaurar rapidamente as pressões de enchimento ventricular a um
nível ótimo sem comprometer secundariamente a função respiratória por sobrecarga hídrica.
23 EMERGÊNCIAS CAUSADAS PELO CALOR EXCESSIVO

Emergências podem resultar de exposição excessiva ao calor. O corpo é incapaz de


livrar-se sozinho do calor excessivo por meio dos mecanismos naturais de radiação, transpiração 124
e expiração.

23.1 INSOLAÇÃO

A maior parte dos relatos dessas emergências diz respeito a uma produção prolongada
de calor corporal interno. O calor externo, que o paciente está exposto, não precisa ser maior
que a temperatura ambiental normal. Com a transpiração contínua, água e sais minerais são
perdidos pelo corpo, ocasionando cãibras musculares dolorosas ou cãibras produzidas pelo
calor.

Os sinais e sintomas são: severas cãibras musculares, esgotamento, vertigem,


fraqueza e perda da consciência, pulso fraco e respiração rápida e superficial, sudorese intensa.

FIGURA 49– INSOLAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.grupoescolar.com/a/b/4B6FA.jpg>. Acesso em: 19 set. 2011.


São condutas importantes em primeiros socorros:

 Realizar a avaliação primária;


 Conduzir o paciente para um local fresco e colocá-lo em posição confortável;
 Afrouxar ou remover as roupas em excesso;
 Providenciar oxigênio; 125

 Fornecer água se o paciente estiver consciente;


 Aplicar compressas úmidas sobre a pele para resfriá-la;
 Se necessário, transporte para um hospital, para realizar reposição volêmica.

23.2 INTERMAÇÃO

Quando uma pessoa é exposta ao calor excessivo, os mecanismos termorreguladores


do organismo falham. A emergência, com risco de vida, é conhecida por choque pelo calor, pode
estar se desenvolvendo.

A pele apresenta-se quente e usualmente a pessoa para de transpirar. Muitos casos de


intermação são relatados em dias quentes e úmidos. Entretanto, decorrem da exposição ao calor
seco, por exemplo, uma pessoa que trabalha em caldeiras com altas temperaturas.

Essa é uma real emergência, requerendo resfriamento do paciente e seu transporte


para um hospital. Os sinais e sintomas incluem: respiração profunda, seguida de superficial,
pulso rápido e forte, seguido de pulso fraco, fraqueza, escassez ou ausência de transpiração,
pupilas dilatadas, inconsciência, convulsões ou contrações musculares podem ser observadas.

Condutas:
 Realizar a avaliação primária;
 Conduzir o paciente para um local fresco e colocá-lo em posição confortável;
 Resfrie o paciente de qualquer maneira, retire suas roupas em excesso, molhe-o. A
temperatura do corpo deve ser abaixada rapidamente ou o paciente corre risco de
morrer;
 Bolsas de gelo, se possível, devem ser colocadas nas axilas, punhos, tornozelos,
virilhas e pescoço do paciente ou imergir o paciente em água fria; 126

 Monitorar os sinais vitais;


 Providenciar oxigênio;
 Transporte para um hospital.
24 CONVULSÕES

Convulsão ou crise convulsiva é a atividade elétrica desorganizada e descontrolada


que envia impulsos intermitentes para o organismo. Pode-se manifestar por movimentos 127
repetidos, hipertonia, taquicardia e inconsciência.

Em algumas, a pessoa mantém-se consciente. Aquelas em que a pessoa, mesmo com


os olhos abertos não responde a estímulos dolorosos e fica se debatendo são as mais graves.

A crise pode durar minutos e ceder espontaneamente. Caso se prolongue por mais de
trinta minutos, ou se repita neste período sem que a pessoa recupere a consciência entre uma
crise e outra, recebe o nome de status epilépticus.

O status epilépticus é uma emergência médica. O prolongamento das crises leva a


uma atividade cerebral intensa, sem que o fluxo sanguíneo atenda às suas necessidades. Assim,
sem a chegada de oxigênio e glicose suficientes, ocorre sofrimento cerebral, podendo resultar
em graves sequelas neurológicas ou em morte.

A principal causa de convulsão é a epilepsia, porém existem tipos de epilepsia que não
estão associados a convulsões e existem convulsões por outras condições diferentes da
epilepsia. A crise convulsiva tipo grande pode ser precedida dos casos que duram alguns
segundos e envolvem sensações como alucinações visuais ou gustativas.

Geralmente as convulsões são de curta duração, cessando espontaneamente sem


necessidades de medicação.

Divide-se em duas fases distintas:

 Fase Tônica: dura de quinze a vinte segundos e se caracteriza por perda da


consciência e contração muscular contínua, inclusive do diafragma. No início desta
fase a contração da musculatura abdominal força o ar pela laringe fechada, produzindo
um grito.

 Fase Clônica: tem geralmente entre trinta e sessenta segundos de duração. Ocorre
alternância entre contrações musculares intensas e relaxamento em rápida
sucessão. Pode haver parada respiratória e perda do controle esfincteriano.
Caracteristicamente, ocorre salivação excessiva (sialorreia). 128

Após a cessação das convulsões segue-se o estado pós-comicial, quando ocorre o


embotamento, ou seja, o estado de sonolência e desorientação, após um episódio convulsivo
que dura de cinco minutos a algumas horas.

As epilepsias constituem um conjunto de síndromes caracterizadas por crises


epilépticas periodicamente recorrentes e com manifestação eletroencefálica característica.

Há certa polêmica quanto à sua classificação como doença. Independente disto, o


termo “epilepsia” refere-se a um grupo maior compreendendo tanto os quadros idiopáticos,
sintomáticos, criptogênicos, primários ou secundários.

O quadro clínico, aliado ao eletroencefalograma, determina a melhor terapêutica a ser


empregada. Daí a importância da caracterização e classificação das crises epilépticas.

Considera-se como epiléptico o indivíduo que passa por dois episódios de crises não
provocadas com intervalo de tempo de pelo menos 24 horas. Esta definição determina que
mesmo um surto de várias crises consecutivas dentro de 24 horas ou um estado de mal
epiléptico não caracterizam uma epilepsia, pois podem ser decorrentes de fatores causais
externos e não de epilepsia propriamente dita. É importante conseguir uma descrição
pormenorizada do evento, com testemunhas.

Deve pesquisar ativamente sinais podrômicos, o momento do início da perda de


contato, presença de movimentos automáticos, abalos, torções da face ou dos olhos, tempo de
duração do fenômeno, liberação esfincteriana e eventuais traumatismos e ferimentos
decorrentes.
As crises podem ser parciais ou generalizadas. As crises parciais caracterizam-se por
descargas epilépticas que acometem um lobo ou um hemisfério.

Se o paciente preserva a plenitude cognitiva são chamadas de crises parciais simples.


Se a crise parcial atinge o complexo amígdalo-hipocampal, o paciente apresenta perda da
plenitude cognitiva. Nesta situação teremos uma crise parcial complexa, que pode ser
acompanhada de movimentos automáticos ou não. 129

As crises generalizadas caracterizam-se por alterações eletroencefalográficas de início


simétrico e síncrono em ambos os hemisférios cerebrais. Quando estas crises apresentam
manifestação motora, elas acometem os dois lados do corpo.

24.1 ABORDAGEM E CONDUTA

 Avaliar a cena;
 Procurar sinais de consumo de drogas ou envenenamentos;
 Uso de equipamentos de proteção individual;
 Realizar a avaliação primária;
 Verificar o nível de consciência da vítima e se a mesma ainda apresenta
convulsões;
 Solicitar auxílio;
 Tranquilizar pacientes lúcidos;
 Não tentar introduzir objetos na boca do paciente durante a convulsão;
 Não tentar conter a vítima;
 Proteger a cabeça do paciente colocando um apoio;
 Afastar do paciente de objetos perigosos;
 Aguarde a crise seguir sua evolução natural;
 Em caso de convulsão em criança febril, resfriá-la com toalhas molhadas com água
em temperatura ambiente;
 Abrir a via aérea com manobras manuais após a cessação das convulsões;
 Assistir a ventilação, caso esta não retorne após a convulsão;
 Preparar para a ocorrência de novo episódio convulsivo, se a vítima não recupera a
consciência nos primeiros dez minutos;
 Caso a vítima apresente vários episódios de crises convulsivas sem recuperar a
consciência, o profissional de emergência estará diante de um estado de grande
mal epiléptico, devendo providenciar transporte imediato para um centro de saúde
de referência. Esta é uma emergência médica. 130
25 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

O acidente vascular encefálico (AVE) é uma condição frequente, que representa uma
das causas mais comuns de óbito. Há também o potencial de produzir sequelas graves nos 131
sobreviventes.

O acidente vascular encefálico ocorre quando a circulação cerebral é interrompida por


coágulos sanguíneos ou hemorragias, causando em algum tempo a necrose da área do cérebro
suprida pelos vasos obstruídos.

25.1 CAUSAS DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

O acidente vascular encefálico é produzido pela oclusão ou ruptura de um vaso


sanguíneo que irriga o cérebro.

Existem dois tipos básicos de acidente vascular encefálico:

 Acidente vascular encefálico isquêmico: é o tipo mais comum, deriva da oclusão


de um vaso sanguíneo por coágulo, que pode se originar do próprio vaso obstruído
(trombo) ou do coração ou de outro vaso (êmbolo), condição esta menos comum
que a primeira.
 Acidente vascular encefálico hemorrágico: secundário à ruptura de um vaso
sanguíneo cerebral. O sangramento pode ocorrer em um vaso adjacente ao cérebro
(hemorragia subaracnoide) ou dentro da substância cerebral (hemorragia
intracerebral);
25.2 FATORES DE RISCO

O melhor tratamento para acidente vascular encefálico é o preventivo, assim, as


pessoas com fatores de riscos devem ser identificadas e educadas para reconhecer os sinais de 132
acidente vascular encefálico.

Estes pacientes têm que ser acompanhados permanentemente por um médico. Os


pacientes com doenças cardíacas, diabéticos e hipertensos têm mais chances de sofrer um
acidente vascular encefálico.

Geralmente as vítimas de acidente vascular encefálico são idosas – mais de 70% das
vítimas têm mais de 65 anos –, porém jovens tambémpodem apresentar esta condição.

Os fatores de risco que podem ser controlados são:

 Hipertensão;
 Colesterol elevado;
 Diabetes;
 Tabagismo;
 Doença cardíaca.

25.3 SINAIS E SINTOMAS DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

O acidente vascular encefálico deve ser suspeitado em qualquer paciente com perda
súbita de função neurológica ou alteração no nível de consciência.
Os sinais e sintomas mais comuns, que podem ocorrer isolados ou em combinação,
são:

 Alteração do nível de consciência (sonolência, torpor ou coma);


 Cefaleia (dor de cabeça) intensa de início súbito. Qualquer cefaleia associada à
alteração do nível de consciência e dor cervical; 133

 Fala incoerente ou dificuldade de entender a fala;


 Paralisia ou fraqueza facial. Pedir ao paciente que sorria para tornar este sinal mais
evidente;
 Incoordenação, fraqueza, paralisia ou perda sensorial em um membro ou diminuída
(metade) do corpo;
 Perda do equilíbrio;
 Perda da visão;
 Convulsões.

Os sinais e sintomas podem atingir o máximo de severidade desde o início, piorar


gradativamente ou flutuar. Por vezes, é impossível distinguir o acidente vascular encefálico
isquêmico do hemorrágico, mas a cefaleia acompanhada de náuseas e vômitos são mais
proeminentes com as hemorragias. A perda da consciência é mais frequente no acidente
vascular encefálico hemorrágico.

Muitos pacientes apresentam sintomas de um acidente vascular encefálico com


duração menor que 24 horas, são os chamados ataques isquêmicos transitórios. Estes ataques
muitas vezes precedem o acidente vascular encefálico, devendo servir como um alerta para o
risco.

Os profissionais de emergência não devem tentar diferenciar um acidente vascular


encefálico de um ataque transitório e o paciente deve ser levado para o hospital de referência
mais próximo.
25.4 ABORDAGEM E CONDUTA

Até pouco tempo não havia tratamento hospitalar específico para o acidente vascular
encefálico, os pacientes eram colocados em um protocolo geral de “Alteração do Nível de 134
Consciência”.

Porém, com o desenvolvimento de novos tratamentos à base de drogas, que dissolvem


coágulos, tornou-se importante que estes pacientes sejam removidos rapidamente para o
hospital, mesmo que aparentemente sua situação não seja crítica, pois três horas após o início
do quadro este tratamento não é mais eficaz.

O profissional de emergência deve ter a seguinte conduta:

 Avaliar a cena;
 Realizar exame primário;
 Observar cuidados com a coluna cervical em situações nas quais se suspeita que o
paciente possa ter sofrido algum traumatismo (em caso de queda);
 Abrir as vias aéreas é prioridade caso o paciente esteja inconsciente ou sonolento;
 Iniciar a ventilação pulmonar, caso necessário. A respiração inadequada piora ainda
mais as condições cerebrais e pode aumentar a área de necrose;
 Administrar oxigênio sob máscara em todos os casos e manter a oximetria
monitorizada acima de 92%;
 Prevenir a broncoaspiração, colocando o paciente em decúbito lateral, caso
ocorram vômitos;
 Caso o paciente apresente sinais de choque, iniciar o tratamento;
 As alterações dos sinais vitais são comuns após o acidente vascular encefálico,
particularmente a pressão arterial;
 Exame secundário com avaliação neurológica: escala de coma de Glasgow e
escala de Cincinatti;
 Transportar para um centro de saúde de referência.

Na alteração súbita no nível de consciência e paralisia podem preceder a obstrução de


vias aéreas ou a aspiração de vômito. Muitos pacientes com acidente vascular encefálico não
podem falar, mas podem entender o que é falado. 135

As complicações do acidente vascular encefálico podem ser:

 Coma;
 Obstrução de vias aéreas por queda de língua;
 Broncoaspiração;
 Distúrbio respiratório;
 Hipertensão arterial;
 Convulsões.
26 ANGINA DE PEITO

Angina é a dor ou desconforto que surge no tórax, causado pela chegada de


quantidade insuficiente de sangue oxigenado ao miocárdio. É descrita como uma sensação de 136
peso intenso ou aperto, mas pode ser do tipo queimação.

Um fato importante é que a dor pode estender-se e irradiar para o braço esquerdo,
com caráter de dor ou formigamento, ou para o lado esquerdo do pescoço ou até para a
mandíbula.

A angina é causada pela obstrução parcial das coronárias por uma placa de gordura,
que limita a capacidade do coração de aumentar a chegada de sangue oxigenado em resposta a
um aumento de consumo de oxigênio.

Pode ser desencadeada por um aumento das necessidades de oxigênio do coração,


ou que não pode ser atendida pelas coronárias obstruídas devido a exercícios físicos, febre,
emoções fortes e traumatismos.

Nos casos em que a dor dura até cinco minutos e pode ser aliviada pelo repouso ou
por medicamentos específicos, ela pode ser considerada menos grave. Se a dor não
desaparecer em menos de cinco minutos ou se não for aliviada completamente por medicação, o
paciente deverá ser levado o mais precocemente possível para avaliação médica. Deve ser
evitado qualquer tipo de esforço físico por parte da vítima, inclusive andar até em carro.

Quando a dor for prolongada, podemos ter duas situações: ou o paciente tem uma
angina grave, chamada de angina instável, ou um infarto agudo do miocárdio. Ambas são
consideradas emergências; e o paciente deve ser transportado imediatamente para o hospital.
27 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

O infarto agudo do miocárdio (IAM) refere-se ao processo pelo qual áreas de células
miocárdicas no coração são destruídas de maneira permanente.
137
Como a angina instável, o infarto agudo do miocárdio é usualmente causado por fluxo
sanguíneo reduzido em uma artéria coronária devido à aterosclerose e oclusão de uma artéria
por um êmbolo ou trombo.

As outras etiologias do infarto agudo do miocárdio incluem:

 Vasoespasmo (constrição ou estreitamento súbito) de uma artéria coronária;


 Suprimento de oxigênio diminuído (em razão da perda sanguínea aguda);
 Demanda aumentada de oxigênio (em razão de uma frequência cardíaca rápida ou
ingestão de cocaína).

Oclusão coronariana, ataque cardíaco e infarto agudo do miocárdio são termos usados
como sinônimos. A área de infarto leva tempo para se desenvolver. À medida que as células são
privadas de oxigênio, a isquemia se desenvolve, ocorre a lesão celular e, com o passar do
tempo, a falta de oxigênio resulta em infarto ou morte das células, que não pode mais ser
revertida.

A expressão “tempo é músculo” reflete a urgência do tratamento apropriado para


melhorar os resultados do paciente.

27.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


A dor torácica que ocorre de forma repentina e contínua, apesar do repouso e
medicamento, é o sintoma apresentado na maioria dos pacientes com um infarto agudo do
miocárdio.

Esta dor pode irradiar para os braços (principalmente o esquerdo), ou pescoço. Alguns
pacientes podem apresentar dor epigástrica, dorsal, no membro superior direito e nos ombros. A
dor pode associar-se a vômitos, sudorese, ansiedade, inquietação e falta de ar. 138

Geralmente os sintomas se iniciam em repouso, pioram gradualmente e duram horas


caso não haja tratamento. Os sinais vitais são inespecíficos, pois podem estar dentro dos
parâmetros normais.

As complicações do infarto agudo do miocárdio são classificadas como elétricas, como


por exemplo, as arritmias; e mecânicas, como a falência cardíaca.

A fibrilação ventricular é a principal causa de óbito por arritmias em pacientes


infartados. A maioria das mortes ocorre nas primeiras 24 horas, especialmente na primeira hora
(50% dos óbitos). O profissional de saúde pode atuar com eficácia utilizando o desfibrilador
semiautomático e transportando a vítima rapidamente ao hospital.

27.2 ABORDAGEM E CONDUTA

 Realizar a avaliação primária e colher informações;


 Perguntar sobre outros episódios de dor, diagnósticos prévios e uso de
medicações;
 Todo paciente adulto com dor torácica aguda e de forte intensidade deve ser
considerado como vítima de infarto agudo do miocárdio, até que se prove o
contrário;
 Manter a vítima em repouso absoluto;
 Tranquilizar pacientes lúcidos;
 Caso o paciente se torne inconsciente, abrir as vias aéreas e assistir a respiração;
 Administrar oxigênio suplementar sob máscara em todos os casos;
 Caso o paciente já tenha o diagnóstico de angina de peito, faça o uso de medicação
prescrita por médico e tenha o medicamento em seu poder;
 O transporte rápido é fundamental, pois quanto mais rápido o paciente chegar a um
centro de saúde de referência, maiores são as possibilidades de reduzir a área de 139
infarto;
 Obter acesso venoso periférico em membro superior, mantendo-o com solução
glicosada 5%, desde que prescrito pelo médico;
 Reavaliar frequentemente o paciente;
 Preparar para complicações súbitas como parada cardíaca, choque ou edema
pulmonar agudo.
28 INTOXICAÇÕES

Um tóxico é qualquer substância que, quando ingerida, inalada, absorvida, aplicada à


pele ou produzida dentro do organismo em quantidades relativamente pequenas, lesiona o corpo 140
por sua ação química.

A intoxicação por inalação e ingestão de materiais tóxicos, tanto intencional quanto


inadvertida, constitui um perigo importante para a saúde e é uma situação de emergência. Os
tóxicos apresentam variado grau de morbimortalidade para o homem, daí a importância da
abordagem bibliográfica entre os temas de emergências clínicas.

A constituição química do toxicante, quantidade utilizada, início da intervenção


terapêutica, uso de substâncias simultâneas, presença de comorbidades, suscetibilidade
individual, entre outros fatores, influenciam a evolução clínica dos casos de intoxicação por
esses “agentes externos”.

O estímulo às medidas de prevenção e a suspeita clínica imediata são a chave para o


sucesso do prognóstico nesse tipo de patologia. Medidas simples como o armazenamento de
produtos químicos para uso doméstico em embalagens resistentes, associado ao hábito de
armazená-lo em local seguro, fora do alcance de crianças e/ou idosos demenciados reduzem de
modo comprovado os altos índices de intoxicações acidentais registrados nos centros de
toxicologia.

A orientação da população sobre os riscos das intoxicações por medicamentos de uso


comum, assim como dos familiares de crianças e indivíduos com antecedentes de tentativa de
suicídio, são alternativas para reduzir a frequência de intoxicações nos prontos-socorros.

As informações obtidas dos acompanhantes do paciente, em uma anamnese


detalhada e um exame físico minucioso (logo que a estabilidade hemodinâmica do intoxicado
assim o permita), na maioria das vezes, serão suficientes para dar origem a um diagnóstico
sindrômico até que um diagnóstico definitivo seja estabelecido.
Durante a história clínica sobre a etiologia do quadro do paciente é importante tentar
obter receituários antigos, embalagens, os produtos encontrados próximos à vítima, determinar o
tempo entre a ingestão ou inalação do produto e a chegada ao serviço médico, os antecedentes
patológicos pregressos (história de tratamento psiquiátrico, uso de lítio, antidepressivo cíclico,
neurolépticos, analgésicos, opioides, digitálicos, anticonvulsivantes, dependência de drogas,
etc.).
141
Aos dados de exame físico como o grau de orientação são associados: suas condições
de fornecer ou não informações adequadas, hálito, presença de picadas ou manchas na pele,
reflexo pupilar, alterações motoras e/ou hemodinâmicas. Fatores que permitirão ao médico
socorrista elaborar um diagnóstico e, ao mesmo tempo, muitas vezes, inferir a etiologia.

Intoxicação por droga(s) adentra no diagnóstico diferencial de qualquer paciente com


alteração do estado mental. Entra no diagnóstico de quaisquer sinais ou sintomas inexplicados
em crianças menores de cinco anos ou adultos jovens.

As intoxicações geralmente não requerem análises toxicológicas, embora o suporte de


departamento de bioquímica e hematologia seja necessário. As maiores finalidades que
justificam esse procedimento são a necessidade de um tratamento específico e do uso de
antídoto para a droga suspeitada.

Compostos como lítio, acetaminofen e metanol são exemplos de poucas substâncias


que devem ser avaliadas qualitativa e quantitativamente, para melhor eficácia da assistência ao
paciente vítima de intoxicação por elas.

De acordo com a epidemiologia das intoxicações no Brasil, por tipo de agente, os


medicamentos lideram as estatísticas (ácido acetilsalicílico, barbitúricos, antidepressivos cíclicos,
neurolépticos, benzodiazepínicos, digoxina, lítio, codeína), seguidos pelos produtos de limpeza
de uso doméstico (saneantes); desengordurantes (destilados do petróleo: querosene, gasolina,
tíner) e cáusticos (soda cáustica).

Os produtos químicos industriais, como por exemplo, sulfeto de hidrogênio, CO,


tolueno, xileno são citados mais frequentemente em medicina ocupacional. Em quarto lugar
encontramos os praguicidas (raticidas, principalmente), seguidos pelos agrotóxicos de uso
doméstico (inseticidas do grupo dos clorados, fosforados, carbamatos e, com menor toxidade, os
piretos) e em sexto lugar aparecem as drogas como cocaína, maconha, opioides, isto é, drogas
de abuso.

Os envenenamentos ou intoxicações predominam em crianças (menores de doze


anos), principalmente entre um e quatro anos. Geralmente, por supervisão inadequada dos pais,
ou pela acessibilidade de produtos caseiros com potencial tóxico. Os adultos entre quinze e
quarenta anos são os mais afetados, a maioria do sexo feminino e de modo intencional. 142

28.1 INTOXICAÇÃO POR INGESTÃO

No caso provável de intoxicação por ingestão, devem-se obter informações


rapidamente. Se possível, levantar a história enquanto faz o exame físico; ver se há vômitos;
conferir se há qualquer substância nas roupas da vítima.

A cena pode estar associada a algum tipo específico de envenenamento. Os sinais e


sintomas de intoxicação por ingestão podem ser identificados durante a avaliação da vítima. Eles
podem incluir:

 Queimadura ou mancha ao redor da boca da vítima;


 Odores incomuns da respiração, no corpo, nas roupas do paciente ou no ambiente;
 Respiração anormal;
 Pulsação com frequência e características anormais;
 Sudorese;
 Pupilas dilatadas ou contraídas;
 Produção excessiva de saliva ou presença de espuma na boca;
 Dores na garganta ou na boca ou deglutição dolorosa;
 Dor no estômago ou abdominal;
 Convulsões;
 Estado alterado de consciência.

Na maioria dos casos o cuidado de emergência consistirá em:

 Realizar a avaliação primária; 143

 Diluir a substância no estômago da vítima;


 Administrar o carvão ativado para absorvê-la;
 Nunca tente provocar vômito se a vítima estiver inconsciente.

28.2 INTOXICAÇÃO POR INALAÇÃO

Obtenha o máximo de informações e o mais depressa possível da vítima e das


pessoas presentes no local. Procure identificar a substância inalada. As possíveis fontes podem
ser os escapamentos dos automóveis, fogões a gás, solventes industriais e latas de spray.

Os sinais e sintomas de intoxicação por substâncias inaladas variam e dependem do


tipo de substância. A reação do organismo para casos de intoxicação por gases tóxicos
frequentemente pode demorar.

Respiração rápida e tosse são indicadores característicos. A frequência do pulso é


normalmente muito rápida e/ou muito lenta. Provavelmente poderá perceber a irritação dos olhos
e danos das vias aéreas.

Irritações de pele e olhos podem ser tratadas com água corrente. A prioridade do
profissional de emergência deve ser cuidar dos danos às vias aéreas da vítima.

Em caso de inalação de fumaça deve-se ter as seguintes condutas:


 Remover a vítima com segurança para áreas livres de fumaça;
 Executar avaliação inicial e medidas de suporte básico de vida, e de acordo com a
necessidade (CAB);
 Se a vítima estiver consciente e sem sinais de lesão no pescoço ou coluna,
coloque-a em posição sentada ou semissentada. Esta posição facilita a respiração;
 Monitorar a vítima e preparar para uma perda de consciência;
 Proporcione cuidados para o choque; 144

 Transporte para um centro de saúde de referência.

28.3 INTOXICAÇÃO POR ABSORÇÃO

As intoxicações por absorção normalmente irritam a pele e os olhos. Porém, há casos


raros em que a substância é absorvida com mínimo ou nenhum dano à pele. Os sinais e
sintomas de intoxicação por absorção incluem uma ou todas as seguintes reações:

 Reação cutânea: irritações moderadas de queimaduras por substâncias químicas;


 Prurido;
 Irritação nos olhos;
 Cefaleia;
 Temperatura da pele aumentada;
 Choque por alergia (choque anafilático).

Os cuidados de emergência para intoxicações por absorção incluem remover a vítima


da fonte da substância e lavar imediatamente com água corrente todas as áreas expostas.

Depois desta conduta inicial, removaas vestes contaminadas e lave as áreas afetadas
da pele da vítima com água e sabão, continue banhando abundantemente com água corrente.

Transporte para o hospital.


29 AFOGAMENTOS

Afogamento é todo acidente por submersão em que a vítima morre dentro das
primeiras 24 horas. Quase afogamento é todo acidente por submersão em que a vítima 145
sobrevive no mínimo por 24 horas, independentemente do resultado final.

O afogamento é uma causa comum de morte acidental em crianças e adultos jovens. A


prevenção é o principal instrumento para redução nos casos de afogamento, por intermédio da
educação da população e do aumento do número de guarda-vidas nas praias.

Os tipos de afogamentos são:

 Afogado molhado: associado à aspiração de líquido, tem pior prognóstico e


representa 85% dos afogamentos fatais.
 Afogado seco: não apresenta aspiração pulmonar de líquido devido ao espasmo
da musculatura da laringe. Cerca de 10% dos óbitos por afogamento ocorrem por
asfixia verdadeira. As vítimas que não aspiram líquidos geralmente respondem
melhor ao tratamento, quando resgatadas a tempo.

Do ponto de vista prático o quadro dos pacientes que se afogam em água doce ou
salgada é idêntico, devido à pequena quantidade de fluido que normalmente é aspirada.

É necessário que o profissional de emergência informe ao médico se o atendimento


ocorreu em água poluída ou contaminada por produtos químicos e qual era a temperatura da
água, pela possibilidade de a hipotermia coexistir com o afogamento.

A maioria dos afogamentos segue um padrão comum, após um período de pânico, a


vítima tenta se manter em apneia enquanto luta para emergir. É frequente a deglutição de água
que causa distensão do estômago e vômitos.
Com a queda da oxigenação, ocorrem respirações involuntárias durante a submersão
e aspirações de quantidade variáveis de água.A passagem de líquido pela laringe causa, nas
fases iniciais, um intenso laringoespasmo (oclusão da glote devido à contração dos músculos
laríngeos) que previne a aspiração de maiores quantidades de água.

146

29.1 CLASSIFICAÇÕES DO AFOGADO

 Resgate: Paciente tem tosse e falta de ar.


 Grau I: Paciente lúcido, apresentando tosse seca. Inicialmente o paciente está
taquicárdico e taquipneico, mas melhora rapidamente à medida que se acalma. Não
há aspiração pulmonar significativa.Tratamento na cena: repouso, aquecimento e
oxigênio.
 Grau II: Lucidez ou agitação: elevação moderada das frequências respiratória e
cardíaca, taquipneia, sem grande dificuldade respiratória. Há presença de tosse
seca e vômitos. Existe pequena quantidade de espuma na boca e no nariz. Óbito
em 0,6% dos casos.
 Grau III: Paciente agitado e pouco colaborativo devido à falta de oxigênio. As
frequências cardíaca e respiratória estão elevadas e o paciente apresenta grave
dificuldade respiratória, muitas vezes, com cianose. Ocorre tosse com espuma
esbranquiçada ou rósea em quantidade. A mortalidade é elevada neste grupo.
Óbito em 5,2% dos casos.
 Grau IV: Semelhante ao grau III, porém o pulso radial está fraco ou ausente,
indicando sinais de choque. Óbito em 19,4% dos casos.
 Grau V: Presença de parada respiratória. Óbito em 44% dos casos.
 Grau VI: Presença de PCR. Óbito em 93% dos casos.

Obs.: É importante lembrar que esta classificação não tem caráter evolutivo.
29.2 ABORDAGEM E CONDUTA

 Remover a vítima da água o mais rápido possível (resgate geralmente realizado por
bombeiros e não profissionais de saúde). 147
 Avaliar a segurança do local.
 Manter o paciente na horizontal em paralelo à água e executar a avaliação primária
(CAB).
 Iniciar RCP na ausência de pulso carotídeo mesmo em indivíduos que ficaram
submersos por longos períodos, pois a água fria protege o indivíduo da morte
cerebral. Caso a ambulância esteja equipada com desfibrilador semiautomático,
deve ser realizada a rotina de análise do ritmo. As compressões torácicas só devem
ser iniciadas após a retirada da vítima da água.
 Abrir as vias aéreas é a prioridade por meio de técnicas usuais. Observar cuidados
com a coluna cervical se houver evidência de trauma.
 Iniciar ventilação pulmonar se houver indicação, utilizando oxigênio suplementar.
 Administrar oxigênio sob máscara em pacientes, ventilando espontaneamente com
fluxo de 12L/min.
 Não tentar retirar a água dos pulmões ou do estômago. A utilização da manobra de
Heimlich para esvaziar o estômago distendido só aumenta o risco de aspiração
pulmonar. A manobra só deve se utilizada se houver suspeita de obstrução de vias
aéreas por corpos estranhos.
 Caso o paciente inconsciente apresente vômitos, coloque-o em posição lateral de
segurança.
 Não colocar a vítima com a cabeça mais baixa que o corpo.
 Aquecer os pacientes, secando-os e cobrindo-os com cobertores.
 Prevenir a aspiração pulmonar em vítimas com respiração espontânea, colocando o
paciente em decúbito lateral esquerdo (posição lateral de segurança).
 Todas as vítimas de submersão, mesmo as que só necessitaram de mínima
reanimação, devem ser submetidas à avaliação médica, pois, às vezes, a lesão
pulmonar ocorre horas após o episódio de submersão.
30 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO

O trauma de crânio é responsável por 50% das mortes em pacientes traumatizados.


São as principais causas de óbito nas vítimas de acidentes automobilísticos. A maioria das 148
vítimas está na faixa etária entre quinze e 24 anos.

E mesmo quando não causa a morte, pode ocasionar sequelas graves, incompatíveis
com uma vida produtiva. O tratamento adequado é eficaz para diminuir essas complicações. Os
traumatismos da cabeça podem envolver, isoladamente ou em qualquer combinação, o couro
cabeludo, crânio e encéfalo.

30.1 LESÕES NO COURO CABELUDO

Podem causar hemorragias importantes devido à sua intensa vascularização. Nos


adultos, os hematomas subgaliais (galos) são úteis para determinar a força do traumatismo. Os
sangramentos devem ser controlados com compressão. Na presença de fratura com depressão,
efetuar a compressão na margem da lesão para evitar agravamento.
FIGURA 50 – LESÕES NO COURO CABELUDO

149

FONTE: Disponível em: <http://www.malthus.com.br/mg_02045/02051_b.jpg>.

Acesso em: 19 set. 2011.

30.2 FRATURAS DE CRÂNIO

As fraturas de crânio não implicam, necessariamente, presença de lesão encefálica,


mas indicam a severidade do trauma e maior probabilidade de ocorrer lesão intracraniana.

Podem ser classificadas em:

 Fraturas, linear ou simples: representam 80% das fraturas de crânio, são lineares
e sem desvio.
 Fraturas abertas: localizam-se sob lesões do couro cabeludo e têm maior potencial
para infecção.
 Fraturas deprimidas: ocorrem geralmente após lesão de baixa velocidade com
impactos de pequenos objetos. Têm maior potencial para causar lesão cerebral,
pois fragmentos ósseos penetram na massa encefálica.
 Fraturas de base de crânio: a presença de sangramento pelo nariz (rinorragia) ou
pelo ouvido (otorragia) indica a possibilidade desta lesão. A equimose periorbitária
(olhos de guaxinim) surge algumas horas após o trauma. A equimose de mastoide é
um sinal tardio (mais de 24 horas após a lesão). 150

FIGURA 51 – FRATURAS DE CRÂNIO

FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_jttoLB3SPIM/SU6iAm-otkI/AAAAAAAAABo/6s3FUvXe-


s0/s400/Imag007.jpg>. Acesso em: 19 set. 2011.

30.3 LESÕES CEREBRAIS

 Concussão: episódio de alteração do nível de consciência após um violento


choque, com retorno rápido ao normal. Não há lesão cerebral definida. O quadro
clínico é a perda da consciência por alguns segundos ou minutos, confusão, amnésia e
vômitos.
 Contusão cerebral: ocorre geralmente nas áreas em que o cérebro entra em
contato com protuberâncias ósseas, caracteriza-se por áreas de hemorragia no
cérebro. Pode causar déficits permanentes ou se resolver totalmente. As lacerações
cerebrais podem ocorrer nas mesmas situações das contusões cerebrais.
 Hematomas intracranianos: existem três tipos de hematomas (epidurais, 151
subdurais e intracerebrais).
 Hematomas epidurais: ocorrem em quase todos os casos de fratura de crânio,
não ocasionando sequelas graves. Criam um aumento da pressão intracraniana em
poucas horas. São responsáveis por 5 a 10% dos óbitos por TCE.
 Hematomas subdurais: ocorre quando o sangramento está presente entre a dura-
máter e a aracnoide. Geralmente de natureza venosa, tendo uma velocidade de
expansão menor. Podem ser classificados de acordo com a apresentação clínica
em agudos, subagudos e crônicos.
 Hematomas intracerebrais: são causados por dano vascular no momento do
impacto. O quadro clínico depende da região do cérebro que foi afetada.

FIGURA 52 – LESÕES CEREBRAIS

FONTE: Disponível em: <http://hon.nucleusinc.com/imagescooked/28392W.jpg>.

Acesso em: 19 set. 2011.


30.4 AVALIAÇÃO E ABORDAGEM DA VÍTIMA

 Avaliar a cena;
 Realizar a sequência CAB; 152
 Realizar miniexame neurológico (escala de coma de Glasgow);
 Avaliar pupilas (tamanho, simetria, responsividade à luz);
 Movimentos das extremidades (comparar a simetria entre o lado direito e esquerdo
do corpo);
 Transportar rapidamente para o serviço apropriado para reduzir a gravidade das
lesõese diminuir a mortalidade das vítimas.

30.5 ESCALA DE COMA DE GLASGOW

É utilizada para avaliação e comparações repetidas no nível de consciência em


intervalos frequentes. São atribuídos valores numéricos às seguintes respostas da vítima:
abertura ocular, respostas motora e verbal.

A pontuação obtida é somada e reflete o status neurológico da vítima de TCE. A


pontuação mínima é três, a máxima é quinze, pontuações menores ou iguais a oito são
compatíveis com o estado de coma. Segue novamente a Escala de Coma de Glasgow para
fixação.
TABELA 6 – ESCALA DE COMA DE GLASGOW

Abertura Ocular Espontânea 4

Ao comando verbal 3

153
À dor 2

Ausente 1

Resposta Motora Obedece a comandos 6

Localização à dor 5

Flexão inespecífica (retirada) 4

Flexão hipertônica 3

Extensão hipertônica 2

Sem resposta 1

Resposta Verbal Orientado e conversando 5

Desorientado e conversando 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1
31 DESMAIO

Síncope ou desmaio é a perda temporária, súbita e breve da consciência e


consequentemente da postura, devido à isquemia cerebral transitória generalizada, 154
caracterizada por redução na irrigação de sangue para o cérebro.

Síncopes simulam crises de ausência simples ou crises parciais complexas com perda
da consciência desde o início. A abordagem inicial de pacientes com síncope envolve diversos
passos, como por exemplo, o suporte básico de vida antes da suspeita de uma crise epiléptica.
Verificação da condição hemodinâmica, pesquisa de distúrbios metabólicos ou hipóxia fazem
parte desta rotina.

A síncope é um problema frequente, sendo responsável por 1 a 6% de todas as


admissões hospitalares. Cerca de 30% das pessoas têm pelo menos uma síncope nas suas
vidas, em 40% existe recidiva, sobretudo após os primeiros doze meses após o primeiro
episódio.

As causas principais são as alterações vasovagais, ou seja, uma hipersensibilidade do


reflexo vasovagal, ocasionando dor intensa, estresse, emoção. Ou secundária a fatores
cardíacos, como por exemplo, arritmia cardíaca e/ou cardiopatia obstrutiva ou mais
frequentemente devido à alteração da resposta neuromediada do sistema nervoso autônomo
que controla a pressão arterial e a frequência cardíaca.

As outras causas são devido à hipotensão postural, após mudança rápida para posição
de pé e medicamentos como anti-hipertensivos, antiarrítmicos e antidepressivos, que são os
fármacos normalmente associados à perda de consciência.

Na síncope, nem sempre existe uma diferenciação tão clara e os achados de exames
diagnósticos podem ser inespecíficos.
FIGURA 53 - SÍNCOPE

155

FONTE: Disponível em: <http://www.bibliomed.com.br/images/articlesimg/sincope.gif>.

Acesso em: 19 set. 2011.

O diagnóstico é baseado na história clínica, no exame clínico e neurológico; estes itens


são necessários para equacionar corretamente o episódio deinconsciência.

São necessários, quando pertinente, diversos exames que vão desde um simples
hemograma e dosagens de glicose até, nos casos mais graves, uma ressonância magnética.

Casos mais graves, especialmente doenças de origem cardíaca, requerem uma


atenção maior. Enquanto o paciente estiver desmaiado deve ser acomodado deitado, a cabeça
sem angulações e as pernas elevadas.

Há algumas medidas que podem ser realizadas com o objetivo de evitar que uma
pessoa possa desmaiar, são elas:

 Se você acha que vai desmaiar, procure deitar-se com as pernas mais elevadas
que a cabeça.
 Se não for possível deitar-se, sente-se e abaixe a cabeça até o nível dos joelhos,
pois com este procedimento você consegue aumentar o fluxo de sangue para seu
cérebro.
 Procure não se levantar bruscamente, faça-o lentamente, para que sua frequência
cardíaca e pressão sanguínea tenham mais tempo para se ajustar à posição
vertical.
 Se você começou a tomar alguma medicação nova e acha que seu desmaio foi 156
ocasionado pela medicação, procure seu médico, pois pode ser necessário ajustar
a dosagem.
 Em épocas de altas temperaturas, como verão, passar por muito calor e umidade,
ter sensação de abafamento, ingerir pouco líquido, ficar em pé por um longo tempo,
fazer exercícios e desidratar-se são condições propícias para ocorrer um desmaio.

Os primeiros socorros para casos de desmaio devem ser tomados até que seja
possível o atendimento especializado. Podemos destacar:

 Afastar a vítima de local que proporcione perigo, como por exemplo, escadas,
janelas;
 Deitá-la de barriga para cima e elevar as pernas acima do tórax, para que a cabeça
fique mais baixa em relação ao restante do corpo;
 Manter a cabeça de lado para facilitar a respiração e evitar aspiração de secreções;
 Afrouxar as roupas;
 Manter o local arejado;
 Após recobrar a consciência, deve permanecer pelo menos dez minutos sentada,
antes de ficar em pé, pois isso pode favorecer o aparecimento de um novo
desmaio;
 Transportar a vítima para atendimento médico.

São atitudes importantes que o socorrista não deve fazer:


 Não jogar água fria no rosto, para despertar;
 Não oferecer álcool ou amoníaco para cheirar;
 Não sacudir a vítima.

157
32 CHOQUE ELÉTRICO

O choque elétrico pode ser definido como a passagem de uma corrente elétrica através
do corpo, utilizando-o como um condutor. Esta passagem de corrente pode causar um susto, 158
porém também pode causar queimaduras, fibrilação cardíaca ou até mesmo a morte.

Por esse motivo deve-se ter muito cuidado na manipulação com tomadas, fios
desencapados e até mesmo a rede elétrica de distribuição de energia, pois são muito perigosos
e com alto poder para eletrocutar uma pessoa.

Costuma-se associar a lesão que o choque pode causar com o nível de tensão, porém
o correto é que depende da intensidade da corrente elétrica que atravessa o corpo da pessoa
durante o choque e do caminho da corrente elétrica pelo corpo.

Certamente que quanto maior for a tensão, maior é a probabilidade de ocorrer um dano
físico à pessoa, tendo em vista que pela lei de Ohm o aumento da corrente é diretamente
proporcional ao da tensão e inversamente proporcional ao da resistência elétrica

As lesões provocadas pelo choque elétrico podem ser de quatro naturezas, são elas:

 Eletrocussão;
 Choque elétrico;
 Queimaduras;
 Quedas provocadas pelo choque.

32.1 ELETROCUSSÃO
A eletrocussão é definida como a morte provocada pela exposição do corpo a uma
carga letal de energia elétrica. Os raios e os fios de alta tensão, geralmente com a voltagem
superior a 600 volts, costumam provocar esse tipo de acidente. Também pode ocorrer a
eletrocussão com baixa voltagem, ou seja, com voltagem inferior a 600 volts, se houver a
presença de: poças d'água, roupas molhadas, umidade elevada ou suor.

159

32.2 CAUSAS DO CHOQUE ELÉTRICO

O choque elétrico é causado por uma corrente elétrica que passa através do corpo
humano ou de um animal qualquer. O pior choque é aquele que se origina quando uma corrente
elétrica entra pela mão da pessoa e sai pela outra.

Nesse caso, atravessando o tórax, ela tem grande chance de afetar o coração e a
respiração. Se fizerem parte do circuito elétrico o dedo polegar e o dedo indicador de uma mão,
ou uma mão e um pé, o risco é menor.

O valor mínimo de corrente que uma pessoa pode perceber é 1mA. Com uma corrente
de 10 mA, a pessoa perde o controle dos músculos, sendo difícil abrir as mãos para se livrar do
contato. O valor mortal está compreendido entre 10 mA e 3 A.

32.3 QUEIMADURAS

A pele humana é um bom isolante e apresenta, quando seca, uma resistência à


passagem da corrente elétrica de 100.000 Ohms. Quando molhada, porém, essa resistência cai
para apenas 1.000 Ohms. A energia elétrica de alta voltagem, rapidamente rompe a pele,
reduzindo a resistência do corpo para apenas 500 Ohms.

Além da intensidade da corrente elétrica, o caminho percorrido pela eletricidade ao


longo do corpo, ou seja, do ponto onde entra até o ponto onde ela sai e a duração do choque
são os responsáveis pela extensão e gravidade das lesões. 160

32.4 QUEDA DE ALTURA

Os acidentes com eletricidade ocorrem de várias maneiras. Os riscos resultam de


danos causados aos isolantes dos fios elétricos devido a roedores, envelhecimento, fiação
imprópria, diâmetro ou material do fio inadequado, corrosão dos contatos, rompimento da linha
por queda de galhos, falta de aterramento do equipamento elétrico. Quando o profissional sobe
para consertar certa estrutura ou linha, pode ocorrer a descarga elétrica e com isso ocasionar a
queda de altura.

32.5 PRIMEIROS SOCORROS

O socorrista deve interromper imediatamente o contato da vítima com a corrente


elétrica, realizando os seguintes procedimentos:
 Desligar o interruptor ou chave elétrica;
 Afastar o fio ou condutor elétrico com um material não condutor bem seco, pedaço
de pau, cabo de vassoura, pano grosso;
 Puxar a vítima pelo pé ou pela mão, sem lhe a tocar a pele, usando material não
condutor;
 É importante não pisar no chão molhado, se não estiver com botas de borracha.
161

Os procedimentos de Suporte Básico de Vida devem ser iniciados, são eles:

 Inicie as compressões torácicas no caso da vítima apresentar parada


cardiorrespiratória;
 Solicite auxílio do socorro especializado;
 Após certificar-se da normalização da respiração e dos batimentos cardíacos
mantenha-se alerta, para reiniciar o socorro, se a vítima continuar inconsciente;
 Imobilize os locais da fratura se houver;
 Proteja as áreas queimadas;
 Controle as hemorragias se houver;
 Transporte a vítima para o hospital, o quanto antes, mantendo a respiração e
massagem cardíaca se necessário.

Ao atender uma vítima de choque elétrico é necessário cuidar para não ficar na mesma
situação, portanto deve-se desligar a energia elétrica antes, ou usar alguma forma de isolamento
elétrico, como por exemplo, botas de borracha.

Estando a vítima fora de uma área eletrificada, observa-se se existe algum objeto
obstruindo a passagem do ar pela boca ou nariz, como próteses dentárias ou alimentos, que
devem imediatamente ser retirados.

As queimaduras elétricas geralmente são mais graves do que aparentam, mesmo


aquelas em que o paciente procura ajuda especializada pessoalmente.O corpo, no choque
elétrico, serve como condutor da energia e ao mesmo tempo de resistência elétrica, causando os
danos ao organismo.

Quando internado, é recomendável a passagem de uma sonda vesical para monitorar


a urina, ao mesmo tempo em que ela é estimulada pela hidratação venosa agressiva com soro
fisiológico para proteger o rim, mantendo uma diurese de pelo menos 100 ml por hora.

162
33 FERIMENTOS NO TÓRAX

Os ferimentos no tórax causam aproximadamente 25% das mortes nos pacientes que
sofreram politraumatismos. Cerca de 60% das vítimas politraumatizadas que evoluem para o 163
óbito apresentam lesões torácicas.

Os ferimentos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade da


parede torácica. Os fechados podem ser por compressão dos órgãos torácicos ou por
aceleração-desaceleração e são mais frequentes que os penetrantes.

Os ferimentos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo. São
mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada, determinando o local de
lesões em órgãos. As lesões específicas no traumatismo de tórax serão abordadas a seguir.

33.1 FRATURA DE COSTELA

As fraturas mais comuns são as laterais entre a terceira e oitava costelas. Elas são
longas, finas e pouco protegidas. Fraturas simples isoladas quase nunca trazem risco de morte.

Podem ser detectadas por dor ao movimento ou palpação e, às vezes, crepitação local.
As fraturas de costelas mais baixas podem ser associadas a lesões do fígado (à direita) e baço
(à esquerda).
FIGURA 54 – FRATURA DE COSTELA

164

FONTE: Disponível em: <http://www.clinicadeckers.com.br/imagens/orientacoes/14_costela_lesionada.jpg>.

Acesso em: 19 set. 2011.

33.2 TÓRAX INSTÁVEL

O tórax instável é causado geralmente por um impacto no esterno ou na parede lateral


com fraturas de duas ou mais costelas adjacentes em dois ou mais pontos, deixando uma parte
da parede “solta”.

Esta porção perde o suporte ósseo e passa a fazer movimento contrário ao resto do
tórax em cada respiração. É uma lesão grave e pode levar à hipóxia e à morte, se associada à
contusão pulmonar e não tratada adequadamente. O tratamento consiste em medicação para
dor e, em alguns casos, suporte ventilatório por aparelhos.
33.3 CONTUSÃO PULMONAR

A compressão do pulmão pode produzir hemorragia dentro dos alvéolos, reduzindo a


capacidade do pulmão de transferir oxigênio para o sangue. Deve-se suspeitar se houver sinais 165
de trauma importante do tórax, como fraturas de várias costelas, tórax instável e equimoses.

Crianças podem apresentar contusões graves sem qualquer sinal de lesão externa ou
fratura de costela. O tratamento específico somente será realizado em ambiente hospitalar ou
por unidade de suporte avançado.

FIGURA 55 – CONTUSÃO PULMONAR

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_VMFYTb5Xd00/S-


bQtliz4ZI/AAAAAAAAAC0/mV0TKoBIUFg/s1600/trauma+perfurocortante+t%C3%B3rax+3.jpg>. Acesso em: 19set.
2011.
33.4 PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO

Pneumotórax significa a presença de ar no espaço entre pleuras. Pode ser resultante


de lesão aberta no tórax, como por exemplo, uma facada, ou lesão do próprio pulmão após ser 166
atingido por um fragmento de costela quebrada, por exemplo, ou ambos.

À medida que o ar entra para o espaço pleural ele impede o pulmão de expandir-se e
de realizar as trocas gasosas. Se o ar estiver entrando em um mecanismo de válvula, haverá
compressão total do pulmão do mesmo lado com desvio do mediastino para o lado oposto,
levando à redução do retorno de sangue para o coração e ao choque.

Normalmente, há grande dificuldade respiratória, taquicardia, hipotensão arterial e


distensão do lado do tórax afetado. Nessa situação, o ar pode escapar para debaixo da pele,
podendo ser detectado pela palpação e sendo chamado enfisema subcutâneo. O pneumotórax
hipertensivo poderá matar a vítima em poucos minutos, se não for detectado.

Tratamento específico só em ambiente hospitalar, ou por equipe de suporte avançado


de vida. Consiste na drenagem do ar, permitindo expansão pulmonar.

FIGURA 56– PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_3TLnErjyzOc/Sh84GwPdZpI/AAAAAAAAAKI/4BduH-


_cM3U/s400/pneumotorax.jpg>. Acesso em: 19 set. 2011.
33.5 PNEUMOTÓRAX ABERTO

É produzido quando um ferimento penetrante conecta o espaço pleural com a


atmosfera. Quando maior que 2/3 do diâmetro da traqueia torna o paciente incapaz de encher os 167
pulmões durante a inspiração, pois o ar tende a entrar pela ferida e não pelas vias aéreas.

33.6 CONTUSÃO CARDÍACA

A contusão cardíaca pode produzir lesão miocárdica. Devem-se suspeitar quando a


vítima apresenta contusão ou fratura esternal. Devido a sua posição anterior e subesternal o
ventrículo direito é mais afetado que o esquerdo. Tem como complicações as arritmias,
hipotensão e rupturas de miocárdio ou válvulas.

FIGURA 57– CONTUSÃO CARDÍACA

FONTE: Disponível em:<http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2007/05/traumacard.JPG>.


Acesso em: 19set. 2011.
33.7 TRATAMENTO E CONDUTA

 Avaliação da cena;
 Realizar a sequência CAB; 168
 Conter hemorragias;
 Contato com o serviço de resgate;
 Transporte imediato para centro de saúde de referência.
34 FERIMENTOS NO ABDÔMEN

Os ferimentos de abdômen ocorrem em 20 a 40% dos pacientes que sofreram


politraumatismos, causando 50% das mortes evitáveis por trauma. A mortalidade elevada é 169
explicada pelo fato de que, frequentemente, o paciente não é diagnosticado na avaliação inicial,
na emergência.

O óbito pode ocorrer devido à hemorragia extensa proveniente de lesão aberta, como
por exemplo, um trauma abdominal penetrante ou lesão fechada, que consideramos como
trauma abdominal contuso.

Complicações tardias também podem surgir se lesões pequenas passarem


despercebidas, principalmente quando confia no aspecto externo da vítima e não valoriza o
potencial de dano causado pelo acidente, sobretudo no trauma contuso.

A completa ausência de sintomas e sinais locais não descarta a possibilidade de


trauma abdominal. Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da
integridade da parede abdominal.

34.1 TRAUMATISMOS FECHADOS

Os traumatismos fechados podem ocorrer por compressão dos órgãos abdominais ou


por aceleração-desaceleração e são cinco vezes mais frequentes que os penetrantes. As vítimas
podem não ter dor ou evidências de trauma ao exame.
FIGURA 58– TRAUMATISMOS FECHADOS

170

FONTE: Disponível em:


<http://www.famema.br/gallery2/main.php?g2_view=core.DownloadItem&g2_itemId=102&g2_serialNumber=2>.
Acesso em: 19 set. 2011.

34.2 TRAUMATISMOS PENETRANTES

Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo.
São mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada, determinando o local
de lesões em órgãos. A mortalidade é bem mais elevada em ferimentos por arma de fogo, pois
as lesões aos órgãos abdominais são bem mais frequentes.
FIGURA 59 – TRAUMATISMOS PENETRANTES

171

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_wj8si01CvYk/Sogkkir9hhI/AAAAAAAAAOE/-


v9h91icly4/s400/DSC00665.JPG>. Acesso em: 19set. 2011.

34.3 PRIMEIROS SOCORROS

 Avaliar a cena;
 Realizar a sequência CAB;
 Administração de oxigênio;
 Imobilização rápida;
 Acesso venoso e infuso de soro (somente com supervisão e/ou orientação médica);
 Transporte imediato para o centro de saúde de referência.

A avaliação e o tratamento cirúrgico são os elementos básicos para a redução da


mortalidade dessas vítimas. Por isso, qualquer medida que retarde a chegada da vítima até esse
recurso deve ser bem justificada. O tempo de chegada ao centro de saúde de referência é
crucial.

172
35 FERIMENTOS POR ANIMAIS PEÇONHENTOS

São acidentes causados por ofídios, escorpiões, aranhas, vespas, abelhas e algumas
formas marinhas de vida animal que se constitui em um tipo de envenenamento, cujo veículo de 173
introdução, no corpo humano, se faz por meio de presas, ferrões, etc.

A toxidade do veneno varia em função do tamanho e estado de nutrição do animal


agressor, a quantidade de veneno inoculada, o peso e estado de saúde da vítima.

Como profissional de emergência, não é necessário ser capaz de classificar insetos,


aranhas, artrópodes e ofídios, porém, deve saber o mínimo indispensável sobre estes animais,
para que seja possível utilizar a técnica adequada a cada situação.

35.1 ENVENENAMENTO OFÍDICO

O acidente por picada de cobra venenosa é denominado ofidismo. O Brasil é o país


que possui a mais rica variedade de ofídios do mundo. As cobras não venenosas são maioria.
Podemos classificar as serpentes venenosas, no Brasil, em quatro grandes gêneros, que
descreveremos a seguir.

35.1.1 Micrurus (Corais)


Conhecidas vulgarmente como Corais. São encontradas nas regiões Centro-Oeste, Sul
e Nordeste. A ação do veneno das Corais no organismo é muito rápida, de grande potência e
mortal, se não for cuidado a tempo. Por isso, os sintomas e sinais aparecem em questão de
minutos. São eles:

 Dificuldade em abrir os olhos; 174

 “Cara de bêbado”;
 Falta de ar;
 Dificuldade em engolir;
 “Formigamento” e “adormecimento”;
 Insuficiência respiratória aguda.

FIGURA 60– CORAL

FONTE: Disponível em:


<http://www.zoopets.com.br/serpentes/Advertencia_Micrurus%20decoratus_1_Otavio%20Marques.jpg>. Acesso em:
19jul. 2011.

35.1.2 Crotalus (Cascavéis)


São as famosas cascavéis, facilmente reconhecidas pelo “guizo” existente na ponta da
cauda. Ocorrem nas regiões Sul e Centro. A ação do veneno limita-se a um pequeno e discreto
inchaço, ao redor do ferimento, que pode passar despercebido.

Entretanto, o veneno das cascavéis é de muita potência, sendo os acidentes


provocados por essas cobras muito graves, levando à morte, caso não sejam tomadas
providências. 175

São alguns sinais e sintomas de envenenamento:

 Dificuldade de abrir os olhos;


 “Cara de bêbado”;
 Visão dupla;
 Visão turva;
 Dor muscular;
 Sensação de formigamento no membro afetado;
 Dificuldade para falar.

Após seis a doze horas:

 Escurecimento da urina.

FIGURA 61– CASCAVEL

FONTE: Disponível em: <http://s190.photobucket.com/albums/z257/americanwildlife/Reptile/Crotalus_enyo.jpg>.

Acesso em: 19jul. 2011.


35.1.3 Bothops (Jararacas)

São as mais comuns e as mais numerosas, vulgarmente chamadas de Jararacas.


Estas serpentes são responsáveis por cerca de 90% dos acidentes ofídicos do Brasil e são 176
encontradas em todo território nacional. O seu veneno provoca hemorragia.

A ação do veneno no organismo apresenta as seguintes manifestações locais:

 Dor imediata;
 Inchaço (edema);
 Calor e rubor no local da picada;
 Hemorragia no local da picada ou distante dele.

As complicações que podem surgir:

 Bolhas;
 Gangrenas;
 Abscesso;
 Insuficiência renal aguda.
FIGURA 62– JARARACA

177

FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_r8CAcPTrVU8/Sd_0deOoM4I/AAAAAAAABk4/pURnF-


e6sgY/s1600/c_jararaca1.jpg>. Acesso em: 19 jul. 2011.

35.1.4 Lachesis (Surucucus)

São serpentes pouco conhecidas, chamadas de Surucucu ou Surucutinga, sendo


encontradas na região Amazônica e Zona da Mata Nordestina. Os acidentes com Surucucus são
muito raros no Brasil. O seu veneno no organismo do acidentado provoca reações semelhantes
ao veneno das Jararacas. São eles:

 Inchaço no local da picada;


 Diarreia;
 Hemorragia.
FIGURA 63 - SURUCUCU

178

FONTE: Disponível em: <http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/gif_animal/cobras.gif/surucucu1.jpg>.

Acesso em: 19 jul. 2011.

35.1.5 Conduta

 Realize o exame primário;


 Procure identificar o animal agressor, porém não perca tempo em fazer isto, se o
capturar, leve-o morto para o hospital;
 Avalie os sinais vitais;
 Limpe o local da picada com água;
 Administre oxigênio;
 Mantenha o paciente deitado;
 Em caso de acidente com Botrópico (Jararaca), e se a vítima estiver com edemas
no membro, eleve o membro para aliviar o edema;
 É importante que se faça um círculo em volta do local da picada com uma caneta, a
fim de marcar o local da inoculação do veneno;
 Trate o choque, caso necessário;
 Transporte para um centro de saúde de referência.
35.2 ACIDENTES COM ARANHAS

Acidentes leves e benignos causados por Armadeiras e Viúvas-Negras causam apenas


dor discreta no local da picada, enquanto os provocados pela Tarântula e Aranha-Marron 179
provocam equimose local ou pequena necrose.

Nos casos graves originados pelas aranhas Armadeira e Viúva-Negra, a dor é bem
mais interna, e a vítima apresenta sudorese, náuseas, vômitos, hipertermia e hipertensão,
evoluindo para coma e choque.

Nos casos graves originados por picadas de Aranha-Marrom há dor forte no local da
picada, náuseas, vômitos, hipertermia e grandes equimoses no membro afetado, geralmente
acompanhados por flictenas hemorrágicas.

As condutas a serem realizadas em casos de acidentes com aranhas são as mesmas


realizadas com acidentes ofídicos.

FIGURA 64– ARANHAS

FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/aranha_loxosceles_gaucho1.jpg>.

Acesso em: 19 jul. 2011.


35.3 ACIDENTES COM ESCORPIÃO

A incidência real do acidente com escorpiões é ainda pouco conhecida, pois à


semelhança dos acidentes aracnídeos, a maioria dos dados restringe-se àqueles casos em que 180
houve envenenamento e utilização de soro específico.

A maioria dos acidentes ocorre nos meses quentes e chuvosos, mais frequentes de
setembro a novembro, atingindo predominantemente os membros superiores, principalmente as
mãos e os antebraços.

A letalidade situa-se em 0,5 como médias nacional (aproximadamente 35 óbitos/ano no


período de 1990-1993) sendo que a maior proporção é registrada em indivíduos menores de 14
anos.

35.3.1 Reconhecimento

 Procure identificar e capturar o animal agressor, porém não perca tempo neste
trabalho;
 Dor local muito intensa;
 Náuseas e vômitos;
 Dores abdominais;
 Convulsões;
 Entorpecimento e formigamento no membro afetado;
 Espasmo do músculo do maxilar causando dificuldade para abrir a boca;
 Choque;
 Edema.
O tratamento é o mesmo utilizado para ofídicos.

FIGURA 65– ESCORPIÃO

181

FONTE: Disponível em: <http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/imagens/escorp.jpg>.

Acesso em: 19 jul. 2011.


36 FERIMENTOS NOS OLHOS

Ferimentos oculares são mais comuns do que podemos imaginar. Muitos podem até
ser de pouca importância, mas se não forem tratados de forma rápida e adequada podem levar a 182
complicações que ameaçam a visão.

Pode haver lesões sérias, e até mesmo com o cuidado de médicos oftalmologistas, a
visão pode ser perdida.

FIGURA 66 – LESÕES OCULARES

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_1xcCviN1G4Q/S5w-LR-


E2bI/AAAAAAAAADw/JeUwwK0KIUo/s320/faca+no+olho.jpg>.

Acesso em: 18 jul. 2011.


A prevenção da cegueira ocasionada por ferimentos oculares requer:

 Prevenção de acidentes;
 Avaliação precoce do paciente;
 Avaliação correta por parte do socorrista que presta o atendimento;
 Encaminhamento imediato de ferimentos sérios que requerem cuidados do 183

oftalmologista.

Os primeiros socorros em caso de substâncias químicas nos olhos são:

 Realizar a lavagem do olho com água em abundância;


 O paciente deve permanecer deitado por quinze minutos durante a administração
abundante de água nos olhos.

A proteção dos olhos é uma necessidade urgente, e imperativa, não apenas pelo
desejo de bem-estar dos indivíduos, mas também por razões de ordens socioeconômicas, como
o aumento da produtividade.

Com o aumento da industrialização e a diminuição das medidas profiláticas, os


acidentes oculares de trabalho têm ocorrido com uma frequência cada vez maior, sendo
necessárias medidas eficazes para preveni-los e evitá-los.

Tais acidentes são responsáveis, muitas vezes, por gerar incapacidade e limitações
nos indivíduos, por provocarem cegueira. Nos Estados Unidos, ocorrem cerca de mil acidentes
oculares de trabalho por dia, apesar de todo um esforço na sua prevenção.

Por ser a visão o sentido mais importante, os olhos são extremamente essenciais para
o operário e lesões mínimas podem impossibilitá-lo para o trabalho.É importante ressaltar que
aproximadamente 98% dos acidentes são evitáveis, ou seja, a cada cem acidentes, apenas dois
deveriam acontecer.
Muitos materiais e produtos são responsáveis por acidentes oculares domésticos.
Dentre eles, podemos citar:

 Produtos de limpeza, como desinfetantes, detergentes e alvejantes;


 Inseticidas;
 Objetos pontiagudos como tesouras, facas, garfos e agulhas; 184

 Líquidos inflamáveis;
 Produtos com temperaturas elevadas, tais como, fósforo, óleo para fritura;
 Plantas domésticas que liberem substâncias (coroa-de-cristo, etc.), entre outros.

Estes produtos provocam desde queimaduras até lesões perfurantes graves do globo
ocular, devendo, portanto, ser evitado o seu manuseio sem os devidos cuidados preventivos. Um
cuidado especial é o de se estocar tais produtos longe do alcance de crianças.

Por fim, cabe ainda lembrar a importância do uso do cinto de segurança nos veículos,
pois pesquisas mundiais demonstram a eficácia deste objeto de segurança na medida em que
diminui em uma percentagem alta o número de acidentes oculares graves, como as perfurações,
que podem gerar perda da função visual.

A primeira e mais importante medida de socorro após um acidente ocular é a lavagem


dos olhos com água limpa em abundância. A única exceção se faz às perfurações oculares, que
devem ser encaminhadas imediatamente ao oftalmologista para os devidos reparos.

É importante evitar-se a compressão do globo ocular até a avaliação da extensão da


lesão provocada pelo acidente. É fundamental a avaliação do médico oftalmologista que possui
os equipamentos necessários para um adequado exame do olho.

O uso de colírio anestesiante para alívio dos sintomas é um procedimento apenas


aceito durante o exame do olho acometido e somente pelo médico oftalmologista. Nunca deve
ser usado como rotina pelo socorrista, uma vez que o seu abuso pode gerar problemas oculares
graves como úlceras e cegueira, sendo inclusive necessária a proibição de sua comercialização
sem prescrição médica oftalmológica.
37 CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS

A caixa de primeiros socorros deve estar sempre completa e acessível para o


socorrista ou para a pessoa que prestará a assistência. Precisa conter materiais que sejam para 185
curativos de emergência, portanto, após os cuidados imediatos, procure orientação médica.

A caixa de primeiros socorros pode ser necessária em casa, durante as férias ou


durante uma excursão ou acampamento. Portanto, o conteúdo deve ser mantido em uma caixa
pequena, que seja portátil. Geralmente não se incluem medicamentos.

A caixa deve conter o seguinte:

 Fitas adesivas;
 Almofadinhas de gaze estéril comum e do tipo sem adesivo;
 Faixas especiais para estancar ferimentos leves;
 Sabão, uma barra pequena, para limpar as feridas;
 Toalhinhas ou compressas com álcool;
 Faixa elástica;
 Faixa triangular;
 Agulha e pinça;
 Tesouras pequenas.

Outros objetos úteis nas excursões ou acampamentos:

 Bússola;
 Apito;
 Lanterna;
 Fósforos.
Em situações especiais, caso o socorrista tenha conhecimentos, alguns medicamentos
podem ser guardados na caixa de primeiros socorros, são eles:

 Analgésicos;
 Anti-inflamatórios;
 Antitérmicos; 186

 Antialérgicos;
 Colírio;
 Remédios para náuseas e vômitos.

FIGURA 67 – CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS

FONTE: Disponível em: <http://www.carajas.com/wiki/images/a/a2/Embox.jpg>.

Acesso em: 18 jul. 2011.


38 CORPOS ESTRANHOS

Corpos estranhos são pequenas partículas de vidro, madeira, poeira, carvão, areia ou
limalha, grãos diversos, sementes, insetos que podem penetrar nos olhos, nariz e ouvidos de 187
uma pessoa.

Crianças pequenas podem, acidentalmente, introduzir objetos nas cavidades do corpo,


em especial no nariz, boca e ouvidos. Estes objetos são, na maioria das vezes, peças de
brinquedos, sementes, moedas, bolinhas de papel e grampos. Se houver asfixia, a vítima
apresentará pele azulada e respiração difícil ou ausente.

FIGURA 68 – CORPO ESTRANHO NOS OLHOS

FONTE: Disponível em: <http://www.saudenoclique.com.br/wp-content/uploads/2010/02/loesoes-olhos2.jpg>.


Acesso em: 18 jul. 2011.
Quando um corpo estranho atinge os olhos, as seguintes providências devem ser
tomadas:

 Piscar os olhos para permitir que as lágrimas lavem e removam pequenas


partículas;
 Não tente retirá-lo; 188

 Não esfregue os olhos com os dedos;


 Coloque pálpebra sobre pálpebra e irrigue o olho com soro fisiológico, água limpa
com conta gotas, ou embaixo de uma torneira (abrir pouco) deixando a água
escorrer sobre o olho atingido;
 Quando o corpo estranho estiver na esclera do olho e for terra ou areia, tentar
retirar delicadamente com um cotonete;
 Se o corpo estranho estiver fixo ao globo ocular não tente retirá-lo, coloque uma
compressa ou pano limpo cobrindo os dois olhos para evitar movimentos
conjugados e leve a vítima ao hospital imediatamente;

 Se o objeto estiver cravado no olho, não tente retirá-lo, cubra-os e procure ajuda
médica;
 Se não for possível fechar os olhos, cubra-os com um cone de papel grosso e
procure ajuda médica imediata.
FIGURA 69 – CORPO ESTRANHO NA ESCLERA

189

FONTE: Disponível em: <http://www.saudenoclique.com.br/wp-content/uploads/2010/02/loesoes-olhos2.jpg>.


Acesso em: 18 jul. 2011.

Quando um corpo estranho estiver no nariz, as seguintes providências devem ser


tomadas:

 Tente expelir o ar pela narina com corpo estranho fazendo certa pressão com a
boca fechada e o outro lado comprimido com o dedo;
 Instrua a vítima para que ela respire pela boca;
 Não introduza instrumentos como arames, palitos, grampos ou pinças nas narinas.
FIGURA 70 – CORPO ESTRANHO NO NARIZ

190

FONTE: Disponível em: <http://static.hsw.com.br/gif/human-blockhead-2.jpg>.

Acesso em: 18 jul. 2011.

Quando um corpo estranho estiver nos ouvidos, as seguintes providências devem ser
tomadas:

 Manter o paciente deitado de lado com o ouvido afetado para cima;


 Não introduza nenhum instrumento pequeno;
 Quando o corpo estranho for inseto coloque algumas gotas de óleo caseiro dentro
do ouvido atingido e posicione a cabeça.

Quando um corpo estranho estiver na garganta, as seguintes providências devem ser


tomadas:

 Mantenha-se ao lado da vítima e de forma calma peça para que ela tussa várias
vezes, com a intenção de expelir o corpo estranho;

 Aplique alguns golpes com a mão em concha no meio das costas com o tronco
levemente revertido para frente;
 Tentar Manobra de Heimlich em pé ou se a vítima desmaiar;

 Não obtendo sucesso, realize respiração boca a boca com a vítima deitada em 191

decúbito dorsal até chegada de socorro médico.


 Cuidados: nunca tente puxar os objetos da garganta ou abrir a boca para examinar
o seu interior. Deixe a pessoa tossir com força, este é o recurso mais eficiente
quando não há asfixia. Se o objeto tem arestas ou pontas e a pessoa reclamar de
dor, procure um médico. Se a pessoa não consegue tossir com força, falar ou
chorar, é sinal de que o objeto está obstruindo as vias respiratórias, o que significa
que há asfixia.

FIGURA 71 – CORPO ESTRANHO NO OUVIDO

FONTE: Disponível em:


<http://3.bp.blogspot.com/_3X_vmcDQ1Rc/S7dZoFkJ3oI/AAAAAAAABVQ/JY4rvv9MiJM/s1600/IMG_0092.JPG>.
Acesso em: 18 jul. 2011.
REFERÊNCIAS

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Association 2010 para RCP e ACE. AHA, 2010. 192

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FERREIRA, A.V.S.;GARCIA E. Suporte Básico de vida. RevSocCardiol, São Paulo, 2001, 11(2),
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KOSTER, R.W. et al.European resuscitation council guidelines for resuscitation 2010.Section


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LOPES,S.L.B; FERNANDES, R.J. Uma breve revisão do atendimento médico pré-hospitalar.


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PERGOLA, A.M.;ARAUJO, I.E.M. O leigo em situações de emergência. RevEscEnf USP,


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