Tiago Lopes
Maio de 2021
Índice
• Dissertar sobre três das cinco razões para definir uma estratégia de comunicação
numa microempresa, num documento word em 15 minutos.
2 – Análise SWOT
3 – Plano de ação
Gerir uma empresa é um trabalho cada vez mais difícil, são imensos os fatores que
têm de funcionar em conjunto para que o negócio não caia por terra e mais importante do
que isso, tenha sucesso quer do ponto de vista financeiro quer do ponto de vista
institucional.
Os próximos pontos vão-nos dar indicações para uma possível resposta, que nunca
será certa ou errada. É certo que há empresas de sucesso que não dão uma importância
tão elevada à comunicação e outras que o fazem e acabam por não conseguir os objetivos,
todavia quem comunicar bem vai estar mais próximo do sucesso. Vamos perceber
porquê!
As razões abaixo indicadas, bem como todos os conteúdos deste módulo, têm por
base as características adjacentes a uma microempresa, por isso a complexidade nos
processos comunicativos é menor, focando atenções naquilo que é relevante e exequível,
daí a importância deste módulo; depois de nos anteriores apresentarmos conteúdos
globais dos vários processos da comunicação, aqui procuramos destacar o mais pertinente
para o contexto real dos formandos. Destacamos então 5 razões para definir uma
estratégia de comunicação numa microempresa:
• Diferenciação do produto/serviço
Esta questão, já introduzida acima, tem uma importância crescente nos dias de
hoje. Há muitas empresas a produzir o mesmo tipo de produto/serviço, por isso é
essencial que o nosso se destaque no meio dos restantes.
Não é de todo estranho que muitas empresas consigam ter mais sucesso com
produtos/serviços similares, mas de menor qualidade, em detrimento de outras empresas,
apenas porque são mais fortes na forma como os comunicam.
Isto é uma realidade, atualmente não ganham os melhores, ganham sim aqueles
que conseguem comunicar melhor e destacar da melhor forma o seu produto/serviço no
mercado, porque uma comunicação bem planeada executada é uma fonte de criação
de valor.
Este é uma razão relacionada com a comunicação interna, que também ela deve
ser incluída na estratégia de comunicação.
Mas quando falamos em colaboradores eles são mais do que os funcionários, são
também os fornecedores e os parceiros por exemplo. Se todos esses recursos humanos se
sentirem parte da estrutura isso trará benefícios, que para além da motivação e
produtividade vão transmitir confiança para todos os setores.
A realidade é que isto só será possível se houver um foco na comunicação interna,
englobada em toda a estratégia de comunicação.
• Potencial de crescimento
Esse crescimento só será possível tendo como base uma forte estratégia de
comunicação. Não há crescimento se não houver uma marca e uma identidade
solidificadas, não é possível atingir novos públicos e mercados, por isso os lucros
nunca serão potenciados ao máximo sem a vertente comunicacional.
Esta questão do crescimento tem muito que ver com os objetivos de cada empresa
tiver, mas mesmo não tendo como meta uma expansão ao nível de multinacionais
reputadas, qualquer negócio pequeno quer aumentar os seus lucros, os seus clientes
ou utilizadores e ao investir em comunicação estará muito mais perto de o conseguir.
• A era do digital
Vivemos atualmente numa era digital; já não são só os jovens a centrar atenções
nas redes sociais, esse conceito está ultrapassado, atualmente é comum que pessoas com
60 anos ou mais tenham já a sua página de Facebook, os seus grupos de whatsapp, as suas
preferências nos vídeos do Youtube. As microempresas não podem descurar esta
mudança correndo o risco de ficar para trás em detrimento da concorrência.
Quando nos referimos ao meio digital, em concreto a internet e as redes sociais,
falamos de meios que permitem às pequenas empresas aproximar-se daquilo que fazem
as maiores. Não tendo o orçamento para colocar uma publicidade na televisão por
exemplo, que tem um valor exorbitante, uma microempresa consegue facilmente gravar
um vídeo e colocá-lo a circular pelas suas redes sociais e, sem grandes custos, consegue
aproximar-se do seu público através de meios audiovisuais, algo que há alguns anos
só estaria ao alcance de grandes investidores.
Por mais pequeno que seja o negócio, ninguém quer ficar para trás no seu setor,
por isso marcar presença nos meios digitais, em concreto online, é praticamente uma
obrigatoriedade. Quem conseguir distinguir-se nesta área vai estar um passo à frente,
daí ser tão relevante ajudar as microempresas a delinear estratégias de comunicação,
prepará-las para acompanhar a evolução global e aplicá-la ao nível local.
A definição destas questões vai traçar o caminho pelo qual nos devemos guiar
para ir ao encontro da melhor estratégia de comunicação para cada caso particular, isto
porque um a força da empresa X pode ser um ponto fraco da empresa Y. Aquilo que a
Análise SWOT vem oferecer é a estruturação destes conceitos, organizando e facilitando
o processo de análise de uma empresa.
A estrutura é muito simples, como iremos verificar abaixo, por isso pode e deve
ser usado para desenvolver estratégias de gestão e planeamento a vários níveis, até numa
componente de gestão pessoal, numa perspetiva de melhoria individual. Para o nosso
módulo interessa-nos tudo aquilo que está ligado a gestão empresarial e que pode ser
melhorado a nível comunicacional.
“SWOT é uma sigla que contém as iniciais, em inglês, dos termos: pontos fortes
(Strengths), pontos fracos (Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças
(Threats). Reflete uma perspetiva global da situação em que se encontra determinada
organização, permitindo a identificação de estratégias e ações de melhoria, auxiliando
assim à definição da estratégia da mesma.” (Comissão Setorial para a Educação e
Formação; Grupo de Trabalho para a Gestão da Qualidade no Ensino Superior, 2014)
Figura 1 (http://www.oficina.pt/empreendedorismo/comunicacao-e-
marketing/CIMAVE_secpro_ComMark_ApresAnaliseSWOT.pdf)
Figura 2 (https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/ME_Analise-Swot.PDF)
A Análise SWOT começa por dividir o ambiente da empresa em aspetos internos;
aquilo que é gerido e influenciável pela própria organização e aspetos externos; o que não
pode ser previsto ou controlado pela organização.
Dentro dos aspetos internos vamos distinguir os pontos fortes e pontos fracos.
• Pontos Fortes
Neste ponto vamos destacar as mais valias que a nossa organização possui.
Podemos referir aspetos relacionados com o/os produto/os ou serviço/os que a empresa
disponibiliza, salientar as vantagens em relação à concorrência, o grau de controlo sobre
o mercado, as dinâmicas da equipa de trabalho entre outros itens. O importante aqui é dar
destaque ao que é bem feito na, ou pela empresa.
• Pontos Fracos
Para que a Análise SWOT seja fidedigna é importante ser honesto e responsável
e perceber que a empresa ou negócio que gerimos tem falhas. Assim partimos para o
trabalho contrário ao que foi descrito acima, vamos então destacar tudo o que a
organização pode controlar e não está a fazer bem. Tal como nos positivos, são vários
os pontos que podem ser avaliados; os recursos humanos, os materiais e tecnologias, os
produtos, a motivação da equipa, a ligação com os clientes. Tudo o que a empresa poder
controlar pode e deve ser avaliado.
• Oportunidades
Aqui é importante analisar o meio externo para perceber o que pode ser um fator
que vai ajudar a empresa a crescer ou a melhorar determinado aspeto. Uma empresa que
acompanha os movimentos do mercado pode visualizar as oportunidades antes da
concorrência e isso irá marcar a diferença. Estas oportunidades podem estar relacionadas
com tendências ou modas em crescimento, novas tecnologias, falhas da concorrência,
alterações no público-alvo, entre muitas outras. É essencial escrutinar este ambiente e
externo e destacar o que pode ser benéfico para o nosso negócio.
• Ameaças
Fazer o levantamento das ameaças pode ser uma tarefa preocupante, mas vai
obrigar a nossa organização a estar de olho no ambiente que a rodeia de forma a poder
precaver-se para aquilo que a pode prejudicar. Minimizar as ameaças é um fator de risco
para o negócio por isso a análise destes aspetos é tão relevante quanto todos os outros. E
aqui podemos verificar se há novos concorrentes no mercado, alterações nas leis,
pesquisas de mercado, alterações climáticas… o importante é estar atento, uma vez que
adivinhar o futuro é impossível, podemos sim prevenir possíveis situações que podem
vir a prejudicar a organização.
Neil Patel, jovem empresário britânico de raízes indianas, um dos maiores nomes
do marketing digital já distinguido pelo presidente Obama e pelas Nações Unidas no
âmbito do empreendedorismo, oferece um conjunto de procedimentos que ajudam a
executar a análise.
Para cada um dos pontos, Patel elaborou uma série de perguntas e conselhos que
servem como guia para fazer o levantamento dos pontos fortes e fracos e das
oportunidades e ameaças. Cada caso é um caso, e cada empresa terá as suas
características, mas na globalidade conseguir responder a algumas destas questões já será
positivo para o processo de Análise SWOT. Vejamos então a tabela seguinte:
Aspetos Internos
- O que a nossa empresa faz bem? - Os funcionários são capacitados para as funções que
- Qual é o nível de envolvimento da nossa equipa? ocupam?
- Qual é o nível de envolvimento dos nossos clientes? - Onde poderíamos melhorar?
- Qual a força do nosso nome no mercado? - Existem setores desmotivados?
- Quais são os nossos melhores recursos? - Por que o nosso possível cliente escolhe a
- Quais são as nossas atividades mais atrativas? concorrência?
- Essas atividades estão sob o nosso controlo? - Por que os clientes não se envolvem?
- Qual a maior vantagem que a nossa empresa tem em - Quais as maiores deficiências da nossa equipa?
relação à concorrência? - A formação fornecida tem alguma lacuna?
- Por que os clientes voltam à nossa empresa? - Por que o cliente comprou uma vez e não voltou?
Aspetos Externos
Oportunidades Ameaças
- A nossa empresa pode aproveitar uma moda que - Existem competidores novos no mercado?
surgiu? - Há alguma demissão que nos pode prejudicar
- O desenvolvimento de uma nova tecnologia pode substancialmente?
ser agregado à cadeia de produção? - Há novas leis que regulamentam o setor em
- Existem acordos económicos e políticos favoráveis discussão?
no setor? - Existem pesquisas que podem fazer com que os
- O nosso produto comporta produtos adjacentes que nossos recursos fiquem antiquados?
podemos lançar? - Os nossos produtos estão a ser copiados?
- O público-alvo da nossa empresa está a mudar de - A mão de obra no setor está escassa ou
comportamento? despreparada?
- Podemos agregar uma falha da concorrência para - Existem previsões de catástrofes, alterações
nos sobrepormos? climáticas ou guerras?
Tabela 1 (https://neilpatel.com/br/blog/como-fazer-analise-swot/)
2.1 - Cruzamento de Resultados
Por exemplo, se a análise nos disser que há uma oportunidade no mercado devido
ao interesse crescente de um determinado público no produto X e que a nossa empresa
tem a possibilidade de produzir esse produto, a nossa estratégia de comunicação, para
além de sugerir a produção desse produto terá, acima de tudo, de definir a melhor forma
de exibi-lo.
Por outro lado, sendo certo que quase tudo numa organização pode ser trabalhado
a nível de comunicação, haverá sempre pequenos pormenores que poderão sair um pouco
dessa abrangência. Se houver uma oportunidade relacionada com baixas de juros para o
setor onde a nossa empresa trabalha e for uma boa oportunidade para pedir um
empréstimo, não será tão relevante destacar isso de forma a ser usado como na estratégia
de comunicação.
Focando atenções na análise de resultados, Neil Patel volta a dar uma sugestão
metodológica pertinente para a execução da tarefa, num passo a que chama de SWOT
cruzado. Este método não será mais do que cruzar as informações recolhidas
anteriormente: Pontos Fortes x Oportunidades; Pontos Fortes x Ameaças; Pontos Fracos
x Oportunidades; Pontos Fracos x Ameaças.
3.1 - Objetivos
Os objetivos pretendem expor uma ideia generalizada sobre aquilo que se pretende
atingir com toda a estratégia de comunicação. Podem oferecer-nos indicações mais
abstratas, relacionadas com conteúdos da qual a avaliação é mais subjetiva, como a
notoriedade da marca, a ligação dos clientes ou dos colaboradores com a empresa; ou
conteúdos de natureza mais facilmente quantificável, relacionados com vendas, número
de utilizadores de um serviço, seguidores numa rede social. Quanto mais específicos e
claros forem os objetivos mais fácil será definir o público-alvo e os meios mais
corretos para chegar até ele.
Os dois tipos de objetivos acima exemplificados são importantes e deve haver uma
mistura de ambos para que a definição dos objetivos seja adequada, sendo que, em última
análise e em alguns dos casos, os segundos podem complementar os primeiros.
Exemplo:
“Potenciar as capacidades dos meios digitais” ------» “Atingir os 5000 seguidores
no Facebook”
Ao definir os objetivos deve também ser estabelecido o tempo que vai durar a
implementação do plano de comunicação. Isto vai ajudar a perceber se os objetivos
foram ou não cumpridos dentro do período definido, aquando da avaliação de resultados.
3.2 - Orçamento e Recursos
Outra componente muito importante é saber quais os recursos que poderão ser
alocados para a estratégia de comunicação. Os recursos podem ser financeiros ou
humanos ou podem ainda estar relacionados com espaços físicos da empresa.
No caso dos recursos físicos a base é semelhante; tudo o que a empresa possuir
e for utilizado na comunicação não sendo essa a sua principal finalidade traduz-se
num gasto indireto. Utilizar uma sala, uma mesa, um carro ou qualquer outro bem físico
ou material de uma empresa acaba por estar englobado neste tipo de recursos.
• Idade
• Sexo
• Habilitações literárias
• Poder de compra
• Classe social
• Localização
• Hábitos de consumo
Selecionar o público dentro destes itens será essencial para definir a melhor
forma para chegar até ele. Em termos globais o público-alvo será a um nicho da
população que vamos querer atingir com a comunicação, por isso tem de estar
muito bem segmentada.
Externa:
Redes sociais/Site
Esta é uma questão obrigatória para qualquer tipo de empresa
independentemente dos produtos ou serviços que disponibilizar e do público-alvo
que pretender atingir. Estar presente nas redes sociais e ter o próprio site fará com
que a marca esteja presente no maior e mais rápido meio de passagem de informação
na atualidade, a internet. Site e redes sociais podem muito bem trabalhar em
conjunto; a rede social numa perspetiva atrativa, pode ser o chamamento para o
site, lugar onde os serviços/produtos estarão organizados, exibindo uma perspetiva
muito mais profissional da organização.
Parcerias/Patrocinios
Estando nós a falar de microempresas, os patrocínios e parcerias são uma
arma para criar ligação ou chamar a atenção da população mais próxima. Podemos
estar a falar de colocar a marca num equipamento de um clube de futebol do nosso
concelho, ter uma tarja numa festa popular, ver o nome referenciado no final de
uma peça de teatro; tudo isto, para além de ser um lembrete constante do nome
da marca, vai também ligar a empresa ao apoio às instituições locais e isso marca
positivamente a maioria da população que estará mais próxima de se tornar ou
manter-se como consumidor.
Jornais/Rádios locais
Jornais e rádio locais são ainda dois meios pertinentes para empresas desta
natureza e farão ainda mais sentido se o público-alvo for uma população um pouco
mais velha. São pessoas que não estão tão ligadas ao mundo digital, apesar de haver
algumas mutações nesse sentido, tendo ainda o hábito de ler o seu jornal em papel
ou ouvir o seu programa de rádio de muitos anos.
Rádios ou jornais que muitas vezes têm nos seus colaboradores um familiar,
um amigo, um conhecido, o que ajuda a fortalecer a aquisição da mensagem nos
ouvintes e leitores.
Aqui referimos rádios e jornais locais uma vez que não fará sentido uma
microempresa investir numa publicidade para uma rádio nacional, ou até para a TV,
com custos elevadíssimos, para atrair, na maioria das vezes, clientes da sua região
ou concelho.
Ações promocionais/Merchandising
As ações promocionais e o merchandising estão diretamente ligadas e são
uma boa forma de criar ligação com a nossa organização num aspeto que é ainda
muito importante em meios mais pequenos; o passa a palavra.
Marcar presença numa feira semanal ou numa festa popular, estar a entregar
brindes ligados à marca, conversar com as pessoas… isto vai criar um ambiente
positivo à volta da empresa e pode fazer com que as pessoas conversem entre si
sobre as ações que estão a ser desenvolvidas.
Para além disso, distribuir merchandising vai fazer com que o público fique
com objetos físicos que lhes ativam a memória com uma estrita associação à
nossa empresa e isso pode marcar a diferença ao escolher um serviço em
detrimento de outro.
Outdoors
Interna:
Reuniões de equipa
No ponto de vista da comunicação interna as reuniões de equipa são uma
técnica que não traz custos associados, são muito simples de executar e dessa
forma estaremos a dar voz aos colaboradores para refletir a sua importância dentro
da organização. Por estas razões faz todo o sentido que uma microempresa tenha as
reuniões de equipa dentro da sua estratégia de comunicação.
Newsletter
A newsletter é uma ferramenta recomendada dentro de uma microempresa,
mesmo quando esta é composta apenas por dois funcionários por exemplo. E é
importante porque para além desses existem ainda os parceiros e fornecedores
que têm também eles uma relação de confiança com a organização.
Existindo essa relação de confiança é importante que todos sejam
informados daquilo que se passa na empresa, seja a nível de vendas, crescimento,
novos produtos ou serviços, parcerias, eventos, ou outras informações relevantes.
Garcia, M, T. et al. (2006). Marketing & Comunicação Para Pequenas Empresas. São
Paulo: Novatec.
Bibliografia
Webgrafia