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Aluna: Grazielen Messias Fernandes

Fichamento de Texto: A sociedade do Espetáculo – Guy Debord (2000)

ASSUNTO: A separação consolidada (p.13-27). CAPITULO I.

FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

“Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção
se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era
diretamente vivido se esvai na fumaça da representação.” (p.13).

No início do primeiro capítulo, Debord procura contextualizar o leitor e fala um


pouco sobre os amplos conceitos do espetáculo e o curso de degradação do ser
para o ter. Para ele, o espetáculo pode ser entendido como uma relação social
entre indivíduos, intermediada por imagens.
“O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre
pessoas, mediatizada por imagens.” (p.14)

O autor comenta sobre a desvalorização referente ao que devia ser privativo e


sobre a transformação de vida em mercadoria. Ambas as atitudes motivam um
comportamento hipnótico por parte de quem as vê, pois induz um desejo e
necessidade que por vezes são falsos.

“A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado [...] exprime-se


assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se
nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria
existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao
homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um
outro que lhos apresenta.” (p.25-26).

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf

ASSUNTO: A mercadoria como espetáculo (p.28-38). CAPITULO II.


FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

"O mundo ao mesmo tempo presente e ausente que o espetáculo faz ver é o
mundo da mercadoria dominando tudo o que é vivido." (p.29).

O segundo capítulo do livro define o espetáculo como um momento no


desenvolvimento do mundo da mercadoria.
Nesta parte Guy Debord esclarece que o espetáculo se dá quando consumimos
para sermos iguais ou diferentes de outros na nossa sociedade. O consumo não é
por necessidade, mas por aparência. A mercadoria acaba se tornando a vida social
total e não apenas algo relacionado.
Neste capitulo podemos observar um pensamento mediante a uma sociedade onde
quanto mais o homem contempla as mercadorias, menos ele vive. Quanto mais à
população se reconhece nas necessidades impostas pela sociedade (alienação),
menos eles se reconhecem. Assim a população passa a viver em prol de
“necessidades” de uma massa que os representa, e não de suas próprias.

"A economia transforma o mundo, mas transforma-o somente em mundo da


economia.” (p.31).

"Não só a relação com a mercadoria é visível, como nada mais se vê senão ela: o
mundo que se vê é o seu mundo." (p.31).

"O humanismo da mercadoria toma a cargo os lazeres e humanidade do


trabalhador." (p.33).

"Riqueza ilusória [...] O consumidor real torna-se um consumidor de ilusões." (p.36).

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf


ASSUNTO: Unidade e divisão na aparência (p.39-52). CAPITULO III.

FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

No terceiro capitulo do livro, Debord descreve as aparências e as contradições


sócio-políticas da sociedade espetacular.

“O espectáculo, como a sociedade moderna, está ao mesmo tempo unido e


dividido. Como esta, ele edifica a sua unidade sobre o dilaceramento. A
contradição, quando emerge no espectáculo, é por sua vez contradita por uma
reinversão do seu sentido; De modo que a divisão mostrada é unitária, enquanto
que a unidade mostrada está dividida.” (p.39).

“Assim como o desenvolvimento da economia mais avançada é o afrontamento de


certas prioridades com outras, a gestão totalitária da economia por uma burocracia
de Estado e a condição dos países que se encontraram colocados na esfera de
colonização ou da semicolonização são definidas por particularidades consideráveis
nas modalidades da produção e do poder.” (p.40).

“Conforme as necessidades do estádio particular da miséria, que ele desmente e


mantém, o espectáculo existe sob uma forma concentrada ou sob uma forma
difusa. Nos dois casos, ele não é mais do que uma imagem de unificação feliz,
cercada de desolação e de pavor, no centro tranquilo da infelicidade.” (p.46).

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf


ASSUNTO: O proletariado como sujeito e como representação (p.53-101).
CAPITULO IV.
FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

“O desenvolvimento das forças produtivas rebentou com as antigas relações de


produção e toda a ordem estática se desfaz em pó. Tudo o que era absoluto toma-
se histórico. [...] É sendo lançados na história, devendo participar no trabalho e nas
lutas que a constituem, que os homens se vêem obrigados a encarar as suas
relações de uma maneira desiludida”. (p.53).

‘O proletariado como sujeito e como representação’ é o capítulo que ocupa a parte


central do livro, e divide o raciocínio em maior quantidade de paginas que os outros
capítulos. Fala-se sobre a forma de organização e falhas das revoluções sociais,
Debord utiliza como base do capitulo os pensamentos de grandes nomes como
Hegel e Marx. Debord também aborda sobre a condição do proletariado como
sujeito ativo e vivo e como figura morta representado no jogo político parlamentar e
sindical.
“Neste desenvolvimento complexo e terrível, que arrastou a época das lutas de
classes para novas condições, o proletariado dos países industrializados perdeu
completamente a afirmação da sua perspectiva autónoma e, em última análise, as
suas ilusões, mas não o seu ser. Ele não foi suprimido. Permanece irredutivelmente
existente na alienação intensificada do capitalismo moderno: ele é a imensa maioria
dos trabalhadores que perderam todo o poder sobre o emprego da sua vida, e que,
desde que o sabem, se redefinem como o proletariado, o negativo em marcha nesta
sociedade.“ (p.94-95).
“A organização revolucionária não pode ser senão a crítica unitária da sociedade.
isto é, uma crítica que não pactua com nenhuma forma de poder separado, em
nenhum ponto do mundo, e uma crítica pronunciada globalmente contra todos os
aspectos da vida social alienada.” (p.99).

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf


ASSUNTO: Tempo e história (p.102-120). CAPITULO V.

FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

“A história existiu sempre, mas não sempre sob a sua forma histórica. A
temporalização do homem, tal como ela se efetua pela mediação de uma sociedade
é igual a uma humanização do tempo. O movimento inconsciente do tempo
manifesta-se e toma-se verdadeiro na consciência histórica.” (p.102).

No capitulo V, Debord pensando no caráter regressivo e alienante


encontrado na sociedade do espetáculo, fala sobre a influência do tempo na história
da humanidade comentando sobre o tempo cíclico, tempo irreversível e o tempo
presente na sociedade do espetáculo. Estes “tipos de tempo” são colocados na
obra em diferentes períodos da história. O autor também associa muito o conhecer
sobre o tempo com o conhecer da história, sendo assim a partir do momento que o
ser humano tem consciência do tempo ele abre portas para uma vida histórica.

O capitulo retoma pensamento sobre uma inconsciência social referente ao tempo


durante um longo período da história, também fala sobre o tempo comandado pelos
dominantes ou voltado para valor e mercadoria (Capitalismo).

“O tempo cíclico é, em si mesmo, o tempo sem conflito. Mas nesta infância do


tempo o conflito está instalado: a história luta, antes do mais, para ser a história na
atividade prática dos Senhores. Esta história cria superficialmente o irreversível; o
seu movimento constitui o próprio tempo que ela esgota, no interior do tempo
inesgotável da sociedade cíclica.” (p.105).

Debord fala sobre o regresso que se associa ao tempo estático (parado) e como as
coisas eram repetitivas nos povos nômades, onde as condições sempre
permaneciam iguais e eram passadas dos mais velhos aos mais novos, o que não
permitia um além daquilo ou um desenvolvimento pessoal e social.

Explica-se que com o surgimento da divisão de classes, surge também o chamado


tempo irreversível. Este tempo é como uma linha que possui começo meio e fim.
Debord fala em seu livro “os possuidores da história colocaram no tempo um
sentido” (p.107) O tempo irreversível torna-se símbolo de uma consciência dos
povos referente à qual o real sentido de tempo, permitindo que as ações agora
sejam de acordo com um propósito futuro.

O capitulo então entra na Idade Média/Modernidade, ali a burguesia tem sua


completa dominação do poder e atribui ao seu tempo à valorização do trabalho, e o
progresso do trabalho se transforma em seu próprio progresso. O tempo torna-se
“Tempo da produção econômica”, o trabalhador agora tem conhecimento da história
e é base da sociedade que se move irreversivelmente, uma sociedade da
mercadoria. A classe dominante (burguesia) impede qualquer outro emprego ao
tempo irreversível. Então o tempo começa a tomar um sentido diferente de seu
inicial.
Com o desenvolvimento do capitalismo o tempo irreversível se unifica e ganha força
mundial, mas com um sentido longe daquele buscado pelos gregos (onde o que
predominava seria o desenvolvimento e autoconstrução da vida e a maneira
qualitativa). O mundo inteiro esta envolvido no desenvolvimento do novo tempo,
porém, o tempo passa a ser relacionado a uma forma quantitativa baseada em
números, valor e as mercadorias, e aqui temos o tempo da sociedade do
espetáculo.

“O tempo irreversível da produção é, antes do mais, a medida das mercadorias.


Assim, pois, o tempo que se afirma oficialmente em toda a extensão do mundo
como o tempo geral da sociedade, não significando mais do que interesses
especializados que o constituem, não é senão um tempo particular.” (p.120).

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf


ASSUNTO: O tempo espetacular (p.121-129). CAPITULO VI.

FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

“É nesta dominação social do tempo-mercadoria que «o tempo é tudo, o homem


não é nada: é quanto muito a carcaça do tempo» (Miséria da Filosofia). É o tempo
desvalorizado, a inversão completa do tempo como «campo de desenvolvimento
humano».” (p.121).

Debord termina o capitulo V falando sobre o tempo da sociedade do espetáculo, o


capitulo VI é justamente a explicação referente a esta forma de tempo, que foi
nomeada pelo autor como Tempo Pseudocíclico.
O tempo Pseudocíclico “apoia-se [...] nos traços naturais do tempo cíclico, e dele
compõe novas combinações homólogas: o dia e a noite, o trabalho e o repouso
semanais, o retomo dos períodos de férias.” (p.122).

Sendo assim, Debord alega que o tempo vivido pelos indivíduos se torna um mero
ciclo de sucessão de momentos de pura igualdade quantitativa, trazendo de volta o
caráter estático presente no tempo cíclico. O Tempo da sociedade do espetáculo
torna-se a perda da autodeterminação da vida cotidiana em nome dos ditames de
produção e consumo necessários à valorização do capital, é a fundação de um
novo tempo cíclico não mais submetido “Á ordem natural, mas à pseudonatureza
desenvolvida no trabalho alienado” (p.122).

A diferença entre cíclico e pseudocíclico, é explicada por Debord no trecho “o tempo


cíclico era o tempo da ilusão imóvel, vivido realmente; o tempo espetacular é o
tempo da realidade que se transforma, vivido ilusoriamente” (p.125-126).
O tempo pseudocíclico é caracterizado como uma regressão da sociedade moderna
a uma sociedade pré-moderna, tomada pela repetição não mais de tradições ou
rituais e sim de trabalho e consumo.
“No caso, o mais moderno também é o mais arcaico” (p.21).

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf


ASSUNTO: A ordenação do território (p.130-138). CAPITULO VII.

FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

No sétimo capítulo, Debord critica a organização do espaço social, o urbanismo e a


divisão do território.
“É para se tornar cada vez mais idêntico a si próprio, para se aproximar o melhor
possível da monotonia imóvel, que o espaço livre da mercadoria é, doravante, a
cada instante modificado e reconstruído.” (p.131).
“Esta sociedade que suprime a distância geográfica, recolhe interiormente a
distância, enquanto separação espectacular.” (p.131).

“A história universal nasceu nas cidades e atinge a maioridade no momento da


vitória decisiva da cidade sobre o campo.” (p.136).

“O urbanismo que destrói as cidades, reconstrói um pseudocampo, no qual estão


perdidas tanto as relações naturais do antigo campo como as relações sociais
directas da cidade histórica, directamente postas em questão.” (p.136).

“ A maior ideia revolucionária a propósito de urbanismo não é, ela própria,


urbanística, tecnológica ou estética. É a decisão de reconstruir integralmente o
território segundo as necessidades do poder dos Conselhos de trabalhadores, da
ditadura anti-estatal do proletariado, do diálogo executório. E o poder dos
Conselhos, que não pode ser efectivo senão transformando a totalidade das
condições existentes, não poderá atribuir-se uma menor tarefa se quer ser
reconhecido e reconhecer-se a si mesmo no seu mundo.” (p.138)

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf


ASSUNTO: A negação e o consumo da cultura (p.139-159). CAPITULO VIII.

FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.

No capitulo VIII. Debord reflete sobre a procura da unidade perdida na sociedade


capitalista e tem um diálogo crítico com o idealismo filosófico alemão, com os
movimentos artísticos do barroco, o dadaísmo e surrealismo e com a sociologia
americana e o estruturalismo francês.

“A cultura é a esfera geral do conhecimento e das representações do vivido na


sociedade histórica, dividida em classes; o que se resume em dizer que ela é esse
poder de generalização existindo à parte, como divisão do trabalho intelectual e
trabalho intelectual da divisão. A cultura desligou-se da unidade da sociedade do
mito [...]. Ao ganhar a sua independência, a cultura começa um movimento
imperialista de enriquecimento, que é, ao mesmo tempo, o declínio da sua
independência.” (p.139).

Debord inicia sua discussão sobre a negação e o consumo falando sobre o que
seria a cultura. Para Debord, a cultura desligou-se da unidade da sociedade
encarnada pelo mito, deixando de ser “uma imitação dos sentimentos morais”, como
afirmava Aristóteles. O mito é a linguagem das primeiras palavras, a história
fantástica de origem anônima e coletiva inventada para explicar os fenômenos.

Debord propõe, então, embasado no hegelianismo, a superação da cultura, em que


a arte não deve ser apenas destruída, mas metamorfoseada dentro de uma nova
conduta. A arte deve ser não apenas uma prática de especialistas eternizada em
museus, mas deve estar incorporada à própria vida, ao negar as coisas como
dadas, o homem cria.
Ao fim do capitulo, o autor toma como lugar da procura da unidade perdida, a
própria cultura.

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf


ASSUNTO: A ideologia materializada (p.160-167). CAPITULO IX.

FONTE: DEBORD, G. A Sociedade do espetáculo. Projeto Periferia, 2003.


“A ideologia é à base do pensamento duma sociedade de classes, no curso
conflitual da história.” (p.160).
“... A materialização da ideologia, que arrasta consigo o êxito concreto da produção
económica autonomizada, na forma do espectáculo, confunde praticamente com a
realidade social uma ideologia que pôde talhar todo o real segundo o seu modelo.”
(p.136)
De acordo com o raciocínio de Debord no capitulo IX, a ideologia é a base do
pensamento de uma sociedade dividida por classes no seu curso histórico. O
espetáculo é uma ideologia por excelência porque retrata a essência de todo
sistema ideológico: “o empobrecimento, a submissão e a negação da vida real.”
(p.161-162). Sendo assim, o espetáculo quando em forma material expressa uma
chamada separação entre o homem e ele mesmo, é ai que o homem é dominado
por uma massa que busca objetos e valores que servem para distancia-lo de sua
vida social. “A necessidade de dinheiro é, portanto a verdadeira necessidade
produzida pela economia política, e a única necessidade que ela produz
(Manuscritos económico-filosóficos).” (p.162).
Para o autor, um desligamento das bases materiais que fazem parte apenas de
uma verdade invertida serviria como libertação de uma era.

“Emancipar-se das bases materiais da verdade invertida [...] consiste a auto


emancipacão da nossa época. Esta «missão histórica de instaurar a verdade no
mundo», nem o indivíduo isolado, nem a multidão atomizada, submetida às
manipulações, a podem realizar, mas ainda e sempre a classe que é capaz de ser a
dissolução de todas as classes, ao reduzir todo o poder à forma desalienante da
democracia realizada, o Conselho, no qual a teoria prática se controla a si própria e
vê a sua acção. Lá, somente, onde os indivíduos estão «directamente ligados à
história universal»; lá, somente, onde o diálogo se estabeleceu para fazer vencer as
suas próprias condições.” (p.167).

Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf

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