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SOUZA FILHO, R. ; GURGEL, C. R. M. .

Gestão Democrática e Serviço Social: princípios


e propostas para a intervenção crítica. 1. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2016.

FICHAMENTO DO CAPÍTULO 4: ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A


INTERVENÇÃO TÉCNICO- OPERATIVA
"A possibilidade de estruturação do caráter patrimonial da administração atual se
apresenta, principalmente, no recrutamento e seleção dos servidores 'periféricos' e de
níveis intermediários e operacionais, tanto nas empresas quanto no Estado[...]" (p.195)

"[...] a burocracia- nos termos determinados aqui- não é um modelo de gestão como o
taylorismo, fordismo ou toyotismo, pois todos são modelos de gestão burocrática com a
presença de particularidades constituídas a partir das determinações centrais da
burocracia." (p.196)

"A empresa privada, portanto não deixou de ser burocrática em seus traços e
determinações essenciais. O máximo que acontece é que ela mudou determinados
procedimentos e organização do trabalho, restringindo e flexibilizando as estruturas
burocráticas [...], porém sem alterar, e até mesmo fortalecendo, a estrutura burocrática
do centro estratégico." (p.196)

"Do ponto de vista do empresário, a possibilidade de rotatividade de pessoal mesmo em


escalões estratégicos, devido à existência de oferta de mão de obra qualificada,
possibilita a entrada e saída de gerentes sem que ocorram mudanças abruptas de
continuidade na burocracia empresarial. Ou seja, o funcionário empresarial está
pressionado pelos dois lados: fala de proteção trabalhista e oferta de mão de obra
qualificada." (p.196-197)

"[...] a burocracia estatal, além de servir mediatamente para a manutenção da ordem do


capital, é pressionada ara atuar diretamente com esse objetivo." (p. 198)

"[...] todas as instituições passam a ser forçadas a operar mais diretamente dentro da
lógica do capital. Esta se configura como a orientação da ideologia e da ação política
dominantes. E a estrutura do Estado não foge a essa regra." (p. 198)

"[...] é possível a partir da gestão democrática contribuir para que ocorra uma retração
da exploração da força de trabalho, realizada por mecanismos que ampliem a
participação das classes subalternas nos processos de gestão das organizações, políticas,
programas, projetos e serviços estruturados em nossa sociedade. Esse é o horizonte a ser
perseguido por uma administração que se pretenda ser democrática. Esse horizonte,
portanto se configura como orientação ético- política e estratégica para a intervenção do
gestor democrático." (p. 198)

"[...] Por outro lado, é essencial entendermos as configurações institucionais para


podermos estabelecer a estratégia de intervenção nesse campo de mediação" (p. 199)

"[...] No Estado, essa dinâmica é introduzida, principalmente, pelas 'parcerias' com as


organizações da sociedade civil para implementação de políticas públicas e pela
fragilização/ flexibilização da estrutura de contratação de servidores públicos, abrindo
as possibilidades de contratação sem se pautar nos elementos clássicos da burguesia
estatal (concurso público, proteção ao cargo, perspectiva de carreira, exercício do cargo
como profissão única e principal, entre outras)." (p. 199)

"No entanto, contraditoriamente, os elementos de mecanização combinados com o


instrumento de direito ao cargo, propiciam uma autonomia relativa da burocracia [...]".
(p.201)

"[...] a importância do controle da burocracia ser exercido a partir de baixo, para


combater seu centralismo". (p.204)

"Portanto, a gestão/ administração realiza-se a partir das funções gerenciais (direção,


organização, planejamento e controle)". (p.205)

"[...] devem ter orientação imediata o fortalecimento da espinha dorsal burocrática e


expansão dos mecanismos de participação das classes subalternas nos níveis de decisão
e controle das organizações, com o objetivo de ampliar e universalizar as condições de
vida nas esfera civil. política e social das classes subalternas, visando contribuir com a
superação da ordem do capital". (p.207)

"[...] o essencial numa proposta de construção contra- hegemônica ao neoliberalismo


não está na apreensão de tecnologias gerenciais, mas sim na qualificação das pessoas
para atuar na fronteira entre a técnica e a política". (p. 208)

"[...] o gestor deve ter competência teórico- metodológica, ético- política e técnico-
operacional tanto para analisar os movimentos da economia, da política, da sociedade e
de seus grupos e indivíduos. quanto para 'pesquisar, negociar, aproximar pessoas e
interesses, planejar, executar e avaliar'". (p.208)

"A gestão democrática deve ter com objetivo, no campo da função organização, a
estruturação da burocracia combinada com mecanismo de controle democrático interno
(participação dos trabalhadores da organização) e externo (participação dos usuários da
organização) à organização como tarefa central para o fortalecimento da universalização
e aprofundamento de direitos". (p. 210)

"Romper com o trato formalista dado ao planejamento e situá- lo como uma função
gerencial dinâmica é um movimento central do ponto de vista administrativo". (p. 211)

"A finalidade da gestão democrática deve ser buscada a partir de uma planificação
estratégica, consideradas as condições objetivas (realidade dada) e subjetivas (ação
humana) que incidem sobre a organização". (p.212)

"A análise situacional requer, assim, que ao explicar a realidade para planejar, devem-se
incorporar as outras visões que incidem sobre o objeto do planejamento, independente
de sua veracidade e racionalidade, de forma a termos condições de entendermos as
possíveis ações dos adversários para anulá-las e/ou modificá-las e, dessa forma, obter
êxito em nossos objetivos de alteração da realidade existente". (p.215)

"[...] a participação não é garantia de fortalecimento desse caminho estratégico, mas é a


única forma de ampliar adesões em torno de uma ação contra hegemônica na
sociedade". (p.215-216)

"Os problemas estratégicos devem ser priorizados e, em seguida. deve ser definida uma
quantidade delimitada de problemas a ser enfrentada, dependendo da abrangência e
escopo da organização[...] realiza-se o movimento de explicação que produzirá o
fluxograma situacional ou arvore explicativa". (p.217)

"Dessa forma, os planejadores deverão, ao identificar os limites e possibilidades das


diferentes dimensões que constituem o plano (econômico, político, social,
organizacional e cultural), estabelecer os planos para superar os limites e potencializar
as possibilidades identificadas em cada dimensão". (p.218)

"[...] podemos dizer que a função controle na perspectiva da gestão democrática, é a


função responsável pelo acompanhamento em processo das ações organizacionais e
possui como objetivo central estruturar mecanismos que possibilitem monitorar
continuamente o planejamento e seus respectivos planos de ação, comparando o
planejado com o executado, visando garantir que a implementação da direção estratégia
estabelecida e a efetivação das atividades cotidianas da organização seja, cumpridas de
acordo com o padrão de qualidade definido. O controle permite, dessa forma, ajustes no
planejamento para que os objetivos organizacionais traçados sejam realmente
atingidos". (p.220)

"[...] consideramos que a função controle é constituída e duas dimensões:


monitoramento e avaliação". (p. 221)

"A supervisão ganha um caráter de formação em serviço e, dessa forma, deve ser
entendida como elemento que compõe a estratégia de capacitação das equipes de
trabalho da organização". (p.223)

"[...] o impacto objetivo identifica se houve ou não melhoras das condições materiais de
vida da população; o subjetivo verifica se a política em questão incidiu sobre a
dimensão ideológica e cultural, proporcionando a expansão da consciência crítica da
população sobre a realidade social; e, por fim, o impacto substantivo demonstra se
houve avanço qualitativo na vida da população usuária [...]". (p.227-228)

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