Contexto: esta unidade foi planejada para ser desenvolvida no 3º ano do ensino médio,
preferencialmente no 2º bimestre ou posterior, com alunos que já possuam algum
conhecimento sobre eletricidade, magnetismo, termodinâmica e atomística (abordado nas
aulas de química).
A- Sequencia
Variantes operatórios (IO): i) “Radiação” e “radioativo” são conceitos diferentes; ii) A radiação
é um fenômeno natural e amplamente utilizado por tecnologias; iii) Podemos classificar as
radiações de duas formas: corpuscular x eletromagnética e ionizante x não-ionizante; iv)
Existem vários tipos de REM, como os raios-X, micro-ondas, ondas de celular e a própria luz
visível.
Situação inicial
O docente iniciará a aula com uma provocação, chamando a atenção dos alunos para o termo
radiação. Poderá dizer, por exemplo “Cuidado! Tem radiação nesta sala! Estou captando com
meus detectores visuais. Brincadeira, gente, essa radiação é inofensiva! Ou será que não é?
Tem radiação aqui ou não tem? É inofensiva ou não é?”.
Em seguida os alunos serão convidados a dizer palavras que vem à mente deles quando eles
pensam em radiação. As palavras serão listadas no quadro negro, com mínima tradução do
docente. É provável que seja necessário que o docente intervenha (não precipitadamente e
com calma) com provocações e perguntas que induzam o surgimento de termos associados a
REM. Por exemplo, uma ligação comum é radiação-câncer; o docente poderia perguntar “E o
câncer de pele?” para palavras como Sol, raios-UV, luz, serem registradas. As provocações e
perguntas deverão continuar até o docente identificar que a lista é satisfatória para a
construção de um mapa conceitual no quadro, que será feito coletivamente pelos alunos com
o auxílio do professor, que poderá envolver a sugestão de conectores e o deslocamento de
termos.
Para fins avaliativos da própria UEPS, convém que antes de intervir o professor registre (com
uma foto, por exemplo) o mapa conceitual construído pelos alunos.
Situações-problemas iniciais
a) O que é radiação?
A execução será mediada e estimulada pelo docente. As respostas deverão ser entregues, mas
desde o início deverá ficar claro que não será avaliado se elas estão corretas ou erradas.
Novamente, convém que o docente tenha algum registro das respostas dos alunos antes de
intervir, para fins avaliativos da UEPS.
Aprofundando os conceitos
O professor iniciará a aula chamado a atenção para a primeira figura do material de apoio
passado na aula anterior. Trata-se de uma imagem clássica de uma onda eletromagnética. A
seguir haverá uma breve conversa informal (aproximadamente 10min) a fim de
identificar/reforçar os seguintes subsunçores: i) Campos elétricos no interior de condutores
induzem correntes elétricas; ii) ímãs produzem campos magnéticos.
A seguir será apresentado aos alunos o simulador físico Lei de Faraday (LF-PHET). O professor
não explicará, inicialmente, como o simulador funciona. Os alunos serão reunidos em grupos
de aproximadamente 4 integrantes e será dado aproximadamente 15 minutos para os alunos
“brincarem” com o simulador e anotarem suas descobertas. Findado o tempo, as descobertas
de cada grupo deverão ser entregues ao professor e um representante de cada grupo
comunicará ao grande grupo suas descobertas. Iniciar-se-á uma negociação de significados,
onde o docente, respeitando as muitas possíveis observações dos alunos, as condessará
usando transposição de significado. Em todas as condensações, o primeiro IO da aula deverá
ser reforçado. A importância da revolução causada pela Lei de Faraday deve ser comentada,
porém não aprofundada em aula; material suplementar deverá estar disponível para os
interessados em revisar/aprofundar tal conteúdo. A apresentação das descobertas e a
negociação durará aproximadamente 15min.
Para tratar o segundo IO o docente deverá perguntar aos alunos se eles acham que o
fenômeno inverso do observado deveria ocorrer: “ É possível produzirmos um campo
magnético mudando o campo elétrico?”. Procedendo da forma mais passível possível, o
docente levará a turma a concluir que sim, chamando atenção para o princípio da simetria na
natureza.
Tradando os IOs iii-v. Em seguida, será feita a seguinte pergunta provocativa à turma:
“suponha que de alguma forma um elétron surja espontaneamente na Lua, que está a
384.400km da Terra. Depois de quanto tempo sentiremos esse campo elétrico aqui na Terra?
Seria instantaneamente?”. A “resposta” não será dada, e após uma breve discussão (5min), a
turma assistirá o vídeo A história da velocidade da luz (https://www.youtube.com/watch?
v=bkRxUMvn_uA ) com duração de 13min. A pergunta será retomada e cada aluno deverá
entregar individualmente sua resposta, que será utilizada como avaliação formativa e
considerada na distribuição de grupos da última atividade da aula atual.
Tratando os IOs vi e vii. Com uma rápida inspeção das respostas entregues, será formado
grupos de 4 alunos buscando distribuir entre os grupos os alunos mais exitosos na assimilação
do conteúdo. Será dado 30min para leitura em grupo da segunda parte do texto de apoio
disponibilizado na aula anterior, que já foi retomado (A energia das ondas eletromagnéticas-
Conhecendo as radiações). Neste tempo também será tratada a situação-problema 2.
Situação-problema 2. Será pedido que cada grupo responda e entregue as questões do final
do texto Conhecendo as radiações. Deverá ficar claro que a atividade não será avaliada como
certo ou errado. O objetivo de tal entrega é permitir ao professor uma avaliação da ensinagem
e a necessidade da revisão inicial da próxima aula.
Nos 20min de aula restantes, após a entrega, o professor responderá as perguntas da situação-
problema 2, apontando as informações relevantes no texto, visando o desenvolvimento da
autonomia dos alunos, e relacionando-os ao conteúdo do vídeo assistido.
Aprofundando conceitos
A aula começará com uma breve revisão, de aproximadamente 5min, dos pontos IOs da aula
anterior, tendo como foco o fato de REMs com diferentes comprimentos de onda receberem
diferentes nomes e terem diferentes energias. A seguir será dado 15min para os alunos lerem
o texto de apoio distribuído no final da aula anterior - Espectro eletromagnético (introdução).
O professor deverá deixar claro que o material será a base para o estudo de cada tipo de REM
nas aulas seguintes e chamar a atenção para a quantidade exorbitante de informações
relevantes que se encontram na primeira figura do texto.
Findada a leitura, se iniciará uma fase de 20min que visa o envolvimento dos alunos com o
texto (que será central em todas as aulas subsequentes). Ao longo dos primeiros 10min os
alunos serão convidados a comunicar à turma sobre as informações que eles acharam
interessantes. É importante que o professor reaja entusiasticamente a cada observação e, caso
seja equivocada, apenas induzir a reflexão e ressignificação a partir de questionamentos bem
embasados nos textos, materiais e discussões já vistos e realizadas. Caso surja perguntas nesta
etapa, o professor deverá perguntar a turma se mais alguém tem a mesma dúvida, não a
responder, mas abrir espaço para que outro aluno (que por ventura tenha a “resposta”)
responder ao seu colega. O professor deverá mediar e negociar as “respostas” dadas pelos
alunos, aos próprios alunos, ou apenas questioná-las, indicando a existência de algum conceito
espontâneo e/ou equívoco de interpretação do texto lido. É importante que nesta etapa o
professor seja “apenas” um organizador das ideias, de forma que os alunos construam uma
autoimagem positiva e se sintam capazes de interpretar o texto em questão. Todas as
perguntas que surgirem nesta etapa serão registradas no quadro, bem como as levantadas nos
próximos 5min, onde os alunos serão convidados a um questionamento crítico do texto. Nos
últimos 5min desta etapa será a vez do professor fazer perguntas sobre o texto. É importante
que ele se posicione de forma horizontal, e que suas perguntas sejam reflexivas, direcionadas
à natureza e não aos alunos. Suas perguntas irão entrar na lista iniciada pelos alunos sem ter
nenhum destaque. O nível dos questionamentos feitos pelo professor não deverá estar
distante dos levantados pelos alunos; segue algumas sugestões: “Por que a velocidade da luz é
constante?”, “Afinal a REM é um fluxo de partículas ou uma onda?”, “Se um fóton pode ser
absorvido ou emitido, ele pode surgir do nada? O número de fótons não precisa ser
conservado?”, “Por que os níveis de energia de um átomo são discretizados?”, “Se toda REM
são fótons, por que recebem diferentes nomes?”, “Por que um elétron dentro de um átomo
não pode absorver dois ou mais elétrons ao mesmo tempo para poder pular de nível de
energia?”...Note que as perguntas em si confinam IOs e, mesmo não havendo respostas
satisfatórias para muitas delas, elas geram reflexão e conexões de conceitos, fundamentais
para o aprendizado significativo, além de revelarem a natureza investigativa da ciência em si.
Aqui, convém ao professor fazer um breve (5min) e sincero discurso sobre a epistemologia da
ciência e sobre a natureza do conhecimento por ela adquirido. Muitas das perguntas não
possuem uma resposta fácil. Algumas informações não tem um porquê, mas são, antes, uma
descrição dos fatos observados até o momento. Por exemplo, a velocidade da luz vale
3 x 108 m/s porque nosso universo é assim...O quão satisfatória uma resposta é dependerá do
momento histórico e da curiosidade de quem pergunta. O mais importante é perguntar e
buscar uma resposta usando aquilo que “vemos” e aquilo que nos faz sentido! Toda essa
discussão “informal” é necessária não apenas para um aprendizado significativo do conteúdo
exposto, mas também para se ensinar o fazer científico. O professor deve gerenciar possíveis
descontentamentos com incertezas ou ausência de “respostas satisfatórias” e direcioná-las à
um incentivo ao fazer científico. “Quem sabe um dia vocês obterão melhores respostas. Me
contem!”. O aspecto descritivo do conhecimento compartilhado deverá ser ressaltado e um
material de apoio complementar deverá ser disponibilizado para dar respaldo aos IOs
apresentados.
A seguir o professor apresentará o simulador Moléculas e a luz (ML-Phet), ressaltando que
trata-se de uma compilação didática de vários resultados obtidos de experimentos acumulados
ao longo dos anos. Ao ligar a lâmpada (sem nenhuma molécula), o professor deverá perguntar
a turma “O que é essa bolinha que está saindo da lâmpada?”. Será necessária muita atenção
para perceber que a maioria da turma, neste momento, assimilou que trata-se de fótons. A
seguir será explicado que essa lâmpada pode produzir fótons com energias com diferenças de
ordens de grandeza. Ao apresentar as moléculas disponíveis, a primeira figura do material de
apoio deverá ser retomada, para lembra-los de algumas podem vibrar ou oscilar, mas que isso
dependerá dos seus níveis de energia. Tal apresentação durará 10min.
Os alunos serão reunidos em grupos de 4 e poderão “brincar” com o simulador pelo restante
da aula (35min), sendo instruídos a anotar suas “descobertas”, que serão apresentadas no
começo da próxima aula ao grande grupo. Os alunos serão encorajados a justificar suas
descobertas com as informações contidas no material de apoio oferecido. Durante este tempo
o professor auxiliará os grupos e, caso necessário, poderá fazer perguntas a cada grupo, de
forma a enriquecer a próxima aula. Algumas perguntas que podem ser feitas pelo professor
são: “É possível que um fóton atravesse uma molécula sem interagir com ela?”, “Se uma
molécula interage com um dado tipo de fóton, sempre o fará? Ou existe uma probabilidade
dessa interação acontecer?”; “O que acontece quando uma molécula é irradiada com micro-
ondas?”, “Se as micro-ondas fazem uma molécula girar, por que REMs com energia mais alta
não o fazem?”; “O que acontece quando uma molécula que está vibrando/girando para de
girar?”, “Por que ao parar de vibrar/girar uma molécula emite um fóton? A energia desse fóton
é maior, menor ou igual ao que fez com que a molécula começasse a vibrar/girar? Por que?”.
As perguntas possíveis de serem feitas e respondidas são numerosas, mas neste primeiro
momento as observações dos alunos devem prevalecer, e a intervenção do professor deve ser
mínima.
Durante o “jogo”, deverá ficar claro que a apresentação a ser feita na próxima aula será
utilizada como avaliação somativa.
No início da aula o professor lembrará a turma das perguntas levantas na aula anterior, as
listando no quadro.
Avaliação somativa coletiva 1. Nos 50min seguintes os grupos apresentarão seus resultados
ao grande grupo, utilizando o simulador ML-Phet e embasando seus argumentos no conteúdo
visto até então. As observações puras, ou seja, sem justificativa, serão somadas as pré-
existentes. O professor deverá estar atento a assimilação de conceitos chaves e a prevalência
de conhecimentos prévios.
Invariantes operatórios (IO): i) características das ondas de rádio; ii) características das micro-
ondas.
No que segue o professor explicará que nas aulas seguintes serão estudadas as características
e as aplicações de alguns tipos REM que já foram vistas, como as ondas de rádio, micro-ondas,
visível, ultravioleta, etc. Deverá ficar claro para os alunos que todas elas possuem em comum
as características vistas até então: são REM; e que ao final do ciclo das próximas 06 aulas
ocorrerá uma avaliação somativa baseada nas questões presentes no final dos textos.
O ciclo de aulas subsequentes será uma oportunidade para o docente identificar a prevalência
de conhecimentos prévios e reforçar os IOs centrais, visto até então.
Diferenciação progressiva.
Conteúdo: i) características da REM infravermelho; ii) características da luz visível; iii) a visão
Diferenciação progressiva.
Conteúdo: i) características dos raios UV; ii) características dos raios- X; iii) caraterísticas dos
raios gama; iv) características dos raios cósmicos.
Diferenciação progressiva.
Aula 15 e 16
Avaliação somativa individual 1. Será feita uma avaliação individual na primeira aula. Conterá
questões abertas baseadas nas presentes em todo o material de apoio, nas questões presentes
na situação-problema inicial e nas questões levantadas pelos alunos nas discussões em sala. As
questões girarão em torno dos IOs apresentados.
Na segunda parte da aula o professor discutirá a avaliação com os alunos, antes de corrigi-la.
Chamando a atenção para os pontos mais importantes dos conteúdos vistos até então,
ressaltando dialogicamente a relevância dos mesmos, assim, justificando serem usados de
forma avaliativa.
Aula 17 e 18
Avaliação somativa individual 2. Será pedido aos alunos que construam um mapa conceitual
sobre as radiações com um número mínimo de conceitos, sendo que um conjunto chave de
conceitos será pré-estabelecido pelo professor.
Após as entregas, será feito um mapa conceitual coletivo, mediado ativamente pelo professor,
que revisará o principal conteúdo visto ao longo da sequência.
Os alunos serão convidados a comparar seus mapas conceituais com o coletivo, e a auto-
avaliarem suas aprendizagens, atribuindo uma nota aos seus mapas individuais, apresentando
uma justificativa da mesma e críticas ao mapa conceitual coletivo. A nota final da avaliação
formativa individual 2 será a média entre a nota atribuída pelo aluno e a nota atribuída pelo
docente.
Aula 19 e 20
Encerramento
A seguir as correções e feedbacks da avaliação somativa 2 serão entregues, bem como será
apresentada a “nota” atribuída ao aprendizado individual.
O aspecto complexo da natureza das radiações deverá ser relembrado, de forma a instigar os
alunos. Algumas perguntas levantadas nas aulas 05 e 06 poderão ser retomadas tanto para
serem formalmente “respondidas” quanto para mostrarem que o saber científico permanece
aberto.
Os alunos serão convidados a avaliar, por fim, o processo de ensino, que comporá a avaliação
qualitativa da UEPS.
Constantemente o docente deverá registrar em seu diário de classe um valor (um tanto
quanto arbitrário) à motivação e participação da turma. Ao final da sequência, tal métrica
poderá indicar a necessidade de adequação das estratégias didáticas empregadas, bem como
tópicos que sejam motes promissores, sobretudo os que aparecem na sequência da
diferenciação progressiva. Toda observação relevante deve ser registrada no diário de classe, e
uma atenção especial deve ser dada as aulas 05 e 06.
A avaliação da UEPS feitas pelos alunos deverá ser estudada com muita atenção. Um
formulário com métricas pode ser uma ferramenta poderosa para identificação de fatores
limitantes.
Outra questão relevante para a avaliação é a questão do tempo. As aulas 03 a 06 são mais
densas, e concentram a esmagadora maioria dos IOs almejados. Talvez seja necessário
repensar a abordagem didática empregada em tais aulas. Por exemplo, a discussão visando a
autonomia dos alunos frente ao conteúdo poderá ser descolada para uma pré-aula, ou até
mesmo suprimida da sequência, uma vez que a UEPS deve ser preferencialmente executada do
2º ou posterior bimestre, e tal conteúdo poderia ser apresentado no começo do ano letivo.
Referências:
(Persike 17) Material de apoio. Texto 1, 2, 3, 4 e 5 do Bloco 1 de Física das Radiações: uma
proposta para o ensino médio, Curso de Física moderna para o ensino médio. Disponível em
http://nupic.fe.usp.br/fisica-das-radiacoes-uma-proposta-para-o-ensino-medio/.