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Apostila de Instalações Elétricas Parte2
Apostila de Instalações Elétricas Parte2
2. Introdução
Apresentaremos inicialmente as principais grandezas físicas utilizadas em luminotécnica. O tema
da calorimetria, embora complexo, é abordado brevemente apenas para permitir a introdução dos
conceitos de Temperatura de Cor e Índice de Reprodução de Cor. Em seguida são apresentados
detalhadamente os principais tipos de lâmpadas disponíveis atualmente: lâmpadas incandescentes
(convencionais e halógenas) e lâmpadas de descarga (de baixa e de alta pressão). Um objetivo
adicional desta seção é mostrar a complexidade relacionada à comparação entre as diferentes
lâmpadas, a qual envolve diversas grandezas tais como eficácia luminosa, reprodução de cores,
custo de investimento e custo operacional das lâmpadas. Finalmente apresentam-se os principais
aspectos relacionados ao projeto de iluminação, no qual são estabelecidos o tipo e o número de
lâmpadas e luminárias necessárias para obter uma iluminação adequada em função da aplicação.
São discutidos os principais métodos utilizados em projetos de iluminação: o Método dos Lumens e o
Método Ponto a Ponto.
As radiações infravermelhas são radiações invisíveis ao olho humano e seu comprimento de onda
se situa entre 760 nm a 10.000 nm. Caracterizam-se por se forte efeito calorífico e são radiações
produzidas normalmente através de resistores aquecidos ou por lâmpadas incandescentes especiais
cujo filamento trabalha em temperatura mais reduzida (lâmpadas infravermelhas). As radiações
infravermelhas são usadas na Medicina no tratamento de luxações, ativamento da circulação, na
indústria na secagem de tintas e lacas, na secagem de enrolamentos de motores e transformadores,
na secagem de grãos, como trigo e café, etc. Já as radiações ultravioletas caracterizam-se por sua
elevada ação química e pela excitação da fluorescência de diversas substâncias.
Normalmente dividem-se em 3 grupos:
O UV-A compreende as radiações ultravioletas da luz solar, podendo ser gerado artificialmente
através de uma descarga elétrica no vapor de mercúrio em alta pressão. Essas radiações não
afetam perniciosamente a visão humana, não possuem atividades pigmentarias e eritemáticas sobre
a pele humana, e atravessam praticamente todos os tipos de vidros comuns. Possuem grande
atividade sobre material fotográfico, de reprodução e heliográfico (l à 380 nm). O UV-B tem elevada
atividade pigmentária e eritemática. Produz a vitamina D, que possui ação anti-raquítica. Esses
raios são utilizados unicamente para fins terapêuticos. São também gerados artificialmente por
uma descarga elétrica no vapor de mercúrio em alta pressão. O UV-C afeta a visão humana,
produzindo irritação dos olhos. Essas radiações são absorvidas quase integralmente pelo vidro
comum, que funciona como filtro, motivo pelo qual as lâmpadas germicidas possuem bulbos de
quartzo.
Considerando a fonte de luz reduzida à um ponto no centro de um diagrama e que todos os vetores
que dela se originam tiverem suas extremidades ligadas por um traço, obtém-se a Curva de
Distribuição Luminosa (CDL). Em outras palavras, é a representação da Intensidade Luminosa em
todos os ângulos em que ela é direcionada num plano. Para a uniformização dos valores das
curvas, geralmente essas são referidas a 1000 lm. Nesse caso, é necessário multiplicar-se o
valor encontrado na CDL pelo Fluxo Luminoso da lâmpada em questão e dividir o resultado por 1000
lm. A curva CDL geralmente é encontrada nos catálogos dos fabricantes de lâmpadas e iluminarias
como o mostrado no final deste material.
É a potência de radiação total emitida por uma fonte de luz em todas as direções do espaço e
capaz de produzir uma sensação de luminosidade através do estímulo da retina ocular. Em outras
palavras, é a potência de energia luminosa de uma fonte percebida pelo olho humano. Um lúmen é a
energia luminosa irradiada por uma candela sobre uma superfície esférica de 1 m2 e cujo raio é de
1 m. Assim o fluxo luminoso originado por uma candela é igual à superfície de uma esfera unitária de
raio (r = 1 m).
ϕ = 4π.r2 = 12.57 lm
As lâmpadas conforme seu tipo e potência apresentam fluxos luminosos diversos:
- lâmpada incandescente de 100 W: 1000 lm;
- lâmpada fluorescente de 40 W: 1700 a 3250 lm;
- lâmpada vapor de mercúrio 250W: 12.700 lm;
- lâmpada multi-vapor metálico de 250W: 17.000 lm
2.2.4 Iluminância (Iluminamento)
Símbolo: E
Unidade: lux (lx)
É a relação entre o fluxo luminoso incidente numa superfície e a superfície sobre a qual este incide;
ou seja, é a densidade de fluxo luminoso na superfície sobre a qual este incide. A unidade é o LUX,
definido como o iluminamento de uma superfície de 1 m² recebendo de uma fonte puntiforme a 1m
de distância, na direção normal, um fluxo luminoso de 1 lúmen, uniformemente distribuído. A relação
é dada entre a intensidade luminosa e o quadrado da distância, ou ainda, entre o fluxo luminoso e a
área da superfície.
ϕ
E=
A
Na prática, é a quantidade de luz dentro de um ambiente, e pode ser medida com o auxílio de
um luxímetro. Como o fluxo luminoso não é distribuído uniformemente, a iluminância não será a
mesma em todos os pontos da área em questão. Considerasse por isso a iluminância média (Em).
Existem normas especificando o valor mínimo de Em, para ambientes diferenciados pela atividade
exercida relacionada ao conforto visual. A iluminância também é conhecida como nível de
iluminação. Abaixo são mostrados valores práticos de iluminância:
I
L=
A ⋅ cos( α)
Onde:
L = Luminância, em cd/m²
I = Intensidade Luminosa, em cd
A = área projetada, em m²
α= ângulo considerado, em graus.
Como é difícil medir-se a Intensidade Luminosa que provém de um corpo não radiante (através de
reflexão), pode-se recorrer à outra fórmula, a saber:
ρ ⋅E
L=
π
Onde:
ρ= Refletância ou Coeficiente de Reflexão
E = Iluminância sobre essa superfície
Vale lembrar que o Coeficiente de Reflexão é a relação entre o Fluxo Luminoso refletido e o Fluxo
Luminoso incidente em uma superfície. Esse coeficiente é geralmente dado em tabelas, cujos
valores são função das cores e dos materiais utilizados. A luminância de uma fonte luminosa ou
de uma superfície luminosa estabelece a reação visual da vista. Quando a luz de uma fonte
ou de uma superfície que reflete a luz, atinge a vista com elevada luminância, então ocorre o
ofuscamento, sempre que a luminância é superior a 1 sb. As luminâncias preferenciais em um
ambiente de trabalho pode variar entre as pessoas, principalmente se estiverem desenvolvendo
tarefas diferentes. O melhor conceito de iluminância talvez seja “densidade de luz necessária para
realização de uma determinada tarefa visual”. Isto permite supor que existe um valor ótimo de luz
para quantificar um projeto de iluminação. Esses valores relativos a iluminância foram tabelados por
atividade.
As lâmpadas se diferenciam entre si não só pelos diferentes Fluxos Luminosos que elas irradiam,
mas também pelas diferentes potências que consomem. Para poder compará-las, é necessário que
se saiba quantos lumens são gerados por watt absorvido, ou seja, a razão entre o fluxo luminoso
total emitido φ e a potência elétrica total P consumida pela mesma. A essa grandeza dá-se o
nome de Eficiência Energética (antigo “Rendimento Luminoso”). É útil para averiguarmos se um
determinado tipo de lâmpada é mais ou menos eficiente do que outro. A Eficiência Luminosa é um
indicador da eficiência do processo de emissão de luz utilizada sob o ponto de vista do
aproveitamento energético.
Fig.2.4: Gráfico da Eficiência Energética dos principais tipos de lâmpadas
No instante que um ferreiro coloca uma peça de ferro no fogo, esta peça passa a comportar-se
segundo a lei de Planck e vai adquirindo diferentes colorações na medida em que sua temperatura
aumenta. Na temperatura ambiente sua cor é escura, tal qual o ferro, mas será vermelha a 800 K,
amarelada em 3.000 K, branca azulada em 5.000K. Sua cor será cada vez mais clara até atingir
seu ponto de fusão. Pode-se então, estabelecer uma correlação entre a temperatura de uma fonte
luminosa e sua cor, cuja energia do espectro varia segundo a temperatura de seu ponto de fusão.
Por exemplo, uma lâmpada incandescente opera com temperaturas entre 2.700 K e 3.100 K,
dependendo do tipo de lâmpada a ser escolhido. A temperatura da cor da lâmpada deve ser
preferencialmente indicada no catálogo do fabricante. A observação da experiência acima indica
que, quando aquecido o corpo negro (radiador integral) emite radiação na forma de um espectro
contínuo. No caso de uma lâmpada incandescente, grande parte desta radiação é invisível, seja
na forma de ultravioletas, seja na forma de calor (infravermelhos), isto é, apenas uma pequena
porção está na faixa da radiação visível, motivo pelo qual o rendimento desta fonte luminosa é tão
baixo conforme pode ser visto abaixo:
Objetos iluminados podem nos parecer diferente, mesmo se as fontes de luz tiverem idêntica
tonalidade. As variações de cor dos objetos iluminados sob fontes de luz diferentes podem ser
identificadas através de outro conceito, Reprodução de Cores, e de sua escala qualitativa Índice de
Reprodução de Cores (Ra ou IRC). O mesmo metal sólido, quando aquecido até irradiar luz,
foi utilizado como referência para se estabelecer níveis de Reprodução de Cor. Define-se que o
IRC neste caso seria um número ideal = 100. Sua função é como dar uma nota (de 1 a 100) para o
desempenho de outras fontes de luz em relação a este padrão. Portanto, quanto maior a diferença na
aparência de cor do objeto iluminado em relação ao padrão (sob a radiação do metal sólido) menor é
seu IRC. Com isso, explica-se o fato de lâmpadas de mesma Temperatura de Cor possuir Índice de
Reprodução de Cores diferentes. Um IRC em torno de 60 pode ser considerado razoável, 80 é bom e
90 é excelente. Claro que tudo irá depender da exigência da aplicação que uma lâmpada deve
atender. Um IRC de 60 mostra-se inadequado para uma iluminação de loja, porém, é mais que
suficiente para a iluminação de vias públicas. São exemplos de IRC comuns encontrados nas
lâmpadas comerciais:
2.3.5 Fator de fluxo luminoso
Símbolo: BF
Unidade: %
A maioria das lâmpadas de descarga opera em conjunto com reatores. Neste caso, observamos que
o fluxo luminoso total obtido neste caso depende do desempenho deste reator. Este desempenho é
chamado de fator de fluxo luminoso (Ballast Factor) e pode ser obtido de acordo com a equação:
Como já visto o Fluxo Luminoso emitido por uma lâmpada sofre influência do tipo de luminária e a
conformação física do recinto onde ele se propagará.
Determinados catálogos indicam tabelas de Fator de Utilização direto para suas luminárias. Apesar
de estas serem semelhantes às tabelas de Eficiência do Recinto, os valores nelas encontrados não
precisam ser multiplicados pela Eficiência da Luminária, uma vez que cada tabela é específica
para uma luminária e já considera a sua perda na emissão do Fluxo Luminoso.
A base da lâmpada incandescente têm por finalidade fixar mecanicamente a lâmpada em seu
suporte e completar a ligação elétrica ao circuito de iluminação. A maior parte das lâmpadas usa a
base de rosca tipo Edison. Elas são designadas pela letra E seguidas de um número que indica
aproximadamente seu diâmetro externo em milímetros. É constituída de uma caneca metálica,
geralmente presa com resina epóxi sobre o bulbo. Existem outras padronizações, por
exemplo, baioneta e tele-slide, ambas utilizadas em lâmpadas miniatura. As lâmpadas
incandescentes de médio e grande porte geralmente utilizam uma base que suporta temperaturas até
250 °C. A eficácia luminosa resultante cresce com a potência da lâmpada, variando de 7 a 15
lm/W. Estes valores são relativamente baixos, quando comparados com lâmpadas de descarga com
fluxo luminoso semelhante. No entanto, esta limitação é compensada, pois possui temperatura de
cor agradável, na faixa de 2700K (amarelada) e reprodução de cores 100%. A resistência
específica do tungstênio na temperatura de funcionamento da lâmpada (2800 K) é
aproximadamente 15 vezes maior do que à temperatura ambiente (25 °C). Portanto, ao ligar
uma lâmpada in candescente, a corrente que circula pelo seu filamento a frio é quinze vezes a
corrente nominal de funcionamento em regime. A temperatura do filamento sobe rapidamente,
atingindo valores elevados em frações de segundo. Ligações muito freqüentes reduzem a vida útil
da lâmpada, pois o filamento geralmente não apresenta um diâmetro constante. A corrente de
partida causa aquecimento excessivo e localizado nos pontos onde a seção do filamento apresenta
constrições, provocando seu rompimento. A vida útil de uma lâmpada incandescente comercial é da
ordem de 1000 horas. Quando uma lâmpada incandescente é submetida a uma sobretensão, a
temperatura de seu filamento, sua eficiência, potência absorvida, fluxo luminoso e corrente
crescem, ao passo que sua vida se reduz drasticamente. As variações podem ser calculadas
pelas seguintes expressões empíricas:
Lâmpadas halógenas emitem mais radiação ultravioleta que as lâmpadas incandescentes normais,
porém os níveis são inferiores aos presentes na luz solar, não oferecendo perigo à saúde. No entanto,
deve-se evitar a exposição prolongada das partes sensíveis do corpo à luz direta e concentrada.
São lâmpadas de grande potência, mais duráveis, de melhor rendimento luminoso, menores
dimensões e que reproduzem mais fielmente as cores, sendo todavia, mais caras. São
utilizadas para iluminação de praças de esporte, pátios de armazenamento de mercadorias
iluminação externa em geral, teatros, estúdios de TV museus, monumentos, projetores, máquinas de
xérox, etc.
A lâmpada fluorescente compacta, em geral só apresenta duas conexões elétricas, uma vez que
os filamentos encontram-se ligados em série através de um “starter” (Figura 3.6), o qual fica
alojado num invólucro na base da lâmpada. A estabilização da lâmpada é feita através de
um reator indutivo, conectado externamente. Algumas lâmpadas já apresentam um reator
incorporado na sua base, em geral do tipo rosca Edison, que é utilizada em lâmpadas
incandescentes. O reator poder ser indutivo ou eletrônico, sendo este último mais leve de forma a
reduzir o peso do conjunto.
Nos instantes iniciais da descarga, a lâmpada emite uma luz verde clara. A intensidade luminosa
aumenta gradativamente até estabilizar-se após 6 a 7 minutos, quando a luz se torna branca com uma
tonalidade levemente esverdeada. A descarga de mercúrio no tubo de arco produz uma energia
visível na região do azul e do ultravioleta. O fósforo, que reveste o bulbo, converte o ultravioleta em
luz visível na região do vermelho. O resultado é uma luz de boa reprodução de cores com
eficiência luminosa de até 60lm/W. A luz emitida por uma lâmpada sem revestimento de fósforo
apresenta um baixo índice de reprodução de cor (CRI = 20), devido à ausência de raias vermelhas. O
"fósforo" utilizado em lâmpadas de vapor de mercúrio de alta pressão tem uma banda d e emissão de
620 nm a 700 nm e consegue melhorar o significativamente o índice de reprodução (CRI = 50). É
importante salientar que devido à emissão de ultravioleta, caso a lâmpada tenha seu bulbo quebrado
ou esteja sem o revestimento de fósforo, deve-se desligá-la, pois o ultravioleta é prejudicial à saúde,
principalmente em contato com a pele ou os olhos. A lâmpada de mercúrio apresenta fluxo luminoso
elevado e vida útil longa, porém, a sua eficácia luminosa é relativamente baixa. Este tipo de
lâmpada é utilizado em sistemas de iluminação de exteriores, em especial, na iluminação pública
urbana.
Este tipo de lâmpada apresenta um índice de reprodução de cor variando de Luminotécn ica e
Lâmpada s Elétricas 50 a 70, porém sua eficácia luminosa é baixa em razão da potência
dissipada no filamento, que determina a sua vida útil, em geral de 6000 horas a 10000 horas. Esta
lâmpada é utilizada no Brasil em sistemas de iluminação de interiores no setor comercial em
substituição às lâmpadas incandescentes.
As lâmpadas de vapor metálico apresentam uma eficácia luminosa de 65 a 100 lm/W e um índice
de reprodução de cores superior a 80 A sua vida útil é em geral inferior a 8000 horas. São
c omercialmente disponíveis lâmpadas de 70 W a 2000 W, sendo utilizadas em aplicações onde a
reprodução de cores é determinante, como por exemplo, em estúdios cinematográficos, iluminação
de vitrines e na iluminação de eventos com transmissão pela televisão.
EM = φ /S
Em que:
φ - é o fluxo luminoso total que atravessa a superfície (lm);
2
S - é a área da superfície considerada (m ).
A unidade do iluminamento é lm/m2, mais conhecida por lux. É através do iluminamento médio
que são fixados os requerimentos de iluminação em função da atividade a ser desenvolvida em um
determinado local. Outro conceito fundamental em luminotécnica é o de curva de distribuição
luminosa (ver figura 4.1), descrita no item 2.1 desta apostila. Os valores de intensidade luminosa são
fornecidos considerando luminária equipada com fonte luminosa padrão com fluxo luminoso total
de 1000 lm. Caso a lâmpada produza um fluxo diferente, os valores de intensidade luminosa deverão
ser corrigidos proporcionalmente. Tem-se ainda o objetivo de eliminar o ofuscamento provocado pela
iluminação. O ofuscamento gera uma redução na capacidade de visualização dos objetos e
desconforto visual. Pode ser direto, isto é, ocorrendo pela visualização direta da fonte de luz, que
pode ser uma lâmpada ou luminária, podendo ser neutralizado pela utilização de aletas ou
difusores nas luminárias. Pode também ser indireto, ocorrendo quando a reflexão da luz sobre o
plano de trabalho atinge o campo visual, podendo ser causado pelo excesso de luz no ambiente
ou pelo mal posicionamento das luminárias.
Nos próximos itens serão abordados os principais métodos para projeto de iluminação, como o
Método dos Lumens e o Método Ponto. O primeiro se destina principalmente a projetar a
iluminação de recintos fechados, onde a luz refletida por paredes e teto contribui significativamente
no iluminamento médio do plano de trabalho (o plano onde serão desenvolvidas as atividades; por
exemplo, o plano das mesas em um escritório). O Método Ponto a Ponto se destina principalmente
ao projeto de iluminação de áreas externas, onde a contribuição da luz refletida pode ser
desprezada sem incorrer em erros significativos. Além disso, o Método Ponto a Ponto pode ser
utilizado como cálculo verificador de um projeto elaborado pelo Método dos Lumens.
Passo 1:
Estabelecer o iluminamento médio do local, em função das dimensões do mesmo e da atividade a
ser desenvolvida. Conforme mencionado anteriormente, as normas técnicas possuem valores de
referência para o iluminamento médio. De acordo com a NBR 5413, para a determinação da
iluminância conveniente é recomendável considerar as seguintes classes de tarefas visuais.
Tabela 2.4 – Iluminância por classe de tarefas visuais
Classe Iluminância (lux) Tipo de atividade
A 20 – 30 – 50 Áreas públicas com arredores
escuros
Iluminação geral para áreas 50 – 75 – 100 Orientação simples para
usadas interruptamente ou com permanência curta
tarefas visuais simples 100 – 150 – 200 Recintos não usados para
trabalho contínuo; depósitos
200 – 300 – 500 Tarefas com requisitos visuais
limitados, trabalho bruto de
maquinaria, auditórios
B 500 – 750 – 1000 Tarefas com requisitos visuais
normais, trabalho médio de
Iluminação geral para área de maquinaria, escritórios
trabalho 1000 – 1500 – 2000 Tarefas com requisitos
especiais, gravação manual,
inspeção, indústria de roupas
C 2000 – 3000 – 5000 Tarefas visuais exatas e
prolongadas, eletrônica de
Iluminação adicional para tamanho pequeno
tarefas visuais difíceis 5000 – 7500 – 10000 Tarefas visuais muito exatas,
montagem de microeletrônica
10000 – 15000 – 20000 Tarefas visuais muito especiais,
cirurgia
Nota: As classes, bem como os tipos de atividade não são rígidos quanto às iluminâncias limites recomendadas, ficando a
critério do projetista avançar ou não nos valores das classes/tipos de atividade adjacentes,dependendo das características do
local/tarefa.
Seleção de iluminância
Para determinação da iluminância conveniente é recomendável considerar os seguintes
procedimentos:
- Da Tabela 2.4 constam os valores de iluminâncias por classe de tarefas visuais. O uso
adequado de iluminância específica é determinado por três fatores, de acordo com a Tabela 2.5.
O procedimento é o seguinte:
1. Analisar cada característica para determinar o seu peso (-1, 0 ou +1);
2. Somar os três valores encontrados, algebricamente, considerando o sinal;
3. Usar a iluminância inferior do grupo, quando o valor total for igual a –2 ou –3; a iluminância
superior, quando a soma for +2 ou +3; e a iluminância média nos outros casos.
A maioria das tarefas visuais apresenta pelo menos média precisão.
No anexo I, onde estão os valores para iluminância previstos no item 5.3 da NBR 5413 –
Iluminações de interiores, para cada tipo de local ou atividade existem três iluminâncias indicadas,
sendo a seleção do valor recomendado feito da seguinte maneira:
1. Das três iluminâncias, considerar o valor do meio, devendo este ser utilizado em todos os casos;
2. O valor mais alto, das três iluminâncias deve ser utilizado quando:
a) A tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes bastante baixo;
b) Erros são de difícil correção;
c) O trabalho visual é critico;
d) Alta produtividade ou precisão são de grande importância;
e) A capacidade visual do observador está abaixo da media.
3. O valor mais baixo, das três iluminâncias, pode ser utilizado quando:
a) Refletâncias ou contrastes são bastante altos;
b) A velocidade e/ou não são importantes;
c) A tarefa é executada ocasionalmente.
Passo 2:
Estabelecer o tipo de lâmpada e de luminária a serem utilizadas no local. A experiência do
projetista é muito importante neste passo, pois um determinado conjunto lâmpada/luminária
disponível comercialmente pode-se adaptar melhor a algumas aplicações e não a outras. Por
exemplo, iluminação fluorescente convencional é bastante indicada para iluminação de escritórios, e
iluminação incandescente é a opção preferencial para galerias de arte, devido a sua excelente
reprodução de cores.
Passo 3:
Para a luminária escolhida no passo anterior determina-se o Fator de Utilização (Fu). Este coeficiente,
menor ou igual a 1, representa uma ponderação que leva em conta as dimensões do local e a
quantidade de luz refletida por paredes e teto. A contribuição das dimensões do local é feita através do
chamado Índice do Local (K) definido de acordo com:
Onde:
C - comprimento do local, considerando formato retangular (m);
L - largura do local (m);
Hu – altura útil, altura da luminária até o plano de trabalho, em (m).
O índice do local permite diferenciar locais com mesma superfície total, mas com formato diferente
(quadrado, retangular, retangular alongado, etc.), e também incorpora a influência da distância
entre o plano das luminárias e o plano de trabalho. De posse do índice do local, o coeficiente de
utilização é facilmente obtido através de tabelas cujas outras variáveis de entrada são a fração de luz
refletida por paredes e teto.
Passo 4:
Para o local de instalação determina-se o Fator de Depreciação (Fd). Este coeficiente, menor ou
igual a 1, representa uma ponderação que leva em conta a perda de eficiência luminosa das
luminárias devido à contaminação do ambiente. Existem tabelas que fornecem valores deste
coeficiente em função do grau de contaminação do local e da freqüência de manutenção (limpeza)
das luminárias.
Passo 5:
Determina-se o fluxo luminoso total φ (em lúmen) que as luminárias deverão produzir, de acordo com a
seguinte expressão:
Onde:
E - iluminamento médio (em lux) estabelecido no Passo 1;
S = C x L - área do local (m2).
Passo 6:
Determina-se o número necessário de luminárias NL:
O nde:
Passo 7:
Ajusta-se o número de luminárias de forma a produzir um arranjo uniformemente
distribuído (por exemplo, certo número de linhas cada uma com o mesmo número de colunas de tal
forma que o número de luminárias resulte o mais próximo possível do valor determinado no Passo
6).
Passo 8:
Uma vez ajustado o número efetivo de iluminarias por linha e coluna, efetuar o cálculo da
iluminancia efetiva no plano de trabalho.
2.8.2 Método Ponto a Ponto
Para descrever o Método Ponto a Ponto é imprescindível apresentar antes duas leis básicas da
Luminotécnica, a Lei do Inverso do Quadrado e a Lei dos Cosenos. A Lei do Inverso do
Quadrado estabelece que o iluminamento médio cai com o quadrado da distância à fonte
luminosa. De fato, conforme ilustra a Figura 4.2, o mesmo fluxo luminoso ∆φ atravessa as
superfícies S1 e S2, situadas a distâncias d1 e d2 da fonte luminosa, respectivamente.
Como o ângulo sólido correspondente às duas superfícies é o mesmo, conclui-se que é válida a
seguinte relação:
Em que E(d) indica o iluminamento médio a uma distância genérica d da fonte luminosa.
A Lei dos Cosenos estabelece que se a superfície (plana) considerada não for normal à direção
definida pela intensidade luminosa, o iluminamento médio na superfície será menor que no caso da
superfície ser normal e, ainda, a relação entre ambos os valores é dado pelo coseno do ângulo
formado entre as normais das duas superfícies.
Entre as superfícies S1 e S2 é válida a relação:
Destaca-se que a intensidade luminosa I(θ) é dada pela curva fotométrica da luminária, considerada
conhecida. O iluminamento no ponto P, no plano perpendicular à intensidade luminosa, é calculado
através da Lei do Inverso do Quadrado:
No ponto P, o iluminamento no plano horizontal é determinado através a Lei dos Cossenos:
Em que n indica o número total de luminárias e EPH i é o iluminamento horizontal em P causado pela
luminária i. Para obter o iluminamento médio do local, aplica-se esta equação a um conjunto
adequado de pontos de verificação e calcula-se finalmente a média aritmética de todos os valores de
iluminamento obtidos. Na prática o iluminamento total em um determinado ponto tem contribuição
significativa apenas das luminárias mais próximas ao ponto, sendo que a contribuição das luminárias
distantes é muito pequena por causa da Lei do Inverso do Quadrado. De todo modo, o cálculo do
iluminamento através do Método Ponto a Ponto é feito normalmente através de programa
computacional, pois o cálculo manual só é viável em casos simples com poucas luminárias e poucos
pontos de cálculo.
(II) da tabela de iluminâncias recomendadas (item 4.2 ou anexo I), adota-se E = 500lx
(III) tem-se:
• l = 18m
• b = 9m
da expressão
(IV) consultando a tabela (catálogo da luminária) de fator de utilização “Fu” para esta luminária, com K
= 2,5 e considerando para o local uma refletância 511 (50% teto, 10% parede, 10% piso), obtém-se Fu
= 0,53;
(V) da tabela de fator de depreciação “Fd” (item 2.3), considerando ambiente normal e manutenção a
cada 5.000h, obtém-se Fd = 0,85;
(VI) da expressão
(VII) da expressão
Consultando-se a luminária, cuja CDL está representada na figura 2.24 e supondo-se que esta
luminária esteja equipada com 2 lâmpadas fluorescentes LUMILUX® 36W/21, qual será a Iluminância
incidida num ponto a 30º de inclinação do eixo longitudinal da luminária, que se encontra a uma
altura de 2,00 m do plano do ponto?
Fig.2.25: Esquema do Ponto de Cálculo da Iluminância
LUMILUX® 36W/21
ϕ = 3350 lm
n=2
I30° = 340 cd
Seguindo-se a fórmula:
2.2.4 Exercícios de Fixação
1) Determinar o número de lâmpadas e de luminárias para iluminar uma fábrica de móveis de
25X50X4m, cujo nível de iluminamento necessário é de 500 lux. O teto e as paredes são claros.
O período previsto para manutenção do sistema de iluminação é de 5000 horas. O afastamento
máximo entre luminárias é 0,9Xpé direito. Mostre a disposição das luminárias no prédio.
2) Um prédio industrial precisa ser iluminado, nele se fabricam equipamentos muito volumosos. A
indústria está instalada num prédio com as seguintes características:
- pé direito: 8m;
- bancada de trabalho: 65 cm,
- largura do prédio: 21m;
- comprimento do prédio: 84m;
- paredes de tijolo a vista
- teto de concreto
No processo produtivo a indústria necessita de um nível de iluminamento de 600 lux, e não pode
ter reprodução de cores parcial. Determine o número de lâmpadas e de luminárias a serem
instaladas neste prédio e represente a disposição das luminárias na planta baixa. O afastamento
máximo entre luminárias é igual a 0,95 X pé direito, e a altura de montagem não pode ser inferior a
6,5 m.
3) Se você fosse indagado sobre o tipo de iluminação mais adequado para iluminar os
ambientes relacionados abaixo, qual (ais) o(s) tipo(s) de lâmpadas que você indicaria. Justifique
sua resposta.
a) escritório
b) residência
c) indústria de borracha com pé direito de 7m
d) loteamento residencial (iluminação pública)
e) quadra de esportes
4) Um galpão industrial é iluminado através de lâmpadas a vapor de mercúrio de 400W, com fluxo
luminoso inicial de 20.500 lumens. Calcular o iluminamento num ponto P na horizontal iluminado
por 4 refletores A, B, C e D, conforme figura abaixo.
Nota: O pé útil é de 3 m.
Anexos:
CDL (LUMINE)
luminárias
1 - Acondicionamento
- salas de controle (quadro distribuidor) e salas grandes de
- engradamento, encaixotamento e empacotamento
controle centralizado................ 300 -500 - 750
..................... 100 - 150 - 200
- salas pequenas de controle simples......... 200 - 300 – 500
- parte posterior dos quadros de distribuição
2 - Auditórios e anfiteatros
(vertical)................ 100 - 150 - 200
- salas de centros telefônicos automáticos...100 - 150 - 200
- tribuna...................................... 300 - 500 - 750
- platéia....................................... 100 - 150 - 200
7 – Cervejarias
- sala de espera........................... 100 - 150 - 200
- bilheterias.................................. 300 - 150 - 750 - câmara de fermentação............ 100 - 150 - 200
- fervura e lavagem de barris...... 150 - 200 - 300
3 - Bancos
- enchimento (garrafas, latas, barris)........ 150 - 200 - 300
- área de carregamento e enchimento.......... 100 - 150 - 200 - consertos e manutenção .......... 300 - 500 - 750
- fabricação de moldes e machos (trabalho - revisão de motores ................... 300 - 500 - 750
fino).................. 300 - 500 - 750
- biblioteca................................. 300 - 500 - 750
- pronto-socorro:
28 – Hospitais
- sala dos médicos ou enfermeiras: . geral ...................................... 300 - 500 - 750
. geral ....................................... 100 - 150 - 200 - corredores e escadas .............. 75 - 100 - 150
. mesa de trabalho .................... 300 - 500 - 750 - escritórios (ver 14)
- quarto de preparação ............... 150 - 200 - 300 - cozinhas .................................. 150 - 150 - 300
- arquivo .................................... 100 - 150 - 200 - laboratórios de análises:
- farmácia: . sala de pesquisa .................... 150 - 200 - 300
. geral ....................................... 150 - 150 - 300 . mesa de trabalho ................... 300 - 500 - 750
. mesa de trabalho .................... 300 - 500 - 750 - salas de diagnósticos e terapêuticas:
- trabalho com radioisótopos: . geral ...................................... 150 - 200 - 300
. laboratório radioquímico ......... 300 - 300 - 750 . mesa de diagnóstico .............. 300 - 500 - 750
. salão de medidas ................... 150 - 200 - 300 - departamento cirúrgico:
. mesa de trabalho .................... 300 - 500 - 750 . sala de operação (iluminação geral).... 300 - 500 - 750
- otorrinolaringologia: . sala de esterilização ............... 300 - 500 - 750
. sala de exame ........................ 300 - 300 - 750 - departamento dentário:
- autópsias: . sala de dentista (iluminação geral)
. geral ....................................... 300 - 500 - 750 ..................................... 150 - 200 - 300
. depósitos de cadáveres .......... 100 - 150 - 200 - lavatórios ................................. 100 - 150 - 200
- terapia: - departamento de maternidade:
. física ...................................... 150 - 200 - 300 . sala de partos (iluminação geral)......... 150 - 200 - 300
. aplicada ................................. 150 - 200 - 300 . berçário ................................. 75 - 100 - 150
- lavabos .................................... 100 - 150 - 200 . sala de atendimento ao berçário................ 150 - 200 -
- raio-X: 300
. radiografias, fluoroscopia e câmara
- lavanderia (ver 55)
................................... 100 - 150 - 200 - quartos particulares para pacientes:
. radioterapia profunda e superficial . geral ....................................... 100 - 150 - 200
............................... 100 - 150 - 200 . cama ...................................... 150 - 150 – 300
. exames de provas .................. 150 - 200 - 300
. arquivos de filmes revelados ... 150 - 200 - 300
29 - Hotéis e restaurantes
. estocagem de filmes sem revelações...100 - 150 - 200 - banheiros ................................. 100 - 150 - 200
- dispensário: - espelhos (iluminação suplementar)... 200 - 300 - 500
. geral ...................................... 100 - 150 - 200 - corredores e escadas ............... 75 - 100 - 150
. mesa...................................... 300 - 500 - 750 - lavanderia: (ver 55)
. depósito de remédios ............. 100 - 150 - 300 - sala de leitura:
- banheiros: . geral ....................................... 100 - 150 - 200
. geral ...................................... 100 - 150 - 200 . mesa ...................................... 200 - 300 - 500
. espelhos (iluminação suplementar)... 200 - 200 - 500 - cozinha:
. geral ....................................... 150 - 200 - 300 - púlpito, com ofício.................... 200 - 300 - 500
. local ....................................... 300 - 500 - 750
- quartos: 31 - Indústrias alimentícias
- seleção de refugos ................... 150 - 200 - 300
. geral ....................................... 100 - 150 - 200
- limpeza e lavagem.................... 150 - 200 - 300
. cama (iluminação
- classificação pela cor (sala de cortes)....750 - 1000 - 1500
suplementar)............................... 150 - 200 - 300
- cortes e remoção de caroços e
. escrivaninha............................ 200 - 300 - 500
sementes.............................. 150 - 200 - 300
. penteadeiras ........................... 200 - 300 - 500
- enlatamento:
- salão de reuniões:
. mecânico (correia
. salão de conferências ............. 100 - 150 - 200
transportadora) ...................... 150 - 200 - 300
. tablados ................................. 300 - 150 - 750
. manual ................................... 200 - 300 - 500
- exposições e demonstrações ... 200 - 300 - 500
. inspeção de latas cheias
- sala de reuniões de hóspedes ... 100 - 150 - 200
(amostras para ensaios) ......... 750 - 1000 - 1500
- restaurantes ............................. 100 - 150 - 200
- trabalho com latas:
- lanchonetes .............................. 150 - 200 - 300
. inspeção ................................ 750 - 1000 - 1500
- auto-serviço ............................. 150 - 200 - 300
. selagem das latas ................... 150 - 200 - 300
- portaria e recepção .................. 150 - 200 - 300
. arranjo de latas e acondicionamento em caixas de
- centro telefônico....................... 150 - 200 - 300
papelão....................................100 - 150 - 200
30 - Igrejas e templos
- nave, entrada, auditórios, sem 32 - Indústria de artigos de ourivesaria e joalheria
ofício....................................... 30 - 50 - 75 - geral ........................................ 750 - 1000 - 1500
- nave, entrada, auditórios, com - local ........................................1500 - 2000 - 3000
ofício....................................... 100 - 150 - 200
Tipo de Aparelho Fd
Aparelhos para embutir lâmpadas incandescentes 0,85
Aparelhos para embutir lâmpadas refletoras
Calha aberta e chanfrada 0,8
Refletor industrial para lâmpadas incandescentes
Luminária comercial 0,75
Luminária ampla utilizada em linhas contínuas
Refletor parabólico para duas lâmpadas incandescentes
Refletor industrial para lâmpada VM
Aparelho para lâmpada incandescente para iluminação indireta 0,7
Luminária industrial tipo Miller
Luminária com difusor de acrílico
Globo de vidro fechado para lâmpada incandescente
Refletor com difusor plástico
Luminária comercial para lâmpada high output colméia 0,6
Luminária para lâmpada fluorescente para iluminação indireta
Referências Bibliográficas