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Ciência, tecnologia e inovação em

Moçambique: tendências e
desafios futuros

Semana da Francofonia
14 a 24 de Março de 2017
ISRI, Zimpeto, Maputo
Pedro João Pereira Lopes, MPP
Para começar…

“A rápida difusão das TICs nos países em


via de desenvolvimento não foi
acompanhada pelos substanciais
benefícios de desenvolvimento.”
Madon (2000)
Introdução
• A apresentação reflecte sobre o Sistema Nacional de
Tecnologia e Inovação dos países em via de
desenvolvimento
• Descreve e critica algumas das características da
Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e
identifica os principais desafios de Moçambique
• Desculpa para discutir os alicerces para o
desenvolvimento de Moçambique e a sua inserção no
global network
• A CRM assume “o desenvolvimento da economia e o
progresso da ciência e da técnica” como um dos seus
objectivos (alínea h, art. 11)
Background teórico
• Schumpeter: o desenvolvimento económico é
baseado na inovação tecnológica, investimentos
e inovação (dos empresários)
• Fundação do capitalismo: revolução da estrutura da
economia a partir de dentro, destruindo o antigo e
criando o novo
• Solow: crescimento económico = acumulação de
capital, crescimento da força de trabalho e
alterações tecnológicas
• O Progresso Tecnológico como a “mão mágica” para
impulsionar a curva de produção
Ciência, tecnologia e inovação nos pvd
• A estrutura dos sistemas nacionais de produção e
inovação é produto de um processo histórico (Lundvall,
1988)
• Para Milford (n.d.), os sistemas nacionais de inovação em
pvd’s como Moçambique é devido a:
• (a) falta da capacidade doméstica de produção e
capacidade de assimilação técnica
• (b) políticas macroeconómicas inadequadas
• (c) baixo investimento em educação e em P&D
• (d) fraca integração no global network
A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação – 1
• Desde o lançamento da Política Nacional de Ciência
e Tecnologia (PNCT) que muitas iniciativas
governamentais contribuíram para criar um
infraestrutura académica e tecnológica que não
existia antes
• Outras iniciativas encorajaram multinacionais a entrarem no
país – organizações com uma capacidade tecnológica
razoável (como a Mozal, Vale, Riversdale, BHP Billiton, Rio
Tinto, etc.).
• A PNCT foi aprovada em 2000
• A visão do Estado era que a ciência, tecnologia e inovação
tivessem um papel importante no desenvolvimento do país como
uma força produtiva primária
A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação – 2
• A PNCT focava em
• Pesquisa (produção de conhecimento)
• Educação (fundação de conhecimento científico e
aprendizagem para a inovação tecnológica)
• Inovação (capacidade criativa, uso e adaptação pelos
agentes económicos)
• Difusão (provisão à sociedade de conhecimento e tecnologia
e incentivar a criatividade e a inovação)
• Em Junho de 2006 foi a provada a Estratégia de
Ciência, Tecnologia e Inovação (ECTI) e a Estratégia
de Tecnologias de Informação e Comunicação (ETIC)
A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação – 3
• Para assegurar que os objectivos eram alcançados,
outras políticas foram lançadas
• O Plano Estratégico para o Desenvolvimento de Recursos
Humanos para o sistema de tecnologia e inovação (que visa
aumentar ou nº de pesquisadores de 470 em 2002 para 6595 por
volta de 2025);
• O estabelecimento dos Concelhos Científicos: água, energia,
etnobotânica e agricultura
• O estabelecimento da Academia de Ciências (2009)
• A fundação de 3 Centros Regionais de Ciência e Tecnologia (para
criar um ambiente para a transferência de tecnologia e
conhecimento)
• A criação do Fundo Nacional de Pesquisas e
• O Parque Tecnológico de Maluana
A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação – 4
Ciência, Tecnologia e Inovação: como vai e o
que se faz?
• Muita da ciência e tecnologia aplicada no país
não foi inventada localmente
• Geralmente, elas compõem os sistemas de educação,
pesquisa, inovação e produção
• Global Innovation Index
• Moçambique: posição 95 de 145 (com 30.7)
• Crescimento acelerado
Capacidade tecnológica e de absorção
• Pouca literatura sobre o assunto
• Dos estudos encontrados, quase metade falam da
absorção de tecnologias na agricultura
• Brito e Brouwer analisaram a absorção de outras 3
tecnologias, celulares, insulina e o Open Source
Software (OSS).
• Em relação à adopção de tecnologias na agricultura,
boa parte das tecnologias já estão disponíveis, mas
elas quase não jogam papel algum
• Absorção lenta e bastante dependente: de ONGs, doadores,
crédito, educação, acesso aos serviços de extensão
agrícola, associações
As características de P&D em
Moçambique
•O panorama local das actividades de P&D incluí
universidades públicas, privadas e instituições de
pesquisa
• Moçambique tem cerca de 50 instituições de ensino superior
• Boa parte das pesquisa conduzidas pelas universidades
públicas – UEM e UP
• Nos últimos anos, CIP, IESE e MASC
• O papel do Fundo de Pesquisa e do Parque Tecnológico
de Maluana
• Só? As engenharias, etc.?
Força de trabalho de P&D – 1
• Capital humano é urgente
• Necessidade de profissionalização da carreira
• Universidades com “acadêmicos” contratados (“turbos”)
• Entretanto, várias iniciativas estão a ser tomadas
para preparar cientistas e engenheiros
• Por volta de 2013, Moçambique tinha apenas
2100 acadêmicos, 960 pertencentes à UEM
• A questão do género é também preocupante
Força de trabalho de P&D – 2
A produção de P&D
• Dados disponíveis de 2001 a 2007 apontam
somente 400 artigos produzidos (média anual
55)
• Principais áreas de pesquisa apontam para áreas
de medicina clínica, biologia, ciências sociais e
saúde
• Número crescente de campos de pesquisa
• Pobreza
• Administração e Políticas Públicas
• Desenvolvimento
Constatações?
• Políticas de curto prazo
• Inércia do sistema político (a tecnologia e a
inovação ao serviço da manutenção do status
quo)
• Discordância sobre o papel do governo
• Público mal informado
• Partidos políticos fracos em matéria de política
de tecnologias
O que fazer?
• O Gov. deve redesenhar a PNCT
• Ampliar o sistema nacional de educação
• Financiar as universidades
• Treinar profissionais
• Investir mais a pesquisa e desenvolvimento
• O Gov. de Moçambique deve considerar políticas de
longo-prazo
• Stakeholders, nacionais, financiadores e outros
parceiros internacionais devem alinhar os seus
esforços com a estratégia e contribuir para a sua
implementação de forma cooperativa e integrada.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

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