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Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária – COTRARA

1. APRESENTAÇÃO

A Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária – COTRARA é uma


sociedade cooperativa fundada em abril de 1997, com o propósito voltado ao
desenvolvimento sustentável dos assentamentos de reforma agrária existentes no
Estado do Paraná.
Ao longo da sua trajetória, a COTRARA tem mantido suas ações direcionadas
à luta em favor dos direitos das famílias assentadas, por meio da constante
assistência técnica que presta, pela elaboração e implantação dos projetos de
desenvolvimento sustentável.
Dentre os trabalhos que realiza, devem-se destacar o acompanhamento
intensivo e a orientação aos núcleos de famílias e a elaboração de diagnósticos e
projetos por meio do trabalho de assistência técnica e extensão rural das famílias
assentadas no processo de reforma agrária, valendo-se sempre de metodologias
participativas.
A elaboração de programas de formação dos agricultores assentados
proporciona a apropriação do conhecimento, o resgate e a sistematização das
experiências próprias dos camponeses. O objetivo é integrar diferentes Instituições
para atuar nas áreas de assentamento.
Ainda, a COTRARA elabora e acompanha a execução de convênios e/ou
projetos de crédito que envolva as famílias beneficiadas, segundo o
encaminhamento das entidades competentes. Estes visam à melhoria e o aumento
da produtividade e da produção e sempre contemplam as condições climáticas de
cada região do Estado, mediante linhas de produção saudáveis e respeitosas com o
meio ambiente.
Deste modo, o que se busca na essência de suas ações técnicas é que estas
se pautem em formatos tecnológicos ambientalmente estáveis, economicamente
viáveis e socialmente justos.

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2. IDENTIFICAÇÃO

2.a. DO EMPREENDEDOR

Razão social: INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.


Autarquia Federal criada pelo Decreto-Lei nº 1.110, de 09 de julho de 1970.

Inscrição no CNPJ: 00.375.972/0001-60

Endereço, Telefone, Fax, e-mail: Rua Dr. Faivre, 1.220, Bairro Centro, Curitiba-PR.
Fone/Fax: (41) 3360-6500. www.incra.gov.br

Representantes legais (CPF, Tel., Fax, e-mail): Sr. Celso Lisboa de Lacerda.
Residente e domiciliado na Rua Francisco Torres 513 Apto. 203, Curitiba-PR.
Portador do CPF Nº: 557.390.089-72 e do RG Nº: 1.022.473-6 SSP/PR. E-mail:
celso.lacerda@cta.incra.gov.br

2.b. DA ENTIDADE RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PDA

Razão social: COOPERATIVA DE TRABALHADORES EM REFORMA AGRÁRIA –


COTRARA

Inscrição no CNPJ: CGC: 01.865.966/0001-54

Endereço, Telefone, Fax, e-mail: Rodovia PR 456 – KM 19 Trevo de acesso a Sta.


Maria do Oeste. CEP 85.230-000. Santa Maria do Oeste - Paraná. Fone/Fax: (042)
3674 1177 e (041) 3324-7000. E-mail: cotrara@anca.org.br

Representantes legais (CPF, Tel., Fax, e-mail): Sr. Diorlei dos Santos.
CPF Nº: 030786319-07. Fone/Fax: (041) 3324-7000. E-mail: cotrara@anca.org.br.

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3. METODOLOGIA

O Plano de Desenvolvimento dos Assentamentos é um instrumento de


planejamento dos Projetos de Assentamento, abrangendo desde a instalação das
famílias até a consolidação do assentamento, incluindo os aspectos econômicos,
ambientais e sociais.
Para a elaboração deste Plano de Desenvolvimento Sustentável do
Assentamento – PDA foi imprescindível a participação intensa das 10 famílias de
agricultores e agricultoras, futuros assentados do Olga Benário.
O P.A. Olga Benário possui três elementos que caracterizam o território: em
primeiro lugar, o reduzido tamanho da área; em segundo lugar, o pequeno número
de famílias que a área pode comportar; e, em terceiro lugar, sua privilegiada
situação quase à beira da principal estrada (PR-182) que une as regiões Sul, Oeste
e Norte do País.
O PDA é elaborado de forma participativa para as famílias acampadas, bem
como para a assessoria técnica, social e ambiental. Consta de um levantamento da
realidade atual dos aspectos físicos e ambientais e ambientais, sociais e
econômicos e posterior elaboração de um diagnóstico, onde serão indicadas as
principais características para o Plano de Desenvolvimento, caracterizando os
investimentos produtivos; o parcelamento das unidades familiares, seu tamanho,
número, localização; o cumprimento das exigências da legislação ambiental; entre
outros, sempre referenciados por indicadores dos aspectos qualitativos e
quantitativos.
A metodologia utilizada pela equipe da COTRARA tem como base as práticas
referentes à abordagem participativa de desenvolvimento que aponta para a
autodeterminação e a auto-mobilização dos grupos locais, de modo a proporcionar
aos grupos o direito nato de opinar e de participar nas iniciativas de desenvolvimento
local. Este método visa motivar e capacitar os grupos locais para o estudo e a
análise das suas oportunidades de desenvolvimento e dos obstáculos que se opõem
a ele, para a identificação de objetivos comuns, buscando colocá-los em prática.
Este diagnóstico além de considerar os aspectos técnicos para a viabilidade
do assentamento, considerou também os aspectos sociais, ambientais, culturais e

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históricos como fundamentais para que o PDA seja efetivamente um instrumento


apropriado para promover a construção da cidadania no contexto rural brasileiro.
A elaboração do plano pela equipe de PDA da COTRARA esteve dividida em
duas etapas: a primeira de diagnóstico e a segunda de planejamento, conforme as
orientações do Roteiro Básico para o Plano de Desenvolvimento do Assentamento –
PDA fornecido pelo INCRA.
Na fase de diagnóstico, foram aplicados questionários a cada uma das
famílias acampadas, procurando obter o levantamento completo dos dados sócio-
econômicos das famílias que vivem na área, além da obtenção dos dados referentes
ao município e região. Ao mesmo tempo, profissionais das áreas territorial e
ambiental realizaram diagnóstico do ambiente natural. Para tanto, a área do P.A.
Olga Benário foi percorrida em toda sua extensão, para avaliar as condições de
solos, relevo, recursos hídricos, vegetação e fauna local. Foi utilizada uma série
Instrumentos tecnológicos, dentre eles o GPS (Global Positioning System) para o
levantamento dos dados em campo e programas de tratamento dos dados
levantados e confecção de mapas temáticos da área, dentre eles AutoCAD©,
Posição©, Microstation©, Spring© e outros.
Finalmente, com todos os dados sistematizados e tabulados, estes foram
apresentados às famílias, para que tomassem ciência das potencialidades e das
limitações do Projeto de Assentamento.
Na seqüência, foi realizada uma etapa de discussão da organização territorial
da área, parcelamento, sistemas de produção e demandas sociais, a fim de compor
o Plano de Ação para o desenvolvimento do assentamento, pois, mais importantes
que as análises e considerações técnicas sobre a área de estudo possam ser, mais
importantes são as impressões que têm a comunidade assentada nesta área. Trata-
se de agricultores e agricultoras possuidores de histórias únicas e um profundo
conhecimento que não deve, de modo algum, ser ignorado durante a elaboração de
qualquer plano de desenvolvimento da área.
Além do diagnóstico, já é realidade a presença constante de profissionais de
diversas áreas, compondo a equipe da assessoria técnica – ATES. Estes têm a
função de auxiliar os assentados em todas as suas atividades, fornecendo as
orientações técnicas e o acompanhamento necessários ao desenvolvimento das
atividades. Ainda, serão diretamente responsáveis e igualmente importantes no

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acompanhamento das atividades que se farão durante a fase de implantação deste


Plano de Desenvolvimento de Assentamento.
Afinal, mais do que promover o desenvolvimento da área, este PDA deve
possibilitar o desenvolvimento social e econômico das pessoas que serão
assentadas, proporcionando-lhes condições apropriadas para o auto-sustento e
consolidação na área destinada a cada uma das famílias, a fim de que as futuras
gerações possam se formar sadias e com perspectivas para um futuro que se
aproxima rapidamente.

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4. INFORMAÇÕES GERAIS DO ASSENTAMENTO

Denominação do imóvel: Lote 32-A Remanescente

Denominação do Assentamento: Projeto de Assentamento Olga Benário

Data do Decreto de Desapropriação: a área não foi desapropriada. Esta área já


pertencia à União Federal. O que se procedeu foi a transferência de uso da terra,
que estava em posse da ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, para
INCRA, sem deixar de pertencer à União.

Data da Emissão na Posse: 23 de julho de 2004.

Data da Criação do P.A.: 17 de janeiro de 2005.

Distância da Sede Municipal: quatro quilômetros.

Valor total dos investimentos realizados em benfeitoria e créditos: em virtude


do convênio (CRT-PR Nº 61.000/2005) que une o Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária – INCRA, e a Cooperativa de Trabalhadores em Reforma Agrária
– COTRARA, durante o ano de 2005, serão aplicados para serviços de assistência
técnica R$ 3.750,00; sendo R$ 375,00 por cada uma das 10 famílias que moram
atualmente no local.

Área total da Fazenda:


- Registrada: 89,3391 hectares
- Medida: 92,0381 hectares

Área Requerida, pela lei, de Reserva Legal: 18,40 ha, ou 20% da área total
(independentemente da APP).

Área Efetiva de Reserva Legal: ausência de informações sobre o registro de


Reserva Legal averbada junto à matrícula.

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Área Requerida, pela lei, de Preservação Permanente: 4,69 ha, ou 5,11% da área
total.

Área de Preservação Permanente conservada: 3,95 ha, que equivale a 4,30% da


área total.

Capacidade de assentamento do imóvel em termos das famílias: 10 famílias.

Área média das parcelas: cada parcela será constituída por 2,28 alqueires.

Número de famílias atual x capacidade de assentamento prevista a portaria de


criação: 10 famílias.

Entidade(s) representativa(s) dos assentados: não há.

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5. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

O Projeto de Assentamento Olga Benário está situado no município de Santa


Tereza do Oeste, na região oeste do Estado do Paraná, compondo a Microrregião
de Cascavel.
A distância que separa o P.A. da sede municipal é de apenas quatro
quilômetros, fato que facilita o acesso aos serviços sociais municipais de educação e
saúde, bem como ao escoamento da produção agrícola.
A cidade-pólo da região é o município de Cascavel que dista 14 quilômetros
do Projeto de Assentamento Olga Benário e 18 quilômetros de Santa Tereza do
Oeste.
Devido a proximidade de suas terras ao que se conhece como Faixa de
Fronteira, a menos de 150 quilômetros da divisa internacional brasileira com a
República do Paraguai e a República da Argentina, sua especificidade está na
localização estratégica de acesso às fronteiras internacionais. A região dispõe de
acúmulo de funções de alta e média complexidade para o atendimento às demandas
regionais.
Para ter acesso à área do P.A. Olga Benário, partindo-se da BR-277, é
preciso entrar no trevo de acesso à PR-182, que fica a poucos quilômetros da saída
de Cascavel, no sentido Curitiba – Foz do Iguaçu. Rodando dez quilômetros até o
trevo de acesso à cidade de Santa Tereza do Oeste, faz-se a conversão à esquerda,
e, seguindo 200 metros em estrada de chão, chega-se a porção mais ao norte da
área, à direita desta estrada.

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Figura 01: Localização de Santa Tereza do Oeste, em relação ao Paraná e sua capital

Cascavel

Santa Teresa do Oeste


Curitiba
Fonte: http://www.ibge.gov.br
Elaboração: COTRARA, 2006

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6. CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DA ÁREA DE


INFLUÊNCIA DO PROJETO DE ASSENTAMENTO

6.a. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DA MICRORREGIÃO

O município de Santa Tereza do Oeste situa-se na região oeste do Estado.


Está sobre o Terceiro Planalto Paranaense, denominado também Planalto de
Guarapuava – o maior do Paraná. Em terras brasileiras, o Terceiro Planalto se
estende desde a Serra Geral até o Rio Paraná e ainda continua pelo Paraguai.
Na maior parte do território do Oeste do Estado, em locais de menores
altitudes, predomina o clima Subtropical Úmido Mesotérmico (Cfa) (Figura 02), de
verões quentes, geadas pouco freqüentes e chuvas com tendência de concentração
nos meses de verão, segundo Köppen (1918). Em locais de maiores altitudes, como
é o caso de Santa Tereza do Oeste e do P.A. Olga Benário (749 metros), em áreas
ao longo do eixo da rodovia BR-277 e dos principais divisores d’água, ocorre o clima
Subtropical Úmido Mesotérmico (Cfb), de verões frescos e inverno com geadas
severas e freqüentes, sem estação seca, com médias anuais de temperatura dos
meses mais quentes inferior a 22ºC, e dos meses mais frios inferior a 18ºC
(MAACK, 1968) (Figura 03).

Figura 02: Classificação climática, segundo Köppen

Fonte: Cartas Climáticas do Paraná (IAPAR, 2004)

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Figura 03: Temperatura média anual no Estado do Paraná

Fonte: Cartas Climáticas do Paraná (IAPAR, 2004).

Conforme dados extraídos das séries contínuas de dados diários, em um


período homogêneo compreendido entre 1972 e 1998, e fornecidos pelo Instituto
Ambiental do Paraná – IAPAR, a média anual da precipitação pluviométrica está
entre 1.800 e 2.000 mm ao ano (Figura 04), e umidade relativa do ar de 80% sem
deficiência hídrica.

Figura 04: Precipitação média anual no Paraná.

Fonte: Cartas Climáticas do Paraná (IAPAR, 2004).

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6.b. DESCRIÇÃO DA BACIA OU SUB-BACIA HIDROGRÁFICA

O Projeto de Assentamento Olga Benário está localizado na Bacia


Hidrográfica do Rio Iguaçu, a maior do Estado (Figura 05).
A bacia do Rio Iguaçu abrange, com seus 98 afluentes, um total de 70.799
km , dos quais 57.329 km2 estão em território paranaense e o restante no Estado de
2

Santa Catarina.
O rio Iguaçu começa ao pé da face meridional da Serra do Mar e é a principal
fonte de abastecimento de água da Região Metropolitana de Curitiba. Percorre 1.350
quilômetros, e termina nas Cataratas do Iguaçu. Destes, 910 quilômetros são de
meandros, cascatas, corredeiras e remansos que constituem uma extraordinária e
diversificada paisagem. A variedade de ambientes percorridos pelo rio – campos e
capões, Floresta com Araucária, Floresta Estacional Semidecidual – dão ao Iguaçu
características excepcionais.
Em alguns trechos, estreita-se em cânions, Em outros, sua largura atinge até
1.200 metros. As terras às suas margens são usadas em sua maioria (37,9%) para
agricultura.
O rio se divide em três trechos, conhecidos por Alto, Médio e Baixo Iguaçu.
Nosso interesse está no terceiro trecho tem uma extensão de 95 quilômetros,
desnível de 70 metros e área de 12.411 km2. O principal afluente é o rio Chopim,
que é tributário da margem esquerda do Iguaçu. Nesse trecho, pela margem direita,
contíguo ao rio, situa-se o Parque Nacional do Iguaçu, que tem como limites naturais
a leste e oeste, respectivamente, os rios Gonçalves Dias e São João (Plano de
Manejo do Parque Nacional do Iguaçu, 1999).
Com relação ao Índice de Qualidade das Águas (IQA) indicam, para o
reservatório do Iguaçu e alguns afluentes de sua margem esquerda, 15 pontos de
monitoramento com IQA considerado moderadamente comprometido/qualidade boa,
e 12 pontos que se apresentam com IQA pouco comprometido/qualidade muito boa.
Já os rios Iguaçu e Piquiri apresentam um IQA moderadamente
comprometido/qualidade boa (IPARDES, 2003).
No que diz respeito ao relevo da região, 50% da área da mesorregião Oeste
está compreendida no intervalo de declividade que vai de 0 a 10% (até 6º),
correspondente a um relevo de plano a suavemente ondulado. São áreas aptas à
agricultura mecanizada e não-mecanizada, bem como à pecuária e ao
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reflorestamento. Neste intervalo ocorrem áreas inundáveis, o que limita o uso


agrícola das terras, restringindo o emprego de máquinas agrícolas. O intervalo de
declividade de 10 a 20% (até 12º) corresponde a 40% da área da mesorregião, com
relevo ondulado, onde as áreas são aptas à agricultura não-mecanizada, à pecuária
e ao reflorestamento (IPARDES, 2003).

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6.c. SITUAÇÃO SOCIAL, DEMOGRÁFICA E FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO E


MICRORREGIÃO

6.c.1. INFORMAÇÕES SOCIAIS, DEMOGRÁFICAS E FUNDIÁRIAS DO


MUNICÍPIO1

LOCALIZAÇÃO

- Estado do Paraná, Mesorregião Oeste Paranaense, Microrregião de Cascavel,


Município de Santa Tereza do Oeste.
- Área total do município: 338 km2
- Altitude média do município: 749 metros
- Distâncias entre:
Santa Tereza do Oeste - Curitiba: 536 quilômetros
Santa Tereza do Oeste - Foz do Iguaçu: 172 quilômetros
Santa Tereza do Oeste - Cascavel: 18 quilômetros

- Limites de Santa Tereza do Oeste:


Norte: Cascavel e Toledo
Sul: Lindoeste
Leste: Cascavel
Oeste: São Pedro do Iguaçu e Céu Azul

ECONOMIA

- Rendimento nominal médio mensal (pessoas c/ mais de 10 anos): R$ 385,07


- Rendimento nominal médio mensal (mulheres c/ mais de 10 anos): R$ 263,03
- Rendimento nominal médio mensal (homens c/ mais de 10 anos): R$ 450,98

1
Os dados deste tópico foram extraídos do sites do IBGE (http://www.ibge.gov.br/), da Prefeitura de
Santa Tereza do Oeste (http://www.statereza.com.br/) e dos questionários aplicado à mesma
Prefeitura.

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POPULAÇÃO

- População total: 10.734 habitantes


- População urbana: 7.515 habitantes
- População rural: 3.219 habitantes
- Densidade demográfica: 31,76 hab / km2
- Nascimentos registrados por ano2: 118 (10,99 nascimentos/1.000 habitantes)

SAÚDE E SANEAMENTO

- Total de estabelecimentos de saúde: 04 (2.683,5 pessoas / estabelecimento de


saúde); todos situados na área urbana. Todos eles estão disponíveis pelo Sistema
Único de Saúde – SUS.
- Leitos hospitalares: 0 (zero)
- Número de ambulâncias: 02 (5.367 pessoas / ambulância); as duas atendem a
área rural.
- Rede de esgoto na cidade (em %): 96,6% dos domicílios possuem fossa
rudimentar (IBGE/SIDRA).
- Coleta de lixo na área rural (em %): 73,6% dos domicílios urbanos têm seu lixo
coletado por serviços de limpeza. O restante tem outras destinações, como queima,
é enterrado ou jogado em terreno baldio(IBGE/SIDRA).

EDUCAÇÃO

PRÉ-
ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO
ESCOLA
MATRÍCULAS 190 1.635 370
DOCENTES 07 63 23
ALUNOS/DOCENTE 27,1 25,9 16,1
CENTROS 04 05 (1 estadual e 4 municipais) 01 (de caráter estadual)

- Posição ocupada no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)


do Paraná: 225 (dos 399 municípios que conformam o Estado).

2
Os dados pertencem ao ano de 2003.

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6.c.2. INFORMAÇÕES SOCIAIS, DEMOGRÁFICAS E FUNDIÁRIAS DA


MESORREGIÃO E DA MICRORREGIÃO

A Mesorregião Oeste do Paraná está constituída por 50 municípios e ocupa


área de 220.811 km2 (11,5% da área total do Estado). Conta com 1.083.121
habitantes. Grosso modo, a região está confinada pelos rios Piquiri (ao norte),
Iguaçu (sul) e Paraná (oeste), com um relevo pouco acidentado num plano inclinado
que tem seu topo no município de Guaraniaçu (900 metros) e seu nível mais baixo
no município de Foz do Iguaçu (180 metros).
A Mesorregião Oeste é formada por três microrregiões: a Microrregião de
Toledo (com 336.196 habitantes), a Microrregião de Foz do Iguaçu (com 368.454
habitantes) e a Microrregião de Cascavel (com 378.471 habitantes) - à qual pertence
o município de Santa Tereza do Oeste.
Atualmente, a cidade de Cascavel se destaca como centro de referência
econômica do oeste paranaense, e com seus quase 300 mil habitantes desempenha
um papel destacado por sua privilegiada situação no contexto latino-americano
(Mercosul), perto da área de fronteira com o Paraguai e a Argentina.
A Microrregião de Cascavel é formada por 18 municípios dedicados
principalmente à produção agrícola de grãos, aproveitando assim as condições
pedológicas e climáticas favoráveis. Destaca-se também a elevada concentração de
atividades agroindustriais.
A história da região de Cascavel começa na metade do século XVIII com a
chegada e ação dos tropeiros. Porém, é só a partir das décadas de 30 e 40, do
século XX que efetivamente inicia-se a colonização e integração da região, mediante
a chegada de milhares de colonos sulistas, na maioria descendentes de poloneses,
ucranianos, alemães e italianos, bem como caboclos oriundos das regiões cafeeiras.
As primeiras atividades desenvolvidas foram a exploração da madeira, agricultura e
a criação de suínos.

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6.d. ECONOMIA DO MUNICÍPIO E DA MICRORREGIÃO

A mesorregião Oeste, dentre as regiões do Estado, é talvez aquela na qual


melhor se visualiza o processo de desenvolvimento tecnológico na produção
agropecuária. A constituição dos segmentos industriais, principalmente a jusante do
setor e através de organizações de cooperativas, bem como a importância das
exportações primárias, definiram a dinâmica da economia regional e sua articulação
às economias estadual,
nacional e mundial.
A soja, cultivo que rapidamente se dissemina na região, foi o principal veículo
do progresso técnico incorporado à produção, e, portanto, do processo de
reordenamento fundiário. Por outro lado, é em torno da soja que se estruturam as
cooperativas e as agroindústrias com produção de óleo e farelo. A constituição de
um “complexo soja” regional, com a produção de insumo para a indústria de rações
e ao lado da produção de milho, criaram as bases para a produção e industrialização
de carne de pequenos animais, atividades estruturalmente ligadas aos pequenos
agricultores e que têm se constituído em importante suporte à sobrevivência da
agricultura familiar.
A utilização das terras se concentra na exploração de lavouras temporárias e
pastagens, que ocupam 85% da área total dos estabelecimentos e incorporam as
principais atividades da região. Praticamente toda a área é explorada, uma vez que
apenas 1,4% está em descanso ou não é utilizada, e as áreas de matas e florestas
representam apenas 9,6% da área total.

O município de Santa Tereza do Oeste foi emancipado em 1990, pelo


desmembramento dos municípios de Cascavel e Toledo (IPARDES, 2005). Está
integrado à Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP.
O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES)
considera a população rural mais vulnerável no tocante ao desenvolvimento
humano, devido a sua dispersão espacial, dificultando a oferta de serviços e infra-
estrutura. No Paraná, 71% dessa população encontra-se em municípios com índices
inferiores ao do Brasil.
Segundo estudos disponibilizados no Atlas do Índice de Desenvolvimento
Humano (PNUD/IPEA/FJP, 2000), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de
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Santa Tereza do Oeste é de 0,735, abaixo de Cascavel (0,810), de Toledo (0,827),


do Paraná (0,787), e do Brasil que é de (0,764).
Reconhecidamente, os componentes do IDH-M vêm apontando para um
desempenho que visa à melhoria das condições de vida, particularmente os
concernentes à Educação e à longevidade, cuja tendência é de se homogeneizarem,
dadas às transformações de ordem econômica e social que se verificam.
Essa tendência não se constata no caso da renda da população, ao menos
em curto prazo. Esse componente é o que apresenta as maiores diferenças entre os
municípios, como produto das desigualdades sociais e regionais próprias do modelo
econômico vigente.
É o componente que melhor espelha os resultados finais do IDH-M, e que
identifica situações de maior heterogeneidade entre os municípios e maior
precariedade nas condições do desenvolvimento humano. A maioria dos municípios
do Paraná apresenta renda média da população inferior a um salário mínimo e meio.
Com rendimentos superiores a esse valor encontram-se os municípios que
conformam as aglomerações urbanas e os pólos regionais e sub-regionais.
Segundo o IBGE (2002), o município possui um Produto Interno Bruto (PIB), a
preço de mercado corrente (2003), de R$ 71.667.000, e a sua renda per capita é de
R$ 8.614,00, tendo na Agropecuária R$ 39.403,00 (55%), na Indústria R$ 5.213,00
(7%), nos Serviços R$ 20.034,00 (28%) e em outros (Dummy e Impostos) R$
7.175,00 (10%).
No setor agrícola destaca-se a soja (64.734 toneladas), o milho (79.637
toneladas) e o trigo (16.800 toneladas). Destaca-se também a produção de leite
bovino, atingindo 879 mil litros de leite por ano e a produção de ovos, com média
anual de 128 mil dúzias.

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6.e ZONEAMENTO AGRÍCOLA

O Estado do Paraná, situado entre 22 e 27oS de latitude, com altitudes entre 0


a 1300 m, caracteriza-se por apresentar grande diversidade de climas, solos e
relevo, que proporcionam ambientes favoráveis ao cultivo de um grande número de
espécies vegetais. Diversos micro-climas com regimes térmicos e pluviométricos
distintos podem ser observados ao longo do território paranaense, associados com
variações de latitude e altitude. O Estado situa-se em região de transição climática,
passando de um clima subtropical, com invernos mais amenos ao Norte, para uma
condição que se aproxima dos climas temperados ao Sul, onde os invernos são
mais severos e a estação de crescimento das plantas é mais bem definida.
Se por um lado a diversidade representa a grande riqueza do Paraná, por
outro lado é necessário conhecer esse potencial e identificar as regiões com
características adequadas para cada espécie vegetal, para que o potencial produtivo
possa ser trabalhado. Assim, as análises que resultaram no zoneamento
apresentado neste Plano de Desenvolvimento Sustentável do Assentamento Olga
Benário, tiveram como alvo a delimitação de regiões climaticamente homogêneas,
com condições adequadas para o cultivo de culturas anuais e perenes, bem como
as melhores épocas de semeadura de culturas anuais. Por meio da redução dos
riscos associados aos fatores climáticos, proporcionada pelo cultivo nas regiões e
épocas adequadas, são oferecidas aos assentados melhores condições para
obtenção de produtividades mais elevadas com menores riscos, sem que haja
aumento nos seus custos de produção.

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Tabela 01: Condições adequadas para o cultivo de culturas anuais e perenes, bem como as
melhores épocas de semeadura de culturas anuais
SANTA TEREZA DO OESTE
Períodos Favoráveis (preto) e Desfavoráveis (branco) de Plantio por
Decêndio
CULTURA CICLO SOLO
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3

ARENOSO

MEDIO ARGILOSO

TEXTURA
MÉDIA

ARENOSO
ALGODAO ARGILOSO
PRECOCE
HERBACEO
TEXTURA
MÉDIA

ARENOSO

TARDIO ARGILOSO

TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
MEDIO TEXTURA
ARROZ MÉDIA
SEQUEIRO ARGILOSO
PRECOCE TEXTURA
MÉDIA

FEIJAO DE ARGILOSO
SEQUEIRO
INTERMÉDIARIO
SAFRA DAS TEXTURA
MÉDIA
SECAS

ARGILOSO
MILHO DE
MEDIO
SEQUEIRO TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
MEDIO TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
PRECOCE TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
MILHO
SEMIPRECOCE
SAFRINHA C/ ZA TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
SUPERPRECOCE TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
TARDIO TEXTURA
MÉDIA

ARENOSO

MEDIO ARGILOSO

TEXTURA
MÉDIA

ARENOSO
SOJA DE ARGILOSO
PRECOCE
SEQUEIRO
TEXTURA
MÉDIA

ARENOSO

TARDIO ARGILOSO

TEXTURA
MÉDIA

continua...

TRIGO DE MEDIO ARGILOSO

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SEQUIRO TEXTURA
MÉDIA
(ZONEAMENTO
ARGILOSO
AGRICOLA)
PRECOCE TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
SUPERPRECOCE TEXTURA
MÉDIA

ARGILOSO
TARDIO TEXTURA
MÉDIA

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
CULTURA CICLO SOLO
Períodos Favoráveis (preto) e Desfavoráveis (branco) de Plantio por
Decêndio
O período indicado é calculado de maneira que o plantio ou a semeadura feito naquela data tenha 80% de chance de ter
sucesso, evitando perdas por eventos climáticos extremos (seca, geada, chuva na colheita), em função da estação do ano
(verão, outono, inverno, primavera).
Fonte: www.agritempo.gov.br/publish/ zoneamento/PR/SANTA_TEREZA_DO_OESTE_G.HTML

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7. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO

7.a. DIAGNÓSTICO DO MEIO NATURAL

7.a.1. SOLOS

Na década de quarenta, no inicio do período da colonização agrícola, os solos


da região apresentavam grande fertilidade natural, associada a topografia
suavemente ondulada e grande quantidade de madeira de lei (especialmente cedro).
A união dessas três características propícias para a exploração econômica, atraiu
grande número de pessoas, que iniciaram intensiva extração de madeira, atividade
que perdurou até a década de sessenta quando as florestas nativas começaram a
dar lugar às extensas áreas de plantio. Inicialmente, o preparo do solo era realizado
com arado puxado por bois e, praticamente, sem o uso de fertilizantes. Mas, no início
da década de setenta, aproveitando tanto a localização privilegiada como o clima
favorável, a região como um todo passou a ser um gigantesco campo de
experimentação e implantação da conhecida “Revolução Verde” (sementes híbridas,
agrotóxicos, fungicidas, etc.).
A geologia das terras que compõem o P.A. Olga Benário é própria da
Formação Serra Geral, dentro do Grupo São Bento, quando ocorreu extenso
derrame de rochas ígneas, predominando basaltos. Essa formação pertence à Era
Mesozóica, Período Jurássico-Cretáceo. Estes derrames atingiram até 1.500 metros
de espessura e cobriram mais de 1.200.000 km2. A alteração destas lavas resulta na
famosa "terra roxa", solo de alta fertilidade agrícola (MINEROPAR, 2006).
A determinação das unidades de mapeamento dos solos do P. A. Olga
Benário foi dada por meio do estudo de material elaborado pela Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, e pela Fundação Instituto Agronômico do
Paraná – IAPAR, de acordo com a classificação adotada pela Sociedade Brasileira
de Ciência do Solo e, mais detalhadamente, por meio de estudos de campo dos
perfis do solo, de acordo com a Carta de Declividade do Estado do Paraná (1980),
na escala de 1:50.000.
Baseados nesses estudos, os solos do P.A. Olga Benário se enquadram
dentro das classes de Latossolo Vermelho (Latossolo Roxo), Nitossolo Vermelho

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(Terra Roxa Estruturada) e Neossolos Litólicos (Solos Litólicos), os quais serão


apresentados a seguir:

Latossolo Vermelho

Esta classe é constituída por solos minerais, não hidromórficos, com


Horizonte B latossólico, formados a partir de rochas eruptivas básicas. As
características básicas que o definem são a coloração arroxeada, a alta
profundidade, a porosidade, o fato de ser muito friável e acentuadamente drenados.
A argila que contém é de baixa capacidade de cátions e elevados teores de
sesquióxidos de ferro assim como alumínio e óxidos de titânio e manganês.
Esta classe de solo possui seqüência de Horizontes A, B e C, sendo que nas
regiões de clima mais quente a transição de A para B é menos nítida do que em
climas mais frios, devido ao acúmulo de matéria orgânica no horizonte superficial.
A maior parte dos solos desta classe é muito profunda, normalmente com
mais de três metros, podendo chegar até dez metros de profundidade. A espessura
do Horizonte A varia entre dez e cinqüenta centímetros, com exceção dos
Latossolos Húmicos, onde é maior que um metro.
Trata-se de solos que respondem muito bem a adubação, pelos relativos altos
teores de matéria orgânica existentes na camada superficial, especialmente nas
zonas de clima tropical, onde a troca de cátions é mais elevada. É muito resistente à
erosão, porém, esta resistência pode aumentar ou diminuir de acordo com o tipo de
cultivo, declividade, comprimento da vertente, tipo de manejo, tempo de utilização e
espécie de cultura.
Os solos desta classe ocupam, freqüentemente, superfícies de declives
suaves, entre 2 e 8%, tornando-os propícios para o modelo tecnológico de produção
baseado na mecanização e, em menor intensidade, em relevos de 8 a 15%, sendo
rara sua ocorrência em declives superiores a esse percentual. São encontrados em
altitudes variadas, desde duzentos até novecentos metros.

 LVdf – Latossolo Vermelho Distroférrico: Solos com saturação de bases baixa


(V < 50%) e teores de de Fe2O3 (pelo H2SO4) de 180kg a < 360g/KG na maior parte
dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive (BA). Horizonte A moderado, textura
argilosa, fase florestal ombrófila mista, relevo suave ondulado.

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Ocorre em relevos suave ondulado, de topos arredondados, e declives


suaves de 0 a 5%, com vertentes longas, e em altitudes entre quinhentos e
oitocentos metros.
São solos profundos, bem drenados e com excelente aeração e
permeabilidade. Como ocorrem em relevos suaves ondulados são quase totalmente
mecanizáveis, necessitando apenas de práticas conservacionistas de controle de
erosão. São caracterizados por sua média e baixa fertilidade, mas respondem muito
bem a adubação, tendo com isso grande potencial produtivo. Possuem tendência em
formar o chamado “pé de grade”, o que aumenta a susceptibilidade ao processo
erosivo.
Este solo ocorre em 45,62021 hectares, o que corresponde a
aproximadamente 49,57% da área em estudo.

Nitossolo Vermelho

Esta classe é constituída de solos minerais, não hidromórficos, com


horizonte B textural, argila de baixa capacidade de troca de cátions,
predominantemente cauliníticas, baixo gradiente textural (B/A), ricos em
sesquióxidos de ferro e alumínio e derivados de rochas eruptivas básicas. São de
coloração avermelhada, profundos, argilosos bem drenados, porosos e com
seqüência de horizonte A, Bt e C.
A identificação dos horizontes é difusa, devido à pequena variação da cor e
textura.
A profundidade varia de um metro e trinta centímetros (1,30 m) a dois metros
e cinqüenta centímetros (2,50 m), sendo que a espessura do horizonte A varia de
dez centímetros (10 cm) nas áreas intensamente cultivadas, até trinta centímetros
(30 cm) ou mais, nos locais pouco ou ainda não cultivados.
A cor é bastante uniforme, entre vermelho-escuro-acinzentado e bruno-
avermelhado-escuro.
Estes solos ocorrem em áreas de relevo ondulado, com 8 a 20% de
declividade ou em relevo forte ondulado, com 20 a 40% de declive. Menos
freqüentemente, ocupam superfícies de declives suaves ou, em casos extremos, em

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superfícies com mais de 40% de declividade. São encontrados desde 240 metros
até 850 e 900 metros de altitude.
Os solos em questão são desenvolvidos a partir de rochas do derrame
basáltico.

Foto 01: Nitossolo Vermelho

Fonte: COTRARA, 2005

 NVef: Solos com saturação de bases baixa (V  50%) e teores de Fe2O3 (pelo
H2SO4) de 150g/kg a < 360g/KG na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B
(inclusive (BA).
São encontrados em altitudes que variam de seiscentos a oitocentos metros
de altitude. Além disso, apresentam baixa fertilidade natural, com presença de
alumínio trocável em níveis tóxicos à maioria das culturas. São solos que
necessitam de práticas conservacionistas intensas, pois estão mais susceptíveis à
erosão. Sua utilização para a agricultura é mais restrita, sendo mais recomendado
para a fruticultura e pastagens.
Este tipo de solo ocorre em 23,27 hectares, o que corresponde a,
aproximadamente, 25,29% da área em estudo.

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Neossolos Litólicos (Solos Litólicos)

São solos minerais pouco desenvolvidos, com profundidade que varia de vinte
a oitenta centímetros, sendo que após essa profundidade, apresentam rochas
consolidadas pouco ou nada decompostas. Em geral, o horizonte A está diretamente
sobre a camada rochosa, apresentando de quinze a quarenta centímetros de
profundidade, podendo ocorrer a formação de horizonte B pouco espesso que
dificilmente chega a mais de vinte centímetros. Também estão enquadrados solos
que apresentam grande quantidade de cascalho ou pedras consolidadas próximas à
superfície, por onde penetram as raízes, chegando a oitenta centímetros de
profundidade.
São susceptíveis a erosão e difíceis de mecanização, por estar em relevo
acidentado, apresentar pouca espessura, e ter a presença constante de pedras e
calhaus na superfície. São encontrados em altitudes bastante variadas, desde
cinqüenta até mil metros de altitude e, freqüentemente, em declividades acentuadas.

Foto 02: Neossolo Litólico em pontos diferentes do P.A. Olga Benário

Fonte: COTRARA, 2005

Este tipo de solo está subdivido em 38 unidades, das quais apenas uma está
presente na área de estudo.

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 RLe + Nve + CYve - Associação de Neossolo Litólico Eutroférrico, fase


pedregosa, floresta ombrófila mista, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato
de rochas eruptivas básicas + Nitossolo Vermelho Eutroférrico, fase floresta
ombrófila mista, relevo forte ondulado + Cambissolo Eutroférrico, fase pedregosa,
floresta ombrófila mista, relevo forte ondulado, substrato de rochas eruptivas
básicas, todos A chernozênico e textura argilosa.
Os três componentes desta unidade ocupam partes mais declivosas de um
relevo forte ondulado e montanhoso. Pode ocorrer inclusão de Chernossolo
Argilúvico raso. Ocorrem em relevo forte ondulado e montanhoso entre quatrocentos
e novecentos metros de altitude.
O primeiro e o terceiro dos componentes desta unidade de mapeamento
apresentam pequena profundidade efetiva (o que não permite armazenamento
adequado de água para as plantas), alta susceptibilidade à erosão e presença de
pedras na superfície, fatores que, somados, os tornam inadequados para a
exploração dentro de uma agricultura tecnológica. No entanto, são solos que, se
bem manejados, podem ser utilizados com pastagens, pois possuem alta fertilidade
natural e não apresentam problemas de alumínio trocável.
Quanto ao segundo componente, este é composto por solos de alta fertilidade
natural, boa capacidade de retenção de água e permeabilidade. Apresenta, no
entanto, pequenos problemas com pedras na superfície e grande susceptibilidade à
erosão, necessitando de práticas intensivas para seu controle, sendo por
conseguinte, mais indicado para pastagens.
Este tipo de solo ocorre em 23,27509 hectares o que corresponde a
aproximadamente 25,29% da área em estudo.
Na Tabela 02 estão representados os símbolos de cada unidade de
mapeamento e a respectiva extensão espacial e classificação dos solos.

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Tabela 02: Quantificação das áreas ocupadas pelas classes de solo, no P.A. Olga Benário
ÁREA
SÍMBOLO CLASSES DE SOLO ÁREA (ha)
(%)
LVdf Latossolo Vermelho Distroférrico 45,62021 49,57
NVef Nitossolo Eutroférrico 23,14280 25,14
Neossolo Litólico Eutroférrico + Nitossolo Vermelho
RLe + Nve + CYve 23,27509 25,29
Eutroférrico + Cambissolo Eutroférrico
TOTAL 92,03810 100
Fonte: Pesquisa de campo (COTRARA, 2005); Mapa de Solos do Estado do Paraná (1984).

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7.a.2. RELEVO

Na tabela abaixo, são apresentadas as classes de relevo que ocorrem no P.A.


Olga Benário, suas respectivas percentagens e áreas ocupadas, de acordo com
cada uma das classes.

Tabela 03: Quantificação das áreas ocupadas pelas classes de relevo do P.A. Olga Benário
CLASSES DE RELEVO CLASSES DE DECLIVIDADE
Área (ha)
Descrição % graus % da área
Plano 0–3 0 – 1,7 22,09293 24,00
Suave ondulado 3–8 1,7 – 4,6 13,34360 14,50
Ondulado 8 – 20 4,6 – 11,3 46,62676 50,66
Forte ondulado 20 – 45 11,3 – 24,2 9,81679 10,67
Montanhosa 45 – 75 24,2 – 36,9 0,15802 0,17
Escarpada 75 a 100 36,9 – 45,0 0,00 0,00
APP por declividade > 100 > 45,0 0,00 0,00
TOTAL GERAL 92,03810 100
Fonte: Carta de Declividade do Estado do Paraná, 1980
Elaboração: COTRARA, 2006

A classe de relevo dominante no P.A. Olga Benário é ondulado, que soma


50,66% da área, e corresponde a 46,62 hectares, seguido do relevo plano que soma
24% da área, e que corresponde a 22,09 hectares.
Tendo em conta as características do relevo supracitadas, ficam
demonstradas as favoráveis condições à exploração mecanizada na maior parte da
área, unida à exploração com base na tração animal. Porém, há que se considerar
que o manejo deve ser pensando paralelamente às intensas medidas de
conservação do solo.

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7.a.3. RECURSOS HÍDRICOS

O P.A. Olga Benário encontra-se em uma situação não muito favorável


quanto à disponibilidade de recursos hídricos, pois em seu interior há presença
apenas de uma nascente, e esta nasce praticamente junto à porção de mata da
Reserva Legal (R.L.), percorrendo pelo interior desta distancia de 460,45 metros, e
por fim, desaguando no córrego Liberal. Este córrego percorre, ainda, parte do limite
sul da área, seguindo em seu perímetro trecho de 525,76 metros.

Foto 03: Córrego que percorre a área de Reserva Legal do P.A. Olga Benário

Fonte: COTRARA, 2005

Atualmente, a aquisição de água para consumo diário, por parte das


famílias, dá-se por um acordo estabelecido com a Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL) que possui, dentro de sua área particular, um poço
artesiano. Este acordo garante a cessão da água captada para a comunidade.
Quanto às Áreas de Preservação Permanente (APP’s), estas estão bem
conservadas, compondo a faixa mínima exigido pela Legislação Ambiental de 30
metros em cada margem. A vegetação é secundária e está em estágio avançado de
regeneração, tanto aquelas do córrego que percorre o interior da Reserva Legal
quanto aquelas do córrego Liberal.

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O problema mais grave identificado nas áreas de APP é a vegetação no


entorno da nascente em estágio inicial de regeneração. Segundo a legislação (Lei Nº
4771/65), é obrigatória a preservação de vegetação dentro do raio de 50 metros da
nascente, cujo papel é a proteção dos cursos d’água e conservação desses habitats.
Entretanto, com o fato identificado em campo contata-se que houve ações de
supressão relativamente recente da vegetação nesta área.
No limite extremo ao sul da propriedade, o córrego Liberal forma uma
represa, que foi construída pelo proprietário da área vizinha. No entanto, como
conseqüência desse represamento ocorreu alagamento em parte da área do P.A.
Olga Benário, ocupando área de 0,53 hectares, que corresponde a 0,58% da área.
O canto dessa divisa encontra-se dentro dessa área de represa.

Foto 04: Açude formado pelo represamento do córrego Liberal

Fonte: COTRARA, 2005

Um fato que deve ser destacado, devido a sua peculiaridade, é que o


proprietário das terras vizinhas construiu uma cerca dentro da área do P.A.,
cercando todo o “seu” lago e, ainda, impôs uma condição limitante e de intimidação
com uma placa que tem o propósito de manter distantes quaisquer pessoas,
restringindo inclusive o acesso da comunidade assentada. Esta ação é considerada
irregular, pois além de estar causando alteração nos limites entre as duas
propriedades, é considerada ilegal, uma vez que infringe os limites determinados
nas matrículas de ambos os imóveis.
Sugere-se que sejam tomadas as devidas providências legais, a fim de que
se façam cumprir os limites determinados nas matrículas dos respectivos imóveis,

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segundo memorial descritivo, independentemente de quem é o responsável por tal


alagamento, afinal, uma vez que este não está contido em apenas um dos imóveis,
o uso compartilhado é atitude mais coerente para o caso.
Quanto à degradação dos recursos, não se têm muitos problemas. Não há
muitos casos de erosão por sulcos, e pouco freqüente por laminar. Mas há que se
enfatizar a necessidade de recuperação da cabeceira do córrego, a fim de se evitar
processos de erosão e assoreamento.

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7.a.4. FLORA

7.a.4.1. Caracterização do Ecossistema

O Estado do Paraná apresenta diversas formações que compõem o grande


Bioma da Mata Atlântica. Este bioma, na época do descobrimento do Brasil, cobria 1
milhão de km2, ou 12% do território nacional, atingindo 13 estados da Federação.
Corresponde a um dos ecossistemas mais ameaçados no mundo, hoje, reduzida a
apenas 7% de sua área original.
As formações que compõe este Bioma no Estado do Paraná são as variações
da Floresta Estacional Semidecidual, da Floresta Ombrófila Mista, da Floresta
Ombrófila Densa, Savana, Estepe Gramíneo-lenhosa e Formações Pioneiras de
Influência Flúvio-lacustre, Flúvio-marinha e Marinha. Estas variam, principalmente,
de acordo com clima e relevo característicos de cada região do Estado (Figura 06).

Figura 06: Regiões Fitogeográficas no Paraná

Fonte: Instituto Ambiental do Paraná (IAP, 2004)

Atualmente, estas formações estão representadas por pequenos fragmentos


florestais, a maioria isolada entre si, e têm sido alvos de campanhas de recuperação
e conservação a partir de iniciativas de diversas instituições federais e estaduais de
ensino, pesquisa e extensão.
A área do Projeto de Assentamento Olga Benário encontra-se em área onde,
tempos atrás, predominavam extensas florestas de pinheiro-araucária, conhecidas,
segundo a classificação do IBGE (1991), como Formação Floresta Ombrófila
Mista.

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A Floresta de Araucária é um tipo de vegetação do planalto meridional, onde


ocorria com maior freqüência. Esta área é considerada como o seu atual “clímax
climático”, embora apresente disjunções florísticas em refúgios situados nas serras
do Mar e Mantiqueira, mesmo que no passado tenha se expandido bem mais ao
norte, porque a família Araucariaceae apresentava dispersão paleogeográfica que
sugere ocupação bem diferente da atual.
De maneira geral, tal formação constitui-se de uma associação de altitude
caracterizada pela presença do pinheiro-do-paraná. No Estado, ocorre acima dos
500 metros de altitude. Tem sua origem nas encostas do oeste da Serra do Mar,
ultrapassando o primeiro planalto e estendendo-se até o terceiro. Apresenta quatro
formações distintas, segundo classificação do IBGE (1991):
- Aluvial, em terraços antigos ao longo dos flúvios.
- Submontana, de 50 até mais ou menos 400 metros de altitude.
- Montana, de 400 até mais ou menos 1.000 metros de altitude.
- Alto-montana, situada a mais de 1.000 metros de altitude.
Neste caso, os remanescentes florestais característicos da região do P.A.
pertencem à formação Floresta Ombrófila Mista Montana (em torno de 750 metros
de altitude).

Figura 07: Perfil esquemático da Formação Floresta Ombrófila Mista

4. Alto-Montana
3. Montana

2. Sub-montana
1. Aluvial

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1991).

Inúmeras árvores encontram-se associadas ao pinheiro, como a imbuia


Ocotea porosa, a erva mate Ilex paraguariensis, o sassafrás Ocotea odorifera, o
jacarandá Dalbergia brasiliensis, a guabirobeira Campomanesia xanthocarpa, e
muitas outras. A tabela 04 mostra a relação das espécies de maior ocorrência na
região do P.A., dentro da formação Floresta Ombrófila Mista.

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Tabela 04: Espécies botânicas com ocorrência no Parque Nacional do Iguaçu e entorno
FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME COMUM HÁBITO TIPOLOGIA
AGAVACEAE Cordyline dracaenoides Kunth. uvarana T fes, fom
Lithraea brasiliensis March. bugreiro A fomm
ANACARDIACEAE
Schinus therebinthifolius Raddi. aroeira A fes, fom
Ilex dumosa Reissek voadeira A fomm
AQUIFOLIACEAE Ilex paraguariensis Saint Hilaire erva-mate A fomm
Ilex theezans Mart. caúna A fom
ARACEAE Philodendron ochrostemum Engl. filodendro H fomm
Araucaria angustifolia (Bert.)
ARAUCARIACEAE pinheiro-do-paraná A fomm
O.Kuntze
Arecastrum romanzoffianum
ARECACEAE jerivá A fes, fom
Cham.Beccari
ASTERACEAE Piptocarpha angustifolia Dusén. vassourão-branco A fomm
ASTERACEAE Vernonia discolor (Spr.) Lessing vassourão-preto A fomm
Jacaranda puberula Cham. caroba A fomm
BIGNONIACEAE Tabebuia chrysotricha (Mart.ex.
ipê-amarelo A fomm, fes
DC.) Standl.
BLECHNACEAE Blechum raddianum Ros. samambaia H fes, fom
Acanthostachys strobilacea Link,
caraguatá E fomm
Klotzsch & Otto
BROMELIACEAE
Platyaechmea distachia var.
caraguatá E fomm
glaziovii L.B.Smith
Epiphyllum phyllanthus (Haw.)
CACTACEAE cacto E fess, fomm
S.G.Haworth
Capsicodendron dinisii (Schw.)
CANELLACEAE pimenteira A fomm
Occh.
Maytenus alaternoides Reiss. garapoca A fomm
CELASTRACEAE
Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss. espinheira-santa A fom
CYATHEACEAE Cyathea sp xaxim-bravo B fess, fomm
Sapium glandulatum (Vell.) Pax leiteiro A fes, fom
EUPHORBIACEAE Sebastiania commersoniana (Bail.) fesa, foma,
branquilho A
Sm. & Downs fpif
FABACEAE Dalbergia brasiliensis Vog. jacarandá A fess, fomm
Dalbergia frutescens Vell. rabo-de-bugio A fes, fom
continua...

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FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME COMUM HÁBITO TIPOLOGIA


Casearia decandra Jacq. guaçatunga-miúda A fes, fom
FLACOURTIACEA Casearia obliqua Sprengel guaçatunga-graúda A fes, fom
Casearia sylvestris Swartz cafezeiro-bravo A fes, fom
Cryptocaria aschersoniana Mez. canela-pururuca A fomm
Nectandra grandiflora Nees. canela-fedida A fomm
Nectandra lanceolata Nees. canela A fess, fomm
Nectandra megapotamica Mez. canela-amarela A fess, fomm
LAURACEAE
Ocotea porosa (Nees.) Liberato
imbuia A fomm
Barroso
Ocotea puberula (Nees) canela-guaicá A fes, fomm
Ocotea pulchella Mart. canela-lageana A fomm
Cabralea canjerana (Vell.) Martius canjerana A fes, fomm
MELIACEAE
Cedrela fissilis Vell. cedro A fess, fomm
fesa, fpif,
Inga marginata Willd. ingá A
MIMOSACEAE foma
Inga virescens Benth. - A foma
Myrsine spp capororocas A fess, fomm
MYRSINACEAE Myrsine umbellata (Mart.ex DC.)
capororocão A fess, fomm
Mez.
Campomanesia xanthocarpa Berg. guabirova A fes, fom
Eugenia uniflora L. pitanga A fes, fom
Myrceugenia sp cambuizinho B fom
MYRTACEAE Myrcia rostrata DC. guamirim-branco A fomm
Pimenta pseudocaryophyllus
craveiro A fomm
(Gomes) Landrum
Psidium cattleianum Sabine araçá-vermelho A fomm
Maxillaria marginata Fenzl. orquídea E fom, fes
ORCHIDACEAE
Miltonia flavescens Lindley E fes, fom
OXALIDACEAE Oxalis rhombeo-ovata St.Hil. trevo H fes, fom
PIPERACEAE Piper amalago L. jaborandi H fomm
Guadua chacoensis (Rojas)
POACEAE criciúma B fes, fom
Londoño e Petersen
PODOCARPACEAE Podocarpus lambertii Klotz pessegueiro-bravo A fomm
PROTEACEAE Roupala brasiliensis Klotz. carvalho-brasileiro A fomm
Adiantopsis radiata (L.) Fée samambaia H fes, fom
PTERIDACEAE
Doryopteris nobilis (Moore) C.Chr. E fes, fom
continua...

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FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME COMUM HÁBITO TIPOLOGIA


ROSACEAE Prunus sellowii Koehne pessegueiro-bravo A fomm, fess
Zanthoxylum kleinii Cowan mamica-de-porca A fomm
RUTACEAE
Zanthoxylum rhoifolium Engl. mamica-de-cadela A fes, fomm
Allophylus edulis (St. Hil.) Radlk. vacum A fes, fom
SAPINDACEAE Cupania vernalis Camb. cuvatã A fess, fomm
Matayba elaeagnoides Radlk. miguel-pintado A fes, fom
Solanum mauritianum Scop. fumo-bravo A fes, fom
SOLANACEAE
Solanum sanctae-catharinae Dunal canema A fomm
Symplocos uniflora (Pohl.)
SYMPLOCACEAE maria-mole A foma
Bentham
fesa, foma,
TILIACEAE Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo A
fpif
URTICACEAE Urera baccifera (L.) Gaud. urtigão B fes, fom
Duranta vestita Cham. baga-de-pomba A fomm
VERBENACEAE Vitex megapotamica (Spr.)
tarumã A fesa, foma
Moldenke
WINTERACEAE Drymis brasiliensis Miers cataia A fomm
Legenda: Quanto ao hábito: A – árvore; B – arbustiva; E – epífita; H – erva; L – liana; Q – aquática; R – rupícola; T –
arvoreta. Quanto às tipologias: fom – Floresta Ombrófila Mista (todas as subformações); fomm – Montana; foma – Aluvial;
fes - Floresta Estacional Semidecídua (todas as subformações); fess - Submontana e Montana; fesa – Aluvial
Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu (1999).
Elaboração: COTRARA, 2006.

7.a.4.2. Vegetação do P.A. Olga Benário

As áreas florestadas nativas do P.A. Olga Benário totalizam,


aproximadamente, 27,72 hectares, ou seja, 30,12% da área total, com fragmentos
de vegetação nos três estágios de regeneração, inclusive nas APP’s.
Em visita ao P.A. Olga Benário um fato observado em campo chamou
atenção – verificou-se a total inexistência de indivíduos de Araucaria angustifolia,
principal espécie caracterizadora da Floresta Ombrófila Mista, no dossel das áreas
florestais originais. As matas originais foram reduzidas a fragmentos alterados,
caracterizados como formações secundárias em diferentes estágios de sucessão
(estágios inicial, médio e avançado).

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Contudo, apesar de já estar bastante descaracterizada, a presença de epífitas


em algumas porções desta mata indica o alto grau de intervenção antrópica sobre a
mata e sua fragilidade.

Foto 05: Vegetação em estágio avançado, sob alto grau de intervenção antrópica
evidenciado pela presença de epífitas e cipós

Fonte: COTRARA, 2005

Além dessas, é importante citar a presença de áreas vegetação em estágio


inicial, com a presença de samambaias (Pteridium aquilinum).

Foto 06: Vegetação em estágio inicial, com presença de espécies arbustivas e samambaias

Fonte: COTRARA, 2005

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Faz-se necessário destacar que o P.A. Olga Benário está distante, em linha
reta, cerca de 5 quilômetros de uma das mais conhecidas Unidades de Conservação
do mundo – o Parque Nacional do Iguaçu. Segundo a Lei Federal Nº 9.985/20003,
artigo 2º, inciso XVIII, as áreas adjacentes aos Parques e Unidades de Conservação
são conhecidas como Zona de Amortecimento: “[...] o entorno de uma unidade de
conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas à normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”.
Essas correspondem às faixas de 10 quilômetros, contados a partir dos limites da
Unidade de Conservação.
Deste modo, a presença do P.A. nesta região é de extrema importância, uma
vez que pode e deve contribuir com ações que garantam a conservação da
biodiversidade regional, como remanescente do Bioma Mata Atlântica. Além disso,
torna-se maior o destaque na região do Parque pela criação dos Corredores de
Biodiversidade.
De acordo com essa mesma lei, inciso XIX, define como Corredores
Ecológicos “[...] porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o
movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas
degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua
sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.”
O Parque e a região em que está inserido o P.A. Olga Benário são áreas
destinadas à preservação e conservação do ambiente natural, seus componentes
bióticos e abióticos como um todo, pois compõem especificamente o Corredor de
Biodiversidade Iguaçu – Paraná (Projeto Paraná Biodiversidade – IAP, 2004).
Este projeto tem por objetivo garantir a conservação da biodiversidade, por
meio da manutenção dos fragmentos florestais remanescentes da Mata Atlântica, e
a recuperação destes e de áreas vizinhas, gerando extensões de trânsito seguro à
fauna regional, a fim de que sejam ocupados todos os habitats dentro destes
sistemas florestais, além de proporcionar maior dispersão destas espécies,
manutenção da variabilidade genética, e por conseqüência, a dispersão e

3 o
Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000 - regulamenta o art. 225, § 1 , incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá
outras providências.

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variabilidade genéticas das espécies vegetais. Além disso, garante a conservação e


recuperação dos recursos hídricos e dos diversos tipos de solos.

Figura 08: Localização do P.A. Olga Benário junto à área dos Corredores de
Biodiversidade, no Estado do Paraná.

P.A. Olga Benario


Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade - Instituto Ambiental do Paraná (IAP, 2004)
Elaboração: COTRARA, 2006

O histórico de devastação ocorrido no Paraná ocorreu com maior intensidade


no século XX. Segundo o Mapa Fitogeográfico do Estado do Paraná, publicado por
MAACK (1981), ocorria o ”[...] rápido recuo da mata de araucária, considerando
como “regiões de matas devastadas a totalidade dos dois primeiros planaltos,
embora no terceiro planalto ainda restassem grandes regiões florestadas”
(GUBERT FILHO, s.d.).
Ainda, conforme Gubert Filho (s.d.), “[...] na prática, somente na década de
60, o Paraná perdeu cerca de 240.000 hectares/ano de florestas, a custa da
expansão agrícola na região Oeste”. Ainda, “[...] em 1980, o Inventário de Florestas
Nativas (IBDF), assinalou o remanescente das florestas paranaenses da seguinte
forma: 9,6% de mata nativa de araucária e pluviais, 2,3% de parques e reservas e
5,3% de capoeiras e capões, totalizando 17,21 do território estadual, o que contrasta
vivamente com os 83,41% da cobertura original”.
Direcionando o foco para a Floresta de Araucária, a situação é crítica e muito
grave. Restam alguns agrupamentos mais significativos nas regiões de União da
Vitória, Palmas, Guarapuava e Irati, totalmente à mercê da exploração irracional,
uma vez que seus planos de manejos não estão sendo executados.

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O escritor Warren Dean (1996), diz “[...] que a primitiva e resistente conífera
Araucaria angustifolia domina uma formação de floresta aberta em uma região onde
a geada é freqüente. Pelo fato de essa espécie invadir os campos gramados e não
conseguir se regenerar no lugar, alguns classificam essas florestas como
sucessórias e consideram que elas estavam destinadas, com o passar dos séculos e
se o homem não tivesse interferido, a serem substituídas por latifoliadas perenes”.
A tabela 05 mostra o avanço do desflorestamento da Floresta Ombrófila
Mista, mostrando a velocidade do avanço e da ocupação agrícola ocorrida no
Estado do Paraná, em detrimento de imensas florestas nativas.

Tabela 05: Processo histórico de desflorestamento do bioma Floresta Ombrófila mista (1890-1984)
ANO FLORESTA COM ARAUCÁRIA (ha) REMANESCENTE (%) ÁREA DO ESTADO (%)
1
1890 7.378.000 100,0 36,9
1
1930 3.958.000 53,6 19,8
1
1937 3.455.400 46,8 17,3
1
1950 2.522.400 34,2 12,6
1
1955 2.203.200 29,9 11,0
1
1960 2.043.200 27,7 10,2
2
1963 1.567.700 21,2 7,8
1
1965 1.593.200 21,6 8,0
3
1973 433.500 5,9 2,2
3
1974 316.620 4,3 1,6
4
1977 151.620 2,1 0,8
3
1984 269.631 3,7 1,3
1 2 3 4
Fonte: Maack (1968); Dillewijn (1966) citado por IBDF (1984); IBDF (1984); Fupef (1978)

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7.a.5. FAUNA

Considerando sua proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu (cerca de


cinco quilômetros em linha reta), há grandes possibilidades de trânsito de animais
por entre os poucos fragmentos florestais remanescente, em busca de alimento e
abrigo às condições climáticas, até a área florestal do P.A. Olga Benário. Isso indica,
também, que algumas das espécies encontradas no Parque do Iguaçu podem ser as
mesmas encontradas na área do P.A.
Uma vez observados os processos de trânsito das espécies, através de
estudos sérios sobre as espécies locais, poder-se-á, então, afirmar que há
ocorrência de um fluxo gênico saudável entre essas espécies. Por conseqüência,
haverá fluxo das espécies vegetais, através de sua dispersão e, ainda, a ocupação
gradual dos ambientes degradados e/ou em regeneração, acelerando os processos
naturais de re-colonização biótica e regeneração abiótica, em ausência de quaisquer
ações antrópicas.

7.a.5.1. Espécies características da região

Para proceder a uma descrição ideal da fauna regional presente na formação


florestal predominante, ou mesmo registrar a presença de determinadas espécies
animais dentro da área do P.A. e em suas imediações, é necessário dispor de maior
tempo em campo, a fim de realizar observações adequadas in loco, coleta de
material vestigial que indique, indiretamente, a presença dos animais, e mesmo
pesquisas mais consistentes com os moradores da região, em geral.
Tendo em vista o fator limitante tempo, dispomos de referências de outros
pesquisadores que efetuaram trabalhos de levantamento e identificação das
espécies, além da descrição de sua situação quanto às ameaças ambientais e tipo
de formação que ocupam na região do P.A. Olga Benário.
Nossa referência aqui é, mais uma vez, o Plano de Manejo do Parque
Nacional do Iguaçu, cedido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Neste trabalho,
foi registrada a ocorrência de diversas espécies animais características da região.
Aqui, destacamos apenas aquelas que aparecem na formação Floresta Ombrófila

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Mista, porção florestal na qual está inserida na área do P.A. Olga Benário. É fato
que, desta listagem de animais, poucos deles são efetivamente encontrados nos
fragmentos de mata do P.A.

Tabela 06: Relação da mastofauna e da avifauna com ocorrência na região do Parque


Nacional do Iguaçu e P.A. Olga Benário
MAMÍFEROS
TÁXON NOME POPULAR VEGETAÇÃO
AGOUTIDAE
Agouti paca paca fes, fom, fpif
Cerdocyon thous cachorro-do-mato fes, fom, fa
Speothos venaticus cachorro-vinagre fes, fom, fa
CEBIDAE
Cebus apella macaco-prego fes, fom
Alouatta fusca guariba fes, fom
CERVIDAE
Mazama americana veado-mateiro fes, fom
Mazama nana veado fes, fom, fa
Euphractus sexcinctus tatu-peludo fem,fom, fa
DASYPROCTIDAE
Dasyprocta azarae cutia fes, fom
ERETHIZONTIDAE
Coendou prehensilis ouriço-cacheiro fes, fom
FELIDAE
Puma concolor onça-parda fes, fom, fa
Leopardus pardalis jaguatirica fes, fom
Leopardus wiedii maracajá fes, fom
Herpailurus yagouaroundi gato-mourisco fes, fom
Panthera onca onça-pintada fes, fom, fa
Akodon azarae rato-de-azara fes, fom
Rattus rattus rato fes, fom, fa
MUSTELIDAE
Eira barbara irara fes, fom
Galictis cuja furão fes, fom
Procyon cancrivorus mão-pelada fes, fom, fa
MYRMECOPHAGIDAE
Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim fem, fom, fa
Tapirus terrestris anta fes, fom, fpif
TAYASSUIDAE
Tayassu pecari queixada fes, fom
Pecari tajacu cateto fes, fom

AVIFAUNA
TÁXON NOME POPULAR VEGETAÇÃO
BUCCONIDAE
Notharchus macrorhynchos capitão-do-mato fes, fom
Nonnula rubecula macuru fes, fom
CAPRIMULGIDAE
Lurocalis semitorquatus tuju fes, fom
Nyctidromus albicollis curiango-comum fes, fom
continua...

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AVIFAUNA
TÁXON NOME POPULAR VEGETAÇÃO
CATHARTIDAE
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha fes, fom
Coragyps atratus urubu-comum fes, fom
Sarcoramphus papa urubu-rei fes, fom
Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza fes, fom
Chondrohierax uncinatus caracoleiro fes, fom
Elanoides forficatus gavião-tesoura fes, fom
Elanus leucurus gavião-peneira fes, fom
Ictinia plumbea sovi fes, fom
Accipiter poliogaster tauató-pintado fes, fom
Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo fes, fom
Leucopternis polionota gavião-pombo-grande fes, fom
Buteo magnirostris gavião-carijó fes, fom
Buteo leucorrhous gavião-de-sobre-branco fes, fom
Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta fes, fom
Buteo albicaudatus gavião-de-cauda-branca fes, fom
Harpia harpyja uiraçu; gavião-real; harpia fes, fom
Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco fes, fom
Spizaetus ornatus gavião-de-penacho fes, fom
CRACIDAE
Penelope superciliaris jacupemba fes, fom
Penelope obscura jacuguaçu fes, fom
Pipile jacutinga jacutinga fes, fom
COLUMBIDAE
Columba picazuro pomba-asa-branca fes, fom
Columba cayennensis pomba-galega fes, fom
Columba plumbea pomba-amargosa fes, fom
Claravis pretiosa pararu-azul fes, fom
Claravis godefrida pararu-espelho fes, fom
Scardafella squammata fogo-apagou fes, fom
Leptotila sp. juriti fes, fom
Leptotila verreauxi juriti-pupu fes, fom
Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira fes, fom
Geotrygon violacea juriti-roxa fes, fom
Geotrygon montana juriti-piranga fes, fom
CONOPOPHAGIDAE
Conopophaga lineata chupa-dente-marrom fes, fom
CORVIDAE
Cyanocorax caeruleus gralha-azul fes, fom
Cyanocorax chrysops gralha-picaça fes, fom
COTINGIDAE
Pyroderus scutatus pavó fes, fom
CUCULIDAE
Coccyzus melacoryphus papa-lagarta-acanelado fes, fom
Piaya cayana alma-de-gato fes, fom
Dromococcyx phasianellus peixe-frito fes, fom
Dromococcyx pavoninus peixe-frito-pavonino fes, fom
DENDROCOLAPTIDAE
Dendrocincla fuliginosa arapaçu-pardo fes, fom
Sittasomus griseicapillus arapaçu-de-cabeça-cinza fes, fom
Xiphocolaptes albicollis arapaçu-de-garganta-branca fes, fom
Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande fes, fom
Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-do-cerrado fes, fom
continua...

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AVIFAUNA
TÁXON NOME POPULAR VEGETAÇÃO
DENDROCOLAPTIDAE
Lepidocolaptes squamatus arapaçu-escamoso fes, fom
Lepidocolaptes fuscus arapaçu-rajado fes, fom
Campylorhamphus falcularius arapaçu-alfange fes, fom
EMBERIZIDAE
Emberizinae
Zonotrichia capensis tico-tico-verdadeiro fes, fom
Volatinia jacarina tiziu fes, fom
Sporophila caerulescens coleirinha fes, fom
Arremon flavirostris tico-tico-de-bico-amarelo fes, fom
Coryphospingus cucullatus tico-tico-rei-vermelho fes, fom
Cardinalinae
Saltator similis trinca-ferro-de-asa-verde fes, fom
Thraupinae
Cissopis leveriana tiê-tinga fes, fom
Pyrrhocoma ruficeps cabecinha-castanha fes, fom
Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto fes, fom
Tachyphonus coronatus gurundi fes, fom
Trichothraupis melanops tiê-de-topete fes, fom
Thraupis sayaca sanhaço-cinza fes, fom
Pipraeidea melanonota saíra-viuva fes, fom
Euphonia chlorotica gaturamo-fifi fes, fom
Euphonia violacea gaturamo-verdadeiro fes, fom
Euphonia cyanocephala gaturamo-rei fes, fom
Tangara seledon sete-cores fes, fom
Dacnis cayana saí-azul fes, fom
Tersininae
Tersina viridis saí-andorinha fes, fom
Parulinae
Parula pitiayumi mariquita-do-sul fes, fom
Basileuterus culicivorus pula-pula-coroado fes, fom
Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador fes, fom
Coerebinae
Coereba flaveola cambacica fes, fom
Icterinae
Cacicus haemorrhous guaxe fes, fom, fpif
Cacicus chrysopterus tecelão fes, fom
FALCONIDAE
Herpetotheres cachinnans acauã fes, fom
Micrastur ruficollis falcão-caburé fes, fom
Micrastur semitorquatus falcão-relógio fes, fom
Falco femoralis falcão-de-coleira fes, fom
Falco rufigularis cauré fes, fom
Falco deiroleucus falcão-de-peito-vermelho fes, fom
FORMICARIIDAE
Chamaeza campanisona tovaca-campainha fes, fom
FRINGILLIDAE
Carduelis magellanicus pintassilgo-de-cabeça-preta fes, fom
FURNARIIDAE
Leptasthenura setaria grimpeirinho fom
Synallaxis ruficapilla pichororé fes, fom
Synallaxis gujanensis becuá fes, fom, fpif
Synallaxis cinerascens pi-pui fes, fom
continua...

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AVIFAUNA
TÁXON NOME POPULAR VEGETAÇÃO
FURNARIIDAE
Cranioleuca obsoleta joão-oliváceo fes, fom
Clibanornis dendrocolaptoides cisqueiro fes, fom
Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete fes, fom
Philydor atricapillus limpa-folha-coroado fes, fom
Philydor lichtensteini limpa-folha-de-coroa-cinza fes, fom
Philydor rufus limpa-folha-de-testa-canela fes, fom
Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco fes, fom
Heliobletus contaminatus bico-virado-do-sul fes, fom
Xenops rutilans bico-virado-carijó fes, fom
Xenops minutus bico-virado-miudo fes, fom
Sclerurus scansor vira-folhas fes, fom
HIRUNDINIDAE
Troglodytes aedon corruíra fes, fom
MIMIDAE
Mimus saturninus tejo-do-campo fes, fom
MOMOTIDAE
Baryphthengus ruficapillus juruva-verde fes, fom
MUSCICAPIDAE
Turdinae
Turdus subalaris sabiá-ferreiro fes, fom
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira fes, fom
Turdus leucomelas sabiá-de-cabeça-cinza fes, fom
Turdus amaurochalinus sabiá-poca fes, fom
Turdus albicollis sabiá-coleira fes, fom
Sylviinae
Ramphocaenus melanurus bico-assovelado fes, fom
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus urutau fes, fom
ODONTOPHORIDAE
Odontophorus capueira uru fes, fom
PICIDAE
Picumnus temminckii picapauzinho fes, fom
Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado fes, fom
Piculus aurulentus pica-pau-dourado fes, fom
Celeus flavescens pica-pau-velho fes, fom
Dryocopus lineatus pica-pau-da-banda-branca fes, fom
Melanerpes flavifrons benedito fes, fom
Veniliornis spilogaster pica-pauzinho-carijó fes, fom
Campephilus leucopogon pica-pau-de-barriga-preta fes, fom
Campephilus robustus pica-pau-rei fes, fom
PIPRIDAE
Schiffornis virescens flautim-verde fes, fom
Manacus manacus rendeira-branca fes, fom
Chiroxiphia caudata tangará-dançarino fes, fom
PSITTACIDAE
Ara ararauna arara-canindé fes, fom
Ara chloroptera arara-vermelha fes, fom
Propyrrhura maracana maracanã-verdadeira fes, fom
Aratinga leucophthalmus periquitão-maracanã fes, fom
Aratinga auricapilla jandaia-de-testa-vermelha fes, fom
Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha fes, fom
Forpus crassirostris tuim-de-asa-azul fes, fom
continua...

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AVIFAUNA
TÁXON NOME POPULAR VEGETAÇÃO
PSITTACIDAE
Brotogeris chiriri periquito-de-encontro-amarelo fes, fom
Pionopsitta pileata cuiu-cuiu fes, fom
Pionus maximiliani maitaca-verde fes, fom
Amazona aestiva papagaio-curau fes, fom
Amazona vinacea papagaio-do-peito-roxo fom
RALLIDAE
Aramides saracura saracura-do-mato fpif, fes, fom
RAMPHASTIDAE
Pteroglossus aracari araçari-de-bico-branco fes, fom
Pteroglossus castanotis araçari-castanho fes, fom
Selenidera maculirostris saripoca-poca fes, fom
Baillonius bailloni araçari-banana fes, fom
Ramphastos dicolorus tucano-de-bico-verde fes, fom
RHINOCRYPTIDAE
Scytalopus indigoticus macuquinho-perereca fes, fom
STRIGIDAE
Otus choliba corujinha-do-mato fes, fom
Otus atricapillus corujinha-sapo fes, fom
Pulsatrix perspicillata mucurututu fes, fom
Pulsatrix koeniswaldiana coruja-de-garganta-branca fes, fom
Glaucidium brasilianum caburé fes, fom
Ciccaba virgata coruja-do-mato fes, fom
Strix hylophila coruja-pintada fes, fom
Rhinoptynx clamator coruja-orelhuda fes, fom
THAMNOPHILIDAE
Hypoedaleus guttatus chocão-carijó fes, fom
Batara cinerea matracão fes, fom
Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora fes, fom
Mackenziaena severa borralhara-preta fes, fom
Thamnophilus caerulescens choca-da-mata fes, fom
Thamnophilus ruficapillus choca-boné-ruivo fes, fom
Herpsilochmus rufomarginatus chorozinho-de-asa-ruiva fes, fom
Drymophila rubricollis trovoada-de-bertoni fes, fom
Drymophila malura trovoada-carijó fes, fom
Terenura maculata zidedê-do-sul fes, fom
Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul fes, fom
Synallaxis gujanensis becuá fes, fom, fpif
Synallaxis cinerascens pi-pui fes, fom
Cranioleuca obsoleta joão-oliváceo fes, fom
Clibanornis dendrocolaptoides cisqueiro fes, fom
Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete fes, fom
Philydor atricapillus limpa-folha-coroado fes, fom
Philydor lichtensteini limpa-folha-de-coroa-cinza fes, fom
Philydor rufus limpa-folha-de-testa-canela fes, fom
Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco fes, fom
Heliobletus contaminatus bico-virado-do-sul fes, fom
Xenops rutilans bico-virado-carijó fes, fom
Xenops minutus bico-virado-miudo fes, fom
Sclerurus scansor vira-folhas fes, fom
TINAMIDAE
Crypturellus obsoletus inhambu-guaçu fes, fom
continua...

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TÁXON NOME POPULAR VEGETAÇÃO
TINAMIDAE
Crypturellus parvirostris inhambu-chororó fes, fom
Crypturellus tataupa inhambu-chintã fes, fom
TROCHILIDAE
Phaethornis eurynome rabo-branco-de-garganta-rajada fes, fom
Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado fes, fom
Melanotrochilus fuscus beija-flor-preto fes, fom
Anthracothorax nigricollis beija-flor-de-veste-preta fes, fom
Chlorostilbon aureoventris esmeralda-de-bico-vermelho fes, fom
Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta fes, fom
Hylocharis chrysura beija-flor-dourado fes, fom
Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo-branco fes, fom
Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca fes, fom
TROGONIDAE
Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela fes, fom
Trogon surrucura surucuá-de-peito-azul fes, fom
Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha fes, fom
TYRANNIDAE
Phyllomyias burmeisteri poaieiro-do-sul fes, fom
Phyllomyias virescens poaieiro-verde fes, fom
Camptostoma obsoletum risadinha fes, fom
Myiopagis caniceps maria-da-copa fes, fom
Myiopagis viridicata guracava-de-orelhas fes, fom
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela fes, fom
Elaenia mesoleuca tuque fes, fom
Leptopogon amaurocephalus cabeçudo fes, fom
Phylloscartes sylviolus maria-pequena fes, fom
Corythopis delalandi estalador-do-sul fes, fom
Ramphotrigon megacephala maria-cabeçuda fes, fom
Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta fes, fom
Myiophobus fasciatus felipe-de-peito-riscado fes, fom
Contopus cinereus piui-cinza fes, fom
Lathrotriccus euleri enferrujado fes, fom
Knipolegus cyanirostris maria-preta-pequena fes, fom
Knipolegus nigerrimus maria-preta-rupestre fes, fom
Colonia colonus maria-viuvinha fes, fom
Sirystes sibilator maria-assobiadeira fes, fom
Myiarchus swainsoni maria-irré fes, fom
Myiarchus tyrannulus maria-de-asa-ferrugem fes, fom
Pitangus sulphuratus bem-te-vi-verdadeiro fes, fom
Megarynchus pitangua nei-nei fes, fom
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado fes, fom
Empidonomus varius peitica fes, fom
Tyrannus melancholicus suiriri-tropical fes, fom
Pachyramphus castaneus caneleiro-castanho fes, fom
Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto fes, fom
Pachyramphus validus caneleiro-de-chapéu-negro fes, fom
TYTONIDAE
Tyto alba suindara fes, fom
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis pitiguari fes, fom
Vireo chivi juruviara fes, fom
Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu (1999)

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Tabela 07: Herpetofauna de ocorrência registrada no Parque Nacional do Iguaçu


RÉPTEIS
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR OCORRÊNCIA
Hydromedusa tectifera cágado-pescoço-de-cobra certa
Phrynops vanderhaegei cágado incerta
Phrynops williamsi cágado registrada
Caiman latirostris jacaré-de-papo-amarelo certa
Anisolepis grilli lagartixa provável
Tropidurus torquatus calango certa
Mabuya frenata lagartixa certa
Ophiodes sp. cobra-de-vidro certa
Hemidactylus mabouia lagartixa-de-parede certa
Ameiva ameiva lagarto-verde provável
Tupinambis merianae teiú certa
Pantodactylus schreibersii lagartixa certa
Amphisbaena darwinii cobra-cega certa
Amphisbaena mertensii cobra-cega certa
Amphisbaena prunicolor cobra-cega certa
Leposternon microcephalum cobra-cega certa
Liotyphlops beui cobra-cega certa
Epicrates cenchria salamanta incerta
Eunectes murinus sucuri incerta
Eunectes notaeus sucuri-amarela incerta
Atractus taeniatus cobra-da-terra provável
Chironius bicarinatus cobra-cipó certa
Chironius exoletus cobra-cipó certa
Chironius laevicollis cobra-cipó incerta
Clelia plumbea muçurana certa
Dipsas indica dormideira certa
Echinanthera cyanopleura cobra certa
Erythrolamprus aesculapii coral-falsa certa
Helicops infrataeniatus. cobra-d'água certa
Hydrodynastes gigas sucuri incerta
Imantodes cenchoa dormideira provável
Leptodeira annulata dormideira incerta
Leptophis ahaetulla cobra-cipó certa
Liophis miliaris cobra-d'água certa
Liophis poecilogyrus cobra-lisa certa
Liophis reginae cobra-lisa certa
Mastigodryas bifossatus jararacuçu-do-brejo certa
Oxyrhopus clathratus coral-falsa provável
Oxyrhopus guibei coral-falsa certa
Oxyrhopus petola coral-falsa provável
Philodryas aestivus cobra-verde certa
Philodryas olfersii cobra-verde certa
Pseudoboa haasi muçurana certa
Sibynomorphus mikanii dormideira certa
Sibynomorphus ventrimaculatus dormideira certa
continua...

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RÉPTEIS
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR OCORRÊNCIA
Spilotes pullatus caninana registrada
Thamnodynastes hypoconia cobra-espada incerta
Thamnodynastes strigatus cobra-espada certa
Tomodon dorsatus cobra-espada certa
Waglerophis merremii boipeva provável
Xenodon neuwiedi jararaca-falsa provável
Micrurus corallinus coral-verdadeira certa
Bothrops jararaca jararaca certa
Bothrops jararacussu jararacuçu certa
Bothrops moojeni jararaca certa
Bothrops neuwiedi jararaca-pintada certa
Crotalus durissus cascavel certa

ANFÍBIOS
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR OCORRÊNCIA
Bufo ictericus sapo certa
Bufo paracnemis sapo-cururu certa
Bufo crucifer sapo registrada
Melanophryniscus tumifrons sapinho-de-barriga-vermelha provável
Crossodactylus schmidti ranzinha-da-água provável
Leptodactylus elenae ranzinha provável
Leptodactylus chaquensis ranzinha provável
Leptodactylus geminus ranzinha provável
Leptodactylus gracilis ranzinha provável
Leptodactylus fuscus ranzinha provável
Leptodactylus labyrinthicus rã-pimenta registrada
Leptodactylus mystacinus ranzinha-de-toca registrada
Leptodactylus podicipinus ranzinha registrada
Leptodactylus ocellatus rã-paulista registrada
Limnomedusa macroglossa rã-das-corredeiras certa
Physalaemus cuvieri foi-gol-não-foi registrada
Physalaemus gracilis rã-chorona certa
Odontophrynus americanus sapinho provável
Proceratophrys avelinoi sapinho certa
Proceratophrys bigibbosa sapinho provável
Dermatonotus muelleri ranzinha provável
Elachistocleis bicolor (=ovalis) ranzinha-de-barriga-amarela certa
Phrynohyas venulosa perereca registrada
Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu (1999)

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Tabela 08: Ictiofauna registrada dentro do Parque Nacional do Iguaçu e região


PEIXES
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR
Astyanax spp. lambari
Astyanax spp. lambari-do-rabo-vermelho
Astyanax spp. lambari-do-rabo-amarelo
Astyanax spp. lambari
Bryconamericus sp. lambarizinho
Hyphessobrycon reticulatus lambarizinho
Oligosarcus longirostris saiacanga
Characidium sp. canivete
Hoplias malabaricus traíra
Trichomycterus sp. candiru
Rhamdia sp. bagre
Pariolius sp. bagre
Corydoras sp. coridoras
Ancistrus sp. cascudinho
Microlepidogaster sp. cascudinho
Geophagus brasiliensis cará
Phalloceros caudimaculatus barrigudinho
Symbranchus marmoratus mussum
Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu (1999)

Para os demais reinos e classes animais (invertebrados, em geral) não há


levantamentos ou estudos realizados na área do Parque Nacional do Iguaçu.

7.a.5.2. Ameaças à Fauna Regional

Dentre as várias ações antrópicas que podem ameaçar a fauna local e/ou
regional, a mais impactante é a supressão das áreas florestadas, exterminando com
o habitat natural desses animais. Como conseqüência desta ação outras podem ser
elencadas, aumento da competição intraespecífica e interespecífica e sobreposição
territorial (intersecção de nichos), que resulta na quebra da cadeia alimentar e
eliminação de potenciais fontes alimentares. Ainda, a redução drástica das
populações animais presentes, devido à competição, migração, desequilíbrio nas
relações entre as diferentes populações locais, com predomínio de poucas e
determinadas espécies (mais adaptadas as alterações ocorridas), e mesmo a
introdução de espécies alóctones e/ou exóticas.

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7.a.5.3. Espécies ameaçadas de extinção

Dentre as espécies locais em condição de ameaça, por conseqüência das


atividades antrópicas, temos a seguinte lista que relaciona as espécies e sua
situação (Tabela 09). A base de estudo e pesquisa utilizada para a elaboração desta
lista foi a obra intitulada Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná,
elaborada pelo Instituto Ambiental do Paraná, no ano de 2004, em versão impressa
e digital, a partir de revisão da antiga lista de fauna ameaçada, publicada no ano de
1995, obra pioneira nesta linha de pesquisa.
Tendo este documento em mãos, pode-se então realizar a compilação de
seus dados, de acordo com a região em estudo. O método de pesquisa
compreendeu análise dos dados mais relevantes sobre as espécies, seguindo
também as referências de ocorrência registrada destas no Estado, por meio da
descrição e dos mapas, para cada uma das espécies.

Tabela 09: Lista de espécies ameaçadas de extinção na região do P.A. Olga Benário
MAMÍFEROS
4
Nome Popular Nome Científico Situação
anta Tapirus terrestris Em perigo
cateto Pecari tajacu Vulnerável
5
cuíca d´água Chironectes minimus DD
gato-do-mato-pequeno Leopardus tigrinus Vulnerável
veado bororo Mazama nana Vulnerável

AVES
Nome Popular Nome Científico Situação
gavião real Harpia harpyja Criticamente em perigo
juriti vermelha Geotrygon violacea DD
mocho-diabo Asio stygius DD
saracuruçu Aramides ypecaha DD

RÉPTEIS
Nome Popular Nome Científico Situação
cágado rajado Phrynops williamsi Vulnerável
continua...

4
A situação de cada espécie segue as categorias aplicadas pela União Mundial para a Conservação da
Natureza (IUCN, 2001).
5
DD = dados insuficientes (Data Deficient): espécie que necessita de mais dados, principalmente de abundância
e distribuição, para que seu status possa ser corretamente avaliado.

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PEIXES
Nome Popular Nome Científico Situação
acará Gymnogeophagus setequedas Vulnerável
bagre sapo Pseudopimelodus mangurus Vulnerável
cascudo preto Rhinelepis aspera Vulnerável
dourado Salminus brasiliensis Vulnerável
jaú Zungaro jahu Vulnerável
lambari Astyanax gymnogenys Vulnerável
pacu peva Myleus tiete Quase ameaçada
pintado ou surubim Pseudoplatystoma corruscans Quase ameaçada
piraputanga Brycon orbignyanus Em perigo
surubim Steindachneridion scripta Vulnerável
tabarana Salminus hilarii Quase ameaçada
Fonte: Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná (IAP, 2004).

Foto 07: Algumas de espécies ameaçadas de extinção na região Oeste do Paraná

Tapirus terrestris Harpia harpyja Phrynops williamsi

Mazama nana Steidachneridion scripta Leopardus tigrinus

Fonte/Créditos: Livro da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado do Paraná (IAP, 2004).

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7.a.6. USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL

O território que compõe o P.A. Olga Benário apresenta diversas tipologias


quanto ao uso do solo e a cobertura vegetal. As vegetações nativas compreendem
30,12% ou 27,72 hectares do total de 92,038 hectares. A área de lavoura 63,91% ou
58,82 hectares. As áreas de pastagem ocupam 3,58% ou 3,29 hectares.
As demais áreas que representam o uso do solo e cobertura vegetal no P.A.
estão indicadas na Tabela 10.

Tabela 10: Uso e cobertura atual do solo no P.A. Olga Benário


DESCRIÇÃO ÁREA (HA) %

Lavoura 58,82004 63,91

Pastagem 3,29920 3,58

Vegetação Nativa em Estágio Avançado 18,40762 20,00

Vegetação Nativa em Estágio Médio 4,35038 4,73

APP em Estágio Avançado 3,95926 4,30

APP em Estágio Inicial 1,0013 1,09

Banhado 0,15111 0,16

Reservatório 0,52967 0,58

Estradas 0,23962 0,26

Acampamento 1,27990 1,39

TOTAL 92,03810 100


Fonte e Elaboração: COTRARA, 2006

A distribuição destas paisagens pode ser observada no Mapa A2, em anexo.

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7.a.7. RESERVA FLORESTAL LEGAL E ÁREA DE PRESERVAÇÃO


PERMANENTE

7.a.7.1. Áreas de Preservação Permanente (APP’s)

Áreas cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de


preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas (Medida Provisória 2.166-67, de 2001).
A área do P.A. Olga Benário encontra-se relativamente em boa situação
quanto às Áreas de Preservação Permanente (APP’s). Há presença de apenas um
córrego, cuja nascente encontra-se dentro da área, e um segundo córrego (chamado
Liberal) que percorre parte do limite sul da área. Para estes dois corpos d’água, as
áreas compreendidas como faixas de Preservação Permanente, com 30 metros de
largura em cada margem, somam 4,96 hectares, ou seja, 5,39% da área.
Na cabeceira do córrego que nasce no P.A., foi verificada a formação de um
banhado. Em campo, foi identificada apenas uma origem (nascente) d’água
subterrânea. Pelo fato de existir uma área de banhado, é muito provável que existam
mais pontos de afloramento de água.
Em área de aproximadamente 3,96 hectares (79,83% das APP’s, ou 4,30%
do P.A.), a cobertura vegetal das APP’s é composta por vegetação nativa em
estágio avançado de regeneração.
O restante das APP’s, cerca de 1,00 hectare (20,17% das APP’s) está
coberta por vegetação nativa em início de sucessão ecológica secundária (estágio
inicial). Esta área está compreendida na porção da cabeceira do córrego cuja
nascente está dentro do P.A. Foi constatada a presença gramíneas invasoras,
originárias das áreas de pastagens no entorno da cabeceira.

7.a.7.2. Reserva Florestal Legal

A Reserva Legal compreende área localizada no interior de uma propriedade


ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso
sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos

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ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora


nativas (Medida Provisória 2.166-67, de 2001).
Ainda, no artigo 16 da MP citada, “[...] As florestas e outras formas de
vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente,
assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de
legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a
título de reserva legal, no mínimo:
III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta
ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões
do País, que não áreas de floresta e/ou cerrado da Amazônia Legal.

Em relação à área de Reserva Legal no P.A. Olga Benário, esta não se


encontra em conformidade com a Legislação Ambiental. Não foram encontrados
registros de áreas(s) de Reserva Legal averbadas à margem da matrícula do imóvel.
Deste modo, há necessidade de proceder a averbação e a preservação dos
20% de mata nativa dentro da área, o que corresponde a 18,40 hectares.

Foto 08: Porção da mata do P.A. Olga Benário

Fonte: COTRARA, 2005

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Área de pastagem

Foi identificada a existência de áreas abertas dentro da área de vegetação


nativa em estágio avançado do P.A. São duas áreas que juntas ocupam 3,30
hectares (ou 3,58% do P.A.), antigamente destinadas ao cultivo de pastagem para
as atividades de pecuária. Hoje, abandonadas as atividades, a cobertura vegetal
dessas áreas encontra-se em estágio inicial de regeneração, graças ao processo
natural de sucessão ecológica.
Para localização exata dessas áreas, verificar mapa A2 – uso do solo e
cobertura vegetal.

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7.a.8. ESTRATIFICAÇÃO AMBIENTAL DOS AGROECOSSISTEMAS (Unidades


de Paisagens – UP)

Por meios dos estudos e observações, realizados pela equipe do PDA –


COTRARA, foram constatadas quatro unidades de paisagens na área do P.A. Olga
Benário.

Unidade de Paisagem - UP 1: com 59,53 hectares, ou 64,68% da área, está


localizada na parcela útil para lotes, onde o uso atual em lavouras e pastagens
constituída por solos Latossolos Vermelho Distroférrico e Nitossolos Vermelho
Eutroférrico classificados com capacidade de uso da terra por classe II e III, em
relevo plano, suave ondulado e ondulado permitindo a moto-mecanização, com
susceptibilidade a erosão de moderada a forte, sendo necessárias algumas medidas
de conservação e proteção do solo.

Unidade de Paisagem – UP 2: com 0,74 hectares, ou 0,81 % da área, é constituída


por parte da Área de Proteção Permanente que necessita de recomposição da mata
ciliar, na cabeceira do córrego. Está sobre solo classificado como Nitossolo Vermelho
Eutroférrico em relevo ondulado.

Unidade de Paisagem – UP 3: com 26,89 hectares, ou 29,24% da área, está


constituída pela Reserva Florestal Legal (RFL), Áreas de Proteção Permanente
(APP) preservadas, em mata nativa, com solos classificados como Nitossolo
Vermelho Eutroférrico, e Neossolos Litólicos, em relevos que vão desde suave
ondulado até escarpado, compreendendo as Classe VII e VIII.

Unidade de Paisagem – UP 4: com 3,31 hectares, ou 3,60% da área, é constituída,


atualmente, por área de pastagem, em solo denominado Neossolos Litólicos, em
relevo ondulado e forte ondulado compreendendo solos da classe VIII.

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7.a.9. CAPACIDADE DE USO DA TERRA

Tendo em conta os fatores condicionadores de uso agrícola, pode-se afirmar


que o P.A. Olga Benário se enquadra nas classes II, III, VII, e VIII de capacidade de
uso das terras.
A Classe II compreende terras que já têm limitações moderadas para o seu
uso, por estarem sujeitas a riscos de depauperamento moderados, riscos de
enxurradas e erosão. São terras consideradas boas para o cultivo, apenas precisam
de mínimos cuidados no manejo e na conservação do solo por estarem em
declividade em torno de 5%. Esta classe corresponde a 42,45500 hectares, ou
46,13% da área.
A Classe III compreende terras próprias para lavoura em geral, mas que
estão sujeitas aos severos riscos de depauperamento, necessitando de medidas
intensas de conservação do solo, por estarem em declividades em torno de 10%.
Nesta classe estão 19,23216 hectares, que correspondem a 20,90% da área.
A Classe VII é de terras consideradas impróprias para lavoura, apresentam
severas limitações, mesmo para certas culturas permanentes protetoras do solo,
sendo seu uso restrito para pastagem e reflorestamento com cuidados especiais.
Normalmente, estão em ambientes muitos íngremes, erodidos, pedregosos ou com
solos rasos, ou ainda com grande deficiência de água. Ocupam 22,75800 hectares,
ou 24,73% da área.
A Classe VIII é de terras impróprias para serem utilizadas com qualquer tipo
de cultivo, inclusive o de florestas comerciais ou para produção de qualquer outra
forma de vegetação permanente de valor econômico. Prestam-se apenas para
proteção e abrigo da fauna e flora silvestre, para fins de recreação e turismo ou
armazenamento de água, em açudes. Consistem, em geral, em áreas extremamente
áridas, ou acidentadas, pedregosas, encharcadas (sem possibilidade de pastoreio
ou drenagem artificial), severamente erodidas ou encostas rochosas, ou, ainda
dunas arenosas. Inclui-se aí a maior parte dos terrenos de mangue e de pântanos e
terras muito áridas, que não se prestam para pastoreio. Correspondem a 7,59294
hectares, ou 8,25% da área.

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Tabela 11: Classes de capacidade de uso das terras do P. A. Olga Benário


CLASSE ÁREA (HA) %
II 42,45500 46,13
III 19,23216 20,90
VII 22,75800 24,73
VIII 7,59294 8,25
TOTAL 92,03810 100
Fonte e elaboração: Estudo a Campo - COTRARA, 2005

Sendo assim, pode-se afirmar que os solos do P.A. Olga Benário são, em
grande parte, aptos à exploração agrícola, desde que sejam empregadas medidas
de conservação, manejo e correções quanto à fertilidade, sendo que em uma parte
menor há restrições mais severas quanto ao uso.

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7.a.10. ANALISE SUCINTA DOS POTENCIAIS E LIMITAÇÕES DOS RECURSOS


NATURAIS E DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DO ASSENTAMENTO

Tendo em vista os estudos apresentados anteriormente, pode-se afirmar que


o P.A. Olga Benário tem um grande potencial de exploração agrícola, com grande
mercado consumidor, devido à proximidade de Cascavel e facilidade de escoamento
da produção, pelo fácil acesso a BR-277.
Há limitações quanto à disponibilidade de águas superficiais, fato este
constatado pela presença de apenas uma nascente, próxima da área de floresta. Há
que se notar que, devido a este fato, que os lotes não terão nascentes e, por
conseguinte, não possuirão meios de realizar a captação superficial individualmente.
Deste modo, como forma de contornar este caso, haverá necessidade de perfurar de
um poço artesiano e/ou realizar a instalação de uma fonte única de captação e
armazenamento da água. Por exemplo, pode-se instalar uma caixa d’água
localizada na comunidade (porção central do P.A.), com capacidade de
armazenamento de volume de água que atenda as demandas diárias das famílias e
com um sistema de distribuição por gravidade para abastecer todas as 10 famílias
do P.A.
Quanto aos solos, três classes estão presentes no P.A. Olga Benário. Destas,
duas classes estão nas áreas que serão destinadas aos lotes – Latossolo Vermelho
Distroférrico e Nitossolo Vermelho Eutroférrico.
O Latossolo Vermelho Distroférrico é quase totalmente mecanizáveis,
necessitando apenas de práticas conservacionistas de controle de erosão. Ocupam
49,57% da área do P.A., possibilitando maiores resultados por seu grande potencial
produtivo.
O Nitossolo Vermelho Aluminoférrico, se bem manejado, é propício para a
implantação da agricultura e demais atividades relacionadas. Ocorre no P.A. em
declividade de 8 a 20%, ocupando 23,27 hectares (25,29% do P.A.). São mais
susceptíveis a erosão, tendo utilização restritiva para agricultura. Deste modo, as
unidades familiares sobre estas áreas deverão tomar medidas de manejo adequado
desses solos, com o intuito de preservá-los, podendo adotar práticas alternativas de
produção.
Quanto à preservação ambiental, não se trata de uma área com muitos
problemas. As APP’s estão razoavelmente bem conservadas, exceção apenas para

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a área de nascente e banhado formado na cabeceira do córrego, onde há vegetação


em estágio inicial da sucessão ecológica. Haverá, deste modo que se implantar um
programa de recuperação e enriquecimento florístico desta área de 1,0013 hectare,
além de estratégias para sua preservação.
Outro problema identificado é a ausência de averbação de área referente à
Reserva Legal (RL), sendo de 20% da área total do P.A., exigidos pela legislação
ambiental. Entretanto, isso pode ser facilmente resolvido, pois foi identificado um
fragmento de floresta secundária em estágio avançado de regeneração na porção
sul do P.A., com área de 18,40 hectares de mata, e mais dois fragmentos (um
contínuo ao fragmento em estágio avançado e outro pouco distante) de vegetação
em estágio médio de regeneração, relativamente bem preservados.
Neste caso, faz-se a sugestão de que este fragmento maior (de 18,40
hectares) seja averbado junto à matrícula, como área de Reserva Legal, protegida
por lei. Ainda, propõe-se que os dois fragmentos menores de mata nativa em estágio
médio de regeneração, um total de 4,35 hectares, corresponde a 4,73% da área,
sejam destinados a um planejamento de manejo sustentável coletivo, com a
manutenção de floresta e a geração de renda alternativa às famílias, com o emprego
de práticas agroflorestais.

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7.b. ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL ATUAL

O PA Olga Benário tem suas confrontações a norte a estrada rural que dá


acesso a PR-182; a oeste a propriedade da multinacional Syngenta; ao sul faz divisa
com um córrego e uma pequena propriedade; e a leste, faz divisa seca com outra
propriedade particular.
O Projeto de Assentamento tem 92 hectares. Hoje há um acampamento, onde
se concentram 10 famílias de pequenos agricultores.
O acampamento está localizado a duzentos metros da PR-182, a partir do
trevo de acesso ao perímetro urbano de Santa Tereza do Oeste. Encontra-se
instalado junto a entrada da área, onde permanece uma parcela da área que não foi
desapropriada e que permanece sob controle da ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações). É nesta área, da ANATEL, que se concentram todas as
benfeitorias da área.
As famílias são organizadas dentro do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra – MST. E organizadas realizaram a divisão das terras agricultáveis (cerca
de 5,0 hectares por família) entre todas as famílias do acampamento a fim de
permitir o cultivo, mesmo em fase da luta pela terra.
No acampamento são realizadas atividades de lazer.
Destaca-se a presença de um fragmento de floresta secundária em estágio
avançado de regeneração, que tem sido mantido preservado, localizado ao sul e a
leste do território estudado.
As estradas existentes no assentamento permitem regular o deslocamento
em quase toda sua extensão, mesmo que algumas estejam em péssimo estado de
conservação.

O acesso a educação é oferecido pelo município, que oferece transporte aos


estudantes até escolas urbanas.
A organização territorial do P.A. Olga Benário pode ser visualizada no Mapa
A2, em anexo.

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7.c. DIAGNÓSTICO DO MEIO SÓCIO-ECONÔMICO E CULTURAL

7.c.1. HISTÓRICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO

7.c.1.1. Breve histórico de luta pela terra na área

O P.A. Olga Benário está situado em terras da União, conhecidas


anteriormente como “Lote 32-A Remanescente”. Trata-se de uma área com pouco
mais de 90 hectares, e que nos últimos 20 anos vinha sendo arrendada. Há 10 anos
as terras já só eram usadas para pastagens.
O histórico de luta pela terra na área teve início em 26 de maio de 2003,
quando cerca de 30 famílias (aproximadamente, 100 pessoas), vinculadas ao
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST – ocuparam a área.

Foto 09: Parte da área ocupada pelos barracos no P.A. Olga Benário

Fonte: COTRARA, 2005

As famílias que protagonizaram a ação provinham de um acampamento


próximo a Cascavel, instalado na conhecida Fazenda Cajati. No momento da
entrada na terra, já havia um grupo de 15 famílias dentro da fazenda, vinculadas a
organização conhecida como “Bandeira Branca”6. Alertados sobre a iminente
ocupação da área por parte do MST, este grupo se antecedeu e ocupou a área dois

6
Organização vinculada com alguns setores do Partido do Movimento Democrático Brasileiro –
PMDB.

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dias antes da chegada do MST, em plena chuva. Os “bandeiras brancas” foram


convidados a deixar a área, de forma pacífica por parte dos militantes do Movimento
Sem Terra, e a ocupação acabou de forma rápida e tranqüila.
Os elementos que provocaram a escolha dessa área, por parte das famílias,
foram a simbiose de três elementos: em primeiro lugar a excelente qualidade da
terra, em segundo lugar sua boa situação perto da rodovia PR-182 e, finalmente, o
fato da terra já pertencer a União, fator que sem dúvida facilitaria o processo de
repasse das terras, destinadas para Reforma Agrária.
Durante os quase dois anos e meio de ocupação, as famílias não sofreram
ameaças de despejo nem repressão por parte da polícia. Contudo, aconteceu forte
pressão por parte do então prefeito de Santa Tereza do Oeste, que se mostrou
claramente contra a implantação de um assentamento de Reforma Agrária dentro
dos limites do município. Isso, somado a outros fatores, leva-nos a constatação de
que os agricultores e militantes do Movimento Sem Terra sofrem uma forte
discriminação na cidade. Exemplo disso, é o preço por hora/máquina para um trator
ser mais caro para estes pequenos agricultores, do que quando o mesmo serviço é
solicitado por outros pequenos agricultores do município.
Nesse mesmo município existe um outro Projeto de Assentamento de
Reforma Agrária já consolidado – trata-se do P.A. Sepe Tiaraju, onde vivem 20
famílias, assentadas no ano 2000.

7.c.2. POPULAÇÃO E ORGANIZAÇÃO SOCIAL

7.c.2.1. População

O levantamento de dados a campo, “Diagnóstico Sócio Econômico – Familiar”


(COTRARA, 2006) realizado na área do P.A. Olga Benário, oferece informações
sobre a origem das famílias, sobre o número total de pessoas que nele moram,
sobre a faixa etária da população, sobre o grau de escolaridade e sobre saúde e
habitação.

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Tabela 12: População do P.A. Olga Benário por faixa etária


FAIXA ETÁRIA até 1 1a6 7 a 10 11 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 40 mais de 40 TOTAL
Nº PESSOAS 01 05 0 04 02 04 11 02 29
% 3,5% 17,2% 0% 13,8% 6,9% 13,8% 37,9% 6,9% 100%
Fonte e elaboração: COTRARA, 2005

A sistematização da pesquisa a campo, sobre a origem das famílias a serem


assentadas, mostra que a maioria das famílias, que moram na área, são originárias
da própria região Oeste do Estado do Paraná.
Atualmente, moram 10 famílias na área. No momento da realização das
pesquisas de campo a população da área totalizava 29 pessoas, sendo 15 mulheres
(51,7%) e 14 homens (49,3%).

Foto 10: Duas das crianças do P.A. Olga Benário

Fonte: COTRARA, 2005

Apesar do número reduzido de pessoas, é preponderante a população que


fica dentro do parâmetro de 15 a 40 anos (58,6%).

7.c.2.2. Organização Social

A forma de organização social das pessoas que fazem parte do


acampamento está vinculada às formas de organização que o Movimento de
Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, tem no Estado do Paraná.
Na prática, isso quer dizer que o elemento de referência na estruturação
social é a unidade familiar. Em nível regional, estas 10 famílias se somam com

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muitas outras pertencentes ao MST. Não foi registrado nenhum caso de beneficio
público do tipo social.

Foto 11: Reunião das famílias do P.A. Olga Benário e da equipe técnica da COTRARA

Fonte: COTRARA, 2005

7.c.3. INFRA-ESTRUTURA FÍSICA, SOCIAL E ECONÔMICA

Excetuando-se as cercas existentes na área do P.A., com 2.200 metros de


cercas de palanques de concreto, espaçados em média 5 metros, 5 fios de arame
liso, em estado precário de conservação (MDA/INCRA), não outros tipos de
construções e infra-estrutura que compõe o P.A.

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7.c.4. SISTEMAS PRODUTIVOS

7.c.4.1. Tecnologia Utilizada

A tecnologia utilizada pela comunidade é em sistema misto, ou seja, utilizar-


se das práticas convencionais e agroecológicas. Cerca de 80% das práticas de
manejo dos solos no P.A. Olga Benário são efetuados via mecanização e não
utilizam nenhuma adubação química.
A presença de manejo do solo via tração animal, que corresponde a 20%, a
adubação alternativa e utilização de sementes crioulas e varietais, aliado ao uso de
tratores e implementos de forma coletiva, a prática de “troca de serviço” e de grande
variedade de alimentos cultivados pela comunidade assentada, caracteriza uma
resistência dos assentados à tecnologia convencional da agricultura.

7.c.4.2. Comercialização

Nesta fase da existência do P.A., a comercialização é realizada no município


de Santa Tereza do Oeste, ou em Cascavel, nas feiras livres ou na COOPEL, ITASA
e CONAB.
Os grãos e leite são vendidos, quase que totalmente, aos credores e laticínios
atuantes na região.
Os alimentos diversos são vendidos aos comerciantes e aos consumidores
diretos, inclusive aqueles beneficiados, levados pelos assentados a sede dos
municípios.

7.c.4.3. Produção Atual

O desenvolvimento da agroindustrialização do leite e, em particular o


incremento da produção, esta relacionada com a adequação das instalações para
inseminação artificial, bem como a elaboração de forragem na mesma área. Este
conjunto de medidas técnicas permite justificar o incremento da produção de leite.

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A produção de frangos é outra atividade desenvolvida no assentamento. A


comercialização destes, realizada através de uma cesta básica nas áreas periféricas
dos municípios de Santa Tereza do Oeste e Cascavel. A produção de frangos
também é desenvolvida com a utilização de outras tecnologias que não as
convencionais.
O trabalho de comercialização é efetuado diariamente, através de
distribuição, existindo freguesia constante e em crescimento permanente, devido aos
preços de venda, em média de 15 a 20% mais baixos se comparados com os
praticados pelos mercados e mini-mercados locais.
A cesta comercializada é composta integralmente por mercadorias produzidas
no assentamento.
Uma outra atividade fundamental desenvolvida no assentamento é a horta,
onde a correção e nutrição do solo são realizadas com adubos orgânicos
provenientes do esterco dos frangos, gado e produtos da horta não comercializados.
Estas atividades têm se apresentado com excelentes resultados uma vez que a
clientela está consciente do sistema de produção e da qualidade dos produtos.
A produção de hortaliças serve ao auto-consumo do assentamento,
necessitando de um plano de comercialização destes produtos.
Associada à horta está a incorporação da adubação verde. Isto significa a
utilização tecnologias adequadas à conservação específica do tipo de solo que
existe no assentamento.
Devemos considerar que a secagem de grãos, frutas e outros produtos
agrícolas é prática presente há muitos séculos. O principal objetivo da secagem é
assegurar a conservação do produto reduzindo seu conteúdo de água.

Foram realizadas diversas pesquisas de campo, em estudo de casos, a fim de


detectar os custos, rentabilidade e preço recebidos pelos produtores desta região.
Atualmente, cerca de 62,52 hectares estão sendo utilizados para produção
agropecuária pelas famílias do P.A. Olga Benário
 Amendoim: 250 sacas por ano
 Arroz: 400 sacas por ano
 Feijão: 10 mil sacas ano
 Mandioca: 800 toneladas ano

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 Milho: 17 mil sacos por ano


 Frango: 400 sacos por ano
 Soja: 20 mil sacas por ano
 Trigo: 10 mil sacas por ano
 Leite: 3.300 litros/vaca/ano

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7.c.5. SERVIÇOS DE APOIO À PRODUÇÃO

A COTRARA – cooperativa que presta serviços de assistência técnica e social


às famílias assentadas e acampadas no Paraná, mediante um convênio (ATES) com
o INCRA. A ATES está atuando no P.A. desde o início da vigência do convênio em
janeiro de 2005. Este conta com uma equipe composta por dois técnicos que não
são fixo no acampamento, pois o acampamento é pequeno, sendo que este P.A
conta com assistência técnica da Brigada José Martí, em Cascavel. Suas linhas de
atuação são a assistência técnica a produção, a capacitação tecnológica e à
elaboração de projetos de desenvolvimento comunitário.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Paraná -
EMATER/PR – presente no município de Santa Tereza do Oeste, possui uma equipe
de técnicos e escritório na cidade e veículos para trabalho. Sua forma de atuação é
a assistência técnica diretamente na produção.

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7.c.6. SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS

7.c.6.1. Educação

O atendimento escolar das crianças e adolescentes do P.A. Olga Benário é


realizado no município de Santa Tereza do Oeste. A distância que separa o
acampamento da cidade é pouco mais de 4 quilômetros e o transporte dos alunos é
feito com o ônibus da Prefeitura.
De acordo com as entrevistas efetuadas com as 10 famílias acampadas, o
nível do ensino recebido e o transporte até a escola é de satisfatório. Porem não há
de se desconsiderar um velado ambiente preconceituoso, devido a origem
camponesa dos estudantes sem-terra.

Foto 12: Uma das crianças do P.A. Olga Benário que ainda não começou sua escolaridade

Fonte: COTRARA, 2005

Os dados totais que oferecem o levantamento de campo são os seguintes:


- analfabetos: 00
- alfabetizados (não matriculados): 17 (73,9% do total);
- alfabetizados que estudam: 6 (26,1% do total);
- Ensino Fundamental (de 5ª a 8ª série): 4 (66,6% dos alunos
matriculados);
- Ensino Médio: 2 (um 33,4% dos alunos matriculados).
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Em suma, a realidade da população acampada é considerada como


população alfabetizada. Os dados referentes aos analfabetos registram seis casos,
todos em idade não escolar. Assim, pode-se afirmar que não existe analfabetismo
no P.A. Olga Benário.

Tabela 13: Grau de instrução dos acampados, por faixa etária


acima
Até 1 1a6 7 a 10 11 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 40 TOTAL
de 40
Em idade não
01 05 00 00 00 00 00 00 06
escolar
Não Analf.* 00 00 00 00 00 00 00 00 00
Matriculados Alfab. 00 00 00 00 00 04 11 02 17
Pré-escolar 00 00 00 00 00 00 00 00 00
1ª a 4ª série 00 00 00 00 00 00 00 00 00
5ª a 8ª série 00 00 00 04 00 00 00 00 04
Ensino Médio 00 00 00 00 02 00 00 00 02
Ensino Superior 00 00 00 00 00 00 00 00 00
TOTAL 01 05 00 04 02 04 11 02 29
Fonte e Elaboração: COTRARA, 2005

7.c.6.2. Saúde e Saneamento

O atendimento médico às famílias que fazem parte do P.A. Olga Benário é


feito em quatro postos de atendimento, do município de Santa Tereza do Oeste,
pelos nove médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
Em declarações registradas nos trabalhos de campo, realizados pela equipe
técnica do PDA, as famílias acampadas avaliam de forma positiva o atendimento a
saúde recebido até o momento, destacando o fato de que, em caso de doença grave
ou impossibilidade de alguém da comunidade se deslocar até o Posto de Saúde, um
carro da Prefeitura ou alguma das duas ambulâncias do SUS realiza o transporte do
enfermo.
Além dos medicamentos convencionais mais básicos, as famílias acampadas
têm parte na pequena farmácia viva, tendo o cultivo de boldo, alecrim e erva-
cidreira, para o preparo de remédios fitoterápicos.
Os principais problemas de saúde registrados no acampamento são:
hipertensão arterial, gripe, diarréia e febre.

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Quanto ao saneamento básico, a cidade de Santa Tereza do Oeste tem


saneamento básico (distribuição de água) encaminhado pela Companhia de
Saneamento do Paraná – SANEPAR. Porém, a água consumida no P.A. Olga
Benário provém de uma torneira externa em um dos prédios da ANATEL. Esta água
tem origem em um poço artesiano cavado quando da construção das instalações de
telecomunicação.
No P.A. Olga Benário não existe coleta de lixo. O lixo orgânico é usado na
elaboração de adubação verde ou utilizado como ração animal. O lixo inorgânico é
recolhido e, posteriormente, queimado. No entanto, correm-se aí exposições aos
riscos sanitários que estes podem oferecer. Para a destinação dos dejetos, oito das
dez famílias construíram banheiros com fossa (privadas). Ainda, os barracos não
têm rede de esgoto, sendo que este é jogado a céu aberto, embora em alguns tenha
fossa seca.
A ausência de saneamento básico é um elemento preocupante tanto pela
ausência de rede de captação domiciliar, como pela ausência de tratamento e
inexistência de instalações sanitárias adequadas.
As fossas precárias e o lixo produzido no P.A. sem destino adequado tornam
urgente a necessidade de implantação do Projeto de Assentamento para assim criar
condições sanitárias saudáveis.

7.c.6.3. Cultura e Lazer

No caso do P.A. Olga Benário devido ao seu pequeno porte (10 famílias), a
falta de infra-estrutura e a proximidade com outro assentamento, as manifestações
culturais são realizadas em comunhão aos demais camponeses assentados. Esse
retrato das atividades culturais e de lazer apenas registra como exceção, o futebol,
praticado no acampamento, mesmo sem um campo demarcado ou mesmo traves e
outros.

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7.c.6.4. Habitação

Os dez barracos das famílias acampadas estão concentrados próximos da


entrada da fazenda, beirando a estrada de chão que dá acesso a PR-182.
Dentro da área do P.A. não existiam obras de infra-estrutura no momento da
ocupação. As estruturas (antena de rádio e duas edificações) mais próximas
pertencem a ANATEL e ficam fora do P.A.
As famílias acampadas têm acesso restrito a água mediante uma torneira
coletiva situada no meio do acampamento. A água da torneira é puxada mediante
mangueira de uns 200 metros de uma torneira externa de um dos prédios da
ANATEL.
Atualmente todas as famílias moram nos barracos que construíram,
basicamente, com lona preta e madeira, logo depois da ocupação da área, em 26 de
maio de 2003.

Foto 13: Cerca (primeiro plano), painel da ANATEL (segundo plano) e barracos (terceiro plano)

Fonte: COTRARA, 2005

Tabela 14: Número e qualidade das habitações do P.A. Olga Benário


Cobertura Piso
Instalação Instalação Instalação
sanitária hidráulica elétrica
Telha Palha terra madeira cerâmica sem privada sem com sem com
Alvenaria 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00
Madeira 01 01 02 00 00 00 02 02 00 00 02
Lona 08 00 08 00 00 01 07 08 00 00 08
Fonte e Elaboração: COTRARA, 2005

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Foto 14: Um dos barracos do P.A., protegido e ornamentado com coberturas naturais

Fonte: COTRARA, 2005

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7.d. SÍNTESE DAS LIMITAÇÕES, POTENCIALIDADES E CONDICIONANTES

A área proposta à implantação do P.A. Olga Benário pertence à União e


serviu, nos últimos 20 anos, para arrendamento, e nos últimos 10 anos, as terras
eram usadas para pastagens. Fato pouco coerente em vista das demanda de terras
para a reforma agrária e o numero de famílias que vivem em acampamentos. Esta
situação marca a principal potencialidade da área para fins de reforma agrária.
O P.A. Olga Benário é um caso específico entre os assentamentos de
Reforma Agrária, existentes no Paraná, pelo seu reduzido tamanho de apenas 92
hectares. Esse fator faz com que o número de famílias a serem assentadas também
seja pequeno – apenas 10 famílias.
Os elementos (i) tamanho do lote, e (ii) número de famílias pode limitar a
articulação de formas de cooperação em grande numero, porem mesmo este
elemento limitador, pode ser contornado mediante a elaboração de projetos de
cooperação com outros P.A’s próximos, sejam eles no âmbito da capacitação
tecnológica ou, organização da produção (beneficiamento ou comercialização) ou
ainda, nas atividades culturais típicas da vida camponesa.
Ainda, a situação geográfica para um P.A. é privilegiada, pois está próxima à
PR-182 (que une os estados do Sul do País com Mato Grosso) e apenas quatorze
quilômetros da cidade de Cascavel, uma das cidades mais populosas do Paraná.
Isso garante fácil acesso ao escoamento e vendas dos produtos cultivados no P.A.
Como condição fundamental para implantação do PA Olga Benário, elenca-
se: a) averbação da Reserva Legal e demarcação das Áreas de Preservação
Permanente, formando um território próprio à conservação e preservação da
diversidade; b) infra-estruturas de serviços básicos: energia elétrica, estradas,
captação e distribuição d’água; sociais: construção de um salão comunitário para
atividades coletivas diversas; c) Implantar programas capacitação tecnológica para
possibilitar a implantação de sistemas agroecológicos e permitir a produção
sustentável de alimentos, sem a depauperização gradual dos recursos naturais.

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8. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

8.a. OBJETIVOS E DIRETRIZES GERAIS

8.a.1. ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL

Depois dos estudos realizados pela equipe de PDA – COTRARA pode-se


confirmar que o Projeto de Assentamento Olga Benário tem a capacidade de
suportar 10 famílias.
A organização territorial da área deve se dar de forma coesa e prática,
visando, principalmente, maneiras viáveis de implantar e melhorar as condições de
infra-estrutura disponíveis ao uso comum da comunidade.
Além disso, o parcelamento da área criará condições para que sejam
estabelecidos serviços básicos, como malha viária e abastecimento de água.

8.a.2. SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS

O processo de conquista da cidadania no campo, para ser continuado e


sólido, tem de se transformar em sinônimo de aumento no nível de vida e de avanço
continuado no desenvolvimento dos recursos sociais básicos.
O desejo da comunidade do P.A. Olga Benário em relação aos serviços
sociais básicos (saúde e saneamento, educação, lazer e cultura e infra-estruturas
básicas) é que estes sejam realmente instrumentos válidos para a conquista da
cidadania.

8.a.3. SISTEMA PRODUTIVO

Os acampados devem levar em consideração que o uso da agricultura é uma


atividade de maior risco e requer uma certa especialização por parte dos
agricultores, o acampado deve considerar alguns parâmetros para fazer uso da
agricultura, tais como:

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a. Solos favoráveis para a produção de grãos, em áreas de clima propício;


b. Infra-estrutura mínima para a produção de grãos (máquinas, equipamentos
e instalações);
c. Acesso facilitado para a entrada de insumos e a saída de produtos;
d. Recursos financeiros para os investimentos na produção;
e. Domínio da tecnologia requerida para a produção;
f. Assistência técnica;
g. Possibilidade de arrendamento da terra ou de parceria com produtores
tradicionais de grãos.

O objetivo do Sistema Produtivo proposto para o P.A. Olga Benário é fazer a


integração entre a agricultura e a pecuária, apresentando as seguintes vantagens:

a. recuperação mais eficiente da fertilidade do solo - como as culturas anuais


são mais exigentes em fertilidade do solo, uma atenção maior a esse aspecto é
certamente dada;
b. facilidade de aplicação de práticas de conservação de solo - esta é uma
prática corriqueira entre os agricultores, os quais também possuem
equipamentos apropriados;
c. recuperação com custos mais baixos - o lucro obtido com a cultura amortiza
os gastos da recuperação;
d. facilidade na renovação da pastagem - em geral no plantio de culturas anuais
o preparo do solo é mais intensivo, com o uso de herbicidas, proporcionando
uma redução no potencial de sementes no solo, possibilitando a troca de espécie
forrageira, principalmente as braquiárias;
e. melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo - com a
rotação lavoura-pastagem, evitando-se a monocultura, eliminam-se camadas
compactadas, bem como incorporam-se resíduos animais (esterco), raízes e
palhada de grãos e forrageira, estimulando-se a vida do solo pelo incremento de
material orgânico;
f. controle de pragas, doenças e invasoras - pela quebra do ciclo de pragas e
doenças;
g. aproveitamento de adubo residual - parte do adubo fertilizante aplicado à
cultura permanece no solo, sendo depois aproveitado pela pastagem;

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h. maior eficiência na utilização de máquinas, equipamentos os quais terão uma


otimização do uso por maior período de tempo no ano;
i. diversificação do sistema produtivo - possibilita a diversificação de pastagens;
j. aumento da produtividade na agropecuário, tornando-o sustentável em
termos econômicos e agroecológicos.

8.a.4. MEIO AMBIENTE

A situação ambiental do P.A. Olga Benário é, em termos, fácil de ser resolvida


quanto à conservação e preservação ambiental. Como área integrante do Corredor
Ecológico, mantém área considerável de mata nativa conservada, podendo cumprir
com suas obrigações legais de averbação de 20% da área de Reserva Legal,
contribuindo com faixa significativa de remanescente florestal. Isto é importante para
a conservação da biodiversidade local e regional.
Este programa tem por objetivo o manejo sustentável e adequado dos
recursos naturais visando o aproveitamento consciente dos recursos disponíveis.

Por objetivos, podem ser traçadas as seguintes metas:

- manutenção do brigo e habitat de espécies animais nos fragmentos


florestais, possibilitando naturalmente a manutenção e melhoria do processo
inerente à cadeia alimentar, contribuindo também para o bio-controle de animais
considerados danosos às atividades produtivas e de animais que possam ameaçar a
integridade física do homem;
- atuar em parceria com outras instituições para recuperação e conservação
dos Corredores de Biodiversidade;
- conservação e melhoria da qualidade da água e suas matas ciliares;
- melhoria da qualidade de vida dos assentados com desenvolvimento
sustentável e participativo com a comunidade, em geral.

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8.a.5. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL E GESTÃO DO PLANO

As dez famílias assentadas no P.A. Olga Benário fazem parte do Movimento


dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, e seguem os princípios básicos que
regem esta organização social de massas.
Por esse motivo, tanto as relações econômicas como sociais e políticas têm
como atores principais a família-comunidade (entendida esta como o conjunto de
famílias a serem assentadas).

8.a.6. ASSITÊNCIA TÉCNICA DO ACOMPANHAMENTO À IMPLANTAÇÃO DO


PLANO

Na implantação e desenvolvimento do PDA, a Equipe de Assessoria Técnica


(ATES) deve estar pronta e capacitada para a elaboração dos projetos de
investimento – PRONAF A, no valor de R$16.500,00, e outros possíveis,
considerando as linhas de produção indicadas no PDA.
Esta Equipe deve acompanhar também as obras, como a perfuração do poço
artesiano e a implantação das redes de distribuição de água e energia elétrica,
estradas que serão construídas e outras que futuramente vierem a acontecer e que
não foram apontados no plano.
No P.A. Olga Benário, houve uma ampla e qualificada discussão, inclusive
com a presença da Equipe PDA – COTRARA, com implantação de metodologia
participativa com todas as famílias do P.A., sobre as linhas de produção e
investimentos e, também, em outras áreas como a social e ambiental.

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8.b. PROGRAMAS

8.b.1. ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL

As famílias deste P.A. têm convicção sobre a continuidade de seus esforços


no resgate na cultura camponesa e da unidade comunitária, fundamental desde o
processo de luta pela terra, bem como no momento atual, em um período de luta na
terra, marcado pelo estabelecimento concreto das famílias no P.A.
Desta forma, para proporcionar algumas condições de infra-estruturas que
contribuam neste aspecto, será destinada uma parcela da área para a instalação de
benfeitorias comunitárias, como: salões para atividades diversas; atividades
produtivas e experimentação tecnológica, dentre outras iniciativas.

8.b.1.1. Malha Viária Interna

O P.A. Olga Benário conta atualmente com 515,67 metros de estradas já


construídas, que percorrem a divisa norte-nordeste do P.A. Estas vias necessitam
de serviços de melhoria como, por exemplo, o cascalhamento.
Ainda, há necessidade da construção mais 990,12 metros de estradas que
facilitarão o acesso aos lotes do P.A. possibilitando, desta forma, agilidade no
escoamento da safra e no transporte de estudantes. Este serviço tem um custo
estimado em R$ 8.000,00 por quilômetro construído.
Um fato que deve ser considerado no momento de planejar as estradas é o
grau do impacto ambiental que estas poderão causar. Parte da estrada que inicia na
Área Comunitária e segue em direção ao canto sudeste da propriedade já está
marcada pelo uso no dia-a-dia. Há, também, uma porção de estrada já existente e
que corta a área de Reserva Legal. Neste caso, devem ser incluídas no
planejamento e execução medidas de redução dos impactos antrópicos nessa
porção de mata, evitando que se dê o aumento dos efeitos de borda que estas
benfeitorias causam aos fragmentos e a fauna local, dentre outras conseqüências.

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Caixas de contenção, “bigodes”, valas ou lombadas como redutores de


velocidade, são exemplos de medidas que devem constar nos projetos de abertura
e/ou recuperação das estradas do P.A.

Metas
1. Implantação e recuperação da malha viária interna no P.A.:
a. Recuperação de 515,67 metros de estradas já construídas;
b. Construção de 990,12 metros de estradas;

Resultados Esperados
1. Garantir deslocamento adequado das pessoas e o escoamento da
produção.

8.b.1.2. Abastecimento de Água

Devido a pouca existência de corpos d’água, haverá a necessidade de levar o


abastecimento de água para todas as casas.
Deverá ser construído um poço artesiano com a finalidade de garantir o
abastecimento de água a todas as famílias ali assentadas, uma vez que estas
utilizam água de uma propriedade particular. Este serviço tem um custo estimado em
R$ 20.000,00. O valor pode oscilar de acordo com o material usado, distância e
diâmetro da tubulação, entre outros critérios.
A rede de distribuição da água deve constar como parte da obras de
saneamento e, assim, ser financiada com recursos próprios para esse fim.

Metas
1. Implantação de infra-estruturas para abastecimento de água:
a. Obtenção da Outorga de Uso da Água pelo empreendedor;
b. Perfuração um poço semi-artesiano, junto ao Centro Comunitário;
c. Instalação de um depósito, com capacidade de 20 mil litros;
d. Instalação de rede de distribuição de água para que cheguem às
famílias assentadas.

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Resultados Esperados
1. Garantir adequada oferta de saneamento básico a população assentada;
2. Evitar contaminação e proliferação de doenças.

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8.b.2. PROGRAMA SOCIAL – SERVIÇOS BÁSICOS

8.b.2.1. Educação

Um dos elementos que devem ser destacados no caso do P.A. Olga Benário
é a ausência do analfabetismo, entre os indivíduos maiores de 6 anos. Cabe ainda
destacar que é o reduzido o grupo de estudantes (apenas seis jovens).
A comunidade, como um todo, considera positivamente o serviço de
educação pública que recebem no município de Santa Tereza do Oeste, tanto no
que se refere ao nível escolar como ao transporte.

8.b.2.2. Saúde e Saneamento

O atendimento a saúde das famílias que fazem parte do P.A. Olga Benário é
realizado no município de Santa Tereza do Oeste, e este é classificado como um
serviço satisfatório.
Há necessidade de preservar e ampliar as farmácias-vivas já existentes na
área, bem como prover instalações adequadas à manipulação dos fitoterápicos.
Junto às moradias devem ser construídas fossas sépticas, que possibilitem o
destino adequado para o esgoto doméstico, evitando possíveis problemas futuros no
Assentamento.
Faz-se necessária a coleta regular dos materiais recicláveis. Este serviço de
coleta de lixo ou recicláveis é uma atribuição do Poder Público Municipal.

Metas
1. Instalação de uma sala de manipulação de fitoterápicos, provido de
instalações hidráulicas e arquitetura adequada para este fim;

Resultados Esperados
1. Garantir que os Poderes Públicos Municipal e Estadual provejam com
assistência médica e odontológica toda população assentada no P.A. Olga Benário;

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2. Contribuir para a continuidade do resgate dos conhecimentos populares, no


que se refere às plantas medicinais, promovendo assim, a auto-sustentação e a
saúde preventiva no P.A.

8.b.2.3. Cultura, Lazer e Esporte

A instalação de infra-estrutura no Centro Comunitário, assim como a própria


demarcação da área comunitária, contribuirá para a multiplicação das atividades
culturais, podendo abranger, além da comunidade como um todo, grupos
específicos de mulheres e jovens.
Atualmente existe um campo de futebol que, depois da divisão dos lotes, será
trasladado para dentro da área comunitária do P.A. Olga Benário.

Metas
1. Construção de um salão comunitário de grandes proporções, com objetivo
de atender atividades diversas, como festividades, capacitação técnica, atividades
educação não-formal, em geral;

2. Instalação do campo de futebol, com as estruturas mínimas necessárias.

Resultados Esperados
1. Prover de infra-estrutura o Centro Comunitário do P.A. a fim de proporcionar
melhores condições para realização das manifestações culturais, de forma completa.

8.b.2.4. Habitação

Os recursos e aquisição de créditos para habitação devem ser fruto de


discussão entre a organização das famílias e a equipe de assessoria técnica do
P.A., assim que o Plano de Desenvolvimento do Assentamento (PDA) seja aprovado
pelo INCRA.

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É previsto para o Programa Habitacional a disponibilização de recursos de


fundo perdido, por meio do INCRA, que atualmente é de R$ 7.000,00. Este benefício
será destinado a cada uma das dez famílias do P.A.

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8.b.3. PROGRAMA PRODUTIVO

A importância da definição das linhas de produção se equivale ao


aperfeiçoamento das estratégias experimentadas pelas famílias, a fim de agregar
valer aos alimentos, buscando aumento da estabilidade econômica.
A experiência vivida pelas famílias do P.A. Olga Benário está baseada na
diminuição da dependência de financiamento e custeios constantes, na produção de
alimentos que proporcionam diminuição dos gastos com supermercados e na
conversão à agroecologia, o que leva, entre outros benefícios, ao aumento da
sanidade e equilíbrio do agro ecossistema.

8.b.3.1. Determinação do tamanho das parcelas familiares a serem


implantadas no P.A.

Com base nos resultados referentes à capacidade de uso da terra, e tendo


como referência os números presentes nos custos e rentabilidades da produção
desta região e, ainda, buscando sempre partir dos conhecimentos e saberes detidos
pelas famílias, ou seja, considerando as culturas e tecnologias usadas, ou mais
aptas à agricultura camponesa, foi determinado o tamanho das parcelas familiares a
serem implantadas no P.A. Olga Benário.
Utilizaram-se as culturas mais aceitas pela comunidade, ou seja, aquelas que
a comunidade já demonstra grau de domínio. Dentre essas, selecionam-se alguns
sistemas conjuntos que podem resultar em um sistema harmonioso, com agregação
de valor nos diversos produtos, como soja e milho destinados à alimentação animal,
cujo valor do leite e da carne se justifique.
A simulação representativa obedece à razão da menor renda pelo sistema
adequado, ou seja, entre as atividades mais adequadas para a realidade de escala e
da região. Uma família pode, ao constituir o seu sistema, introduzir diferentes
tecnologias, proporcionando entre as culturas alguma forma de agregar valor aos
alimentos produzidos, e isso tende a gerar maior rentabilidade financeira. Ainda,
esta razão segue a lógica de maior segurança na sustentabilidade das famílias
assentadas.

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Como critério de renda mínima esperada, foi admitido a referência utilizada


pelo INCRA – PR, baseado na renda líquida de três a quatros salários mínimos por
mês.
Em todos os sistemas simulados, foi destinada área mínima para produção de
alimentos para auto-consumo, cuja referência foi determinada a partir da existência
de área similar na região de estudo. Desta forma, não se trataria de propor
alimentação ou sistemas diferentes para a população, nem tão pouco para aptidão
edafo-climática.
A simulação aqui apresentada é em referencia aos dados regionais e os
preços forma levados em consideração o preço pago ao agricultor.

Simulação de sistemas camponeses de produção na unidade de paisagem


presente no P.A. Olga Benário

SISTEMA CONVENCIONAL
RENDA
PRODUTO PRODUTIVIDADE/ha CUSTO PREÇO RENDA
BRUTA
AMENDOIM 84 sc 1.554,93 53,00 4.452,00 2.897,07
ARROZ 37 sc 1.346,28 20,83 770,71 - 575,57
FEIJÃO 29 sc 1.309,03 82,00 2.378,00 1.068,97
MAND. IND. 22 t / ha 1.203,78 80,50 1.771,00 567,22
MAND. MESA 11 t = 550 cx 2.407,56 11,00 6.050,00 3.642,44
MILHO 87 sc 1.123,65 14,00 913,5 94,35
FRANGO 2.100 kg/lote 3.577,00 2,85 5.985,00 2.408,00
SOJA 51 sc 908,41 23,50 1.198,50 290,00
TRIGO 29 sc 881,48 19,39 562.31 - 319,17
LEITE 20.000 L 4.905,00 0,37 7.400,00 2.495,00
Elaboração: COTRARA, 2006

SISTEMA AGROECOLOGICO
RENDA
PRODUTO PRODUTIVIDADE/ha CUSTO PREÇO RENDA
BRUTA
AMENDOIM 84 sc 795,81 53,00 4.452,00 3.656,19
FEIJÃO 29 sc 914,21 82,00 2.378,00 1.463,79
MAND. IND. 22 t / ha 1.045,28 80,50 1.771,00 725,72
MAND. MESA 11 t = 550 cx 2.090,56 11,00 6.050,00 3.959,44
MILHO 87 sc 975,00 14,00 1.218,00 243,00
SOJA 51 sc 775,39 23,50 1.198,50 423,11
Elaboração: COTRARA, 2006

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Tabela 15: Comparativo entre os sistemas convencional e agroecológico


PRODUTO R$ CONVENCIONAL R$ AGROECOLÓGICO
AMENDOIM 2.897,07 3.656,19
FEIJÃO 1.068,97 1.463,79
MAND. IND 567,22 725,72
MAND. MESA 3.642,44 3.959,44
MILHO 94,35 243,00
FRANGO 2.408,00 2.408,00
SOJA 290,00 423,11
LEITE 2.495,00
Elaboração: COTRARA, 2006

Seguem os sistemas de produção que podem ser aplicados na produção


agropecuária das famílias do P.A. Olga Benário.

Tabela 16: SISTEMA 1 – auto-consumo + leite + mandioca de mesa + feijão – Convencional e


Agroecológico
PRODUTO Área (ha) CONVENCIONAL AGROECOLOGICO
AUTO CONSUMO 1,5 1.645,98 1.645,98
LEITE 2,0 4.990,00 4.990,00
MAND. MESA 1,0 3.642,44 3.959,44
FEIJAO 1,0 1.463,79 1.463,79
TOTAL 5,5 11.742,21 12.059,21
Elaboração: COTRARA, 2006

Tabela 17: SISTEMA 2 – auto-consumo + leite + frango – Convencional e Agroecológico


PRODUTO Área (ha) CONVENCIONAL AGROECOLOGICO
AUTO CONSUMO 1,5 1.645,98 1.645,98
LEITE 2,0 4.990,00 4.990,00
FRANGO 2,0 4.816,00 4.816,00
TOTAL 5,5 11.451,98 11.451,98
Elaboração: COTRARA, 2006

Tabela 18: SISTEMA 3 – auto-consumo + leite + frango – Convencional e Agroecológico


PRODUTO Área (ha) CONVENCIONAL AGROECOLOGICO
AUTO CONSUMO 1,5 1.645,98 1.645,98
LEITE 2,0 4.990,00 4.990,00
MAND. IND 1,0 567,22 725,72
AMENDOIM 1,0 2.897,07 3.656,19
TOTAL 5,5 10.100,27 11.017,89
Elaboração: COTRARA, 2006

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Tabela 19: SISTEMA 4 – auto-consumo + leite + amendoim + soja – Convencional e Agroecológico


PRODUTO Área (ha) CONVENCIONAL AGROECOLOGICO
AUTO CONSUMO 1,5 1.645,98 1.645,98
LEITE 2,0 4.990,00 4.990,00
AMENDOIM 1,0 2.897,07 3.656,19
SOJA 1,0 290,00 423,11
TOTAL 5,5 9.793,05 10.715,28
Elaboração: COTRARA, 2006

Tabela 20: SISTEMA 5 – auto-consumo + frango + amendoim + feijão – Convencional e


Agroecológico
PRODUTO Área (ha) CONVENCIONAL AGROECOLOGICO
AUTO CONSUMO 1,5 1.645,98 1.645,98
FRANGO 2,0 4.816,00 4.816,00
AMENDOIM 1,0 2.897,07 3.656,19
FEIJAO 1,0 640,93 1.463,79
TOTAL 5,5 9.999,98 11.581,96
Elaboração: COTRARA, 2006

Seguem em anexo, ao final do documento, as tabelas referentes às


simulações de custos de produção para a região do P.A. Olga Benário.

8.b.3.2. Produção de alimentos para auto-consumo

Em pesquisa realizada a acampo, na mesma região do P.A. Olga Benário,


constatou-se a existência de sistemas camponeses com elevada diversidade de
alimentos produzidos, sendo a área necessária para essa produção relativamente
pequena.
A integração entre as diversas espécies, neste sistema, é intensa,
caracterizando-se como um enorme consórcio. O manejo exige habilidade,
principalmente quanto à época de plantio, que se estende durante todo ano, e na
produção de sementes, em detrimento da força física.
Há reaproveitamento de palhas, cascas, podas, e de alimentos da cozinha. O
aproveitamento de espaço é impressionante e o sistema funciona em alta sinergia.
As variedades e quantidades de alimentos proporcionam alimentação
saudável para a família, atingindo uma meta fundamental da reforma agrária, que é
a melhoria da qualidade de vida da população brasileira sem terra. Os custos com
supermercados são restringidos ao máximo, o que eleva a economia dos recursos
que entram.
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8.b.3.3. Milho

Clima
O milho responde a interação de todos os fatores climáticos, considera-se a
radiação solar, a precipitação e a temperatura são os de maior influência, pois atuam
eficientemente nas atividades fisiológicas interferindo diretamente na produção de
grãos e de matéria seca.

Manejo do Solo
Devido às condições climáticas, com inverno mais frio e melhor distribuição
de chuva, é possível manter, com maior facilidade, uma cobertura adequada do solo
com palha durante todo ano. o sistema de rotação de culturas é de fundamental
importância como mecanismo para aumentar a taxa de cobertura do solo. O sistema
mais usado é soja-milho, em que a soja fornece menor quantidade de resíduos de
rápida decomposição, ao passo que os restos culturais do milho são em maior
quantidade e de maior persistência como cobertura.

Produção de Sementes
Para produzir a semente própria de milho variedade é necessário manter a
variedade pura. Na hora de plantar o milho variedade, devemos nos certificar de
que, durante a sua floração não ocorra o cruzamento do pólen de outras cultivares
próximas. Isso se consegue através da seguinte maneira: No momento da colheita,
escolher para a produção de semente é desejável que, se proceda a uma seleção
das melhores fileiras ou, se proceda a uma seleção das melhores fileiras ou, se
possível, das plantas com as melhores espigas. Assim, maiores serão as chances
de obter plantas com características parecidas.

Variedade
Recomenda-se a variedade crioula Caiano.

Plantio
Recomendamos o plantio do milho de sequeiro em solos de textura media
argilosa entre período do primeiro decêndio de setembro ao primeiro decêndio de
novembro, ou seja, época de menor déficit hídrico. O plantio do milho safrinha

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deverá se realizado no período entre o primeiro e o terceiro decêndio de janeiro. No


plantio a adubação de base deve ser realizada com semeadora de tração mecânica.
O plantio deve ser manual ou mecânico. O espaçamento recomendado é de 80 a 90
cm entre linhas e as covas devem ter 40 a 50 cm deixando duas a três sementes por
covas.

Tecnologia de Colheita e Pós-colheita


A colheita deverá ser manual ou mecanizada. Na colheita manual, promove
menos danos à espiga, bem como a debulha manual. Estima-se em 1,0 a 1,5% o
total de perdas promovidas pela colheita manual. Entretanto, o rendimento da
colheita é muito baixo, requerendo muita mão de obra e aumentando os custos. É a
mais apropriada para o P. A por apresentar terrenos muito declivosos. Na colheita
mecanizada, a regulagem adequada das máquinas é importante para se reduzir às
perdas quantitativas e qualitativas, ou seja, perda de grãos ou de massa de grãos,
propriamente dita, e redução da qualidade por trincamento e quebra do grão, além
da ocorrência de doenças. As perdas devido à colheita mecanizada são da ordem
de 8 a 10%.
O armazenamento deverá ser feito em espigas que é um método mais
indicado no P.A., possui um baixo investimento tecnológico, o que requer muita
atenção durante o período de armazenamento, devido às maiores perdas inerentes
ao sistema. O bom empalhamento das espigas favorece a boa conservação,
desfavorecendo o ataque de pragas. As características gerais para estruturas para o
armazenamento de espigas são baixo custo e durabilidade (aproveitando materiais
da propriedade), possuir barreiras contra a penetração de ratos, mas que permita
bom arejamento, facilidade para o controle de pragas e para o manejo da carga. É
apropriado para a alimentação de animais na propriedade (grãos para suínos e
aves, e sabugo e palha triturados para bovinos), ou mesmo, para estocagem
seguida de comercialização. Permite ao acampado colher o milho com umidade
elevada (18%), ocorrendo continuação da secagem natural já no paiol. Em caso de
colheita das espigas com umidade inferior a 16%, são mínimos os problemas com
fungos, desde que o paiol possua boa ventilação. Pode ser feito em paióis abertos
(espigas com palha), paiol fechado (espigas sem palha) ou em armazéns.

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8.b.3.4. Soja

Clima
A temperatura média adequada para semeadura da soja, vai de 20oC a 30oC,
sendo 25oC a ideal para uma emergência rápida e uniforme. Semeadura em solo
com temperatura média inferior a 18oC pode resultar em drástica redução nos
índices de germinação e de emergência, além de tornar mais lento esse processo.
Isso pode ocorrer em semeaduras anteriores à época indicada em cada região.

Tecnologia de Semente
As sementes deverão ser tratadas com fungicidas oferece garantia de melhor
estabelecimento da população de plantas por controlar patógenos importantes
transmitidos pelas sementes, diminuindo a chance de sua introdução em áreas
indenes.
Os fungicidas devem ser de contato e sistêmicos, indicados para o tratamento
de sementes de soja.
O tratamento das sementes deve ser feito com máquinas específicas de tratar
sementes, desde que essas disponham de tanques separados para os produtos,
uma vez que foi proibida a mistura de agrotóxicos em tanque (Instrução Normativa
46/2002, de 24 de julho de 2002, que revoga a Portaria SDA Nº 67 de 30 de maio de
1995).
Recomenda-se que seja utilizado o tambor giratório, com eixo excêntrico, ou a
betoneira, o tratamento poderá ser efetuado tanto via seca (fungicidas e micro-
nutrientes em pó) ou via úmida (fungicidas e micro-nutrientes líquidos ou a
combinação de uma formulação líquida com outra formulação pó, porém aplicados
de forma seqüencial, evitando a mistura em tanque).

Cultivares

BRS Torena: é uma cultivar de soja convencional de crescimento


determinado, com alta produtividade, excelente tipo agronômico e resistência ao
acamamento. É resistente à pústula bacteriana, podridão parda da haste, vírus do
mosaico comum da soja, cancro da haste e mancha “olho-de-rã”. A cor da flor é

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roxa, da pubescência é cinza e do hilo é marrom claro. Épocas de semeadura: de 11


de outubro a 20 de dezembro.

BRS Sinuelo: é uma cultivar de soja convencional de crescimento


determinado, com bom potencial de rendimento, bom desenvolvimento de plantas e
boa resistência ao acamamento. É resistente à pústula bacteriana, podridão
radicular de fitóftora, oídio, vírus do mosaico comum da soja, podridão parda da
haste, cancro da haste e mancha “olho-de-rã”. A cor da flor é branca, da
pubescência e do hilo é marrom. Apresenta amplo período de plantio com adaptação
de semeadura antecipada ou tardia. Épocas de semeadura: de 11 de outubro a 20
de dezembro.

BRS Tebana: é uma cultivar de soja convencional de crescimento


determinado, com bom potencial de rendimento e boa resistência ao acamamento. É
resistente à pústula bacteriana, podridão radicular de fitóftora, podridão parda da
haste, cancro da haste, vírus do mosaico comum da soja e mancha “olho-de-rã”. A
cor da flor é branca, da pubescência é cinza e do hilo é marrom claro. Épocas de
semeadura: de 11 de outubro a 20 de dezembro.

Época da Semeadura
A época de semeadura é um dos fatores que mais influenciam o rendimento
da soja. Como essa é uma espécie termo e fotossensível, está sujeita a alterações
fisiológicas e morfológicas, quando as suas exigências, nesse sentido, não são
satisfeitas. A época de semeadura determina a exposição da soja à variação dos
fatores climáticos limitantes. Assim, semeaduras em épocas inadequadas podem
afetar o porte, o ciclo e o rendimento das plantas e aumentar as perdas na colheita.
Essas características das plantas estão, também, relacionadas com a população de
plantas, com a cultivar utilizada e com a fertilidade do solo.
No P.A. Olga Benário, a época de semeadura indicada, para a maioria das
cultivares, estende-se do primeiro decêndio de novembro até o terceiro decênio de
dezembro. Os melhores resultados, para rendimento e altura de plantas, na maioria
dos anos e para a maioria dos cultivares, são obtidos nas semeaduras realizadas de
final de outubro a final de novembro. De modo geral, as semeaduras da segunda
quinzena de outubro apresentam menor porte e maior rendimento do que as da

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primeira quinzena de dezembro. No entanto, em algumas áreas, é possível a


obtenção de plantas de porte adequado e alto rendimento em semeaduras na
primeira quinzena de outubro, como descrito na seqüência.
Efetuar a semeadura a uma profundidade de 3 a 5 cm. Semeaduras em
profundidades maiores dificultam a emergência, principalmente em solos arenosos,
sujeitos a assoreamento, ou onde ocorre compactação superficial do solo.
O adubo deve ser distribuído ao lado e abaixo da semente, pois o contato
direto prejudica a absorção da água pela semente, podendo até matar a plântula em
crescimento, principalmente em caso de dose alta de cloreto de potássio no sulco
(acima de 80 kg de KCl/ha).

Tecnologia de Colheita
A colheita deve ser iniciada quando a soja atingir o estádio R8 (ponto de
colheita).
Devem ser observados alguns cuidados na colheita mecânica, relativos à
velocidade adequada de operação e pequenos ajustes e regulagens desses
mecanismos de corte e recolhimento, além dos mecanismos de trilha, separação e
limpeza.

8.b.3.5. Cultivo do Feijão

Clima
O feijão é uma cultura agrícola adaptado aos climas com temperatura
variando entre 10° e 27° C, sendo ótima a faixa entre 18° e 24° C. Intolerante ao frio
intenso ou a geadas (poucos freqüentes no município). Abaixo de 10° C a
germinação, prejudicada; acima de 35° C ocorre deficiência na polinização. Os
ventos, durante a floração, prejudicam a polinização ou promovem a queda de flores
por desidratação. O P.A. Olga Benário localizado no município de Santa Tereza do
Oeste apresenta condições propicia para o cultivo do feijão tendo uma temperatura
media anuais entre 20º a 21º C.
Não possui déficit hídrico, com índice pluviométrico entre 1.800 mm a 2.000
mm e umidade do ar varia entre 75% a 80%. Os meses de dezembro, janeiro e
fevereiro são os mais chuvosos e o período de junho, julho e agosto são os mais

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secos. O fator geada deve ser considerado como restritivo ao desenvolvimento da


cultura, neste município é pouco freqüente.

Produção de Sementes
Um fator importante para a produção de sementes é a descrição da variedade
que será implantada. Tanto o assentado quanto o técnico que prestará a assistência
técnica deverá ter conhecimento da variedade. Uma semente de qualidade para o
plantio deve ter:

1) pureza genética que irá expressar-se no potencial produtivo, nas suas


características agronômicas, na reação a doenças e pragas, nas características da
semente, entre outras;
2) pureza física determinada pelo grau e tipo de contaminantes presentes no lote;
3) qualidade fisiológica, evidenciada pelo seu potencial em gerar uma nova planta,
perfeita e vigorosa, sob condições favoráveis; e,
4) bom estado fito-sanitário, pois a boa semente não deve veicular patógenos,
capazes de afeta negativamente, a emergência e o vigor das plântulas e constituir o
inoculo primário para o desenvolvimento de epidemias conseqüente redução no
rendimento.

Variedade

IPR Uirapuru: Cultivar do grupo preto, de ampla adaptação, registrada para


cultivo. Apresenta hábito de crescimento indeterminado, porte ereto, guias curtas,
com possibilidade de colheita mecânica. O tempo médio até o florescimento é de 43
dias, o ciclo médio é de 86 dias da emergência a colheita. Apresenta-se como
resistente à ferrugem, oídio e mosaico comum e suscetível à antracnose,
crestamento bacteriano comum, murcha-de-curtobacterium, murcha de Fusarium e
mancha angular. Tem apresentado boa tolerância a déficit hídrico e alta temperatura
ocorridos durante a fase reprodutiva, também se mostrou relativamente eficiente em
condições de baixa disponibilidade de fósforo. A sementes apresentam tegumento
preto, teor médio de proteína de 21% e tempo médio de cozimento de 28 minutos. O
peso médio de mil sementes é de 246 g.

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IPR Juriti: Cultivar do grupo carioca, de alto potencial de rendimento,


registrada para cultivo. Apresenta hábito de crescimento indeterminado, porte ereto,
guias médias a longas, com possibilidade de colheita mecânica. O tempo médio até
o florescimento é de 42 dias, o ciclo médio é de 89 dias da emergência a colheita.
Apresenta-se como resistente à ferrugem, oídio e mosaico comum e
moderadamente resistente ao crestamento bacteriano comum e suscetível à
antracnose. Em avaliações efetuadas no campo tem-se apresentado como
moderadamente tolerante ao déficit hídrico e alta temperatura ocorridos durante a
fase reprodutiva. As sementes apresentam tegumento bege claro com listras marrom
escuras, teor médio de proteínas de 23%, tempo médio de cozimento de 29 minutos
e peso de mil sementes de 257g.

Plantio
De acordo ao zoneamento agrícola de Santa Tereza do Oeste o plantio do
feijão de sequeiro deve ser realizado no período do segundo decêndio de agosto ao
terceiro decêndio de setembro. O plantio do feijão-da-seca deve ser realizado no
segundo decêndio de fevereiro. O plantio deve ser realizado em solos de textura
média argilosa.
No estudo foi admitida uma duração media entre a emergência e a maturação
igual a 90 dias.
A profundidade de semeadura pode variar conforme o tipo de solo. Em geral
recomenda-se de 3 a 4 cm para solos argilosos ou úmidos e de 5 a 6 cm para solos
arenosos.
Recomendamos um espaçamento de a 0,60 entre fileiras e com 15 plantas
por metro, em geral proporcionando um melhore rendimento.

Tecnologia de Colheita e Pós Colheita


A colheita devera ser feita manualmente pelo método do arranquio, e
debulhado por meio de “bateção”. É importante que a semente para ser
comercializada esteja bem limpa e padronizada, principalmente quanto ao tamanho.
Podemos mencionar ainda as seguintes formas de colheitas:
 Colheita manual e debulha mecânica através de máquina debulhadora
estacionária ou acoplada a jipe ou trator;

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 Arranquio e amontoa manual das plantas e debulha mecânica através de


máquina acoplada a trator;
 Corte e amontoa manual das plantas e debulha mecânica através de máquina
acoplada a trator;
 Arranquio e enleiramento manual das plantas e recolhimento e debulha
através de máquina recolhedora;
 Corte e enleiramento manual das plantas e recolhimento e debulha através de
máquina recolhedora;
 Corte e enleiramento mecânicos e debulha através de máquina recolhedora;
 Aplicação de dessecante e colheita e debulha através de colheitadeira.

8.b.3.6. Cultivo do Amendoim

Clima e Solos
Santa Tereza do Oeste possui clima propício à cultura, com calor e umidade
suficientes. Para um bom rendimento e boa qualidade o amendoim requer, durante o
seu desenvolvimento, temperatura constante, um pouco elevada, e suprimento
uniforme de umidade, principalmente no período de frutificação. Na época da
colheita e da secagem é necessário que o tempo esteja seco para evitar a
germinação das sementes.
O solo constitui um fator importante para esta cultura. O amendoim pode ser
cultivado com êxito em quase todos os tipos do solo, desde que férteis. Todavia, o
mais apropriado é o leve, de boa fertilidade, bem drenado, que não encharca com as
chuvas. A terra arenosa é a mais indicada para esta cultura.

Plantio
As sementes devem ser de boa procedência e qualidade comprovadas. Os
cuidados começam com a escolha da variedade e as qualidades intrínsecas e
extrínsecas. Dá-se especial atenção à sua pureza, à sanidade e ao poder
germinativo.
As sementes devem ser descascadas, pois é melhor e mais vantajoso do que
o de vagens inteiras. Há maior regularidade na germinação, bem como possibilidade

PDA Olga Benário............................................................................................................................ 100


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de melhor seleção. Torna possível ainda a realização do indispensável trabalho de


desinfecção com germicidas apropriados antes do plantio.
O plantio do amendoim com alta densidade, geralmente produz boas
colheitas. As linhas são espaçadas 60 cm urna da outra. A semeadura nas linhas
deve ser feita à razão de vinte sarnentos por metro de sulco, a uma profundidade de
5 a 10 cm. O tamanho e o peso das sementes de amendoim variam bastante de ano
para ano devido às condições culturais e climáticas, dependendo ainda da
variedade. De um modo geral, o gasto das sementes, no espaçamento de 0,60 x
0,10 m, atinge uma média de 150kg/ha ou 360kg/alq. Utilizam-se semeadeiras com
chapa apropriada, deixando-se cair vinte sementes por metro linear de sulco. Os
sulcos devem ter 10 cm de profundidade, sendo as sementes cobertas com um
pouco de terra (não além de 5 cm).
Quando os trabalhos da lavoura são executados com tração animal o
riscamento é feito com riscador de madeira que, numa só operação, abre várias
linhas. Na falta dele, pode ser usado um sulcador, onerando, entretanto, a operação.
Empregando-se máquina de tração mecânica, o riscamento é eliminado.
Principia-se o plantio do amendoim das águas com as primeiras chuvas, do
começo de setembro até fins de outubro, sendo obtidas as melhores produções nos
plantios efetuados logo após o início das chuvas.

Colheita e Secagem
A maturação das variedades atualmente cultivadas ocorre três meses após o
plantio, estando à maioria das vagem em ponto de colheita aos noventa ou cem dias
para a variedade tatu; 100 ou 110 dias, para a tatuí, e mais de 120 dias para o roxo.
É importante o ponto de maturação para colheita. Além de maior peso e
melhor secagem, aumentam o teor de óleo, que também é de melhor qualidade. O
inverso, ou seja, a demora no arrancamento, causa elevada perda de vagens no
solo, além da germinação de outra parte, quando há umidade suficiente.
O arrancamento das plantas se faz em dias de sol e pode ser manual
(culturas pequenas, do tipo familiar) ou mecânico (com tração animal, linha por linha
ou por trator). Quando o solo é bem trabalhado e leve, o manual fica facilitado,
perdendo-se poucas vagens na terra. Agarram-se as ramas em feixes,
movimentando-se a touceira de um lado para o outro, com movimentos leves, até
que a parte da planta sob o solo se desprenda, arrancando-se, a seguir, com

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cuidado. Uma enxada facilita o serviço de movimento do solo, além de reduzir o


número de vagens que ficam na terra.
Nas culturas de mais de um alqueire o arrancamento pode ser favorecido com
o emprego de um arado comum, de aiveca, passado junto às fileiras de plantas, ou
melhor, ainda, um facão de ferro, apropriado para tal, de fácil construção. Essa
ferramenta é colocada na armação do arado, após retirar a aiveca e o facão. Com
isto, corta-se a raiz-pivô do amendoim, tornando-se mais fácil e rápida a operação
de arrancamento. Completa-se o trabalho a mão, arrancando-se e sacudindo-se as
plantas para retirar a terra aderente às raízes e às vagens. A seguir, as plantas são
reunidas e postas a secar, geralmente em linhas, na própria cultura. É a secagem
comum, ao sol.
Na secagem comum as plantas são dispostas em fileiras, com as vagens
voltadas para cima. Em contato com os raios solares as vagens secam
convenientemente em poucos dias, desde que não chova.

8.b.3.7. Cultura da mandioca

O plantio da mandioca é realizado com manivas ou manivas-sementes,


também denominadas manaíba ou toletes ou rebolos, que são partes das hastes ou
ramas do terço médio da planta, com mais ou menos 20 cm de comprimento e com
5 a 7 gemas. Devido a multiplicação vegetativa a seleção das ramas e o preparo das
manivas são pontos importantes para o sucesso da plantação.
A seleção e preparo do material de plantio são determinantes para um ótimo
desenvolvimento da cultura da mandioca, resultando em aumento de produção com
pequenos custos. Nesta fase alguns aspectos de ordem fito-sanitária e agronômica
devem ser considerados. Dentro do aspecto fito-sanitário vale ressaltar que o
material de plantio deve estar sadio, ou seja, livre de pragas e doenças,
considerando que a disseminação de patógenos é maior nas culturas propagadas
vegetativamente do que nas espécies propagadas por meio de sementes sexuais.
Sendo necessário, entretanto, inspeção constante da área com o plantio de onde
serão retiradas as ramas para avaliar sua sanidade. Devendo ser evitados
mandiocais com alta ocorrência de bacteriose, broca da haste, ácaros, percevejo de
renda, ou que sofreram granizos ou geadas.

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Outros aspectos a serem observados são os agronômicos, que apesar de


simples resultam em aumento de produção do mandiocal, e às vezes, sem
acréscimo ao custo de produção:

a) Escolha da cultivar: A escolha da cultivar deverá ser realizada de acordo com o


objetivo da exploração, se para alimentação humana in natura, uso industrial ou
forrageiro, e a que melhor se adapte às condições da região. É sempre indicado o
plantio de uma só cultivar numa mesma área, evitando-se a mistura de cultivares.
Necessitando-se usar mais de uma cultivar, o plantio deverá ser feito em quadras
separadas.

b) Seleção de ramas: As ramas devem ser maduras, provenientes de plantas com


10 a 14 meses de idade, e do terço médio da planta, eliminando-se a parte herbácea
superior, que possui poucas reservas, e a parte de baixo, muito lenhosa e com
gemas geralmente inviáveis ou "cegas". É importante verificar o teor de umidade da
rama, o que pode ser comprovado se ocorrer o fluxo de látex imediatamente após o
corte.

c) Conservação de ramas: A falta de coincidência entre a colheita da mandioca e


os novos plantios tem sido um dos problemas na preservação de cultivares, a nível
de produtor, e muitas vezes resulta na perda de material de alto valor agronômico.
Quando as ramas não vão ser utilizadas para novos plantios imediatamente após a
colheita, elas devem ser conservadas por algum tempo para não reduzir ou perder a
viabilidade. Recomenda-se que a conservação ocorra o mais próximo possível da
área a ser plantada, em local fresco, com umidade moderada, sombreado, portanto
protegidas dos raios solares diretos e de ventos frios e quentes. O período de
conservação deve ser o menor possível, podendo as ramas, serem dispostas
vertical ou horizontalmente. Na posição vertical, as ramas são preparadas cortando-
se as ramificações e a maniva-mãe, tendo a suas bases enterradas, cerca de 5 cm,
em solo previamente afofado e molhado durante o período do armazenamento.
Quando armazenadas na posição horizontal, as ramas devem conservar a cepa ou
maniva-mãe e serem empilhadas e cobertas com capim seco ou outro material. O
armazenamento também pode ser feito em silos tipo trincheira ou em leirões, em
regiões onde ocorrem geadas, para proteger as manivas das baixas temperaturas.

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Vale ressaltar que deverá ser reservada uma área, com cerca de 20% do mandiocal,
como campo de multiplicação de maniva-semente, para a instalação de novos
plantios, exceto em áreas com riscos de geadas.

d) Seleção e preparo das manivas: As manivas-semente devem ter 20 cm de


comprimento, com pelo menos 5 a 7 gemas, e diâmetro em torno de 2,5 cm, com a
medula ocupando 50% ou menos. As manivas podem ser cortadas com auxílio de
um facão ou utilizando uma serra circular em motores estacionários, ou mesmo as
existentes em máquinas plantadeiras, de modo que o corte forme um ângulo reto, no
qual a distribuição das raízes é mais uniforme do que no corte em bisel. No caso da
utilização de facão, o corte é realizado segurando a rama com uma mão dando-lhe
um golpe com o facão de um lado, gira a rama 180 graus, e dá outro golpe no outro
lado da rama cortando a maniva; evitando, assim, apoiar a rama em qualquer
superfície, para não esmagar as gemas das manivas.

e) Quantidade de manivas: A quantidade de manivas para o plantio de um hectare


é de 4 m³ a 6 m³, sendo que um hectare da cultura, com 12 meses de ciclo, produz
hastes para o plantio de 4 a 5 hectares. Um metro cúbico de hastes pesa
aproximadamente 150 kg e pode fornecer cerca de 2.500 a 3.000 manivas com 20
cm de comprimento.

Época de plantio
No P.A., recomenda-se é plantar-se a mandioca no início da estação
chuvosa, a qual coincide com o reinício ou o prosseguimento de um período quente.
É que nessas condições, reúnem-se as duas condições essenciais de natureza
climática - umidade e calor - para brotação e o enraizamento das estacas plantadas,
ponto de partida para o estabelecimento da cultura.

Espaçamento e plantio
Recomenda-se os espaçamentos de 1,00 x 0,50 m e 1,00 x 0,60 m, em
fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x 0,60 m, em fileiras duplas. Em solos mais férteis
deve-se aumentar a distância entre fileiras simples para 1,20 m.
Se o mandiocal for capinado com equipamento mecanizado, deve-se adotar
espaçamento mais largo entre as linhas, para facilitar a circulação das máquinas;

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nesse caso, a distância entre fileiras duplas deve ser de 2,00 m, no caso do uso de
tratores pequenos, ou de 3,00 m, para uso de tratores maiores.
O espaçamento em fileiras duplas oferece as seguintes vantagens: a)
aumenta a produtividade; b) facilita a mecanização; c) facilita a consorciação; d)
reduz o consumo de manivas e de adubos; e) permite a rotação de culturas na
mesma área, pela alternância das fileiras; f) reduz a pressão de cultivo sobre o solo;
e g) facilita a inspeção fito-sanitária e a aplicação de defensivos.
Quanto ao plantio da mandioca, geralmente, é uma operação manual, sendo
em solos não sujeitos a encharcamento pode ser feito em covas preparadas com
enxada ou em sulcos construídos com enxada, sulcador a tração animal ou moto-
mecanizados. Tanto as covas como os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm
de profundidade.
Quanto à posição de colocação das manivas-semente, estacas ou rebolos no
plantio, a mais indicada é a horizontal, porque facilita a colheita das raízes,
colocando-se as manivas no fundo das covas ou dos sulcos.

8.b.3.8. Bovinocultura de leite

Recomenda-se a técnica do Pastoreio Racional Voisin (PRV), onde, procura-


se manter um equilíbrio do trinômio solo-capim-gado, sem beneficiar um em
detrimento de outro. Isto é obtido, quando se consegue que o gado colha o capim
sempre próximo do seu ponto ideal de desenvolvimento. Sendo que, para atender a
este preceito, é necessário que o gado seja muito bem conduzido no seu "encontro
com o pasto". O gado só deve entrar em um piquete quando este completar um
período de “repouso”, suficiente para o capim atingir o seu ponto ótimo de
desenvolvimento, passado pelo período de crescimento mais acelerado e ter
acumulado reservas nas raízes, que permitam um vigoroso início de rebrote. Por
outro lado, a permanência do gado num piquete não deve ultrapassar 3 dias, sendo
o ideal a permanência de apenas 1 dia. Para tornar possível o atendimento destas
regras, a pastagem deve ser dividida em um número adequado de piquetes, sendo o
mínimo de 20. Quanto maior for o número de divisões, mais liberdade de ação terá o
condutor do manejo. Cinqüenta piquetes têm sido considerados um número ideal
para um módulo autônomo de Pastoreio Racional.

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A princípio, a adoção do Sistema de Pastoreio Racional Voisin, permite


alcançar, entre outras, as seguintes vantagens, em comparação ao tradicional
sistema de pastoreio contínuo:

- Aumento da produtividade da pastagem;


- Melhoria da qualidade das pastagens, tornando desnecessárias as reformas;
- Maior facilidade de manejo;
- Maior economia em suplementos e medicamentos;
- Maior facilidade para produção de "Leite Ecológico";
- Mais gado e mais lucro por unidade de área.

O método conhecido como Pastoreio Voisin (PV) constitui-se numa tecnologia


de processo que atende as melhores exigências para o crescimento e
desenvolvimento das pastagens e atendimento das necessidades dos animais em
pastoreio. Através dos tempos de repouso concedidos aos piquetes, proporciona-se
às plantas todas as condições para que possam crescer sem interrupções ou
agressões, até que atinjam um novo ponto de corte. Os animais, uma vez por dia,
todos os dias (no gado leiteiro, duas vezes), saem de uma parcela semi-pastoreada,
de odor desagradável, na qual depositaram seus excrementos, e vão para uma
nova, de pasto fresco e odor agradável. Esse manejo diário é o mais poderoso
indutor de consumo de pasto verde nos sistemas rotativos de utilização de
pastagens. Além de todos os benefícios ecológicos, essa produção reduz os custos,
o que é o anseio dos criadores de gado de leite, cuja maioria enfrenta os baixos
rendimentos econômicos de suas propriedades.
Para as famílias que adotarem a bovinocultura de leite no sistema produtivo
propõem uma lotação de 2,5 UGM por hectare, tendo ainda os seguintes cuidados.
 Implantação de piquetes com sombra e água;
 Plantio de pastagem de alto valor nutricional;
 Compra de animais das raças Holandês, Jersey, Parda-suíça e Girolanda
(preferencialmente novilhas, vacas com uma cria, ou ainda bezerras);
 Construção de uma instalação mínima para um estábulo (piso e
cobertura);
 Realização de manejo sanitário preventivo.

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8.b.3.9. Galinha Caipira

1. Escolha e Aquisição dos Animais


a. Dar preferência a animais jovens para aquisição:
- Para aves de corte: aquisição de pintos de 1 dia;
- Para poedeiras: aquisição de frangos de no máximo 18 semanas;
- Outras aves: aquisição de animais com idade máxima de 2 semanas.

2. Instalações e Manejo dos Animais


a. Oferecer à ave um ambiente higiênico e protegido, que não permita a
entrada de predadores e que possa evitar extremos de temperatura e
umidade. Assegurar o acesso individual das aves a ração e água.
Oferecer um ambiente que permita à ave alcançar a performance ótima
em termos de taxa de crescimento, uniformidade, eficiência alimentar e
rendimento de carne, além de assegurar a saúde e o bem-estar da
ave;

b. O piso do aviário poderá ser de terra batida ou cimentado;

c. Deverá ser garantido livre acesso das aves a água e alimentação;

d. É proibida a criação de aves de postura em sistema de gaiolas;

e. O manejo dos piquetes deverá ser feito de modo a manter a cobertura


vegetal. É recomendado o uso de árvores ao redor dos galpões e nos
piquetes com o intuito de promover sombreamento, melhorando o
micro-clima local, cuidando-se para que as mesmas não impeçam a
circulação de ar;

f. Para outras aves, as características das instalações serão em


conformidade com as necessidades básicas de cada espécie;

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g. O programa de luz é de uso restrito, podendo ser utilizado em


condições especiais, e só deverá ser utilizado com aprovação prévia
da Certificadora;

h. A prática de debicagem, o corte das asas e dedos das aves são


proibidos;

i. O material utilizado como cama dos aviários deve ser livre de


substâncias tóxicas. Ex.: aparas de madeira que recebeu tratamento
químico

3. Manejo Sanitário
a. As vacinas obrigatórias por lei devem ser administradas;

b. Poderá ser adotado um programa de vacinação , sob autorização da


Certificadora;

c. É permitido o uso de terapias alternativas, como homeopatia,


fitoterapia, florais, etc.;

d. É permitido o uso de anti-sépticos naturais (ex.: própolis);

e. O uso de medicamentos convencionais é de uso restrito e só será


permitido para aves de postura em casos de comprometimento do lote,
quando não houver possibilidade do uso de tratamentos alternativos,
devendo ser comunicado e autorizado previamente por escrito pela
Certificadora;

f. O tratamento com medicamentos de uso restrito para aves de postura


só poderá ser realizado no máximo 2 (duas) vezes no mesmo ciclo de
produção;

g. Para frangos de corte não será permitido o uso de substâncias


antimicrobianas como: antibióticos, quimioterápicos, quaternário de

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amônia, clorexidina, iodo povidonas, azul de metileno, sais de cobre,


verde malaquita, violeta de genciana, etc., na água de bebida, na
ração, na cama ou em pulverizações para fins de prevenção ou
tratamento de enfermidades bacterianas, virais ou protozoárias, como
por exemplo: coccidioses, aerossaculites, artrites, bronquites, etc. Em
caso de comprometimento do lote, e sob autorização prévia por escrito
e controle da Certificadora, poderá ser permitida a utilização de
produtos de uso medicamentoso sem perda do credenciamento, porém
o lote assim tratado não poderá ser comercializado como orgânico.
Nestes casos é proibida a comercialização da cama de frango como
produto orgânico;

h. O uso de ácidos orgânicos (acético, lático, fórmico, propiônico) e


bicarbonato de sódio pode ser permitido.

4. Transporte e Abate dos Animais


a. A apanha, transporte e abate das aves deverão seguir condições
humanitárias de modo a minimizar o stress das mesmas;

b. A apanha, carregamento, transporte e recepção das aves no


abatedouro deverão ser realizados de forma a evitar traumas,
contusões e injúrias às aves;

c. Durante o transporte deverão ser evitadas condições extremas de


temperatura de modo a não ocasionar sofrimento aos animais;

d. É recomendável que a distância entre a granja e o local de abate não


seja excessiva, assegurando que requisitos do processamento sejam
atendidos e que sejam mantidos os padrões de bem-estar animal;

e. O período máximo entre a apanha e o abate das aves é de 10 horas;

f. O abate deve ser realizado em ambiente calmo e as aves devem ser


atordoadas antes da sangria;

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g. O abate deve seguir todas as exigências sanitárias vigentes, de acordo


com o órgão de inspeção (federal, municipal ou estadual);

h. Durante o transporte e pré-abate dos animais deve haver uma pessoa


responsável pelo bem-estar dos mesmos.

8.b.3.10. Melipinocultura

As meliponídeas são abelhas de trato fácil. Para criá-las, não é necessário


adquirir máscaras, macacões, fumegadores, centrífugas e outros apetrechos
comuns na apicultura, já que têm o ferrão atrofiado. Podem ser instaladas em
ambientes diversos como ocos de pau, tubos de PVC ou caixas de madeira
construídas especificamente para este fim, chamadas de caixas, colméias ou
cortiços. As modulares com espaços distintos para ninhos e potes são mais
adequadas, porque facilitam o manejo. Os meliponários não devem ser muito
altos, porque as abelhas preferem trabalhar na horizontal, não na vertical.
Em qualquer caso, é preciso adotar precauções contra predadores e
parasitas. Funis de plástico ou de lata sobre a entrada das colméias, fileira de
azulejos lisos na parede de sustentação do meliponário e graxa no arame que
prende a caixa ao galho da árvore. Escorregadios, impedem o acesso de formigas
ou lagartixas. O método mais comum de multiplicação é a divisão pela metade de
uma colônia de abelhas com muitas crias e potes de alimento, tendo-se o cuidado
de resguardar a rainha fecundada numa das novas colméias e as crias nascentes,
em outra. Na primeira, a rainha fecundada formará novo ninho. Na segunda,
nascerão rainhas virgens das quais, uma será selecionada pelas companheiras para
ser fecundada e iniciar, então, outro ninho.
Propõe-se realizar oficinas e acompanhamento extensionista onde os
seguintes assuntos são abordados: o papel ecológico das abelhas, destacando a
interação com as plantas e os tipos e formas de alimentação nas épocas adequadas
e as abelhas como componentes de Sistemas Agroflorestais; a importância de se
utilizar o recurso sem destruir, permitindo que os enxames se multipliquem através
de divisões artificiais, através do método d e perturbação mínima; o valor nutricional

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e medicinal do produto; as técnicas de manejo e a confecção de caixas racionais


com material local.
Para a implantação e produção de mel recomenda-se a seguinte técnica:

a) Cavaletes, para colocar as caixas, de dois metros de comprimento, com


espaçamento entre eles de três metros. Duas caixas por cavalete;
b) Oito caixas de abelha em trinta e cinco metros quadrados;
Máximo de cinqüenta caixas por hectare, depende da disposição de flores para
alimento; cada caixa pode produzir até vinte quilos de mel por ano (valor médio a
baixo).

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8.b.4. PROGRAMA AMBIENTAL

Com base nas condições naturais constatadas no presente estudo e


norteadas pela legislação atual, serão propostas atividades de recuperação e
manejo dos recursos naturais, compatíveis com a área em questão e com os
objetivos do assentamento, buscando incluir os anseios demonstrados pelos futuros
assentados, em um trabalho cooperação.
Ainda, propõe-se a abertura de espaço para o desenvolvimento das linhas de
ação previstas para a recuperação e preservação dos recursos naturais. Por
exemplo, dar continuidade às ações desenvolvidas pelo Projeto Paraná
Biodiversidade7, podendo pensar em formas para reunir, de maneira harmônica, as
atividades técnicas, econômicas, sociais e ambientais. O P.A. encontra-se inserido
na Área Prioritária para Conservação Ambiental do Parque Nacional do Iguaçu
(perímetro de 10 km), distante cerca de 05 quilômetros deste. Portanto, está incluído
na mesma lógica de preservação dos recursos ambientais.
Ainda, contando com a participação ativa e constante dos assentados,
manifestando seus interesses sobre a área e com a disponibilidade de uma equipe
de assessoria técnica fixa e local (ATES) para o P.A., buscar-se-á alternativas que
visem à melhoria e manutenção da qualidade ambiental de todo o assentamento,
com medidas de recuperação e conservação dos recursos.
Ainda, tendo em vista as atividades que serão desenvolvidas no P.A., bem
como as obras de infra-estrutura, deverão ser tomadas medidas de controle e
mitigação dos impactos gerados por estas ações, primando por diminuir o grau de
interferência antrópica negativa sobre as áreas naturais.
Dentre as diversas alternativas apontadas durante as conversas com os
assentados, seguem aquelas consideradas exeqüíveis para o desenvolvimento
sustentável do Projeto de Assentamento Olga Benário, tendo em vista suas
potencialidades e limitações já descritas neste documento.

7
http://www.pr.gov.br/meioambiente/programa_biodivers.shtml

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8.b.4.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - Recuperação e


Conservação

Como primeira ação deste programa, deverá ser foco a recuperação dos
ambientes naturais que se encontram sob perturbação antrópica atualmente.
Refere-se, mais precisamente, a porção da Área de Proteção Permanente,
compreendida no entorno da nascente e do banhado formado na cabeceira do
córrego. Esta área, potencialmente perturbada pelas atividades antrópicas, tem
aproximadamente 1,0 hectare e necessita de ações para preservação e práticas que
auxiliem e/ou acelerem o estabelecimento da sucessão ecológica, hoje em estágio
inicial.
A recuperação da área visa a “restituição de um ecossistema ou de uma
população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser
diferente de sua condição original” segundo definição da Lei Federal 9985/2000, que
criou o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Trata-se de retornar
às condições de funcionamento, pois objetiva recuperar a estrutura (composição em
espécies e complexidade) e as funções ecológicas (ciclagem de nutrientes e
biomassa) do ecossistema.
O processo de recuperação deve buscar seguir os mesmos mecanismos da
sucessão natural, o que garante seu sucesso em termos de sustentabilidade. É
evidente, porém, que não se trata de reproduzir fielmente as etapas sucessionais, o
que acarretaria inevitavelmente, um enorme período de tempo.
Em condições naturais, inicialmente tem-se o estabelecimento apenas de
espécies pioneiras8, que deverão alterar as condições físicas para possibilitar o
aparecimento das espécies secundárias e estas devem fazer o mesmo para o
surgimento das climácicas9. Portanto, deve-se ajustar ou adaptar os estados serais
no sentido de agilizar este processo.
Uma espécie é pioneira quando produz uma grande quantidade de sementes
pequenas, de longa viabilidade e latência, geralmente disseminada por pássaros,
morcegos ou vento. Apresenta um ciclo de vida curto (inferior a 8 anos). São

8
Comunidade Pioneira: (1) Conjunto de organismos colonizadores; primeira fase na sucessão
ecológica. (2) Comunidade que inicia uma sucessão ecológica; as primeiras populações ou espécies
que se instalam numa região que sofreu desflorestamento (http://www.ambientebrasil.com.br/).
9
Comunidade Clímax ou Climácica: Último estágio de uma sucessão ecológica; comunidade
estável, em perfeito equilíbrio com o meio ambiente (http://www.ambientebrasil.com.br/).

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indivíduos de porte pequeno (inferior a 8 metros) e apresentam crescimento rápido.


São heliófitas e colonizam qualquer área agressiva, sob luz.
As climácicas são espécies que produzem pequena quantidade de sementes
grandes de curta viabilidade, disseminadas por gravidade, mamíferos, coletores.
Seu ciclo de vida é longo (até 100 anos). Os indivíduos são altos (chegando a 60m)
e de crescimento lento. Colonizam áreas sombreadas e necessitam de luz na fase
adulta. Exibem uma grande quantidade de epífitas (BARBOSA et al., 2000;
BUDOWSKY, 1965).
E entre estas duas comunidades estabelecidas ao longo do tempo, tem-se
outro estágio no processo de sucessão natural. É composto pelas espécies ditas
secundárias. São plantas que se desenvolvem em pequenas clareiras. Suas
sementes germinam na sombra, mas para o seu desenvolvimento elas precisam de
sol. Compreendem espécies mesófitas – aquelas adaptadas às condições
intermediárias de luminosidade – e espécies heliófitas. Este grupo é subdividido
entre as espécies secundárias iniciais e as secundárias tardias.

Área a ser recomposta

A área a ser recomposta corresponde a 1,0013 hectares do P.A., devendo-se


perfazer um perímetro de 50 metros para todos os lados a partir da(s) nascente(s)
identificadas no local indicado.
A vegetação existente encontra-se em estágio inicial da sucessão ecológica,
com presença de alguns indivíduos com o crescimento mais adiantado e/ou
remanescente. Há presença de gramíneas invasoras, advindas das pastagens
localizadas em áreas contíguas a esta (vide mapa B1 – APP em estágio inicial).

Recuperação dos Solos e Controle das Gramíneas Invasoras

A matéria orgânica do solo é a principal fonte de nutrientes minerais para as


plantas. Assim, a perda da fertilidade natural dos solos tropicais úmidos tem como
principal causa o desaparecimento da matéria orgânica do mesmo.

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Toda forma de exploração agrícola deve ter com maior preocupação um


manejo conservacionista da matéria orgânica do solo. A sua perda causa sérios
problemas na estrutura do solo, disponibilidade de água, atividade biológica do
mesmo, prejudica o suprimento de enxofre, fósforo e principalmente de nitrogênio ás
plantas e como conseqüência, a produtividade do sistema.
Além da perda de nutrientes, há ocorrência de alterações no solo que
compreendem mudanças físicas, como compactação, alterações na textura, perda
da capacidade de percolação e permeabilidade, redução das taxas de oxigenação e
oscilações significativas na temperatura do solo, além do processo de erosão;
químicas, como a contaminação por agrotóxicos e alteração no pH; e, por fim,
biológicas, como o desequilíbrio e perda da mesofauna do solo.
Conseqüentemente, haverá alterações no subsolo, como a contaminação dos
lençóis freáticos e alteração nos níveis dos mesmos; alterações na dinâmica hídrica
dos corpos d’água, com a ocorrência do processo de assoreamento, alterações nas
propriedades físicas e químicas da água, como contaminação, alterações na
temperatura e disponibilidade de oxigênio.
Deste modo, para o princípio da recuperação dos solos, deverá ser procedida
a retirada mecânica das gramíneas invasoras. É sabido que as gramíneas invasoras
podem contribuir na incorporação de matéria-orgânica, protegendo o solo contra
erosão, insolação e perda de umidade. Contudo interferem diretamente no ritmo de
crescimento da muda, caso não haja controle destas e paulatina retirada.
Uma experiência muito bem sucedida para o controle das gramíneas e
descompactação do solo tem sido realizada pela comunidade do Acampamento
José Lutzemberger, em Antonina. Os agricultores têm empregado o abafamento das
gramíneas plantadas para forrageio do plantel de búfalos (atividade desenvolvida
pelo antigo proprietário).
A prática consiste na supressão da germinação e dispersão desta planta com
o emprego do abafamento com lona, secando as plantas adultas e eliminação do
banco de sementes (COTRARA, 2006).
Como forma de recuperação das características físicas dos solos da área,
que apresentam níveis altos de compactação, devido às atividades de pastagem e
pecuária de búfalos, as famílias vêm realizando processo gradativo de recomposição
dos solos. Ao retirar as braquiárias, promovem o revolvimento inicial do solo,
segregando partículas menores, auxiliando no restabelecimento de condições

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adequadas de aeração e permeabilidade da água. A matéria verde é empilhada e


revolvida várias vezes – uma verdadeira compostagem, a fim de se obter produtos
para adubação verde. Em seguida, com todo material decomposto, ele é espalhado
novamente no solo, servindo de adubo para as plantas (COTRARA, 2006).
É recomendável que se mantenha o controle mecânico, com ferramentas
manuais ou grades, sendo realizados até o estabelecimento dos povoamentos.

Preparo do solo

A recomendação de pH do solo deve ser feita mediante calagem conforme


análise de solo, sendo entre 6,0 a 6,5, ideal para o desenvolvimento da maioria das
plantas. A fertilização deve ser feita para corrigir deficiências dos nutrientes.

Técnicas de recomposição10

Considerando a situação em que a área se encontra, ou seja, a situação da


APP degradada ou perturbada, em regeneração natural em estádio inicial, contígua
às pastagens, recomenda-se cercar, evitando-se que o gado entre e danifique o
plantio ou a regeneração natural que estiver se estabelecendo.
Ainda, pode-se lançar mão do emprego de técnicas que contribuam e
acelerem o processo de regeneração, com objetivo de estabelecer o quanto antes a
proteção do solo dessas áreas, bem como da fonte de água que esta protege.
Para proceder a recomposição da área indicada, e sabendo da existência de
uma porção de banhado, pode ser realizada a administração de duas técnicas
bastante difundidas – a regeneração natural e a implantação.
Para o emprego da regeneração natural a área deve estar pouco
impactadas, mantendo as características bióticas e abióticas originais do meio. A
área deverá ser isolada para não sofrer mais perturbações externas e conseguir
promover os processos naturais de recuperação, pela própria produção de sementes
e condições para desenvolvimento das plântulas e mudas das espécies da área.

10
MARTINS, S.S. Recomposição de matas ciliares no estado do Paraná, 2005.

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Para o sucesso da regeneração é necessário que o banco de sementes, que


abriga basicamente sementes das espécies pioneiras, seja rico em espécies, para
que ocorra a regeneração da primeira fase de ocupação. Além disso, a área não
deve ter sofrido degradações contínuas, para que não tenha ocorrido o esgotamento
do banco de sementes.
Ademais, a área em questão é contígua o fragmento maior da área, coberto
por vegetação nativa em estágio avançado. De acordo com uma das premissas
anteriores, para ocorrer a regeneração natural é importante que a área não tenha
sofrido degradações contínuas, pois isto determina o esgotamento do banco de
sementes. Entretanto, a proximidade com este fragmento possibilita que este
processo seja conduzido naturalmente, com a colonização por espécies do
fragmento, graças à dispersão provocada pelo vento e pelos animais (pequenos
roedores e aves).
Outra técnica utilizada em áreas degradadas que não conservam as
características bióticas das formações florestais, é a implantação.
A função primordial desta técnica é estimular e acelerar o processo da
sucessão natural. As espécies devem ser introduzidas em uma seqüência quanto à
sua exigência lumínica, ou seja: 1º - pioneiras, 2º - secundárias iniciais, 3º -
secundárias tardias e 4º - climácicas, de acordo com a respectiva idade do processo
de sucessão.
A implantação normalmente é efetuada pelo plantio de mudas, podendo-se
considerar a semeadura em locais mais propícios, principalmente das espécies do
estágio das pioneiras.
Dentro desta técnica, recomenda-se para áreas com gramíneas invasoras,
a aplicação de um modelo de alta densidade de pioneiras agressivas e
sombreadoras para recobrir rapidamente o solo, assim como controlar as gramíneas
invasoras. O modelo mais indicado é introduzir a densidade de 2.000 a 2.500
plantas/ha. Neste caso, pode-se plantar no primeiro ano as pioneiras e no segundo
as não pioneiras (secundárias iniciais e tardias e as climácicas).

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Espécies recomendadas

Para qualquer que seja a área a ser recomposta, a recomendação é que se


utilize um grande número de espécies para gerar diversidade florística, imitando,
assim, uma floresta nativa.
Isto se justifica pelo fato de que as florestas com maior diversidade
apresentam maior capacidade de recuperação de possíveis distúrbios, melhor
ciclagem de nutrientes, maior atratividade à fauna, maior proteção ao solo de
processos erosivos e maior resistência às pragas e doenças (MARTINS, 2001).

Tabela 21: Espécies arbóreas indicadas para recuperação da cabeceira do P.A. Olga Benário
GRUPO 11
NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR CARACTERÍSTICAS
ECOLÓGICO
Como planta pioneira de rápido crescimento, não
deve faltar nos plantios de áreas degradadas de
Mimosa scabrella bracatinga pioneira
preservação em composições mistas. As flores são
melíferas. Indiferente Às condições físicas do solo.
12
sangra d’água ou Planta seletiva higrófita , característica de terrenos
Croton urucurana pioneira
capixingui muito úmidos e brejosos.
Planta seletiva higrófita, característica de formações
secundárias como capoeiras e capoeirões. Prefere
Rapanea ferruginea capororoca pioneira
encostas e beira de córregos, ocorrendo até
altitudes acima de 2.000 m.
13
Planta perenifólia ou semidecídua, heliófita e
seletiva higrófita, característica da mata pluvial
atlântica. Seus frutos são comestíveis e muito
Psidium cattleianum araçá-amarelo pioneira apreciados para consumo ao natural, sendo
também avidamente procurados por várias
espécies de pássaros. É indispensável em plantio
de áreas degradadas.
Planta decídua durante o inverno, heliófita,
Jacaranda micrantha caroba pioneira característica de matas secundárias. Prefere solos
úmidos, férteis e profundos.
Espécie decídua, heliófita ou de luz difusa e seletiva
higrófita. É encontrada com freqüência em sub-
Sapium glandulatum leiteiro pioneira bosques de pinheirais parcialmente devastados, em
capões e capoeirões de altitude. Pode ser
empregada em reflorestamentos heterogêneos.
Aparentemente é indiferente às condições físicas
dos solos. Característica da floresta latifoliada
semidecídua da bacia do Paraná. É encontrada
Zanthoxylum rhoifolium mamica-de-porca pioneira principalmente nas formações abertas e
secundárias. Planta pioneira e rústica, é
indispensável nos reflorestamentos mistos em
áreas degradadas de preservação

11
Lorenzi, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil (2002).
12
(1) Planta que adapta com facilidade com a umidade ou que só vegeta com a umidade. (2) Vegetação
adaptada a viver em ambiente de elevado grau de umidade (Resolução CONAMA 012/94). (3) Espécie vegetal
que só se encontra em ambientes úmidos e que se caracteriza por grandes folhas delgadas, tenras e com ponta
afilada (Fonte: Glossário Ambiente Brasil).
13
Planta adaptada ao crescimento em ambiente aberto ou exposto à luz direta.

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GRUPO
NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR CARACTERÍSTICAS
ECOLÓGICO
14
Planta semidecídua ou decídua, seletiva xerófita ,
heliófita e pioneira. Não pode faltar nos
Mimosa bimucronata maricá pioneira
reflorestamentos mistos destinados ao plantio em
áreas de preservação permanente.
Planta muito útil no reflorestamento em áreas
mistas de áreas degradadas de preservação
Senna multijuga pau-cigarra pioneira
permanente. È Indiferente às condições físicas do
solo.
É característica das florestas semidecíduas (de
pioneira/ altitude e da bacia do Paraná). Prefere solos
Lonchocarpus muehlbergianus rabo-de-bugio
secundária inicial profundos, férteis e úmidos. É considerada padrão
de terra boa.
Planta seletiva higrófita Ocorre quase
exclusivamente em associações secundárias como
capoeiras e capoeirões. Vegeta indistintamente em
pioneira/
Piptadenia gonoacantha pau-jacaré solos férteis e pobres, porém inexiste no cerrado.
secundária inicial
As flores são melíferas. Crescimento rápido.
Indispensável nos reflorestamentos mistos
destinados à recomposição de áreas degradadas.
Planta semidecídua, heliófita. Apresenta nítida
preferência por solos férteis, tanto situados em
baixadas úmidas como em terrenos pedregosos.
Machaerium stipitatum sapuva pioneira
Por ser planta rústica deve ser empregada em
plantios mistos em áreas degradadas de
preservação permanente.
Seletiva higrófita, dispersa em várias formações
florestais. Na floresta primária é pouco comum e,
timburi, timbaúva,
Enterolobium contortisiliquum pioneira quase sempre concentrada em solos úmidos. Em
orelha-de-negro
capoeiras e estágios mais adiantados da sucessão
secundária sua freqüência é maior.
15
Planta semidecídua, esciófita , pioneira e seletiva
higrófita. Ocorre em capoeiras, capoeirões e matas
mais abertas situadas sobre solos rochosos.
Allophylus edulis vacum pioneira
Produtora de frutos apreciados por pássaros, não
pode faltar nos reflorestamentos de áreas
degradadas. As flores são melíferas.
Planta perenifólia, heliófita ou esciófita, seletiva
higrófita, característica e preferencial dos sub-
bosques dos pinhais. Ocorre com freqüência nas
Casearia sylvestris guaçatunga pioneira
formações secundárias, como capoeiras e
capoeirões. Não deve faltar nos plantios mistos
destinados ao repovoamento de áreas degradadas.
Planta seletiva higrófita, característica das
submatas dos pinhais que tenham sofrido
acentuada interferência humana pela extração de
Piptocarpha angustifolia vassourão-branco secundária
madeiras. È típica das formações secundárias,
principalmente situadas em vales e encostas
úmidas.
Característica de encostas úmidas, na orla de
matas e em capoeiras da floresta semidecídua.
Planta de rápido crescimento, é recomendada para
Bastardiopsis densiflora louro-branco secundária inicial
plantios em áreas degradadas de preservação
permanente destinados á recomposição da
vegetação.

14
(1) Planta adaptada a ambientes secos (Resolução CONAMA 012/94). (2) Espécie vegetal cujos indivíduos
têm uma estrutura especial, com reforço nas paredes celulares devido à abundância de tecidos mecânicos, o
que lhe protege contra a carência de água do ambiente onde vive. (3) Vegetal eficiente em reter água que pode
crescer nos desertos ou em ambientes com altas concentrações de sal.
15
Plantas adaptadas a baixos índices de luminosidade.

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GRUPO
NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR CARACTERÍSTICAS
ECOLÓGICO
Planta seletiva higrófita, característica das florestas
aluviais (matas ciliares e de galeria).
Luehea divaricata açoita-cavalo secundária inicial Particularmente freqüente ao longo de rios, terrenos
rochosos e íngremes, onde a floresta pe mais
aberta e nas formações secundárias.
Planta decídua, heliófita, característica da mata
secundária acima de 400 m de altitude. Utilizada
Anadenanthera colubrina angico-branco secundária inicial em plantio de florestas mistas destinadas à
recomposição de áreas degradadas de
preservação. Suas flores são melíferas.
Planta decídua, heliófita, seletiva higrófita,
característica e quase exclusiva das florestas
aluviais e de galeria ao longo de rios e regatos,
principalmente em regiões de altitude. As flores são
Sebastiania commersoniana branquilho secundária inicial melíferas. Muito indicada para a composição de
reflorestamentos mistos destinados à recomposição
de áreas degradadas ao longo das margens dos
rios e reservatórios, dada a preferência por solos
úmidos e brejosos.
Seletiva higrófita, característica da floresta
semidecídua de altitude e da mata pluvial atlântica.
Como planta secundária adaptada a insolação
Cupania vernalis camboatá secundária inicial direta e, produtora de frutos procurados por
pássaros, é ótima para plantios mistos destinados à
recomposição de áreas degradadas. As flores são
melíferas.
Planta semidecídua, esciófita ou de luz difusa,
indiferente às condições físicas do solo. Nas
regiões de altitude ocorre predominantemente nos
Nectandra lanceolata canela-amarela secundária inicial sub-bosques de pinhais. Seus frutos são
avidamente consumidos por pássaros de várias
espécies, o que a recomenda para reflorestamentos
mistos de áreas degradadas.
Planta perenifólia, ou semidecídua em algumas
regiões, heliófita, sem preferência definida por tipo
de solo. Apresenta ampla dispersão pela floresta
ombrófila em geral, sendo menos freqüente nas
Nectandra megapotamica canela-preta secundária inicial associações pioneiras e secundárias. Nos sub-
bosques dos pinhais e capões é geralmente muito
rara. Seus frutos são muito procurados por
inúmeras espécies de pássaros. É ótima para
reflorestamentos de áreas de preservação.
Planta seletiva xerófita, característica da floresta
latifoliada semidecídua da bacia do Paraná, em
Albizia niopoides farinha-seca secundária inicial formações abertas e secundárias. Planta de rápido
crescimento, é excelente para reflorestamentos
mistos de áreas degradadas.
Planta semidecídua, heliófita e seletiva higrófita.
Ocorre principalmente nas formações abertas de
solos úmidos. Apresenta intensa regeneração
goiaba, goiabeira- espontânea em capoeiras, graças a ampla
Psidium guajava secundária inicial
branca disseminação proporcionada pela avifauna. Os
frutos são comestíveis. Indispensável em plantios
mistos destinados à recomposição de áreas
degradadas de preservação.
Planta seletiva xerófita, característica de formações
mais abertas e secundárias das florestas pluvial e
semidecídua. É pouco exigente em solos, exceto
Cordia trichotoma louro-pardo secundária inicial
quando muito úmidos. É uma planta pioneira das
mais comuns em qualquer capoeira em
regeneração no sul do país.

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GRUPO
NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR CARACTERÍSTICAS
ECOLÓGICO
É indiferente às condições físicas do solo.
Característica e exclusiva da mata latifoliada das
bacias do Paraná, Uruguai e afluentes até altitudes
de 800 metros, penetrando, portanto nas matas de
Parapiptadenia rigida angico-vermelho secundária tardia pinhais. É mais freqüente nas matas abertas e
menos densas e, principalmente nas associações
secundárias mais evoluídas. As flores são
melíferas. É ótima para reflorestamentos mistos de
áreas degradadas.
Planta decídua, heliófita e seletiva higrófita.
Regenera-se naturalmente em áreas abertas,
Myrocarpus frondosus cabreúva secundária tardia
podendo-se observar sua presença em capoeiras.
As flores são melíferas.
Encontrada em quase todas as formações vegetais.
Pode ser encontrada como planta pioneira e
secundária nas capoeiras e capoeirões. Parece
Cabralea canjarana canjerana secundária tardia
preferir solos argilosos e úmidos de encostas, uma
vez que é rara em terrenos secos. Seus frutos são
apreciados pela avifauna.
Seletiva higrófita, característica de várzeas aluviais
muito úmidas e início de encostas. Como planta
adaptada à áreas abertas em solos muito úmidos e
corticeira-da-serra, brejosos, é interessante para o plantio em áreas
Erythrina falcata secundária tardia
mulungu ciliares degradadas, juntamente com outras
espécies. Suas flores são muito visitadas por
periquitos e papagaios que sugam seu néctar. As
sementes são muito apreciadas por insetos.
Planta semidecídua, ombrófila clímax. Prefere solos
rochosos e úmidos de boa fertilidade, exceto os
Holocalyx balansae alecrim climácica
encharcados. Apesar de sua ocorrência no interior
da mata, tolera bem a luz quando adulta.
Esciófita, seletiva higrófita, característica e
preferente das matas de pinhais. Seus frutos são
avidamente consumidos por várias espécies de
Ilex paraguariensis erva-mate climácica
pássaros. Pode ser utilizada no plantio de áreas
degradadas destinadas à recomposição da
vegetação.
Planta semidecídua e heliófita, característica dos
pinhais do planalto meridional e de submatas mais
desenvolvidas. Apresenta comportamento de planta
Ocotea porosa imbuia climácica
pioneira, infiltrando-se nas matas mais abertas e
capoeirões. Seus frutos são avidamente procurados
por várias espécies de pássaros.
Planta semidecídua, heliófita. Seus frutos são
avidamente procurados por aves e outros animais
silvestres, não podendo, por essa razão, faltar na
Virola oleifera bicuíba climácica
composição de reflorestamentos destinados à
recomposição de áreas degradadas de
preservação.
Característica de regiões de altitude onde forma as
chamadas “matas de pinhais”. Ocorre geralmente
na forma de agrupamentos quase homogêneos,
secundária tardia / dominando completamente o dossel superior. Em
Araucaria angustifolia pinheiro-do-paraná
climácica seu sub-bosque ocorrem espécies arbóreas de
menor porte. Os pinhões (sementes) são
avidamente consumidos por várias espécies da
fauna.

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Aquisição das mudas

Para a aquisição de mudas, pode-se enviar um requerimento aos viveiros


municipal e do escritório regional do IAP, descrevendo as espécies de interesse e a
quantificação para cada uma.

Espaçamento

Segundo consta como recomendação técnica, em áreas com solos de baixa


fertilidade ou que apresentam impedimento mecânico ao crescimento de raízes, o
espaçamento deve ser menor, podendo-se empregar 1,5 x 3,0 metros.
Para áreas com solos com maior fertilidade, pode empregar o espaçamento
de 3,0 x 2,0 m, sendo o mais recomendável. Em áreas de maior declividade, sugere-
se reduzir o espaçamento para um fechamento mais rápido da área.

Plantio

O plantio deve adotar as práticas normais utilizadas no reflorestamento, com


um coveamento bem feito e umidade suficiente para garantir a sobrevivência das
mudas. Recomenda-se utilizar somente mudas aclimatadas e vigorosas para o
plantio.
O tamanho das mudas deve seguir o padrão estabelecido para sua
comercialização. O plantio de mudas desenvolvidas (1,50 a 2,0m) não é
recomendado, uma vez que torna os custos operacionais e de implantação mais
onerosos.
Dessa forma, a implantação deverá obedecer a seguinte seqüência
operacional:

Abertura de covas: se a declividade do terreno permitir, pode-se efetuar o


sulcamento mecânico na área, ou mesmo a abertura manual das covas.

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Adubação nas covas: a adubação poderá ser aplicada, dependendo da fertilidade do


solo, para acelerar o desenvolvimento inicial das mudas e reduzir a competição com
as plantas daninhas.
Os diferentes grupos ecológicos apresentam diferentes respostas quanto ao
requerimento nutricional. As espécies pioneiras apresentam maior capacidade de
absorção de nutrientes que aquelas dos estádios sucessionais posteriores. Assim,
os plantios realizados com espécies pioneiras devem receber adubação correta em
qualidade e quantidade.
Os estudos acerca da aplicação de adubação devem ser efetuados para cada
local, observando-se a resposta das espécies à adubação. Em caso de aplicação de
adubos, deve-se atentar para que não ocorra escorrimento superficial na área em
questão, preferindo-se sempre a adubação na cova.

Irrigação: normalmente, o plantio é efetuado na época das chuvas, quando o solo


apresenta umidade suficiente para garantir a sobrevivência das mudas.

Tratos Culturais

Os tratos culturais deverão ser efetuados pelo menos nos 18 meses iniciais,
ou dependendo do desenvolvimento das mudas no campo. As capinas de limpeza
devem ser realizadas nas linhas de plantio e o coroamento das mudas é essencial
para reduzir a competição com as espécies invasoras, uma vez que pode haver
redução na taxa de crescimento das espécies plantadas. O espaçamento muito
largo aumenta o número de manutenções na área. Portanto, se a mão-de-obra for o
inconveniente, deve-se racionalizar ao máximo essas operações, reduzindo-se o
espaçamento entre plantas.
Todos os cuidados devem ser rigorosamente considerados, uma vez que o
custo aumenta se houver necessidade de mais operações, devendo-se garantir a
sobrevivência das mudas plantadas.

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8.b.4.2. Reserva Florestal Legal

a) Averbação junto à matrícula do imóvel

A área proposta para compor a Reserva Legal do P.A. Olga Benário,


cumprindo com os 20% da área total do P.A., ou 18,40 hectares de mata nativa em
estágio avançado de regeneração, já existe.
O procedimento para averbá-la junto à matrícula do imóvel deverá ser
realizado o quanto antes pelo empreendedor.

b) Recomposição das áreas abertas dentro da Reserva Legal

Há duas áreas abertas em meio a área de vegetação nativa proposta para


alocar a reserva legal do P.A. e que ocupam 3,30 hectares (ou 3,58% do P.A.).
Antigamente, estas áreas eram destinadas ao cultivo de pastagem para as
atividades de pecuária. Hoje, a cobertura vegetal dessas áreas encontra-se em
estágio inicial de regeneração, graças ao processo natural de sucessão ecológica.
Ressalta-se que estas áreas não foram computadas a fim de compor a
porcentagem necessária à Reserva Legal. Entretanto, são ilhas abertas dentro do
fragmento e, em vista disso, torna-se recomendável que seja permitida a
continuidade do processo de regeneração natural, para o estabelecimento de uma
comunidade vegetal estável, como forma de reduzir o impacto de fragmentação
desta mata, bem como os efeitos de borda gerados sobre a mata clímax.

c) Estrada em Reserva Legal - perda da conectividade dos fragmentos de mata


nativa

Foi constatada a existência de uma estrada cortando a mata destinada a


Reserva Legal. Esta dá acesso ao açude formado no extremo sul do P.A., formado
pelo córrego Liberal.
Para o plano de ocupação futura do P.A. esta estrada será mantida, como
forma de acesso dos futuros assentados ao açude.

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Contudo, em termos de impacto ambiental, a estrada configura-se como uma


barreira ao desenvolvimento natural da vegetação e às interações dos animais com
o habitat como um todo. A estrada em questão corta a área proposta para compor a
reserva legal – área com cobertura vegetal em estágio avançado.
A fragmentação dos habitats originais ocasionada por estradas, ferrovias,
canais, linhas de energia, cercas, tubulações de óleo, aceitos, ou outras barreiras ao
fluxo de espécies traz como conseqüências, dessas obras aparentemente pequenas
e pouco impactantes, a evidente ameaça à fauna local e os efeitos antrópicos
causados sobre a vegetação, ou seja, perturbação no ambiente.
Os fragmentos16 de habitat diferem do habitat original de dois modos
importantes: (1) os fragmentos têm uma quantia maior de borda por área de habitat,
(2) o centro de cada fragmento de habitat está mais próximo dessa borda.
Associado a isso se tem o efeito de borda. Por definição, o micro-ambiente
numa borda de fragmento é diferente daquele no interior da floresta. Alguns destes
efeitos são o aumento de luz, temperatura, umidade e vento (KAPOS, 1989
BIERRGAARTD et al., 1992; RODRIGUES, 1998 apud PRIMACK e RODRIGUES,
2001). Os efeitos de borda são mais notáveis nos primeiros 35 metros. Uma vez que
as espécies de plantas e de animais são freqüentemente adaptadas de um índice
preciso de temperatura, unidade e níveis de luz, essas mudanças eliminarão muitas
espécies dos fragmentos de floresta.
As espécies nativas tolerantes à sombra e animais sensíveis à umidade tais
como os anfíbios – grupo sob maior pressão de extinção, são freqüentes e
rapidamente eliminados pela fragmentação de habitat, levando a uma mudança na
composição das espécies da comunidade.
Além dos processos supracitados, é necessário acrescentar a ameaça que as
estradas e a fragmentação provocam sobre as populações animais - elevação dos
índices de mortalidade das espécies, devido ao alto número de atropelamentos.
A maioria das estradas exerce uma permeabilidade seletiva – alguns animais
conseguem atravessá-las e outros não. Associando essa característica ao
estabelecimento de alto fluxo de veículos, os acidentes são inevitáveis. A tentativa
dos animais em ultrapassá-las acaba por provocar o seu atropelamento, acentuando

16
Trechos extraídos de Biologia da Conservação. Richard B. Primack e Efraim Rodrigues. Londrina
: E. Rodrigues, 2001, págs. 95 a 103.

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a fragmentação das áreas vitais e dificultando ou impedindo o acesso dos animais a


territórios de alimentação ou de reprodução.

8.b.4.3. Áreas de Manejo Sustentável

Como área necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à


conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas, a área de reserva
legal deverá ser objeto de conservação permanentemente, podendo ser aplicada
sobre essa área algumas práticas de manejo sustentável dos recursos naturais, sem
implicação de supressão da vegetação.
Ainda, há dois fragmentos de mata nativa em estágio médio de regeneração,
ocupando 4,35 hectares do P.A. que poderão se constituir em áreas de manejo
sustentável, uma vez que é proibida a supressão da vegetação em estágio médio,
não havendo motivação por interesse social para tanto.
O manejo poderá servir como referência para definir estratégias de uso
sustentável dos recursos florestais de pequenas propriedades rurais, principalmente
em projetos de colonização. Este trabalho apresenta um sistema de manejo florestal
não mecanizado feito para pequenos produtores, como forma de diversificar a
produção, aumentar a renda, melhorar a qualidade de vida e conservar as áreas de
reserva legal e demais áreas de mata nativa.
Ressalte-se que o uso econômico da reserva legal é permitido, mediante a
adoção do manejo sustentável de seus recursos.
As orientações técnicas para o desenvolvimento de práticas de manejo
sustentável regional viáveis para o P.A., nenhum material de divulgação foi
encontrado. Neste caso, esta tarefa deve ser confiada às famílias camponesas e aos
técnicos com vivência na região, que melhor poderão debater e conduzir essas
atividades para o aproveitamento dos recursos naturais.
Segundo artigo da Embrapa Florestas (2001), [...] Atualmente, é crescente a
atenção por parte dos pesquisadores e técnicos para elaborar estudos que
fortaleçam o desenvolvimento dos sistemas agroflorestais de forma sustentável.
Entretanto, as informações sobre o desempenho econômico dos sistemas florestais
e agrosilvipastoris, ao nível de propriedade, têm sido escassas. Isto tem como causa

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a complexidade dos sistemas agroflorestais, a diversidade de situações das


unidades produtivas, a inclusão compartilhada das atividades de longo prazo
(florestas) com as de curto prazo (grãos) que apresentam espaçamentos diferentes
e a dificuldade de acompanhá-los sistematicamente. Isto, também, contribui para
uma baixa adoção e perpetuação dos sistemas.
Decorrido esse período de tempo, pouca coisa mudou em relação à
disponibilidade de estudos técnicos de viabilidade, rentabilidade e modelos regionais
de sistemas viáveis ambientalmente.

8.b.4.4. Produção de Lixo Inorgânico

A produção de lixo estimada para uma população de 10 famílias camponesas


seria da ordem de 13,05 kg/dia, segundo censo do IBGE, no ano 2000, que inferiu
sobre a quantidade de lixo gerada em pequenas cidades – 450 gramas por habitante
por dia. Contudo, há que se considerar que a população rural supostamente produza
menor quantidade que a população urbana.
O tratamento do lixo orgânico é de domínio das famílias camponesas, que
utilizam diversas técnicas para reaproveitamento, sem com isso trazer maiores
transtornos ou impactos negativos ao ambiente.
Para o lixo inorgânico é constatado que o Poder Público Municipal de Santa
Tereza do Oeste não mantém nenhuma forma de coleta e destinação, ficando para os
moradores da zona rural resolverem por si este problema. Atualmente são utilizados a
queima e o enterro em valas exclusivas, a fim de não provocar acumulação ou
dispersão no meio ambiente. Contudo, embora essas ações resolvam o problema em
curto prazo, essas medidas são consideradas poluidoras do ar, do solo, do subsolo e
dos recursos hídricos, gerados pela percolação dos resíduos contidos nestes materiais.
Para tanto, propõe-se que sejam administradas orientações técnicas para
destinação correta destes produtos. Ainda, com auxílio da assistência técnica, a
comunidade poderá estabelecer formas de coleta seletiva e separação dos diferentes
materiais. Deste modo, caso haja coleta seletiva no município, estes materiais poderão
ser incorporados ao montante coletado na área urbana, evitando que se dê
continuidade as práticas em uso atualmente, reduzindo a zero possíveis novas
contaminações causadas por estas.

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8.b.4.5. Outorga do Uso da Água17

Faz-se necessária o requerimento de Outorga do Uso da Água qualquer


interferência que se pretenda realizar na quantidade ou na qualidade das águas de
um manancial necessita de uma autorização do Poder Público. A Outorga é o ato
administrativo mediante o qual o Poder Público outorgante faculta ao outorgado o
uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições
expressas no respectivo ato (SUDERHSA on-line). Neste caso, o órgão responsável
por analisar os projetos e decidir sobre a Outorga é a SUDERHSA –
Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental.
Este ato destina-se a todos pretendam utilizar, para as mais diversas
finalidades, as águas de um rio, lago ou mesmo de águas subterrâneas, devem
solicitar uma Outorga ao Poder Público. Os usos mencionados referem-se à
captação de água para o abastecimento doméstico, para fins industriais ou para
irrigação; ao lançamento de efluentes industriais ou urbanos, à construção de obras
hidráulicas como barragens e canalizações de rio, ou, ainda, à serviços de
desassoreamento e de limpeza de margens (SUDERHSA on-line).
Contudo, há que se considerar que, o abastecimento de água previsto para o
P.A. Olga Benário, com a perfuração de um poço semi-artesiano para suprir as
demandas de abastecimento doméstico, será enquadrado na categoria de Dispensa
de Outorga, de acordo com as disposições legais e técnicas constantes na
Resolução Nº 039/04, da SEMA-PR:
Art. 1º - Ficam dispensados de outorga, considerando-se como
de uso insignificante, as seguintes acumulações, derivações,
captações e lançamentos:
I - Acumulações com volume de até 15.000 m³, ou com área de
espelho d’água inferior ou igual 10.000 m², ou com altura de
barramento inferior a 1,5 m;
II – Derivações e captações individuais até 1,8 m³/h;
III – Lançamentos de efluentes em corpos d’água com vazão até
1,8 m³/h.

Art. 2º - Ficam também dispensados de outorga os poços


destinados ao consumo familiar de proprietários e de núcleos
populacionais inferiores ou iguais a 400 (quatrocentos)
habitantes dispersos no meio rural.

17
Referências obtidas junto à Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental - SUDERHSA.

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Ainda, é fato conhecido que uma pessoa utiliza, em média, 150 litros de água
por dia em suas atividades diárias. A demanda significante para requerimento de
Outorga Prévia do Uso da Água é de um volume, no mínimo, de 43 metros
cúbicos de água por dia, ou seja, que a população ou comunidade demande de 43
mil litros de água por dia.
A população prevista para o P.A. é, hoje, de 29 pessoas. Em um cálculo
simples, o volume de água demandado para as atividades diárias, por pessoa, será
de 4.350 litros por dia, ou 4,35 metros cúbicos de água.
Este valor é considerado como de uso insignificante, o requerente ou
empreendedor da obra poderá entrar com uma Declaração de Dispensa de
Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos18.
Esta declaração tem por finalidade:
a) Captações, Perfuração de Poço e Captação de Água
Subterrânea: Abastecimento doméstico; Abastecimento público;
Aqüicultura; Combate a Incêndio; Consumo humano; Controle de
emissão de partículas; Dessedentação de animais; Envase de água;
Extração mineral; Irrigação; Lavagem de areia; Lavagem de produtos
de origem animal; lavagem de veículos; Lazer; Limpeza;
Pesquisa/monitoramento; Processo industrial; Uso geral; Lavagem
de artigos têxteis.
b) Intervenções e Obras: Acumulação
c) Lançamento de Efluentes: Diluição de efluentes

Para estes casos estabelecidos, o empreendedor deverá preencher o


Requerimento para Dispensa de Outorga – RDO, sendo fornecida,
posteriormente, pela Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental - SUDERHSA uma Declaração de Dispensa de Outorga
de Direito de Uso de Recursos Hídricos.

18
SUDERHSA. Requerimento para DISPENSA DE OUTORGA – RDO. Disponível em:
http://www.pr.gov.br/meioambiente/suderhsa/pdf/no_005_rdo.pdf

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8.b.5. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL E DE GESTÃO


DO PLANO

A gestão do assentamento como um todo, estará diretamente ligada a tomada


de decisões pela comunidade, incluindo o acompanhamento da implantação das
benfeitorias e créditos previstos, bem como a respectiva administração destas
atividades. É importante ressaltar que a assessoria técnica local poderá subsidiar na
elaboração das propostas levantadas pela comunidade.
Como proposta, para o incremento das linhas de produção, podem ser
realizadas trocas de experiências com assentamentos vizinhos; ainda, as equipes
técnicas locais – do P.A. e do município – podem debater idéias e projetos para o
desenvolvimento do P.A., ligado à lógica agroecológica desenvolvida no município e
região garantindo, desta forma, a diversificação na produção e a inclusão de
trabalho para toda a família.
A estruturação de uma cooperativa ou associação dentre os agricultores
deste P.A. e de outros assentamentos, visando o fortalecimento destes, enquanto
grupo.
Além disso, os assentados estão inseridos à uma organicidade interna do
assentamento que contempla a participação de todas as famílias nas ações e
atividades desenvolvidas na área, visando estabelecer a sustentabilidade do
assentamento.
Com a ação conjunta das famílias poderá se estabelecer o fortalecimento dos
vínculos de assessoria e apoio à comunidade na gestão do P.A. junto ao Poder
Público municipal, com a capacitação dos agricultores na gestão de seus módulos
familiares e envolvimento nas atividades do município.
No âmbito social, o programa está embasado nas reuniões que ocorrem no
assentamento, em que participam todas as famílias. A comunidade Olga Benário
tem relações com outras comunidades vizinhas, de diferentes maneiras,
fortalecendo o vínculo e o intercâmbio nos processos de auto-gestão e organização
social.

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8.b.6. ASSESSORIA TÉCNICA, SOCIAL E AMBIENTAL – ATES

Quanto à função específica da equipe de assessoria técnica na implantação


deste PDA, esta deve ser exercida em conjunto com os responsáveis técnicos do
INCRA, que em primeira instância têm articulação com a Instituição e suas decisões
quanto à liberação de recursos.
Quanto às atividades desempenhadas por esta equipe no P.A., estas vão
envolver o acompanhamento a todas as obras que serão implantadas na área, a
partir da liberação do PRONAF A, dentre elas a perfuração do poço, instalação
hidráulica e elétrica, construção de habitações, além do implemento de todas as
atividades de produção econômica, recuperação e utilização dos recursos naturais,
implantação de todas as necessidades sociais, como a área comunitária, de que
necessita o P.A.

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8.c. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Para analisar a viabilidade econômica do Projeto de Assentamento Olga


Benário, em primeiro plano é necessário conhecer os recursos investidos pelo
INCRA, com previsão legal de ressarcimento pelas famílias beneficiadas neste
projeto de reforma agrária.

Tabela 22: Valores previstos a serem pagos pelas famílias beneficiadas


INVESTIMENTOS VALOR TOTAL (R$) VALOR FAMÍLIA (R$)
Valor da terra nua - -
Benfeitorias - -
ATES 15.000,00 1.500,00
PRONAF A - Investimento 165.000,00 16.500,00
TOTAL 180.000,00 18.000,00
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001.
Elaboração: COTRARA, 2006

A análise econômica tem a unidade familiar (lote) como base para toda
projeção de renda, e deverá ser elevada ao número total de unidades familiares
projetadas para esse projeto de assentamento, a fim de atender a análise de
viabilidade econômica do Projeto de assentamento.
As principais simulações de sistema de composição de sistemas produtivos
apresentam os seguintes resultados econômicos:

Tabela 23: Rentabilidade anual de um sistema familiar, tecnologia convencional (caso 1)


PRODUTO ÁREA (ha) RENDA
AUTO-CONSUMO 1,5 1.645,98
LEITE 2,0 4.990,00
MAND. MESA 1,0 3.642,44
FEIJAO 1,0 1.463,79
TOTAL 5,5 11.742,21
Elaboração: COTRARA, 2006

Tabela 24: Rentabilidade anual de um sistema familiar, tecnologia convencional (caso 2)


PRODUTO ÁREA (ha) RENDA
AUTO-CONSUMO 1,5 1.645,98
LEITE 2,0 4.990,00
FRANGO 2,0 4.816,00
TOTAL 5,5 11.451,98
Elaboração: COTRARA, 2006

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As simulações de sistema de produção para as condições do P.A. Olga


Benário apontam para parcelas modais de 5,5 hectares, sem nenhuma restrição
entre as 10 parcelas.
Compreendendo que, das atividades constituintes deste sistema, o auto-
consumo e a bovinocultura de leite exigem um período de, no mínimo, três anos
para atingirem a estabilidade produtiva, e pode também corresponder ao período de
carência para o crédito de investimento PRONAF A. Consideramos ainda, que a
família camponesa dispensará 1/3 (um terço) de seus ganhos anuais, o que neste
caso corresponde a R$ 3.914,07 e R$ 3.817,32 respectivamente, para saldar esta
dívida. Isso leva à projeções com a seguinte forma:

Tabela 25: Projeção da dívida e amortização para cada parceleiro do P.A. Olga Benário, (caso 1)
PERÍODO ANO DEBITO (R$) JUROS (%) AMORTIZAÇÃO SALDO (R$)
01 2006 18.000,00 0,00 - 18.000,00
02 2007 18.000,00 0,00 - 18.000,00
03 2008 18.000,00 0,00 - 18.000,00
04 2009 18.000,00 0,00 3.914,07 14.085,93
05 2010 14.085,93 0,00 3.914,07 10.171,86
06 2011 10.171,86 0,00 3.914,07 6.257,79
07 2012 6.257,79 0,00 3.914,07 2.343,72
08 2013 2.343,72 0,00 2.343,72 0,00
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2001
Elaboração: COTRARA, 2006

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Tabela 26: Projeção da dívida e amortização para cada parceleiro do P.A. Olga Benário, (caso 2)
PERÍODO ANO DEBITO (R$) JUROS (%) AMORTIZAÇÃO SALDO (R$)
01 2006 18.000,00 0,00 - 18.000,00
02 2007 18.000,00 0,00 - 18.000,00
03 2008 18.000,00 0,00 - 18.000,00
04 2009 18.000,00 0,00 3.817,32 14.182,68
05 2010 14.182,68 0,00 3.817,32 10.365,36
06 2011 10.365,36 0,00 3.817,32 6.548,04
07 2012 6.548,04 0,00 3.817,32 2.730,72
08 2013 2.730,72 0,00 2.730,72 0,00
Fonte: INCRA/PR – Divisão Técnica e Operacional; Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel
Rural; MDA & INCRA, Fevereiro de 2.001.
Elaboração: COTRARA, 2006

Desta forma, a projeção demonstra que a amortização da dívida total sofre


grande influência do sistema produtivo implantado pelas famílias. Os possíveis
arranjos que possam constituir um sistema camponês de produção, aptos para esta
região.

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8.d. INVESTIMENTOS TOTAIS E USOS & FONTES DE FINANCIAMENTO

Investimentos e projetos sociais e a serem implantadas no P.A. Olga Benário


localizado no Município de Santa Tereza do Oeste – PR, como atividades propostas
pelo Plano de Desenvolvimento do Assentamento.

Tabela 27: Investimentos totais na área do P.A. Olga Benário


R$ ANUAL / R$ ANUAL FONTES DE
TIPO DE PROJETO POP. BENEF.
FAMIL. TOTAL FINANCIAMENTO
19
Projeto de recuperação ambiental 1.000,00 10.000,00 INCRA
20
PRONAF A - investimento 16.500,00 165.000,00 MDA
21
Demarcação das parcelas 400,00 4.000,00 INCRA

ATES 400,00 4.000,00 INCRA

PDA 200,00 2.000,00 INCRA

PRA 10 famílias 100,00 1.000,00 INCRA

Instalação e Aquisição de Materiais


7.400,00 74.000,00 INCRA
para Construção

Obras de abastecimento de água 1.000,00 10.000,00 INCRA

Manutenção anual da malha viária do


2.500,00 25.000,00 INCRA
Assentamento

Energia Elétrica 2.000,00 20.000,00 INCRA

TOTAL 315.000,00

Valores como estes expressam o montante de recursos mobilizados na


implantação de Projetos de Reforma Agrária. No caso específico do P.A. Olga
Benário está envolvida uma população economicamente ativa e ocupada de 10
famílias, o que permite afirmar que o custo de geração de um emprego desta
natureza seja de R$ 315.000,00. Estes números são ínfimos frente à atual política
econômica brasileira, porém representam uma política de financiamento e
reestruturação econômica e social seguras, fatores determinantes na geração de
empregos e desenvolvimento nacional.
19
Este projeto exige elaboração da equipe de ATES local, custeado com recursos de fundo perdido,
sem custo para o assentamento.
20
Para este recurso exige-se a elaboração pela ATES local, financiado com carência de3 anos.
21
Este recurso é de responsabilidade do INCRA;

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9. RESPONSÁVEIS

___________________________________
ALAN DENIZZARD LIMEIRA COUTINHO
Engº Agrº CREA BA 48292
COTRARA - Escritório de PDA
Alameda Princesa Isabel, 714
Fone/fax: 0xx41 3324 7000

________________________________
ANDRÉ LUIZ LAZZARIN
DIRETORIA / COTRARA

COTRARA – SEDE
Rod. PR 256, km 19 / Trevo p/ Sta Mª do Oeste
Fone/Fax: 0xx42 3674-1177
E-mail: cotrara@anca.org.br

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10. REFERÊNCIAS

BRASIL. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal,
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras
providências.LEI No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000.

COTRARA. Proposta do Projeto de Assentamento Agroflorestal José


Lutzenberger, município de Antonina – PR. Curitiba, 2006.

DEAN, W. A ferro e fogo – A história e a devastação da mata atlântica


brasileira. São Paulo. Companhia das Letras, 1996. 484 p.

EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Editores Técnicos,


Humberto Gonçalves dos Santos, et al. 2ª ed. – Rio de Janeiro : Embrapa Solos,
2006.

GUBERT FILHO, F. A. O desflorestamento do estado do Paraná em um século


(1890-1990). In: Apostila Fatores Sócio-Ambientais Relacionados às Áreas de
Assentamento de Reforma Agrária do Paraná. Convênio INCRA-IAP, Curitiba,
PR. 2004.

IAP. Livro vermelho da fauna ameaçada no Estado do Paraná. Ed.: MIKICH, S.


B.; BERNILS, R. S. Curitiba. Instituto Ambiental do Paraná/Mater natura. 2004.

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<http://www.pr.gov.br/meioambiente/programa_biodivers.shtml>. Acesso em
24/01/2006.

IAPAR. Instituto Agronômico do Paraná. Cartas climáticas do Paraná. 2004.


Disponível em: <http://www.iapar.br/Sma/Cartas_Climaticas/Temperatura.htm>.

IPARDES. Sistemas produtivos. Disponível em: http://www.ipardes.gov.br/

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Leituras


Regionais. Mesorregiões Geográficas Paranaenses. Mesorregião Geográfica
Oeste Paranaense. Curitiba: IPARDES, 2004.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Municípios. Disponível em:


<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: fevereiro e março de 2006.

IBGE. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal.


Veloso, H. P.; Filho. A. L. R. R.; Lima, J. C. A. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento
de recursos Naturais e estudos Ambientais, 1991.

KÖPPEN, W. Climatologia: con un estudio de los climas de la tierra. Mexico: Fondo


de Cultura Economica, 1918. 478p.

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LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas


arbóreas do Brasil, Vol. 1 e 2. 4 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

MAACK, R. Geografia física do estado do Paraná. 3 ed. Curitiba. Imprensa oficial,


2002. 440p.

MARTINS, S.V. Recuperação de Matas Ciliares. Viçosa : Aprenda Fácil, 2001. 146
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<http://www.pr.gov.br/mineropar/>. Acesso em: fevereiro e março de 2006.

Ministério do Desenvolvimento Agrário / Instituto Nacional de Colonização e Reforma


Agrária (MDA / INCRA). Laudo Técnico de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural.
INCRA-PR - Divisão Técnica e Operacional : fevereiro de 2001.

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas do


Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. Software disponível em:
http://www.pnud.org.br/atlas/.

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<http://www.statereza.com.br/>. Acesso em: fevereiro e março de 2006.

PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: E.


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SUDERHSA – Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos


e Saneamento Ambiental. Atlas de recursos hídricos do Estado do Paraná.
Curitiba, 1998. Disponível em:
http://www.pr.gov.br/meioambiente/suderhsa/pdf/mp01.pdf

Zoneamento Agrícola de Santa Tereza do Oeste. Disponível em:


http://www.agritempo.gov.br/publish/zoneamento/PR/SANTA_TEREZA_DO_OESTE
_G.HTML

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ANEXOS

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