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CAPA
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á muitos paralelos entre os desafios do mar português Fernando Pessoa, remete à exatidão em traçar uma
e a vida corporativa. A família Schurmann rota de navegação previamente planejada, baseada em dados
que o diga. Em 1984, Vilfredo, Heloísa e os precisos, comparada às surpresas que a vida proporciona no dia-
três filhos abandonaram o conforto da vida a-dia, sem a menor possibilidade de antecipar as experiências
em terra firme e partiram de Florianópolis boas e prevenir as ruins.
(SC) com o objetivo de realizar um sonho: No mundo dos negócios não é diferente. Antes de abrir uma
dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro. empresa, segundo o professor de Administração da Produção e
Em sua primeira grande aventura, os Schurmann passaram dez Operações da FGV/EAESP, Luis Alberto Piemonte, é preciso
anos no mar, navegando pelo mundo, conhecendo povos e culturas planejar uma rota sem deixar de pensar nos imprevistos que
exóticas. Em 1997, partiram para a segunda grande aventura, com surgirão desde a abertura até a operação diária do negócio, nas
mais uma filha a bordo. O objetivo: refazer a rota da esquadra de mudanças mercadológicas, na economia e, principalmente, nas
Fernão de Magalhães, o primeiro navegador a completar uma conseqüências disso tudo.
circunavegação no planeta. Tanto a navegação, ato de planejar e executar uma viagem de
A Magalhães Global Adventure foi acompanhada pela in- um determinado ponto de partida a um ponto de destino, quanto
ternet por mais de 1,5 milhão de pessoas em 44 países. Mais de um negócio, exigem instrumentos técnicos que proporcionem
40 milhões de brasileiros assistiram à cobertura no programa resultados com precisão.
Fantástico, da Rede Globo. Depois de quase dois anos e meio Para a primeira, a determinação da posição atual para pos-
no mar, o veleiro dos Schurmann chegou a Porto Seguro, no sível comparação com posições previstas ou desejadas é al-
Estado da Bahia, no dia 22 de abril de 2000, para participar cançada por meio de mapas e instrumentos, como a bússola, o
das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. rádio e o Sistema de Posicionamento Global (GPS), além de
Exatamente como havia sido planejado. informações científicas importantes provenientes da meteo-
A frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, do poeta rologia, por exemplo.
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No caso do empreendedorismo, a ferramenta fundamental
para chegar onde se espera é o Plano de Negócios. Segundo a con-
sultora da Moya Consultoria, Bárbara Moya, em poucas palavras
significa escrever, literalmente, a viabilidade de um negócio.
Mas antes de entender que um Plano de Negócios nada mais
é que fazer um roteiro passo a passo dos caminhos do seu ne-
gócio, é essencial que o empreendedor saiba o que quer para
sua vida profissional e pessoal, onde está e onde deseja chegar.
“Leia, pesquise, visite lugares, fale com amigos, familiares e
pense muito sobre o negócio. Imagine-se trabalhando lá no dia-
a-dia, se será feliz e, a partir daí, faça as primeiras anotações”,
aconselha Bárbara para o primeiro passo.
O Plano de Negócios não é um documento dos mais comple-
Diniz, do Sebrae-SP: no
xos e existem inúmeros modelos prontos na internet, embora
eles resolvam só a parte mais fácil do problema. Instituições papel, o plano torna-
como Sebrae, FGV e PUC, entre tantas consultorias especia- se seguro e as idéias,
lizadas, oferecem modelos de Planos de Negócios adaptáveis compromissadas
aos mais variados segmentos de varejo.
Tratando-se de pequenos negócios, a maneira mais prá- De acordo com o consultor do Sebrae-SP, Sérgio Diniz,
tica de medir o retorno do capital investido é através da é importante fazer uma análise para saber que tipo de
taxa de retorno, que demonstra em quanto tempo o di- enquadramento legal e fiscal tem a atividade da empresa.
nheiro investido na empresa retornará em forma de lucro. É hora de consultar um contabilista e ter a orientação
Esse prazo comparado a outras empresas similares irá de um profissional habilitado e capacitado a prestar tais
determinar se o investimento realizado é compensador. É informações. “Conheça as leis e identifique toda a regu-
fundamental que o empresário fixe esse prazo de retorno lamentação, geral ou específica, que se relacione com o
como meta e permanentemente busque esse objetivo. desenvolvimento do seu negócio”, orienta.
PRINCIPAIS
PROJEÇÃO DO BARREIRAS
FLUXO DE CAIXA
Sem planejamento, segundo Diniz, os gestores tendem
É a previsão das entradas e saídas de caixa ao longo a colocar em prática a sua vocação de ‘bombeiros’.
de um período, durante o qual o empresário apura as Uma vez ocupados em apagar o ‘fogo’, eles podem
necessidades ou sobras, possibilitando um planejamento nunca conseguir planejar melhorias. Isso passa a ser
financeiro para estimar os saldos nos períodos uma tática de defesa, pois alegam que estão resolvendo
desejados, definir aplicação das sobras, prioridade em questões urgentes e inadiáveis. “Na maioria das vezes
pagamentos e estratégia de recebimentos, em casos de tais questões são urgentes, mas não importantes. Trata-
fluxo de caixa negativo. se de uma visão míope. Falta de planejamento provoca
reatividade. Planejamento permite proatividade”, explica.
RESULTADOS REVISÃO
PERMANENTE
O demonstrativo de resultados apresenta a rentabilidade À medida que ocorrem mudanças de cenário do mercado,
e produtividade da empresa e o desempenho do empre- da economia, da tecnologia ou das ações dos competi-
sário na administração de seu negócio. Em geral, são bas- dores, deve ser feita a revisão do Plano de Negócios, para
tante sucintos e, para efeito de análise, indispensáveis. que se consiga acompanhar as novas tendências. Em ge-
ral, uma revisão periódica do plano a cada seis meses, no
mínimo, de acordo com o consultor do SEBRAE-SP. “Um
Plano de Negócios nunca poderá ter caráter estático, mas
CAPITAL DE GIRO sim dinâmico”, acredita.
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Bárbara, da Moya Consultoria:
sem conhecimento, um ou mais
Principais motivos que levaram os empresários sócios são bem-vindos
a abrir um negócio em 2005
“Uma oportunidade se caracteriza quando há um grupo de interferem nos negócios dos empreendedores. “Cabe a eles apro-
consumidores necessitando algo e dispostos a pagar para obter veitar os acontecimentos externos para gerar inovações que tra-
o desejado”, explica Diniz, do Sebrae-SP. Entretanto, para gam benefícios. Temos como exemplo a Lei Seca, que já provocou
que uma empresa seja viável no que tange à parte econômica uma baixa de mais de 25% das vendas em bares no Brasil.”
e financeira, seja rentável, será preciso atingir um volume de O próximo passo é definir o local e analisar sua estrutura
vendas todos os meses que seja suficiente para cobrir todos física. De acordo com o coordenador geral do Provar/FIA,
os gastos, todas as despesas e ainda ser lucrativo. Cláudio Felizoni, o empreendedor deve identificar tamanho
As informações obtidas promoverão o resultado da pesqui- do espaço, disposição da loja (layout) e público-alvo, definir
sa realizada, pois quanto mais rica e detalhada, mais subsídios mix de produtos, serviços, atendimento, pessoal e preços pra-
para a análise e decisão. “Caso o futuro empresário não tenha ticados, entre outros fatores.
conhecimento na área em que planeja investir, é estratégico Nessa fase, segundo Felizoni, o empresário também deve
pensar na possibilidade de ter um ou mais sócios que tenham considerar facilidades de acesso, de comunicação e de visibi-
essas experiências e conhecimento”, sugere Bárbara, da Moya. lidade; volume de tráfego, local para estacionamento, nível
Uma dica do consultor de empreendedorismo e manejo com- de ruído, condições de higiene e segurança, proximidades de
portamental da Render Capacitação, Luis Fernando Garcia, é concorrentes e similares, facilidades na aquisição de matéria-
visitar negócios com mais de cinco anos de operação. prima, contratação de mão-de-obra, infra-estrutura de servi-
Fatores políticos, econômicos e culturais, segundo o consultor ços, energia elétrica, água, telefone, coleta de lixo e esgotos.
em vendas da Winners Map, Dominic de Souza, muitas vezes Essencial ao negócio, a estrutura pessoal deve ser distribuí-
da esquematicamente com definição dos cargos dentro de um
organograma que servirá como mapa (onde cada um está e o
Conseqüências da que faz) para o empresário, os funcionários e outras pessoas
falta de planejamento interessadas na empresa ou a ela ligadas.
“Defina processos e qual será o procedimento de trabalho
de cada área, o que será controlado por pessoas e o que será
• ações tomadas ao sabor dos acontecimentos pelo sistema. Estabeleça processos de vendas, compras, inven-
tário, entregas, garantia, suporte, financeiro, crédito, formação
• reações exageradas de preços, entre outros”, recomenda Bárbara, da Moya.
• adiamento na tomada de decisões Com a definição e análise dos passos anteriores, chegou o mo-
• cálculos inadequados de tempo mento de definir o nome e o slogan do negócio. Deve-se escolher
nomes de fácil interpretação e fala. O slogan deve traduzir o que
• dimensionamento errado dos recursos a empresa quer oferecer ao público. “Calcule também o investi-
• ausência de planos contingenciais mento com ações de marketing, como plano de comunicação e
promoção. No varejo é fundamental fazer a divulgação do negó-
• falta de visão estratégica cio, sempre analisando as melhores práticas de mercado, além de
Fonte: Sebrae-SP
um bom plano de mídia”, acrescenta Souza, da Winners Map.
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Cardoso, de Jequié (BA), se consolida por
seus 39 anos de funcionamento sob o mes-
mo número de CNPJ, motivo de orgulho do
diretor Comercial da rede, Marcio Nery Cardoso. Atu-
almente, com duas lojas, a matriz com 18 check-outs e o
CASE n SUPERMERCADOS CARDOSO
Do tamanho Futuro
da ambição calculado
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No Brasil, o Grupo Carrefour conta com 770
unidades em 17 Estados, atuando com diversos
formatos de loja, postos de combustíveis, droga-
cesso de gestão, Ventura ainda não tinha condições O investimento em tecnologia também fez a dife-
financeiras de abrir o negócio como o livro pedia. Tinha rença. “Hoje temos balanças eletrônicas, conectadas
R$ 5 mil, idéias e boa vontade. Foi aí que o plano de ne- ao computador dos check-outs”, conta. “Por causa da
gócios entrou na vida e no comércio de Seu Ventura. mudança de hábitos de consumo muito rápida, infor-
Como ele conta, aprendeu rapidinho a negociar melhor mamos tudo, cumprindo as exigências da Anvisa, mes-
com o fornecedor, com o cliente, administrar seu tempo na mo as nutricionais, para atender cada vez mais com
empresa e que, além de trabalho, deveria ter vida social. qualidade e precisão”, arremata.
“No início, abri para a sobrevivência. Tinha 35 anos, estava
desanimado e sem muitas expectativas, me sentia com 50 Fontes desta matéria
anos. Quando passei a pensar como empresário, procurei Carrefour: 0800-724-2822
o Sebrae e tudo mudou”, lembra, emocionado. Família Schurmann: www.schurmann.com.br
Um passo que o varejista considera muito impor- FGV/EAESP: (11) 3259-0505
Moya Consultoria: (11) 3729-0445
tante para o seu crescimento foi dado com o curso Provar/Fia: (11) 3894-5006
Empretec, do Sebrae. “É um curso que qualquer pessoa Render Capacitação Empresarial: (48) 3334-5585
que tenha intenção de abrir um negócio deveria fazer. Sebrae-SP: 0800-570-0800
Todas as situações que podem acontecer no comércio Supermercados Cardoso: (73) 3527-8900
são vivenciadas no curso. Criamos um plano, uma em- Supermercados Covabra: (19) 3727-2400
Varejão Araguaia: (11) 4101-4172
presa fictícia e praticamos tudo o que colocamos no Winners Map Consultoria: (11) 5505-0295
papel no plano de negócios”, conta.
A rede tem hoje três lojas próprias em São Paulo revista@supervarejo.com.br