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plano de negócios

CAPA

sxc

22 SuperVarejo | outubro 2008


Planejar
é preciso
Baseado em dados precisos, o Plano de Negócios é um compromisso,
um documento que torna possível a gestão do empreendimento com
estratégias preventivas e táticas emergenciais
P O R VIVIANE ÁVILA

H
á muitos paralelos entre os desafios do mar português Fernando Pessoa, remete à exatidão em traçar uma
e a vida corporativa. A família Schurmann rota de navegação previamente planejada, baseada em dados
que o diga. Em 1984, Vilfredo, Heloísa e os precisos, comparada às surpresas que a vida proporciona no dia-
três filhos abandonaram o conforto da vida a-dia, sem a menor possibilidade de antecipar as experiências
em terra firme e partiram de Florianópolis boas e prevenir as ruins.
(SC) com o objetivo de realizar um sonho: No mundo dos negócios não é diferente. Antes de abrir uma
dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro. empresa, segundo o professor de Administração da Produção e
Em sua primeira grande aventura, os Schurmann passaram dez Operações da FGV/EAESP, Luis Alberto Piemonte, é preciso
anos no mar, navegando pelo mundo, conhecendo povos e culturas planejar uma rota sem deixar de pensar nos imprevistos que
exóticas. Em 1997, partiram para a segunda grande aventura, com surgirão desde a abertura até a operação diária do negócio, nas
mais uma filha a bordo. O objetivo: refazer a rota da esquadra de mudanças mercadológicas, na economia e, principalmente, nas
Fernão de Magalhães, o primeiro navegador a completar uma conseqüências disso tudo.
circunavegação no planeta. Tanto a navegação, ato de planejar e executar uma viagem de
A Magalhães Global Adventure foi acompanhada pela in- um determinado ponto de partida a um ponto de destino, quanto
ternet por mais de 1,5 milhão de pessoas em 44 países. Mais de um negócio, exigem instrumentos técnicos que proporcionem
40 milhões de brasileiros assistiram à cobertura no programa resultados com precisão.
Fantástico, da Rede Globo. Depois de quase dois anos e meio Para a primeira, a determinação da posição atual para pos-
no mar, o veleiro dos Schurmann chegou a Porto Seguro, no sível comparação com posições previstas ou desejadas é al-
Estado da Bahia, no dia 22 de abril de 2000, para participar cançada por meio de mapas e instrumentos, como a bússola, o
das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. rádio e o Sistema de Posicionamento Global (GPS), além de
Exatamente como havia sido planejado. informações científicas importantes provenientes da meteo-
A frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, do poeta rologia, por exemplo.

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plano de negócios
CAPA

arquivo
No caso do empreendedorismo, a ferramenta fundamental
para chegar onde se espera é o Plano de Negócios. Segundo a con-
sultora da Moya Consultoria, Bárbara Moya, em poucas palavras
significa escrever, literalmente, a viabilidade de um negócio.
Mas antes de entender que um Plano de Negócios nada mais
é que fazer um roteiro passo a passo dos caminhos do seu ne-
gócio, é essencial que o empreendedor saiba o que quer para
sua vida profissional e pessoal, onde está e onde deseja chegar.
“Leia, pesquise, visite lugares, fale com amigos, familiares e
pense muito sobre o negócio. Imagine-se trabalhando lá no dia-
a-dia, se será feliz e, a partir daí, faça as primeiras anotações”,
aconselha Bárbara para o primeiro passo.
O Plano de Negócios não é um documento dos mais comple-
Diniz, do Sebrae-SP: no
xos e existem inúmeros modelos prontos na internet, embora
eles resolvam só a parte mais fácil do problema. Instituições papel, o plano torna-
como Sebrae, FGV e PUC, entre tantas consultorias especia- se seguro e as idéias,
lizadas, oferecem modelos de Planos de Negócios adaptáveis compromissadas
aos mais variados segmentos de varejo.

Definição – Mas afinal, o que é um Plano de Negócios? “Ba-


sicamente, é o documento em que o empreendedor formaliza os Taxa de mortalidade das
estudos a respeito de suas idéias, estruturando-as e analisando-as.
Assim, decide se é viável transformá-las em negócio”, explica o
empresas no Estado de
consultor de Administração Geral do Sebrae-SP, Sérgio Diniz.
Não é preciso ser um profissional experiente para preparar
São Paulo (rastreamento 2004)
um bom Plano de Negócios. Entretanto, é preciso se compro-
meter a examinar cuidadosamente o conceito de negócio, deci- A cada pesquisa de mortalidade das micro e pequenas
dir como irá operá-lo e colocar esta informação por escrito de empresas (MPE) realizada pelo Sebrae-SP, fica evidente que
forma sistemática e lógica. “No papel, o plano torna-se seguro uma das principais causas dos altos índices verificados é a
e as idéias, compromissadas. São estabelecidas as estratégias,
falta de planejamento quando se pretende abrir um negócio
as ações, a responsabilidade de quem deverá executá-las e os
prazos a cumprir. Portanto, ele acaba substituindo por números
e argumentos as opiniões iniciais, motivadas principalmente Empresa Empresas em atividade Empresas encerradas
pela convicção dos empreendedores”, complementa Diniz.
Mas um Plano de Negócios não é somente agregar e sistema-
tizar informações práticas e atualizadas para a concretização de
com um ano
(desde 2003) 71% 29%
um projeto. “Sua principal função é ser uma ferramenta de pre-
visão e solução de problemas”, segundo Piemonte, da FGV. Empresa Empresas em atividade Empresas encerradas

PASSO A PASSO – O primeiro passo para criar um Plano


com dois anos
(desde 2002) 58% 42%
de Negócios, na opinião do consultor do Sebrae-SP, é coletar o
maior número de dados do segmento e analisá-los. O objetivo Empresa Empresas em atividade Empresas encerradas
desta fase é reunir todas as informações necessárias para de-
cidir iniciar um negócio específico ou ampliar um já existente.
Nessa fase é fundamental saber o que pode potencializar na
com três anos
(desde 2001) 47% 53%
empresa e o que é preciso melhorar ou corrigir. “Estrategica-
mente, planejamento exige mudanças de postura, de hábitos e Empresa com Empresas em atividade Empresas encerradas
disciplina”, ensina Diniz.
Para a consultora Bárbara, o segundo passo é a análise do ce-
quatro anos
(desde 2000) 44% 56%
nário da concorrência e uma pesquisa informal sobre o negócio.
“Não invista para ser só mais um no mercado. Para dar certo é Empresa com Empresas em atividade Empresas encerradas
necessário ser diferente e oferecer mais do que a concorrên-
cia. Observe os pontos fortes, fracos, as ameaças e se possível
transforme-os em oportunidades.”
cinco anos
(desde 1999) 44% 56%
Fonte: Sebrae-SP

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Procedimentos indispensáveis ao projeto
FINANÇAS DENTRO DA LEI

Tratando-se de pequenos negócios, a maneira mais prá- De acordo com o consultor do Sebrae-SP, Sérgio Diniz,
tica de medir o retorno do capital investido é através da é importante fazer uma análise para saber que tipo de
taxa de retorno, que demonstra em quanto tempo o di- enquadramento legal e fiscal tem a atividade da empresa.
nheiro investido na empresa retornará em forma de lucro. É hora de consultar um contabilista e ter a orientação
Esse prazo comparado a outras empresas similares irá de um profissional habilitado e capacitado a prestar tais
determinar se o investimento realizado é compensador. É informações. “Conheça as leis e identifique toda a regu-
fundamental que o empresário fixe esse prazo de retorno lamentação, geral ou específica, que se relacione com o
como meta e permanentemente busque esse objetivo. desenvolvimento do seu negócio”, orienta.

PRINCIPAIS
PROJEÇÃO DO BARREIRAS
FLUXO DE CAIXA
Sem planejamento, segundo Diniz, os gestores tendem
É a previsão das entradas e saídas de caixa ao longo a colocar em prática a sua vocação de ‘bombeiros’.
de um período, durante o qual o empresário apura as Uma vez ocupados em apagar o ‘fogo’, eles podem
necessidades ou sobras, possibilitando um planejamento nunca conseguir planejar melhorias. Isso passa a ser
financeiro para estimar os saldos nos períodos uma tática de defesa, pois alegam que estão resolvendo
desejados, definir aplicação das sobras, prioridade em questões urgentes e inadiáveis. “Na maioria das vezes
pagamentos e estratégia de recebimentos, em casos de tais questões são urgentes, mas não importantes. Trata-
fluxo de caixa negativo. se de uma visão míope. Falta de planejamento provoca
reatividade. Planejamento permite proatividade”, explica.

RESULTADOS REVISÃO
PERMANENTE
O demonstrativo de resultados apresenta a rentabilidade À medida que ocorrem mudanças de cenário do mercado,
e produtividade da empresa e o desempenho do empre- da economia, da tecnologia ou das ações dos competi-
sário na administração de seu negócio. Em geral, são bas- dores, deve ser feita a revisão do Plano de Negócios, para
tante sucintos e, para efeito de análise, indispensáveis. que se consiga acompanhar as novas tendências. Em ge-
ral, uma revisão periódica do plano a cada seis meses, no
mínimo, de acordo com o consultor do SEBRAE-SP. “Um
Plano de Negócios nunca poderá ter caráter estático, mas
CAPITAL DE GIRO sim dinâmico”, acredita.

O empresário tem de avaliar com objetividade de quanto


capital deverá dispor, tanto próprio como de sócios e EXECUÇÃO
terceiros. Deve ser considerado como capital não só o
investimento em máquinas, instalações, móveis, veículos,
É importante ressaltar que o planejamento é uma pequena
mas também os recursos para o capital de giro, indispen-
parte do negócio. O maior esforço estará em executar, ge-
sável para pagamento de salários e encargos, compra de
renciar e medir os resultados do plano. E é nessa fase que
matéria-prima, aluguel, água, luz, entre outras despesas.
começa o trabalho.
plano de negócios
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abertura de empresa

arquivo
Bárbara, da Moya Consultoria:
sem conhecimento, um ou mais
Principais motivos que levaram os empresários sócios são bem-vindos
a abrir um negócio em 2005

desempregado outros motivos


9% 3%
exigência de
clientes (CNPJ) identificação
de oportunidade
11% 33%

melhoria de vida desejo de ter o


(aumento de renda) próprio negócio
14% 30%
Fonte: Sebrae-SP

“Uma oportunidade se caracteriza quando há um grupo de interferem nos negócios dos empreendedores. “Cabe a eles apro-
consumidores necessitando algo e dispostos a pagar para obter veitar os acontecimentos externos para gerar inovações que tra-
o desejado”, explica Diniz, do Sebrae-SP. Entretanto, para gam benefícios. Temos como exemplo a Lei Seca, que já provocou
que uma empresa seja viável no que tange à parte econômica uma baixa de mais de 25% das vendas em bares no Brasil.”
e financeira, seja rentável, será preciso atingir um volume de O próximo passo é definir o local e analisar sua estrutura
vendas todos os meses que seja suficiente para cobrir todos física. De acordo com o coordenador geral do Provar/FIA,
os gastos, todas as despesas e ainda ser lucrativo. Cláudio Felizoni, o empreendedor deve identificar tamanho
As informações obtidas promoverão o resultado da pesqui- do espaço, disposição da loja (layout) e público-alvo, definir
sa realizada, pois quanto mais rica e detalhada, mais subsídios mix de produtos, serviços, atendimento, pessoal e preços pra-
para a análise e decisão. “Caso o futuro empresário não tenha ticados, entre outros fatores.
conhecimento na área em que planeja investir, é estratégico Nessa fase, segundo Felizoni, o empresário também deve
pensar na possibilidade de ter um ou mais sócios que tenham considerar facilidades de acesso, de comunicação e de visibi-
essas experiências e conhecimento”, sugere Bárbara, da Moya. lidade; volume de tráfego, local para estacionamento, nível
Uma dica do consultor de empreendedorismo e manejo com- de ruído, condições de higiene e segurança, proximidades de
portamental da Render Capacitação, Luis Fernando Garcia, é concorrentes e similares, facilidades na aquisição de matéria-
visitar negócios com mais de cinco anos de operação. prima, contratação de mão-de-obra, infra-estrutura de servi-
Fatores políticos, econômicos e culturais, segundo o consultor ços, energia elétrica, água, telefone, coleta de lixo e esgotos.
em vendas da Winners Map, Dominic de Souza, muitas vezes Essencial ao negócio, a estrutura pessoal deve ser distribuí-
da esquematicamente com definição dos cargos dentro de um
organograma que servirá como mapa (onde cada um está e o
Conseqüências da que faz) para o empresário, os funcionários e outras pessoas
falta de planejamento interessadas na empresa ou a ela ligadas.
“Defina processos e qual será o procedimento de trabalho
de cada área, o que será controlado por pessoas e o que será
• ações tomadas ao sabor dos acontecimentos pelo sistema. Estabeleça processos de vendas, compras, inven-
tário, entregas, garantia, suporte, financeiro, crédito, formação
• reações exageradas de preços, entre outros”, recomenda Bárbara, da Moya.
• adiamento na tomada de decisões Com a definição e análise dos passos anteriores, chegou o mo-
• cálculos inadequados de tempo mento de definir o nome e o slogan do negócio. Deve-se escolher
nomes de fácil interpretação e fala. O slogan deve traduzir o que
• dimensionamento errado dos recursos a empresa quer oferecer ao público. “Calcule também o investi-
• ausência de planos contingenciais mento com ações de marketing, como plano de comunicação e
promoção. No varejo é fundamental fazer a divulgação do negó-
• falta de visão estratégica cio, sempre analisando as melhores práticas de mercado, além de
Fonte: Sebrae-SP
um bom plano de mídia”, acrescenta Souza, da Winners Map.

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plano de negócios
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Sonho em conjunto é realidade


D
e origem familiar, a rede de supermercados

arquivo
Cardoso, de Jequié (BA), se consolida por
seus 39 anos de funcionamento sob o mes-
mo número de CNPJ, motivo de orgulho do
diretor Comercial da rede, Marcio Nery Cardoso. Atu-
almente, com duas lojas, a matriz com 18 check-outs e o
CASE n SUPERMERCADOS CARDOSO

Cardosinho com cinco check-outs, e um hipermercado


previsto para ser inaugurado em outubro, a rede come-
çou com um pequeno empório de 40 metros quadrados,
fundado pelo pai de Marcio, na época em que check-out
ainda era um balcão.
Em 1969, seu Armando dos Santos Cardoso, atual
presidente da rede, não fazia idéia da existência de
um plano de negócio. Mas, com tino comercial, sabia
Seu Armando e Marcio: troca de conhecimentos
exatamente o que queria e aonde chegar. “Em 1990,
conseguimos inaugurar a primeira filial, o Cardosinho, qualidade para depois pensar em aumentar o número
com 450 metros quadrados e cinco check-outs. É o nos- de lojas. Tudo de forma séria e comprometida”, conta
so xodó até hoje”, orgulha-se Cardoso. o diretor. Na opinião de Marcio, sem o planejamento
Nessa mesma época, Marcio, o visionário menino de negócio, o risco de insucesso é grande. “Com ele, é
de Jequié, foi para a cidade grande estudar, pois sabia possível sonhar e tornar realidade.”
que um dia voltaria para fazer crescer a empresa da
família. Em 2000, voltou de Salvador com um currículo Mudança de valores – Para vencer as bar-
de graduado em Administração de Empresas e pós- reiras, a empresa precisou mudar a cultura da casa. O
graduado em Finanças pela FGV, um estágio de qua- mais importante para a aceitação do plano foi levar a
tro anos como analista de logística na loja Bompreço equipe para junto dos administradores, como apoio.
da capital baiana, uma especialização de um ano em “Nunca fiz nada impositivo. Usava de argumentos para
gerenciamento de projetos e marketing nos Estados convencer da melhor maneira possível os colaborado-
Unidos e dez anos como bancário. res e principalmente meu pai, que tinha certa resistên-
Conciliou seus conhecimentos e experiências com cia em mudar. Hoje ele reconhece que eu estava no
as de seu pai e juntou todas as informações possíveis caminho certo”, salienta.
sobre o setor, mercado, fornecedores, clientela e perfil Atualmente, além de diretor Comercial da rede, Mar-
de loja e colocou tudo num papel. “Meu pai sabia, por cio é professor universitário da Faculdade de Tecnologia
exemplo, quanto vendia de feijão, os preços de cada e Ciências de Jequié, graças a um mestrado em Admi-
fornecedor, prazos de pagamento, tudo de cabeça. Mas nistração com linha de pesquisa em Responsabilidade
não bastava”, relata Marcio. Na época, a rede passava Social. A amostragem desse estudo se deu a partir da
por uma crise financeira, mas o plano de negócios veio necessidade de fomentar o desenvolvimento da cadeia
para exterminá-la. “O maior rombo era no Cardosinho. produtiva local, informação estratégica não só para o
Hoje, tem 60 colaboradores e faturamento de R$ 800 plano de negócio dos Supermercados Cardoso como
mil por mês”, comemora. para todo o setor da região. “Avaliei mais de 300 forne-
Como segundo passo, pai e filho enxergaram a cedores, que acabaram se tornando parceiros”, conta.
necessidade de investir em pessoal, capacitando seus Para a nova unidade, o primeiro hipermercado da
próprios colaboradores, além de contratar dois profis- rede com área construída de 7,1 mil metros quadrados,
sionais de sistema de gestão e recursos humanos. Tam- 2,3 mil quadrados de área de venda e 22 check-outs,
bém estruturaram os sistemas de informação, gestão e o empreendedor fez o plano com um ano e meio de
controle de operações. antecedência. Visitou redes concorrentes e conheceu
A reestruturação do mix acompanhou o processo lojas com diferenciais que trouxeram inspiração de
de mudança e foi estratégia fundamental, assim como bons exemplos. “Estamos prestes a inaugurar nosso
implantar o marketing integralmente e atualizar a iden- grande sonho. É uma fase muito especial de nossas
tidade visual das lojas. “Primeiro nos estruturamos em vidas”, exulta.

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plano de negócios
CAPA

Do tamanho Futuro
da ambição calculado

arquivo
No Brasil, o Grupo Carrefour conta com 770
unidades em 17 Estados, atuando com diversos
formatos de loja, postos de combustíveis, droga-

CASE n SUPERMERCADOS COVABRA


rias, serviços financeiros, entre outros. Executa
um ciclo de revisão estratégica a cada três anos
e anualmente faz a revisão do plano de negócios
visando adequá-lo a novas demandas de clientes,
mudanças do cenário macroeconômico e oportu-
nidades de inovação. Desde que chegou ao país,
em 1975, opera dessa forma.
O plano de negócios é desdobrado por to-
dos os níveis da empresa e traduzido em metas Santos: estratégia e competitividade
quantitativas e qualitativas, devendo se tornar
uma missão comum para os cerca de 58 mil fun- Quando a rede Covabra foi fundada em 1989,
cionários. não havia nada planejado estrategicamente no
De acordo com a diretora de Assuntos Cor- papel. Ao longo do tempo, surgiu a necessida-
porativos, Renata Moura, o plano estratégico é de de mudança. Era hora de implantar o plano
usado quando a companhia promove uma mu- de negócios. “Desde quando colocamos a idéia
dança de patamar. “Ele deve ser realizado com no papel, conseguimos prever o futuro e nos
periodicidade e de acordo com o tamanho da am- precaver”, conta o diretor Financeiro da rede,
bição, ou seja, da mudança a ser promovida, em Ronaldo dos Santos.
um processo que consiga ouvir clientes, mercado Com a implantação do plano, o crescimen-
e colaboradores”, salienta. to da empresa se deu com foco em resultados
CASE n CARREFOUR

Para ela, o mais importante é garantir a ges- financeiros e desenvolvimento do orçamento


tão da transformação no dia-a-dia. Isso se dá a empresarial. Projetado para cinco anos, segundo
partir de um processo que contemple a definição Santos, o primeiro ano do plano deve ter 100%
de metas claras, atribuição de responsabilidades, de acerto e do segundo até o quinto ano, 80%.
disciplina na gestão de mudanças, comunicação “Programamos revisá-lo estrategicamente ano a
e acompanhamento. ano, fazendo breves alterações de dois anos, mas
O planejamento da rede leva sempre em con- o ideal para a projeção do negócio são cinco
sideração o perfil dos clientes, as oportunidades anos”, acredita.
de negócios e as culturas das regiões. “O mais Na rede Covabra, atualmente com dez lojas
importante é ter visão macro, fazer análise de na região de Campinas, interior de São Paulo,
oportunidades e riscos, quebrar paradigmas e dentro do planejamento estratégico é definido o
pensar no futuro, envolvendo pessoas na cons- formato de loja, média de tamanho, valor de in-
trução de um objetivo comum, e traduzir a am- vestimento, previsão de receita, custo, despesas
bição de forma que posteriormente possa gerar e lucros, público e, baseado nisso, a quantidade
negócios e inovações”, analisa Renata. de check-outs. “Quando há dúvidas, contrata-
Para a diretora, todo processo de mudança é mos uma empresa de pesquisa. Acontece de es-
complexo. “O fato de termos definido desde o tudarmos todo o negócio e de repente surgir um
início que os resultados dependiam do engaja- concorrente. Aí temos que ser estratégicos, com-
mento das pessoas nos ajudou bastante. Porém, petitivos, senão ficamos para trás”, diz Santos,
o acompanhamento constante de indicadores que vê no plano um documento imprescindível
internos e a celebração de forma compartilhada ao sucesso do negócio. “Depois que passamos
das conquistas são muito importantes numa or- a trabalhar com esse tipo de informação, não
ganização do porte do Carrefour”, conclui. ficamos mais sem ela”, avalia.

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Guinada planejada
eliane cunha

Ventura: de uma banca alugada


a três lojas próprias
˜ ARAGUAIA

A primeira loja do empresário do segmento de (duas em São Bernardo, na região metropolitana, e


hortifruti, Antônio Lopes Ventura, era praticamente uma em São Mateus, na zona leste da capital), todas
uma banca. O Varejão Araguaia, de São Bernardo com mais de 600 metros quadrados. O quadro de co-
(SP), se restringia a 30 metros quadrados alugados, laboradores, que começou com dois rapazes, hoje con-
sem estrutura alguma. Há 13 anos, quando começou ta com 60 pessoas, que fazem cursos no Sebrae para
no ramo, ainda sem conhecimento, Ventura comprou atendimento ao público, fundamental na opinião do
dois livros de negócios do Sebrae, um sobre hortifruti empreendedor para a qualidade do atendimento e o
e outro sobre lava-rápidos, para tirar dúvidas. Optou rumo do negócio. “Graças a muito trabalho e dedica-
pelo primeiro. ção, ganhamos o troféu Destaque do Ano e Melhores
Embora tivesse tido informações precisas no livro, dos Melhores da revista Livre Mercado do Diário do
como público, melhor horário de funcionamento e pro- Grande ABC”, comemora Ventura.
CASE n VAREJÃO

cesso de gestão, Ventura ainda não tinha condições O investimento em tecnologia também fez a dife-
financeiras de abrir o negócio como o livro pedia. Tinha rença. “Hoje temos balanças eletrônicas, conectadas
R$ 5 mil, idéias e boa vontade. Foi aí que o plano de ne- ao computador dos check-outs”, conta. “Por causa da
gócios entrou na vida e no comércio de Seu Ventura. mudança de hábitos de consumo muito rápida, infor-
Como ele conta, aprendeu rapidinho a negociar melhor mamos tudo, cumprindo as exigências da Anvisa, mes-
com o fornecedor, com o cliente, administrar seu tempo na mo as nutricionais, para atender cada vez mais com
empresa e que, além de trabalho, deveria ter vida social. qualidade e precisão”, arremata.
“No início, abri para a sobrevivência. Tinha 35 anos, estava
desanimado e sem muitas expectativas, me sentia com 50 Fontes desta matéria
anos. Quando passei a pensar como empresário, procurei Carrefour: 0800-724-2822
o Sebrae e tudo mudou”, lembra, emocionado. Família Schurmann: www.schurmann.com.br
Um passo que o varejista considera muito impor- FGV/EAESP: (11) 3259-0505
Moya Consultoria: (11) 3729-0445
tante para o seu crescimento foi dado com o curso Provar/Fia: (11) 3894-5006
Empretec, do Sebrae. “É um curso que qualquer pessoa Render Capacitação Empresarial: (48) 3334-5585
que tenha intenção de abrir um negócio deveria fazer. Sebrae-SP: 0800-570-0800
Todas as situações que podem acontecer no comércio Supermercados Cardoso: (73) 3527-8900
são vivenciadas no curso. Criamos um plano, uma em- Supermercados Covabra: (19) 3727-2400
Varejão Araguaia: (11) 4101-4172
presa fictícia e praticamos tudo o que colocamos no Winners Map Consultoria: (11) 5505-0295
papel no plano de negócios”, conta.
A rede tem hoje três lojas próprias em São Paulo revista@supervarejo.com.br

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