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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE MOÇAMBIQUE

Licenciatura em Contabilidade e Fiscalidade

MACROECONOMIA

O Impacto das dívidas públicas externas nas taxas de juro no mercado doméstico

Agostinho Orlando Mutendez


Aventina Vívia Jaime Guambe
Bill Mavulule
Joaquim Jorge
Maria Helena Nhavoto
Paula Joana Jorge Tovele

Turma 01-2° ano Pós-Laboral

Maputo, Agosto de 2021


Licenciatura em Contabilidade e Fiscalidade

MACROECONOMIA

O Impacto das dívidas públicas externas nas taxas de juro no mercado doméstico

Agostinho Orlando Mutendez


Aventina Vívia Jaime Guambe
Bill Mavulule
Joaquim Jorge
Maria Helena Nhavoto
Paula Joana Jorge Tovele

Turma 01-2° ano Pós-Laboral

Docente. Anatolia Maite

Maputo, Agosto de 2021


Índice
CAPÍTULO I................................................................................................................................1
1. Lista de abreviações.........................................................................................................1
1.1. Introdução.....................................................................................................................2
1.2.1. Objectivo Geral....................................................................................................3
1.2.2. Objectivos específicos..........................................................................................3
CAPÍTULO II..............................................................................................................................4
2.Revisão da Literatura................................................................................................................4
2.1. Noção dos elementos de objectivos do estudo...................................................................4
2.1.1. Dívida Pública............................................................................................................4
2.1.2. Causas da Crise da Dívida..........................................................................................5
2.1.3. Razões Aventadas para a Crise de Dívida em Moçambique.......................................6
2.1.4. Dívida soberana (dívida pública)..........................................................................7
2.1.5. Reestruturação da dívida.......................................................................................8
2.1.6. Dívida Pública Externa vs Taxa de Juros Doméstica............................................9
2.1.7. Políticas utilizadas para eliminação da dívida.....................................................10
CAPÍTULO III – CONCLUSÃO...............................................................................................12
3.Conclusões e Sugestões...........................................................................................................13
3.1. Conclusões.................................................................................................................13
3.2. Sugestões....................................................................................................................13
4.Bibliografia.............................................................................................................................15
CAPÍTULO I
1. Lista de abreviações

FMI – Fundo Monetário Internacional;


PIB – Produto interno bruto;
FPC – Facilidade Permanente de Cedência;
FPD – Facilidade Permanente de Depósitos;
BM – Banco de Moçambique;
EMATUM – Empresa Moçambicana de Atum.

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1.1. Introdução

Actualmente, considerando a instabilidade financeira/cambial típica da experiência


mundial recente, mesmo órgãos conservadores, como o FMI, defendem a possibilidade,
em certas circunstâncias, do uso temporário de certos tipos de controlo de capitais.
Vários economistas têm criticado os benefícios do processo de liberalização financeira e
defendido a introdução de controlo de capitais para aumentar a autonomia da política
monetária e reduzir a vulnerabilidade externa das economias emergentes. O debate
acerca da dívida externa dos países em desenvolvimento está longe de serultrapassado.
A sua ligação com a redução da pobreza é hoje um facto inquestionável. Reconhecendo
isso, doadores e as instituições financeiras têm levado a cabo iniciativas de alívio da
dívida dos Países Pobres e Altamente Endividados. Moçambique tem sido qualificado
para o alívio da sua dívida pública externa no âmbito das várias iniciativas. Porém,
dados recentes indicam que o stock de dívida externa pública do País situa-se aos níveis
da década 80/90 quando se deu a crise da dívida externa de Moçambique. Embora a
análise da sua sustentabilidade leve a conclusões diferentes das da década 80/90, o
acompanhamento dos níveis de endividamento actuais e a sua discussão não podem ser
adiados porque tem implicações importantes sobre a gestão e monitoria da dívida
pública externa.
Neste contexto, o presente trabalho tem por objectivo avançar no entendimento acerca
dos efeitos macroeconómicos do endividamento externo dos países não desenvolvidos.
De forma genérica, entende-se por dívida, uma quantia emprestada acrescida de juros,
com uma previsão de pagamento futuro.
Tendo em conta a residência dos agentes envolvidos na contratação dos empréstimos
distinguem-se duas categorias de dívida: dívida interna ou dívida externa, sendo a
segunda o nosso ponto focal para a elaboração desse trabalho, sendo esta definida
segundo a Lei 9/2002 como “Aquela que é contraída pelo estado com outros estados,
organismos internacionais ou outras entidades de direito público ou privado, com
residência ou domicílio fora do País, e cujo pagamento é exigível fora do território
nacional”. Os devedores podem ser tanto o governo como as empresas privadas. Assim,
na óptica do devedor a dívida pode ser pública ou privada. É pública quando o
responsável directo pela dívida sobre o exterior é o Governo.

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1.2. Ojectivos
1.2.1. Objectivo Geral

O objectivo geral deste projecto de pesquisa é:


 Analisar o impacto das dívidas públicas externas podem influenciar nas taxas de
juros no mercado doméstico.
1.2.2. Objectivos específicos

Os objectivos e específicos são:


 Definir a crise da dívida pública externa;
 Identificar os fatores que possibilitaram a sua ocorrência em Moçambique;
 Explicar a restruturação das políticas;
 Descrever as políticas adotadas para eliminar a crise.

1.3. Metodologia de pesquisa

Para adquirir e aprofundar conhecimentos sobre o tema supracitado, adotou-se o


procedimento técnico de pesquisa bibliográfica que segundo (LAKATOS E
MARCONI,2010), proporciona a análise de um assunto a partir de um novo olhar e não
a simples reprodução de algo falado ou registrado sobre este tema.

1.4. Estrutura do trabalho

O presente trabalho é composto por quatro capítulos, sendo o primeiro a Introdução, que
apresenta os objectivos geral e específicos, a metodologia de pesquisa e a estrutura do
trabalho; o segundo debruça-se sobre a revisão de literatura; O terceiro debruça-se sobre
a conclusão e último debruça-se sobre as referências bibliográficas.

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CAPÍTULO II
2. Revisão da Literatura

2.1. Noção dos elementos de objectivos do estudo


2.1.1. Dívida Pública

De forma genérica, entende-se por dívida, uma quantia emprestada acrescida de juros,
com uma previsão de pagamento futuro. Tendo em conta a residência dos agentes
envolvidos na contratação dos empréstimos distinguem-se duas categorias de dívida:
dívida interna ou dívida externa.
2.1.1.2. Dívida Pública Externa

A dívida externa é definida internacionalmente como aquela que resulta de empréstimos


ou créditos contraídos a entidades não residentes no País, por um prazo superior a um
ano, cujo pagamento é feito em moeda convertível, em mercadorias ou serviços. Nesta
definição exclui-se a dívida de curto prazo dada a sua variabilidade em espaços
curtíssimos o que torna difícil a colecta de dados sobre esta dívida.

2.1.1.2.1.Classificação

A dívida externa pública é classificada de acordo com o credor (multilateral, bilateral e


comercial).

1. A dívida privada resulta de empréstimos contraídos directamente por entidades


do sector privado ou autónomas, sem a garantia da administração central.
2. A dívida multilateral resulta de empréstimos ou créditos contraídos junto de
organizações internacionais, tais como, Banco Mundial, Banco Africano de
Desenvolvimento, Banco Islâmico de Desenvolvimento,
3. A dívida bilateral resulta de empréstimos contraídos junto de governos ou suas
agências ou outras entidades públicas autónomas. Neste grupo, inclui-se,
também, a dívida bancária assegurada por uma instituição.

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2.1.2. Causas da Crise da Dívida

A década 80 foi marcada pela subida dos passivos de muitos países menos
desenvolvidos. Dava (2005) refere que foi em meados daquela década que a dívida
acumulada de Moçambique subiu de forma desproporcional resultado de um conjunto
de factores de índole interno e externo, chegando a ser 10 vezes mais que o volume das
exportações do país e 50 % do PIB, em 1994.

Fala-se em crise da dívida, uma vez os níveis de endividamento atingidos estarem fora
do controle das autoridades em termos de cumprimento das obrigações de pagamento do
respectivo serviço. São dívidas cujo cumprimento da obrigação de pagamento é incerto.
Numa situação de altos níveis de endividamento há riscos óbvios que se incorrem, tanto
na perspectiva do país devedor como na do credor.

Na visão do país devedor, os altos níveis de endividamento são vistos como um entrave
ao investimento público, bem como diminuição de recursos públicos para aplicações
alternativas que podem acelerar o ritmo de crescimento do país, assumindo-se que o
serviço da dívida a que o país é exposto anualmente drena recursos dos “bolsos” do
estado. Na perspectiva do credor, os altos níveis de endividamento, acompanhados de
dificuldades crescentes em fazer face ao respectivo serviço pelos devedores põem em
risco a estabilidade financeira internacional, pois a falta de pagamento pode alimentar
pressões indesejáveis e retaliações por parte dos credores, ao mesmo tempo que isso
significa uma redução do seu activo.

Os esforços de alívio da dívida são tomados na tentativa de salvaguardar os interesses


tanto dos credores como dos devedores e, em última instância, do sistema financeiro
internacional.

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Tabela1: Evolução da Dívida Pública Moçambicana como percentagem do PIB (2000-
2019)

Conforme mostra a figura 1 acima, após um período de quase 10 anos (2006 a 2014) em
que a dívida pública esteve dentro dos padrões de sustentabilidade definidos pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI), a inserção, em 2015, das dívidas “ocultas” na CGE
precipitou a aceleração da dívida pública para níveis insustentáveis, tendo em 2017,
colocando Moçambique, na oitava posição no ranking mundial com uma dívida pública
que representava 115.2% do PIB, ficando assim na terceira posição em África depois de
Cabo Verde – 133.8% e Gâmbia -116.1% das economias com os maiores níveis de
dívida pública. (Colson, 2017).
2.1.3. Razões Aventadas para a Crise de Dívida em Moçambique

2.1.3.1. De âmbito interno

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 Calamidades naturais: As calamidades naturais levam a uma redução do nível
da actividade económica e aumentam os níveis de pobreza. Pimpão (2005) refere
que os desastres naturais reduzem o stock de capital físico e humano, reduzindo,
consequentemente, o produto e o rendimento dos países afectados; provocam a
flutuação de preços das exportações e importações, afectando o rendimento do
sector público e privado; movimentam populações, aumentando a despesa
pública; aumentam o custo do transporte; entre outros.
 Políticas económicas ineficientes: Após a independência, a produção nacional
passou a ser controlada directamente pelo Estado, através da nacionalização das
empresas e surgimento de empresas estatais, parte significativa delas tendo sido
abandonadas pelos antigos proprietários (colonos). Ao assumir o controle da
produção através das empresas estatais o Estado viu o volume das suas despesas
a aumentar, facto que se agravou com o baixo nível de rendimento das mesmas,
não conseguindo no mínimo igualar o volume de produção ao volume da
despesa pública nelas alocada. O Estado passou então a drenar recursos sem
retorno.

2.1.4. Dívida soberana (dívida pública)

A Dívida Pública pode ser ainda definida como o conjunto das situações passivas que
resultam para o estado do recurso ao crédito público.
A Dívida Soberana, também designada por Dívida Pública, pode ser definida como o
conjunto das dívidas assumidas ou garantidas pelo Estado. Este conceito pode ser
entendido em sentido restrito ou em sentido mais lato. Em sentido restrito refere-se
apenas às situações passivas de que o estado é titular em virtude do recurso a
empréstimos públicos. Em sentido mais amplo, abrange não apenas a dívida decorrente
do recurso aos empréstimos públicos, mas também outras operações de crédito como
sejam as garantias e vales, os débitos resultantes do crédito administrativo, vitalício,
empresarial ou monetário.
A Dívida Soberana inclui quer dívida interna (quando os credores são residentes no
país) quer dívida externa (quando os empréstimos são contraídos no exterior). Quando a
dívida é externa, esta pode ser bilateral (quando outro Estado concede o empréstimo),
multilateral (quando o empréstimo é concedido por um conjunto de países ou entidades

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multilaterais), ou privada (quando os financiadores são entidades privadas). Esta pode
assumir diversas formas, nomeadamente os créditos bancários, os empréstimos
concedidos por outros Estados ou instituições oficiais, ou ainda os títulos de dívida (por
exemplo, Obrigações do Tesouro) transacionáveis ou não nos mercados de capitais.
Um aspecto relevante das dívidas soberanas é o risco que lhes está associado. Ao
contrário das empresas, cuja solvabilidade depende em grande medida do seu próprio
desempenho económico, a solvabilidade dos Estados está intimamente ligada com o
desempenho da Economia do país, a que se junta a sua capacidade fiscal, o stock de
dívida acumulada e os custos da administração pública. Para apoiar na avaliação de
risco, os próprios Estados recorrem à avaliação de entidades de notação de risco, as
quais atribuem ratings da mesma forma que atribuem às dívidas de grandes empresas
privadas.
As dívidas contraídas pela EMATUM, que inicialmente eram referenciadas como
ocultas, e que causaram a crise de divida publica externa actual. Foram declaradas
soberanas pelo estado, pela Assembleia da República.

2.1.5. Reestruturação da dívida

É uma renegociação com redução do valor presente (ou actual) da dívida. Tipicamente
está associada a um evento de incumprimento formal (vulgo, bancarrota, no
inglês default). Um evento de incumprimento formal pode, por exemplo, consistir numa
moratória, ou mesmo num atraso excessivo no pagamento de juros ou capital em dívida.
Ocasionalmente, ambas as partes podem concordar em reestruturar a dívida sem que
ocorra um evento formal de incumprimento.

 Um país devedor fica a ganhar com uma reestruturação?

A reestruturação ocorre quando o país devedor já não é capaz de pagar essa dívida -
isto é, numa situação limite. O país devedor ganha em enfrentar a realidade e resolver
uma situação insustentável. Contudo, associados a essa decisão, existem custos
significativos de reputação e aumento dos custos de financiamento nos mercados
internacionais. Além disso, a reestruturação deve ser bem dimensionada e bem
conduzida. Primeiro, a reestruturação de dívida deve ser suficientemente significativa
de forma a tornar a dinâmica de dívida sustentável. Segundo, deve ser uma

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reestruturação bem planeada e negociada com os credores, de forma a não prejudicar
em demasia a actividade económica doméstica. Nomeadamente, devem ser
assegurados os mecanismos de financiamento das importações de bens mais
prioritários para o país (e.g., energia, alimentos, matéria prima para empresas
exportadoras).

2.1.6. Dívida Pública Externa vs Taxa de Juros Doméstica

O incremento do serviço da dívida interna como resultado da contração das dívidas


ocultas contribuiu para a aceleração do custo do crédito no mercado bancário nacional
em 40 pontos percentuais.

A figura 2. mostra a relação entre a evolução do serviço da dívida interna (juros e outros
encargos financeiros incorridos pelo para amortizar as prestações da dívida junto de
uma entidade credora que opera no território nacional) e as taxas juro de empréstimo do
sistema bancário nacional. Entre 2002 e 2014, a evolução das taxas de juro de
empréstimo bancário apresenta uma tendência decrescente, com uma média anual de
19,3%.

Figura 2: Relação entre o Serviço da Dívida Interna e as Taxas de Juro de Empréstimo


Bancário

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Com a inserção das dívidas “ocultas” na CGE, o custo do crédito bancário acelerou para
uma média anual de 27%, levando Moçambique à posição 8 no ranking mundial (quinta
posição a nível de África) de países com elevados custos de crédito bancário.
 O serviço da dívida interna influenciou a subida das taxas de juros passivas,
tornando deste modo, o acesso ao crédito para consumo e investimento bastante
caro.

2.1.7. Políticas utilizadas para eliminação da dívida

2.1.7.1. Instrumentos de Política Monetária


O principal objectivo da política monetária é manter a estabilidade de preços, com a
base monetária sendo a meta operacional. A cada ano, o governo anuncia um objectivo
para a inflação, que actualmente é definido como uma meta de médio prazo na faixa de
5% a 6% e torna-se o objetivo de inflação do Banco de Moçambique (BM). Além de
controlar a inflação, o BM busca também promover o crescimento do crédito ao sector
privado e o desenvolvimento dos mercados financeiros. As metas da base monetária são
calibradas após serem considerados o crescimento do crédito e a massa monetária em
sentido amplo, bem como os impactos sobre as taxas de juro interbancárias e as taxas de
juro de mercado. O BM também recorre a ajustamentos da taxa de juro para ajudar a
definir a meta da base monetária e a comunicar a intenção da sua política monetária ao
mercado; na reunião mensal do Comité de Política Monetária (CPM), este decide sobre
as eventuais alterações das taxas da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez
(FPC) e da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) após avaliar a conjuntura
macroeconómica e as perspectivas de inflação, além de estabelecer a meta mensal da
base monetária e alterar ou não o coeficiente das reservas obrigatórias.

 BM usa uma gama convencional de instrumentos de gestão da liquidez na busca


dos seus objetivos. A principal ferramenta são as operações de mercado aberto,
que abrangem os bilhetes do Tesouro emitidos pelo BM para fins de política
monetária e as operações de recompra. O BM também recorre, com menos
frequência, à alteração do coeficiente das reservas obrigatórias e a intervenções
à vista no mercado cambial interbancário. As reservas obrigatórias aplicam-se a
todos os depósitos (ou seja, depósitos em moeda local e estrangeira, à ordem ou

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a prazo), inclusive aos depósitos do governo. Os bancos são obrigados a manter
suas reservas obrigatórias diariamente, em moeda local e sem remuneração.

Mishkin (1998) defende ainda que, embora muitos dos objectivos de política monetária
estejam coerentes uns com os outros – alto nível de emprego com crescimento
económico, estabilidade da taxa de juros com estabilidade do mercado financeiro – isso
nem sempre acontece. As metas de inflação entram em conflito com os objectivos de
taxas de juro e alto nível de emprego a curto prazo (mas provavelmente não a longo
prazo). E neste contexto, a política monetária reage com aumentos nos juros para
responder às políticas expansivas do sector fiscal.
De acordo com Togo (2007), existe grande consenso de que a gestão da dívida deve ser
tratada como uma política macroeconómica separada, com os seus próprios objectivos,
atribuindo um instrumento de política separado. Na Europa, vários países que estavam
altamente endividados em fins de 1980 e inícios de 1990 como Bélgica, França, Irlanda
e Portugal tomaram a decisão de descentralizar a gestão da dívida com o objectivo de
reduzir a volatilidade do custo do serviço da dívida e prejudicar os objectivos definidos
pelo pacto de crescimento e estabilização. As experiências destes países mostraram
desde 1990 que a implementação de uma credível e coerente conjugação de políticas
macroeconómicas ajudou a gerar um ciclo de boas práticas, melhorando o bem-estar da
sociedade como um todo. Togo defende ainda que onde as autoridades fiscais são
responsáveis pela gestão da dívida e da política fiscal, as autoridades têm tendência em
manter baixo o custo do serviço da dívida para criar margem fiscal a curto prazo e,
nestes casos, pode aumentar a volatilidade no serviço da dívida futura, forçando os
governos subsequentes a fazer cortes na despesa ou a aumentar as taxas tributárias.
Este comportamento foi completamente notório no caso de Moçambique, uma vez que
as autoridades fiscais são responsáveis pela gestão da dívida. Antes de se descobrir que
o estado avalizou empréstimos ilegais, a tendência do Governo foi sempre de transmitir

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à sociedade e à comunidade internacional que a dívida pública moçambicana se situava
em níveis sustentáveis.

2.1.7.2 Politica Fiscal


Em Moçambique, a gestão da dívida é efectuada pelo órgão executor da política fiscal e,
ainda que a descentralização da gestão da dívida seja uma hipótese viável para reduzir o
grau de assimetria de informação no que tange aos financiamentos concedidos ao
Governo, esta alternativa está longe de vir materializar-se (pelo menos a curto prazo).
Para ter uma gestão descentralizada da dívida pública, as políticas do Governo têm que
ser baseadas num fundamento de gestão técnica, quer dizer, sem interferência política.
No caso de Moçambique, a contínua interferência da elite política na gestão da dívida
criaria tensões insustentáveis entre uma entidade da dívida autónoma e o Ministério das
Finanças (a entidade executora das interferências políticas).
A Política Fiscal é um instrumento de política macroeconómica orientada pelo Governo
que define o Orçamento do Estado (OE) e seus componentes.
Especificamente, os gastos públicos e os impostos são instrumentos indispensáveis que
ajudam a alcançar a estabilidade macroeconómica, amortecendo as flutuações dos ciclos
económicos e ajudando a manter uma economia crescente, o pleno emprego e a inflação
baixa. Os consecutivos Governos, ainda que com uma vertente política nas suas
decisões, têm-se debatido sobre os melhores mecanismos de gestão de finanças públicas
de modo a fazer valer os impostos pagos pelos cidadãos e pelas empresas e cumprir as
metas estabelecidas nos seus planos de governação. Daí que os objectivos de uma
política orçamental construtiva estejam virados para a:
 Aceleração do crescimento económico;
 Garantia do pleno emprego de todos os recursos produtivos da sociedade, tanto
de capital humano como de material;
 Estabilidade de preços, visando não ocorrer grandes oscilações nos indicadores
gerais de preços;
 Gestão responsável da dívida pública. Da maneira como se aplicam estes
objectivos, surgem duas possibilidades de política fiscal, ambas causando
variações na taxa de juro e na taxa de câmbio: Política fiscal expansionista: se o

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objectivo for maior crescimento e emprego, enfatiza-se um aumento da despesa
pública ou redução de impostos.

CAPÍTULO III – CONCLUSÃO


3. Conclusões e Sugestões
3.1. Conclusões

O objectivo principal deste trabalho foi analisar o impacto das dívidas públicas externas
podem influenciar nas taxas de juros no mercado doméstico.
Para o caso de Moçambique, em particular, é urgente que haja dissociação com os
interesses políticos das elites para que os mecanismos de ajustamento que conduzem à
estabilidade de preços, o aumento de produção e o consequente aumento do nível de
emprego a longo prazo comecem a fazer efeito.
A permanente falta de transparência na gestão de bens públicos acaba criando uma
influência diminuta ao grau de sensibilidade das taxas de juros em relação à demanda da
moeda.
O serviço da dívida externa contribuiu para a depreciação acentuada do metical em
relção ao dólar americano verificada, sobretudo, a partir de 2015. Em última instância a
dívida pública levou à uma subida do nível geral de preços e, portanto, para o
encarecimento do custo de vida dos moçambicanos.

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3.2. Sugestões

 Primeiro, deverá implementar-se mecanismos para a melhoria do sistema de


tributação interna visando o aumento da receita interna normal, entre os quais, a
simplificação de procedimentos e desenvolvimento de mecanismos de justiça e
equidade, o que passa pela revisão dos objectos e mecanismos de tributação e
avaliação e revisão do pacote de benefícios e isenções fiscais.
 Segundo, deverá rever-se os mecanismos actuais de contratação da dívida, seja
ela ou privada, interna ou externa, com atenção para a avaliação das reais
necessidades de recurso à dívida para o financiamento das despesas públicas,
avaliação da eficácia (análise comparativa da mais valia entre aplicações
alternativas) dos projectos financiados, a responsabilidade dos diferentes
intervenientes no processo de contracção da dívida e o exercício real destas, as
condições de contracção da dívida (condicionalismos, taxas e períodos de
reembolso), embora estas não sejam do controle integral das autoridades
nacionais, entre outros.

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CAPÍTULO IV – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4. Bibliografia
 Dava, G. (Julho de 2006). o que o HIPC nos trouxe: o caso de Moçambique.
Grupo Moçambicano da dívida . Maputo, Moçambique.
 Divida, G. m. (Julho de 2006). Dívida Externa e Interna de Mocambique:
Evolução, Desafios e Necessidade de uma Estratégia. Acesso em 06 de Julho de
2020, disponível em iese.ac.mz: http://www.iese.ac.mz/lib/saber/fd_249.pdf
 Gil, A. C. (2007). Metodologias e Atlas Tecnicas de Pesquisa Social. Sao Paulo.
 Ibraimo, Y. (2018). EFEITOS MACROECONÓMICOS DA DÍVIDA PÚBLICA
E DO SERVIÇO DA DÍVIDA UMA ANÁLISE EMPÍRICA DE MOÇAMBIQUE.
Acesso em Julho de 2020, disponível em iiese.ac.mz:
https://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/05/artigo-yi.pdf
 Martins, at al (1990). Manual para elaboracao de monografias: Trabalhos
academicos, projectos de pesquisa, relatorios de pesquisa, dissertacoes. Sao
Paulo: Atlas.
 Silva Jorge, at al (1990). Criterios para elaboracao de trabalhos de pesquisa.
Brasilia: Casa nova.

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