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Acomodação
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Revisão Técnica:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Acomodação
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Entender o Cristalino e a teoria acomodativa;
• Estudar sobre os estímulos e componentes acomodativos, como também as alterações
acomodativas.
UNIDADE Acomodação
Figura 1
Fonte: Getty Images
Contudo, no recém-nascido, essa ação do cristalino não está completa. Estará funcio-
nando em pleno desenvolvimento a partir do quarto ou quinto mês de vida (NAKANAMI,
ZIN; BELFORT, 2010).
Figura 2
Fonte: Adaptada de Getty Images
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Do nascimento aos quatro anos, o cristalino diminui sua dioptria (poder de foco – co-
nhecido popularmente como grau), de 40D a 19D (NAKANAMI, ZIN; BELFORT, 2010).
Todas as vezes em que mudamos a distância do objeto que estamos enxergando (foco
para longe-perto e perto-longe), ela será projetada na retina de forma desfocada. Para
que a imagem do objeto se mantenha nítida na retina, o cristalino muda o seu formato
(altera a sua espessura) para ajustar o foco (KAUFMAN; ALM, 2003).
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No decorrer da vida (infância até a média idade), ocorre alteração refrativa pelo au-
mento axial do olho, mudança de índice refrativo dos meios transparentes ou, ainda, por
razões patológicas. A acomodação também sofrerá mudanças.
Figura 3
Fonte: Getty Images
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A distância de leitura ou, para alguns, a distância de trabalho deve ser a 40 cm. A dis-
tância de trabalho, que será a 40 cm, é conhecida como Distância de Harmon. Como
medir a distância de Harmon? Basta fechar a mão (como se fosse dar um soco), colocar
essa mão fechada no nariz e, com a outra mão, segurar a tabela de perto e afastar na dis-
tância do cotovelo (pode medir essa distância também até a mesa para fazer uma leitura).
Qualquer alteração nessa distância será uma evidência de alteração postural e visual.
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Fonte: Adaptado de ALVES, 2014; ELDER’S, 1997; RÍO, 1972; SALMON, 2013;
NOORDEN’S, 1980; DÍAZ; DIAS, 2002; CIANCIA, 1966; ONDATEGUI et al., 2004
Alterações Acomodativas
Existem diversas classificações dos distúrbios de acomodação. Sendo Duane (1915) o
primeiro a classificá-los, mas seguiremos a de Scheiman e Wick (2014).
Figura 4
Fonte: Getty Images
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Hiperfunção Acomodativa
Segundo Von Graefe (1870), o excesso de acomodação é a falta do relaxamento da
acomodação pelo paciente.
Você perceberá que apenas a refração (prescrição de óculos) não será suficiente para
uma saúde visual completa do paciente. Há anos, grandes nomes da área estudam as
alterações refrativas e os distúrbios visuais, de origem não estrábica, que, em momentos
da clínica, podem ser diagnosticados como presbiopias precoces, miopias em jovens
com interferências para leitura, entre outros.
Outro fator que pode causar problemas na clínica optométrica é a falta do cuidado na
anamnese. Uma vez que o paciente faz uso de medicamento, poderá afetar diretamente
o seu desempenho visual.
É muito comum o paciente relatar que fez os óculos em vários profissionais e não
resolveu o seu problema primário. Até enxergam, mas sem qualidade. Distúrbios visuais
vão afetar o desempenho do paciente, porque a acomodação estará comprometida.
Como veremos mais adiante, são necessários alguns testes para conferir o desempenho
acomodativo e tratamento para tais distúrbios, ajudando a evitar transtornos como a
pseudomiopia, que ocorre na hiperfunção.
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UNIDADE Acomodação
Prurido Coceira.
Epífora Lacrimejamento.
Investigação
Aos Testes que o optometrista aplicará para avaliação serão direcionados a investigar
alterações acomodativas.
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valor esperado para a idade). Teste bem simples e feito monocularmente é o das lentes
negativas (ou Sheard) (HARCOURT; MEIN, 1986; ONDATEGUI et al., 2004).
Paciente, com a sua prescrição (colocar o resultado da prescrição no foróptero ou na
armação de prova), deve ocluir o olho esquerdo. Peça a ele que, a 40 centímetros, ob-
serve a tabela de perto (Jaeger), olhando a linha acima da melhor visão (nesse momento,
o paciente estará acomodando 2,50 dioptrias pela distância que está olhando na tabela
de perto). Colocar lentes negativas de 0,25 dioptrias negativas em 0,25 dioptrias ne-
gativas, progredindo a dioptria (começa com 0,25 dioptrias, se o paciente enxergou a
linha da tabela que ele está segurando a 40 cm [Jaeger], tirar a lente de 0,25 dioptrias
e colocar a de 0,50 dioptrias, perguntar se o paciente enxergou a linha da tabela de
perto, trocar as lentes de 0,50 e colocar a de 0,75 dioptrias), perguntar novamente se
o paciente enxergou a linha da tabela de perto, fazer esse processo até que o paciente
diga que borrou a linha. Repetir o procedimento ocluindo o olho direito para avaliar o
olho esquerdo. Somar quantas dioptrias há na armação de prova/foróptero, juntamente
com a distância de perto, teremos o valor da amplitude de acomodação (existem muitos
testes). O resultado precisa estar dentro da estimativa do seguinte padrão:
15 anos 11 dioptrias
20 anos 9 dioptrias
35 anos 5 dioptrias
Teste de Sheard (ou das lentes negativas) é um teste simples, mas que revela muito sobre a
situação do paciente.
No momento em que o paciente está com a sua correção e olhando a 40 cm (pode ser a 33 cm,
pois o importante é dividir 1 sobre a distância – unidade 3, olho teórico), ajustará o foco com
a metade do valor total de sua acomodação. O restante do valor será a sua reserva.
Para saber o total de sua acomodação, precisamos provocar toda a acomodação do paciente.
Ao colocar lentes negativas, empurraremos o ponto focal atrás da retina, assim, com a imagem
borrada na retina, será acionado o mecanismo acomodativo para ajustar esse foco. Quando o
paciente relatar que borrou a imagem, quer dizer que estimulamos toda a acomodação.
Depois, você verificará na tabela se a soma da dioptria, que o paciente usa com a dioptria
negativa colocada, está igual ou diferente de uma dioptria para mais ou menos.
Confirmado o valor, você tem um teste para saber se a amplitude de acomodação do paciente
está ou não normal.
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UNIDADE Acomodação
Você percebeu que a optometria não deve se preocupar apenas com a refração, mas
“focar” na saúde visual por inteiro: a prescrição de óculos e a avaliação de distúrbio visual.
São testes simples que você aprenderá e que serão importantes para uma avaliação completa.
Hipofunções acomodativas
Você já teve a experiência de querer sair de casa, mas o seu carro não sair do lugar?
É isso que ocorre nas hipofunções. Quando precisamos do cristalino, ele não “sai do
lugar”. Não podemos pensar na presbiopia, porque é fisiológica, enquanto a hipofunção
é um distúrbio (ONDATEGUI et al., 2004; ELDER’S, 1997).
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Quadro 4 – Sintomas da insuficiência acomodativa e suas possíveis explicações
Cansaço e sono
Pelo esforço.
na leitura
Lacrimejamento
Pelo esforço.
e hiperemia
Importante você entender que, ao conversar com o seu paciente (anamnese), deve
perguntar se ele percebe o momento em que começa a sentir os sintomas, se ocorre
após a leitura, com uso do computador, qual a intensidade, se associa os sintomas a ati-
vidades para perto, sua intensidade ajudará a entender se o problema é visual ou ocular.
Exemplo: a dor frontal (testa) pode ser problema visual (acomodativo ou convergência) ou
de origem patológica (ao pressionar levemente com os dedos indicadores perto das sobran-
celhas do paciente e ele relatar que sente dor ou incômodo – possível sinusite). Ou ainda
medicamentos que podem afetar a visão.
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Paralisia acomodativa é rara, pois é quando o paciente não acomoda. As causas po-
dem ser de origem patológica: infecciosa, glaucoma, trauma, degeneração do sistema
nervoso central, diabetes, afecção do III par de nervos cranianos.
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Referências
AGUILAR, M.; MATEOS, F. Optica Fisiologica. Tomo 1. Universidad Politecnica de
Valencia. Valencia, España, 1995.
________. Anatomia funcional do olho e seus anexos. 2. ed. Rio de Janeiro: Colina, 2002.
DIAZ, J. P.; DIAS; C. S. Estrabismo. 4. ed. São Paulo: Livraria Santos, 2002.
DOME, E. F. Estudo do olho humano aplicado a optometria. São Paulo: Senac, 2001.
DUKE-ELDER’S, S. Refração Prática. 10. ed. Rio de Janeiro: Rio Med Livros, 1997.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. São Paulo: Elsevier Brasil, 2011.
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HOLDEN, B. A.; JONG M.; DAVIS, S.; WILSON, D.; FRICKE, T.; RESNIKOFF, S.
Quase 1 milhão de probabilidades em situação de risco na miopia até 2050 – hora de
agir agora. Clin. Exp. Optom., v. 98, p. 497-493, 2015.
KAUFMAN, P. L.; ALM, A. Adler Fisiología Del Ojo Aplicación Clínica. 10. ed.
Madrid: Elsevier España, 2003.
LYRA, T. Questão de Óptica. São Paulo: Ponto de Vista, 2002.
MEIN, J.; HARCOURT, B. Diagnosis and Management of Ocular Motility Disorders.
USA: Blackwell Scientific Publications, 1986.
NAKANAMI, C. R.; ZIN, A.; BELFORT, R. J. Oftalmopediatria. São Paulo: Editora Rocca, 2010.
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SALMON, T. Acomodação. Brien Holden Vision Institute, Public Health Division, 2013.
VAUGHAN, D.; ASBURY, T.; EVA, P. R. Oftalmologia Geral. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1997.
VON NOORDEN, G. Binocular vision and ocular motility. 4. ed. Saint Louis: Mosby, 1990.
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