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6.

Para Estarmos Certos, Temos de Pensar Certo


O que pensamos quando estamos com liberdade para pensar sobre o que
queremos ser — é isso que somos ou logo seremos.
A Bíblia tem muita coisa para dizer acerca dos nossos pensamentos; o
evangelismo atual não tem praticamente nada para dizer sobre eles. A
razão por que a Bíblia fala tanto deles é que os nossos pensamentos são
vitalmente importantes para nós; a razão por que o evangelismo fala tão
pouco é que estamos reagindo exageradamente contra as seitas do
"pensamento", como as do Novo Testamento, da Unidade, da Ciência
Cristã, e outras semelhantes. Estas seitas fazem os nossos pensamentos
ficarem muito perto de tudo, e nos opomos fazendo-os ficar muito perto
de nada. Ambas as posições são erradas.
Os nossos pensamentos voluntários não só revelam o que somos;
predizem o que seremos. A não ser aquela conduta que brota dos nossos
instintos naturais básicos, todo o nosso comportamento é precedido pelos
nossos pensamentos e deles se origina. A vontade pode vir a ser serva dos
pensamentos, e, em elevado grau, mesmo as nossas emoções seguem o
nosso pensar. "Quanto mais penso nisso. mais louco fico", é como o
homem comum o coloca, e ao fazê-lo, não somente relata com precisão os
seus processos mentais, mas também paga inconsciente tributo ao poder
do pensamento, O pensamento instiga o sentimento, e o sentimento
dispara a ação. Assim fomos feitos, e bem que podemos aceitá-lo.
Os Salmos e os Profetas contêm numerosas referências ao poder que o
reto pensamento tem de inspirar sentimento religioso e de incitar a
conduta certa. "Considero os meus caminhos, e volto os meus passos para
os teus testemunhos". "Enquanto eu meditava ateou-se o fogo: então disse
eu com a própria língua. . ." Vezes sem conta os escritores do Velho
Testamento nos exortam ã aquietar-nos e a pensar em coisas elevadas e
santas como fator preliminar para a correção da vida ou uma boa ação ou
um feito corajoso.
O Velho Testamento não está sozinho em seu respeito pelo poder do
pensamento humano, poder outorgado por Deus. Cristo ensinou que os
homens se corrompem por seus maus pensamentos, e chegou ao ponto de
igualar o pensamento ao ato: "Qualquer que olhar para uma mulher com
intenção impura, no coração já adulterou com ela". Paulo recitou uma
lista de fulgentes virtudes, e ordenou: "Seja isso o que ocupe o vosso
pensamento".
Estas citações são apenas quatro das centenas que poderiam fazer-se das
Escrituras.
Pensar em Deus e em coisas santas cria uma atmosfera moral favorável ao
crescimento da fé, bem como do amor, da humildade e da reverência. Pelo
pensamento não podemos regenerar os nossos corações, nem eliminar os
nossos pecados, nem mudar as manchas do leopardo. Tampouco
podemos com o pensamento acrescentar um côvado à nossa estatura, ou
tornar o mal bem, ou as trevas luz. Ensinar isso é representar falsamente
uma verdade bíblica e usá-la para a nossa própria ruína. Mas, pelo
pensamento inspirado pelo Espírito, podemos ajudar a fazer de nossas
mentes santuários purificados em que Deus terá prazer em habitar.
Referi-me num parágrafo anterior aos "nossos pensamentos voluntários",
e usei as palavras de propósito. Em nosso jornadear através deste mundo
mal e hostil, ser-nos-ão impostos muitos pensamentos de que não
gostamos e pelos quais não temos simpatia moral. As necessidades da
vida podem compelir-nos por dias e anos a abrigar pensamentos em
nenhum sentido edificantes. O conhecimento comum do que fazem os
nossos semelhantes produz pensamentos repugnantes à nossa alma
cristã. Estes necessariamente nos afetam, mas pouco. Não somos
responsáveis por eles, e eles passam por nossas mentes como um pássaro
cruzando os ares, sem deixar rastro. Não têm efeito duradouro em nós
porque não são propriamente nossos. São intrusos mal recebidos pelos
quais não temos amor e dos quais nos livramos tão depressa quanto
possível.
Quem quiser verificar sua verdadeira condição espiritual pode fazê-lo
notando quais foram os seus pensamentos nas últimas horas ou dias. Em
que pensou quando estava livre para pensar no que lhe agradasse? Para o
quê se voltou o íntimo do seu coração quando estava livre para voltar-se
para onde quisesse? Quando o pássaro do pensamento foi posto em
liberdade, voou para longe como o corvo, para pousar sobre as carcaças
flutuantes ou, como a pomba, circulou e voltou para a arca de Deus? Ê
fácil realizar esse teste, e, se formos sinceros conosco mesmos, poderemos
descobrir não só o que somos, mas também o que vamos ser. Logo
seremos a suma dos nossos pensamentos voluntários.
Conquanto os nossos pensamentos instiguem os nossos sentimentos, e
assim influenciem fortemente as nossas vontades, é contudo certo que a
vontade pode e deve ser senhora dos nossos pensamentos. Toda pessoa
normal pode determinar aquilo em que vai pensar. Naturalmente, a
pessoa aflita ou tentada pode achar um tanto difícil controlar os seus
pensamentos, e mesmo enquanto se concentra num objeto digno,
pensamentos insensatos e fugidios podem fazer travessuras sobre a sua
mente, como vivos relâmpagos numa noite de verão. Tendem estes a ser
mais molestos do que perniciosos e, no final das contas, não fazem muita
diferença, sejam isto ou aquilo.
O melhor meio de controlar os nossos pensamentos é oferecer a mente a
Deus em completa submissão. O Espírito Santo a aceitará e assumirá o
controle dela imediatamente.
Depois será relativamente fácil pensar em coisas espirituais,
especialmente se treinarmos o nosso pensamento mediante longos
períodos de oração diária. Praticar longamente a arte da oração mental
(isto é, falar com Deus interiormente, enquanto trabalhamos ou viajamos)
ajudará a formar o hábito do pensamento santo.

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