Você está na página 1de 12

Reflexões sobre a fenomenologia da mente e do corpo e o processo criativo na

comunicação.

Edney Firmino Abrantes1.

Resumo

Trata-se de um artigo sobre a importância da criatividade do indivíduo na sociedade


contemporânea. O autor utilizado nesse trabalho é Maurice Merleau-Ponty e a possibilidade da
difusão da fenomenologia na criatividade em meio à tecnologia avançada na comunicação. A
metodologia aplicada é a bibliográfica por se tratar de análise ôntica e as características do
corpo humano enquanto ser.

Palavras-chave: Criatividade; fenomenologia; Merleau-Ponty; comunicação.

Abstract

This is an article on the importance of the individual's creativity in contemporary society. The
author used in this work is Maurice Merleau-Ponty and the possibility of phenomenology
diffusion in creativity amid advanced communication technology. The methodology applied is
the bibliographic because it is an ontic analysis and the characteristics of the human body as a
being.

Keywords: Creativity; phenomenology; Merleau-Ponty; Communication.

1
Advogado e Cientista Político. Mestre em Ciências Humanas pela UNISA e Doutorando em
Comunicação Social pela UMESP. Autor do livro Construção e desconstrução imagética dos políticos nas
campanhas eleitorais. Editora Lumen et Virtus.
Introdução

Atualmente, a sociedade está cada vez mais tecnológica. Os setores da Sociedade Civil
Organizada, se entrecruzam em meio a soluções por consequência de conflitos, bem
como para as tomadas de decisões cada vez mais pontuais.

Nesse sentido, as características individuais do ser humano são relevantes, não apenas
para criar tais invenções possíveis, mas também passíveis de manuseio como
instrumentos de resoluções técnicas e do cotidiano facilitando as relações sociais.
Portanto, deixa de ser mero fator psicológico apenas e passa a ser um fator de expressão
corporal.

Justamente nesse ponto entre as expressões psicológica e corporal, é possível tratar da


reflexão da fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, analisando o ser humano,
indivíduo, e aquilo que pretende expressar com o seu próprio corpo.

Para tanto, a metodologia aplicada é a bibliográfica por conta dos estudos e pesquisas
analisados metafisicamente, pela perspectiva ôntica e a possibilidade de verificação do
ser e suas características no mundo, no caso em tela deste artigo, do ser, enquanto
indivíduo em sociedade e sua percepção psicológica e corporal unificados, para uma
melhor solução.

Devido à complexidade do tema, a pesquisa se restringiu na criatividade ontológica do


ser, agregando a expressão corporal de Merleau-Ponty, deflagrando o seguinte
questionamento: Com essa assimetria, como o ser humano pode aproveitar a sua
criatividade além da sua mente? O objetivo principal que norteou o trabalho foi identificar
ontologicamente, como se adequa a fenomenologia de Merleau-Ponty com a criatividade da
mente humana, resultando em decisões e elaborações unificadas.

O corpus pesquisado foi à obra: “Fenomenologia da percepção”, um livro que


proporciona à análise dos sentidos, voltados a percepção do corpo humano, como forma
de reflexão ontológica do ser no mundo e a possibilidade de unificação com a mente
para o resultado criativo, bem como no artigo “A construção do olhar” por Fayga
Ostrower, quando esta descreve a possibilidade em que, as formas de espaço constituem
meios e modos de expressão criando imagens para a imaginação, confluindo com
Merleau-Ponty.

A metodologia utilizada é a bibliográfica, baseada na fenomenologia como corrente filosófica


que traz a reflexão sobre a relevância dos fenômenos da consciência, estudados em si mesmos,
na mente, no imaginário humano, bem como o seu entrecruzamento com a expressão corporal e
sentidos como complemento e unificados.

Breve relato sobre Ontologia

A Ontologia é um assunto complexo. Está inserida no campo do conhecimento


filosófico no ramo da metafísica. Para SCHIESSEL (2010) na filosofia, o termo
Ontologia possui sua origem na Metafísica, segundo Aristóteles é a Filosofia Primeira
que trata do estudo do ser enquanto ser. Apropriando-se da obra de Chauí (2003), a
palavra ontologia é formada por outras duas: onto que significa “o Ser” e logia, “estudo
ou conhecimento”. Assim, Ontologia significa “estudo ou conhecimento do Ser, dos
entes ou das coisas tais como são em si mesmas, real e verdadeiramente”.

A palavra ontologia é formada do grego ontos (ser) e logia (estudos), e engloba as


questões gerais relacionadas ao significado do ser e da existência. O filósofo alemão
Christian Wolff, que definiu a ontologia como philosophia prima (filosofia primeira) ou
ciência do ser enquanto ser.

No século XIX, a ontologia foi transformada por neoescolásticos na primeira ciência


racional que abordava os gêneros supremos do ser. A corrente filosófica conhecida
como idealismo alemão, de Hegel, partiu da ideia de autoconsciência para recuperar a
ontologia como "lógica do ser".

No século XX, a ligação entre ontologia e metafísica geral deu lugar a novos conceitos,
como o de Husserl, que vê a ontologia como ciência formal e material das essências.
Para Heidegger, a ontologia fundamental é o primeiro passo para a metafísica da
existência.

A proposição neste artigo é trazer a reflexão sobre a ontologia e a fenomenologia de


Maurice Merleau-Ponty, aproveitando o ensejo sobre a matéria na análise do Ser em
mente e corpo unificados, para uma melhor possibilidade de criação.
Interface entre a Ontologia e a fenomenologia

Assuntos complexos requerem análises específicas para não tornar o trabalho prolixo.
Toda pesquisa requer um recorte, um afunilamento, abordando o tema de forma restrita.
Nesse sentido, é sabido que, a Ontologia tem caminhos e categorias diferentes na
filosofia, pois, é por isso que pertence à metafísica.

A Ontologia pode trilhar o caminho aristotélico, o primeiro a tratar o assunto como


kategoria2.

ALMEIDA (2014) menciona outro caminho proposto na Ontologia por Kant. Para
chegar a sua lista de categorias, Kant partiu do conceito de julgamento na forma
proposicional do sistema lógico aristotélico, isto é, sujeito-cópula-predicado (por
exemplo, “S é P”). Quatro aspectos foram propostos para classificar julgamentos:
quantidade, qualidade, relação e Uma abordagem integrada sobre ontologias: Ciência da
Informação, Ciência da Computação e Filosofia Maurício Barcellos Almeida
Perspectivas em Ciência da Informação, v.19, n.3, p.242-258, jul./set. 2014 246
modalidade (WOOD, 2004). Para o aspecto quantidade, o sujeito é de um dos três tipos:
universal, particular ou singular.

Assim, Kant priorizou sua categoria ligada aos objetos da cognição e não como objetos
mundanos, o que não interessa a este artigo, pois, a intenção é a unificação entre as
percepções psicológicas e corporais.

Por último, Edmund Husserl, que idealizou no campo da filosofia, os estudos e análises
da fenomenologia como uma espécie de investigação subjetiva, previsto na mente
humana e com o fito de encontrar a razão ou as verdades da razão.

O termo “categoria” tem um sentido particular em Husserl: é uma


entidade do reino das essências formais, conforme Figura 4 (BEYER,
2011). Na ontologia de Husserl, as principais distinções ocorrem entre
o reino dos fatos (I), o reino das essências (II) e o reino dos

2
A discussão pode ser rastreada já na Antiguidade (quando se desenvolve em torno do título da obra e do
sentido a atribuir a κατηγορία), mas ganhou maior impacto no grande momento da filologia moderna
alemã. No século XIX, Adolph Trendelenburg sustentou que κατηγηρία tinha o sentido básico de
predicado, ou melhor: predicação. Na expressão aristotélica σχήματα τῆς κατηγορίας, cuja tradução mais
adequada seria figuras da predicação, nosso termo categoria se refere antes a σχήμα ou figura, e não
propriamente a κατηγορία, que é vertido mais precisamente por predicação. As categorias exprimiriam
assim os tipos básicos de predicação, estando deste modo comandadas pela estrutura sintática da língua.
Esta interpretação realça a ligação de κατηγορία, alçado por este tratado a termo técnico filosófico, com o
uso corrente na língua grega de κατηγορεῖν: acusar, atribuir, imputar e daí, generalizando, predicar.
file:///F:/ONTOLOGIA%20CRIATIVA.pdf
significados ou sentidos (III) (SMITH; SMITH, 2005). Os dois
primeiros reinos, fatos e essências, são chamados domínios do
conhecimento: o reino dos fatos é o domínio das ciências empíricas
tais como física, biologia, psicologia; enquanto o reino das essências é
o domínio das ciências eidéticas, tais como matemática, lógica,
ontologia formal e material. O terceiro reino, significado, constitui o
domínio da fenomenologia (ALMEIDA, 2014, p.242-258).

Portanto, é nessa linha de raciocínio de Husserl, ou seja, da fenomenologia da mente é


que acrescentamos Maurice Merleau-Ponty, a reflexão da fenomenologia da expressão
corporal via sentidos, trazendo à baila a unificação dessas assimetrias fenomenológicas,
e o quanto se adequam na construção da criatividade e a importância da Ontologia e o
estudo do ser no mundo.

Fenomenologia unificada

A fenomenologia foca no movimento direcionado aos acontecimentos fenomenológicos.


Embora esteja voltada a esta exclusividade e, em tese, não aceite a influência de
reflexões, a proposta neste trabalho é justamente, apresentar uma reflexão sobre o
fenômeno pragmático, experiencial, ou seja, ultrapassa a esfera endógena, do imaginário
e, passa para a esfera exógena, da expressão corporal, aproximando o sujeito do objeto.

Mas, para tanto, importante um breve relato sobre a fenomenologia do imaginário e a


real intenção do sujeito em direcionar a sua consciência para se aproximar do fenômeno.
Para SURDI (2008) É a intencionalidade da consciência humana que dá o
direcionamento para alcançar o essencial do fenômeno, processo denominado de
redução fenomenológica. Essa redução requer a suspensão de atitudes, crenças,
preconceitos, teorias, de forma que se concentre apenas na experiência cotidiana, no
mundo vivido, permitindo que o fenômeno fale por si mesmo.

Essa concepção de uma consciência intencional difere da visão


anterior de uma consciência entendida como fenômeno psíquico
manipulável através dos instrumentos quantificadores próprios das
ciências da natureza (SURDI, 2008).

Para SCHNEIDER (2009) menciona que a ideia de uma consciência intencional implica
que o homem esteja sempre em relação com um objeto e não sustentando em si mesmo,
o que rompe com a lógica individualizante que operava antes do surgimento do
movimento fenomenológico.
Os fenômenos, com base no pensamento de Surdi, e óbvio, calcado na ideia de Husserl,
têm por si só significados próprios, até porque, capta pela consciência intuitiva o
fenômeno, que é inserido em seu pensamento, no imaginário, mas, dentro daquela
realidade, passou pelos sentidos humano e exposta corporalmente.

Para XAUSA (1988), a intuição consiste numa forma de olhar que se adianta à análise
racional e que ocorre sem mediação do discurso. O intuir não se trata de um
pressuposto, mas de uma evidência imediata que se tem do mundo. Esse modo de
conhecer correspondeu a um giro metodológico em relação às formas de conhecimento
que dominavam até o século XIX, que eram adeptas da empiria e negavam o
conhecimento das essências.

Compreender é entender como de fato as coisas funcionam. A fenomenologia enquanto


método, aplicada ao estudo do Ser, é de grande valia para uma reflexão humana mais
apurada da aproximação do sujeito com o objeto, põe em xeque a ciência clássica que,
apenas reforça a pesquisa dos fenômenos psicológicos e traz algo além, ou seja, uma
análise mais apurada do fenômeno e os movimentos corporais, capazes de auxiliar o
homem na criatividade do cotidiano.

Para FEIJOO e MATTAR (2014), E é pela compreensão do homem e do mundo em sua


facticidade que esse filósofo investigará o fenômeno da percepção. Mundo, aqui,
compreendido como presença inalienável, conjunto das relações objetivas tal como
articuladas pela consciência.

Há necessariamente, uma ponte existente entre a psique e o corpo. O imaginário é


importante no sentido do pensamento e seu desenvolvimento inteligente. O corpo não é
apenas percipiente, mas também expressivo todo gesto humano expressa uma
determinada relação com o mundo, criando uma espécie de esquema corporal, um
estilo, que se expressa.

Fenomenologia unificada e criatividade comunicativa em Merleau-Ponty e Fayga


Ostrower
Dentro da perspectiva da compreensão, Merleau-Ponty busca a essência da consciência,
indo além da filosofia, ou seja, pela metafísica, atrelar a verificação do sujeito e a sua
aproximação do objeto, unificando a psicologia e movimentação corporal, não apenas
esta como um mero exercício do corpo, mas sim como expressão de um ato ou gesto,
que possam demonstrar o conjunto de uma obra ou contexto. A investigação é o ponto
chave para tal busca perceptiva.

A fenomenologia de Merleau-Ponty busca demonstrar os limites do saber científico,


separando as diversas dicotomias que permeiam as várias ciências, reconhecendo a
fundação de qualquer conhecimento experiencial do mundo vivido. O Ser e o mundo
são indissociáveis, se entrecruzam e se experimentam. O sujeito e o objeto, a alma e o
corpo, o interior e o exterior, o pensamento e a linguagem se confluem, interagem.

Para MERLEAU-PONTY (1994), em síntese, conclui que investigar


fenomenologicamente consiste em: "uma descrição direta de nossa experiência tal como
ela é, e sem nenhuma deferência à sua gênese psicológica e às explicações causais que o
cientista, o historiador ou o sociólogo dela possam fornecer".

A expressão é um fator valorativo daquilo que o sujeito traz consigo, pois, os sentidos
são aguçados por uma percepção da consciência e, ao ser absorvido pela psique do
sujeito, afeta os seus sentidos que logo ganham contornos gestuais pela expressão.

[...] após reduzir todas as teorias idealistas acerca da percepção e da


consciência, parte para buscar os vetores internos ao fenômeno, que
lhe possibilitam ver o fenômeno em outras perspectivas, e conclui: "É
por meu corpo que compreendo o outro, assim como é por meu corpo
que percebo 'coisas'. Assim 'compreendido', o sentido do gesto não
está atrás dele, ele se confunde com a estrutura do mundo que o gesto
desenha" (MERLEAU-PONTY, (1945/1994, p.25).

Em linha de raciocínio semelhante à de Merleau-Ponty, OSTROWER (1988) também


enxerga a percepção como fator preponderante ao sujeito, pois o auxilia na sua
avaliação e compreensão do objeto, o auxilia na própria expressão daquilo que expõe
dentro do contexto. Em suma: as formas de espaço constituem meios e modos de
expressão. Imagens para a imaginação. Referenciais para todas as linguagens.

Fayga Ostrower ainda conflui seu pensamento com Merleau-Ponty quanto à expressão
do sujeito e sua aproximação do objeto com a arte. Para OSTROWER (1988) O real
sentido de uma obra de arte é, enfim, o intenso prazer e a gratificação íntima que ela
proporciona, de modo a enriquecer a sensibilidade, que se transforma em
espiritualidade. Para tanto, basta olhar.

Merleau-Ponty (2012) explicita a experiência da expressão,


concluindo que os sentidos dos gestos não têm determinações dadas a
priori, tal como defendiam as perspectivas idealistas, seja na filosofia,
seja na psicologia, pois somente podem ser compreendidos em ato. A
arte de Cézanne, por exemplo, se dá em uma experiência perceptiva e
não pelo reconhecimento das leis que governam o comportamento de
pintar. Da mesma forma, ao compreender a arte do outro não o
fazemos pelo conhecimento das leis e das formas em que a pintura se
expressa. Assim, Merleau-Ponty dá relevo à experiência sensível que
fora totalmente abandonada pelos idealistas, sem recair em um
realismo, que mesmo mantendo a experiência, subtrai totalmente o
sentido da experiência que é dado justamente no espaço de
intencionalidade. No seu percurso filosófico, o filósofo constrói
argumentos a favor da tese de que é a percepção a modalidade original
da consciência: "Neste sentido toda consciência é consciência
perceptiva, mesmo a consciência de nós mesmos" (Merleau-Ponty,
1990, p.42). Merleau-Ponty toma a percepção como um abrir espaço
para que o percebido apareça como ele é ( FEIJOO e MATTAR
2014, p. 445).

Esse é o ponto de confluência entre os autores que enseja a expressão do sujeito como
uma espécie de sensibilidade que aflora no espaço e nos seus meios e formas de
expressar podem facilitar o campo criativo.

Como menciona OSTROWER (1988), dirijo-me à sensibilidade de cada um. Falarei


sobre experiências artísticas e sobre o papel que é desempenhado pela percepção, este
espontâneo olhar-avaliar-compreender (de fato, a palavra “percepção” já conota a
compreensão). E vocês vão entender, à medida que certos problemas estarão sendo
colocados, o quanto os processos de percepção se interligam com os próprios processos
de criação. O ser humano é por natureza um ser criativo. No ato de perceber, ele tenta
interpretar e, nesse interpretar, já começa a criar. Não existe um momento de
compreensão que não seja ao mesmo tempo criação. Isto se traduz na linguagem
artística de uma maneira extraordinariamente simples, embora os conteúdos sejam
complexos.

O que se quer dizer sobre a criatividade humana? Esta é uma característica do homem.
Em qualquer espaço, seus meios e suas formas de expressão serão aflorados e poderão
ser expostos. Na Renascença, a criatividade se baseia fortemente na arte humana e suas
expressões sensíveis, percepção notável pelas técnicas utilizadas.

O processo de comunicação também é relevante nesse contexto lógico. As relações


colaborativas entre as pessoas é um aspecto facilitador para o surgimento de soluções
novas que podem ser consideradas criativas. A abordagem fenomenológica aqui enseja
a compreensão do Ser no mundo e suas práticas, para o desenvolvimento dos estudos e
pesquisa no campo da recepção e suas experiências no cotidiano.

A comunicação é emanada pelo sujeito. Toda palavra carrega um determinado sentido,


veicula significação. É pela fala que o pensamento se realiza, materializa, ou seja, é a
expressão do pensamento pela fala. A linguagem passa a ser um fator preponderante nas
relações sociais. Cria-se um mundo intersubjetivo entre ambos e a linguagem transita
como um canal essencial na percepção dos sujeitos, como comportamentos expressivos.

O veículo de comunicação do sujeito é o próprio corpo que percebe o mundo com os


sentidos corporais, a partir é claro de uma significação comum, que ocorre a partir de
todas as suas percepções vividas no mundo. Assim, cada consciência é nascida no
mundo e cada percepção é um novo nascimento da consciência. Por exemplo, a bengala
de um cego deixa de ser um mero instrumento de uso e passa a ser um objeto,
instrumento ao qual passa a sentir o mundo, então, percebe e constitui o próprio mundo.
É um objeto técnico que ao ser utilizado pelo sujeito passa a ser o seu meio para sentir o
mundo.

Assim sendo, a arte deixou de ser a única fonte de expressão humana criativa. A
criatividade ultrapassou barreiras no sentido de se remodelar a comunicação célere, a
tecnologia avançada e as novas possibilidades de relações sociais por meio das mídias
digitais.

As relações são subjetivas por consequência das visões de mundo distintas, das relações
de comunicação atuais, das relações de espaço de convivência e da fruição do tempo
controlado por sua gestão cronológica, a fim de usufruir o máximo que puder dentro do
seu parâmetro estabelecido entre as relações humanas, utilizando a curiosidade para
criar ou ao menos explorar a criatividade enquanto capacidade.

Em nenhuma hipótese a ideia pode sofrer preconceitos. Ela serve como ponto de partida
dentro de um ambiente criativo, sendo preponderante, as pessoas ouvirem um ao outro
nas suas relações criativas para uma melhor solução. A ideia, ao ser discutida, servirá
como argumento de difusão para uma melhor apuração.

Considerações finais

Para Merleau-Ponty, a fenomenologia é de fato um pensamento que estuda o conceito


do Ser no mundo, buscando experiência do mundo vivido e sua expressão pelo corpo
humano. O fenômeno é tudo aquilo que é percebido pela consciência e, aquilo que é
percebido é atribuído um sentido.

Assim, o corpo está no mundo, ou seja, o Ser está no mundo, dando um sentido ao seu
movimento. A percepção do mundo pelo sujeito faz dele um objeto intencional fruto de
sua própria consciência de algo.

Então, a reflexão da fenomenologia unificada com o entrecruzamento da psicologia e da


expressão corporal, é essencial para uma melhor compreensão do objeto-mundo. Não
perceber a relevância do assunto é acreditar numa ciência sem a expectativa de avanços.
Não observar que existe algo além é se manter na disciplinaridade científica, criando
conhecimento compartimentado, sem perspectivas de ir além.

A metafísica, assim como o senso comum, são importantes na exploração científica, são
fatores agregadores, que auxiliam na compreensão da percepção de mundo e das coisas,
mediante uma complexidade de situações e informações experienciais existentes.

No estágio atual onde a técnica e a tecnologia avançam sem precedentes, cabe ressaltar
que novos conhecimentos são produzidos e, a existência do Ser no mundo necessita ser
pensada. Seria pensar pequeno não estar aberto a novas experiências para desenvolver a
ciência e para tanto, a criatividade é sempre bem vinda, admitindo a divergência de
ideias e a sua livre associação de pensamento.
Referências

FEIJOO, Ana Maria L.C; MATTAR, C. M. A fenomenologia como método de


investigação nas filosofias da existência e na psicologia. Artigo publicado na Revista:
Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol.30 n.4.  Brasília, ano de 2014.
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722014000400009

Acessado em 07/01/2020, as 02h02min.

FREITAS, Simone Aparecida et al. FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO SEGUNDO


MAURICE MERLEAU-PONTY. Artigo publicado na Revista FAEF, ano de 2015, Garça/SP.

http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/zKAYNwEuwTEPFYK_2015-3-
3-14-12-55.pdf

Acessado em 12/12/2019, as 22h05min.

JOSGRILBERG, Fabio Botelho. A fenomenologia de Maurice Merleau- Ponty e a


pesquisa em comunicação. Artigo publicado na Revista Fronteiras-estudos midiáticos. VIII
(3): 223-232, set/dez 2006.
http://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/6137

Acessado em 16/12/2019 as 19h02min.

MERLEAU-PONTY, M. (1994). Fenomenologia da percepção (C. A. de Moura, Trad.). São


Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1945).

–––––––––––– p. 1-2.

MERLEAU-PONTY, M. (1990). O primado da percepção e suas consequências


filosóficas (C. M. Cesar, Trad.). Campinas: Papirus. 

ALMEIDA, M. B. Uma abordagem integrada sobre ontologias: Ciência da Informação,


Ciência da Computação e Filosofia. Artigo publicado na Revista Perspectivas em Ciência da
Informação, v.19, n.3, p.242-258, jul./set. 2014.

SCHIESSL, Marcelo. ONTOLOGIA: o termo e a ideia. Artigo publicado na BRAPCI- Base


de Dados em Ciência da Informação. Acervo de Publicações Brasileiras em Ciência da
Informação da Universidade do Paraná e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/09/pdf_e9fd3bd011_0012011.pdf

Acessado em 02 de janeiro de 2020, as 23h02min.

OSTROWER, Fayga. A CONTRUÇÃO DO OLHAR. Revista ARTEPENSAMENTO,


ano de 1988.

https://artepensamento.com.br/item/a-construcao-do-olhar/

Acessado em 05/01/2020, as 23h07min.


SURDI, A. C. A FENOMENOLOGIA COMO FUNDAMENTAÇÃO PARA O
MOVIMENTO HUMANO SIGNIFICATIVO. Dissertação apresentada a Coordenação do
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina,
ano de 2008.

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/91451/247666.pdf?
sequence=1&isAllowed=y

Acessado em 03 de janeiro de 2020, as 01h07min.

Você também pode gostar