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MONITORAMENTO E CONTROLE DE PRAGAS DA RÚCULA EM CULTIVO

AGROECOLÓGICO

MONITORING AND CONTROL OF RÚCULA PESOS IN AGROECOLOGICAL


CULTIVATION

Apresentação: Comunicação Oral

Carolayne Silva de Souza1; Kaline Soares da Silva2; Elielma Josefa de Moura3Maria José
Cavalcante Silva4; Adonis Mendes Queiroz5

DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00168

Resumo

A rúcula é uma brássica no qual suas folhas são bastante apreciadas em forma de salada. Sua
produção é crescente no Brasil atingindo cerca de 6.000 ha/ano sendo cerca de 85% da produção
concentrada na região sudoeste. Nos últimos anos, foi possível observar maior consumo e
diversificação de hortaliças nas mesas dos brasileiros, devido aspectos como aumento de renda,
crescente preocupação com uma alimentação saudável e qualidade de vida, e também pelo
crescente cultivo de hortas caseiras. Deste modo, o objetivo do presente estudo foi monitorar
e aplicar táticas de controle de pragas da cultura da rúcula em cultivo agroecológico. O
experimento foi conduzido na Unidade de Demonstração de Práticas Agroecológicas- UDPA-
do Instituto Federal de Pernambuco campus Vitória de Santo Antão no qual foram levantados
dois canteiros e em seguida incorporado com esterco bovino. A semeadura direta foi realizada
em espaçamentos de 30 cm entre fileiras e 10 cm entre plantas sendo de 2 a 3 sementes por
cova. Com 8 dias após o plantio foi realizado o desbaste e como tratos culturais, capina manual
sempre que necessário. A irrigação foi realizada diariamente com dois turnos de rega (manhã e
tarde). O monitoramento dos insetos pragas foi iniciado após o início da germinação e os
registros dos insetos foram feitos através de câmera fotográfica. Como tática de controle dos
insetos pragas, foram adotados a técnica de esmagamento e a catação manual. Os insetos
identificados que causaram danos a cultura da rúcula foram a curuquerê-da-couve(Ascia
monuste orseis)que causou a desfolha e a Mosca-minadora (Liriomyza sp) atacando as folhas
através da abertura de galerias.

Palavras-Chave: Rúcula, Ascia monuste orseis, Liriomyza sp.

1
Bacharelado em Agronomia, Instituto Federal de Pernambuco –IFPE, carol.silva452@gmail.com
2
Bacharelado em Agronomia, Instituto Federal de Pernambuco –IFPE,kalis.soares8@gmail.com
3
Bacharelado em Agronomia, Instituto Federal de Pernambuco –IFPE, elielmamoura@outlook.com
4
Bacharelado em Agronomia,Instituto Federal de Pernambuco –IFPE , janinhacavalcante18@gmail.com
5
Doutor em Agronomia, Instituto Federal de Pernambuco - IFPE, adônis.queiroz@vitoria.ifpe.edu.br
Abstract
Arugula is a brassica in which its leaves are much appreciated in the form of a salad. Its
production is increasing in Brazil, reaching 6,000 ha / year, with about 85% of the production
concentrated in the southwest region. In the last years, we can observe a greater consumption
and diversification of vegetables in the Brazilian tables, due to aspects such as increased
income, growing concern for a healthy diet and quality of life, and also for the growing
cultivation of home gardens. Thus, the objective of the present study was to monitor and apply
pest control tactics of the arugula culture in agroecological cultivation. The experiment was
conducted at the Demonstration Unit of Agroecological Practices - UDPA - of the Federal
Institute of Pernambuco, Vitória de Santo Antão campus, in which two beds were erected and
then incorporated with bovine manure. The direct sowing was done in spacings of 30 cm
between rows and 10 cm between plants being 2 to 3 seeds per pit. With 8 days after the planting
was done the thinning and as cultural treatments, manual weeding whenever necessary.
Irrigation was performed daily with two irrigation shifts (morning and afternoon). Monitoring
of insect pests was initiated after the first germination and insect records were made through a
photographic camera. As a control tactic of insect pests, the technique of crushing and manual
seeding were adopted. The insects identified that caused damage to the arugula culture were the
kale (Asciamonusteorseis) that caused the defoliation and the Flyworm (Liriomyzasp) attacking
the leaves through the opening of galleries.

Keywords: Arugula, Ascia monuste orseis, Liriomyza sp

Introdução
Nos últimos anos, podemos observar maior consumo e diversificação de
hortaliças nas mesas dos brasileiros, devido aspectos como aumento de renda, crescente
preocupação com uma alimentação saudável e qualidade de vida, e também pelo crescente
cultivo de hortas caseiras.
A rúcula (Eruca sativa L.) é uma hortaliça de folhas tenras muito apreciada nas
diversas regiões do Brasil, sendo as principais regiões consumidoras a região Sul e Sudeste. A
rúcula é originária do Sul da Europa, Norte da África e Ásia, possui porte herbáceo com folhas
espessas e subdividas, o limbo tem cor verde-clara e as nervuras verdes arroxeadas e é
pertencente da família Brassicaceae (HERNES; MATOS, 2008).
Assim como outras Brássicas, a rúcula é uma boa fonte de compostos bioativos, como
vitamina C, polifenóis e glucosinalatos, além de apresentar efeitos anti-inflamatórios,
dexintoxicantee na prevenção de alguns cânceres (SOUZA, 2014).
Essa hortaliça geralmente é plantada em canteiros, durante todo o ano, sua colheita é
feita de 30 a 40 dias após o plantio, podendo ser cortadas as folhas rente ao solo, ou feito o
arranquio completo da planta, necessita de cuidados e irrigação diária feitas duas vezes ao dia.
As principais pragas que se destacam na cultura da rúcula, são os pulgões, que
aparecem 20 dias após a semeadura, a lagarta mede-palmo, da mesma espécie que ataca couves,
lagarta rosca e mosca-minadora, na qual é recomendado o controle dessas pragas apenas na
ocasião do seu aparecimento (TRANI; FORNASIER; LIBÃO, 1992).
Deste modo, com o objetivo de monitorar e aplicar táticas de controle de pragas para
a cultura da rúcula, foi feito um canteiro de rúcula na área experimental da Unidade
Demonstrativa de Práticas agroecológicas – UDPA, localizada no Instituto Federal de
Pernambuco campus Vitória de Santo Antão.

Fundamentação Teórica
A rúcula (Eruca sativa L.) é uma Brássica no qual suas folhas são bastante apreciadas
na forma de salada. A produção de rúcula pode ser identificada em todas as regiões do Brasil,
e desde do ano de 1990 que a rúcula vem conquistado espaço no mercado. Estima-se que a área
cultivada seja de 6.000 ha/ano, com 85% da produção nacional concentrada no Sudeste (SALA
et al., 2004; FILGUEIRA 2007; PURQUEIRO et al., 2007).
Dentre as espécies mais cultivas no Brasil, se tem a Eruca sativa Miller representadas
pelas variedades Cultivadas e Folha larga.Porém, também se encontram cultivos em menor
escala da espécie Diplotaxistenuifolia (L.) DC., conhecida como rúcula Selvática. Em período
de colheita a cultura permite ser colhida diversas vezes, cortando-se as folhas acima da gema
apical, onde haverá rebrota, permitindo um novo corte. Já em colheita para fins comerciais
arranca-se a planta inteira com folhas e raízes (MINAMI; TESSARIOLI NETO, 1998).
Trani et al. (1992), constata que para uma boa produção de rúcula, folhas grandes e
tenras, a cultura exige a necessidade de temperaturas entre 15 a 18º C, sendo o melhor período
de plantio os meses de março a julho (outono/inverno). Os autores também destacam que em
condições de temperaturas elevadas, a produção fica prejudicada devido a folhas lignificadas e
reduzidas, tornando-se impróprias para comercialização.
Questões de fitossanitárias como pragas e doenças também é um fator que acarreta
prejuízos na produção da rúcula. Segundo Cardoso ( 2010) a principais pragas que podem afetar
a cultura são o curuquerê-da-couve (Asciamonusteorseis) a broca-da-couve(Hellulaphidilealis),
e a falsa-medideira, (Trichoplusiani). Além dessas, Capinera (2001) destaca que “cultivos de
brássicas também podem ser atacados pela lagartasdas-folhas, Spodopteraeridania(Cramer,
1782) e pela mosca minadora, Liromyza sp.”
Holtz et al. (2015) destaca que o conhecimento sobre a ação dessas pragas e o momento
certo para adotar uma prática de controle é de grande importância para evitar prejuízos
econômicos a produção. Deste modo, o estudo sobre a rúcula e a identificação das principais
pragas que atacam essa planta serve como subsídio para a produção agrícola dessa cultura na
região.

Metodologia
O experimento foi conduzido na Unidade de Demonstração de Práticas Agroecológicas
(UDPA) do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco campus Vitória
de Santo Antão- IFPE. Na área experimental foi levantado dois canteiros no qual foram
incorporados com esterco bovino e logo após foi realizado o plantio da rúcula.
A semeadura direta foi realizada em covas de aproximadamente 2 cm de profundidade,
colocando-se de 3 a 4 sementes por cova. O espaçamento utilizado foi de 30 cm entre fileiras e
10 cm entre plantas. O desbaste foi realizado 8 dias após o plantio deixando apenas uma planta
por cova. A irrigação foi efetuada através de regadores com turno de rega diária parcelada em
duas aplicações (manhã e tarde). Como tratos culturais, se fez capina manual sempre que
necessário.
Após o início da emergência da cultura da rúcula se fez um monitoramento diário das
plantas com intuito de verificar a ocorrência de pragas. Ao observar o aparecimento de insetos
pragas, efetuou-se registros da planta atacada através de câmera fotográfica bem como registros
do agente causador da lesão na planta, o inseto. Para redução do nível de danos a cultura, foi
aplicado técnica de controle de pragas, tal como catação manual e esmagamento.

Resultados e Discussão

A partir das observações realizadas no cultivo agroecológico da rúcula se pode


identificar os insetos pragas que causaram danos a cultura durante seu processo de Comentado [AQM1]: as pragas aparecem quantos dias
depois do plantio ou da geminação???
desenvolvimento.
Verificou-se que nos primeiros estágios de crescimento da rúcula houve incidência da
largarta-curuquê (Ascia monuste orseis).
Esse inseto se alimenta, na fase jovem, principalmente de plantas da família
Brassicaceae ea principal injuria causada por essa praga foi a desfolha. A praga depositou seus
ovos na folhagem da planta e, imediatamente após a eclosão, as lagartas iniciaram o ataque às
folhas das plantas, como observado nas Imagens 1 e 2. Em alta população, essa espécie pode
atingir o nível de dano econômico, podendo, em alguns casos, chegar a 100% de perdas da
produção.
A Curuquerê-da-couve atacam as folhas, no qual consomem toda a área foliar, deixando
somente as nervuras mais grossas, podendo destruir plantações inteiras rapidamente
(ZAWADNEAK,2015). Fernandes et al. (2007) e Quirino; Soares (2001) afirmam que as
lagartas curuquerê atacam preferencialmente as folhas, geralmente as mais jovens. Já em
ataques mais severos são caracterizadas pelo consumo das folhas medianas e baixas, ramos e
talos o que resulta na destruição total ou parcial da planta.
Ao identificar a presença da lagarta no canteiro da rúcula foi empregada a técnica de
catação manual e o esmagamento de ovos e lagartas facilmente visíveis de A. monuste orseis,
já que este é um manejo de controle muito utilizado em pequenos cultivos.

Imagem 1- Deposição de ovos Imagem 2- Lagarta-curuquerê


Fonte: Autores, 2018.
A Mosca Minadora(Liriomyza sp.) foi outra praga identificada no canteiro da rúcula
após 25 dias de germinação. A rúcula apresentou redução da área foliar devido a galerias
confeccionadas pelas larvas da mosca e realização de puncturas causadas pelas fêmeas adultas.
As galerias possuem espessura fina e estreitas com curvas sinuosas tornando-se
espessa ao longo do crescimento da larva (Imagem 3). Em algumas espécies as minas
provocadas nas folhas são de formato irregular.
Parish (2014) afirma que as fêmeas das moscas minadoras perfuram a superfície foliar
com o ovipositor confeccionando puncturas. Essas puncturas são utilizadas para a inserção de
ovos no mesófilo foliar, sendo em sua maioria, usada para alimentação de moscas adultas já
que elas se alimentam do conteúdo celular extravasado neste processo. Tal processo prejudica
a aparência das folhas e favorece a entrada de fungos e bactérias e fitopatogênicos (ZITTER et
al. 1980; PARRELLA et al. 1985, LIU et al. 2009).

Imagem 3- Galerias na folha da rúcula


Fonte: Autores,2018.

“No entanto, a principal injúria causada pelas moscas minadoras é a confecção de


minas por meio da alimentação das larvas que destrói o mesofilo foliar, reduzindo a área
fotossintética da planta e levando a queda das folhas” (PARISH, 2014).
Zawadneak (2015) acrescenta que a maior perda foliar se dá pelos danos causados
pelas larvas que formam minas em forma de serpentina no parênquima foliar, além se alimentar
dos tecidos do mesofilo, provocam o seu secamento, reduzindo assim a capacidade
fotossintética da planta. Tais fatores podem proporcionar a ocorrência de doenças.
Como medida de controle realizou-se uma técnica rústica que é bastante adotado em
cultivo de pequenas dimensões que foi a eliminação de ervas daninhas, esmagamento das larvas
ou a destruição das folhas com larvas.

Conclusões
Durante o período de cultivo da rúcula, o canteiro apresentou a incidência de duas
pragas, que foram a lagarta-curuquerê e a mosca-minadora. O canteiro teve uma alta devastação
e grandes perdas em poucos dias, cerca de 50% do plantio, devido ao ataque severo da lagarta.
Por ser uma área pequena, o método de controle utilizado foi a catação manual e esmagamento
das pragas.

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