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Faculdade Antonio Meneghetti

O sonho como método de autoconhecimento na Ontopsicologia

Nicoli Reis

1 INTRODUÇÃO
O presente ensaio acadêmico, intitulado: “o sonho como método de autoconhecimento
na Ontopsicologia”, trata do primeiro texto desenvolvido para a disciplina Projeto Pequena Tese
I no primeiro módulo do curso de Ontopsicologia. Dessa forma, a área escolhida do documento
é a concepção onírica da Ontopsicologia, sendo esse estudo realizado com base na ciência
Ontopsicológica, conforme os livros de Antonio Meneghetti.

Para o desenvolvimento desse trabalho, escolheu-se como problema a ser resolvido:


“Como o homem pode conhecer-se a partir da análise e estudos de seus sonhos?”. No decorrer
do texto, portanto, foram descritos alguns conceitos e métodos para analisar os sonhos conforme
as referências bibliográficas. Porém, para que se possa, de fato, analisar os sonhos e chegar a
respostas verdadeiras é necessário muito estudo e experiência. Para tanto, esse projeto é um
breve resumo para que se possa ter uma noção de como é feita essa análise pelos especialistas.

O objetivo principal para a realização do documento, no decorrer de 2019, é estudar e


adquirir conhecimento referente aos sonhos na Ontopsicologia. Os estudos e conhecimentos
adquiridos encontram-se descritos nos próximos capítulos. Além do objetivo geral, os objetivos
específicos, consistem em: entender a relação entre sonho e imagem na Ontopsicologia;
conhecer os métodos de análise dos sonhos na Ontopsicologia; e entender as características
essenciais dos sonhos, que também foram atingidos e encontram-se no decorrer da tesina.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O presente ensaio acadêmico compõe-se como um estudo voltado para a perspectiva
sonho na Ontopsicologia. Os dados foram obtidos a partir de um estudo do livro Imagem e
Inconsciente, 2012, primeira parte, Sonho, e Manual de Ontopsicologia, 2010, além do auxílio
do Dicionário de Ontopsicologia, 2012. Nesse capítulo do Ensaio Acadêmico, serão
apresentadas as características gerais dos sonhos para Ontopsicologia, um breve resumo do
livro Imagem e Inconsciente, 2012.

No item 2.1, Conceitos, serão tratados assuntos introdutórios em relação à


Ontopsicologia e aos sonhos (para Ontopsicologia), como conceitos gerais do vocabulário
estudado por Antonio Meneghetti. No item 2.2, Sonho e Imagem, será tratada a imagem para
Ontopsicologia e a sua relação com os sonhos. Serão tratados alguns exemplos de símbolos que
aparecem nos sonhos em forma de imagem, alguns conceitos de imagem para Antonio
Meneghetti, e sua importância para o estudo da Ontopsicologia. No item 2.3, Teoria da
Interpretação do Sonho para Ontopsicologia, serão descritas as classificações que a
Ontopsicologia estipulou para o estudo do sonho. Constará tipos de classificação, bem como a
forma e os critérios usados para que seja possível a correta interpretação.

2.1 Conceitos
Para compreender como o sonho é analisado e estudado na Ontopsicologia, é preciso
compreender alguns significados.

Os três primeiros itens são pontos que Antonio Meneghetti descobriu e estudou para
evoluir seu conhecimento em torno da Ontopsicologia e do ser humano. Conforme ele, “Um
dos motivos fundamentais pelos quais a psicologia moderna fracassou consiste no fato de não
ter encontrado a chave de sentido das comunicações inconscientes” (MENEGHETTI, 2012b,
p.18), essa chave de sentido, foi explicada, trabalhada por meio das três descobertas, descritas
a partir dos itens 2.1.1, 2.1.2, 2.1.3.

Os seguintes são itens já comuns antes de seu estudo, que, conforme ele, tem algumas
características e uma importância especifica no seu estudo.

2.1.1 Em Si o Ôntico - ESO


Alma. Núcleo energético pensante. “Princípio formal inteligente que faz autóctise
histórica”( Dicionário de Ontopsicologia, 2012, p.84). É responsável pela organização e ação do
inconsciente e do organismo. É o que identifica o ser humano como ser único e irrepetível, seja
como intelecto, psicológico e biológico, durante sua trajetória histórica. É o princípio que faz
ser ou não ser, existir ou não existir. É unitário e indivisível. A realização do ser se dá de acordo
com o “atingir” dos projetos do ESO.

Conforme Meneghetti, 2010, o ESO (Em Si Ontico) tem 15 características. São elas:
inseico, Holístico-Dinâmico, Utilitarista-funcional, virtual, Econômico-hierárquico, vencedor,
alegre, criativo, espiritual, agente no interior de um universo semântico, mediânico entre o ser
e a existência histórica, histórico, estético, volitivo-intencional, santo.

2.1.2 Monitor de Deflexão


Para Ontopsicologia é o “estabilizador obsessivo que determina o universal da
psicopatologia” (MENEGHETTI, 2012a, p.175) interior e exteriormente no sujeito. É um
“programa” no interior das células cerebrais capaz de antecipar e defletir a percepção
egoceptiva baseando-se em uma imagem dominante tida pelo sujeito durante a infância. Ainda
no livro Imagem e Inconsciente (2012b, p. 57) tem-se que o Monitor de Deflexão é autônomo
para gerir as próprias informações, de forma que o indivíduo não é capaz de diferenciar as
informações do Monitor de Deflexão e do real. As informações percebidas pelo corpo sofrem
o filtro da grelha do Monitor de Deflexão e a informação que chega ao nosso consciente são
elaborações desse sistema. É importante, nesse sentido, determinar se o sonho é uma projeção
natural do homem ou se é uma informação sem valor vinda desse mecanismo.

2.1.3 Campo Semântico


De acordo com o Dicionário de Ontopsicologia (2012a, p.38), Campo Semântico
significa “a comunicação-base que a vida usa no interior das próprias individuações”. No
Manual de Ontopsicologia (2010, p.183), o Campo Semântico é tido como um “transdutor de
informação”, ou seja, ele mostra como a energia pode ser passada, mas não a passa. O receptor
sofre variação com a própria energia. É a modo como “percebemos” informações. É a
informação-base que acontece antes de qualquer emoção, pensamento. É sensório-visceral. Ele
“transmite” informações como, imagens, sons, que ao ser percebido pelo receptor vivente, gera
uma determinada emoção, energia. Ele dá a conexão entre as pessoas e a natureza, seja com
movimento, seja com olhar, com som. Transmite a postura do vivente. Cada ser é e está entre
inúmeros Campos Semânticos.

2.1.4 Sonho
Espelho holístico de como somos e vivemos. São operações reflexas espontâneas que
ocorrem durante o sono. Podem ter ou não envolvimento emotivo, mas transmitem a forma
como vivemos ou devemos viver (com exceção do Monitor de Deflexão e incubação1) de forma
biológica, psicológica e ôntica.

Conforme Antonio Meneghetti, em Imagem e Inconsciente:

“O sonho é a endoscopia exata do estado biofisiologico, moral e psicológico do modo


de viver e do comportamento do sujeito. (...) Da saúde à economia, das emoções às ideologias,
dos complexos à criatividade, o sonho define categoricamente a evolução ou regressão.”
(MENEGHETTI, 2012b, p.13)

O sonho demonstra os erros e os sucessos do ser. “O sonho é o gráfico atualizado do


modo como o sujeito administra a própria existência” (MENEGHETTI, 2012b, p.25). Ele é
uma verdade objetiva do indivíduo, só podendo ser lido tecnicamente (método
Ontopsicológico) por um experiente ontopsicólogo, e sempre uma segunda pessoa (o autor do
sonho não pode fazer essa “leitura”).

2.1.5 Imagem

Imagem, conforme Meneghetti (2012a), é o modo como uma forma age em mim e nos
outros. É a projeção figural de um fato/conteúdo. É um sinal, a forma como vemos um fato.
Representação visual.

2.1.6 Complexo

Ele é definido pelos efeitos que gera. Para a Ontopsicologia, conforme Meneghetti,
(2012a), é algo patológico. É uma realidade psicológica que se formou com compromisso com
as exigências sociais e biológicas. Ele é demonstrado nos sonhos e age sempre de modo
inconsciente. Determina as fases de “resistência” para a autenticação do sujeito. O complexo
antecipa o eu.

2.1.7 Sono

Momento em que nos desconectamos da nossa consciência e voltamos para a


organização do nosso organismo e da nossa eficiência natural de modo integral.

2.2 Sono, sonho e Imagem


2.2.1 Sono

1
Apesar da complexidade do estudo do sonho para Ontopsicologia, o presente trabalho não aprofunda alguns
aspectos, como Incubações oníricas. Para mais informação, consultar Imagem e Inconsciente, 2012b, p. 155.
Infelizmente os sonhos não são valorizados por todos, porque não temos o hábito de
reconhecê-los, estudá-los e compreendê-los2. Grande parte das pessoas não aprendeu de sua
importância, não sabe o que significa para o ser humano ter essas imagens durante o sono. Por
isso, é comum que muitas pessoas se esqueçam do que sonharam. Os sonhos se tratam de
informações do inconsciente, portanto, ao acordar (retomar a consciência), os conteúdos dos
sonhos são imediatamente removidos da consciência se não forem bem trabalhados para que
sejam lembrados (conscientizá-los).

Frente a um mundo em que tudo acontece muito rápido, as inovações aparecem e o que
era importante ou de valor ontem, hoje já é ultrapassado, se torna mais difícil lembrar-se de
algo muito importante: si mesmo. O tempo que resta da jornada de estudo e de trabalho passou
a ser preenchido pela tecnologia. Dessa forma as pessoas não ocupam o tempo disponível para
cuidarem de si mesmas. Acordam pela manhã, olham os celulares, comem qualquer coisa,
trabalham e assim prossegue a rotina de milhares de humanos. Chega à noite, é realizada uma
nutrição muitas vezes prejudicial à saúde e se deita como que sendo uma obrigação para estar
descansado para o dia seguinte.

Resultado: uma vida nada saudável, muitas vezes infeliz e sem a lembrança dos sonhos,
que, por falta de informação ou de interesse, passam despercebidos, carregando consigo
informações extremamente importantes e que, com o empenho do sonhador de considerá-las e
praticá-las no dia-a-dia poderiam dar uma reviravolta na sua vida.

Ainda sobre o aspecto do sono: “Para o devir psíquico, a noite é mais importante que o
dia; quem está em condições de possuir a própria noite, possui a própria vida” (MENEGHETTI,
2012b, p. 199)

Alguns aspectos a serem mudados na rotina diária a fim de que se possa lembrar dos
sonhos são ditos por Antônio Meneghetti em Imagem e Inconsciente, capítulo 15 (a partir da
página 199). Assim como fazem os animais na natureza, é importante encontrar um lugar
apropriado, em que se sinta à vontade, confortável, em que se possa ter intimidade. Além disso,
a posição da cabeça deve estar em sentido ao norte, não ao sul. Outro cuidado que se deve ter a
noite é de deixar sempre à disposição uma jarra, ou um copo com água. A questão da higiene
também é ressaltada pelo autor, em que, para dormir bem, o ideal é dormir com os genitais
higienizados e um vestuário solto, como um “camisolão”, como chama ele.

2
Apesar de que o sonho deve ser analisado por um ontospsicologo experiente, sendo esse uma segunda
pessoa, e não o autor do sonho.
Em Jovens e a realidade cotidiana (2017, p. 126), são mencionadas, também, diversas
práticas para proporcionar mais qualidade ao sono. Conforme o autor, o ideal é dormir de 6 a 7
horas, sempre fechando ciclos de 1h30, por exemplo quatro ciclos seriam seis horas dormidas,
em que os primeiros vinte minutos é o tempo que se leva para entrar no sono profundo. Dessa
forma o cérebro aprende a ter a elasticidade, pode repousar-se e ser ativo se for preciso.

A higiene também é salientada nessa bibliografia, porém, além da higiene própria,


também é necessário que o ambiente seja organizado e limpo pela própria pessoa que dorme
naquele local. Por fim, é claro, é importante que se tenha atenção e cuidado para com os sonhos,
aconselha-se deixar algum caderno para anotar os sonhos tidos durante a noite, e que esses
sejam trabalhados com um profissional qualificado.

2.2.2 Sonho e imagem

Os sonhos e as imagens estão diretamente interligados, afinal, é por meio das imagens
que os sonhos nos são demonstrados, e assim, nos indicam qual a situação do sujeito naquele
espaço tempo. Conforme Antonio Meneghetti, “Imagem e memórias usadas pelo sonho indicam
a atualidade do sujeito” (MENEGHETTI, 2012b, p. 25). Aí é que se encontra a principal
importância delas nos sonhos, pois para que se possa analisar, compreender a mensagem obtida
durante o sono, de acordo com o método ontopsicológico, é preciso as imagens. Nesse aspecto,
a relação entre psicoterapeuta Ontopsicólogo e o autor do sonho:

Enquanto o sonhador verbaliza o sonho, o seu inconsciente emite Campo Semântico


e, conforme são as referências ondulares, pode-se saber a fonte de origem das imagens
oníricas. Quando o campo semântico chega ao organismo do psicoterapeuta,
formalizam-se imagens que são fotografias da realidade do outro; o ontopsicólogo
ausculta de modo técnico total, analisando o espectro da radiação organismica. Dali
pode identificar situação somática do cliente, a avó, o amigo, o parceiro, e distinguir
se aquela imagem é um desenho animado ou é um conhecimento direto de um fato
que está acontecendo. A cada momento a onda tem uma gráfica diferente.
(MENEGHETTI, 2012b, p. 156)

Esse método de análise do sonho consiste em uma análise cientifica, portanto é


necessário que se tenha uma coerência do real. Nesse sentido, “Onde está a imagem está a
matéria, e onde está a matéria está a imagem; são a mesma coisa no existir, ainda que diversas
como natureza.” (MENEGHETTI, 2012b, p. 31). A imagem, a forma, não demonstra apenas
um visual, mas demonstra também uma ação, demonstra informações específicas e com
significados distintos. Têm-se ainda que “O sonho, nas mãos de inteligentes racionais, e uma
revelação segura sobre o modo como conduzir a existência. Quando usa aquilo que definimos
imagem ou símbolo, esse possui uma intencionalidade precisa” (MENEGHETTI, 2012b, p. 33).
Por esse motivo a ciência ontopsicológica conta com um livro (Imagem e Inconsciente,
2012b. 422 p.) com certos símbolos e significados como:

 Leite: elemento nutritivo, positivo.


 Leão: presença de força que momentaneamente deve ser evitada.
 Esquiar: erotismo superficial.
 Dinheiro: opiniões e convicções não funcionais. Falsos valores.

Além disso, podemos saber se aquela simbologia significa ou não algo bom. Entende-
se que o que provém da natureza, como verdes campos, frutos, leite etc. tem um significado
positivo, enquanto objetos não naturais, como dinheiro, telefone, não tem significados
positivos. Alguns animais, como lobo, leão, é possível fazer certa análise, se é algo funcional
para nós ou não, como o caso do leão, que apesar de sua força e garra, para os homens, é um
animal perigoso. Para o professor, “O símbolo onírico, quando é real, conjuga-se com a
informação biológica do sujeito e dá informação: na direção de quem é(...). (MENEGHETTI,
2012b, p.56).

Dessa forma, a ciência ontopsicológica considera a análise de forma meticulosa. Deve-


se ter a capacidade para identificar símbolos, perceber e sentir o cliente, além de saber que
aquela informação recebida do campo semântico está correta e ainda fazer essa conexão com o
biológico, natural. E, claro, esses aspectos só podem ser analisados de forma verídica, depois
de ser capaz de perceber, compreender a si mesmo. Mas depois de ter a aptidão, tem-se em
mãos um poder esplêndido.

Nas imagens do sonho, existe uma base geral e uma base específica; essa última é
determinada pela história particular que o sujeito viveu. (…) O método de
interpretação dos sonhos que formalizei e verifiquei nas diferentes culturas, revela um
código universal para todos os homens. (…) O princípio fundamental da positividade
de um símbolo onírico reside no seu significado benéfico em relação ao organismo
biológico em sentido médico. (MENEGHETTI, 2012b, p. 68-69)

Sendo assim, o método ontopsicológico, apesar da complexidade de estudos que


Meneghetti obteve para chegar a esse resultado, é simples, eficaz e universal a todos os homens,
indiferente da cultura, do ambiente. A análise consiste na natureza e a natureza é comum a todos
os homens.

2.3 Teoria da interpretação do sonho para Ontopsicologia


Inicialmente é importante saber que quando é feita a análise, sendo de uma ou mais
pessoas, a “leitura” é feita a partir de 5 aspectos (Meneghetti, 2012b, p. 24). O primeiro a ser
analisado é a Anamnese linguística, isso é, o que o cliente relata sobre sua vida, seus pontos de
vista. Na anamnese linguística também é levado em consideração os sonhos tidos pelo cliente,
em que as memórias e imagens indicam a atualidade do sujeito. O segundo ponto é a análise do
sintoma ou problema, em que é refletido o motivo daquele sintoma ou problema aparecer na
vida do sujeito, e se o cliente está pronto para que aquele comportamento seja curado sem que
ele seja afetado.

O terceiro ponto, Análise fisiognômico-cinésico-proxêmica, se trata de como o corpo


“fala”, incluindo todos os aspectos, como roupa, mímicas, cabelo, jeito de agir e de ser. Todos
os aspectos em si só já são capazes de dizer muito de como o sujeito pensa e é. O quarto ponto,
Análise do Campo Semântico, se trata de uma informação enviada por um transdutor de
informações que quando chega do receptor, a energia desse muda conforme a informação tida.
É a forma como um corpo reage ao receber qualquer tipo de informação de outro corpo. Por
último, mas não menos importante, a Análise Onírica, em que um bom observador tem em mãos
a vida de um cliente.

No livro Imagem e Inconsciente são dadas várias formas para se classificar os sonhos e
a forma de interpretá-los. De acordo com Meneghetti (2012b, p.23), a Ontopsicologia tem uma
eficaz e exata forma de analisar e controlar, ela pode ser usada tanto para curar uma pessoa
quanto para evoluir uma empresa, um negócio, mas a aplicação depende do cliente.

A análise onírica considera algumas classificações. Uma das formas ditas pelo autor é a
hierarquia de quatro valores do sonho, que se trata de quatro valores que o corpo tem a partir
do qual acontecem as “histórias”, o “teatro” por meio de imagens. A importância para o corpo
vai do número 1(nível mais elevado) ao 4 (MENEGHETTI, 2012b, p. 42).

1) Aspecto metafísico (se trata do ser em si - ESO);


2) Funcionalidade psíquica (intelecto/vontade);
3) Biológico (saúde);
4) Contexto social (forma como atua na sociedade);
A teoria de interpretação ontopsicológica conta, ainda, com os “Onze critérios”. O
sonho é interpretado a partir dos três princípios universais, que estão conectados às outras
duas classificações: as quatro fontes de onde derivam os símbolos e os quatro aspectos de
leitura da cena onírica.

2.3.1 Os três princípios universais


Os três princípios universais dizem os critérios com que o sonho deve ser analisado. O
primeiro critério, natureza causal do símbolo, entende-se a causa de determinados símbolos
aparecerem nos sonhos. Dessa forma, o agente, que lembra dos sonhos, certamente identifica
certos elementos, símbolos, como um lápis, ou com uma ação, como caça. Sabendo dessa
informação, procura o que significa. Caça, no livro Imagem e Inconsciente, 2012b, p. 375, tem
o significado de símbolo positivo, porque está unindo a nutrição, jogo de vitalidade e equilíbrio.

Prossegue-se, então, com o segundo item, Efetividade funcional para o sujeito. O autor
do sonho, após ter pesquisado, se dá conta que esse símbolo pode estar ligado a um novo
empreendimento, que está gerando muito lucro e que o faz ser feliz. Percebe-se com isso um
fato muito importante. Uma das revoluções da Ontopsicologia é a análise, a interpretação com
base no significado biológico, isso é, a caça é vista como um símbolo positivo para a
Ontopsicologia, pois o homem, biologicamente, caça para se nutrir, para sobreviver, portanto,
é algo bom, saudável, favorável a própria vida.

O terceiro item relata a importância da percepção dos sentidos e sentimentos ocorridos


durante o relato do sonho, que permite, também perceber se o sonho é ou não verdadeiro.
Quando um sonho é verdadeiro ele é relatado de forma a transmitir ondas e variáveis
emocionais. O sonho é verdadeiro quando há Campo Semântico, quando “percebemos com o
corpo” o sentimento que o cliente tem/teve durante o relato e durante o sonho em si. Se
sentimos, por exemplo, uma dor, ou tristeza, provavelmente se trata de algo ruim, enquanto se
tivermos alguma sensação nos genitais, pode se tratar de algo relacionado ao sexo, ou então
alegria quando se trata de algo bom.

2.3.2 Fontes de derivação dos símbolos

As fontes de derivação dos símbolos citam os meios pelos quais são criadas, pelo
inconsciente, as imagens que aparecem nos sonhos. Conforme a bibliografia Imagem e
inconsciente (MENEGHETTI, 2012b, p. 66), as fontes são A realidade social, A visualização
dos nossos instintos, as formalizações semânticas derivadas do externo e as pulsões meta-
históricas das humanidades.

A realidade social, isso é, tudo aquilo que se faz na sociedade, como religião, política,
amizades, entre outros. Ela é capaz de moldar, de criar a direção teatral que acontecem nos
sonhos. Tudo aquilo que acontece no cotidiano de uma pessoa, no meio em que vive, o
inconsciente considera para a produção dos sonhos.
O segundo aspecto, A Visualização dos Nossos Instintos, ou seja, a forma com que
lidamos e como são conduzidos, aquilo que fazemos de forma “natural”, as vezes sem mesmo
perceber, como comer, dormir, entre outros, também é levado em consideração nos sonhos.
Para que se tenha uma vida sadia, o importante é que haja uma harmonia entre eles, conforme
a necessidade da evolução de cada um.

As formalizações semânticas derivadas do externo se trata dos campos semânticos em


que se está rodeado. Os símbolos também são escolhidos com base em como são captadas
informações dos campos semântico de diversas pessoas e locais.

Por último, as Pulsões Meta-históricas, são importantes nesse contexto. Se trata de


como cada pessoa é conforme a cultura de seus antepassados e a história de seu povo em
milênios, ou seja, características muito próprias. Os negros, os italianos, os chineses, cada grupo
de pessoas têm enraizado em si um pensamento, uma forma de ser, de pensar. Essas
características são levadas em conta pelo inconsciente para formulação das imagens dos sonhos.

2.3.3 Aspectos de leitura da cena onírica

Os aspectos de leitura da cena onírica são alguns pontos que devem ser observados e a
que se deve ter maior atenção durante a análise do prontuário onírico. De acordo com o
professor Meneghetti(2012b, p.128), são quatro aspectos. A ação em mutação é o primeiro. A
atenção a ação, ao movimento é muito importante durante a interpretação, tanto durante o sonho
quanto do momento que que se relata. Um bom profissional percebe pela movimentação quando
um cliente está mentido, quando está desconfortável, quando está interessado. A sensível
percepção ao movimento permite ao especialista uma harmonia entre a relação e, portanto,
chegar a informações mais precisas.

A segunda questão importante é O ambiente. Os lugares em que se passam o sonho


dizem muito da identidade do sujeito. Para a Ontopsicologia, quando no sonho o personagem
está em um lugar inacabado, que causa medo, ou sentimentos ruins, significa que não está em
desenvolvimento, que algo não está indo bem, encontra-se em uma fase ruim. Quando, ao
contrário, está em um campo, em um bosque, significa que o sujeito está progredindo, está indo
bem. Encontra-se aí, mais uma vez, a questão da natureza. O local demonstra o estado de
realidade objetivo.

O aspecto As pessoas e os indivíduos tratam de objetos, animais, pessoas que são no


sonho o que o sonhador faz deles, portanto, neles se encontra também a identidade do sujeito.
Os personagens são responsáveis por demonstrar se as escolhas realizadas na vida são
funcionais ou não. Isso quer dizer que quase sempre que se sonha que algo acontece com
alguém, geralmente é porque acontece com o sonhador. O inconsciente põe o sujeito na terceira
pessoa para demonstrar atitudes pessoais.

Os sentimentos. Esse aspecto demonstra o quanto as atividades acontecidas são


importantes para o sujeito. Além disso, as imagens reais são as que resultam em uma maior
participação emotiva.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude dos fatos demonstrados, pôde-se perceber a importância que os sonhos têm
na vida dos homens. Os sonhos são uma forma do nosso corpo, do nosso ser conversar, fazer a
comunicação consciente/inconsciente, permitindo avaliar cada ação do cotidiano.

Para uma boa avaliação, é necessário um bom profissional. O presente trabalho


apresentou um breve resumo de como são feitos os prontuários oníricos, mas não basta saber
as etapas, é necessário vivenciá-las, perceber cada detalhe e cada ação de seus clientes, além de
si mesmo, que é o principal para poder fazer o melhor para os outros.

Os sonhos permitem que se saiba inúmeras informações daquele espaço tempo de


determinada pessoa, mas não basta saber, não basta que um profissional descreva como está
acontecendo na vida de determinada pessoa. Para atingir os objetivos e crescer na vida é preciso
fazer, é preciso pôr em prática o que é dito na autenticação ou em outra consulta
ontopsicológica. O profissional informa o caminho, mas quem escolhe se segue ou não é o
cliente. Portanto depende de cada um ir atrás e ser alguém melhor.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
MENEGHETTI, Antonio. Imagem e Inconsciente. 4. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica
Editora Universitária, 2012b. 422 p.
MENEGHETTI, Antonio. Dicionário de Ontopsicologia. 2. ed. Recanto Maestro:
Ontopsicológica Editora Universitária, 2012a. 283 p.
MENEGHETTI, Antonio. Manual de Ontopsicologia. 4. ed. Recanto Maestro:
Ontopsicológica Editora Universitária, 2010. 518 p.
MENEGHETTI, Antonio. Jovens e a realidade Cotidiana. Recanto Maestro:
Ontopsicológica Editora Universitária, 2017. 157 p.

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