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Por que fazer Exercícios Espirituais?

Não se deve somente fortalecer o corpo, mas também o espírito,


afinal de contas é como disse Jesus “O Espírito é que dá a vida,
a carne não serve para nada. As palavras que eu disse a vocês
são espírito e vida.” (João 6, 63).

O que são os Exercícios Espirituais de Santo Inácio?

Origem

Em 24 de maio de 1521, Inácio de Loyola, foi gravemente ferido na perna por uma bala de canhão.
Durante o longo período de recuperação, ele procura ler livros para passar o tempo e começa a
ler a "Vita Christi", de Rodolfo da Saxônia e a Vida dos Santos, escrita por um monge cisterciense
que comparava o serviço de Deus com uma ordem cavalheiresca.
Inácio se entusiasma com o testemunho heroico os santos e, a partir daí, decide imitar a vida
austera dos santos, e aos poucos começa a encontrar sua liberdade espiritual. Refletindo sobre
o que se passava no seu íntimo, foi percebendo que os pensamentos sobre Deus e sobre os
santos custavam a entrar no seu coração, mas depois o deixavam contente e com muita paz. Pelo
contrário, as vaidades do mundo entravam facilmente, mas depois o deixavam frio e
descontente. Inácio começou então a ter a experiência de "discernimento espiritual", isto é:
saber distinguir entre a ação de Deus nele e a influência do mal e da própria fraqueza humana,
forças que na terminologia da espiritualidade inaciana são denominadas como moções.
Já totalmente recuperado, em fevereiro de 1522, Inácio retira-se para Manresa para uma gruta,
às margens do Rio Cardoner, nos arredores de Barcelona; a partir de então passa a anotar os
sentimentos que experimentava durante meditações e contemplações e esses registros
tornaram-se a base de um pequeno livro chamado Exercícios Espirituais.
Leia mais sobre a conversão de Santo Inácio de Loyola em:
http://www.jesuitas.org.br/pt/osjesuitas/conversion.htm

Os Exercícios Espirituais são fruto dessa conversão de Santo Inácio, e, portanto, propõem os
assuntos sobre os quais ele refletiu, meditou e contemplou, como a indicação de atitudes e
procedimentos que o moveram a mudar de vida e entregar-se a Deus.
Santo Inácio percebeu que isto poderia ser útil para outras pessoas e por isso anotou tudo o que
lhe parecia mais importante, portanto, o que aparece em seu livro são frutos de suas
experiências.
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A força dos Exercícios Espirituais reside no fato de que o livro, com cerca de 200 páginas, é um
manual prático, composto sem pretensões literárias ou de retórica, mas para servir de guia para
os que desejam empenhar a própria vida, deste ou daquele modo, a serviço da maior glória de
Deus e em prol de seus semelhantes.
Os Exercícios Espirituais são, portanto, um processo, uma metodologia para uma experiência
espiritual que tem como ferramenta principal a oração, e como meta o discernimento, essa
experiência deve ser vivida no núcleo mais intimo de cada pessoa, sua afetividade.
Por meio dos Exercícios Espirituais busca-se libertar o exercitante dos "afetos desordenados" que
o impedem de conhecer e colocar em prática a vontade de Deus.
O objetivo global da experiência é, portanto, descobrir a vontade concreta de Deus em relação à
pessoa que faz os Exercícios Espirituais, o que somente é possível mediante uma intensa
purificação, feita no intuito de obter a liberdade interior.
Além disso, se busca um conhecimento profundo da pessoa de Jesus, a partir da meditação e
contemplação de suas palavras e ações, conhecidas a partir da leitura de trechos dos Evangelhos.
A experiência conclui-se lançando uma ponte para a realidade concreta, sendo que para onde o
egoísmo humano houver levado ódio, injustiça, e discórdia, o exercitante deverá comprometer-
se em lutar, sob a bandeira de Deus, para transformar tal realidade, para que os homens possam
viver como irmãos, reconhecendo a vontade do Pai Comum (Deus) em relação às realidades que
os cercam.
Adaptado de http://www.jesuitas.com.br/espirit.htm e Preparar o Coração, pág 45/46, Luís
Valdez Castellanos SJ, Ed. Loyola.

A Pessoa que os Exercícios Espirituais pretendem formar:

1. Uma pessoa que tem em Deus seu valor absoluto e está disposta a trabalhar sob sua bandeira,
para recriar nosso mundo e formar uma humanidade nova, que se caracterize pela solidariedade
e pela fraternidade, tomando como modelo de vida o próprio Jesus Cristo.
2. Uma pessoa consciente do seu pecado e do pecado do mundo.
3. Uma pessoa que aceita seguir Jesus, estando disposta a viver na pobreza e enfrentar os
conflitos decorrentes de tal decisão.
4. Uma pessoa que conhece Jesus profundamente e se identifica com seu modo de ser.
5. Uma pessoa que saiba discernir, conhecendo as diferenças entre os critérios do mundo e os
critérios de Deus, e toma suas decisões buscando dar o máximo para o Reino de Deus, com a
maior urgência e da forma mais universal.
6. Uma pessoa que relativiza todos os meios, usando-os tanto quanto forem úteis para a
construção do Reino de Deus, desapegando-se de tudo que não conduz a viver de acordo com a
vontade do Pai, sabendo que a tarefa na construção do Reino é um Dom de Deus.

7. Uma pessoa que não despreza a condição humana


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8. Uma pessoa que descobre Deus em todas as coisas e se incorpora na ação que Deus está
executando no mundo, sendo um contemplativo na ação.
9. Uma pessoa que não poderá viver sozinha esses ideais, e por isso atua em conjunto com outras
pessoas imbuídas do mesmo propósito.
Adaptado de http://www.jesuitas.com.br/espirit.htm e Preparar o Coração, pág 45/46, Luís
Valdez Castellanos SJ, Ed. Loyola.

Exercícios Espirituais na Vida Cotidiana

Na modalidade original, os exercícios ocorrem em um retiro de 30 dias corridos, existe também


a modalidade em etapas com 4 retiros de uma semana, ou 3 retiros de 10 dias; existe também a
versão abreviada com um retiro de 8 dias ou em 4 etapas de 2 dias.

Na modalidade “Vida Cotidiana”, o exercitante deve dedicar uma hora por dia para a oração
baseada num pequeno texto da Bíblia de acordo com um roteiro dado pelo orientador, as
reflexões desta oração devem ser compartilhadas em reuniões quinzenais.

Método de Oração Inaciano

Antes de começar a oração é importante marcar um tempo para realizá-la. Não exagere. Comece
com o tempo que você acha que dá para cumprir e vá aumentando à medida que puder.
O tempo ideal seria uma hora por dia, mas o mais importante é a busca sincera de encontrar a
Deus. Começe com uns 30 minutos diários e depois, conforme for sentindo a necessidade vá, aos
poucos e sem pressa, aumentando esse tempo.
Apresentamos os passos para rezar segundo Santo Inácio nos Exercícios Espirituais:

1. O Lugar da Oração
Procure um lugar tranqüilo que favoreça a oração. Dê preferência um ambiente silencioso, onde
você fique sozinho e se sinta bem.
Encontre uma posição relaxante e favorável que mais o ajude a rezar. Santo Inácio aconselha a
fazer sempre o que mais ajuda. Se por exemplo ouvir uma música instrumental ajudar a entrar
em clima de oração, faça isso.

2. A Presença de Deus
Aos poucos vá acalmando-se, fazendo silêncio interior e vá tentando perceber a presença de
Deus ao seu redor e dentro de si mesmo, com confiança. Deixe brotar no seu coração o desejo
de estar com Deus e ser íntimo dele.
Faça uma oração espontânea louvando e agradecendo a Deus por este momento de intimidade
e amor; peça que Ele oriente sua oração e se entregue inteiramente em seus braços.
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Se tiver dificuldades para fazer orações espontâneas, você pode começar rezando um salmo (o
Salmo 138, por exemplo), lendo uma oração pronta ou cantando alguma música que dê sentido
ao momento.
Se lhe ajudar, você pode rezar a oração de Santo Inácio neste momento inicial de abertura a
Deus:
"Tomai, Senhor e recebei
toda minha liberdade,
minha memória, meu entendimento e toda minha vontade
Tudo que tenho e possuo
Vós me deste, e a Vós Senhor vos devolvo.
Todo é vosso; dispõe de tudo segundo vossa vontade
Dai-me vosso amor e vossa graça, que isto me
basta sem que te peça outra coisa. Dai-me vosso Amor e Graça,
que elas me bastam."

Lembre-se do princípio inaciano de fazer sempre o que mais lhe ajuda a atingir o objetivo que
você se propõe.
Na metodologia dos Exercícios Espirituais toda oração tem uma graça específica a ser alcançada,
ou seja, um objetivo a ser atingido. Durante este período de oração inicial peça a Deus essa graça.
Por exemplo, você pode pedir a graça de não ser surdo aos apelos de Deus ou de vivenciar uma
intimidade sempre maior com ele, etc.

3. O Texto Bíblico
Os Exercicios Espirituais são fundamentados na Palavra de Deus, por isso a meditação ou a
contemplação de um texto bíblico durante esse momento de oração é muito importante.
Não precisa tomar muitos textos, as vezes basta apenas um versículo ou uma palavra, pois
segundo Inácio:
"Não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas
internamente"(EE 2).
Procure trazer o texto para sua vida cotidiana. Lembre-se que a oração é diálogo com Deus e que
muitas vezes é melhor deixar Deus falar, tentar perceber os apelos que o Espírito Santo nos faz
através de sua Palavra.
O que mais lhe chamou a atenção ao ler a Palavra de Deus, um versículo, uma palavra, a atitude
de algum personagem?

4. Dialogo (colóquio) com Deus


Neste momento é hora de conversar com Deus sobre aquilo que a meditação/contemplação do
texto causou em você.
Seja sincero e deixe o coração falar com Deus de maneira simples, sem se preocupar com muitas
palavras.
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É momento de falar, escutar, louvar, pedir, perguntar, silenciar, escutar e sentir.


Preste atenção nos sentimentos que brotam internamente: alegria, tristeza, paz, inquietação,
esperança, medo, dúvida, confiança, angústia, etc.
Termine este momento agradecendo a Deus e pedindo forças para continuar sua caminhada
dentro de seu plano de amor.
Dependendo da graça que você pediu ou do que vem experimentando na oração, reze o “Pai
Nosso”, “Alma de Cristo” ou “Ave Maria”.

5. Anotando a Experiência
Procure lembrar e registrar brevemente por escrito tudo o que foi relevante na oração, por
exemplo, como você estava antes da oração e como você está agora, os sentimentos (agradáveis
ou não) que brotaram em você, um trecho do texto bíblico, lembranças da sua própria vida, os
apelos e resistências, etc.
Estas anotações são de grande valor para sua caminhada, portanto não deixe de fazê-las, pois
você poderá partilhá-las com seu diretor espiritual, se achar necessário.
Fonte: http://www.jesuitas.org.br/pt/espiritualidade/prayer.htm

Aprovação dos Papas ao longo da história:

Em 31 de julho de 1548, o Papa Paulo III declarou que: “constatamos que ditos Exercícios estão
cheios de piedade e santidade, e são e serão muito úteis para o progresso espiritual dos fiéis.
Ademais é nosso dever reconhecer que Inácio e a Companhia por ele fundada vão recolhendo
frutos abundantes de bem em toda a Igreja; e de tudo isso muito mérito é dos Exercícios
Espirituais. Por isso [...] exortamos os fiéis de ambos os sexos, em qualquer lugar do mundo, para
usufruir dos benefícios destes Exercícios e se deixar educar por eles” Durante os séculos, outras
seguiram a esta primeira solene aprovação.
No século XX, os maiores elogios vieram particularmente de Pio XI, Pio XII e Paulo VI. O papa Pio
XI, em 1922, declarou Santo Inácio de Loyola Padroeiro de todos os Exercícios Espirituais, e na
Encíclica Mens nostra de 1929 trata de modo magistral os Exercícios inacianos, evidenciando a
profundidade da doutrina e a segurança do método ascético.
Paulo VI, aluno dos jesuítas, assim escrevia em 1965: "Sabemos que a pregação mais eficaz é
mesmo aquela dos Exercícios Espirituais.” E precisava: "Ai de nós se os Exercícios espirituais, por
terem aquele paradigma maravilhoso e magistral que S. Inácio deixou, se tornassem uma
repetição formal e, diria, preguiçosa deste esquema [...] Temos que ampliar esta fonte de salvação
e de energia espiritual, precisamos torná-la possível a todas as categorias”.
Adaptado de:
http://paginas.terra.com.br/religiao/saluar.magni/os%20exerccicios%20de%20santo%20Inacio.
htm
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Incentivo do Papa Bento XVI aos Exercícios


Bento XVI, no dia 09 de fevereiro de 2008, pediu que se promovesse a prática dos Exercícios
Espirituais, pois são momentos de uma forte experiência com Deus. Apresentou este pedido ao
receber em audiência os participantes da assembléia nacional da Federação Italiana de Exercícios
Espirituais
O Papa constatou que em alguns países, enquanto crescem e se difundem providencialmente
múltiplas iniciativas de espiritualidade, sobretudo entre os jovens, parece, contudo, descender o
número de quem participa de autênticos cursos de exercícios espirituais, e parece que isso se
verifica também entre sacerdotes e membros dos institutos de vida consagrada.
Neste contexto, recordou que os exercícios são uma forte experiência de Deus, suscitada pela
escuta de sua Palavra, compreendida e acolhida na própria vida pessoal, sob a ação do Espírito
Santo que, em um clima de silêncio, de oração, e com a mediação de um guia espiritual, oferece
capacidade de discernimento para purificar o coração, converter a vida, seguir Cristo e cumprir
a própria missão na Igreja e no mundo.
Por este motivo, o bispo de Roma desejou que junto a outras formas louváveis de retiro espiritual,
não diminua a participação nos exercícios espirituais, caracterizados por esse clima de silêncio
completo e profundo que favorece o encontro pessoal e comunitário com Deus e a contemplação
do rosto de Cristo.
O Papa considerou que em uma época na qual cada vez é mais forte a influência da secularização
e, por outra parte, na qual se experimenta uma difundida necessidade de encontrar Deus, não
deve desfalecer a possibilidade de oferecer espaços de intensa escuta de sua Palavra no silêncio
e na oração.
Isso implica, acrescentou, fazer um esforço para que haja casas dedicadas aos exercícios
espirituais, nas quais haja responsáveis bem formados, guias, animadores e animadoras
disponíveis e preparados, dotados dessas capacidades doutrinais e espirituais que façam deles
mestres do espírito, especialistas e apaixonados da Palavra de Deus e fiéis ao Magistério da Igreja.
Os Exercícios Espirituais, como se conhecem hoje, foram introduzidos por Santo Inácio de Loyola,
fundador da Companhia de Jesus (1491-1556).
Adaptado de : http://www.zenit.org/article-17540?l=portuguese

Trecho do discurso do Papa Bento XVI aos participantes da 35ª Congregação Geral da Companhia
de Jesus em 21 de fevereiro de 2008.

Convido-vos, por último, a dedicardes especial atenção ao ministério dos Exercícios Espirituais,
característico da vossa Companhia desde as suas origens. Os Exercícios são a fonte da vossa
espiritualidade e a matriz das vossas Constituições, mas são também um dom que o Espírito do
Senhor tem feito à Igreja inteira: por isso tendes que continuar fazendo dele uma ferramenta
valiosa e eficaz para o crescimento espiritual das almas, para a sua iniciação na oração e na
meditação neste mundo secularizado do qual Deus parece ausente. Precisamente na semana
passada eu também, junto com meus mais estreitos colaboradores da Cúria Romana, desfrutei
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de uns Exercícios Espirituais dirigidos por um ilustre irmão vosso, o cardeal Albert Vanhoye. Em
um tempo como o atual, no qual a confusão e a multiplicidade das mensagens e a rapidez de
mudanças e situações dificultam de especial maneira os nossos contemporâneos, o trabalho de
pôr ordem em sua vida e responder com determinação e alegria ao chamado que o Senhor dirige
a cada um de nós, os Exercícios Espirituais constituem um caminho e um método particularmente
valioso para procurar e encontrar Deus, em nós, em nosso redor e em todas as coisas, com o fim
de conhecer sua vontade e de colocá-la em prática.

Fonte: http://www.msmidia.com/jesuitas/noticiasd.asp?id=379

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