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Os Exercícios Espirituais caracterizam mais por sua pedagogia que por um conteúdo teológico;
e esta pedagogia busca acompanhar a pessoa na sua “experiência de Deus”.
Por isso, antes que propôr uma teologia, S. Inácio, nos Exercícios, se interessa pela pessoa que
tem diante de si. É importante que tal pessoa possa “aproveitar-se”, que seja capaz de
liberdade para seguir o desejo profundo que a anima, aberta à “variedade dos espíritos”.
Procede por indução, a partir da realidade vivida de maneira única por uma pessoa precisa,
sem outro instrumento específico que o discernimento. Tem em conta uma situação, um
desejo, uma vontade, algumas possibilidades.
Apoiada sobre estes fatos ela conduz à experiência imediata de Deus, descobrindo sua
presença ativa na pessoa mesma. Funda-se sobre uma convicção: a Vontade divina não existe
independentemente desta pessoa e de suas circunstâncias, como se fosse uma entidade
externa, que subsistisse por si mesma.
Deus existe em si mesmo, é o Criador e Senhor de quem “é próprio entrar, sair, causar moções
na alma, atraíndo-a toda ao amor de sua divina majestade” (EE. 330). Ele age a partir do
interior da pessoa, como uma força, um dinamismo, uma vitalidade.
“Entrar em Exercícios supõe passar de uma impulsividade impaciente a uma atitude de ativa
receptividade...” (Dolores Alexandre).