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Vamos começar...

Os Exercícios Espirituais são um instrumento pedagógico para ajudar a pessoa a tomar


consciência de si mesma, dos talentos que lhe confiou o Criador, reavivar os sonhos e projetos,
situar-se pessoalmente na história da Salvação deixando-se interpelar por Cristo para o
seguimento.

Os Exercícios Espirituais caracterizam mais por sua pedagogia que por um conteúdo teológico;
e esta pedagogia busca acompanhar a pessoa na sua “experiência de Deus”.

Por isso, antes que propôr uma teologia, S. Inácio, nos Exercícios, se interessa pela pessoa que
tem diante de si. É importante que tal pessoa possa “aproveitar-se”, que seja capaz de
liberdade para seguir o desejo profundo que a anima, aberta à “variedade dos espíritos”.

Ainda que sejam profundamente teocêntricos e cristocêntricos, os Exercícios Espirituais põem


o ser humano no centro. A pedagogia que propõem não tem seu ponto de partida numa
estrutura eclesiástica ou num “corpo teológico” particular, mas na experiência mesma da
pessoa.

Procede por indução, a partir da realidade vivida de maneira única por uma pessoa precisa,
sem outro instrumento específico que o discernimento. Tem em conta uma situação, um
desejo, uma vontade, algumas possibilidades.

Apoiada sobre estes fatos ela conduz à experiência imediata de Deus, descobrindo sua
presença ativa na pessoa mesma. Funda-se sobre uma convicção: a Vontade divina não existe
independentemente desta pessoa e de suas circunstâncias, como se fosse uma entidade
externa, que subsistisse por si mesma.

A originalidade do processo inaciano consiste na possibilidade da pessoa de encontrar a Deus


em si mesma, através daquilo que ela vive. S. Inácio não confunde Deus com algo no fundo do
ser humano, à maneira panteísta.

Deus existe em si mesmo, é o Criador e Senhor de quem “é próprio entrar, sair, causar moções
na alma, atraíndo-a toda ao amor de sua divina majestade” (EE. 330). Ele age a partir do
interior da pessoa, como uma força, um dinamismo, uma vitalidade.

“Entrar em Exercícios supõe passar de uma impulsividade impaciente a uma atitude de ativa
receptividade...” (Dolores Alexandre).

Para “entrar em Exercícios”, precisamos tornar-nos um pouco “beduínos do deserto”, nômades


do Absoluto, livres e desprendidos das coisas materiais. Como os beduínos, as pessoas
contemplativas são calmas e tranquilas.
Desejo a todos uma abençoada e fecunda experiência! Pe. Renato,SJ - Indaiatuba/SP

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