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VE ceo UTE ag CCE aT eet LEE : aa 4 ATER Se COTTA Ana Mercés Bahia Bock Odair Furtado Maria de Lourdes Trassi Teixeira i I ' Psicologias UMA INTRODUGAO AO ESTUDO DE PSICOLOGIA 15? EpIcAo saraiva @ ott (i 90 ANOS Usamos 0 termo psicologia no cotidiano com varios sentidos. Por exemplo, quando falamos do poder de persuasio de um vendedor, dizemos que ele usa de psicologia para vender seu produto; quando nos referimos a jovern estudante que usa seu poder de seducdo para atrair 0 rapaz, falamos que ela usa de psicologia; e quando procuramos aquele amigo, que esta sempre disposto a ouvir nossos problemas, dizemos que ele tem psicologia para entender as pessoas. 2 raeve | ncanacrenroagio te psioncocia ré e380 a psicologia dos psiclogos? Certamente ndo, Essa psicologia, usada no cotidiano pelas pes soas, em geral, é denominada de Psicologia do Senso Comum. Mas nem por isso deixa de ser uma psicologia. O que estamos querendo dizer € que as pessoas, em geral, tém um daminin, macmn que pe ‘aueno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia Cientfica, o que thes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicologico. U fato € que no cotidlano as pes- s0as v8o se apropriando do conhecimento acumulado pela humanidade e fazem o uso ndo centfco desse conhecimento, um uso que nao é estritamente técnico, mas trata-se de um uso que ajuda a compreender 0 mundo e as coisas do mundo. O SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE Existe um dominio da vida que pode ser entendido como vida por excelencia:¢ 0 cotidiano, £ no cotidiano que tudo flui, que 03 coisas acontecem, que nos sent mas vivns, que vivemas a realidade, Nesse instante, estou endo um lvro de Psicologia, logo mais estarei em uma sala de aula fazendo uma prova e depois irei a0 cinema, Enquanto isso, sinto sede e tomo um refi gerante nié canting da escola; sinto um sono irresistivel € preciso de muita forca de vontade para no dormir em plena aula lembro-me de que havia prametida chegar cedo para o almoso, Todos esses aconteci- mentos denunciam que estamos vivos. Jé a ciéncia € ‘uma atividade eminentemente refleiva. Ela procura compreender, elucidar e alter esse cotiiano quando necessiro, a partir de seu estudo sisematco. Quando fazemos ciéncia, baseamo-nos na realidade otidiana e pensamos sobre ela, Afastamo-nos dela para refletir e conhecer além ve suas aparéiitias. O catidiana & a conhecimento cientifico que temos da realidade aproximam-se e se afastam. Aproximam-se porque a ci8nca se rere a0 real, afastamse porque a dénciaabstraiarealidade para compreendé-le melhor, ou sea, a nia afasta-se da reaidade, transforman- 0-3 em objcto de investigagdo - 0 que permite a constnican da conherimentn cientifien sabre 0 real Para compreender isso melhor, pense na abstrecao (0 distanciamento e no trabalho mental) que Newton tartrate ya esicevogie ov as esicatanias @ teve de fazer para, partindo da truta que caia da arvore {fato do cotidiano), formulara lei da gravidade (expli- cacéo cientifica), Ocorre que, mesmo o mais especilizado dos cien tistas, quando sai de seu laboratério, esté submetido a dinamica do cotdiano, que cra suas prépnas regras de sociabilidade e funcionamento. Nessa dimensdo da ronherimento, 0 que imparta & a praticidade & a solucao rapida para os problemas que se apresentam no dia a dia. Por veres, usamos atradicgo de nossos aantepassados e 0 lazemos mutas vezes esquecendo ‘sua origem. Cm outros momentos, agimos com base ‘em teorias cientficas, mas a usamos de forma simpli: ficada e improvisada, Também ulilizamos,frequente- mente, 0 ensaio eo e0, que, no cotidano, funcionam ‘muito bem. O fato & que o conhecimento utiizado no cotidiono tem muitos recursas (alguitias veces sufisli~ radas) @, a mesmo tempo, & um conhecimento que esté voltado, geralmente, para a acao imediata. Todos 1nés ~ estudantes, psicdlogos, operérios,fsicos, mora- does de rua, tedogos, artistas - viveros boa parte do nosso tempo nesse cotidiano e seguimos suas regras. O fato é que uma pessoa, quando usa a garrafa térmica para manter o café quente, sabe por quanto tempo ele permaneceré razoavelmente quente, sem fazer nenhum célculo complicado e, muitas vezes, 4 manne 1 a cunucrenrcagho 14 psicntocia ret desconhecendo completamente as leis da termo- dinamica. Quando alguém em casa reclama de um problema digestivo e tama um cha de boldo = uma planta medicinal jé usada pelos avés de nossos avés~ para aplacar o desconforto, pode fazé-o sem conhecer 0 principio ativo de suas flhas nas doencas hepaticas e sern nenhum estudo farmacologico. Nés mecmas, quando precisamos atravessar uma avenida movimentada, com o trafego de velculos em alta velo Cidade, sabemos calcular a distinc e a velocidade do automvel que vem em nossa directo, Até hoje nao conhecemos ninguém que usasse maquina de calcular ‘ou fita métrica para essa tarefa. fse tipo de conhecimento que vamos acumulando em nosso cotidiano é chamado de senso comum. Sem esse conhecimento intuit, esponténeo, detenta- livas © exis, 6 tiusse vide Uidtid setid muilu cumplicada, A necessidade de acumularmos esse tipo de co- nhecimento espanténeo parece-nos dbvia. Imagine termos de descobrirdiariamente que as cosas tendem a car gracas ao efeto da gravidade; termos de desco- brit diavamente que algo alirado pele janela vai cair «endo subir, que um automével em velocidade vai se aproximar rapidamente de ns; e que, para fazer um aparelho eletrodoméstico funcionar, precisamos de eletrcidade. O senso comum, na producio desse tipo de conhecimento, percorre um caminhn que vai do habito &tradicao, a qual, quando estabelecida, passa de geracdo para gerado. Assim, aprendemos com nossos pais 2 atravessar uma rua, a fazer 0 liquiditica~ dor funcionar, a plantar alimentos na época certa e de maneira correta e assim par diante E nessa tentativa de faciliar 0 dia a dia que o senso comum produz suas préprias “terias’; na realidade, um conhecimento que, em uma interpretacao live, poderiamos chamar de teorias médicas, fisicas, psico legicas etc. Considere ainda que o aciimulo de conhe- cimento da humanidade, até ela descobrirfrrnas mais precisas de eleborar 0 conhecimento (0 conhecimento lentitico), to1 conseguido por meio de tentativas € ‘eros, insights ¢ descobertas ocasionais, 0 que permitiu ampliar esse vasio repertério de conherimento que tems até hoje. AA descoberta do fogo em tempos remotos, por exemplo, possibilitou que @ humanidade tivesse um ‘avango em scu desenvolvimento, 0 que, consequente ‘mente, a impulsionou air muito mais longe. Vea que © conhecimento adquirdo no cotidiano e com objetivo de resolver problemas ou aperteigoar solugdes pode se rivalizar com o proprio conhecimento cientifico. 1 ppouco tempo, as parcias acompanhavam os patos e, ‘em muitas localidades, somente elas estavam ali para fazéo Hoje, mesmo com todos os recursos que se tem, casas tém optado pelo parto acompanhado por doulas para garantir um parto ms natural, 0 tema que trata da definig30 do que ¢ ou nao é a f@alidadé vem sendo discutido ha muitos sécu- los, desde os filésofos gregos, e até hoje é um tema polémico. Berger e Luckmann,’ do ponto de vista ‘tenomenologico, € John Searle” do ponto de vista do. és racionalismo, fazem ume discussao bem contem- pordnea do assunto. 0 fato & que nao é téo simples para qualquer um de nds definir o que é a realidade. GERGER, Pete L: LUCKMAN, Thome. consrugo sc da eal, 50 FnepA we a SEARIE on. Mente faguge sada esa no munds ea de ani: Rac, Se consultarmaso diriantio, veremas que realidade &a qualidade do que € rea: um fat, acontecimento, coisa, Entretanto,atributr essa qualidade & uma caracteristica ‘humana e sempre dependerd do critério que usaremas ata defn, Do ponto de vista das Ciéncias Humanas, dis ‘ute 0s pressupostos para a denicao desses caters Pense sobre 0 assunto, pois trata'se de um bom tema para ume pesquisa, SENSO COMUM: MA VISAO DE MUNDO conhecimento do senso comum, além de sua pro- ducao caracteristica, acaba por se apropriar, de uma ‘merieita muito singular, de conliecimentos produzidos, pelos outros setores do seber humana, O senso comum ‘mistura e recicla esses outros saberes, muito mais espe- Cilizados, ¢ 05 reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinads visio de mundo. que estamos querendo mostrar a voce € que o senso comum integra, de um moda precério (mas & ‘esse 0 seu modo), 0 conhecimento humano. € claro que isso nao ocorre muito rapidamente. Leva certo tempo para que 0 conhecimento mais sofisticado « especializado seja absorvido pelo senso comum, 2 nunca 0 é totalmente. Quando utilizamos termas como “rapaz complexado”, “menina histerica’,“icar neurético", estamos usando termos definidos pela Psicologia Cientific N3o nos preocuparnos em detinir > polavias usadas e, wet por issu, Ueisemos de ser ‘entendidos palo outro. Podemos até estar muita prexi- mos do conceito cientfico, mas, na maioria das vezes, nem o sabernos. Esses sdo exemplos da apropriacao que senso comum faz da ciéncia ‘Alem disso, ao fazermos essa apropriacéo, assoca- mas 0 conhecimentocintfien ao conjunto de crencas € valores de nossa visdo de mundo, incluindo a crenca re- ligiosa, o recone deoldgico e os eventuas preconcetos, ‘e~como veremos nos captulos seguintes ~ todos esses tartruve 1a esicococix ov as esicauasias 6 fatores se articulam em busca de coeréncia cognitva Assim, um saber de cunho cientifico sobre a gestacao de bbebés ndo poderd coir fortemente com a crenga rel isa do grupo e, para isso, a pessoa faré a adaptacdo necesséia para evita o confit AREAS DE CONHEGIMENTO Esse tipo de conhecimento do senso comur, porém, nao seria sufciente para as exigéncias de desenvol- vimento da humanidade. O ser humano, desde os ‘tempos primitivos, foi ocupando cada vez mais espaco no planeta, e somente asse conhacimento intuitive seria muito pouco para que ele dominasse a Natureza em seu préprio proveito. Os gregos, por volta do século 1V aC, j& dominavam complicados célculos matematicos, que ainda hoje sao considerados dificeis por qualquer jovem colegial, Os gregos precisevam entender eccas cAleulns para racaluer seus problemas agricolas, arquiteténicos, navais etc. Era uma questao de sobrevivéncia. Com o passar do tempo, esse tipo de conhecimento ganha um repertério préprio, com suas regras e seus conteudos, especializando-se cada vez mais, até atingir o nivel de soistcacdo que permi ti an cer humana conquistar a espacn sideral A esse tipo de conhecimento sistematico, que exige compro- vacio, que nos dé seguranca da ardo desempenhada, chamamos de eiéncia, ‘Mas 0 senso comum e a ciencla nao sao as unicas formas de conhecimento que o ser humano desen valveut ¢ desenvalve para descobrir e interpretar a realdade. Povos antigo, e, entre eles, cabe sempre mencionar (0s gregos, preocuparam-se com a origem e o significado da existencla humana. As especulacoes em tomo desse tem formaram um corpo de conhecimento denominado filosofia. A formulacdo de um conjunto de pensamentos sobre a orgem do ser humano, seus mistrios,prinpios mora, forma outro corpo de conhecimento humano conhecido como religi. B vunre 1 a canacrenizagéa 14 esion.acia ear et Perrier Geyer formulou o principio su ere rma No Ocidente, um io muito conhecidotraz as cren- ‘ase tradicies de nossos antenascadac e & para muitos ‘um modelo de conduta: a Biblia, que é o registro do conhecimento religoso judaico-cristéo. Outro lvro se ‘melhante & 0 lvro sagrado dos hindus: Liro dos Vedas: Veda, em sénscrito (antiga lingua classica da india), significa conhecimenta. Assim também os mugulmanos, adeptos do Isla ou Islamismo, tém no Alcorao seu livvo sagrado. O conhecimento religioso ¢ caracterizado pela crenca e é consttuido de dogmas que devem ser rigoro- serene seguidos yes i Por fim, desde a sua pré-histéria, ser humana deivau ‘marcas de sua sensibilidade nas paredes das cavernas, quando desenhou a sua prépria figura e a reoresentacio CObinsuismo & cansidrado um do sistema elgieos mss aigos do ‘mundo Sip bi cra de 3500 soe rz comuniads ra epte doing atl nore dln. Sus reas am Vans olen de Drees ones cme prea le sgn st. sonkel en ‘nese. com b/itaralaesed ier heraia>Aesin en jana sn rey da cava, criando uma expresso do conhecimento que traduz a emocéo e a sensbilidade. Denominamos esse tipo de conhedmento de arte. Arte, religdo, filosofia,ciéncia e senso comum so ‘dominios do conhecimento humano. A PSICOLOGIA CIENTIFICA ‘Apesar de reconhecermas a exsténcia de uma psicolo- 12 do senso comum e, de certo modo, estarmas preo~ cupados em defini-l, € com a outra psicologie que ‘ste vo se ocupa ~a Psicologia Cientfca. Definimas © senso comum para que oletor pudesse demarcar 0 campo de atuacdo de cade uma, sem confundtas. Entretanto, a tarefa de definir a Psicologia coma ciéncia é bem mais érdua ¢ complicada, Comecemos Dor definir o que entendemos por ciéncia (que tam- bém nao é simples), para depois explicarmos por que a Psicologia & uma de suas areas. 0 QUE € CIENCIA AdBncia compde-se de um conjunto de conhecimen- tos sobre fatos ou aspectos da realidade - 0 objeto de estudo ~ expressos por meio de uma linguagem preci 30 ¢ rigorosa. Csscs conhecimentos devem ser obtidos de maneira planejada, sistematica e controlada, para que se permita a verificacdo de sua validade. Assim, ppodemos apontar 0 objet dos diversos ramos da cién- Cla e saber exatamente como determinado conteudo foi construido, possibiltando a reproducéo da expe rigncia, Dessa forma, o saber pode ser transmitido. verificado, tiizado e desenvolvido, Essa caracteristica da producao cientifica possibilita sus cuntiuidade: um novo conhecimento ¢ produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvi do, Negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos e assim a ciéncia avanca. Nesse senlidu, 4 ciéncia caracteriza-se cama um pracesso cumulative de producao de conhecimento. Pense no desenvolvimento do motor flex para veicu los, que utiliza mais de um tipo de combustve. Ee nas: eu de uid Hevessidade cunuield ~ 4 crise do petroleo eo desenvolvimento do biocombustivel no Brasil Fetine a tecnologia do motor movida a écool, gasolina e, eventualmente, a gés natural. Foi ume alternative encontrada por engenheiros cientistas brasileros para resolver o problema relativo @ economia do petrdleo, 2 sazonalidade da stra da cana de-agdcar(utlizada na fabricacao do alranl) @& dificuldade eam o abasteri mento de gas natural no pas. Antes do motor flex havia © motor movido excusivamente alcool com o objetivo de substituir 0 combustivel a base de petrdleo. Isso ocorteu no auge da crise do petrleo no final da década de 1970. Este é um exemplo de como a tecnologia pode responder aos problemas que se apresentam em nosso diaa dia ‘Acdéncia tem ainda uma caracteristca fundamental la aspira& objetvidade. Suas conclusoes dever ser passiveis de verificagio ¢ isentas de cmogao, para, as. sim, tomarem-se vdldas para todos. Portanto, objeto especitico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas especttcas, processo cumulativo do conhecimento e obetvidade tazem da céncia uma forma de conhecimento que se diferencia do conheci- ment espontineo da senso comum. Esse conjunto de caraceristicas permite que denominemos de cienttico ‘um determinado conjunto de conhecimentos. Um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. uptraia t/a psienineia an es sicniasias, T OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA Como mencionamos, um conhecimento, para ser considerado cientifivo, requet urn objetu espeufiy de estudo. O objeto da Astronomia sao 0s atras, a abjeto da Biologia sao os seres vivos. Essa clasiicagdo bem geral demonstra que & possivel tratar 0 objeto dessas Géncias com certa disténcia, ou seja, € possivel isolar 0 objeto de estudo, No caso da Astronomia, 0 cientsta ti, par evemplo, em tim absenvatirin etelar 0 astra observado, a anos-luz de distancia de seu telescpio. Esse centsta no corre o minimo risco de confundirse com o fendmeno que est estudando, O mesmo néo ocorre com a Psicologia, que, como a Antropalogia, a Economia, a Sociologia e todas as déncias humanas, estuda 0 ser humano e, neste caso, ‘© assunto diz respeito ao préprio cientista que estude ‘esse objeto. Certamente, essa divisdo € ampla e apenas coloca a Psicologia entre as ciéncias humanas. Qual é, entao, 0 objeto espectico de estudo da Psicologia? Se dermos a palavra a um psicélogo comporte- imental, ele dir: “O objeto de estudo da Psicologia ¢ 0 comportamento humano”. Se 2 palavra for dada a. um. psicblogo psicanaista, ele dia: “O objeto de estudo da Psicologia & 0 inconscente”. Outros diréo que é a cons- ciéncia humana, e outos, ainda, a personalidade. Diversidade de objetos da Psicologia Muito se fla sobre a dvesidade de objetos da Psicologia € muitos atribuem essa diversidade ao fato de a Psicologia ter se desenvolwido como ciencia muito recen- temente (final do século XIX), quando camparada com a5 ciéncias exatas, Mitos argumentam que néo fi pssivel ainda a construgao de atadligmias confidveis e con- vincentes que pudessem ser adotados sem receios por todos 0s picologos. Maso problema é de outa ordem! PARADIGNA Pade; que serve como modelo. B orante va canacteaizacio 04 psico.oeia Provavelmente, a Psicologia jamais tera um Unico paradigma confiével que possa ser adotado por todos sem questionamentos, Nao ha uma dnica férmula, uma Unica resposta para os problemas entrentados pela humanidade. 0 ser humano se caracteriza por ‘sua rapacidade criativa utilirada no desenvolvimento de suas proprias condicdes de vida. 0 conjunto dessa produgao é conhecida como cultura. A humanidade ganhou autonomia de aczo e criou repertorios linguis ticos sofisticados c diferenciados. Os inumeraveis gTupos humanos que vivem em nosso planeta desen- volveram caracteristcas peculiares. Nos grandes gru- os, como € 0 caso da populacao que genericamente chamamos de cultura ocidental, vemos a reelaborayau constante e cotidiana dos padres de comportamento, dos costumes, das crencas e das valores. Isso muda de geracdo a geragao e, considerando as itimas dé- cadas, muita coisa se transformou e, na atualidade, as mudancas estav ainda mais aceleradas. Como comparar essa mobilidade com as caracteristicas da uma java de minério de erro ou o padrao orbital de astros em uma galaxia? Assim, estudar 0 ser humano significa estudar um Set yue € listdiqu © exté en permenente mudanga. Como seria possveltransfarmar toda rique7a do ser thumano em um objeto imutivel ou com regularidede € repeticdo suficientes para que sejam descobertas re- gularidades detiniivas sobre ele? As diferentes formas de pensar a Psicologia representam a propria riqueza do ser huann, sia caparidade milipla de pensar so- bre si mesmo e as circunstancis histricas nas quais a teoria tem sua origem, © mesmo ocorre com as ciéncias socials (Socologra, Antropologia, Ciencia Folitica), com Leonomia, com Histéria, com Gcografia. A Filosofia, que nao pretende ser um conhecimento cientifico, mas que esté na base de toda ciéncia, também apresenta ‘essa caracteristica. E nao devemos nos esquecer que a Psicologia ter sua origem na propria Filosofia, em fun- ‘cao disso, mantém algumas de suas caracterstcas. Outro motivo que contribui para dificultar uma clara definicgo de objeto da Psicologia é 0 fato de o cienista- 0 pesquisador - confundir-se com o objeto (0 conerido estudoso des céncias, Thomas Khun ama que as céncas duas (hard sclences), como a Fica ea Qui rica, definem paradigms a0 decomer de longos periods. Ti o caso da mectnica netonian, que foi sure pela Teoria da Relatividade. Um novo paradigma incorpora o conhecimento do paradigma anterior, mas ¢ superior @ ele. Hd pleno reconhecimento dessa superecio pela comunidade cientica Hs também expectatva de quanto tempo dutré 0 ‘ove paredigma « vital rabalhar pore a sua superego. Khun unsilera > dik lacs pre paddies, 0 ainda nao s4o capazes de construir um paradigma confiével. Provavelmente, pelo que as ceracteriza, nunca chegarao a

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