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RESUMO.

Semana 1.

Para Aristóteles o que nos diferencia dos animais é a racionalidade, e são três
coisas que controlam nossas ações: sensação, desejo e razão.
Ética diz respeito a normas, princípios e valores que são instituídos para
direcionar as relações entre indivíduos e/ou comunidades, esses valores
podem ser históricos e sociais, acolhidos de forma íntima e consciente.
O papel social é colaborar para manutenção e aperfeiçoamento da Ética.
Cidadania refere-se à forma como as comunidades definem a atuação, os
direitos e deveres de seus integrantes em relação ao poder constituído e ao
Estado. A partir disso, o cidadão deve agir sob os valores esses preceitos, a
fim de garantir a coesão e o desenvolvimento social.
Principais pontos a serem considerados acerca de Ética:
Ética e moral são tratados como sinônimos no cotidiano e tem cunho histórico e
social. "Ética pode ser tratada como a educação da vontade pela razão para a
vida justa, bela e feliz a qual estamos destinados por natureza”. É um processo
contínuo de transformação. Tem um plano normativo (regras que prescrevem
como a pessoa deve se comportar, ex., não roubar) e factual (ações feitas, ex.,
um roubo).
Ética (Marilena Chauí).
Educação da vontade pela razão, educação do nosso caráter, questionamento
de valores. algo adquirido, que aprendemos, que vem de fora, a partir das
regras, princípios e valores que regulam nossas relações com os outros e a
sociedade. A ética também muda de acordo com o tempo histórico.
Ética/moral: princípio de normas e valores que são regulamentadas as
relações entre os indivíduos ou entre eles e a comunidade, acatadas livres e
conscientemente, por uma convicção íntima.
Ética é a parte da filosofia que se dedica a pensar as ações humanas e os seus
pensamentos.
Socialização: Sociedade: Imposição de padrões sociais na conduta do ser
social. Assim, para termos determinados comportamentos civilizatórios, se faz
necessário a regulamentação das nossas ações e vontades. Já que ética e
moral são alterados historicamente, mas de formas e em tempos distintos
numa sociedade globalizada, como resolver estas questões.
Mecanismo para a socialização: Interação e identificação com outros (ex:
familiar).
Individualidade: a sociedade não pode configurar em toda extensão.
Individualidade = Identidade.
Sociedade: Agrupamento de seres que convivem em estado gregário e em
colaboração mútua, grupo humano que habita em certo período de tempo e
espaço, seguindo um padrão comum; coletividade.
Cidadania: Qualidade ou condição de cidadão. Condição de pessoa que,
como membro de um Estado, se acha no gozo de direitos que lhe permitem
participar da vida política.
Sociedade como estrutura: existência dos indivíduos, poder das normas na
conduta (Durkheim, Karl Marx, Max Weber).
Sociedade como Solidariedade: pertencimento a uma comunidade da mesma
linguagem e cultura.
Sociedade elástica: se transforma com a globalização – tecnologia e
multicultura.
Três avaliações de sociedade:
Estrutura: As normas sociais na orientação da conduta – Durkheim, Weber e
Marx;
Solidariedade: Interações entre os membros que compartilham a mesma
linguagem e mesma cultura.
Processo criativo: Mais fluidez, de transformação no próprio meio – Simmel.
Elástica: as relações sociais transbordam os territórios e se inclui a tecnologia
para as novas formas de laços entre pessoas.
Cidadania (três elementos): status legal (agentes políticos-pertencente a
uma comunidade política que fornece identidade, dois modelos- republicano –
participação direta do cidadão nas decisões políticas; liberal – foca mais no
exercício de certo status legal), direitos civis, políticos e sociais.
Cidadania: elemento civil, político e liberal.
Modelo Republicano: Atenas e Roma – Aristóteles, Cícero, Maquiavel,
Rousseau.
Liberal: John Locke e Adam Smith.
Marshall a partir da história da Inglaterra identifica um novo modelo de
cidadania. Um elemento civil – composto com direitos necessários a liberdade
individual; o elemento político a participação através do voto; o elemento social
– direito a educação, saúde...
T. H. Marshall- a cidadania é concedida aqueles que
são membros integrais de uma comunidade. Ela é
dividida em três elementos: civil, político e social. A
cidadania cria todos os direitos.
A capacidade de transformar as vontades dos outros na sua vontade é o que
chamamos de poder. O poder seria a potência para realizar determinado
desejo ou vontade. (Esta questão Nicolau Maquiavel desenvolve no livro O
Príncipe e discorre sobre virtù e fortuna; também Friedrich Nietzche em Assim
falou Zaratustra).
Com relação aos sistemas de poder, pode-se dizer que eles podem ser
impostos pela força: absolutismo, ditaduras ou pelo convencimento e
manipulação das vontades alheias.
Nessa visão clássica do poder: quem tem o poder são aqueles que governam.
No entanto, “o poder” em sistemas democráticos, é representativo. O povo
“escolhe aqueles que lhes representa” seja num sistema presidencialista ou
parlamentarista.
Política é a tomada de decisões que visem objetivar interesses que irão refletir
na coletividade.
Política e ética devem caminhar juntas.

Semana 2.

Democracia: origem é governo dos demos e não governo do povo.


Quem era a população da Grécia e quem eram considerados
cidadãos para participar dos demos?
Idade Média: não existe a democracia;
Idade Moderna: um novo tipo de democracia, a chamada democracia moderna,
em oposição a monarquia. A noção de democracia, na era moderna, passa
pela questão da representatividade.
Conceitos gerais acerca de cidadania:
É um status legal, definido por direitos civis, políticos e sociais.
Cidadãos como agentes políticos.
Pertencimento a uma comunidade política com identidade.
Modelo republicano e liberal:
Republicano - Exercício político - Alto governo e participação direta do cidadão
nas decisões politicas.
Liberal - Status legal - Foca no exercício de um status legal (não como um
exercício político) ou direitos garantidos por lei.
Educação e cidadania: qual cidadania?
“Entendemos cidadania como o exercício dos direitos e deveres civis, políticos
e sociais estabelecidos na nossa Constituição de 1988”.
A teoria liberal da cidadania (Kant, Hobbes, Locke e outros) tem como ponto de
partida o pressuposto de que todos os homens são iguais e livres por natureza.
As desigualdades sociais que hoje presenciamos teriam sido o resultado do
próprio desdobramento da igualdade e da liberdade naturais. A busca da
realização pessoal, consequência da própria liberdade de todos, faria com que
os indivíduos se chocassem, inevitavelmente, entre si, dando origem a toda
sorte de conflitos. O liberalismo vê na igualdade social o fruto da intervenção
autoritária, cujo resultado final é, em seu ponto de vista, uma restrição à
personalidade individual.
Grécia Antiga: (cidadania sinônimo de política).
Governo dos demos, Clístenes (filósofo) criou em Athenas uma democracia
direta ou participativa (todos os cidadãos participavam diretamente da
administração), a sociedade colocou uma ideia de democracia representativa,
no qual os indivíduos elegem uma quantidade de pessoas para representar
seus interesses de administração da sociedade. A ação democrática consiste
em todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá
consequência na vida de toda coletividade. Quanto menos pessoas participam
dos assuntos políticos, mais os interesses daqueles que se ocuparam da
esfera pública vai permanecer (sociedade servil). Garante o acesso ao poder,
mas também possibilita a marginalização (exclusão do individuo).
Em Atenas cidadão é o homem livre que participa das decisões políticas.
Grécia. Cidade Estado: Atenas.
Polis: comunidade micro dimensionada, centro político, os membros da
comunidade tomam as decisões, democracia direta.
Roma.
República: ser cidadão é um privilégio (constituem uma maioria, mulheres,
estrangeiros, crianças e escravos eram excluídos).
Direitos políticos: direito de votar, participar do sacerdócio, se defender em
julgamentos.
Direitos civis: propriedade, casamento e medidas legais.
Ser cidadão exige participação e dedicação aos assentos públicos (res
publica).
República (domínio Etrusco).
Conquista dos plebeus:
Lei das XII tábuas-vitória dos plebeus no desenvolvimento da cidadania em
Roma, pois a antiga legislação era consuetudinária baseada nos costumes,
mas por não ser escrita, favorecia os patrícios (detinham o poder).
Derrocada da República Romana:
Todos os territórios conquistados passam a ter direito a cidadania, reduz à
representatividade e as decisões políticas (política centralizada) a cidadania
não é mais uma conquista.
Cidade-Estado: surgiram num quadro de crescimento econômico e social.
Território agrícola ocupado por população camponesa, desenvolvimento da
propriedade privada de terra (membros da comunidade).
Acrópole: espaço público urbano com templos, praças, mercados, assembleia
comunitária, portos.
A cidadania era transmitida por vínculos de sangue.
Aristóteles: fora da cidade-estado não havia indivíduos plenos e livres.
Atenas desenvolveu o modelo de democracia
Roma foi a maior aliança de cidade-estado. No último século da república em
Roma, a cidadania deixou de representar a comunidade dos habitantes para
englobar os senhores de um império, fossem eles ricos ou pobres. Roma
tornou-se uma potência.
Cidadania implica em sentimentos comunitários, inclusão, direitos civis,
políticos e econômicos.
Para os romanos a cidadania, cidade e o Estado são um único conceito.
As eleições em Roma foram um grande tesouro para a cidadania.
As lutas pela cidadania foram marcadas pelos embates entre os cidadãos,
entre os populares e oligarcas.
Otávio Augusto: direito romano e prerrogativas da cidadania, apenas a
cidadania romana permitia que as pessoas exercessem direitos.
Basa da cidadania romana: amor à liberdade.
O voto secreto era considerado o toque da liberdade cidadã.
Fórum: símbolo maior de um sistema político com forte participação da
cidadania.
Semana 3.

José Murilo de Carvalho.


O processo de construção da democracia brasileira ganha um grande ímpeto
com o fim do regime militar em 1985; esse ímpeto foi o sinal da cidadania.
Primeiros Passos-1822/1930: (Independência – Final da Independência).
O Brasil era colônia, base escravista, os poucos livres eram vassalos dos
senhores de terra.
Criação da constituição de 1824 (legislativo, executivo e judiciário).
Essa situação vai perdurar até 1981, quando uma lei vai restringir a
participação popular nas eleições, e proibir o voto do analfabeto. Um retrocesso
dos direitos políticos.
a única contribuição para o desenvolvimento da cidadania no Brasil foi
justamente a Abolição da Escravidão em 1888 (O Brasil foi um dos últimos
países da América a eliminar a escravidão).
Marcha acelerada (1930 – 1964): Revolução de 30 – Deposição de
Washington Luís e ascensão de Getúlio Vargas, até a intervenção militar de
1964. A grande característica desse período vai ser o desenvolvimento e
avanço dos direitos sociais, em detrimento dos políticos e civis (Ministério do
Trabalho, Ind e Comércio, Legislação Trabalhista–CLT, Aposentadoria–
Previdência Social, Sindicatos). Desenvolvimento do Nacionalismo –
Populismo: Monopólio Estatal do Petróleo (na tentativa de se criar uma certa
identidade nacional).
Passo atrás, passo adiante (1964 o golpe militar – 1985
redemocratização). Lema desse período: “Brasil, ame-o ou deixe-o”
(Governador Médici). Três etapas: 1964 a 1968 – Castelo Branco (baixo
desenvolvimento econômico, mas com uma repressão). 1968 a 1974 –
Garrastazu Médici (grande repressão política, e ao mesmo tempo com
desenvolvimento econômico). 1974 a 1985 – Geisel / Tancredo
(redemocratização). O grande período do passo atrás é entre 1964 – 1974
(militares assumem o poder diretamente, Repressão – atos institucionais,
Direitos políticos e civis restritos). Expansão dos direitos sociais: INPS,
Funrural, FGTS, BNH, Ministério da Previdência e Assistência Social. Passo
adiante 1974-1985: Abertura política – transição lenta e segura da democracia,
Lei da Anistia – perdoar os crimes políticos cometidos no período da ditadura,
movimento pelas Diretas. A Cidadania após a redemocratização: A constituição
de 1988 (“constituição cidadã” – a garantia dos direitos do cidadão como
preocupação central. Ampliação dos direitos políticos. Ampliação dos direitos
sociais. Restabelecimento dos direitos Civis.
”A pirâmide dos direitos (civil, Político, Social -T. H. Marshall) foi
colocada de cabeça pra baixo no Brasil (Social, Político, Civil)"
(José Murilo de Carvalho).
A cidadania trata de servir o outro, qual é a necessidade dele e não aquilo que
eu quero fazer para ele, mas sim saber qual é realmente a necessidade dele
para que eu possa servi-lo, o algo a mais que eu posso fazer por alguém (ato
solidário).
A Constituição de 1988 (chamada de Constituição Cidadã pelo Dep. Fed
Ulysses Guimarães) inaugura no Brasil uma autêntica “Era dos Direitos”.
Revela a construção de uma nova nação, assentada sob os alicerces dos
direitos humanos (instituir um Estado Democrático, para assegurar os direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, Igualdade e a justiça como valores de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceito, harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias).
Ampliação dos direitos políticos, ampliação dos direitos sociais e
restabelecimento dos direitos civis.
Voto: maneira de manifestar a vontade ou opinião num ato eleitoral, ou numa
assembleia. Ato ou processo de exercer o direito a essa manifestação, e seu
resultado.
As eleições no Brasil colonial eram restritas às Câmaras Municipais. Essas
câmaras exprimiam essencialmente os interesses dos grandes senhores locais.
As eleições para os oficiais da Câmara se realizavam de 3 em 3 anos,
geralmente no período do Natal, e eram presididas por representantes da
Coroa. O colégio eleitoral era reduzido aos “homens bons”, vocábulo que
classificava aos nobres e privilegiados.
A cidadania não era reconhecida para escravos nem para pessoas nascidas de
uniões mistas entre negros, índios e mestiços.
Hannah Arendt – o indivíduo existe no seu mundo privado, na família, grupos
primários, ele se transforma em cidadão quando ele passa a atuar nos espaços
públicos, seja na representação dos seus interesses individuais e coletivos e
nas negociações que esses espaços oferecem.

Semana 4.

Liberalismo.
No liberalismo todos são considerados livres e iguais, mas reduziu a cidadania
a um status legal deixando de lado ideias como a consciência pública,
atividades civis e a participação política. O homem fruto da concepção liberal
tende a ser um sujeito passivo, desinteressado da política e do coletivo.
Em uma comunidade cívica a cidadania se caracteriza pela participação nos
negócios públicos, nessas comunidades a cidadania implica direitos e devere
iguais para todos.
Cidadania.
A construção da cidadania tem haver com a relação das pessoas com o Estado
e com a nação.
Globalização.
Processo de transformações no modo como as relações sociais se organizam
especialmente gerando fluxos e redes transcontinentais de atividades,
interações e poder. Estende às atividades sociais, políticas e econômicas
através de fronteiras regionais, políticas e continentais.
ONU.
Cidadania global é o conceito de que nossa identidade transcende as fronteiras
geográficas e nacionais e as nossas ações sociais, políticas, ambientais e
econômicas ocorrem em um mundo interconectado. É o engajamento por meio
de ações cívicas em domínio público para promover um mundo e um futuro
melhor, respeitando os valores universais dos direitos humanos, democracia,
justiça, etc.
Ética Global.
Conjunto de ideias éticas fundamentais (dignidade humana) que são aceitas
totalmente e que estabelecem uma base sobre a qual as pessoas lidam umas
com as outras no mundo. Princípios que surgem do desenvolvimento de um
novo tipo de sociedade civil global interdependente, com oportunidade e
perigos comuns.
Conjunto e objetivos globais que atendem a integração social, econômica e
ambiental do planeta.

Semana 5.

Direitos Humanos: Direitos que são inerentes a todos (base da ética


global).
Todos os seres humanos nascem livres e iguais.
Peter Singer.
A globalização está implícita na ideia de que estamos a ultrapassar a era de
um estabelecimento de laços entre os países e começamos a contemplar algo
para lá do conceito existente do Estado-nação.
Tradição liberal (cidadania passiva).
Indivíduos são vistos como pessoas privadas, externas ao Estado, interesses
pré-políticos.
Cidadania ativa.
Concepção comunitarista oriunda da tradição da filosofia política, os indivíduos
estão integrados em uma comunidade política e sua identidade pessoal é
função de tradições e de instituições.
Visão liberal.
O indivíduo é sempre capaz de redefinir seus próprios fins (formação e
identidade independentes da cultura).
A cidadania nacional vem sendo abalada pela formação de instituições
supranacionais.
Direitos Humanos: Direitos inerentes a todos os seres humanos,
independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, religião, ou qualquer
outra condição. Os direitos humanos sustentam a ética e a cidadania em um
nível global.
Com a criação de uma carta elaborada pelas Nações Unidas em 1945 foi feita
a proposta da visão de um mundo mais justo, intenção de construir um mundo
melhor. Essa carta partia de uma carga de grandes desigualdades sociais num
mundo pós guerra.
Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948), documento de
importância para as nações globais e locais. Base para as ações de diversos
dos diversos estados que compõem as nações unidas. Não tem valor ou status
legal, mas aparece a partir do momento que os artigos são incorporados nas
leis nacionais. Ex: a constituição brasileira de 1988 que foi criada para garantir
os direitos do cidadão (soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana,
valores sociais do trabalho da livre iniciativa, pluralismo político), todo poder
emana do povo.
"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos"
(artigo primeiro).
Jusnaturalismo: direito natural, direitos que são independentes da vontade
humana (Thomas Hobbes, J. J. Rousseau).
Universalismo: princípios aplicáveis universalmente (Immanuel Kant).
Os direitos humanos são:
Naturais: vinculados a natureza humana e existem antes e acima de qualquer
lei, não precisa estar legendas explicitadas para serem evocados.
Universais: não se referem a um membro de uma nação ou Estado, mas a
pessoa humana na universalidade.
Históricos: no sentido de que mudaram ao longo do tempo, num mesmo país e
seu reconhecimento é diferente em países distintos do mesmo tempo.
Indivisíveis: não se pode separar o respeito às liberdades individuais de
garantia dos direitos sociais.
Irreversíveis: à medida que são proclamados tornando-se direitos positivos
fundamentais, não podem mais ser revogados.
Ética republicana: respeito das leis legitimamente elaboradas, prioridade
do bem público, acima dos interesses pessoais ou grupais e a noção de
responsabilidade (prestação de contas dos nossos atos como cidadão).
Ética democrática: vinculada ao conjunto dos direitos humanos, valor de
igualdade, liberdade e a solidariedade.
Os Direitos Humanos possuem algumas dimensões, sendo elas:
Primeira dimensão: são as liberdades individuais, ou seja, os direitos civis.
Segunda dimensão: são os direitos sociais (relacionados ao trabalho, como
direito ao salário, previdência,etc e os de caráter social geral, como educação,
saúde, habitação e lazer). Estes são marcados pela luta do proletariado.
Terceira dimensão: trata-se de direitos coletivos da humanidade (defesa
ecológica, paz, partilha de patrimônio).
Os Direitos Humanos não podem ser revogados por emendas constitucionais,
leis ou tratados posteriores. Ou seja, são indivisíveis e irreversíveis.
Direito à diferença: é uma consequência da igualdade na dignidade.
Protege-nos quando a identidade é ignorada ou contestada.
Direito à igualdade: protege-nos quando nossas características são usadas
para excluir, discriminar e perseguir.
Capitalismo reproduz uma violência menos explícita. Devido ao desemprego
estrutural, muitos não conseguem garantir sua subsistência
Chauí: as classes dominantes criminalizam as classes populares associando-
as ao banditismo e à violência. Necessário um novo sistema econômico, que
trate a questão da propriedade dos meios de produção e detenção de poder e
capital.
Universalidade dos direitos humanos possibilita também a possibilidade de
intervenção e controle externo. Sua proteção deve ser no âmbito internacional.
A defesa dos direitos humanos deve ocorrer de duas formas:
Organização do povo para exigir do Estado os seus direitos.
Campanha de esclarecimento do significado dos direitos humanos. Educação.
A educação é de fundamental importância para a manutenção dos Direitos
Humanos. É preciso que haja o PENSAMENTO SOLIDÁRIO e o senso de
responsabilidade. O processo educativo deve formar cidadãos críticos,
comprometidos com a mudança. Sujeitos de deveres e direitos.
Sílvio de Almeida (entrevista).
Preconceito é uma forma de captar o imaginário social e transferir isso para
uma forma de julgamentos que eu faço de certos aspectos da realidade. Ideia
pré-estabelecida do comportamento de pessoas por conta da raça ou de
características do pertencimento social. Forma de construção do imaginário
social que não parte de uma análise profunda. O preconceito trabalha com
estereótipos.
Discriminação é um ato de poder, é separar, estabelecer diferenças, ela não é
necessariamente racial.
O racismo envolve discriminação, preconceito e com eles forma um sistema
que se volta para as pessoas que pertencem a determinado grupo. É um
processo histórico e político que são atribuídas vantagens sociais a certos
grupos e desvantagens a outros grupos. O racismo é um processo que não se
encerra num ato e nem em um evento. Processo de constituição de vantagens
e desvantagens sociais.
Para que haja a raça é preciso que certas formas de preconceito sejam
cristalizadas e passe a fazer parte de uma dinâmica institucional
O racismo é um processo histórico porque a produção das raças depende das
circunstâncias históricas. O racismo cria vulnerabilidade, mas também cria
poder. O racismo é politicamente estruturado.
Todo racismo é estrutural porque ele depende de estruturas sociais para que a
discriminação continue sendo sistêmica. Para que haja o racismo como
processo sistêmico você precisa do funcionamento das estruturas de
mecanismos estatais, ideológicos, mecanismos jurídicos e econômicos (estado,
ideologia, direito e economia).
Para o racismo estrutural funcionar é necessário que as instituições
reproduzam comportamentos que transforma o indivíduo em sujeito que vai
naturalizar a existência de raças e certos limites jurídicos e estatais. A
instituição é um resultado da própria estrutura.
A forma de combate ao racismo institucional é mudar a instituição, mudar as
formas de poder, mas isso não afeta a estrutura.

Semana 6.

Leandro Karnal.
Os direitos humanos são uma constituição Universal. Antes dos direitos
humanos, toda concepção de cidadania antiga e moderna era de desigualdade
perante a lei. A tolerância termina na lei. O relativismo é um instrumento de
convivência, as ideais e opiniões são livres mas esbarram em algumas
questões, a questão da opinião é livre, desde que não infrinja a lei e a ética
desses documentos.

Ética no mundo de trabalho.


Profissão: ocupação paga.
Profissional: exerce uma ocupação remunerada.
Profissionalismo: atitude séria e consciente em relação ao próprio trabalho.
Profissão.
Forma de organização do mercado de trabalho que se assenta em alguns
elementos fundamentais que sustentam seu poder. Autonomia técnica por via
do controle da natureza e da forma como é executado o trabalho
(autorregulação). Monopólio de uma área do conhecimento especializado e
institucionalizado que sustenta essa autonomia.
Profissionalismo: atitudes e comportamentos que o profissional possuí em
relação de acordo com um código de ética. Imprescindível competência
técnica, comprometimento com o bem público, exercício profissional de acordo
com um código de ética (documento que procura explicitar um padrão que o
grupo a que se dirige considere aceitável, declaração de valores e princípios
fundamentais).

Ética e profissionalização docente.


O que distingue as ocupações umas das outras é o conhecimento e
competência especializados necessários para a realização de tarefas
diferentes numa divisão de trabalho.
As profissões se fazem, se desfazem e se refazem dinamicamente no interior
de uma dada totalidade social, em vista da necessidade social por serviços
competentes e especializados.
De fato, no mundo do trabalho, o que distingue as profissões das outras
ocupações é, em grande parte, a natureza dos conhecimentos.
O exercício profissional implica o estabelecimento de relações sociais
delineadas por expectativas recíprocas entre quem presta o serviço e quem é
usuário do mesmo. O exercício profissional é uma prática social
intrinsecamente relacional. As profissões estão necessariamente voltadas para
a prestação de um serviço, por conseguinte são intrinsecamente relacionais. O
exercício profissional é parte de uma totalidade social.
As regras morais possibilitam conviver e cooperar, sem o que não teríamos
cultura nem civilização.
Um código de ética, em linhas gerais, é um instrumento normativo que
institucionaliza as orientações éticas que se devem evidenciar no exercício
profissional, constituindo-se em parâmetro para o profissional no
estabelecimento de suas interações com os sujeitos humanos, usuários de
seus serviços, bem como na explicitação de suas interações com o
compromisso para com a profissão, com as instituições e com a sociedade, da
qual é parte integrante.
Numa perspectiva compreensiva, um código profissional deve ser a expressão
ética de uma consciência possível face à problemática profissional concreta.
Estruturalmente, um código de ética aborda aspectos relativos aos
relacionamentos entre os profissionais, entre eles e as instituições e/ou
organizações, entre os profissionais e os usuários de seus serviços. O que é
próprio de um código de ética é a explicitação dos direitos e dos deveres do
profissional. Toda e qualquer profissão se evidencia por sua potencialidade em
servir ao ser humano. Da parte do profissional que se dispõe a prestar um dado
serviço, cabe dignificar-se e honrar-se através da profissão que exerce.
Um código de ética apenas se constitui de diretrizes para a construção do
homem do ponto de vista profissional.
A dimensão ética do trabalho docente se explicita na necessidade de constituir
equidade do tratamento dos alunos.
Dentre as vantagens da regulamentação do trabalho do docente está presente
a possibilidade de construí-la e de constituí-la mais consciente de sua
significação social. Dimensões do exercício profissional:
a) um aprofundamento da consciência da significação da educação escolar na
sociedade contemporânea associada ao exercício profissional. Significação
social da profissão docente: sua valorização, seu reconhecimento, sua
importância na constituição e construção das novas gerações de uma dada
sociedade.
b) dimensão especificamente profissional: a regulamentação da profissão
docente conduziria seus próprios profissionais à busca de identidade da própria
profissão.
Empregabilidade e carreira.
O processo de globalização consiste num conjunto integrado de mudanças que
tem como dimensão ontológica a compressão do espaço e do tempo.
Isto implica que a manutenção e desenvolvimento dos negócios (e
consequentemente, dos empregos) depende da atualização tecnológica
enquanto conteúdo e enquanto velocidade de incorporação de novas
tecnologias que tem potencialidade de afetar não apenas o custo e o tempo de
produção, mas a incorporação de valores que melhor atendem às
necessidades e expectativas dos clientes.
O desenvolvimento tecnológico elimina os empregos industriais.
De outra parte, a contínua incorporação de novas tecnologias aos negócios, as
inesperadas turbulências no mercado financeiro, as crises na produção e o
manejo frequente de símbolos e significados minaram a potencialidade dos
manuais e da autoridade hierárquico.
O empreendedor é aquele trabalhador que cria competências organizacionais,
sociais e econômicas para realizar a transformação que o negócio exige, é o
trabalhador que deve produzir valor econômico, a partir de sua atividade, tendo
a reflexão como seu principal instrumento de trabalho. É um indivíduo que
administra sua vida profissional, agora sujeita a alterações imprevisíveis e
frequentes, obrigando-o a reorientar sua identidade, suas atitudes, metas,
rotinas e redes sociais. O agente econômico reflexivo é aquele profissional que
reinventa-se a si mesmo, agindo de tal modo que os outros confiem nele e
vejam vantagens em se associar a ele.
Carreira: mobilidade entre as atividades profissionais na vida de um indivíduo.
Carreira sem fronteiras: mobilidade irregular e imprevisível tanto no grau de
desafio como na remuneração entre atividades dentro de uma mesma
empresa, entre empresas ou fora delas, no trabalho autônomo. Nela, os
indivíduos não recebem nem buscam empregos mas os criam e recriam, a
partir de suas próprias competências e do manejo dos contratos psicológicos.
Nessa forma de carreira, os sinais de progresso são ambíguos e equívocos,
por isso, os indivíduos dependem de constantes avaliações advindas dos
resultados, da rede social e profissional nas quais se inserem e do balizamento
de sua própria identidade profissional que é o capital através do qual os
indivíduos negociam sua inserção em novos projetos ou cargos.
Os empregos estão se tornando menos substantivados, mais voláteis,
migrantes e criados pelas pessoas, mais do que pelas empresas. O destino do
trabalhador é se apropriar de seu próprio desenvolvimento e competir no
mercado de trabalho, como as empresas competem entre si.

A vida profissional do mundo contemporâneo.


Nós fomos educados para viver em uma sociedade industrial, mas estamos
vivendo em uma era do conhecimento. O conhecimento é o principal fator para
se criar riquezas. Na sociedade feudal o principal fator de produção era a terra,
Portugal e Espanha eram as principais potências. Com a revolução industrial
houve uma mudança no modo artesanal da produção das riquezas. O que
caracterizou o mundo pós-revolução industrial foi a fábrica. Na época atual o
conhecimento se transformou no principal fator para se criar riquezas. Na era
industrial o fator que move é a competição, na era do conhecimento é o
compartilhamento. A tecnologia iguala as empresas mas são as pessoas que
fazem a diferença.

Semana 7.

O mundo precisa do seu melhor trabalho.

Os robôs não vão roubar a nossa capacidade produtiva. O emprego em sí vai


acabar, mas o trabalho não, pois os robôs não conseguem roubar as
interações humanas.
Êxodo organizacional: as pessoas saem das organizações para ter uma maior
autonomia.
Propósito e significado: enxergar um determinado valor naquilo que você
entrega.
Papéis fundamentais do trabalho: financeiro, social e psicológico.
Trabalho é a manifestação amorosa por meio por meio da sua produção.
Autonomia não pode ser trocada por qualidade.

Questões éticas da contemporaneidade.

Norberto Bobbio nasceu em Turin, Itália, 1909, morreu em 2004 na mesma


cidade. Pensador da democracia, um dos maiores filósofos do século XX e o
principal fundador do liberalismo socialista.
Principais obras: direita e esquerda; política e cultura; qual cidadania?
Discute os problemas da ética contemporânea. O que caracteriza a questão
ética na contemporaneidade é a forma como as questões morais são
colocadas, doutrinas morais e éticas.
Na ética religiosa o que caminha junto é o argumento divino. A questão ética
dentro da sociedade ocidental estava atrelada dentro da questão religiosa.
Questões éticas secularizadas: a sociedade secularizada (separação entre o
estado e a igreja) propõe quatro tentativas de moral laica:

Moral laica:
Jusnaturalismo: existem direitos naturais que independem da vontade humana
e são superiores ao direito positivo. Possui princípios oriundos da própria
dignidade da pessoa humana.
Consensos humanigêneres: existem certas regras e direitos que estão
presentes em todos os tempos e em todas as comunidades humanas. Ex.: não
matar e não roubar.
Teoria Kantiana: aquilo que se deve ou não fazer é estabelecido como critério
puramente formal como o da universalidade da ação. Kant o formula do
seguinte modo: "jamais devo me comportar de modo a que não possa desejar
que minha máxima se torne uma lei Universal". Ex.: fazer uma promessa pra
alguém sem a intenção de cumprir.
Utilitarista: o critério para distinguir o bem do mau é a quantidade de prazer
numa ação para provocar a dor. Devemos buscar sempre o máximo de
felicidade com o mínimo de sofrimentos.
Bobbio apresenta objeções diante dessas quatro teorias.
Na jusnaturalista ele vai trabalhar a ambíguidade no conceito da natureza
humana, para uns ela é boa e para outros ela é má. Tudo aquilo que é natural
é bom pelo único fato de ser natural.
Humanigêneres: há de fato leis universais? Não matar tem valor na
internalidade do grupo, mas não vale nas relações com os grupos (provoca
guerras). Há leis que vigoram durante séculos, sem que possam ser aceitas
como leis morais. Ex.: escravidão.
Teoria Kantiana: um mundo que não tenha as promessas cumpridas é algo que
depende do juízo de valor que eu faço desse mundo, isso não tem caráter de
universalidade, mas e se duas ações que obedecem os critérios de
universalidade forem incompatíveis? Não usar a violência para com o próximo
é impedir que quem o violenta suprima o não violento, essas normas
correspondem ao critério da universalidade, não posso querer um mundo com
a violência lícita e recíproca, nem um mundo com o domínio dos prepotentes,
mas as duas normas podem ser observadas simultaneamente.
Utilitarista: como se calcula a quantidade de prazer e de sofrimento e o máximo
de felicidade? Nenhuma das teorias mais comuns da moral laica, está isenta de
críticos.

Ética religiosa: voluntariado teológico: o que é justo é aquilo que obedecem as


vontades de Deus e o injusto é aquilo que é proibido.
Objeções: permissões de Deus nas guerras, inquisições.
Racionalismo teológico: não é porque Deus ordenou que as coisas são boas
que elas realmente são boas mesmo, as ações ordenadas por Deus não são
boas por terem sido ordenadas por ele mas sim porque são boas por sí só,
nesse sentido elas devem ser cumpridas na sua integralidade. Ex.: não
naturais, mas no caso de legítima defesa ou guerras, algo que deveria ser
intrinsecamente bom está relativizando, mesmo s ética religiosa não tem
condições de dar uma fundamentação absoluta para a ação humana.
Quando a ética racional e religiosa traz uma série de críticas e objeções, o
verdadeiro problema é a observância, pois ela também é necessária a toda
convivência humana.
A moral contempla os planos normativos e o factual, pois ela também é
necessária a toda convivência humana. Esses dois planos estabelecem ou
colocam o ato como moral ou não moral. Conhecer a lei moral e observa-la são
duas atividades diversas, a segunda não se serve necessariamente da
primeira.
A observância na ética religiosa é baseada no temor a Deus. A ética racional
está em como fazer com que os cidadãos respeitem as regras e as leis morais,
como trazer as regras e a doutrina para a ação (o campo normativo com o
factual).
Zygmunt Bauman nasceu em Poznón, Polônia em 1925. Morreu em 2017, na
Inglaterra. Sociólogo e filósofo, foi um grande pensador da modernidade e do
consumismo pós-moderno. Obras: modernidade líquida; amor líquido e em
busca da política.
Modernidade líquida: tudo é fluído, nada foi feito para durar muito tempo,
mundo caracterizado por uma série de transformações. A ideia da modernidade
líquida se contrapõe a modernidade sólida (início no século 16/17) e se
caracteriza pela convicção do ser humano na sua autonomia e a razão sobre a
forma de agir na natureza da sociedade.
Francis Bacon (1561-1626) conhecimento é poder, se cumpri uma missão é
uma função no mundo.
Racionalismo: Rene Descartes (1561-1626), a missão é achar a primeira ponte
para achar todo um novo conhecimento, "penso logo existo", o pensamento é o
primeiro móvel para todo um edifício do conhecimento.
J. W. Goethe (1749-1832), crença de ser humano na razão e a sua
transformação na sociedade. A crença da modernidade na razão e no
conhecimento foram justamente as duas grandes guerras e a capacidade de
destruição do ser humano, ao invés de construir uma sociedade melhor o
homem foi capaz de destruir o mundo.
Ética pós moderna (Z. B.) a ética pós moderna já não responde as novas
questões colocadas pelo contexto da era contemporâneo. Uma parte da
experiência humana está na capacidade de tornar a vida no planeta inviável, as
modalidades se preocupam na relação do ser humano com ele mesmo,
capacidade do ser humano de agir sobre a natureza. Os grandes temas da
ética precisam ser observados, pois não dão mais conta da sociedade
contemporânea, precisa se estabelecer uma nova perspectiva para essa
sociedade, os conceitos morais precisam ser trabalhados e tratados de
maneira nova. Um futuro que está posto a nós, nós temos o dever de
transforma-lo.

ZYGMUNT BAUMAN: ENTREVISTA SOBRE A EDUCAÇÃO. DESAFIOS


PEDAGÓGICOS E MODERNIDADE LÍQUIDA.

No mundo líquido moderno, de fato, a solidez das coisas, tanto quanto a


solidez das relações humanas, vem sendo interpretada como uma ameaça:
qualquer juramento de fidelidade, compromissos a longo prazo, prenunciam
um futuro sobrecarregado de vínculos que limitam a liberdade de movimento
e reduzem a capacidade de agarrar no vôo as novas e ainda desconhecidas
oportunidades. A perspectiva de assumir uma coisa pelo resto da vida é
absolutamente repugnante e assustadora.
A alegria de livrar-se das coisas, de descartar e eliminar é a verdadeira
paixão de nosso mundo.
O consumismo de hoje não visa ao acúmulo de coisas, mas à sua máxima
utilização. Por qual motivo, então, “a bagagem de conhecimentos” construída
nos bancos da escola, na universidade, deveria ser excluída dessa lei
universal? Este é o primeiro desafio que a pedagogia deve enfrentar, ou
seja, um tipo de conhecimento pronto para utilização imediata e,
sucessivamente, para sua imediata eliminação, como aquele oferecido pelos
programas de software (atualizados cada vez mais rapidamente e, portanto,
substituídos), que se mostra muito mais atraente do que aquela proposta por
uma educação sólida e estruturada.
Werner Jaeger acreditava que a ideia de pedagogia (Bildung, formação) tenha
nascido de duas hipóteses idênticas: aquela da ordem imutável do mundo que
está na base de toda a variedade da experiência humana e aquela da
natureza igualmente eterna das leis que regem a natureza humana. A primeira
hipótese justificava a necessidade e as vantagens da transmissão do
conhecimento dos professores aos alunos. A segunda incutia no professor a
autossegurança necessária para esculpir a personalidade dos alunos e, como
o escultor com o mármore, pressupunha que o modelo fosse sempre justo,
belo e bom, portanto virtuoso e nobre.
No mundo de hoje, se espera que os seres humanos busquem soluções
privadas para os problemas derivados da sociedade e não soluções derivadas
da sociedade para problemas privados.
A modernidade “sólida” era verdadeiramente a era dos
princípios duradouros e concernia, sobretudo, aos princípios duráveis que
eram conduzidos e vigiados com grande atenção. Na fase “líquida” da
modernidade, a demanda por funções de gestão convencionais se
exaure rapidamente.
A deuteroaprendizagem torna a conduta dos alunos autônoma, a
aprendizagem terciária está destinada a confundir-lhes e a tornar seu
comportamento heterogêneo. A aprendizagem terciária não deixa um
sedimento duradouro, uma base sólida sobre a qual se pode construir,
tampouco conhecimentos que podem sedimentar-se e crescer durante o curso
dos estudos. O processo de aprendizagem terciária (presumindo-se que se
possa falar de processo em tal caso) é uma sucessão infinita de novos inícios,
devida antes de tudo ao rápido cancelamento dos conhecimentos pregressos,
mais que à aquisição de novos conhecimentos; parece uma espécie de
cruzada contra a manutenção e a memorização dos conhecimentos. A
aprendizagem terciária poderia, assim, ser definida como um dispositivo
antimemória.
Em uma modernidade líquida se tornou por assim dizer contrafactual. A
aprendizagem terciária parece provavelmente patológica, entre surto de
loucura e potencialmente suicida, só porque combina com o argumento de que
a vida de cada um, inconstante e relativamente breve, é inscrita em um
mundo estável e imperecível. Em uma modernidade líquida, contudo, a relação
entre a vida e o mundo sofreu uma reviravolta; se parte agora do argumento
contrário, no qual a vida do indivíduo, relativamente longa, é dedicada à
sobrevivência em condições frágeis e voláteis através de uma série de “novos
inícios” sucessivos.
Na modernidade líquida os centros de ensino e aprendizagem
estão submetidos à pressão “desinstitucionalizante” e são continuamente
persuadidos a renunciar à sua lealdade aos “princípios do conhecimento” (sua
existência, para não falar de sua utilidade, é sempre posta em
dúvida), valorizando ao contrário a flexibilidade da presumida lógica
interna das disciplinas escolares.
Imputar aos estudantes a responsabilidade de determinar a trajetória do
ensino e da aprendizagem (e, portanto, de suas consequências pragmáticas)
reflete a crescente falta de vontade dos alunos de assumir compromissos de
longo prazo, reduzindo assim o leque de opções futuras e limitando o âmbito
de ação.
Uma mudança educacional está cada vez mais ligada ao discurso da
eficiência, da competitividade, do custo/eficácia e da
“responsabilidade”, sendo sua meta declarada comunicar à “força de trabalho”
as virtudes da flexibilidade, da mobilidade e “as competências de base
associadas ao emprego”.
no ambiente líquidomoderno, a educação e o aprendizado, não importa o
uso que se faça deles, devem ser contínuos e permanentes. O
motivo determinante para o qual a educação deve ser contínua e permanente
está na natureza da tarefa que devemos desenvolver no caminho comum da
“outorga dos poderes”, uma tarefa que é exatamente como deveria ser a
educação: contínua, ilimitada, permanente.

O ofício de viver, o ofício de ensinar, o ofício de escrever. ENTREVISTA DE


NORBERTO BOBBIO.

O diálogo somente pode iniciar quando o confronto termina, o confronto


começa quando o diálogo não é mais possível.
Dois monólogos não constroem um diálogo.
Pode-se servir da palavra para esconder as próprias intenções mais do que
para manifestá-las, para enganar o adversário em vez de convencê-lo.
Para que o diálogo seja interrompido não é necessário que se exploda o
confronto, basta que entre os dois potenciais falantes a comunicação se
torne impossível.
Não separar a teoria da história; confrontar a teoria na história e utilizar a
história para ilustrar a teoria. Do abstrato ao concreto e do concreto ao
abstrato. A teoria sem história é vazia, a história sem teoria é cega.
Numa visão laica da vida (não laicista, porque o laicismo é uma igreja como
todas as outras, com os seus dogmas e anátemas), numa visão, isto é, na
qual o lampião da razão é somente aquele que podemos dispor para iluminar
as sombras em que nos imergimos, não há lugar para certezas absolutas, a
nossa condição permanente é aquela da dúvida metódica.

Olho na escola.

A comunidade exerce poder sobre nós, ela quem decide se nos aceitará como
membros ou nos rejeitará. Ela nos observa e se desviamos o nosso caminho
somos expulsos. A comunidade é um corpo real. Com as redes sociais
acontece o oposto, nós não pertencemos a rede, a rede ao contrário da
comunidade não é um corpo humano, a internet se constitui nas atividades de
coletar e de eliminar. As redes não possuem o poder de agregação da
comunidade, a rede sobrevive devido a você e os seus interesses. As relações
construídas através do mundo virtual são frágeis, enfraquece os lados
humanos.
O que nos seduz para a vida on line são as facilidades que essa vida nos
permite, ao invés de tentar trazer esse mundo para as realidades cotidianas.
É essencial que o jovem de hoje desenvolva a atenção e a síntese, nenhum ser
humano hoje é capaz de absorver tantas informações, é preciso focar no que é
mais importante e filtrar o que é desnecessário para se preparar para um
mundo cada vez mais influenciado por tantas fontes de informação ao mesmo
tempo.
A escola exerce o papel na sociedade de ou educar para a mão de obra ou
educar para produzir desigualdades sociais.

(link do google drive da facilitadora Inês para acessar outros conteúdos:


https://drive.google.com/drive/u/1/mobile/folders/1IzWdQTgvLV1gGQ8EBU2gZ
Nl5-q2g90vj?pli=1). Acesse com o seu e-mail da UNIVESP.

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