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Celso D. de Albuquerque Mello
Liv-re-docente de Direito I'z'1ter¬nacion(¡.1 Pú.I)lzÍ‹.'o da Faf'ulrlade de Direito
da Universidade Federal do Rio de _]aneifo,' P'›'ofes5o'r da -mesma disciplin.a
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na PUC/Rj, UER], UGF e UNIG

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CURSO DE DIREITO
INTERNACIONAL PUBLICO
PREEÁCIO DE M. FRANCHINI NETTO À 12 EDIÇÃO
Professor Catedrático de Direito Internacional Público
da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de janeiro
e da Faculdade Brasileira de Ciências _[im'dicas

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29 VOLUME

1421 EDIÇÃO
(revista e aumentada)
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Rio de Janeiro ø Sõo Paulo
2002
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Alguns aspectos da ratificação de tratados, in “ Revista Jurídica”, vol. XIX,
G\ 9? 37 Carlos Alberto Menezes Direito 1963, 1964, págs. 139-155.
/vela- X te» . caio Tàziw Plataforma Continental _ 1965 _ Livraria Freitas Bastos, 160 págs-
Lu iz Emygdio F. da Rosa Jr.
Mar Territorial _ 1965 _ Livraria Freitas Bastos, 235 págs.
AUN O z. Celso de Albuquerque Mello
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- Ricardo Pereira Lira
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Ratzficaçáo de Tratados _ 1966 _ Livraria Freitas Bastos, 173 págs.
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Editoração Eletrônica cy letim Cambial”, 1967, 29 págs.
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(revista e aumentada), 1992, 1.343 págs. (2 vols.); 10” fid- (I`<'-`VÍSl'‹1 6 Capítulos: " O Território Marítimo”, “Alto-mar” e “Navios”_, in Direito
aumentada), Editora RENOVAR, 1-423 págs. (2 vols-), 1994; 11g ed. Internacional Público (obra em co-autoria de Rapha¿el Valentino So-
(revista e atualizada), Editora RENOVAR, 1.556 págs. (2 vols.), 1997; brinho, Mário Pessoa de Oliveira, Vicente Marotta Rangel e Celso
12g ed., Editora RENOVAR, 1650 pãgs. (2 vols.), 2000; 13g ed., Editora 0-
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RENOVAR, 1670 págs. (2 vols.), 2001. Guerra Naval, Ministério da Marinha. ' -
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Estado no Domínio Econômico”, Editora Rio, 1973, págs. 67-106. Uma dejaneiro, 1977, págs. 175-187.
outra versão deste trabalho com o título “As Sociedades Comerciais e Discurso de Paraninfo da turma de I 977 do Curso de Pós-graduação em Direito
o Direito Internacional Público" foi publicada no Boletim Brasileiro e Relações Internacionais -- Legislação e Comércio Exterior do Instituto
de Direito Internacional, órgão da Sociedade Brasileira de D1 e do de Direito Público e -Ciência Política da Fundação Getulio Vargas, in
Departamento de Direito Internacional da Universidadede São Paulo, “Revista de Ciência Política” da Fundação Getulio Vargas, vol. XX, ng
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As Relações Intemacio-nais nos Anos 70 e Algumas (Jonsiderações sobre a A_/iica O impacto da política internacional no ‹lesem'ol\-'imento do direito
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recho Internacional, organizado por el Comité Jurídico Interamerica- da Iso-nomia°e'a Igualdade da Ildulher no Direito (,`onstit-ucional, Editora
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Legado Politico do Ocidente - Coordenação de Adriano Moreira, Ale- Novos Enfoques e Perspectivas do Direito Internacional Publico, in Noveno
jandro Bugallo e Celso Mello. Prefácio de Alceu Amoroso Lima. DIFEL,
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83-108. zem bro de 1983, págs. 185-189. Também publicada in Revista Brasileira
Prefácio ao livro de Maria Arair Pin to Paiva - A Elite Politica no Ceará de Estudos Políticos, ng 59,_julho de 1984, págs. 224-228, Universidade
Provincial, 1979, Editora Tempo Brasileiro, págs. XV-XVI. Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
O Direito Internacional Público nos Anos 70, in Revista da Faculdade de A Contribuição do Direito Civil ao Direito Internacional Publico, in Estudos
Direito da Universidade Federal do Rio de janeiro, setembro-novem- Jurídicos em Homenagem ao Professor Caio Mário da Silva Pereira,
bro de 1979, págs. 43-56. "“'
1984, págs. 212-220, Editora Forense-
A Norma juridica no Direito Internacional Público, in a Norma Jurídica,
Direitos do Homem na América Latina, in Crítica do Direito e do Estado,
obra coordenada por Sérgio Ferraz. Livraria Freita-s Bastos, 1980, págs.
organizador: Carlos Alberto Plastino, 1984, págs. 153-160, Edições
243-269.
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A Situaçáiojurídica do Estrangeiro na Nova Lei, in “ Estrangeiro, para onde Graal Ltda.
vais?”. Arquidiocese de Curitiba, CNBB, 1980, págs. 15-18. Resenha bibliográfica da obra Repertório da Prática Brasileira do Direito
Os Exilados Perante o Direito Internacional Público, in Revista Brasileira de Internacional, de Antônio Augusto Cançado Trindade, 3 vols., Fundação
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O Principio da Igualdade no Direito Internacional Publico, in Revista da vol. 16, ng 1,_janeiro-fevereiro de 1985, CNPq - Conselho Nacional
Ordem dos Advogados do Brasil - RJ, vol. XX, lg quadrimestre 81, de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pág. 64.
ng 15, págs. 11-26. Prefácio ao livro de Prosper Weil - 0Direito Internacional no Pensamento
Direitos do Homem, VI Jornada Latino-americana de Metodologia do judaico _ 1985, Editora Perspectiva, S. Paulo, págs. 7-9.
Ensino de Direito, tiragem mimeografada, PUC/ RJ, 1981, 10 págs. Guerra Interna eDireito Internacional, Editora RENOVAR, 1985, 229 págs.,
Sujeitos de Direito Internacional Público. Organizações Internacionais e Outros RJ.
Sujeitos e Sujeitos de 'Direito Internacional Público. Estado e Indivíduo, in Aspectos Gerais do Direito Internacional Público, in Curso de Derecho
Septimo Curso de Derecho Internacional organizado por el Comité Internacional. XI Curso Organizado por el Comité Jurídico Interame-
Jurídico Interamericano (agosto de 1980), Secretaría General de la ricano. Secretaría General. Organización de los Estados Americanos,
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Prefácio ao livro de_[esse 'l`‹›i'i'es Pereira _]unior - O Direito ri De/esa na
Resenha do livro de A. A. Cançado 'lriiidade -- The .~'1¡bplication o/'the
Rule o;"Exho.ustion of Local Remedies, in International Law, Cainbridge C~~›iw?tviçz;t› ea 198.9, 1991. págs. v tz vi, iíziitoz-zz i‹i;Nov.-in.
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Universitv Press, 1983, publicada in A. Augusto Cançado Trindade --
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Universidade de Brasília, págs. ll-14. Igualmente publicada in Revista A Revisão do Direito (jonstitfacio-n.a1 Internacional na (,'onstituição de J 988,
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da Faculdade de Direito, Fortaleza, vol. 24, ng 2, julho-dezembro de
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Direito Internacional Económico, 1993, Editora RENOVAR, 228 págs-
Resenha bibliográfica de Antônio Cançado Trindade -- Repertório da
A Sociedade Internacional: Nacionalismo versus lntemacionalisfmo e a Questão
Prática Brasileira do Direito Internacional, 3 vols., Fundação Alexandre
dos Direitos Humanos, in Direito, Estado e Sociedade, PUC,/Rj, Depar-
de Gusmão, Brasília, 1984, in Re-vista' Brasileira de Tecnologia, vol. 16,
tamento de Ciências_|uri'dicas, ng 2,janeiro/_jt1lho de 1993, págs. 25-36.
ng 1, janeiro-fevereiro de 1985, CNPq - Conselho Nacional de De-
Foi igualmente publicado in Arquivos ç_[Q I\/111115161-io d;,1Ju5¡iça, ;,¡_ 46,
senvolvimento Científico e Tecnológico, pág. 64.
ng 182,_jLl1./(162. de 1993, pt-igs_ 115-]27_
Prefácio ao livro de Paulo D. Bessa Antunes -- Uma Nova Introdução
Apresentação (orelha) do livro de Celso Cezar Papaleo Aborto de
ao Direito, Livraria e Editora RENOVAR Ltda., Rj, 1986, págs. 1 e Il.
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Constituição e Relações Internacionais, in A Nova Constituição e o Direito
Prólogo ao livro de António Augusto Cançado Trindade _ Direitos
Internacional, coordenação de Jacob Dolinger, Livraria Freitas Bastos, Humanos e Meio A-mbiente, 1993, Sérgio Antônio Fabris Editor, Porto
1987, págs. 19-37. Alegre, págs. 15-18. `
Algumas Considerações sobre os Direitos do Homem no Direito Internacional O Brasil e 0 Direito Internacional na Nova Ordem ¡'t4m‹¿d¿¿¡_z, ,jn Revjsm
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Prefácio ao livro de José Ribas Vieira -- O Autmitarismo e a Ordem Sobre a Solução de Conflitos entre Estados ou entre Governos. Uni-
Constitucional no Brasil, Editora RENOVAR, RJ, 1988, págs. Ill e IV. versidade Gama Filho, 1993, págs. 6-9 (tiragem inimeografada).
Participação no Seminário sobre “Atlântico Sul”, realizado pelo Insti- Considerações sobre o Mercosul, in Boletim Científico do Mestrado e
tuto de Pesquisa de Relações Internacionais. Fundação Alexandre de Doutorado ein Direito, ano 1, ng 1, 1993, Universidade Gama Filho
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de Direito Internacional, aiiõs XXXVI] e XXXVIII, 1985/1986, ngs tedor), in A Solução de conflitos no Ambito da Integração dos Países
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905
ƒ;9_.Q4.
CAPÍTULO xxx
PROTEÇÃO DA PEssoA HUMANA*
318 _ Introdução; 319_ Tráfico de escravos, escravidão e trabalho
forçado; 320 _. Tráfico de mulheres; 321 _ Tráfico de armas, de
bebidas alcoólicas e de publicações obscenas; e repressão à falsificação
de moedas; 322 _ Comércio de estu¡beƒacientes; 323 _ Salvaguarda
4. - _. da vida humana no mar; 324 _ A Proteção Internacional do Trabalho;
325 _ Minorias; 326 _ Saúde; 327 _ Genocidio; 328 _ Crimes
contra a humanidade; 329 _ A questão da Corte Internacional Cri-
minal.

318. No presente capítulo vamos estudar alguns dos aspectos da pro-


,._
teção dada pela ordem jurídica internacional à pessoa humana. Os atos
internacionais realizados com este fim demonstram exatamente a subjeti-
vidade internacional do indivíduo, vez que o transformam em portador
de direitos e deveres perante a ordem internacional?
319. O DI se interessa em proteger o homem con tra qualquer restrição
.' b
¡-
que se faça ã sua liberdade. A ewscra_yigl__ã_o,é,a forma mçaisçviolentagçdclaten tado
ä _lib.srd.a_r1.§.-11.1irnzê..aa;.. O E O
A primeira preocupação do mundo jurídico internacional para tenni-
nar com a escravidão foi o da abolição d,Q_.___iI§f!_ÊQ,ÉlÊ.,-ʧ.ÊÍ3.YQ,§Íi, uma vez
-

u
u
que aquela sõiiexistiria en_q_t_1__an_t,o__es_t_çf_ _sulzs_i_§y:§_s_e_.__A escravidão não é, como
pode¬pmãfëê`ë'fflã"Hpifiii”i_i¬e'ii:a vista, um problema ultrapassado dentro do DI,
pelo contrário, ela ainda se mantém em alguns Estados muçulmanos, na
África, etc.3
ni-

O tráfico de escravos através da História se apresentou em duas mo-


dalidades: o de escravos brancos e o de escravos negros.
O tráfico de escravos brancos foi exercido, acima de tudo, pelos Estados
do norte da África, que faziam o comércio dos euro_peus prisioneiros- Ele
foi praticado, por exemplo, nas três primeiras décadas do século XIX e

907
-
tuna nova com'encão. concluída sob os auspícios da SNI). proibia qualquer
teve fnn quando. em 1830, a Argélia foi conquistada pela Frarrça¡*". A
forma de escravidão. (_) (lódigo Bustamante (1028) colocou o tráfico de
Rússia. ao donfinar a região do Mar Negro, terminou com a escravidão de
escravos como sendo um delito internacional e punível pelo Estado que
brancos ali existentes.
capturasse o navio infrator. A OIT, em uma convenção, declara que tra-
_ O tráf1_co_ de escravos negros““ foi praticado durante séculos e perdura
balho forçado é todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo sob a
ainda hoje em certas regiões. Nos séculos XVI e XVII, ele foi um monopólio
ameaça de uma pena e para o qual o indivíduo não se ofereça esponta-
dos portugueses. A França, posteriormente, também passou a realizar o
neamf.-:nte“. Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem (art.
tráfico. A Inglaterra também o fez, com a proteção do governo, durante
um longo período, e obtém, em tratados internacionais, o direito de 23) afirma que o trabalho deve ser livre e remunerado, bem como a
colocar certa quota de escravos no Novo Mundo. remuneração deve dar ao trabalhador e ã sua família tuna existência que
No século XVIII tem início, dentro dos grandes Estados europeus, a seja compatível com a dignidade humana.
luta em favor da abolição. do tráfico. Era a resultante do pensamento Os mesmos princípios figuram no Pacto Internacional de Direitos
filosófico da época. O_s Estados passam a revogar as leis que davam a Econômicos, Sociais e Culturais e no Pacto Internacional dos Direitos Civis
proteção ao tráfico. Tal fenômeno ocorre na Inglaterra, na França, nos e Políticos.
EUA, etc. ` ' A Convenção de Genebra sobre alto-mar (1958) estabelece, no seu
O primeiro país a abolir o tráfico---de escravos foi a Dinamarca, que, art. 13, que todo escravo que se refugiar em qualquer navio está livre. Os
pelo edito do Rei Cristiano VII, de 16-3-1792, proibiu que seus sudrtos Estados se obrigam ainda a combater o tráfico. O art. 22 da mesma con-
tomassem parte no tráfico de escravos (Eugene D. Genovese _ O Mundo venção admite que um navio de guerra exerça o direito de “visita” em um
dos Senhores de Escravos, 1979). A Constituição dos EUA, em 1787, esta- navio de comércio em alto-mar, quando houver suspeita de que este navio
belecia a extinção do tráfico a partir de 1808. A lei britânica proibindo o se dedica ao tráfico de escravos”. A convenção da Baía de Montego sobre
tráfico é de 1807. A luta da Inglaterra contra o tráfico fez com que ela o D. do Mar (1982), no art. 99, estabelece que todo Estado deve impedir
conquistasse novas colônias para servir de base para a sua luta; Serra Leoa o tráfico de escravos, bem como todo escravo que se refugiar em um navio
(1808), Gãrnbia (1816) e Costa do Ouro (1821). Em conseqüência, ela ficará livre. No art. 110 consagra o direito de visita no alto-mar ao navio
passou a ter uma situação dominante na Africa Ocidental (Harry Magdoff que se suspeitar faça o tráfico de escravos.
_ lmperialismo da Era Colonial ao Presente, 1979). A Sociedade Antiescravidão afirmava, em 1966, que havia evidência
No início do século XIX (Tratado de Paris, 1814) afirma-se que a de escravidão de várias formas em 26 países, por exemplo, no Iêmen, na
abolição do tráfico de escravos deverá ser fiçita de modo internacional? Arábia Saudita (apesar da proibição de Faiçal em 1962), etc. A Mauritânia
Dentro desta orientação, no Congresso de Viena é feita uma declaração 'aboliu a escravidão em 1980.
(2-2-1815) em que o tráfico é condenado. O 29 Tratado de Paris (20-10- 320. O tráfico de mulheres é aquele que se destina a colocar as mu-
1815) contém uma condenação semelhante. Essas condenações vão sendo lheres na prostituição. Durante muito tempo, ele foi denominado de tráfico
repetidas nos grandes congressos da época: Aquisgrana (1818) e Verona de brancas, mas desde a Convenção de 1921 esta expressão é substituída
(1822)5 pela de tráfico de mulheres, com 0 que se demonstra que a ordem jurídica
Os Estados passam a concluir, durante o século XIX, uma série de internacional protege a mulher, independente de sua cor.
tratados em que eles admitiam o direito de visita a seus navios em alto-mar Os autores têm dividido a luta contra este tráfico em três fases: a) a
por navios de guerra de outro Estado. E a origem do direito de visita e das organizações particulares que, em um congresso em 1899, constituíram
u`nha por finalidade reprimir o tráfico de escravos. um Bureau internacional que deveria reprimir o tráfico de mulheres e de
O Ato Geral da Conferência de Berlim (1885) proibia qualquer tráfico crianças; b) os governos se interessaram pelo assunto e em 1904 concluem
ou trãnsito de escravos na região da bacia do Congoõ. Diante da falta de uma convenção em que se obrigam a destacar funcionários para comba-
resultados do Ato de 1885, foi reunida em Bruxelas (1889-1890)' uma nova tê-lo; nesta mesma fase, outra convenção (1910) condena o aliciamento
conferência com maior número de Estados participantes do que a anterior para a prostituição de mulheres de menos de 20 anos; c) a repressão passa
(inclusive a Pérsia, Zanzibar, etc.), que concluiu uma nova convenção
a ser também obra das organizações internacionais e, em 1921, é concluída
¡-
interditando o tráfico e permitindo o direito de visita aos navios em alto-
uma convenção sob os auspícios da SDN; a idade é aumentada para 21
mar. -
anos; em 1933, é assinada outra convenção sobre o mesmo assunto. Em
A Convenção de Saint-Germain (1919) revoga as anteriores e os Estados
1949, a ONU realiza uma convenção em que 0 tráfico é condenado, mesmo
se obrigaram a pôr fim ã escravidão e ao tráfico de escravos. E__m 1926,
909
east» A
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1 ¬
A citada coiiveiição única criou o Orgão liiteriiacional para o Controle
nos casos eiii que lia concordância da iiiulher- Estas últimas coiiveiições
de Estupelacieiites (13 ineiiibros a p'‹u'tii' do protocolo de 1972). Os go-
invocadas coiideiiaraiii igualmente o trálico de ciianças.
vernantes fazein relatórios anuais dirigidos ao Órgão estabelecendo as
Aiiida visando a proteção da niulher de modo amplo existe nas NU
quaiitidades de que dispõem e os seus [ins (médicos, estoque, etc.). A
um Fundo de Desenvolvimento da Mulher.
321. A luta contra o tráfico de armas foi praticanieiite infrutífera. No 51'1I1Ç'‹\0 é o embargo, isto e, a proibição de importação e exportação. O
embargo não tem sido aplicado. Na Convenção de 1972 se estipula a
final do século passado, ele foi proibido eni deteniiinada zona da África
obrigação de extradição do autor do “crime de “comércio” de estupefa-
e criado eni Bruxelas um Bureau internacional para a sua repressão. Em
cientes. l°ode-se mencionar ainda a conclusão de uma convenção sobre
1919, a Convenção de 'Saint-Germain proibiu o tráfico na Asia e na Africa.
substancias psicotrópicas de 1971, bem corno a Convenção das Nações
A SDN procurou, por meio de uma coiivenção (1925), criar um controle
Unidas contra o tráfico ilícito de estupefacientes e substâncias psicotrópicas
ao comércio internacional de armas.
(1988), que reprime a produção, extração, distribuição, venda, transporte,
Na verdade, essas tentativas fracas_saram, uma vez que as duas conven-
etc.
ções citadas não 'entraram em vigor- Pode-se acrescentar que os tratados
A proteção da vida humana no mar sempre foi objeto de preo-
concluídos após a lê Guerra Mundial proibiram a importação e exportação
cupaçaoodo mundo jurídico internacional- Sempre se considerou que a
de armas para a Alemanha e para a Áustria,
assistencia no mar, aos navios ou pessoas em desgraça, era um dever
O tráfico de bebidas alcoólicas para a Africa foi também condenado
humanitário. Desde o século XII que a Igreja`se preocupa com os nãufragos
por diversas vezes: na Conferência de Berlim (1885), na de Bruxelas (1890),
(Concílio de Latrão), solicitando que as populações costeiras lhes dessem
na de Saint-Germain (1919), sendo que nesta última foi concluída uma
assistencia.
convenção interditando certas zonas da África às bebidas alcoólicas- Estas
Em 1910, a Convenção de Bruxelas sobre assistência e salvamento
convenções não têm atualmente nenhum valor, a não ser para a História.
transforma o dever moral acima citado em dever jurídico para os navios
O comércio e a impressão de publicações obscenas foram reprimidos
privados. A partir desta, inúmeras coiivenções sobre salvaguarda da vida
pela Convenção de 1923 realizada pela Sociedade das Nações e o seu
humana no mar foram concluídas: 1914, 1929, 1948, 1960 e 1974 (todas
protocolo (Nova Iorque, 1947); bem como pela convenção de Paris em
realizadas em Londres) e 1938 (concluída em Bruxelas). Em 1978 foi
1910 e seu protocolo (Nova Iorque, 1949).
concluído na IMCO um protocolo ã convenção de 1974.
A repressão ã falsificação de moeda foi realizada em convenção con-
- A*Organiza'ção Intergovernamental Marítima Consultiva tem entre as
cluída em Genebra em 1929, queicorisagra a punição deste crime; `
suas funções a de desenvolver a proteção da vida humana no mar através
322. A repressão ao comércio de estupefacientes tem a sua razão de
da segurança da navegação. . ` '
ser no mal .que estes produtos acarretam ao indivíduo”.
Na Convenção de Genebra (1958) sobre alto-mar, os Estados se com-
A SDN, pelo art. 23, letra C, do Pacto, estava encarregada de controlar
promfletein a obrigar os capitães dos navios nacionais(10) a prestarem
os “acordos relativos ao tráfico de mulheres e crianças, do tráfico de ópio
assistencia às pessoas que se encontrem em desgraça no mar (art. 12 e art.
outras drogas nocivas”- Em execução ao citado dispositivo, ela concluiu
98 da convenção de Montego Bay _ 1982).
convenções sobre o comércio de iestupefacientes: 1925, 1931 e 1936. A
A Conferência de Hamburgo, que em 1979 aprovou uma convenção
primeira estabeleceu um controle internacional a este tipo de comércio;
sobre busca e salvamento marítimos, dividiu o mundo em zonas de salva-
a segunda criou na própria SDN uma espécie de contabilidade do comércio
mento que não correspondem aos espaços marítimosdos Estados, mas
e a terceira fez uma unificação das normas sobre o comércio de estupefa-
levando em consideração critérios operacionais.
cientes. -_
324. A OIT foi estudada no Capítulo XXV1 e ali mostramos que ela
A ONU recebeu da SDN osipoderes que elaztinha riesta matéria. O
se preocupa diretamente com o homem. A própria representação nos seus
Conselho Econômico e Social é o órgão competente dentro da ONU para
órgaos (representantes de patrões, empregados e governos) visa atender
tratar dos estupefacientes_.°Ele possui uma comissão especializada sobre o
os interesses dos indivíduos diretamente- Assim sendo, ao contrário da
assunto. Em 1961, foi concluída, sob os auspícios da ONU, a convenção
grande maioria das organizações internacionais, ela possui representantes
única sobre estupefacientes.
que não são dos Estados, mas de “verdadeiras” classes sociais (patrões e
Na ONU o Secretário-geial tem dependendo dele a Divisão de Estu-
empregados) .
pefacientes, que assegura-o secretariado da Comissão de Estupefacientes
Ela já tratou de inúmeros aspectos da vida social relativos ao trabalho
do CES (30 membros). Existe também o Fundo das Nações Unidas para
que interessam diretamente ao homem: emprego de crianças, repouso dos
a Luta contra os Abusos de Drogas, criado pela Assembléia Geral.

911
-9.150. _
tiaballiadores liigiene iiidustrial. tleseiiiprt-go. acidentes do traballio. or- fissioiial; e) assegurar o direito de ajustes coletivos: f) incentivar a coope-
ganização sindical, etc- ração entre eiiipregados e eiiipregatlores.
Podemos apreseiitar um maior desenvolvirnento sobre a liberdade jenks afirniava que o progresso social não é obstáculo ao progresso
sindical assegurada pelas coiiveiições da OIT de 1948 e 1949. A liberdade ecoiiõiiiico. O próprio preâmbulo da OIT afirma que a paz universal se
siiidical é garantida a todos os empregadores e empregados que podem baseia na justiça social.
coiistituir livreinente sindicatos. A ordem jurídica interna pode lixar os Alguns autores defendem que o DI do Trabalho tem autoiioniia.
casos de suspensão e dissolução de sindicatos. Em 1950 o Conselho de As convenções da OIT não podem ser ratilicadas com reserva devido
Administração da OIT criou a Coiiiissão de Investigação e Conciliação a sua estrutura (governo. patrão ez empregados).
sobre liberdade siiidical. Os iiiembros da Comissão são indicados pelo O art. 427 do Tratado de \"ersallies relaciona os principios fundanieii-
citado Conselho. Ela é perriianeiite e é um órgão comum ã ONU e ã OIT. tais do DI do Traballio: a) bem-estar físico, moral e intelectual do traba-
teiido em vista que a libeiidade sindical interessa aos direitos do homem. lhador; b) a unifoi¬midade absoluta só pode ser alcançada patilatinamente;
A Comissão tem nove membros que atendem às diferentes regiões geogra- c) salário igual por trabalho igual; d) jornada de 8 horas; e) direito a
ficas, seiido que é formada por iiidivíduos independentes de Estado e de associaçao, etc.
organizações- sindicais. Os nacionais das partes em litígio não participam O art. 23 do Pacto da Liga das Nações coloca como seus objetivos
do procedinieiito. A Comissão tem função de investigação e de conciliação. assegurar condições de trabaIh_o'justos e humanos.
As reclamações podem ser apresentadas pelos goveriios e organizações de Os estados podem se retirar da OIT, mas o prazo de aviso prévio é de
empregados e de empregadores. O CES e a Asseinbléia-Geral da ONU dois anos. _
podem traiismitir reclamações. Para existir a conciliação é necessáiio que O tratado não admite a suspensão de um membro. As convenções e
o governo interessado dê o seu consentimento. Existe um Coinitê de recomendações são submetidas ao Legislativo. Contudo se versasse matéria
Liberdade Sindical formado por nove membros do Conselho de Adminis- de competência do Executivo só será submetida a este. A convenção da
tração (três de cada grupo social representado na OIT) que diz se a OIT fala em “autoridade competente” e esta é quem pode legislar sobre
reclamação-merece ou não tim exame aprofundado. A investigação tem a matéria. O estado ao aceitar em parte a convenção pode fazer uma lei
regulamentando o que ele aceitou.
três fases: a) escrita; b)_ora1 e c) visita ao Estado. Ela é secreta, e as partes
participam. O procedimento termina por um relatório. Considera-se que Para controle da aplicação das convenções há um sistema de relatórios.
o ideal seria a conciliação não depender do consentimento do Estado. Há também procedimentos coiitenciosos que podem ser iniciados por: a)
A proteção internacional do trabalho éfeita também nos pactos de estado-membro; b) “ex officio” pelo Conselho da Administração; c) orga-
Direitos do Homem. nização de empregados e empregadores; d) delegações nas conferências.
já se fala atualmente em DI da Seguridade Social, que teria a sua A Comissão dos Peritos tem 20 menibros que representam as diferentes
origein em uni trataão_de cooperação sobre a matéria concluído entre a regiões. Tem funções quase judiciãrias- Os casos de infração não resolvidos
França e a Itália, em que se consagrava a igualdade de tratamento (1904). por ela são enviados ã Conferência. E um órgão técnico-jurídico. As sessões
Em 1925 a convenção ng 19 da OIT consagra a igualdade de tratamen- são secretas. A sua finalidade é fazer com que os estados cumpram as
to. A ação da OIT nesta matéria tem sido sintetizada do seguinte niodo: normas da OIT.
a) entre 1919 e 1936 gira em torno da noção de seguridade e protege A Comissão Tripartite é formada por representantes de governos,
certas categorias de trabalhadores; b) a partir de 1944 visa estabelecer um patrões e empregados. E um órgão técnico-polí tico. As sessões são públicas.
rendimento' iníiiiino e assegurar a proteção médica; c) em 1952 estabelece Toma como base o trabalho da Comissão de Peritos e convida os governos
iiormas gerais sobre seguiidade. - interessados a dar explicações.
Vamos agora abrir um parênteses sobre o DI do Trabalho que nas Existem procedimentos contenciosos: ai) reclamação que é apresentada
palavras de Arnaldo Süssekind, é “o capítulo do DIP que trata da proteção por organizações de empregadores e trabalhadores a OIT quando não há
do trabalhador, seja com_o parte de um contrato de trabalho, seja como o ctiniprimento de uma convenção ratificada; b) queixa que é apresentada
ser humano; com a finalidade de: a) universalizar os princípios de justiça por estado, delegação ou ex officio pelo conselho de administração. O
social; b) incrementar a cooperação internacional para proteger o traba- processo é de natureza judicial. E apresentada ao Conselho de Adminis-
lhador”. A Declaração de Filadélfia da OIT (1944) afirma: que o trabalho tração que pode criar uma Comissão de Investigação. ' _
não é mercadoria; b) direito dos seres humanos de perseguirem o seu Este item aciiiia é em grande parte calcado na excelente obra de
bem-estar material; c) proporcionar emprego; d) facilitar a formação pro- Arnaldo Siisseltind. ` -

7 913
912 -
Uma característica deste procediniento é a participação de elementos nao
Preteiideinos apresentar ainda algumas consi‹lerações sobre o Dl do
governainentais. Todas as fases são acoinpaiiliadas de publicidade para
Trabalho. No curso da 1* Guerra Mundial a idéia de concorrência inter-
atingir a opinião pública.
nácional estava presente tanto nos governos, cfiiiio nas organizações dos
Os dados acima são tirados de Nicolas Valticos.
trabalhadores. Ela não foi estranha ã adinissão da Austria e Alemanha na No Conselho da Europa existe uni Código de Seguridade Social (1964)
OIT ein 1919. Era uni argtinieiito que tinha certo peso (Valticos). Esta e seu protocolo. A sua revísãoterminou ein 1990. Ele consagra os seguintes
idéia de igualização dos custos da produção desaparece. Os economistas princípios: a) igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros; b)
haviam mostrado que a situação dos países é muito diferente. A igualdade respeito aos direitos adquiridos e em curso de aquisição; c) cooperação
das normas ein vez de ser um fator de equilíbrio era uma desvantagem administrativa.
para os países menos desenvolvidos. A legislação internacional do trabalho A ONU concluiu em 1990 a convenção internacional sobre a Proteção
não visa a igualdade de custos, mas a sua equivalência (Valticos). do Direito de Todos os Trabalhadores Migrantes e seus familiares, onde,
As convenções internacionais de trabalho apresentam as seguintes __ _ por exemplo, é proibida a discriminação de direitos. Cria um Comitê de
características:°'a) são adotadas em uma instituição. Elas não sao precedidas 0
Proteção aos direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e seus familia-
I

de negociações diplomáticas, mas de uma discussão no meio de assembleia res. Ele recebe comunicações de um estado sobre outro estado-
que é semelhante aos parlamentos; b) a Conferência Internacional tem 325. O estudo das minorias voltou a ser tema importante no DIP na
uma represeiitação tripartite; c) as convenções e recomendações são aprcr década de 90 do século XX. No período entre a lê e a 2ë Guerra Mundial
vadas por 2/3 e devem ser submetidas às autoridades nacionais competen- foi um dos assuntos mais tormentosos nas relações Internacionais. Após a
23 Guerra Mundial, pensou-se que a proteção internacional dos direitos
tes no prazo de 12 a 18 meses; d) Scelle afirmava que as convenções não
humanos seria suficiente e quase não se falou mais em minorias. Contudo,
tinham aspecto contratual. As convenções são textos “quase-legislativos"
precisamente a partir de 1991, ou seja, do desmoronamento da URSS,
ou “pré-legislativos”, como tem sido afirmado; e) as convenções e reco- volta-se a falar em nacionalidades ou princípio da autodeterminação dos
mendações formam o Código Iiiternacional do Trabalho; f) as normas são povos, e vai surgir também a questão das minorias.
elaboradas com flexibilidade e podem levar em consideração as diferenças Na Europa Oriental, vários Estados, após um longo período de “uni-
de condições econômicas; g) há variedade nos métodos de aplicação; h) ficação”, vão se desmembrar, como a Tchecoslováquia, a URSS e a Iugos-
às vezes as convenções têm alternativas; i) às vezes permitem derrogações lávia. Surge o problema das minorias, vez que durante o período de uni-
temporárias; j) a recomendação é feita quando não há condições para ficação elas haviam migrado de uma região para outra. Talvez o problema
convenção; k) as línguas das convenções são francês e inglês. mais grave, devido ã guerra que ocorreu, tenha sido o dos séwios na
Existem também tratados bilaterais, como os da seguridade social- Bósnia-Herzegovina.
O maior problema dos representantes dos empregadores foi dos países Tem sido assinalado em diferentes obras que a globalização provoca
comunistas e se alegou que não se exigia que o empregador fosse pessoa dialeticamente o “localismo”, ou, se quisermos, o etnocentrismo. Os dife-
privada. I
¡- rentes povos, com receio de perderem a sua identidade diante da globa-
lização, “exacerbam” os seus traços culturais próprios. Há hoje uma glo-
'-

A data da entrada em vigor da convenção determina a data da denuncia -

e ela pode ser denunciada no ano seguinte ao que completa 10 anos. balização que encontra como força contrária o “localismo”.
Quando a convenção não entrou em vigor e um estado a ratificou ela As minorias penetram na Idade Moderna, no DIP, na Paz de Westfalia,
pode pedir a anulação do fegistro da ratificação”, através das denominadas minorias religiosas e as étnicas no Tratado de
No caso de convenções e recomendações não ratificadas os estados Varsóvia (1773) que fez a primeira partilha da Polônia. N. Rouland “et
alii” afirmam que se' começou a tratar deste tema desde a Antigüidade
_ I _ I'

permanecem com a obrigação de fazer relatorios sobre elas. _


Algumas convenções criam procedimentos especiais para assegurarem oriental._O que não nos parece muito correto, vez que a palavra minoria
a sua execução; como é o caso da convenção sobre a liberdade sindical. é utilizada em relação a indivíduos (nacionais e estrangeiros) em uma
Ela criou o Comitê de Liberdade Sindical com 9 membros (3›repre- situação determinada. Ora, 0 que vamos encontrar na Antigüidade e na
sentantes do governo, 3 dos empregadores e 3 dos empregados). Idade Média é uma regulamentação da situação dos estrangeiros em geral,
Em 1950 para as reclamações de violações foi criada a Comissão de e não a refeiida “situação determinada”.
Investigação e Conciliação. E formada por personalidades designadas pelo Após a Reforma, que quebra a unidade religiosa européia, é que se
Conselho de Administração. Ela aprecia as reclamações dos governos, vai colocar a questão das minorias. As disputas religiosas são imensas. Em
empregadores e empregados. São formados grupos de 3 a 5 membros. 1555, na Paz de Augsburgo é consagrado o princípio “Cujus regio ejus

_ 915
»9i4- -
_'-"-JI '.
_
conservar e a desenvolver a sua nacionalidade e a sua lingua". Todos os
religio". que vai se espalhar pela Europa alirmando que a religião dos
idiomas utilizados pelas autoridadesjudiciãrias nas províncias são reconhe-
súditos é a religião do monarca. Um dos principais tratados protegendo
cidos pelos Estados como tendo direitos iguais.
minorias foi de 1606, Tratado de Paz de Viena entre o Imperador Rodolfo
Na Hungria, lei datada de 1868 afirma a igualdade perante a lei de
Il e o Príncipe da Transilvãnia Stephen Boclâay que previa proteção para
todos os cidadãos pertencentes a diferentes nacionalidades e permite o
minorias religiosas. A evolução para o sistema de minorias é encontrada
uso oficial de diferentes línguas.
no Tratado de Oliva (1660). entre a Polônia e o Grande Eleitor; em que
Em 1878, no Tratado de Berlim a Bulgária, Montenegro, Rússia, Sérvia
este cedeu a Pomerãnia e a Livõnia ã Suécia, garantindo aos seus moradores
e Turquia garantiam os direitos individuais sem discriminação baseada em
a liberdade de religião. Em 1881. uma convenção sobre o estabelecimento
raça e religião.
de fronteira entre o Império Otomano e a Grécia determina que as loca-
Durante a 1* Guerra Mundial reuniram-se congressos das nacionalida-
lidades cedidas ã Grécia terão respeitados a religião, os costumes, etc- e
des oprimidas (Paris, 1915, e Lausanne, 1916). O mesmo ocorre na Fila-
terãoz os mesmos direitos civis e políticos que os gregos. Em 1872, a Cdn-
délfia em 1918. Em 1915 é criada, na cidade de Haia, a “Organização
venção de Constantinopla assinada entre a Austria-Hungria e a Turquia
Central para uma Paz Durável”, em cujo programa “os Estados garantirão
sobre a ocupação da Bósnia-Herzegovina, estatuía que a Austn'a-1-lungria
as nacionalidades compreendidas em seus territórios: igualdade civil, li-
garantiria neste território liberdade para todas as religiões. II nv ou a

berdade religiosa e o livre uso de sua língua .


Em 1699, o Tratado de Carlowitz estabelece que a Sublime Porta
Wilson, nos seus 14 Principios, propõe o da autodeterminação dos
respeitará a religião católica romana onde os seus seguidores tiverem
povos que na verdade não foi consagrado de um modo geral após a 1*
igrejas, e é dado ao embaixador da Polônia o direito de expor junto ao
Guerra Mundial. Ele só foi aplicado quando havia interesse dos Aliados.
“trono imperial” todas as suas reivindicações. No Tratado de Koutchouk-
Quando da elaboração da Paz de Versalhes, a questão das minorias
Kainardji (1774), a Rússia obteve o direito de representar os cristãos or-
foi debatida. Este problema constava do segundo projeto de Wilson, in-
todoxosjunto ao Império Otomano. Em 1765, no Tratado de Paris, o rei
fluenciado pela propaganda judaica de que não poderia integrar a Liga
da Grã-Bretanha se compromete a respeitar a liberdade de religião dos
das Nações o Estado que não desejasse assegurar ãs minorias de raça ou
católicos. Os autores têm salientado a relevância da Paz de Westfalia (1648)
nacionalidade os mesmos direitos assegurados ã população majoritária.
ao consagrar a liberdade do protestantismo na Alemanha.
Entretanto, no Pacto da Liga não há dispositivo sobre as minorias. A
O que se pode salientar é que a proteção das minorias religiosas vai
proteção das minorias foi inserida nos tratados.
no século XIX se confundir com a denominada “ intervenção humanitária”,
' Polônia, Romênia e Tchecoslováquia não aceitam de bom grado a
como esta expressão era entendida nesta época: garantir a liberdade de
proteçãodas minorias. Wilson diz que tais estados, no futuro, não poderiam
religião.
No tocante às minorias étnicas, Balogh afirma que elas só surgem no solicitar o auxílio dos EUA, em caso de violação da paz, se os EUA não
tivessem obtido garantias suficientes para a manutenção da paz. Afirma
Congresso de Viena, em 1815, quando, a respeito da Polônia, é estabelecido
ainda que o consentimento dos EUA para a transferênciade territórios
que Rússia, Prússia e Áustria garantirão aos poloneses “ uma represeritação
dependeria de garantias especiais visando a paz.
e instituições nacionais”.
A Grécia ao ficar independente em 1830 garantiu liberdades civis e
O primeiro tratado consagrando a Proteção das minorias foi concluído
com a Polõnia em 28 de junho de 1919. Daí alguns autores considerarem
políticas a todos os súditos independentemente de religião.
' Na Convenção de Paris, de 1858, a Turquia se comprometeu a dar aos que as minorias foram uma criação do Direito Internacional Público ou,
mais precisamente, do princípio das nacionalidades que penetrou neste
habitantes dos principados de Valãquia e Moldávia determinados direitos.
ramo do Direito. Esia situação é considerada pelos citados autores um
O_Congresso de Berlim (1855), ao reconhecer os Estados dos Balcãs,
verdadeiro “paradoxo”, vez que o mencionado princípio visava “a identi-
estabeleceu, em relação a Bulgária, no art. 4, que esta-deveria levar em
ficação da nação e do Estado”. No referido tratado com a Polônia, esta
consideração os interesses das populações turcas, romenas: gregas e outras.
aceita “as disposições que potências (aliadas e associadas) julgarão neces-
Balogh assinala que a partir de 1850 surgem as reivindicações de
sárias para proteger na Polônia os interesses dos habitantes que diferem
nacionalidades que ganham amplitude. Assim, no Império Austríaco; em
da maioria da população pela raça, língua ou religião”. Esta situação,
1848já é assegurado aos tchecos “igualdade no direito com a nacionalidade
denominada “servitude minoritária” , só foi imposta ãs pequenas potências.
alemã” em todos “os ramos da administração e na- vida pública”. Em 1867,
Assim, as grandes potências, como a própria Alemanha, não tiveram esta
o Império baixa uma lei em que “todas as unidades étnicas do Estado
servidão, por exemplo, em relação ã Alta Silésia, onde havia alemães de
gozam dos mesmos direitos e têm, em particular, um direito absoluto a

. ÍÍ 91 7
origem polonesa. O mesmo também ocorreu com a ltãlia, que tinha eslavos A Corte Permanente de justiça Internacional, em um parecer datado
na lstria e Trieste, bem como alemães no Tirol. de 1930 sobre as "(jon1unidades Greco-Búlgaras” , versava sobre a definição
N. Rouland “et alii” agrupatn os difereiites tratados visando a proteção de “ comunidade” que era “assimilada” it (le minoria pela convenção entre
das minorias: a Grécia e a Bulgária, de 1920. O parecer afirma que é urna “coletividade
- tratados dos aliados com os países vencidos que tiveram perda de pessoas vivendo em um pais ou localidade, tendo uma raça, uma religião.
uma língua e tradições próprias, e unidas pela identidade desta raça, desta
territorial: com a Austria (Tratado de°Saint Germain, de 1919, arts. 62 a
religião, desta língua e destas tradições com um sentimento de solidarie-
69), com a Bulgária (Tratado de Neuilly, de 1919, arts- 49 a 57), com a
dade, visando a conseivar suas tradições, manter seu culto, assegurar a
Hungria- (Tratado de Sèvres, de 1920, arts- 54 a 60), com a Turquia (Tratado
instrução e a educação de seus filhos conforme o `Genie' de sua raça e se
de Sèvres de 1920, arts. 140 a 151, substituído pelo Tratado de Lausanne,
assistir mutuamen te”.
de 1923, arts. 37 a 45);
A posição brasileira sobre minorias parece-nos a mais acertada. Ela foi
_ o tratado com os Estados aliados que obtiveram ganho territorial: exposta e defendida por Afrânio de Melo Franco, na Liga das Nações, em
Grécia, Roménia (devido ã minoria judaica), etc. 1925, e merece ser-transcrita:
- tratados com os novos Estados (Tchecoslováquiã, Polõnia e Romê-
nia). ' “Uma minoria, tal como a concebem os tratados de proteção,
Houve ainda uma série de atos internacionais relativos ãs minorias, não é só um grupo étnico incrustado no corpo de certo Estado,
como, por exemplo Tratado de Praga (1920), entre a Polônia e a Tche- cuja maioria fonna coletividade étnica distinta. Ela é também
coslováquia; tratado alemão-polonês (1922) sobre a Alta Silésia; convenção um atributo psicológico, social e histórico, a qual constitui,
de Varsóvia (1922), entre Polõnia, Estônia, Finlândia e Letônia, etc. talvez, na definição a ser procurada, a característica diferencial
Pode-se afirmar que com grande número de tratados, bem como o por excelência. A simples coexistência de grupos humanos,
sistema de proteção desenvolvido pela SdN, as minorias teriam penetrado formando entidades coletivas, etnicamente diferentes no terri-
no Dl positivo. tório e sob ajurisdição de um Estado, não é suficiente para que
Após a 1* Guerra Mundial foram realizados 17 atos internacionais se seja obrigado a reconhecer nesse Estado, ao lado da maioria
visando a proteção das minorias, sendo que 16 versavam sobre a Europa da população, uma minoria cuja proteção ,seja confiada aos
e um com o Iraque para a proteção dos curdos e assíiios-caldeus. cuidados da Liga das Nações.”
Um ponto difícil de ser resolvido e o que constitui uma minoria(108),
bem como há, inclusive, uma questão de diversidade do conteúdo termi- “Para que exista minoria, no sentido dos tratados -atuais, é
nológico. Este problema é bem explicado, de modo sintético, por Rous- preciso que ela surja do produto de lutas entre certas naciona-
so-Lenoir. _ lidades e da passagem de certos territórios de uma soberania a
outra, através de fases históricas sucessivas. Ora, tais fatores não
“A noção de minorias nacional é portanto noção recente, in- influem da mesma forma em todos os Estados-membros da Liga
tiinsecamente vinculada a de Estado-Nação. Mas os tennos são das Nãções; nos países do continente americano eles são intei-
ambíguos, porque as minorias nacionais possuem juridicamen te ramente inexistentes e não podem, por isso, constituir elemento
a nacionalidade do país onde elas foram incorporadas, quando
objetivo para caracterizar o fato social em questão”.
o adjetivo que as classifica de “nacionais” envia a nacionalidade
de que elas estão separadas. Nos países multinacionais, como a A grande preocupação era evitar que os imigrantes no continente
Austria-Hungria do século XIX ou a ex-União Soviética e a americano, viessem a se transformar em minorias. _
ex-Iugoslávia, a palavra nacionalidade designa pertencer a um Em 1938 na Conferência Pan-americana de, Lima, foi aprovada uma
povo, a uma etnia, e a palavra “cidadania” é que qualifica a declaração de que não existiam minorias no continente americano.
relação jurídica de um indivíduo ao Estado”. I-1-istoricamen te poder-se-ia afirmar que a minoria católica e francófona
do Canadá seria uma minoria. Contudo, ela nunca teve este tratamento
De qualquer modo, vai ser após a lê Guerra Mundial que irá surgir a perante a Liga das 'Nações
questão da definição jurídica de minoria. Tudo isto mostra que minoria era um instituto aplicado em uma região
Os tratados utilizavam expressões como “minorias nacionais” e “ mi- do globo a Estados vencidos, novos Estados e a alguns Estados vencedores
norias de raça, língua e religião”. . _ (nos fracos) que tiveram acréscimo territorial.

.911l'‹5'. . _ _ 919
Pode-se realmente observar que não se pode considerar minorias os c) o risco de adotar as medidas podendo conduzir a abusos no meio
imigrantes. Elas estão vinculadas a° populações localizadas em territórios das niiiiorias. Cujas aspirações espontâneas a tuna vida tranqüila de
cedidos por razões políticas a outros Estados. O 'Tratado entre as Principais cidadãos satisfeitos, súditos de um Estado dado, poderiam ser per-
Potêiicias Aliadas e Associadas e a Polônia (28 dejunho de 1919) refere-se turbadas por elementos tendo interesse de suscitar entre os mem-
ein diversos dispositivos a súdifoš alemães, austríacos, húngaros e russos. bros destas minorias a deslealdade em relação a este Estado;
Na verdade, o sistema de minorias ingressa a partir de 1919 no Dl Positivo, tl) o fato que não poderia ser indicado de assegurar o respeito de usos
porém não como um instituto universal, mas apenas como existente onde que seriam incompatíveis com os direitos do homem que proclama
houver tratado específico. Esta é uma restrição que precisa ser acrescentada a Declaração Universal dos Direitos do Homem;
ã definição acima da CPJI. e) as dificuldades que engendrariam as pretensões ao estatuto de
No Continente americano a questão vai ser colocada apenas recente- minoria, que poderiam criar grupos tão pouco importantes que a
mente, com a noção de “povos autóctones”, que na Bolívia é a maioria outo'1*ga a estes grupos de um tratamento especial poderia, por
da população, ou, ainda, no Equador é uma das etnias dominantes. Estes exemplo, onerar os recursos do Estado de uma carga sem proporção
casos são mencionados a título de exemplo. com o seu objeto.”
Mark Mazower (Continente Sombrio. A Europa no Século XX, 2001)
assinala que durante a 22 Guerra Mundialjã se falava na defesa dos direitos Finalmente, se recomenda que minorias são “grupos de população
humanos, mas havia uma discussão: se eles deviam ser individuais ou não-dominantes que possuem e desejam conservar tradições ou caracterís-
coletivos. A opção foi feita em favor dos direitos humanos individuais, ticas étnicas, religiosas ou lingüísticas estáveis se diferenciando claramente
porque só pequenos estados, como a Polônia e a Tcheco-Eslovaquia, tinham daquelas do resto da população”. Sugere-se que elas devem ser “numéri-
sido obrigados ao sistema de minorias- A Alemanha, a Itália, etc., por camente bastante importantes para serem capazes de conservar por elas
exemplo, não foram submetidas a ele. Daí a defesa feita pelo Presidente próprias tais tradições ou características”. Por fim,.se recomenda que “os
Benes da Tcheco-Eslovaquia em favor dos direitos individuais. membros das minorias devem lealdade ao Estado de que são súditos”.
Na ONU a definição de minoria foi bastante discutida. Em 1949 afir- Francesco Capotorti, em relação às minorias, dá predominância ao
mava que a minoria poderia ter se formado das seguintes maneiras: a) elemento subjetivo, isto é, “o desejo manifestado pelo grupo de consc-war
“anteriormente (era) uma nação independente organizada em Estado a sua individualidade”, e não se preocupa com “a dimensão numérica da
distinto (ou uma Organização) tribal mais ou menos independente”; b) minoria”.
“ela podia fazer parte anteriormente de uma nação organizada em Estado Bokatola afirma, com razão, que “uma definição abstrata de minoria”
distinto e ter em seguida se separado dest~e~Estado e se anexado a um não é uma condição “ prévia no estabelecimento de uma proteção das
outro”; c) “umtgrupo regional ou disperso unido por alguns sentimentos minorias” _
de solidariedade ao grupo predominante e que não tenha sido assimilado O Pacto de Direitos Civis e Políticos da ONU (1966) menciona no
por este, mesmo em um fraco grau”- artigo 2'7'as “minoiias étnicas, religiosas ou lingüísticas” e os' seus direitos,
Em '1952 é estabelecida uma lista de fatores para caracterizar as mino- mas no documento não há uma caracterização de quando surgem tais
rias:
minorias. Na verdade, a existência de uma minoria e a aplicação de um
sistema de proteção é uma questão eminentemente política e que depende
“a) a existência entre os súditos de numerosos Estados de grupos de
do “-sistema internacional”.
populações distintas (...) apresentando tradições ou características
A`Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa em uma recomen-
étnicas, religiosas ou lingüísticas diferentes das do resto da popula-
dação, considera como minorias: a) um grupo de pessoas que 'reside no
ção e que deveriam ser protegidas do resto da população, e que
_'Estado; b) mantém vínculos -antigos e duráveis; c) tem características ét-
deveriam ser protegidas por medidas especiais, no plano nacional
nicas, culturais, religiosas ou lingüísticas; d) tem vontade de manter a sua
ou internacional, a fim de que possam conservar e desenvolver as
identidade. As diferenças assinaladas fazem com que os costumes e ideais
.tradições ou características em questão;
das minorias sejam outros que não os possuídos pela população do estado
b) a existência de um fator especial, a saber que alguns grupos mino-
onde se localizam. Estes grupos encontram-se instalados em determinadas
ritãri'Qs não têm necessidade de proteção. Tais grupos compreen-
regiões dos territórios estatais. _
dem notadamente aqueles que, mesmo sendo numericamente in-
A proteção das minorias na ordem jurídica internacional surgiu, como
teriores ao resto da população, constituem o elemento dominante vimos, com os primeiros tratados referentes a elas. Contudo, só vai se
(...); .

_ 921
f __'Í-:_-_-_

u --
tuna competência nonnativa em matéiia cultural: o poder executivo era
desenvolver com a Liga das Nações e os tratados concluídos após a lê
Cuena Mtmdial. dado a um governo nomeado pelo presidente da República da Tchecos-
Os tratados sobre minorias consagrarani os seguintes direitos: a) ã vida lováquia e responsável perante a Dieta”.
As garantias da execução dos direitos das minorias estavam nas cons-
e ã liberdade; b) ã nacionalidade e ã opção; c) ã igualdade (isto significa:
igualdade perante a lei-igualdade dos direitos civis e políticos, de admissão tituições dos Estados que tinham minorias no seu território, bem como
nos empregos públicos, capacidade de exercer todas as profissões e “tra- nos tratados internacionais, que uma vez ratificados integram o direito
tamento igual e garantias iguais de direito e de fato”); d) liberdade reli- interno e têm primado sobre este. E de se ressaltar que as constituições
giosa; e) livre exercício de religião; f) liberdade de ensino; g) livre uso da da Estônia e da Letônia continham dispositivos de proteção das minorias.
Por sua vez, os tratados visando as minorias continham uma cláusula
língua; h) “direito de gozar de facilidades do ponto de vista da língua
perante os tribunais”; i) direito a uma parte justa dos orçamentos, do em que os dispositivos de proteção não poderiam ser modificados sem o
Estado ou município, que seja dedicada ã educação, ã religião ou ã cari- consentimento da maioria do Conselho da Sociedade das Nações; por
dade; j) direito de autonomia. outro lado EUA Grã-Bretanha, França, Itália ejapão se obrigam a dar o
7

Segundo ainda`Balogh, tais direitos beneficiam diferentes categorias 'seu consentimento ã modificação das clausulas convencionais quando ela
for aprovada pela devida maioria.
de pessoas: a) alguns são dados a todos os habitantes do Estado, não
A “fiscalização” dos direitos das minorias é da competência do Con-
interessando saber a sua nacionalidade; raça, etc., como o direito ã vida;
b) outros são dados a todos os súditos, como o direito ao livre uso da selho e da CPJI, sendo que a principal competência é do Conselho. As
reclamações são apresentadas por meio de petições a este órgão. Têm
língua; c) outros direitos se aplicam expressamente aos súditos que inte-
gram minorias étnicas, de língua ou de religião, como o direito de fazer capacidade para apresentar as petições minorias, Estados (membros ou
não da Sociedade das Nações), organizações internacionais, ou, ainda, um
uso da sua própria língua, facilidades para usá-la perante os tribunais,
dirigir e controlar as suas custas, instituições de caridade, religiosas ou particular. Em 1920, o Conselho aprova uma resolução em que o presidente
sociais, e escolas; d) há direitos que só são concedidos a minorias que
e dois membros escolhidos por ele farão o exame de toda petição relativa
sejam bastante numerosas, como o direito a uma parte justa dos orçamen-
ãs minorias. Este comitê vai funcionar como conciliador, visando a solu-
tos, do Estado ou município, que seja dedicada ã religião ou ã caridade; cionar a questão. O comitê, quando recebia uma petição, transmitia ao
e) há certos direitos que são dados a uma certa religião, como os direitos governo interessado, que apresentava as suas observações por escrito, e
dos judeus na Grécia, ou, ainda, os dos mesmos judeus na Polônia, como quando estas não eram suficientes o comitê solicitava “ explicações verbais”.
o direito ao sabbat; f) direitos que só perteigçem, algumas minorias étnicas, Afirma Erdstein que a “criação do Comitê dos Três foi um passo de gigante
como o direito ã autonomia em religião e ensino dado a comunidades em favor da proteção das minorias”. A decisão de “caso” submetido ao
saxônicas da Transilvânia. Conselho não é obrigatória, nem tem ele, em conseqüência, o poder de
Uma questão interessante é que os tratados internacionais não dêem executar as suas decisões. A única sanção que ele tem é ameaçar o Estado
ãs minorias a qualidade de pessoas internacionais. Assim elas não podem de exclui-lo da Liga das Nações.
representar e não são partes perante o Conselho da Liga das Nações. O É preciso salientar que as petições dirigidas pelas minorias ao Conselho
mesmo ocorre em relação aos indivíduos que integram as minorias. O que só podem ser aquelas que estiverem protegidas por tratados internacionais.
se concedeu ãs minorias foi o direito de dar informação ao Conselho sobre As minorias não fazem parte do processo entre elas e o governo do
a infração ou o perigo de infração em relação aos tratados que as protegem. Estado, benrcomo não têm poder- de requerer a ação do Conselho, agindo
Mas isto não é um direito, é somente uma possibilidade sem efeito jurídico, este de ofício. O papel das minorias no procedimento perante a Liga das
suscetível de provocar a intervenção do Conselho. E ainda: “a faculdade Nações é inexistente, sendo de se assinalar que elas não são ouvidas, nem
de chamar a atenção do Conselho sobre as violações ou os riscos de violação pelo Comitê dos Três. i
dos tratados de minorias é reservado apenas aos membros do Conselho - A CPJI também atua na proteção das minorias, e somente os membros
da Sociedade das Nações”. Em conseqüência, a proteção das minorias é do Conselho podem submeter a questão a ela. A suza. decisão é obrigatória.
privilégio dos Estados representados no Conselho. . O Conselho e a Assembléia podem solicitar pareceres a ela que não são
Os direitos reconhecidos às minorias o são a título individual, vez que obrigatórios. .
elas não têm personalidade internacional. Entretanto os rutenos na Tche- Os mais diferentes autores consideravam o sistema de proteção insti-
coslováquia, ocupando um território de 11.000 km? e com cerca de 600.000 tuído pela Liga das Nações como fraco e ineficiente, devido, sobretudo, ã
habitantes, seriam “administrados por uma Dieta autônoma dotada de ausência de ter sido reconhecida uma personalidade internacional às mi-

923
922 `
1

norias. Contudo, o DIP sempre esteve entre a defesa dos direitos do Estado A D¢¿¡¡a¡--em-50
- sobre as Rc]-M,-ócs "..\n,¡¿-¿“.¡.,
,_ °- L_¡m.c os l_-Sndos
. x -. (ACJ 1970)

e os direitos litiinaiios, sendo que neste período histórico raros direitos _ ¿|c¡,¿¡-mm¡,,_¿
humanos tiuliatn sofrido um processo de internacionalização, como ocor- tt _ -_ _- _ _' I _ _
reu com os direitos sociais no âmbito da OIT. Havia o receio permanente A criaçao de um Estado sobeiano e independente, a livre
de a minoria se transformar em uin Estado dentro do Estado.
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associaçao ou integração com um Estado independente ou a
Por outro lado, havia ainda a questão de várias minorias terem a aqiiisiçao de qualquer outro estatuto político livremente deci-
dido por um povo constituem para este povo os meios de exercer
nacionalidade do Estado em que se encontravam. Ora, o DIP ainda era
seti direito a dispor de si próprio.”
muito tímido nestes casos. '
Segundo Thomas D. Musgrave o sistema de minorias fracassou: a) o
regime existente não agradavaaneiihuina das partes; b) os estados teiniain O texto acima abrangeria as minorias, mas mais adiaiite a mesma
pelas suas integridades; c) muitas mino rias (ex.: alemães) se consideiavam dec araçao estatui
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superiores aos povos em cujos territórios foram colocados. “Nada nos parágrafos acima será interpretado como autorizan-
Na ONU, a proteção das mii_iorias não foi colocada em questão, talvez do oii eiicoi:ajaiido uma açao, qualquer que ela seja, que des-
devido aos imensos problemas internacionais que elas tinham trazido. É membrana ou ameaçaria, total ou parcialmente, a integridade
suficiente lembrar que elas estariam protegidas através da proteção dos territorial ou a unidade política de todo Estado soberano e
direitos humanos. Estes constituem um dos mais importantes fins da ONU. independente...”
No Pacto de Direitos Humanos (1966) só há um pequeno dispositivo
sobre minorias, contudo sem caracteriza-las: d I Como se podedobservar, as minorias não possuem o direito de auto-
e erniinaçao, ten o em 'vista o rincí )io ' ' cr ` ' °
“Art 27 é fundamental em certas regiões Ido glcibo,CêiiiigtiiõlÊõiãiiiiíiifêáãffíêaciitõã
Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou lingüís- em que eleé um dos seus piincípios fundamentais, no seu DI Africano.,
ticas, as pessoas pertencendo a essas minorias não poderão ser A questao da autodeterminação das minorias tem, contudo, se colo-
privadas do direito de ter, conjun tainen te com outros membros cado na Europa, como na Iugoslávia, em que os representantes da Comu-
de seus grupos, sua própria vida cultural, de professar e praticar nidade Européia afirmaram, em 1991, que não aceitaiiam mudanças de
sua própria religião e usar sua própria líiigua.” frpnteirgs pela força. Afirmaram ainda que a Croácia, Eslovénia e Mace-
doniz: nao tinhgam exercido tim direito de secessão, mas que tinha ocorrido
Como se pode verificar, o texto só consagra três direitos para a minoria: uma. dissoluçao do Estado”. Afirma que os Estados novos devem respeitar
a vida cultural, praticar sua religião e usar sua língua. Todos os demais as. minorias nos seus territórios. Na verdade, a Europa acaba por dar ãs
direitos os integrantes das minorias possuem através dos direitos humanos, minorias um direito de autodeterminação, desde que haja a in tangibilidade
que são concedidos a todos sem discriminação. É de se salientar que o das fronteiras. A Rússia considerou que os chechenois são uma minoria,
texto acima não dá direitos ãs minorias, mas aos seus membros. Enfim, portanto, sem o direito de autodeterminação, enquanto a Chechenia rei-
vindica esta direito.
elas continuam sem personalidade internacional-
As minorias estão protegidas pelos inúmeros textos visando aos direitos
O mesmo Pacto, no art. 1, estabelece:
humanos. A própria Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime
de Genocídio, de 1948, protege as miiiorias, vez' que protege os grupos
“ Todos os povos têm direito ã autodeterminação. Em virtude
etnicos, sociais ou religiosos. _
desse direito determinam livreinente seu estatuto político e Quando da elaboração da convenção,_liouve proposta no sentido de
asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social se defender os grupos lingüísticos, mas que'não foi incluída no seu texto
e cultural.” _ sob a alegação de que este criine não seria praticado apenas por motivo
de língua, de modo independente da etnia, religião, etc.
E aqui que se pode dizer surgir uma questão, isto é, se uma minoria O Pacto de Direitos Econômicos, Sociãis e Culturais (ONU - 1966)
tem direito ã autodeterminação. As diferentes declarações da ONU sobre assegura a aplicação destes direitos sem qualquer discriininação.
descolonização referem-se sempre aos denominados territórios coloniais Em 1978 a Assembléia Geral da UNESCO aprovou a Declaração sobre
ou não-autônomos. - _ Raça e Preconceito Racial, em que condena toda e qualquer discriminação

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racial. Sobre o mesmo teiiia foi concluída na ONU convenção sobre a Na ONU existe a Subcoinissão para a Prevenção de l)iscriminação e
elimiiiação de todas as formas de discriminação racial (1966). Pode-se citar Proteção de Miiiorias. Ela é su bordiiiada ã Comissão de Direitos lluinanos
aiiida as convenções iiiteriiacioiiais do traballio que visam tambéin a uma e ao CES. Ela da pareceres para a Comissão, que elege seus 26 ineinbros
aplicação sem aspecto discriminatório- Em 1966 a Declaração da UNESCO com base na repartição geográfica. Eles atuam como “técnicos iiide-
sobre os princípios de cooperação cultural da humanidade afirma que pendentes”. Ela cuida da proteção das minorias e apresenta estudos sobre
toda cultura faz parte do patrimôiiio comum da humanidade e deve ser a matéiia. Ela atua por meiode grupos de traballio semipermanente: uin
respeitado. i sobre escravidão, outro sobre populações indígenas (criado em 1982);
Em 1976, na Conferência de Argel, de origem iião governamental, e outro sobre detentos. Ela se reúne em sessão plenária para debates.
aprovada uma Declaração dos Direitos dos Povos, que consagra os direitos A Europa foi o berço para as questões de minorias serem regulamen-
das minorias. _ _ tadas pelo DIP. Até hoje a questão das minorias é um problema grave no
A ONU, é de se repetir, tem protegido as niinoiias através dos direitos continente europeu, que se agravou com o desmoronamento da URSS e
liumanos, e não a elas como uma entidade própria; daí, confornie viinos, a crise iugoslava. A preocupação que desperta é imensa. Na Conferência
elas não estarem incluídas entre os povos que se beneficiam da autodeter- de Copenhague, em 1980, da Conferência de Segurança e Cooperação
minação. _ _ l Européia, as minorias ocupam um capítulo inteiro da Declaração Final.
Um meioque tem sido invocado para a proteção das minorias ea Estabelece que pertencer a uma minoria é uma questão pessoal. As mino-
denoniinada “inteivenção humanitária”- Assim, a India, em 1987, envia rias podem desenvolver a sua identidade étnica, cultural, lingüística oii
assistência ao povo tamil no Sri Lanka, ou, em 1974, da Turquia em Chipre. religiosa e desenvolver a sua cultura em todas as formas. A Conferência
Na verdade, há uma norma imperativa no DI Positivo, que é a de nao de Segurança e Cooperação Européia, reunião de Helsinki, em 1992,
intervenção. A prática inteivencionista viola o mais importante direito instituiu um Alto Comissariado para as Minorias Nacionais, que deve se
fundamental do Estado, que é a soberania- A intervenção é uinaprãtica informar sobre a matéria e principalmente alertar os Estados europeus
política realizada por um Estado mais forte em relação a outro, mais fraco. quando do aparecimento de tensões no tocante às minorias. Ele pode
Todos os grandes textos internacioiiais proíbem a intervenção. interpor entre as partes interessadas os seus bons ofícios.
A ONU só veio a cuidar das minorias em 1992, quando foi aprovada Em 1992, o Conselho da Europa aprovou a Carta Européia das Línguas
pela Assembléia Geral a declaração sobre os direitos pertencentes a mino- Regionais ou Minoritárias. Assim, estas são reconhecidas como expressão
da riqueza cultural”. Elas devem ser salvaguardadas. No território das
rias nacionais ou étnicas, religiosas, lingüísticas. Ela menciona no seu
minorias, a educação pré-escolar deverá ser realizada nas suas línguas, bem
preâmbulo a necessidade “de aplicar mais eficazmente ainda os instru-
como “uma parte substancial do ensino primário”. O mesmo ocorre com
mentos internacionais relativos aos direitos do homem”, bem como que
o ensino técnico e profissional. As autoiidadesjudiciáiias de uma circuns-
tais direitos devem ser assegurados “sem discriminação de qualquer espé-
crição em que reside “um número de pessoas praticando tais línguas devem
cie”. São proclamados os seguintes direitos: a) os Estados devem garantir
cuidar que elas possam ser usadas, por exemplo, no procedimento penal.
e criar condições para que as minorias promovam a sua identidade; b) o
Os Estados não podem recusar a validade de atos jurídicos, apenas porque
direito de ter a sua própria cultura, religião e língua; c) devem participar eles estão redigidos em língua minoritária ou regional. E obrigação do
das decisões que vão se referir ãs minorias; d) o direito de manter' livre Estado criar pelo menos uma 'estação de rádio ou de televisão nestas línguas
contato com pessoas de sua minoria que se encontrem no territorio de bem como encorajar programas de televisão realizados iielas. Encorajar os
outro Estado; e) os Estados devem garantir a elas os direitos humanos; f) programas culturais em tais línguas, etc-
os programas e a política nacional devem levar em consideração os “inte- Em 1992, a AG da ONU aprovou a Declaração sobre os Direitos de
resses das pessoas pertinentes ãs minorias”, etc. O que se pode observar Pessoas que pertencem a Minorias Nacionais ou Etnicas, Religiosas e Lin-
é q-ue as minorias finalmente ganharam um texto na ONU visando espe- guísticas- '
cificamente a elas, mas também não se pode deixar de frisar que não foi Em 1994, ã Conselho da Europa, em Viena, aprovou a convenção-mol-
possível se dar uma definição de minoria. _ dura (ou convenção-quadro) para a proteção das minorias nacionais, que
Um caso que nos parece paradigmático é a República do Daguestao foi aberta a assinaturas a partir de 1/2/92. Esta convenção se limita a
no Cáucaso em que não há uma “minoria”, vez que tem 1.768.000 habi- estabelecer princípios. Afirma que a proteção das minorias faz “parte
tantes (em 1994) formados p_or 40 etnias e 10 línguas oficiais. A sua integrante-da proteção internacional dos direitos do homem”. Cada mem-
constituição não gira em tomo de uma etnia dominante. , bro de uma minoria tem o direito de escolher ser tratado como minoria
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ou não. E garaiitida a igualdade perante a lei e o direito de “ conservar e
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nina que minomi limiomflep
o que distingue ln Lc de
um povo Monde
uma
desenvolver sua cultura”; O direito de manifestar a sua religiao e criar
miiioiia e o seguinte: o estatuto de liberdade reiviiidicaclo. As populações
instituições religiosas. Direito a usar a sua língua. Criar e adiniiiistrar os
que ameaçam a integridade do Estado são um povo. As populações que
seus estabelecimentos privados de ensino. Os integ rantes das minorias
aspirani a um estáttito de liberdade (autonomia interna). mas não zinwa-
devem “respeitar a legislação nacional e os direitos de outrem, ein parti-
çain a integridade do Estado, são uma niinoria. E de se oliseivar ug ‹-_-gia
cular aqueles das pessoas pertencentes à iiiaioria ou às outras minorias
definição é extremamente ampla e perniite a qualquer ininofi-(1 gt; U- _
nacionais”. Fizeinos tim pequeno resumo de apenas alguns direitos coii-
forniar em povo. Entretanto, mostra uma tendência existente na sociedãldsir
sagrados na citada convenção; Esta, podemos assinalar, é dirigida às partes
interiiacional.
contratantes, isto é, aos Estados, o que significa que continua a se negar
O enfraquecimento do Estado-Nação está ofereceiido novas persp¢-C-
personalidade internacional às minorias- Podeinos acrescentar ainda que
tivas as minorias (jean De .Munc°l<). Para se verificar a poieziçialidadc
a convenção não define minoria e não da a ela o direito de autodetermi-
explosiva das minorias e suficiente lembrar que uma aiiálise em 184 estados
nação. A pessoa que integra uma minoria pode escolher ser tratado como independentes constatou que há 600 grupos dg línuuas vivas _._._. 5 000 fu Og
tal ou iião.
Pode-se dizer que os problemas das minorias ainda não estão resolvidos ÉUÍÍCOS (Will K}'mIicka):_]á Daniel Thurer fala em 3C.J000 grupos liiigüistiéjos
no DIP, apesar de terem se tornado uma questão extremamente viva. conc?Íl?¿1;\S Sãäišcfslioolbjlíšgddoe Éëäëšišscšqävenções iiitei'iiacioiiais. Foram
Consagrar a personalidade internacional das minorias é minar o poder
e Viena (1874). Veneza (1802) Drcsdc (1š1è;oiive1)ÇC_>es de Paris (1825)
do Estado territorial, sobre o qual está fundamentado o DIP nos últimos ,_ _ ' _ _ = -) 6 Paris (1894). Sobre a
500 anos. As minorias são sempre vistas pelo Estado territorial como o peste bubonica, foi assinada uma convenção em Veneza (1897). Outras
enclave que ameaça a sua integridade teriitorial. A intenção do Estado é COHWLÍIIQOGS mternacioiiais se seguiram e organismos internacionais foram
sempre de assimilá-la o mais possível, enquanto a minoria luta para defen- constituidos, ate chegarmos ã OMS nos dias de hoje”.
der as suas características. Na primeira metade do século XIX surgeni os conselhos de quarentena
E de se lembrar que a língua foi sempre utilizada como um instrumento entre os estados europeus. Ela tinha apenas função informativa. Na Se-
de consolidação do poder central, por exemplo, na França e na Espanha. gflflda metade' do seculo XIX surgeiii por influência da França as confe-
Ora, manter no mesmo território estatal línguas diversas é uma ameaça a rencias sanitarias internacionais já citadas.
tal poder. Rio El: íl11I:l(;Ei1r1(Êâ¿]ašs8.;‹))n:e]i3Iç€Ê>‹:§I sqgílengiašíiia sanitlširiase sucedem: a do
Acrescente-se ainda que o Estado e as minorias se vêem com descon-
fiança mútua. Montevidéu (1904); a ,de Washiš ton (l905)-àgua, Umgulall a di:
No DIP há ainda uma questão que tem sido considerada intransponível, tária Pan-americana; a de Havanã (1924) 0, ãuef End d tegiimçaofsêim-
que é a definição de minorias. Não há nenhum texto que as conceitue. Sanitário Pan-americano e o seu rotocofo n 'C' dm concliíucio O Codigo
Ora, se o “instituto” das minorias se espalhar pelo resto do mundo, grupos Em 1902 foi criado õ Bureau lšanitário E-Ssnia O 'el-n mm (1927). "
numerosos de imigrantes localizados em determinada região também po- universal surge em 1907 o Escritório Interna ciona
`dn:cln(rilerIíi:°är'lO'
Sede em Paris. e igieiieCoin vocação
Publica com
derão reivindicar o tratamento de minorias.
Atualmente já se desenvolveu na Europa a noçao de povos autóctones O Pacto Iiiternacional de Dir ` ^ i' ” ,-
_- que receberam personalidade internacional e têm sido vistos como reconhece “o direito de toda pessõãuãi) Êfiacãiãotillfiãi)ii-iissãliiiuiiíiielcuõtãiíll
possuindo o direito à autodeterminação. No continente mencionado esta de saúde física e mental” e deterniina qué se`am tomada dd- P . -
seria a situação dos lapões. redução da inortalidade infantil z o melhor J - ' 'S me 1 às paid d
As noções de minorias e povos autóctones podem contribuir para a etc' _ amento da higieiie do trabalho,
implosão do Estado territorial como atualmente o conheceinos. Por outro ODIdaSaúpg'-:ds“ ëíšíííiíšdgãeííälttípntias
' . regi_.as jtäidicas
- .
lado, iião se pode negar que a proteção das minorias entra nos direitos essencialmeme estabelecidas
humanos, que são o maior objetivo do DIP se nos lembramios que entie da Saúde das populações dos estados m cionars no .ominio da P1'oteÇao
enibios . (Michel Belanger). Ele
eles estão os direitos à vocação comunitária, como o direito à autodeter- `_Surge do DI da Higiene ou do D. Sanitário Internacional. No tempo da
minação e o direito à paz.
SClNÉhavia a Organização de Higiene.
O DIP está em vias de sofrer transformações que atingiião a sua própria
Socidç〿2l;I0'l:Í1.d0 Ip/Ielasi organizações governamentais e ONGS (como a As-
estrutura básica e, provavelmente, será substituído por tim novo ramo do
' e ica un ial). - E um direito
' ' misto.
~ _ administrativo,
- - ~ economico
A .
Direito, ainda a ser construído. z

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Wit-_*fi
Ein Nuremberg considerava-se qiie o geiiocítlio só era praticado eiii
e social. O seu fuiidaineiito É o i'eco|ilieciiiieiit‹› do direito a saude. A sua teiiipo de guerra. A convenção sobre genocídio e que recoiilieceu que tal
oficialização ocorre na década de 70- _ _ _ criiiie pode ser praticado em teiiipo de paz. ..
O Dl da Saúde se cai'acteriza por ninadesceiitializaçaoque 11€*
Esta coiivenção enumerou, no art- 2”, os atos que são consideratlos
própria OMS que criou seis regiões geogi'a.I'icas. A_OMS foi' ciiat a .acima
genocídio. É dado 0 seguiiite conceito: “qualquer dos seguintes atos co-
de tudo por iniciativa da Fraiiça, Brasil e Clima. Varias oi ganizaçoes atuam
metidos com a intenção de' destruir, no todo ou ein parte, um grupo
iiesta area: OIT (tem um ceiitro de higiene do ti'aballl<f>)› lMO› AIEA»
nacional étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar ineii'ibros do grupo;
UNESCO, etc. A OUA também tein competências saiiitarias. _ _
327. O genocídio sempre existiu através da História. (as pei'seg1l1Ç0¢í5 b) caiisar lesão grave ã integridade física ou mental de niembros do grupo;
aos judeus sete séculos aiites de Cristo), inas a veildadeira revolta C0I1U.‹l c) submeter iiitencioiialm.ente 0 grupo a condições de existência capazes
este crime ocorreu com a matança e as perseguiçoes praticadas pelo im- de ocasionar-lhe a destruição física, total oii parcial; d) adotar medidas
cional-socialisino alemão. _ _ _ destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a trans-
A denoininação'_de “genocídio” para este crime foi dada ppr Lemklll, .ferência forçada de crianças de um grupo para outro grupo”. Bassiouni
em 1944, na sua obra intitulada “Axis Riile iii Occupied Europe .A palavra, afirma que as violações sexuais podem ser consideradas genocídio, teiido
conforme explica o seu autor, é híbrida, uma vez que e foiinadíi d0_ãf'¿:g2 em vista a lei islâmica. A definição excluiu o genocídio cultiiral e o geno-
“genos” (raça, nação oii tribo) e do sufixo de origem latina _occi 'ei cídio político. O primeiro,_°alegando-se que a convenção trataria apenas
(matar). Esta palavra foi aceita aos poucos no mundo juridico internacio- da “destruição física diƒhomem” e que 0 “direito ã vida cultural” não é
nal: no estatuto de Londres, constitutivo do Tribunal de Nu-rembeigue. inerente ã pessoa humana, mas resultante do desenvolvimento social; e,
esse crime foi capitulado nos “ crimes contra a humanidade” sem qualquer finalmente, o assunto seria objeto da convenção sobre direi-tos do homem.
“noinen juris' próprio, e as sentenças desse tribunal tambem nao se utili- Tais grupos entram na proteção dos minorias. O segundo, alegando-se'
zaram da palavra genocídio, apesar de ela ter sido usada clui'ante OS dfibdíes- que a convenção não protegeria os grupos voluntários, mas apenas aqueles
Essa expressão foi finalmente consagrada na Convençao de 1948 e tem grupos a que o homem pertence a “despeito de si niesmo”. Por outro
sido adotada pela maioria dos doutrinadores- . _ lado, os grupos políticos não apresentam “características estáveis”. Os EUA
O genocídio pode ser definido genericamente como _aquele.c.rime chegaram a propor genocídio contra grupos econômicos, masdepois re-
perpetrado com a intenção de destruir grupos et-nicos, socjais, religiosos tiraram a proposição.
ou nacionais. Os termos de raça, etnia e grupo nacional sao imprecisos. O art. 39 da convenção enumera os atos que são puníveis: o genocídio;
A palavra raça é usada para indivíduos que hereditariamente tem deter- a associação de pessoas para cometê-lo; a incitação direta e pública para
minadas características. A palavra etnia é para individuos que tem a mesma; a sua prática; a tentativa e a co-autoria. O art. 49 da convenção declara
língua e os mesmos costumes. Para o Tribunal de Ruanda grupo I121C10I1‹1 que os atos mencionados no dispositivo anterior são puníveis, sejam eles
é aquele que tem uma cidadania comum. - - _ cometidos' por governantes, funcionários ou particulares, enfim, por qual-
O internacionalista espanhol 'Miaja de la Muela apresenta as seguintfrfi quer pessoa. Outro aspecto que merece ser estudado é a respeito da
característicãs.para o genocídio: a) é um_delito internacional da maior “intenção pessoal” exigida pela convenção no art. 1 para que se configure
gravidade, no sentido de violar preceitos internacionais que protegem 2; o genocídio e a questão da execução de “ordens superiores”. O Tribunal
pessoa humana; b) é um delito comum e, portanto, o seu autor 6 Passwe de Nurembergue decidira que o cumprimento de ordens superiores não
de extradição; c) é um delito intencional; d) é um delito continuado; e)
isentava o indivíduoda prática de atos crirninosos, a não ser que para o
aparece como um delito individual. Hã autores (Carlos Canedo) que ad- subordinado não fosse possível “ uma escolha moral” no sentido de delin-
mitem coíno genocído matar apenas um membro do grupo desde que
qüir. A convenção não tratou deste problema, apenas declarando que
liajã a iiitenção. Entretanto, seguindo Heleno. Fragoso, podeinosjafirmai qualquer funcionário é responsável. Tendo sido mesino rejeitada uma
que iele é um crime continuado, o que deixaria de. ser nesta liipotesf. emenda proposta pela URSS em que, expressamente, se declarava que a
'A idéia de se reprimir o crime acima caracterizado surgiu na 6* Co-
execução de ordeiis superiores não isentava 0 autor do gciiocídio de
missão (assuntos jurídicos) da lë Assembléia Geral da Ol\lU, quando fqi responsabilidade”. É de se assinalar que com ,esta atitude o problema da
aprovado um projeto de resolução apresentado por Cuba,'lndia e Panaimia. responsabilidade dos subordinados continua existindo: pelo art. 29, para
Foi 'designado pelo Secretariado da ONU um comite destinado a preparar se configurar 0 genocídio é necessário que exista.o elemento intencional,
um 'primeiro projeto de convenção, em que figuram Lemlun, Pella, Do_n- que faltará, evidentemente, no funcionário que siínplesineiite executa or-
nedieu de Vabres e Mal-atos. A “ Convenção para a preVCflÇ30 6 3 1`ePfeSSa° r
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dens superiores.
do crime de genocídio” foi aprovada pela Assembleia Geral de 1948. z. ~:i
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6) "()s ciiiiies aqui eiiuiiciados são puníveis como crimes perante o
Ojiilgaiiieiito dos criiiiiiiosos serii reali'/_a‹lo pelos tribunais do Estado Dl”,
onde o crime foi cometido oii pela Corte liiternacioiial Criiniiial. Estas a - Crimes contra a paz: ”
disposições do art. 62 são iiiiiteis, uma vez que a Corte Internacional
Criininal não existe e, por outro lado, estes crimes são conietidos normal- “ (i) Planejamento, preparação, iniciação oii pi'osse‹gu-iiiiento de
niente em ditaduras, o que significa não terem os tribunais iiiteriios qual- guerra de agressão, ou uma guerra em violação de tratados,
quer autonomia para julgar os criminosos, norinalnieiite, os lioniens do acordos ou garantias internacionais;
governo* 1”.
A Convenção de 1948 contém a deiioiniiiada cláusula colonial, isto é,
(ii) Participação em um plano comum ou conspiração para a
ela só serã aplicada a territórios que não sejam autõiioiiios se as metrópoles realização de qualquer dos atos mencionados na letra (i) ”
quiserem. __
Esta convenção se enfraqiieceii mais ainda com as reservas apresenta-
b _ Crimes de guerra:
das pelo bloco'soviético e pelas Filipinas, Estados onde os seus efeitos serão
quase nulos. Ela foi feita por 10 anos (a coiitar de 1951, quando entrou
“li/iolaçao_-de leis e costumes da guerra compreendeiido, mas
em vigor) sendo prorrogada a cada cinco anos, sucessivamente, para os
nao se limitando ao assassinato, inaus-tratos oii deportação para
Estados “que não a tiverem denunciado pelo meiios seis meses antes do
ti_'a_balhos forçados ou para qualquer outro fim, das populações
término do prazo”.
O genocídio pode assumir inclusive a forma de aiitogenocídio, que é civis d_e_/ ou em territórios ocupados, assassinato ou inaiis-tratos
um tenno adotado quando o Camboja era governado por Pol Pot (década de _prisioneiros de guerra, de pessoas no mar, execução de
de 70), que inatou l/6 da população, cerca de um milhão de habitantes refeiis, pilhagem de propriedade pública oii privada, destruição
(Léon Poliakov - Les totalitarismes du XX siècle, 1987). A expressão sem motivo de cidades, vilas ou aldeias, ou devastação não
autogenocídio surgiu na ONU. Na verdade é crime contra a humanidade. justificada por necessidade militar.” (v. ainda: ng 608C).
Ou como diz Alicia Gil Gil esta expressão só pode ser aceita em um sentido
_

nao tecnico.
, -
. c -- Ciimes contra a liumanidade:
No Brasil o crime de genocídio é punido pela Lei ng 2.886, de 1-10-56,
e nos arts. 208, 401 e 408 do Código Penal Militar. Assassinato, exterrninação, redução da escravidão ou qualquer
Em 1985 um relatório da ONU propõe que o crime de genocídio pode outro ato desumano cometido contra populações civis, oii per-
ser praticado contra qualquer “grupo definido”. seguiçoes por motivos politicos, raciais ou religiosos, quando
Em 1950 a Comissão do DI, cumprindo detenninação da Assembléia estes atos ou tais perseguiçoes são cometidos em execução ou
Geral,_“ formulou os princípios de Dl, reconhecidos no Estatuto do Tribu- conexao com qualquer crime contra a paz ou qualquer crime
3
nal de 'Nurembergue e o julgamento do Tribunal”. Os princípios formu- de guerra.”
lados foram os seguintes:
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1) “Qualquer pessoa que coineta um ato que constituir um crime I) ¢‹A_ cuniplicidade
- - .
na realização _.
de um cnme_
contra a paz. crime de
perante o direito internacional é responsável por ele e está sujeita ã pu- guerra ou uni criine contra a humanidade, como foi estabelecido no
nição”; PUUCÍPIO Vlz É um crime perante o DI.”
2) “O fato que o direito interno não imponha uma peiialidade para _ Em l9_6_8_foi concluida no ambito da ONU uma convenção ggbrr-z 3
um ato que constitui um crime sob o DI não isenta a pessoa que conieteu imprescritibilidade dos crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade.
o ato de sua responsabilidade perante o' Dl”_: _
Entreo s seiisdconsiderandos
` estao" -as -afiimaçoes
~.~ de que tais
- crimes
- sao
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3) “O fato que a pessoa que cometeu um ato que constitui crime mais
_ - f es o direito internacional,
grai ' : z bem como que ,a sua repressão - ez
perante o Dl tenha agido como chefe de Estado ou funcionãiio responsável importante para a sua prevenção. Ela considera crimes de guerra os defi-
do governo não a isenta de responsabilidade perante o DI”; n i d_os no estatuto
- do Tiibunal
-' ‹ de Nurenibeigue
' - (1949). A convenção - ez
4) “O fato que uma pessoa agiu cumprindo ordens do seu governo aplicada a individuos que praticarani criines contra a humanidade e crimes
ou de um superior não a isenta da responsabilidade perante o DI, desde de glleff21, Como r_epresentaiites do Estado ou como particulares, bem
que uma escolha moral era de fato possível para ela”; ' como a seus ciimplices, ou que tenham incitado a sua prática, bem como
5) “Qualquer pessoa acusada de tim crime perante o DI tem direito ao s repiesentantes
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do Estado que toleraram . . -
serem eles comeudos. Os
-a um julgamento justo com base nos fatos e no direito”, -
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listados se coiiiprometeiu a adotar medidas necessárias para¬peri1iitii' a sua resultado de um plano para afastar os homens da coiiiiiiiitlade dos lioiiieiis
extradição, bein como a iniprescritibilidade destes crimes. Esta- coiivençao (Pierre Truche). O Tribunal Penal para a ex-Iugoslávia da ao crinie contra
[Oi -,lssin-¿¿l-,1 por poucos Estados, sendo que quase todos socialistas- Em a humanidade três elementos: a) é dirigido contra ã população civil; b)
l974, foi concluída no Conselho da Europa unia convençao sobra-:Ia ini- ele é generalizado ou sistemático; c) ele apresenta gravidade. O crime
presciitibilidade dos crimes de guerra e'dos crimes contra_a humanidade. contra a humanidade é aquele praticado de modo niaciço contra ã popu-
Um novo crime internacional foi criado pela coiiveiiçaode 1995_paia lação civil mesmo fora do conflito annado.
a segurança do pessoal das Nações Unidas e o pessoal associado, pois ela Uma outra definição é a de Bassiouiii que afirma ser a “ação política
previne e reprime as infrações contra este pessoal. O Estado onde S6 de um Estado que visa a inquietar, atormentar, opiimii' ou discriminar a
desenvolve a ação das NU deve tomar as medidas. necessarias para evitar respeito de uma pessoa visando-lhe causar sofrimentos físicos ou mentais,
que a infração seja praticada. Esta deve ser intencional e atingir a pessoa ou lhe prejudicar economicamente em razão das convicções ou opiniões
ou a liberdade destas pessoas, ou os locais oficiais. Os Estados devem da vítima ou dela pertencer a determinado grupo”.
implementar a convenção pelo direito interno e prever as--§1;1_HÇ0fi'5- _ Em 1915 em uma mata da França, Rússia e Grã-Bretanha sobre o
Estado deve punir ou extraditar o autor da infraçao. A convenção, apesal massacre de armênios pela Turquia surge a expressão “crimes contra a
de seu título, não se aplica a ações do CS aprovadas com fundamento no humanidade e a civilização”.
Capítulo VII. A International Bar Association, em um projeto de Código Penal Uni-
Esta cláusula de exceção é um compromisso entre os Estados que versal que elaborou, incluiu entre os crimes contra a humanidade' (-alé'm
queriam uma aplicação ampla e os que desejavam uma aplicaçao restrita do genocídio): a tortura, a escravidão, as perseguições sociais, religiosas e
(Claude Emannuelli)- raciais, a deportação de mulheres, etc- No Tribunal Militar de Nurember-
Os crimes internacionais são obrigações “erga onmes” que os estados gue uma das categoiias de crimes ali julgada foi o crime contra a huma-
violam, porque eles representam interesses da comunidade internacional nidade. A Declaração Universal dos Direitos do Homem proíbe, nos seus
como um todo. Não se deve ignorar a noção de crime de estado, vez que arts. 42' e 52: a escravidão, o tráfico de escravos, a tortura, o “tratamento
vários crimes tem o envolvimento de órgãos de estado. Outras obseivaÇ0¢5 ou castigo cruel, desumano ou degradante”. Ela interdita assim a prática
de crimes contra a humanidade.
podem ser mencionadas. As normas do Manual Militar dos EUA de 1956
Os mesmos princípios figuram no Pacto Internacional de Direitos Civis
estabeleciam que era dever militar cumprir ordens superiores._Con_lud0,
e Políticos, nos arts. 79 , 89 , 99 e 10.
uma nova norma diz que o militar pode desobedecer a ordens ilegais. Os
329. A idéia de se punir os responsáveis por crimes de guerra não é
comandos podem ser responsáveis por atp_s dos subordinados, quando nova na História; entretanto, ela foi sempre um fenômeno esporádico e
foram praticadas em cumprimento de ordens, ou quando- nao tornaram só veio a se realizar efetivamente no século XX.
medidas para evitar tais atos- Uma questão bastante discuqda e a responw- Na Antigüidade diversos exemplos têm sido mencionados e podemos
sabilidade penal do estado, isto é, de pessoa jurídica. No ' common lavv^ destacar, no período antes de Cristo, 0 dos lacedemônios: após destruir a
as empresas são responsabilizadas criminalmente. Por sua vez, o Comite esquadra ateniense em Aegospótamos, julgaram os atenienses por crimes
dos Ministros do Conselho da Europa mandou que os estados estudassem de guerra. Os lacedemônios e seus aliados condenaram os vencidos ã
a responsabilidade ciiminal dos estados para combater a fraude. ja se tem morte”.
afirmado Uohn Dugard) que o DI aceita agora a responsabilidade penal Um outro precedente que tem sido citado é o de Sir Peter of Hagen-
do estado.-A responsabilidade penal da pessoa jurídica foi defendida. pela bach, em 1474, que o governador da cidade de Breisach aí instalou um
França, mas só se manteve para as corporações privadas e se excluiu OS regime de terror. Posteriormente, Hagenbach caiu em poder da Austria
estados, os órgãos públicos e as organizações sem fim lutraüvo- Ha RUÍOTCS e foi julgado por juízes da Austria e cidades aliadas, bem como por 16
que consideram as sanções do capítulo VII da Carta da ONU como tendo cavaleiros que'representavam a ordem da cavalaria. Em 1689 o Conde
aspecto penal. _` I _ Rosen foi destituído de seu cargo militar por james II da Inglaterra por
328. Os crimes contra a humanidade se distinguem do genocidio no ter feito um sítio cruel contra Londonderry e assassinado civis.
tocante ã intenção. O elemento internacional, no sentido de querer des- Na segunda metade do século XVIII houve vários julgamentos em
truir determinado gnipo social, não existe nos crimes contra a humanida- tribunais ingleses e norte-americanos em que “indivíduos eram acusados
de. - de cometer ofensas internacionais.” 1” _
“O crime contra a humanidade é, a negação da human1dade”aoÊ -
1
3:
No século XIX, _Moynier (suíço), em 1872, propôs a criação de um
membros de um grupo de homens em aplicaçao de uma doutrina . Tribunal internacional para julgar os ciimes de guerra. O Tribunal seria
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tes. Foi este projeto um dos casos eni que se admitiu o lioinein coino parte
foriiiaclo de cinco ineinbros (dois iioiiieados pelos beligerantes e tres einjurisdição internacional. A doutrina. no períoflo entre as duas guerras.
iieutros) _ _ muito lutou pela criação de uni tribunal desta iiatureza: Pella, Valires e
A criação de uma Corte Internacional Criminal é uiii verdadeiro ideal Qiiintiliano Saldanha, que propugiiaraiii pela criação de uiiia cãinara cri-
da sociedade internacional. A repressão ao genocídio e outros ci'iiiies, iiiiiial na CPI_}. Estes esforços foram inúteis.
como os de guerra e os contra a paz e a liuinaiiidade, só pode ser efetiva A 2* Guerra Mundial. com os seus criines inonstruosos. trouxe ã baila
com a coiistituição de um tribunal internacional, que teria, entre outras novamente a questão. O Acordo de Londres de 8 de agosto de 1945 iiistituiu
vantagens, a de evitar que apeiias os vencidos ou os mais fracos sejam o Tribunal Militar Internacional de Nurembergue. destinado ajulgar os
julgados e garantiria maior imparcialidade aojulgainento. grandes criininosos de guerra dos países europeus do Eixol”. O Tribunal
Os autores têm assinalado que o julgamento de ciiminosos de guerra era forniado de quatrojuízes titulares e quatro suplentes, designados pelos
pelos vencedores não é fato novo”. Na 13 Guerra Mundialo governo turco Estados ali representados: EUA, França, URSS e Iiiglaterra. A presidência
niassacrou os arinêiiios, mas estes eram cidadãos turcos 'e-nao se aplicavilz era rotativa. Era da sua competência julgar: a) crimes coiitra a paz; b)
por conseguinte, o direito das convenções de Haia. Assim, nesta guerra crimes de guerra e C) crimes contra a humanidade. E de se observar que
ainda não existiain normas sobre o uso de submaiinos. maio de 1915 a palavra “Militar” na denominação do Tribunal está errada, vez que 0
uma declaração dos aliados considerava os crinies turcos como crime único militar era o juiz soviético, bem como o processo não erã tão rapido
contra a humanidade e a civilização”, o que não era, entretanto,'um quanto o de uma corte marcial. Alegou-se que a palavra “Militar” foi usada
conceito legal. Todavia, foi após a I* Guerra Mundial que teve inicio o por elejulgar crimes praticados durante a guerra. Entretanto, tudo indica
movimento pela criação de uma corte internacional para julgar os ciimes que foi para evitar a submissão ao Congresso dos EUA a criação de uma
internacionais. Em 1919, foi constituída uma comissão para apreci-ar_a nova jurisdição, vez que as jurisdições inilitares são da competência do
“responsabilidade dos autores da guerra...”, que recomendou a punição presidente dos EUA (]ean-Marc Varaut).
das pessoas acusadas de crimes de guerra e a constituição de um ,tribunal No tocante a responsabilidade peiial de chefe do estado, ojuíz Robert
para julgar tais indivíduos. O Tratado de Versalhes, iiosarts. 22/ a 230, H. jackson, quando do julgamento do Tribunal de Nuremberg, em um
regulamentou o assunto estipulando: a) o Kaiser seria julgado por um relatório ao Presidente Truman, afirma que a imunidade penal do Chefe
tribunal especial como acusado de “ofensas coiitra a_ moralidade interna- de Estado tem a sua origem no direito divino dos reis e que não pode ser
cional e a santidade dos tratados”. O Tiibunal seria formado por 5 juizes menor quando o poder é maior.
(EUA, França, Inglaterra, Itália ejapão), mas o Kaiser não era acusado de ' Em Nurembergue foram julgadas 22 pessoas; e das diferentes organi-
guerra de agressão. Era a tese de Woodrow- Wilson; b) os criminosos de zações nazistas consideradas criminosas, o Tribunal desqualificou três; e
guerra seriam julgados por tribunais militares; c) a Alemanha entregaria para que o seu membro fosse coiisiderado criminoso, a acusação tinha
os acusados e os elementos necessários para tais julgamentos. O Kaiser se que provar que o ingresso nela era voluntário e que ele tinha sido infor-
asilou na Holanda”, e os criminosos foram julgados .n_a própria Alëmällhël mado de seus objetivos criminosos no momento de sua adesão.
pela Corte Suprema de Leipzig, que absolveu alguns e condenou outros O Tribunal de Nuremberguem recebeu inúmeras críticas que podem
a poucos meses de prisão, e o único que foi condenado ã pena, de anos ser resumidas nas seguintes: I) a violação do priricípio “nullum crimen
fugiu da prisão. Ainda referente ã lê Guerra Mundial, a Bulgaria julgou nulla poena sine lege”; 2) ser tim verdadeiro “tribunal de exceção” cons-
seus criminosos por pressão da Iugoslávia, e na Turquia foram todos ains- tituído apenas pelos vencedores; 3) que a responsabilidade no Dl é apenas
tjados pelo tratado de Lausane de 1923- ' do Estado e não atinge o indivíduo; 4) que os aliados também tinham
Eni 1920, o Coiiiitê dejuristas encarregado de elaborar o Estatuto da A
cometido crimes de guerra; 5) que os atos praticados pelos alemães eram
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CPj1, baseado ein um piojeto apresentado pelo Baiao Descamps, propos simples atos ilícitos, mas não criminososlfi. 6) que não houve instrução
a criação de um tribunal para julgar os crimes cometidos contra o DI, mas criminal. No tocante ao fato de ter ocorrido a retroatividade da lei penal,
a Assembléia da SDN rejeitou o projeto, afirmando que “ainda nao eX1SUfl Hans Kelsen obseiva que o que houve foi a traiisformação da responsabi-
um direito internacional penal reconhecido por todas_as naçoes”. _ lidade coletiva em responsabilidade individual, mas havia uma consciência
Eni 1937, sob os auspícios da SDN, -reuniu-se uma conferencia CHI comum de que os atos erain imorais e, ein outras palavras, a retroatividade
Genebra, quando se concluiu uma convenção para a criaçao de uma corte neste caso não é incompatível com a idéia dejustiça.
criminal internacional (julgaiia crimes de aspecto internacional), que foi Em defesa do Tribunal tem-se arguinentado que o legalismo penal só
assinada por- 13 Estados mas não obteve nenhuma ratificação. A COFIEY surgiu após um certo desenvolvimento da justiça e que inicialmente'no
seiia permanente e composta de cinco juízes efetivos e cinco juizes suplen-
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Os diferentes goveriios militaresjulgaraiii 5.006 indivíduos, sendo 794
tlireito penal piiineiro teria ocorrido o criiiie e depois a lei (Scelle, Miaja condenados ã morte e 486 executados, seiido que quase todos foram soltos
de l'i Muela) O DI Penal se encoiitraria nesta fase primitiva que o D.
‹- _ O até 1956.
Pmnj ultrapassou. Por outro lado, o princípio “nullum crinien nulla
A Lei ii” 10 de 1945 do Conselho de Controle deu coiiipetencia aos
poeiia sine lege” não é aplicado em um direito costumeiro (S. Glaser). Tribunais alemães parajulgar os alemães- Ela estabelecia que os tribunais
Teiii sido interpretado que a palavra lei nesta máxima como abrangendo aplicariam a legislação alemã, mas de preferência a própria Lei ii*-' 10, que
os costumes e os princípios gerais do direito. Alega-se ainda que os crimes passava assim a ter um efeito retroativo. Por outro lado, a Lei ii*-' l do
julgados ein Nureinbergue constituíam violação de nornias internacionais Conselho de Controle proibia que se aplicasse a lei penal retroativaineiite.
existentes: o Pacto Briand-Kellog de renúncia ã guerra e a conduta na
A situação dosjuízes alemães ficou difícil. Até o final de 1950 os tribunais
guerra terrestre foram regulamentados nas Convenções de Haia- E inte-
alemães proferirani 5-288 condenações- Em 1950 os tiibunais alemães
ressante obseivar que o Almirante Chester Nimitz (EUA) deu uma decla-
receberam autorização para julgar os crimes nazistas conforme o direito
1-ação em favor de Doenitz e Raeder afirmando que a marinha dos EUA
penalalemão. Entre 1950 e 1955 houve 628 condeiiações, o que mostra
na Guerra do Pacífico seguiu os mesmos procedimentos adotados pela
a reticënçia em se julgar- Em 1955 ocorreu a prescrição de vários crimes
Alemanha na guerra submarina, quando°eram realizados ataques a navios
de superfície. Os próprios crimes contra a humanidade eram condenados (10 anos) e só se podia julgar o assassinato com premeditação. Outros
pelas legislações internas e _se pode considerar que o DIP tambetm os julgamentos ocorreram nos anos 60, como o do pessoal de canipo de
condenava uma vez que fazem parte deste direito os denominados prin- concentração. A prescrição por assassinato, que era de 20 anos, foi pror-
, n

cípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas” '“'“. Os aliados rogada em 1965. Os russos condeiiarain os soldados que eles fizeram
teriani cometido crimes como represálias. Este é o argumento invocado prisioneiros ã pena inicial de 25 anos de prisão e cumpriram os trabalhos
pela defesa mas não podemos deixar de reconhecer que os aliados come-
7
forçados na URSS. Em 1950, os soviéticos renieteram aos alemães 10.513
teram crimes de guerra que ficaram impunes. O homem como parte em prisioneiros para que cumprissem suas penas (Deniiis L. Park e David R.
tribunal internacional não era de fato estranho ao DIP anterior ao acordo Gress -- Histoire de l'A1lemagne depuis 1945, 1992).
de Londres. E de se concluir assinalando que o próprio D. Penal foi no Tem sido assinalado que o julgamento dos criminosos de guerra pode
início aplicado apenas aos “débeis e vencidos” (]escheck). ser um fator que venha a prolongar as guerras.
Finalinente, é de se salientar que o Tribunal de Nurembergue poup_ou A Resolução ng 808 do Conselho de Segurança de 22/2/93 aprovou
aos alemães algo que eles só poderiam fazer ao custo de grandes divisoes por_unanimidade um tribunal internacional parajulgar as “violações graves
' ' f ° ii
políticas internas (Grundler e Manikowsky). _ do direito humanitário internacional Í

praticadas no território da ex-1u-


Os julgamentos dos criminosos da 22 Guerra Mundial foram realizados goslávia depois de 1991. O Secretário-geral tem um prazo de 60 dias para
ainda no Tribunal Militar Internacional de Tóquio (criminosos japone- fazer um relatório. O Tribunal terá duas Câmaras de 3 juízes cada e uma
ses)¡““ e em diversos tribunais militares nacionais. - Corte de Apelação. Os juízes serão escolhidos pela AG. Um problema para
O Tribunal de Nurembergue tem para o DI Penal grande importância, a efetivação deste Tribunal é como prender os ciiminosos e quem terá a
uma vez que foi embora transitório, o primeiro tribunal criminal realmente
3 stia- custódia. Acresce ainda que todas as partes envolvidas na guerra da
internacional. _ _ _ Iugoslávia concluíram acordo em 1992 para aplicar o direito humanitário,
Os tribunais de Nurembergue e de Tóquio tentaram aplicar as leis mas excluíram os dispositivos sobre “infrações graves”, isto é, os crimes
internas da Alemanha e dojapao adaptando-as ao DIP, O de Nurembergue de guerra. A. Pellet escreve que o CS ao criar os tribunais tirou o poder
se fundamentou no fato de que as quatro potencias ocupantes eram o da AG e garantiu para o ele 0 direito de criar tribunais no futuro.
governo daquele território, enquanto o de Toquio se fundamenta no - Em 1997 dez croatas-bósnios, segundo a imprensa, acusados de criines
acordo realizado pelo japão com os vencedores, que consagrava a consti- l se apresentaram voluntariamente para seremjulgados em Haia. O Tribunal
tuição de um tribunal internacional- de Haia classificou as p_rovas em: a)' as que dão uma sustentação razoável
Atualmeiite, ainda não se conseguiu realizar uma Corte Internacional _ N

a instrução; b) aqueles que estão acima de qualquer dúvida razoável. Não


criminal.” Na verdade, as dificuldades são inúineras e podemos citar uma: se pode recorrer ã analogia nas regras de fundo do D. Penal, mas se pode
como trazer em tempo de paz um genocida perante a Corte? Esta dificul- usar a analogia no processo penal. O ônus da prova cabe ao acusado devido
dade aumentará se o acusado for um governante. ao contexto internacional em que opera o tribunal. A liberdade do juiz
Os norte-americanos fizeram, em Nurembergue, de 1945 a 1949, doze restringe os direitos do acusado. Este colocado logo em regime de acusação
processos: a) o dos médicos; b) o do truste I G-Farben; c) o do Krupp; d) oficialmente por uma Câmara de 1* instância. O tribunal consagra o “non
0 do Ministério das Relações Exteriores, etc. _ .¡=_

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bis in idem”. Os presos ficariam em uma prisão internacional n.a Holanda. cados na antiga Iugoslávia. O CS apresenta uma lista ã AC, que elege os
.~\ partir de 1994 a INITERPOI. passou a auxiliar' na prisão de criminosos juízes. O Procurador é independente do Tribunal. As chamadas infrações
da antiga Iugoslávia. Em 1998 o tribunal considerou culpados, dois bós- graves não previstas no Protocolo II são contudo aplicadas via o costume
nios-muçulmanos e um bósnio-croata. Em 1999. havia 25 acusados soh nos conflitos internos. O Tribunal de Ruanda consagra esta tendência. Ela
custódia mais de '50' aguardando julgamento. já julgou e condenou algumas pessoas, inclusive a _]ean Kaindantla, 1”
Em abril de 1993 a Cl_], no caso Bósnia v. Sérvia, ordenou que cessasse Ministro de Ruanda, condenado ã prisão perpétua. No Tribunal de Ruanda
o genocídio na Bósnia. os membros das Câmaras de Apelação são os mesmos que os das Câmaras
A questão do genocídio não é nova nesta região. A guerra na Iugoslávia de Apelação para antiga Iuguslavia. A sede do Tribunal é em Arusha.
começou em 1991 entre a Sérvia e a Bósnia, bem como em 1993 a Croácia Outros (Marco Sassóli) consideram que o tribunal para a antiga lu-
atacou a Bósnia. A idéia de genocídio para encobrir o que é denominado goslávia é legal, porque o CS agiu dentro do seu poder de medidas coer-
de “limpeza étnica” já é encontrgda em 1807 e se desenvolve na guerra Heitivas, bem como a sua criação contribui para a paz, tendo em vista que
de libertação contra os turcos no século XIX. Durante a 2ê Guerra Mundial o_ conflito é internacional. Salienta ainda o autor citado, com razão, que
a “limpeza étnica" foi defendida e, em 1941, houve massacre na Bósnia e a distinção entre internacionais e internos dos conflitos armados não tem
Herzegovina. E sempre o sonho da Grande Sérvia homogênea “racialmen- valor quando se trata de direitos humanos. O D. I-lumanitário é aplicado
te” (Mirko Grmek, Marc Cjidara e Neven Simac - Le Nettoyage ethnique. nos conflitos intemos.
Documents historiques sur une ideologie serbe, 1993). A limpeza étnica Em 2000 Serra Leoa e a ONU concluíram tratado criando um Tribunal
que não é claramente caracterizada não tem sido considerada como crime Especial parajulgar crimes internacionais e crimes que violam a legislação
de genocídio, mas como crime contra a humanidade. i penal de Serra Leoa. Ele tem juízes internacionais (indicados pela ONU)
Algumas observações podem ser formuladas em relação ao Tribunal e de Serra Leoa (indicados pelo governo)- E o primeiro tiibunal criminal
Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia. Assim, em 1999, foi formulada “ad hoc.” criado em um tratado. A jurisdição é sobre pessoas com mais de
acusação contra o Chefe do Estado do Servio, Slobadan Milosevic. E a 15 anos, o que tem sido criticado. O Tribunal adota padrões de justiça
primeira vez que isto.ocorre contra um chefe de estado que se encontra juvenil para os menores de 18 anos.
no poder. Este tribunal também afirma que todos os atentados ãs popu- E interessante registrar que uma Lei de 1993 consagra que este país
lações civis é «crime contra a humanidade. pode julgar qualquer caso de crime de guerra e contra a humanidade,
Em novembro de 2000 o CS aumentou o tribunal para a antiga Iugos- praticada em qualquer parte do mundo e qualquer que seja a nacionalidade
lávia em 27 juízes e a Corte de Apelação aumentou de 5 a 7 juízes, tudo do criminoso. Em 1999, a lei foi estendida a violações de direitos humanos
isso devido ao grande número de casos. e autores _do crime de genocídio. Em fevereiro de 2002 a Clj negou no
Em 1994 o CS criou um tribunal para julgar os crimes praticados em caso do julgamento de um ministro de Ruanda validade a esta lei.
Ruanda. A Conferência das Nações Unidas sobre a criação de uma Corte Cri-
Uma observação que se impõe é que o CS não tem função judicial e minal Internacional, reunida em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte.
os tribunais que têm criado se fundamentam na sua competência para Ela é permanente. Tem sede em Haia. A Corte tem personalidade inter-
criar órgãos subsidiãrios (Olivier Russbach)._]á l\_/lutov Mubiala salienta que nacional. Elajulga: a) crime de genocídio; b) crime contra a humanidade;
os tribunais instituídos para os crimes praticados na antiga Iugoslávia”e em c) crime de guerra; d) crime de agressão. Para o crime de genocídio ela
Ruanda foram criados pelo CS com fundamento no Capítulo VII da Carta nv
¡- usa a definição da çonvenção de 1948. Como crimes contra a humanidade
da ONU, alegando “celeridade e oportunidade política”. Como crítica a são citados: assassinato, escravidão, prisão violando as normas internacio-
este procedimento tem se alegado que: a) nenhum órgão da ONU pode I'
nais, violação, tortura, apartheid, escravidão sexual; prostituição forçada,
criar órgão judiciário; b) teria sido melhor que a iniciativa fosse da AG, esterilização, etc.'São crimes de guerra: homicídio internacional, destruição
etc. I de bens não justificada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a
No Tribunal para Ruanda não se fala em crimes de guerra porque se servir nas forças inimigas, etc. Os estados, juízes (por maioria absoluta) e
trata de guerra interna, mas em “violações graves do Dl”, e inclui o o Procurador podem propor emendas aos elementos constitutivos dos
|~ Protocolo II de 1977; assim são, por exemplo, violações graves: punições Í
-crimes. A Corte só julga os crimes praticados após a sua entrada em vigor.
coletivas, terrorismo, tomada de reféns, pilhagem, etc. Ele julga os crimes Aplica os princípios do direito penal: “nullum crimen, nulla poena sine
praticados no ano de 1994. O tribunal tem duas câmaras de lê instância lege”; ninguém é responsável antes da entrada em vigor do estatuto. Ela
e uma apelação. Esta última é a mesma do Tribunal para os crimes prati- não tem competência para julgar menores de 18 anos. Os crimes de
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competêiicia da Corte são iinprescritíveis. Ein priricípio a pessoa so
responsável se houver elemento psicológico na prática do crime. Nao e l. l..iiiiieti de Albuquerque Mello _ O problema da proteção das minorias
responsável quem tem deficiência mental, praticou criine sob coaçaoiqukllê' nacionais. 1938: C. Wilfred jenks _ 1-Iunian Rights and liitcriiational Labour
do se defendia, etc. O erro de fato e de direito nao tira a responsabilidade. Standards. 1960; idem _ The Iiiternatioiial Protection of Trade Union Freedom,
O cumpiiniento de ordem superior não tira a responsabilidade a não ser 1957; Olof Hoijer _ Le Trafic de L`Opium et d`autres Stupéfiaiits, 1925; 1-ledwige
de Skoda _ La Répression Internationale du Trafic lllicite des Stupéfiants, 1944;
que tenha sido obrigado a cumprir a ordem, ou aindatse a pessoa nao
Arthur de Balogh _ La Protection Internationale des Minorités. 1930; Athanase
sabia que a ordem era ilegal, etc. Osjuízes são eleitos pela Assembléia dos Moskov _ La Garantie Internationale eii Droits des Minorités, 1936; André N.
Estados-partes. Tem Seção de Apelação (Presidente e 4 juízes), Se_çao da Mandelstam _ La Protectioii Internationale des Miiiorités, 1931; Paul Appleton
lg instância (õjuízes) e Seção Preliminar (õjuízes). Tem um escnvao. Sao _ Le Traité des Blanch es, 1903; C. Wilfretljeiiks _ Tlie International Protectioii
l8juizes com niandato de 9 anos. A pena é cumprida no estado em que of Freedom of Association for Trade Uiiion Purposes, rn RdC, vol. I, t. 87, págs.
o criminoso se encontrava. O Tribunal adota o princípio da complemen- 7 e segs.; Cino Vitta _ Le droit sanitaire interiizitioiial, in RdC, 1930, vol. III, t.
taridade, isto é, a principal responsabilidade de investigar e julgar é dos 33, págs. 549 e segs.; Quintiliano Saldaña _ La justice'-pénale interiiationale, iii
tribunais nacionais. A Corte Penal Internacional é um complemento do RdC, 1925, vol. V, t. 10, págs. 227 e segs.; H- Donnedieu de Vabres _ La procês
de Nuremberg devaiit les príncipes modernes du Droit Penal international, in
Tribunal Nacional. _
RdC, 1947, vol. I, t. 70, págs. 481 e segs.; jean Graven _ Les Crimes contre
O estado pode rec_usar_a competência da Côrte por crime de guer-ra, L'Humanité, in RdC, 1950, vol. I, t. 76, págs. 433 e segs.; Adolfo Miaja dela Muela
por sete anos, após a entrada em vigor da convenção em relação a ele. O _ El Genocidio, Delito Internacional, in Revista Española de Derecho Internacio-
CS pode submeter um litígio à Côrte por cima do consentimento do estad_o, nal, vól. IV, ng 2, 1951, págs. 363 e segs.; Raphael Lemkin _ Genocide as crime
bem como pode paralisar todo inquérito e processo por 12 meses que sao under International Law, in A_]IL, 1947, ng 1, págs. 145 e segs.; P. Drost -- The
renováveis, com fundamento no capítulo VI1 da Carta da ONU. Daí já se Crime of State, 2 vols., 1959; Robert K. Woetzel _ The Nuremberg Trials in
tem afirmado que é um órgão judiciário sob tutela política. International Law, 1960; Donnedieu de Vabres _ Les Principes Modernes du
As penas aplicadas são até 30 anos de prisão e prisão perpétua. Os Droit Pénal International, 1928; Vespasien V. Pella _ La Crimirialité Collective
des Etats et le Droit Pénal de l'Avenir, 1926. 2g ed.; idem _ La guerre _ Crime
bens adquiridos por meio da prática do crime podem ser confiscados- A et les Ciiminels de Guerre, 1946; I-Ians-I-Ieiniich jescheck _ Estado atual e pers-
Côrte escolhe onde será cunipiida a pena de prisão e a detenção rege-se pectivas futuras do Direito Penal Internacional, in Revista Brasileira de Crimino-
pelas leis deste estado. Um indivíduo julgado pela Côrte nao pode ser logia e Direito Penal, ng 10, 1965, págs. 53 e segs.;_Iniernational Criminal Law,
julgado por um estado. _ _ _ I _ editado por Gerhard O. W. Mueller e Edward M. Wise, 1965; Celso de Albuquerque
A Côrte pode ser ativada: a) por um estado queixoso; b) Ministerio Mello _ Genocídio: Alguns aspectos da Convenção de 1948, in Revista Brasileira
Público e c) Conselho de Segurança. _ _ _ de Criminologia e Direito Penal, ng 12, 1966, págs. 99 e segs-; Antonio Quintano
Ripollés _ Tratado de Derecho Penal Internacional e Internacional Penal, t.~ 1,
O Estatuto da Côrte acrescenta novos cnmes:_violaçao, escravidão
1955, págs. 33 e segs. e 377 e segs.;_]acques-Bernard Herzog _ Ajustiça penal
sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada e tod_as internacional vinte anos após Nuremberg, in Revista Brasileira de Criminologia e
as formas de violência sexual. Não foram incliiídos alguns crimes que estao Direito Penal, ng 14, 1966, págs. 35 e segs.; P. M. Carjeu _ Projet d'unejuiidiction
previstos no Protocola '11 de 1977 (Direito Humariitário): submeter a po- Pénale Internationale, 1953; Henri Meyrowitz _ La répression par les Tribunaux
pulação civil a fome, utilizar seres humanos como escudos, etc. Allemands des Crimes contre l'Humanité et de Pappartenance ã une organisation
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1994; Patrick Thornberry -i International Law and the Rights of Minorities, 1994; Antonio Casesse - The Statute of International Criminal Court: Some Preliminaty

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2. O nosso estudo não analisará todos os casos no presente capitulo. outros
¡.¿¿¿¡],.C¡¡U¡}_‹._ "in" European Journal of International Law, vol. X. ng 1, 1999, pgs.
(corno a pirataria) serão estudados mais-adiante. Sobre. a proteção do individuo
M4 6 segs; Paola Caeta _ The Defence of Superior Orders: The Statute of
em relação a um Estado estrangeiro. ver " proteção diplomática" no capitulo
International Criminal Court “versus” Customary International Law, “in” Euro- Responsabilidade dos Estados. A proteção do indivíduo con tra o seu próprio Estado
pczm Journal of International Law, vol. X, ng 1, 1999, pgs. 172 e segs; Derechos
praticamente não existe, a convenção europeia de direitos do homern e uma
de 135 Minorias en una Sociedad Multicultural. coordenador: Javier de Lucas
exceção (v. Capítulo XXIX). _
Martín, 1999; Pierre-Marie Dupuy _ Crimes et lmmunites. “in” RCDIP, t.
103/gg/2, pgs. 289 e segs; Mame Mandiaye Niang _ Le Tribunal penal interna- 2A. A palavra escravo vem de eslavo.-Na Idade Media os eslavos eram consi-
derados os escravos " por excelência". Desde o final do seculo VIII que os eslavos
tional pour le Rwanda. Et si la contumace etait possible, “in” RCDIP, t. 103/99/2,
p_379 e segs.; Flavia Lattanzi _ Competence de la Cour penale internationale etc eram exportados pelo Ocidente para o mundo islãrnico da Espanha, em particular
consentement des Etats, “in” RCDIP, t. 103/99/2, pgs. 425 e segs; Andrea Bianchi entre a Alemanha e o Califado de Córdoba (Francis Conte _ Les Slaves. 1986).
__ lmmunity versus Human Rights: The Pinochet Case, "in" EuropeanJournal of Os eslavos foram usados como escravos porque eram pagãos e a Igreja proibia que
International Law, vol. 10, ng 2, pgs. 237,e segs. Derechos de las minorias em una se reduzisse os cristãos ã escravidão (Jacques Faviaux -- De L'empire romain ã la
sociedad multicultural, direção de Javier de Lucas Martín, 1998; International feodalite, t. 1., 1986)- Na própria I. Media a escravidão vai ser abolida, porque
Criminal Law, editado por M- Cherif Bassiouni, 3 vols., 1999; Carlos Canedo _ existindo um certo desenvolvimento ela não e rentável. Assim foi suprimida nas
O Genocídio como Crime Internacional, 1999; La Cour Penale Internationale _ pequenas cidades como: Pistóia (1205), Assis (1210), nas grandes cidades como
Colloque _ 1999, La Documentation Françoise; Reflections on the International Bolonha (1256)- e_Florença (1299) (Friedrich Heer _ L'Univers du Moyen Age.
Criminal Law, coordenadores: Herman A. M. von Hebel,Johon G. Larnmers e 1970).
Jolien Schwkking, 1999; M. Cherif Bassiouni _ Crimes against Humanity in Inter- 3. A SDN obrigava os Estados que nela procurassem ingressar a abolirem
national Criminal Law, 1999; Daniel Fon tanaud_ Lajustice penale internationale, previamente a escravidão. Este procedimento foi utilizado em relação ã Abissínia.
1999; Tribunal Penal Internacional, organizadores: Fauzi Hassan Choukr e Kai 3A. Alguns autores contestam esta afirmação dizendo que na Argélia não havia
Cumbos, 2000; Rahim Kherad _ De la Nature Juridique du Conflit Tchetchene, escravos cristãos no fim do seculo XVIII. com exceção de algumas centenas de
“in” RCDIP, t. 104/2000/1, págs. 143 e segs.; Guy S. Goodwin _ Gilland _ Crime desertores da guarnição espanhola de Orã, que caiu nas mãos dos muçulmanos
in International Law. Obligations Erga Onmes and the Duty to Prosecute, “in” em 1792. Na Tu nísia e Marrocos predominavam os escravos negros (Louis Bergeron
The Reality of International Law, Essays in Honour oflan Brownlie, coordenadores: _ Les Revolutions Europeenes et le partage du Monde, 1985)- A grande preocu-
Guy S. Goodwin _ Gilland e Stefan Talmon, 1999, págs. 199 e segs.; Bing Bing pação no Mediterrâneo c_om os Estados berberes não era a escravidão, mas a
Jia _ The Differing Concepts of War Crimes and Crimes against Humanity in pirataria. Os escravos brancos estavam em fase de substituição e tinham sido
International Criminal Law, “in” ob. cit. anteriormente, págs. 243 e segs.; Nina substituídos por árabes e berberes. Em 1830, em Argel, só havia 2.000 escravos
Jorgensen _ State Responsibility and the 194,8. Cenocide Convention, “in” ob. negros (Denise Bouche _ I-Iistoire de la Colonisation Française, t. II, 1993. A
cit. anteriormente, págs. 273 e segs.; Rene Provost _ International Criminal En- escravidão africana pelos muçulmanos abrange o período histórico do seculo IX
vironmental Law, “in” ob. cit. anteriormente, págs. 439 e segs.; Droit International ao XIX e a destinada ãs Americas do seculo XV ao XIX. Os dados que são fornecidos
Penal, sob a direção de Herve Ascensio Emmanuel Decaux e Alain Pellet, 2000; são os seguintes: 4 milhões foram exportados pelo Mar Vermelho, 4 milhões pelos
Antony Alwck _ A History of the Protection of Regional Cultural Minorities in
portos sohailis no Oceano Índico, 9 milhões pelas caravanas transaãricas e 11 a
Europe, 2000. La Criminalización de la Barbarie: La Corte Penal Internacional,
20 milhões atraves o Oceano Atlântico. A escravidão realizada pelos muçulmanos
coordenador: Juan Antonio Carrillo Salcedo, 2000; Micaella Frulli _ The Special
era para trabalho doméstico, enquanto no O. Atlântico visava a produção. Afirma-se
Court for Sierra Leone: Some Preliminary Comments, “in” European Journal of
que os reinos africanos foram obrigados a aceitar o tráfico, 0 que acarretou o
International Law, vol. II, n.4, December 2000, pgs. 857 e segs.; William A. Schabas
__ An Introduction to the International Criminal Law; 2001; Nina H. P.Jorgensen aumento da escravidão no interior da AfricaÍ(Elil‹ia M'Bokolo _ La Dimension
__ The Responsibility of States of International Crimes, 2000; Gabi Wucher _ Africaine de La Traite des Noirs, “in” Manière de Voir 58, juillet _avent 2001,
pgs. 32 e segs.).
Minorias. Proteção Internacional em Prol da Democracia, 2000; Nasser Zakr _
Approche An'alytique du Crime contre l'I-Iumanite en Droit International, “in” 3B. Florestan Fernandes observa: o termo “preto” sempre foi usado pelo
RCDIP, t. 105, 2001, 2, pgs. 281 e segs.; Micaela Frulli _ Are Crimes Against “branco” para designar o negro_ e o mulato em São Paulo, mas atraves de uma
I-Iummanity More Serious than War Crimes? “in” European Journal of Interna- imagem estereotipada e sumamente negativa, elaborada socialmente no passado.
tional Law, vol. 12, n.2, April 2001, pgs- 329 e segs.;Joanisval Brito Gonçalves _ Os próprios negros e mulatos preferiram, em suas primeiras manifestações de
Tribunal de Nuremberg, 2001; Juristes sans Frontieres _ Le Tribunal Penal In- autonomia --- atraves dos movimentos reivindicatórios_ a autodesignação contida
ternational de la I-Iaye, 2000, Waldo Villalpando _ De los Derechos Humanos al na palavra negro. Doutro lado, impugnam 0 vocábulo “branco”, alegando que a
Derecho Internacional Penal, 2000; William A. Schabas _ Cenocide in Internai- mestiçagem impõe restrições severas às pretensões de “pureza de sangue” dos
tona] Law, 2000; Commentary on the Rome Statute of The International Criminal paulistas (A Integração 'do Negro na Sociedade de Classes, 1978, vol. 1, págs. 12
'Cöu;t,.Otto Triffterer (ed.), 1999. _ e 13).
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O tráfico atlântico só se desenvolveu realmente a partir do seculo XVII. isto
4. Em 22-1-1815, Portugal concluia um tratado com a Inglaterra para a abolição
e. mil anos_após o tráfico muçulmano e trans-saárico. Já havia escravo negros no
do tráfico de escravos na costa da Africa ao norte do Equador. .
Egito no 39 milênio A.C. A partir do seculo VII com a criação de um itnperio
5. A Inglaterra foi a grande campeã na luta contra o tráfico negreiro. Eritre-
muçulmano o tráfico aumentou. Do sectrlo VII a XIX o tráfico muçulmano atingiu
tanto, tem sido salientado que a sua luta não era apenas idealista, mas tinha
12 a 14 milhões de pessoas. A igreja só condena a escravidão no Concílio de Niceia
também razões pragmáticas: a) o tráfico despovoava as suas colônias na Africa; b)
em 325 (Olivier Petre-Grenouilleau _ La Traite des Noirs,l997).
a escravidão dava aos Estados mão-de-obra barata e os seus produtos poderiam vir
6. O tráfico passou a ser feito no Mar Vermelho e no Golfo Pérsico, isto
a concorrer com os ingleses no mercado internacional; c) diminuia o mercado
pela costa oriental da África.
para os produtos industrializados. A principal razão parece ser a situação do açúcar
7. Esta Conferência tem a sua origem em uma enciclica de Leão XIII.
antilhano. Este entrava em fase de superprodução “determinada pela competição
8. A escravidão e assunto que entrou no âmbito do Conselho Econômico e
desvantajosa para novos produtores”- Assim sendo, a ideia antiescravista passa a
Social e da OIT, que por meio de uma ação coordenada tem procurado reprirni-la.
ter “repercussão na esfera governaniental". O tráfico e abolido em 1807, o que
Em 1957 a OIT concluiuunova convenção abolindo o trabalho forçado.
acarreta a transferência por venda de escravos das áreas mais antigas para as mais
. 9. Em 1956 a ONU concluiu uma convenção, complementando a de 1926,
novas. Dessa maneira, atraves de uma providência que lhes propicia a valorização
que proíbe, entre outras coisas, 0 tráfico e a servidão. O seu projeto chegou a
do braço escravo, tornado escasso, reduz-se a participação dos setores menos
prever direito de visita e de apresar os navios que se dedicassem ao tráfico de
produtivos na atividade açucareira. A abolição só e realizada em_ 1833 (Paula
escravos em determinada região do Oceano Indico. Este dispositivo foi retirado,
Beiguelman _ Formação Política do Brasil, 1976). E preciso lembrar que, no
diante das críticas de Estados asiáticos e africanos de que ele- atingiria a sua
Brasil, a Lei de 1831 que proibia o tráfico de escravos e considerava livres os que
soberania.
aqui entrassem ficou letra morta. Esta lei considerava o tráfico como pirataria. O
9A. Vamos citar uma passagem de Artaud sobre o tóxico. Artaud começou
tráfico só veio a ser abolido por uma lei de 1850. Olga Pantaleão salienta que: “A
por usar láudano para aplacar as suas dores de cabeça. Acabou viciado e passou
conservação do tráfico pelo Brasil permitiria ao açúcar brasileiro ter preços mais
os seus últimos anos de vida em um hospício. Ele escreveu: “Na verdade. o furor
baixos e isso poderia dar-lhe superioridade no mercado europeu. As colônias
contra o tóxico e as estúpidas leis que vêm daí: 19 e inoperante contra a necessidade
açucareiras britânicas seriam então prejudicadas. A solução seria levar o Brasil a
de tóxico que, saciada ou insaciada, e inata ã alma e induziria a gestos decidida-
renunciar ao tráfico de escravos...” (História Geral da Civilização Brasileira, t. II,
mente anti-sociais mesmo se o tóxico não existisse; 29 exaspera a necessidade do
vol. 1, 1970, pág. 344). Sobre a escravidão que existia na África, ao tempo do
tóxico e 0 transforma em vício secreto; 39 agrava a doença real e esta e a verdadeira
tráfico para o Brasil, e preciso mostrar que a ali existente era muito diferente da
questão, o nó vital, o ponto crucial; desgraçadamente para a doença a medicina
que houve no Brasil. Havia escravidão na Africa, mas o número de escravos só era
existe. Todas as leis, todas as restrições, todas as campanhas contra os estupefa-
grande em Benin e nas regiões sudanossaelianas. O escravo não podia ser vendido,
cientes somente conseguirão subtrair a todos os necessitados da dor humana, que
o que afastava a ideia de tráfico, e ele se integrava na família. No Daome os filhos
têm direitos imprescritíveis no plano social, lenitivo dos seus sofrimentos, um
dos escravos nasciam livres e se integravam na família do senhor. O escravo “e
alimento que para eles e mais maravilhoso que o pão e o meio, enfim, de reingressar
inicialmente propriedade coletiva de uma família” e “o escravo de um só indivíduo
na vida” (Escritos de Antonin Artaud, seleção e notas de Cláudio Willer, 1983).
e fenômeno tardio” , bem como eles não perdiam sua personalidade. Foi o tráfico
“O homem que lê, que pensa, que espera, que se dedica ã 'flanerie', pertence,
que levou o africano a capturar e vender escravos (Kátia de Queirós Mattoso _
do mesmo modo que o fumador de ópio, o sonhador e o ebrio, ã galeria dos
Ser escravo no Brasil, 1982). Pode-se acrescentar que o rei de Benin enviou, em
iluminados. E são iluminados mais profanos- Para não falar da mais terrível de
1486, uma embaixada ao rei de Portugal com ricos presentes e mais de cem
todas as drogas _ nós mesmos _ que tomamos quando estãmos sós” (Walter
escravos negros (Pedro Soares Martinez _ História Diplomática de Portugal, 1986).
Benjamin _ O surrealismo. O último instantâneo da inteligência, in Walter Ben-
O tráfico negreiro e uma invenção do Islã, que entrou primeiro em contato com
jamin _ Obras Escolhidas, vol. 1, 1987). Em Paris. havia, em certa fase do seculo
a Africa.negra. A sociedade islâmica era, por excelência escravagista, o tráfico era
XIX, O Clube dos Hachichins. Compareciam às suas reuniões: Gautier, Baudelaire,
sobre massas de seres humanos maior do que 0 feito por europeus. É interessante
Monet e Daumier. O haxixe era consumido sob a forma de uma geléia esverdeada
observar que a cultura negra não sobreviveu nos países do Islã (Fernand Braudel
(Edmund Vlfhite _ O flãneur. Um passeio pelos paradoxos de Paris, 2001).
_ Grammaire des Civilisations, 1987). O que ocorreu devido ao fato de o escravo
10. Esta convenção não faz distinção quanto aos navios. Daí entendermos que
ser assimilado no Islã e chegar a ocupar altos postos na administração. Mais algum
a obrigação existe para todo e qualquer navio.
dados podem ser fornecidos, como que o tráfico negreiro no Atlântico entre 1600 IOA. A ideia de uma inspeção internacional em materia de trabalho surgiu
e 1900 foi de cerca de 11,5 milhões de pessoas: 1,8 milhão no seculo XVII; 6,1 em 1989 quando a Associação Internacional dos Trabalhadores preconizou a
milhões no século XVI e 3,3 milhões no seculo XIX. “ O tráfico de escravos saariano instituição de inspetores nacionais e internacionais para as empresas. Pode-se
(realizado pelos árabes) foi iniciado mais cedo, alcança cerca de 4 milhões de recordar que a partir do século XIX as reivindicações operárias são apresentadas
pessoas; 900 mil antes de 1600”, 700 mil no seculo XVII; 700 mil no seculo XVIII internacionalmente, como nos congressos da 19 Internacional.
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e 1,8 milhão no seculo XIX (Marc Ferro _ História das Colonizações, 1996).
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IOB. Alain Fenet observa que a palavra minoria pertence ã linguagem do para encobrir um ato de vingança; entretanto, os ingleses t-- sovi(~ticos aceitaram
poder e que ela só existe porque há uma maioria. Observa ainda que a proteção esta tese. Emjaneiro de 1942, 9 governos no exílio st- ‹-ncontraram no Palácio St.
de minorias e urna concessão do poder. por cansa da pressão que ele sofre. James e fizeram uma declaração no sentido de serem punidos os criminosos
IOC. O Brasil sem pre sustentou o que ficou conhecido como a tese de Afrânio nazistas. Em julho do mesmo ano Churchill e Roosevelt aprovarafh a declaração-
de Mello Franco sobre minorias: a) estas existiam onde houve guerra, o que não I5A. Ojulgamento foi em Nurembergue, por ter sido esta a cidade do nazismo,
ocorreu na America; b) a proteção às minorias seria temporária ate que houvesse vez que aí se realizava o grande congresso anual do Partido Nazista. Assinala
a sua assimilação no estado em que se encontrava. Jean-Marc Varaut que ela foi escolhida por ser a única a ter°inTactos um palácio
Il. V._ Capítulo XXVI (OMS). de justiça, prisão e um grande hotel. Telford Taylor declara que a cidade estava
1 IA. E de se repetir um trecho de Karljaspers (La culpabilite allemande,1990): destruída, mas não os seus subúrbios. e 0 tribunal tinha sofrido danos mas podia
“a fórmula 'uma ordem e urna ordem' não pode ter valor decisivo. Um crime ser reparado. Acrescenta ainda que foi em Nurembergue, em 1935, que foram
permanece um crime mesmo que ele tenha sido ordenado (ainda que, conforme promttlgadas as leis antijudaicas.
o grau de perigo, de coerção tirãnica e de terror. possam ser circunstâncias 16. Este argumento e válido quanto aos crimes contra a paz e crimes de guerra,
aterruantes); e de qualquer modo todo ato permanece submetido igualmente ao mas em relação aos crimes contra a humanidade, quejá eram punidos nas legis-
julgarriento moral". lações internas. O art. 99 da Convenção de Genebra (1949), “relativa ao tratamento
IlB'. Caso recente de genocídio ocorreu em Burundi em 1972, em que as dos prisioneiros de guerra”, tem sido considerado corno uma reação ã prática de
pessoas da tribo Hutu foram quase todas mortas, sem que houvesse qualquer Nttrembergue (Kuna), ao declarar que nenhum prisioneiro de guerra poderá ser
projeto por parte dos demais países (Noam Chomsky' e E. S. Herman _ Bains de julgado por_ato que não seja catalogado corno crime no momento de sua prática.
Sang, 1975). Ainda sobre o caso do Burundi, Antônio Cassese observa que em
A mesma orientação está consagrada na Declaração Universal dos Direitos do
1965 e 1972 o grupo Tutsi exterminou 0 grupo Hutu, e acrescenta ainda alguns
Homem e no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.
outros casos de genocídio, como os índios aches no Paraguai (1970-1974), os
16A_ Pode-se observar que o próprio princípio da legalidade tem caráter
charns no Camboja (1975-1978), etc. Em 1988 novamente milhares de hutus foram
massacrados. Em 1994 houve em Ruanda o genocídio de tutsis, praticado pelos retórico, “porque o sentido das palavras da lei geral não emana de sua letra ou
hutus. dos limites de sua legislação escrita" (...) “as palavras da lei penal são sempre
12. Aroneanu, o primeiro a tratar destes crimes (Champs de Concentratiorj, potencialmente vagas e ambíguas” (Rosa Maria Cardoso da Cunha _ O Caráter
1945), afirma que eles se caracterizam por serem um ato de soberania do Estado Retórico do Princípio da Legalidade, 1979).
isto e, um “ato oficial”. Na verdade, esta característica pertence ao genocídio, que 16B. O Tribunal de Tóquio era formado por EUA, China, Grã-Bretanha,
durante muito tempo foi estudado dentro dos crimes contra a humanidade, tendo, Austrália, Canadá, França, URSS, Holanda, Nova Zelândia, Índia e Filipinas. Ele
entretanto, nos dias de hoje, ganhado autonomia, como um crime específico. Não foi instituído por uma proclamação do General MacArthur, que agiu como Co-
significa isto que 0 genocídio não seja um crime contra a humanidade, entendido mandante-em-chefe das Forças Aliadas, estabelecendo o seu Estatuto que e seme-
em sentido amplo. "“ lhante ao do Tribunal de Nurembergue. Ele julgou 25 acusados. O Presidente do
12A. Sobre os antecedentes acima citados, tem-se observado: a) sobre o caso Tribunal não era eleito pelos juízes, mas nomeado pelo Comandante Supremo.
grego a única fonte parece ser Xenofonte, que e contestado por outros autores O Chefe da Acusação era norte-americano. Cada acusado tinha um advogado
(Plutarco); b) sobre o caso de Hagenbach, “o tribunal era mais confederado do japonês e um norte-americano, o que era contraditório, porque os EUA acusavam
-que internacional” (Woetzel), vez que nem todas as cidades aliadas que partici- os indiciados. OJapão, pretendendo evitar ojulgamento pelo tribunal internacio-
param deste julgamento eram soberanas; c) os precedentes ingleses e norte-ame- nal, com fundamento de que ninguem pode serjulgado duas vezes pelo mesmo
ricanos não eram julgamentos por tribunaisinternacionais. crime, promulgou uma lei de que ele mesmo julgaria os seus criminosos, o que
13. Exemplozjulgamentos ocorridos na Inglaterra e EUA, na segunda metade não surtiu efeito. Houve aindajulgamentos realizados pelos EUA, Filipinas, China,
do seculo XVIII, de indivíduos por terem cometido ofensas internacionais (Woet- Austrália, URSS, Grã-Bretanha, França e Holanda. No Tribunal de Tóqttio, os
zel). criminosos foram conduzidos para os locais em que cometeram os crimes. Assim
14. Ela se recusou a entregar o Kaiser alegando que no caso haveria retroati- o General Tamashita foi julgado e condenado nas Filipinas. -
vidade da lei penal e que o crime era político- A ideia de se julgar o Kaiser partira 17. Existe um projeto elaborado pela Comissão de DI na ONU, mas que não
de Clemenceau. A Holanda não sofretrqualquer sanção por não extraditar o Kaiser teve a aceitação dos Estados. Alguns doutrinadores continuam a luta pela criação
e, na verdade, 0 pedidorde extradição foi meramente formal (Telford Taylor). de tribunais internacionais. Assim, Richard Falk propõe a criação de um tribunal
0-

15. Desde 1942 os governos americano e inglês eram favoráveis a medidas de internacional parajulgar os tiranos por crimes contra os direitos humanos e propõe
punição con tra Hitler. Stalin propunha a execução sumária de vários nazistas. Os um novo crime: “a pilhagem da riqueza pública de um país para fins privados
inglešes e soviéticos desejavam uma solução política que seria a execução ou (crime contra 0 bem-estar e a riqueza pública) "_
aprisionamento sem julgamento. Os EUA queriam a instauração de um processo. U-

Os norte-americanos queriam também julgar os nazista por complõ contra a paz,


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-mas isto não era previsto em nenhum Código Penal e parecia mais uma máscara
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CAPÍTULO xxxt
NACIONALIDADEI
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330 - Sentidos e definição de nacionalidade; 331 _ Natureza juri-


dica; 332 - A nacionalidade e o DIP; 333 - Principios gerais; 334
- Histófrico; 335 -- Nacionalidade originária; 336 -- Nacionalidade
adquiiida.' a) aquisição por beneficio de lei; b) casamento; c) mutações
territoriais; d) 'jus ,lobo-ris ”; e) natu'ralização; 33 7 - Conjlito negativo
de nacionalidade apam'dia,' 338 - Conflito positivo de nacionalidade:
¡boli¡bam'dia; 339 - Perda da nacionalidade; 340 - Reaquisição de
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nacionalidade.

330 - A palavra nacionalidade tem dois sentidos diferentes: a) socio-


lógico e b) jurídico. _ -
Nacionalidade, em sentido sociológico, ,_cor_re§po,nd.e
¡-
dividuos quepossuem a mesma língua,ñraça_,__reliÉão ge, possuem u
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0- ;¿iyaer_en1._CÁ1!1111Ij11", Foi neste sentido que ela deu origem ao princípio das
nacionalidades, em cujo nome foi feita a unificação alemã e italiana. No
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sentido sociológico de nacionalidades, duas correntes se disputam: os au-
tores alemães (Gunther, Claus) realçam os elementos materiais (raça,

língua e religião), enquanto os franceses (Renan, I-Iauriou) realçam o
n.
0
aspecto psicológico (“querer viver em comum”, mentalidade idêntica entre
>
os indivíduos do grupo). A corrente italiana (Mancini) concilia o pensa-
u- mento francês e o alemão. Foi a que adotamos acima.'*`* A nacionalidade
neste aspecto deu origem ao princípio das nacionalidades, que sustentava
o direito de toda nação se organizar em Estado, ou ainda, como defendeu
Mancini, a nação seria o único sujeito de DI. Na vida internacional a
palavra nação já teve vários sentidos, por exemplo, no Concílio de Cons-
É»
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-'.
tança, a expressão nação alemã servja para designar os delegados da Europa
5:
1.!
5'
Oriental; nação inglesa para a Europa Setentrional. Parece que a origem
E.
da palavra nação vem da Idade Média, na Universidade de Paris, onde os

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il
I

aprecia, por exemplo, se a outorga de uma nacioiialitlade a um indivíduo


estudantes se agrupavani conforme a sua origem coinuiii, e cada grupo
foi feita confomie os princípios e normas interiiacioiiais. No caso Notte-
era uma nação. Finalmente, e de se salientar que o fator economico, nao
boliin, a Cl] decidiu que uma nacionalidade, para ser válida no campo
conhecendo fronteiras, fez com que o conceito de nação se tornasse ul-
interiiacional, (leve ser efetiva.”
trapassadod” Esta era a opinião unãniiiie até pouco tempo atrás; entretanto, l
Este instituto é da maior importância para o DI,“ uma vez que a
atualmente tem ocorrido uma ressurgência relativa ao problema das na-
nacionalidade faz com que det-eriiiiiiadas normas internacionais sejam oii
cionalidades: palestinos, bascos, etc.
não aplicadas ao indivíduo (ex.: tratado de imigração que isenta indivíduos
Chaiitebout salienta que é a política de discriminação .do Estado que
faz com que a nação tome consciência de si mesma. Dai dizer este autor: de uni Estado de certas exigências). A nacionalidade vai determinar a qual
“a nação é a comunidade de todos aqueles que são favoráveis - ou pelo Estado cabe a proteção diploiiiática do indivíduo?
contrário, definitivamente hostis - ao Estado ao qual se acham submeti- Para o direito interno 0 instituto também apresenta importância por-
dos”. . que só o nacional: a) tem direitos politicos e acesso às funções públicas;
A nacionalidade, ein seii_t_i_do,_jui;í§i_i_c_o, t-:i__a que Q_Q_§,_Í_1}_§Ê[_ʧ3_[{?:Bʧ_*Éf_Ê_Ê_Ê l›)_tein obrigação de prestar o seiviço militar; c) tem plenitude dos direitos
capítulo. Neste aspecto, o p,rep,o_nd{e_iƒanteLl1.ã0_Õ '‹1'fÍS}§1Íaf1Ê*mí¡-líaqfl-m-Ê*-S¬a privados e profissionais; d) não pode ser expulso oii extraditado. -
do Estado (que pode abranger diversas naçíies). O iiidividuo, que tem A ordem jurídica internacional se interessa diretamente por esta ques-
tziiíâ' ízzõr0zi:zni:afià:¿i‹¿¿sigii:n.¢zi šíšiiéifiíštiqvilíšiéáêc ‹;1.¢...11i<âI13l>*Í°..F%'iPm tão, tanto assim que a Declaração Universal dos Direitos do' Hoinem esta-
E mar Penna Marinho). belece no seu art. XV os seguintes princípios: i ' i
wwwišimdefinição de nacionalidade, no segundo sentido analisado, é a de
_ , _ , . - - z , _ it 2 . '
l “vinculo juridico-politico que une o individuo ao Estado I Esta noÇf10 fi' 1' š “1íTodo homem tem direito a uma iiacionalidacš. Êhlinguém será
aceita poi grande parte da doutrina, como veremos adiante. _ I arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de
331. A natureza jurídica da nacionalidade tem sido objeto de inumeras mudar de nacionalidade.”]
discussoes doutrinárias.
A corrente contratualista teve a sua frente Weiss, que sustenta ser a O art. 24 do Pacto ln ternacional de Direitos Civis e Políticos determina
nacionalidade um contrato entre o indivíduo e o Estado. Deste contrato que “toda criança tem direito a adquirir uma nacionalidade”.
bilateral resultariam direitos e deveres para os contratantes. Esta teoria e A convenção interaniericana de direitos do liomem estabelece: a) toda
insuficiente para explicar o fenônieno da nacionalidade, uma vez que o pessoa tem direitos a uma nacionalidade; b) toda pessoa tem direito ã
recém-nascido também a possui. Ora, não podemos admitir que ele conclua nacionalidade do Estado em cujo território nasceu se não tem direito a
um contrato, e este pressupõe manifestação de vontade, que o receni-nas- outra nacionalidade; c) ninguém será privado arbitrariamente de sua na-
cido nao possui. _ I _ , _ cionalidade, nem do direito de niudá-la.
Alguns autores salientam que a nacionalidade e um vinculo juridico Diante das observações acima, podemos concluir que a nacionalidade
(Kalthoff). Outros declaram ser um elo político (Rodrigo Otávio): tem Qinterrio_e o iiiternacionalf*
Na verdade, ela é ao mesmo tempo um'ví-nculo jurídico e político que Ê de se assinalar no tocante ã tendencia ã internacionalização deste
une o indivíduo ao Estado. E a posição. seguida por Podestá Costa, Pontes tema, que foi concluída em 1997 uma convenção européia sobre naciona-
de Miranda, Clóvis Beviláqua. Ela é jurídica e política no sentido de que lidade, em Estrasburgo. Ela determina, entre outras coisas, o seguinte: a)
há ao indivíduo direitos e deveres de um modo geral e, em especial, direitos a legislação sobre nacionalidade é de competência do estado. Os demais
políticos. Neste último aspecto, ‹_)+¿iH'‹_2t_ç_1'_ÇzI1,1ãg_l___i_I}__tegTÍ‹f1 23 _¬f0I1l21dF'-`_ €Sí2!U=1_l-_E>í1..$.1§ estados devem respeitar a legislação; b) cada iiidivíduo tem direito a urna
nina: relação , CLe,.p;QLl.eL4:l.o.cÉ.sL2ši§1O,,_S.Q.l2.£§..9;_,Â_1f_1_Ê_l ” nacionalidade; c) o casamento não é inodo de aquisição e nem de perda
~- ~-' 332. A nacionalidade é assunto que durante loiigo tempo pertenceu de nacionalidade; d) o estado deve dar a sua nacioiialidade aos recéin-nas-
. 1 v ' U' ' " ' ° - 4 _
exclusivamente ao dominio da jurisdição domestica dos Estadosq Entre cidos no seu território que de outro modo seriam apátridas-
tanto, a partir de 1930, as convençoes sobre os assuntos relativos a nacio- 333. A nacionalidade possui alguns piincípiosgigeijaisjque,¿ i'eg_ei1_1__ _
Lirialidade se têm sucedido. O que não acarre .-!l1C,19_¬ šâ,1nL¢1`11§-£1211ÊÍ.___
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apesar de não serem alguns deles absolutos. Podem ser resumidos nos
.izaçäa §1¢St‹;:.ii1§.Liiv__i._._t0
mas flgengiâ algvflâdvs S¢US_=%ãP@¢í°.S P?S§?1Í“P? a ciel; seguintes:
reäšlamentados elo DI. A nacionalidade e assunto que o Estado regula-
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menta pelas suas proprias ”leis. A ordem juridica internacional apenas \
Foi enunciado pelo Instituto de DI, na sessão de Cambridge, em 1895.
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exerce um controle sobre estas leis quando surge um litigio intemacional; :id:- t

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l-'ste na pratica. não é respeitado. constituindo-se em um ideal da sociedade A nacionalidade originária é aquela que o indivíduo tem em virtude
internacional; do nascimento. Existem três sistemas legislativos atributivos de nacionali-
b) a nacion-¿l1`;lad '~ ` ` " ' . Tem-se abandonado as nacionaliza- dade originária: “jus soli”, “jus sanguinis” e o sistema misto.
çöes" e desnacionalizacöes coletivas. Ela atinge apenas o indivíduo e não ..,í._i.-í- A “jus soli” é o sistema que da ao indivíduo a nacionalidade do Estado
s : em cujo território ele tenha nascido. E um sistema adotado na Argentina,
c) a nacionalidade não éjpjergni-anelnte, tendo oindivíduo, em conse- Austrália, etc.
q iien cia, ovdireitoj dejjnjiudfzy; ,läQi, ;
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O “jus sanguinis” é o sistema que da ao indivíduo a nacionalidade dos
d) é assunto, de um modo geral, da competência do Estado, sujeito seus pais, independentemente do local em que tenha nascido. A denomi-
em certos casos ao “controle” e às normas internacionais. nação deste sistema não é correta, uma vez que não é 0 sangue que da a
334. Na Antiguidade Orienjtalçe Clássica o critério atributivo de nacio- nacionalidade, mas a filiação.” Nibovet propôs que fosse denominado
nalidadefera o “jus sanguinis”, isto é, a nacionalidade era dada em virtude direito de filiação. o sistema adotado na Arábia Saudita, Áustria, Bélgica,
da filiação. Nestes períodos da História, a família era a verdadeira base de etc.”
toda a organização social. O Estado, em Roma e na Grécia, era o prolon- r- w-_ «ú-I u-._-v
O sistema _1_11i_stQ combina os dois* s_i§temas*enunciados acima. E o
1

gamento da família. Deste modo, o indivíduo pertencia primeiro ã família


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adotado na Colômbia, EUA, etc. E MEE- E E
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e depois ao Estado. Na verdade, o que se pode concluir é que praticamente nenhum Estado
No Egito, em Israel, na Assíria e na Índia (Código de Manu), o “jus ado;ta___Q “jus soli” ou o “jus san_gu_i__1_1_is_'_'_ de nliodo exÊÍusivo."TÕidos"ãbren1
sanguinis” era o sistema atributivo da nacionalidade. Na Grécia, o indiví-
exceções ao sistemaãiqiue adotam como regra geral.
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O Brasil adota o “jus soli" tradicionalmente, mas atualmente são tan tas
duo, para poder naturalizar-se, deveria primeiro ingressar em uma família 1
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1'
as exceções em favor do “jus sanguinis” que se pode dizer que adotamos
do Estado cuja nacionalidade ele pretendia adquirir. Em Roma, o indivíduo
Q sistema- misto. A legislação nacional (art. 145 da Constituição de 1969 e
só era considerado romano se o pai fosse romano.9 O “jus sanguinis”
a Lei ng 818, de 18-9-1949)” estabelece que são brasileiros os nascidos no
ter-se-ia espalhado pelo resto da Europa através das conquistas de Roma. :~
i Brasil.” Entretanto, nós abrimos algumas exceções ao “jus sanguinis”: a)
No per al vai predominar outro sistema atributivo de na-
os filhos de brasileiro ou brasileira, nascidos no estrangeiro se os pais
cionalidade, o fjussoli”: o in,di3'íd11o.í ®_dfi nascell-Ni ~.

estiverem a serviço do Brasil; b) quando não o estão e vêm residir no Brasil


¡:
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Esta predominância tem as suas raízes na organização econômica e social .H
a

antes de atingir a maioridade; ou ainda os nascidos no estrangeiro de pai


do feudalismo medieval. A terra era coiisiderada a maior riqueza e símbolo
ou mãe brasileiro e registrados em “repartição brasileira competente no
do poder. Diversas normas e institutos (“jus albinagi”, “jus naufragi“, ¬-¬1;'_r ~'Tr'1 -.n_n_-A-1
\. Exte1¬ior”;'7 c) não são brasileiros os que nasceram no Brasil de pais es-
etc.)“ surgiram desta posição em relação à teima. A nacionalidade apenas
F trangeiros que aqui estejam a serviço do seu país.”^ Como se pode observar,
acompanhou a orientação geral.” ~_ _
o Brasil adota o sistema misto.
.Eancesa, "'1_É? ndoçcóntra tudo que fosse remanescente A Constituição de 1988 mantém, no seu art. 12, os mesmos princípios.
F
do , abandonbufó jus soli” e fez ressurgirfo “jus ,s:&t1_1,g1,i,1_1iS,.”,, L

Alguns comen tãrios podem ser formulados. O primeiro é o qug nascido


que é consagrado no Código de Napoleão. E O de pais eçstrangeçiros em ae_ronave _._.8@S1Pfi
A independência dos Estados da América faz com que o “jj1Vs_s_C2lj'_Í_ç_§_Çj21
11 .f55I` .‹;1' _..S.›_<2_f.›.1;‹í-=›:Q.‹'i 11.‹.1.1_‹.:_›.._9- .t.<-;1;r1I0f10
`
_`Q1_*_asile_i¿'Q__é__bifasileiro nato. A mesma hipótese pode ser aplicada ao navio
no a'íse§“dióÍNÊÊÊM%lo*, sendo regiões de imigra- que exerce _o __‹_:lii*"_eiÍto.ideipiissagem--inoeeiite. no. ma1í__te;j_r,itgri_a_I brasileiro O
çãihoi_i_l_É¿¡1:1iii'i'rite1'esse em toriiar os estrangeiros membros da comunidade que nos parece um exagero, vez que uma criança estrangeira entrando no
nacional 0 mais rápido possível. Daí a adoção do “jus soli”¿ Por outro lado, território brasileiro com um mês de idade será sempre um naturalizado.
se este sistema não fosse o adotado, haveria no nosso continente grandes _]. Dolinger aponta um outro caso: o filho de brasileiro registrado em
quistos sociais que estariam sujeitos ã proteção diplomática dos seus Estados consulado será sempre brasileiro, sem precisar entrar em nenhum. mo-
nacionais. . mento de sua vida no Brasil. Ê
A Europa, ao contrãrio', sendo zona de emigração, teve interesse em I' . A nacionalidade prova-se por meio de certidão de nascimento do
manter o “jus sanguinis”, uma vez que deste modo ela mantém um certo
|.

¬-
registro público, onde são registrados os nascimentos, nos termos do art.
controle sobre os que tenham emigrado e seus descendentes. .`.|
' .\'|
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12, I, do Código Civil. Entretanto, o registro não atribui a nacionalidade
355. A nacionalidade pode ser: originária e ad uirida. T1

(Oscar Tenório). E a própria prova da nacionalidade brasileira pode ser


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dada; na poi' permissão da lei, ao contrario. a iia‹'i‹›iialidade. mesiiio que


feita por outra certidão que não seja a de nascimento (ex.: c_ei_'tidão de
ela já seja do iiidivídtio, ele só a conseiva após ter niaiiifestado a sua
casamento). A finalidade do registro é apenas a de “dar publicidade do vontade. A Constituição brasileira de 1969, na letra ‹' do seu inciso l, do
estado civil da pessoa”. _ art. 145, prevê caso de nacioiialidade adquirida por permissão da lei. ao
336. A nacionalidade adquiridaçé aqjiela que o incliví_diioJ)assa apossiiii' estabelecer: a) que são brasileiros os filhos de brasileiro ou brasileira que
posteriormente ao seu nascimento ou, jainda,jquando parajjcoiiselvlfujil nasceram iio estrangeiro e vierem a residir no Brasil antes de atingir a
nacioiiali`i1'ãTle ele tar a siiajvojntade. La Pradelle propos inaioridade. l ” Entretaiito, o indivíduo para conseivar a nacionalidade bra-
que elaifõsse denominada de nacionalidade secundária, uma vez que toda sileira deverá “optar por ela, deiitro de quatro anos” após a nacionalida-
e qualquer nacionalidade é adquirida seja ao nascer, seja posteiio_rmente. def" b) outro caso é o do art. 145, b, ii* 1, da Constituição de 1969, que
Feita esta ressalva, inanterenios a expressão nacionalidade adqiiirida, que estipula: “os nascidos no estrangeiro, que hajam sido admitidos no Brasil
é a consagrada. durante os primeiros cinco anos de vida, radicados definitivamente no
O iiidivíduo pode adquirir uma nacionalidade diferente daquela que território iiacional. Para preservar a nacionalidade brasileira, deverão ina-
ele tem pelo nasciniento por diversos modos: benefício da lei; casamento; nifestar-se por ela, inequivocamente, até dois anos após atingir a maiori-
naturalização; “jus laboris”; nos casos de mutações territoriais (cessao, dade”. A Constituição de l988 alterou profundamente esta norma ao
anexação); o “jus doinicilii”. eliminar o prazo de quatro anos para a opção, estabelecendo que a opção
pode ser feita “ein qualquer tempo”. Na verdade, surge um problenia:
a) Aquisição por beneficio da lei _ qual a nacionalidade até que seja feita a opção? A meu ver- ele é brasileiro.
I
como o era na vigência da Constituição anterior. Coiitudo, reconhecemos
Na verdade, esta denominação não é iiiteiramente correta, uma vez que esta interpretação tim todo e qualquer valor ã opção- Entretanto, há
que nem sempre a concessão da nacionalidade por meio de tim texto uma norma de hermenêutica que afirma ter toda palavra em uma lei efeito
legislativo é considerada pelo indivíduo como sendo um “ benefício” e ele útil. Neste caso a nossa interpretação poderia produzir este efeito quando
a declina. se tratasse de tributação após a morte do indivíduo, vez que há países que
A aquisição de nacionalidade por beneficio da lei se apresenta de duas tributam os bens de estrangeiros de maneira diversa. Entretanto, se ele é
foimas: 1) pela vongiçle ng le_i e 2) pelaJ;ermiS}§Q £¡_'‹}_JÊi.(AC<§¿0l}')- brasileiro duran te a vida não poderá mudar de status após a morte. Acresce
A aquisição de nacionalidade pela vontade da lei éaqjiela em que_os_ ainda que a Constituição anterior dava o prazo de quatro anos para opção
indivíduos a gLue;a__l_çi,,se¬,dirige passam a ter a nacionali ll1eS 6 I
após a maioridade, mas a jurisprudência derrubava este prazo consideran-
dada independentemente de ual uer manifes ' 121 do-o meramente formal, sendo essencial a proteção do brasileiro._ Assim
sendo, vamos violar a norma de hermenêutica e considerar a opção como
parte. Ela pode ocorrer na legitimação (França), na adoçao (japao, aiite-
E
não produzindo qualquer efeito.
riormente ã Lei de 1950). - _
A revisão constitucional de 1994 alterou esta matéria eliminando 0
No Brasil, apenas em raros casos existiu esta forma de concessão de
registro em repartição consular, bem como que a residência no Brasil seja
nacionalidade Todos eles ocorreram na Constituição de 1891 e na epoca
antes da maioridade. Ela estabelece que são brasileiros natos: “os nascidos
levantaram protestos dos Estados estrangeiros: a) o art. 69, alínea 4” a
no estrangeiro, de pai ou de mãe brasileira, desde que venham a residir
estipulou que todos os estrangeiros que estivessem no Brasil quando a
na República Federativa do Brasil e optein em qualquer tempo pela na-
República foi proclamada, seriam brasileiros, a não ser que no prazo de
cionalidade brasileira”.
seis meses após a vigência da Carta Magna declarassem, expressamente,
Corre no Congresso Nacional emenda constitucional restaurando 0
que queriam ficar com a nacionalidade quejá possuíam; b) art. 69, alínea I-
registro em repartição consular dispensando a opção.
5ë, determinou que seriam brasileiros: “os estrangeiros que possuem bens
imóveis no Brasil e forem casados com brasileiras ou tiverem filhos brasi-
b) Casamento i
leiros, contanto que residam no Brasil, salvo se manifestarem a intenção
de não mudar de nacionalidade”. 2
Eni al@n1as legislações a mulher ajdgquirñe pelo casajmejntjoja naciona-
A aquisição por permissão da lei” ef; a nela em ue o¬i,i_idivíduo ara
adquirir ou conservar um acionalidade, necessita de manifestar a sua E
o. Alegava-se ein seu favor a unidade da família.
Sobre este modo de aquisição de nacionalidade, as legislações podem
v__'______ç_. Ela se distingue da anterior no seguinte: na a 6 3 61
ser classificadas em diversos grupos. Como exemplos podemos citar: a) a
o indivíduo passa a ter uma nacionalidade sem manifestar a sua vontade; :Ã
esta, entretanto, pode existir para recusar a nacionalidade que ja lhe foi mulher passava a ter automaticamente a nacionalidade do marido (Ale-
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A naturalização é um ato de soberania interna do Estado e. portanto,
manha); b) o marido ou a mulher podem adquirir a nacionalidade pelo
assunto regulamentado pela legislação interna. No l)l existem poucos
casamõnto desde que assim declarem (Bulgária na Lei de 1948); etc.
princípios sobre ela. O primeiro a que devemos nos referir é o lixado no
Aglegislação lirasilehfa não conhçeceçeste modo deçaqtlisiçáo dg nacip-
caso Nottebohiiifl pela Cl_], de que a nacionalidade deve ser efetiva, apli-
Esta é a tend‹'5:ncia mais moderna que está consagrada no art. 6”
canclo-se, evidentemente, esta regra ã naturalização. O segundo princípio
da Convenção sobre Nacionalidade de Montevidéu de 1933.
é que um indivíduo não pode adquirir a nacionalidade de um Estado
A Convenção sobre a nacionalidade da mulher casada (1957), con-
estrangeiro por naturalização, se residir no Estado de quejã é nacional.”
cluída sob os auspícios da ONU, estabelece os seguintes princípios: a) 0 I'
r
O terceiro princípio é que alnaturalização não temg_efeito_retroativo, isto
casamento ou a sua dissolução não deve afetar automaticamente a nacio-
nalidade da mulher; b) a mulher estrangeira casada com nacional pode
éi «la pf0_d_u2_-¢f‹f_i19§.partir Cl.f‹.1. §.i.1;‹â1..‹§:.9_1_i,‹_1,i§š§á,0-Í'**`*Í, 1 E Ú
A¶11_au1rz_ilii_z;açãqoLit¿egmcomo efeito niaisniiifpioitan te o de dar a naciona-
adquirir a nacionalidade do marido se a solicitar através de um processo ¡-
lidade ga um indivíduo q_tt_ç;,:einé_ç_Q_riseqfimperde-ía-sLia-nafiQiíÃl_Í.Íl2i.Ç1e
especial de naturalização; c) a renúncia ou aquisição de nacionalidade "\h:F

ãnÍerior.fiZ'“ Este piinicípio está consagrado nos arts. 1” e 29 da Convenção


pelo marido não altera a da mulher. ‹_¬~w-v

aë'M'5úT¢¬.›idéu de 1953.
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Este modo de aquisição de nacionalidade não tem a natureza jurídica
c) Mulaçoes territoráafis
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de um contrato, apesar de ela se revestir de um aspecto bilateral. Na
6'
verdade, ela é um ato de soberania do Estado que a concebe. Ela é um
Nos casos de cessão ou anexação de território a um Estado estrangeiro, ¡-
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1
ato que o Estado pratica no seu próprio interesse. A vontade do indivíduo
os indivíduos podem mudar de nacionalidade. ' «-
Í só tem importância para iniciar o procedimento da sua concessão. Não
i.
É dado aos habitantes deste território o direito de opção, que lhes existe um acordo de vontades entre o indivíduo e o Estado.
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permite declarar a nacionalidade que pretendem ter: a antiga nacionali- No Brasil, a concessão de naturalização é ato do Executivo.26 Em outros
dade ou a do anexante. países, é ato do Legislativo (Bélgica) ou do judiciário (EUA, Argentina).
É interessante observar que nos tratados em que o Brasil “permutou A naturalização como regra geral somente atinge o naturalizado, isto
territórios” como o Tratado de Petrópolis, nada se dispôs sobre “ aquisição i é, ela obedece ao princípio de que a nacionalidade é individual.
de nacionalidade”, e não houve para os habitantes mudança de naciona- i; No DI não tem sentido a distinção entre nato e naturalizado (Francisco
lidade, “continuando de pé o princípio latino-americano de inexistência '›. Rezek).
de nacionalização coletiva automática em caso de cessão de territórios” r
No Brasil a naturalização está regulamentada na Lei ng 8.815 de 18-8-80
(H. Valadão). F' (Estatuto do Estrangeiro) no art. 110 e segs.
A Lei ng 6.192, de 19-12-1974, eliminou toda a distinção entre brasileiro
d) 'jus laboris” 7fflfif'
\"'Í'f
§'¡'i'.
'.". 'I fi nato e naturalizado. Nas leis e decretos passa a ser apenas brasileiro.
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-._.___ Entretanto, permanecem as restrições consagradas no texto constitucional.
337. A apatrídia é um dos aspectos do Dl que se procura eliminar,
Em algumas legislações se prevê que o indivíduo adquire a nacionali-
uma vez que esta situação viola um dos direitos do homem, que é o de
dade por exercer função pública (Haiti -- Lei de 1907); ou mesmo por
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I todo indivíduo ter uma nacionalidade. Ela, entretanto, não é um “ilícito”


exercer quaisquer funções, mesmo de natureza particular, no Estado (Pa- ___.. -
internacional, ao contrário, é admitida e reconhecida pelo DI (Lanter-
i
namá _ Constituição de 1904). A_nacionalidaC1¢,d0,YaJjLano_é-em~pi=i-t1- "\ pacht). Esta observação decorre do fato de que o DI proíbe aos Estados
cípi|o___aQ aLdewmpehhauim£u¿1g3_es (nacionalidade fun- elaborarern leis que ocasionem a apatrídia. A luta para se eliminar a figura
cional). Francisco Rezek contesta esta afirmação, dizendo que os dignitãrios do apátrida tem também um aspecto social: é que entre tais indivíduos
da Santa Sé conservam as suas nacionalidades de origem e apenas recebem eram recrutados os anarco-terroristas, uma vez que eram geralmente ho-
uma “proteção funcional”. No Brasil, este modo de aquisição de naciona- mens sem nenhum sentimento ou noção de pátria.
lidade não existe. Entretanto, ele torna a naturalização “mais fácil” (Penha Em Roma já existia a figura do apãtrida, havia uma categoria de
Marinho). .-
estrangeiros que entrava nela, a dos “peregrini sine civitate”. Por outro
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lado, a dos “dediticii”, sem gozar do “jus civile" e da proteção de uma lei
e) Natfufraiizaçao
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nacional, muito se aproximava do apátrida moderno.
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No período medieval e na Idade Moderna o apátrida desapareceu.”
É a cpncessão, pelo Estado, .df;s11a.na.cLQt1aliC121Çl§jã .l11ÍI}_,$_í`51,,TÍ¿{1_5ffÍ_1`0› Foi no século XIX que a apatrídia passou a existir com as inúmeras
quando esiteia requer.” . _ , E
=!fi¿'.=l':;ä-s ".' legislações de nacionalidade no império alemão. No nosso século, o fenô-

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muito pouco do seii direito quase absoluto de legislar sobre iiacioiiali(la‹le.
iiieiio se agravou com as guerras mundiais, ocasionando o deslocamento
A riiellior solução para se acabar com a apatrídia seria de se adotar o
de pessoas; a revolução comunista na URSS, 0 nazismo na Aleiiiaiiliae o
critério do domicílio para se atribuir a iiacioiialidade
fascismo na Itália, uma vez que todos que fugiram a estes sistemas politicos
O apátrida está submetido ã legislação do Estado oiide ele se encontra.
perderam a sua iiacioiialidade. _ v _
A denominação de apãtrida para aspessoas sem nacionalidade foi Ele é regido pela lei do domicílio; em falta deste, pela da residência. Em
1954, sob os auspícios da ONU, foi concluída uma convenção, em Nova
criada por Charles Claro, advogado no Tribunal de Apelação de Paris, em
1918. Na Alemanha, eles eram denominados de “heimatlos' , sem palrlël, Iorque, que deu aos apátridas os mesinos direitos e tratameiito que recebem
ou de “staatenlose” (sem Estado). Na liiglaterra, de “statelessness”. Ouutras os estraiigeiros no território do Estado-”
denominações foram propostas, como a de “apolidi” (italiana),_a de apo- 338. O conflito das leis de nacionalidade pode provocar o_a_paçrecinieii-
litia” (Moreira de Azevedo), a de apatiia (Ilniar Penna Marinho), etc. , que senipre existiu na História: Grécia, Roma, e perdura
até hoje. Polipátrida é o iiidivíduo que possui mais de uma iiacioiialidade.
Entretanto, a de apátrida e de apatrídia foram as coiisagradasnas conven-
_ A palavra polipátrida é passíve1'_da mesma crítica que fizemos ã de
ções interiiacionais e por grande parte da doutrina (François, Vichnšdfrz
apátrida, isto é, pátria é um conceito subjetivo; em conseqüência, o iiidi-
etc.). Entretanto, este iiltirno autor citado assinala com razao que a palavra
\§íduopod§.:mLmäB; e, mas apenas uma pátria.
“apátrida” não é correta para designar o fato a que ela se refere; N21
A polipatrídia pode ser ocasionada por diversas causas, como 0 conflito
verdade,.a pátria é um fator subjetivo e nada impede que um individuo
entre 0 “jus sanguinis” e o “jus soli”, aquisição de nacionalidade pelo
sem nacionalidade considere subjetivamente que determinado Estado e a casamento, etc. Inúmeros problemas surgem com a polipatrídia, como no
sua pátria. _ _ serviço militar, na proteção diplomáucífg etc. Em 1930, na Conferência
Q apátrida é o indivíduo que iiãotein nacionalidafle. A melhor clas- Elie Flaia, foi conãliiíãa tima convenção lí' concernente a certas questões
sificação dos apátridas é a dada por François: a)Fos que ,HU[1§ff_1_Q$LfiÊ'‹,1[__n relativas aos conflitos de leis sobre a nacionalidade”, onde se fixaram certos
nacionalidade eg fg) osççque já tiveram nacionalidade; mas a pe_i;deif'ahi1i_. princípios sobre a polipatrídia: a) a proteção diplomática não pode ser
Iliversosñfatores pocleiníiocasiõnar a apatrídia: óí)_co_ni:lito deleg1Sl21Ç<I_>fi5 exercida por um Estado de que o individuo é nacioiial em relação a outro
consagrando “jus soli” e “jus sangui11iS”; Õ) 0 1nd1_V1_dlf°_ se naturapza Estado de que ele também seja iiacional; b) cada Estado tem o direito de
nacional de um Estado, perde a sua nacionalidade originária e, pos_lf-'¶`101" 1
considerar o polipátrida como seu nacional; c) em um terceiro Estado O
mente, a naturalização que lhe foi concedida é retirada; c) fatores p0l1_t1COS, i

polipátrida deverá ser tratado como tendo apenas uma nacionalidade; d)


como a legislação da revolução comunista, que retirava a nacionalidade E-t
0 .polipátrida pode renunciar a uma nacionalidade que ele tenha adquirido
russa dos emigrados, etc. ' ,P _ _ I _ sem manifestar a sua von tade, se o Estado permitir, e esta autorização deve
O mundo jurídico internacional tem procurado eliminar a apatfldlä, rw'nf:fru-
ser dada quando ele tiver a sua residência habitual no exterior.
pelas razões a que já aludimos, e tem dentro desta orientação conCll11C10 De um modo geral, se deverá considerar 0 polipátrida como nacional
convenções internacionais-” Em 1930 foi fixado em Haia um protocolo do Estado onde ele tem o seu domicílio, e se ele não tiver domicílio ou
J.
sobre “um caso de apatrídia”, em cujo art- 19 se deternnnava que nos z

residência em nenhum dos Estadps de que ele é nacional, ele deverá ser
países que adotasseni o “jus sanguinis" o indivíduo com mae nacional do Í
É
considerado nacional do Estado que figura em seus documentos.
Estado onde nasceu e pai sem nacionalidade terá a nacionalidade díiqmae. ¬.

l'
A China não reconhece a polipatrídia e em um tratado com a Indonésia
Eni 1961, em Nova Iorque, foi concluída, sob os auspícios da”ONU," uma
“convenção para a redução dos casos de apatrídia no futuro . Ela afirmifli (1955)_ consagroii que a pessoa com dupla nacionalidade pode escolher.
Em 1963 o Conselho da Europa concluiu uma convenção sobre a
como um princípio na matéria, que o indivíduo só' perde a sua naciona-
lidade originária quando tiver adquirido outra e, ainda, que -0 individuno redução dos casos de pluralidade de nacionalidade e.sobre a obrigação
adquirirá “a nacionalidade do Estado em cujo territorio liaja nascido ; militar em caso de pluralidade de nacionalidades, estabelecendo, entre
nos casos em que se não for adotado o “jus soli”_ ele sera considerado
jin

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tzf outras coisas, que todo indivíduo que possuir a nacionalidade de dois ou
5'

apátrida. Entretanto, a convenção ainda admite a existencia de certos casos


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cf.
1.
mais Estados só é obrigado a prestar o serviço militar em um Estado.
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de retirada de nacionalidade” por parte do Estado que pode 0C21S101”1'‹1f H Ci


*\ O Brasil deu a sua adesão ao protocolo relativo às obrigações niilitares,
apatrídia, por exemplo, a residência de um naturalizado por longo tempo \5E concluído em Haia, em 1930, que estabelece que o individuo com duas
no estrangeiro e quando o naturalizado tem uma atitude de deslealldade nacionalidades que prestar serviço militar em um Estado fica isento de
com o Estado. A doutrina tem acrescentado ainda como sendo possjvel a fazê-lo no outro. °
=;i.›z:,r¢.›;.,'
a1i.~é.›z`.›t O melhor sistema para se terminar com a polipatrídia seria o de obrigar
retirada da nacionalidade por parte do Estado quando a naturalizaçao' foi L

obtida por fraude.” O que se pode assinalar é que os Estados renunciam os polipátridas a optarem por uma nacionalidade, e esta opção teria efeito
1

_ 963
NOTAS
tilirigatóiio para os Estados. Esta sugestao que _teni sido piopoeta pela
doutriiia é um simples ideal. Na Espanha e admitida a_reniiiicia a nacio- 1. llniar Penna Mririiilio _ Tratado sobre a Nacionalidade. 4 vols.. 1956-1961;
nalidade espaiiliola quando o individuo tem outra iiacioiialidatle. _ _ Pontes de Miranda _ Nacioiialiclacle de origein e Naturalização no Direito Brasi-
pOd¿.¿-5¢ resolver, como \¬i_iios acima_, a qi_iestz¿io_iia ordem intei iiacleiia leiro. 1936; Vasco Taborda Ferreira _ A Nacionalidade. Algiins Aspectos Funda-
do polipátrida com a aplicacao da nacio_nalid_ade efetiva (Lapenna). _ mentais. 1950; P. Weiss_ Natioiialitv and Statelessness in International Law, 1956;
339. O indivíduo pode perder a nacionalidade por di__versas razoes._a) E. Bourbousson _ Droit Général de La Nacionalité dans les Cinq Parties du
Monde, 1931; A. Dardeau de Carvalho _ Nacionalidade e Cidadania, 1950; Albert
ao adquirir outra por beneficio da lei; b) iiattiralizaç'a0_;"`_ C) PUT Cff550g5
Geouffré de La Pradelle _ De La Nationalité d'On`gine, 1893; josé Peré Raluv
oii anexações territoriais; d) pela rent'incia;'*” e) por puiiiçao. _ Derecho de Nacionalidad, 1955; R. Botilbés _ Droit Français de la Nationalité,
A Lei ng 818 estabelecia como causas que ocasionain a per_da da iia- 1957; Rolaiido Qiiadri _ La Subbditanza nel Diritto Internazioiiale. 1936; Daiiiel
cionalidade brasileira (art. 22): a) a aquisição de outra nacionalidade por de Folleville _ Traité '1`héoriqiíe'_et Pratique de la Naturalisation, 1880; Higino
iiaturalização voluiitária; b) “que, sem licença do Presidente_di_i; l_š,__epu_bl1C'‹1, Arbo _ Ciudadaiiia _v Naturalización, 1926; Ferdinand Marc Dufour _ La Double
aceitar de governo estrangeiro comissão, emprego 01: Pff115'¢_10 š` C) 9119 Nationalité, 1933; 1-1. F. van Panhuys _ The Role of Nationality, in lnteriiational
por sentença judiciária, tiver cancelada a iiatiiralizaçao, por eXeTC¢f HUW* Law, 1959: Santiago Torres Bernárdez _ Conférence des Nations Uiiies pour
1'Elimination ou la Reduction des Cas d*Apatiidie dans l'Avenir, in AFD1, 1962,
da`de iiociva ao iiiteresse iiacional”. No Brasil nunca ocorreu este caso._
págs. 528 e segs.; A. N. Makarov _ La nacionalité de la femme marieé, 2'-ri RdC,
A Coiistituição de 1988 consagra apenas dois casos de perda da nacio- 1937, vol. 11, t. 60, págs. 115 e segs.; Eriist Isay _ De la nationalité, in RdC, 1924,
nalidade brasileira: a) cancelamento da “natiira1ização, por sentenÇ?1_l1fd_1' vol. IV, t. 5, págs. 429 e seg.; Marc Vichniac _ Le Statut iii ternational des apatrides,
cial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional”; b) “adquirir iii RdC, 1933. vol. I, t. 43, págs. 119 e segs.; A. N. Makarov _ Rêgles Générales
outra nacionalidade por naturalização voluntária”. _ ~ _ du Droit de la Nationalité, z'-ii RdC, 1949, vol. 1, t. 74, págs. 269 e segs.;_]oseph L.
Nesta parte a revisão constitucional de 1994 realizou substa_ncial_mo- Kunz _ L'option de nationalité, iii RdC, 1930, vol. I, t. 31, págs. 111 e segs.;
dificação. A perda da nacionalidade brasileira ocorre quando o ind1V1d110 Robert Redslob _ Le principe des natioiialités, in RdC, 1931, vol. III, t. 37, págs.
5 e segs.; _]. P. A. François _ Le Problème des apatrides, in RdC, 1935, vol. 111, t.
adquire nacionalidade de outro Estado. Entretanto, nao havera a perda
53, págs. 287 e segs.; Pierre-Louis Lucas _ Les conflits des iiatioiialités, in RdC,
se a naturalização tiver sido imposta por lei estrangeira para que o brasilei_ro 1938, vol. II, t. 64, págs. 5 e segs.; N. Bar-Yaacov _ Dual Nationality, 1961; André
aí residente possa permanecer em seu território ou para que possa ter 0 Weiss _ Traité Tliéorique et'Pratique de Droit International Privé, t. 1, 1907; F.
exercício de direitos civis”. Não perderá a nacionalidade brasileira quando de Castro _ La Nationalité, la Double Nationalité et la Supra-Nationalité, in RdC,
houver o “reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangei- 1961, vol. I, t. 102, págs. 515 e segs.; Ernesto Lapenna _ La Cittadinanza nel
ra”. Este caso era desnecessário ser incluído;-na Constituição, vez que 11210 Diritto Internazionale Generale, 1966; M. Albertini e outros _ L'Ide de Nation,
é naturalização e tecnicamente ele nunca podeiia perder a nacionalidade 1969; Paul Lagarde _ Natioiialé, in Dalloz _ Répertoire de Droit International,
brasileira. _ _ publicado sob a direção de Ph. Francescakis, t. II, 1969, págs. 356 e segs.; josé
Edgard Amorim Pereira _ Noção de Nacionalidade e de Nacionalidade das Pessoas
A perda da nacionalidade é individual; ela nao aunge os fi1hos,_a
Jurídicas de Direito Privado, Instituto de Direito Público, Universidade de Minas
esposa, etc E o que está consagrado no art. 5g da Convenção de Montevidéu Gerais, Caderiios.de Pesquisa, ng 3, t. 1, 1961, págs. 11 e segs.; Aran Karamanoukian
de 1933.38 _ _ _ _ La double nationalité et le seivice militaire, :in RGDIP, Avril-juin, 1974, ng 2,
340. E permitido a um indivíduo que tenha perdido a sua nacionali- págs. 459 e segs.; Roiialdo Rebelo de Brito Poletti _ Da situação jurídica dos
dade que a readquira A Lei ng 818 regulamenta o- _assi_iii_to nos seus arts. naturalizados, in Arquivos do Ministério dajustiça,janeiro a março 1977, págs. 43
36 e 37. A reaquisição não tem efeito retroativo. O individuo readquire a e segs.; juan Aznar Sáiicliez _ La Doble Nacionalidad, 1977; A. Dardeau de
iiacionalidade no mesmo smif-21.5 que possuía antes de perde-la. Carvalho _ Sittiãçãojurídica do Estraiigeiro no Brasil, 1976, págs. 203; Georges
Perriii -- Les Conditions de validité de la nationalité eii droit iiiteriiational public,
Se esta é a nossa posição, devemos assinalar que existe uma grande in Recueil d'Etudes de Droit Iiiteriiational en Hbnimage ã Paul Guggenheim,
discussão na nossa doutrina. Ilmar Peniia Marinho, Oscar Tenorio e jose 1968, págs. 853 e segs.; Mirtô Fraga _ O Novo Estatuto do Estrangeiro Comentado,
Afoiiso da Silva defeiidem a posição que apontamos. _Erit1'et2111l0› P'¿“"°1 1985, págs. 415 e segs.; Nádia de Araujo _ Perda e Requisição da Nacionalidade
Pontes de Miranda, Francisco Rezek e Mirtô Fraga o individuo passa a ter Brasileira, págs. 5_5 e segs.; Luis Roberto Barroso _ Duas Questões coiitrovertidas
direitos de naturalizado. Nádia de Araújo, que também se filia a primeira sobre 0 Direito Brasileiro da Nacionalidade, págs. 43 e segs.; Edgar Carlos de
corrente, observa, com raÍzão,_ que a ser adotada a tese de POHKIS de Amorim _A Nacionalidade, sua aquisição, perda e requisição no Direito Brasileiro.

Miranda, etc., seria transformar a reaquisiçao em naturalização. ._|ã
-.Í
Serviço Militar no Estrangeiro, Conseqüências. Mudanças Propostas, págs. 67 e
li segs.; Jacob Dolinger -- Os Brasileiros Naturalizados no Poder Público, págs. 89
1

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e segs.; todos esses _1rabalhos in A Nova Constituição e o Direito Internacional,

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- Recueil, If-155, p. 4, pág. 23)- Parece que a primeira vez cm que 0 princípio da
(_-um-(li-ii:ição de _]acol› Doliiigcr, l98'7; josé Francisco Rczcleí- Lc Droit Interna- efetividade foi utilizado em nacioiialidade foi no Instituto (lc DI, em virtude da
tional de la Natioiialité. in RdC, t. l9S, 1986, vol. Ill, pags. 553 e st-gs.. separata, eleição, para membro, de um iiiternacionalista que podia ser considerado como
joão Crandino Rodas - A Nacionalidade da Pessoa Física, 1990; Francisco Xavier serldo ao mesmo tempo alemão e austríaco. Louis Renault propôs que o referido
da Silva Guimarães - Nacionalidade, 1995; Patrick Courbe _ Le nouveau droit inembro teria para o Instituto a nacionalidade de que ele se utilizasse realmente
de la nationalité, 1998. Florisbal de Souza Del'Olm0 - O Mercosul e a Nacioiia-
(1888). Esta questão foi levantada em virtude de 0 Dl limitar o iiúinero de membros
lidade, 2001.
de cada Estado. A idéia que a nacionalidade deve ser efetiva já fora consagrada
IA. Semelhante a esta corrente é a definição de nação de Stalin: “Nação é
no Caso Canevaro da Corte Permaneiite de Arbitragem em 1912 (H. Valladão).
uma comunidade de língua, de território, de solidariedade economica e de for-
6. Kelsen diminui esta importância ao salientar que pelo Dl o Estado não é
mação cultural que se exprime por um certo 'carater nacional'.” E de se lembrar
obrigado a distinguir no seu interior estrangeiros e nacionais, isto é. “a naciona-
que para Marx “os proletários iião têm pátria”. E como escreve Manuel Garcia-
lidade não é necessária para o DIP. Nada impede que um Estado não tenlia
Pelayo (Las transformaciones del Estado contemporâneo, 1977): “ se considerarmos
nacionais, o que importa é que ele tenha indivíduos. Esta concepção é revolucio-
que a nação é uma ordem de participação nos bens culturais e materiais, o quarto
nária dentro do pensamento jurídico, uma vez que a nacionalidade tem sido
Estado' parece estar de fato fora da nação".
1B. Por curiosidade podemos repetir um provérbio europeu citado por Karl considerada essencial ao Estado. Por outro lado, a proteção diplomática, instituto
Deutsch: “ztima nação é um grupo de pessoas unidas por um erro comum acerca da maior importância no Dl, está baseada na nacionalidade.
de seus antepassados e um desgosto comum por seus vizinhos”.. Ou ainda a de 7. V. Capítulo XXII.
Barrès: “A nação é a posse de um aiitigo cemitério e a vontade de fazer valer essa ` '8. Talvez o ideal do mundo jurídico internacional seja a supranacionalidade
herança indivisa.” Sobre a nação, ver capítulo Direitos Fundamentais do Estado. (nacionalidade comum) de que nos fala F- de Castro, ainda tão longe de ser
2. Devemos distinguir nacionalidade de naturalidade e cidadania. Naturalida- alcançada. Existe um projeto neste sentido do Instituto Hispano-Luso-Americano
de é meramente o vínculo material (geográfico). Cidadania se refere apenas. aos de Dl.
direitos políticos; entretanto, em alguns países (EUA) esta palavra (“citizenship”) 9. O filho de uma romana com estrangeiro era estrangeiro. O filho de romano
é utilizada como sinônimo de nacionalidade. O passaporte de um soviético tinha com estrangeira era romano. É a figura do "pater familias” que dominando a
como “cidadania” (soviética) e “nacionalidade” (russo, “uzbel‹”, etc.). Tem-se família se torna 0 “critério” predominante para a outorga da nacionalidade.
obseivado que a confusão entre nacionalidade e cidadania advém dos EUA e os 10. A sua origem está no Digesto, um trecho de Paulo (“De verborum signi-
seus autores confundem as duas noções. No Brasil Colônia falava-se em .naturali- Ã
I ficationum” ), onde se declara: “são munícipes os que nascem no mesmo municí-
dade. No Império e na lê República usava-se a palavra cidadania. O primeiro autor pio”. Os municípios são as cidades conquistadas por Roma que tem autonomia
a usar a palavra nacionalidade foi Pimenta Bueno. A partir de 1930 é que sepassou (magistrados, assembléias, etc.) mas que contribuem financeira e militarmente
para Roma (N. Rouland).
a distinguir cidadania, nacionalidade e naturalidade. A partir da Constituiçao de ¬¬-1---¬-1.|y-9
11. V. Capítulo XXVII.
1934 usa-se nacionalidade (I-I. Valladão). f _
12. Os germanos, no período medieval, davam a nacionalidade ao indivíduo
3. Ilmar Penna Marinho, fundamentando-se em lsay, acrescenta que a nacio- rT.'¬v .-\;-

que se incorporava “a certa tribo” (]. Penna Marinho). La Pradelle salienta que
nalidade é também um vínculo moral, isto é, “o apego, o interesse e o amor pelo
no fundo eles aplicavam o “jus sanguinis”.
país”. A nosso ver, este elemento moral não é essencial ã noção de nacionalidade, ã
13. Podemos exemplificar da seguinte maneira o que acabamos de dizer: um
uma vez que inúmeros indivíduos podem ter a nacionalidade de tim Estado e nao I

indivíduo de raça amarela, mas de nacionalidade francesa, o seu filho será francês.
terem qualquer amor pelo Estado nacional. O vínculo moral é, a nosso ver, o que i.
É 14. O “jus sanguinis” não é adotado de maneira uniforme: a) na Espanha, 0
deveria existir na nacionalidade, mas não é o que sempre ocorre. Daí nao incluir- ,. filho de pai ou mãe espanhol é espanhol; b) na França, é francês quem tiver pai
mos tal elemento na definição de nacionalidade, uma vez que ele não é da essência
francês. A mãe só dã a nacionalidade francesa quando o pai não tiver nacionalidade,
deste instituto. A própria Declaração Universal dos Direitos do Homem admite
CIC. '
que o indivíduo pode mudar de nacionalidade. Ora, isto significa, exatamente, a
15. A Constituição de 1969 (art. 145) mantém os mesmos princípios. _
existência, em certos casos, de indivíduos que não têm este vínculo moral (amor,
16. Diante deste princípio, são brasileiros os que nascem no espaço aéreo e-
apego) que o uniria ao Estado.
no mar territorial nacional a bordo de navios e aeronaves iiacionais, bein como
4. Deste modo só estudarenios no presente capítulo alguns aspectos que Li
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rx de navios e aeronaves privadas estrangeiros, 0 que nem sempre é certo, unia vez
interessam ao DIP. -‹
il que o navio estrangeiro pode estar apenas exercendo o direito de passagem
5. A Cl] declarou: “A nacionalidade é um elo jurídico que tem em sua base inocente. Não há qualquer motivo, em nome da paz, da boa ordem e da segurança
um fato social de 'união', uma solidariedade efetiva de existência, de interesse, r.
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x do Estado costeiro para que se aplique a sua lei de nacionalidade. Seria mais
de sentimentos junto a uma reciprocidade de direitos e deveres- Ela é, .pode-se -
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correto generalizar-se a norma aplicada aos navios de guerra em águas territoriais


dizer, a expressao jurídica do fato que o indivíduo ao qual ela é confenda, seja estrangeiras: a criança tem a nacionalidade do pavilhão do navio. Ou aiii_da que
diretamente pela lei, seja por um ato de autoridade, está mais estreitamente ligado .É'F.ÍíTt!I{-1t'f¿5ië_
se aplicasse o “jus sanguinis” seria ainda mais justo do que o “jus soli” nestes
à população do Estado que lhe conferiu a nacionalidade do que à de qualquer casos.
o_ut_ro_ Estado?” (Affaire Nottebohm [Deuxième phase], Arrêt du 6 Avril ,1955; CI] 'I
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25. A Lei DeIbri"ick (1914). na Aleiiiaiilia. pcriiiit ia qui- um alt-iiião coiisenasse
17. Nestes três casos são considerados brasileiros iiatos (art. 145 -- Constituição
fi nacionalidade alemã ao se iiztturalizar nacional de uni l{st'.i‹l‹› estrangeiro. desde
de 1969), e art. 12 da Constituição de 1988.
l7A. Este dispositivojã figurava tia Coiistittiição de 1946 e levantou problemas. que ele solicitasse uma autorização prévia neste seiitido. Esta lei provocou iiiútneros
tendo em vista que a Lei iig 818/49 estabeleceu que "quando tim dos pais for conflitos de nacionalidade e acabou teiido a sita revogação imposta ã Alenizinlia
no Tratado de Versallies. Na Argentina, até a Lei de 1978. que alterou a legislação
estrangeiro residente no Brasil a serviço de seu governo e o outro for brasileiro.
0 filho, aqui nascido, poderá optar pela nacionalidade brasileira...". Este dispositivo anterior, o argentino nato não perdia a nacionalidade ao se iiaturalizar em país
foi considerado inconstitucional por Ilmar Penna Marinho e Pontes de Miranda, estrangeiro. Atualmente. qtiem se beneficia da não perda da nacionalidade ao se
vez que ele abria uma exceção ao texto constitucional. Ajurisprudência, conttido, nattiralizar é o espanhol.
aceitou a constitucionalidade do dispositivo legal (Carlos Roberto Barbosa Moreira 26. A certidão de iiattiralização é entregue- entre nós, pelo judiciário, mas
_- Nacionalidade Originária. A questão da Constitucionalidade do art. 2g da Lei este procedimento visa apenas dar maior solenidade ao ato, tuna vez que a natii-
ng 818/49, z'iiA Nova Constituição e o Direito Internacional, coordenação dejacob ralizas já foi concedida pelo Executivo. A Constituição de 1969 declara que são
Dolinger, 1987, págs. 75 e segs.). Entretanto, há ainda uma imprecisão de redação: brasileiros naturalizados: ri) “os que adqtiirirain a nacionalidade brasileira tios ,Q
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é que. por exemplo. os agentes diploniáticos podem representar Estados de que termos do"art. 6g, números IV e V, da Constituição de 24 de fevereiro de 1891 _:
não são nacionais, desde que 0 governo acreditado dê o seu consentimento. E o b) o caso do art. 145, inciso ll, letra b, ng 2 (já mencionado); c) os que requererem
que estabelece a Convenção de Viena sobre Relações Diploináticas. Parece-nos nos termos da legislação; d) os que forem admitidos nos primeiros cinco anos de
ainda que neste caso ele não será brasileiro. A Constituição deveria stibstittiir “seti vida se estabeleceiido “definitivamente no território nacional” e opteni pela na-
país” por “Estado estrangeiro” oii qualquer coisa semelhante. I»
cionalidade brasileira até dois anos após atingir a inaioridade (art. 145, inciso ll,
18. É também denominada de “iiattiralização extraordinária”, uma vez que letra b, ng I). A Constituição de 1988 estabelece que são brasileiros naturalizados:
o Estado concede a sua nacionalidade sem que tenha sido pedida pelo indivíduo. ct) “os -que, na forma da lei, adquirem a nacionalidade brasileira, exigidas aos
19. Como se pode observar neste caso, o indivíduo já possui a nacionalidade originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininter-
brasileira e, por conseguinte. ao lado dos nascidos no território brasileiro e filhos rupto e idoneidade moral”; b) “os estrangeiros de qtialquer nacionalidade, resi-
de brasileiros nascidos no exterior a serviço do Brasil, eles são considerados bra- dentes na República Federativa do Brasil há mais de triiita anos ininterruptos e
sileiros natos. sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira”. Neste
20. Tem-se entendido que o prazo de quatro anos começa a contar da maio- último caso parece-nos que se a naturalização for requerida o Poder Executivo
ridade civil (21 anos) e não da maioridade política (18 anos). A opção pelo texto não poderá negá-la. A naturalização é um ato discricionário do Estado, porque
da Constituição de 1969, apesar da má redação, era considerada como necessária ele cria as condições que exige. Entretanto, aqui ela não é um ato discricionário
tanto para os registrados “em repartição brasileira competente no exterior” e os do Executivo. A revisão constitucional realizada em 1994 reduziu o prazo de trinta
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não registrados (neste sentido: Haroldo Valladão e Paulino Jacques). Entretanto, Í


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aiios de residência no Brasil para qtiinze anos-
ajurisprudência do STF tem sido no sentido de que os registrados na repartição 27. Vichniac explica este fato: “A nacionalidade estava indissoluvelinente li-
constilar não necessitam de fazer opção- gada ao fato de pertencer ã região dominante, ã fidelidade em relação ã pessoa
21. Na Idade Média se admitia a naturalização, e cabia aos reis conceder as do stiserano, ã residência em um território determinado. Até o século XIX ou
“cartas de naturalização” (]ohn Cilissen - Introdução Histórica ao Direito, 1988). I
quase, não se reconheceti ã nacionalidade um valor independente.” -
22. Este caso versava sobre a naturalização de Nottebohm no Liechtenstein.
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28. A dotitriiia tem observado que, quando duas posições forem possíveis
23. Este prazo, eni regra geral no Brasil, é de quatro anos (art. 124, inciso II, sobre conflitos de nacionalidade, a apatrídia e a polipatrídia, em relação a tiiii
Decreto-lei ng 491, de 1969, e art. 153 do Decreto ng 66.689, de 11-6-1970). Este indivíduo, se deve optar por esta última. Tal fato serve apenas para demonstrar
prazo permanece na Lei ng 6.815, de 1980. A Constituição de 1969 (art. 145, iiiciso como a apatrídia é malvista na doutrina. -
Il, letra ¿›, ng 3) fixa para portugueses 0 prazo de um ano. Um caso interessante 29. A convenção cria um organismo na ONU, a que o indivídtio pode_recorrer
de iiaturalização na nova Constittiição brasileira é o determinado no artigo 145, “para 'examinar seu pedido (de ser protegido pela convenção) e para obter sua
letra b. ng 2, que diz: “os nascidos no estrangeiro que, viiido residir no País antes assistência na introdução do pedido junto ã autoridade competenle”.
de atingir a maioridade, façam curso superior em estabelecimento iiacional e 30. São_muito poucos, ein termos normais. os casos de apatrídia que têm por
requeiram a nacionalidade até um ano depois da formatura”. Neste caso o prazo causa a retirada da nacionalidade por parte do Estado. -
pode ser diminuído (ex.: curso superior de três anos). Este último caso não mais 31. Esta catisa de retirada da nacionalidade tem sido considerada desneces-
está consagrado na Constituição de 1988. _ - sária, uma vez que o Estado sempre teve este direito-
24. Este princípio é da maior importância no tocante ã extradição. O Brasil 32. Uma convenção concluída em 1951 já tratara dos refugiados_e nela estavam
não dá extradição de nacional. Se um estrangeiro cometer um crime e posterior- englobados os apátridas que fossem refugiados. A de 1954 visa atender aos apátridas
mente se nattiralizar brasileiro, ele não se beneficiará -da qualidade de nacional que não fossem refugiados. Sobre o passaporte dos refugiados e apátridas: ver
para não ser extraditado. Neste caso, a extradição é possível, uma vez que a Capítulo XXXVI. -
naturalização- não é retroativa (art. 77, inciso I, da Lei ng 6.815, de 1980). ltí* 33. V. Capítulo XXXV.
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34- I"in:ilnieiite rleveiiios assinalar que no âmbito do Conselho da Europa foi
concluída eni 1963 a Convenção Européia para a solução dos casos de múltipla
iittcioiialida(.le-
35. A Argentina, o Sião e o Egito, verdadeiras exceções, não admitiam que
uni seu nacional perdesse sua nacionalidade, mesmo quando se iiaturalizava em
Estado estrangeiro. A Argentiiia já modificou sua legislação.
36. Tem-se considerado no mundo jurídico internacional que a renúncia só
deve ser admitida se o indivíduo adquirir outra nacionalidade. O Brasil não a
admite-
37. Pode-se observar sobre este dispositivo a respeito de funcionários brasilei-
ros, em embaixadas e consulados estrangeiros, o seguinte: ri) quando o indivíduo
integra o quadro de funcionários do Estado estrangeiro e não pediu licença ao CAPÍTULO xxxii
Presidente da República para exercer estas ftinções, ele perde a nacionalidade A-

brasileira; b) quando o brasileiro não integra o quadro de funcionários do Estado PRINCÍPIOS E NORMAS AÇERCA DA REPRESSAO
estrangeiro e a sua remuneração é por serviços prestados (ex.: serviço de advogado), DOS DELITOS NAS RELAÇOES INTERNACIONAIS*
não há perda da nacionalidade brasileira.
n
¡-

A função ou coinissão do Estado estrangeiro, mesmo que seja gratuita, acarreta


a perda da nacionalidade brasileira, quando é exercida sem licença do. Presidente 34I _ Direito Intemacioiial Penal e Direito Penal Intemac¿o'naZ; 342
da República. Oscar Tenório observa que “o serviço de advogado brasileiro a _ Introdução aos dzferentes sistemas; 343 - Sistemas de teiwitoriali-
governo estrangeiro” não acarreta a perda da nacionalidade brasileira e que a dade; 344 _ As normas sobre imunidade dejurisdição (o denominado
comissão ou função deve ser pública. O mesmo ocorre a respeito do serviço militar sistema da extrateriítorialidade); 345 -- Sistema jun`5dz`cional; 346 -
que o indivíduo faz em Estado estrangeiro muitas vezes forçado pela situação da Princípio da competência pessoal; 347 -- Princípio da competência
polipátrida. O brasileiro que presta serviço sem autorização a organismos interna-
real; 348 - Princípio da competência universal,' 349 -- P1^incz'pio da
cionais não perde a nacionalidade._]á se prestar o serviço militar corno voluntário
rep1'esentação,° 350 - A solidariedade intemacional contra 0 crime.
no estrangeiro, perde a nacionalidade. Parece-me que este dispositivo de perda
da nacionalidade deve ser entendido do modo mais restrito possível, por exemplo,
só ser aplicado quando for função pública de aspecto político-
38. Na Suíça a renúncia atinge a mulher e filhos menores. 341. O DI Penal pode ser definido de uma maneira concisa como
sendo o conjunto de regras juridicasconcernente as infrações interna-
. _ , ff ~.¬¬:g r.f¬--=-- -em . . ›---.zz ,, --=~'-'"-'”"" _
cionais Sue c9__¬ii:sjt¿i_t_uem violaçoesf_ç__I__c¿;:d¿_reitoJ__.__1nternac1onal (S. Plawski).
Ksšiiii sendo, só entram neste ramo do DI os crimes definidos nas normas
t'_ internacionais: o-_ genocídio, os crimes de- guerm-c.§tc. O ideal é ele ser
"T;›aplicado por tribunais internacionais, como o Tribunal de Nurembergue
(v. capítulo ãntefiorfiíntreíãniofíiõr Êffme de pirataria é uma infração
internacional e_o agente é julgado pelos tribunaisd‹_1swEítados, em virtude
de uma norma intei"nacionalinesÍë iseniiiffõi- iEqf:ioiisi'dei'adãiinfração inter-
nacional “um fato (ação oii omissão), contrário ao direito internacional,
e a um tal ponto nocivo aos interesses ou aos bens da' comunidade, pro-
tegidos por este direito, que se estabelece nas relações entre os Estados a
convicção que este fato deve ser penalmente sancionado” (_S. Glaser).
-

-.

l Com fundamento em Glaser, e com pequena alteração, podemos dizer


que a infração internacional tem os seguiiites elementos: a) elemento
- ,material significa qu'e"é uma “conduta humana voluntária”, isto é, “uma
manifestação de vontade no mundo exterior”. O ato pode ser por comissao
i

ou omissão;¡^ b) elemento legal no canipo do DIP significa que é necessário


existir uma norma jurídica internacional definindo determinado ato como
A
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9-20 A _ -¡` 971


J
J

` t.v‹:âa.tà“
Sejam quais forem os sistemas e princípios adotados, o autor do delito
criint-_ .-\ norma interiiacioiial não prescreve pena. Daí ter ela um conceito
deverá ser punido, não iiiiportttiitlo a sua iiacionalidade ou o local do
diverso do existente rio direito interiio; tr) elemento moral significa que a , II.
delito.
iiifração é uni ato culposo. _ _ L 4 _
345. Q__§i__sLe_i_i_,1a__da_territorialidade .eaquele ein que 0 delito deve sei
_ E de se salientar que este direito é extrenianieiite fraco devido- a
ausência de umajustiça internacional penal. A responsabilidade do agente ll'_¡1l_l_(_19_.!lQ.lÍ$7I.!`l`.Í.LQ.11i.o.do.Es.tad.o....en1.gll.€. foi prat'icad.0¿__Q_1_“-:§l_1_1__t_l,Q, _‹.ƒin_ vi rtu de
da sita soberani_a¿_te_ni competêiiciaexclusiva sobre os atos praticados no
pressupõe também aqui, a exemplo do D- Penal, a culpabilidade do agente-
ÊÊU Í.(ÍI`l'lI.C)_Êl__'QH.__”_
-Eb O D grande problema que se tem levantado é sobre a responsabilidade penal
“h_ÉÍ-.~ii_iliani observou em seu favor que a- pena, para ser mais útil, deve
do Estado (neste sentido: Pella). Na mesma orientação está Ago que alegou
ser aplicada o mais próximo possível no espaço e rio tempo do local em
serem as represálias a pena aplicada ao Estado, vez que elas iiaovisaiii
que 0 delito foi praticado.
uma reparação. Entretanto, esta tem sido afastada pela doutrina dominante
O sistenia da territorialidade da lei penal já existia na Grécia e ein
(Loinbois, Czlaser) e a própria prática internacional (conveiição de geno-
Rorna. Estes povos consideravam os estrangeiros tfonio bárbaros, daí se
cídio, etc.), tendo em vista que uma pessoajurídica não tem a culpabilitlade
originando este princípio? No Renascimento, com as moiiarquias absolu-
que é um elemento psicológico, o que é próprio da pessoa fisica. A propria
tas, ele tem a sua consagração. Foi des_de então se desenvolvendo e na
prática internacional tem rejeitado a responsabilidade penal do Estaclo:
Ordenança francesa de 1670 ele foi consagrado do modo mais absoluto.
a) no Tribunal de Nurembergiie; b) na Convenção sobre repressão ao
No século XVII a jurisdição penal torna-se definitivamente territorial por
genocídio (l948); c) na convenção sobre a abolição da escravidao (19';:›6i
influência da concepção de soberania de Bodiu. Na Iiiglaterra, a sua con-
e d) na convenção sobre a eliminação e repressão do crime de “aparthei_d"
sagração ocorreu nos “judgement jiiries”," em que cada condado só po-
(1973). Um problema pode ser ainda levantado, que seria _o das saiiçoes
deria julgar o delito que tivesse sido praticado no seu território. Levado
aprovadas pelas organizações internacionais con tra os Estados. Na verdade,
pelos ingleses para os EUA,'ele acabou por se propagar por todo o Novo
elas atingem um Estado quando este viola norma internacional. Para elas
Mundo. A Revolução Francesa também o consagrou. A doutrina alemã
serem consideradas como sanções penais, contudo, teríamos que adinitir
dos séculos XVIII e XIX foi a grande sistematizadora deste princípio. 0
poderem as sanções penais ser aplicadas por órgãos políticos e nao ppl'
princípio que está consagrado em todas as legislações atuais. O Código
tribunais, bem como teríamos que rever a própria natureza da sançao
Penal Brasileiro o consagra no seu art. 59 e não o faz de um modo muito
penal, para admitir como tal bloqueio, embargo, etc. Entretanto, o projeto
preciso ao usar a expressão “aeronaves ou embarcações brasileiras mer-
de convenção sobre responsabilidade dos Estados, em estudo na Coinissao
cantes ou de propriedade privada”. Estas expressões não são utilizadas no
de DI, fala em crime internacional, mas a mencionada Comissão em seu t

Direito Internacional, vez que as corretas são navios privados e aeronaves


comentário afirma que a expressão não tem “um conteúdo penal no
civis.
sentido do direito criminal”. _
O Direito Penal Internacional, ao contrário do anterior, faz parte mais _¿g ElÊg§edjustifica,,ç\'e,z ue o poder estatal é 0 que mantém a ordem no ___ .›-74-I

seu ti-ii;r_i_t_ói“io. ¶ C” "" C " " ` ~


a nosso ver do D. Penal do que do DI Público.
Este princípio, se for aplicado de modo absoluto, conduz a uma vio-
Ele é o ramo do D. Penal que determina a competência do Estado na
lação do princípio de que todo crime deve ser punido, porque por ele o
ordem internacional para a repressão dos delitos. A grande diferença entre
Estado só se encontra obrigado a julgar os crimes cometidos no seu terri-
o DI Penal e o D. Penal Internacional é que o primeiro é formado de
tório, podendo, em conseqüência, não tomar em consideração os que
normas de origem internacional, enquanto que o segundo é formado de
tenham sido praticados no estrangeiro. Diante deste fato é que as legisla-
normas de origem interna do Estado. E de se salientar que esta distinçao
ções penais coiisagram também a existência de outros princípios (perso-
na prática não é clara, tendo em vista o entrelaçamento do DL Interno e
nalidade, real e universal), que veremos abaixo. de se assinalar que o
do D. Internacional nesta matéria (por exemplo, a extradiçao e tanto
aspecto absoluto deste sistema tende a desaparecer pela própria relativi-
reg lamentada por normas internas quanto por tratados). _
dade da soberania que é entendida como subordinada ao DI. Dentro desta
E342. A prática dos delitos interessa também ao DI quando eles sao
orientação é que o art. 24 da Constituição de Bonn adniite que a Alemanha
comëtidos no estrangeiro ou por estrangeiro)-)iversos sistemas e principios
transfira direitos soberanos a organismos internacionais.
existem sobre a competência da punibilidade: a)_ sistema da tç1T1l9f1'è.l}d_3-
It

344. Existem"int'imeros casos de pessoas que não estão sujeitas a jun's-


_‹;l_‹ä§) sistema da extraterritorialidade; c) sistema _]11_ri_sdicional; d)_prin_C1p10 ...-qH
dição territorial. Estas pessoas gozam de imjinidade_d_e jurisc_l_iç_ão. E o
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da competência pessoal; e) princípio da competência real; j) principio da


denominado sistema da extra_tern'torialidade- Constitui uma exceçao ao
competência universal; g) princípio da representação. 4.-/"'\./`*--_/"'*--...z '--.f'-«..._`_(---..._,,.f^"--..-"^'*'-.../'__""""""-"""--../“'---- -.-F--._¶

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sistema de territorialidade. o caso dos chefes (le Estadoj' agentes diplo- ser estr_zt_rtg_e_ii;‹3_e__q_Hc_l_‹_::lito tenlia tainliéni o5_.zg¿i'¿;i‹l‹,› fora das fronteiras tia-
rriáticosf' tropas militares,f ftiriciqnãiiosiii tei'rlz:i_c,io.uais.“ Para que isto o'c`Eíi'_rÊí"é'iiÍ:cÊEssái'ia tuna séiiiiehtle coiitlições: rt) entrar
T' Estas pessoas, quando cometerem criines ein Estado estrangeiro, não Õ”-ãgente no território nacional; b) 0 fato ser punível no listado onde foi
serão aí julgadas; entretanto, isto não significa que elas ficarão inipuiies, praticado; c) ser crime passível de extradição; ri) o agente não ter sido
mas apenas que serão julgadas no Estado de que são nacionais ou nos absolvido no estrangeiro, ou não ter aí cumprido peiia; e) não estar extiiita
Estados que representam. a punibilidade; g) não ter sido-pedida ou negada a extradição; g) liaver
~- 345. O sisteinafijurisdicional foi o que existiu nos países do Oriente requisição do Ministério da justiça. O Código Penal brasileiro prevê a sua
que se encontravam submetidos aos regimes de capitulação e concessões.” aplicação no art. 7'-', § 3”. Talvez se possa considerar uma extensão do
Quintano Rip_ollés observa que este sistema era uma verdadeira “servidão princípio da personalidade ativa a competência dada ao Estado, pela cori-
jurisdicional” imposta a Lais países. l venção de Tóquio de l963, para julgar crime cometido contra aeronave
Neste sistema o ,çpoçlerjurisdicional de um Estad_o__§e exerce dentroäde por pessoa que nele tenha residência permanente. O princípio da perso-
outro Estado- Assim sendo, tribu-nais das potÍê"ifi'ƒ‹:i:zisT ocidentais exerciam as I
nalidade passiva é aplicado nos EUA quando se trata de ato terrorista. A
suas funções julgando os seus nacionais, conforme a lei nacional, dentro l

I
v
França adotou -este princípio em 1975-
da China, Turquia, etc. F 347. Oprinçípio dajcompetência r_t_;zi_l,_,_c›u degnoteção) ou objetivo,
i'
346. _pii_n£ípio da comp_etência_'pess9__al tem sido aplicado acima de I
visa a punição do autor do clÊ~lito,ffseja qual for a fi iÍí.fiff‹:`fiÍ:ifi-'z-didade do autor
tudo pelos' Estadošfiotfãliftãiiõs, qiifé"pfe_tendem mantert_una_s_o_b_i_'e ou do local da sua prática. ' - '
os seus__n,a_cionais_, mesmoaguandçojeles-testãof-IiÓÍ$LE¿H¬gçir9. Ele foi consa- I

O que interessa na aplicação deste princípio é a nacionalidade do bem


siaflö como festa sera! na fi-ls¿i§wn.!1§i.i1.tiziâiê1 @..a_9..Ç.ëši 5- Y-
jurídico que foi atingido pela prática do delito. Na legislação brasileira ele
Entretanto, este princípio se encontra estipulado, de um modo ou de está consagrado no inciso I, do art. 79, do Código Penal. A nossa legislação
outro, em quase todas as legislaçõespenais, uma vez que ele visa exatamente -r.nq-. _-¬.-¡_
inclui nesta categoria os seguintes crimes: a) contra o patrimônio ou fé
corrigir os inconverrieñtešfliãiteiiritorialidade absoluta da lei penal. Não pública da União, do Distrito Federal, de Estado, etc.; b) contra a vida ou
se pode admitir que um Ê)ossa cometer delitos no estrangeiro e a liberdade do Presidente da República; c) contra a administração pública;
fique impune voltando para a sua pátria, uma vez que raros são os Estados d) de genocídio, se o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. _l\E_s_tes
que concedem extradição de nacionais. Diante desta consideração é que v.
.|
cr_i_n_ies o_age_n__t_e é punido segu_gdon_¿lei brasileira, ainda que absol___viç_lo ou
Donnedieu de Vabres afinna que o fundamento deste princípio é o adágio 1!!
|'.-R|'1l"-!J'I:-_.rf'i9-~r_-'na-3
condenado no e-šii'Ía7ii"g§:_`i_i'õ'.d_A douti°in_ã"'têTñ“"c“o“"1ístãt'2i'd'õ''qiiéfleste princípio
“Interest est civitatis habere boiios subditos”. 'I;er_r¿¿se,argt1menëtado.enL-seu tem ènëõiiffrãfdiõficfzidfzi vez maior aceitação-” Ele visa proteger o Estado
favor que as leis pen_ai_s__s_ã_o ,_elabQr;i,das___leiiando_-_s_ç_ em co¿1§i¿l§_rjaç_ão os
padrões mor`ãiš_'d”õismr_iacionais. Assim.ser_i_do,_nada mÍi_i¬sÍ"j§_št_‹_)__/qtie-..elas se
aplicassem __se_n1__pre.aos. nacio_n_ai_s,k_ri_ãp_,irr¿p_9;çtando,;o__l_‹¿:_Q do delitoà
F contra determinados crimes que o atingiram em assuntos de grande gra-
vidade.
348. pfin¿;ípi_o_da _cqrripÊtê_n_ci_a_u_niversal é aquele que permite a
Por outro lado, se o Estado tem direito a proteger diplomaticamente ë??-f
‹¬'-fr.!'-f ¬i
L. qualquer Estado puniirhi-irrf criminoso, não importando a sua nacionalidade,
o seu nacional no estrangeiro; .ele também pode obrigar os seus cidadãos 1:

ou a do bem jurídico atingido ou, ainda, o local em que tenha sido


a um comportamento quando se encontrarem no exterior (Lotika Sarkar). i cometido o delitoši
Este princípio encontrou acolhida nas repúblicas italianas do período Tem sido apresentado como sendo o verdadeiro ideal da sociedade
do-Renascimento, na Alemanha antes do Império (onde os códigos ado- internacional. Ele, entretanto, só está cvqnsagijado pai"_a___a_pi:á_tica de deter-
tavam este princípio ao lado do da territorialidade), e teve Bártolo como minados delitos, conforme estiptilação de normas interiiacioiiaišicomo é
um dos seus defensores. Na Suíça, nas legislações cantonais, ele foi intro- o caso da pirataria,“ ou ainda na repressão das infrações graves enumeradas
'2
duzido nos meados do século XIX- i
;.. no Protocolo I de 1977 (Genebra), que as considera crimes de guerra.
%__Bz~iz1¢ípi0 dz personalidade pode ser zzúvd Ei¢ é zdvd .ÊÉ Entretanto, enquanto a repressão ã pirataria é costumeira e obrigatória
quan of aTeifipeñaÉ iiiÊivíduo riiiciõiial do Estado \:
para todos os Estados, o caso do direito humanitário é convencional e
que pratica 0 delito em território estrangeiro. A Inglaterra só aplica o \-ç|I'.,¡Ç-
-¡'_' obrigatório apenas para os contratantes. O Código Penal o prevê no art.
princípio da personalidade ativa quando se trata de crime grave, como 59, inciso II, letra af? '
traição e crime de guerra.IEstá consagrado no art. 79, incico II, letra b, do .1-
349. É de se assinalar ainda que existe o denominado de princípio da
Código Penal Brasileiro. E passivo quando a vítima do delito é nacional. tzwtixízi-f
, 1 representação, isto é, o Estado julgará os crimes cometidos em aeronaves
I

Neste caso aplica-se _a lei penal nacional aoautor do delito, apesa?t:lê ele e navios privados nacionais que se encontrem em território estrangeiro e

ea ~' -
¬.
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\.*'.
975
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.-
aí não tenliam sidojulgados- É denominado por representação quando a seja feita a vigilância de uma pessoa nestas contliçoes. Pode ser citada
punição é feita por um Estado que não é o titular do “ius puniendi”. Ele ainda, no :Íunbito do Conselho da l:`.uropa, a (Ionvenção solire fkssistèiicia
esta consagrado no art. 7*-*, inciso 11, letra b. Mútua em Matéria Criminal de 1959 com protocolo de 1978.
Finalmente, é de se observar que para 0 Brasiljulgar tais crimes, bem Uni caso de cooperação criminal é o tratado concluído entre o Brasil
como os que ele se obrigou a reprimir por tratados, ou, ainda, o praticado e o Cauatlá. em 1992, em que um canadense _julgado no Brasil cumpre a
por brasileiro, é necessário 0 “concurso das seguintes condiçÕes": a) “ en- pena no Canadá, e vice-versa.
trar o agente no território nacional”; b) se o fato for punível no país em
que foi praticado; C) estar o crime incluído entre aqueles em que o Brasil
autoriza a extradição; af) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro,
ou não ter aí cumprido a_ pena; e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro, ou por outro motivo não estar extinta a punibilidade, segundo
a lei mais favorável. 1
350. A solidariedade internacional, como temos visto, tem aumentado
nos mais diferentes setores e ocasionado uma criação de inúmeros orga-
nismos internacionais; a luta contra o crime não poderia escapar a este
fenômeno. Contudo, não se pode esquecer que a cooperação penal inter-
nacional em sentido lato já se encontra em Bártolo e, principalmente, em
Grotio, Pufendorf e Wolff. Nos Congressos Penitenciários em 1872, 1885
e 1895, já é defendida a união das polícias de diferentes Estados para se
prender os criminosos (Raul Cervini).12^ Foi criada no Congresso de Bru-
xelas, em 1946, a Organização Internacional da Polícia Criminal (OIPC
-- Interpol), que tem como antecedentes a lã e a 22 Comissão Internacional Í
1
de Polícia Criminal. O ato de criação da Interpol não é um acordo inter- i
F
v
nacional e não foi submetido a ratificação. A sede é em Paris, e a França,
a partir de 1972, dá a ela o estatuto de organização internacional. Na ONU ,_

ela tem o estatuto de órgão consultivo. Ela"Íem concluído acordos com a


ONU, Conselho da Europa, OACI, etc. A Interpol combate: a) tráfico de _..-¬_
1

entorpecente e lavagem de dinheiro; b) crimes violentos (terrorismo); c)


crimes contra a seguraiíça aérea; d) proxenetismo internacional; e) falsi~ u.-_.. .¬

ficação de moeda;ƒ) crime de colarinho branco; g) roubos (armas, veículos,


pinturas de grande valor, etc.). A luta contra o crime somente será eficaz
com a cooperação internacional.”
Pode-se mencionar ainda a cooperação d_a justiça penal dos Estados
que se tem desenvolvido. A convenção européia sobre perseguição das
infrações contra as normas sobre circulação rodoviária de 1964 estabelece
que os Estados. devem punir as infrações praticadas por seus nacionais no 'i
estrangeiro. “-O Estado onde reside o agente pode ser solicitado a se I.
:
!
encairegar não apenas do procedimento, mas também que execute uma
.t
sentença penal.” A convenção européia sobre validade internacional das Y.

sentenças penais (1970) estabelece que o Estado executa as sentenças U-

¡-

penais estrangeiras. A convenção européia sobre a vigilância de pessoas ¡. _,..".-


; ¬;z

condenadas com a suspensão condicional da pena e postas em liberdade ti

condicional (1964) determina que um Estado pode requerer a outro que I

ar

9761 z - ` 977

.-1 l
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J,
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T-

NOTAS IA. Segundo 11 concepção tradicional (causalista) potlemos definir ação como
sendo “a conduta humana externa, positiva ou negativa, deterntinante de uma
realização típica modificadora do mundo exterior". Para a doutrina esposando tal
zt l- I-I. Donnedieu de Vabres _ Introduction ã l'Etude du Droit Penal Inter-
concepção o resultado integra 0 conceito de ação, distinguindo-se nt-la os elemen-
national, 1922; idem _ Les Principes Modernes du Droit Pénal International,
tos: “ subjetividade, conduta corporal e resultado. Conforme a orientação finalista
1928; Antonio Quintano Ripollés Tratado de Derecho Penal Internacional e
o resultado não pertence ao conceito de ação mas ã estrutura do tipo. compondo-se
Internacional Penal, t. II, 1957, págs. 9 e segs.; Maurice Bourquin _ Crimes et
a ação de dois elementos; vontade e manifestação de vontade”. “Tipo é o injusto
délis contre la sureté des Etats étrangers, in RdC, 1927, vol. I, t. 16, págs. 121 e
descrito concretamente pela lei” (joão Mestieri _ Teoria Elementar do Direito
segs.; Maurice Travers _ Le Droit Pénal International, 5 vols., 1920-1922; Santiago
Criminal, t. 1, 1971, pág. 180).
Vaca-Guzmãn _ Reglas de Derecho Internacional Penal, 1888; Pasquale Fiore -
2. Tem-se observado que este sistema entre os gregos e romanos era mais um
Tratado de Derecho Penal Internacional y de la Extradición, 1880; C. M. Tobar
“procedimento de fato", uma vez que tais povos não respeitavatn a soberania do
y Borgoño _ Du Conflit International au sujet des compétences pénales et des
Estado estrangeiro, que está na base deste sistema no direito moderno.
causes concomitantes au délit qui les influencent, 1910; Nino Levi _ Diritto Penale
_ 3. "Segundo doutrina jurisprudencial... anterior ao Estatuto de 1549, a agres-
Internaziona1e¿ 1949; Stefan Claser _ Introduction ã l'Etude du Droit Internatio-
são em um condado, se a morte tinha lugar em outro, não podia ser incriminada
nal Pénal, 1954; Miguel P. Díaz _ Derecho Penal Internacional, 1911: Salvatore
em nenhum dos dois” (Quintano Ripollés).
Adinolli -l- Diritto Internazionale Penale, 1913; Sigismond Cybichowski _ La
4. Como veremos no capítulo sobre agentes diplomãticos, não se deve falar
-Compétence des Tribunaux ã raison d'infractions commises horas du territoire,
em extraterritorialidade, uma vez que tais indivíduos não se encontram fora do
in RdC, 1926, vol, II, 't. 251 e segs._; International Criminal Law _ editado por
território do Estado, mas den tro dele e, na verdade, apenas gozam de imunidades
Gerhard O. W. Mueller e Edward M. Wise, 1965, págs. 41 e segs.; Luisjiménez de
como a de jurisdição penal.
Asúa _ Tratado de Derecho Penal, t. II, 1964, págs. 714 e segs.; Leopoldo Braga
5. V- capítulo Chefes de Estado.
_ Direito Penal Internacional, in Revista de Direito, ng 5, vol. l, 1968, págs. 6 e
6. V. capítulo Agentes Diplomãticos.
segs.; Stanislaw Plawski -- Etude des Principes Fondamentaux du Droit Interna-
7. V. Capítulo XX.
tional Pénal, 1972;_]oãojosé Leal _ Perspectivas e bases para uma nova disciplina
8. V- Capítulo XXVIII.
jurídica -- O Direito Internacional Penal, injustitia, 1972, págs. 143 e segs.; Manuel
9. V. Capítulo XX.
A. Vieira _ Derecho penal internacional y derecho internacional penal, vol. 1,
10. Entretanto, ele já estaria consagrado na doutrina de Suárez.
1968; Claude Lombois _ Droit Pénal International, 1971; Stefan Glaser _ Cul- z
.II
11. A origem remota deste sistema está no Código dejustiniano, “que deter-
pabilité en Droit International Pénal, in RdC, 1960, vol. 1, t. 99, págs. 467 e segs.; l
l
minava ajurisdição criminal dos governadores do império romano pelo lugar da
Jacques Dumas _ Responsabilité Internationale des Etats, 1930; Hans Heinrich
prisão do culpado”.
jeschec _ O Objeto do Direito Penal Internacional e sua mais recente evolução,
12. A redação do Código de 1942 é imperfeita ao falar nos crimes “ que, por
in Revista de Direito Penal, ng 6, abril/junho de 1972, págs. 7 e segs.; Dietrich
tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir”. Estes crimes em virtude do
Oehler _ The Significance of the Principle of Territorialiry in Modern Criminal
art. 125, inciso V, da Constituição de 1969, são da competência dosjuízes federais.
Law, in Law and State, 1973, vol- 8, págs- 37 e segs.; 'Stefan Glaser _ Droit
O Código se esquece de que existem certos crimes que os Estados estão obrigados
International Pénal Conventionnel, 2 vols-, 1970-1978; Guillermo J. Fierro _ La
. -_.-_z.,_. ,. ., . _ ¬,
a reprimir em virtude de uma norma costumeira (ex.: pirataria). O mesmo defeito
Ley Penal y el Derecho Internacional, 1977; Ludwig T. Waaldijk -- Cooperation.
se encontra na Lei ng 7.209, de 11/7/84.
in Criminal Matters, in IX Curso de Derecho Internacional, organizado pelo Comitê
12A. No século XVIII a França, Alemanha, Áustria e Prússia tinham polícia
jurídico Interamericano, 1983, págs. 193 e segs.; Claude Valleix _ Interpol, in -1pf...
.-. .V

apenas para a repressão política. Os EUA foram o primeiro Estado a ter força
RGDIP, t. 88, 1984, n- 3, pags. 621 e segs.; Igor Rarpets _ Delitos de caracter
pública para combater o crime comum (Adriana di Giovanni).
internacional, 1983; André Bossard _ La Criminalité Internationale, 1988; Chris-
13. Em 1905, em um Congresso da União Internacional de Direito Penal.
tophe Swinarski _ A Norma e a Guerra, 1991; Instituto Superior Ibero-Aniericano
realizado em Hamburgo, afirmou-se pela primeira vez a necessidade da solidarie-
de Estudos Criminais e outros _ Curso de Cooperación Penal ln ternacional, 1994;
F dade internacional para uma luta eficaz contra o crime.
André Bonard _ La Criminalité Internacionale, 1988; André Huet e Renée Koe- t

ring-joulin _ Droit pénal international, 1994; Lyal S. Surga _ The Emerging
System of International Criminal Law, 1997. International Criminal Laív, coorde- É
nado por Cherif M. Bassiouni, 3 vols., 1999; Raul Ceivini e Juarez Tavares --
Princípios de Cooperação Judicial Penal Internacional no Protocolo do Mercosul,
2000; Luis Ivani de Amorim Araújo _ Direito Internacional Penal, 2000. Solange
Mendes de Souza _ Cooperação jurídica Penal no Mercosul, 2001; Alicia Gil Gil 1-¬rÁ,a.l-Hn-tn-. _.'uma

_ Derecho Penal Internacional, 1999.


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CAPÍTULO xxxatn
ou \
EXTRADIÇÀOI
.. -. 1
. -` 1 I

351 _ Deƒir.›.ição; 352 _ Histórico; 353 _ Razões em favor da


extradição; 354 _ A extradição como instituto do DIP; 355 _ Formas
de extradição; 356 _ Prir¿cz'pios'qjue regem a extradição; 35 7 _ A
nacionalidade do individuo passível de extradição; 358 _ Delitos que
não estão sujeitos ã extradição: a) Delitos mvílitares; b) Delitos politicos;
c) Outros delitos; 358/i _ Terrorismo; 359 _ Condições para a
extradição; 360 _ A questão da retroatividade dos tratados de extra-
dição; 36I _ Preferência entre os pedidos de extradição; 362 -- O
Processo de extradição. _

il
351. A extradição pode ser definida como sendo o ato por meio do
í.
5 qual um indivíduo é entregue por um Estado a outro, que seja competente
1
| `p`är'a"pro'cessã-lo e puni-lo. ' -_
P

fl-x A extradição é concedida fundamentada em tratado ou na reciproci-


à.__z--"""__-'

1
g1¿1_d_§. Em 1984 estavam sujeitos ã reciprocidade com o Brasil em matéria
I de extradição: Áustria, Espanha, França, Itália, Portugal, Alemanha Oci-
dental, Polônia e Austrália (Rezek)._ Em 1985 o Brasil tinha em vigor 13
tratados de extradição: Argentina, Bélgica, Bolívia, Chile, Colômbia, Equa-
dor, EUA, México, Paraguai, Peru, Suíça, Uruguai e Venezuela (Mirtô
Fraga). Em 1924 o Brasil en tregou um brasileiro ã Grã-Bretanha com base*
na reciprocidade, mas o direito -inglês não permitia esta.
852- Na Antiguidade Oriental, a extradiçãojá era consagrada em Israel
E

in
e no Egito. Neste último existe um dos mais antigos tratados, concluído
entre Ramsés Il e l-lattisuli, reiidos 1-Iititas, em 1291 a.C., que consagrava
- r
E
a extradição. É evidente que não possuía as características que hoje apre-
I
I
senta, tanto assim que eia prevista a extradição do criminoso político e
não do criminoso comum. Por outro lado, ela era um fenômeno esporá-

i
F.: _ 981

an-
dico, que geralmente en contrava consagração após as guerras. Diante disto, na Conferência Pan-americana de Havana (1928). Em 1981, em Caracas,
alguns autores negam que tenha existido extradição neste período da foi concluída a convenção interamericana de extradição.
No Brasil, durante 0 Impéiio, a extradição era concedida quando
História e a fazem datar do século XVIII (Coelho Rodrigues), ou da lei I

consagrada em tratado ou em caso de promessa de reciprocidade. Era um


belga de 1833 (Villefort). Na verdade, não podemos deixar de contestar
“sistema administrativo” (não era apreciado pelo Poder judiciário) que
tais opiniões, uma vez que a essência da extradição, isto é, conduzir um
I perdurou no início da República. A primeira lei de extradição foi a 2.416,
indivíduo para fora de um Estado a fim de entrega-lo a' cfutro Estado,
de 1911. A
existia na prática internacional da Antiguidade. O que vaiiava eram alguns 353. O instituto da extradição tem em favor da sua existência diversas
detalhes, e é claro que um instituto jurídico não conserva as mesmas razões. A primeira delas É a_p§ópria ntaççãçoxjs-;~lIl&Ii.ÇiLc§]Lle_exge a ptinigção
características através dos séculos. sos. Grotiusjã escrevia “aut dedere aut punire” _ . (ou ,,extraditar
7
No mundo grego, apesar da existência do direito de asilo, a extradição ou punir). Atualmente deve-se falar: “aut dedere, aut judlcare , vez que
também foi praticada em relação aos criminosos que tivessem cometido não se sabe o resultado do julgamento e o importante é que este seja
delitos graves. Dentro desta orientação, encontramos um acordo entre realizado. Este princípio teria sido incltiídopela primeira vez na convenção
Filipe da Macedônia e Atenas, em que se estipulava a extradição dos 1 para a Supressão da Falsificação da Moeda de 1924 (Edward M. Wise).
criminosos acusados de tentar assassinar o rei. i Existe uma solidariedade entre os Estados na luta contra o crime/ I-lá
Em Roma ela .também foi praticada, apesar de os romanos não respei- ainda um dever moral dos Estados, que é o de assistência mútua, incluin-
ll do-se nela a repressão ã criminalidade- Enquanto o princípio universal de
tarem a soberania dos Estados estrangeiros? O Tribunal dos “recuperam-
repressão ã criminalidade não for adotado de modo amplo, o que tão cedo
res” era o órgão encarregado de decidir da en trega ou não de um indivíduo não acontecera, a extradição é um instituto necessário para que a repressão
(Quintano Ripollés, Asúa). Segundo Laurent os “recuperatores” apenas 1 seja eficaz. Contudo, historicamente a entrega de criminosos visava mais
julgavam o extraditado. I
l a,ordem_in_terna do estado do que a uma cooperação internacional, vez
Entre os povos germãnicos ela desapareceu. O Papado ou o Impéiio, que esta última idéia só surge com Grotio-
com a sua base universal, não conheciam fronteiras para a perseguição As razões invocadas acima em favor da extradição não foram ainda
dos criminosos. Entretanto, inúmeros acordos de extradição foram con- suficientes para criar um direito e o correspondente dever de extradição
cluídos no período medieval: a) Lotário com Veneza (840); b) Inglaterra na ordem jurídica internacional. O direito e o dever só existem quando
e Escócia (1174), etc. A finalidade destes tratados era geralmente pessoal í houver um tratado internacional que os consagre. Na ausência de um
ou de ordem política.3
Na Idade Moderna, e com o aparecimíërito do absolutismo (séculos
XVI, XVII e XVIII), os tratados de extradição vão-se caracterizar por visar
Í
1
tratado, pode existir um dever moral de extraditar um criminoso, mas não
um dever jurídico.8 E de se assinalar que algumas legislações estatais con-
sagram que a extradição poderá ser dada com base na reciprocidade.
É
a entrega de criminosos militares (visava evitar as deserções) e a defesa
I'

l
Entretanto, nestes casos não existe um deverjurídico internacional, uma
dos regimesf
vez que tais Estados podem modificar unilateralmente as suas leis de ex-
tradição e não criam uma obrigação i_nternacional. Ao contrário dos países
No século XIX, a extradição passa a tomar as suas características de-
do “civil law”, que dão extradição, naiausência de tratado, mediante reci-
finitivas. Em 1802, na Paz da Amiens (França, Espanha e Inglaterra), não
procidade, os países do “common law” só dão extradição com base em
se mencionam os criminosos políticos como sendo passíveis de extradiçãof'
tratado.
Esta orientação é definitivamente consagrada na lei belga de extradição A douírina tem assinalado que atualmente os Estados têm preferido
de 1833. A própria palavra extradição somente é consagrada no século usar da “deportação”, que é muitas vezes uma extradição disfarçada e é
XIXÍ5 ` um meio de fugir ã prote_ção dada ao indivíduo nas leis 'e tratados de
Donnedieu de Vabres salienta que a extradição atravessou três fases extradição. Este procedimento é que explica o fato de existirem poucos
na sua evolução: a) contratual _ a extradição está consagrada apenas nos tratados e casos de extradição.” _ `
ji.
tratados; b) legislativa _ os Estados promulgam leis de extradição; c) a da 354. A colocação da extradição no DIP não tem sido pacífica entre os
regulamentação internacional _ que_ainda não existe de um modo geral. doutrinadores. Bustaman te y Sirven a situa no DI Privado, salientando que
Somente no âmbito do Conselho da Europa foi concluída, em Paris, uma ela é um meio de se levar um indivíduola seus juízes.”
convenção geral de extradição, em 1957 com os protocolos de 1975 e 1978, Parece-nos, entret.anto,°_que a extradição faz parte do DIP, uma vez
e na América temos a de Montevidéu (1933). É de se assinalar que a que ela é uma relação de Estado a Estado (Mercier). O DI Privado trata
extradição foi também regulamentada no Código Bustamante concluído do conflito de leis onde não parece enquadrar-se o instituto da extradição
¡,-_
.- w-

982 ` 983

1.-
em si mesmo. Só existe um direito e um dever de extradição quando há 1
f) A reextradição surge quando o indivíduo é extraditado para um
tratado internacional que o consagre. Nesta orietrtação estäo inúmç-;¡-05 Estado e este dá a sua extradição a um terceiro Estado. A reextradição só
autores (Beviláqua, Russomano, Acciolv).'° Gilda Rugggmano 1 ao lado de
f' deve ser concedida se o primeiro Estado a conceder a extradição der a
outros argumentos, acrescenta em favor de sua posição -“o interesse supe-
sua autoriza Ç ão (art. 12, letra e, do Decreto-lei ng 394, de 28-4-1938, De-
rior dos Estados e da Comunidade Internacional 'que nela encontram um
. O I

fator importante e decisivo na luta sem fronteira contra o crime”


, creto-lei ng 941, de 1969, e Lei ng 6.815, de 19-8-1980). Durante a vigência
do Decreto-lei ng 394 se admitiam duas exceções para a reextradição ser
D1`zYvs -
c Chàuvy ---" quc.~~.a extradrçao
com razao .-- ez um ato drplomatrco
..._
dada independente do consentimento do Brasil: a) se o extraditado con-
que se 1<-:‹1l12a em um quadro do Direito Internacional Público conforme
um processo de direito interno”. sentir; b) “se pennanecer em liberdade no território” do Estado um mês
355. .Existem inúmeras formas de extradição, que passaremos 3 estudar de P ois de J'ul ado e absolvido ou cum P rida a ena- A P roibição da reex-
l tradr ao é no fundo _ um res P erto. ao P nncí ro_ da es ecralrdade. _ _
em seguida: lt
g) A convençao rn teramer1c'a-na de 1981 cria a denominada “extradição
~›1›Ez~-à--fr-~ › -~
1

4 X lã 1Çâ0 fato 5- esta fundamentada na “ comitas gentitrm”


Q _ . .

coriârste qäa entrega* do_cirjr,nrnoso sem qrzgç gh-gua qu¿1gque¡_p1~g ¡O


Q
sim_ P lificada”,
_ ue é a extradição sem um P rocesso formado uando as
urr rco. m u1t0 U-U¡1¿=ld‹1- ;_1as__r‹;g1o_gs
‹ '" _ 3 -3.-E _ - ela ez cons-
leis permitem ou quando a pessoa consente.
l.___-Í...--c de fronteira.-No Brasil 356. A extradição ---.
é re ida or dois rincí ios Cl ue visam_d_ar_ maior
lëlfl ¢1'I1€I1l<_:* frlšlpregada no Rio Grande do Sul; 2) xtradição dé direitš _ __f_-. ççP.-.B
ao
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internas e P role Ç ao 'ao individuo e l'U-1-g3"g14¡-*L
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rn ernacronai s _ ' - -* e' um _pleon¿§¿_1_1__Qá
. . ` a) Princípio da oindivíduo nãoqiodf
sua denominação ygm__¿¿V_YÊ¿_CE¡Ê¡Oda
d q,, ç Í a_n_1__entou Q41edido_d-e_ex\t_1_"_a___cli_ç:2`i_c_r. A legislação
extra
_ dfiígço ` ã gdÊÉÊ_Pf§5,$§1B9,f,,_§(;§,,;;g¿1_l¿z_ada
_ . ~ . . se undo os canones.¬ das normas
jurídicas. *T.17.um brasileira o consagrava no art. 12 do Decreto-lei ng 394, abrindd, entretanto,
.._-..-II'-'-""-'-. _ _ duas exceções a este princípio: 1) quando o extraditado consente em ser
gl 1) E”“"gd'Ça°*éÊg É Pelo ãrlgvl-‹;› de gu¢m,f0;~mu_1z pagamen- julgado por outro crime; 2) quando o extraditado permanecer em liber-
ešilëgi 2) ”“””“”Ç”° ` .1o -de --atleta--rf;-.br-ao dade por mais de 30 dias" no Estado após a sua condenação (e cumprida
Pedid(g,f1eeXÍf3dÍÇã0. Iâscreve irtô Fraga: “Raras vezes o Brasil pediu a pena) ou a sua absolvição.” O Decreto-lei ng 941, de 1969, não repete
extradição. Os poucos casos ocorreram, principalmente, no início do sé-
¬.

este dispositivo, apenas declara que o governo que pedir a extradição se


.- culo. A extradição no Direito brasileiro é predominantemente passiva.”
compromete a não prender ou processar o extraditado “por outros atos
'Mr' C) 1) EXU21dÍÇã0 ÍI1SU"UlÓ1`i21. _ é quando o pedido de extradição é
anteriores ao pedido de extradição” (art- 98, inciso I). O mesmo princípio
ÊZETÉEÊÉÊ 'CÍÍYÊ CÍq€uS;lnbCI1'I:=:t)e1' o äidivíduo a pro,c_esso criminal; 2) Extradição está na Lei ng 6.815, de 19-8-80. A convenção interamericana sobre extra-
pe ido de extradrçao e formulado a fim de
dição (1981) estabelece que ninguém pode serjulgado por crime que não
çobrigar o individuo a cumpnr a pena a que foi condenada
d) Gilda Russornano, com base na definição de extradição de Mercier, fundamentou o pedido de extradição a não ser que a pessoa fique 30 dias
apresenta extradrçao espontanea e a outra requerida- Na verdade, a extra- em liberdade no Estado reqtrerente. Mirtô Fraga observa com-razão que
não se deve aceitar o consentimento do extraditado sobjurisdição estran-
drçao espontanea não é propriamente uma extradição, e ela poderá ser
confundid a comda extradrçao ' ” de fato, onde tambem - nao
- existe - verdadei- - gerra.
ramente -- ° r A extradrçao - - espontanea
.- ` Vamos acrescentar algumas observações retiradas de Anna Zairi. O
, _u1r1 pe ido de extradição. e- contraria
. . l
I
I princípio da especialidade já era respeitado pelos tribunais antes de 1830.
ao proprio instituto de extradrçao, que pressupõe um pedido do Egzadg
t Em tratado, ele surge em 1844, concluído entre França e Luxemburgo, o
_ _ 'ado _ A extradição
interess' - ` -` requerida- ' e' um pleonasmo,
. porque
. toda extra-
que o “espalhou” na vidajurídica francesa. Ele está consagrado no art. 14
drçao e requenda.
e) Tem-se feito menção a uma denominada “extradição de trânsito” da convenção européia de extradição. Para alguns autores (Saint Aubin)
. _ _ , '
que ocorreria quando _um individuo extraditado, para atingir o Estado
J este princípio conšagra os interesses do estado. já a teoria anglo-saxônica
que lhe pedra a extradição, tivesse de atravessar um terceiro Estado: neste diz que visa a proteger o indivíduo. A Suíça adota uma tese mista. A
_
entãoha` veria uma- extradição
-'" de transito. ^- Na. verdade,
- ela nao -'-existe, convenção européia de direitos humanos (art. 6) estabelece que o acusado
gol que o terceiro Estado nao da nova extradição. Poderíamos mesmo tem direito de sa'ber do que o acusam. F. Ricci afirma que as infrações
rzer que o extraditado
' e seus -acompanhantes . . -
fazem uma simples - “pas- menores deveriam ficar fora do princípio da especialidade, mas isto violaria
sagem inocente”. :qe4A-. -_=_
os direitos do estado requerido. No caso de reextradição é preciso que
seja solicitada autorização ao primeiro estado que concedeu a extradição,

984 - ' l 985

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4-ír r r rl
porque “ ninguém pode dar mais do que recebeu”. As infraçoes praticadas A razão principal para isto é que o Estado tem a obrigação_dip_roteger
após a extradição podem ser julgadas. Na Europa pode haver recurso para os seus nacionais. Out1'a§_['ç1_2;Õ_§§_ p.0dem_.s_er acrescentadas: a) “ninguém
a Corte Européia de D. Humanos. Finalmente tem sido condenada a pode ser subtraido a seus juizes naturais”; b) o direito do nacional de
expulsão que se u'ansfoi"rr¿a_fl,e`m extradição. líabitaii o seu próprio Estado; c) ;¿__<1i_L`mLÚ.dadr_.1Lc__çlefesa em tiibunais
b) Princípio da ídéntidade - não se dará a extradição quando no e_s.tran"g'€1i.Ios; d) falta de imp.arcialfdade. da justiça estraiigeiiiiãfiéifi irrf'
Estado de refügio nao se *considerar crimefojjque "l'undarin_e_1_i_t¿1__o_p_e_did_o O Na Europa (Convenção Européia de 1957), em vez de consagrar a não
defextradiçfiaíi Íãrt. 88, II, do Decreto-leiirig 941_,“de"T9`69*). _Aii_1_da dentro entrega do nacional apenas “autoriza o Estado a não entregar o seu na-
ç,l_a..tip_icidad@..cSi.ág,u§ 9 na cional”.
que não ex§m .1"efúgio- O Decreto-lei ng 394 declarava que No Brasil, a lei de 191 1 de extradição consagrava a entrega de nacional,
a pena de morte ou corporal a que estiver sujeito o extraditado será mediante reciprocidade. A Constituição de 1934 proíbe a extradição de
comutada em pena de prisão (art. 12, letra e). O mesmo princípio está no nacional,'3B princípio que foi repetido na Constituição de 1946 (art. 141,
art. 98, inciso III, do Decreto-lei ng -941, de 1969, e na Lei ng 6.815, de § 33),” na Constituição de 1967 (art. 150, § 19), na Constituição de 1969
19-8-80. A convenção interameiicana de 1981 proíbe a extradição quando (art. 153, § 19). Na ,Constituição de 1988, art- 5, inciso LI, está consagrada
há pena de morte, prisão perpétua e pena degradante. a não extradição do nacional, mas parece abrir uma exceção para aquele
Em 1989, a Corte Européia de Direitos do Homem, no c_aso Soerensen que tiver “comprovado envolvimento em 'tráfico ilícito de entorpecentes
(alemão criado nos EUA), en tre a Alemanha e a Inglaterra,_condenou esta e drogas afins, na forma da lei”.
última por té-lo extraditado para a Virginia (EUA), onde alegislação H “I-lã um acórdão do STF de 1991 sobre extradição de brasileiro natu-
consagra a pena de morte e a prisão perpétua. A Corte considerou uma ralizado dando a entender que só este poderá ser extraditado. Contudo
violação da convenção européia de direitos do homem, que proíbe trata- o STF não deu uma decisão clara.
mento cruel e desumano. Acresce ainda que o acusado era psicótico e se Ah não extradição do nacional não produz teoricamente a sua impu-
julgado na Inglaterra não seria condenado. n_idadë:hfiÍIí1'ã`v“ëz`*que` ele šeráiprocessado no Brasil pelo crime cometido
\
O priricípio da identidade tem sido no estrangeiro.
lâsiado deve respeitar a lçegfigção doButrqque¿:o_nsidera a o A orientação acima tem sido muito criticada no mundo jurídico inter-
crime. Por outro lado, podem surgiifproblemas na sua aplicação, por nacional, alegando-se que ela é contrária ã cooperação internacional para
exemplo, o fato de ser punido com um “nomen juris” diferente. Entre- a repressão do crime, uma vez que de fato (dificuldade de provas, a
tanto, ele atende a ordem pública do Estado requerido (Shearer) distância do local da prática do delito, etc-) ojulgamento do indivíduo no
Em acórdão do ano 2000 o STF não tem exigido para deferimento do seu_'Estado nacional, e não no em que ocorre o ciime, leva ã impunidade.
pedido de extradição a comutação da pena 'de prisão perpétua para trinta I Em 1880, o Instituto do DI afirmou que não se deveria distinguir os
anos que é a mais grave do direito brasileiro.
nacionais dos estrangeiros.“^ A maioria da doutrina apóia esta orientação:
Pode-se acrescentar ainda que há doutrinadores que dão uma aplicação Travers, Olivart, Bemard, etc- No Brasil, diversos autores defenderam a
bastante ampla a este princípio afirmando que ele deve abranger a pro- extradição do nacional: Clóvis Beviláqua, Coelho Rodrigues, Rodrigo Otá-
cedimento criminal, como os elementos que compõem o crime (v.: Domi-
vio, etc. Na verdade, ainda demorará muito tempo para que a sociedade
nique Poncet e Paul Gully _ Hart)- internacional, de um modo geral, adote a extradição do nacional, uma
357- ÉLQIÂIJÇÍBÂO co,nsagLa.d_§_› quase que universalmente nas mais dife- vez que não existe confiança entre os Estados para entregar os seus nacio
rentes legislações que__ não se,:go`ncjedeÍaexLLfliçãDi a nais ajulgamento em outros Estados. -
paises a dão quando consagrada em tratado, como ahgmam.
Uma situação interessante é a estabelecida na convenção sobre igual-
A idéia de não se extraditar o nacional parece que se encontra no :-
U-

dade de direitos e deveres entre brasileiros e portugueses (1971) onde se


século XIV, na Bula de Brabanteƒ” que dava a todos os cidadãos o direito
estabelece: “os portugueses e brasileiros que gozam do estatuto de igual-
de não ser subtraidos ã jurisdição dos tribunais locais. Outros atribuem a
não extradição do nacional aos costumes dos servos convertidos em bur- dade não estão sujeitos ã extradição, salvo se requerida pelo governo do
gueses não poderem ser subtraídos ao juízo real, mesmo por crime come- Estado da nacionalidade”. Rezek observa que este tratado cria um prob:le-
tido no estrangeiro. Fala-se ainda que a origem estaria nas guerras religiosas - ma jurídico, vez que a Constituição só proíbe a extradição do nacional.
na Europa. . Uma questão a ser debatida é a da extradição do estrangeiro natura-
A não extradição do nacional já era consagrada na jurisprudência lizado brasileiro. Ele se encontra protegido pela norma constitucional.'_A
austríaca do século XVIII. No século XIX a mesma idéia foi defendida por naturalização pode ser cancelada por sentença judicial se o naturalizado
Mancini e pela doutrina alemã (Manuel Adolfo Vieira). _ praticar atividade nocivaao interesse nacional. E _

_. ?.f98.6 ' 987

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I ..
Há uma tendência no Mercosul de se extraditar o nacional para outro __nãc_›_ de un_i__‹_:_ij_i_nie. Parece-me que não liá qualqiiei' vantagem e mesmo
país integrante do Mercosul. Contudo, no Brasil a proteção do nacional uma impossibilidade de se definir crime político. Só a legislação da ltãlia
está no art. 5, que é cláusula pétrea da Constituição. - e da Alemanha definem crime político. E mais fácil dizer o que não é
V 358. Existem certos crinies,zq,ue..11ã.0_$yj§E@1__9_¿§çg§_;a_i¿;9[ç§hã_,extra- crime político. Quem qualifica o indivíduo como criminoso político é o
dição. Os ipiiinicipaisfdeiitro desta categoria, são os crimes militares e os ‹› - Estado que recebe 0 pedido de extradição. Através da I-Iistóiia, 0 criminoso
crimes políticos: politico nem sempre foi protegido da extradição. Na Antiguidade Oriental,
o criminoso político não gozava do direito de asilo, uma vez que os chefes
a) Delitos militares de Estado possuíam um aspecto sagrado e o criine político era, assim, um
sacrilégio. Em Roma, ele era passível de extradição. Este mesmo tratamento
No séculos XVII e XVIII e início do XIX os criminosos militares eram lhe era dispensado no período medieval onde, apesar do direito de asilo,
passíveis de extradição. Os tratados de extradição visavam, acima de tudo ._ P
a entrega de criminosos políticos era utilizada como “moeda de troca”-
estes criminosos, a fim de se evitar a deserção. Era a época da formação - (Reale)“nas relações internacionais.15°“* Na Idade Moderna, com o fortale-
dos grandes exércitos nacionais. Esta orientação existiu ate a lei belga de cimento do poder real e a concepção do Direito divino dos reis, a orien-
1833, que condenou este tipo de extradição. ' tação de se extraditar os criminosos políticos não se alterou. Na Idade
São delitos militares: agdeserçãojã a covardia, o desrespeitoãs ordens Moderna a traição e a rebelião são crimes abomináveis, tendo em vista o
SLIBÊLiQtÇi.¬._Q._ailíandQ.nr>. .de nm._peos.to,_etc,._ aspecto sagrado do rei. A traição é uni crime da maior gravidade dentro
_El_‹_-:__s podem _se_r_,de_fi_nidos como sendo as violações de re da cultura da época, sendo de se lembrar a figura dejudas para os católicos.
ngimasfiguramçente militares. O crime político é um crime contra o Príncipe. Em 1729, na obra de Provó
Eles possuem uma criminalidade relativa, porque no Estado de refúgio Klutt, foi sustentado o asilo para o criminoso político bem como foi usada
eles não poderão repetir o crime, uma vez que não são mais militares. a expressão “delito político”. Sendo que antigamente se usava a expressão
Atualmente os textos legislativos declaram limitativamente que não são “alta traição”. Heleno Fragoso atribui a Filangieri o uso pela primeira vez
passíveis de extradição os delitos puramente militares. da expressão “crime político”.
A nossa legislação atual de extradição não o incluiu nos crimes não - Na Revolução Francesa passou-se a dar asilo ao criminoso político.15B
passíveis de extradição. Entretanto, o Brasil tem proposto e aceito nas Foi no século XIX que começou a se generalizar a modificação no
conferências interamericanas a não extradição “quando o delito que mo- sentido de não se conceder a extradição do ciiminoso político, por in-
tivar a extradição for exclusivamente militar” (Manuel A. Vieira). fluência da Suíça e da Bélgica, que lhe concediam asilo e passaram a
Segundo ainda o internacionalista urtiguaio Manuel Adolfo Vieira, colocar uma cláusula, neste sentido, nos tratados que concluíam. Na dou-
que observa que a convenção européia sobre extradição não proíbe a trina, De Bonald defendeu este princípio- A lei belga (1833) foi a primeira
extradição do ciiminoso militar, mas o tema não é nela tratado. Entretanto, lei a proibir a extradição de criminoso político. _
nada impede que acordos bilaterais consagrem a não extradição. Em 1962, No tratado de 1826, que o Brasil assinou com a França, sob a ameaça
uma convenção no Benelux consagrou a extradição dos desertores. dos canhões do Almirante Roussin, o Brasil se comprometia a não dar
asilo aos acusados de crimes de alta traição. A França nunca apresentou
b) Delitos poiítácos A qualquer reclamação`e, em 1871, este tratado ainda estava em vigor (Cân-

Os criminosos poli'_ticos,iião¬§ãp:Ipassíveçis _C1_£:;5;r?íJ;La¿1ição- Existe, entre-


tanto, uma grande dificuldade para a caracterização desteš delitos, o que
fez com que a maioria das legislações estatais não o definissern.
s dido Mendes: pronunciamentos parlamentares de 1871 a 1873,__1982. T.
I., organização e pesquisa de Aurélio I/Vander Bastos). _
A “última tentativa” realizada, segundo Egidio Reale, para obter a
'

extradição de ciiminosos políticos, foi a da' Rússia e da Austria, em 1849,


Na doutrina, dois critéiíios foram propostos: a) um objetivista -- define com fundamento nos tratados de Passarowitz (1718), de Belgrado (1739),
o criiiie politico como sendo; aqueleggerpetrado conttãtai. QI1Il§I_H3J2_0lÍÍ-_ÍCi_1. de Kutschuk-Kainardji (1774), de Sistowa (1793), solicitaram a extradição
e_s_ta.i:ã.l.; o.i_mp”ortai'ite é que o bemjurídico atingido seja de natureza política; de “cinco mil súditos austríacos ou russos comprometidos na insurreição
b) um stibj_etiv_i_sta _ qtleconsidera .crime polí_tiC,Q 0 que foi cometido çpin húngara e refugiados na Valaquia”. O Império Otomanó recusou-se a
Tese desenvolvida pela jurisprudência suíça. Nos dias entrega-los.
de hoje, um critério misto resultante da combinação dos acima citados é _A"_,não extradição do ciiminoso político tem 0 seu fundamento em
o que-tem sido mais utilizado para a verificação da natureza politica ou t_iive_rsas__razões: tz) o_ aspecto anti-social deste crime é relativo, o que se

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acentua no D1, que admite a validade dos rnais diferentes regimes políticos sentido é unânime: Graven, De Vabres- As Convenções de Genebra de
1

(ex.: um governo “capitalista” pode não considerar criminoso o homem I


l 1949 (sobre prisioneiros de guerra, proteção dos civis em tempo de guerra,
que tenta derrubar urn governo “comunista” e vice-versa);'g b)Êo criminoso melhoria da sorte dos feridos e enfermos dos exércitos em campanha e
político não teria no seu Estado nacional um julgamento imparcial; c) tem l
melhoria da sorte dos feridos, enfermos e náufragos das Forças Armadas
sido apresentado como argumento decisivo em favor deste princípio a não no mar) obrigam os Estados a processar criminalrnen te os ditos criminosos
intervenção nos assuntos de um Estado estrangeiro." Na verdade, ao não l ou a extraditá-los. A Convenção de 1951, que fixa o estatuto dos refugiados,
1.
extraditar um criminoso político há também uma intervenção no sentido estabelece que a convenção não se aplica: às pessoas que cometeram crimes
1
de que se mantém “viva” uma facção política. contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade e atos contrários
É de se reproduzir texto de Heleno Fragoso, onde assinala que “só os aos fins e princípios da ONU, etc. O caso mais recente sobre esta matéria
regimes democráticos têm verdadeiramente autoridade para reprimir e é o General Pinochet (1998-1999) acusado de crime contra a humanidade
punir os seus inimigos”. Cita Florian, que observa: “um conceito racional
l

praticado a espanhóis no Chile. Pinochet encontrava-se na Inglaterra, em


de delito político só é possível onde o regime político repousa na maioria”,
LÉ tratamento médico, quando a Espanha solicitou a extradição. A Câmara
isto é, onde há liberdade. Conclui Fragoso: “as tiranias dificilmente podem dos Lordes decidiu que só a daria por crimes praticados após a conclusão
ter inimigos ilegítimos” (Heleno Fragoso _ A Lei de Segurança Nacional, do tratado de extradição entre Espanha e 1nglaterra,.que é relativamente
in Encontros com a Civilização Brasileira, ng 2, 1978, págs. 229 e segs.). recente. _
E preciso assinalar que 9 nmes
anti-sociais, nem os crimes ou atentados_cont_r§a;ag vida de chefes de Estado.
«; ' Não se dá a extradição de crime político iconexo. O crime comum
\fD\
absorvido pelo crime político. A extradição pela lei brasileira só se dara
Os crirries anti-sociaism' sãogaqiieilges praticadgosírorgganga1:q¶
F asÍÍl'es quando o crime comum for o principal e o político o acessório (Decreto-lei
se distinguem dos crimes polít_ico's,_ porque enquanto estes visam a destrui- 1 ng 394, de 1938, Decreto-lei ng 941, de 1969, e Lei ng 6.815, de 1980). Este
çm'f:_EiÊfëigiii'in-ádãg forma de governo, aqueles visam a destrui ão de I
l último procedimento é o que alguns têm denominado de cláusula suíça,
qualquergovefno, visam destruir a “organização social comum' aos Estados vez que foi formulado na lei suíça de '22-1-1892. Existe umatendência de
civilizados” (Accioly).'g Na verdade, esta distinção nem sempre é fácil, 'e se assimilar o crime complexo ao crime político quando este também existe
Manzini assinala que Cristo poderia ser considerado criminoso, uma vez e não se dar extradição (Leopoldo Braga).lg^ '
que era um revolucionário social. Entretanto, a distinção é tida como válida A Convenção européia de 1957 permite ao Estado requerido denegar
e os autores de crimes anti-sociais são passíveis de extradição. Alguns a extradição quando considerar que o pedido fundamentado em um crime
l
autores tentam aí incluir o terrorismo. Na verdade, todo crime anti-social comum visa “punir um indivíduo por consideração de raça, de religião,
é crime político. Os autores mais modernos não mencionarn esta categoria de nacionalidade ou de opinião”. A convenção interamericana sobre asilo
de crime anti-social. territorial (1954) não admite a extradição quando “for solicitada, obede-
Os autores de crimes fr atentados contra chefes de' Estado também são cendo a motivos predominantemente políticos” (art. 4g).
passíveis de extradição. E gafidengorninada c_láusu_l3 gbelga,_í:_›pÚ cláusula do ll E mais fácil dizer o que não é crime político do que definir este.
l
atentado, incluída nos trataglgs de extragfição. A suaorigem esta em um c) Diversos outros delitos não sujeitam os seus autores a extradição:
atentado contra Napoleão III, cujo autor se refugiara na Bélgica, e que os crimes de imprensa, crimes contra a religião, delitos de caça e pesca, etc-
tribunais negaram a extradição. Em 1856, uma lei belga declara que “ não O Brasil não concede a extradição “quando a lei brasileira impuser, ao
será considerado delito político, nem conexo com ele, o atentado contra
ilícito, pena de prisão igual ou inferior a um ano-..”. -
a pessoa do chefe de um governo estrangeiro ou membros de sua família”.
No Brasil a Lei ng 6.815, de 19-8-1980, estabelece que pode não ser
A partir de então ela passou a figurar nos tratados de extradição. A esta
considerado crirne político: a) atentados a autoridades; b) sabotagem; c)
cláusula tem sido feita a crítica de que ela faz a entrega apenas de crimi-
terrorismo; d) seqüestro de pessoas; e) propaganda de guerra ou de pro-
nosos de pessoas importantes (chefes de Estado). A legislação brasileira
cessos violentos para subverter a orden1_ olítica ou social.
sobre extradição apresenta, ao lado dos atentados con tra chefes de Estado,
"\u-I v-m- ?›58A. Deixamos para estudar o Íéigforismo m separadoitendo em vista
os contra “qualquer pessoa que exerça autoridade” (Decreto-lei ng 941, -N
a mlevância que este crime tem ad ` ` .
de 1969, e Lei ng 6.815, de 19-8-80).”
"\Ele é uma_técni£a,1¿ti_lizagg_por gruposçparaça .contes_taçã_o.dosistenIa“ J.
Não são equiparados aos criminosos políticos os criminosos de guerra,
¡ ipolítiëio. O “nosso século é aqueleäda Íêcnica terrorista” , escreveu Bertrand
os at_i`tör"e"_s_' 'de `g'ëii'óEídiõ` ë `cíiiii`ës`_cöii t`igã"ã'i5ã`ã."ÍI”áiš;Efiiiíi'n'osos"são passíveis
dejouvenel (Dela Politique Pure, 1977). Segundo Ignacio Ramonet (Guer-
de extradição, porqiiéi tais 'crimes não têm uma criminalidade relativa, pelo l re Totale Contre un Péril- Diffus, “in” Manierè de Voir 61, Novembre -
c`oiitr°á.rio, 'eles isãoiviolações de normas internacionais. A doutrina neste
Decembre 2001), o primeiro a propor uma teoria do terrorismo foi o

_ › -. ._
_ 991
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alemão Karl I-leizen, em “Der Mord” (O assassinato), em 1848, para quem nição de Levasseur: “é o emprego intencional e sistemático de meios de
tudo valia para se chegar ã democracia. modo a provocar o terror visando a ati-ngir certos fins”. Podemos fornecer
A grande preocupação atual é com o terrorismo político, vez que o mais algumas definições dadas pelos doutrinadores, vez que não há uma
praticado sem este tipo de finalidade é punido pela legislação penal co- que tenha aspecto “ legal”. Para W. Laqueur “terrorista político é alguém
mum. Por outro lado, o terrorismo é algo eminentemente político e po- que sistematicamente faz uso de assassinato, causa ferimentos, destruição
demos dizer que a expressão “terrorismo político” é atualmente um pleo- e outros meios de intimidação coercitiva visando a objetivos políticos”.
nasmo não somente porque ele visa fins políticos, bem como porque a Para L. Dispot é aquele “que faz política, matando”. L. Banker, B. Miller
política dos governos entra nos mais diversos recantos da vida social. Qual- e Ch. Russell definem terrorismo como a “ameaça de uso ou uso da
quer ação acaba por interessar e atingir o Estado. violência ou força para atingir um fim político por meio do aumento do
Parece que a primeiraívez em que o terrorismo foi utilizado como medo, a coerção e a intimidação”. Para Richard Falk é “qualquer forma
arma de conquista dÍ)_}ióder foi no século Xl, na Pérsia, onde Hassan Ben Í de violência política sem uma adequada justificação moral e legal”. Para
Sabbah fundou, em 1090, uma sociedade secgeta denominada Hashishins. Paul Wilkinson “é o uso sistemático do assassinato, do dano e a destruição,
Pertencia ã seita dissidente dos ismailis, que era uma das duas maiores ou a ameaça deles, para criar um clima de terror, a fim de dar publicidade
facções guerreiras do Islame, tendo a sua maior base na Pérsia. a uma causa, e de intimidar um setor mais amplo que satisfaça os objetivos
Alguns consideram que o seu nome veio do narcótico “hashishi” , que dos terroristas”. A. Sottile o define corno “ o ato criminoso perpetrado pelo
eles fumariam. Outros acham que esta palavra significa apenas os hábitos terror, violência, uma grande intimidação, visando a um fim determinado”.
bizarros da seita. Eles formavam uma irmandade que usava da agitação Para Waciorski “o terrorismo político é um método de ação delituosa
popular e do segredo. Para uns esta sociedade teria sido a p_1j_n1¿§:__i§_a__e¿t; pelo qual o agente procura impor pelo terror sua dominação ã sociedade
pressão da nacionalidade persa, enquanto ¶r¿r"9¿çmr er;a uma ou ao Estado para conservar, transformar ou destruir os vínculos sociais
defesa dos s mção.'gB Outros autores (Wal- de ordem pública”. Para Bassiouni é uma estratégia ideologicamente mo-
|
ter Laqueur) viram manifestação do terrorismo anterior aos hashishin, nos Í

'r tivada de uma forma proibida de violência para inspirar terror em um


“ sicarii” , uma organização religiosa que atuou na guerra da Palestina (66-73 l segmento de uma determinada sociedade para criticar algo realizado pelo
1

d.C.). Ernest Renan (Vida dejesus, s.d-) escreve: “os 'zelotes' ou 'sicários', poder ou fazer propaganda de uma reivindicação e os seus autores agem
¬l
r

assassinos frios que se obrigavam a matar todo aquele que na sua presença em seu próprio nome ou do estado.
não respeitasse a lei (mosaica)...”. De qualquer modo o terrorismo só O terrorismo em sua forma moderna é europeu e surgiu com a Revo-
começou a ser utilizado de modo sistemático na segunda metade do século luçao Francesa.
_)íI_§. O terrorismo foi introduzido no anarquismo por Nechaev, com o Tem sido observado que o terrorismo atualmente é mais violento e
livro “Catecismo do Revolucionário” (1869), onde defende que o indivíduo que os Estados nao se entendem para a sua repressao.
para slerirevolircionáriía não deve fer piedade, que influenciou Bakunin. O t errorismo ternçasäseguintes características-. a) imprevisível ea_rbi_y`j¿1_-
O terrorismo vai ser usado pelos revolucionários russos que lutam contra 519; Pta .vítirriairáç›_.r.c;1ra_11*.1s=gig<'›iš"Ef_<§'7=-ViÍt'”=_%1“,1¿:';Í_Í'”_‹5)” ÊÊÍÍ.31__Í<Ç1ii:}.ilš§”ͧÍzl.ͧÍ.‹5:;r.1.tJ1çi_‹›_-ç1e.que
os czares. Em 1906 o Partido Operário Social-democrata Russo estabelecia
que: o partido deve reconhecer as ações militares dos guerrilheiros; elas
1¬¿ã9.1¢ví‹1.ema:‹r›na51¢racë9.§rsvm.e1äÍiÍ>š;l2vrfiãrrit=='iri_0S tv- H diSJirr§.â9 entre
guerrilheiro e terrorismo no capítulo Guerra Civil). Wim” O O
devem visar a destruição dos aparelhos governamental, militar e policial; Alguns autores (H. Fragoso) consideram o terrorismo sempre um fato
são permitidas as ações armadas para a captura de meios financeiros per- político, enquanto outros (Wilkinson) também admitem caso de terrorismo
tencentes ao adversário e as ações militares dos guerrilheiros devem ser r como crime comum. -
controladas pelo Partido (Moniz Bandeira _ Lênin, 1978). T
O terrorismo pode ser tanto do governo como daqueles que contestam
A palavra_ terror_i§_1_t1_1_Q..Y.¢_1l1._§1,9_l§_1:tim “terrere” (tremer) e “deterrere” o governo. O p_raticado pelas entidades governarneutais consiste no uso
(ame ár:ece que começou a ser usada na França no período E de terror com a finalidade de obter um determinado comportamentofgg
da Revolução e daí passada ao inglês. A palavra terrorismo foi usada em
Ele está submetido às mesmas características apontadas acima e é
1798 pela primeira vez, no suplemento do Dicionário da Academia Fran-
praticado'por serviços especializados e no início visam apenas os contes-
cesa, se referindo ao regime que houve na França entre setembro de 1793
e julho de 1794 (Geneviève Brisac). Parece que a palavra terrorismo surgiu tadores, posteriormente a minorias e finalmente o terror vira-se contra os
pela primeira vez no mundo juridico, em 1930, em Bruxelas, durante ._;4.;
“próprios revolucionários” (Wilkinson).
reunião da Conferência Internacional para a Unificação do Direito Penal. De qualquer modo, é como escreve Raymond Aron: “A partir de um
Raymond Aron define ação terrorista como aquela cujos “efeitos psi- certo ponto, subversão e repressão arriscam entrar uma e outra no círculo
cológicos são desproporcionais ao seu resultado físico”. Ou então a defi- --ze
l infernal do terror propriamente político-” Bertrand de jouvenel salienta
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que “levar as autoridades a bater enr testemunhas inocentes é 0 ponto No plano jurídico irrternacional a primeira convenção para a preven-
essencial da estratégia terrorista. Sua eficácia consiste principalmente em ção e repressão do terrorismo foi concluída em Genebra em 1937. Ela
provocar cóleras cegas e respostas desastradas”. Robert Sclrmelck afirma definiu “atos de terrorismo” como sendo os fatos crirninosos dirigidos
que o terrorismo cria uma armadilha para as democracias, porque para contra um Estado e cuja finalidade ou natureza é “provocar 0 terror em
combate-lo os Estados acabam por abandonar os valores da democracia. determinadas personalidades, grupos de pessoas ou no público”. Os Esta-
É de se recordar que nem todos os revolucionários são favoráveis ao dos se obrigam a punir tais crimes, bem como a extraditar os criminosos
terrorismo. Lênin e Guevara não o aceitavam- O primeiro sustentando que se for o caso. Esta convenção só foi rarificada pela India.
“atos individuais de terrorismo... apenas criam alguma sensação durante Atualmente o terrorismo volta a constituir uma preocupação na ordem
pouco tempo, mas a longo prazo acabam levando a uma apatia e ã espera jurídica internacional, principalmente em duas modalidades: o seqüestro
passiva de mais uma sensação”. O segundo considerando que ele impede de diplomatas e o apoderamento ilícito de aeronaves (v. capítulo Espaço
“o contato com as massas e torna impossível a unificação para ações que Aéreo).
serão necessárias em um momento' crítico” . Entretanto Trotsky considerava _ A grande preocupação nos textos internacionais é não considerar os
que o “Terror vermelho era apenas a continuação da insurreição armada” autores destes crimes como criminosos políticos e, por conseguinte, não
e não se diferenciava desta. Para ele “o terror é eficaz contra a classe os beneficiando do direito de asilo.
reacionária que não se decide a abandonar o campo de batalha”, ou, Em 1971, a\OEAlaprovou convenção para a prevenção e repressão de
ainda, “a intimidação é o meio mais poderoso de ação política” (Leon atos de terrorismo, que é considerado como crime de interesse interna-
Trotsky -- Terrorismo e Comunismo - O anti-Kautsky, 1969). Pode-se cional. São irrelevantes para' a caracterização do fato como crime os fins
recordar que Trotsky, antes dos bolchevistas subirem ao poder, escreveu com que ele foi praticado. E considerado crime todo atentado ã vida ou
um livro contra o terrorismo. Debray sustenta que o terrorismo na cidade ã integridade física de pessoas às quais o Estado deve dar uma proteção
tem a vantagem de aí imobilizar milhares de soldados. G. Plejánov observa especial conforme o DI (por exemplo, diplomata).
que o terrorismo “não é um meio de luta proletária”, porque o terrorista Em 1973, foi concluída convenção, semelhante ã anterior, na
é individualista. visando a prevenção e a repressão das infrações contra pessoas se e r-
Podemos fazer ainda algumas considerações sobre o terrorismo no ciando de uma proteção internacional, aí compreendidos os agentes di-
sentido de que ele visa “vedetizar” um determinado fato, chamando a plomáticos. Ela protege os chefes de Estado, representante, funcionário
atenção da opinião pública para aquilo que ele defende (Maurice Denu- ou personalidade oficial, etc. São protegidos também os locais oficiais, o
zière). Ele é uma “forma de comunicação de massa” (D. Fromkin). O domicílio privado e seus meios de transporte. E considerado crime o
terror (praticado pelo governo) visa “ã indiferença, ã resignação e à apa- assassinato, o seqüestro, ataque ã sua liberdade, a ameaça, a tentativa, a
tia”, enquanto o terrorismo (praticado pelos que se revoltam) visa “tirar cumplicidade, bem como atos contra os locais oficiais, a moradia ou os
as massas de sua apatia e as lançar na resistência” (Friedrich Hacker).'”D meios de transporte. O Estado deve punir o crime praticado no seu terri-
A grande característica do terrorismo moderno é a sua internacionalização, tório, em navios e aeronaves nele registrados, ou que têm a sua naciona-
existindo redes internacionais.-e_uma conexão entre os terroristas mesmo lidade. Os Estados devem cooperar para prevenir tais infrações- O Estado
que não extraditar o criminoso deve puni-lo. A convenção é considerada
que eles visem sfins diferentes (Pierre Lellouche). O terrorismo é a forma
como fundamento para a concessão da extradição para os Estados que
mais violenta de guerra psicológica (Gérard Chaliand).
consideram necessário um tratado a fim de que a extradição seja concedida.
Do ponto de vista das vítimas dos seqüestros há com o passar dos dias
Em 1977 o Conselho da Europa concluiu convenção para a repressão
uma identificação com os seqüestradores. E a síndrome do Estocolmo
surgida em 1974 quando tim ladrão de banco manteve uma bancária sob
ao terrorismo. Considera terrorismo: a) as infrações definidas na conven-
seqüestro e acabou por surgir um idílio entre eles. ção de Haia (1970) para a repressão ao apoderamento ilícito de aeronave;
Algumas outras observações podem ser acrescentadas com fundamento b) as infrações definidas na convenção de Montreal (1971) para a repressão
em Bertrand Badie e-Çuy 1-lermet (Politique Comparée, 1990): a) o ter- de atos ilícitos dirigidos contra a segurança da aviação civil; c) a tomada
rorismo é um modo de agir pré-revolucionário quando o regime é pluralista de refém ou seqüestro arbitrário; d) atentado contra pessoa que tem pro-
e é difícil a mobilização revolucionária. A sua finalidade é uma tomada de teção diplomática; e) utilização de bombas, granadas, etc.-, que acarrete
consciência. No caso dos regimes autoritários, visa mostrar a sua fragilidade; perigo para as pessoas. Este crime não é considerado crime político, e o
b) 0 terrorismo apresenta uma outra legitimidade, que pode ser ideológica Estado deve conceder a extradição. Esta convenção não foi bem _recebida
ou étnica; c) faz com que a ação política perca a sua legitimidade, vez que pela opinião pública européia, vez que, ao se despolitizar um crime; ameaça
ele atua fora dela. * . o direito de asilo. A convenção tem um dispositivo que permite às partes

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ã família da classe média, éjovenr, geralmente homem e economicamente
de não considerarem delito político “todo ato de violência dirigido contra
marginal.
a vida, a integridade cõrporal ou a liberdade das pessoas ou contra os
No Brasil os atos de terrorismo são considerados crimes contra a
bens”- Clrauvy menciona ainda no âmbito europeu uma convenção para
segurança nacional.
a repressão ao terrorisgno, concluída em Dublin, em 1979, entre os países
Em seternbro de 2001 o CS aprovou resolução condenando o terro-
da CEE.
rismo. Condena o finaciamento de atos terroristas e os estados devem
Atualmente, dentro da prática há mais um crime que não será consi-
tomar medidas para preveni-lo. Os estados devem cooperar nas investiga-
derado crime político: o da tomada de refém. A Assembléia Geral aprovou
uma convenção sobre esta matéria em 1979, que proíbe a tomada de -_p7ções. ,O;ter_rƒor.i-Smo não tem “status” de_,,asiladq ou _de refugiado; Esta
reféns. Os Estados devem cooperar para prevenir a prática deste crime. resolução se fundamenta no Capítulo VII, o que permite o uso de força
Ele é considerado um crime comum e o seu autor deve ser extraditado, a contra o estado que não cumprir o aprovado. `
não ser que haja suspeita de que vai ser punido por motivo de raça, religião, 359. Hildebrando Acci_oly_resume as seguintes ,condições para a con-
nacionalidade e opinião política. A convenção não se aplica quando se- çessão da extradição: a)~LJi-gar da infraçãÍ›\,--- o indivíduo tf-1_r_T'ri_regrza_¿_`g§_;j1_'ƒ‹_rl
qüestrador, seqüestrado e local do seqüestro são nacionais de um único É.-Ê.>“fadi*ad° Pëtë.-9-.E.S1ë§l.9 em <=Í1JÕ.ÍÍístãiÍt‹_5ri9..têrhê. r2rs.tt‹a-d.o-a.âz1m›-
conftidõfriiãtdã'-i'mpede interiíãëiõiiãlnien te que um Estado dê a extradição
Estadp. O crime é definido como sendo aquele em que “alguém se apodera
deiuma pessoa ou a detém e ameaça de a matar, de a ferir ou de continuar de um criminoso por ato praticado no seu território (o indivíduo que
a detê-la a fim de constranger um terceiro, isto é, um Estado, uma orga- falsifica moeda de Estado estrangeiro pode ser para ele extraditado); b)
nização internacional intergovernamental, uma pessoa física ou moral ou qgej_ç›_r:-r;i1_r__1e seja punido nos Estados:re_qt¿ere_nt.m,u (tÉinciípiõ
um grupo de pessoas, a realizar um ato qualquer ou a se abster como "`d'¿zi_h_ide”7ntidaÊ”e); c) que io in_c_li_víç_l_t_tc_›__nãová serjulgado por um _tfib_fifi¶fdÉ
condição explícita ou implícita para a liberação do refém”. E punida a excéçãõiãb d) que õ _cri'rr'ie_- não tenha sido_jtilgãdó"ÍiiöIÍE`stado-.reqneIiÇlQ.z
tentativa e a cumplicidade. 1
Esta condição visa resguardar o princípio que condena o “bis in_ idem”,
Ao lado dos textos internacionais os Estados têm promulgado leis 1510 É» @t*i£fi.F..-¶U¢..-.9--isšlšrrlfllis-ãâiai-1á8êCl9-.ti151.5-rrâzeâ-2,sa9..m.¢.Srr1Çz--s.tiP3s
internas, como, em 1976, ocorreu nos EUA com o Act for the Prevention (art. 99, da Convenção Européia de 1957)- Em 1990 o STF negou a extra-
and Punishment of Crimes Against Internationally Protected Persons. ' dição`de uma argentina, vez que ela estava sendo julgada pelo mesmo
A tendência é não se considerar o terrorismo como crime político, . crime no Brasil (narcotráfico). É preciso esclarecer que ninguém pode ser
mas como isto só tem ocorrido em tratados internacionaisespecíficos, . julgado duas vezes pelo mesmo crime na mesma jurisdição. Não se dá a
ainda resta um grande campo livre para os Estados, inclusive porque muitos extradição quando houver a prescrição do crime. Três correntes existem:
ainda não ratificaram tais tratados. E de se leiiibrar que estando o mundo cr) a lei do Estado requerente; b) a lei do requerido; c) admite ambas as
dividido em ideologias opostas há ainda a possibilidade, bastante ampla, leis para a caracterização da prescrição- O Brasil adota este último critério,
de se negar a extradição nestes casos. O terrorismo é hoje uma realidade, negando a extradição se 0 crime está prescrito por qualquer uma das leis.
sendo que alguns (john Murphy) constatam que não se fala mais em 5 Í . _ Pode-se ainda acrescentar que a convenção, concluída sob os-auspícios da
eliminá-lo, mas em controlá-lo. Outros, como Herman Khan, criticam o ONU, em 1984, para a repressão ã tortura proíbe a extradição, devolução
que estaria ocorrendo atualmente: uma aceitação romântica do terrorismo. _
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ou expulsão se 'houver suspeita de que o indivíduo será torturado. A
Segundo a CIA houve, entre 1968 e 1976, 1.-152 atos de terrorismo convenção de 1985, concluída no âmbito da OEA, sobre o mesmo tema,
internacional, assim divididos: Europa Ocidental (451), América Latina também proíbe a extradição eexpulsão no caso acima.
(317), Oriente Próximo e Africa do Norte (132), América do Norte (131), ' :_ No Brasil a concessão da extradição está submetida a uma regulamen-
Ásia (54), África ao sul ao szzrzr (41), URSS tz Europa do 1-este (19), ' tação detalhada na Lei ng 6.815, de 1980, onde se estabelece que o Estado
Austrália e Pacífico (6). Habermas observa que o terrorismo se manifesta _ estrangeiro terá de computar o tempo de prisão do extraditado no Brasil.
de modo mais grave na Alemanha, Itália ejapão, porque estes países têm , - Determina ainda que após ser concedida a extradição, se o estrangeiro
culturas políticas menos estáveis. Acrescenta o pensador alemão: “o terro- ' I fugir e se homiziar no Brasil, a sua entrega será feita mediante pedido por
rismo não é um fenômeno irracional... à sua maneira (é) uma tentativa 'I vi_a diplomática sem maiores formalidades. Este procedimento já constava
de reafirmar o momento político diante da pura administração” (lurgen . do tratado Brasil e EUA de 1961.
Habermas -- Crise da Democracia, in Encontros com a Civilização Brasi- ' ' 360. A doutrina e a prática de um modo geral têm sustentado a
leira,'n'-* 8, fevereiro de 1979, págs. 133 e segs.). ' á retroatividãde dostratadosde extradição, isto é, o tratado se aplica aos
A personalidade do terrorista tem sido apresentada pelos autores como ¿) ' indivíduos que se tiverem refugiado no território dos Estados contratantes
possuindo um elemento profético e um elemento autodestrutivo; pertence 1;)
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antes de sua conclusão. O Brasil sempre aceitou estesprincípio.
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Se na prática a questão parece estar resolvida, no carnpo doutrinário Não cabe recurso da decisão do STF e tem-se admitido apenas embar-
ela não nos parece ser a mais correta Duas razões em favor da irretroati- gos de declaraçao.
-ividade dos tratados de extradição” podem ser alegadas: a) não existe A doutrina (Anor Butler Maciel) tem afirmado que a extradição no
qualquer direito e dever de extradição antes da conclusão do tratado; b) Brasil é um ato misto, isto é, judiciário e administrativo. Entretanto, é O
os tratados podem ser concluídos com endereço certo, isto é, apenas para Executivo que tem atuação-decisiva.
° " atingir determinado indivíduo. A própria prática internacional registra Foi a Bélgica que introduziu o controle judicial no processo de extra-
alguns casos em que se sustentou a irretroatividade do tratato de extradição, dioão. Cada Estado cria o seu próprio processo. Nos EUA existem dois
como ocorreu com a Argentina, que se recusou em entregar Beckmann procedimentos concomitantes: a) é apresentado o pedido de extradição
ao Brasil em 1879 Na verdade, a Argentina na sua história diplomática fundamentado em tratado no Departamento de Estado; b) é iniciado um
registra tratados com a Bolívia e o Uruguai, consagrando a não retroativi- processo na Federal District Court do local em que o indivíduo se encontra.
dade.2'^ Os processos serão independentes, e só se concede a extradição quando
361. A preferência entre os pedidos de extradição é geralmente con- `- os dois poderes concordam. Nos EUA a extradição é medida judicial,
sagrada em tratados e leis internas: uns dão preferência ao Estado de que enquanto o asilo pertence ã órbita do Poder Executivo.
o individuo é nacional, outros, ao Estado em que o crime foi praticado As
normas estipuladas em tratados prevalecem sobre os dispositivos legais.
O Decreto-lei ng 390 tratava do assunto no seu art. 69, o Decreto-lei
ng 941, de 1969, no art. 90, e o art. 79 da Lei ng 6.815 de 1980 estabelecem
que, quando mais de um Estado requerer a extradição do mesmo indivíduo
por um mesmo fato, será dada preferência ao pedido do Estado em cujo
território foi praticada a infração. Se os fatos que fundamentam os pedidos
de extradição forem diferentes, terá preferência “o que versar sobre a
infração mais grave, segundo a lei brasileira”- Se a gravidade for igual,
será dada preferência ao Estado que primeiro apresentou o pedido de
extradição. Se estes foram apresentados simultaneamente, a preferência
será do Estado em que o indivíduo for nacional- Se ele não for nacional
de nenhum dos Estados que solicitam a extradição, será dada preferência
ao Estado em que ele tem o seu domicílio. Nos demais casos o governo
decide a quem cabe a preferência. _
Ç 362- NO Brflsilcz.. -‹:›-.Bs>‹;1.§.r_..E1v=.Çr1tir‹›..rtcqmpstenrs..paraSolicitar H
_ exuadiiëãõideiiumi
__ indivíduo _a _ Estado estrangeiro.E d -
O pedido-de extradrçao apresentado por um sta o estrangeiro segue
os seguintes trâmites: ele é apresentado por via diplomática ou de governo
a governo. O órgão encarregado de recebê-lo é o Ministério das Relações
Exteriores, que o envia ao Ministério da justiça que elabora o Aviso Mi-
nisterial.de Solicitação de Medida da Extradição ao STF,22 que decide sobre
a legalidade do pedido sem, entretanto, apreciar o mérito.” O-STF apre- ... ›

ciará a legalidade do pedido ainda no caso de o indivíduo não se opor a


sua extradição. Cabe ao Poder Executivo decidir da extradição du não de
um indivíduo. O STF “poderá deixar de considerar crimes políticos os
atentados contra chefes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim
os atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, seqüestro de pessoa, ou
que importem propaganda de guerra ou de processos violentos.-para sub- \

verter a ordem política ou social”. Ele pode recusar mesmo quando o STF
tenha declarado a legalidade e procedência do pedido.” - .
NOTAS les Europeas. Conveiiciones de Carácter Mundial y Proyectos que coiitieneri DiS-
D.
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~1. 000 F ' 1001


.. _-t...-_ _ ,

iii--,i.í_._.,__i_
1990-1991, págs. 91 e segs.; Giuliu Catelani - l Rapporti lnternazionali in Materia de drogas. Houve protesto de vários países latino-americanos, como o Brasil e o
Penale, 1995- M. Cherif Bassiouni - Internacional Extradition: United States Law México. Anteriormente, o priricípio “ mala captus bene detentus" era aplicado aos
and Practice, 1996; Anna Zairi - Le Principe de la Spécialité de l'Extradition au seqüestros realizados por particulares e geralmente com a mesma nacionalidade
Regard des Droifis de l'Homme, 1992; Ricardo Perlingeiro Mendes darSilva -- A do seqüestrado. A doutrina e ajurisprudência condenavam quando realizado por
eficácia “ex nunc" da naturalização e a extradição de brasileiro, "in” Revista autoridades governamentais. Esta prática deve ser abolida vez que viola a soberania
Ciências Sociais, Universidade Gama Filho, vol. 3, n. 2, dezembro de 1997, págs. e os direitos do homem, como o direito à liberdade, direito de não sofrer prisão
89 e segs. lgoir' Stanbrook e Clive Stanbrook -- Extradition. Law and Practice, arbitrária. Tem sido admitido o seqüestro de um criminoso que se encontra em
2000; Elizabeth Coraieb -- A Extradição no Direito Brasileiro, 1999. Elisabeth águas internacionais com a finalidade dejulgá-lo. E o “Yunis case", vez que Yunis
estava em um iate em águas internacionais e tinha sido o responsável pelo seqüestro
Rolin - Le Conseil d'État, juge de L'Extradition, 1999; Carmen Tiburcio e Luís
de uma aeronave jordaniana em que morreram cidadãos norte-americanos. Assi-
Roberto Barroso -- Algumas Questões sobre a Extradição no Direito Brasileiro,
nala Bassiouni que 0 aforismo “mala captus bene detentus" viola " ex injuria jus
“in” Revista Forense, vol. 354, pgs. 83 e segs-
non oritus” e também que só se recorre a medidas extraordinárias quando as
2. A extradição se desenvolveu com o respeito ã soberania dos Estados estran-
ordinárias falham. Nos EUA esta .doutrina também é conhecida pelo nome de
geiros e a abolição do direito de caça' (um Estado prender um criminoso dentro
doutrina Ker _ Frisbie _ Machain. Os norte-americanos consideram que o se-
do território estrangeiro). z
qüestro como um ilícito é problema do Executivo e não do judiciário.
3. O tratado entre Carlos V da França e o Conde de Savóia (1376) tem sido
9. Quintano Ripollés e o Código Bustamante a situaram no D. Processual
apontado como o primeiro texto internacional em que a extradição surge com a
Penal lnternacional, isto ê, um ramo do Dl Privado.
finalidade de reprimir a criminalidade comum. Quintano Ripolles acentua ser
10. Esta posição nao significa que a extradição não entre em outros ramos
uma “ exceção no panorama histórico da Europa”-
da ciência jurídica como no D. Penal (onde cabe a apreciação detalhada da
4. Para se dar um exemplo do grau de “pragmatismo” de que estavam imbuídos
legislação estatal), uma vez que os Estados possuem leis internas regulamentando
os tratados de extradição, basta dizer que num tratado de 1804, entre Prússia e
o assunto e que servem de diretrizes para os tratados a serem concluídos pelos
Rússia, a primeira potência mencionada tentou incluir uma cláusula em que se
Estados. Por outro lado, se aceitássemos a divisão do Dl de Bustamante, o que
estipulava a extradição de cavalos.
não ocorreu, a extradição deveria fazer parte do direito substantivo, isto é, do Dl
5. Em 1765, um tratado, entre Carlos Ill de Espanha e Luis XV da França,
Penal, porque ela nao é uma simples realização dos interesses da comunidade
previa a entrega de desertores, mas acima de tudo visava a entrega de criminosos
internacional (Quintano Ripollês), mas pelo contrário, faz parte do direito subs-
comuns.
tantivo. Em favor desta última afirmação podemos citar um trecho de Coelho
6. A palavra extradição em francês parece ter sido empregada pela primeira
Rodrigues sobre o assunto, em que declara não se poder "admitir sanção sem
vez em um decreto do governo (1791) e em uma nota do Príncipe Czartorisky
direito, prática sem teoria, acessório sem principal, adjetivo sem substantivo...".
(ministro russo) em 1804. As palavras utilizadas anteriormente para designar a lu
I
_ 11. A convenção européia fala em 45 dias. E de se assinalar que esta convenção
entrega de criminosos eram: “deditio”, “remissio" e "intercum”. O termo extra-
européia (1957) tem dois Protocolos de 1975 e 1978. _
dição parece se originar do latim “ ex traditione” [isto ê, “ traditio extra territorium”
12. A menção ao Decreto-lei ng 394 é meramente ilustrativa, vez que ele está
(Pessina). Outros sustentam que ela historicamente se prende ao fato de que
revogado. _
derroga a tradição, isto é, 0 asilo (Bassiouni). Em textos internacionais foi usada
13. Segundo Von Clahn, um dos motivos que leva a este procedimento ê que
pela primeira vez em 1828. O primeiro tratado moderno de extradição foi o de
um norte-americano ao cometer crime no exterior e voltar para os EUA não poderá
1736, entre a França e os Países Baixos, que previa a entrega dos criminosos e
ser aí punido, porque- os tribunais norte-americanos nao têm competência para
fazia uma lista dos crimes (Manuel Adolfo Vieira)-
-9

julgar crimes cometidos no exterior.


7- V. Capítulo XXXII. '
13A. A bula era chamada de "joyeuse entrée”. E que no século XIV a “ realeza"
8. Poucos autores (Bluntschli, Calvo) tentaram fundamentar a extradição em
se apropria do espaço urbano com a cerimônia da “ entrées royales” ou de “joyeuses
obrigações de origem extracontratual. - -
entrées”, que festeja a “primeira entrada do rei na cidade”, ou o seu retorno após
8A. O seqüestro de um criminoso em outros Estados, isto é, sem que seja
um acontecimento importante (jacques Le Coff).
respeitado o instituto da extradição (caso Eichman), apresenta uma série de vio-
13B. Parece que inspirada na Constituição de Weirnar.
lações do DIP: direitos do indivíduo e de soberania do Estado; Entretanto, apesar
14. A legislação brasileira interdita a expulsão do território nacional do es-
dele ter sido conduzido ilegalmente, o Estado pode julgá-lo. E o aforismoz “male
trangeiro que tenha mulher ou filho brasileiro (v. Capítulo XXXIV) em nome da
captus bene detentus”. Neste sentido está a jurisprudência norte-americana. A
proteção ã família; entretanto o estrangeiro na mesma situação pode ser extradi-
própria prática internacional não condena tais atos. Contudo, a prisão deve ser
tado. E como que se neste último caso a família fosse esquecida. É verdade que
feita dentro da lei, e convenções internacionais de direitos do homem falam no
a expulsão é assunto que compete, em regra geral, exclusivamente ao Estado.
direito ã liberdade e ã segurança. Em 1989 o Congresso dos EUA aprovou uma
enquanto a extradição ê mais internacionalizada. Entretanto, não vemos razão
lei autorizando os representantes das autoridades americanas a prender em qual-
para que preceito idêntico ao da expulsão não fosse adotado para a extradição a
quer parte do mundo qualquer estrangeiro perseguido pelajustiça americana. Em
1992 a Corte Suprema dos EUA decidiu que as autoridades norte-americanas fim de dar maior proteção ã família. No entanto, devemos reconhecer que a não
extradição de estrangeiro com esposa ou filho brasileiro conduziria ã sua impu-
podiam seqüestrar estrangeiros no exterior que estivessem envolvidos em tráfico

_ I 003
nidade, mas tal fato poderia ser saiiado se o priricípio da representação fosse guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social”. Teni-se
gstendido a ele. Entretanto, a Súmula 421 do STF não impede a extradição de observado que a lei fala em “atos” , não estando aí incluída a emissão de opiniões
quem tem mulher e filho brasileiros. pregando simplesmente a prática de tais atos. Neste caso. haveria crime de opinião,
l4A. Alguns tratados medievaisjá admitiram a extradição do nacional, como que não é passível de extradição. O Decreto-lei ng 941, de 1969, no art. 88, § 39,
o concluído pelo rei da França com o Conde de Savóia. estabelece o mesmo. O § 39 do art. 76 da Lei ng 6.815. de 1980, declara que o
15. Não se incluem entre os que não são passíveis de extradição os desertores STF “ poderá deixar de considerar crimes políticos": atentado a chefe de Estado,
terrorismo, atos de anarquismo, etc.
da Marinha, sejam da Marinha de Guerra ou Mercante. Nos tratados do século
19. Em 1937 foi realizada em Genebra, sob os auspícios da SDN, uma "con-
XVIII já se estipulava a entrega destes desertores. Esta entrega dos desertores da
venção para a prevenção e punição do terrorismoí, que entretanto jamais entrou
Marinha já foi denominada de “extradição sumária”; entretanto, iião existe um
em vigor, tendo obtido apenas uma ratificação (India). Esta convenção incluía
processo de extradição para estes indivíduos. A sua entrega é regulamentada não
entre o terrorismo os crimes anti-sociais e os atentados a chefes de Estado.
em tratados de extradição, mas em acordos de comércio, navegação e amizade.
19A. Não há uma opinião pacífica entre os autores para a caracterização do
Na realidade, nao constitui uma extradição, vez que esta não é dada por crimes Ui

que seja crime conexo e crime complexo. Sendo que uma corrente (Lammasch,
militares. A firialidade deste procedimento é evitar as deserções na Marinha, que
Beauchet) considera que não há razão para se distinguir estes dois crimes, que
são muito mais fáceis do que nos exércitos. Quando não existe tratado prevendo seriam apenas “delitos políticos relativos". Entre os autores que fazem a distinção,
a entrega destes desertores, os Estados onde eles se encontram não estão obrigados esta não é uniforme e riem mesmo clara. Uns (Podestá Cósta, Spiropoulos) afirmam
aiproceder a tal entrega e se o fazem é por mera “comitas gentium”. Na prática, que crime conexo é, por exemplo, o assassinato praticado com fins políticos, outros
raramente os cõnsules pedem a entrega destes desertores. O Código Bustamante (Fauchille) falam em duas infrações, “ que são unidas por um laço de conexidade”.
(art. 361) assimilou os desertores das aeronaves aos desertores marítimos. Por O crime complexo seria um ato único (Fauchille) ou aquele crime que fere a
outro lado, tem-se restringido o conceito de deserção; esta, para se configurar, é ordem política e ao mesmo tempo o direito comum (v. Leopoldo Braga).
necessário que o seu autor tenha a intenção de fazê-lo; Manuel A. Vieira observa l9B. Hassan Ben Sabbah treinava jovens durante anos ein sua vida frugal,
que não há um direito costumeiro que obrigue a entrega de desertor na Marinha falando-lhes das delícias do paraíso e lhes era dado haxixe durante a refeição.
Mercante, por analogia pode-se aplicar o mesmo raciocínio ã aviação civil. Despertava neles a vontade de atingir o paraíso, o que eles conseguiriam se mor-
15A. Verifica-se que na Idade Média toda a legislação de Frederico Il contra ressem a seu serviço. “ Os assassinos não tinham outra ambição a não ser a de
os heréticos considerava a heresia um crime de lesa-majestade, vez que Deus e o morrer o mais rápido" (Ernest Kantorowicz -- L'Empereur Fréderic I1, 1987).
Imperador se identificavam (Ernest Kan torowicz -- L'Empereur Fréderic ll, 1987). Eles surgiram no século XII em virtude de um cisma ocorrido no Islã no século
l5B. Parece-nos que influenciou na proteção do criminoso político o fato de Xl. Eles eram xiitas e viviam abrigados nas moiitanhas da Síria. O seu chefe era
a Revolução Francesa ter quebrado a unidade do sistema de governo existente na conhecido como “O velho (ou senhor) da montanha”. As suas maiores vítimas
Europa Ocidental. .» eram os sunitas.
16. A sua criminalidade é relativa ainda porque o criminoso político tem 19C. Salienta Pierre Ansart (ldeologies, Conflits et Pouvoir, 1977) que na
sempre por intenção, ao praticar o seu crime, melhorar as condições sociais do repressão “o inimigo deixa de existir como grupo humano vivo e sofredor para
seu Estado. se tornar uma coisa, um objeto a destruir". Podemos lembrar que a nossa polícia
17. Os crimes eleitorais têm sido equiparados aos políticos no tocante ã- denomina o “criminoso” de “ elemento”-
extradição. 19D. Sobre a origem e o funcionamento destes grupos terroristas podemos
17A. Machelon ao analisar a França durante a Terceira República, no período repetir as observações de I-Iobsbawm, que são uma critica dura ao terrorismo. A
de 1879 a 1914, observa que o denominado crime social surgiu para se fazer uma maioria das pessoas que integram tais grupos é da classe média. “A característica
repressão mais dura ao anarquismo que fazia “ a propaganda pelo fato" (]ean-Pierre dos movimentos terroristas é a de se basear no isolamento dos cidadãos na grande
Machelon - La République contre les Libertés, 1976). Pode-se acrescentar que cidade tecnicizada moderna.” Salienta este historiador: “a vida desses grupos é
tratados concluídos entre países, no início do século XX, sobre extradição excluíam toda interna: torna-se seus próprios objetivos. No fundo, Baader-Meinhof e as
o anarquismo dos crimes políticos. Esta noção se explica historicamente porque Brigadas Vermellias tiveram, primeiro, que arranjar diiilieiro (roubos. seqüestros);
entre 1894 e 1912 seis chefes de Estado foram assassinados: o Presidente Carnot depois; que gastá-lo em técnicas, em seguida, que realizar ações para libertar os
da França (l894); o Primeiro-Ministro da Espanha, Canovas (1897); a lrñperatriz presos”. Ele ajuda a direita “na medida em que o terrorismo pode levar ao colapso
Elizabeth da Austria (1898); o Rei Humberto da Itália (1900); o Presidente McKin- das condições democráticas de luta". Os Tupamaros levaram o Uruguai a uma
ley dos EUA (1901) e o Primeiro-ministro da Espanha, Canalezas. Em 1881 já fora ditadura. Eles atuam em pequenos grupos isolados e para uma revolução é preciso
assassinado o Czar Alexandre III. O movimento Narodniki, na Rússia, já pregava mobilizar as massas. Observa ainda que as ditaduras temem pouco esses grupos
a destruição dos membros do governo para minar o seu prestígio. Na França os isolados. Após observar que o terrorismo alemão e italiano são contra o Estado,
atos anarquistas começaram em 1892 e em 1893 foram aprovadas leis de fepressão observa: “parece-me que o terrorismo não é uma reação contra o Estado mais
a ele (Barbara W. Tuchman - The Proud Tower, 1-985). autoritário, mas sim contra o Estado menos autoritário”. Podemos observar que
18. O art. 29, § 29, do Decreto-lei ng 394, não considerava crime político “ os talvez esta afirmação seja válida para a Europa, mas não para a América Latina.
atos de anarquismo, terrorismo e sabotagem, ou que importem propaganda de

.zoar _ 1 005

â
|
I

Ein sentido contrário, está Ruy Mauro Marini, que defende a possibilidade
de o terrorismo urbano ser combinado com o trabalho de massa. De qualquer
modo, a- guerrilha urbana não tem área de manobra. Falta homogeneidade ã
p0pul21Çâ0 urbana. e a populaçao rural é mais simpática ã gui-'zrrilha (Paul Wilkin-
son).
Podemos lembrar que um teórico do terrorismo urbano na América Latina
foi Abraham Guillen (refugiado da Espanha), que vai iñfliienciar os Tupamaros
(começaram a agir em 1963, mas as suas ações só são conhecidas em 1966) no
Uruguai, e o ERP, na Argentina. Ele não apoiou nem participou destas organiza-
çoes,
_ contudo elas se iam_ a sua “ orienta Ç ão”, como or gil niza Ç ões em célula s e
crnco_pessoas que poderiam lançar ataques sem comunicar ao Alto Comando,
deveriam ser empreendidas pequenas açoes para obrigar as forças de segurança
a ceder terreno, bem como empreender um trabalho político para obter o apoio
CAPÍTULO xxxrv
das massas, etc. (Walter Laqueur) . Foram os Tupamaros que se autodenominaram
de guerrilha urbana (Gerard Chaliand). Para Philippe Defarges a guerrilha atua ExPULsÃo DÉ ESTRANGEIROS*
no_campo e o terrorismo na cidade; ou nos meios de comunicação de massa e
avioes, _ ' -
363 _ DéffimÍçä0,' 364 _ F'undament0,' 365 _ Natureza ]'u.rídica,°
20. Está consagrado na convenção in teramericana sobre extradição concluída
em 1933, em Montevidéu. 366 _ Efez`tos; 367 _ Princípios imernaciona2Ís,' 368 _ A legislação
21. No Brasil, esta posição foi sustentada por Linneu de Albuquerque Mello. brasileira.
2lA. Os tratados de extradição em tempo de guerra são suspensos, com a paz
eles voltam a ser aphcados inclusive aos atos ocorridos durante a sua suspensão.
22. O Poder Executivo pode recusar-se a encaminhar ao Supremo Tribunal / 363. A expulsão é o ato político-administrativo que obriga o estrangeiro
Federal 0 pedido -de extradição, o que significa que ele não dará a extradição, a sair do território nacional, ao ual não pode mais voltar. __fl_
1.
uma vez que ele nao pode concede-la sem a apreciação do STF. A tendência atual \_
Ela se distingue dq uma vez que nesta oestrangeiro ié"
no Brasil e que a prisao administrativa do extraditando só pode ser decretada pelo entijegue ã auto.ridade.d¢..d.€:1$2.III1.ÍI1š1§l9..lÍ-$.lÊ£l.Q_<?ll1€í`_.Q_l`.Ç_Çlê.fl_?.š1z N fi'XPUl_{3-Ê>_`›`*_.
juiz relator. o estrangeiro recebe ordem de_deixar o território do__E_stad_o_,__ni_:zi_s__e__hvre.
23- Na Inglaterra, o Poder judiciário aprecia o mérito. O Executivo é um
executor do judiciário. .P pá_:¿ÍšÍe..‹iiz1gtz..aé.rztza0_qa¢.bém.¢ia§p.dsaflfisds. que este 851813 E1.ttB°S*°
24. E de se assinalar que as despesas com a prisão são por conta do Estado
requerente (art. 372 do Código Bustamante). _ Por outro lado, a<\‹-j_:_i_‹_ti__~íi~çliçã_c`_›;)é normalmente regulamentada em QE-
_clo§__g1_re__quando existem a tõifnam obrigatória nos termos convencionais.
`, ao contrário, praticamente não te_¬n¿gualque_r regulamentação
internacional e, em conseqüência, é um ;atõ_soberano__do Estadirpsem
maiores limitações impostas pela ordem jurídica inte“rii'aciõ3ÍialÍ“'“"'3
364. A legitimidade de o Estado expulsar um estrangeiro do seu ter-
ritório não é contestada pela prática, nem pela doutrina, apenas variando
as concepções que procuram fundamentá-las-
André Weiss sustentou_a teoria da hospitalidade. Defende o jurista
francês que o estrangeiro dentro do Estado goza da hospitalidade e se
encontra sujeito a todos os direitos e deveres daí decorrentes. Qra, se um
estrangeiro se tornafnocivo ao Estado, ele violou~os deveres que tinha,
tornando-se sujeito a'expulsão do território estatal. Esta concepção não
pode ser aceita, uma vez que a hospitalidade não constitui um instituto
jurídico. A hospitalidade gera apenas deveres morais, tendo sido instituto
U-
jurídico na Antiguidade.
Charles de Boeck defendeu a teoria do direito de conservação. O
ur

Estado pode expulsar do seu território o estrangeiro que ameaçar a sua

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conservação. O Estado tem de zelar pela ordem pública 11-.içion-ci] Dgsie 367. O Dl se interessa pela expulsão de estrangeiros, uma vez que toda
t110C10, 21 expulsão so seria legítima quando o°estrangeiro atingisse interesses a “condição dos estrangeiros" é regulamentada internacionalmente e pode
impoitantes do Estado. Nao seria qualquer motivo sem importância que dar origem ã proteção diplomática.”
acarretaria a expulsão. Esta teoria deve ser rejeitada uma vez que ela não Faucliille assinala que o DI reconhece aos Estados o direito de expulsar
corrispoàide a pratica estatal que prevê a expulsão do território estatal por do seu território os estrangeiros nocivos à ordem pública. Na verdade, este
Ia 1 z ~ , ¡ _
W184 Ufl ägfimi devassidaq: etc., isto e, pela pratica de atos que não se princípio foi sempre aplicado na prática internacional. A Convenção ln-
pode dizer que atinjam a conseivaçao” do Estado. A própria expressão teramericana sobre a condição dos estrangeiros (1928) o reconhece, de
diríto de conservação” é vaga e imprecisa (v. capítulo XIX). modo expresso, no seu art. 69:
d_ Fnellâor concepçao e a que fundamenta a expulsão de estrangeiro
nob ire no e soberania '- do Estado.
- A soberania - se manifesta
- , em um poder “Os Estados_podem, por motivos de ordem ou de segurança
so re os individuos que se encontram no teriitório do Estado, inclusive o pública, expulsar o estrangeiro domiciliado, residente ou sim-
deexpulsar os Estrangeiros que violem a sua ordem pública. E preciso plesmente de pãssagem pelo seu território.”
assina a r que o stado tem nao ~ apenas o direito,
- - mas tambem z o dever de
zelar pela sua ordem pública? ' ' Pode-se mesmo assinalar que a expulsão surge quando o estrangeiro
2165. bl-la dois aspectos que devemos analisar: a) se a expulsão é pena violou os seus deveres para com o Estado. Ele não pode ser expulso por
OU 1130, ) S6 ‹1 expulsão. e ato discricionário do Poder Executivo. interesses privados.
a) Os autores tem sido unânimes em assinalar que a expulsão não é Outro princípio que está consagrado no mesmo dispositivo da citada
uma
ter “P enIa _ OSCHT 'fenorio' ' observa que, contudo, em alguns casos, ela pode Convenção é que o Estado tem a obrigação de receber o seu nacional
Cu carater aäessãrio de pena, nos casos em que a expulsão resulta do expulso de Estado estrangeiros
pnmento e eterminadas penas por determinados crimes, conforme O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966), no seu art.
estabelecia o art. 29, alínea k, do Decreto-lei ng 479 de 8 de junho de 13, estipula:
- O I ,

1938,_qU€ dispunha, na primeira parte, sobre a expulsão do estrangeiro


que tiver sido condenado no Brasil por crime inafiançável”. Accioly a “O estrangeiro que se encontre legalmente no território de um
qualifica de “medida preventiva de polícia”. Estado, parte no presente Pacto, só poderá ser expulso dele em
b) A grande maioria dos nossos doutrinadores (Anor Butler Maciel) cumprimento de uma decisão adotada conforme a lei; e a menos
I
em sustentado que a expulsao "
e-' um 'ato politico-administrativo
, . . . .
discncio-
.. . .. que razões imperiosas de segurança nacional se oponham a isto,
nano do Poder Executivo., que nao deixa de estar sujeito à legislação em se permitirá ao estrangeiro expor as razões que o assistem contra
vigor. Entretanto, ojudiciario pode apreciar a parte referente ã restrição a sua expulsão, assim como submeter seu caso ã revisão perante
aos cäršitãs indivicluais, que estão sujeitos ao seu controle. a autoridade competente oii perante a pessoa ou pessoas desig-
1 _ o erjudiciano verifica se a expulsao é feita dentro dos cânones nadas especialmente pela mencionada autoridade competente,
egais. Aprecia se e legal ou nao. Entretanto, não considera de sua justiça e fazer-se representar com tal fim perante elas.”
Osn “sr e cursos ” ao- Judiciario
- -.- - sao
- o habeas corpus e o “mandado de segiiran-'
ça _ Atualmente tem-se preferido recorrer ao habeas corpus por ser mais Podemos concluir observando que existem poucos princípios interna-
rapido, vez que o tempo concedido ã autoridade para informar é menor cionais sobre a 'expulsão de estrangeiro. O-assunto é regulamentado quase
do que o dado no caso do mandado de segurança. que excltisivaiiiente pelas legislações estatais, daí grande parte dos inter-
366. A expulsao produz dois efeitos: . nacionalistas não tratarem mais do assunto. ' -
Em relação ã expulsão, a prática internacional (nas duas guerras mun-
f al retira do territorio nacional o estrangeiro. Ela não deve se trans-
ormar em extradição, isto e, deve ser dada liberdade ao indivíduo para diais) e a`doutrina (Accioly) têm condenado a “xenelásia”. E a expulsão
escolher o Estado a que deseja se dirigir'“ em massa dos súditos inimigos, ao ser declarada a guerra, que se encontram
7
no território nacional. Ela foi muito utilizada através da História, desde a
bl 0 €Strangeiro expulso não pode voltar ao território nacional, porque
:ie \ä›1tar se stijeitara auma pena.5 Neste particular, a expulsão se distingue Antiguidade até, inclusive, a Idade Moderna, tendo sido abandonada não
a eportaçao. Esta ultima nao impede que o estrangeiro volte ao territorio
' I . ~ . ' I 1 0
apenas por razões humanitãrias, mas também por razões pragmáticas, uma
vez que a 'sua adoção somente servia para dar homens, em conseqüência,
fiaC10fl?11z desde que preencha as condições iiecessãriasô
soldados, ao..inimigo. É evidente que se a expulsão em massa não sejustifica

.¬-r .__. .
I 009
'i-¬',
em tempo de guerra, com muito menos razão se justificarã em tempo de a ordem política ou social, a tranqi"iilida‹le ou moralidade pública eia
paz.” Ela é proibida pelo art. 22 da Convenção Interamericana de Direitos eco nomia' popular , ou cujo procedimento o torne nocivo a conveiiiencia
,
. - .- ~. - ue se
do Homem e pelo art. 4g do Protocolo ng 4 (1963) da Convenção Européia e aos iiiteresses nacionais _ Nao podeia sei cxpiilso o portugues q
de Direitos do Homem. beneficiar do estatuto da igualdade. ø _ _ 1 di
Os apátridas e refugiados podem ser expulsos, mas são mais protegidos. A expulsão e a sua revogação sao de competencia .dq Piesit ente d
A convenção da ONU de 1984 visando a proibição da tortura consagra República 7 que faz tais atos por decretos _ (atraves
_ do Ministerio dajustiça).
it._

o princípio de “non refoulement” para quem se encontra ameaçado de Eiitre as causas que acarretam a expulsão estao as que compronitílëlil ”‹1
tortura. segurança nacional, a estrutura das instituiçoes ou a tranquilidade publltfl i
- . . - - '
368. A Constituição de l946,9^ visando proteger a família brasileira, a economia popular, os que forem condenados, apos ter cumpri'do a1 p enaI,
estabeleceu, no seu art. 143: por: contrabando, moeda. falsa, venda- de toxicos' ' e eiitorpecen t s , eiioci-.
nio, corrupção de menores, etc. Podem ser ainda expulsos, apos cumpn-
mento daa pena que lhes tenha sido ' '
imposta - (fIX~-- V-flgfibu
- ndos ) , a 9 ueles
“O Governo Federal poderá expulsar do território nacional o
estrangeiro nocivo ã ordem pública, salvo se o seu cônjuge for que tenham cometido no Brasil crime inafiançavel, fillfi-_ d P _d t
- - - - f . 'z -* resi en e
brasileiro, e se tiver filho brasileiro (art..129, ngs I e II) depen- A nocividade do estrangeiro e de apreciaçao exc usiva o- A
dente da economia paterna-” - _ - da República, e o Poder judiciário so aprecia a legalidade (MING Frage)-
- z - - - - e-
O processo de expulsao *seia iniciado pe1a.pol1<_I1‹1, _d<'í 0f1C10 OU ml
A grande discussao em torno deste dispositivo consistiu em saber se o diante representação fundamentada”. Ele tem ainda início nos casos apos
_ - - . - f V de
texto constitucional exigia os dois requisitos (mulher e filho brasileiros) a condenaçao criminal quando os juizes que _prq£‹-:rem 3 St-2I1l€flÇa
ou apenas um deles (mulher ou filho brasileiro). A disputa se prendia ã condenação a comunicam ao Ministerio da justiça.
má redação do artigo, que possuía uma vírgula antes do “e”. Inicialmente,
o STF interpretou o texto da Carta Magna de que os dois requisitos eram
necessários para que um estrangeiro não fosse expulso- Posteriormente,
interpretação dominante, o STF passou a exigir apenas um dos requisitos. I

A Constituição de 1967 não tinha nenhum dispositivo sobre expulsão de


estrangeiro; em conseqüência, o estrangeiro com mulher ou filho brasileiro
podia ser expulso do território nacional. O Decreto-lei ng 392, de 1938, então
em vigor, não tinha qualquer norma proibindo a refeiida expulsão.
A fim de corrigir tal coisa, foi promulgado o Decreto-lei ng 417, de
10-1-1969, que proíbe a expulsão do “estrangeiro que tenha cônjuge ou
filho brasileiro, dependente de economia paterna”. ¡-

A Constituição de 1969 também não possui norma sobre expulsão, o


nn

mesmo ocorrendo com a Constituição de 1988 e o Decreto-lei ng 941, de


1969, estabelece que não será expulso o estrangeiro que tiver: I) “Cônjuge
brasileiro do qual não esteja desquitado ou separado; ou II) Filho brasileiro
dependente de economia paterna”. A adoção de filho ou o casamento
depois de iniciado o inquérito não impede a expulsão. A regulamentação
deste decreto-lei está no Decreto ng 66.689, de 11-6-1970, nos artigos 100 O

e segs. A Lei ng 6-815, de 19-8-80, que regulamenta a expulsão, não proíbe


que ela ocorra quando o indivíduo tenha mulher ou filho brasileiro. E
nv
_

necessário para não ser expulso que não haja separação de fato 'ou' de
direito do cônjuge brasileiro e “que o casamento tenha sido celebrado há
mais de cinco anos” e que o “filho brasileiro..., comprovadamente, esteja
sob sua guarda e dele dependa economicamente”- Esta Lei declara que
pode-ser expulso o estrangeiro que atentar “contra a segurança nacional,
__, _.;_¡_-__'z_ _ _.
1011
-- _
z- H.-if.- ¬- ¬.

i
1
NOTAS a) haveria um incentivo ao ilícito; Ó) não teiido sido cumprida a lei teria um
tratamento mais benéfico; c) o deportado pode retornar. etc. Contudo, parece-nos
que a defesa da família consagrada na Constituição deve ter prioridade. No caso
1. Bento de Faria _ Sobre o Direito de Expulsão, 1929; Emmanuel Bès de
Biggs, em 1980, ele não foi deportado, porque .era vedada a extradição -para a
Bt-:re _ De l'Expulsioii de Etrãngers. 1888; André Bloiidel _ Expulsion, in
Inglaterra bem como para qualquer Estado que tivesse tratado de extradição com
Répertoire de Droit Iiiternatioiiãl de A. de Lã Pradelle e j. P. Niboyet, t. VIII,
ela. _
1930, págs. 105 e segs.; Aiior Butler Maciel _ Expulsão de Estrangeiros, 1953;
2. Existem alguns casos em que o Estado nao tem, perante o Dl, o dever de
Alexis Martini _ L'expulsion des Etrãngers, 1909; Charles de Boeck _ L'expulsion
expulsar, do seu território, o estrangeiro, mas apenas persiste a sua legislação (ex.:
et les difficultés internãtionãles qu'en soulève la pratique, in RdC, 1927, vol. Ill,
vagãbundãgem). Em outros casos, este dever existe perante a ordem jurídica
t. 18, págs. 447 e segs.; Lacerda de Almeida _ O Decreto ng 1-641 de 7 dejãneiro
internacional (ex.: o estrangeiro asilado que em seu território prepara movimentos
de 1907 sobre expulsão de estrangeiro, 1907; P. Aymond _ Expulsion des Etrãn-
revolucionários em outro Estado) (Kelsen). E verdade que neste último caso nem
gers, :iii Dalloz _ Répertoire de Droit International, publicado sob a direção de
sempre se impõe ã expulsão, uma vez que 0 estíangeiro autor de tal ato póde ser
Ph. Francescãkis, t. I, 1968, págs. 802 e segs.; Luisjiménez de Asúa _ Tratado de G'

internado (v. capitulo XXXVII). _ _ l


Derecho Penal, t. II, 1964, págs. 1.077 e segs.; Ronaldo Rebelo de Britto Poletti
3. Existe ainda um recurso administrativo. que e o pedido de reconsideraçao.
_ Notas sobre o banimento e seus efeitos, in Revista de Direito da Procurãdofiã-
4 Anor Butler Maciel, apoiado em Pontes de Miranda, declara que o estran-
geral da justiça do Estado do Rio de janeiro., vol.. 3, ng 3, 1976, págs. 56 e segs.;
geiro expulso deve ir para o seu Estado nacional. Entretanto, esta prática pode
Ronaldo Rebelo de Britto Poletti _ Das diferenças entre extradição, expulsão e
acabar por se transformar em uma extradição disfarçada, que e condenável. O
deportação, in Arquivos do Ministério dajustiçã ng 138, abriljunho de 1976, págs.
expulso vai para onde quer. Entretanto, se nenhum Estado quiser recebe-lo, o
45 e segs.; A. Dardeau de Carvalho _ Situação jurídica do Estrangeiro no Brasil,
Estado de que é nacional tem a obrigação de recebê-lo. Afirmam ainda os dois
1976, págs. 109 e segs.; Técio Lins e Silva _ Banimento. Efeitos. Prescrição, in
juristas citados que o ãpátridã expulso deve ser enviado para o Estado de ond-e
Revista da OAB-Rj, ano V, vol. V, Ig quadrimestre de 1979, págs. 145 e segs.;jacob
veio. Entretanto, a mesina crítica acima pode ser dirigida a esta hipotese e, mais
Dolinger _ Das Limitações ao Poder de Expulsar Estrangeiros, in Estudosjurídicos
ainda o Estado de onde ele veio não tem nenhuma obrigação de aceita-lo de
em Homenagem ao Prof. Haroldo Vallãdão,I983, págs. 119 e segs.; Mirtô Fraga
volta. Daí o Instituto de Direito Internacional condenar a expulsão do ãpátridã.
_ O Novo Estatuto do Estrangeiro Comentado, 1985, págs. 181 e segs.; jacob
A orientação mais recente está consagrada nas convenções concluídas sob os
Dolinger _ Direito Internacional Privado. 1986, págs. 205 e segs.; Francisco Xavier
auspícios da ONU. Em '1951, a convenção relativa ao estatuto dos refugiados
da Silva Guimarães _ Medidas Compulsóriãs. A Deportação, a Expulsão e ã
estabeleceu: a) que um refugiado só pode ser expulso por motivos de segurança
Extradição, 1994.
nacional ou de ordem pública; b) ela só poderá ser decretada apos processo previsto
IA. O banimento é ã expulsão do nacional. Em piincípio 0 banido pode
em lei; c) ele deverá ter permissão para apresentar provas e recurso, b.em'co_mo
retornar ao território nacional se submetendo ã legislação em vigor. A proibição
ter o direito de se representar perante a autoridade ou autoridades. tais- direitos
do banido retornar, ao território brasileiro seria uma violação de princípio inter-
poderão ser negados por “razões imperiosas de segurança nacional ; d) o Estado
nacional que obrigã o Estado a receber de volta o seu nacional. Pode-se recordar
dará ao refugiado “um prazo razoãvelz para procurar obter admissão legal em outro
que o art. 3g do Protocolo ng 4 (1963) da Convenção européia dos direitos do
pais”; e) neste prazo os Estados podem adotar as medidas de ordem interna que
homem afirma que ninguém pode ser impedido de ingressar no território do
ãcharein oportunãs;j) ao mesmo tempo estabelece que nenhum_Estãdo expulsãrã
Estado de que é nacional. Este mesmo protocolo proíbe ã expulsão do nacional.
ou rechaçará, de .maneira alguma, um refugiado para as fronteiras dos territorios
O banido conserva a nacionalidade brasileira. Cabe, assim, ao governo fornecer-lhe
em que a sua vida ou a sua liberdade estejain ameaçadas em virtude de sua raça,
passaporte. Ajurisprudëriciã entendia que não, mas isto era um absurdo, porque
da sua religião, da sua nacionalidade, do grupo social a quelpertence ou das SUHS
a legislação brasileira determina que cabe a concessão de passaportes a brasileiros
opiniões políticas”. Este último dispositivo so nao beneficiará o_refugiãdo que
sem qualquer distinção. Por outro lado, eles continuam ã gozar da proteção
constituir “ameaça para ã comunidade do referido pais - A Coiiveiição sobrtâ o
diplomática do Brasil. Podemos acrescentar que o banimento existiu no Código
estatuto dos apátridas (1954) repetiu de um modo geral as normas enuncia as
Criminal do Império e foi abolido pela Constituição de 1891, surgindo-novamente
acima. ' ' _ _ d d
no Ato Institucional ng 13, de 1969, tendo sido ele revogado pelo Decreto ng
A deportação e a expulsão, quando se transformam erri extradição ve ã 21
82.960, de 29-12-78. josé Francisco Rezek afirma que se tem procurado justificar _ __ _ . . - Q
pela nossa legislação, estao proibidas pelo Decreto-lei n 941, .de 1969.
o banimento na ditadura militar, ou como uma represália, ou como um meio para
5. E de se assinalar que a expulsão pode ser revogada quãndoocessãm as pausas
libertar pessoas já processadas. Na verdade, nenhum dos argumentos justifica 0
que a motivaram. A volta antes da revogação da expulsão o_sujeita ã uma pena.
banimento, vez que o indivíduo tem o direito de habitar em seu Estado nacional.
` 6. O estrãiigeiro que se introduzir no Brasil sem estar devidãmeiite autorizado
No caso da deportação, o deportado deve se retirar voluntariamente após ter
para isso, poderá satisfazer as condições de admissibilidade. Se níio satisfizer as
sido notificado. Ele pode se retirar para o seu Estado nacional, ou de origem, ou
condiçôes legais, será deportado. Diz ã Lei ng 6.815, de -1980: ã deportação
para qualquer Estado que 0 receba. Silva Guimarães alinha uma séiie de argu- i
1
consistirá no regresso do estrangeiro sob coação”. A deportação e feita para o
mentos em favor da deportação de estrangeiro com cônjuge ou filho brasileiro:

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por falta de documentação, enquanto na República a ex pulsão é feita por questões
país de origem, ou de procedência do estrangeiro, ou para outro que consinta sociais; b) até 1917 poucos são os operários estrangeiros expulsos; a partir desta
recebê-lo". A deportação " só poderá ocorrer se 0 estrangeiro deixa de retirar-se
data, o número aumentou. Artur Bernardes diminuiu o número de expulsões.
do Brasil voluntariamente depois de regularinente iiotificarlo". " Ela só cabe nos Washington Luís. seguindo a Epitácio Pessoa? expulsou muitos operários estran-
casos de entrada ou estada irregular” (Dardeau de Carvalho). Entretanto, pela
geiros. Observa o historiador: “a expulsão de estrangeiros-anarquistas e revolucio-
convenção interamericana de direitos do homem 0 indivíduo não pode ser devol-
nários é a arma da burguesia e das oligarquias para enfraquecer o movimento
vido onde haja ameaça a sua vida ou liberdade por motivos de raça, nacionalidade,
operário. A pretexto de profilaxia social sãd banidos do país os líderes sindicais,
religião ou opinião política. I-lá uma tendência na jurisprudência de não ser
os dirigentes de greves, de reivindicações populares”. Durante o governo de Flo-
admitida a deportação de estrangeiros com esposa ou filho brasileiros.
riano Peixoto foram expulsos 76 estrangeiros. Desses, 36 por crimes políticos, 19
A deportação está regulamentada na Lei ng 6.815, de 1980, nos arts. 51 e segs.
expressamente sob acusação de anarquismo. As deportações faziam-se por simples
Este diploma legal determina: " não sendo exeqüível a deportação imediata, ou
decreto presidencial, precedendo solicitação do chefe de polícia. O primeiro
quando existirem indícios sérios de periculosidade ou indesejabilidade do estran-
decreto data de 14 de agosto de 1893 (josé Murilo de Carvalho -- Os Bestializados,
geiro proceder-se-á a sua expulsão” (art, 108). Por outro lado, estabelece que “ não
1987). Algumas outras observações podem ser acrescentadas a título de ilustrações.
se dará a deportação se esta implicar extradição vedada por lei brasileira”. A
A Lei de 1907 teria sido uma exigência das Docas de Santos (Gaffré-Guinle),
deportação é aplicada ao estrangeiro em caso de entrada ou estada irregular no
segundo Edgar Rodrigues (Trabalho e Conflito, s.d-)._Ela autorizava a expulsão
país. A transformação da deportação em expulsão é “a critério exclusivamente do
de estrangeiro que com prometesse a segurança nacional e a tranqüilidade pública.
Presidente da República”. Na verdade, escreve Mirtõ Fraga, a deportação só se
Em 1913, foi modificada a Lei de 1907, por iniciativa do Deputado Adolfo Gordo,
efetiva se o estrangeiro não sair voluntariamente do território nacional.
“sob a alegação que viiite e seis associados anarquistas estavam provocando greves
7. O Instituto de D1 tratou da expulsão nas suas sessões de Lausanne (1888)
em São Paulo”, é proposta e aprovada “a eliminação da proteção aos estrangeiros
e de Genebra (1892), onde se travaram grandes debates sobrese a expulsão é ou
tendo mais de dois anos de residência contínua no Brasil, que tivessem mulher e
não 'assunto do DI e por conseguinte se 0 Instituto deveria tratar do assunto. No
filho brasileiros”. Salienta Paulo Sérgio Pinheiro (O Proletariado Industrial na
sentido que adotamos: Ch. de Boeck.
Primeira República, in História Geral da Civilização Brasileira, sob a direção de
8. O Instituto de DI, na sessão de Bruxelas (1936), ao fixar o “estatutojurídico
Bóris Fausto, t. III, 29 vol., 1977): “é edificante 0 procedimento do Supremo
dos apátridas e dos refugiados”, estabelece que um apátrida não refugiado não
Tribunal Federal na questão. Apesar de continuar a achar inadmissível a expulsão
pode ser expulso de um Estado, desde que aí se encontre legalmente, a não ser
de residente há mais de dois anos no país - por causa das garantias do art. 72
que outro Estado o aceite. O refugiado só pode ser expulso se outro Estado o
da Constituição Federal no caso dos anarquistas, em 1919, o procedimento será
aceitar. Este princípio é o da convenção interamericana; obrigando o Estado a
diferente. Se, antes, o STF considerava a Lei de 1913 como inconstitucional, agora,
aceitar o seu nacional visa evitar que pessoas fiquem sem Estado que as aceite. A
em 1917, pelo contrário, ele não representará nenhum obstáculo real ã expulsão
legislação brasileira (Oscar Tenório) tem equiparado a ele o apátrida.
de estrangeiros, em casos legalmente duvidosos. Nesse caso concreto, os anarquis-
9. Um exemplo foi a expulsão em massa densúditos biitãnicos e súditos de
tas, apesar do decurso do prazo de dois anos de residência contínua, não são
origem asiática, em 1973, realizada pelo governo de Uganda. Outros casos podem
.considerados residentes: por se oporem à ordem social e pretendê-la destruir
ser citados: a) em 1-969 Gana expulsou 100.000 súditos' da Nigéria, Alto Volta,
através da violência, constituíam um 'elemento flutuante”, que vagava pelo país
Benin e Togo; b) em 1976 a Líbia expulsou milhares de trabalhadores tunísios e
para difundir seus métodos e ideais" . Ainda pela Lei de 1913 é eliminado o direito
egípcios; c) em 1983 a Nigéria expulsou dois milhões de imigrantes ilegais dos
de apelação para as sentenças de expulsão. Pela reforma da Constituição de 1926
países vizinhos; d) em 1975 a Argélia expulsou 30.000 marroquinos em situação
a expulsão pode ser sumária. Teni sido assinalado que para as elites a deportação
ilegal, etc.
era mais rápida e menos sujeita a recursos, porque “vagas acusações eram sufi-
9A. A primeira referência a expulsão no direito brasileiro é o Aviso ng 52 de
cientes” , sem ser ii ecessário ter provas. A nacionalidade do deportado era apreciada
4-4-1834. Com fundamento emjacob Dolinger podemos repetir que a Constituição
com impropiiedade, daí ter ocorrido casos de se deportar para país que não era
de 1824 assegurava a qualquer pessoa a entrada no território nacional. A Consti-
o dele (Sheldon Leslie Maram --Anarquistas, lmigraii tes e o Movimento Operário
tuição de l89l não mencionava a expulsão e surgiram três correntes: a) o Estado
Brasileiro 1895-1920, 1979). Leandro Konder (A Derrota da Dialética, 1988) tem
pode expulsar em nome da soberania; b)' se não houver lei específica o Estado
uma obsewação que merece ser repetida: “os propagandistas do anarquismo e do
nã0 Pode expulsar, e neste sentido foram concedidos alguns habeas corpus pelo
aiiarco-siiidicalismo eram, com freqüência, pessoas de imensa probidade, seres
STF; c) qualquer lei falando em expulsão ou qualquer expulsão deveria ser con-
liuniaiios generosos, abnegados, combativos- Neles era comum a tendêiicia ao
siderada inconstitucional, porque o art- 72 equiparava 0 estrangeiro ao nacional,
`ascetismo' ligado ã moral cristã do desprendimento ou ã convicção de que os
e este não podia ser expulso. Era a tese defendida por Rui Barbosa e Pedro Lessa,
indivíduos precisam se põr ao serviço de um ideal grandioso, resplaiidecente, em
mas que teve como críticos joão Barbalho, Rodrigo Otávio e Epitácio Pessoa.
face do qual suas existências privadas acabam por se deixar reduzir ao espaço
10. Quanto ao histórico da expulsão no Brasil, podemos repetir observações
irrelevante. Divertiríse e_ra uma atividade pecaminosa ou corrupta...".
feitas por Edgard Carone (A República Velha, volume 1, 1975, págs. 238 e segs.):
a)_ no Império a expulsão era realizada com fundamento em motivos politicos ou

1015
.., ._ ¬ ¿_| _
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-_;-: CAPÍTULO xxxv


coNDiçÃo JURÍDICA nos i';sTRANc.E1Ros1
-._.-z4._,_

369 _ Introdução; 370 - Histo'r.¿co; 37] - Dz`reito`s eldeveres dos


estrangeiros,' 3 72 - Nacioiialização de empresas; 3 72./1 - Proteção
dos investimentos estrangeiros; 373 -- Contratos entre Estados e em-
presas estrangeiras.

369. Os direitos e deveres dos estrangeiros é matéria que tem sido


estudada mais no D1 Privado do que no DI Público. Entretanto, este último
ramo da ciência jurídica se interessa diretamente pelo assunto, sendo
mesmo que convenções internacionais já foram concluídas sobre ele.
_ O presente capítulo versa sobre matéria que é regulamentada princi-
pálmente pelas legislações estatais, que possuem neste setor uma liberdade
muito ampla, vez que o DI Público fixa apenas determinados princípios
_4
gerais. O D1 Público estabelece apenas uni standard mínimo de direitos
U-

0- para os estrangeiros que deve ser assegurado pelos Estados, sob pena de
l serem responsabilizados internacionalmente? É neste aspecto que estuda-
remos os direitos e deveres dos estrangeiros.
370. Na Antiguidade Oriental, aos estrangeiros não eram reconhecidos
l
l direitos, uma vez que eles não faziam parte da religião nacional. Na Índia
l
. ¡-
I
i eles estavam abaixo dos párias. No Egito o mesmo tratamento foi dispen-
sado,-inicialmente, aos estrangeiros para somente ser mais benéfico, com
- O ¡-
a concessão de favores, quando as relações comerciais se desenvolveram.
No direito hebraico o estrangeiro somente adquiria direitos ao se converter
ã sua religião, quando então ele passava a ter todos os direitos.
u
Na Grécia, os estrangeiros passaram a possuir direitos. Em Atenas são
reconhecidas quatro categorias de estrangeiros: os nietecos (que possuíam
a proteção das leis, o direito de comerciar e de exercer uma profissão,
mas tinham uma jurisdição especial, chamada “polemarca”, nao podiam
possuir imóveis, pagavam um imposto, na justiça são representados_pelos

1017
Da Idade Média ein diante, na Europa, o judeu era o simbolo do
Hp,-05¡¡¡¡¢5 ,, , etc-),_ os -isoteles
› . -
(que por uin tratado --to p o iilar
ou decit
estraiigeiro, t: ele era malvisto. -
adquiriani os direitos privados, como o de casar, nao pagar impostos a que O fortalecimento do poder real trouxe urna iiiellioria para os estran-
os estrangeiros estavam sujeitos, podiam adquirir propriedades i_nipl: 1:5 geiros.
. _ _ " '- '- ' rote ao
rias, etc.), os bai baros (qtie nao possuiam direitos nem p Ç le idos No final do século XVIII, por iiifluêiicia da Revolução Francesa e da
-. .- - - -. r '- ' ›' - ' ro
estrangeii os nao domiciliados (nao possuiam direitos, mas eram p g pregação dos filósofos susten tando a fraternidade dos horneiis, as medidas
pelos proxenos). _ I _ _
discriminatórias em relação ao estrangeiro começaram a desaparecer. É
Em Roma, o estrangeiro, inicialmente, iiao possuia direitos iiem pro-
no século XVIII apenas que o “jus albinagi” é abolido ria França (Valladão).
teção. Devido ao comércio e ao imperialismo romano, Of CSWAHSÊIÍOÊ
. _ - Q |,|, ' ° T) _ - J S
No século XIX, os direitos privados são reconhecidos aos estrangeiros.
passaram a possuir direitos. O hospitium era a conveiilçéiiodcm qf
- - . - - - ' em avor 371. Verdross salienta que a idéia fundamental a respeito do regime
estipiilava a proteção do estrangeiro por Roma e a hospitzi i a _e_ H
dos estraiigeiros é que eles, sendo homens, deveni ter sua “personalidade
do estrangeiro. A “amicitia”, forma mais evoluida do hospiuuin (G.
, - _ -. . ' tra artida humana” respeitada. Esta alirrnaçãojá se encontra em Vitória.3 Como uma
Hubert), dava ao estrangeiro garantia de sua vida e bens e em con p
ele não daria auxílio aos inimigos de Roma. decorrência deste princípio, a doutrina (Anzilotti, Instituto de DI) tem
O “patronato” foi um instituto que protegeu o estrangelâui _€5lf 91:* declarado que eles gozam dos direitos essenciais ã pessoa humana. A prática
- - ~ - ao ana- internacional em uma série de tratados tem reconhecido aos estrangeiros
colocado sob a proteçao de um cidadao romano em uma con iç
loga” ã de um “filius familias” (Weiss). A distinção entre 0 p2ltr0I10 6 0 a personalidade perante o Direito. Teiii-se reconhecido, inclusive najuiis-
“ hospitium” é que este tinlia uma base de reciprocidade (entre estrangei- prudência intemacioiial, que o DIP exige que os Estados dêem aos estran-
ros e romanos) ao contrário do primeiro. Diversos tratados de amizade,
3'
geiros “um mínimo determinado de direitos” (Verdross). Este mínimo
comércio e aliança foram concluidos com os estrangeiros, sendo que nelëã podemos dizer que consistiria iios direitos do homem e nos principios
se reconheceram a estes alguns direitos. Os estrangeiros foram divididos, gerais adotados nos sistemas jurídicos internos dos Estados, 0 que pode
finalmente, em três grupos: a) os bárbaros Í- que nao possuianrquaisquuer ser verificado pelo D. Comparado.
direitos; b) os peregrinos ordinários - nao tinham a proteçao do jus O DI, ao fixar uni padrão míiiinio de tratamento que deve ser dado
- 1' _' H- __

civile” (direitos privados e políticos), mas tinham a proteçao do jul gen aos estrangeiros, não significa que a simples equiparação ao nacional isente
~
num” (ex.__ podiam
- '
ter escravos). Eles eram os habitantes - p rovincias
das “_ o Estado de uma responsabilidade internacional, porque os nacionais po-
que foram incorporadas ao Império Romano, mas que nao tinham o jus dem ter inenos direito (é raro) do que os reconhecidos aos estrangeiros
Latii” (direito das colônias latinas), que se caractenzava pelo direito_de pela ordem internacionalf' -
, . - - ' ` ` " ' orias:
comercio; c) os peregrinos latinos -- que se dividiam em varias categfi d ' Tem sido observado (Guha-Roy) que o denominado “standard mínimo
ti: ° ' ' ' ' - ° ' I Í I S
1 _ launi veteris” ou “pnsci” (habitantes do Lacio) no inicio eram an 0 internacional” de tratamento do estrangeiro: a) é vago; b) é uma afronta
de Roma em pé de igualdade, depois passaram a ter o jus suffiagll › 0 ao sistema nacional; c) cria problemas para o Estado quando nacionais
“connubium” e o “comgrlercium” fr, fillâlmfifltfi, Pfissafam fi Êef apefiasjff têm menos direitos que os estrangeiros.
“commercium” e o direito de fazer testamento; 2 -- “Lëll-1111 C0l01'1131`11
St - Í _ I E Í I-
.. ” Os estrangeiros gozam dos direitos fundamentais do homem.5 A De-
(ex.: emigrante voluntario que renunciava a patria romana l, I_10 claração Universal dos Direitos do Homem estabelece a sua aplicação para
tinham o direito de comércio e de fazer testamento, isto e, regime juri tC0 todo e qualquer indivíduo, iiidepeiidente de qualquer condição pessoal
semelhante aos anteriores' 3 - “Latinijuniani” (escravos libertados), tem
T (art. 29). Deste modo os estrangeiros têm direito ã vida, ã liberdade, a não
o direito de comér'oi_o mas não o de fazer testamento. _ ' _ _ I, sofrer castigo cruel, a comparecer ãjustiça, ã propriedade, etc. O mesmo
f , " 7, , . 1-
Os barbaros nao reconlieciani aos estrangeiros os direitos civis e po regime, de um niodo geral, continua com os Pactos de Direitos Huniaiios,
ticos. Eles são escapavaiii da arbitrariedade quando colocados sob a pro- sendo de assinalar que o Pacto Inteiiiacioiial de Direitos Econômicos,
teção do rei ou de um rico proprietário. ' Sociais e Culturais estipula que os paises em vias de desenvolvimento,
.r - ~ ' ' - r
No feudalismo, o estrangeiro que nao jurasse fidelidade ao senho levando em consideração “os direitos humanos e sua economia nacional,
feudal era transfomiado em servo. O estrangeiro estava sujeito auma serie poderão determinar em que medida garantirão os direitos- econômicos”
de imposições' “jus albinagii” (“droit d'aubain€”), 05 bens dfilxadm' em coiisagrados iio Pacto em relação aos estrangeiros. Entretanto, a regula-
~ Í - ‹ -2^ ' “foris
sucessao pelo estrangeiro passavam ao senhor feudal, odimp0St0f d mentação destes direitos é feita pelas legislações estatais, que podem assim
- - .
maritagium”, que pagava quando se casava com mulher e outro eu o›
impedir aos estrangeiros a propriedade de deteiiiiinadas empresas.'A Con-
ou de condiçao diferente da sua. .
1

'I' IOI9
- ' I'
-.i-
1'

.. ~-_ li ii c›i-aiiieiicaiii
.- .. . sobic
-i az condiçao
' --' dos- cstiaiigciios
› ~- ›" ( 1928)
_ estabe- periiiaiiente e “depeiideni de requeriiiiento ã autoriilatle ‹:oiiip‹:teiite”; e)
xciicao
lece, no art. 59:
Ã
E
.i Í
regem-se pela lei penal do l:Ísta(lo de residf:ncia; “Q gozo dos direitos
politicos no Estado de residência importa na suspensão do exercício dos
" Os Estados devein conceder aos estraiigeiros d.oni_ic'iliacl'os oii mesinos direitos no Estado na nacionalidade”, g) a proteção diplonizitica
de passagem em seu território todas as garantias individuais que ein relação a tim terceiro país é feita pelo Estado da nacionalidade; etc.
concedeni aos seus próprios iiacionais“ e o gozo dos direitos i Pode-se inencionar ainda como um avanço nesta matéria uma lei de 1981
civis essenciais, sem ¡br.‹.juz'zo, no que concerne aos est'ra.iigeiros, (105
E na URSS, que confere aos estrangeiros os mesnios direitos que têm os
prescrições legais relativas ri extensão e modalidades do exercicio dos iiacionais- Entretanto, o Conselho de Ministros pode aprovar limitações
ditos direitos e garantias.” em nonie da reciprocidade, quando os outros países fazem restrições aos
¿
cidadãos soviéticos.
Os estrangeiros não gozani dos direitos politicos. Tais direitos as legis- ' ' 872. A nacionalizaçãog é um instituto jurídico que tem repercussões
- - . . ' -' ' ` conô- da- maior importância no DIP. O General Torrijos, do Panamá, em pro-
laçoes estatais reconhecem apenas aos seus nacionais- No dominiq e ,____444.);- 1

mico eles devem ser equiparados aos nacionais, isto é, o Estado nao pode nunciainento na ONU, observou, comçrazão, que a palavra nacionalização
fazer leis discriminatórias eiii relação ao estrangeiro (ex-: leis fiscais). O é “uma ligura de estilo porque estes recursos têm a nacionalidade do país
_ _ _ ,- , _. - - ' " E tado que o possui”. Ela ocorre por razões econômicas, sociais ex políticas e no
Estado nao deve gravai mais aos estiangeiros do que os nacionais. O s .
- - - . - - '- - '- aem século XX tem-se tornado bastante conium. O histórico deste instituto
deve respeitar os direitos adquiridos dos estiangeiios que nao Cofllldl _-;Eu_-Pin-_4-. . ,4_z

a sua ordem pública. _ _ começa em 1917, com a Constituição do México, onde ele figura, e também
De um modo geral teni-se condeiiado as leis discrimiiiatorias ein
7 .;|n¡_nm_
nos primeiros decretos revolucionários da URSS. Pode-se lenibrar que o
relação aos estrangeiros em setores que não afetam a seguraiiça nacional. dispositivo da Constituição mexicana foi considerado como iião tendo
O estrangeiro está sujeito às leis e ã jurisdição do Estadoem pquc' S6 efeito retroativo. O'Connell declara que a palavra “nacionalização” é “ em-
encoiitra e, em conseqüência, aos deveres inipostos pela legislação que
441-- 444_41.:

i
i p"regada para descrever o processo pelo qual indústrias ou meios de pro-
deve ser por ele respeitada. Desta maneira, eles estão obrigados as 1615 dução, distribuição ou troca são concentrados no poder público, como
fiscais dirigidas ã população em geral. Os estrangeiros domiciliados podem execução de política econômica ou social”. Este poder de o Estado nacio-
ser obiigados a “serviço de polícia, bombeiro oii milícia para a protoÇfl0 nalizar decorre diretamente da sua soberania.
do local dos respectivos domicílios, contra catástrofes natiirais ou perigos - A nacionalização se distingue da expropriação e do confisco. A expro-
que não sejam provenientes de guerra”. O estrangeiro nao, esta obrigado priação ocorre quando um particular é privado de um bem (ex.: necessi-
ao serviço militar.7 Ele não deve se “ingerir nas atividades politicas privativas
'-íAJn.u:.-Ir4.í_41A?-&'
dade pública), havendo ou não pagamento de indenização. Quando ela
dos cidadãos do país”. Estes princípios estão consubstanciados na Coiiveii-
ção lnterarnericaiia_ de _Havana _ , .
(1928). _ -_ -ia ° -
Jil U-
' 0
é sem indenização, há 0 que se denomina confisco.8^ A nacionalização se
diferencia do confisco e da expropriação, porque estes dois últimos geral-
No Brasil
' 'a “situaçao _] uridica do estiaiigeiio foi regulainentada _ no mente ocorrem em casos particulares, enquanto a nacionalização é “me-
Decreto-lei ng 941, de 13 de outubro de 1969 (Estatuto do Estrange1r0) 6
¬¬

4
dida de ordem geral tendo por finalidade eliminar, por razões sobretudo
Ui
no Decreto ng 66.689, de 11.6.1970, e atualmente na Lei ng 8.815, dfi i
Í
políticasf' as empresas privadas, ou as mais importantes delas, em um ou
19.8.80 (Estatuto do Estrangeiro), e Lei ng 6.964, Clff 9-12-81, sf 211114?-1 P640 *Í vários setores da vida econômica do país” (Petrén). Por outro lado, a
Decreto ii'-” 86.715, de 10.12.81. _ i expropriação segue normas que são preestabelecidas, respeitaiido-se o
E de se meiicioiiar a situação especial do português iio Bi'aS1l f: C10 direito de- propriedade; enquanto a nacionalização segue normas parti-
brasileiro em Portugal, que foi estabelecida pela ConvenÇ'‹10 50bl`€ Igual' culares, onde se réalça a “propriedade coletiva” (E. Scliaeffer).
dade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses de 1911, ondfr fz-.nnf-Jf A estatização ocorre quando o Estado assume diretamente a gestão do
- . . ° ° - ivos iiacio- setor econômico, enquanto na nacionalização o Estado eiitrega a gestão
se estabelece: a) igualdade de direitos e deveies com os respect .

1
- ‹ - - .- ' ' -
nais; b) excetuain-se da `equipaiaçao os direitos ieservados exclu sivamente, a-“entes públicos econômicos” (Gianfranco Vallati).
. . _ . - - ' ` ' 1' ' de ' Tem sido assinalado que a palavra confisco não tem um sentido pró-
pela Constituiçao de cada um dos Estados, aos que tenham I1dC1011-fl ldd
- -- ~ ' " d`ante

F
originaria”; c) a igualdade de direitos e devei es e reconhecida me i prio, sendo aplicado no direito penal (conñsco de bens de um condenado),
decisão do Ministério da Justiça aos que a requerefflfll; d) 05 Êilllelicfs na legislação aduaneira (eiii relação a bens não declarados) ou, ainda, em
z-
politicos so› sao
~ _ -
ieconhecidos . '
aos que tivereni '
cinco -
anos de residencia
_ tempo de guerra, oii como uma variante da expropriação (Ch. Rousseau).

1021
ffiozot ~ 9

_ .\_| I

É
A partir de 1945 os Estados só téin utilizado a palavra iiacioiialização. porque reduz o risco de conflitos niilitares pi'ovocados pelo relacionanien to
O DIP, diiraiite uiii loiigo período, afirmou a inviolabilidade da pro- economico entre naçoes”.
priedade privada. Eiitretaiito, esta orientação consagrada nas Convençoes O Protocolo Adicional (1952) ã Convenção de Salvaguarda dos Direitos
de Haia (1899 e 1907) foi-se traiisforin-ando no decorrer do presente do l-loinem e das Liberdades Fiindaiiieiitais no Consellio da Europa esta-
século,“^ até a coiicliisão dos Acordos de Potsdain (1945). Nestes últimos belece:
os aliados estabeleceram a liquidação e a repartição entre eles dos bens
alemães. A liquidação se estendeu não apenas aos bens localizados em “Toda pessoa física oujurídica possui o direito ao respeito dos
países em guerra, mas também aos localizados em Estados neutros, como seus bens. Ninguém pode ser privado da sua propriedade a não
a Suécia e a Suíça.” Eni conclusão se pode observar: 1) que o DIP permite ser por motivo de utilidade pública e nas condições previstas
ao Estado dispor dos bens dos seus nacionais, bem como de estrangeiros, pela lei e pelos princípios gerais do direito internacional."
Í

situados no seu território e territórios estrangeiros; 2) o DIP admite que `I

um Estado entregue os bens dos seus nacionais a-um Estado estrangeiro, A Convenção concluída ein 1955 no âmbito do Coiiselho da Europa
mesmo que ele não tenha adquirido a propriedade destes bens nos termos sobre condição dos estrangeiros estabelece, no art. 23:
da sua legislação nacional.” Não significam os princípios acima enunciados
que o DIP não proteja a propriedade privada. A própria Declaração Uni- I
“Os súditos das Partes Contratantes, em caso de' expropriação
ou de nacionalização dos seus bens por uma outra Parte, terão
versal dos Direitos do Homem afirma o direito do indivíduo ã .propriedade
direito a uni tratamento, ao menos tão favorável quanto o dos
(art. XVII). Esta é a primeira regra escrita de proteção ã propriedade
nacionais.” '
privada. Os Pactos de Direitos Humanos não se referem ao direito ã
propriedade. Entretanto, se pode dizer que ele foi admitido implicitamente 1
A Assembléia Geral da ONU, em uma resoliição referente ã soberania
nos referidos Pactos, vez que eles estabelecem: “Não se poderá admitir
peimanente sobre os recursos naturais (1962), afirma:
restrição ou abaiidoiio de nenhuni dos direitos humanos fundamentais,
reconhecidos ou vigentes em um país em virtude de leis, convenções, “A nacionalização, a expropriação ou a requisição deverão se
regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente pacto não os fundamentar em razões ou motivos de utilidade pública, de
reconhece ou os reconhece em menor graufi Tem-se acentuado também I
segurança ou de interesse nacional, que devem predominar
|
no DIP a propriedade como tendo “função”social”. Dentro desta orienta- sobre simples interesses particulares ou privados, tanto nacio-
ção, o DIP tem sofrido uma alteração profunda e, atualmente, o proprie- 1
nais como estrangeiros. Nestes casos, o proprietáiio receberá
tário é relegado a segundo plano, tendo em vista a “função social” da uma indenização adequada-.- Em todo o caso em qiie a questão
propriedade. Os interesses estatais passam a ser os' predominantes. O art. de indenização der lugar a uma controvérsia, as vias de recurso
1 do protocolo I de 1952 da convenção _européia também consagra a l1 nacional do Estado que toina tais medidas deverão ser esgota-
propriedade privada. A partir de 1986 as Nações Unida passa a consagrar das..-”. Quando, em caso de reclamaçao diplomática, o litígio
a propriedade privada em resoluções; Esta tendência consolidou-se com será resolvido por arbitragem ou procedimento judiciário.
o fim do comunismo no leste europeu (Fausto de Qiiadros).
Tem sido obseivado que o movimento de iiacionalização tem diini- Para Dominique Roseniberg esta é uma resolução declaratória de um
nuído e só tem ocorrido em setores clia_ve da economia estatal. Este fato acordo entre Estados sobre um piincípio jurídico. A resolução é formada
decorre da consideração de que o 39 Mundo tem necessidade de capitais por normas que “conduzem efetivaiiieiite a obrigações de comportamen-
e, ao mesmo tempo, ele tem desenvolvido meios de controle sobre inves- to”.
timento estrangeiro sem precisar ƒecorrer ã nacionalização. A nacionali- Em nina resolução de 1966, também intitulada “Soberania Pennanente
zação tem um signiiicado “ideológico e siinbólico” para o 39 Mundo, bem 1I
sobre os Recursos Naturais”, a Assembléia Geral “reconhece o direito de
como um elemento de “ reconquista da identidade nacional”. Alegam ainda i
todos os países, e em particular dos países em vias de desenvolvimento, a
1
que a nacionalização está fundamentada no direito interno do Estado assegurar e aumentar sua participação na administração de empresas que
(Feuer e Cassan). ° são integral ou parcialmente operadas por capital estrangeiro”, bem como
Alguns autores (N. Jacoby) têm assinalado que os investimentos pri- ter uma participação maior nos seus lucros, tendo em vista as necessidades
vados após a 2§ Guerra Mundial têm-se despolitizado, o que “é.. desejável da população e as “práticas contratuais mutuamente aceitas”. Os países

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-i
investidores devem ser abster de qualquer ação que impeça o exercício Algumas observações podem ser feitas em matéria de pagamento de
deste direito. Entende-se por recursos naturais os reclusos minerais e indenização. Allende não negava ã firma Kennecott o direito a indenização,
agrícolas, como as atividades de exploração, utilização, transformação e mas sustentava que a empresa não tinha direito a esta em nome da “teoria
comercialização das riquezas naturais. de lucros excessivos”. Esta teoria foi aplicada pelos EUA durante a 2*
Pelo menos dois princípios podem ser deduzidos dos textos citados: Guerra Mundial às indústrias de guerra e, após 1945, para a luta antitruste.
a) a nacionalização só deve ocorrer quando houve interesse público,“^ b) Esta teoria foi consagrada no art. 37 do Pacto Andino. Pode-se acrescentar
deve ser paga uma indenização. A Declaração Econômica adotada em que as empresas no Chile chegavam a enviar como lucros “-40% do capital
Argel, em 1973, na 4* Conferência dos Países Não Alinhados, afirma que investido por ano”- A teoria dos lucros excessivos faz com que a empresa
cabe ao Estado, ao nacionalizar, fixar o montante da indenização, assim acabe por dever ao Estado. Por outro lado, a empresa teve enriquecimento
como a modalidade de efetuar o pagamento, e as dívidas serão solucionadas sem causa. Um dos critérios que se pode utilizar para verificar os lucros
pelo direito interno. Entretanto, 'ã.'çleclaração da Assembléia Geral sobre excessivos é comparar a rentabilidade da “filial” com a matriz (Mario
os direitos e deveres econômicos do-Estado, de 1974, apenas reconhece Bettati). E de se recordar que o conceito de benefícios normais surgiu nos
ao Estado o direito de nacionalizar e se refere ã indenização, como devendo EUA e foi introduzido pelo governo nos seus litígios com as empresas
ser apropriada (adequada e não integral), e que a questão será resolvida privadas que trabalhavam para a defesa (Patrícia Buirette-Maurau). O lucro
pelos tribunais internos do Estado. Antigamente sustentou-se que a nacio- das empresas era tão grande que se poderia aplicar a teoria do enrique-
nalização não devia fazer discriminação. Esta tese foi levantada quando a cimento sem causa.
Indonésia nacionalizou apenas os bens de holandeses e Cuba apenas os Calcula-se o lucro excessivo em relação ã taxa de rentabilidade anual
bens de norte-americanos. Ela não tem mais sido invocada. normal de empresas do mesmo setor. Para o 39 Mundo o pagamento de
Diversas opiniões têm sido emitidas pela doutrina a respeito da nacio- uma indenização é um empobrecimento, porque ela não é reinvestida no
nalização no Dl: a) o Estado é livre para nacionalizar (Schwarzenberger)_:
Estado. O 39 Mundo defende que a questão da indenização é matéria de
b) o Estado deve respeitar os direitos adquiridos no momento da nacio-
direito interno.
nalização e pagar previamente uma indenização (Bindschedler); c) a na-
O próprio cálculo da indenização é difícil de ser feito. Os critérios
cionalização só produz efeitos dentro do território estatal (Edward Re);
podem ser vários: valor real ou o valor de mercado. Por outro lado, o
ci) a empresa do Estado que for _a sucessora da nacionalizada deve cumprir
as obrigações assumidas pela sucedida (Instituto de Dl); e) uma corrente próprio valor contábil é geralmente mais baixo do que o valor real, tendo
em vista que isto é feito para fugir ao fisco. Entretanto, é o sistema mais
tem negado a aplicação da teoria do direito adquirido para proteger o
estrangeiro (Mario Bettati). .-- usado na América Latina. Várias decisões da comissão mista americano-
Podemos mencionar ainda que alguns autores (Nwogugu) assinalam mexicana estabelecem o valor de mercado. E igualmente a tese de Schwar-
que o Dl costumeiro obriga ao pagamento de uma indenização pronta, zenberger. Outra proposta que tem sido feita é a de se levar em conta a
adequada e efetiva.” O fund'am_ento do pagamento é evitar o enriqueci- “expectativa de lucro”. Os doutrinadores também se encontram divididos,
mento injusto. l como Lauterpacht e Foighel, que sustentam só ser necessária uma com-
Podemos observar que as nacionalizações em relação ao DI, podem pensação total nas “expropriações menores”, enquanto que nas “maiores”
ter .duas situações: a) serem reconhecidas internacionalmente; b) não se- seria suficiente uma compensação parcial. Na verdade o DIP não estabelece
rem reconhecidas internacionalmente (Katzarov). qualquer critério.
A nacionalização deveiã ser reconhecida internacionalmente quando: Outros, ainda, sustentam que a indenização deverá ser calculada não
apenas no interesse do proprietário, mas também no interesse do Estado,
“.

l) “atende ãs condições morais, econômicas e constitucionais de uma


nacionalização",“”' 2)_é paga uma indenização justa. Esta nacionalização e a cláusula “rebus sic stantibus”. com a_ teoria de imprevisão, “permite
deverá produzir efeitos fora do Estado que a efettfou.“ algumas vezes reduzir a “obrigação” prevista em contrato perante um tri-
A nacionalização não é, de um modo geral, reconhecida internacio- T.
bunal internacional, quando o Estado tiver impossibilidade de pagar a
nalmente: a.) se ela não preencher as condições enumeradas acima; b) se l. indenização”. ' .
uma indenização justa não é pagaÍ'*" Os seus efeitos não se estendem além
1
Abd-El-Kader Boye sustenta que a denominada desigualdade a ser
do Estado que a efetuou. compensada, defendida pelos países subdesenvolvidos (v. capítulo Direitos
Atualmente concordamos com a opinião-de Touscoz, de que a Fundamentais dos Estados), deve ser aplicada no 'tocante ã avaliação- da
obiigação de indenizar não seria um requisito de validade da nacionaliza- indenização. Sustenta ainda este autor que o Estado que efetuar a nacio-
ção, mas uma mera copseqüência desta. _ -.v-íli
nalização tem competência para sozinho proceder ã avaliação da indeni-

11024 ` 1025
li
l
.t,
l
E de se leiiibrar que os acordos para pagamento de iiideiiizaçao sao
za‹;z`i‹). Nesta ele pode compensar as dívidas fiscais da empresa. A avaliação normalmente negociados entre Estados com poderio ecoiióinico diferente.
deve ser sobre o valor contábil, porque a empresa não poderá reclamar, Entretanto, o uso da força econöinica nao vicia estes acordos (Baxter).
tendo em vista que ninguém pode se valer de sua própria torpeza. Ele A nossa conclusão é que não existe nina norma iiiteriiacioiial impondo
pode pagar na sua própria moeda.” _ _ ao Estado a obrigação de pagar uma indenização. Se esta norma existiu
Não lia norma de Dl sobre o cálculo da indenização. A Conferenc_ia ¬

no Dl Clássico, ela desapareceu por dessuetude (A. Giardina). A nosso vei


_

dos Não Aliados, Argel, em 1973, estabeleceu que o regime de indenização a nacionalização, sendo um direito do Estado, a indenização como decor-
será fixado pelo Estado. Bedjaotii, na Comissão de DI, sustentou que nao rência vai depender do direito interno. Cabe a cada Estado regulamentar
há pagamento de indenização quando a nacionalização atinge investimen- livremente o direito de propriedade. O últinio aspecto sobre a nacionali-
tos realizados na época em que o Estado era colónia. No caso de investi- zação e o que diz respeito à imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro
mentos realizados após a independência, haveria indenização. no tocante aos atos de nacionalização (v. capítulo XIX).
Na verdade, os países em vias de desenvolvimento não têni meios para Para Remiro Brotons a indenização que tem sido paga pelos Estados
o pagamento de uma indenização “ pronta, adequada e efetiva”. “ Portanto, é uma “indenização-compensação” calculada com base em diversos fatores
o pedido norte-americano (neste sentido) é relevante apenas cqmo veiculo e não levando em consideração apenas o valor do mercado.
de uma ameaça implícita de que os Estados Unidos recorrerao a outros Como afirma Fausto de Quadros os “acordos de indenização global”
meios, se siiã ordem formal não for cumprida” (William Appleinan Wil- não tem “modelo fixo e em regra a indenização varia em 20 a 80% do
liains). Bedjaoui observa com toda a razão que um país nacionaliza quando valor do bem”.
ele é pobre e que, portanto, “a nacionalização supõe previamente uma ?›72A. A proteção dos investimentos estrangeiros" é realizada pelos
certa incapacidade de pagar”. Conclui ojurista argelino que se for criado
países investidores por meio de sanções, seguros e acordos.
um dever de indenização, o poder de nacionalizar fica ilusório. Vargas Os- primeiros acordos sobre investimentos estrangeiros foram criados
Carreiio observa que os próprios EUA têm no fundo uma política contra-
pelos EUA em tratados com a França (Fausto de Quadros).
ditória ao estimular a reforma agrária para evitar revoluções. O que deve No primeiro caso temos a denominada emenda Hickenlooper, incluída
fazer um país pobre com as terras em mãos de norte-americanos? em 1962 devido à expropriação de bens da ITT no Rio Grande do Sul,
Tudo isto é agravado pela exigência dos países investidores de que a no Foreign Assistance Act. Estabelece que os EUA suspenderão o auxílio
indenização deve ser paga prontamente. ' às nações em que bens de norte-americanos tenham sido expropriados
Atualmente têm sido utilizados, em matéria de indenização, os deno-
sem indenização; as firmas abrangidas por esta emenda são aquelas em
minados “luinp suni agreements”, em que o poder expropriante dã_uma que os norte-americanos tenham pelo menos 50% de participação.
indenização global ao outro Estado pelo conjunto dos bens expropriados O Executivo dos EUA tem resistjdo a aplicar esta emenda. Ela dá aos
independente do valor dos bens. Este tipo de acordo foi utilizado pela
países em vias de desenvolvimento a impressão de que os auxílios dados
primeira vez entre URSS e Suécia em 1941 (Pecourt-Garcia).]°^ Ele e o pelos EUA visam apenas proteger os interesses privados norte-ainericanos.
I-

mais prático quando o litígio está já em vias diplomáticas. Cabe ao Estado Esta emenda foi aplicada ao Ceilão em 1963. No caso do Ceilão, o Depar-
que recebe a indenização fazer a distribuição entre os seus particulares.
tamento de Estado cortou apenas pequena parte da assistência externa. A
Algumas desvantagens têm sido apontadas em relação a estes acordos:_a) -i-._. ._.¡ _ - -_
I'

emenda na época de sua aprovação teria evitado expropriações de empre-


impedem a formação de um direito costumeiro em matéria de indenização; i
i

sas norte-americanas no Paranã e Honduras, que se encontravam em an-


b) só uma parte do valor da propriedade é recebida. Parece que o primeiro
damento. Na mesma linha se encontra cláusula inserida no Sugar Act de
acordo da indenização de soma global nas Américas foi o concluído entre
1951, em que os EUA deixam de comprar a quota de açúcar quando bens
Peru e EUA em 1974. Atualmente a indenização “ não é mais uma reparação
de cidadãos ou empresas norte-americanas são expropriados sem o paga-
automática e integral, mas uma compensação cujo montante é fixado em
mento de indenização. Ou, ainda, o Gonzalez Ainendment, de 1972, que
função das circunstâncias próprias a cada operação” (Patrick juillard).
determina que o diretor norte-americano no BIRD e BID deverá votar
Alberto Pérez apresenta como características destes acordos as seguintes:
contra financiamentos a países que nacionalizarem oii confiscareni bens
a) foi paga sempre uma compensação; b) em nenhuin caso existiu “ rapidez, _i. .4:__-z

pertencentes a norte-americanos.
adequação e efetividade”. Seidl-Hohenvelderii vê nestes acordos um novo
Pode-se assinalar ainda, como sanções por danos causados a investi-
costume no DI de que eles são declaratórios. Geralmente o pagamento
deve ser feito em moeda convertível, mas têm havido acordos em que não
épfeita esta exigência e se admite o pagamento em moeda local.
st
'Ê!fl
mentos estrangeiros; a) o_ congelamento dos_depósitos estrangeiros; b)
reclamaçoes junto a organismos internacionais; c) coerçao econômica.
.
i

.".`- .".~' 1 \-
,I
- 1027
Os Estados investidores no estrangeiro procuraiii se resguardai' de constituição do tribunal e o processo arbitral, e o direito a ser aplicado é
fixado pelas partes.
nacionalizações por meio de acordos de garantia de investimento, que
Os EUA instituíram um programa de garantia de investimento por
criain nos subdesenvolvidos verdadeiros quistos ecoiiõinicos. Tais acordos
tem sido bilaterais e multilaterais. Entre os prinieiros podeinos citar o de meio de seguros realizados junto ao governo norte-americano. Antes de
1965, entre o Brasil e os EUA. Estes acordos só são concluídos com países ser feito o seguro, o país onde vai ser realizado o investimento é investi-
ein vias de desenvolvimento e de um modo geral não respeitam a regra gado."^ O sistema é também adotado em outros países, como a Alemanha,
do esgotamento dos recursos internos. Estes acordos apresentam, entre cujo programa de garantia é por 15 anos e pode ser estendido a 20 anos,
outras características, as seguintes: a) proíbe-se tratamento Iiscal discrimi- enquanto o do japão seria de 5 a 15 anos e pode ser prorrogado. Foi
natório ao investimento estrangeiro; b) a indenização deve ser adequada criada também uma companhia interárabe para garantir o investimento
e efetiva caso haja expropriação ou nacionalização; c) estabelece facilidades de uns em outros países árabes. O sistema de seguro em agencias gover-
para a transferência cle dinheiro para o exterior; d) arbitragem como modo namentais faz com que, por exemplo, o povo norte-americano acabe por
Í

de solu_çao dos litígios; e) eles excluem a apreciaçao do litigio por pai te


Q.
pagar as nacionalizações e que ele acabe por pressionar o Executivo para
dos tribunais internos. Entre os multilaterais podemos mencionar a con- este, por sua vez, pressionar o Estado que faz a nacionalização no sentido
venção para a solução dos litígios relativos aos investimentos entre Estados de pagar uma indenização.
e naturais de outros Estados, assinada em 1965 no ãmbito do BIRD, em Geralmente os Estados receptores de investimento estrangeiro reúnem
que é prevista a criação de um Centro Internacional para solucionar tais a sua legislação em Códigos de Investimento, que podem ser estimulados
litígios e que oferece aos litigantes a conciliação e a arbitragem. O Centro ou dissuasórios do investimento- De um modo geral, os Estados não têm
tem um Conselho Administrativo e um Secretariado. O Conselho tem entre respeitado o princípio de não disciiminação em relação a investimentos
as suas funções fixar as regras de conciliação e de arbitragem. A sua sede estrangeiros.
é em Washington. Qualquer procedimento só tem início no Centro se as Desde 1998 está para ser assinado na OCDE o Acordo Multinacional
duas partes dão o seu consentimento. Sendo o litígio submetido a arbitra- de Investimento (AMI). Este acordo é uma volta ao colonialismo. Ele
gem, os Estados não podem dar proteção diplomática ou apresentar re- permite as empreas acionarein os governos que adotaram políticas que
clamação. O DIP é aplicado: se as partes concordam, se o direito interno diminuam o seu lucro, os governos não podem exigir a utilização da
do Estado receptor faz remissões ao DIP, se o direito interno viola o DIP mão-de-obra, etc. Os investidores não têm obrigações e nem responsabili-
oii, ainda, quando se tratar de matéria regulamentada pelo DIP. O Estado dades. Os investidores podem adquirir tudo o que figura no tratado. Este
é obrigado a cumprir a decisão e considera-la coisa julgada. A decisão não texto é péssimo para os países em desenvolvimento e só não foi ainda
é equiparada a uma sentença estrangeira. O Estado não precisa executar concluído devido à crise financeira. A
a decisão quando é semelhante àqueles casos em que as decisões finais Nos países em desenvolvimento são comuns dois tipos de controle: a)
dos seus tribunais não são executadas (devido às diferentes interpretações é preciso a existência de um sócio local com 50 % ou mais de investimento;
de imunidade de' jurisdição de Estado estrangeiro, que a convenção res- b) o investidor tem de assumir determinados compromissos, por exemplo,
peita). Os Estados investidores renunciam ã proteção diplomática. Ne- introduzir a tecnologia no país.
nhum Estado latino-americano é parte da convenção de 1965 do BIRD 373. Os contratos entre os Estados e empresas estrangeirosls têm sido
(Guido F. S. soares). extremamente comuns nos dias de hoje e se encontram com um regime
Esta convenção recebeu várias críticas dos países em vias de deseri-vol- _ jurídico todo especial, vez que eles não são,nem tratados, nem contratos
vimento: a) as controvérsias nao sao apreciadas pelos tribtinais locais; nao de concessão submetidos inteiramente a lei do Estado. Esta situaçao espe-
sendo aplicada a regra do esgotamento dos recursos internos. E verdade cial decorre da própria situação econômica dos contratantes, ein que
que o Estado. pode impedir isto; b) coloca, perante os tribunais arbitrais, muitas vezes a empresa estrangeira é mais poderosa do que o próprio
os Estados e as empresas em posição de igualdade; c) o poder de prescindir Estado.
do direito interno na solução internacional da questão. E verdade que na Entre os elementos característicos apontados por Sacerdoti estão: (1)
letra e o Estado interessado pode impedir que isto ocorra. Adniite no o elemento internacional dado pela nacionalidade estrangeira; b) a natu-
procedimento de solução que pessoas físicas e jurídicas (eiiipresas) figurem reza pública e privada ao mesmo tempo da relação; c) a presença de
ao lado do Estado. - cláusulas arbitrais;l8^ ci) a diversidade de sistemas jurídicos do investidor
É de se recordar que a convenção européia sobre arbitragem interna- e do receptor; e) a intervenção diplomática do Estado nacional do estran-
í geiro na conclusão do contrato, etc- Estes con tratos para o Estado seguem
cional comercial (Genebra, 1961)-da às partes autonomia par_a__fixar a

1029
â:1§028z<9
qiie eles seriani regulamentados pelo DIP; b) o contrato perteiice ã ordem
niiiit-as vezes um procedimento “seinelliante” ao dos tratados. por exeinplo. jurídica Jinterna. A sua violação não acarreta a responsabilidade interna-
a Companhia de Petróleo do lrã conclui acordos que para entrar ein vigor cional- E a tese de Wliiteinan; c) uma terceira tese é ainda a de Prosper
precisam ser aprovados pelo Conselho de Ministros e pelo Legislativo. Weil,"' que declara que em alguns casos a violação pode acarretar a res-
Dentro deste aspecto, pelo lado do Estado, geralmente intervém a sua ponsabilidade internacional desde que ela seja um delito internacional. E
autoridade máxima, isto é, a mesma que tem o "treatv making power”. preciso ser feita uma análise -em cada caso. Esta tese tem o inconveniente
Assim, 0 contrato de 1953 entre a Pérsia e a Anglb-l'ranian Oil Co. declara de sua imprecisão; d) McNair sustenta que eles se regem pelos princípios
que só entrará em vigor após a ratificação pelo Xá.“*” O aspecto interna- gerais do direito. Para René-jean Dupuy a menção aos princípios gerais é
cional destes contratos é dado muitas vezes pela sua própria denominação uma cláusula de internacionalização; e) Verdross afirma que eles criani
de “acordo". A teoria dos contratos internacionais surgiu no início dos
uma “ordem legal própria”. Contudo é procedente a crítica de Weil de
anos 60 (Philippe Khan). que as partes não criam uma nova ordem jurídica. A vontade só cria direito
Weil, além de repetir algumas das características mencionadas pelos
quando um direito anterior--a. ela, vontade, lhe concede este poder; g)
autores citados anteriormente, acrescenta, ainda, a de que estes cpntratos Jessup afirma que eles se regém pelo direito transnacional, mas a sua
dão às sociedades comerciais contratantes “privilégios e prerrogativas mui- violação não acarreta a responsabilidade internacional. Entretanto, este
tas vezes consideráveis”: facilidades aduaneiras, isenções fiscais, etc.; “al- direito-não tem fontes próprias (Pazarci). Dominique Carreau também
gumas vezes elas dividem com o Estado uma certa responsabilidade para defende que eles pertencem ao D. Transnacional, que teria as seguintes
a manutenção da ordem sobre o território, muitas vezes bastante extenso, fontes: tratados; costume de origem privada (usos comerciais internacio-
sobre o qual ela exerce uma espécie de controle”. Outra característica nais); princípios gerais do direito; jurisprudência interna e_ internacional
assinalada por este jurista francês é que a redação destes contratos é e a doutrina que aqui tem um papel mais relevante do que no DIP. Mann
iinprecisa e algumas vezes deixa de regulamentar assuntos considerados sustenta que se o contrato nada detenninar ele é considerado como in-
delicados. A sua imprecisão é propositada. ternacionalizado; g) finalmente, a tese de Pazarcide que se trata de um
Estes contratos geralmente possuem cláusulas de intangibilidade (os “direito quase internacional”. O contrato pertenceria a uma “ordem in-
contratos só podem ser alterados por consentimento mútuo) e de estabi- termediária e mista” entre o Dl e o direito interno. Salienta este autor
lização (coloca o investidor ao abrigo de mudanças legislativas). Daí o que esta ordem jurídica é mista porque o seu conteúdo viria do direito
interesse das empresas que as mais altas autoridades participem da con- interno, dos princípios gerais do direito e da prática contratual. Seria
clusão dos contratos, vez que esta cláusula só opera se o Estado se com- intermediária porque se localiza entre o direito interno e o DIP, mas estaria
prometer a ela. A doutrina tem sustentado a responsabilidade internacional submetida a esta. As suas fontes seriam: 1) princípios gerais do direito; 2)
do Estado que viola tais contratos, sendo que o esgotamento dos recursos prática contratual e 3) jurisprudência- Ainda expondo a posição deste
internos não seria necessário quando a “violação” resultasse de uma lei autor, a responsabilidade internacional neste contrato surgiiia das relações
do Estado (Sacerdoti). inteipartes e não propriamente da responsabilidade internacional, que é
Jiménez de Aréchaga nega a existência de um DI dos Contratos e en tre Estados- A responsabilidade internacional aparece quando for violada
considera que a soberania do Estado sobre os recursos naturais se sobrepõe norma de Dl Positivo- Alinha Pazarci que são aceitas as seguintes regras:
a uma cláusula de estabilização. a) denegação de justiça; b) a existência de um acordo; c) princípio de não
Estes contratos são também denominados de acordos econômicos de .-
discriminação; d) princípio do estoppel que visa garantir uma coerência.
desenvolvimento, e segundo Hyde eles se distinguiriam de uma concessão Alinha ainda as seguintes regras como não tendo aceitação pacífica: 0.)
no sentido de que esta enfatiza algo dado pelo Estado, enquanto que estes respeito ao direito adquirido; b) princípio que proíbe o enriquecimento
acordos criam uma inter-relação de direitos e deveres do Estado e do sem causa; c) priricípio que proíbe o abuso de direito.” Pode-se acrescentar
estrangeiro. ainda a tese de Charles Leben de que o contrato do Estado é um novo
O grande problema consiste em se saber qual o direito que rege tais ato jurídico inte:rnacional.
contratos, e a responsabilidade decorrente de sua violação. Na maioria dos Na arbitragem da Aramco (1958) a decisão sustentou que os con tratos
casos eles se regem pelo' direito interno. A idéia da sua “ desnacionalização” do tipo de concessão são regulados pelo direito interno de quem concedeu
começou após a IE Guerra Mundial- Na maioria dos casos eles fazem o a concessão, subinetido aos princípios de direito e não ao DIP. A CP_]I no
reenvio aos princípios do d-ireito. Existem diversas teses: a) aplica-se o caso dos “Empréstimos Sérvios” (1929) também sustentou que não eram
princípio “pacta sunt servanda”; e a sua violação acarreta a responsabili- tratados in ternaçionais e estariam “fundamentados” no direito interno de
dade' internacional (Cavaré, Shawcross)- Fiiedmann igualmente sustenta
` _ 1031
. ._._` '_ -
_
algum pais. Esta é na verdade a posição que melhor atende aos Estados nal. .-"\ssiiiala estejurista que se na década de 60 ii teiiclêiicia foi a iiiterna-
eiii vias de desenvolvimento. Em favor da tese de que estes coiitratos são cionalização, esta tendência foi mudada na década de 70. que sustenta a
regulados pelo direito interno podeinos lein brar: 1) as em presas comerciais tese oposta.
só têm personalidade quando liã um tratado que as reconheça como tais; Podeinos acrescentar que, apesar de tudo o que foi dito, a maioria
2) até hoje as empresas comerciais não' podem coiicluir tratados; 3) são dos investiinen tos norte-ainericanos ejaponeses são feitos nos países ricos,
contratos comerciais; 4) existir clãusulade arbitragem não significa que por exemplo. na Europa (P. Ordonneau).
são tratados, vez que a arbitragem está consagrada nas relações comerciais E óbvio que nada iinpede ao Estado receptor pressionado “contratar”
privadas.”"^ expressamente algo diferente.
Pode-se recordar que a tese da internacionalização destes contratos é Finalmente, sustentamos que os contratos internacionais deveriam ser
encontrada na resolução de 1962 acerca da soberania permanente sobre submetidos ã aprovação do Legislativo, devido às seguintes razões: a) ver-
recursos naturais e, em 1974, no mesmo sentido, estão resoluções relativas sam sobre matéria queinteressa ã soberania do Estado; b) é matéria cons-
a NOEI, e a mesma tese foi defendida na década de 60 nd Banco Mundial. titucional (petróleo e subsolo pertencem ã União); c) dar publicidade; d)
Não podemos deixar de reconhecer que o Estado' poderia se “libertar” não procede alegar que quem contrata é uma empresa de economia mista,
do contrato modificando o seu direito interno (]acque). Entretanto, isto porque ela é o próprio Estado. Não significa isto, repetimos, que os loca-
e um risco que qualquer particular corre ao contratar com um Estado e
. I

lizainos na ordein jurídica internacional.


que existe mesmo dentro das próprias fronteiras do Estado, quando este E de se recordar, por ser um tema correlato, que pela Constituição
contrata com os seus nacionais. _ de 1968 (art. 52, inciso V) compete ao~Senado Federal: “autorizar opera-
Na verdade, nesta matéria existe mais uma manifestação do' conflito
ções externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados,
entre os.países investidores e os países receptores de capital. Os primeiros
do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios”.
sustentando que se trata de acordos internacionais, enquanto os segundos
Os contratos internacionais são sobre as mais diferentes matérias: a.)
sustentam que se trata de contratos de direito interno.
venda internacional (regulamentada pela Convenção de Haia de 1955),
A conclusão que podemos apresentar é que estes contratos estão sub-
com diferentes modalidades e vários contratos-tipo elaborados por dife-
metidos ao direito interno2“B do Estado receptor, tendo em vista que o
rentes organismos internacionais; b) prestação de serviços; c) transferência
interesse público deste parece-ine mais importante do que o interesse
de tecnologia; d) operações funcionais; e) seguros de operações interna-
comercial da empresa. Alegar que assim os investimentos não iriam para
o exterior seria ignorar que as empresas estrangeiras nao encontram con- cionais (como com o Llovds de Londres); g) contratos marítimos (regula-
dições tão vantajosas em seus países quanto as encontradas nos países mentados pela Convenção de Atenas, que entrou ein vigor em 1987, sobre
receptores. O interesse no investimento é recíproco, parece-me que o da transporte por mar de passageiros e suas bagagens; Convenção de Londres,
empresa é maior ainda (mais lucrativo) do que o do Estado onde é feito sobre a limitação de créditos marítimos, que entrou em vigor em 1986);
o investimento. E verdade que no campo da política isto não funciona: os g) transporte aéreo -(regulamentado pela Convenção de Varsóvia de 1929)
países em desenvolvimento nem sempre conseguem fazer uma política (J. Touscoz).
uniforme e cada um procura acenar com maiores vantagens para os in-
vestimentos estrangeiros. Os investimentos estrangeiros trazem vantagens, `
mas não tantas quantas as que são apregoadas. Infelizmente, geralmente -_
os Estados se esquecein de verificar o custo político (sem falar no econô- 9
_

mico) de tais investimentos.


Roberto Ago, no seu relatório ã Comissão de DI sobre responsabilidade
9-

do Estado, escreve que a violação pelo Estado de um contrato concluído _

com uma empresa não constitui o elemento objetivo de um fato interna-


u

cional ilícito e não pode dar lugar ã responsabilidade internacional, porque O

ele corresponde a uma ordem jurídica distinta, que pouco importa seja D

nacional ou não. ' - _


Prosper Weil observa que a internacionalização dos “state contracts”
é atualmente contestada em nome da nova ordem econômica internacio-

~J -,._.
fz. _
. . ,),.
tlispor de seus bens por testamento. Um outro é o "direito de herança" ("droit
NOTAS
d`issne”), que na Baixa Idade Média, na França e Inglaterra, os estrangeiros não
podiain adquirir bens “inortis causa”. Em outros locais (cidades flaniengas) os
I. A. Verdross _ Règles iiiteriiationales coiicernant le traitement des étran- bens eram entregues ao estrangeiro mediante o pagamento de um imposto. Este
gers, in RdC, 1931, vol- Ill, t. 37, págs. 327 e segs.; Edgard Allix _ La condition direito surgiu no século XIII, e no século XIV algumas cidades concluem tratados
de étrangers au point de vue fiscal, in RdC, 1937, vol. III, t. 61, págs. 545 e segs.; abolindo este direito. Observa ainda ojurista belga que ambos os direitos foram
Baron Frederick Mari van Asbeck _ Le régime des étrangers dans les colonies, abolidos na França em 1790. Para jean Imbert “aubain” vem de “adiban” (que
in RdC, 1937, vol. Ill, t. 61, págs. 5 e segs-; Alimed Rechid _ La condition des pertence a outro "ban”) e quer dizer estrangeiro.
étrangers dans la République de Turquie, in RdC, 1933, vol. IV, t. 46, págs. 169 _ 3. Vattel parece ter sido o primeiro a colocar a proteção dos estrangeiros no
e segs.; B. Griziotti _ Uimposition fiscale des étrangers, in RdC, 1926, vol. III, t. DIP.
I3, págs. 5 e segs.; André Weiss _ Traité Théoiique et Pratique de Droit Inter- 4. A doutrina neste particular se dividiu: uma corrente (Calvo, Louter) defende
national Privé, t. 11, 1908, págs. 1 e segs.; Suzanne Basdevant _ Théorie Générale que 0 estrangeiro não pode ter mais direitos que os nacionais; outra, que é adotada
de la coiiditioii de l'étranger, in Répertoire de Droit International de A. de la por nós, admite que o estrangeiro pode ter mais direitos que os nacionais (Pillet,__
Pradelle, ej. P. Niboyet, t. VIII, 1930, págs. 1 e segs.; William Evan Davies _ The Pradier-Fodéré, Eagleton). Tal fenómeno ocorreria em Estados com legislações
English Law Relating in Aliens, 1931; Eduardo Espínola e Eduardo Espínola Filho atrasadas.
_ Da Condição jurídica dos Estrangeiros no Brasil, in Tratado de Direito Civil 5. Sobre as regalias excepcionais de que gozavam os estrangeiros na Turquia
Brasileiro, vol. VI, 1940; Edwin M. Borchard _ The Diplomatic Protection of
e na China, v. capítulo XX.
Citizens Abroad or The Law of International Claims,_ 19-19; Jacques Maury e Paul
6. Esta igualdade entre estrangeiro e nacional não invalida o que dissemos
Lagarde _ Etranger, in Dalloz _ Encyclopédie juridique _ Réperto_ire de Droit
acima, porque todas as legislações dos Estados americanos reconhecem aos seus
International, publicado sob a direção de Ph. Francescakis, t. 1, 1968, págs. 767 e
segs.; A. Dardeau de Carvalho _ Situaçãojurídica do Estrangeiro no Brasil, 1976; nacionais direitos que atendem ao padrão mínimo reconhecido aos estrangeiros
Myres S. McDougal, Harold D. Lasswell e Lang Chu-chen _ The Protection of pelo DI. Por este motivo é que a Convenção Interamericana de Montevidéu (1933)
Aliens from Discrimination and World Public Order: Responsibility of States Con- sobre direitos e deveres dos Estados estabelece que “os estrangeiros não poderão
joined with Human Rights, in AJIL, July, 1976, vol. 70, ng 3, págs. 432 e segs.; pretender direitos diferentes nem mais exteiisos que os nacionais” (art. 99). Dentro
Richard B. Lillich _ Duties of States Regarding The Civil Rights of Aliens, in RdC da mesma orientação, uma convenção sobre estrangeiros, concluída no Conselho
1978, vol. III, t. 161, págs- 329 e segs-; Général Aram Karamanoukian _ Les da Europa em 1955, garante aos súditos das outras partes contratantes o mesmo
Etrangers et le Service Militaire, 1978; Jacob Dolinger _ Direito Internacional tratamento que é dado aos nacionais. A igualdade entre estrangeiro e nacional
Privado, 1993, págs. 202 e segs.; Luiz Olavo Baptista _ O Estrangeiro. Reflexões nos direitos privados remonta ao século XIX, com o Código Civil do Chile (1853),
para a Constituinte, in A Nova Constituição e o Direito Internacional, coordenação que estipulava no art. 57: “A lei não reconhece diferença entre o chileno e'o
de jacob Dolinger, 1987, págs- 135 e segs.; Sylvio Loreti _ O Estrangeiro no Brasil estrangeiro quanto ã aquisição e gozo dos direitos civis...” E antes dele a igualdade
da Colônia ã República, z'-n BSBD1, 1985/86, págs. 121 e segs.; Mirtô Fraga _ O entre nacionais e estrangeiros já é encontrada na América Larina a partir de
Novo Estatuto do Estrangeiro Comentado, l985;Yussef Said Cahalj _ Estatuto do _1811/1812 (H. Valladão)- Na doutrina Andrés Bello foi um dos seus propugna-
Estrangeiro, 1983; Francis Delpérée _ Les Droits Politiques des Etrangers, 1995. dores. Atualmente os afro-asiáticos sustentam também a igualdade entre nacionais
Irineu Strenger _ Direitos e Obrigações dos Estrangeiros no Brasil, 1997. François e estrangeiros.
julien Leferrière _ Droit des étrangers, 2000- Carmen Tiburcio _ The Human 7- E de se acrescentar que os Estados costumam convocar os seus naciõnais
Rights of Aliens Under International In Comparative Law, 2001 (excelente obra). que se encontram no estrangeiro para a prestação do serviço militar na sua terra
2. O DIP consuetudinário reconhece ao Estado o direito de proteger os seus natal. É o "jus avocandi". Entretanto, os Estados não têm nenhuma obrigação de
nacionais no estrangeiro. facilitar a saída de tais estrangeiros do seu território, o indivíduo que tiver também
2A. Este direito surge para ser aplicado ao camponês desenraizado, “fugitivo a nacionalidade do Estado onde se encontra não deverá ser convocado para o
desconhecido”. Era o “aubain” uma espécie de servo “ incapaz de se casar livre- serviço militar no estrangeiro. -.
inente e de transmitir confornie a sua vontade 0 pouco que ele possuía”- Este 8. Konst Katzarov _ Théorie de la Nationalisation, 1960; Fritz Munch '_ Les
direito era um dos lucros do senhor para compensar os seus camponeses que iam Effets d'une Nationalisation ã l'Etranger, -in RdC, 1959, vol. 111, t. 98, págs. 411 e
embora. Entretanto, os homens de negócio não aceitavam que este direito se
segs.; S. Petrén _ La Confiscation des biens étrangers et les réclamations in-
aplicasse a eles. Nos textos de direito costumeiro o direito "d'aubaine” se reforça,
teriiationales auxquelles elle peut donner lieu, z'-n RdC, 1963, vol. ll, t. I09, págs.
mas na prática deixa-se ele cair em dessuetude no tocante aos homens de negócios
492 e segs.; Gerard Fouilloux _ La Nationalisation et Ie Droit International Pu-
em viagem. As cidades negociaram isto com os príncipes (jean Favier _ -De_l'or
et des épices- Naissance de l'homme d'affaires au Moyen Age, 1987). Outra inter- blic, 1962; Gillian White - Nationalization of Foreign Property, 1961; Rudolf L. _
pretação dada a este direito é a dejohn Gilissen (Introdução Histórica ao Direito, Bindschedler _ La Protection de la Propriété Privê en Droit International Public,
1988), que observa ter este direito surgido nos séculos XI e XII e que só erarñ. in RdC, 1956, vol. II, t. 90, págs. 173 e segs.; Eugene F- Mooney _ Foíeign Seizures,
entregues ao senhor da terra os bens do estrangeiro que tivesse falecido sem 1967; E. Pecourt García _ La propiedad privada ante el derecho internacional,
herdeiros. No século XVI passou a ser um direito do rei, e o estrangeiro não podia
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H. Westoii _ The Charter of Economic Rights and Duties of States and 'l`lie
lflfifi; .\`‹-il ll. _];ic0b_v _ O impacto das Empresas !\Iult.inacionais. in Diálogo, ni”
Deprivatioii of Foreign Owiied Wealth, in A_]lL,_]ul}' 1981, vol. 75. ii*-' 3. págs. 437
ll. vol. IV. 1971. págs. 93 tr segs.; Eugene Schaeffer _ Natioiialisatioii. in Dalloz
__ Encvclopédie_]uridique _ Répertoire de Droit International. publicado sob a e segs.;_]orge Silva Cencio _ Contribución al estudio de las Nacionalizacioiies en
Derecho Internacional, 1977; Jacques Barde _ La Notion des Droits Acquis en
clireção de Ph. Fraiicescakis. t. ll. 1969, págs. 345 e segs.; Andrea Giardina _
Droit International Public, 1981; Oscar Schachter _ Compensation for Expropria-
Nationalisation et Indemnisation en Droit International, in Le Pétrole et le gaz
tion, in A_|1L,_]anuary 1984, vol. 78, ngll, págs. 121 e segs.; Dominique Rosemberg
Arabes, Bulletin bimensucl d'étudcs et d'informations publié par le Centre Arabe
_ Le Principe de Souveraineté des Etats sur leurs Ressources Nattirelles, 1983;
d'Etudes Pétrolière, vol. III, ng 71, Mars, 1972, págs. 25 e segs.; Burns H. Weston
Eduardojiménez de Aréchaga _ State Responsability for the NationaIizat.ion of
_ International Law and Tlie Deprivation of Foreign Wealth; a Framework for
Foreign-owned Property, in Studies on a_]ust Vtlorld Order, ng 2 International Law.
Future lnquinj, in The Ftiture ofThe International Legal Order, edited bv Richard
A Contemporary Perspective, coordenado por Richard Falk, Fiiederick Kratochwil
A. Falk aiid Cyril E. Black, vol. ll, 1970, págs. 36 e segs.; jurídica] Aspects of
e Saul H. Mendlovitz, 1985, págs. 546 e segs. Fausto Quadros -- A Proteção da
Nationalizatioii and Foreign Property, in The International Law Association _
Propriedade Privada pelo Direito Iiiternacional Público, 1998. "_~
Report of The Fiftieth Conference Held at Brussels 1962, 1963, págs. 101 e segs.;
G 8A. Os autores têm razão em observar que o confisco é uma medida de
Luciano Martins _ Política das Corporações Multinacionais na América Latina.
natureza penal e pessoal, não sendo aplicada a empresas. O confisco é uma punição
in Estudos CEBRAP 5,julho/agosto/setembro de 1973, págs. 81 e segs.; S. Bastid
e nada tem a ver com a nacionalização.
e outros _ La Personnalite Morale et ses Limites', 1960, págs. 159 e segs-; GÍZIHÚHUCO
9. Podemos observar que as razões políticas não são as únicas. O próprio
Vallati _ La Nazionalizzazione delle lmpfenše, 1971; Edward D. Re _ Foreign
Pétren usa o advérbio “sobretudo". ,
Confiscation, 1951: The Valuation of Natioiialized Property, in Interiiational Law,
9A. As primeiras nacionalizações ocorreram na URSS em 1917. Elas começa-
Editor and Contributor Richard B. Lillich, 3 vols.. 197271975; Renato Ribeiro -
ram a ser admitidas de tim modo geral n-as Constituições de após a lê Guerra
Expropriação de Bens Estrangeiros ante o Direito Internacional, anteprojeto de
Mundial (Renato Ribeiro).
exposição, ll-ILADI, 1976; Eduardo Novoa Monreal _ La nacionalizacion en su
10. Estes dois países pretendiam se recusar a isto, mas os EUA bloquearam
aspectojurídico, injorge Castañeda e outros _ Derecho Econóniico Internacional,
os seus fundos e, fazendo “listas negras”, obrigaram-nos a aceitar.
1976, págs. 137 e segs.; International Arbitral Tribunals award on the Merits in
11. Os Tratados de Paris (1947) com a Hungria, Romênia, Finlândia e Bulgária,
“Dispute between Texaco Overseas Petroleum Company California Asiatic Oil
pondo fim ã 23 Guerra Mundial, estipulavam que os aliados podiam seqüestrar os
Companv and the Government of the Libyan Arab Republic (Compensation for
bens dos nacionais destes países que estivessem no seu território. Estes tratados
Nationalized Property-')", in International Legal Materia1s,]anuary 1978, págs. 1 e
estipulavam que os Estados vencidos deveriam indenizar os seus nacionais. Esta
segs.; Dominique Carreau, Patrick _]uil1ard e Thiébaut lory _ Droit International
última estipulação não figura nos Acordos de Potsdam.
Économique, 1978, pags. 423 e segs.; François Boulanger _ Les Nationalisations
_ 11A. Para Eduardo Novoa Monreal ela é legítima e regular, atendendo apenas
en Droit International Privê Compare, 1975; _].-C. Fritz _ Le gouvernement pe-
a este requisito. Pode-se salientar que o Estado é o único “juiz” para decidir se
mvien face aux intérêts économiques aniéiicaifis, in Annuaire du Tiers Monde
há ou não interesse público. Na verdade, os motivos que levam os Estados ã
1974-1975, 1976, págs. 263 e segs.; Abd-E1-Kader Bove _ Problèmes Actuels poss
nacionalização são indiferentes para o DI.
par Findemnité de nationalisation, in Annuaire du Tiers Monde 1974-19713, 19/6,
12. Entretanto, assinala Schwarzenberger, esta palavra pode ter um alcance
págs. 30 e segs.; Renato Ribeiro _ Propriedade Estrangeira, sua nacionalização e
em cada caso. i Ú'
Direito Internacional, in Tercer Curso de Derecho Intemacional, organizado pelo
13. Estas condições estão, de um inodo geral, enunciadas na definição que o
Comitêjurídico Interamericano, 1977, págs. 209 e segs.; Edmundo Vargas Carreno
citado jurista búlgaro fornece da nacionalização: “A nacionalização é a transfor-
_ Nacionalización }-' expropriación de bienes extranjeros ante el Derecho lnten
mação por um "interesse público de ordem stiperior, de um bem determinado ou
nacional, in Tercer Curso de Derecho Internacional, organizado pelo Comite
de uma certa atividade, que são ou podem ser um meio de produção ou de troca
jurídico Interamericano, 1977, págs. 181 e segs.; Ignaz Seidl _ I-Iohenveldern›__
no sentido amplo da palavra, em bem ou atividade da coletividade _ Estado.
Austrian Practice on Lump Sum Coinpensation by Treatv, in A_]lL, October. 1-9-/6.
comuna ou cooperativa _ em vista da sua utilização. imediata ou futura no
vol. 70. nf' 4. págs. 763 e segs.; Giuseppe Tesauro _ Nazionalizzazioni e diritto
interesse geral e não mais provado." . _
Internazionale. 1976; David Adedayo Ijalaye _ The Extension of Corporate Per-
14. Esta observação baseia-se, acima de tudo, no Direito Interno, onde a
sonality, in International Law, 1978, págs. 191 e segs.; Renato Ribeiro _ Nacio-
nacionalização “abrange tudo que pertence ao objeto da- nacionalização, inde-
nalização de Bens Estrangeiros ante o Direito Internacional, 1977; Karl Mathias
pendentemente do local onde se encontra”. Tem-se, contudo, afirmado no D1
Meesen _ International Expropiiation Law in The Conflict Between North and
que o ato de nacionalização só produz efeitos nos limites dp Estado. Alega-se ainda
South, in Law and State. vol. 19, 1979, págs. 116 e segs.; Eduardo Novoa Monreal
que a nacionalização pode violar a ordem pública do Estado estrangeiro.
_ Defensa de las nacionalizaciones ante tribunales extranjeros, 1976; Eduardo
Fouilloux, baseando-se na prática mais recente, observa que a nacionalização
Novoa Monreal _ Nacionalización y Recuperación de Recursos Naturales-ante la
Ley Internacional, 1974; Rudolf Dolzer _ New Foundations of the Law of Expro- tem produzido efeitos extraterritoriais. Assinala inúmeroscasos de juiispnidência
estatal em que se tem considerado que a nacionalização cria direitos sobre os bens
priation of Alien Property, in AJIL,]uly 1981, vol. 79, ng 3, págs. 553 e segs.; BUFHS

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Brasil e os EU./\, in BSBDI,janeiro-clezenibro 1966, nfs 43 t' 44. págs- 35 e segs.:
que se encontram no exterior, bem como se tem reconhecido a eficácia dest-es
H.john Rosenhauni _ A Emenda Hickenlooper: Análise dos Resultados, in Revista
direitos. Esta última posição parece-nos ser a mais acertada, uma vez -que a nacio-
Brasileira de Política lnteriiacional, setembro-dezembro, 1966. n”s 35 e 36, págs.
iialização é um procediineiito normal da vida dos Estados e não niais um proce-
104 e segs.; Zotihair A. Kronfol _ Protectión of Foreign liivestnreiit, l972;j. B.
dimento "odioso", como era encarado até alguns decênios atrás. Nao reconhecer Sortais _ liivestissement Etranger et Souveraineté Internationale Išconomique, in
a nacionalização praticada no estrangeiro, conforme a lei deste Estado e os prtll- M. Bettati e outros _ La Souverairieté au XXe Siècle, 1971, págs. 167 e segs.; W.
cípios internacionais, é estar intervindo no Estado autor da nacionalização. E acima Riphagen _ National and lnternationâl Regulation of International Movement
de tudo uma violação da igiialdadejurídica dos Estados par in parem non habet and the legal Position of tlie Private lnvestmerit, in RdC, 1970, vol. Ill, t. 131, págs.
judicium”). A própria noção de ordem pública nao e valida para quetlm ESIHÕO 489 e segs.; Investir dans le Tiers Monde _ Mesures d'incitation en faveur des
impeça uma nacionalização ocorrida no estrangeiro de produzir efeitos no seu investissements privés vers les pays en voie de développement _ Organisation de
território. _ Cooperation et de Développement Economique; 1970; Manuel Diez de Velasco
15. O montante da indenização é fixado no âmbito internacional por acordo Vallejo _ Sobre el Régimen jurídico Internacional de las inversiones extranjeras,
entre as partes, por decisão arbitral ou judiciãn`a._Neste particular tem surgido anteproyecto de ponencia, Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito liiterna-
grandes discussões: os Estados querendo pagar abaixo do pr€Ç0 É 35 C0mPanh1a5 cional, 1967: Revista Brasileira de Política InternacionaI,,março¡iunlio de 1966,
nacionalizadas pretendendo mais do que os seus bens realmente valem. Quando ngs 33 e 34 e setembro-dezembro de 1966, n9S 35 e 36 sobre o acordo de garantia
da nacionalização das companhias petrolíferas americanas no Mexico, eles plei- de investimentos entre o Brasil e os EUA; Aron Bro'ches _ The convention on
tearam indenização de 450 milhões de dólares, sendo que na realidade os. bens the Settlement of Investment Disputes Be›tw.een States and National of Others
não valiam 25 milhões de dólares (Neale Roiining). E aí que surge a denominada States, in RdC 1972, vol. II, t. 136, págs. 331 e segs.;john Thomas Miller jr. _
Hull Rule em uma carta ao governo mexicano pedindo. “proiita,_adequada e Les go_uvernements et les Placements Privés ã I`Etranger, 1950; Theodor Meron
efetiva” compensação, em 1938. O México acabou por indenizar 110 VHIOT (10 _ OPIC Investment Instirance is Alive and Well, in A_]1L, January 1979, vol. 73,
investimento original em 24 milhões de dólares. E de se acrescentanque desdie a ng 1, págs. 104 e segs.; jurgen Becker _ Promotion and Protection of Capital
Conferência de Haia de 1930 que se tem manifestado uma tendência nos paises lnvestments in Developing Countries. The Fundamentals ofa Community Concept
subdesenvolvidos no sentido de que não existe um “standard internacional fi- in EEC Development Treaties, in Law and State, vol. 28, 1983, págs- 42 e segs.; E.
xando o pagamento da indenização. O estrangeiro não teria mais direitos do que I. Nwogugu - Legal Problems of Foreign Irivestiments, in RdC, 1976, vol. V, t.
os nacionais. Entretanto, inúmeros casos de nacionalização nestes paises (Ira, Egito 153, págs. 167 e segs.; Guido F. S. Soares _ Orgãos das Soluções Extrajudiciárias
e Cuba) têm sido acompanhados de indenização. Os países exportadores de capital de Litígios, 1985, especialmente págs. 73 e segs.; Yao Meijhen _ Legal Protection
têm procurado se defender por meio de acordos de garantia de inyestirnenwâ, of Intematíonal Investiment, in Selected Articles from Chinese Yearbook from
bem como o Estado investidor dá garantia aos seus nacionais que -investem no International Law, 1983, págs. 147 e segs.; Philippe Kahn _ Le Controle des
estrangeiro e em caso de nacionalização ele endossa as reclamaçoes dos seus Sentences Arbitrales rendues par un Tribunal CIRDI, in Societé Française pour
Droit International _ La jurisdiction internationale permanente, Colloque de
cidadãos (Lissitzyn)- Na verdade, a questão da eííistência do “standard internacio-
Lyon, 1987,' págs. 363 e segs.; Hans G. Petersmann _ The Multilateral Investment
nal” fica diminuída de valor ao se verificar que ele não da mais direitos. aos
Guarantee Agency, in Law and State, vol. 38, 1988, págs. 50 e segs.; Mohammed
estrangeiros do que as legislações estatais dão aos seus nac-ionais na grande mfl101'13
Abdelwahab Bekhechi _ Droit International: Quelques reflexions sur les develop-
dos Estados.
pements recents, in Mélanges Michel Virally, 1991, págs. 109 e segs. Nadia de
16. A URSS, nas nacionalizações efetuadas nos países bãlticos, ofereceu 25% Araújo e Lauro da Gama e Souzajr. _ Os acordos bilaterais de investimento com
do valor dos bens expropriados. A URSS, Iugoslávia e Romênia rejeitam o passivo participação do Brasil e o direito interno _ análise das questões jurídicas, “in”
das sociedades privadas em casos de nacionalização. _ Guerra Comercial ou Integração Mundial pelo Comércio?, coordenadores Paulo
l6A. Alguns autores (Francisco Francioni) vêem este tipo de acondo no con- Borba Casello e Aramiiita de Azevedo Mercadante, 1998, págs. 460 e segs. _]ohn
cluído entre a França e EUA, em I803. Ch- Rousseau afirma que o `lump sum I-l._]acl<son, Willian J. Davey e Alan O. Sykesjr- _ Legal Problems of International
agreement” parece ter sido aplicado pela primeira vez, em 1901, para indenizar Economic Relations, 2000- .
as vítimas da revolta dos boxers na China- _ l7A. O seguro é realizado na Overseas Private Investment Corporation (OPIC).
17. Detlev F. Vagts _ Coercion and Foreign Investment Rearrangements, 211 O governo norte-americano é o seu único acionista, mas os representantes do
_A]IL,_]anuaiy'1978, vol. 72, ng 1, págs. 17 e segs.; Elihu Lauterpacht _ The World setor privado é que possuem a maior parte dos cargos executivos. O seguro cobre:
Bank Convention on The Settlement of International Investment Disputes, in a) “ riscos comerciais" (até 75% do investimento); b) riscos políticos (até 100% do
Recueil d*Études de Droit International en Hommage ã Paul Guggenheim, 1963, investimento). Os riscos políticos compreendem: 1. expropriação ou confisco; 2.
pág5_ 642 e segs.; Georg Schwarzenberger _ Foreign lnvestments and International
a impossibilidade de conversão em dólares ou de transferência de dinheiro de um
Law, 1969; Lord Schaweross_The Problems of Foreign Investment, in RdC, 1961, país para outro; 3. danos resultantes de guerra interna. A OPIC significa que o
vol. I, t. 102, págs. 336 e segs.; E. I- Nwogugu _ The Legal Problems of Foreign
setor privado dos EUA passou a controlar a assistência externa (Luciano Martins).
Investment in Developing Countries, 1965; Rafael Valentino Sobrinho _ O Pro-
Estes “acordos” de seguro são chamados “umbrella agreements”.
blema de Denegação de justiça no Acordo de Garantia e Investimentos entre o
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i-,ij a:iz-1:-r ".'J-.|%"‹!1l:G'l¿I`¢'f›ÍIt\?_f'

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I l8A. O I\-'luntlo nao aceita a arbitragem porque tira a m:tt‹':ri;t tle_juris‹lit'5‹›
18. Prosper Weil - Problèmes relatifs aux contrats passes entre un Etat et un nacional c lavorece os ricos em \'i,[tutle do direito aplicado ‹' da pf'rs‹_›nalid:itle
particulier, in RdC, 1969, vol. Ill, t. 128, págs. 95 e segs.; Giorgio Sacerdoti _- I dos árbitros (Guy Feuer e Hewé Cassan).
Coutratti tra Stati e Straniere nel Diritto Internazionale, 1972; Wolfgang Friedmann l8B. _]. Verhoevett, apesar de não defender a iuterttaciorializaczio dos ";¡;¡¡¢
-- The Relevance of International Law to The Process of Economic and Social contracts" observa que entram .nesta categoria os concluídos por companhias
Developpment, in The Future of the International Legal Order, editado por Ri- estatais (ex.: “Yacnnientos Petrolíferos Fiscales” - Argentina) com outras ernpf¢_
chard A. Fallt. e Cyril E. Black, vol. ll, 1970, págs. 3 e segs.; Acadêmie de Droit sas, vez que o Estado se encontra engajado “como pessoa pública nacional".
International de La l-laye - Les Accords de Commerce International - Colloque 19. Weil declara que tais contratos fariam parte do Direito Internacional
1968, l969;james N. l-Iyle - Economic Developpment Agreements, in RdC, 1962, Público, mas que não seriam assimilados aos tratados. Estaria em desenvolvimento
vol. I, t. 105, págs. 267 e segs.;jean-Pauljacque -- Elements pour em théorie de um Direito Internacional dos Contratos ("é o conjunto de regras de direito inter-
l'acte juridique en droit international public, 1972, págs. 266 e segs.; Wilhelm nacional público relativas aos contratos concluídos entre um Estado e um estran-
Wengler - Les accords en tre États et entreprises étrangères sont-ils des traités de 8fflf0")z que teria princípios próprios em relação ao direito dos tratados, por
droit international?, in RGDIP, Avril-juin 1972, ng 2, págs. 313 e segs.; Werner eicemplo, “o Estado pode agir algumas vezes conão soberano para modificar, até
Goldschmidt - Transactions Between State and Public Firms and Foreign Privates anular, os direitos contratuais, mas a equação-financeira do contrato é considerada
Firms, in RdC, 1972, vol. II, t. 136, págs. 203 e segs.; Mustafa El-Sayed - L'Orga- como intangível"_. Segundo ojuri5ta__ francês, tal princípio estaria consagrado no
nisation des Pays Exportateurs de Pétrole, 1967, págs- 72 e segs.; Prosper Weil - dlretto positivo. E de se repetir contudo que estas empresas náo tem ainda uma
Les Clauses,de Stabilisation ou d'intangibilité insérés dans les Accords de Déve- ampla personalidade internacional para criar um DI.
loppement Economique, in Mélanges Offerts à Charles Rousseau, 1974, págs. 301 _ 20. Na prática a Grá-Bretanha só dá a proteção diplomática quando existe
e segs.; F. A. Mann -- Studies in International Law, 1973, págs. 179 e segs.; Le “an denial of flagrant penfersion ofjustice or some gross wrong", nos EUA, quando
contrat économique international -- Travaux des Vllejournées dlétudesjuridiqu es existe “an arbitraqz' wrong”. Em sentido semelhante está a prática da França e da
jean Dabin publics sous les auspices du Centre Charles de Visscher pour le Droit Alemanha.
International, 1975; Luiz Olavo Batista - Contrato de Risco 1976; E. Jiménez de 20A._ Tem sido assinalado que um “state con tract” prevendo arbitragem como
Aréchaga - Uarbitrage entre les états et les sociétés privés etrangères, in Mélanges modo de solução dos litígios significa que o Estado renunciou à imunidade de
en l'honneur de Gilbert Gidel, 1961, págs. 367 e segs.; Huseyin Pazarci - La jurisdição, caso contrário, o contrato não poderia ser executado.
2OB. Em sentido contrário. está a arbitragem da Texaco Calasiatic contra o
responsabilité internationale des États ã raison des contrats conclus entre États et
Governo líbio, com sentença de 1977 de René-Jean Dupuy (árbitro único) em que
personnes privées étrangères, in RGDIP, Avril-juin 1975, ng 2, págs. 354 e segs.;
a Líbia se recusou a comparecer. A arbitragem estava prevista no contrato de
Ahmed Sadek El-Kosheri _ Le Régime juridique crée par les accordes de parti-
concessão e diante da nacionalização surge, em conseqüência, a arbitragem. Parece
cipation dans le domaine petrolier, in RdC 1975, vol. IV, t. 147,tpágs. 219 e segs.;
que foi a primeira decisão arbitral que de modo claro coloca tais cont-ratos na
Robert B. von Mehren e P. Nicholas Kourides- ln ternational Arbitrations Between
ordem jurídica internacional, aplicando o DI dos contratos.
States and Foreign Private Parties: The Libyan Nationalization Cases, in A_]IL, July
1981 , vol. 75, ng 3, págs. 476 e segs.; Gérard Cohenjonathan -- L'Arbit1“age Texaco
- Calasiatic contre Gouvernement Libien, in Annuaire Français de Droit Inter-
national, vol. XXIII, 1977, págs. 452 e segs.; Prosper Weil -- Droit International
el Contrats d'État, in Mélanges offerts â Paul Reuter, 1981, págs. 549 e segs.;
Georges R. Delaume -- State Contracts and Transnational Arbitration, in AJIL,
.-

vol. 75, ng 4, October 1981-, págs. 784 e segs.;_]urgen Samtleben -- Cláusulas de


jurisdicion y legislacion aplicable en los contratos de endeudamiento externo de
' I I

los Estados latinoamericanos,.z`-n Revista do Dire`ito de Comércio e das Relações


Internacionais, ng 1, 1989, págs. 91 e segs.; Bruno Oppetit - Autour du Contrat
International, in Droits, ng 12, 1990, págs. 109 e segs.; Contrats lnternationaux et
Pays en Developpment, sob a direção de Hewë Cassan, 1984; Luiz Olavo Baptista
_ Dos Contratos Internacionais. Uma visão Teórica e Prática, 1994. Charles Leben
- Retour sur la notion de contrat d' État et sur le droit applicable à celui-ci, “in”
Mélanges offerts à Hubert Thierry, 1998, págs. 248 e segs.;]ean - Micheljacquet
- Le contrat international, 1998. A- F. M. Maniruzzaman - State Contracts in
Contemporany lntemational Law : Monists versus Dualist Centroversies, “in” Eu-
ropen journal of lnternation Law, vol. XII, v.2, April 2001, pags. 309 e segs.

1041
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É.
CAPÍTULO xxxvr
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DEsLocAMr:NTo DA Przssort HUIWANA*


Ei 3274 -- A imigração no DI; 1375 - O sistema de quotas; 3 76 -- A

¿egis¿açá`o br'as¿¿ez`ra; 377 -- Tlzgime de passaportes.

374. A imigração é formada pelos estrangeiros que se dirigem a um


Estado com a intenção de nele se estabelecerem. Ela se apresenta sob duas
formas: individual e coletiva. A primeira é aquela representada por pessoas
isoladas, enquanto a segunda é por grupo de pessoas.
O direito de emigração e o seu correspondente de imigração têm sido
reconhecidos ao indivíduo. Francisco de Vitória defendeu o “jus commu-
nicationis”, isto é, o direito de emigração e imigração no plano interna-
cional. Os Estados não poderiam proibir de um modo geral a entrada de
0

,_¬. estrangeiros no seu território. O teólogo da Espanha não considerava como


ilimitado este direito, mas permitia aos Estados impedirem a entrada de
estrangeiros com base em um motivo importante.
Os fundadores do DI que se seguiram alteraram o pensamento de
¡-

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Vitória. Wolff e Vattel sustentam que cabe ao Estado decidir soberanamente
¡-
sobre a admissão de estrangeiros, podendo proibi-la ou limitá-la._]á Grotius
defendia o direito de livre circulação.
Diante destas considerações, dois princípios têm sido enunciados: o
da interdependência dos membros da sociedade internacional e o da
¡_
9
nr soberania do Estado, que chegam aos mesmos resultados apesar de partir
av
¡-
de pontos diferentes. O primeiro principio afirma que os individuos têm
nf

o “jus communicationis” (von Liszt); enquanto o segundo princípio afirma


ou
que os Estados não são obrigados a admitir estrangeiros no seu território
Q
ou (Oppenlreim). Na prática, atingem-se resultados semelhantes com qual-
quer dos dois princípios, uma vez que eles não são aplicados de modo
rígido. ÊIDÍIW-*!1¶-.m. f.w¬

A Declaração Universal dos Direitos do Homem consagra o “jus com-


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municationis” no seu art. 13, inciso 2g:

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"'l`otlo homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive ção. Em 1965, nos EUA, o sistema de quotas foi substituído por um 1610
o próprio, e a este regressar.” de 290.000 imigrantes anuais e um máximo de 20.0()0 por nacionalidade.
Atualmente os 290.000 estão divididos em categorias, e conforme a prio-
O mesmo priricípio figura no art- 12 do Pacto Internacional de Direitos ridade, a porcentagem é maior Dolinger)-
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Civis e Políticos. O Protocolo 11.4 da convenção européia de direitos hu- Em 1905, o Aliens Act, na Inglaterra, proibe a imigração de mdivrdtfos
manos (l963) consagra o direito a livre circulação. originários de paises onde não havia inspeção médica, dos indigentes, dos
No DIP podem ser extraídos dois princípios que regem esta matéria: enfermos, etc.
a) admissão do “jus comrnunicationis”; b) direito do Estado de regulamen- Estas legislações influenciaram as demais legislações estatais que ado-
tar a imigração no seu território? taram preceitos semelhantesg
O primeiro se fundamenta na própria necessidade do comércio inter- Atualmente uma das grandes preocupações, principalmente na Euro-
nacional e na liberdade do indivíduo. Tem-se acrescentado que a imigra- pa, é corn o trabalhador migran te, sendo que foi concluída uma convenção,
ção, servindo para alivizir certos países do excesso demográfico, contribuiria em 1977, corn a finalidade de lhe fixar um estatuto. Esta convenção euro-
para a paz internacional. O segundo se fundamenta na soberania estatal péia se aplica ao súdito de um contratante que tenha sido autorizado a
e na prática internacional já consagrada. Entretanto, tem-se afirmado que residir em seu território para ocupar um emprego assalariado. O migrante
as limitações impostas ã imigração devem ser genéricas, isto é, sem discri- tem um estatuto bastante criticável, já houve quem dissesse que ele era
minação de raça religião e nacionalidadeg um “subdireito”. Na verdade, a capacidade de defesa do migrante é pe-
As migrações constituem objeto de preocupação da sociedade inter- quena. O Estado que recebe o migrante considera que a mão-de-obra deve
nacional, e diversas organizações internacionais tratam desta matéria. A ser barata, adulta, jovem, com boa saúde e de preferência solteira e não
OIT estuda as migrações e a questão da mão-de-obra. A ONU cuida dos especializada- E que os considerados empregos subalternos não são aceitos
aspectos sociais, econômicos e demográficos. A FAO trata da colonização pelos seus nacionais. O Estado de origem do migrante considera que a
agrícola. A OMS trata sob o ângulo da saúde. sua saída diminui a pressão demográfica, bem como acaba por receber a
Em 1951 foi criado em uma convenção internacional (entrou em vigor
moeda estrangeira enviada pelo migrante ã sua família. Ao contrário 'do
em 1954), concluída em Bruxelas, o Comitê Intergovernamental para as
Estado que os recebe, considera que eles devem se especializar no estran-
Migrações Européias (CIME), com a finalidade de dar assistência técnica
geiro. O seu estatuto estabelece, por exemplo, algumas limitações ao direito
e material para os emigrantes europeusgg
de reunir a famflia, como: a) noção de família (cônjuge, filho até 21 anos
375. A imigração, durante um certo pefiodo da História, caracteriza-
e ascendente sob sua dependência); b) possuir recursosfestáveis; c) -duração
va-se por ser inteiramente livre, conforme consagrara a Revolução Francesa.
,minima de emprego; d) exigência de habitação normal.
Esta orientação se prolongou até o final do século XIX. Pode-se lembrar
que a primeir2t.l_ei de imigração na Inglaterra é de 1793, devido aos refu- Este problema vem sendo tratado pela OIT e se estende a outras regiões
giados da Revoltição Francesa e ã ameaça de infiltração de jacobinos. do globo, sendo que, em 1968, foi concluída, no Cairo, no ãmbito da Liga
Contudo não se pode deixar de registrar que Bizãncio só permitia aos dos Estados Árabes, uma convenção árabe sobre o deslocamento da mão-
estrangeiros permanecerem no seu território durante três meses. O Islã de-obra. Em 1990, foi concluída no ãmbito da ONU convenção interna-
fixava em um ano. cional para a proteção dos direitos de todos os trabalhadores migrantes e
No século XX têm início as restrições ã imigração e a adoção, pelas seus familiares- -
legislações estatais, do sistema de quotas, isto é, o número de imigrantes 376. A le 8isla Ção brasileira = gg a exem P lo das estran 8 eiras, também
é fixado em certo limite. Em 1881 é estabelecida a cobrança de um imposto adotou o sistema de quotas para os imigrantes. O Decreto-lei ng 7.967, de
aos imigrantes chineses na Nova Zelândia. Os EUA, em 1882, proíbem a 18-9-1945, estabelecia, no art- 3g:
entrada de imigrantes cl1ineses,`“` e posteriormente a proibição é aplicada
aos japoneses. “A corrente imigratória espontânea de cada país não ultrapas-
Em 1992, o sistema de quotas foi adotado nos EUA,g que fixaram um sará anualmente a quota de 2% sobre o número dos respectivos
contingente anual de imigrantes de cada nacionalidade em 3% dos indi- nacionais que entraram no Brasil desde _1g de janeiro de 1884
víduos que residem em território americano no ano de 1910. Não estavam até 31 de dezembro de 1933. O órgão competente poderá elevar
sujeitos a estas quotas os imigrantes latino-americanos e canadenses. A a 3.000 pessoas a quota de uma nacionalidade e promover o
quota de imigrantes nos EUA variará com as leis posteriores sobre imigra- aproveitamento dos saldos anteriores.” -
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-'-3.t-1..-v;u.u-¿.-1-gw-uyIi-fn ru- unuqn


O feudalismo, prendendo o homem ã terra e gravando o estrangeiro,
O sistema de quotas terminou com a Constituição de 1946, que não
fez com que o tráfico de pessoas diminuisse e os “passaportes” desapare-
mais se referia a ele. Esclarece Dardeau de (lan-'all'1o " que o regime de
cessem. Com o desenvolvimento do comércio e o aparecimento das feiras,
quotas jamais foi obedecido”.
era dado aos comerciantes que a elas se dirigissem o “conductus nundi-
No Brasil a Lei ng 4.504, de 30-] 1-1964, estabeleceu que a seleção de
narum”, que lhes dava proteção.'"
imigrantes é da competência do Ministério das Relações Exteriores, “con-
O passaporte, no sentido de como hoje o entendemos, só foi instituído
forme diretrizes fixadas pelo Ministério da Agricultura, em articulação com nos séculos XVI e XVII. Diversas causas contribuiram para isto: a) o grande
o Ministério do Trabalho e Previdência Social”, cabendo “a recepção e o número de mendigos que perambulavam pela Europa; b) a necessidade,
encaminhamento dos imigrantes ao Instituto Nacional do Desenvolvimen-
por medida de polícia, de fiscalizar os movimentos dos súditos dentro das
to Agrário” (art. 58, 2g e 7g). Posteriormente, pela Lei ng 1.110, de
fronteiras do próprio Estado; c) controlar a entrada e saida de individuos
1970, a atribuição de recepção e encaminhamento dos imigrantes passou do território estatal. No século Vl o passaporte começa a ser utilizado na
para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. __ Alemanha e, no século XVII, na França. No século XVIII é usado obriga-
Ama Lei õ.s15, de 19-sso, cri-.t O cozzsfzlho Nzzzionzzi de imigmçâzi toriamente em toda a Europa, com exceção da Inglaterra, Suécia e No-
vinculado ao Ministério do Trabalho para “orientar, coordenar e fiscalizar ruega, que o não exigiam.
as atividades de imigração”. A Revolução Francesa suprime o passaporte, considerando-o contrãiio
377. O sistema de passaportes adotado por toda a sociedade intema- ã liberdade de locomoção do homem- Entretanto, por necessidade de
cional tem por finalidade permitir ao Estado um controle dosindivíduos polícia, ela foi obrigada a restabelece-lo- O passaporte interno foi supiimido
que entram e saem do seu território. Passaporte vem do francês “passer” na França em 1791 e restaurado em 1792- Ele voltou a st-fr novamente
e do inglês “port” (porta ou portão), é que as cidades medievais eram usado em 1914.
muradas e tinham portas de entrada (Thelma T. Cavarzere). Nos meados do século XIX o regime de passaporte começa a ser
O passaporte é um documento expedido pelas autoridades públicas abandonado. Há um período liberal no tráfico internacional de pessoas.
competentes, certificando a identidade e a nacionalidade do seu titular e Ao ser deflagrada a Ig Guerra Mundial, o regime de passaportes foi res-
lhe permitindo viajar no território do Estado que o concedeu, ou se dirigir taurado e não mais desapareceu.
a um outro Estado (Reale).g Diante desta definição podemos assinalar que Em 1922, a SDN instituiu o passaporte Nansen (tomou o nome do seu
existem dois tipos de passaportes: o interno (praticamente não é mais idealizador) para as pessoas que não possuem documentos de viagem.
utilizado) e para o estrangeiro. Este último, para produzir efeitos em Dfestinava-se, inicialmente, aos refugiados russos e foi estendido depois a
território estrangeiro, necessita de ter o visto deste Estado estrangeiro, que outros refugiados, como os armênios, os assírios, os turcos, etc. A convenção
é dado pelo seu cônsul. O passaporte pode ser individual (é o normal) ou relativa ao estatuto dos refugiados, concluída em 1951, estipula, no seu
coletivo. i art. 28, a concessão de documento de viagem aos refugiados pelos Estados
Na Grécia e em Roma concedia-se, às vezes, salvo-conduto m._as não onde eles se encontrarem e fixa em anexo o seu modelo. Este passaporte
propriamente passaportes. Estes não existiam, em virtude de não' haver foi estendido aos apátridas. Na verdade, os refugiados em grande número
relações internacionais muito intensas e mesmo porque os estrangeiros eram apátridas (ex.: os russos que fugiram da Revolução de 1917). A
eram olhados com desconfiança. Convenção sobre o Estatuto dos Apãtridas (1954) estabelece norma seme-
Roma, com o aumento do seu império e do tráfico de pessoas, passou lhante (art. 28) ã que vimos para os refugiados e fixa modelo igual ao do
a dar aos seus funcionários que fossem incumbidos de missão “.clocumen- documento de viagem destes para os apãtridas.“
tos”, que lhes concediam diversas facilidades, como a de requisitar, pelos No Brasil a concessão de passaporte para estrangeiro foi regulamentada
locais onde passassem, meios de transporte, etc. Eles eram denominados no Decreto-lei ng 941, de'I?›-10-1969 (arts- 70 e segs.), e Decreto ng 66.689,
de maneira diferente: “tractoria”, “ combina”, “diploma” , f_"codicilli”, etc.g de 11-6-1970 (arts- 96 e segs.). Sendo de assinalar que o Brasil só da
Posteiionnente, eles foram concedidos não apenas aos funcionários, mas passaporte para estrangeiro nos seguintes casos: a) apátrida; b) asilado ou
às mais diferentes categorias de pessoas- No Egito, no período da domi- refugiado; c) a nacional de país que não tenha representação diplomática
ou consular, nem representante de outro país encarregado de protegê-lo.
nação romana, século II d.C., já se exigia um salvo-contudo para se deixar
Atualmente a matéria está regulamentada pela ng Lei 6.815, de 19-8-80,
o Egito. -
No Baixo Império, I-Ionorius expedia documentos (“sacri apius” ), que que estabelece que o Brasil da'_ passaporte a estrangeiro: 1 - no Brasil: a)
apãtrida; b) asilado ou refugiado; c) nacional de país que não tenha re-
permitiam ao seu portador entrar e sair do reino. - _

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presentação diplomática; 2 _ no Brasil e no exterior “ao cônjuge ou ã N OTAS


viúva de brasileiro que haja perdido a nacionalidade originária em virtude
do casamento”. O Brasil pode dar um “laissez-passer” ao estrangeiro na- 1. (V. Bibliografia _ Cap. XXXV); Egídio Reale _ Le probleme des passeports.
-in RdC. 1954. vol. IV, t. 50, págs. 89 e segs.; idem _ Le Regime des Passeports de
cional de um Estado que o governo brasileiro não reconheceu.
la Societé des Nations 1937; Louis Varlez -- Les rnigrations internationales et leur
A citada lei está regulamentada pelo Decreto ng 86.715, de 10-12-81.
réglementation, in RdC 1927, vol. V. t. 20, págs. 169 e segs.; Henry Prznt Fairchild
Os passaportes têm as seguintes cores: vermelho (diplomatas), verde _l _ Immigration, 1925; Henri \-'allet _ Les Restrictions ã Plmmigration, 1950; G.
(comum), azul-escuro (especial), amarelo (ap-ãtrida), vermelho-escuro (co- 1
Stammati, A. Oblath e Ugo Giusti _ Problemi lnternazionali della lmigrazione,
munidade européia), azul entre o azul claro e o azul turquesa (refugiado). 1949; Maurice D'Harto_v _ Histoire du Passeport Français, 1937; Bureau Interna-
tional du Travail _ Emigration et Imigration _ Législation et Traités, 1922;
Kingsley Davis - Corrientes Demogrãficas Mundiales, 1960; Donald R. Taft _
Human Migration, 1936; Fernando Bastos de Avila, S._]. _ L”Immigration au Brésil.
U..

lv I
ø

1956; P. Aymond _ Passeport, z'-n Dalloz _ Encyclopédiejuridique _ Répertoire


\

1
É
de Droit International, publicado sob a direção de Ph. Francescakis, t. II. 1969,
págs. 564 e segs.; A. Dardeau de Carvalho _ Situaçãojurídica do Estrangeiro no
1

Brasil, 1976, págs. 105 e segs.; Societé Française pour le Droit International -z Les
Travailleurs étrangers et le droit international, Colloque de Clermont-Ferrand,
I979;_]ames A. R. Nafziger_ The General Admission ofAliens Under International
Law, in AJIL, October, 1983, vol. 77, ng 4, .págs. 804 e segs.; jacob Dolinger _
Direito Internacional Privado, 1986, págs. 175 e segs.; Gérard Chaliand, Michel
jan e_]ean-Pierre Rageau _ Atlas Historique des Migrations, 1994; Thelma T.
É Cavarzere _ Direito Internacional da Pessoa Humana: A Circulação Internacional
l de Pessoas, 1995. Thelma Thais Cavarzere _ Direito Internacional da Pessoa
Humana. A Circulação Internacional de Pessoas 2g ed., 2001.
2. A Convenção Interamericana sobre a condição dos estrangeiros (Havana,
1928) estipula, no art. lg: “Os Estados têm o direito de estabelecer, por meio de
leis, as condições de entrada e residência dos estrangeiros nos seus territórios.”
3. Este aspecto não tem sido observado na prática; como veremos, durante
largo tempo inúmeros países excluíram a imigração de orientais. Pode-se acres-
n-«twI -I'|-I 1¬., -.}" centar que as legislações estatais excluem determinadas categorias de indivíduos,
F que são denominados de indesejáveis: as prostitutas, os vagabundos, os portadores
de moléstias contagiosas, etc.
5

is
¡- 3A. É de se observar que as comunidades européias consagram a livre circu-
lação de trabalhadores para empregos “efetivamente oferecidos”.
t

Í
4. Os Estados centro-americanos copiam os EUA e proíbem a entrada ainda
de árabes, hindus, sírios, etc. No Brasil o Decreto ng 528 de 1890 proibia a imigração
de africanos e asiáticos.
1 5. Em 1921 uma leijá limitara o número de imigrantes em 357.000 individuos
anualmente. _
6. A imigração, bem como a emigração. se caracteriza, nos dias de hoje, por
Q

u
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ser dirigida. daí a existência de órgãos na maioria dos Estados destinados ã sua
nn-
0-
orientação.
6A. Com base em joão Camilo de Oliveira Torres (Uma Interpretação da
av-› _. - ¡›-_
Realidade Brasileira, 1973, págs. 89 e segs.) podemos apresentar algumas infor-
p

U-
mações sobre a história da imigração no Brasil: a) em certa época tentou-se “caiar”
(josé Honório Rodrigues) o sangue pela imigração por influência, entre outros,
de joaquim Nabuco e Tavares Bastos; b) em 1869, josé Pedro Xavier Pinheiro
propôs a “importação” de chineses para as plantações de cana sem que esta política
fosse adotada; c) a imigração de africanos e asiáticos dependia de autorização
ínm-u|#l.n. _- vqvfivz~w.
-.

1049
especial do Congresso (Decreto 119 528 de 1890). Esta imigração não era livre
como as demais; d) projeto foi apresentado no Congresso em 1921, por Andrade
Bezerra e Cincinato Braga, no sentidonde proibir a entrada de pessoas de cor
preta. No mesmo sentido foi apresentado outro projeto, em 1923, por Fidélis Reis;
e) o Estado Novo restringiu a imigração de pessoas de raça amarela especialmente
japoneses. Nesta época não havia iømigração de africanos. Segundo Maria Luíza
Tucci Carneiro (O Anti-semitismo na Era Vargas _ 1930-1945, 1988), até 1930 a
preocupação foi trazer braços para a agricultura. Após 1930 adota-se uma política
restritiva, que vinha sendo seguida desde 1921 de modo brando, e se proíbe os \

indesejáveis. Entre 1930 e 1934 foi proibida totalmente a imigração. Em 1934 foi
criado o sistema de quotas. Foram criadas restrições aos semitas.
7. O parágrafo único deste artigo estabelecia que quando houvesse um Estado
CAPÍTULO xxxvn
novo na sociedade intemacional lhe seria fixada uma quota.
8. Vattel foi o primeiro a distinguir o passaporte do 'šalvo-conduto. O passaporte *` DIREITO DE AsILo1
é concedido a pessoas que podem ir de um lugar para outro em se`gurança._]ã o
salvo-conduto é fornecido a pessoas que _nao poderiam ir em segurança a deter-
378 _ Introdução: a) Asilo territorial; 379 _ Conceito e evolução
minados lugares sem ele, sendo muito utilizado em tempo de guerra.
histórica; 380 _ Da obrigatoriedade do asilo; 381 _ Refugiados:
9. O “tractoria” seria ainda utilizado pelos merovíngios. Ainda na Idade Media
a “Carta tractoria” era fornecida “pelas autoridades eclesiãsticas aos peregrinos” conceito e qualificação; 382 _ Fundamento do direito de asilo; 383
(Valladão). _ A proteção internacional dos refugiados; 384 _ Estatuto dos refu-
10. Em 1555, Carlos IX, por uma ordenança, institui 0 “passaporte marítimo” , giados; 385 _ Fim. do asilo; b) Asilo diplomático,' 386 _ Definição;
que dava livre trânsito ãs mercadorias que tivessem por destino as feiras de Lião. 38 7 _ Evolução histórica e âmbito de a¡blicação; 388 _ Da obriga-
11. Entre nós, o Decreto ng 18-384, de ll-9-l928,ja permitiu a concessão de toriedade do asilo; 389 _ Fundamento do asilo diplomático; 390 _
passaporte ao apãtrida- A mesma orientação está na legislação atual. Locais de asilo; 39] _ Pessoas que gozam do asilo e a sua qualificação;
392 _ Direitos e deveres do Estado asilante; 393 _ Direitos e deveres
do Estado territorial; 394 _ Fim do asilo; 395 _ A CU e o asilo
I diplomático.

378. O direito de asilo2 visa dar uma proteção ao indivíduo. Gigena


Torres observa com razão “que o asilo se origina em uma ação instintjva
do indivídup, necessidade biológica de buscar amparo para 'salvar a vida
ou a liberdade”.
Ele pode apresentar-se de duas maneiras: a) o al ou
externo, ou internacional; e b) o o, ou interno, ou político,
ou intranacional, ou extraterritorial.
O asilo territorial é admitido em toda a sociedade internacional e está
consagrado no art. XIV da Declaração Universal dos Direitos do Homem:

. “1 _ Todo homem, vítima de perseguição, tem o direito de


' _ procurar e de gozar asilo em outros países.
2 _ Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição
legitirnamente motivada por crimes de direito comum ou por
- atos contrán`os aos objetivos e princípios das Nações Unidas.”
cv

Q-

I I

379. O asilo territorial e aquele que o Estado concede aos individuos _

Í
perseguidos território.

¡-`¿- '-“ÊÉ-'§`1.`-'fil _' '--


ia
'S ` i _ 1051
.. '.`._
O instituto do asilo já é_~_§n_c_g_ntra_tlo na Antiguidade. No Egito havia dade nacional, mas sem dar um direito ao indivíduo de ser asilado. Outros
(¿_¿¿_5_i_19__¿jgl_igi_os_o_.f* Entre os judeus, algumas cidades (lavam asilo ao homicida Koziebrodzki declaram t ue o indivíduo assa a ter um direito ao asilo.
J _ .
involuntário. Na Grécia, diversos templos religiosos podiam dar asilo e Na verdade, a mterpretaçao nao pode ser genérica, uma vez que alguns
dele se beneficiava qualquer tipo de ciiminoso* Se o crime era grave. países (Guatemala) reconhecem ao indivíduo direito ao asilo. No Brasil
proibia-se que a comitla' chegasse ao asilado para forçá-lo a abandonar o já não se pode afirmar isto, porque a nossa Constituiçao de 1969 apenas
local de asilo. Em Roma o asilo foi também raticado em tem los e até P roíbe a extradição do criminoso olítico, mas_ não si nifica isto_ fl ue
111651110 1121 fisláluä de ROITIUÍUS-5 estejamos obrigados a conceder o asilo, tanto assim que ele pode vir a ser
O Ç1“iSti'‹miSmo fez com quc 0 flsil0..paSSaSSc aescr concedido nas Igrcjasf expulso do território nacional âezn que haja qualquer proibtçao constitu-
cuja violação era um sacrilégioeoautor
ir J da violaçao
_ podia ser excomungadoƒ'
H F CiQnz11_ P Or Outro l zz d 0, na d 3 ¡mp¢
° d <-;- qug não concedamos
- asilo a deter-
O asilojá estava no “espírito dos fiéis” desde os primeiros séculos da era cristã minado criminoso polítjco, _. `
e foi codificado em 511 no Concílio de Orleães. A Igreja excluiu certas ¡' Entretanto, a Constit_ui_ç_ã_o de 1988, no seu art. 4”, estabelece entre os
categorias do direito de asilo, como osgctiminosos de alta periculosidade, princípios das 1'eIãçõ_es"internacionais do Brasil o de “concessão de asilo
aqueles que cometessem crimes nas igrejas e 'suas redondezas para se b ene- p olítico” . A p rimeira observação que deve ser feita é que ela abrange o
ficiar do direito de asilo, etcz Os godos e visigodos também o praticaram. No asilo diplomático e o asilo territorial. A segunda observação é que, apesar
feudalismo, o asilo territorial e o religioso também foram reconhecido 5, O de tudo, não surge uma obr_iga_tç¿1;1e_dacle da concessão do asilo,_ vez quea
senhor feudal concedia asilo segundo a sua conveniência, fosse ao criminoso C1 ualificação ' do iiidifvídíoncoino perseguido político éda competência do
comum ou ao criminoso político. O Islame também conheceu e praticou o Poder _ Executivo , que se trata de materia de politica externa. Por outro
- z . _ . . g I , _ 1 *
asilo. No seculo XII começa-se a destruir as garantias do_as1lo. As decretais ll-'1d°= 0 art- 4 É “md mesma Progmmauca-
de Inocêncio III e Gregório IX no século XIII excluem do asilo os judeus, A I Convenção
' Interamericana
. _ sobre
_ asilo territorial (Caracas, 1954)
heréticos e apóstatas, bem como os assassinos, etc. No século IV o direito de tam bem se encontra nesta orrentaçao ao estabelecer no art. 19 que o asilo
asilo J'á era reconhecido perto das estátuas do Imperador em Bizancio é um direito do Estado e que ele admitirá “dentro do seu território as
_ _ ,,
(jacques Lefort _ L'empire byzantjn, in Les empires occidentaux de Rome P1:-'SS0‹1S (1118 julgar conveniente . _ _ j _ . j
~`Bl`, bd' "d ' Tld,l997. ' Se esta e a ortentaçao predominante, ela nao deixa de ser criucavel.
d crNos m so séculosa lreçaoXV, XVI,e`]edn u ar ) A doutrina (Scelle) tem afirmado que o Estado possui o dever de conceder
pai-aJ_t_)_____c;;1`_1_riijnoso coçrnumjjgffjareçcççg__l1§__Q__g§flo se desenvolveu devido ao o asilo. Na verdade, o asilo, instituto essencialmente humanitario, somente
atenderá completamente a sua finalidade quando se transformar em um
grande _ numero de guerras religiosas. O criminosó"}%líti'‹:o"nãrT'gö'íá“vã'
deste direito, uma vez que o poder dos prmcipes unha origem divina e, direito do indivíduo e em dever do Estado. -
em conseqüência, qualquer atentado a este poder deveria ser punido. Se 381-' São df-*H91;niaê_§13.í51_sr.¢£vsE199§-_.e§_Pessoas que eQzê1o_d.e.a§i1.<2
_t_eij1it_o_1§i_aI,_A Convenção de 1951,” que estabeleceu' ló. estatuto dos refugia-
esta foi a regra geral, não se deixou de conceder refúgio político durante
as guerras religiosas e civis. AFoi jajt›artir_ d_aÍRevc¿IuçjãojjjFrajr1cesa8 q11.e_§__ j dbs,_define-os como sendo aquele que “tçniendo ser perseguido QQ__1_',J11.o-
tivos de raça, religião, nacionalidade, grupo sõêiãlvoiimõpiniõešfëolídgas,
¢0m@§9.vaê.c1mÃ.ër como festa 6 e§_il.<2_<1_9 <=;í§r1tio..<.>.§Q.-mlítíc-<Lcac.r.trad1‹;a‹> ëiš. 9.1??EÍí1l1Í%iiÍ°ÍÊÍ'§fÍÍÍÊãÍÊÍÊí.f5ÇÍÍáü;eÍÂʧCiÕ1ÍÍfi¿5ÕÊ '<ÍÚlÊ"ÊÍ2§fi'§ÍíëÊ1Ê.-9P› .ÊL12
do c1'im__i_1_}__o_s¿:›__jj ‹¿9_1__'t1__ti_1_n_.___No século XVIII Wolff já sustenta o asilo como
prerrogativa do estado- No século XIX esta prática tem a sua consagraçao,- \'ifU~1df= desse.. t¢.t11.9£t-.o.ë;Q..aucr- valer;§c._‹ta..o.r.o;.ecä9...d.sê§c..Peíââ_9a.<1t!_§_§c
não _ tem Ín'acionalida.d¢-. .€. se__ ,enc_Q.I__1.I!Í.'4.__fQ.I.š!.. .£l9.. .-E¡.=ÊÍ$.._{1.9.-.¶El.Ê1_.l.--.Él_n,llëilflë
apesar de no período da predominância da Santa Aliança ela ter sido
' _residên cia habitualf em¬-cm1seqfLêt1s;iiI._d§ -L.‹;1.i.S.-..acQ_I1.tÇ_<;i111.§J1_lQ§› EIÃQ. P.°..Cl:e
restringida. E no século XIX que se torna um princípio jurídico. __..«. . .-

380. ,Q__t@~e_i_to_c_lej_asilo, apesa1'|_t_l_ç__teJ;por..finalidade_ pro_t__e_ger a pessoa °ë›_*Êl.Ê\liÇl.Q.2_1_QJ.efeIido-teJ11ot.,.I1_ëQ._ §.]l›1...<Íf.!'.!.€.>_1.';ê._1.`..š«“t.<*`_-fl.~'í' ” .lg Ela tem sido criticada,
l3__umana, ainda *considefiidõ_ftíiÊ__di_rei_t_o__d_o___Es_taclo e nao do iiidiiifduo. porque não_abran_ge os indivíd_uoS-.pf:LS¢guidos_por`part1c1pa_rem_ c_l_e___greves
. I' I-`p_ . _. là* 7 Q Q ' Il- ' J _ '_-_ :_ -_ _ Q

. Ut .M e__mamfestaçoes p oliucas
z\ - _(Iean-Jacques de Presson). Tem sido assinalado
Significãiisto que o Estãdoinãolé obrigado a coiicedeii' o a'silö,"“1'íia"š"ãpêiias
qué¬'_li"ã_Íiiii'ã'fl-Íríêcuéssidadéile se atn,p_li¿tr*o___‹;on_t:_ei_to __‹_:le_ _refu_g_iados para
cócràâí_sÍe'¿sâ;i_i¿¿z;*o _‹, à;.;ú.;‹;:tz.ú;.f*Jl. c “ 5 r S_ s s _ T T A _ .
' Algumas legislações estatais, como a do México e a da Itália, consa- Hb1"‹1fls¢teâ P_s§.S9eS..ÍÍ<l<â§!.Qcas1a§Í'._z. os.-cv.t§19s..c._os .P.=1.l.cSti110S~. e
A"definição mais ampla de refugiados é a da OUA, vez que abrange
graram o direito de asilo.” A Constituição .brasileira de 1969, ao proibir
os deslocamentos maciços de população que não estavam incluídos na
a extradição de estrangeiro acusado de crime político e de opinião (art.
definição da convenção de 1951, por exemplo, as pessoas que necessitam
153, § l9), dá proteção ao criminoso político. Entretanto, a interpretação
abandonar os seus países sem que haja perseguição. A definição da OUA
sobre o alcance destes dispositivos não é uniforme. Uns (Vischer) consi-
vem sendo adotada de fato em inúmeras regiões do mundo. A citada
deram que a sua linalidade é apenas dar maior precisão à ação» da autori- _ _
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33.2-~ -¬\_f.- - -
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em asilado territorial- _Q_uenr cuida do refugiado é o ACNUR tr quem cuida


convenção concluída em 1969, além de incluir os casos da deíiniçao da
‹'_l_o¬_a_sdilgado é o EstaclQ_,/já Denis Alland širst.¶tã_‹ííié"`(5"ã`ši1õ'ê"`õ`ieêftaitiitõ do
ONU, também considera refugiados: “qualquer pessoa que, devido a agres-
refugiado não são tão distintos, porque o asilo é anterior ao estatuto do
são externa, ocupação, domínio estrangeiro ou eventos que perturbem
refugiado e ao mesmo tempo uma conseqüência deste. A distinção entre
seriamente a ordem pública em parte ou em todo o seu país de origem
refugiado e asilado territorial não é clara e Paul Lagarde fala em asilo
ou nacionalidade, é obrigado a deixar seu local de residência habitual
territorial dos refugiados. '
para buscar refúgio em outro local fora de seu país de origem ou nacio-
nalidade” (tradução de Cançado Trindade). Dentro desta orientação de
i
T E de se acrescentar que não há definição jurídica para pessoas deslo-
É cadas. Pessoas deslocadas são aquelas que tem refúgio dentro do seu pró-
se ampliar o conceito de refugiado é que foi aprovada uma Declaração,
em Cartagena das Índias, sob a égide do ACNUR, em 1984, recomendando prio território, ou são impedidas de transpor uma fronteira internacional
que se adote na América Central não apenas o conceito de 1951, e de seu que foi fechada. São aqueles que não atravessam a fronteira internacional.
protocolo de 1967, mas “ também (sejam considerados) refugiados as pes- O aumento do número de pessoas deslocadas advem do fato dos estados
soas que têm fugido de seus países porque sua vida, segurança ou liberdade impedirem o aumento do número de refugiados. Nos conflitos armados
têm sido ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os internos os refugiados e as pessoas deslocadas estão protegidas pelo art. 3
conflitos internos, a violação maciça dos direitos humanos ou outras cir-
-. -í- . .mg
das convenções de Genebra de 1949 sobre Direito 1-Iumanitãrio.
cunstâncias que tenham perturbado gravemente a ordem pública”. A re- Na ONU, em 1967, foi aprovada apenas uma declaração sobre asilo
gulamentação dos refugiados tem se regionalizado para se atender as territorial, mas que não é obrigatória e permite ao Estado recusar a entrada
peculiaridades das diferentes partes do globo. O termo refugiado não é de pessoas perseguidas se tal fato ameaçar a sua segurança nacional, a sua
definido “a priori”, com fundamento em considerações teóricas, mas de população ou em caso de afluxo em massa de perseguidos, o que lhe dá
mod ional para resolver problemas concretos- (Schnyder). quase nenhum alcance.
Í O asilo pé* co_r1cediclo_a9_ §rin_a_i_r_19s_o___p9_lítico, incluindo-se_qs_que lutam 382. O fundamento do asilo, conforme se depreende da Convenção
_ç9_r_1___* ficolonialisino. Não se dã asilo aos queiciõnieiiéiãiiiicirime diéuguerrai, Interamericana de Caracas, reside em dois princípios: a) o Estado tem,
crimehcõiitiraiiãmpãfiéplcrime contra a humanidade. comojá vimos (capítulo XXXVI), 0 direito de permitir que entrem no seu
A qualificação de tais indivíduos como refugiados, isto é, pessoas que território os indivíduos que quiser; b) no seu território a sua jurisdição é
nao são criminosos comuns, é ato soberano do Estado que concede o exclusiva.'3^
asilo.” Cabe somente a ele a qualificação. E com ela que terá início ou 385- Os F_¢ÍU8Ía€10S 1ë.Ff1..<i011SLi.l.Ltí.CL0y;1i-aiii?B£<1l?lÉP?í=LBë1`ë.a.§QCifiëaâê.
não o asilo. ... ÍÍ11Ê.f!1'‹t§i0flfl1.d¢vid0.fl9_$¢.v .afaaric núzrr_‹zro,âm_.Çs1'ta$šrà0¢äS›“Como após
A Declaração Universal dos Direitos do Homem (art. 14) proíbe a a lê e a 2* Guerras Mundiais.
concessão do asilo aos criminosos de direito comum e aos responsáveis A sua proteção, para ser eficiente, tem que ser realizada através de
por “atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas”. organismos internacionais- .Assim, no tempo da SDN foram instituídos
O DI Humanitário e o DI dos Refugiados são formados por normas diversos órgãos, como o Alto Comissariado para os refugiados da Alemanha,
que se complementam (Iaime Ruiz de Santiago)- J o Alto Comissariado para os refugiados russos e armêrii'os, etc.
-'r' Pode-se acrescentar que no continente americano o conceito de refu- Durante a 2a Guerra Mundial foi criada a Administração das Nações
giado é mais amplo do que o de asilado territorial. Assim sendo, todo Unidas para Socorro e Reconstrução (UNRRA) , que desapareceu em 1947.
Í asilado territorial é refugiado, mas nem todo refugiado é asilado territorial- Tinha ela por objetivo repatriar as vítimas do nazi-fascismo.”
O asilo territorial, quando é concedido, é comunicado pelo Estado a aquele Em 1946, foi criada a Organização Internaciona.l.(_ios Refugiados (OIR),
r'-¬-›.

de onde saiu o indivíduo. Esta obrigação não existe para os demais refu- que era um organismo especializado da ONU e desapareceu em 1951,
giados. Hã atualmente a tendência de se distinguir o asilado territorial -do tendo prestado grande contribuição no auxílio aos refugiados no após-
refugiado. Gros Espiell salienta que asilo e_ refú¬gio___$.ãQ .dois institutos,
r
guerra. °
Em 1950, foi instituído, no ãmbito do Se.c'retari'ado da ONU, o Alto
dÍ5¡-Í1"1l0S› 90111_1f_Ê8}1_1Ê111§-?.13_L2!_Ç_Õ.ǧ_.Á1iÍc1r:r1t_es..SaJienta que os conceitos de li
asilo territorial e refugiado, nos termos darConvençã_o da ONU de 1951, Comissariado das Nações Unidas para ao Refugiados) criado pela Assem-
às vezes estão unidos, Reconhece o internacio- bléia Geral, que começou a funcionar em 1951. O Alto Comissário é eleito
iralista uruguaio que no DI Americano ambos os institutos se confundem. pela Assembléia Geral, por proposta da Secretaria Geral. O mandato é de
Um princípio do direito dos refugiados é a “reunificaçãó das famílias”. A cinco anos. As despesas serão financiadas por subvenção no orçamento da
qualificação como refugiado não transforma automaticamente a pessoa ONU e doações. Ele tem por finalidade auxiliar os governos em relação

L 1055
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-va-

_, .r
1
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aos refugiados, repatriã-los e ajudar na sua assimilação- A sua sede é em O__r;‹¿f;_tgiad.‹› está isento das restrições de imigração e não _s9_fr_e_[_á
Genebra. () Alto Comissariado pode possuir organismos especiais para. qualquer_sa11ç_ãQ_p£na_l*po_r'ter entrado ilegalmente no. país, desde..que_se
atender as regiões onde a questão dos refugiados seja mais premente. apresente imediatamente ãs`a`utoridades do Estado e demonstre ter vindo
Assim foi criada a United Nations Relief and Work Agency for Palestine diretamente do país onde é perseguido:
Refugees in The Near East (UNRWA), que sobrevive até hoje. Foi consti- O Estado tem o direito de tomar medidas excepcionais ern relação ao
tuído ainda na ONU o Fundo de Emergência das Nações Unidas para os refugiado apenas em caso de guerra, circunstâncias graves ou no interesse
Refugiados e, de junho de 1959 ajunho de 1960, foi instituído o ano do da segurança nacional.
refugiado, com a finalidade' de chamar a atenção da opinião pública mun- Os refugiados possuem deveres em relação ao Estado que os recebe:
dial para o assunto.'“^ respeitar as leis e regulamentos e se conformarem “às medidas tomadas
A proteção não tem sido dada apenas no âmbito internacional; mas para a manutenção da ordem pública”. Outros deveres podem ser acres-
`
também dentro dos Estados. Assim, a França possui órgãos destinados a centados, corno o de nao se intrometer- na vida pu-blica
"
do Estado. 17 A
atendê-los. A Itália concluiu acordo com o Alto Comissariado da ONU, Convenção de Caracas sobre asilo territorial não deterrriina o estatuto dos
que manda os seus representantes para lá. refugiados, mas estipula também alguns dos seus direitos e devereszm a)
A Convenção de 19.51 (entrou em vigor em 1954),-concluída sob os garante ao asilado a “liberdade de expressão do pensamento” como reco-
auspícios da ONU, que fixa o estatuto dos refugiados, determina que os nhecida aos demais habitantes do Estado, inclusive contra o seu governo,
Estados devem cooperar com o Alto Comissariado das Nações Unidas. Esta desde que os conceitos expressos não constituam “propaganda sistemática
convenção teve um protocolo concluído em 1967.14” por meio da qual se incite ao emprego da força ou da violência contra o
Em 1987 existiam 11 milhões de refugiados. Em 1998 se fala em 15 governo do Estado” que apresentar reclamação; b) a liberdade de associa-
milhões de refugiados Touscoz). Em 1994 existiam 23 milhões de ção só poderá ser restringida se a reuniao tiver por “objetivo promover o
refugiados e 25 milhões de pessoas deslocadas (são as pessoas que estão emprego da força ou da violência contra o governo do Estado” que apre-
dentro do seu próprio Estado). Uma outra fonte menciona a existência sentar reclamação; c) os que fizerem parte de movimentos subversivos
de 27 milhões de refugiados em 1995. Fabienne Hara afirina, em 1999, poderão ser internados a uma “distância prudente das fronteiras” do
que existem 50.000.000 de pessoas deslocadas pela força, das quais Estado que for interessado” e d) os internados só poderão sair do Estado
13.000.000 estão enquadradas na convenção de Genebra de 1951. Durante de refúgio comunicando esse fato ao seu governõ e “sob a condição de
a Guerra Fria os movimentos de refugiados foram causados por conflitos não se dirigirem ao país de sua procedência”.2°
internacionais e após a Guerra Fria por conflitos internos e as maciças 1 O Estado que concede o asilo não pode permitir que o asilado pratique
violações de direitos humanos. Vrllalpando fornece os seguintes dados: a) atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Por outro
Em 1991, 1,8 milhões de curdos procuraram refúgio na Turquia e Irã; b) l Ã
lado o Es do não pode impedir a emmda dealguém que procure asilo
z | V Í 4 Í ¡ Í Í Í H Í Í

Em 1992, 250.000 muçulrnanos de Myanmar procuraram refúgio em Ban» __n_o seu território, nem obriga-lo a voltar parazo Estado de onde eileféi
gladesh; c) Em 1992, o conflito entre Armênia e Azerbaijão provocou l
F
' _ _ 77 4t_7 fi? z-z_f7

persêgg5 iÍi`_‹_;@í.:Estêip1in“c*ípio"sÓ“iiíéñíifsofie' éxcieçao em caso deíimperiõsas


zzz- ¬ ' 777

800.000 refugiados; d) Em 1993, 120.000 liberianos foram para a Costa do razões de segurança nacional ou para “salvaguarda da população, como
Marfim; e) Em 1995, 300.000 do Burundi estão no Zaire; f) Em 1995,
no caso de uma massa de pessoas” procurar asilo. Entretanto, o Estado
155.000 de Serra Leoa foram para Guiné; g) Em 1993, 280.000 do Togo
deverá dar a estas pessoas a oportunidade de poderem ir para outro Estado
foram para Benin e Gana; h) Em 1990, 170.000 kosovares foram para
I ou, ainda, lhe dar um asilo provisório- _
Albânia, etc. l

1 A Convenção de 1951 prevê que o Estado onde se encontra o refugiado


884. O estatuto dos refugiados foi fixado na convenção acima citada.
Em linhas gerais, os refugiados gozam dos mesmos direitos e deveres que deverá dar um documento de viagem com validade por um ou dois anos
É e que é reconhecido pelos Estados signatários. '
possuem os estrangeiros. A convenção será aplicada sem discriminação de
raça, país de origem ou religião dos refugiados.
y
No Brasil o Decreto-lei ni' 941 , de '1969, trata da condição do asilado
Eles têm direito ã vida, ã propriedade, ã°liberdade de religião, de
1

(arts. 111 e segs.) e entre outras determinações estabelece que ele não
locomoção,"' exercer profissões liberais, ser comerciante, liberdade de poderá se retirar do Brasil sem prévia .comunicaçãoi “e obtenção do res-
ll'

associação, etc São assimilados aos nacionais no tocante às taxas e impostos. l ' pectivo visto”, e se encontra tal matéria 'regulamentada ainda nos arts. 138
e segs. do Decreto ng 66.689, de 11-6-1970.
¡.
V

Beneficiam-se da legislação do trabalho e da previdência social e da edu- ¿.l


1.
cação pública. A sua naturalização deve ser facilitada pelo Estado.” O seu O estatuto do refugiado foi regulado pela Lei ng 6.815, de 19.8.80,
estatuto é o da lei do domicílio ou, na falta deste, o da residência. ›n\-nnrn- ¡.
que impunha ao asilado as obrigações_d__o DI, da legislação vigente e as
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que o governo fixar (art. 28)- O asilado nao podia sair do país sem prévia 385. O asilo pode tenninar por inúmeras causas: fr) a sua naturalização
autorização do governo brasileiro, e se o fizesse, seria coiisiderado renuncia no Estado de refúgio; b) quando o refugiado parte do Estado de refúgio;
ao asilo, impedindo que voltasse a ser considerado asilado. c) a sua expulsão do Estado de refúgio, o que só pode ocorrer em casos
Atualmente a matéria está regularnen tada pela Lei 9.474 de 1997. Ela excepcionaisf" d) quando cessa a causa que motivou o asilo; e) morte do
considera refugiado aquele que teme ser perseguido por motivos de raça, refugiado.
religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política eiicontra-se fora , 386. Nos termos tia' convenção interamericana sobre asilo diplomático
do país de sua nacionalidade e não possa ou não queira aceitar a proteção i (Caracas, 1954), ele pode ser definido como “o asilo outorgado em lega-
de tal país, ou não tenha nacionalidade e não possa retornar ao país em ções, navios de guerra e acampamentos ou aeronaves militares, a pessoas
que teve a sua residência habitual, ou ainda não pode voltar ao país, porque perseguidas por motivos ou delitos políticos” (art 19)-
aí existe grave e generalizada violação de direitos humanos. A condição 387. O asilo diplomático tem como antecedente o asilo religioso??
de refugiado é extensiva a ascendente, descendente e demais membro-s tendo com ele coexistido por um certo período, acabou por ser o seu
do grupo familiar que dependam economicamente do refugiado. O indi- sucessor. U
víduo pode requerer a qualquer autoridade migratória a sua condição de z H_Q__asi__l_o diplomático surgiu com as Missões Diplomáticas no século XV,
refugiado. E criado no _§¿linisté_r_i__o___da-_.]usti.ça_ .07C-_C_>l'I1_Í-.Ê!“:3..-lÍ.lš1_<-lÍ.Êll'lÊ.l._P§“Êl`.Ê._Ê15 propag9vt,i;'_s;e;_§r_fsii,a_¡y_aÍt_;i_ç§i_noséculo XVI, quando doutrinadores o consa-
' graram, como Conradinu-s Brti_ii_uš,”A1liéi*ic'o Gentili e Francisco Suárez
1

l_§efi¿giado_sW( sendo que o ACNUR será seu membro convidado- f-_

A repatriação deve ser voluntária. O refugiado não será deportado para a (este último no início do século XVII). Ele se fundamentava nas imunida-
fronteira do estado em que sua vida ou liberdade esteja ameaçada. A saída I des das Missões Diplomáticas, uma vez que estas representavam os monar-
do território brasileiro sem autorização do governo é considerada renuncia cas estrangeiros e o embaixador era olhado como sendo “a 'mesma pessoa
Í do príncipe que o enviava” (M. A. Vieira). A inviolabilidade dos embaixa-
ao asilo.
Ê dores, com base na teoria da extrateriitoiialidade, estende-se não apenas
Finalmente, podemos mencionar que a Assembléia Geral aprovou, em
Ê ã residência do embaixador, mas também a todo o quarteirão em.que esta
1967, uma Declaração sobre Asilo Territorial, determinando que deve ser
1 se encontra localizada (“jus quarteriorum, franchise du quartier”).
respeitado pelos Estados, que é um ato pacífico e humanitário, bem como
O__a§il_o____cliplomáti_co conservou até o__i_nício do_sé_c_ul_o__ a caracte-
não pode ser concedido a autores de crimes de guerra, contra a paz e
rística do asilõiieliiigiõsõ:iistiõiiéfidei sóiser concedido-ao...cr:i.minos_q,com'u''rh -'
contra a humanidade, etc. Em 1977, reuniu-se, em Genebra, uma Confe- q \
Esta prática fez com que nos séculos XVI e XVII os embaixadores prote-
rência das Nações Unidas sobre asilo territorial que não conseguiu aprovar (Í gessem a toda espécie de criminosos e transformassem isto em .negócio
nenhum texto da convenção. I, ` lucrativo,~u-ma vez que alguns deles davam o asilo, isto é, alugavam casas,
Em 1969, foi concluída, na OUA, convenção, regulamentando os as- por preços altíssimos, aos malfeitores. Deste modo, no século XVII o “jus
I
pectos próprios aos problemas de refugiados na Africa.
i quarteiiorum” começa a ser abolido, por exemplo, na Espanha. A Igreja
O problema é que os Estados se recusam a aceitar que o refugiado Católica neste mesmo século também o supr_ime.22^
tem um direito de ser admitido no seu território (Louis Henkin)- / O asilo diplomático foi desaparecendo da Europa com a supressão do
O princípio de “non refoulement” (não devolução) é fundamental jus quarteriorum”23 e com a humanização das penas. Nos séculos XIX e
em matéria de refugiados e está consagrado no art- 33 da convenção de 1 XX ainda se encontram no continente europeu casos de asilo diplomático
L
1951. Este princípio inclui o de não proibir, na fronteira, a entrada do i
a ciiminosos políticos; entretanto, eles são esporádicos e ocorrem sob õ
refugiado. Este princípio tem sido considerado norma de “jus cogens”. O ; protesto dos governos do Estado onde se encontra a Missão Diplomática.
“refoulemente” não está submetido ao controle judicial, como a expulsão. Tais características fazem com que a Europa não reconheça o instituto do
Vera Gowlland -Í Debbas afirma que se pensa em criar uma respon- asilo diplomático e apenas o tolere em certos casos-
sabilidade internacional por um fluxo muito grande de refugiados como Na América foi onde 0.--asilo__dj_plQÍ1fl_il£i_Q_§L1_ÇQ,n_ti:o.u a. sua consagra.-
... '_"'""`_"'7 PE-'Í 'T' E O O W “I _
violação dos direitos humanos. Não há norma internacional que proíba o _ çao-_ _ __TÍal-fato surgiu em decorrência da instabilidade das nossas instituiçoes
fluxo, mas este prejudica a outro estado causando-lhe dano. O estado de “ .políticas e as constantes revoluções, acarretando a necessidade de se pro-
onde saírem os refugiados deve criar condições para o seu repatriamento- 'Â_ ` teger a pessoa do criminoso político.
A convenção da ONU para supressão da tortura de 1984 consagra o __A regulamentação internacional na América vem desde o século XIX
princípio de “non refoulement” (não devolução) para quem está amea- com o Tratado de Direito Penal de Montevidéu (1889), que consagrou o
çado de tortura. . L . . , . . . ,
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' asilo diplomático e territorial nos seus arts. 15, 16, 17 e 18. Inumeras outras
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mesmo século o asilo passou a ser dado aos escravos fugidos. Na Grã-Bi'e-
coiivenções foram concluídas iio continente: a de asilo (Havana, 1928), a
taiiha, as normas sobre este asilo foram fixadas iia Fugitive Slaves Circular,
de asilo político (Montevidéu, 1933). o tratado sobre asilo refúgio politico
de 1876, que deu poderes ao comandante para decidir sobre o assunto e
(Montevidéu 1939) e finalmente, a convenção interamericana sobre asilo
3 !
. z - __ _ 2:' que não deveria levar em consideração qualquer pedido de entrega do
diplomatico (Caiacas, 1954)- i _ _
O3,§i1o.diploni-ático-irão é-uma.-prática-de_todo o con t-inente americano, perseguido, fuiidamentado apenas no motivo da escravidão. O Regulamen-
mas to Naval dos EUA (1913) não admite o» asilo de criminosos políticos a
__ __ _ apenas
__, _ dos
___,_ Estados latino-americanos..
___,__,___,.-¬.«-- ~;~~~~"*“'”"` Os EUA - não reconliecem
_ :\ o

asilo Í:liplõ`i"ñ`á'tico e nao tem assiiiado as convenções sobre 0 assunto.” bordo de navios e ele só poderá ser concedido em casos extremos, como
A conclusao que podemos apresentar e que o o indivíduo perseguido por multidão. O Brasil já teve em suas águas
èiíreconhecido como direito. .e.t'1_LU: Qipaíses l_21.LÍ_1"!0'21IJ1€£Í_C.2.i_11Q.§;f E11U`€lam°› territoriais asilo concedido por navios de guerra estrangeiros, como foi o
°-› C E *Í E V V E '_-_* ffff E if fi H
isto não significa que os outros Estados tanibém não pratiquem o asilo caso dos revoltosos comandados por Saldanha da Gama, que se refugiaram
diplomático, mas o fazem esporadicamente e nao lhe reconhecem o has- nos navios de guerra portuggieses Aflonso de Albuquerque e Mindello; bem
pecto de instituto fazendo parte do Dl (EUA). Dentro dfiâtël 01”1€I1Uf1Ç¡=1Q› como a bordo do cruzador São Paulo concedemos asilo durante a revolução
o Brasil concedeu inúmeras vezes asilo diplomático em Portugal, os lati- republicana de 1910 em'Portugal; _
no-americanos o praticaram durante a guerra civil espanhola e Estados c)Lgs_ac_a_m_Éani_e_n_t9s militares são também lc›_ç__:ais para a concessão do
europeus o têm exercido na América, e os próprios EUA 0 tem praüCad0 asilo diplomático. M_""*:¬`* :Z Ei"i1"-¬::;
na Europa. Apenas esta prática não chegou a formar ,um cgãtume e ela Não são considerados locais de asilo as sedes d as or .aniza ões inter-
tu-_--..¬_ -_,____-_-_;_- Jim _;4-..;_i¡._,Lf#..=\I;¬'l"'Í- -fJ'-I-nu-ii-.Q-=_4_..a_ Í ÍLÍÍ __ Í _ _____ ,_ ínícm

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nacionais. No mesmo sentido são considerados os _consula_dos.i EnÍi'et"aiiÍo~,
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388. l_\l,ao,<_§'7ir,i.sLç__Ç_11¿ë!lg¿1_€_1f_ _0_l11;1,§Ê§,QIf1@da_€l<Í~`_ -99 E.i.§Ê3Él.9..Ê.1.'1lE9PÊÊÇlÇ1`.-.O._- tem avido uma reaçao da doutrina para que os co'nsulaãos possam con-
asilo. A sua concessão é um ~,atqjgdis_§ijificiogi}_á¿iÇig do ESUÊIIÍO ëlsllílflífi- O 35110 ceder o asilo diplomático. Esta foi a posição do Instituto de Direito Inter-
é um direito do Estado e não dozindivíduo. Esta e a_orientaçao consagrada nacional (1950) e do lg Congresso Hispano-luso-americano de Direito
no art. 29. Alguns doutrinadores (Quintin Alfonsin) têm criticado esta Intemacional (1951). Em favor desta concepção salienta-se que a concessão
orientação, alegando que o dever de conceder asilo é uma tradiçao do de asilo diplomático apenas nas Missões Diplomáticas só dá proteção ao
nosso continente e que o instituto do asilo, tendo fins humanitários, nao criminoso político da capital onde estas missões se localizam, não prote-
deve se influenciar pelo aspecto político-diplomático (ver item 389). gendo os do resto do país. Tal fato ficou patenteado quando no Brasil,
389. O asilo não está sujeito ã reciprocidade e protege indivíduos em 1964, apenas os políticos que se encontravam na capital do estado da
independentemente de sua nacionalidade. _ Guanabara, onde ainda se localizava a maioria das Missões Diplomáticas,
Não se pode falar em extraterritorialidãde da missão, uma vez que o -puderam se asilar. A concessão de asilo nos consulados, contudo, não está
1
asilado se encontra dentro do Estado de cujas autoridades ele foge; apenas consagrada no DI. Finalmente, pode-se acrescentar que os automóveis da
ele não se encontra sujeito ã jurisdição do Estado teriitoiial. A teoria da 1 Missão Diplomática não constituem local de asilo. _
extraterritorialidade foi completamente abandonada.” Atualmente fala-se 391. _O asilo d_iplo_r_nático é concedido apenas a indivíd_1_i_Qs___q_L_i_ç___§_ej;i._i;ri
em inviolabilidade e imunidade de jurisdição dos imóveis da Missao Di- PerSe8Hl.Ê.l9§-PÊÊ. ʬÊ:19iíY9ãE99ÍÍil1ƒÍÍ.IÍÍ93ÍFÊÊlÍ¡ÊlÊ°_.§28'Nlä_Õ`šÊ#dãƒ9_.a5Í1° u 3 Pessoas
plomática, o que fundamenta o asilo diplomático, uma vez que O ESIHCÍO que, na ocasião em que o solicitem, tenham sido acusadas de delitos
territoiial não pode mais submeter o asilado ã sua jurisdiçao. _ coiñtiiis, processadas ou condenadas por esse motivo pelos tribunais ordi-
590. O asilo ‹iii2l_9.i1if‹í.fí¢° .I2.9£1_¢,§âr_99.9.E§.sf1.i<i9-§_fl3..é“úmef<lf--LQ°aiS-1 nários competentes, sem haverem cumprido as penas respectivas” (art- 39
a) ele-,pode ser dado nãsÂl.egações...Estas, nos termlos da Convençao de da Convenção de Caracas). Ele não protege também aos “desertores das
Caracas, abrangem “a sede de toda missão diplomática ordinaria, a resi- forças de terra, mar e ar”, a não ser que o ato que motiva o pedido de
dência dos chefes de Missão e os locais por eles- destinados para esse_efe1t0”, asilo tenha “claramente caráter político”.
quando o número de asilados exceder à capacidade normal dos edificios L Estipula ainda o mesmo dispositivo da Convenção de Caracas que as
1
(art. 19); - _ j pessoas que se asilarem por crimes que não justificam o asilo “deverão ser
b nos navios e aero_nay_e.s.mili_tai:e.s-.D PTÕPTIO C01T13fldame e quem
concede o asi o. Entretanto, os navios e aeronaves militares quae se encon- .I convidadas a retirar-se, ou, conforme 0 caso, ser entregues ao governo
trarem em “estaleiros, arsenais ou oficinas para ser reparados nao cons-
tituem local de asilo.” ' _ ___
l 1
local”: Este, entretanto, não poderá julgar tais indivíduos “por delitos
políticos anteriores ao momento da entrega”.
_9_êal0 dsnârã.setr1ad9-§9iiigni§..eai.izziâ-.‹›â.‹;1iem.‹àf,š.1:ic.i.êz isw ë› quando
i

A concessão do asilo aos criminosos politicos em navios de guerra ja


o indivi"duõ:ñ}2i_Ç>_I_T..I.I1.Qtivost .p.Qlí@Q$›..Ê__P_§_rseguido por multidões, pelas au-
era consagrada no século XIX, principalmente nos navios britanicos. Neste .f
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que decorre do DI Geral, podemos acrescentar que o Estado terii de
toridades quando se encontre em perigo de vida ou a sua liberdade e proteger as Missões Diplomáticas que se encontram no seu território, a
integridade pessoal estejam ameaçadas. A urgência é julgada pelo asilante fim de que elas não sejam molestadas por terem concedido asilo a deter-
(arts. 5”, 69 e 79)- _ minados indivíduos. 'I
A qualificação do delito é feita pelo Estado asilante.” Entretanto, ela
Entretaiito, ao lado destes deveres, o Estado territorial tem um direito
não tem aspecto definitivo, tanto assim que nada impede que ele altere que é da maior importância para ele neste assunto: é o direito qpqposgui
no futuro esta qualificação. de impedir, pelo lado de fora da missão, a entrada e saída (esta sem o
O asilante, na qualificação, deve levar em consideração as infomiações
salvo-conduto) do asilado da Embaixada. O Estado tenitorial pode exigir
do Estado territorial sobre o asilado. Entretanto, a decisão sobre se o que o asilado seja retirado do país, devendo para isto conceder o salvo-
criminoso é ou não político pertence exclusivamente ao asilante (art. 99).
conduto e dar garantias (art. ll).
O asilante pode prolongar 0 asilo para coligir informações, a fim de
394. O asilo pode terminar por diversas causas: a) renúncia ao asilo;
verificar da sua procedência (art. 14)-
b) a entrega do asilado, como criminoso comum, pelo asilante ao Estado
392. prirrieira qbrigaÂQo- Àumúd䚀5
territorial; c) a fuga do asilado; d) a saída do Estado;32 e) a morte do asilado.
do Estadõ *que c'ojncjejdei_.i__ajsilo a1talÍindivídu_o,_Es,ta comunicação deverá
O asilo não desaparece com o rompimento das relações diplomáticas.”
ser iêita, de preferencia, por escrito. Ela somente deixara de ser feita
Neste caso, se o Estado territorial não conceder salvo-conduto para a saída
quando a sua realização apresentar perigo para a 'segurança dos asilados.
dos asilados, estes serão entregues à guarda e proteção de Missão Diplo-
O asilante não pode permitir que o asilado exerça qualquer atividade
mática de outro Estado. Se este outro Estado não aceitar a incumbência
política. Este não deverá exercer atividade política de qualquer natureza
os asilados poderão ser entregues a um Estado que não .faça parte da
(art. 18).”
Convenção de Caracas e que concorde em manter o asilo (art 19).
O asilante deve impedir que 0 asilado se comunique com 0 exterior
395. A Corte Internacional dejustiçajá teve submetido à sua apreciação
da Embaixada e que receba visitas. Estas só serão recebidas se forem pessoas
um caso de asilo diplomático que pode ser sintetizado da seguinte maneira:
da família do asilado e se o chefe da missão tiver concedido autorização.
em 1949, a Embaixada da Colômbia, em Lima, concedeu asilo a Haya de
O asilo não deve ser concedido novamente se o asilado abandonar o
la Torre, político que o Peru considerava criminoso comum. O Peru se
local do asilo e pretenda se asilar de novo. Este princípio decorre do fato
recusou a entregar o salvo-conduto e a Colômbia a entregar o asilado. O
de que a Missão Diplomática não é um local que possa ser utilizado para
caso foi levado ã CI_], que decidiu em 20 de novembro de 1950:3“ a) a
o asilado simplesmente burlar as autoridades do Estado territorial.
Colômbia não tem o direito de qualificar 0 delito; b) o Peru não tem 0
O asilante deve entregar ao Estado territorial o asilado que for crimi-
direito de recuperar o asilado; `
noso comum.
É evidente que a sentença era contraditória e praticamente inexeqüí-
O asilo não pode ser oferecido. O asilado deve atingir os locais de
vel. A Colômbia, diante deste fato, apresentou à Corte um pedido de
asilo por seus próprios meios, isto é, sem auxílio do asilante.
interpretação, que foi rejeitado em 27 de novembro de 1950. Novamente
O asilante pode prolongar o asilo para coligir informações sobre fatos
a questão é apresentada pela Colômbia ã CI_], solicitando que fosse deter-
“que ponhãm em perigo a segurança do asilado durante o trajeto para
minada a maneira de cumprir a sentença de 20.11.1950 e que se decidisse
um país estrangeiro” (art. 14).
se a Colômbia estava obrigada ou não a entregar l-laya de la Torre. A
O asilante não é obrigado a conceder asilo no seu território ao asilado,
decisão foi proferida. em 13 de junho de 1951: cz) a Colômbia não está
“mas não poderá mandar de volta ao seu país de origem, salvo por vontade
obrigada a entregar Haya de la Torre ao Peru; b) o asilo deveria ter cessado
expressa do asilado”. Se o Estado territorial comunicar que pedirá, poste-
desde a sentença de 20 de novembro de 1950; o modo de pôr lim ao asilo
riormente, a extradição do asilado, este ficará residindo no território do
seria acordado pelas partes. A decisão da Corte era novamente inexeqüí-
asilante até que este receba o pedido de extradição. O asilado não pqderá
vel.35 E somente em 1954, por meio de um acordo entre os dois países, é
-ficar sob vigilância por mais de 30 dias. As despesas, como a permanencia
que teve fim o asilo de Haya de la Torre. Por este acordo, a Colômbia
'preventiva no território do asilante, correrao por conta do Estado que o
entregou Haya de la Torre ao Peru e este o levou para fora do país.
solicitou (art. 17). v

_ 393. O__gõverno de que foge o asilado tem em relação ao asilo uma


série de deveres: a) deverá conceder o salvo-conduto para a saida de asilado »

quando o asilante o solicitar (art. 12); b) deverá dar garantias ao asilado


'para que ele saia do território nacional (art. 59);31 c) e, como um dever
_._,'-*T4d-cu-.i ~. u.i.

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in Dalloz -- Encyclopédie Juridique _ Répertoire de Droit International, publi- “sítio ou local inviolável” (asylum) (Carlos A- Fernandes). Para Denis Alland a
palavra asilo vem do grego “asulus”.
cado sob a direção de Ph. Francescakis, t. I, 1968, págs. 167 e segs.; Francesco
3. Parece que também já existia entre os hindus.
Francioni _ Asilo Diplomático, 1975; Marc de Kock _ O Direito de Asilo em
4. Na Grécia aistiu ainda o asilo territorial. De um modo\gera1, o asilo territorial
Diieito Positivo Belga, in Revista do Instituto dos Advogados Brasileiros, maio de
na Antiguidade se prendia à noção de hospitalitade, que era um verdadeiro direito
1974, págs. 101 e segs.;_]osé_]oaquim Caicedo Castilla _ Conuibución de América
sagrado.
al Desarrollo del Derecho Internacional _ Asilo, iu Cuarto Curso de Derecho 5. O asilo externo, isto é, dado por outra potência, Roma não o reconhecia
liiternacional, organizado pelo Comitê jurídicoflnteramericano, 1977, págs. 7 e aos criminosos mais importantes, geralmente políticos, e o admitia nos demais
seg.; M. Franchini Netto _ Asilo Diplomático, 1978;.Sandruddin Aga Khan _ casos. _
Legal Problems Relating to Refugees and Displaced Persons, iu RdC, 1976, vol. 1, 6. O asilo dado em templos pagãos era respeitado devido ao medo dos deuses;
t”. °1.49, págs. 287 e segs.; François Leduc _ L'Asile Territorial et Conférence des já no asilo dado em templos cristãos, o respeito prendia-se ainda a outras razões,
Nations Uníes de Genève _ janvier 1977, in AFDI 1977, 1978, págs. 221 e segs.; como o arrependimento, que reabilitava o criminoso.
Michel Moussalli _ La Proteccion Internacional de los Refugiados, iu IX Curso 7. O asilo religioso com o fortalecimento do Estado começou a desaparecer
de Derecho liiternacional, organizado pelo Comitêjurídico Interamericano, 1983, (séculos Xlll e XIV). No século XVI, a França o restringe, a Espanha o suprime,
págs. 165 e segs.; Otto Kimminich _ The Present International Law of Asylum, na Suécia desaparece e na Inglaterra (século XVII) é também suprimido. Entre-
-

iu Law and State, vol. 32, 1985, págs. 25 e segs.; Mario Bettati _ L'asile politique tanto, ele continuou a ser praticado. apesar das proibições reais, com menor
en question, 1985; Monique Chemillier-Gendreau _ Droit des peuples a disposer intensidade. A Igreja sempre lutou pelo asilo religioso e na codificação do Direito
d'eux-mêmes et réfugies, in Mélanges_Cliarles Chaumont, 1984; págs. 161 e segs; Canônico de 1919 ele ainda está consagrado (Cânone 1.179).
Luke T. Lee _ The Right to Compensation Refugees and Countries of Asylum, 8. A Constituição francesa de 1793 afirma que a França dará asilo “aos es-
9
in A_]IL,_]uly, 1986, vol. 80, nf' 3, págs. 532 e segs.; Etienne R. Mbaya _ Political trangeiros banidos de sua pátria por causa de liberdade”.
Asylum iii the Charter of the OEA: pretensions and reality, in Law and State, vol. 9. Deve-se lembrar que a Declaração Universal de Direitos do Homem é um
33, 1987, págs. 63 e segs.; Bogdan Wierzbicki _ Political Asylum in International simples enunciado de princípios sem aspecto obrigatório.
Law, in Revue Hellénique de Droit lntemational, 1985-1986, págs. ll e segs.; 10. As Constituições dos Estados do bloco soviético consagrava o asilo territorial
Claude Norek e Fréderique Dounsic-Doublet _ Le Droit d'Asile em France, 1989. para os que lutassem pela liberdade ou ein favor das classes trabalhadoras.
jean-jacques de Bresson-Heurs et Malheurs de la Convention de Geneve du 28 11. Esta convenção faz referência apenas a indivíduos que fossem refugiados
juillet 1951 sur le statut des refugiés, in Mélanges Michel Virally, 1991, págs. 147 na data da sua conclusão. Entretanto, ela tem a grande vantagem de servir de
e_ segs.; jaime Ruiz de San tiago _ Consideraciones Generales acerca del Derecho modelo para o tratamento que for dispensado aos refugiados de depois de 1951.
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O protocolo de 1967 elimiiiou a restrição do ano de 1951, oii seja, ela passou a 25. Os artigos citados no texto, sem menção da convenção a que pertencem,
ser aplicada aos refugiados posteriores a esta data. são todos da Convenção de Caracas.
12. Goedhart, Alto Comissário da ONU para os refugiados, salienta a dificul- 25A. É interessante obsewar que o Ministro das Relações Exteriores da França,
dade de uma defiiiição de refugiados e cita, entre outras, a definição do Dicionário em uma declaração ao Senado, em 1970, afirmou que as Missões Diplomáticas
Oxford: “ uma pessoa que escapa de um Estado estrangeiro por perseguição política francesas na América Latina podem conceder asilo diplomático, desde que ele
ou religiosa". Esta definição se aproxima da que é dada na Convenção de Caracas
seja dado com “ prudência e em condições beni determinadas” (RGDIP, juillet-
(1954). A Liga das Nações não deu uma definição geral do que era refugiado,
Septembre, 1971, ng 3, págs. 849 e 850). Nos EUA, em 1972, foi “promulgado”
mas sim uma definição em cada caso. Ela cuidava de grupos específicos, como
russos e armênios (josé H. Fischel de Andrade) pelo Departamento de Estado o General Policy for Dealing with Requests for
13. No tempo em que existiu a OIR, dava-se ao individuo um direito de ser Asylum by Foreign Nationals, que traça a política norte-ameiicana em matéria do
qualificado refugiado, uma vez que a qualificação era feita por ela e existia até asilo de um modo geral. '
mesmo no seu interior um Conselho de Recursos. 25B- É de se recordar que quando houve no Chile o golpe de Estado que
13A. Algumas criticas têm sido dirigidas ao instituto do asilo: a) o refugiado colocou o General Pinochet no poder (1973) inúmeras Embaixadas não americanas
G' pode se transformar em um problema político para o Estado de refúgio; b) pode concederam asilo diplomático: Alemanhas Ocidental e Oriental, Áustria, França,
perturbar as relações internacionais, etc. i Irlanda, Noiuega, Suécia, Suiça, Países Baixos, Itália, Espanha, Vaticano e Canadá.
14. Em 1938 já havia sido criado o Comitê Intergovernamental para os Refu- 26. V. capitulo Agentes Diplomáticos.
giados (CIR), que tinha por fin alidade auxiliar os refugiados da Áustria e Alemanha. 27. O Tratado Geral de Paz e Amizade, assinado em Washington, em- 1907,
ILLA. Pode-se mencionar ainda um “órgão conexo” do CES que é o Comitê pelas repúblicas centro-americanas, admitia o asilo a bordo de navios niercantes.
Executivo do Programa do Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados 28. Sobre conceito de crime político, v- capítulo XXXIII. A Colômbia, na 4*
com trinta Estados-membros. Reunião do Conselho Interamericano de jurisconsultos, propôs que não fosse
` 14B. Na ONU, em 1975, foi aprovado um projeto de convenção sobre asilo considerado crime político a rebelião de militares em serviço ativo, o que não foi
territorial, que ainda não se tornou realidade. Pode-se assinalar que em 1969 foi aceito pela grande maioria.
concluída no âmbito da OUA uma convenção sobre refugiados. 29. Existe uma certa tendência em se restringir a qualificação soberana por
15. Nesta podem ter restrições, mas que devem ser iguais às impostas aos parte do asilante, a fim de evitar a concessão de asilo a quem não seja criminoso
estrangeiros. político. Neste sentido foi aprovada uma resolução na 49 Reunião do Conselho
16. Este aspecto tem grande importância porque grande número de refugiados Interamericano de Jurisconsultos (Santiago do Chile), em que se solicitava ao
são apátridas. Alguns Estados, URSS, Alemanha nazista e Itália fascista, retiravam Comitêjuiidico Interamericano a redação de um protocolo adicional ã convenção
a nacionalidade dos indivíduos que fossem buscar refúgio no estrangeiro (v. ca- sobre asilo diplomático em que se consagrasse esta restrição.
pítulo XXXI). ..._ ' 30. Por outro. lado, o asilante geralmente obriga o asilado a assinar um do-
17. Sobre o passaporte dos refugiados, v. capítulo XXXVI. cumento ou ficha que contém a sua identificação e onde ele se compromete a
18. Estas normas, estabelecidas na Convenção de Caracas, de um modo geral, respeitar as normas do asilo. O asilado entrega as suas annas e pode guardar os
já constavam da convenção sobre asilo e refúgio políticoconcluída em 1939, em documentos pessoais e o dinheiro que for necessário para a sua subsistência.
Montevidéu, pela Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Pegu. 31. O asilante pode exigir que o Estado territorial forneça as garantias por
19. Esta distância fica a critério do Estado onde se encontra o asilado- As escrito (art. 13).
despesas do interamericano correm ã custa do Estado que o solicitar. 32. O asilante é quem conduz o asilado para fora do país, cabendo ao Estado
20. Tal fato deverá ser comunicado ao Estado que solicitar o seu internamento. territorial “escolher o itinerário preferido para a saída do asilado” (art. 13). O
21. V. sobre as limitações a expulsão de refugiados: capítulo XXIV. asilado não pode ser desembarcado no Estado territorial nem em local próximo
22. V. acima neste capítulo. dele, a não ser que haja necessidade de transporte" (art. 16). Quando houver
22A. Francisco I aboliu, em 1593, na França, a imunidade dos edifícios de necessidade de 0 asilado atravessar o território de um terceiro Estado, este deverá
culto em matéria de asilo. Na Inglaterra a inesma imunidade foi abolida em 1625, autorizar esta passagem “ sem outro requisito além da apresentação, por via diplo-
e na Espanha por Filipe II. mática, do respectivo salvo-conduto visado e com a declaração, por parte da Missão
23. Esta supressão teve grande importância, porque a inviolabilidade, abran- Diplomática asilante, da qualidade do asilado" (art. 15).
gendo apenas a casa do embaixador, fazia com 'que este tivesse de conceder na 33. A Convenção de Caracas estabelece, no seu art. 10, que ela se aplica
sua própria casa o asilo a criminosos comuns, pessoas, geralmente, da “pior espé- mesmo quando não haja reconhecimento de governo “e nenhum ato executado
Cie”. em virtude da mesma (convenção) implicará o reconhecimento”.
24. O primeiro caso de asilo diplomático na América ocorreu em 1865, quando 34. Nesta decisão a Corte negou ao asilo diplomático qualquer aspecto de
o representante diplomático dos EUA concedeu asilo, em Lima, ao General Can- instituto consuetudinário internacional.
seco (Franchini Netto); posteriormente, houve casos de concessão de asilo por 35. Estas decisões da CI] mereceram a justa crítica de vários doutrinadores,
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parte das leg-ações européias. _ _, l
entre eles, a de Camilo Barcia Trelles, Koziebrodzki, etc. A Convenção de Caracas
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qgbre asilo diploinático foi uma reação a estas sentenças que mostravam não ter
a Cl] compreendido este iiistituto do Dl americano, cuja validade não é negada
no nosso continente. devido acima de tudo aos seus fins liumanitários e ã sua
consagração costumeira. A CI_] não contribuiu, praticamente, em nada para o
instituto do asilo diplomático.

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o TERRITÓRIO E o i)iREiTo
INTERNACIONAL PUBLICO

Obs.: Neste livro estudaremos também os navios e aeronaves que não


podem ser assimilados ao território. Todavia, o fazemos aqui por
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CAPÍTULO xxxviii
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396 - Introdfação; 397 -- O papel do território através da História;


398 _ Teoria juridica do território: a) Terriifório-objieto,' b) Território»
sujeito; c) Território-limite; ri) Territóriaeompetêm:ia,' e) Soberania ter-
ritorial; 399 - Fronteiras e limites: noções gerais; 400 -- A delimi-
tação; 401 - Principio do “ati possidetis”; 40IA - Transportes
ferroviários e rodoviários; 401B _ Enelaves; 401 C - Riquezas do
subsoio.

_ O Estado tem como um dos seus elementos o território.” O


territorio é .Onde p..lls1a.‹_1o -ex_er‹.Is_.ê_-.SHfi__§0be1fflI1¡?%1z..Çl@!1E{2_<l9§ li£I_1i.Iʧ
` O território apresenta duas características: a) É delimitadofjio sentido
de que existem limites ao poder territorial do Estado; b) tem* e§_taçbgilidjad¬e,
isto é, a sua população é sedentária e os seus limites 'não se alteram com
-_ freqüência. E de se observar que os próprios nômades se movimentam
"dentro-de certos limites. Em nome da segurança pública a noção de
fronteira-zona não é mais aceita. Tem-se feito referência ao princípio de
estabilidade das fronteiras, isto é, elas não podem ser colocadas em questão
por procedimentos unilaterais para retjficá-las. Elas são permanentes e não
__ _provisórias.
* A noção de território não é geográfica, mas jurídica, tendo em vista
que ele “é o domínio de validade da ordem jurídica de um detenninado
_ ou Estado soberano” (Kunz). "
- i O território estatal apresenta uma divisão que tem cunho meramente
j didático: a) território “terrestre”; b) território marítimo; c) território aéreo.
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'\_\Na verdade, o territorio estatal e unof
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O território é “a noção primordial do direito das gentes”, vez que ele


é “a sede da independência” e esta só pode ser defendida pela defesa dele
(René-jean Dupuy) . A globalização acarreta a desterri toiializaçâo. B. Badie
e M. -- C. Smouts assinalam que atualmente há um paradoxo, faz-se
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reivindicaçôes territoriais e “a capacidade reguladora dos territórios nunca Atualmente têm sido apresentadas algumas razões para a diiniiiiiição
foi tão fraca” .“Assinalam ainda os dois autores que o território atualmente da importâricia do território: a) unificação legislativa; b) desenvolvimento
serve para que as culturas se transformem em guetos. dos meios de comunicação; c) aumento da imigração; d) integz-zrç¿_`1‹› eco-
Ray;;Ê1;:d1š:ÊítIr]l gfiqtrileadava unidade ao Estado e ã Nação era o território. nomica; etc.
_ que a ordem internacional e essencialmente terri- 398. .<:ncQiiti°aiiios diversas,
torial e a soberania é uma divisão do espaço em compartimentos. Ou ifiaiiflêsiuciêaiocufamsiipliflflr amsisão ji1_rí<ii¢.=â do t<:ffit€›ris›_ em f¢lzz‹;ã‹›
ainda, como escrevia Georges Scelle, os Estados sempre tiveram uma “ob- ao Estado.
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sessão territorial”.
O território teria sido inventado para substituir o casos do feudalismo a)gTerritójrio-olgjeio ,
e ultrapassar os particularisnios. O território começa a perder a sua im-
portancia com a etnização do mundo (B. Badie) e a globalização. Salienta
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O É a mais antiga e está ligada ã concepção patiimonialf' Ela foi exposta
B. Badie que o Cáucaso éauma mistura tão grande de etnias que parece em 1865 por Gerber“°“ de modo claro e teve neste século o seu maior
impossivel teriitoiializá-las. formulador em Donato Donati.6B No Brasil ela foi adotada por Rui Barbosa,
397_. O_sed€.ntari_smo na evolução da humanidade, que teria começado Veiga Cabral, Rodrigo Octavio e Pereira do Rego. 1
;gTeI9fi1t1š1šÍ)0i:l3 Éëtlšâtëlglurzârí, especialmšnte, a cultura do tiigo,.vei'o dar O território É Qggto de umdireito real do Estado_,__qu_e tem sobre ele
um direito de Propriedade. Aprqpriedade _ édp.
o
em território
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os marcos afã); vi
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povos. a “nugulpaqe
Asua importancia D'ë"'üfiii”“ê'ê”i“fö'“"fíio`d'ôÇi` elaiéfiuma adaptação ã época moderna da teoria do
es eram sagrados. Pode-se acrescentar, com domínio eminente.
Robert Fossaert, que o “território de nomadização” de 'uma tribo é “um Esta teoria de cunho privatista está consagrada na Constituição dos
primeiro tipo de território político”. EUA (art. IV, § 39, cláusula 23) e corresponde ã terminologia empregada
_ A concepção que predominou, praticamente, através de quase toda a no DI: cessão de território, arrendamento de território, etc.7
Historia foi a da propriedade ou direito real. O território seria objeto de A concepção do território-objeto recebeu inúmeras críticas: a) a noção
propriedade. A maioria das religiões antigas reconhecia aos deuses a pro- de propriedade não é entendida de maneira uniforme em toda a sociedade
priedade do_ território; no Egito, na Grécia, e os judeus, etc. Os homens internacional (Schoenborn); b) a soberania visa o exercício de funções de
tinham .o direito de se utilizar dele. Em Roma as terras conquistadas interesse de toda a sociedade estatal, enquanto a propriedade é ainda
pertenciam ao povo romano. ` entendida de um modo geral como visando, acima de tudo, os interesses
_ No periodo medieval o território adquiriu uma importância como não do seu titular (Rousseau); c) o território não pode ser separado do Estado
para se transformar em seu objeto, ou seja, em algo exterior a ele.
išÉÊ2Í..ÍÉ1“ͧí.Í'2ÊÉf§ÊÍ Ffíšfãrííam ““¿““ͧ“ P319 ““`i““° “° ““`“f”*°'
tencia ao rei ou ao im erador "oifi)rIiia O Om1'n“o emmeliui Tud'o per" b) ,_Territóiio-sujeito
fazia parte das regaliasp ue inte rava la Sund reglsbi O domlmo emm'eme
teóricos
da ro foram
_ d d Zie 3leroqe
._ Uberš- O principe
m'O Po er S0 Êranoi
possuia todasOs
as Sais
coisas malqres
acima Foi formulada por Fiicker (1867), que foi o primeiro doutiinador a
vidcps cpríe a euparucularpEstangoncepçao fez com que fossem desenvol-
expô-la de maneira clara. Georg jellinek foi o seu maior defensor. Segui-
er os ins tutos: o us a ina ii” e o “`us naufra `i”. ' `
por exemplo, se manifestaiwa no direito do solôerano de gr_'lecol(lie}r?rõI;”i“›ieri('f; ram-na Louter, Liszt, Wesdake, etc. Na Argentina foram seus seguidores
gãtšíäšiâgjeàro que” tivesse morrido no seu território ou ainda os bens do Moreno Quintana e Bollino Shaw.
que nao deixasse herdeiros no reino. O segundo era o direito Ela responde ã última crítica formulada ã .teoria do território-objeto,
de se apossar dos navios e mercadorias que naufragassem no seu território? e assim, o teriitório_é considerado como sendo a qualid;¿d;e;5_IQ__Es,tado.
Estes direitos não existiam em Portugal (Pontes de Miranda). Daí, ser tãriiibém ldénoniinãdãféoiiai daqualidšdem(“Eigenshaftheorie”).
Esta_concepção do domínio eminente, aliada ãs raízes religiosas da O Estado tem um poder de “imperium” ewiião um “dominium” como
concepçao do território, é que explica as bulas papais que doavam as terras .-
Violar o território estatal e atingir
e mares descobertos e a serem descobertos; a terra era de Deus e o papa péirson-ãliidãdiei iOi'”ã_,`o “ imperium” (põide-rideimãn do) ' se `exerc`e"sob're
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u era o seu representante, daí ele poder fazer tais doações. pessoas -ei não sobre coisas.
j A_ teoria do domínio eminente, a concepção patrimonial em favor do A presente teoria não se coaduna com diversos fenômenos da vida
prilncipe, veio a desaparecer em nome da defesa dos interesses dos parti- internacional, por exemplo, as cessões territoriais. Ora, a mudança terri-
cu ares. torial atingiria a personalidade estatal, extinguindo-a e fazendo surgir uma
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outra. Na verdade, tal fato não ocorre na prática internacional e os próprios (Aréclraga)- Este direito que o Estado exerce sobre o seu território, onde
defensores desta teoria não a levaram a estas últimas conseqüências, com o seu poder é exclusivo, ajurisprudência internacional (caso do Canal de
exceção de Fricl<er,“ o que a tornou incoerente e inaceitável. Pqr outro Corfu) consagrou a denominação de soberania territorial."
lado, a crítica a esta teoria não significa que neguemos que o território A soberania territorial está limitada pelo Dl, de onde ela deriva. Nada
seja um elemento do Estado, que desaparece quando o território desapa- impede que um Estado ceda certas competências sobre o seu território
rece por completo, mas isto não significa. que ela seja a qualidade do (arrendamento de território-) e conserve a sua soberania sobre ele.
Estado, tanto assim é que ele pode ser alterado sem que se altere a per- O Estado exerce certas competências fora do seu território (ex.: alto-
sonalidade internacional do Estado. rnar), mas isto não significa que ele faça parte do seu território, porque
aí ele não tem um “gozo pleno”, nem dele pode excluir a “penetração e
c) Território-limite a ação dos demais Estados”.
A soberania não deixa de ser competência, mas é um feixe de corn-
Foi defendida pelos juristas franceses: Carré de Malberg, Duguit, Mi- petência, é o conjunto de todas elas. "~'_
choud. Ela não estuda qual a relação entre o Estado e o seu território. Esta teoria é a que melhor se adapta ã vida internacional, porque, se
Para os seus defensores, é suficiente a constatação de que o território_é,_o partirmos da noção de que o território estatal é uno, veremos, adiante,
limítfi da \f‹'=1li_ç_1,a_'¿l,ç, dos .;‹1r_Q$.-.ÇI1.1ë.!1a(i°S dO ES}í=1,d.0- Q_E_§£ëÊl.9Ç _t§.!11.- Pnderes que a maioria esmagadora dos autores declara que o Estado tem no seu
sobre os indivíduos é não sobre o féiiiitórioi-iPode-se recordar que o Estado mar territorial e espaço aéreo uma soberania. Ora, esta soberania territorial
'exerce competência também fora do seu território, por exemplo, no alto- I também se manifesta no domínio terrestre-“^ Entretanto, a nosso ver, esta
l'l'l3.l'. F
teoria também possui as suas falhas, quem seria o titular da soberania
territorial? Seria possível um Estado desejar alienar todo o seu território;
d) Território-comƒietêøzcia desejando desaparecer? É verdade que se parte sempre do pressuposto de
que nenhum Estado deseja desaparecer. A natureza do direito do Estado
Foi elaborada em 1905 por Radnitzky e através da escola austríaca
sobre seu território parece alguns dogmas religiosos que são explicados
(Kelsen) penetrou no DI.
mas não compreendidos.
Q feflitöfio _é °fl.‹ãs-.9 .!?Stêf19 . ¢zê§rsâ¢..-2~:â._5.9H?B§1,ê33_§.iê.»§ .#199 -Pts .ÃÊ9 ,;- 399. Q limite éga linha que separaÍog_tfe_rritó,ri0.¢Q!I§LClQiS_E.Sta.dos. A
_9_m<›'fsfiäá§..B§l9.Dl- E °fld@-9_§§.të.<i9.-.së§L€E-fi*°S °°s!¿t9§aAí13Bsã° do i_m@ão ao reçlpr dojliiri_ite_.1° Na prática e através da História
'território seria aile sefrÍti_'ri_i`f_clos_meios utilizad5s"pie1ó*DI para delimitar a
iciorirpetênÍ:iaiieswt_._a_it_z_r_il_i_ç|_1r}_ç_se__ex§rj_c_‹_=._~_e_m relação aos indivíduosf as duas noções têm sido utilizadas como sinônimas, mas a d e
"""'"¶sm teonrãitem grandes méritos: há)' ai competência e`stata1"é entendida -. . _ ,-._-_ - _.-1
A distinção entre fronteira e limite tem origem
em função do DI; b) a noção de competência, não sendo rígida, faz com I
norte-americana: “frontier” e “boundary” (M. Foucher).j. Nouzille, con-
1

que ela seja adaptável às mais diferentes situações; c) explicando, por tudo, observa que .a noção de Iimite mesmo “imprecisa” 'é anterior ã
exemplo, as cessóes de território, ela declara que haveria apenas uma sedentarização do homem. Fronteira veria .de “front” (está em frente). A
“transferência de competência entre os Estados” (Rousseau). palavra “fronteiras”, na França, só surgiu em um ato real em 1315, para
Por outro lado, ela é passível de críticas. Kelsen foi obrigado a distinguir .|- .-¬._¬
designar a zona de castelos fortificados construídos perante a Flandres (B.
território em sentido estrito e em sentido lato, porque pelo conceito de Badie). - `
território desta teoria o alto-mar seria também território estatal. Esta dis- A idéia de que o território tem _limites é encontrada desde a mais
tinção kelseniana já demonstra a sua fraqueza. Para Kelsen o território em remota Antiguidade. Os hebreu_s os conheceram na partilha da Palestina.
sentido amplo é o “ espaço onde... os domínios de validade territoriais de š No Egito, depois das conquistas, eram colocados marcos de pedras fixados
diferentes ordens jurídicas nacionais se interpenetram”. i
t no solo. Na Núbia (1887-1850 a.C.) são construídas estelas para fixar os
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limites do Estado. Na Surnéria coloca-se limites de pedra ou estacas de


e) Soberania territorial
Í ff H Í ff Í _r_;f____________ ._... . -_ madeira, sendo que as de pedra têm símbolos divinos. Os hitjtas colocam
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! a fronteira sob a proteção dos deuses e usam fatores geográficos para fixar
Esta teoria, desenvolvida por Verdross e Jiménez de Aréchaga, é uma e
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variante da anterior, a que procura corrigir e completar.


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a sua fronteira setentrional. No tratado entre Hatusili III e Ramsés II (1283
O território do Estado é ondggglípgossui-certos poderes, (p. ex.: de z
\‹|\ - a.C.) é estabelecida uma fronteira por critérios geográficos. Entre os he-
cessão), “que ele não tem efrhfi'-êlação ao ãlto-niãrfãióiiéišíiãço exterior, etc.” breus a fronteira está sob a proteção de javé. As fronteiras da maior parte
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mente utilizada até o século XVII. A idéia de fronteira viria da cobrança


t'lts cidades zgregas são artificiais e constituem
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de impostos sobre as mercadorias que saem do reino (século XIV) e
liinite de mentalidade” (jean Nouzrlle). Em Roma, as fronteiras eram
uardadas e a separavam dos bárbaros. Em Roma “a fronteira e um per-
também das linhas de defesa na Guerra dos Cem Anos.
A noção moderna de fronteira vai surgir no século XVI, com o avanço
Êétuo devenir. Ela é apenas o ponto de parada provisoriamente atingido
pelas legiões em marcha... é uma zona de transiçãoai entre o mundo da cartografia (C. Burdeau), bem como devido ã criação e fortalecimento
do Estado, em que “o homem passa a estar subordinado a um espaço
romano e o mundo bárbaro” (Claude Blumann)- A grande característica
estatal determinado” ou, ainda, com o aparecimento da imprensa.
deste período da História nesta materia e que os marcos tinham um carater
_ -. ' -a un amentado no excelente livro de . Nouzrlle, ode-se No século XVII surgem as primeiras regulamentações de fronteiras
5ag1ado.A1n o _
livremente negociadas entre Estados com ideologias diversas. No século
acrescentar que o “limes” é uma “zona de partida para futuras operaçoes
XVII se evoluiu para as linhas fortificadas e a procura de uma fronteira
ofensivas ou zona fortificada defensiva”. O “limes” não é estabelecido por
natural (rio ou montanha). Outros (]eair°Nouzille) observam que no início
meio de um acordo com os Estados vizinhos, mas apenas uma linha de I.
1 do século XVIII a palavra fronteira é pouco utilizada.
parada estratégica, sendo urna zona-tampão, ou ainda uma zona de fron-
No século XVIII, em sua transição para o século XIX, surge a fronteira
teira provisória:A partir do século II d.C. passa a ser uma zona mais estável
linear na Europa. A Muralha da China é urna exceção. Ela se espalhou
e de defesa; que é servida por uma rede de estradas a fim de favorecer o pelo mundo com o colonialismo europeu. Diz M. Foucher que a expressão
avanço das tropas. Muitas vezes a fronteira do Império Romano está em
“fronteiras naturais” foi usada na França no século XVIII e se referia ã
rios como no Reno, Danúbio e Eufrates. Fortificações são construídas no noção de direito natural, em oposição ao direito divino; ela delimitaria a
“limes”, bem como acampamentos militares. Na China e no Oriente a
região em que o povo considerava ter direitos naturais sobre ela. já jean-
fronteira era uma zona-limite vaga. ' Denis Bredin (Sièyes. La Clé de la Révolution Française, 1988) afirma que
No período medieval havia o conceito de “marca” (marco, distrito
fronteiriço) e não propriamente o de fronteira. Ela era uma zona instável,
í a idéia de limites naturais vem de Júlio César, mas na Revolução Francesa
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ela foi defendida por Danton e depois Carnot, Sièyes, etc. Em 1814, o
sem a presença do poder, é uma região de ninguém. Ela é despovoada ou tratado de Paris estabelece os limites da França nos que eram os do Antigo
escassamente povoada. E colonizada por colonos-guerreiros que “ só inter- Regime, desaparecendo a idéia de fronteiras naturais. Denis Richet (Fron-
mitentemente sofrem a intervenção do príncipe vizinho” mais poderoso
tières Natureles, in François Furet e Mona Ozouf - Dictionnaire Critique
Qosé Antônio Maravall). No Império carolíngio é utilizada a palavra “mar-
de la Révolution Française, 1988) observa que a noção de fronteiras natu-
ça”, que tem origem no latim “margo”, que significa margem. ou borda.
rais tem a sua origem na antiga França, mas foi a Revolução Francesa que
A marca tem por finalidade a proteção milifir em região próxima ã fron-
¬. _._-. -_z.rx_.flf__._.. deu a ela “um poder explosivo”. Salienta Philippe Moreau Defarges que
teira, ou ainda em região mal pacificada. A delimitação é uma “instituição
í a idéia de fronteiras naturais é um “mito” e que no fundo é “o lamento
do império carolíngio” no período em que o Império Romano perde o
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que tem todo Estado continental de. não ser uma ilha, isto é, de não se
seu poder e ainda não ocorreu o esfacelamento do mundo feudal. Parece beneficiar de limites territoriais incontestáveis que garantam uma proteção
ser de origem germânica, precisamente dos francos. Neste período histó- em princípio absoluta”. A faixa de Aouzou, disputada entre a Líbia e o
rico a fronteira separa os germanos dos latinos. A moderna operação de -. -. -. .

Chade, foi decidida pela CI] em 1994, que deu ganho de causa ao Chade
delimitação surgiu no período carolíngio em virtude das diversas partilhas
e foi aplicado o “uti possidetis'_Í¿ Pode-se acrescentar ainda que no início
territoriais (séc. IX). Anteriormente, a delimitação era muitas vezes _feita
do século XVIII Viena instala nos confins do seu império populações de
unilateralmente pelo Estado interessado. Afirma Luis Wleckmann (El pen-
eslavos do sul, que fugiam do Império Otomano, sendo concedido a elas
samiento po ]'rtrco
' medieval v los orí8 enes del derecho internacional, 1993)
certos privilégios e em troca elas prestavarn serviço militar. Era assimiuma
que a marca carolíngia surgiu da luta contra os sarracenos, ávaros e eslavos, 5 zona de defesa pouco dispendiosa e cujas sociedades tinham uma cultura
sendo então instituída a “Markgraf” , que no Ocidente, na Espanha, chega e leis próprias. Eram as denominadas zadrugas (Jean Nouzille)-
ao Ebro, e no Oriente está nas' planícies da Hungria.
Paul Alliès observa a necessidade da “organização do conhecimento
Até o salto demográfico dos séculos XI e XII as fronteiras corno espaços
dos territórios para atender às necessidades dos modernos aparelhos do
desérticos são “flexíveis” (Paul Alliès). _ _
Estado”. Afirma este jurista o interesse econômico nesta matéria, sendo
Uma outra corrente diversa da apontada acima afirma que a idéia de É

que no absolutismo o território não tem valor político independente do


território delimitado surge no fim da I. Média ou no início da I. Moderna.
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A própria palavra “territorium” , que já existe no século XIII, vaiçser rara- econômico. A teoria jurídica do território só vai surgir quando ele for
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organizado em espaço econômico- A fronteira é assim uma criação do A estabilidade das fronteiras deve ser mantida, mesmo que desapareça o
Estado burguês, este “inventa” o território para “domesticar as interações I
tratado que as consagrou (Marcelo G. Kohen).
sociais e seu movimento espacial”. Atualrrçente os conflitos internacionais mais importantes não são sobre
A posição do território, que define as relações do Estado, e os seus território. Entretanto, estes conflitos ainda existem e tem sido atribuído o
recursos, é a característica mais importante do território (Iean Gottmann). aumento do seu número a duas razões: a) a administração tem penetrado
Para Carl Schmitt o território é para o Estado o que a “ terra natal” é para em áreas-onde ela não atuava; b) a independência de vários Estados em
o indivíduo, isto é, “uma noção que une o espaço fisico e o espírito de que 0 colonialismo sufocava as reivindicações. As áreas disputadas atual-
um país". mente são de menor importância. As organizações regionais têm atuado
A fronteira visa dar estabilidade à nação e em conseqüência a sua com maior sucesso nos litígios sobre fronteiras do que a ONU (Evan
transformação em Estado. Nos novos Estados ela é artificial, abstrata e um Luard). Em 1963, segundo Paul Reuter, havia 25.000 milhas de fronteiras
fator de mobilização (Claude Blumann)- A fronteira “rompe uma unidade não demarcadas na Africa e 35.000 milhas na América-
imposta pela Geografia” (Isidro Morales Paul). _ Salienta B. Bardie que de 1648 a 1914 50% dos conflitos visavam
O caráter sagrado da fronteira é uma conseqüência do caráter sagrado questões territoriais, mais que de 1945 a 1989 a percentagem caiu para
24%- “
do poder (Trousset). .
400. A.delimitação tem uma tríplice importância na vida internacional:
As fronteiras formam identidades, havendo quem sustente- o valor
a) é um “fator de paz” (em regra geral está regulada nos tratados de paz);
psicológico e sociológico da fronteira na imaginação e nas alusões literárias.
b) “sinal de independência”;12 c) “elemento de segurança” (Rousseau).
As vezes ela tem um aspecto de mito como nos EUA- Contudo, não se
A operação de delimitação tem sido dividida pela doutrina em três
pode esquecer que nas regiões mais desenvolvidas as fronteiras são mais fases: a) preparo; b) a delimitação propriamente dita; c) a""`êxec11ção. A
penneáveis. primeira fase apresenta aos Estados duas alternativas: a) respeito ao status
A moderna operação de delimitação, isto é, realizada de comum acordo quo; ou b) a escolha de um novo limite que pode ser artificial (longitude,
pelos Estados interessados, só surgiu no período carlovíngio, em virtude linha reta, paralelo) ou natural (rios, montanhas,'2^ lagos). São os limites
das diversas partilhas territoiiais. Anteriormente, a delimitação era feita naturais os mais utilizados nos dias de hoje.
unilateralmente pelo Estado interessado- Nos rios contíguos diversos critérios podem ser utilizados: a) linha
Vários tipos de fronteiras foram defendidos através da História, tais mediana (o limite corre no meio do rio) -- é utilizado nos rios não
como as fronteiras nacionais (0 território do Estado deveria abranger os navegáveis; b) condomínio (o rio pertence em comum aos dois Estados);
indivíduos que tivessem a mesma raça, língua e religião) e as fronteiras c) o talvegue (do alemão “thalweg” - “caminho no vale”) - é determi-
naturais'°^ (deveria ser a fronteira nos acidentes geográficos, foi muito nado na época das águas baixas pela linha da sonda mais profunda (La
utilizado na Europa: Alpes, Reno, etc.)-" H 1
Pradelle).12B Este critério é 0 mais utilizado nos rios navegáveis, uma vez
A idéia de fronteira surge quando há uma idéia de nacionalidade, ou, que permite a sua utilização pelos dois ribeirinhos. A partir do século
ainda, um poder político que separa um povo de outro povo. Georges I
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I
XIX” ela passou a ser mais empregada que o da linha mediana.” No
Burdeau esclarece que a noção de fronteira vai aparecer no século XVI continente africano a existência de ilhas contribui para a formação de
devido aos progressos da cartografia, que avançava com os estudos de vários talvegues, que por sua vez se deslocam com as cheias, constituindo-se
geografia e matemática que tinham sido renovados. Lembra este autor em fronteiras móveis. Alguns tratados de fronteiras determinam a quem
que é neste século que surge também a noção de Estado. pertencem as ilhas in_dependente da mudança do talvegue (Y-altemtchouk).
“A linha fronteira é portanto uma abstração que não tem existência Daniel Bardonnet afirma existirem três critérios: a) a linha das sondas mais
real fora do mapa geográfico” (Benedikt Zientara).“^
profundas; b) canal utilizado pelos barqueiros (“bateliers”); c) o terceiro
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critério surgiu porque os das sondas mais profundas nem sempre é o mais
Em 1962 a CIJ, no caso do Templo Preah Vihear, já falava na estabi- I
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usado pelas embarcações. Este critério seria uma mistura do a) e do b), nv

lidade e permanência das fronteiras. n

isto é, a linha mediana do canal usado pelos barqueiros. d) sistema de


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Em 1994, no caso Líbia v. Chade, a CI] fala em estabilidade das l.

I calhas -- o rio é cortado transversalmente (as margens são ligadas por


fronteiras e dá a estas um caráter definitivo, isto é, elas são permanentes. i
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linhas perpendiculares) em calhas que pertencem em número igual a cada
A palavra definitiva é utilizada no sentido de que ela só pode ser alterada 1
I Estado. A vantagem proposta para este critério é que ele permitiria a ambos
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por meios autorizados pelo DIP, como a conclusão de um novo tratado. os Estados atingir as duas margens. Ele se encontra abandonado e só foi
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“UP”-`g'““l° Em um fio entre as Guiamls Francesa o Holandesa (onde foi agrícolas, ãs tribos, etc., que não devem ser divididas. A Comissão utiliza-se
também abandonado); e) o rio pertence inteiramente a um Estado (foi de cglnpmlsaçófis ¡~¢cíp¡-OC-as ao longo da “ [1-0111331-¿”_ Para qm. ms P,-¡¡¡_
UÚÍÍÍ-"<*d0 Pfilos Estados mais f01`Uf5 fim 1`¢l21ÇÍ10 2105 ff`f1C05)- E CIC se `¢155malfi1` cípios sejam respeitados sem causar prejuízo aos Estados interessados.
que havendo uma ponte sobre o rio geralmente se adota nela a linha Alguns amo]-¢5 inclugm ainda uma última fase, que SU-¡-_, H da admi-
mediana, mesmo quando no rio se adota o talvegue; isto ocorre devido ração (v. nota 10 neste capitulo).
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210 fato de 05 Estados lÍmm"0f<f5 CU5lf'5¡1fem em ClU3nÚ215¡8U'‹1Í5 21 COHSUUÇZÍO O princípio da intangibilidade das fronteiras tem sido consagrado na
da Pomc- Emrcmm0› Existem Casos em que se adom 0 mlvfigue também jurisprudência internacional, visando evitar o aparecimento de novos Es-
mls Pontes-_ _ _ _ ' tados, e se encontra consagrado em resoluções da ONU e da OUA-
O Brasil adota nos seus limites tanto a linha do talvegue como, em 401, O princípio do “uti possidetis ita possideatis” (“assim çomo POS.
outros casos, a linha mediana.” Os limites nos rios podem ser considerados suis Continua,-eis a possuifflj do Dil-sim mm-_mO1T veio a d¿.5c¡nP,__.nh.¿,-
' ' * o n o n n ^ ,

Comdo ami_Ê_U¿15_› “indo c_1:l“'15m quefs bâclas HUWEUÊ exercem “md mfluor* l importante papel' na fixaçao dos limites na America do Sul. Ele foi levado
em o um lcflgfixo n“o o Êopdmçoo _(A' E' Moodlol' _ para o Tratado de Madri (1750) por Alexandre de Gusmão, quando passou
1 f . ,. . . . . , . - .
. %"§m§ ih ds existem nos nos' ela” penencorao flo? Estados do a ter uma influencia decisiva nas fronteiras da Amer1ca."^ Afirrna julio A.
01,10 3 O 3* m fi me “ma ou l*”1lV€gu*`-` se encommmm- Nao lmponando Barberis que o “uti possidetis” foi consagrado pela primeira vez, na América
no caso do rio em que o limite é pelo talvegue saber de que Estado ela do Sul, no tratado de Venezuela e Cundinamarca (Colombia) de 1811.
se olglconoia maiílproxinèoz' d_f _ _ _ _ ' Quando os Estados que compoem a América do Sul fizeram a sua
_ as montan_ as tam _ om 1 cromos cntonos tomodo " omprogados'- Ê) . .. . nao
independencia, _ havia . nenhum drrerto - . convencional . .
em vigor entre_
änha d”[”uIlÍ”e1§¬aS.__d” Êlänha ?ueBunolo” cuäooo mais “ho” ão umo cadela Espanha e França, de um lado, e Portugal, do outro, uma vez que a guerra
e mon _ an as.
_ or a o. _ o P e o, rasr ,, nos
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_ 1 t es c O m a ,fgen tr mi 6. O de 1801 revogara os tratados anteriores - a ela, e a Paz de Badajoz, - que pos »
Paraguai; b) linha do divisor de aguas ( drvoruum aquarum ) - o limite ñm à “erra não se referia aos limites ao sul do Brasil
Passa.. nos locais em _ que se dividirem
. as bacias hidrográficasfõ .. . O Brasil
. a › g sido
Tem . ' atrrburda
. . a Duarte da Ponte Ribeiro . . Í . . .
a mrcratrva do Brasil.
utrlrzou nas fronteiras com as Guranas, a Venezuela e a Colombia; c) linha ,, _ . _ ,, . - . . _
z - - z _ .
do sope - o lrmrte e na base das montanhas (for utilizado apenas na . . . adotar
_ o uu possidetis
_ e abandonar os tratados
, . coloniais. A sua rnsprraçao
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India). As delimitações nas montanhas arecem ser um vestí 'o do tem o for uma confederação formada _ entre Bolivia e Peru, em que_ a Bolivia
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em que estas areasf eram pouco povoadas,P o que nao - ocorre ol mais› hoje, rejertava
_ _ _ os tratados
__ _ _ coloniais.
_ _, No tratado
_ de 1841, ja esta incluido o
tendo em vista a exploração da eletricidade hidráulica ou o turismo (A. Ponmplo
estabelece que serra adotado o utr possrdeus o)'
do oo possldoos (AIf_1ad_o Lui? deEsššämtado
l com o Peru
E. Moodie). A montanha é uma “fronteiras tacitamente respeitada pelos . _ _ _
Deste_modo, entre o Brasil e as antigas colonras espan o as passou_ . h I _ a
vizinhos” e ela só será um local de enfrentamento militar se a sua travessia ser aplicado o princípio do “uti possidetis”, isto é, o direito do primeiro
for fácil (André Corvisier).
ocupante. O território pertenceria a quem o ocupasse. Era praticamente
Nos lagos ou mares internos não há um processo comum de delimi-
um princípio de respeito ao status quo.
tação. A doutrina recomendava que quando fossem muito largos, mais de JmgíAL-IL:
Entretanto,_ duas interpretações surgiram sobre o “uti possidetis”: a
6 milhas (dobro da largura clássica do mar territorial), cada Estado ficaria
do Brasil e a das antigas colô_nias espanholas, o primeiro sustentando 0
com 3 milhas e o meio seria em comum. Entretanto, nada impede que se
adote o da divisão da linha mediana, quando partes das duas margens são “uti possidetis de facto” e as segundas, o “uti possidetis juris”. O “uti
costeadas por um mesmo Estado. Neste caso, traça-se um prolongamento possidetis de.facto” significava que o território pertenceria a quem tivesse
do limite terrestre do Estado até o meio do lago e unem-se por uma reta a sua posse real e efetiva no momento da independência. O “uti possidetis
os dois prolongamentos no meio do lago. O regime dos lagos é fixado em juris” afirmava que o território-pertenceria a quem tivesse direito a ele,
cada lago pelos Estados interessados, não havendo' um DI Comum.
A delimitação propriamente dita pode ser realizada por meio de um
É independente do fato de o Estado ter a sua posse. Esta última interpretação
foi utilizada pela primeira vez em um tratado concluído entre a Colômbia
tratado ou por uma decisão judicial ou arbitral. Ela deve preencher três' - e o México (1823) e reafirmado nos Congressos do Panamá (1826) e Lima I
Q-

requisitos: ter exatidão, ser precisa e completa (Rousseau). (l848). Dentro desta orientação, as antigas colônias espanholas na America
A demarcação é a fase final da delimitação. E a parte prática da .. do Sul fixaram por este critério os limites entre elas. Os limites seriam os
delimitação. E a colocação de marcos. Este trabalho é realizado por co- ` - do ano de 1810 (data tida como da sua independência geral).l8 Estes
missões formadas de representantes dos dois Estados. Neste trabalho se Estados conservaram entre si corno fronteiras a divisão administrativa es-
obedecem determinados princípios, como o de respeito àsplantações . _4 _., .‹í'lín1I Í;hl_

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_() “uti possidetisjuris” não pôde ser aplicado em relação ao Brasil (a estradas de ferro (esta convenção teve um protocolo em 1907). Em 1890
um convênio foi elaborado em Berna sobre transporte em estradas de
nossa origem era difereiite, e sempre defendemos o “de facto”), uma vez
que este era o verdadeiro “uti possidetis” que- regulamentará as questões ferro. Eni 1933 novos acordos foram concluídos. Em 1953 foi firmado uni
acordo sobre transporte de mercadoiias por estrada de ferro e um convênio
teriitoiiais entre Espanha e Portugal. Na verdade, o “uti possidetis juris”
é contraditório, porque ele menciona “título jurídico” e “nao o fato da sobre transporte de pessoas por estrada de ferro. Estes tratados regula-
posse” (La Pradelle),l9 como é o verdadeiro “uti possidetis” _ Deste iqodo, mentam “aspectos fragmentários”. O verdadeiro estatuto, isto é, regula-
o “juris” só pôde ser aplicado entre as antigas colônias espanholas? _ mentando todos os aspectos, fixando um regime internacional para as
A Carta da OUA (1963) estabelece que os Estados aceitarao os aiitigos estradas de ferro, foi elaborado, em Genebra, em 1923. Ele estabelece: a)
limites fixados pelas potências coloniais. Ora, estes limites sao artificiais e assegurar a continuidade do serviço das linhas férreas já existentes; b)
não levam em consideração as populações locais ou, ainda, o nomadismo controle aduaneiro; c) outorga facilidade ao tráfego internacional; ci) o
existente (Ph. Bretton). Em 1964 a OUA, em uma resoluçao, determinou I despacho das mercadorias deve ser rápido; e) redução no que for possível
que as fronteiras coloniais existentes eram intocaveis. das formalidades aduaneiras e policiais.
' Alguns autores (Alain Pellet) têm salientado que o “uti possidetis” Em 1890, foi criada a União para os Transportes Ferroviários Inierna-
estaria sendo aplicado, pela Assembléia Geral, na Africa em relaçao ao cionais, com sede em Berna. Nesta mesma cidade, em 1955, foi ciiada a
Saara espanhol e ao Transkei- , Sociedade 'Européia para o Financiamento de Material Eerroviário (Enro-
O “uti possidetis” foi aceito na Africa pela Etiópia, Nigéria e Senegal, fima)Í Ela' tem por finalidade o financiamento das estradas de ferro que
mas não o foi pelo Marrocos. já se fala em “uti possidetis” africano, sendo 1 necessitam de modernização, visando que elas se integrem. A Eurofima
que tem sido apontado como inconveniente o fato de que ele conduz ao
1
tem como acionistas as estradas de ferro dos Estados membros. A sua sede
status quo territorial. Em 1986 uma Câmara da CIJ, ao apreciar o litígio de
i
l é em Bãle na Suíça. São seus membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dina-
F marca, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Sué-
fronteira entre Burkina-Faso e Mali, consagra o “uti possidetisjuris” como
um “princípio geral” a ser aplicado nos Estados que atingem a inde- cia, Suíça e Iugoslávia.
pendência. Em 1992, em litígio entre Honduras e E1 Salvador em que Os transportes rodoviários começaram a preocupar a ordem jurídica
havia também a “intervenção” da Nicarágua, uma Câmara da CI] baseou Í internacional neste século- Em 1909 foi concluído, em Paris, acordo sobre
uma larga parte da sua decisão no “uti possidetis juris”. Este mesmo Ii circulação automobilística que foi substituído por um convênio ein 1926,
princípio foi igualmente aplicado pela Cl] em 1986 no litígio entre Bur- il contendo normas sobre os requisitos dos automóveis autorizados para o
kina-Faso e Mali. A C1] em aplicado o “uti-possidetis” (Gilbert Guillaume)- tráfego internacional. _
Em 1992 a Comissão de arbitragem sobre a antiga Iugoslávia manda aplicar A SDN criou como organismo permanente o Comitê de Circulação
o “uti possidetis” no traçado dos limites, afinnando que ele é hoje um 1 Rodoviária, que convocou uma conferência européia, em Genebra, em
1

princípio geral, mas não foi possível fazer tal aplicação. Por outro lado, os 5 1931, concluindo algumas convenções: a) sobre tributação de automóveis
Estados bálticos não o aceitam devido às anexações realizadas pela URSS. estrangeiros; b) unificação de sinais de tráfego, etc.
Os novos Estados da Ásia e Africa não estão aplicando de modo siste- A ONU reuniu, em Genebra, em 1949 uma conferência que elaborou
mático o “uti possidetis juris” para resolver as questões da fronteira. Eles 1 uma convenção sobre tiáfego de transportes rodoviários e um protocolo
preferem as negociações diretas em vez da solução arbitral ou judiciária. sobre sinais de tráfego. um verdadeiro “Código Internacional de Estra-
Na Europa, parece que ele também está penetrando, em 1992 a Co- das”. Em 1950, houve um acordo europeu complementar.
missão de arbitragem instituída na Conferência para a Paz da Iugoslávia Em 1954, em Genebra, um acordo foi concluído regulamentando os
também afirmou a validade do “uti possidetis” ein relação às populações transportes rodoviários internacionais e foi fixado um “caderno de obri-
sérvias da Croácia e Bósnia-Herzegovina. _ gações” estabelecendo os requisitos que as empresas de transportes rodo-
O “uti põssidetis” consagra o statu quo. Brownlie afirma que o “uti viários devem cumprir. Neste mesmo ano, em Nova Iorque, foi concluído
possidetis” é hoje um princípio geral do direito. um acordo sobre as facilidades aduaiieiras para viajantes em trânsito e um
401A. A ordem jurídica internacional tem-se preocupado cada vez mais acordo alfandegário sobre -a i_mportação teinporária de veículos pesados.
com os transportes ferroviários e rodoviáriosf' devido ao aumento do Vergnaud observa que o transporte rodoviário tem um estatu tojurídico
¬-,._.-¡. ‹¬,

turismo e comércio entre os Estados. próprio com normas do DIP e do_direito das obrigações. 1-lá uma tendência
Na Europa a matéria vem~ sendo objeto de regulamentação desde o para o direito uniforme. Salienta ainda este autor que o Estado sofre
século XIX. Em 1886 foi elaborada uma convenção sobre a bitola das
IT-"7.' _I 'I73'”
limitação na sua soberania no, transporte rodoviário internacional. Pode-


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belecido paia
- " o solo. A fi- onteira
' - de exploiaçao
-. .~ fica sujeita
- - ajiirisdiçao
_ . . _ _ do
mos acrescentar que, ein 1958, ltália e Suíça acordaraiii na construção de
Estado ein que o caivao e trazido para a stiperfície e não na front ` a do
uiii túnel sob o Grande São Bernardo para comunicação rodoviária. Ein ¬ _ eir
Estado sobrejacente. Salieiita ainda Barberis que nos recursos con i 'ii' t'1-
1953, França e Itália, em tratado, estabeleceram a construção do túnel sob
lhados os Estados senipre tendem a chegar a um acordo mas se c tpl `
o Moiite Branco, regulameiitaiido o pedágio, ventilação, etc- Uni acordo . . _ _ O › 's e nao
e possivel a outra parte nao tem o direito Zie'veto sobre a expI0¡-¡¿Ç-50
adicional foi concluído ein 1965.
Atualmente já se fala em tim Dl dos Transportes, que segundo Serge
Sur teria as seguintes características: a) fragmentação (varia conforine os
espaços utilizados); b) empirismo (não há codificação internacional geral
e as regras são dispersas e parciais); c) desigualdade entre os Estados. O
transporte é organizado no plano nacional para se desenvolver no plano
internacional. Ú

40lB. Os enclaves têm sido objeto de estudo pelos internacionalistas


contemporâneos. Eles podem ser definidos como “toda porção do terri- lv

tório de um Estado inteiramente fechado no território de um Estado Q


.
I- _'

vizinho”. Existem vários casos na Europa: o espanhol de Llivia na França;


o alemão de Busingen e o italiano de Compione na Suíça; o belga de
Baarle-Duc na Holanda e o holandês de Baarle-Nassau na Bélgica. A pla-
taforma continental de Saint-Pierre e Miquelon é uni enclave na plataforma
do Canadá.
O regime de acesso é regulamentado por acordo concluído entre os
Estados. O Estado que cerca o enclave geralmente tem o direito de impedir
a passagem de forças militares. O Estado que o cerca não pode fechar a
fronteira.
401 C. Um problema que tem surgido é o da exploração das riquezas
do subsolo através das fronteiras (água, petróleo, caivão).22
Uma corrente (H. Thalmann) defende que se deve resolver a questão
em favor do Estado que primeiro se aproprie. Esta tese tem sido conside-
rada injusta, e não há fundamento para se pedir ao vizinho que deixe de
fazer a exploração.
Outra corrente (Iuraj Andrassy) propõe que cada Estado explore o
que se encontra sob a sua soberania. Pode ser aplicada em caso de “massa
sólida como o carvão”. Geralmente eles param a exploração a 20m da
fronteira.
Uma terceira corrente (Barbeiis) defende que se estabeleça uma co-
operação entre os Estados. Esta é a tendência no Dl, mas não é uma
obrigação. Assim, existem acordos entre França e Espanha (l974); entre
Grã-Bretanha e Noruega (1976) para a exploração de gás no Mar do Norte,
etc. Talvez estes acordos coiiduzam a uma norma costumeira. u
_

Barberis observa que um Estado não pode provocar prejuízo sensível


a outro Estado, e cada um deles tem direito a um volume do recurso
_

natural compartilhado proporcionalmente ao existente em seu território. ._

Pode-se ainda mencionar o internacionalista argentino, que escreve existir


tratado de fronteira entre a I-Iolanda e a Alemanha em que o limite na
superfície não coincide com o do subsolo, porque este vai além do esta-

I 085
NOTAS dans 1-`ordre international iii RGDIP. 1995, n° 2, págs. 335 e segs.; Bertrand Badie
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national saiis Territorie, sob a direção de Bertrand Badie e Marie Claude Snioiiis.
Froiitière, 1928;jean Gottinan _ La Politique des Etats et leur Géographie, l9_52;
Mario Giuliano _ Lo Stato, il Tenitorio e la Sovranitã Territoriale, iii Comunica- l996;_Iulio A. Barberis _ La Concepcióii Brasileña del Uti Possidetis, “in” Diiiien-
-¿¡0ni C Studi, vol. VI, págs- 19 e segs.; G- M. Ubertazzi _ Studi sui Diritti Reali são Internacional do Direito. Estudos em Homenagem a G. E. do Nascimento e
nell'Ordine Internazionale, 1949; Giuseppe Barile _ I Diritti Assoluti nell Ordi- ';=zL-Iii-
'\Ii._;
Silva, coordenador: Paulo Borba Casella, 2000. Françoise Tliibaiit _ Les Voies de
namento Internazioiiale, 1951; Camile Vallaux _ Le Sol et l'Etat, 1911; Henrique .it Passage et de Communication Internationale, 1997.
L*
de Brito Viana _ Teoria jurídica do Território, 1957; S. Vlfliittemore Boggs _ IA. A palavra território parece que tem a sua origem nos verbos “terrere" e
International Boundaries, 1950; jtiraj Andrassy _ Les Relations Internationales “territare", que significam intimidar e espantar (Puig). -
de voizinzgz, za Rac, 1951, vai. ii, tt. 79, págs. 73 z segs-; Walihfrr Schoflflbvffl - 2- Esta é a posição da doutrina clássica. Entretanto, diversos doutrinadores
La nature juiidique du territoire, in RdC, 1929, vol. V, t. 30, págs. 85 C Sfigã-; (Ancel) têm considerado que pode existir um Estado sem território claramente
jacqugg Aneel _ Céographie des Frontiêres, 1938; idem _ Les frontières, étude delimitado.
de géographie politique, in RdC, 1936, vol. 1, tr 55, págs. 207 e S€gS~; D01_1Hl0 ' 3. Neste capítulo veremos apenas o território “ terrestre”.
Donati _ Stato e Territorio, 1924; Gordon Ireland _ Boundaries, Possessions 9 4. Em seiitido contrário: jellinek.
5- O Visconde de Leão, na Bretanha, apontando para .nm recife, declarava:
and Conflicts iii South America, 1938; Derwent 1/Vhitesey _ The Earth. and The
“Esta pedra é mais preciosa do que aquela que orna o cliadema do rei.”
State, 1939; Hugo D. Barbagelata _ Frontières, 1911; Artigo Cavaglien _ Fron-
6. Ela substitui a propriedade do príncipe pela do Estado.
tiêre, 1920: juan Carlos Puig _ Estado y territorio, in Estudios -de Dereclio y
-l- 6A. Alguns autores (Rousseau) aproximam Gerber da teoria clejellinek, tendo
Política Internacional, 1970, págs. 13 e segs.; Charles de Vissclier _ Problenies i

em vista que ele considera o território elemento do Estado, ao contrário de Donato


de Confins en Droit International Public, 1969; A. E. Moodie _ Geografia e Donati. Outros (Verdu) o consideram partidário da teoria do território-objeto- C.
Política, 1965; The International Regulation of Frontier Disputes, edited by Evan F. V. Gerber afirma que “ o território estatal é o objeto real da 'signoria' do Estado"
Luard, 1970; Daniel Wilkes _ Territorial Stability and Conflict, in The Future of (Diritto Pubblico, 1971). Entretanto é de se frisar que para o jurista alemão o
the International Legal Order, organizado por Cyril E. Black and Richard Ffilk, território é elemento do Estado.
vol. Ill, 1971, págs. 165 e segs.; Tran Van Minli _ Remarques sur le Prinƒcipe de 6B. Entre os autores modernos está Arangio Ruiz, sustentando que 0 direito
L'Intang-ibilité des Frontières, in Cao I-luy Thuan e outros _ Peuples et Etats du do Estado sobre o território no direito internacional é de “domi'nio”. Entretanto.
Tiers Monde Face a l'Ordre International, 1978, págs. 51 e segs.; P. G. de La *hiÍfiní-fi`l-pm-4-1lrnnlr sustenta este autor que o direito do Estado sobre o território no direito interno
Pradelle _ Notíons de territoire et d'espace dans Paménagement des rapports e “imperium”.
internationaux contemporains, in RdC, l977,Fvo1. IV, t. 157, págs. 415 e _segS-; 7. Brito Viana considera que a nossa Constituição de 1946 se utilizou da
Societé Française pour de Droit International _ La Frontière. Colloque de Poitiers, expressão “território nacional” neste sentido.
1980; Société Française pour le Droit Intemational _ Aspects actuels du; droit Li;¡
,
8. O própriojellinek abriu exceções à exclusividade do Estado ao seu território:
international des transports, Colloque du Mans, 1981; Daniel Bardonnet _ Equite a) confederação; 6) condomínio; c) ocupação militar temporária; d) quando o
et Frontiêres Terrestres, in Mélanges offerts ã Paul Reuter, 1981, págs. 35 e segs.; Estado permite a outrem praticar atos de soberania no seu território.
Rainer Lagoni _ Oil and Gas Deposits Across National Frontiers, in Ajll., April, 9. “A soberania territorial é a expressão habitualmente adotada para designar
1979, vol. 73, ng 2, págs. 215 e segs.; Iftene Pop _ Voisinage et Bon Voisinage en
Droit lnternatioiial, 1980; Paul Alliês _ L'invention du territoire, 1980; Derek W.
Bowett _ The Legal Regime of Islands in International Law,.1_9'79, págs. 61 e
I o direito de todo Estado ao gozo pleno do território próprio e a excluir dele a
penetração e a ação dos demais Estados” (Aréchaga).
9A. Pode-se mencionar ainda a teoria do espaço vital, desenvolvida a partir
segs.; Daniel'Pardonnet _ Les Frontiêres Terrestres et la relativite de leur trace l
I
de 1935, consagrada nos preâmbulos do tratado entre Alemanha e Itália (1939)
(problèmes juridiquês choisis), in RdC_, 1976, vol. V, t. 153, págs. 9 e segs-; ÍSICÍTO e no Pacto de 1940 (Alemanha, Itália ejapão)- O espaço vital era definido por
Morales Paul _ Las Nuevas Tendências del Derecho lnternacionalõpara la Soluc- órgãos ligados ao Miiiistério do Exterior da Alemanlia como “o domínio que deve
ción de controvérsias relativas a zonas fronterizas, in Anuario Hispano-Luso-Ame sempre ser acessível a um povo, a fim de que 0 livre desenvolvimento e a manu-
ricano de Derecho Internacional, vol. 7, 1984, págs. 173 e segs.;_Michel Foucher tenção da existência de sua população fiquem assegurados”. Esta teoria é política
_ Fronts et frontiéres, 1988; Benedikl Ziemtara _ Fronteira, in Enciclopédia e não jurídica, bem como traria uma grande incerteza ao DIP (Rousseau)-
Einaudi, vol. 14, 1989, págs. 306'e segs.; Daniel Bardonnet _ Les Faits Posterieures `L , 10. Em inglês: “frontier” é a fronteira-zona e “boundary” é a fronteira-linha.
a Ia Date Critique dans les Differends Territpriaux et Frantaliers, ir: Mélaiiges E uma zona de regime especial (p. ex.: no setor aduaneiro), recebendo assim nina-
Michel Virally, 1991, págs. 53 e segs.;_|eari Nouzille _ I-Iistorie de Frontières, 1991; regulamentação própria. A Constituição de 1946, no art. 34, inciso II, inclui entre
Marcelo G. Kohen _ Le règlernent des différends teriitoriaux ã la lumiêre de os bens da União: “a porção de terras devolutas indispensáveis ã defesa das fron-
l'arrêt de la Cl] dans Ijafaire Libye/Tchad, in RCDIP, 1995, ng 2, págs. 301 e teii_'as...".A Constituição de 1969, no seu art. 49, inciso 1, repete o mesmo dispositivo,
segs.; Giovani Distefano _ La notion de titrejuridique et les différends territonaux mas, em vez de falar em “defesa das fronteiras” fala em “defesa nacional”. A
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1087

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Constituição de 1988 trata da matéria nos arts. 20, § 29. 6 91, § 19, 111, C fall! Cm .- ¬.- |»-.mf
sociedade. o povo. os grupos e as classes criaiii t- recriâiin. na quantidade e na
150km de largura a faixa de fronteiras terrestres como “ fundamental para defesa finalidade. Mas o que é singular no território da .\'ação ‹': que ele é liistória. Por
do território nacional". Desde 0 Império a regulamentação das fronteiras_|a existia. seu povo. cultura. organização social, atividades ecoiiõniicas_ geopolítica, etc., a
O Decreto 1.318, de 1854, que regulamentava a Lei 601, do mesmolano, estabelecia -. n. -. . ¡._'.
iiação transborda sua fronteira; ou nem chega a alcaiiçá-la".
ú.

qiie numa “zona de dez léguas contíguas aos limites .do_1n;iperio cqm patS€S l2. O que faz com que as fronteiras se tornem um mito político (ex.: encontro
estrangeiros... estabelecer-se-ão colônias militares". A Lei 2.991, de 1950, fixou a de cliefes de Estado na fronteira).
faixa de fronteira em l50l<m de largura para efeito de segurança nacional. O A-.;_z-Í ú41
1
`‹ i
¬|-.
l2A. Até o século XVI, nas regiões montanhosas da Alemanha, os rios eram
regime de fronteira para as pessoas é variado, sendo que muitas vezes se dá uma tidos por “res nullius”. A utilização dos rios se prendeu muito ã "impossibilidade
facilidade de passagem às pessoas domiciliadas na zona de fronteira,,em outros de se determinar com exatidão a linha fronteiriça” (Friedricli Ratzel -- La Céo-
casos é dado um “permis” pelo seu Estado e visado pelo outro país. E permitida graphie politique. Les coiicepts fondamentaux, 1987) _ A própria noção de talvegue
a passagem de pequenos bens de um Estado a outro sem licença de exportaçao não é uniforme, havendo textos que 0 definem como o meio do caiial navegável.
ou importação (alimentos, bebidas comuns) para se atender as necessidades con- 12B. O talvegue entrou no DIP no tratado de Liinéville de 1801, que o
cretas da região. Alguns tratados fixam'0 horário em que isto pode ser feito. Cria-se mencionava nos rios Adige e Reno.
um' documento para os que trabalham do outro lado da fronteira (na França i 13. O tratado de Munster (1648) falajá em talvegue no rio Reno, e no século
denomina-se de “carte du travailleur frontalier"), evitando-se a bitnbutaçao sobre
eles.
A perseguição de malfeitores além da fronteira só é possível se algum tratado
1 XVIII ele foi igualmente admitido- '
14. Se os canais navegáveis forem mais'de u`m, será escolhido 0 que mais
facilitar a iiavegação.
a estabelecer de niodo expresso (em sentido contrário P. de La Pradelle, que o
15. O “álveo do rio”, que figura em-alguns tratados do Brasil. segundo Bevi-
considera um direito costumeiro). No século XIX houve tratado entre o Mexico
láqua, é o talvegue.
e os EUA admitindo a perseguição quando ela fosse imediata e em zqnas desertas
com pequena população. Em outros tratados o direito -de perseguição e possivel 16. A liiiha do divisor de águas não se confunde com a linha de cumeeiras,
quando o criminoso foi surpreendido em flagrante delito. _ ii
como pretendia Andrés Bello. Esta confusão deu origem a um litígio entre a
São dadas facilidades para os trens de trânsito, quando duas, cidades em um Argentina e o Chile (0 tratado de limites falava em linha de cumeeiras ou linha
mesmo Estado ficam mais próximas, havendo passagem em territorio estrangeiro. do divisor de águas), que foi decidido salonioiiicamente por Eduardo Vll, rei da
Eles não são submetidos às exigências aduaneiras. E dado um documento permi- Inglaterra.
tindo a passagem de rebanhos e pessoas. _]. Touscez observa que .nem sempre a 17. Era um interdito possessório que tiiiha por finalidade resguardar o pos-
fronteira política coincide com a -fronteira aduaneira, comoa existente entre a suidor atual, desde que a sua posse fosse mansa e pacífica. No DI foi aplicado pela
França e a Siiíça em que foi criada uma zona franca fronteiriça. Em 1990 foram primeira vez entre a Holanda e Inglaterra, na Paz de Breda em 1667 (Aréchaga),
coiicluídos os acordos de Schengen entre sete países da CEE, criando uma “tarifa quando da conclusão da paz (Oppenheim-Lauterpacht), isto é, as “ocupações
exterior comum”, e controlam de forma “harmoniosa” as fronteiras extenores militares se transformam em posse com título de soberania” (Aréchaga).
destes países, mas criam entre elas “ uma total liberdade de circulaçao”. _ l7A. Ele figura no preâmbulo do Tratado de Madri, onde se estipula “cada
1OA. Na França, Richelieu foi o primeiro grande defensor da tese das fronteiras parte há de ficar com 0 que atualmente possui”. Alexandre de Gusmão já men-
naturais. ~ _ cionara 0 “uti possidetis” em seus estudos em 1735 sobre a Colônia do Sacramento
11. As fronteiras naturais sie' oporiam às fronteiras artificiais (estas.seria_m (Cassiano Ricardo -~ Marcha para Oeste, 4* ed., vol. Il, 1970).
aquelas em que não existisse um acidente geográfico). Vallaux critica. esta distinção 18. A América'Central fixou 0 ano de 1821.
e observa que “as fronteiras denominadas “artificiais” são verdadeiras fronteiras l
i 19. Este mesmo autor observa que o “uti possidetis de facto” é uni “ pleonasmo"
naturais, isto é, aquelas que convém ã natureza e ã maneira de ser das. sociedades que acaba por se confundir com o instituto da ocupação.
políticas”. Na verdade, toda fronteira é natural porque visa atender interesses. e ,.

20. Outra iiiterpretação do “uti possidetis” foi dada pela Guatemala, mas que
situações dos Estados. Entret'ai_ito, é utilizada esta distinção (naturais e artificiais) não teve aceitação. Sustentoii este Estado que o limite com Honduras (em litígio
em relação aos limites como meio de distiiiguir os acidentes geográficos dos demais resolvido em 1933) deveria correr, coiiforme o “uti possidetisjuris" de 1821, mas
(ex.: linha reta). A observação de Vallaux é procedente, uma vez que s_e)a o limite se deveria eiiteiider por este “uti possidetis” " os limites tolerados pelas autoridades
um acidente geográficçíou artificial, ele corresponde aos- interesses do Estado."Em da Metrópole, ainda que não correspondessem aos fixados regularniente...” (]uan
coiiseqüência, feita a demarcação, o Estado passa a ter "fronteiras_iiaturais ._A
Carlos Puig).
idéia de “fronteiras naturais” no seu sentido tradicional é uma politicaøexpansio-
21. Pierre Vergnaud -- Les transports Routiers liiternationaux. '1960; Alfred
nista. Alguns autores (Bishop, Sahovic) falam ainda em froiiteirasestrategicas que l

são “aquelas ajustadas~aos objetivos militares". Elas, contudo, nao deixariam de |?› Verdross _ Derecho Internacional Publico, 1963, págs. 519 e segs.
.l 22. Júlio A. Barberis -- Los Recursos Naturales Compartidos entre Estados y
entrar na categoria das denominadas fronteiras artificiais ou na das naturais..
11A. Parece-iios que merece ser reproduzido-um texto de Otavio janmi .(0 el Dereclio Internacional, 1979. ' -
i
-l
Labirinto Latino-americano, 1993): “ poucas vezes a nação se delimita na fronteira.
Tanto pode ultrapassa-la :como manter-se aquém. O terntorio e um espaço que a
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-1.

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-I.

CAPÍTULO xxxlx
G ' -
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'FORMAÇÃO HISTÓRICA Do TERRITÓRIO BRASILEIRO*


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lr 402 - As bulas papais e o Tratado de Tordesilhas; 403 - Tratados


.1If1:
-\H`=._.-;'
-»44,›-.i 1f.5;: . .:._`.
do período colonial: a) Tratados de Utrecht; b) Tratado de Madri; c)
Tratado de El Prado; d) Tratado de Santo Ildefonso; e) Paz de Badajoz;
iâ 404 -- A Independência, os limites e o seu. re‹:onhe`cimento,' 405 -
As grandes questões territoriais: a) Território de Palmas; b) Questão do
Amapá; c) Os limites com a Guiana Inglesa; d) A questão do Território
do Acre; 406 _ Outros limites brasileiros.

402. A históiia do território nacional começou antes do nosso desco-


brimento. Quando Clistóvão Colombo voltou de sua viagem à Améiica, a
primeira delas, os reis de Espanha e Portugal tentaram reivindicar para si
__.- ;¡._.h-í4.`_iuí¬;&.|'f;:_iI.6|~e 4-

H.

as terras recém-descobertas, com fundamento no Tratado de Alcáçovas


(1479). Entretanto, este tratado não justificava as reivindicações de ne-
_
Il nhum deles.2 A Espanha, sabedora dos direitos de Portugal, -a respeito dos
descobrimentos, outorgados pelas bulas pontifícias, começou a negociar
5% com o Papa Alexandre VI, espanhol, que necessitava do seu auxílio para
sua política pessoal. Destas negociações surgiu a bula “Inter coetera”, de
3 de maio de 1493 (entretanto, na realidade, ela é do mês de abril), que
atribuía ao rei da Espanha as terras a serem descobertas, desde que não
estivessem sob o domínio de príncipe cristão. Os direitos de Portugal não
são mencionados na referida bula. Ele*protesta e uma nova bulag “Inter
coetera” é “proinulgada” por Alexandre VI, dando para a Espanha as
'_ E terras que ficassem a mais de 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde
,;:_
e Açores. Esta bula tem a data de 4 de maio de 1493; entretanto, ela só
_ L.
foi expedida em junho deste mesmo ano. Ela, na prática, não possuía
valor, uma vez que a sua execução era impossível, porque os arquipélagos
de Açores e Cabo Verde estäo em meridianos diferentes. Esta segunda
bula “Inter coetera” foi denominada de “bula de partição do mar oceano” ."

- 1 091
' -\

. .-f--.
:~:_': _ \
--. ~:':-
.›\u. mtima bula “Inter coetera" ainda não satisfizera a Portugal e D. joão
'
Em 1715, 0 Sf-*gUI1d0 TI`‹1LHd0 de Utreclit, que terminou com um con-
ll cognominado o Príncipe Perfeito. prepara-se para fazer a guerra a
9 ÍÍÍIOÍUSO-€SP21I1h01,CSliPUl0UqUC21ESp2111l1adev0lveriaaP01-tuga]aC0lÔ¡zia
Castela, a fim de decidir a posse das teri'as.*"l A Espanha cede e em 7 de do Säelílnlenlo-
Ú'linho de 1494 foi assinado um tratado, que recebeu o. nome da povoaçao _ _ f -
de Castela, onde foi concluído o Tratado de Tordesilhas, que teve origi- bl rmlddd de Mad”
nariamente a denominação de “ Capitulação da Partição do Mar Oceano” .ln , _ _ _ _ _ _
Foi determinado que pertenceriam a Portugal as terras a serem descobertas, E o Pnlnelfo glande lfdlddo d_nlZel` lefeleneld do Blnsll asslnndo Pol
ou já descobertas, até a distância de 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Pollllgnl e Espnllnn- Ele lol negoelddo Por Alexandre de GUSIFÃO, S<fCf¢-
Verdef' O tratado determinava que a demarcação seria feita em dez meses, iodo do D'_-lodo V' ndddfll do ofmos o Cognomlnddo Por Aflldlo Jorge de
O que não foi cumprida Exisúam mesmo a¡g_umaS dificuldades para esta __ _ avo dos diplomatasbrasileiros'_ Neste tratado, concluído a 13 de janeiro
demarcação, fiorque o tratado não estipulava qual légua a ser utilizada, `' _ de l75o= ambos os slgndlanos feeonheoeffinl híwfff VIOÍHCÍO O Tratado de
pois nesm época não tinha medida uniformfi Por Outro 1a¿0_ O tratado Tordesilhas. Conta ele diversas disposiçoes inovadoras. O meridiano utili-
, _ _ _ _ , ._
tambem nao estipulava a partir de qual ilha de Cabo \ erde seriam contadas Zndo _Plfn`a de_l_lnl_lldf n_nlel:le_:nnenle os dols llnpellos e sllbsl-l nlldo Pelo
as 370 léguasfl Os próprios astrônomos da época não tinham meios para Pnnf3lPlo__do_ nn Possldens - Oos_el`l'd Pedro Soares Mdfnnez que o “nd
ñxar a longitude no man Renato Mendonça conclui com razão que «O possidetis so foi consagrado parcialmente: “pois nem a Espanha possuía
Tratado de Tordesilhas foi um acordo meramente formal, pois ninguém _ 3 oolomd do odcrdlnonlo› desde lo8o› nem Pofnlgnl Possllln os lefllloflos
sabia O que dava nem O que recebia Menos ainda se havia lucro ou perda ,_ a leste do Uruguai, onde se encontravam índios colonizados porjesuítas”.
na ____mSaÇãO,,_ Para Amo Wehling e Maria José C_ de Wehling O Tratado _ A delimitação seria feita em acidentes geográficos, como os rios. O seu
ó.-AL«_...-4'¬_4. 4. _.
artigo XXI determina que em caso de guerra entre a Espanha e Portugal
de Tordesilhas é o “ato inaugural da diplomacia moderna, pois foi o ¿ _ _ na America
os seus dominios _ _ ficarao
_ em paz. Alguns autores procuraram
primeiro acordo entre Estados sem a interferência papal”. ,_ _ _ _ _ _ _ _ _
O Tratado de Tordesilhas, nunca demarcado. tem os seus efeitos sus- i Ver nesle dlsPoslnVo o lnlelo do Pdn'dnlel`lennlslno› one seenlos depols
pensos com a união das Coroas ibéricaa A Coma portuguesa cai nas mãos I dominaria as Americas. Entretanto, a sua verdadeira razão de ser era das
do rei de Espanha? Esta união durará de 1580 a 1640. É interessante - l nlals Pfaglnddedsf ddzef el Paz el Colonln do Sdel`dlnenlo= que em Cada
assinalar que mesmo neste período o Brasil continuou a ser praticamente if gnefln ende Portugal e Esllnnlln em nlnenda e sadlleddn- Eslabeleela ainda
uma colônia portuguesa, porque os domínios coloniais de“Espanha e Por- lz
l que Portugal eedla 3 Colonld do Snefdnlenlo d Eslolflnllll e feeebld desta
. l- 1 O

tuga] permaneciam Separados, Esta separação era tão grande que nos os Sete Povos das Missoes. Entretanto, Portugal ficava com as “maos livres”
domínios espanhóis apenas podiam ser nomeados funcionários espanhóis galo Coílonddl 3 sua eÊ_Pan5ao na fegldo anldzonlen ÍTÊIXCIT3 S0a1”€5)-
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e nos dominios portugueses apenas funcionarios portugueses. Esta uniao _ i~ gd lneofPofnl'd
pertenciam o odeGrande
pelo Tratado e o snl de Sfllnd Cdldnnfn elne ndo lhe
Tordesilhas.
pessoal acarretou uma suspensão temporária do Tratado de Tordesilhas. * _ _
Os portugueses avançaram, na América, de muito o meiidiano de Torde- O Tratado de Mddn neon em “gol” npenlls Por onze anos- A sua
silhas.“ Segundo Moniz Bandeira os brasileiros teriam ultrapassado o me- _ delndfeaeno Jdlnnls se 1"enllzon deV1_do fls d1f1CUld3d€S I10 lI`21_LHdo 6 S0br€~
ridiano de Tordesilhas para procurar riquezas, enquanto os_ espanhóis já nldo as revoltas- - dos
9 1nd1os› dando
_ lnlelo_ d guerra glldlllnlded' nos Sele_ _
as tinhamencontrado e ainda tinham que vencer a cordilheira dos Andes. Povos das Mlssoes- O dnlddo lellflnln Ploleslos eln Poflngdl Pela eessdo ll
Os historiadores têm assinalado que só no século XVII os brasileiros avaii- _EsPnnlln da Colonia dO 5í1C1`¿1IT1€I1l0-
. - A morte de D. João V e o oštracismo de Alexandre de Gusmão con-
çam para o interior. _ _ , _ , _
z4,_,___-._.

403 Inúmeros tratados foram concluídos, no período colonial, entre 4 ' dloolldln ldnloenl Para dlle ele ndo fosse' denlafefido-
as metrópoles européias (Espanha e Portugal) a respeito dos limites na C) T________d__ de El Pa ___
América e que, por conseguinte, interessam diretamente ao Brasil. _ f T o
- Em 1761 este tratado revoga o de Madri e anula qualquer demarcação
a) Tratados de Utrecht _ dele resultante. Em conseqüência, a Colônia do Sacramento voltou a Por-
h F a renm-1Ciou às tuga] e os Sete Povos das Missões voltam para as mãos da Espanha. Na
Em 1713, no primeiro Tratado de Utrec t, a ranç _ _ _ __ _
___________S de Cabo None em favor de P_____mg___]_ _ _ verdade, Portugal nao havia ainda entregue a Colonia do Sacramento.

7.
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Portugal apesar deste tratado, resolve efetivar a sua expansão no Ama-


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favoráveis para se obter 0 reconlieciniento, uma vez que a Europa estava
zonas. dominada pela Santa Aliança. Em Portugal, 0 Rei D._Ioão V1 estava domi-
nado pelas cortes portuguesas, que se opunham ao reconhecimento- O
d) Tratado de Santo Ildefonso E primeiro Estado a nos reconhecer foram os EUA, que tinham nesta época
como presiden tejaines Monroe. O reconhecimento foi efetuado em 1824.
Uma nova guerra tem início na América entre.portugueses e espanhóis, A Inglaterra, interessada- em manter a sua hegemonia comercial no
Estes, tendo Ceballos ã frente, invadem o território brasileiro e destroem Novo Mundo, faz o papel de mediadora entre o Brasil e Portugal. Em
completamente a Colônia do Sacramento. Em 19 de outubro de 1777 é relação ao Brasil, o interesse inglês era sobretudo na renovação do tratado
assinado o Tratado de Santo Ildefonso entre Espanha e Portugal. Este comercial de 1810, cujo prazo de validade estava prestes a terminar.” E
tratado consagra o “uti possidetis”, como o de Madri, sendo esta a única enviado ao Brasil o inglês Charles Stuart, que passa antes em Portugal,
vantagem real que Portugal obtém com este tratado. A Colônia do Sacra- onde recebe plenos poderes de D. joão VI. Portugal temia perder o auxílio
mento e os Sete Povos das Missões ficam com a Espanha. Portugal obtém d_a Inglaterra. Stuart exige que D_._joão aceite a nossa independência como
a ilha de Santa Catarina, que havia sido ocupada pelos espanhóis. I um fato consumado. - u
Os historiadores criticaram violentamente este tratado, denoininando- A missão de Stuart é coroada de êxito (consegue o reconhecimento
o de “cãpcioso e leonino” (Visconde de São Leopoldo), ou, ainda, afir- e a renovação do tratado comercial) e em 29 de agosto de 1825 é assinado
maiido .que os seus artigos haviam sido “ditados pela Espanha” _(Varnha- Í i o tratado de reconhecimento entre Brasil e Portugal. Este tratado estipulava
gen). Vinte anos depois, ele estava ainda sendo demarcado, em virtude da algumas obrigações para o Brasil: entre elas, D. joão V1 conseivaiia o título
inércia e do desinteresse das partes contratantes. A própria demarcaçao de Imperador do Brasil e nós nos obrigãvamos a pagar dois milhões de
só teve início em 1784. Os seus dispositivos eram contraditórios e errados, libras esterlinas a Portugal.” Lilia Moritz Schwarcz (As Barbas do Impera-
escrevia São Leopoldo, mencionavam rios que não existiam, ou, quando dor, 2000) afirma que os primeiros a reconhecerem a independência do
existiam, muitas vezes não se encontravam nos locais assinalados. Brasil foram os reis africanos; a) Obá Osemwede do Benin; b) Ologum
Ajan de Eko, Onim ou Lagos.
e) Paz de Badajoz 405. Proclamada a República e reconhecida ela pelos demais países,
o Brasil passou-a tratar das suas grandes questões de limites.
Nova guerra surge entre Espanha e Fiança, de um lado, e Portugal,
.:~'.|.-Í4;-4.

do outro, em 1801, tendo a duração de pougas semanas. Durante a guerra, l a) Território de Palmas _
l
os Sete Povos das Missões Orientais do Uruguai são ocupados pelos por- -4

tugueses, auxiliados por brasileiros. A guerra temiina com a Paz de Badajoz, Os argentinos costumam denominar este litígio de questão das missões.
concluída no mesmo ano de 1801. O tratado, entretanto, é omisso no Entretanto, 0 Barão do Rio Branco conseguiu demonstrar que 0 território
tocante ã questão de limites no sul do país. Ele não menciona o Tratado il

I contestado jamais fizera parte da Província das Missões da Companhia de


de 1777, revalidando os limites ali fixados, nem restabelece o “status quo .i
jesus no Paraguai. Daí, devemos chama-lo de litígio do Território de Pal-
ante bellum”. De qualquer modo, os brasileiros continuaram ocupando mas-
os Sete Povos das Missões mesmo depois da paz.” Devemos assinalar que A questão teve início no Tratado de Madri, que estabelecia como limite
neste período da História as guerras extinguiam todos os tiatados existentes na região o rio Pequiri ou Pepiiiguaçu e o rio desconhecido que fosse
entre os beligerantes. _ mais próximo a desembocar no Iguaçu. Os comissários encarregados de
A questão de fronteira mencionada na Paz de Badajoz é que Portugal demarcar os limites nos termos do Tratado de Madri descobriram em 1759
cedeu ã França as terras do Cabo Norte acima do rio Araguari (foi anulado este iio desconhecido e llie deram o nome de rio Santo Antônio. O Tratado
f

posteriormente: v. adiante). - _ de El Pardo anula'o de Madri, mas o Tratado -de Santo Ildefonso fala
404. Diante do exposto acima, ao ser proclamada a independencia. das novamente nos riols'Pequiii e Santo Antônio. i
colônias espanholas e portuguesas, não existe nenhum tratado em vigor ~-i *-1:.-6i' J`._-2. '-_A¬. H-~.
`-f Em 1788 (Delgado de Carvalho, mas para Álvaro Lins é 1789), novos
restabelecendo os limites entre elas. O principio do uti possidetis vai comissários demarcadores descobrem outro rio desconhecido e ao que se
reger a questao.” _ _ encontra na sua clontravertente dão os nomes de Pepiiiguaçu e Santo
Proclamada a independência do Brasil por D. Pedro II, surgiu de Antônio-Guaçu. Assinalam que os demarcadores de 1759 teriam errado.
imediato o problema do seu reconhecimento." A epoca nao eiaƒdas mais Tais iios seriam os.atuais Chopim e Chapecó.

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A guerra de 1801 anula os tratados anteriores a ela e a Paz de Badajoz de base ã argumentação argentina. Este mapa fora elaborado em Lisboa
não se refere aos liniites. Contudo, os brasileiros durante a guerra haviam e sen-*ira de orientação ao Tratado de Madii. Ele foi duplicado e estes dois
ocupado os Sete Povos das Missões e continuaram com eles após o término exemplares eram chamados de “mapas piiniitivos", sendo que um deles
da guerra. A independência das colônias americanas é feita e nao ha foi encontrado iio Quai d'Orsay. Concluído 0 Tratado de 1750, foram
tratado de limites entre as metrópoles. O' “íiti possidetis” passa a reger as elaboradas três cópias em Madri e três ein Lisboa, sendo que apenas nas
questões de fronteiras. _ piimeiras foram colocadas as modificações feitas no Tratado de Madri. A
Em 1857, é assinado um tratado de limites entre o lmpeno do Brasil Argentina se baseava iio mapa encontrado no Quai d'O1-say e em um outro
e a Argentina. Este tratado, negociado pelo Visconde do Rio Branco, exemplar encontrado em Madri, mas que era uma das cópias feitas em
menciona os rios Pequiri e Santo Antônio, como sendo os rios assinalados Lisboa. O Brasil se fundamentava no exemplar que figurava na coleção de
pelos demarcadores de 1759. A Argentina não ratificou este tratado apesar Tratados de Borges de Castro, que nos era favorável e estava baseado em
de o seu Congresso tê-lo aprovado.” Em 1881 a Argentina reivindica que uma das cópias de Madi"i.,°_isto é, um exemplar onde haviam sido incluídas
os limites são nos iios Chapecó e Chopim. ° as modificações do Tratado de Madri-
A Argentina, em 1888, depois dos trabalhos de uma Comissão mista ` A missão brasileira era formada por Dionísio Cerqueira, Almirante
brasileiro-argen tina que explorara os quatro rios litigiosos, passou a reivin- Guilhobel, Olinto de Magalhães e Domingos Olímpio, além do seu chefe,
' 'dicar que o rio Chopim não era o verdadeiro limite, mas o rio Jangada, o Barão do Rio Bianco. Nos EUA foi contratado como consultor da missão
que estava mais adentro no territóiio brasileiro. Aumentava a area con- o grande internacionalista Basset-Moore.
testada. O Presidente dos EUA, Grover Cleveland, deu o seu laudo arbitral em
O litígio se resumia em saber quais os verdadeiros rios do Tratado de 5 de fevereiro de 1895, inteiramente favorável ao Brasil, que incorporou
1750: se os iios Pequiri e Santo Antôiiio, ou os atuais Chapecó e Chopim deste modo mais de 30.000 quilômetros quadrados ao seu território."
(este último substituído nas reivindicações pelo rio jangada).
Em 7 de setembro de 1889'é assinado um acordo, ratificado em 4 de b) Questão do Amapá
novembro do mesmo ano, em que os dois países decidiam que o litígio
seria resolvido pela arbitragem do Presidente dos EUA. _ Esta questão remonta ao século XVII, quando na região já havia con-
A República, querendo obter a simpatia da América para o Brasil, flitos entre Portugal e França. D. Pedro II de Portugal e Luís XIV concluem,
assina, em 25 de janeiro de 1890, em Montevidéu, um tratado com a em 1700, um tratado em que se estipula serem destruídos todos os fortes
Argentina, em que a região contestada era dividida ao meio. Este tratado, na região contestada. Em 1715, no primeiro Tratado de Utrecht, a França
assinado por Quintino Bocaiúva, levantou protestos e foi recusado no renuncia às terras do Cabo Norte, localizadas entre o rio Amazonas e
Congresso Nacional.” Talvez se possa explicar o ato de Quintino Bocaiúva, Vicente Pinzón. Os conflitos na região não desaparecem com este tratado.
que o justificava com a “fraternidade ameiicana” com os seguintes ele- Em 1808, a família real portuguesa transmigra para o Brasil, D. joão
mentos: a) o manifesto do Congresso do Partido Republicano Federal de V1 ocupa Caiena pônoito anos. Parece que a intenção de Portugal não
1887 foi assinado, entre outros, por Saldanha Maiinho, Quintino Bo- era anexar definitivamente a Guiana Francesa, tanto que manteve durante
caiúva e Campos Sales; b) os diferentes manifestos republicanos falam na a ocupação (1808-1817) o Código de Napoleão. Portugal pretendia fixar
“fraternidade americana”, o que é uma decorrência da Doutrina de Mon- a fronteira no iio Oiapoque (Pedro Soares Martinez). O Congresso de
roe (Ricardo Velez Rodiiguez -- A Propaganda Republicana, in Evolução Viena decide que a Guiana deveria ser devolvida ã França e o limite com
do Pensamento Político Brasileiro, organizado por Vicente Barreto e An- o Brasil é fixado'n_ovamente no rio Japoc ou Vicente Pinzón.
tonio Paim, 1989). Quinze anos depois do Ato Final de Viena têm início as agitações na
A idéia de arbitragem é retomadajuntamente com o Tratado de 1889. região. O litígio consistia em saber qual erao verdadeiro rio Vicente Pinzón:
E designado para defender o Brasil o Barão Aguiar de Andrade, que morre se o atual Oiapoque ou se o rio Araguari; como pretendia a França. Se a
antes de iniciar o seu trabalho. Fenômeno idêntico ocorre na Argentina, tese francesa. fosse vitoriosa, o atual Território do Amapá seiia da França.
que nomeara Nicolas Calvo, que também morre. Floriano Peixoto indica Em 1854, o Brasil envia o Visconde do Uruguai para negociar a questão
então o Barão do Rio Branco, nosso cônsul em Liverpool e superintendente com a França, mas não chega a nenhum resultado. Na última década do
do Serviço de Imigração na Europa. A Argentina designa Zeballos. A defesa século XIX 'os conflitos na região contestada aumentam em virtude de se
brasileira é fundamentada principalmente nasinstruções de 1759, dadas
aos d_emarcadores espanhóis que mostravam ter o Brasil razão.” Por outro i
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ter descoberto ouro no rio Calçoene, que fica iio meio dela.
A França, para reconhecer a República brasileira, havia exigido que a
lado, eles servem para esclarecer o enigma do mapa das Cortes, que servia 'L
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questão, casoçnão fosse decidida pelas negociações diretas, fosse levada a
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Durante o Segundo Império e a República váiias tentativas de nego-


arbitragem. O compromisso arbitral é assinado em 10 de abril de 1897. O ciações diretas foram feitas (1843: Araújo Ribeiro; 1888: Barão de Penedo;
árbitrol escolhido foi o Consellio Federal sui'ço.'7^ O árbitro somente po- 1891 e 1897: Sousa Correia), todas sem qualquer resultado.
deiia decidir pelo alegado, isto é, não poderia decidir por equidade. Olinto de Magalhães, ministro das Relações Exteriores, convida joa-
Caberia a ele dizer qual era o verdadeiro Oiapoque do Ato de Viena. Em quim Nabuco em 1899 para fazer a defesa do Brasil, uma vez que Lorde
relação ao limite interior, ou a linha leste-oeste (o litígio abrangia uma Salisbury já propusera o arbitramento para a solução do litígio, e em 1901
área da fronteira do Pará com a Guiana), o árbitro poderia decidir por é assinado o compromisso arbitral (pela Inglaterra assinou o Marquês de
qualquer das sugestões que fossem formuladas pelos litigantes, ou, ainda,
Lansdowne), que entregou o litígio ã arbitragem do rei da Itália. Nabuco
decidir por uma terceira solução que fosse conforme ao DIP_nas siilzä pretendia que o árbitro fosse o Grão-duque de Baden, que não foi aceito
iiormas aplicadas a regiões cujas fronteiras nao estivessem determinadas. pelo nosso ministro do Exterior. A defesa do Brasil foi entregue ao próprio
O advogado do Brasil foi o Barão do Rio Branco. A França designou
joaquim Nabuco” e a da Inglaterra foi feita por um gnipo de trabalho
Ripert de Monclar e Grodet para defendê-la. A missão francesa foi asses-
sorada pelo grande geógrafo francês Vidal de la Blanche. Foram apresen- formado pelos peritos do Colonial Office-
tadas a primeira memória e a réplica (segunda memória). Na primeira A defésa da Inglaterra se fundamentou em provas de que ela ocupava
memória brasileira, Rio Branco incluiu o trabalho de joaquim Caetano: a região, mas todas estas provas eram posteriores ã neutralização do teri¬i-
“L'Oyapoc et l'A1na.zone”. lntegraram a missão brasileira: Dionísio da tório contestado.
Gama e os filhos do barão, Raul e Hipólito. 'O consultor da missão foi A defesa brasileira se apoiou, entre outros argumentos, em dois prin-
Virgil Rossel. _ ' cípios que estavam consagrados pacificamente em toda a jurisprudência
O laudo do Conselho Federal suíço foi proferido a 19 de dezembro inglesa. O primeiro deles era o do “inchoate title”, quedá ao Estado
de 1900 e foi elaborado pelo Conselheiro Eduardo Müller, que o redigiu direito sobre um território, oponível a terceiros, mesmo quando a sua
em alemão. Entretanto, quem o assinou foi Walter Hauser, que eia o ocupação não é contínua. O segundo era o do “watershed line” (linha de
Presidente do Conselho. O laudo foi favorável ao Brasil, considerando que vertente), que dá ao Estado que ocupa o curso de um rio direito às terras
o rio Vicente Pinzón eia o atual Oiapoque, como havíamos sustentado. banhadas pelos seus afluentes e subafluentes- A defesa do Brasil foi feita
No tocante ao limite interior, não foram aceitas nem a proposta francesa em 18 volumes, compreendendo a Memória, a Réplica e a Tréplica.
nem a brasileira: o árbitro decidiu que o limite seria pela serra do Tumu- Vítor Manuel III proferiu o seu laudo a 6 de junho de 1904. O árbitro
cumaque, na linha do seu divisor de aguas.
dividiu a região, dando, porém, ã Inglaterra um pedaço maior: 19.630
quilômetros quadrados para a Inglaterra e 13.570 quilômetros quadrados
c) Os limites com a Guiana Inglesa -- para o Brasil. É curioso observar que o laudo arbitral nos deu menos do
que em 1898 Lorde Salisbury havia oferecido ao Brasil (mais ou menos
No século XVIII a Holanda teve na região uma colônia da maior
16.500 quilômetros quadrados).
importância. Em 1814, pela Convenção de Londres, ela cedeu uma parte
ã Inglaterra. A Holanda jamais corrtestara qualquer regiao ,a_Portugal. Este laudo arbitral do rei da Itália está errado. A comissão designada
Todos aqueles que estudaram a regiao reconheceram o dominio de Ror- pelo -rei da Itália para estudar o caso era presidida por Buzzatti. Grandes
tugal, que havia exercido a catequese na regiao, bem como ai construido Internacionalistas, como Fauchille, Politis, La Pradelle, Hoijer, etc., falaram
fortificações. A questão só surgiu com as viagens do alemao, naturalizado na sua nulidade. As críticas que lhe foram.dirigidas são as seguintes: a)
inglês, Robert Schomburgk àquela região, onde fora comissionado pela excesso de poderes do`árbitro, que deveriardecidir pelo alegado e não
Royal Geographical Society de Londres em 1835, 1837, etc., para terrniiiar fazer um julganierito por eqüidade, como fez;2° b) o árbitro errou juridi-
os estudos de Von Humboldt. Começou por instalar na regiao brasileira, camen te porque considerou que a ocupação tinha que ser efetiva para dar
próximo da fronteira com a Guiana Inglesa, o Reverendo Youd, alegando direito ao território e se esqueceu de que a efetividade da ocupação só
que osíndios eram maltratados pelos brasileiros. Este reverendo foi pouco passou a ser-exigida em 1885 (Congresso de Berlim), e que 0 litígio versava
depois expulso pelas autoridades brasileiras. Em 1839, Schomburglt se sobre ocupação ocorrida no século XVIII- Ao mesmo tempo, ele: se esquecia
encontrava novamente na região e comunica ao govemador da Guiana de que havia áreas na região, mas não incluídas no território contestado,
britânica 9 ue ela é de P ro P riedade da Inglaterra, porque
, . ali existirá forti- onde a ocupação portuguesa também não era contínua e não havia qual-
ficação holandesa. Ouseley, encarregado dos negocios da Inglaterra no quer contestação por parte da Inglaterra.” '_
Brasil, comunica ao governo imperial que Schomburgk faria a demarcaçao_ A grande conseqüência deste laudo é que ele fechou a bacia do Esse-
na regiao. As autoridades brasileiras sao expulsas e o Brasil protesta. A .vfiflufl-di-‹Il‹‹
quibo ao Brasil e abriu a do Amazonas ã Inglaterra. _
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região é neutralizada em 1842.18 › ›- :_Á-ig
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d) .-1 queslrio do 'Í`err¿tórz`‹› do Acre gem, o que é recusado pelo Brasil. São iniciadas as negociações diretas. O
Brasil, com a finalidade de afastar os demais países do litígio, indenizou
Entre os elementos históricos desta questão podemos assinalar que o o sindicato com 110.000 libras e ele renunciou aos seus direitos Eni 21-2-
Tratado de Madri inencionava como liniite a “margem Oriental do 1903 foi concluído um modus vivendif para a região em litígio por Eliodoro
javari” por uma linha este-oeste a partir da “boca do Manioré”.“^ Ao se Villazon e Eduardo Lisboa.
Q Í

atingir a Independêiicia o Império considerava o Acre como território A missão brasileira para tais negociações era formada por Rio Branco,
boliviano. Assiiiala Leandro Tocantins que nos mapas das cortes teriam Rui Barbosa e Assis Brasil. Rui Barbosa se declara “plenipotenciário ven-
sido feitos erros proposit-ais a fim de que a~ Espanha pensasse ser menor a cido” e se retira das negociações. Ele se opunha a que o Brasil cedesse
área que ficava com Portugal na Aniazônia. Em 1745, o Papa Benedito qualquer parte do território nacional. A missão boliviana era formada por
XIV pela bula “Condor Lucis” criou as prelazias de Goiás e Cuiabá, o que Fernando Gauchalla e Claudio Piiiila. As negociações chegam a bom termo
reconhecia o avanço dos portugueses que ultrapassara o estabelecido no e a '17 de novembro de 1903 é assinado o Tratado de Petrópolis. N-égnz
Tratado de Tordesilhas. Somente na segunda metade do século XIX é que tratado, a Bolívia cedeu ao Brasil a parte sul do território do Acre e os
começaram a surgir alguns incidentes a respeito do Acre. Em 1867 é 'seus direitos ã parte norte (esta última era pretendida pelo Peru). O Acre
concluído um tratado estipulaiido os limites na região, que faz referência tinha 191.000 quilômetros quadrados. O Brasil cedeu alguns territórios na
ã nascente do riojavari. Entretanto, não se havia ainda determinado onde Í
I
l
fronteira (cerca de 3.164 quilómetros quadrados) e se comprometeu a
estava a nascente do rio javari. Duas interpretações foram possíveis para 1 pagar dois milhões de libras esterlinas (em duas prestações até 1905), e
este Tratado de Avacucho: uma, que tomava o Acre boliviano; a outra, se obrigou a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré.
E
favorável ao Brasil. Expedições são enviadas para descobri-la e chegam a A construção desta estrada era um “ sonho”, e em 1870 o governo deu
resultados diferentes. Várias expedições foram feitas para a descoberta da | uma concessão ao inglês Coronel George Church, mas que não foi adiante.
nascente do riojavari, comoa de Cunha Gomes. Somente com a expedição As condições climáticas eram desfavoráveis, como demonstraram estudos
de Luís Cruls (1901) foi descoberta a verdadeira nascente- realizados por comissões designadas pelo governo brasileiro (v. Américo
A questão começou a se agitar quando os cearenses passaram a emigrar Jacobina Lacombe -- Afonso Pena e sua época, 1986)-
para o Acre. A Bolívia cobra taxas e impostos. Os brasileiros descontentes
¡ 1 0 ø

l O Tratado de Petropolis levantou no nosso Congresso inumeros pro-


criam o Estado lntependente do Acre, sob a chefia de Luís Galvez Rodri- testos por termos cedido território ã Bolívia. Neste momento o Barão do
gues de Arias. O governo federal brasileiro declara que nada pretende l
|
Rio Branco declara ter recebido de um antigo funcionário o mapa da
l
naquele território; todavia, o governo ama_zonense começa a proteger o Í Linha Verde, feito em 1860, onde se demonstrava claramente que 0 Acre
i

Estado recém-forinado. › 1
i
era território boliviano. 22 Diante disto, o tratado foi aprovado pelo Con-
Nesta situação, a Bolívia pensa em arrendar o Acre a uma firma es- gresso. Na verdade, o território nunca fora brasileiro (como pensavam
trangeira que o pretendesse explorar, uma vez que ele era rico em recursos muitos, inclusive Rui Barbosa); era um território boliviano, apen-as a colo-
naturais. Em 190-1, a Bolívia assina com uma ñmia norte-americana (Cary nização tinha sido feita por brasileiros. 1'
e Whitridge) um contrato para a formação do “Bolivian Syndicate”. Este 406 Os demais limites, o Brasil resolveu por negociações diretas com
teria poderes semelhantes aos das Companhias de Carta, tão utilizadas os seus vizinhos. _
para a exploração da Africa e da Asia. A idéia de se criar o sindicato fora O Peru chegou a reclamar do Brasil uma área de 442.000 quilômetros
dada pelo ministro da Bolívia em Londres: o milionário Aramayo (Afonso quadrados. Em 1909, por meio de um tratado, o Brasil ficou com 403.000
Arinos). ' quilômetros quadrados. - 1
Ao sindicato seria dado o direito de ter tropas, possuir navios, arrecadar Em 1909 assinamos um tratado de limites com o Uruguai em que
impostos, etc. Este sindicato seria formado com capitais franceses, alemães resolvemos as nossas questões com ele e, inclusive, devolvemos ao Uruguai
e norte-americanos. Os EUA simpatizavam com o sindicato mas sempre áreas que realmente lhe pertenciam- - `
lhe negaram um apoio decisivo. Diante da formação deste 'sin.dicato, há O tratado de limites de 1872 e o tratado complementar de 1927 fixaram
uma nova revolução na região, chefiada por Plácido de Castro (1902), e os nossos limites com o Paraguai. Na denominada Ata do Iguaçu (1966)
a Bolívia envia tropas para combatê-la. O governo brasileiro muda de -Brasil e Paraguai declaram que os recursos hidráulicos-das Sete Quedas
atitude e movimenta também as suas tropas. _ 1 ' pertencem em condomínio aos dois Estados. O mesmo foi consagrado no
Diante desta posição firme do governo brasileiro, a Bolívia rescinde o tratado sobre Itaipu de 1973. Em 1976 foi assinado um protocolo adicional
contrato com o sindicato e propõe que o litígio seja submetido _a arbitra- ao tratado de 1927. __
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NOTAS
Em 1908, o Barão do Rio Branco assinou com a Holanda o tratado de
limites entre a Guiana Holandesa e o Brasil. 1. (Limitar-nos-emos a citar predominantemente as obras específicas sobre os
Com a Colômbia, assinamos tratados de limites em 1907 e 1928. A nossos limites): Pedro Calmon _ História Diplómãtica do Brasil, 1941 ;]osé Carlos
fixação dos nossos limites com a Venezuela remonta ao Tratado de 1859. de Macedo Soares _ Fronteiras do Brasil no Regime Colonial, 1939; Luís Ferrand
Em 1973 Brasil e Venezuela assinaram acordo de demarcação para a exe- de Almeida _ A Diplomacia Portuguesa e os Limites Meridionais do Brasil, vol.
cução do tratado de limites de 1859. 1, 1957; Omar Emir Chaves _ Fronteiras °dcÍ Brasil (Limites com a República da
Colômbia), 1943; J. M. N. Azambuja _ Questão Territorial com a República
Argentina _ Limites do Brazil com as Guyanas Franceza e lngleza, 2 vols., 1891-
1892; Nery da Fonseca _ Fronteiras do Sector Sul, 2 vols., 1935-1937; Arthur C.
F. Reis _ Limites e Demarcaçöes na Amazônia Brasileira, 2 vols., 1937-1948;
Hildebrando Accioly _ Limites do Brasil (A Fronteira com o Paraguai), 1938;
Isidoro Ruiz Moreno _ Historia de las Relaciones Exteriores Argentinas (1810-
1955), 1961; Hélio Viana _ História Diplomática das Fronteiras do Brasil, 1948;
idem _ História Diplomática do Brasil, s.d.; Castilhos Goycochea _ Fronteiras e
Fronteiros, 1943; Delgado de Carvalho _ História Diplomática do Brasil, 1959;
Í Renato de Mendonça _ Fronteira em Marcliaƒ 1956; joão Ribeiro _ As Nossas
Fronteiras, 1930; Renato de Mendonça -- História da Política Exterior do Brasil,
vol. I, 1945; Fernando Antônio Raja Gabaglia _ As Fronteiras do Brasil, 1916; A.
t
G. de Araújojorge _ Introdução às Obras do Barão do Rio Branco, 1945; Affonso
Várzea _ Limites Meridionais, s.d.; Hildebrando Accioly _ O Reconhecimento
do Brasilpelos Estados Unidos da América, 1945; Oliveira Lima _ O Reconheci-
mento do lmpério, 1902; Dunshee de Abranches _ Limites com o Peru, 1910;
Joaquim Caetano da Silva _ L'Oyapoc et 1'Amazone, 2 vols., 1893-1895; Fernando
Nobre _ As Fronteiras do Sul, 1922; Lopes Gonçalves _ A Fronteira Brasileo-Bo-
liviana pelo Amazonas, 1901; H. Accioly _ O Reconhecimento da Independência
do Brasil, 1945; Luís Santiago Sanz _ La Cuestión de Misiones, 1957; Souza Docca
_ Limites entre 0 Brasil e o Uruguai, 1939; Cassiano Ricardo _ O Tratado de
Petrópolis, 2 vols., 1954; Lima Figueiredo _ Limites do Brasil, 1936; Carlos A.
Aldao _ La Cuestión de Misiones, 1894; Rangel Moreira _ Esboço Histórico das
Nossas Questões de Fronteira, 1913; Alexandre de`Gusmão e o Tratado de Madri
_ Documentos Organizados e Anotados por jaime Cortesão, 9 t-_ 1952-1963; _].
Pandiá Calóger-as _ 'A Política Exterior do Império, 3 vols., 1927-1933. Podemos
mencionar ainda as defesas apresentadas pelo Brasil nos seus litígios, que incluem
inúmeros volumes de mapas: Rio Branco (Exposição que os Estados do Brasil apre-
¬-- .f-¢«.¬ .‹_.u -fq1-. 4-_. z_-. - .¬,-_. ,-._
sentam ao Presidente dos Estados Unidos da América, como Arbitr-0...), em seis
r
r
volumes; Mémoire presente par les États Unis du Brésil au Gouvernement- de la
E
Confédération Suisse, em 11 volumes (5 da lã memória e 6 da segunda) ejoaquim
Nabuco (Limites entre le Brésil et la GuyaneAnglaise), totalizando, nas 3 memórias,
18 volumes; Arthur Cezar Ferreira Reis _ A Amazônia e a Cobiça Internacional,
F 1968; Teixeira Soares _ Um Grande Desafio Diplomãtico no Século Passado
1!fl'I¬.'¬‹fl'Q
"f (Navegação e Limites na Amazônia. Missão de Nascentes de Aiambuja a Bogotá),
1971; Teixeira Soares _ História da Formação das Fronteiras do Brasil, 1972;
Castilhos Goyöochea _ O Espírito Militar na Questão Acreana, 1973; Leandro
'Tocantins _ Formação História do Acre, 3 vols., 1972; Afonso Arinos _ Rodrigues
Alves, vol. I, 1973, pãgs. 249 e segs-; Moniz Bandeira _ Presença dos Estados
“''.-»¡M¬fr_f¶-v1!:r'l"=.-nfr-I
Unidos no Brasil, 1973; Alan K. Manchester _ Preeminência Inglesa no Brasil,
1973; General Meira Mattos _ Brasil. Geopolítica e Destino, 1975; Craveiro Costa

K
1103
- ¬|.___.._ _
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1
1

iio Brasil, 199:": 1. ll _ › ' . , _ , . _


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'i Geo afica E . ` `
H. ' _ ` ` ' ' _ °* 381101 -- lorpo
_ da Pátria
q . _ 1 i n agriiaçao
` -`
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1 ,jose _Agl' I' _ po i ica externa no Brasil (1808-1912). 199/; Paulo 1*agiiii‹les\"izentini
Contra-Revolução, vol. 5 (A política internacional), 1975; A. F. de Oliveira Freitas po itica externa do regime militar brasileiro. 1998: Paulo Roberto d ' A1 'd-
_ Geopolítica Bandeirante, 2 vols., 1975; Stanley E- Hilton _ O Brasil e as Grandes _ Relações internacionais e política externa do Brasil 1993 J I C I c Línei zi
' . , _ ` 1 " ` i
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- _ ' ' ¬ ; ni- ›
ã política iiorte-americaiia, in O Brasil na Década de 70, organizado por Riordan ejose Calvet de Magalliaes _ Depois das Caravelas. As Relações enire Poítiigfalliii
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. , La. Plata.
. , Informe Geopolitico (1816),
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_ _ _ .F 11
I
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1977' Mário Monteiro de Almeida _ Episodios Historicos da Formaçao Geogra ica E
organizadores Raul Mendes Silva e Clovis Biigagão, 2001; Afonso Arinos Fillircis-Í-Í
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Mattos _ A Geopolítica e as Projeções do Poder, 1977; Geiieral Golbeiy do Couto -o-w-z¬v- ,.
1.
arão 1912-1964 2 0 - - - . `
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e Silva _ Geopolítica do Brasil, 1967; Paulo Schilling _ E1 Expansionismo Brasi- ir
Econômica
2 Este no Brasiil ,HO2()101Paš1l0
tratado Roberto de_
en , €rg10hDa.nese Almeida __F0rmaÇa°
Diplomacia Presidencial, da Dlplomafifl
1999-
ni

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L. Ascher _ Brazil's Future Foreign Relations, in The Future of Brazil, coordenado descobrir abaixo das CIãnáziiasiei?l(;e'c1Zi a P0nugal-aS terras, dçscobenas e Por
pertenciam à E 1 3 E 111116 (ff0m €XCÊÇao das proprias Canárias, que
por W`l1iam
i H _ Overholt , 1978 , págs 49 e segs _ ; Brady B. Tyson _ Brazil, m Latiii _lh d M d5l_331l 121)- A Espanha tambem reconhece como sendo de Portugal
American Foreign Policies. An Analysis _ Harold Eugene Davis, Larman C. Wilson as 1 gfifimflbulâ5611; e_ diäs Açores. A Santa Sé aprovou este ¡¿m¡ad0_
e outros, 1975, págs. 221 e segs.; Pedro Fernando Castro Martínez _ Fronteras descoímrtas A SÍPTIPÉÊ däfiflë) 20 Hätor do descobrimento direito sobre as terras
Abiertas: Expansionismo y Geopolítica en el Brasil Contemporaneo, 1980; Antonio amor O miflo de rã erta ai-a apenas um direito de preferência ao seu
Augusto Cançado Trindade ` `
_ Posições `
Internacionais ` do Brasil' no P l ano M u lti- - _ _ I propne ade era dado pela bula papal,
lateral iín Revista Brasileira de Estudos Politicos, ng 52,janeiro de 1981, pags. 147 n
E.
Q'
4. Por inumeras bulas. como a “ Exiiniae Devotionis” e a “Dudum Sequidem”
e segs ' Antonio Pereira Pinto _ Apontamentos para o Direito Internacional, 4 3ambas
Ponud Ê] 1493,
I Al exandre \lI continuou
' - -
a diminuir- e a revogar as doaçoes
_ _ '
feiras
vols. 1980 com introdução de Antônio Augusto Cançado Trindade;_]osé Honório I
4A8E _P¢ 05 papas que o antecederam-
i
Rodrigues ,_ B rasi`1 e Africa ; Outro Horizonte, 1982', Stanley Hilton _ Brasil-An _ xistem várias interpretações sobre estas bulas Para al n S
gentina, in Hélio Jaguaribe e outros _ Leituras de Política Internacional, 1982,
P á8 s - 101 e segs -›' Moniz Bandeira _ O Expansionismo Brasileiro, 1985; Ricardo
d.._i:;;.t;i§:f:
são Sim 1 . ,_
°“;r <G°“M>
- g'L1's ( taedler) elas

eglmer comem” outils (AÍHÊIUC lflèpe iu uma expediçao definitiva da primeira bula
sem M
Antônio Silva Seitenfus _ O Brasil de Getúlio Vargas e a Formação dos Blocos.
' ` ` ` simultânea” É de se recordonso al-Pia Cano) afirmam que h01‹Wfi'_UmH “Concessão
1930-1942 O processo de envolvimento brasileiro na 11 Guerra Mundial, 1 985',
M on iz Bandeira _ Brasil-Estados Unidos. A Rivalidade Emergente (1955-1988), '9*¬!"P.-_‹*¬_
V-
vi'n1¬~rlI ¬'!w*J-
nflfr|v›,~.-»¡ -'-
em 1533, declara que a riniileiiãl1331 alça Clemente Yníao negociar comia França
de Verazano O a a aiirm 21) lmer comem nao abmngla as descobertas
1989' Pedro Soares Martinez _ História Diplomática de Portugal, 1986; Sílvio com as terras.des‹ii)o1}a)ertas oi qlue a " u a apenas declarava que a Espanha ficaria
Meira _ Fronteiras Setentrionais. 3 Séculos de Lutas no Amapá, 1989; Synesio
(v. Lundoff Fahl u _ E1 Piinciepio
Segs). ia edmci
e aaiii) todas as
ibertad deterras que fossem
los Mares, 1974. descobertas
pág5_ 44 fz
Sampaio Goes _ Navegantes. Bandeirantes. . _ Diplomatas,
. 1991; Gerson
, Moura
S _
d
Sucessos e Ilusões. Relações Internacionais do Brasil durante e apos a egun a 4B. F . ' ° ti pv

Guerra Mundial 1992; Amado Luiz Cervo _ As Relações Históricas en tre o Brasil 'Ê

1;.
a Em5 .de
EraOd2iC(i)õ]ã_1õi',1ii1:iiC`)
d píllolípapa
fios. Julio
a _ spaiiha il Êeladebula
o direito Ea quea
passarem Pr-O P090”-
nos mares portugueses
e a Itália; o Papel da Diplomacia, 1992; Moniz Bandeira _ Estado Nacional e 6 É que pu esseni atingir -os seus dominios.
Política Internacional na América Latina. O contiiieiite nas Relaçoes Argentina- 7- Dv‹šr‹Ê)ade_qiie a distanciaÁe1rciitre as ilhas era peqii¢na_
Brasil (1930-1992), 1993; Valentim Alexandre _ Os Sentidos do Império, 1992; _ geixara
- . e por astiao
1'
1 nao sua niorrera
vez Sucessor.na rica e o .seu _sucessor,
_ -
o Cardeal D. Henrique.
Temas de Política Externa Brasileira ll, organizadores Gélson Fonseca júnior e ¡.

Sergio Henrique Nabuco de Castro, 2 vols., 1994; O Desafio Internacional. A I z

.AE
avançandospzäg liad, no Orileiltê,
' * r_espeitara_o
11210 ' -
que fora estipulado _
em Tordesillias,
política exterior do Brasil de 1930 a nossos dias. Amado Luiz Ceivo (organizador), :-¬-'r.›~ fv:f.I='i: 9 Ôbsp aRentro o que seria dominio de Portugal.
ii.
1994; Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão _ A revolução de 1817 e a Porque. ele ervrâvoíãäollqlqe Meiidoiiça
z queilia' uma ironia
- - no Tratado de Madri,_
História do Brasil, 1996; Arno Welling e Maria josé C. de Welling _ Formação
em paz. *P 1 3 Slleffa na AITICYICZI, quando a Europa se encontrava
do Brasil Colonial, 1994;]osé Honório Rodrigues e Ricardo A. S. Seitenfus _ Uma
História Diplomática do Brasil, 1995; Manuela Mendonça _ As Relaçoes Externas E -*z-.:'1T7
vg.
QA. E ` 15311133; era considerado
conquistaüí - - - - a Portugal,
prejudicial _ porque consagrava a
de Portugal nos Finais da Idade Média, 1994; Paulo G. F. Vizentini _ Relaçoes -1
,__
r
1808 Ri ça e jurunienha (na Europa) pela Espaiiha. D. joão V1, em
Internacionais e Desenvolvimento, 1995; Clodoaldo Bueno _ A República e sua |_'
, 110 o de janeiro, o declarou nulo-
Política Ex_t_.erior (1889 a 1902), 1995; Shiguenoli Miyamoto _ Geopolítica e Poder
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-L.-."-` _
1105
zêi-iai;

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2-O o Dl ‹› .iilbitro so pode decidir por equidade sc receber po-rlaezz, z›xpr¡›__<¬,5Q_q


10. V. capítulo XXXVIII. Pílffl 1510, 0 que iiao houve no caso.
11. Esta questão não interessa diretamente ã matéria ora estudada, mas é de um coPorK oiitrolal
t o. ' 1`avcrnir
` assinala
-' - que ha' uma. tendencia
- - nos .juizes
, _
de aplicarem
iniportãncia para o Dl. .
_ unit novo que corresponde a consciencia juridica de siia epoca a casos
S ' u ` ,,_› _ _ Í _ - , ”

12. Podemos acrescentar que Canning, primeiro-ministro inglês, era defensor anteriores a formaçao deste costume-
das antigas colônias do Novo Mundo. I 21. Alguns aiitores narram fatos que demonstram ter o rei da Itália dzldg O
13. A razão deste pagamento tem sido objeto de disputas entre os estudiosos audo sem a imparcialidade que se espera de um árbitro.
da nossa história. Hélio Viana e André Gonçalves Pereira sustentam que nós 21A. Diirante a União das Coroas lbéricas a Espanha não cuidou da Amazônia,
assumimos uma parte da dívida pública portuguesa. Lafayette Rodrigues Pereira o que permitiu o avanço de Portugal.
e H. Accioly sustentam tese contrária, afirmando que o pagamento tinha por objeto 'i
_ 22. Este maaéo
p_ 'l'
utimo ” outros elaborados por Duarte da Pome
de tres
indenizar D. joão VI pelas suas propriedades deixadas no Brasil e, ainda, para R1`_q_droâ pãr Isaltino jose Mendonça de Carvalho em 1860. Serviu de base para
atender a algumas reclamações de cidadãos portugueses. Essa última interpretação ¿_.Í;-.‹
.-_t o r ata 0 e 1867. Estes mapas foram organizados- para auxiliar
- - as negociaçoes
. _
parece-nos ser a mais certa no caso brasileiro, apesar de ela não estar de acordo de Rego Mâinteiro. Uma destas linhas era de cor verde. Existem linhas de cor
com a doutrina predominanteidq Dl na matéria. amare a e e cor ve nnelhâi. Eram meras hipóteses.
Tocantins ' ' -
Acrescenta ainda Leandro
14. A Argentina queria obrigar o Brasil a auxilia-la em uma luta civil que se R M . q_ue o m apa per eu o seu valor, tendo em vista
- - - de
que as negociaçoes
travava em seu território. É que Urquiza pretendia que o Brasil o auxiliasse a ego onteiro fracassaram. Alguns autores (Leandro Tocantins) consideram que
integrar Buenos Aires, que estava revoltada, na Confederação; Demétrio Magnoli
r;:”1--.-:;. _ »¬5_ .__
oma P ada linha verde nao ` exerceu -maior
* in-fluencia
' ~ - iio Congresso, tendo em vista
.
-- O Corpo da Pátria. Imaginação Geográfica e política externa no Brasil (1808- que ele demonstraria ser o territorio boliviano-
L
1912), 1997; Paulo Fagundes Vizentini - A política esterna do regime militar
;:
brasileiro, 1998; Paulo Roberto de Almeida -- Relações internacionais e política
externa do Brasil, 1998;]osé Calvet de Magalhães -- Breve Histórico das relações
Diplomãticas entre Brasil e Portugal, 1999; Samuel Pinheiro Guimarães - Qui-
nhentos Anos de Periferia, 1999.
1-i_4s1¡q_p_-
15. O Império pouco antes havia recusado proposta argentina semelhante.
16. Elas foram encontradas em Simancas por Xavier de Lima.
17. Na verdade, o direito brasileiro era perfeito e o internacionalista argentino
Ruiz Moreno conta que Zabellos dissera que “o culto da história exige afinnar
que o Brasil tinha razão na questão das missões” _ Assinala este mesmo intemacio-
nalista que a Argentina, ao contrário do Brãšil, possuía um material muito defi-
ciente para se defender. Podemos acrescentar que no recenseamento feito na
região contestada, em 1890, a sua população era quase toda brasileira e entre os
poucos estrangeiros não havia nenhum argentino.
17A. Gabriel Piza, -diplomata brasileiro na França, reivindicou que foi ele
quem sugeriu o governo suíço para ãrbitro.
l7B. Escreve Caio Prado junior: “ é por um concurso ocasiona] de circunstân-
cias felizes que toda esta região ao norte do rio Amazonas, no território atua] do
Estado do Pará, e que nunca ocupamos, com ninguém mais, coube ao Brasil- tt
Quando se discutiu`o_ Tratado de Utrecht (171?›)_e se abordou pela primeira vez
a questão dos limites setentrionais das possessões portuguesas na América, a ln-
glaterra tinha interesse em excluir a França do rio Amazonas, cujo valor estratégico
ela compreendia. Pleiteou então para seu aliado e vassalo o português, e obteve,
da França, vencida, o reconhecimento do domínio lusitano em toda a bacia do
'Hi -

Amazonas. E este título que valeu mais tarde ao Brasil, quando discutiu com a ¡-

França a soberania da região” (Formação do Brasil Contemporâneo, 1973, pág.


69). - J O-

18. Segundo Arthur Cesar Ferreira Reis a proposta brasileira de neutralização Q

é de 1842, mas ela só foi aceita pela Inglaterra em 1843.


19- Integravam a missão brasileira: Graça Aranha e Raul do Rio Branco.
1107
1--U›-iT.z
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1
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CAPÍTULO XL
Monos DE AQUisiçÀo Dis. Ti‹:RR1ToR1o.
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É MOD O_S ORIGINARIOS]

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1 407 _ Classificação dos modos de aquisição de terrirório,' 408 -
0cu¡bação.' oz) Conceito e elementos; b) Fundamento; c) Histárico,° d)
Teorias sobre o alcance da ocupação; e) Conseqüeucia da ocupação,' j)

É
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O denominado direito imertemporal; g) Conclusão; 409 - Acessão: a)
Definição e classijicação; Ô) Acessão natural; c) Acessão artificial.

/'"`\
f;§07- O Estado pode =›;f19_15.ii;tt._.tsrritÕ?te- 199!". .dãf¢r.‹:nteâ..m0.d0s. A «ias-
-~no1|qiI- .lI-\_|-., - siñcaçãó' deles, que vem do direito romano, através do direito privado,
mais adotada, é a de originários e dei'ivado§f
,_
Os modos ori§ qiiêflpêimitem a um Estado adquirir
territórioique não pertencia a nenhum outro Estado an tes da sua aquisição.
I-
Os modos derivados são os que permitem a um Estado adquirir terri-
tório qíiéifpêrtenciãñãoviutro Estado antes da sua aquisição. Nestes casos há
uma transferência de soberania, que não ocorre nos modos originários.
O território já tinha um dono anteriormente. `
p.
,FF A enumeração de quais são os modos originários e derivados não é
I”.-il'I¬-.1'›zI|1~-lvi

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1
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É feita de modo uniforme pelos doutrinadores-3 Para nós os modos originá-
. _ ¡ _Í rios são: ocupação e acessão.
; Os modos deiii-fados são: cessão, adjudica_ç_ã_o,`1 conquista e prescrição
I
- aquisitivaf' Na verdade, esta selšãirãção eiitrwéiós diversóbshiiiod-os não é rígida,
- .i. r--,_

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._,._¡._..¡¬-.-_, ., _ ›¬
unia vez que a acessão não se manifesta em todos os casos como modo
""H-¬-. -

'_ originário. Esta classificação só tem valor didático, porque na prática é


ft
1 *~~~»¬.difícil distinguir, por exemplo, a prescrição aqtiisitiva da ocupação.
Os modos de aquisição de território quanto ã sua natureza são trans-
'¬€T
vI¡_r-z-
li.
ferências de competência entre os Estados, ou, ainda, Ó estabelecimento
i' de competências por uni Estado em território sem dono, como ocorre na
ocupação (Rousseau). '
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l A ociipaçao foi coiisideratla por Hugo (zrotius como sento o c) Oliistórico da ocupação tem sido dividido de iiiiiiieira uniforiiie
vertlitdiEii'o niodo originário e natural de aquisição do território. I
pelos estudiosos:-19 período _ o das bulas papais; 29 _ 0 dg (Iii-cito da
a) A ocupação aqui estudada deve ser distinguida da ocupação militar, descoberta; 3'-' _ o da influência do direito romano e da efetividade; 4”
porque esta última não é modo de aquisição de território, vez que ela não _ o que se inicia com o Tratado de Saint-Germain.
dá ao ocupante direito de soberania sobre o território ocupado. 19 Período _ o das bulas papais _ Como já vimos, houve um período
A ocupação, modo de aquisição de ter_i_~i`_tóriqo, toniadade posse 1.'_›_QI` na História em que os papas 'doavam as terras aos príncipes cristãos. Nesta
l

uiif ftefri `t"ó'i_"'_i_õ'"qiië ` inãiómpi-Írie ii ça_ a outro Estado. época a ocupação não tinha valor, uma vez que o título de propriedade
'doutrina(Accioly) tem apresentado três elementos para que se das terras era dado pela btila papa] A jurisdição universal do papa era dada
configure a ocupação: pela doutrina cariônica medieval e formulada no século XIII por Hostiensis
1 _ ela deve recair sobre território “res nullius” ou sobre “res dere- e Augustinus Triumphus. Esta idéia foi combatida pelo Renascimento e o
licta”,5 isto é, que não pertença a um Estado.“^ lncliiem-se nesta categoria Renascer do D. Romano (H-johnson, in Colonial Brasil, coordenado por
os territórios habitados por tribos indígenas, mas que não perteiiçamza Leslie Bethell, 1987).
um Eitado “civilizado”. No caso do “Western Sahara”, a Clj, em 1975, Í

1 Para Bodin as bulas papais tornavam o rei da Espanha feudatário da


É
considerou que a presença de tribos nômades com tim certo grau de i Santa Sé- A defesa da existência de uma relação feudal está também em
9
organização política e social impede que o território seja considerado Weckmann. Entretanto, a opinião dominante (García Gallo) é de que tal
“terra nullius” (]. Crawford). Para Ammoun a noção de “terra nullius”, não ocorreti.
desenvolvida após a Conferência de Berlim (1885), sentiu parajustificar a O papa começou a perder a sua supremacia na segunda metade do
divisão da Africa.°B Pode-se acrescentar ainda que ela negava os direitos século XVI.
das populações indígenas, sob a alegação de que elas não eram Estados. Na América, devido aos corsáiios e piratas franceses, holandeses e
i
Segundo Bedjaoui “res nullius” era, no direito romano, o que não era _' ingleses no Caribe, bem como ein virtude de estabelecimentos destes países
romano; na Idade Média, o que não pertencia a um soberano cristão; no no Canadá, Virgínia, Guiana, etc., a Espanha foi obrigada a abandonar os
século XIX, o que não pertencesse a um estado civilizado europeu e “nao --H›,.-u_.-41_.- z._ -.
direitos que as bulas lhe tinham conferido. Em 1670 foi concluído o
organizado ou forma o modelo político-jurídico europeu”;. _ Tratado de Madri entre Espanha e Inglaterra, em que foram reconhecidos
2 _ a tomada de posse deve ser realizada por um Estado, uma vez \ os domínios ingleses na América (sobre este assunto, v. Mario Góngora _
Bite só ele pode adquirir território na ordem jurídica internacional; ` __) i
v
Studies in The Colonial History of Spanish America, 1975).
l

" 3 _ a posse efetiva, que deve assim reunir o “corpus” e o “animus”. 29 Período _ o do direito da descoberta _ Nesta fase a ocupação não
A efetividade, como requisito da ocupação, foi consagrada na Conferência l
tem ainda relevância para a vida internacional. O importante é a desco-
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de Berlim, em 1885.7 Ela não significa que o Estado necessite ocupar todos 1 berta. Tem direito às terras o Estado que as descobriu. O Papado, com a
os pontos do teriitório, bastando que o Estado ocupe locais do território Refonna, perdera a sua influência.” Não interessa a posse efetiva do ter-
para que possa dominá-lo (La Pradelle e Politis). Outros autores (Kntoko- ritório; é suficiente a tomada de posse, por exemplo, com a colocação de
letz e Fauchille) têm apresentado ainda outro elemento, que é o da rioti- um estandarte.
ficação, que teria a vantagem de evitar conflito, uma vez que estabeleceria t 39 Período _ o da influência do direito romano e da efetividade _
i
sempre qual era o primeiro ocupante. Na verdade, esta vantagem e apre O descobrimento como meio de aquisição de território começara a ser
i
ciável; entretanto, ela perdeu muito do seu valor, já que atualmente nao criticado, porque o seu conceito não era fixado: era apenas ter visto ou
existem territórios a serem ocupados-“ Nos dias de hoje não existe norma necessitava ainda ter desembarcado nas novas terras? O descobrimento
passoti a ser considerado, _diante disto, um título embrionário (“inchoate
de DI que consagre a notificação como requisito da ocupação.
b) A questão do fundamento da ocupação tem sido abandonada pelos title”), que não era suficiente para dar ao Estado descobridor um direito
definitivo sobre as novas terras." No final do século XVI, a França e a
modernos doutrinadores.” Ele pode ser resumido em que'é um fato, que
Inglaterra já negavam que o descobrimento sozinho desse direito ao ter-
reunindo certos elementos produz efeitos jurídicos. Na verdade, o fuiida-
iitório. ~
mento último da ocupação é norma internacional que a consagra. Ela dá -i-04_1.-iq,v-.zu_iø-.m_n.

No século XVII, Grotius leva para o DI os requisitos do D- Romano


ao fato que reúne certos requisitos o poder de produzir efeitos jurídicos.
para a ocupação: a) o “animus” (isto é, o elemento subjetivo: a “intenção
E tal norma existiria porque não interessa para a sociedade internacional
de adquirir”) e b) o “corpus” (isto é, o elemento material; “a realização
que territórios fiquem sem aproveitamento.
desta vontade por uma tomada de posse material” ).”
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A efetividade da ocupaçao veio encontrar sua consagraçao definitiva vidade teve pouca relevância; ci) lntimeras teorias procuraram lixar a área
na conferência africana de Berlim, onde se reuniram 14 Estados (Alema- abrangida pela ocupação e tiveram um papel preponderante até o Ato
nha, Bélgica, Itália, Rússia, Grã-Bretanha, Suécia-Noruega, Portugal, EUA, Geral de Berlim, que foi exatamente uma reação contra el-a5_
Áustria-Hungria, Dinamarca, Turquia, Paises Baixos, França e Espanha). Teoria da contigiiidade _ declarava que o Estado que ocupasse de-
As suas reuniões tiveram início em 1884 e em 26 de fe°ve"í°eiro de 1885 terminado litoral ou uma ilha teria direito às ilhas adjacentes (Giuliano).'“
assinaram o “Ato Geral”, que se destinava a “regulamentar a liberdade de Teoria da continuidade _ o Estado que ocupasse o litoral teria dir-giro
comércio nas bacias do Congo e do Níger, como as novas ocupações de ao território que se encontrasse no interior.
territórios na costa ocidental da Africa”. Os requisitos da ocupação no Teoria do “hinterl-and",'7 ou das zonas de influência _ tem o mesmo
litoral africano foram determinados nos arts. 34 e 35 do Ato Geral. O art. alcance e significado da teoria da continuidade. Entretanto, a palavra
34 fixou uma condição, de forma que era a notificação. O Estado, ao “hinterland” visa mais a região que for _`_'necessária' e natural” em 101-no
efetuar uma ocupação, teria que notiñcá-la aos demais signatários do Ato de um núcleo de ocupação. já a expressão “zonas de influência" surgiu
Geral. A condição de fundo foi estabelecida no art. 35: a ocupação deveria na prática diplomática para designar certas zõnas que ficaram “reservadas”
ser efetiva. O Estado deveria dominar o território ocupado. ' a determinados Estados. Esta teoria, de qualquer modo, leva a uma ocupa-
Procura-s_e com este requisito eliminar teorias da natureza política que ção fictícia. Ela foi consagrada em diversos tratados.
procuravam justificar as ocupações lictícias (ex.: teoria da zona hidrográ- Teoria da meia distância - a linha divisória entre dois pontos ocupados
fica). A efetividade, entretanto, não era exigida para os protetorados, onde no litoral por Estados diferentes, cujos limites são incertos, deverá ser a
se necessitava apenas de notificação. Surgiu assim a figura do protf-:t01T21d0 linha 'da meia distância.
colonial, que permitia às grandes potências colocarem sob sua influência Teoria da zona hidrográfica - o Estado que dominar a embocadura
grandes áreas territoriais sem necessitar de fazer nelas uma ocupação de um rio tem direito a toda a região banhada pelo rio e seus afluentes.
efetiva.” Apresenta ainda uma outra formulação: o Estado, ao ocupar o litoral, teria
O alcance do Ato Geral de Berlim é contudo limitado: a) ele só direito à região localizada entre ele e o divisor de águas dos rios que
obrigatório para os seus signatários; b) só se refere ã costa africana e c) s O\fih deságuam no litoral ocupado. Esta teoria, evidentemente, não se aplica
é aplicável ã ocupação que venha a ocorrer no futuro. quando já existe ocupação por outros Estados na região. Em 1805 os EUA
Entretanto, a efetividade da posse pela jurisprudência e prática inter- (john Quincy Adans) ocupa a Luisiana, afirmando que quem tem a foz
nacional passou a ser aplicada a outras regiões do globo. Dentro desta de um rio tem direito a toda a sua bacia (Marc Ferro - História das
orientação, o Papa Leão XIII, mediador na questão das ilhas Carolinas e Colonizações, 1996). '
Palaos, entre Espanha e Alemanha, reconheceu» à Espanha direito às ilhas Teoria da zona orográfica - praticamente não encontrou aceitação.
(1885) com base nos seus direitos históricos,“ mas instava para que a Ela procura dar às montanhas o mesmo papel que a teoria da zona hidro-
Espanha tornasse a sua ocupação mais efetiva. A Inglaterra e a Alernanha, gráfica dá aos rios. '~- '
de comum acordo, passaram a aplicar efetividade no interior da Africa, Teoria dos limites naturais _- o Estado teria direito ao território que
como na região do lago Chade. constituísse um todo homogêneo com o litoral ocupado.
49 Período -- o que se inicia com o Tratado de Saint-Germain -`-- Foi I
Estas teorias só tiveram uma finalidade: a ocupação do continente
o tratado de Paz com a Austria após a lã Guerra Mundial. Concluído em
africano. A sua aceitação na doutrina foi mínima e atualmente não apre-
10 de setembro de 1919, revogou os arts. 34 e 35 do Ato Geral de Berlim.” -HpI|n_4g`.i-àipt-q_|

sentam qualquer valor. _ ' '


Tal fato decorreu, como já dissemos, da ausência de terras a serem ocu-
e) A ocupação apresenta para O DI algumas conseqüências importan-
padas. E mesmo de se assinalar que as únicas regiões ainda a serem ocu-
tes: 1) o território ocupado_'passa a fazerparte do território do Estado
padas eram as polares, onde exatamente o princípio da efetividade não
ocupante; 2) o território ocupado entra no âmbito do DI, uma vez que
podia ser aplicado.
ele passa a integrar o território de uma pessoa internacional; 3) o ocupante
Ch. Rousseau observa que 'o princípio da efetividade passou a ser
abandonado: a) na doutrina, que passou a sustentar não ser necessária passa a ser responsável internacionalmente pelos atos que nele ocorrem;
uma ocupação molecular; b) na Convenção de Saint-Germain, que revogou 4) o território não pode ser -ocupado por outro Estado.
o Ato de Berlim; c) nos litígios sobre ás ilhas Spratly, em 1933 (França e f) O princípio intertemporal significa que, quando existe um litígio
japão), nas ilhas Paracels (1938 e 1947), entre a França e a China, nas internacional sobre a ocupação de um determinado território, aplicar-se-á
ilhas de Cantão e Enderbury (1937-1938), entre EUA e Inglaterra a efeti- o direito vigente na época da ocupação.

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Ajurisprudência e a doutrina usam da expressão “período crítico"_'“ territorial do alto-inar). A soberania do Estado se instala autoinaticaineiite
“no sentido que a decisão de um modo ou de outro se fundameiitaiiai nestas illias, corno ocorre com os acréscimos territoriais provocados por
largamente no que seria considerado a posição do Estado aquela data' aluvião. Neste caso estudado, há aumento territorial, porque estas ilhas
(jennings). Assim, na arbitragem da ilha de Palmas, os EUA afirmavam possuirão mar territorial próprio.”
que haviam recebida a ilha da Espanha no Tratado de Paris de 1898. Em Ogdjesviouclo lei_tp:dçi;ii§lé outro caso em que a acessão não é modo
conseqüência, a questão consistii"ia'em saber se a Espanha tinha soberania origiiiario dievãijúisição, más' sim um modo derivado. Se o rio é navegável
sobre a ilha naquela data para que pudesse uansfeii-Ia.'“ e o seu leito se desvia, tem-se pacificamente admitido que o limite dos
Entretanto, este período crítico não é possível ser estabelecido em dois Estados acoinpaiiliará o leito do iio. Se o desvio trouxe aumento
todos os litígios, porque muitas vezes só é possível fixar a data em que ele considerável de território, o beneficiaiio disto deverá indeiiizar o outro
foi, por exemplo, submetido a arbitragem. _ _ Estado. A grande questão está em saber como proceder nos rios não
De qualquer modo, ele não deve ser determinado de maneira a priori navegáveis. A doutrina está dividida: uns (Bluntschli) consideram que o
mas deve ressaltar da análise da questão. G limite deve pei'iiiã.n_ecer no leito seco (nãohaveiia neste caso aquisição de
g) Aréchaga, após analisar ajurisprudência internacional sobre ocupa- território) ,23 outros (Anzilotti, Accioly) consideram que o limite deve acom-
ção, fixa as seguintes conclusões: l) a posse 'efetiva por meio de núcleos paiihar o novo leito do iio.” Esta segunda opinião nos parece ser a mais
O

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de ocupação foi substituída pelo exercício “de funções de governo no acertada, uma vez que o Estado pode ter interesse em conservar a sua
0

territóiio”; 2) a ocupação implica no “dever de proteger os direitps de fronteira no curso de água e mesmo a navegação não é a única finalidade
outros Estados e de seus nacionais, assegurando a estes a proteçao minima H-.-_. ._¬,¡-_. _,. _, ., _ dos rios.
exigida pelo DI”; 3) a “intenção da posse” , isto é, o ocupante deve assumir A jurisprudência iiiternacional registra sobre acessão natural um caso
no território ocupado “a mesma aiitoiidade e responsabilidade perante dos mais interessantes, que é 0 “El Chamizal”, entre os EUA e o México.
os demais Estados, que possui em relação ao seu território oiiginário”; 4) i
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É
O baiico de teria (600 acres) “El Chamizal” teria passado para os EUA
os atos de particulares na região não conferem direito a ela, a não ser que por avulsão (segundo o México) ou por aluvião (segundo os EUA).25 O
eles estejam agindo em nome de um Estado; 5) a efetividade será exigida tratado de liinites fixava que a fronteira entre os dois países seiia o talvegue
conforme a região ocupada, levando-se em consideração se é região habi- do Rio Grande. A decisão arbitral (1911) foi salomônica, afirmando que
tada n_u\não, se é acessível ou inacessível, etc.2° as alterações até 1864 tinham ocorrido por aluvião e assim pertenciam aos
tZÍf09._ ta) A acessão é um modo que se originou no direito privado, como EUA, enquanto as posteriores modificações teriam ocorrido por avulsão e
dem"õ`íist.ra a sua denominação. De um ,modo geral, a regra básica. do pertenciam ao México. Os EUA se recusaram a cumprir a decisão, alegando
Direito Civil neste assunto é também aplicada no DI: “acessoiium sequitur que o tribunal não poderia dar uma decisão por eqüidade.” A questão só
piincipali” ou “accesio cedit piincipali” (“a coisa acrEsçid_a__`segu_e_¶aL§_Qi:_t<fz veio a ser definitivamente resolvida por meio de um tratado entre os dois
da coisa principal”)- ""*""T”“ ^ países, em 1963, onde foi feito um acerto de fronteiras entre os EUA e o
FH".-"b)` IA"'a'c`e'ssã`õiiatural pode ocorrer em virtude de quatro fenomenos: México. ._
aluvião, avulsão,oco'i"re
apare_ci_i;nçi_1tQ, Ç1¢..Í..1_h._'f-*rã C) A acessão artificial é o aumento de território provocado pelo tra-
..O nas fronteiras deÊ água
d9§l"i°_e (_3lé_<,)__.o_1,*aumento
`Í5i,t,(.) d__° rio' territorial ›--r-- z-. ¡- ¬_;.-¬_|›-; -|.-¬z› -. uF,¬m.-_--.

balho humano. Exemplo: aterros, diques, etc. O aumento territorial ocorre


provoca onifaturalmente e de maneira gradual por “aterros naturais”. porque o mar territorial será medido a partir destas construções. Se tais
Agfávulsao*-é o aumento territorial provocado por um fenômeno natural -|-›¬. , -._¬.
construções são realizadas nos rios, não há o referido aumento, ocorre
em quêúpléldaços de terra se desprendeni de um Estado para se localizarein apenas que o território fluvial se transforma em território terrestre.
em outro Estado. Ao contrário do aluvião, que é um fenômeno lento, a
avulsão é um fenômeno rápido A avulsão não é propriamente um modo š
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1
originário de aquisição do território, uma vez que as terras já possuíam
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outro soberano e se tem mesmo afirmado que o beneficiário deverá pagar i-'
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uma indenização (Louter, Oppenheim).21 Ú'

um fenômeno comum no Oceano Pacífico,


cujo leito 'possui inúmeros vulcões. Se a ilha surgir no limite do mar ...,,.›-F

territorial do Estado, ela passa a estar sujeita à sua soberania, e o mesmo


ocorre se ela aparecer na linha de respeito (linha que separa o mar

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NOTAS 9. Entre os mais antigos doutrinadores podemos mencionar: a) os territói'ios


que não fossem apropriados perteiiceriam eiii comum a todos os Estat.los_ :i ocup;¡_
ção teria surgido para acabar com os inconvenientes desta "comunlião" ((`-rotiiis);
1. Gaston jèze - Etude Théorique et Pratique sur l'Occtipation, 1896; (Ili. b) o seu fundamento estaria no direito natural precisamente na igualdade dos
Salomon - L'Occupation des Territoires sans Maitre, 1889; R. Y._]ennings -- The Estados z(V‹attel); c) 0 seu fundamento seria o direito de existência, o Estado p-,zm
Acquisition of Territory in lnternatioiial Law, 1963; António Amaral de Sampaio sobreviver poderia se utilizar dos territórios sem dono (K1uber); etc.
-- A evolução histórica da ocupação ein Direito liiteriiacional, in BSBDl,jaiieiro- 10. Autores católicos, como Vitória, criticaram a atribuição de terras pelo papa
dezembro, 1958, ngs 27 e 28, págs. 70 e segs.;_]. P. A. François _ Réflexions sur por meio de btilas.
l'occupation, in Recueil d'Études de Droit International en 1-lominage ã Paul 11. Huber. no caso da ilha de Palmas (1928), declarou que "o título embri0_
Guggenheim, 1968, págs. 793 e segs-; Arthur S. Keller, Oliver_]_ Lissitzyn e Frederick nário da descoberta deveria ser completado em um período razoável".
_]. Mann - Creation ofkights of Sovereignty through Symbolic Acts 1400-1800, 12. Para Grotius, descobrir (“invenire") significa também “aprender” (\i'¿z_›r_
1967.
dross). __
2. Outras classificações podem ser registradas: ar.) naturais (acessão) e b)jurí-
13. Sobre o protetorado colonial, v. capítulo XXXIX.
dicas (os demais), é a de Rivier; a) jurídicas (ocupação, cessao, prescriçao aquisitiva 14. Alguns autores (O'Coiinell) falam ein " direitos históricos” como niodo
e adjudicação); b) geográfica (contigüidade); c) histórico-política (conquista), é a
de aquisição de território. Esta expressão significa para o internacionalista atistra-
de Rousseau. _ _ _ liano que um “título foi criado em derrogação do D1 através do processo histórico
Podemos mencionar com interesse meramente histórico os modos antigos de
pelo qual um Estado consolidou uma jurisdição originalmente ilegal e com isto
aquisição de território: casamento, sucessão hereditária, doação e o instituto me-
concordou a comunidade das nações". Este modo se manifesta acima de tudo em
dieval em que um senhor cedia parte de seus territórios em troca de proteção territórios marítimos (ex.: baías históricas) e estaria consagrado najurisprudéncia
para o resto de seu território, etc.
da _C1_] no caso das pescarias anglo-norueguésas. A prescrição ocorreria em terri-
3. Os modos originários são: ocupação, acessão, conquista e prescrição (Bon-
torio pertenceiite a um Estado, enquanto os direitos históricos ocorreriam em
fils); ocupação e acessão (Lawrençe); ocupação (Despagnet); etc. território “pertencente” ã sociedade internacional.
4. A adjudicação também nem sempre é modo derivado.
15. Fauchille considera que este período é uma regressão em relação ao
5. Alguns autores (Verykios) assinalam que a prescrição pode ocorrer em anterior.
territórios sem dono, e dá este doutrinador um exemplo: em território que o _1_6_A contigúidade é considerada por Rousseau como modo autônomo de
Estado ocupa, mas não se sabe se ele tem dono ou não. A ocupação poderia ser aquisicao territorial; é o modo geográfico na sua classificação. Ela se manifestaria, ln

contestada, o que não ocorreria com a prescrição, que resolveria a questão. Neste entre outros modos, no sistema das zonas de influência utilizado pelo imperialismo,
caso não se sabe se a prescrição teiia sido modo originário ou derivado, isto é, se etc. Na verdade, a contigüidade sozinha não dá território ao Estado, uma vez que
o territóriojá teria dono ou nao. zona de influência não ê integrada no território estatal, bem como o "liin'ter1and"
A grande confusão entre a ocupação e a prescrição é que no DI as palavras é manifestação da ocupação, como veremos- Neste mesmo sentido, que a conti-
muitas vezes não são utilizadas no seu verdadeiro sentido (O'CoiineIl). A distinção güidade não é um modo autônomo mas “aspecto da posse” zjennings. Finalmente,
entre os dois institutos é que o segundo, para produzir efeito, precisava de uma
I-

podemos acrescentar que esta distinção entre contigüidade e continuidade não é 'o

posse por longo tempo. Entretanto, ao lado desta, podemos acrescentar que a uniforme na doutrina. Aqui adotamos as caracterizações de Giuliano. Entretanto,
prescrição visa extinguir os direitos de um outro Estado no território. Ela ocorre autores recentes (P.-M. Dupuy) ainda falam em contigüidade em relação ãs regiões
em territórios que já possuíam dono. A hipótese de Veiykios é válida, mas se polares e aos Estados vizinhos. _
apresenta raramente, o que não invalida a prescrição como modo derivado. _ 1'7__"1-linterland" é um termo de origem alemã, que significa “região do
6. A Inglaterra, quando ocupou a ilha da Trindade, alegou que ela era “res interior”. _
derelicta”. Entretanto, o Brasil demonstrou que nunca tivéramos intenção de 18. Max Huber foi o primeiro a se utilizar desta expressão na arbitragem do
abaiidoiiá-la. Para que se confirme a “derelictio” é necessário não apenas o aban- litígio da ilha de Palmas- _
dono material do território, mas também a intenção de abandoiiá-lo. 19. O que ocorre depois-daquela data não alteraria a questão. 0»

6A. Tem-se considerado com toda razão que um território ocupado por po- 20. Neste caso ocorre a distinção de O'Coniiell entre “ocupação iiiiediata” e &

pulações nômades não deveria ser “ res nullius”. A tese imperialista é que sustentou “ocupaçao por consolidação”. Esta última ocorreria ein graiides extensões (ex.:
posição contrária (Bedjaoui). Austrália) e só com o tempo poderia o ocupante vir a dominar por inteiro o
6B. M. Bedjaoui traça a seguinte evolução: a) ein Roma e' “iiul1ius" o que não território ocupado.
é romano; b) nos séculos XVI e XVII é “nullius” o que não pertence a um soberano
.-
21. D_iversos autores (Fiore, Vattel) observam que ela acaba sendo no fundo
cristão; c) iioséctilo XIX é “nullius” o que não pertence a um Estado civilizado. uma cessao. Esta posição, se tem um aspecto verdadeiro, não é inteiramente
7. O “uti possidetis de facto” na América é a consagração da posse efetiva. acertada, uma vez que neste caso a cessão seria obrigatória em virtude de princípio
. \'.

8. Sobre as regiões polares, v. capítu_lo XLII. _


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de DI, porque o Estado de onde se despregarem as terras não tem o direito de
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ë:=t*-.t=.fz'_=:.-.~:z=s~.-z - _-._'.. t 2.
-
se instalar iio território do oiitro a t eg'
zaiido q ue aquelas terras são suas. Ora. na
- - . ` " da. Entretanto.
acessao, como vt-reinos, nao existe norma como a acima enuncia _ __
.| ¬ ¬ '_ 11 1 ' ' z - G.
no caso 1^.l (.h:iiniz.al o Mcxico ficou com tim banco de terra q
no lado dos EUA. _ _
22 Sobre as ilhas, pode-se acrescentar que, S6 Cl21S Sufgíffím no 3 l°'m3f~
, - ` - - ¬ ` ' ' ' referência sobre
P roxiiiio ao -iiiar territorial
~ ' o Estado
` costeiro tem. direito
. de p -
c steiro, elas
elas. Se surgirem iio alto-inar, loiige do mar territorial do ESIZKÃO _0
- _ , - ' ao Estado
necessitarao ser ocupadas. Se as ilhas surgirem nos rios, elas pe_rt_encerao _
~ ' estatal nao é
a que pertencer aquela porçao do rio._ Neste caso, _o_ territorio
propriaiiieiite aumeiitado, não sendo assim uma aquisiçao de territorio. _ _
23. Os EUA e o México, em uma convençao de 1884, afirmaram que o limite › CAPÍTULO XLI
seria o talvegue do Rio Grande, ainda que ele viesse a se desviar lentameiite por _ _ ,_ _
erosão. , MODOS DERIVADOS DE AQUISIÇAO DE TERRITORIO
24. O Brasil, ao fazer com o Uruguai a demarcação no Gliui, afirmou que a
fronteira seria iio rio, mesmo em caso de desvio de seu leito. _
25. As conseqüências das duas teses eram as seguintes: pela norte-amencana.
seiido o “El Chamizal” formado por alu'vião, deveria ser aplicado o tratado de i 410 -- IittroduçrIo,' 411 _ Cessão; 412 -- Adj'u.dz`ca.çáo; 413 --
Presciiiçâo aq'm`_sz't!iÍva,' 414 -- Conquiírza.
1884, isto é, os limites acompanhariam o novo leito do rio, e tal fato estaria d_e
acordo com o espírito do tratado. já segundo o México, o “El Chamizal" sena
formado por avulsão e, em conseqüência, a fronteira deveria acompaiihar o banco i _4_10.l Os modos derivados de aquisição de território são, como já dis-
“El Chamizal". _ _ _ _
26. Arécliaga considera que o Tribunal tinha competência para dar a decisao
semos, aqueles em qi-ie.õicõifreliiiiiiãhläiilšftufitëii cia de soberania. O território
que proferiu se for levado em consideração o preâmbulo da convençao de arbi- adquirido possuía um dono aniteiiõlrnièiiiléli iM':'S:¬'-`fl;;iSF3'
tragem, onde se estabeleceram os poderes do árbitro. São modos derivados: cessão, adjudicação e pi*esc£içã2__aqu_i_sitiva. A
História revela ainda a exisféficia deFiimFouti'o: a conquista.
Finalmente, podemos observar que iio caso de iérrilórios contestados
l 1
tem-se admitido que os terceiros Estados devem considerar como “sobe-
rano” aquele que tem a sua posse.
_' A___c__e§_ã_c_›_ de território decorre de um acordo entre dois Estados,
em qüe é determinada a entrega de um território por um Estado (cedente)
a outro (cessionáiio)-2 Na cessão liá uma transferência de soberania. É uni
modo de aquisição de .território que veio do D. Privadof* Í_
A cessão pode se apresentar sob três aspectos: a título oneroso, a título
gratuito e p_‹;:__r_iiii_tita. """""'""""`
*W-ffcessão a título oneroso tem inúineros exemplos registrados através
da História: a venda da Luisiaiia pela França aos EUA por 60 niilliões de
I
l francos (l803); o Alasca vendido pela Rússia aos EUA por 71200-000 dólares
(1 _3.‹\ '

_ Ou, ainda, em 1916, os EUA comprou da Dinamarca as ilhas de São


Thomás, São joão e Santa Cruz, nas Índias Ocicentáis, por 25.000.000 de
dólares. l
A cessão a título gratuito pode ser apresentar de duas maneiras: vo-
luntária e involuntária- A voluntária é raia iio miindo'_iiiternacional devido
ao egoísmo da política internacional; entretanto, alguns exemplos são
registrados pela História: a cessão da Lombardia ã Itália pela França (1859);
¬_ -¡%|_T-_í m-_‹.-¡z-.-_

` 1119
11:18 -
I
o Brasil cedeu parte da lagoa Mirim 'e do iio jagtiarão ao Uruguai, reco- lttiitlziiiieiito a eqiiitlatle, caso em qtit-:já se coiiligtirtt a aqtiisi(_'ã‹› de terri-
nliecendo que estes territórios perteiiciaiii ao Uruguai (Tratado de 1909). tório- A sentença é o "título pelo qual se adjudica o território" sobre o
A cessão gratuita involuntária é mais comum e iio fundo se coiifunde com qual o`F-sitatlo muitas vezes não tinha direitof'
a conquista hoje condenada na ordemjurídica iritei'nacioiial.* Nesta última A adjudicação, para alguns Estados, opera como modo de perda de
hipótese está o Tratado de Francoforte, em que a França cedeu a°Al'sácia tei'iitório_. por exemplo, a resolução da ONU retiraiido da União Sul-alii
e a Lorena ã Alemanha (1871). cana o denoniiiiado Sudoeste Africano, que ela considerava como território
A permuta é, como diz o seu iionie, uma troca de territórios. Esta nacional.
modalidade de cessão foi muito usada nas deliinitações de fronteiras (ex.: _ 418, prescrição aqti_i_s_iti_va, ou usticapião,'“ pode ser definida como
Brasil e Bolívia fizeram permuta de territórios no Tratado de Petrópolis), seiido o inóidio 'tleiaqiiisiição de um território “media_i_ite contínuo e não
ou, ainda, em política colonial (a Inglaterra cedeu a ilha de Helgoland - perturbado exercício de soberania sobre ele duraiite' um lapsoi-de ieiiipo
que fechava o acesso ao porto de Hamburgo _- ã Aleinaiilia em troca de "iiecieissáriõ-'paraiciiiiar sob a infltiên cia do des_eiitfolv'iiÉ;i_ento l_iistórico_ a c__o__ii_-
território e do reconhecimento do seu protetorado em Zaiizi bar, em 1890). vicção g`:ê?á[§Í_qTt`e'Íó".'§r"Ef§ê`nÍíë'e's'tãdo_Ade coisas está em__conformidade com
A cessão eiigendra algumas questões que têm importância para o DI- _‹;r_c_It=;_i_i_i___i_nter_nac_i_onalÍ'_(Oppenheim-Lauterpacht)_
A primeira delas é a que, diz respeito ao momento em que o cessionáiio Ela não tem sido admitida de um modo pacífico iio DI. Uma corrente
tem direito sobre o território cedido. Uma corrente (Bltintsclili, Fiore) (Pinto, Reuter, Sereni) nega a sua existência, alegando que ela só existe
I

sustenta que o cessionáiio só possui um título completo quando toma 1'


no D. liiteriio, porque ali há uma lei a consagrando. Outra a aceita (Accioly,
posse do teriitório, isto é, quando o território é entregue pelo cedente. Delbez) e obseiva que o direito de presciição existe independentemente
Outro grupo de doutrinadores (Verdross, Accioly) sustenta que o cessio- de uma lei o consagrando. Este instituto, que é da maior importância para
nário tem direito sobre o território desde que o tratado onde foi estipulada a seguraiiça das relações jurídicas, pert`énce ã ciência do direito (é tim
a cessão teve os seus instiumentos de ratificação trocados, isto é, a entrega piiiicípio geral do direito); em coiiseqüência, não é monopólio do direito
E
do território não é necessária. A entrega seiia apenas o “aperfeiçoamento” interno." A prática internacional tem consagrado este instituto, dando
da cessão (Verdross). Esta última posição é a que se encontra consagrada 1' assim razão à segunda coirente acima exposta: foi utilizado nos litígios de
l
I

na prática internacional? em 1859, a Austria cedeu ã França a Lombardia, fronteiras entre EUA e Inglaterra (Canadá). A própria jurisprudência in-
e a França, por sua vez, a cedeu ao Piemonte, sem dela tomar posse. ternacional já admitiu a prescrição: caso da Groenlândia Oriental, caso da
A outra questão diz respeito ao plebiscito, instituto criado em defesa ilha de Palmas, etc.” - -_
da autodeterminação dos povos. Pelo plebiscito a população do território O fundamento da prescrição aqtiisitiva tem sido objeto de debate entre
manifesta-se sobre a cessão.° _ os internacionalistas. Os mais antigos (Grotius, Vattel) alegai-'n_q_ue ela .é
A cessão não necessita ser reconhecida pelos terceiros Estados, a não «A A-;z-4_;. _I._
modo de aquisição de teiritório porque o Estado que deixa _um"territóiio
ser que estes sejam diretamente interessados por terem direitos envolvidos seu por loii__go espaço de tempo ser sub`i'iieti`‹`:-Ijq a oiitro ëídel presumir-se
iio território. Tëriel-e renunciãldoháõuseiu direito sobre este teriitóiio. Esta teoria não pode
E de se acrescentar que o cessionáiio só pode ter os direitos que š'Ê`í°"á`c'éiitiã- `piõ"rque',`se õiEstado aban donou os seus direitos em um território,
possuía o cedente. E nina regra do direito privado levada para o DI con- êTê"*šé'i-iã'"ii`"iii"a' “res derelicta" e, em conseqüência, haveria ocupação. Por
sagrada na jurisprudência internacional iio caso da ilha de Palmas. E a outro lado , se o Estado concordoti ein abandonar os seus direitos sobre
aplicação da máxima “nemo dat quod noii habet”. A cessão, sendo resul- um território, haveria uma cessão. Ein iienhuin dos dois casos haveria tuna
tante__..de tiiii acordo, deverá ocorrer entre Estados soberanos? prescrição aqttisitiva. A melhor concepção (Acciolv) é a que considera a
._412._A adjudicação é o único modo de aquisição de território no Dl, prescrição aquisitiva como modo de aquisição de território porqtie há um
cujzi`-denõ¬m'iii'ãiç`ã-õ não veio do direito privado, mas do direito público interesse do D1. A prescrição é necessária para dar tinia segurançajtlrídica
interno (Rousseau). Ela pode ser definida como o modo de aquisição em e, em decorrência, uma segurança social, que é uma das finalidades de
-.WA_ _¬'-«_. _

que 0 1*-f'›t=z.1s15i_.2i_‹i‹_¢it1.i_f_‹=z°_ t.s.rti1§_ti9_i29t_tíafldssãâãte -ds ..ti:it.›w.w1 .Oii óifsfëo I


l
qualquer ramo do direito. Ela terniina com as situações duvidosas, tornan-
-do-as estáveis. _ `
inte_i;;_i,a_Çiort23l¿8 l)li
bw Estas decisões sobre território nem sempre são modo de aquisição, A prescrição aquisitiva, para ser válida, necessita preencher determi-
uma vez que inúmeras delas apenas declaram- quem tem direito ao terri- nados requisitos: a) a posse deve ser efetuada por Estado soberano; b) deve
tório, reconhecendo direito preexistente. Neste caso, a sentença tem um ser pública; c) deve ser efetiva; ci) 'deve ser pacífica e ininterrupta (a
aspecto meramente declaratório_ Entretanto, as decisões podem ter por Argentina peiiodicanieiite protesta junto-à Inglaterra pela “ocupação das

11-120 _ 1121
ilhas Malvinas ou Falklaiids”). Salieiita Browulie que esta consideração No DIP iião se respeita o princípio “ex iiijuria jus iiori oritur" ‹; os
“elimina o tempo como um requisito especial", o que sigiiilica dizer que próprios impérios coloniais foram construídos por meio da cuiirjiiisia.
de certo modo é necessária uma aquiescêucia (pelo menos o silêncio) do como a lndocliina coiiquis_tada pela França. Eni 1864, a Rússia l`al;iv;¡ no
Estado a que pertence oii perteiiceria o território; e) a posse seja por seu direito de conquista em áreas na Asia Central, alegando que eraiii
determinado período de tempo. habitadas por povos atrasados, nômades e turbulentos, em coiiseqiiéiicia,
O último requisito enunciado acima é que terii levantado maiores a conquista visava 0 progresso da civilização-
problemas. Unia corrente (Grótius, Nys) fala em posse imemorial. Outra O direito de conquista, segundo S. Korman, a quem estamos seguindo,
(Vattel), posse de muitos anos. Outros (Dudlev Field) fixam em 50 anos. sofria certas limitações, corno quando ele ameaçava o princípio do equi-
Fauchille fala em 30 anos. Epitácio Pessoa, ein 40 anos. líbrio que regia a política internacional.
De fato, iião existe qualquer prazo delimitado na ordem jurídica iii- Nem sempre o Estado invoca o direito de conquista por não ser ele
ternacional. O prazo deverá ser fixado em cada caso concreto (Audinet), bem-visto na sociedade internacional, que é o caso da Inglaterra em relação
levando-se ein consideração as circunstâncias que o envolveiri.“* Havendo _ãs Malvinas.
a ausência de protesto, há, assim, a aquiescência, o que transfomia a Para haver conquista era necessário' uma intenção de conquistar.
prescrição eni praticamente uma “cessão disfarçada”. A conquista deixou de ser um modo de aquisição de território diante
Finalmente, podemos assinalar que a prescrição produz efeitos mesmo da condenação ã guerra. Havendo a renúncia ã guerra,'8 deixou de existir
quando existe no seu início um ato considerado “imoral” ,H como também consequentemente a conquista. A condenação da conquista não é novidade
ocorre no direito interno. Isto decorre da própria finalidade da prescrição na História do DI. Guilherme de Rochefort (1488), ao se opor ã submissão
que visa dar uma estabilidade ã ordem jurídica.” O Estado lesado que a da Bretanha, já afirma que a conquista não dá direitos. No período mais
interroinpa por meio de protestos. Podemos acrescentar que isto não recente esta tendência se manifestou, acima de tudo, no continente ame-
significa que o fato crie o direito. O fato só adquire este valor porque ricano. Neste sentido está uma resolução da Conferência Pan-americana
exi_§_t_e__1,i_m direito o consagrando nestas circunstâncias- de Washington (l890).'9 A Declaração de Washington (1932), que foi
WA conguista não é nos dias de hoje um modo de aquisição de dirigida ã Bolívia e ao Paraguai (questão do Chaco), pelos demais Estados
territorio, daí Rousseau apresenta-la como sendo um modo histórico-po- americanos, em que se afirmou que não seriam reconhecidas aquisições
lítico. Entretanto, através da História, foi o principal modo de aquisição territoriais efetuadas pela força.” Na Conferência Pan-ainericana de Mon-
de território, uma vez que a guerra não era proibida pelo DI. I
,i
tevidéu (1933) foi concluída uma convenção sobre direitos e deveres dos
A conquista ocorria após as guerras de duas maneiras: a) o Estado Estados, cujo art- 11 afirma não serem reconhecidas as aquisições territo-
vencido desaparecia (“debe11atio” dos latiiios ou “subjugação” dos autores -riais conseguidas por coação ou pela força. Na Conferência Pan-americana
ingleses)1° e o vencedor estabelecia a sua soberania no território do der- de Lima (1938) foi condenado o uso da força como “instrumento de
rotado; b) ou, após a guerra, o vencido, sem desaparecer, sem ocorrer a política nacional ou internacional”. A Carta da OEA também interdita a
“debelatio”," em um tratado obrigado pelo vencedor, cedia parte do seu conquista como modo de aquisição de território (art. 39, letra “e”, e art.
território ao vencedor. Neste caso nós temos uma cessão de território 20). No mesmo sentido está a carta da ONU (art. 29, alínea 45), que proíbe
obtida pela força- Alguns autores (Sereni) colocam a conquista no caso - -._- _. -_ _ .
o “uso de força contra a integridade territorial”.21
da “debellatio” como modo originário de aquisição, uma vez que o terri- A mais célebre concepção sobre o não reconhecimento da conquista
tório seria “res nullius" e o vencedor fará a sua ocupação. Entretanto o é a Doutrina Stimsonm Ela surgiu em uma nota de' Henry Stimson, Se-
território do vencido não é propriamente uma “res nullius”, uma vez que cretario de Estado dos EUA, endereçada ao japão e ã Cliina em janeiro
a soberania sobre ele foi destruída pela força, isto é, pela conquista. En- de 1932, afirmando que o governo norte-americano não reconheceria
quanto a conquista foi 'admitida no DI, exigia-se que ela fosse feita no “tratado ou situação” que fosse o resultado de uma violação do Pacto de
momento oportuno, isto é, ela não deveria ser prematura- Ela só produzia | Renúncia ã Guerra (Briand-Kellogg) de 1928. A sua origem está no conflito
1

efeitos se fosse realizada após a cessação das hostilidades; e se o Estado entre o Japão e a China, durante o qual ojapão ocupou a Mandchúria,
I
vencido continuasse a existir, deveria ser consagrada em um Tratado. S.
I

i onde acabaria por criar o Estado-tampão do Mandchuco, que só foi reco-


Korman afirma que para a conquista produzir efeito era necessário que o nhecido pelo japão e pelo Eixo. Foi usada ainda em relação ao Anschluss
território estivesse sob controle efetivo do conquistador. Isto era presumido e para o protetorado alemão na Tcheco-Eslováquia.
quando havia “debellation”,.ou a cessão por tratado de paz, ou, ainda, Esta doutrina recebeu algumas consagraçöes, como no art. 29 do Pacto
pela aquiescência do vencido. í ' -_ Saavedra Lamas (tratado antibélico de não agressão e conciliação) con-
'Qi-ai.- _-. ._. . _

‹ -. 'fi-'.
1123
.. -- ,›_--. .›.

-- .\
NOTAS
cluído no Rio rlejaneiro (1933). Foi aplicada najá citada guerra do Chaco
entre a Bolívia e o Paraguai e em inúmeros outros casos. Ela não funcionou
1. Maurice Costes _ Des Cessions de Territoires, 1944: Mario Miele -_1,';\gg1`ii-
iio caso da Etiópia, sendo que vários países reconheceram a Vítor Emanuel
dicazione di Territori nel Diritto Internazionale, 1940; P. A. Vervkios -_ ]_;¡ Pres-
Ill como Rei da Itália e Imperador da Etiópia. cription en Dro-it International Public, 1934; Roger_Pinto -- La Prescription em
A Doutrina Stimson, apesar das aplicações que teve, acabou por fra- Droit International, in RdC, 1955, vol. I, t. 87, pãgs. 390 e segs; Mzmhfizw M_
cassar. Rousseau, com muita razão, observa que ela se fundameiitava em Mclvlahon _ Conquest and Modern International Law, 1940; Bohdan T. Halzijczuk
um equívoco, porque o reconheciniento é simples constatação e nao im- -- Los Estados Conquistados ante el Derecho Internacional, 1950; Hans Weliberg
plica aprovação. Na piática, os Estados acabam por fazer pelo rnenos --- L'lnterdiction du Recours ã la Force. Les Principes et les Problêmes qui se
reconhecimentos disfarçados. A coiiquista da Etiópia pela Itália foi reco- posent, in RdC, 1951, vol- I, t. 78, págs- 7 e segs., Milton Katz - The Rgl.-;-wzmçe
nhecida por mais de 40 Estados. _ of International Adjudication, 1968; C. Vlfilfred jenks - The Propects of lmema.
Meyrowitz afirma: “em lugar da obrigação do não recoiihecinientq", tional Adjudication, 1964; Sharqn Korman - The Right of Conquest, 1996,
afirmado pela Doutrina Stimson, o direito positivo apenas acolheu “a nao _ 2. Ela não se confunde com a cessão administrativa, porque nesta o “cedente”
obrigação de reconhecer as modificações da ordem jurídica internacional continua com soberania sobre o território.
3. Alguns au-tores (Guggenheim) negam que a cessão seja modo derivado e
impostas pela ameaça ou o emprego ilícito da força”. ' _ _ _22
defendem que é um modo originário. Sustentam que o cedente “desoctipa” o
De qualquer modo, podemos afirmar que juridicamente a cionquista, , território e o cessionáiio então o ocupa. Na verdade, eles se esquecem de que a
seja pela “debellaiio”, seja pela cessão coercitiva de um territorio, nao e “desocupação” ocorre em virtude de um tratado, isto é, de um ato em que o
mais modo de aquisição de teriitório, uma vez que ela é condenada pelo cedente assume o compromisso de “desocupar” o território, mas em favor de um
DI positivo, como é o caso da Carta da ONU. determinado Estado (cessionáiio).
Na prática acaba por se reconhecer a conquista em nome do principio 3A. O A-lasca não era rentável para o goveriio russo. O Barão Stroeckl, repre-
da efetividade. sentante da Rússia, é que oferece a sua venda. A Rússia tinha por finalidade, ao
vendê-lo aos EUA, afastar os impérios coloniais rivais, como a Inglaterra e a França.
Os EUA por sua vez, tinham interesse em comprã-lo para tornar “precária” a
situação da Inglaterra no Canadá-
4. V. capítulo anterior.
I
\
5. Grotius assinalava que a entrega da coisa era necessária no direito interno
para dar a publicidade necessária e que no Dl não havia esta necessidade, uma
-vez que os tratados de cessão são logo do conhecimento dos demais Estados.
6. V.-capítulo XVIII.
7. Esta é a regra geral, mas ajurisprudência, acima de tudo, inglesa admitiu
casos em que os cedentes eram tribos indígenas.
\ 8. O Conselho da SDN atribuiu o território de Mossul ao Iraque, fundamen-
tando-se no Tratado de Lausanne.
9. Alguns autores (Miele) têm obsenfado, corn certa razão, que a adjudicação
é um modo originário de aquisição de território, uma vez que não há .uma trans-
ferência de soberania. Entretanto, devemos assinalar que a adjudicação, na verda-
de, pode ser um modo originário, bem como derivado. O primeiro caso ocorreria.
por exemplo, nos litígios sobre território “res nullius” ou “res derelicta”, enquanto
que o segundo caso já ocorreria nos territórios que não fossem “res nulliiis” ou
“res derelicta” (ex.: uma sentença por eqüidade da território que na verdade
poderia pertencer a um Estado e entregá-lo a outro Estado). E verdade que ainda
nestes últimos casos não há propriamente uma transferência de soberania, porque
a aquisição é feita exclusivamente com base na decisão, mas isto também não
apaga um fato incontestável: o território anteriormente pertencera a outro Estado
._
e a decisão teria provocado uma transferência de soberania.
10. Sobre a prescrição aquisitiva como modo originário ou derivado de aqui-
sição de território, e sobre a prescrição aquisitiva e os “direitos liistóricos”, v.
capítulo' Xl.
1
1125
.1`
ll. Le Fur assinalava ser a prescrição uma noção da razão e da justiça.
l2. Pinto considera que ajurisprudência internacional dá importância ao fato,
mas não consagra propriamente o instituto da prescrição- Este autor, que nega a R

prescrição no DI, declara que no fundo tudo é o' "costume" que inuda as regras
jurídicas, etc. A prescrição é “inútil”. A prescrição é instituto de sistemas jurídicos
evoluídos. O DI não teria o aparato técnico deste instituto como a fixação do Q Q

prazo.
13. O reconhecimento da situação pelos demais Estados, por exemplo, acelera
a prescrição, uma vez que a prescrição não será mais contestada (passa a ser
oponível) pelos autores do reconhecimento.
14. Em sentido contrário: Fiore.
15. Neste sentido: Hall. _
CAPÍTULO xtii
16. Neste 'caso ficou a Etiópia .derrotada pela Itália (1936).
17- Os elementos da “debellatio” seriam: a) o governo do Estado não exerce
REGIÕES POLARES'
mais poder efetivo: em conseqüência, o seu território passa a ser “ res nullius”; b)
“o vencedor se apodera de fato do território sem dono” (“ possessio” ); c) “ manifesta 415 _ J_Voç_¿-io; 416 - As regiões polares el o DI; 417 -- Aspectos
o desejo de submetê-la a seu poder soberano” (“animus”) (B. Halajczuk). econômicos, estratégicos e políticos; 418 _ O Artico; a teoria dos setores;
18. Sobre este assunto, v. capítulo XVIII. . 419 - O Antánico.
19. O Congresso do Panamá já afirmara o respeito ã integridade territorial
dos Estados americanos. Em 1829, Sucre teria proclamado que “a vitória não dá
direitos”.
20. Ainda em 1932, aAssembléia da SDN, em uma resolução, afirmou princípio ' 415, A conceituação de regiões polares não é questão pacífica entre os
semelhante ao da Doutrina Stimson- estudiosos. Alguns autores (Frank da Costa) consideram que o critério do
21. Diversas Constituições consagram a renúncia ã guerra de conquista, se- círct_i_l'qhpolar, isto é, o paralelo de 66933' de latitude, é falho, uiiiã“i1`é`z'q'u'e
guindo a tradição iniciada com a Constituição francesa de 1791. A Constituição Êíémdeixãriã fora das regiões polares áreas importantes como a Terra de
brasileira, no parágrafo único do art. 79, proíbe a guerra de conquista. Esta Graham. Outros defendem este critério (Mouton). Outros ainda (Nordens-
interdição 'é da tradição do direito constitucional pátrio; (A Constituição de 1891, 1
kjold) procuram determinar as regiões polares__p,el~a_ te_ni_p_er_z_r_tura. R. Brown
no art- 88, já a consagrava.) _ as caracteriza como sendo as regiões que n_ã__o_p_o§_s_tiem_ árvores; em conse-
2lA. Segundo H. Accioly a Doutrina Stimsõn teria sido forinulada pela pri-
qüência, haveria nelas uma “unidade geográiica”. Entretanto, este último
meira vez por Cincinato Braga (delegado do Brasil) na LDN, em uma emenda ao
critério não é fixo, uma vez que as árvores têm surgido em regiões que não
Pacto da Liga, e que propunha em relação ao autor da conquista “um bloqueio
as possuíam. A Antártica tem sido definida, segundo Neale Ronning, “como
jurídico universal”. . `
22- 1>~la_verdade, a conquista em si mesma já há longos anos não é considerada
IÍ a área ao sul-do paralelo de 609 de latitude sul, incluindo todas as banquisas
modo de aquisição. O tratado de paz é que dava o título para a aquisição. Neste de gelo”. E o critério consagrado no Tratado de 1959._]essup e Taubenfeld
sentido já se manifestava Vattel. definem a Antártica como a área ao sul do paralelo de 609-
Alguns autores (Rousseau, Giuliano) têm mencionado o critério dos
paralelos 66933”. Entretanto, é de se observar que o conceito geográfico
1.
nv
. .-
é de certo modo irrelevante para o DIP, como o demonstra o Tratado de
.-
1959.
U
Q. 416. Elas não são regiões passíveis de uma ocupação? como a que
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ocorreu nas demais regiões do globo; em conseqüência, o DI comum não
¡-
¡-
pôde ser aplicado em relação a elas. O que ressalta destas regiões é que
elas não podem ser objeto de uma ocupação efetiva.” Deste modo, elas
passaram a ser regulamentadas internacionalmente de maneira diferente
das"ou'-tras “ res nullius” existentes 'no globo terrestre, apesar de o conceito
'de efetividade não ser rígido. Questões políticas conduziram também a
,›
isto”, e a Antártica ainda niãõföi regulainen tada definitivamente.
-_-|'_...___._--í

¬ -Ç
1127
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417. As regiões polares apresentam interesse de aspecto economico E preciso assinalar, com Smedal, que não há uma regra internacional
para os Estados. Mouton os resuine em: navegação” inarítima, iiaveg¡f1_Ç210 consagrando a teoria dos setores, uma vez que, se isto ocorresse, haveria
aérea, pesca da baleiaƒ* caça e pesca de um modo geral" e recursos miiie- um “regime de monopólios”.
rais.5 _ _ A teoria dos setores só foi adotada oficialmente pela URSS e pelo
A0 lado ,d.0.flSP¢‹1<.> <f.<20flõ.11'i Ç<?. <"=ס.$P<'= Pëtnbšnl PD." '=*SP.“°*° @S“*““8*°°,: Canadá. Atualmente o Canadá abandonou a teoria dos se°toi'es, mas esten-
O Ártico élimais importante que a Antártica. A URSS, por exemplo, faz deu as águas territoriais e fez uma legislação contra a poluição nas águas
por aí o seu transporte em tempo de guerra, o que lhe permite mover árticas. O Canadá tem admitido o direito de passagem inocente na Passa-
navios de guerra de um teatro para outro”- A Groenlândia e importan_t€, gem do Noroeste, apesar de falar que a região é “água histórica”. A URSS,
por exemplo, por perinitir aos EUA uma rota mais curta com c_ertas regioes em 1987, se comprometeu a abrir no futuro a Passagem do Nordeste aos
da Europa, bem como para obter relatórios sobre as condiçoes meteoro- navios estrangeiros. A Noruega e a Dinamarca falam em ocupação. Os
lógicas. Os submarinos nucleares, que navegam sob o gelo, vieram_dar ao EUA defendem a liberdade do alto-mar mesmo quando ele for ocupado
Ártico Lima grande importância para a_ defesa dos países que se limitam por gelo (Ruzié). Entretanto, como assinala Dollot, os outros países inte-
com ele. A plataforma continental no Artico é larga e rica em petroleo. ressados “a aplicaram sem menciona-la”. Puceiro Ripoll afirma que a teoria
A Antártica já não apresenta este interesse, tanto assim que o tratado dos setores não foi aceita pelos EUA, Noruega, Finlãndia e Dinamarca.
sobre ela declara que deverá ser utilizada para fins pacíficos. _ _ São cinco os países que têm zona sob sua soberania no Ártico: EUA,
Existem ainda aspectos políticos, como o desejo de aumento territorial, URSS, Noruega, Dinamarca e Canadá-” A Noruega nunca reivindicou a
o orgulho estatal, etc. _ _ . _ teoria dos setores no Ártico. O que importa para ela é a ocupação. A
;Â'l8i`Em relação ao Artico,6^ a questão da sua divisão foi praticamente Dinamarca desaprova a teoria dos setores e a sua reivindicação se funda-
resolvida pela denominada _t_‹-:_oria do_s_ seto_re_s. _ _ menta na ocupação.
A teoria dos setores foi proposta pelo senador canadense Pascal Poirier, Estas zonas não são 'reconhecidas internacionalmente e há mesmo
em 20 de fevereiro de 1907,? ao apresentar moção no Senado em Otawa, uma zona contestada entre a Rússia e a Noruega. Existem várias linhas
para que o Canadá fizesse uma declaração formal de posse das ilhas e aéreas sobrevoando o Ártico, bem como uma navegação marítima que
terras ao norte do Domínio até 0 Pólo Norte. Poirier fundamentou a sua resulta da “autorização” destes cinco Estados. A delimitação nos mares
tese na acessão. Entretanto, temos que concordar com Frank da Costa ao segue a linha mediana ou dos pontos eqüidistantes, assim sendo, não é
observar que a teoria dos setores nada tem a ver com a acessão, porque l usada a teoria dos setores. Em 1973 o Canadá e a Dinamarca delimitaram
esta é um “elemento dinâmico, o aumengo material do território”.8 Na aplataforma continental. _
verdade, o fundamento desta teoria é o “princípio” da contigüidade (Rous- ~ Finalmente, deve-se assinalar que a teoria dos setores não implicava 0
seau). A teoria dos setores foi sistematizada pelo jurista russo Lakhtirlê, abandono da liberdade dos maressc O Oceano Ártico está sujeito ã liber-
'tornando-se doutrina oficial do governo soviético em 1926.“^ E_la__c_ori__¶_t_e dade dos mares. Finalmente, é de se assimilar que a partir de 1979 a
i
no seguinte: todc¿_Estadq_que_ tem litoral no Oc_ea_n_o_ Clacialifitíco tem Groenlândia ganhou autonomia interna, mas a Dinamarca conservou o
direitoäãsçfeiiais e ilhas, jájdescobertas ou nao, que fiqarem incluidas eiri_ controle da defesa e dos negócios externos.
uin Stlriângulo,,ct¿La_bastiseria o litoral do Estado e o verticeido seti cu_i_ne *-I“__filf1_§,.7No Antártico as reivindicações dos Estados são inúmeras. Nela os
sí.-Ífia 0 Pó1,ç_N9;te. o póióíífétzàéfizta extfêm¬Ê_zgçi;ç;31e¬stvg1-õsvr›'šÍu'ã`an_gul0S Estados têm as suas bases muito longe do centro do Pólo Sul, ao contrário
não perten_cefiLá;fieiiÍÍÍ_íiI_1ílÍ,§}H¿ÕÍ _ _ _ do que ocorre no Ártico. Assinala Frank da Costa que tais regiões, “apesar
'H Como se pode observar, o DI criou uma nova base _para_a aquisição de serem essencialmente constituídas por uni continente maciço, são se-
de territórios no Artico, onde ein .inúmeras regiões a ocupaçao e pratlcíl- paradas por vasto anel oceãnico dos outros territórios austrais”. A teoria
mente impossível. A ocupação foi substituída por um “regime de atraçao ', dos setores não pode ser aplicada ã Antártica, como foi no Ártico, uma
como propusera Lakhtine. _ __ .L-. - .\-
vez que ali não há “bases continentais” semelhantes às existentes no norte,“
Esta teoria tem encontrado argumentos em seu favor, como opinioes bem como devido ã distância dos continentes.
em contrário. Alega-se, por exemplo, que ela é prática (Smedal). Por outro França, Crã-Bretanha, Noruega, URSS, Nova Zelândia e Austrália, fun-
lado, observa-se que a extensão do litoral do Estado no Oceano Glacial damentadas no direito da descoberta -ou, ainda, com base na ocupação,
Ártico não dá a medida dos seus interesses na região. Observa-se ainda reivindicam zonas.” O Chile apóia as suas 'pretensões na ocupação efetiva
-|\.-;|›n_-Hl-.'n»ur.› -z.-› -i
que a “contigüidade” não é título suficiente para um Estado adquirir e no “uti possidetis d_e jure”.“ A Argentina fundainenta-se na ocupação
território. Não pode ser aplicada no alto-mar. _ _ efetiva e na continuidade geológica. Tanto o Chile como a Argentina

1128 _ 1129
' iiocani
ll ' -' tainliéin a teoria da continuidade. Os EUA iião reivindicam ne- Antártica tem 14 milhões de km”, o que significa um déciiiio da superficie
. . ° ~~›-" - ls,mas terrestre, sendo que 98% do seu território são cobertos de gelo. Ela tem
iiliuni setor (tein a sua origeni iio Secictaiio de Estado, Hugie )
tainbéin não recoiihecem direitos aos demais Estatlos e propuseram- a 90% de águas geladas da superfície da Terra. A temperatura atinge - 809€.
internacionalização~ sob o regime de tutela da (-.arta da ONU. O _]ap_d0, Os gelos contêm 70% da reserva mundial da água doce. Existem algumas
pelo tratado de paz (1951), renunciou a suas reivindi_caçoes na Antartica. extensões de terra que não gelam, bem como alguns lagos. A altitude
A Alemanha, que ali_ teve uma base (1938-1 93_9),_ nao tem apresenâado média é de 2-000 metros e o ponto culminante é o Monte Vinson (5.l4O
mais reivindicações. E preciso salientar que os limites entre as reivin ica metros), e os veiitos atingem 300km/hora-
ções são bastante imprecisos. _ Quando foi concluído o tratado de 1959, segundo Bermejo, o quadro
Entretanto apenas sete países “proclamaram soberania sobre pàrle político era o seguinte: a) reivindicavain soberania (Argentina, Austrália,
do Antártico: Argentina, Austrália, Chile, França, Nova Zelândia, NOTUCBL1 Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Reino Uiiido); b) estas pretensões
e Grã-Bretanha (Roberto E. Guyer)- Charles Rousseau Cllfl 601110 [findo territoriais eram contestadas por África do Sul, Bélgica, japão, EUA e
também “setores” na Antártica, além dos já mencionados, a Noruega_e a URSS; c) cinco Estados reconheciam mutuamente as suas pretensões: Aus-
URSS (esta invoca em seu favor as viagens de Lazarev em 1812 e Belling- trália, França, Noruega, Nova Zelândia e Grã-Bretanha As zonas reivindi-
hausen em 1819) _ _ _d cadas abrangem 15% do territóiio do Antártico. A Grã-Bretanha, o Chile
De fato, a situação no Antartico ainda nao se encontra reso 2: e e a Argentina têm conflitos no Antártico, vez que reivindicam as mesmas
bases de inúmeros Estados ali existem- Na pratica, os Estadosdque ali te(i_n áreas em certas regiões. 1
estabelecimentos aplicam a teoria dos setores nao como fun :zimento__ e O tratado de 1959 foi o primeiro tratado a consagrar a iião militarização
títulos territoriais, mas como delimitação geografica destes titu os term 0- e não nuclearização de um continente-
riais entre os Estados que os invocam por outros fuiidamen tos (Arechaga). Em 1980, foi concluída convenção sobre a conservação dos recursos
A teoria dos setores no Antártico não dispensa a ocupação. Ela _SeI¬V<-1 marinhos vivos na Antártica.
para delimitar reivindicações de áreas que os Estados ainda nao atingiram. Seguindo ainda a Bermejo, assinalamos que a Grã-Bretanha e a Nova
Os países que não apresentam reivindicaçoes em relaçao a Antartica Zelândia foram os primeiros Estados a levantar, em 1970, o problema da
sustentam que o mar ali é alto-mar, enquanto__os_que apresentam reivin- exploração econômica do Antártico. Finalmente, foi concluído em Wel-
dicações falam em mar territorial e zona economica. (_ d ___ lington, 1988, o tratado relativo aos recursos minerais. Ele consagra a
O Antártico teve alguns aspectos regulamentados pelo Trata p e proteção do meio ambiente. A pesquisa, exploração e utilização dos re-
de dezembro de 1959, concluído em Wash_i_n_gton por 12 naÇ0__<"IS 1_m¢š'¡'-:5_`*' cursos devem respeitar alguns princípios: a) deve ser avaliado o impacto
sadas nesta região do Globo: EUA, URSS, Inglaterra, Nova Ze_lanCš13_,Af€_“ no meio ambiente; b) verificar se as atividades não serão prejudiciais a
giga, Chile, Argentina, Noruega, França, Australia,__]ap_ao e Uniao u_- 11- outros usos da Antártica; c) garantir a segurança das operações; d) levar
cana 12 Neste tratado se consagra a liberdade de peSq111SI-15, S20 lmefdlladas em consideração o interesse da comunidade internacional, etc. Existem
as explosões nucleares, só se admitem na região at__ividades_pacifiCaS _€ OS zonas especialmente protegidas, em que não será permitida a exploração
Estados podem enviar observadores para fiscalizar a' exectiçao do ulatztdo. de minérios- A convenção consagra a não discriminação dos Estados partes
Os contratantes afirmam que não renunciam a- suas i"ei:__fl(ii_d(;C21_Ç<:__Í5 ãlee na convenção, isto é, os Estados que têm “posse” e os que têm estatuto
soberania teriitorial-"" O tratado eaplicado a regiao sul de e_ a _dud . consultivo. Todas as estações e instalações estão sujeitas a inspeção. A
Prevê uma reunião periódica dos signatários que decide pqrglégãplllšlll ‹1 _¢- convenção cria uma estrutura institucional: a) Comissão que pode criar
Ela já se reuniu em Cambeira (1961); Buenos Anes ( _ li fllxe aff Comitês de Regulametação; b) Reunião Especial das Partes; c) Secretariado
(1964)° Santiago (1966); Paris (1968); Tóquio (1970); Wellington (1972), e, ainda, orgãos subsidiários. Parece que em um futuro próximo talvez só
Oslo (1974); Paris (1976); Buenos Aires (I978); Wellington (1982)De Atisé possa ocorrer a prospecção. A parte pode apresentar ao Secretariado um
I . q Ê .-. l

tralia (1983). Em 1985 houve a 13 reuniao, em Bruxelaf, fflfí- 05 _ pedido para explorar determinada zona- O pedido deverá ser apreciado
Estados que acederam ao tratado somente Polõliiflifi R@PUb11Ca Fãdefal e aprovado pelos órgãos técnicos. A convenção consagra a responsabilidade
Alemã, Brasil e India adquiriram o status consultivo , por terei_n_ esep; objetiva do operador por danos causados ao ineio ambiente. O Estado
volvido pesquisa substancial na Antártica. Os paises em_ dese_i_ivo \;_i_1'ri€Ilda
pode invocar para excluir a sua responsabilidade: a) dano caiisado por
querem que os recursos da Antartica sejam explorados em ene icio
conflito armado; b) caso de força maior. O tratado estabelece ainda a
humanidade. 1
:.__í.-vu. :›¬-

solução pacífica dos litígios: iiegociação, arbitragem, solução judiciária,


Algumas observações devem ser acrescentadas com base no ex_ce eníí
mediaçao, etc.
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livro de Romualdo Bermejo de onde foram tirados Os dados seguintes. _
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- - NOTAS
Fm 1*-190 foi concluído um protocolo proibindo a exploraçao de mi-
nérios na Antártica por 50 211105-
l._]oáo Frank da Costa A teoria dos setores polares, in BSBDl,janeiro-de-
Finaltnente, é de se obserx-'ar que paises do Terceiro Mundo, liderados
zembro, 1961, ngs 13 e 14, págs. 87 e segs.; Gilbert Gidel _ Aspects juridiques de
pela Malásia, têm se oposto a que um pequeno grupo de Estados disponha la lutte pour l'Antarctique, 1948; Gustav Smedal _ De L'Acquisition de Souverai-
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Espaces Polaires, in RdC, 1949, vol. ll, t. 75 e págs. 1-115 e segs.; M. W. Mouton
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Antártica Chilena, 1955; E. Aubert de la Rúe _ Les Terres Australes, 1953;Juan
Carlos Puig _ La Antártica Argentina ante el Derecho, 1960; E. W. Hunter Christie
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1958; R._]. Dupuy _ Le Statut de l'Antarctique. in AFDI, 1958, págs. 196 e segs.;
C. Neale Ronning _ O Direito na Diplomacia Interamericana, 1966, págs. 170 e
segs.; Giovanni Battaglini _ Condozione dell'Antartide nel Diritto Internazionale,
1971; Magdalena Londero _ O Direito Internacional das Regiões Polares, in
BSBDI, janeiro-dezembro 1968, ngs 47 e 48, págs. 79 e segs.; Eurípedes Cardoso
de Menezes _ Os Direitos do Brasil na Antártica, 1971; juan Carlos Puig _ La
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de Derecho y Política Internacional, 1970, págs. 39 e segs.;John Kish _ The Law
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1973, vol. II, t. 139, págs. 149 e segs.; Philip C._|essup e Howard J. Taubenfeld _
Controle for Outer Space and The An tartic Analogy, 1959; Therezinha de Castro
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l'Inspection Internationale, organizado por Georges Fischer e Daniel Vignes, 1976,
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Capello _ Antártida, 1979; Heber Arbuet Vignali _ Estatuto Jurídico y Situación
Político-Jurídica de la Antártida, in Sexto Curso de Derecho Internacional orga-
nizado pelo Comitê Jurídico Interamericano (julho-agosto de 1979), 1980, págs.
453 e segs.; Francisco Orrego Vicuña e Maria Teresa Infante _ Le Droit de la
Mer dans l'Antarctique, in RGDIP, 1980. ng 1, págs. 340 e segs.; Donat Pharand
I-

5
ln

_ The Legal Status of The Arctic Regions. in RdC, 1979, vol. II, t. 163, págs. 49
e segs.; Alfredo Bruno Bologna _ La Antártida: Aspectos Políticos yjurídicos de
Explotación de los Recursos Naturales, in Associación Argentina de Derecho In-
ternacional _ El Derecho Internacional en los Congresos Ordinarios, 1981, págs.
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275 e segs.; Boleslaw A. Boczek _ The Soviet Union and the Antarctic Regime,
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in A_]IL, October 1984, vol. 78, ng 4, págs. 834 e segs.; Georgenor de Souza Franco
Filho _ Os Direitos Brasileiros ao Continente Austral, in Revista do Tribunal de
justiça. Estado do Pará, vol. 19, 1979, págs. 15 e segs.; Carlosj. Moneta _ Antártica,
America Latina e o Sistema Internacional na Decada de Oitenta. Para uma Nova
Ordem Antártica? Fatores Politicos, Econômicos, Estratégicos e Tecnológicos, in
Hélio Jaguaribe e outros _ Leituras de Política Internacional, 1982, págs. 128 e
segs.;' Rainer Lagoni _ The United Nations and the Antartic, in Law and State,
vol. 33, 1986, págs. 115 e segs.; Marie-Francoise Labouz _ Les Aspects Stratégiques
dela Question de I'Antarctique, in RGDIP, 1986, ng 3, págs. 579 e segs.; Christopher
C. Joyner _ The Antarctic Minerals Negotiating Process, in AJIL, October 1987,
vol. 81, ng 4; Ricardo da Costa Pinto _ O Regime jurídico da Antártica, separata

.-z T-Ç.
. .¬
If'
1133

1.
il
a divisão ein quadrantes: ri.) Sul-americaiio (Argentina ("l '1 ('- -
da Revista Symposium, v. 30, ng 2. 1988, págs. 23 e segs.; Alain Gandolfi _ Le Australiano (Angu-á]i¡¡ 3 Nova zeiândia). Amcano (Frm›1C(; ti :gr ,ia-Br;-|;iii)lia): b)
Système Antarctique, 1989; Ricardo da (..osta Pinto ' _ 'A Antártica
` e sua importância
R ._ rces (nao reivindicado). ' mm gw' d) Idmfico
para a A me.'rica do Sul . 1.991 ›' Romualdo Bermejo _ L Antarctiqtie et ses essou 10. lE interessante
` ' les Le Nouveau Cadre juridique, 1990; Lucius Caflisch _ L'Antarctique, Í Í observar
_ ue no Brasilja
' ' se cliegoti a falar qm. ,c“,¡m¡¡Ca_
Minera I riainos areas no Antartico considerando que somos o maio ' d
Nouvelle Frontière sans Frontière.s?, in Mélaiiges Michel Virally, 1991, págs. 157
Sul ._e “ao P°d€fÍãm0S_ 5621' _ alheios- à importância econômica
- e es
piu rate'0'hu3]mfen0
ca a tela
e segs.; Gilbert Guilleume _ Le Statut de l'Antarctique, in Mélanges René-_]ean regiao. Para isto, defenderiamos a “teoria da defrontação” ou seja 1 “ql 1
Dupuy, 1991, págs. 171 e segs- , hemisfério sul, cujos litorais podem ser enquadrados em meiidia io I ` I I açoes ( O
2. Neste sentido: Lawrence, Higgins, alegando que iião podiam ter estabele- _ _ i s _ ' -
terminariam no Pólo Sul teriam direito a setores antárticos co cupç Íiiãjcçocs
cimentos permanentes. Outros, como Hyde, as consideram passíveis de ocupaçao; ro -
e -
oes deste . _ ' ' mpfeetiti 05 113;
Dallot assinala que somente o Antártico sena ocupavel, porque ela é terra coberta É -l Ç _ _ 5 mcnd¡31105 (V- 0 GÍOÍIO. 2-4-1958). Os meridianos para o setor“
” - - .
o Brasil seriam o de Martin Vaz e o do Chuí Dentro dele está o a ` 'I
de gelo, enquanto que o Artico é simplesmente gelo. Uns (Scott) diziam que eram f _ _ _ - r
Orcades, reivindicado pela Argentina e pela Grã Bretanha A teo 'a dqliilpfç ago das
“res nu1lius”; outros (Fauchille), que eram res communis . _ _ _ - . ri '
'
2A. Salienta `
Therezinha ' ` e' a regiao
de Castro que a Antártica " on d e mais ` venta fÔ.l 'defendida
- por, Delgado de Carvalho e Therezinha de Castro _ Atuaal mente E romaçao
o seu
grande defensor e o Deputado Eurípedes Cardoso de Menezes O que nos pareee
no mundo, bem como a que tem o Ítlima mais rigoroso. e que o interesse do Brasil, para se firmar em reivindicações iio futuro deverá se
3. O Artico é muito mais utilizado para a navegação do que o Antártico.
manifestar em ex edi Õ s ` " i- -P
4. A maior parte (85%) de produção de óleo de baleia provém da pesca
E interessante obiiervaçr eu: regiao- O que 515 passou 3 reahzar 3 Pan" de 1983-
realizada no Oceano Antártico. de Antuérpia em 1897 eqdeiifónu umffrleiipçdlçao
5- Noventa por cento das peles de foca do mundo estão no Pacífico Norte. b _ _ o tartico em belga
1900) a°_P0lO Su] (0 Béíãífa
foi ali hasteada Safra
a bandeira
rasileira, dada ao Comandante De Gerlache quando de sua pass
6. Nas ilhas do Artico que estão sob domínio canadense existe carvão. No do Rio_ de .I aneiro
Canadá e na Sibéria, na costa Ártica, por exemplo, há petróleo. Na Antártica foram d _ f _ ( Marcos jCa.rneiro ` i
de Mendonça, ' O Globo, 30-3-13).
in agem noDentro porto
e]sta_liiÊl:'ia h)istorica, no Antartico, existem très ilhas (Pernambuco Sampaio Ferraz
encontrados: carvão, ferro e urânio; entretanto, não há ainda possibilidade de se e uiz ruz e dois montes ` ' - i _
fazer a exploração destes três minerais- O contrário já ocorre no Artico, onde Alencar) com nomes brasileirbBaíla(Íi do RIO Branco C Aimlmme Alexandrino de
estão sendo explorados os minerais.` ` O Antártico
' ` '
parece ter ainda. ' co b re, niq
' uel ,
1903 fzt 1904
vari d (0 _czzióo› 2473) - É ta601121
C-is por uma expgglggg
da defrontaçao tem francesa que ali f°íuma
sido considerada em
cobalto, cromo, manganês, gás, petróleo, platina, etc. an e a teoria dos setores.
6A. Vem do grego “arktikos” , que foi traduzido por “Ursa” , que era a estrela
seus Carlos x, 16511 capâtulação de 1539, deu a Pedro Sancho de I-loz, que passou
utilizada pelos navegantes para guiá-los em direção ao Polo Norte. Antártica veni
de “Anti° Arktil-tos”
` porque a constelação " da Ursa nao ' era avistada
' quan d o se via`ava
O
j i
I
irei os
_ a a ívia - ireito às terras que estivessem
de Magalhaes.
' dos do i' 5 1 ados do estreito
-
em direção ao Pólo Sul (Therezinha de Castro). Entretanto, o Decreto n- 75.963, t
de 1973, que promulgou _ no Brasil o tratado"de Washington. . de ,1959, rèiviläz Alguns dítes Estados (Bélgica, União Sul-Africana e japão) não têm
_ _ . d fala L, em I
|
n icaçoes na ntártica m ' - _
Antártida. Esta é a traduçao oficial brasileira. Entretanto, o Dicionario a ingua
Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1986) registra antartico . o Ano Geofísico lntemaciónalasforam si natános pesqmsas
tendo-reallzailo do tratado.
emOColabofaçao
B ' ` com
`
tratado em 1975' * 8 rasil aderiu ao
7. Esta é a data que ñgura em Smedal e Gidel. Dallot da a de 19 de fevereiro-
Segundo Madalena Londero, a divisão do Ártico em setores já fora discutida, no
Y
13 - Teria sido a p 1'icada a denominada
-I
' - do icebox
tecnica
I
- “ 7? f
, isto e , r esolvem-se
L

Clube Naval de Nova Iorque, em 1906. 'inúmeros assuntos ' mas n`ao se toca no PUUCIPHÍ, ' ' que aqui- ez o da soberania. _
8. Só poderia haver acessão “ ã apropriação do mar gelado...” (Frank da Costa). Adendo:
8A- Autores soviéticos (Sigrist, Lakhtine, Korovine) , para defender a aplicação la No
URSS início a_ teoria
' ,dos s e to res iio Polo
' Norte foi' aceita - apenas pelo Canadá C
da teoria dos setores, interpretaram o tratado de 1-867, entre Rússia e EUA, sobre Pe € 1130 lflcluia. os espaços marítimos. Estes espaços foram reivindicados
a cessão do Alasca, como uma divisão de soberania no Artico. posteriormente quando compreendidos no setor reivindicado Os demais Estados
8B O Canadá em certos'momentos tem reivindicado direitos não apenas d ¡-
sempre
_ A _ re`eitaram
.l , _ a teoria
_ d OS Setores e “ mantneram', i
de forma atenuada, as
sobre o “ teiritório” , mas sobre as ilhas e o “mar gelado” (" gelo”). Donat Pharan exigeiicias classicas relativas a aquisição da soberania ter 'to ' 1” O C d'
afirma que as ilhas de gelo poderiam ser ilhas, ilhas artificiais ou navios, mas que, P URSS, atualmente não mai f ° -n - na- _ ana 3 6 3
na realidade, não se enquadram em nenhum caso. Tem sido apontado que um U» setores
Le Drdl(Lucius
1 Cailisch
_ _ Li'Ai]indan?emam as suas Frontière
' tarctique, Nouvelle rewnidlcaçoes na teoria dos
sans Froiitières?, in
dos problemas da teoria dos setores é que as banquisas se movimentam de acordo ¡-
Mélan les Ii;i4tie;lnqti\q_nalllati Service de la Paix, de la Justice et du Développement,
com o vento e correntes (Pontavice-Gordier).
g E "H Y» 1991, pags. 157 e segs.).
8C ean Touscoz (Atlas Geoestratégique, 1988) afirma que a idéia de dividir
F
o Pólo Nlorte em setores está abandonada, mas não diz o que a substituiu. Sr

_ 9. Alguns autores (Fauchille) propuseram a sua divisão em quadrantes “ame-


ricano, pacífico, australiano e africano”, e cada um deles seria governado pelos |.

31.‹Í›l_f¬`Ã'Í
Estados do continente. O chileno Pinochet dela Barra, em 1944, propos igualmente \

í *'1<1;:âf4
'r_-.I
P- ' 1135

z- mi,-v-n'|,vr
'I
5

I
ou

CAPITULO XLIII

ÁGUAS INTERIORES. 1vL‹§R TERRITORIAL.


zoNA EcoNoMIcA1
420 _ Introdução; 42011 - Águas Interiores; 42] -- Mae' teI'ritor.ial.'
conceito, termz`*nolog7Ía; 422 -- Evolução hfllstófrica; 423 -- Direitos do
Estado costeiro no mar tem`to'rial; 424 - Direito de passagem inocente
e passagem de trá`nsz`to; 425 -- A linha de base e algumas normas de
ezzémézaçâo eo mm zmzmaz. Águas zzi-z¡zzz';›zz1âgz'zzz5,~ 426 _ 0 zémztzz
exterior. O [imite do mar territorial entre dois Estados; 427 - Largura
do mar territofriai; 428 _ Natureza jw"ídz`ca do 'mar territorz`al; 428/1
-- Zona econômica.
P

f H @O D. do Mar é um dos ramos do DIP_que


há vários séculos. A sua hi.sLóI:izLé extremamente ric' ' lo XX surgiu
aipreocupação em codificá-lo. Ao tempo da SDN a conferência reunida
I
Q- em Haia, em 1930, tratoil do mar territorial sem conseguir realizar uma
convenção. Sob os auspícios da ONU volta-se à idéia de codificação e, em
1958, em Genera, são concluídas quatro convenções: mar territorial e zona
¡- contígua, plataforma continental, alto-mar e conservação dos recursos vivos
¡-
do alto-mar, bem como havia um protocolo para a solução dos litígios.
¡-

lQ Entretanto, ficara em aberto uma questão extremamente importante: a da


nv

largura do mar territorial. Nova conferência se reúne em Genebra, em


0- 1960, para tratar deste tema sem conseguir qualquer resultado. Para se ver
o crescimento do número de Estados podemos assinalar que: 36 Estados
participaram da Conferência de Haia (1930); 86 na 12 Conferência das
¡-

Nações Unidas (l958); 88 na 2* Conferência das Nações Unidas (1960) e


na 3;* Conferência das Nações Unidas participaram 164 Estados.
É

Em 1978 tem início a 8a Conferência das Nações Unidas para o Direito


do Mar, que em 1982 chega a seu fim com a conclusão e assinatura de
1.4-.\.-U.. .¡._ uma convenção, que foi assinada' em Montego Bay (Jamaica) por 117
Estados. É preciso esclarecer que a 8* Conferência das Nações Unidas sobre

1137

¡___ _.
}

'-'.\
_.. _. -, -u-um
iiieiital, a de navegação e poluição pela ()rgai1izaçã'o Marítima Internacio-
Direito do Mar adotou no säu deseiir‹.l))lar o cqqíisellpãgz s]¿?il;iq:ân<i;iš9ií1lÍÍ-'Ê nal. O Tribiinal Arbitral Especial será formado de cinco nienibros;
ricos eram minoria e os po res perce eram e ' - Conciliação utilizada para as controvérsias relativas ã interpretação e apli-
adotar uma convenção que não fosse aceita por '‹lql1frl<_fS- I '-1 _. _ cação da conveiição. Será mantida uma lista de coiiciliaclorcs pelo Secre-
Salienta Roger jeannel que quatro fatores contribuirarn para uma tário-geral da ONU, sendo que cada listado indica quatro nomes. A Co-
- ° -` rofunda do D. do Mar: a) a proclamação de Truman reivindicando missão de Conciliação será formada por cinco membros- A solução não é
yivliãiiifiinna dos EUA' b) o ato do governo do Peru e Chile 'constatando obrigatória para as partes. Finalmente, é de se observar que os Estados são
zilipa inexistência de platafomia e reivindicando os recursos marinhos aãe livres para escolher o inodo de soliição pacífica.
a corrente marinha de I-lumboldt (l947); c) -os novos Estadosstiigidos. 'ti Os Estadospoderão declarar a qualquer momento que não aceitam
descolonização vão eridossar a linha de reivindicação dos launo-amiíricjw um ou vários modos de solução (acima expostos) em questões relativas az
nos; d) as grandes potências marinhas passam a ter interesse em .co ocar a) controvérsias referentes ã delimitação de zonas marítimas ou as relativas
um limite às reivindicações do 39 Mundo. Acrescenta ainda este junsta que a baías ou títulos históricos; b) controvérsias relativas a atividades militares;
a détente entre os EUA e a URSS veio facilitar este acordo. Esta c0I1V€1'1Ç'‹10 tr) controvérsias que estejam sob apreciação do-Conselho de Segurança.
vai além de uma simples codificação, vez que ela versa muitos assuntos
I-lá, entretanto, uma obrigatoriedade do submetimento da controvérsia a
novos ainda não regulamentados pelo costume.
solução pacífica (não incliiindo aqui a conciliação) no caso de violação
Tem sido assinalado (Guy de Laclierrière) que o novo D. do Mar
da liberdade e direito de navegação, sobrevôo e colocação de cabos e
apresenta as seguintes características: 1) ele regulamenta de modo p1"_eC1S0¡
oleodutos submarinos, ou referentes ã violação de normas relativas a pro-
sendo que os dispositivos ambíguos são poucos; 2) a regu'lam€I1_l21Ç3ãÍ;<i31 .-._
L
teção do meio marinho, ou, ainda, relativas a pescaiias, desde que não se
necessária para atender ao 39 Mundo, porque o regime de liber ‹1E<-L'
beneficiava as grandes potências; 3) tentou-se dar uma igualdade aos S- trate de seus direitos sobre a zona econômica exclusiva.
tados na apropriação dos recursos do mar; 4) visa atender os ipnteresdses A convenção de 1982 entrará em vigor 12 meses após o 609 depósito
regionais; 5) houve um aumento das áreas subirieudas a competencia dos do instrumento de ratificação. Em 1990 existiam 43 Iatificaçöes.
Estados; Finalmente, pode-se dizer que somente agora começa a se realizar
Pacíficos.6) consagra a solução
-.¬__._.-z... _. pacífica dos litigios,
_ por diferentes
_ ' mo os
' uma observação de Charles Dupuis, que afirmava que sendo o mar um
I Tais modos pac_íficos sãozfâl Tribunal Internacional do Direito do Mar u-vil-I |.u_a-¬_.- »._- .p,-¬
condomínio ele deveria ser submetido “a uma legislação internacional, a
que terá `ã"`sÍia sede em Hãmburgo e formado. por.2l membros, qtje âelíl uma polícia internacional, a uma jtistiça internacional”.
uma “representação dos principais sistemas jur1d1COS dO mundo › ,em Pode-se observar que a Convenção, apesar de ainda não estar em vigor,
como haverá uma distribuição geográfica equitauva. O mandato sera de está sendo aplicada de fato pelos Estados, bem como pela CI] e a Corte
nove anos. Poderão ser partes em litígiosjperante ele os Estados e as Suprema dos EUA- A convenção obteve o 609 instrumento de ratificação
entidades que tratam da parte relativa à area, como a autoridade e A ein 16/11/98 eentrou em vi or em 16/11/94.
'___._,..¬..--I-f"""'- -›:.¬_________ Í g _

empresa, as empresas estatais e as pessoas físicas e juridicas que parufilpâm ...>420. uas tgnorešjiio,DI sao:agñu,‹_šlasjgçalizadas _er_i_tre a,cos_ta_ e _ç_›_
da exploração destas regiões. E prevista uma Camara de. Controversr-as OS 1_i_z;z;,i_,z_e¬i_z~It‹-zz¡i<3"r,,zi;z 1imize'i1zt¢;i‹;›f,,§ z 1inhz1mg_ç___t_›äçç_,a
Fundos Marinhos com,11 membros para apreciar tais questoes e quê P3 ida__d_a_largura do mar
também poderá dar pareceres consultivos a pedido da Assembleia da Au- O regime jurídico destas águas éi'ifiiÍ'ãidio'peloiiE.st_ãd0 costeiro que aí
toridade. A sentença é definitiva e inapelável;i@ Cl] (v. capitulo ONU), exerce a sua soberania plena praticamente sem sofrer limitações da ordem
-jÇc)__-. a criação de um tribunal arbitral de 'cinco membros, sendo que Iso d<â1$ ¬-_-1-. zr-:_-.': ~
jtirídica internacional. Diante desta situação é que Lami observa, com certa
poderão ser nacionais das partes em litigio- Sera elaborada uma. ista' É tz razão, que a denominação de “águas territoriais” deveria ser reservada às
árbitros pelo Secretário-geral da ONU, sendo que cada Estado inpicard águas interiores, porque somente elas se assiinilariam, no tocante ã sobe-
quatro árbitros para formar esta lista; -*
tribunal arbitral especiah paãa rania, ao território “terrestre” e'statal.i* As águas inteiiores, ao contrário
solucionar litígios relativos a: 1) pescarias; 2) proteÇa0 É Pfesffwaffao O 1
do mar territorial, não estão submetidas ao direito de passagem iiiocentjej
I'

meio marinho; 8) pesquisa científica marinha; ii) t121V€g3Ç30› mdulädo *-1 . E interessante obseivar que a Convenç`ã'õÍd`ë"'Cenëbra de 1958,iou a
poluição por navios. Será formada uma lista de tecnicos em cada um estes convenção de 1982, não cuidam '_da delimitação de águas interiores adja-
setores: a de pescarias pela FAO, a de proteção e pre.S€I'Ví1Ç21_0 do T9610 I centes, devendo-se aplicar por analogia as regras aplicáveis ao mar terii-
'li

marinho pelo Programa das Nações Unidas' para o Meio Ambiente, a de torial.
pesquisa científica marinha pela Comissão Oceanogiafica Intergoverna.
1.139
jÍíii¡1;3ä -
J'

.-
I

Qiiljl A noção de mar territoiial tein sido dada de inaiieira mais oii Ariiold Raestad atribui a sua origem ii glosa do sexto livro das Decretais,
iio: uniforme pela prática internacional. Uma d_eI`iniçã=o_é a que eiicoii- “Liber sextus Decretalium Boiiifacii VIII cum glosis" (1294-1303), no ca-
iiiãiiriois iia Convenção de Genebra sobre niar territorial e zoiia contígjua pítulo das eleições do Papa. O Papa deveria ser eleito iio local em que
(1953) cujo art. 1'-' afirma que “a soberaiiiaÍ¿Ijo,_E§tg§I_9__5<'5 °`§.¡°`ndC= 319111 morrera o seu sucessor. Um problema foi "iniaginado”: era o que fazer
‹- - -' -- ›~ - - -.zmia. se a inorte ocorresse no mar, e a glosa respondia que a eleição deveria ser
do seu 4"''tç!utQnQL¢"gÉ
- ” Pode- seãuès égua.
~~~"'"""
as suas costas--. clizer q ue lnlzglol
a mesma csidle Iimfl
iniçao e ' reptftida
j no art -
_ _ feita no Estado a que o mar pertencesse.” Outros autores (Simone Dreyfus)
Qgrdalconvenção de 1982. Como bem obseiva La Pradelle, ele e uma criaçao sustentain que 0 mar territorial surgiu no século XIV, quando Veneza o
- - . - - - -` a. Ele seria o mar
do direito, sem coriespoiidei a uiiia iioçao geogiaíic DIP j reiviiidicou com 100 milhas de largura. Neste mesmo século é reivindicada
dos juristas". O mar territorial é uma iioçao ao mesmo tempo do Q em Flandres uma zona marítima, denominada “stroom”, que é reconhe-
do direito interno. _ _ . _ _ cida pela França e pela Inglaterra. Qrn dos mais antigos acordos de pesca
A expressão “mar territorial" nao e a unica utilizada paia'd_enoniiii1i;ili data de 1351, tendo sido concluído entre o Rei Eduardo III da Inglaterra
este espaço inarítimo. Outras existem, como ade mar litoral e mai njacio Í . e os deputados das cidades marítimas de Castela e de Biscaia e pelo qual
. : ' --
Entretanto, a de mar teriitoiial e a predominante e est
á consa g iada nas
os seus súditos obtinham o direito de pescar nos portos da Inglaterra e da
convenções de 1958 e 1982.5 _ _ - _, , _ Bretanha. Ainda no século XIV (1353) a Inglaterra concluiu tratado se-
@Ê`A É£sQ.9.'a9.fl.Çä.0. de ,Se div* 20, mf. um_1*_sg1i1i_s_iiir1d§ç9-i§<fdsflÂf°f}.~z
H-¿_,__¿1_¿_¡_¡¡¬_¡,¡ _,_«§_¡`¡¿_¡_i_g-¿i__i_§J__zji_¿d__ê:_.Na Grécia e em_outros Estados marjtimos ja _
melhante com Portugal-
I
Na Europa Setentrional, durante a Idade Média, surge também a noção
guidade era admitida a propriedade nao apenas sobre as aguas pioxl de mar territorial. As primeiras manifestações de jurisdição no mar são
ã costa, mas até bem longe dela. _ _ , _ dadas pelos códigos provinciais. O Código de Gulathingslagen (parte oeste
Em Roma, a noção de domínio sobre uma faixa de niart, isto e, de mar
da Noruega) estabelece que o rei terá direito ã metade da sucessão da
territorial, não__existiuÍ O mar estava colocado entre as res cominunjlí
I pessoa que morra aquém da “linha mediana do mar”. O Código de Fros-
omnium” e fazia parte do “jus gentiuin”. Esta 'ausencia de mar Iteírritoria r

tathingslagen (parte norte da Noruega) é aplicado em relação à sucessão


no mundo romano se deu devido a dois iiiouvos: o prinieirode ÊPOIÍÃÊ
quando o óbito ocorre aquém da linha mediana. Foi a pesca, entretanto,
importância dada ã pesca, apesar de nem sempre ela ter goza' t3 F U _
liberdade absoluta; o segundo é que o Mediterraneo pertencia a e a, era
.v
|›

importante recurso econômico no norte da Europa, que fez com que os
Estados reiviiidicassem uma zona exclusiva de pesca.”
i›

o “Mare Nostrum”. Roma reivindicava a repressão a pirataria, a'pi°_oteÇtÍ10


ã navegação, a polícia das costas e dos portos e añrniâva az Sualunsdlçàto No século XVI é añrmada a jurisdição sobre o mar territorial do Estado
sobre o mar. Em Roma consagrava-se a l,__i_b_erdade dos mares e da pesca. costeiro e deverá este fazer a proteção da navegação. _
O mar era uma “res communis omnium”. . _ _ I No século XVII, Welwood sustentou que os habitantes de uma nação
E o mar territorial, ,g2}T1O,:I10ÇÊ1Q,,j}¡!`ÍÊ1iC3›-,UPE C¿n@§aO_-do--Be-nodco têm um direito prioritário e exclusivo sobre os recursos dos mares adja-
tretanto, a influência do direito romano_impediu p01` lfmgo .-_z,.-.1-..; ›-_.- ¬-. -.
cen tes- As águas costeiras (100 rrl'.il_has) devem pertencer ao Estado costeiro
tempo a criação deste instituto, principalmeii te na regiao do Med,iter1`2111€0, para evitar o esgotamento dos recursos- Do século XVII até 0 fim do
que sofreu maior influência no sentido .do mar reS COIHMUHIS - período napoleônico o alcance do tiro do canhão permaneceu imutável:
Foram as cidades marítimas da Itália que tentaram estabelecer uma a) can_hão real ou inglês Culverin - 250 a 280 metros; b) canhão flamengo
, - - _ . . ' - -r. or ue 'á tinham -- 450 metros; c) canhão espanhol -- 700 metros; d) o tiro de pólvora
base legal para 0 exercicio da sua autoridade no md . P fl .I _ -.¡ i,-. .-ui_ . - .

, - . - tra os iratas 1
seca, “tiro morto”, mais ou me-nos õkin. -
nos seculos XIII e XIV consolidado o seu poderio na luta con _ P_
. - - - - f ' “ ficar
sarracenos e os Estados cristaos seus rivais, e procuravam assim justi z E no século XVIII que a delimitação do mar territorial surge de maneira
no direito as funções Cluejá tinham o hábito de exercer no mar" (R'‹1€SU'1C1)- precisa.” Em 1703, Bjvnlgershoelt, no “De_Dominio Maris Dissertatio”, fala
No século XIV, os Estados passaram a tomar no mal" 1€TTÍi01`Íä1 lnedidas
l que “potestatem terrae finiri, iibi finitur armorum vis”Í1? Galiani, em 1782,
sanitárias, criando estabelecimentos de quarentena.
As razões para- a criação-do mar territorial podem ter sido
_ j _ d
21 i na obra “De “Doveri de” 'Principi neutrali verso i Principi guerreggianti e
di questo verso i neutrali”, identifica o tiro de canhão com a légua (medida
inúmeras outras: a percepção de impostos sobre a navegaÇfl0› a_Pe5C¿ on
Ê mais conhecida), que é igual a três milhas.” Oudendijk, autor de uma
a finalidade de assegurar a paz no mar contra os ataques dos_pir'‹1t'‹iS-
- -
- «
No Mediterraneo,
- »
.atef o fim ' do- seculo
.
' XVII, H P€5 ca iiao_ era uma
- - considera ao nas re-
if ótima obra sobre a largura do mar territorial, afirma que Galiani não
conhecia balística, vez que os tiros na sua época atingem apenas 1.715
atividade importante que mcrecesse ser tomada em Ç j metros. Este limite de três niilhas penetrou lentameii te no direito positivo,
Iações entre os Estados. . sendo inicialmente aplicado às presas marítimas somente. O primeiro país
_ › - _
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- :1.íI"40 - 1141

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- - 1 o ¡-'i- jo [Qi 0 1-`UA
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* 18-18 o Tratado
' de Gand.', entre _ os EUA e. a ii” 2 da OMS) de 1951. Há uni princípio que rege esta materia: os navios
il M] -i 1 err'
Í a , foi o primeiro tratado a adotar o liiiiite de tres iiiillias
_ a respeito estrangeiros não podem ser submetidos a rnaiores rigores que os iiacioiiais,
lng Í ia' de pesca reservada aos iiacioiiais ° O tiro de, caiiliao
-i zoi _ surge * para uma vez que a própria finalidade desse direito (evitar a propagação da
gi e er miiiar um limite de neutralidade marítima. Alem, do . iriteresse pela moléstia) não comporta distinção de nacionalidade.
pesca era, acima de tudo, uma zona de segurança riiaritima. _ o As leis adua_ri_e_iras e fiscais do Estado se impõem rio i_i_iar territorial,
No século XIX a prática iiiteriiacioiial se uniformiza no critério das
1
iimaui/¢eiz_'_‹.juUe-'dele fazipçairfei do território estatal. A tendência a respeito
três milhas. No século XX, esta largura começou a ser abandonada, por destas leis é de elas serem aplicadas não apenas no niar territorial, mas
diversas razões, por inúmeros Estados. também em uma faixa de alto-mar, dando origem assim ã denominada
,--«z aZf§'§}O Estado, nos temios da Ç0nY€.r1Çä0__d<:` 1.9.82, l¢J11...§Ql?§.l`ëI11?1.110 zona contígua. Este direitohdöf Estado se exerce plenamente nos navios
que sá?-?i'“n'“'õ'u se dirigem para as suas águas interiores. já o mesmo não
Í ziõ;
fm'lfiíiit`6T1“¿fÍ€“ël%i'ÊëiÍÍ5š'§ÉiiÍÊl'¿ÍÃ9,
1éiróte'1,E;tib_solQ, deste. r_i.1af¬. f?f.P.fls9..:‹t‹-ít1“s.°
_ _ S°.bf@is°fi111¢z›¬-bem °°"*°
;_ , ocorre com os navios que apenas exercem 0 direito de passageni inocente
\ Os'Ês-tados possuem diversos direitos exclusivos como uma decorreiicia no mar territorial do Estado- A Convenção de Genebra proíbe ao Estado,
da soberania que exercem no mar territorial. O Estado tem direito sobre no seu artigo 18, a cobriança de taxas pela simples passagem do navio no
Í H _ ,' . .-. f ' ¡ , [_ _

o solo e o subsolo do mai territorial. l¿s_t_._i_#r:_egiao__e:_t},,0.,1I11I.1â‹!§l[l1££}l~f=Í.¿f3z P_l_€l___€1__ mar territorial, só sendo admissível a sua percepção quando constituírem
forma continental no sentido geográfico. Existe aqui uma dissociação entíe remuneração por serviços prestados ao navio,"5 e deverão ser cobradas sem
§f`iTõ'ç'ão geográfica e a noçao juridica de plataforma. O solo e o subso o discriminação de nacionalidade.
do mar territorial estão sujeitos ao regime jurídico deste e'_nao aoida O Estado pode tomar no seu mar territorial medidas de segurança e
platafonna continental. A ocupação do leito e subsolo do mar nao constitui estabelecer zonas de defesa. Ein 1970, foi concluído o tratado de desnu-
novidade já estando consagrado no Digesto e em inúmeros autores, como clearização do solo e subsolo do mar que é aplicável a uma distância de
Vattel Oileito do mar territorial é considerado uma continuação do ter- 12 milhasda linha de base do mar territorial. Como se pode observar, os
ritório estatal Este direito está consagrado no art. 2*-' da Convenção de Estados que adotam mais de 12 milhas de largura do mar territorial não
Genebra.” _ podem colocar engenhos nucleares nas demais 188 milhas. Deste modo,
O Estado tem também soberania no espaço aéreo sobrejacente ao mar sofre uma restrição nas suas medidas de segurança.
territorial. Este está consagrado em inúmeras convenções sobre o espaço Cabe ao Estado costeiro fixar a regulamentação da navegação no mar
aéreo como as de Paris de 1919 e Chicago de 1944; ainda, no art. 29 da
3
1 territorial. Sendo comum os Estados reseivareni aos seus nacionais a ca-
convenção sobre mar territorial de GeiiebI*a...d€ 1958- botagem. Ele fixa as normas sobre praticagem, etc. Foi com o mercantilismo
O mais importante dos direitos do Estado sobre o niar___tç_i§ri,toii_al___é__Q. que o Estado começou a reservar para os seus iiavios o comércio. Assim,
direi o exc usivo d?¡pesCa§'“É'"el'ë”qüë dãmã-.noção-de mar territorial nos dias em 1649 o Act of Navigation de Cromwell proíbe que toda importação
c`-lémluivõjhénhuinãcõiilienúdõriefiiiinentemente econômico.” A pesca foi livre até inglesa seja feita por navio que não seja inglês. Esta política foi abandonada
a segunda metade do século XVIII, quando foi consolidada a criação do na Restauração, porque a marinha inglesa crescera muito e podia enfrentar
mar territorial. _ i _ a concorrência. No Brasil, a emenda ã Constituição de 1988, aprovada em
O Estado tem o direito de fixâf .0 C€I'ÍI110.I`112l1 ITIHTIUITIO I.10.5¢11 .1T1.2.1I.`. 1995, abriu a navegação de cabotagem a estrangeiros.
territorial. Este direito já teve iio passado grande importância, que hoje r
O Estado exerce a juiisdição_civil e criminal a respeito dos navios e
tem 'decaído Era um dos modos pelos quais os Estados declaravam a sua F
pessóãš'que-šeiéiic-ontrain_ ndoiseunmariteriiltoifiall. E uni direito que decorre
soberania sobre os mares. Ainda iio século passado houve alguns incidentes da soberania do Estado. No século XVIjá havia referências bastaii te explícitas
internacionais ein virtude do desrespeito ao cerimonial marítimo.
Q 7 . , _
ã sua existência em Aragao. A Convenção de Genebra procurou manter um
l

O Estado tem o direito___de. estabelecer_regulaine_iitos sanitarios no mar equilíbrio entre a soberania do Estado costeiro e a autonomia do navio.” A
I

terii`fõfiãl -Este direito foi reivindicado no período niedieval, 'quando os pesquisa em águas iriteiiores ou no mar territorial depende de autorização
navios que vinliam do Orie-nte comumente traziain a bordo pessoas por- do Estado. No Brasil, 0 Decreto ng 63.164, de 1968, determina que a
tadoras de moléstias contagiosas. Atualmente, faz-se um controle nos Es- autorização e o controle serão feitos pelo Presidente da República.
tados de onde os navios vão sair para que não seja evitado o desembarque ' E o direito de passagem inocente” um corolário da liberdade dos
zz-...,....‹¢-‹i¬i....=..4¡_n=n-¬iis54P
.-

de pessoas ou efetuada a apreensão de navios em águas estrangeiras. O 14'Á:


:_,uw.-_n-
nn
mares. Sem ele, na navegaçaoiem alto-mar dos barcos de todos os Estados
não seria possível ou careceria de sentido prático” (Aréchaga). O seu
I-

assunto foi objeto de diversas normas na Convenção Sanitária Internacional


de Paris de 1926 e no Regulamento Sanitário Internacional (Regulamento fundamento é jusnaturalista, fazendo parte do “jus communicationis”. A
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sua origem foi consuetudinária. A convenção de Montego Bay o define por parte do navio nuclear e sancionado pela ordem dele se retirar das
como “o fato de navegar no mar territorial com 0 lim de: a) atravessar águas do Estado (Lucchini e Vollckel).
este mar sem penetrar nas águas interiores nem fazer escala em uma Na convenção de Montego Bay se estabelece que “ 05, navios ¢.~;u~zmg¢_›i-
enseada ou ern uma instalação portuária fora das águas interiores ou b) ros de propulsão nuclear e os navios que transportem substancias nucleares
dirigir-se para as águas interiores ou sair delas, ou fazer escala em uma õu'outras substâncias intrinsecamente perigosas ou nocivas deverão ter a
destas enseadas ou instalações portuárias ou sair delas”. 4.-_.-¡z-1.- 1-. ,-_. .
bordo os documentos e observar as medidas especiais de precaução”. Por
O direito de passagem inocente é uma limitação ã soberania do Estado li outro lado, a convenção de 1982 estabelece que os Estados costeiros podem
no mar territorial (Fedozzi)-'“ ' fixar rotas de navegação para tais navios. Tem sido observado que de um
São titulares deste direito todos os Estados, mesmo aqueles desprovidos modo geral os navios mercantes nucleares foram desativados por seus
de litoral. governos.
Este direito tem levantado alguns problemas na questão de se saber Não será con§ide_ra_c_la__ern¬passagem inuocentt-.ff a embarcação que rea-
se são seus beneficiários os navios de pesca e os navios de guerra. Quanto liããfuqirã-liqueifquninndos seguintes atos: ha) ameaça do uso da força contra a
aos navios de pesca, a Convenção de Genebra considerava que eles se soberania, integridade territorial ou a independência política do Estado
beneficiavam do direito de passagem inocente, mas_que eles deveriam costeiro; b) qualquer exercício com armas de qualquer tipo; c) “qualquer
respeitar os regulamentos do Estado costeiro. Os navios de guerra têm ato destinado a obter informação que prejudique a defesa ou a segurança
apresentado maior problema. A doutrina é divergente. A prática interna- do estado costeiro”; d) “qualquer ato de propaganda destinado a atentar
contra. a defesa ou a segurança do Estado ribeirinho”; e) “o lançamento,
cional também não é uniforme (ex.: a URSS exige que haja uma autori-
zação prévia). A Convenção de Genebra não tinha propriamente um artigo recepção ou embarque de aeronaves”; j) “o lançamento, recepção ou
embarque de artefatos militares”; g) “o embarque ou desembarque de
sobre o direito de passagem inocente dos navios de guerra. Ela apenas
qualquer. produto, moeda ou pessoa, violando as leis e regulamentos adua-
determina que o navio de guerra deve se submeter ã regulamentação do
neiros, fiscais, de imigração ou sanitários do Estado costeiro”; h) “qualquer
Estado costeiro, o que não sendo feito ele pode ser intimado a se retirar
ato de poluição internacional e grave”; z`) “qualquer atividade de pesca”;
do mar territorial. Na verdade, diante deste artigo, nada impede que um
j) “a realização de atividades de investigação ou levantamentos hidrográ-
Estado, para admitir um navio de guerra estrangeiro no seu mar territorial,
ficos”; k) “qualquer ato visando perturbar os sistemas de comunicações
venha a exigir uma autorização prévia. No Brasil, o Decreto ng 56.515, de
ou qualquer outros serviços ou instalações do Estado ribei1¬inho”; I) “qual-
23-_6-1965, estabelece que a visita de navio de guerra estrangeiro a porto lr quer outras atividades que não estejam diretamente relacionadas _com a
ou águas territoriais brasileiras deverá ser nõiiñcada previamente, mas não r
passagem”- E ainda norma assente no DI que os submar¬ino§,_`_ao _exe_rg_e1; _
diz se uma simples passagem inocente para atingir outro país deve ser o d_ir_e_i_t__o __dêÍi§"ã`§sfãigê_iÍi"iiiöcê'ñ“te; “'d'eve'rão ñavegaririaÍsufiperfície e arvorar
considerada uma visita e, em conseqüência, precisa ser notificada. Pode-se *Jun-fA.¬, seu pavilh_ão_'f.__Esta última norma é considerada “pouco realista”, vez que
dizer que existem três sistemas de passagem inocente de navios de guerra: _"õ§*s`ul)rnarinos nucleares navegam sempre debaixo d'água e só vêm à tona
a) o Estado dá permissão; b) o Estado só precisa ser informado; c) não é para entrar e sair do porto. Pode-se ainda acrescentar que durante a
necessária qualquer formalidade. - passagem inocente o navio estrangeiro não pode recuperar destroços de
Pode-se observar que na convenção de Montego Bay não há dispositivos l.
ti
l navio.`3l^
š
semelhantes relativos aos navios de pesca e de guerra.” E que na ?›“ Con- I

| O Estado -costeiro tem o direito de promulgar normas relativas ã pas-


u
ferência de Direito do Mar, a então URSS tinha se tornado uma grande sagem inocente visando a: cz) segurança da navegação e a regulamentação
A

potencia naval e alterava a sua posição anterior contrária ao direito de do tráfego marítimo; b) proteção dos "auxr'_lios" ã navegação; c) proteção
passagem inocente para os navios de guerra. Um grupo de Estados apre- l
II dos cabos e oleodtitos submarinos; d) conservação dos recursos vivos; e)
J
sentou emenda no sentido de dar ao Estado costeiro o direito de tomar repressão às infrações às suas leis e regulamentos de pesca; _/) pesquisa
medidas de segurança que impossibilitou o estabelecimento de qualquer' _ cientifica marinha; g) prevenir as infrações ãs suas leis e regulamentos
norma sobre a matéria (Hong Zeng Zhang). aduaneiros, fiscais, de imigração e sanitários. As leis e regulamentos do
Tem-se entendido que nenhum navio nuclear (de comércio ou não) Estado costeiro deverão ter publicidade. Finalmente, pode-se acrescentar
pode- penetrar em águas ou portos estrangeiros quando não há uma au- .-.A.1-.|*.~_.

ainda que o Estado costeiro tem O direito de impedir a passagem que não
torização específica. Esta é dada por acordo que prevê para o Estado seja inocente, bem como suspendê-la temporariamente em determinadas
costeiro um direito de inspeção para controle radiológico. O não respeito areas. _
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114.5
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_ -. 'Í S a I 5 , ' ' - '

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que im inocente; b) imoem
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_ 0ia ie -__ -. _ara
_ iao _ Fc g a çao
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_ - transpor16111 _ . - d. orrz-adoria, c) O oS Perigos Lxlstemesd g Çãopa dois dispositivos da convençao de 1932
305 _ndvlos
- _ que - ' oii destinatano
virtude da_ origem ama-açani a navcg_ d 111
.¿ Ç ão-› d) o Estado Ild_-_ O =. . - - ' - D ' _ r
0u,ainCl‹1› Cm . 1:, de-SC fflfl'-'T dm “I me _ _ ]`b 1'd'ide de Hflvcgdçdo 6 C
z - err 05 ue - - odeia cobfáf _ ' - ' assegurada a 1 6 ‹ _ __
devera dlvlllgaf Os P g les assageminocente, mas? B_ -
relativos ' aos estreitos.
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derá fazer cobranÇ'‹.1S Pfila Slmp P ticagem) Enmimmo' as ap ^ ¬ estreito assa _ mas
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' p ffislfldos (ex: pra _ _ i f nas ea- Malásia
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uma zona economica exclu d _q ave ação- b) será aplicada d Pässägfim
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G sempre
stado cum ' - normal-
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1.
1.

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trafego aére ,, O desi gh ad.a pela autorid' d 0 sintonizada 5 empre a fre- nacional e estrangeiro aqe oslds . de 18/ 10/83 determ' . 0 raslhpomma
- ' _
11€
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qucuquer' pesquisa
0"* if)hidr fe a- passagem
dllrant - . d Ctrânsito
de não dod c Ojntrole do
Compfflfinte ' mar_
territorial b rasileiro
_ . _' Parar
_
as máquín.ÀS ou funde1113 9 11 fr 0 _ navio,
teiros a estes . ,,°-gfdfica sem a autoriza ` ' - po em ser feita niador deverá Comunic , o Comandante ou O represe lar nos limites do
1

Podosca CI`C.'S
a T a- Capitania
« - _ - dos P0,-¡ ,,
n dflte
- legal do Ar.
O s E stadösestreitos
Coste- ' - Ç?-30 previa dos Estados cos `
1

1 _ _ , ceiitai, a titulo d '


. ._ _ . _ _ 0S___
lI`0S Qd ” la uma diíer e ilustra a o
para 3 passagem de trânslill irao estabelecer rotas de navegaç-* z - l @11Ç‹i- entre
. inoce
- ç_ ' (lufi Pëlld_ Luccliii ` -

tanto, dar - - °› Cm como vir- . _ do maritima f em vista a 1-mc __ . nte e inofensiifa A - _` 111'-f Voelckel
de publicidade -d tais - medida _ T^ d subsutui-las , d eu-:ndo
z gm;-o-
1
~ ._ 11Ç‹iO e a segund ' - Pflmeiia so ¡-¡.¡.n‹~
quffncias dan - - a Significa quo - _ _ ' ' 'Ca lfrndo
P1"0mulgar leis G regulam 5- Em os Est H d OS costeiros
' 'dr - navio nuclearOsds Pdra o_ Estad O costeiro. Dom fi Pdssflgeni
_ não tem conse-
regulamenta cao
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o trafego _ _
ma;-mmo Ô ' Q SC_gU ranÇa da .navegação É E de se obsP0de ser iiio cente_ mas nao é ¡I Ê rmodo
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P0 U1Çao; c) a roib` ` 5 )prevençao rodu .- direito d ervar que nos canais (c lo enslva'
u P IÇEIO de pesca. dz) b z çao e controle da 6 passa em ` - Onstruções a ' -_ - _
q erprodum ' moed aou P E5503 ii quevioleasleisera
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-. -.-. ___. ._ LL; _

4_-. __-.z:_. -¡._ -._

de nave gtf'ic"i‹›;
_. isto ocorr-›cu, dt.~ um modo geial, _ -. poi_ exemplo, em relaçao _
ao (Jaiial de Suez. ` coiiio aguas iiiterii-is
z _ zonas que eram antes .
Pode-se acrescentar que -a libei ' - dade de acesso aos ` ' consagiada
- - interiores, o direito de 3; -- - t- con ` l eradas como áuiias
_ sit
_ portos foi _ 1 issavem inoc . _ .~›
iia Declaraçao de Barcelona (1991)
_
C_0______ ~ - . mas que ela tem um carater com f eii _ .. __N05 Portos`¿"'
_ _ o limite iiiteiioi' d o inar
cultterrito
SL aplica 1H fisrds
. . á%'Uël5
" ' 2” _
_obI“*5_ fiXdS mais avaiiçadas do Porto” E t- “dl L [idÇ°1.d° il P*"`U1` <l'‹l-S
="""425"~.A
-.- linhado
mc.dëuá_/largura
_ dembaselr _ d omar
. ' ' - c1-aquela..a pai tii cla_
_ Itciiitonal qtial se Vista a importante função qug l A . s a regra se Justifiç-__ tcndo um

il U - _ _ ‹_' errit
_ ' em direçao
Orla. ` -` ao
- alto-inai.
- . . Ela ez a liiiha
q 6 Separa o mar territorial das aguas iiiteriores A sua iniportânçia ¡
- _
. .
__ _ '
es a - ° '_ __ ~
assiniiladas estas águas às águd _ 5 tem nas opciaçoes do po.-.O dm» sc_____m
's interiores. En - -_ - - "
<1f01‹1 6 215 ilhas artificiais náo serão consid -L-Iãidmo ds mSiÍilaÇÕ<:'S " costa
'

“N 5Íd01`€HlÇHCl¡=1 or ue uanto in-` - - ~- _' - » em P`<1`I`I1l2ineiites"_ em 45 C0I15U`UÇ0<1`$ Portiiárias


I
\
"01

_
0

Ú
i.
torial z beni coiiioqmais
\.
» Í arga serafma area indr MOM”
das aguas mmsinteriores.
longe mi O mar Íffffl' As ens cadas
~ - tambem
- ' p055¡1.¿m
d'as sao-` aquelas
- . areas
_» maritimas
_ _ que são u5‹
regra 1.
ÊSPÊCÍHÍ _de delimita_ Çao_
~` As ense-(1- '
_A linha _ _ __de_ base _ norn1 - il ' - ‹ . _ . _ _-
nv

D l nao F define o* "tre ue se 1.. ~~z.íz_~Ê _.'ͶP__.e.l.€Ê._Ê9_.lÊÍ_l_g9..ÊlfÊ.__ÇÊ5[¿__nf?


""* "' ".b_f“?Fa`_n.Í*3Í:
' . " dee]-,iraO Ejas se ca_.aC_e__izam por ser um 1 1d b ac as para os navios ancorarem
,_.__..___,__.,_..________,____
_ d baixa-ni
__ _.. ...S1________ _]_______ _ _ “‹_l_11 A Convençao -” de Montego Bay . _
que e aquela indicada nasicairtas marítimas de vrande escala reconhecid- na Çonvençag de 1982 ~ _ OCa e a ri 80 Pára- . -
os navios As _-_.,-_ _. ___ -
~ _ _ , nao sao consideradas a" - ' ' Q Sid ds'
oficialniente pelo Estado ribei iinho -` ” ."°`* No caso O de costas iiistái i parte do mar territorial 26 mesmo as guds lmenores' mas fazendo
' às
' a linha ' _ _ te fora do traçado
=
de dbase_ nao _ é modifi - -
cada com ' - . .-
'eis Ou_ein pai gaml 'doenseadas___]cu e estiverem ' ` .. totalmente
Í _ ' 0 iecuo da costa, a nao ser que 0 Estado 'refere ro ._ __ _ _ mar teiiitorial Esta norma n`
se ecida a modifica-la. Esta n orma ue fi ura na al'i ' 9 '¬t› . P Pfldmente a linha de base d - ao se
Cgnvenção feita para atender a ll Cd _. dO RTL / (là medido'a partir ' da. enseada_ mas a enaO mm 1 “f1`1`Í¡01`Í31. POI”f-1 ue e 1 e nao
-“ é
a enseada.” i lP S c e (mar territorial) abrange toda
O método
. . dfi se U`1*1Çar tima linha reta para senir
' de l'in-h a d e b ase d o
mai _ territorial nas costas niuit ~- - Nas baías lo calizadas
- ` em tern' [0I`l0' ° de U
dê ilhas próximas dd Co E O Teco* Í-=1d‹15. ou quando existe uma serie linha da maré ba'ixa- poique - ela ez impiaticá
. _ m1 S0' Estado . ~
nao se adota a
. ' ' S a._ remonta-~ ajacques
- - I, da. Inglaterra
_ que em
em .' ' “ I 7” .9~ .i ,
do dobro da la rgiira-Í do mar . territorial
. _ _acariVC i2 0)' se a baía possuir ma'15
___\_ __ .sabelecm que ds Q- _I'I.'f_\.l].'Jl_Q. pt'
Klug 5 Chambers' seriam determinadas _traçan- , , _
navios de 8 uerr21 penetrarem no seu interio _ = _ `€u ana a possibilidade de Q S
Clã. (lll`€Ç'¿lO da Ôõbfãiffe,OSdD1`OII]0ã1[%{%1(âÍOd[%1(i05[a_ Slstema linha de na faixa que exced esse o dobro da largura _ dof› ma vez que sería alto-mar
- . ' - - s ao 0 '-°-“ . __ '
estar suficientemente 1184 “I .., d) eias não são ti-aIt;adas em terre'nos*-'qm-.
" 0
0-
210 regime de aguas lnteriošes. ' ___ não se; que eles tenham construções
__:d.l].L'l'fl.-\:r\..ø~.-_-...
Estado' ¿')'Se a ba M '* Possuir
' ' menos
_ ao a0bi~ó'a..zi
_-z.. iliar t€¡fi¡01`Í'ë11 adotado P el °~
_ , ¬,_ __ _ _ - _ ~ -Y «_ _ _ '` -
rritorr .

so- se descobrem nãf mare _ aixa mnémcmemg acima do mvd _ do mm”, _ _ __) nd_ à de um semicirculo ten do por diarnentJ..z.~¬a... ,_....z..,.;,__,_ _,____ 9
" d
_ al.
en a de il'l'i'as'Ç iÍ`i'íI?z'fi>r›`¬aJ.
(faróis) “que se ac em Pei” . - .d ra çao_ .. o S i_____.__._¡__SS__¿S. da reentrância”° b) “ q11211”1Cl0. em M2210 3 Pres Ç 1' , Í

- _ - . - - ode-se levai em consi e _ trância tem mais de uma entrada, 0 Si'-`m1C11`C


tilo e traçado tornando-se
fixaçao da linha de base retä_P __ e cuja importância seja confirmada P0] liam as diferentes entradas”. “A
z~ -
gmnomicos f '
proprios - criao de ser apfiçado por um Estado de rnaneii- _ a
da“r€_z› como diâmetro a soma das linhas que fec
su erfície das ilhas situadas no interior de uma reentrância compreende-se
_ _
largo tiso;_ƒ) este sistema nao p€ÍtOl__a_ de but.-0 Estado do alto-mar ou de
que ven ha a separar o mar terii
_ naPsuperficie f total desta ” ; c) a distancia
” ' dos p ontos de entrada nao pode
exceder 24 milhas; 2°_ d) se 2.1 (1 1Sl2111C121 ff xcede 24 milhas, " uma linha de
- ' ,t - __ .I Slxrau _ '
uma zona economica eitclu d_ tância máfima entre os pontos salientes a
;' -“ - ' IS ' 1 base reta de 24 milhas e traçada no interior da baía, de inaneiiaa coin-
A convençdo
- - nao- fiišdhd
1 '(1 d C b 215 e - O Decreto-lei ii'-* 44, de 1966.
. fixou. preender a maior superfície (1 e água (1ue for P ossível para uma 11111121 df-` .
- ii
¡.-
Semm_ unidos
› pol
' f está `- H'- ximfl
` de 12 milhas = 2* e o Decreto-lei n*-' 553/69 tal comprimento _ *_ _ _
filme nos' a distdnch-1 mld ente o Decreto-lei ng 1.098, de 25-5-70, revogou z . - . - - ' ' ' › iais de um Estado nao
As baias que se localizam em teiritorio de n
ñxou em 24. milhas. Fmà m ieiite z adota o sistema de linha. de base reta, _ , .~ -- ' de 1982. A rática
o decreto anterior ° expi'essan _ I _ _ Omos Sa__e___eS_ E' (ie se foram tratadas pela Com ençao de Genebi a e nem na P _
- . ' " cia maxima entre os p _ - _ -, ~ -' - f -_ lssãoconsi-
mas nao estabelece a distaqi à linha dfi base reta [gm por efeito englobar, adotada e de que o mar territoiial segue a linha da costa E a
. ' -
acrescentar ainda que qu an o' -'
' 1149

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tleradas mar territorial, estando assiin i'esguai'dado o direito de passagem Sobre os baixios a dt-scolierto (“enteiicl‹:in-se as tflt-t--.ir-<`,t¢_-5 ¡¡;mi¡-ais de
' ntc*- Fiitre os listados costeiros os limites são traçados do seguinte l t‹:i'i'eno que são cercadas pelo mar e descobertas pela inaré baixa, 111215
iiioce - z .
nodo' ri) se a largura da baía é iiienor que o dobro da do mar teiritoiial, cobertas na maré alta” )_. quando eles se localizam a uma ‹listãncia que não
:mota-se a linlia mediana; b) se ela tein mais do dobro, cada um fica com seja superior ã largura do mar territorial, “a linha de I);zi×;¡-m;_¡¡~ _‹;¢_,b¡-t- esses
baixos pode ser tomada como linha de base para medir a largura do mar
seu mai' territorial e o meio fica corno alto-mar; C) em 0111105 C21505 adoufsfi
como limite o ineio do canal principal; este sistema é adotado nos casos territorial”. Se os baixos a descoberto estiverem fora do mai' territorial.
em que se a linlia mediana fosse seguida e ela deixasse para um Estaclp eles não têin uin mar territorial próprio.
-,1 ‹-mas água cheia de bancos, etc., e 0 outro ficasse com as aguas boas ; E de se assinalar que o Estado deverá dar publicidade das linhas de
di) nada impede que os Estados costeiros estabeleçam na baía tim coiido- base adotadas. .
mínio. _ _ _- ._ 1 As ilhas (" extensão natural de terra, cercada de água e que fica des-
As águas históricas sao consideradas aguas interiores e o inar teriitoria coberta na maré alta") possuem mar territorial, plataforma continental e
é medido a partir delas. Estas águas se loí:'al_izam, via de regra,_no territorio zona econômica como o continente. Não estão incluídas as ilhas artificiais
de um único Estado,3" só havendo como exceçao iieste senudo a baia de que possuem normas próprias.” Na convenção de 1982 há uma novidade
Fonseca, que se eiicoiitra no território de três Estados: Nicaragua, Hon- no tocante de que as rochas que não forem aptas “para manter habitação
duras e El Salvador.” A teoria das baías históricas parece ter surgido em E humana ou vida econômica própria não terão zona econômica exclusiva
l nem plataforma continental”. De um certo mod'o'po'de-se dizer que esta
1793 quando um navio francês capturou um navio ingles na baia de
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Delaware. O Procurador-geral dos EUA alegou em parecer que sempre o última ressalva que figura na Convenção de Montego Bay segue uma
seu país se considerara com direito a todo o estuário do Delaware e taigilbem observação de Gidel que afirmava que para ser ilha era necessáiio que as
sobre as águas de toda a baía (B. de Villeneuve). O grande pro cmd
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“condições naturais permitissem a residência de grupos humanos organi-
consiste em sabermos quais são os elementos que transformam uma zona t
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zados”. François, relator da Comissão de DI cujos trabalhos concluíram
maiítima em águas históricas. Diante da jurisprudencia internacional, po- .‹`
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na Convenção de Genebra, afirmava, entretanto, que “qualquer rocha
demos afirmar que uma “água”, para ser considerada historica, deve' ter
l

poderia ser usada como uma estação de rádio ou um posto de observação


meteorológica” e, em conseqüência, “neste sentido, todas as rochas eram
os seguintes elementos: um interesse vital para o Estado costeiro; a area i suscetíveis de ocupação efetiva e controle”. Assim sendo, no tocante ao
reclamada a título de soberania deve ser adjacente a costa do Estado; um .¿.
mar territorial a convenção de 1982 manteve o conceito da convenção de
uso contínuo pelo Estado, dessas águas, como se fossem águas interloffiâ,
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or longo tempo 1 32 e a ausência do protesto
»-- por parte dos outros
_ ,Estados.
_ _ .M 1958, mas inovou no conceito de ilha ao tratar da plataforma continental
Ela deve se encontrar no território de um único Estado; Nao_l'ia direito
.l\.
z. e.-“da zona econômica. Podemos analisar ainda algumas hipóteses em rela-
de passagem inocente nas águas históricas. Atualmente sao reivindicadas ção ãs ilhas: a) ilha próxima ã costa, mas forado mar territorial do “con-
como águas históricas o Golfo de Sidra, pela Líbia, e a Baía de Pedro o 5 tinente” -- se o mar territorial da illia e do continente se misturam, ele
Grande, pela Rússia. - 1 forma um todo; b) se entre os dois mares territoriais forma-se um bolsão
Na embocaduia _. dos rios,
- se o ~= rio
'* - _ desemboca diretamente
' no mar, a |`,
de alto-mar de pequena largura, ele poderá ser incorporado ao mar ter-
\

linha de base será uma linha reta” traçada na maré baixa na boca do rio.
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,t ritorial. Em todos os casos a ilha possui o seu mar territorial próprio.
As embocaduras de rios em território de mais de um Estado não foram Os arquipélagos têm apresentado grande número de problemas. Eles
tratadas pelas Convenções de Genebra e de 1982, Se for um 'estu211'10, foram definidos como “a formação de duas ou mais ilhas (ilhotas ou
odemos -iplicar as normas sobre as baías em território de mais de um
4u. ¡-; _¡_,-_-¡
rochedos), que geograficamente podem ser consideradas como um todo"
Estado. Se não for um estuário, a' prática internacional (rio da Prata - (]. Evensen), ã época da conferência de Genebra. A Convenção de Genebra
declaração conjunta da Argentina e Uruguai em 1961 e 1964) consid_eia não tratou do assunto. No caso de arquipélagos costeiros ein forma retilí-
l

ue se deveria traçar uma linha reta na sua embocadura e as aguas entre nea, é comum se traçar a linha de base reta- Os arquipélagos não costeiros
ãlcosta e a linha reta seriain ãguas interiores. Este procedimento nos parece não apresentam uma prática uniforme: alguns Estados (Filipinas, Indoné-
ossível quando há acordo entre os interessados; não havendo, devem ser sia) adotaram o critério unitário e consideram o arquipélago como um_
ãplicadas as normas referentes às baías em território de mais de um Estado. todo, independente da distância das ilhas: o mar territorial é medido a
É preciso que se ressalte um amplo direito de passagem inocente para partir das ilhas mais externas e as águas en tre as ilhas são águas interiores.”
terceiros Estados com interesse especial na região (CX-1 um ESIHÓO banhado É _verdade que a aplicação do ciitério unitário poderá levar a algumas
pelo rio, mas que não é limítrofe na sua embocadura). , situaçoes bastante difíceis, assim, se ele viesse a ser aplicado nas ilhas gregas
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de base traçadas conforme tais normas deverão figurai em eai-tzis com
do M ar ligeu. a Romênia e a Bulgária, ao sairem do Mar Negro, não lcI'i'‹1l11
escalas adequadas para o seu traçado licai' preciso, bem como tais cartas
acesso ao alto-mar através do Mai' Egeu.
deverão ter publicidade. A largura do mar territorial, da zr-,mi contígua,
Outros (EUA e Inglaterra) consideram que cada ilha tem o seu mar
da zona econõinica e da plataforma. será medida a partir das linhas de
territorial próprio. Alguns autores (Sorensen) consideram que as aguas
base arquipelágicas.
interiores nos arquipélagos, se forem indispensáveis navegaçao interna-
A soberaiiia do Estado nas águas arquipelágicas se ext-_-rce inde-
cional, deverão estar sujeitas ao direito de passagem inocente.
A convenção de 1982 dedica vários artigos aos denominados “Estados pendente de sua profundidade ou distância da costa. A soberania se estende
arquipélagos”, bem como define arqiiipélago.kE¿staclpja?I'3U1PAÊlfl89e;<19uÊ]Êz ao espaço aéreo, leito e subsolo, bem como -aos recursos de tais águas. O
“coi1stitt1í_c__l_o iji_t_egijaliiieiit_e _pQij__i_i__ni ou vfÃ{_i__C_>__5¿ 2šfF1!_11P§lš%gQ_S.c..£}Us`f. 99.9-Êfë. Estado arquipélago poderá traçar linhas para determinar as águas inte-
riores dentro de suas águas arquipelágicas conforme as normas expostas
'"iiíi¿'Íí‹Í.ÍÍ'iÕl¬'F1Ê5š..ilhas.” - A¿gyj1¿š¿1j‹¿g<¿_š,_Ç1_Ê_Íi.11i€l9...E<l1F39._"k!1F!..-811«1i2Qt1s.iJJ1as. acima. Entretanto, o Estado arquipélago respeitará “os acordos existentes
'incltiídas___pa_iƒ_t__es de ilhas, as ágii_as__-_que as comunicam e outros elei_1_1_<:-`_I'tl.OS
com otitros Estados e reconhecerão os direitos de pesca tradicionais e
*iiiáiiii'=f1izS.ct1y¢ 1-rS1¢,iëin_.tà9.e.s1r.citmnenl¢ r.¢1.flÇi9.I1=11.1.Qâ§B.Ê{Ê._5'}lʧÊ_*ê1$,}1hê§=
outras atividades legítimas dos Estados vizinhos imediatamente adjacentes
E '‹ë8Hí%S...s. -s_l_§i11is=:ii tis- i12.i_tv_i11‹1i.$- fvlíiilëel--í11P%`.ÍI?§ÊÊê13?.Êš}.P¢ _P.?Ê“F*Í .Ê!}.'-.1ëë§1_s_s£9;. ein certas áreas situadas nas águas ai'q1iipelágicas”. Têm estes Estados a
'F'igráfica,____e_cQ_n_õniif;E1. Ç política ou quehistQIÍiÇ.21_nji_e_nte_ tenhain__s1doflÇo_§§_1§lÊ-
iiá-cl_ci_s__ç_o¿11o-.tal2_-_.Em termos estratégicos, o arquipélago mais importantt* obrigação de respeitar os cabos submarinos existentes que tenham sido
wéió' da Indonésia, porque é através dele que se faz a comunicaçao entre colocados por outros Estados ein suas águas, bem como permitirão, após
os Oceanos Pacífico e Indico. _ terem sido notificados, a sua manutenção e substituição.
Inúmeras normas foram estabelecidas para as linhas de base arquipe- É assegurada a passagem inocente nas águas arquipelágicas a todos os
lágicas: a) podem ser traçadas liiihas retas “que unam os pontos extrem0S navios. O Estado poderá suspender temporariamente a passagem inocente
das ilhas e os recifes acima da água mais distante do arquipelago, com a I
se isto for “indispensável 'para a proteção de sua segurança”. A suspensão
i

condição de que deiitro de tais linhas de base permaneçam compreendidas deverá ser publicada.
as principais ilhas e uma área em que a relação entre a superficie mariurqa A convenção de 1982 estabelece ainda um “direito de passagem nas
e a superfície terrestre, incluídos entre os atóis, seja entre 1 a 1 e 9.a 1 ;
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vias marítimas (rotas) arquipelágicas” que “poderão” ser designadas pelos
b) a distância de tais linhas de' base não excederá 100 milhas maritimas, Estados arquipélagos. Poderão ser “vias maiítjiiias e rotas aéreas sobre
entretanto, “até 3% do número total de linhas de base que fechem_ um zf
5I
elas” que sejam “adequadas para a passagein não inteirompida e rápida
arquipélago poderá exceder esta distância, até 0 maximo de ,125 milhas de navios e aeronaves estrangeiros por ou sobre suas águas arquipelágicas
marítimas”; c) o traçado das linhas de base. não se d_esviara de modo
1
jt e o mar territorial adjacente”. “Todos os navios e aeronaves gozam do
apreciável da configuração geral do arquipélago; d) nao 561210 f1`aÇ3~da5 direito de passagem” em tais vias e rotas. “Por *passagem pelas vias marí-
linhas de base em elevações que fiquem acima da água apenas na baixa-mar, timas' arquipelágicas se entende o exercício... dos direitos de navegação
a não ser que aí tenham sido 'construídos faróis ou instalaçoes analog_as e de sobrevôo de modo normal, exclusivamente para os fins de trânsito
que fiquem permanentemente acima da água, ou ainda'que esta elevã_Ça0 ininterrupto, rápido e sein entraves entre uma parte do alto-mar ou de
“ esteja situada total ou parcialmente a uma distância da ilha mais proxima uma zona econômica exclusiva e outra parte do alto-inar ou de uma zona
que iião exceda a largura do mar territorial”; e) nao sera aplicadop sistema econômica exclusiva”. Estas vias marítimas e rotas aéreas incluirão as rotas
de linhas retas quando ele_ isolar do alto-mar ou da zona economica ex- normais de navegação marítima e aérea. Estas rotas serão devidamente
clusiva o niar territorial de outro Estado; _ƒ) “se uma parte das aguas definidas por linhas axiais e os navios e aeronaves não se desviarão mais
arquipelágicas de um Estado arquipélago estiver situada entre duas partes de 25 millias de um ou outro lado destas linhas, etc. Foi adotada esta
de um Estado vizinho imediatamente adjacente, se”man terao e respejtarao largura para se permitir 0 desdobramento de uma esquadra com várias
os direitos existentesé quaisquer outros interesses legítimos que este ultimo enibarcações. Se um Estado arquipélago “não designar vias marítimas ou
Estado tenha exercido tradicionalmente em tais águas .."`; g) para selcal- rotas aéreas, o direito de passagem por vias marítimas arquipelágicas po-
cular a relação entre água e terrã mencionada na letra a, “as superficies
il.i
derá ser exercido através das rotas utilizadas normalmente para a navegação
terrestres poderão incluir águas situadas no interior das cadeias de recifes
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internacional”. O que se pode observar é que a convenção é complexa no
de illias e atóis, incluída a parte alcaiitilada de uma plataforma oceanica tocaii te ã passagem nas águas arquipelágicas e podemos deduzir o seguinte:
que esteja fechada ou quase fechada por uma cadeia de ilhas calcárias e cz) é assegurado o direito de passagem -iiiocente ã navegação marítima; b)
de recifes emergentes :situados iio perímetro da plataforma ; Ii) as lin-has os Estados podem designar rotas de navegação marítima e aérea para 0
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e.\'ercíci‹'› do direito de passagem descrito acima. mas se não o lizer os Entre dois Estados laterais, o limite é traçado pela linha dos pontos
navios e aeronaves poderão exercer o citado direito “através das rotas eqiiidistaiites, ou método Boggs (foi quem o definiu e propôs). Totlavia.
utilizadas normalmente pela navegação internacional". Assim sendo, a deve ser ele corrigido em determinados casos, como, por exemplo, quando
navegação marítima vai se beneficiar da passagem inocente, que é mais a sua aplicação desse para um único Estado todos os canais navegáveis de
ampla do que o " direito de passagem”. E interessante observar que a uma baía ou de uma embocadura de um rio. A doutrina (Gidel)~tt:m
Coiívënção de Montego Bay consagra assim a passagem inocente, a passa- proposto que se aplique nestes casos o talvegue, que no direito marítimo
gem de trânsito e o direito de passagem, sendo que este último utilizado significa “o canal principal em direção a um ponto dado”.
nas aguas arquipelágicas está sujeito as normas e obrigações da passagem Entre Estadosfronteiros, aplica-se a linha mediana, a não ser que haja
de trânsito. Daí W. Riphagen ter observado que os corredores de navegação acordo em contrário ou existam na região águas históricas.
nas águas arquipelágicas têm um estatuto jurídico comparável ao dos es- Nos estreitos (passagem marítima que comunica dois espaços maríti-
treitos que servem ã navegação internacional. mos)55 existem algumas normas especiais. O estreito com apenas um Estado
A grande vantagem para o Estado arquipélago na adoção das águas
ha
costeiro: a) se ele não excede em largura o dobro da largura do mar
arquipelágicas é o controle sobre -a pesca. _ ierritorial: ele pertence por completo ao Estado costeiro; b) se o estreito
Pode-se lembrar que a 1. Maurício, como Estado arquipélago que
possui entradas não excedendo o dobro da largura do mar territorial, nos
“bolsões” no seu interior em que esta medida é ultrapassada, seriam os
reivindica uma zona econômica até 200 milhas, vai multiplicar 1.800 vezes
tais bolsões, normalmente, alto-mar, todavia, poderão ser eles eliminados,
a superfície terrestre em aguas que ficarão sob sua jurisdição.
uma vez que não apresentam maior interesse para a navegação. O estreito
Um último aspecto que ainda vamos analisar neste item é o de mares
comimais deum Estado costeiro: a) se ele tem menos do dobro da largura
fechados ou semifechados, que são definidos como “um golfo, bacia ou do mar tenitorial, adota-se a linha mediana;36 b) se ele tem mais do dobro
mar rodeado por dois ou mais Estados e que se comunica com outro mar da largura do mar territorial, cada Estado traça nele o seu mar territorial,
ou o oceano por uma saída estreita, ou fomiado inteira ou fundamental- P
e o meio fica como alto-mar.
mente pelos mares territoriais e as zonas econômicas exclusivas de dois ou E preciso assinalar que a extensão do mar territorial para 12 milhas
mais Estados ribeiiinhos”. A convenção de 1982 apenas estabelece que os fará com que 116 estreitos até agora com um corredor no meio como
Estadps deverão cooperar para o exercício de seus direitos. alto-mar serão cobertos pelas águas territoriais.
'¿š_()O limite exterior do mar territorial tem três métodos para o seu Finalmente, podemos repetir com L- Nelson que as fronteiras maríti-
s
traça o: @ o traçado paralelo ã-costa, que é impraticável quando ela I
ma,§,-devem ser estabelecidas conforme “equitable principles”.
apresenta uma série de sinuosidades, uma_vez que seria impossível aos O problema da largura do mar territorial foi uma das. grandes
navegantes saberem se estão ou não dentro de um mar territorial estran- I
I questões-do DIP do Mar nos dias de hoje. A largura tradicional, como
geiro; b) o traçado poligonal: consiste em fazer na linha de base no mar vimos, é a de três milhas; entretanto, na Conferência de Haia (1930),
territorial uma série de “retas ideais” unindo, dois a dois, os pontos da diversos Estados já sustentavam a insuficiência deste critério A doutrina
costa, e o limite exterior seria formado de linhas retas paralelas ãs linhas
de base. A dificuldade deste sistema é que para o navegador se orientar
É também não tem sido uniforme.” A prática também não apresentava
qualquer uniformidade; um grupo defendeu três milhas (França, Inglater-
precisaria que as regras fossem “preestabelecidas e invaiiáveis” e daria
muita liberdade aos Estados para escolherem pontos salientes; c) método
l
i.
ra);38 outro, quatro milhas (Suécia, Noruega); outro, seis milhas (Itália,
Grécia); outro, 12 milhas (URSS, República Popular da China); e outro,
das curvas tangentes: “consiste em traçar uma série co'ntínua de arcos de \ 200 milhas (Chile, Peru,38^ Equador). Posteriormente os antigos defensores
círculos com um raio igual ã largura do mar territorial em todos os pontos das três milhas passaram para o grupo das 12 milhas. Assim, os EUA
da costa. O limite exterior é formado pelos arcos que se cruzam mais m_ar continuaram durante algum tempo com o mar territorial de três milhas,
afora” (Aréchaga). A jurisprudência internacional (caso das pescarias an- mas criaram uma zona de pesca de növe milhas. A convenção européia
glo-norueguesas) não' considera nenhum deles obrigatório. A Convençao de pescarias (Londres, 1964) admite 12 milhas de zona de pesca. A França,
de Genebra apenas determina que ele é formado por uma linha cu_)os em 1971, passou para 12 milhas. Na verdade, não havia uma uniformidade
pontos extremos se situam a uma distância igual ã largura do mar territorial total da largura do mar territorial já há algum tempo, vez que no Medi-
do ponto mais próximo da linha de base. terrâneo Oriental, desde os séculos XVIII e XIX, os estados reivindicavam
A Convenção de Montego Bay estabelece que o “limite exterior do 6 milhas de largura e os países escandinavos 4 milhas.
mar territorial é a linha” que está mais próxima de cada um dos pontos Na Conferência de Genebra de 1958” as divergências se manifestaram
da linha de base “a uma distância igual ã largura do mar territorial”. . "''-\nf'-vu--"
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e na convenção sobre mar territorial e zona contígua, aí concluída, não

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de guerra. Daí a aceitação dos EUA da zona ecoiiõiiiica. Eles próprios,
existe iienliiiin dispositivo sobre a largura do mar territorial. l:`.la teria de
apesar de manterem o mar territorial em três iiiillias, acabaram por criar
modo indireto limitado o mar territorial ao fixar 12 milhas para a zona
uma zona de pesca que vai até 200 milhas de largura contados a partir da
coiitígua. Esta noção de zoiia contígua, podemos acrescentar, se encontra
costa. A própria URSS esteiideu para 200 milhas a sua zona de reseiva de
lioje ultrapassada. Em 1960, uma nova conferêiicia, reunida ein Genebra
pesca (1977) ou, ainda, iio mesmo sentido e ano se manifestarain os países
'para este fim, não cliegou a nenhum resultado.
Na América, o Conselho Interamericano de jurisconsultos (México,
da CEE onde os Estados tomariam medidas em comuin e seiia uma “zona
de pesca comunitária”.
1956) afirmou que, conforme as suas necessidades, o Estado poderia. de-
A grande questão iio Direito consistia ein saber se existia ou não uma
terminar a largura do mar territorial “dentro de limites razoaveis. A
norma internacional lixando a largura do inar territorial. Uma corrente
Comissão jurídica Interamericana (1965) considerou que o Est-aclo_pode
fixar até a largura de 12 milhas. Atiialnieiite (1973) aprovou 1'eSOlllÇP~0 6111 (Oppenlieim) considera que sim, eiiqiianto a outra (Alexandre Alvarez)
que se iiiclina por um mar territorial de 12 niilhas e mais um niar patri- responde que não. Na verdade, não existia qualquer norma internacional
monial de 188"milhas. _ ,_ _ neste sentido, bastando para isto que se veja a diversidade da pratica
A disputa em torno da largura do mar territorial nasiconferencias de internacional, que não apresentava qualquer uniformidade para a forma-
Genebra de 1958 e 1960 prendeu-se a três fatores: estrategico, navegação ção de uma norma consuetudináriaf'
e pesca. E de se salientar que o Instituto Hispano-luso-americano de Direito
Quanto ã esca' o mar tem sido considerado como a grande reserva Internacional (Lima, 1970) reconheceu que cada Estado tinha o direito
de a anidade. As águas próximas ãs costas sao as mais ricas de fixar a largura do seu mar territorial e que devia existir uma pluralidade
em espécies comestíveis. Apenas 10% do mar sao produtƒivoš, e CSIHS 211`<;l'?=5 de regimes devido ã diversidade de situação. E de se lembrar que a largura
são as águas sobre a plataforma continental, e- alguns “oasis que tambem do mar territorial não tem qualquer obrigatoriedade de ser uniforine no
são próximos ã costa (Paulo Moreira da Silva).`*° Daí os grandes paises, na mundo inteiro. Ela deve atender a condições econômicas e geográficas.
pesca, defenderem um mar territorial estreito, a lim de ir pescar proximo Diziajohnston que a idéia de uniformidade é apenas um “prazer estético”.
às costas de Estados estrangeiros._]á os pequenos sustentavam maior largurâz As grandes potências têm protestado contra as larguras superiores a 12
não só para defender as suas reservas, bem como porque nao vao pescar milhas e com isto impedido que se forme uma nova costumeira. Os EUA
próximo às costas estrangeiras. E de se salientar que inumeras populaçoes aplicam sanções aos países que prenderem barcos de pesca norte-ameri-
costeiras têm a sua alimentação essencialmente baseada na pesca. ,_ j canos a mais de 12 milhas da costa, sendo que a multa paga por estes
1 barcos será descontada do auxílio econômico norte-americano ao país. Na
Quanto ã navegação, alegava-se que a grande maioria dos farois so
atingiu três milhas, que muito balizamento...no mar so_e avistado a` esta verdade, a validade do aumento vai depender da sua efetividade. Unia
distância, bem como seria difícil para muitas embarcaçoes ancoraria dis- tendência que se desenvolveu na América é a do mar patrimonial, como
tância de 12 milhas, quando elas não quisessem entrar no mar territorial figura na Declaração de S. Domingos (1971), firmada por países do Caribe.
estrangeiro. A diferença entre mar patrimonial e mar territorial é que naquele o Estado
-_ I tem direito sobre todos os recursos das águas, solo e subsolo e é assegurada
Quanto ao&lo a) inúmeros estreitos (Malaca, etc.) vira-
riam iiiãihteri¬itorial e as esquadras norte-americanas teriam o seu raio de a liberdade de navegação marítima e aérea (tão importante nas reivindi-
ação reduzido; b) a aviação_ficaria entravada, uma vez que existe em cações dos EUA). O mar territorial integra-se ao território do Estado com
todas as conseqüências daí .decorrentes, enquanto que no mar patrimonial
favor dela um direito de passagem inocente; em consequencia, diversas
rotas aéreas se transfoniiaiiam em espaço aéreo de águas tei'i“1L01'1211S;.§) o Estado só tem soberania sobre os recursos. O mar territoiial e o mar
patrimonial juntos não devem exceder 200 milhas.
os submarinos, principalmente os atõmicos, atuam com maior se_guraiiça
em uma distância de 12 milhas da costa e, em conseqüência, eles poderiam Nenhum Estado protesta mais contra a largura de 12 milhas. -11.-\
operar em um -mar territorial de Estado neutro sem ser detectados pelo O Brasil adotava o critério das três m'ilhas.`“B O Decreto-lei ng 44/66,
radar e sem que os navios de superfície possam atiiar em relaç-ao_a eles. levando em consideração as novas tendências, aumentou o mar territorial
Hoje os argumentos acima têm um valor meramente historico, sendo para seis milhas de largura e criou uma zona contígua de pesca de mais
suficiente lembrar que eram usados contra um inar territorial de 12 milhas, seis milhas de largura a partir do limite externo do mar territorial. Nesta
o que é aceito atualmente por todos os Estados. _ _ 200
Í.n.

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zona, o Brasil possuía direito exclusivo de pesca e de “exploração dos
O grande fator que pesa hoje em dia na discussao em toi no das recursos vivos”. O Brasil se orientou_por uma tendência de conciliação
milhas como mar territorial é o estratégico, no sentido de ser assegurada E
.. que se manifestou nas Conferências de Genebra com a criação de uma
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a liberdade do tráfego aéreo e a liberdade de navegaçao para os n‹1v10S `-ft
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nova Zona marítima: a zona contígua de pesca. Ela estava fundamentada
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ni arecer de H Valladão Esta legislação teve o mérito de atender alguns
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do Chile, que adota faixa de mai' territorial, zona contígua e mai' patri-
dospiiossos iiiteresses; entretanto, ela poderia ter aumentadp de uma monial; o Peru exerce nas 200 inilhas todos os direitos que o Estado tem
vez o próprio mar territorial para 12 milhas (aceito pela Coniissao de Dl), iio mar territorial, mas não chama esta zona de mar teriitoiial e fala em
onde teríamos maiores direitos do que na zona coniígua de pesca.” De “ãguasjurisdicionais”, “águas peruaiias”, zona marítima, etc. A Argentina
qualquer modo, ela defendeu a principal razão para o aumento do mar fala em “mar adjacente". Como se pode observar, a própria denominação
territoiial' a pesca. Finalmente, o Decreto-lei ng ,55_3, de 1969, aumentou é das mais diferentes. '
o mar territorial para 12 milhas, suprimindo assim a zona contigua de Pode-se acrescentar que atualmente não há mais oposição a uma cria-
ção de uma zona de pesca até 200 milhas. Os mais diferentes Estados a
pescg Decreto-lei ng 1.098, de 25-3-1970, aumentou o mar territorial bra- criaram: URSS, EUA, países do Mercado Comum Europeu, etc.
sileiro para 200 milhas. _ _ _ _ A tendência atual é de se consagrar um mar territorial até 12 milhas
O Decreto-lei ng 68.459, de 1-4-1971, divide q mar territorial em ducilis e uma zona econômica até 200 milhas. Esta é a orientação que foi consa-
zonas de 100 milhas, sendo que uma zona mais proxima a cosía e reserva a ,Í grada na convenção de l982,'que detennina: “todo Estado tem direito a
a embarcações nacionais de pesca, sendo que na outra zona as atividades estabelecer a largura de seu mar territorial até um limite que não exceda
pesqueiras poderão ser exercidas por embarcações 'de pesca_ nacionais e 12 milhas marítimas medidas a partir das linhas de base.-.”- Sobre a zona
estrangeiras”. “A exploraçao de crustaceos e demais recursos vivos, -que ru
_ _ _ _,'_, .¬›-_. conômica: v. adiante. Em 1-988, 105 Estados tinham um limite de 12
mantêm estreitas relações de dependencia com o fundo subjacente ao mar kmilhas e 13 Estados ainda adotavam 200 milhas de largura do mar terri-
territorial brasileiro, é reservada a embarcaçoes nacionais de_ pesca. A toiia1_._____ - z
autorização para “embarcações estrangeirasflde pesca, sem contiãito de 'V'-428. As teorias sobre a natiireza jurídica do mar territorial podem ser
arrendamento com pessoa Juridica brasileira plescarem na zona o mar divididas em dois grupos: a) o mar territorial faz parte do território estatal
territorial mais afastada da costa é dada pelo Ministro da Agricultura, (teorias da propriedade e soberania); b) o mar territorial faz parte do
ouvido o Ministério da Marinha”. Entretan tp, as disposições acinlia poqllerao I
alto-mar (teorias do direito .de consewação e das servidões costeiras)- Se
ser derrogadas “pelos acordos internacionais de pesca . O Brasi , ao a otar seguirmos o primeiro grupo, em caso de dúvida sobre os direitos do Estado
a largura de 200 milhas, incluiu no mar territorial todas as aguas sobreja- predominará ainterpretação mais benéfica ao Estado e, caso faça parte
centes à plataforma continental (200 metros de profundidade). _ do alto-mar, dar-se-á predominância à liberdade do alto-mar.
No Brasil a Lei ng 8.617 de 4-1-93 coloca como 'legislação brasileira as A teoria que sustenta um direito de propriedade do Estado no mar
____l
principais normas de delimitação dos espaços inanumos consagrados na territorial está inteiramente abandonada. Ela foi sustentada por Valin e
convenção de 1982: mar territorial, zona contigua, zona economica e Vattel. Esta teoria, se fosse aceita, levaria a conseqüências inadmissíveis,
plataforma continental. A passagem “será considerada inocente desde ue como o direito de o Estado fechar o mar territorial a navios estrangeiros
não Seia Prsii1.9isi.fl1. af.i›_=i.2_z.à`i. .ti<.>i~_.s.>.f. d..f'=._.*Ií1_._§.?.L1..e. S.f=.8¬1..¬-E.'3.§==1 (10 1-”:E'.=.%.€*.1.!.z_.<;_1.s.\:.s-=. 1a1.§>,
-*'cnFD"'$
“'C0¿¡z1;1__i,_1_g__iH_ç_*_r¿.z'ip,i_ç"l_z_›,;'_.fl_ Admite o direito de passar e fundear ppr motivo
quando bem entendesse. Por outro lado, o mar teriitorial não é suscetível
de apropriação, logo não existe uma propriedade. .
¶?T0rÇíE¿¡¿9muF
,_ ¡ ' ' ` ` . - gmmas . A pesquisa' na zona economica por l
1.
_l` _ _A_,teonaz.1T.lš_1,is aceita a tgem..qne._cgn§idera __t_e_r_ o__ 1-i;s_ta_d_o__s9_b_e-
. """*-'--v-___...-ó-H . ¬'*"" ' -- :_
Estado estrangeiro depende do consentimento do governo. Estabelece ,J,:ai;iia_sQbre_ o mz_i,_r_t_‹_z'_:_____i'i1t_‹_;›i:iaI,__,'r_Ê.la foi consagmdaína Coniieiiçao de Gen eb_r__a_
ainda' “a realização por outros Estados, na zona econômica exclusiva do "¬- -. . _ .(1958) 6 fe C°flVsHÇä2..<i.s..1\__t“‹.3Íi1Í.iëfii«Eãi”.U¬i19.§2). l...9 iii.èr,...ts.n.it9íiamíéam
exercício ou manobras militares, em particular as que impliquem 0 USO J' com]-_Íl¡§i.IÍ`1ento'clo território terrestre do Estado-
de armas ou explosivos, somente poderá ocorrer com o consentimento do \
J
V/
' A teoria das servidÕes'foi'exp'osta 'põr de Lapradelle- O mar
governo brasileiro”. _ _ __` _ territorial faz parte do-“alto-mar”, que seria de propriedade da humani-
A tendência para o aumento da área marítima submetida a soberania dade. O Estado, .na faixa de mar contígua ao seu território, teria apenas
do Estado manifestou-se também na África, onde o Conselho de Ministros um feixe de seividões. Esta teoria não está de acordo com a prática inter-
da OUA, em resolução de 1971, recomendou aos países africanos que nacional. Não existem no DI as chamadas servidões naturais e o alto-mar
estendessem a sua soberania sobre os recursos do alto-mar adjacente ao l não é propriedadeda humanidade.”
mar territorial até o limite de sua plataforma continental. Vários paises A teoria do direito de conservação considera que o Estado só age no
africanos ampliarain o mar 'territorial para 100 milhas: Senegal, Serra Leoa, ' mar territorial para se “defender e proteger”. Ela foi exposta por Fauchille.
Gabão, Guiné, Costa do Marfim e Mauritânia. Esta teoria é falha porque os Estados consideram o mar territorial como
A conclusão que se pode formular é que o direito do mar se encontrou -.\.
parte do seu território e o próprio direito de conservação tem sido negado
em certo período em grande confusao. Pode-se exemplificar com o caso pelos doutiinadoi:es.'“

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šcinaifleconõiiiâ surge da noção de iiiar patrimonial latino- Até hoje. niesino consagrada na convenção de l982,'ela ainda tem a
sua natureza bastante discutida. Assim, os internacioiialistas argentinos
aniêricafio e a zoiiãícõiiôniica afro-asiática? Em uma declaração o rep-
alirniain: (1) é uma zona “sui generis” (julio Cesar Lupinacci); b) é “uma
resentante do Quênia, na Íšg Conferência das Nações Unidas, afirmou que
zona que de algum modo é um prolongamento do mar territorial adja-
a zona econômica foi concebida como um meio de defesa contra os países
cente” (Calixto A. Armas Barea e F. Pfirter de Annas); c) “é uni espaço
que pilharam o mar em nome da liberdade dos mares. O primeiro a utilizar
marítimo independente”, nein mar territorial e nein alto-mar (Lilian C.
a expressão_mar_patrirr¿onia] foi o chileno Edmundo Vargas Carreno, em
del Castilho). A___c_o_n_v_enção de _1 982 optou por uma expressão que podemos
seu infoirneiparãgiog Comitê *jurídico Interamericano (1971). Semelhante
dizer híbrida, ao a_fir_mja_r_ que nela o Estado tem direitos soberanos, isto é,
ã noção de mar patrimonial é a zona econômica adotada pelos países
'apenas alguns direitos ali especificad_os,___e não u_ma_soberania_ _coni,p_l_e_t_a,,__o
africanos. Esta surgiu em 1971, pelo representante do Quênia no Comitê
que poderia leva_r_a__se considerar que a zona econômica pertenceria ao
jurídico Consultivo Afro-asiático, sessão de Colombo; nesta zona os Estados
alto-'riia-rf Entretanto, esta mesma convenção exclui a zona ecoiiômica do
dariam licença de pesca e em troca receberiam assisteneia externa. Ein
'alto'-mi-fr. Enfim, criou-se' uni “espaço marítimo independente”, ou zona
1972 o mesmo representante no citado Comitê, reunido em Lagos, propõe “sui generis”. Para Pontavice e Cordier ela é uma “Zona de soçberaiiiaçl
'que esta zona passe a ser de jurisdição exclusiva sobre osrecursos minerais limitada”. Queneudec observa, com certa razão, que a natureza da zona
e biológicos por parte do Estado costeiro. Shigeru Oda observa que a __.._._...-_-- -"vt-"'_' - :'-
economica vai depender da atividade que for enfocada:@ do ponto de
noção de zona econômica foi introduzida no Coinitê do Fundo dos Mares vista dos recursos, ela é o patrimônio do Estado;@do ponto de vista da
em 1973 e em 1974 na 3g Conferência das Nações Unidas sobre D. do navegação, ela é alto-mar@ do ponto de vista da pesquisa e proteção 'do
Mar, tornando-se em 197 5 uma firme política incluída no Texto. Informal meio marinho, ela é um complemento dos direitos do Estado sobre os
de Negociação. Outros (Louis de Gastines) afirmam que a expressao mar recursos, mas o Estado não tem uma competência territorial. Nas Comu-
patiimonial é de Vargas Carreño, mas que foi levada para o âmbito da nidade Européias tem-se considerado a zona econômica como incluída no
ONU pelo delegado da Venezuela, em 1971, no Comitê do Fundo dos território dos Estados-membros.
Mares das Nações Unidas. Esta noção, segundo Beurier e Cadenat, é uma Vamos fazer uma exposição dos dispositivos da convenção de 1982.
extensão do que foi consagrado na Conferência de Genebra de 1958 com Ela a denomina de “zona econômica exclusiva” e a define como “uma
o nome de “direitos especiais no alto-mar adjacentes ao mar territorial” .“g^ área situada mais além do mar territorial e adjacente a este, sujeita ao
Queneudec fala que ela seria uma “zona intennediãria”, ou, ainda, em regime jurídico estabelecido. _” na convenção.
“quase alto-mar”. Wodie fala em “zona inte_rmediãria” _ Uma outra noção ___ A_ sua l_argu_i;a_é_limi_tada_e_in 200 milhas medidas a partir da linha de
era a denominada de “mar matrimonial” , proposta pelos paíSeS do Caribe, base _o_n_de
_ ..--,.
se mede a largura do'inEar tëiTiÍ`cifia`[.
- .__ - _ -1--_..-._._.. '\ _ _,_.,_-,..›_›- ~--m~‹-or-››--¬-›z-=\~r¬¡RH wi-‹-r›
'___ -¬. .-.,.,.. .-..›i ...zw-i __

na Conferência de Caracas; ele seria uma propriedade indivisa dos Estados ii O Estado tem: . “direitnide z _5Q berania
:__ __ __ para ' os fins_ de
_ exploração
W _.?,_.,_,, *_ e
ribeirinhos, bem como haveria um organismo para fazer a sua exploração. utilização. conservação e..adI.11i.nistração.dos-reÍcursos-n-at-uijais, tanto vivos
_.......-.-.-.,_-'¬._...-.----
1' _- -.-_.___.-t.--¬-«_-_,¡.., .-._-..›-ru'
.-. -' " ` V ,
A idéia de mar matrimonial seria adotada naqueles casos em que inúmeras como nao vivos, das aguas sobrejacentes ao leito e do leito e do subsolo
ilhas dificultassem a divisão do mar. Seinelhante a esta foi a tese da Bolívia do mar...”, bem como ein relação a outras atividades, co a “produção
em Caracas, que propôs a criação do mar tributário regional em que o de energia derivada da água, das correntes e dos ventos” juii_s_d_iç_ã9____em
Estado sem litoral participaiia da exploração da zona econômica. N_o_se_fu relação a: 1 -- “o estabelecimento e a utilização de ilhas artificiais, insta-
caso específico a Bolívia sustentou que vários rios nascem em seu territorio l *uturas'”;_ 2 _-- “a investigação científica inarinha”; 3 - “a
e correm para o mar levando recursos tirados dela. Os países em desen- proteção e presenfação do meio marinho”. Ao exercer os seus `¿`iii`”"eitos o
volvimento têm uma concepção “territorialista” zona econômica e assimi- Estado le)-'ara “devidamente ein conta os direitos e deveres dos demais
lam o seu regime ao mar territorial. Assim a pesquisa científica dependeria Estados":-..___________________-
No tocai;LLe.a_o.s. - - .direitos no-«leito--e--subsolo2 ele-s-serão exercicios

de autorização expressa do Estado costeiro. Por outro lado, os países coi_i_f9_i;_ii_iš=: oque está estabelecido na parte da convenção relativa à_ plata-
avançados tecnologicamente consideram que ela faz parte do alto-mar. forma
_ .-_
continental
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._,_,,_~_-_.-..--I›-
_(v capítulo
_
seguinte). Um outro
'W--1--......._....... .___
direito do Estado
_
é o '*'¬' --‹»--.‹-z¬n‹.-¬..r‹n.--.f..- --__..-....-.__

Assim a pesquisa científica deveria ser livre. Extravour afirma que se pre- “direito exclusivo de construir, as_s_ii_n__ como o de autorizar e regu1`airiei_i__tar
feriu a expressão zona econômica em lugar da de mar patrimonial porque a constiução, operação e utilização de: a) ilhas a_rtif`i_ciais; b)_ii_i§_talaç_ões _e
esta última não engloba os recursos da plataforma. René-jean Dupuy alega e`š`t`rü'turas` para exercer os- seus direiitios ne-sta zona e o.utras finalidades
que a expressão mar patrimonial realçava a existência de direitos patrimo- econôinicas; c) “instalações e estruturas que possam interferir no exercício
niais, enquanto a de zona econômica é mais neutra. - dos direitos do Estado ribeirinho na zona”. O Estado tem “jurisdição
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para se evitar que a indt'isti'ia pesqueira tivesse grandes prejuízos com uiiia
exclusiva” ein relaçao a tais ilhas e instalações, inclusive “ajurisdiçao em
detenção demorada.
matéiia de leis e regulamentos aduaneiros fiscais, sanitários, de segurança
,¿ de ¡m¡g¡~¿ção”-gg A construção de tais ilhas deverá ser notificada, bem Os direitos do Estado na zona econõinica são exercidos de acordo
com a Parte V1 da convenção que trata da platafoniia continental. A
como serão sinalizadas, e as em desuso deverão ser retiradas. Se for ne-
plataforma continental e a zona econômica se sobrepõem, e a diferença
cessário para a segurança das ilhas e instalações, os Estados poderão criar
é que os recursos da plataforma são exclusivos do Estado costeiro e os da
zonas de segurança que não poderão ir além de 500m de largura. Os navios
zona econômica ficam sujeitos a acordos com os LLS e C-DS.
ficam obrigados a respeitar tais zonas. Não poderão ser instaladas ilhas
En__t._r§_t_a_¡;_tg_i,,.o Estad_c_›_s9fre li_i_ri__`i_t_:¿_i_<;ões, vez que são assfgmuraclzjg algumas
artificiais e nem zonas de segurança em “vias marítimas reconhecidas que
daš lilierda_‹_;l_‹,=.;_s iiõmãilitõ-mar (navegação,"sÕb”i¿evõ_o__e __jc__oj;Q__c_ãçã”oÍdie”i”ciabo”s e
sejam essenciais para a navegação internacional” .›As ilhas artificiais “nao
oleódiitos submarinos) par¿_i_os.”Estad.os. Os litígios que surgirem a
têm mar territorial próprio e sua presença não afeta a delimitação do mar
'i*e`š'“p”ëifõ“ do exercício de direito na zona econômica serão solucionados
territorial, da zona econômica exclusiva ou da plataforma continental”.
por meios,, pacíficos. Uma questão que não tem procedimento _, uniforine é'° .
A situação das ilhas artificiais na zona econômica é diversa: a) há
se os navios de pesca podem eiitrai na zona economica para outro fim
Estados que reivindicam uma vasta jurisdisão; b) outros consideram que a
que não seja a pesca (a Nova Zelândia admite). Outros, como Barbados e
convenção limita esta jurisdição para as mencionadas no art. 60 da con- ¡- Irã, só admitem que exerçam o direito de navegação. E ainda outros
venção (ltália); c) para o Brasil, Cabo Verde _e_ Uruguai cabe ao Estado
(Maldívias) proíbem a entrada de navios de pesca em sua zona econômica.
autorizar a construção de ilha artificial de qualquer tipo, seja qual for sua
Esta .posição não nos parece realista, porque tais navios têm o direito de
natureza e objetivo. passãigeiií ` 'têiii°i`f“õi`iãlÍ" fogo ' íiãíõ quê' 'ãfrãvëšsiif "ã"'"z'öríã
Outro direito do Estado costeiro é que cabe a ele “a captura permissível ewfi-5ffiÊí¿_ 1 " s- __,_.
dos recursos vivos em sua zona econômica exclusiva” e deverá visar a ""”Ui.na outra limitação aos direitos do Estado na zona econômica é que
conservação dos recursos vivos para que “as espécies capturadas (sejam "os mn
mantidas) a níveis que possam produzir o máximo de rendimento”, levan- ú tnr“~a'e‹âprovéifmentô"Erë“”ü'fi1“â':'pärtêf:a:pr‹›
do em consideração “os fatores ambientais e econômicos” e “as necessi- ¶ÍÊÊãiÍͧ f`é_¿:üi¬sos' ~vivos"'d*âs' ionas econôiiiicas 'ex clusivas
dades econômicas das comunidades pesqueiras costeiras e as necessidades t¿fiÉsÍÉõ§e'i'ÍÓ$ CÍ21_inesinã"šub-`região"'ou região, levaii”do_ ein' conta
especiais dos Estados em desenvolvimento”, etc- O Estado “determinará a as características e_conômic_a§_e geográficas pertinentes a todos os Estados
sua capacidade de capturar os recursos vivos da zona econômica exclusiva” , --¡ _ ,,___¿_- _-,z,\f_,_.-, .,-._z '^. i ,:i'^ "'“

interessados
__' `,'- '_-----_--. ‹ ._ -

.. . Serao __.u_^_-_-_.,,.=-,.,.¬=-if.-ri¬=-v-v-»«i'=~-'-1-I
concluidos,a_ç_Qrd_c_›s
_- _ .' .

entre_,os_in_ter.eS.S€1dos. Se a ca-
- .

_____ rw __ ___________ _____:__J_____ -' - --~---- --› --~ - \ -*~¬~-~›--'››-~~-='='- .


Se ele não tiver capacidade para explorar 'foda “a captura permissível”, `“p'aciͶad”é'.d”e'captúraílo Estado costeiro se aproximar do níve l máximo de
dará acesso a outros Estados para o excedente Os nacionais de outros J'=-'h"3›-`Élä! \1fi`-'l!?
-1 captura permissível, ele deverá em cooperação com os demais interessados
Estados que pesquem na zona econômica deverão respeitar as leis e regu- \
.'\ifu-¿'‹'¡ estabelecer arran`os
J e úitativos “ ara ermitir a artici a ão dos Estados
lanientos do Estado costeiro, tais como licença de pesca, determinação das -1

em desenvolvimento sem litoral da mesma sub-região ou região no a_pro-


espécies a serem pescadas, quantidade, etc. O Estado costeiro pode em- veitamento dos recursos vivos das zonas econômicas excliisivas dos Estados
barcar observadores a bordo dos barcos de pesca. 'T costeiros da sub-região ou região”- á os Estados desenv t__o__i_;al
Os Estados cujas espécies se encontram na zona econômica de mais terão direita :+1 .P¿1rii.‹;Ãi2af.-.d9 aptereitelrsato dos .f¢.Çv1fS9§ rim Somente
de um deles deverão cooperar para a sua conservação, o mesmo ocorre nas zonas econômicas-excltisivas-.dos Estados costeiros desenvolvidos da
_; -¡...¡-1¬--¬."- "' " 01- -I

com as espécies altamente migratórias (ex-: atuin-branco, atum-vermelho, mešma "sub-regiao, levando em consideração 'as noiinas do_Estado_c_ostei_ro
peixe-espada). O Estado poderá estabelecer restrições mais estritas em e re uzin Ó ad c`onseqiÍiências prejudiciais para _as comunida-
relação aos mamíferos marinhos. “ Os Estados ein cujos rios se originam as"e as -perturbações econômicas nos Estados cujos nacionais
populações anádromas (espécies que sobem do mar para os rios em certas tenham pescado habitualmente na zona”_ São países em desenvolvimento
estações) terão o interesse e responsabilidade primordiais por tais popu- sem litoral: Botsuana, Burundi, República Centro-Africana; Cliade, Le-
lações.” Dispositivo semelhante existe para as espécies catádromas (espé- sotho, Malawi, Mali, Niger, Ruanda, Uganda, Alto Volta, Suazilãndia, Zâm-
cies que descem do rio para o mar). bia, Zimbabwe, Afeganistão, Butão, Laos, Nepal Sikkim, Bolívia e Paraguai. -
_O Estado costeiro pode apresar os barcos com suas tripulações qu_e São 21 Estados (Mohamed Bennouna). já Lucchini e Voecliel falam em
violarem as suas leis e regulamentos, mas deverão ser imediatamente libe- _
\ 29 Estados, sendo que três deles no território de um único Estado; Vaticano,
rados uma vez paga uma fiança razoável. Este último dispositivo foi inserido San Marino e Lesotho. Stephen C. Vasciannie fala em 30 Estados sem

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consideração que as perturbações econômicas sejaiii iiiínimas iio sentido
litoral. O fuiitlauieiito da reivindicação dos países sem litoral é a eqüidade de causar prejuízo às comunidades pesqueiras.
(Z. l'-laq_uani`). , Os dispositivos relativos ã pesca na zona económica de um Estado
Na Conferência de_Q;_ujacas_ ,_(_l 974)-_s_urgiu um grupo de Estados deno- costeiro por outros Estados sem litoral ou desfavorecidos pela geografia
niiiiÊ'i”cTÊ›"`iTê'“ʧUS”'ÍÍÍHeó=g"rapliiczil Disadvantages States), que são os Estados Ç Ú'
não são aplicáveis quando o Estado costeiro tenha urna econoinia que
m;,t¡:...pobre,,em,._recursos,,_ou,
ainda, o seu q_i__na_r__'_tÍ_
dependa grandemente “da utilização dos recursos vivos de sua zona eco-
P_[¿¿j_1¿;,liçado_p_ela localização de Estados próximos. Esta caracterização dos
nômica exclusiva”.
CDS não é pac'ífica."Uina outra é a seguinte: a) Estados cujas populações O acesso dos estados ã pesca na ZEE não é automático e depende do
são especialmente tributárias dos recursos do mar para sua alimentação; volume admissível de captura e capacidade de exploração do estado cos-
b) Estados costeiros e em desenvolvimento que não podem ter uma zona teiro. Os estados sem litoral e desfavorecidos pela geografia não podem
económica exclusiva própria. A Holanda, por sua vez, propôs outra con- transferir os seus direitos para terceiros estados. ".'_
.r-'¡‹-

ceituação para os CDS, que seriam os Estados que não têm uma zona
econômica superior em superfície a 25% da zona econômica teórica. Esta l 3-
_ Ç A delimitação da zona econômica deverá ser feita por meio pacífico
de modo eqüitativo. O Estado deverá dar a devida publicidade. Os rochedos
zona econômica teórica seria estabelecida do seguinte modo: cada Estado que não servem para a habitação humana ou para uma vida econômica
tem um currículo cuja superfície é aproximadamente a do território ter- , ..
propria não têm zona econômica exclusiva e plataforma continental.
l

restre. A situação do CDS foi reivindicada inicialmente por 24 Estados. i A extensão para 200 milhas do direito exclusivo de pesca abrangeu
Atualmente são 26 Estados.
99% dos recursos biológicos do mar, sendo exceção o atum, que está além
Não há uma definição precisa de Estado desfavorecido pela geografia. das 200 milhasfiõ Por outro lado, não há igualdade de captura entre os
O Peru chegou a falar em “Estados desfavorecidos geo-economicamente”, Estados, porque a pesca se encontra repartida de modo desigual, sendo
que abrangeria Estados com amplas costas, mas grandes despesas para a
que as regiões mais ricas são: Peru, Califórnia, Africa norte-ocidental, Africa
“administração” destes recursos. Contudo ele não é um desfavorecido.
sul-oriental, águas temperadas e subãrticas dos inares austrais do Atlântico
A noção de Estados sem litoral e Estados desfavorecidos pela geografia norte e Pacífico norte, etc. (jean Carroz)-
surgiu para distribuir de modo mais eqüitativo a riqueza do mundo. En- '

Na decada de 80 existiam 29 Estados sem litoral e 125 Estados costeiros.


1 Q _ Q

tretanto, a “participação eqüitativa” é vaga. Um grupo de 47 Estados, com o aumento para 200 milhas, anexarao mais
A convenção de 1982 regulamenta a situação dos CDS do seguinte
` de 100.000 milhas quadradas. Outro grupo, de 37 Estados, não atingirão
/modo: eles têm direito a participar em “uma base eqüitativa, no aprovei- 25.000 milhas quadradas. Outros, de 41 Estados, anexará entre 25.000
tamento de uma parte apropriada do excedente dos recursos vivos das milhas e 100.000 milhas. Os EUA aumentam mais de 2.200.000' milhas
zonas económicas exclusivas dos Estados costeiros da mesma sub-regiao quadradas, o Canadá e a URSS mais de 1.300.000 milhas quadradas. Os
ou região, tendo em consideração as caracteristicas economicas e geogra- países insulares e arquipélagos são os que mais se beneficiam. Alguns
ficas pertinentes de todos os Estados interessados”. Considera Estados Estados se beneficiam pouco, como o Paquistão e a Tailãndia.'Podemos
desfavorecidos pelo geografia “os Estados costeiros, inclusive os Estados ainda mencionar a existência dos “shelf-locked States”, que para atingir a
costeiros de mares fec__h_a_cl_qs_'_ou_§ç¿ni_i_ec,lia@ÊÍ"”¿:"ifi'ã"si'ti'iãçãEo"“gëogrãfic`a os zona internacional dos fundos marinhos têm de atravessar a plataforma
faça depender do aproveitamento dos recursos vivos das zonas economicas continental dos Estados vizinhos. São 'de dois a 27 países, como a Bélgica,
exclusivas de outros Estados da sub-região ou região para o adequado Dinamarca, etc. Largas apropriaçöes só serão feitas por Estados insulares,
abastecimento de pescado a fim de satisfazer as necessidades em materia arquipélagos ou aqueles abertos para o oceano. O novo Direito do Mar
de nutrição de sua população ou de partes dela, assim como os Estados favorece os países industrializados, quejã eram os que mais se beiieficiavam
costeiros que não possam reivindicar zonas econômicas exclusivas pró- da liberdade dos mares. (Sobre estes dados v. Cilbert_'Apollis. Se forem -
\prias”. A citada participação será fixada por meio de acordos. “Quando a medidas as áreas das zonas económicas, os países ricos são os que mais
capacidade de captura de um Estado costeiro” se aproximar da situaçao ganharam, os ein desenvolvimento ganharam muito menos e os pobres
de que ele possa realizar toda a captura possível, ele deverá fazer arranjos menos ainda [W. D. Verwe_v].) Alguns outros dados podem ser fornecidos
eqúitativos com os demais Estados da sub-região ou região “para permitir com fundamento em Pierre Callois: a) a ilha Maurício, com um milhão
a participação dos Estados em desenvolvimento desfavorecidos -pela geo- de habitantes, tem de mar 562 vezes o seu território; b) Tonga, com menos
grafia”. Os Estados desenvolvidos desfavorecidos pela geografia terão di- de 100.000 habitantes, tem um mar que é 850 vezes maior que seu território;
reito a participar do aproveitamento dos recursos vivos somente de zonas - 5. c) Maldívias, com menos de 20.000 habitantes, tem um mar 3.210 vezes
econômicas de Estados costeiros desenvolvidos, e ainda se devera levar em
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NOTAS
- .. . --¡¡¿,¡-¡O- J) Nauru. com menos de 10.000 habitaiites,
iiiaior que o seu täii i _ - ) seu território A Superfície dos
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- - -
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já a- Itália-
considera
'
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1171

-1170. :
._ - coberta por dois dias de viagem. No século XVII, .*~`›;ii'pi siistmitou que a largura
._ - - . ¬ . - I\'Izir na ›-/.onzi. Lcoiioniica
': - ^ ` Ext'lu=;iva.
.
_' A h'"'In -Iumhcd doi' RL c,ur“.)S bios dO`l D “l i liitt-'rii'-icional de la Deli- do iiiar territorial não deveria ser lixa. mas proporcioiizil :is reiviiidicações dos
W98; Adr-laida de Alineida Nzisciiiieiito - 1; cret. it I z Estados adjacentes.
iiiiricióii
' dc los Espacios -Nlariiitis ,- de Soberania
' . Ecoiiomicílt.
z - mia 1l999i cc I ias'L do mar 12. O sistema do " tiro de canhão" já era adotado pelos navegantes, a partir
2. Estudaremos quais sao estas aguas 210 \f*fI1)05 J do iiieio do século XVI. Ele tinha a vaiitagein de ser uiiifornie (a artilharia estava
1 , 1 O

territorial. _ .. z - - ' _ _ _' - ara abraii er as aguas › , estacionária), ao contrário das medidas nauticas, que variavani de pais ein pais.
3_ A expressao ag-tias territoriais tein sido titilirada p 8 Í Em 1610, os delegados holandeses, ao discutirein na Inglaterra uma questão de
- - - . nas as aviias
interiores e o mar territorial; ou ainda, como prefere Latin. ape ja pesca, defenderam este limite. Segundo Basdevant, o critério do tiro de canhão
interiores E interessante observar que durante loiigo teinpo se encararain as aguas foi formulado pela primeira vez, em 1609, pelo embaixador francês _]eaniiiii junto
entre a costa e a linha - de base do mar terri`torial como sendo tambem mar ao governo da Holanda.
territorial. Neste sentido estava Desapanet. Observam alguns autores (l\ílCCÍ0“gai 13. Uma tese interessante é a defendida por Walker e Kent, de que a regra
. - ' " _ como na da Islândia. do tiro de canhão e a medida em milhas teriam tido as suas origens em regiões
e Burke) que o mesmo-ainda ocorre em algum215 leglslaçoesr _
z ' - ' exce oes. como vereni0S diferentes da Europa. Para Kent. por exemplo, a medida em niillias ou léguas
4. Esta regra e a geral,_mas iiao e absoluta. l121\'€11d0 Ç
adiante. ter-se-ia originado nos Estados nórdicos, enquanto o tiro de canhão ter-ia a sua
5. Entrou em vigor em 1964. _ , _ , _ - origem nos Estados mediterrãneos e_na Holanda. A França, em 1761, é que teria
. . - -- ~ o maritimo do unificado os dois critérios. Esta_ tese_não penetrou de maneira definitiva na litera-
6. A critica contra esta e qtie ela nao abrange tod0 O lf?fY1l0f1
Estado” (Marotta Rangel). tura jurídica. A fusão dos dois critérios parece-nos ser o resultado de uma lenta
7. Em sentido contrário: Emilio Costa. _ _ _ evolução. Os seus defensores não chegam a tim acordo quaiito ã data da fusão
‹ - . ' ` 'm ortancia em virltldfi dos dois critérios: Walker dá a entender que foi em 1961, e Kent, em 1961. Em
8. A pesca iio periodo medieval comeÇflffl 3 adqumr 1 1% do pescado Deste
. - - - - ' nsun - - l'750,`_]. J. Surland, em uma obra, defendeu a tese de Bvnkersohek.
do jejum e da abstinencia, que faziam aumentar onforcsas armadoras de navios
modo, inúmeros mosteiros se transformaram em e bp S escarias Conhecidos 14. Nos EUA estas regiões são consideradas como pertencendo aos Estados e
dedicados ã pesca. Os Estados levantam impostos so re p _, não ã União, no direito interno. Elas deram origem a denoniinada questão das
.. - - '
por piscariae (“redditus piscationum ). Reserv ' ` ” am direitos
u _ exclusivos
_ de peSCfl Tidelands, resolvida no sentido apontado em 1953 pelo Submerged Lands Act.
_ . - - - m reende a 15. Devemos assiiialar que o Estado pode dar permissão 'a estrangeiros de
em relaçao as especies mais pr0Cur21d8S, C0m0 0 fiulm- O .lelum C0 P
_ - - - ' ~ ' ' ão de came e ovos. Pode-SC pescarem no seu mar territorial. Ao lado desse direito de pesca dado aos estran-
interdiçao de mais de uma refeiçao por dia... ã111l€fd1Ç _
considerar que os cristãos, no fim da Idade Média, estao gsubmetidtähaàgfãñlf-fã iI geiros existem direitos acessórios (ex.: venda do produto), que não decorrem
alimentares que se estendem a cerca de cento e vii¬it_e_ Cl1f¡1S (T`1;1¢f,fÊeneaÉCon0mie automaticamente dele, mas que necessitam de uma estipulação formal para a sua
Tenips de Reformes, 1975). Fernando Braudel (C1V1115a'-10” Ãften 19,59) fala em concessão.
est Capitalisme XV-XVIII Siécle -_ Les Structures du Quoti ien,_› E 3 de São 16. Assim sendo, não podem ser cobradas taxas por iluminação, bóias, balizas.
166 dias dejejum por ano. “O mundo moiiastico ignorava a carne. a r š1(')severaS_ e-tc. - -
Benedito a proibia. A sociedade laica não estava subineƒtida a prescrrçoes doméçticzí ' 17. Sobre este assunto, v. capítulo sobre Navios.
mas 150 dias por ano. os produtos da pesca substituiam 'os'l'de criaÇ2l0 - 18. Esta denominação não é a única; outras têm sido propostas: “passagem
. d l mas festas,
ou da caça: a sexta-feira e o sabado de cada seàiialnai 215 =\'1%L1;¡ÊiS šêãä _ Modes inócua” (Bustamante), “trânsito inócuo" (Arias), “passagem inofensiva" (Mozo).
- `* - - * ›' ' coa' 19. Hall o considera uma servidão. Entretanto, no DI não existem servidões
os 46 dias da quarta-feira de cinzas a iespem a as _ 983
de Vie, in La France Médiévale, sob a direçao de jfãg Fflflfgègretags-“São escritos naturais, mas apenas senridões convencionais-
° e.
9. Esta glosa parece ser de autoria dejohannes n rea d bis O 20. Houve autores (Westlake) que negaram que os navios de guerra tivessem
dos a as res ondendo a uma consulta ou a um pedido emanado e um p este direito.
ou dia Êima alfa personagein eclesiástica ou laica" (John Giiisself ___ Immduçäg -Izu1-¬f.onHvi,-.¡q¬fp.-i¡›,;v¬-'1_|.Hp -. ¬- 21. Para alguns autores (Raestad) a qualificação de a passagem ser inocente
. . - '- - ' ' ' ' era obri atoria ara aqu
Historica ao Direito, 1988). No inicio a respostzèso Or darš respoäa em valor
ou . . ° 'u _
š ou não deve ser dada subjetivamente (leva-se ein consideração a intenção). Para
caso. mas a autoridade reconhecida ao Papa aca 0 P _ _ 1994) _ outros (François) a qualificação deve ser objetiva (verifica-se se houve a violação
geral (lean Gaudemet -_ Eglise et Cite-Histoire du dr0lí Cfifi0m(l“€= __ _ ' E
das iiormas sobre a matéria sem se levar ein 'consideração a intenção). Outros
i I0 ' Alguns_ autores (Thonaldur ,, , . Thorarinssofll -flfifmam ° que 'na Islandm' ' no
`fes (Cidel, Arias) combiiiam os dois critérios. A Convenção de Genebra, no seu art.
Código'Gragãs (data da 1- Reptlbllflã. 930-1254), teria liavldf 3 Pflmelra mzfm 14, alínea 4, não se referia ao elemento intencional, preferindo assim o critério
_ - - ' _ re iao de Trondlieim no_
taçao em favor do mar territorial. A Lei de Grostathing objetivo. '
extremo none da Noruega ~ é a mais arcaica - A Lei de Gulathing _ .(região
. . de Bergen) - - TEM*
" ‹ 'ä=fl I1 =-i'¶r-.f^
2lA. Os destroços não integram os recursos do Estado nas zonas contígua e
, °. , _ z ' ' _- du ao 1-listorica ao Direito,
e de principio do seculo X11 (]ohn Gilissen Intro Ç econômica e, nem na plataforma continental. ~
1988). - - ' 1 21B. Existem no mundo cerca de 120 estreitos com largura até 24 milhas,
- - - - - ' ' tava-se o limite visufl
ll Anteriormente este limite variava. na Escocia ado sendo que o mar territorial de 12 milhas transformou as suas águas em mar
(este vãriava . de país a país: na Escócia.
- z - 14 milhas; na Fl`2lnÇfl› 7_¡éB_“í*55dÊtÊá);cÊ
tona a is i territorial sujeito ao direito de passagem inocente. -
sueco Locenius defendera como criterio para a largura do mar tern 1

` 1173
. st”1;1sv2: É

Q ` '
'L

51.
_ - - ..- z - - - -*rião or t'x.:u 31. A baía dc l"oiist*ca. na sci'itenç;i prrifcrida pela Corte dt-_]tistiç¡i (1‹~iilro-
92. ()s canais tem ii sua sitii.iÇ.io regiilarla poi uma uimti Ç (P
.. '" _ - ' ~` z 'l dt* Aiiiericana, foi considerada como co-propriedade dos tríts Estados (coin exct-rçíio
-- - de (,‹›nstaiitino
- la' de l8b‹.S re g iilaiiiciitoii a iitili¿.iç.io do__ Cíllid _
1 É

ä(,)fI.:j. nS.ç:b)rc o direito dc pazsagein inocente ‹" dv sf' íiflfiillfllílf qllf* 35 (»“"“-'nÇ0"'5 ' das três milhas de inar territorial de cada Estado). Ela não foi considt-radzi água
- nos canais
' dt.~ Suez,
' - > - ' ~ Kiel recoiilieceiaiii interior, pelo contrário, a Corte reconheceu nela o direito dt' pzisszigtriii ii'i‹›c‹'iit('.
que. r‹-gi1lamentar.in
. ¬ i a nave g a Ç‹'io _ _ _ _ l an.iina c 1
_ . ' para navios
- 32. Este prazo iião e fixo e deverá ser analisado em cada caso concreto.
3 hberdade de navegaçao de corn e i cio c de tierrañ (0 Estado por CÍ
33. V. capítulo XLIV.
regiilaineiitar a passagem, mas não deve fazer discriminaçao). Eiitretaiito, fi'l21_-*0
' ` ` ' tindo norma costumeira 34- Este critério é adotado por duas razões fundamentais: o aspecto militar e
é obrigatória para os contratantes da convenÇí10› 1130 “U5
' z . ie ela le `slação e ípcia (16 o aspecto econômico. O aspecto militar, isto é, o da segurança estatal, e mais bem
(Baxter). garantido coiisideraiido-se as águas do arquipélago como águas iiiteriores, uma
1957, qtie Oadmite
Caim] ade Suez e rcguldniemõlldo
passagem de navios e to a. Ç Õšs Estagbeclarašio
- ' aceita
_
vez que iielas não há o direito de passagem inocente- Por outro lado, estas águas
3 Convenção de Constantinopla de 1888 No mesmo sentido e a reglllamcmaçflo
_ I- |-r- ' '
f ' T A. em 191/, ue vai vi orar são ricas ein pesca. E interessante observar que em 1924 Alejandro Álvarez pro-
do Canal do Panama pelo _ tratado . concluido
. _ com - os LU _- 'Cl ' (1 E _ ses
pusera, na Associação de DI, que os arquipélagos fossem tidos como “ formando
até 1999. O Canal de Kiel foi aberto a naizegaçao de navios de comercio os pai H
uma unidade”.
em paz com a Alemanha pelo Tratado de Versalhes (19l9)- Í _-
23_°Segundo McDougal e Burke, na maioria das cartas liidrografiC21S H C0-SIH V 35. Cidel considera que juridicamente não é estreito a passagem que tiver
_ z ' ' f `o tem criado roblernas, mais do dobro da largura do mar territorial. Em sentido contrário: Baxter.
Figura na mare alta. Entretanto, na pratica, l=\_l fato na _ P ,
- z - . . em coiisideração a mare 36. Esta e a prática; todavia, em certos casos, o mais justo seria adotar o do
uma vez que a navegaçao e feita sem levar, estritamente 1 B k “Ê afete
talvegue.
baixa, mas se baseia em outros elementos. Assiiialani l\-'lcDouga e ur e q p
37. Um gnipo de autores (Storni,_]osé Léon Suarez) defende o mar epicon-
existir um “interesse na manutenção desta prática ` - _
tinental, isto é, o mar territorial deveria coincidir com a plataforma coiitinental.
24 A Comissão de DI havia sugerido 10 milhas.
' - ' Fran a rande 38. O critério das três milhas teve como seus defensores tradicionais a Ingla-
24A. O traçado de linhas de base retas e receiiteèâeiälëqilfidlifl m IÊBÊ uniu
, z - a a. e , terra, França e EUA. Os EUA adotaram em certa época uma zona contígiia de
numero delas so foram definidas nos fins dos anos _. d agu clàro O direito de
. ' f ' ' ix pesca de nove milhas após o niar territorial- A convenção européia de pescarias
por linlias de bases retas o arquipelago artico, mas nao e _ _ 1
reconheceu um limite de 12 milhas para a zona de pescaria. A França aumentou
passagem Estas águas ficam uma parte do ano geladas (LUCCÍIIHI C VOCCRÊ )-
' ' ' c`onal dos ortos o seu mar territorial para 12 milhas.
25. O Estatuto de Genebra de 1923 sobre o regimejiinterna i ortos frjâqüen
ø - _ Ú _ - S _
i'
ø 38A. O Peru, em 1947, em um decreto do Presidente da República, consagrou
maritimos declara. sao considerados como portos maritiino p _ _
° ' comércio exterior". Cidel 200 milhas. Esta medidajã fora defendida pelo comandante da Marinha de Guerra
tados
_, normalmente pelos . , . navios - de mar e servindo ao tado, e considera peruana, Rafael Torrico, em 1934, por ser a distância entre a costa e a corrente
ja nos fornece um criterio mais amplo, que nos parece o acer _
z - _ i` ` ão do Estatuto de de I-lumboldt (v. Marotta Rangel).
como portos maritimos- a) os portos que entram na dê IDIÇ _
. 39. A Comissão de DI, no seii projeto enviado a esta Conferência, afirma que
Genebra', b) os portos marítimos independenteríiente de serem _ _ frequentados
_ _
por r

_ ~- " s, ainda ue nao seria legítima a largura até 12 milhas.


navios de mar; c) os portos maritimos frequentados por tais navio q
- E interessante mencionar: a primeira vez que surgiu a idéia da largura do
sirvam ao comercio . exterior. z - » - ' › _
ao ue as a, as das mar territorial ser fixada em uma convenção foi de Philip Meadows em 1869.
26. Em sentido . contrario
- - esta- Gidel, que assinala com ' ` raz q sa em inocente _g11
40. V. capítulo XLIV.
-_.-Í.:¬.-¬-z

enseadas deveriam ser aguas intenores, uma vez que o direito de pas g .
deve ser mais restrito por se tratar de uma regiao de carga. descarga e ancor'a.g_fim 41. O que se pode afirmar com segurança é que a regra de três niilhas perdeu
- - ' ' ' _ ` acabará or limitar o a sua efetividade.
de navios. Observa ainda que na pratica O ESl21d0 00914”-`1f0 P
direito de assa em inocente. _ _ . 4lA. Os EUA protestavam e aplicavam sanções aos Estados que aplicam du-
27 O gecregio-lei 'ii-Q 44 de 1966, estabelece que é a partir da 11111111 Yfilfl lmmdcl zentas inilhas. A sua própria legislação interna consagra as sanções: Lei de Assis-
os pon-tos da sua entrada que se começará a medir o mar territorial, desde que tencia Externa, Lei de Proteção ao Pescador. a “Foreign Militar_v Sales Act”. Esta
- - - ' ' _. D reto-lei* ng 553. de última estabelecia a proibição de vendas de armas a Estados que detenhain barcos
estes poiitos nao distein tim do outro mais de l2_i1i]iilhas O ec _
1969, aumenta a distaiicia dos pontos para 24' mi ias. oádc “às condições; de pesca norte-aniericanos a .inais de l2 millias da costa; o Presidente pode deixar
28. Este limite foi adotado porque esta distancia corresp _ . de aplicar esta sanção se for necessário para a segurança dos EUA. Entretanto, o
_- ' ” " .to ueseo
normais de visibilidade nas costas da Europa ocidental _ Significa is q Eqiiador e o Peru continuaram a deter barcos de pesca norte-americanos, mas os
- - ~
iiavegador nao avistar o litoral pode se considerar _' ' como estando _ ein alto-mar .-¬-._w-¬.._|-|u|
É4 ›|:;:.y|~|,.; :¡-H
EUA só aplicaram sanções parciais e continuaram a vender armas e navios, bein
(Cidel). _ O . _ como a dar assistência externa. Os Estados Unidos, apesar de terem consagrado
29. No Brasil ' o Decreto-lei ii"- 44, de 1966, f fala ein 12 ' milhas 2 e nao adota_as f l duzentas milhas de zona de pesca, mantiveram a sua proteção aos pescadores
demais normas para a configuraçao de baias. O Decreto-lei n 5-53, de 1969, a a norte-americanos que pescam no estrangeiro nos seguintes casos: a) quando o
apenas em 24 milhas. I _ _ , Estado estrangeiro não leva em consideração a prática tradicional dos pescadores
30. Exemplos: golfo de Tunes (Tunisia), baias de Hudson (Canada) B Delaware norte-americanos; b) quando as restrições são maiores iio estrangeiro do que nos
(EUA), etc. ' “ \

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“csi-i11B O alvará de 1805 adotava o sistema do tiro de canhao. Decreto de
17-7-1912 institiiía zona de pesca de cinco milhas e o Decreto nf' 5./98..de 1940:,
- - ` _ A Circular n-
re stabeleceu a largura de tres~ milhas (Ceorgenor de Sousa I-ranco)
43 do Ministério das Relaçoes Exteriores de 2:› de agosto de 1914 fixava o inar
territorial em très inillias em noine da nossa neutralidade (Maria Ines C. de l
i
Andradel' ' ° * "' 6* lanientar a
42. E interessante observar que o Decreto-lei n- 22:/ /, ao regu ,_ _
_ . - “
pesca nao se refere a zona contigua de pesca, mas apenas as zonas de alto
-mar
i
l
CAPÍTULO xtiv
contíguas ao mar territorial “em conformidadelclom as disposições dos tratados e
- - - - - ~ -
convençoes internacionais ratificadas pelo Brasil . Oia. a zona
contí a de esca
_ gil P PLA'mFoRMi-it CONTINENTALJ As GRANDES
não figurava em tratado. PROFUNDIDADES - _
43. V. capítulo Alto-niar.
44. V. capítulo XIX. _ _ dusiva
- - _ * ex 429 _ Dados geo_.gi'ciƒicos,° 430 _ Reoursos,' 431 -_ Dé_›ƒim`ção,' 432
44A. O priineiro texto legal a empregar a expressao zona ecoiioiiiica _
foi uma lei malgache de 1973, mas para designar -a plataforma. contineáitall, 6 0 _ Terrn.irio¿og:Ía,' 433 -- Evolução h1`stór2Íca; 434 _ Direitos e deveres
primeiro Estado a emprega-la no sentido que e hoje adotada foi Bangla 65 , 1°-“TH do Estado na platrtfo-fina; 435 - LzÍmz'i3es; 436 - Fundameiito dos
1974 (Lucchini-Voecltel). P direitos do Estado no platajo'ivna._.' 43 7 - As grandes profundidades
45. Nos EUA existem os "Deepwater Ports”, que tem uma zona de segt1rfiflÇfl- marinhas.
.- - e uerem
Os EUA concluem tratados com os Estados do paiilliao dos navios qu q l
utilizar estes portos para reconhecer a sua jurisdiçao.
45_ Dupuy fala em 87% da pesca mundial, salientando que ela cobre quase J/Í. 1

, - - ' ' ' rentes 42 Os continentes nao estão diretamente, de modo abrupto, sobre
todas as areas de grande fertilidade do mar, que surgem por iiiflllfiflüfl de Cof
marinhas e ventos. _ ›
O fun O dos Oceanos mas rapQii.âêm-âai..ii1:ii21.t>lâ1¿êi£9.f11az.ssrâëflisstafls
lissfz-éra.. i.i1â1¿.1:1a.‹i§ê9..Q-iâtii .‹äii9. .rlf-2-.ira Ea=;1d° flë.9-4.¢e1>.sts¢¢.<ís .it?*<?f=lisF<.>
-

‹â§âií1i-.<.2-.r11â=3â.r.z.1iiaâ.W010Hs.flf§s...ãt!l?1r39£%9z-.Ê.f*.P1aFflf°1m-.°°míH@mHl› Guia
profitndid_aFd_e_'_niec_liha_vhaiH_a_tew2Q_Qhiii, ou 100 braçias (lffüiii p3ãfã3õsTãñ`glo-sa-
lv xões), qtiando_`terii__igt_ii_ci_o_;o;_tëltidejc_ontinentalou rebordo oceânico, que
tai. .até a pfo.fundi‹1aiâ_ .zfz-.zéçli-‹i 5.Qüšri;.‹:z;.ê§âiêi 9šéii.§3ít‹â.Í3.f;¢;ra;gzišišššíãö
pelágica, para finalmente mergulhar ii`asmgi3._nde_s¿profu_iididades da região
abissal-
4..a.a@.í‹19...s¢0sIã€1.9ad.s- R1:‹1.eí.<>1.íti ;‹i_. f~i.9.!? t.i.¿1.s!?.tf%l -..lã É .<ëi.1.<;£>..t1.tiT<if1'‹i ao
('D\ Õ
ä-\-u-in- ul_Q ,2,(_§LI___II com o Marquês de Marsilli fundador da oceanografia
-v.-.-. 1' '

0-
A largura da plataforma varia de acordo com o i elevo teirestre, sendo
normalmente mentir quando o relevo for iiioiitanhoso. Ein certas regiões
Q
" ¡-

ela chega a 750 milhas de largura; é o que ocorre, por exemplo, entre a
¡-
0-
Noruega e a Sibéria. Eni outras regiões, como no Pacífico (Chile), ela
praticarnente não existe, devido proximidade da Cordilheira dos Andes,
lv onde o mar cai, junto ii costa, a grandes profundidades.
ni-
~ A maioria das plataformas vai até a profundidade de 133m (Shepard).
Todavia, não se pode fixar uma definição, mesmo geográfica, de plataforma
contiiieiital a partir da sua profundidade, uma vez que ela é variável. Por
exemplo, a de certas regiões da Austrália (Sahul Bank), a oeste e noroeste,

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A plataforii;ia_Éta_ni_liéiir_§caheiiis rect_i_r.sos'i_i1iiicrais. As (luas platafomias
,,,,,,,,., .. ,,.~0i'zzzz‹ii‹1z‹‹1‹: ‹1‹z 55515- f\~.i›_I-‹â.têê_l;‹1i'.fi1=›.‹1‹;ii ¿‹e›i**.?Jí<i% <l:‹f..§i112‹â_ff.íf;i~* continentais dos EUA possiiein grande quantidatle de petróleo, carvão,
(l0 ()CC2iI`l0 I C indicu..
_'"`_`-_"¬".
- Q tz a - - - contincnta
lataforina ` ~ -ltão
.z isa como seu nome pare e z . ur:"uiio, ferro, chumbo, prata, ouro, etc. Acredita-se que a da URSS, iio
é Conulíil-io, (2111 COHIIÊISÍC COH] EIS gl`j:ll'l(lC5 Oceano Pacífico, possua níquel, tungstênio, ferro, manganês t: tálio *" E o
,ro fun didades
' marinhas = qiie são geralmente iinifornies. Ela possiii vales PsfUó_1s=0›_119S_<líëS_§!slt9L‹¿z¿z 11.1@ii§nt fi@2_ë9.S miflfiwis na
plataforma. Na plataforma do Brasil temos petróleo, iiionazitãƒmãiilganés,
igormados por verdadeiras montafilñis.
os solos maiiiiliês‹=~ii‹:5mr‹1m-sffwbfiflosrvfSs51i1“<f“*°Sfl*Ê.Êf“s iiíquel, etc. Atualmente 35 países fazem prospecção de petróleo iio mar:
Argélia, Ceilão, Tanzânia, Guatemala, Brasil, etc., sendo que com o aii-A
‹1:5i›5‹iiÊ:šš"`‹?› íl1‹-:iiigëifioá af_f;91z!zi_i¶¢nei5,Árf§>5i1119§;%. .teste);-š)_-E.Slë¿51£.95. mei o preço do petróleo o preço do extraído do mar ficará competitivo.
(loii4ge.'dia"c'õs'tlã)'. -Õslsedinientos pelãgicos podemiíst-.1§,,,l,,:_5f§_>__lÍç!}§;___2__f-
algàsy 3 __l 21-fšilõlsõsd(-lõdõsycãlcãfios e lodos de silicose) (Aja Esplll-
, _ ______Y_ñ_ _f;f; ____,______|____,_,_.__,_,______._____,_._,_._.__...-__.-..--..-..-›.- ----- ----~'-¬ -
A geografia não nos fornece uma definição que abranja todas as
- --"_"'*""""" _ - _ _, ° . - - - n{¿~¡]-
plataformas: a) 0 batimétrico -- não pode ser aceito, uma vez que as
Diversas_ts9.ií1;âsí›.i2te9v£ai?fi. s,ti2li9@! ê__gr.1.s‹â1a...fi‹a§ i2.1.‹.it‹›1,'f>rm‹1S› Cova d
tzzisz B5""á'f›fá5:‹ë‹> m;‹1!i11_hf‹=1ê-_ë2..S_sf!ã1P.s9.tâ§.a_°... .f¿1;‹ví¿.f3.11=* (Sem '“S““t"“f B profundidades são'.vai'iãveis; b) o geológico é também insuficiente, uma
vez que encontramos rochas de todos os tipos; c) o biológico é inaceitável,
hrodiliÍlõslli*eti`Eralciõs do continente, por exemplo, pelos grandes nos); c)
Seria a plataforma o rebordo dos continentes cujas_g_I:‹iE(;lfíf_§__l_{"Êlrl_F_f?{§__}_Ê_fÍÊ_fÚ uma vez que as espécies da plataforma possuem em diversos casos um
..._.._..-. ---‹--~ - ----- -' '"¬“*'“"'“""_.'¬"' ="' "` ` ' 'H' "ri" ¬ . - - - 3 [gfia
uv
5
tomado os 0¢‹-aiiet.ê949ti.§9.-.s_.Ia§!i® <W¢sf=fl‹f1>› (1) _‹i..i2!‹:1iê 91111, habitat que se esteiide por vezes ãs águas mais profundas; d) o da primeira
sfifšífiõ invasãodo
mar no continente._Esta ultima teoria e a que inclinação como limite da platafonna (Bourcart) também não pode ser
iriaisfõõiitlãlseguidores nos dias de hoje- Na verc¶l_'¿_i5:l__eA,__i_i_‹:;-*i1l_'i¿.i_i_'_iji__'a con_cep_ç_gi_9_ adotado porque o rebordo oceãnico (começa ao terminar a plataforma)
C' II]
` teiramente certa 9 uma , vez que
__ as
è-platafomias tiveram as mais' diferentes
--z-z-z-zz-z--»-+----H*--*--'
é pouco conhecido e, por outro lado, há, como já dissemos, nas platafor-
c`ši1ÊÍã's,íí¢ Eëififššiiiëfiëtíiêii£ia;.t9¿íë§..sâ.t§.9.fi3§_s>5P9§.ta§...t¶%i.11__ tva Parts de mas, grandes depressões sem que elas terminem.
A doutrina jurídica também não fornece uma definição aceita por
Yerdadsf* _ _ , . .d d ten,
A plataforma é tambem uma noçao biologica, no senti o e que todos. As próprias proclamações estatais de incorporação da plataforma
25 000 000 de quilômetros quadrados. O talude vai ate 5.000 metros de muitas vezes preferem não defini-la. Pode-se salientar que a definição de
rofundidade e tem largura média de 15 a 50 quilômetros. A elevaçao plataforma é hoje meramente jurídica, sem levar em consideração a geo-
Éontinental tem profundidade de I .370 a 6.000 metros e a largura é jiariável grafia. _
- z- . - " ` nta e uma
de 50 a 500 quilometros (Marotta Rangel). A elevaçao cpntine I _ A -sertêasäo _§9J1¿r<;_P12!£%fQ.£1Ea.__Ç0n.ti,n‹=n.t2lz_¢9i1§lU_í¢ië-.em Gensb?-=1
` linação
inc ' suave de a 2% › sendo larga no§`Oceanos Atlantico e Indico e (1958) ,Õ a primeira codificação internacional deste assunto dava a seguinte 2

estre` - no Oceano Pacífico. ,d_e_fj¿_i_i_ç§`i_o: "`”`W""` """"`""`"`""“"'" “E


A noção da plataforma continental penetrou no campo do DIP
devido a fatores excltisivamen te econômicos. plata.forma e as suas aguas *“P°‹1f‹1;_<>§ ‹ff‹=¿il0S_‹,f!.<>.S_.i1rr.'¢5~°=i1t‹fS affisvffi .fixpfsssäe Í.12.1_f‹1==ií°f-
ma çsnsisttâi;ê.izsliaâa.íiááiâ§.‹1,§âisi%.%ír.=-
um-IÇQFOIHIII

a resentam inúmeros recui;so_s¿__


__ ¡fi,il›II¬-l.n¿7--- il .' d i

A Ejatafgj-¡¬na fé jëmbémçg uma noçao_ bi0lÕgl_C_a_,,_.I1.Q.-$§:ItLÍ...Q..-flÇ_.¿Ç1l1_€z F


a) o leito do mar e o subsolo das regiões submarinas adja-
zúzziäió tzzzz, i;1,ç¿p_,gi~5pri9. .iara as __¢5iz5.sâ.i. ‹i=.â .1.11s.iiab.a5z....ns1,=‹i. se .1.<.>_f==f1.11__-ela. 2 1.-I
centes ãs costas mas 'situnadãsllfõiliwdõlliiiflãiiifileiiiiiliõmiãizil:-uãléliiiiiiã
profundidade de 20.0 inetros,`ou, além deste limite, até o ponto
espécies comestíveis- Estas ali se localizam devido' ao plancto, I

ou plãncton,lque lhes seive de alimento. O plâncton se divide em lito- em que a profundidade das
plancto (organismos vegetais) e zooplancto (organismos animais). Ele ' \=¢i1a1n¢flw.,‹19ê_rsotêtëgs._iIa,tv.të!§._€1ë.=ë_fsf¢í=1fi_dflS legiões;
pode ser definido como o conjunto de material orgânico constituido de ` b) 0 leito do .n1.ar..¢..Q..-§iilz§.9J9-das .regiões -5vl›iii_a_fina5 aliá-
. logas, que são adjacentes às costas das ilhas.”
- -' - - tes de mínimas dimensões e de minúsculos organismos animais . _-.V..-,-¡. .

i-

digas vdgdiili de alimento para as espécies maiores. Em conseqüência, estas


Esta de__fi_i_i__i_ç_ão co__nsa_g_ra_clois critérios: o da profundidade e o da ex-
iãlilíesfdltiíãlizam por encontrarem alimento.5 Na plataforma encontramos o
nécton, formado pelos peixes de um modo geral. O bento é formado por
Biversas criticas foram dirigidas ao critério da explorabilidade: a) ele
aquelas espécies que estão fixas no leito do mar ou_se locoinovem em f;. ' :¶`"Ffn|.'V|I. _\|"'7" IÍ|"1"I1l" ' é vago e impreciso, ao contrário do batimétrico, que fornece uma delimi-
constante coniato com o fundo
ø _ 1
do main* Existem espécies bentonicas cujas
ø , z.
: tação precisa' b) no futuro ele será o predominante com as explorações a
_ ¶

larvas ou os individuos nao adultos na . ,

_ _ 1179
r
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I.
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listatlos alegava que a plataforma con tiiieiital era uiii “proloiigaineiito do
mais de 200 inetros de proluiididade; c) a capacidade téciiicatli. cada
teri'itório" do Estado, e com isso preteiidiaiii aumentar este esforço mari-
Estado é variável. Ao lado destas críticas ao critério da exploi'a_bilidatle ele
timo. Um outro grupo de Estados afirniava que, em conseqüência, a pla-
tem também ziigtiiiieiitos em seu favor: a) o ciilltt-:i'10sl?2Ê51Í:)1€¿i1:§0d:C:ll::ë
taforiiia continental seria substituída pela niargein coiitiiiental. Entre tanto,
Por Scãdesrcspuwiio img iišlsti-)i'i-i~:]ãi'i>Odi:iÊ‹šã(iJOii,as cartas submarinas a plataforma pode ir aléni das 200 milhas mencionadas aciina nos seguintes
1-¢._“q-¬iI.|_- lO-unra.-vn.- y.u_-;¢p casos: la.) largura até 350 milliasuiiiedidas a partir dailinha de base do iiiar
ni“IPrcci'siO (-ifailbeiilvez que tais cartas não teiiam nenhuma van-
territorial quando a espessura das camadas de pedras sedimentares for
iizidg(i:iii:ltiãra a navegação; c) se a plataforma for con tínua entre dois ESt'‹1(l0S,
igual oii superior a 1% da distância mais curta entre o ponto amostrado
abandona-se o critério funcional e adota-se a linha mediana como processo
e 0 pé do talude continental. É de se assinalar que a espessura das rochas
de delimitação; d) a capacidade exploratória nao precisa ser do proprio
sedimentares é um íiidice da presença ou ausência de liidi“ocai-biii'os.'5"`*
Estado, leva-se ein consideração a tecnologia mais avançada na sociedade
Existem šeíiipre algumas particulaiidades, como no golfo de Bengala (Sri
internacional. Este critério trará maior durabilidade a C_oI1\5€HÇ210 ÚCIG*-"
Lanka e Índia), sendo que a plataforma não ultrapassa 20 milhas de largura
nebra e corresponde ãs necessidades econômicas dos mais diversos paises, Lj
0
i.

e a camada de sedimentos aumenta ao se afastar da costa, daí tais Estados


O critério da explorabilidade foi iiicluido na Conveiiçao de Genebra poi E terem feito uma “declaração de interpretação” incluida na Ata Final (Lu-
pressão dos países da América'Latina- _ _ _
i cius Caflish); b) 60 milhas marítimas medidas do pé do talude continental,
Se é verdade que o critério funcional prevaleceria no futuro, nao d€1X21 E mas não pode ultrapassar 350 milhas a partir da liiiha de base do mar
de ter o batiniétrico a sua aplicação, porque a.platafori_na ate 200 metros l
territorial.°'°' O pé do talude nem sempre é fácil de ser determinado.
está sujeita ã soberania do Estado, sem que haja necessidade de sua capa-
cidade de explorá-la. _ z _ _ _ Qutr5.-f=i:1.1šri_9-i>êr5_ê._firstë9_‹iêi-aatsi9m1;4.›,.et1¿s.š..<;.9¶i§Ãs_1sissão -§.11.!›§i-
Uma s.fai§¢.‹i.i sê=ã.9,-5_i1@sp@Ãsf1 da-B1âiê£9.f_f2.;‹a.e.9¿e9s.-.esertselvdè ‹!iáfi°› ë. O de se mf.-dir 100_mš1haS £flêfí!ii11a§.a..Pflr_ü,f..ds .2z§9.9....iii<ftr05 ds
profundidade. Ele não é um critério autônomo, mas um limite. E preciso
c‹›nsi'S55 i‹-fm Sflbervivs Sê ues-Plsfafef.e3.s,_f2.B.Eš.?,¢talz._.Fiv.fâ__.1.°_P.>fãv_i-.,.111fe‹1 Hr*4.-A4-1;

salientar que se tem susteiitado que neste caso a distância de 350 inilhas
dèi?Fë`šš5`Íéíš”š`íÍâís.â1.ší?99;11isflf:.>S›.'‹1.*fl@¡f'‹;fl;â9.i°â1.§§i›¿@!.f>'EÊ*Pl°.”§-591»-5' q_“'“”
zfííõs estâisiâeeãiãezstirsea9§a.asef.s.,Haí:.e2:9fa£1511d5451as. msgs» l contadas a partir da linlia de base do mar territorial pode ser ultrapassada,
desde que não se trate de cristas siibmarinas, quando o limite ficará dentro
i›Íë?i`é?ššš;‹i9 .§ât;1512£9§tsi.f2.-..f?+.5i3sl!2t2i..t‹:â§R9stâ.Ratsssâasst¢_r..aà_ .i_i1ir{â1.t1i.‹1› das 350'milhas. O Estado poderá adotar uni critério em cada local difereiite
tiinanvez que há certas regiões, como no sul e sudoeste da Noruega, em
do litoral, usando assiin a todos.
que a plataforma é cortada por profundo canal para depois fiC21f d€I1U"0 4-I~afligni nilm

A observação que se pode fazer é que a definição de plataforma deixou


dos limites de 200 metros até a costa da Escócia. Neste caso dado como
de ser um problema dosjuiistas para se tornar um problema para ocea-
exemplo, se for necessária uma continuidade da plataforma, ta1S_'Y<-lälofi-S
nógrafos. A própria convenção prevê, no seu anexo II, a constituição de
pertencerão ã Escócia, apesar de se encontrarem a uma distancia esta
quatro a cinco vezes maior do que da Noruega. _ _ i uma Comissão de Limites da Plataforma Continental para tratar deste tema
quandõ'a plataforma for além das 200 milhas. A citada.Comissão será
Reproduzimos acima o conceito tradicional e as discussoes em torno
dele para que se possa sentir a profpncaltti modificação qéâeošêršíuádâ
l formada de Qllmenibros, técnicos em geologia, geofísica e hidrografia.
Ela examinará os dados fornecidos pelos Estados e fará recomendações,
zonvençao de 1982 ,es1a15,f¿1_@c§_gi3s¿_,,§1,if,3~;1l;_,2,{_'¿1,?jf'-,__§?°,FÍ!U_lʧ.í)fi---..._ -. -------- bem como prestará “assessoramento científico e técnico”, se este for soli-
"\._ cäšiëítíõ”iëõiiíiffë@fl`*1@"ííÍÍãt.9;.eã_.<2i-..§v_!;›§‹1l9...d.ê§ ..§!i9¿1.t.i2.11!11ê.ii iê_S_. five se citado. O limite exterior será traçado por “meio de linhas retas, cujo
ea-zn¿1'er =á1'5fi1 d‹-if `5l==1i tÊ~==1'fitÍ<,>,fi_=âz.1-.f-=.'..1ea.s9..9s._t9.â9...9.r.t9l9.1is.P~fli¢1ito
=ê1.f>.
N..

coniprimento não exceda 60 inilhas marítinias, que unani p_ontos fixos


natural de seu itérriltóriojatél o._bordo'_ext_erior_ margem contiiiental, ou
definidos por meio de coordenadas de latitude e longitude”. Os dados
==ibase
1Ê~%_-ia›,npa,-¡¡¡
i=i distância de 200 m.i1h=~t5 Iiwiii11fl§-.m¢Ç11dêi_a,.Pt1{v1i
d¡_,5_qu_z¡¡_5. §Ê_g.1Ê~§l@Ê__a_l¶aijgura_;do
das llfihflfi de
t_eri°ito_ri_al, rios casos em sobre os liinites exteriores 'da plataforina serão depositados com o Secre-
tário-geral das Nações Unidas, que dará publicidade a eles. O prazo do
¡-
ou

<iu.<-=_9_!?.913fi9._.siëLsri_9ii1ië9;‹i!i_aj.ê_a.s.§ta.§1.atanÇia .EHtI<-_ff‹1m°› este ¢°`“Ce1â° Estado para apresentar a delimitação da plataforma à citada Coinissão é
léiesclarecido e limitado pelo seguinte: “ a niai'geni contineii tal conipi een
de dez aiiós após a entrada em vigor da convenção. O prazo não é con tado
o prolongamento submerso da massa contineiital do Estado costeii o e esta
. - - . ‹ f ' ' ao con- U-
.a nosso ver no que podemos denominar de primeira fase a partir da
zzonstrtuida pelo leito e subsolo da plataforma, o talude e a elevaç
ratificação, vez que a Comissão não foi nem constituída. -
tinental”Í Acresceiita ainda que não compreende a parte píofiinda cão
Na verdade, a plataforma continental passa a coincidir em boa parte
fundo oceânico nem o seu subsolo. Na verdade, ha aqui uma especie de
com a zona econômica, mas vários Estados com grandes plataformas rei-
conciliação” vez que na 3* Conferência das Naçoes Unidas um grupo 8

|.- .,
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i`n‹lic
fl' 2 iram ‹-i .siri
c extensão
z até 0 rebordo ' externo da margeni
x continental, nitide'/. a noção da plataforma, quando ele propõe que ii inar tei'ritoi'ial
dai a adoção do conceito acima, que elimiiioii a igualdade queoai zona seja delimitado pelo lugar onde a soiida não tocar mais o fundo. signili-
.. . .,,. .. *rva cando isto qiie 0 mar territorial abrangeria a região de menor pi'‹›l`iiii¿_li-
ecoiiomica consagiaia, beni como acabou poi' diiniiiiiir a aiea v isc `
Marotta Rangel qiie 0 regime da zona econômica esta sobretudo ligado a
(
dade, que é normalmente a plataforma.
f _
coliina d*agua e .aos iecuisos
. - f
tivos, -
enquanto - f -
a plataforma - `
continen t' l se
a Em 1858, 0 Cornwall Submarine Act estabelecia que as minas e ¡nine-
- . - - " ' - - ' afornia rais do alto-mar adjacente ã `Cornuallia pertenciam ã coroa.
relaciona ao leito e subsolo do mar. A zona economica e a plat
- - ' ° . ° - -- - - 'forma Em 1910, Portugal, ao regulamentar a pesca, leva em consideração a
continental podem coincidir, mas isto iiao ocorie. a) se a plaüta Í D
ultrapassa 200 milhas; b) se a deliniitaçao dos dois espaços maiitiinos oi plataforma continental como sendo a região propícia à pesca.
fixada em virtude de uma decisão de órgão int€r11'‹1C10I121l 011 (16 Um U"'‹1l21Cl0; Em 29 de setembro de 1916 0 governo imperial russo, por meio de
c) se o Estado não criar zona econômica. A Clj, no caso de delmiitaçao uma declaração dirigida ãs potências estrangeiras, afirma qiie fazem parte
da plataforma entre Líbia e Malta (1985), afirmou: “ pode existir platafo rma integrante do Império diversas ilhas (Nova Si béiia, Wrangel, etc-), na costa
continental sem zona ecoiiômica exclusiva,. mas nao poderia existir zona asiática do Império, uma vez que eram uma extensão pafa`,o Norte da
77 .
econômica exclusiva sem plataforma continental correspondente . Estas plataforma continental da Sibéria. Esta reivindicação foi reafirmada pelo
observações são tiradas de Marotta Rangel. Pode-se acrescentar que geo- governo soviético. Ele não usa a expressão plataforma continental no
graficamente a plataforma esta ligada ao território do Estado e pode ul- sentido que aqui utilizamos, mas iio de “ uma espécie de bloco terrestre”
trap'/ ar 200 milhas. _ u _ ” ' (Ferron). Entretanto, esta declaração tem sido eiicarada como um elemen-
guns autores (Boiicart) atnbuem a palavra plataforma a Mur- to na história do conceito de plataforma-
ray, que participou da expedição do “Challenger” em 1872. Outros (Krum- Em 1916, Storni, na Argentina, descreve a plataforma e sustenta o mar
mel) a atribuem a Hugh Robert Mill, em 1887. _ epicontineiital. -
Este termo tem levantado inúmeras críticas, como a de nao abranger Em 1918, na Espanha, no Congresso Nacional de Pesca, reunido em
Madri, Odon de Buen y del Cos” sustentou que o mar territorial deveiia
.- ¬-¬.

a plataforma das ilhas. Diversas denominações têm sido propostas: plata-


forina (Mouton), plataforma litoral (Durante), platafomia SUbm'‹11`ll`1fl abranger a região da plataforma con tinental, uma vez que esta era a região
(Constituição brasileira de 1967), áreas submarinas (Young, Lauterpachl)› mais favorável para a pesca das espécies comestíveis. Ainda em l9l8,_]osé
plataforma continental (Constituição brasileira de 1969): etcf _ León Suárez defende a mesma tese, que será retomada por Nágera em
Na verdade, a denominação plataforma continental nao e inteiramente 14927. Em 1930, Miguel Ruelas defende apropriação da plataforma pelo
exata. Entretanto, a adotaremos por ser amais consagrada na doutrina ff Estado, porque ela é um prolongamento dele.
na prática internacional, bastando lembrar que a Comissao de D1, a Con- Em 1942 encontramos o tratado entre a Venezuela e a Inglaterra,
l

venção de Genebra e a Convenção de 1982 se utilizaram dela. Naverdade,


i
firmado em 26 de fevereiro, sobre as áreas submarinas do golfo de Pê.-iria,
na nossa matéria, a terminologia empregada nem sempre é perfeita (basta rico em petróleo. tratado não fala em plataforma, mas está “inspirado
lembrar a de Dl). As expressões, depois de consagradas, gašiham um e dominado por esta noção” (Ferron). Pela primeira vez foi o leito do
sentidojurídico próprio, que nem sempre corresponde ao literal. A grande alto-mar dividido contratualmente. i °*
vantagem da expressão plata.forma continental e exatamente a sua consa- á Foi com a Proclamação de Truman de 28 de setembro de 1945 que a
gração no D1. E preciso lembrar que a noçao Juridica de platafo1`11121_ 11210 a9si_=í°..<!.<¿__.B!;‹.tta£@i;ii9a..satr9i1.5;!.Ç_1iaiiivaIiienie no DI- Tiiiiiiäii 'iiiiócoii di-
corresponde à noção geográfica (p. ex.: no direito ela começa depois do
mar territorial, enquanto na geografia começa na costa, etc.). Por outro
É versos argumentos que foram éxpostos nas considerações da Proclamação:
1) a necessidade de novas fontes de petróleo e outros minerais; 2) que o
lado, a expressão continente abrange também as ilhas (ex.: as ilhas da progresso técnico permite a sua exploração ou.virá a permiti-lo em futuro
Grã- etanlia estão no continente europeu). _ _ próximo; 3) que é necessário estabelecer uma jurisdição competente no
.
A noção. de i111ata£9Lfli;‹1_¢.Qatia.@nial..§ó.â1i.ê9.n.ii0u aiín.P1.fl aceitação interesse da conservação desses recursos; 4) que esta jurisdição deve ser
n,‹›_iiiundo¬ju.rídi‹;9. após H Pro.clamaÇã9_.dQ-Biiflfiidifêntç Triiiriaii T¢.ii1.-_1._9§1z_5; do Estado costeiro, uma vez que as medidas necfessárias para a utilização
todavia, anteriormente a esta data encontramos uma série de manifestações ou conservação precisam da cooperação e proteção da costa, devendo-se
doutrinárias, históricas e mesmo uma convencional, que se referiam direta u levar em consideração que a plataforma é uma extensão da massa terrestre;
assim sendo, pertence a ela, e, ainda, é necessário, para a segurança do
1

ou indiretamente à plataforma. - _ H
t

Vattel foi o primeiro a falar claramente na possibilidade da ocupaçao 1 Estado costeiro, ser esta exploração feita por ele. Os EUA reclamaram
J. 1
do leito do mar. Todavia, é com Valin que vamos encontrar com bastante 1
-ft ' ¿ :-'\.£
sobre esta área o “controle e|ajurisdição”-'° A declaração de Truman foi
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OS fillllfitlosurlo Estado costeii'‹›_sofi'eni limitações no sentido de que o
coiisitlerada por Colliard uni " equívoco”, vez que só ele tinha capacidade
seu exercicio nao (leem-,Í a¡,._¡.d,. 2, nm,t¿g¿C¡;,0 ngm .(1 0m_ _ ¡._ .
para explorar petróleo ao loiigo da costa e não tinha neiihuina razao para-i
li'I:cidades
› ¬ -
dos
-
demais
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Estados
Í _` 1:
_ Unia outra
' -I'
limitação
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é ___F_(_)§_(
que' “i_ioEl05 05
“ellos tr

deseiicadear uni niovirnento de apropriação. Eiitretanto, os produtores de


Lsltjadosl tem direito a colocar na plataforma continental cabos ._› 01,¿0¡]¡¡¡0.;
petróleo, através do Instituto Americano de Petróleo e o Conselho Nacional
suI fiinlaiiiioís
- - ” .-.O_ Estado
- costciio
.' - tem o diieito
-. - de tomar medidas
_ razoáveis
' `
de Petróleo, forçaram o governo a esta atitude. Eles preferiram nego°ciãr
pata a exp oiaçao da plataforma, mas nao poderá iinpedir a colocac.-,O de
com um Estado do que com uma autoridade internacional nioiiopolista
tais cabos e oleodutos. O traçado da linha para a colocação d
(Lucchini e Voeckel). I , _ _ e ca -
oleodutos esta “sujeito ao consentimento do Estado costeiro”. O Esfãilõ
Os mais diferentes Estados, principalmente da Améiica e da Asia,
lcosteiro poderá estabelecer condições para a sua colocação e esta deverá
incorporaram a sua plataforma. O Brasil incorporou a sua pelo Decreto
ei-ar em consideração os cabos e oleodutosjá exist_e;ntes.
ng 28.840, de 8-10-1950.” A incorporação da plataforma continental cor-
respondeu a uma necessidade da humanidade. G f'

b ui. 'oes
lji.ÊlÊ.-.°.lr1.Ê.rÊ.*
em es 9l3.'r1.3Í¿Ç¡'i°
' ` - .d9...Ii¬.§ÊÊl.d.Ê)
' . " é...(1u.€
' ele fará pagamento ----z-ou contri-
~- -
No Brasil a Lei nf' 8.617 de 4-I-93 estabelece que adotará os critérios z. -¿Pft`Ê.ÉÊ.1.Ê_-- “Li e.ÊlÊ_ÊlÊ_CÍ..f*lÉaÊÊÊP_l9.ÍÍ'_1.Ê.Ê9_..Êl.Ê._l.Ê.Êur505 nao “WQS da /L'-\
ø

p ata oima alem das 200 inilhas medidas a partir das liiuiliãisfldémbasei” do
da já citada convenção de 1982 e que ela se esteiide até 0 exterior da
margem continental, ou-até 200 niilhas de largura da linha de base do In'-ätsttítvlíël-,QS Pasfliiifiiilos C Cofilifibuiçõésl s`érâ0^là`fiú"ài§ šó`Bz~é -gi pra
mar territorial, se o referido bordo não atingir esta largura. Estabelece
- z J dução de um 51.U_9.-.{`.fl..1!Íl_*=ÍÍ.f.Q §_1pós cinco anos de produção deste sítio e a
contribtiição “ será de 1% do valor ou
que cabe .ao governo brasileiro regulamentar a investigação cientifica.
Determina ainda que o traçado para a conservação de cabos e dutos
submarinos será feita pelo governo, que poderá estabelecer condiçoes para
ÍíÊi{ͧ.íÍê.š*ÊÊ .ffšãäêâ
*íäiééíé toaEt“d°
sua plataforina' “'estai"'á“išèii`i`õBd`e'iiiailš"'ã"3a§ÊHF$q'lmneml 'fixlilqlado em
a cim:/Íliiçcolocaçao.
3*-QQ Estado _.‹;o§.t.<.fi_t.9..tí<z.I.1.i.`Í.f;1if<âiiQs.d.@.s.o13.sffl1iiaf'.êobrâa.i>l=àtafo1ii:io
'
LÊÉS. ._ .¡_`._9.t331t1s1._:1. ._-...---§.I_2‹ts.‹tt“s111<Ã>S
d P -te recur5"'- .P
%.¢r‹1o f‹f11°~°› H oiitoiidtido tv.
g"` i çnlclf 0u.COn.inbuiÇ(i€s 3 res'

para aiexploração e utilização de seus recursos. São direitos exclusivos do


.i-' l _; N; ágzã afiliâãèlsíãiiãšgèillsflgsflHs °S.E.Stfd9§12êi'.t¢§.aa.§9a.Ysa§ã9~
, pesquisas e exploiaçao da plataforma conti-
râtiaó *àzà¿iê",;ê;;ë¡'ê;;(à"é"aêiemaatrasoâërfísiâzâszõémcgéíaggãfzzio nental e dada pelo Presidente da República (Decreto ng 63.164 de 1968) 14
os oossvi. ind¢P¢.fi.¿@fltëfis. aHfl1svst-Pf°¢1flmfl@fi°. 611. éfffiPá.¢ëP fl?=1..P1ffite i.-,-._.,-'_:' Em 1970 foi concluído o tratado de desnuclearização do fundo do
fo_ri¬.riã.'Sã'o recursos natiiráis: a)rõs riécursos minerais e outros recuisos nao A -_. -. _

iãvõiõwóiiléitõffdõflrfiãi* e seu lsubsofo; bi Í' os õ'i'gaiii__sm_osq_vivos pertencentes


É-"1-'4`
,. \i
Pggëtltígliiafacg
de _12 màih-az de linha de bzzst-z ao
'Ui
..i
-ii Tessados e a notificação ao Conselgw deršrgime e consulta entre. os inte-
ãšléspéiéiiéisséideiitáiiãsfisfo é,aqueles que nõperíodo de exploraçao (serem gurança em caso de violaçao.
.rg
pefsicãdõis)-léstãio i_ii¬."i'i'iL-ii‹}i'š`_i_i2_)“T‹jÊiJtoj'¿_i_o mar ou em seu subsõlo ou só podem ,_-ci
-i 435. ¬.-.::..a_.a
A Convenção ___-- _. , . de Genebra
_ __ . -. fixou as nonnas p ara a delimitaçãoda
.-t
s_e_inover emconstaiitecontatolfísicocoin of leito -do iimãrlllffi i _ 'tl
Li*
_ Y '-7 -TT-fr-Í 7:7 T 'T íriiifliírrri 7:*

Etlt'-fl`lAf‹_i_~_f_td2A_i,1'_vii _i_«2_1_A_‹:_ontinental e estabeleceu, como _p£inc.i'_pio fundamental o acor.


*T1 ' *Í " f Í 'lr 'Í Íff- -zÍ4`íÍlli;b§.T_ ' mag.

os dia-;-iióšas 1=';§ià"dÊi nãpiaizfoi-mznãozitêrzifirnrzõnaiçàojurídica `=.`


_
do.. entre-._______________"____Q§.¡_Na__atisenciadeste
F. os Eistad H ' Í'""“"
acordo, '“"'-
se os '¬°“****“"¬-¬---*-----«~--
EstaçlQ_5_§_¢_ç¡¡¢Q¡-¡U~¿m
'il
das águas sobrejacentes nem a do espaço aéreo situado sobreitais águas". ".
fe.n..l.Ê,.Ê...£fÊPfÊr..'_tÊa.ÊaÍ§Ê Ê. i.n.]..h.Ê ..11l¢§i?Ê{QÊ1_¿__§Ç__iiãp__existirem “circunstãncias

E

O *Estadofitern direito a instalar ilhas, artificiais ge estas se regem pelas 'ii


rt

<fSP<f¢w1S .tias iii.St1f.i.<1i.1‹:1f.fii...outra deiimiiziçâo. Quzinaó Oš "É`éiä%š"f`¿›?ë'z&zi


mesmas normas estabelecidas pãrãfitiviis illiasiiia zõna econômica (vã cãpitiilio 4
limítrof
áàs. Hnh<fS›;1iP- 1í.)C<1.S<›..f>..-
' -_ . == B.1;i- 3.i.¢.1i
'2'“'."“"_'--~--~-.-..›- -.- dos Pontos
9.i9-§1f1.-f=í-tsii itliâtêt1.<f1=f~ ' '
mais proximos
\

anterior). Podemos acresceiifarlque para Hubert Charles as ilhas artificiais d d às É °15e=E¿ PÂIUT das CIUHIS C 1¬r_1ed_i_da'a largura do mar territorial
'1-

apresentam as seguintes características: são obras do homem destinadas a 5.6eca aum


é xárdo estes1 s-tados . Salien ta. Piospei
-. _ V\7e1l- que o ci iterio da bissetriz
. .
trabalhos em lugares fixos e são implantadas no niar.l2"" Tem sido observado í " _1 C1 uanc o a costzis foi- main
- .^
um .angulo . -_
claiaineiite -
deliiieado e
que as ilhas artificiais não transformam o alto-mar ein “res nullius", uma ¬.

{
que a linha perpendicular nao funciona quando a costa não é retilíiiea
vez que os Estados, ao colocarem ilhas artificiais, agem em nome da so- daí sera dotado
Ch - ' ' ° dos¬ pontos equidistantes.
o cnterio --`- - . ,
Oda,]imenez de Aré-'
‹¡
¿1 3 e outi~ os sustentam
Sãog . - z -
que os criterios . . _
de deliniiitçaçiro çl_-_¿___p_]_¿_¡_3_f9_¡-m¡¿
ciedade internacional e não podein causar prejuízo aos demais Estados. ,\
»

0 Estflde tt-f.ia.-.¢1.i.ií<:=.i.t<.>..s3<£l§'>.i1í<¿a=.iI.1â.t.;‹a!.t9ii2ai'...s..-!fs.sii!êiiisiitai:as ter- 1 gS.i1.i.§.â1i1.s_.>.¬°i,‹i.<;1.atfâ1.;‹1§2.§ -iiêira 2oii'‹1-ç‹;oiioim‹:a.


f.vt@f¿2šâ..iš¿iɧ!Ê'¿S fifl Plmfomfl- -
J'

vi
Éâtaê.<ig1tnimt<;o‹â§.t1.si'.s.1a9.ist. Bvblišidfld o»
0 Estado tsišf.šiíífšiíššffêíiãšiifiii%ít.t1éiisiL§..iz.sffl fliarlstësãs d° Sub~°›°1°› T
A
d P reciso
_ sal'ientai
' ¬ que -a delimitaçao
° ' z * ' nem sempre e- simples
~
po e pai ecer; assim, no golfo Pérsico houve grandes problemas entre 0
como
independente da profundidade d_as águas. O Chile faz exploração de carvão 1, _ "" -\¬-._
_....›_;__.\..-_-__-.
Irã e o I fafluei Uma- Vez que toda . ilha
- . tem plataforma e na regiao
._ havia
.
deste modo.” _ ; '16 1-ÍÍ.-T " ÉÉI.-`-:Í .`_,
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virios rochedos inabitãveis que não se sabia a qiieni pertenciam. E preciso
'¿ . .- _9_I_)_r_i_g_a_t_‹_3_i;i;a_iio£a_iiipo__j_t_1_rí`‹lico. liniiiieras teorias a respeito da plataforiiia
l ein I J i “zir que z pela (`onferência
› de Genebr'.i.' para ser
_ considerada illia
. 11210 forani elaboradas:
a) Scell_e_pQp§_s _'qt_ie,_e*la ,fosse__i_ii'te'rii.ac_ioii_al_i_z;ada e a criaçãti de uni
precisa ter condições de liabitabilidade, 0 que foi alterado iio projeto da
ONU (v. cap. Mar Territoiial). _ _ _ _ <ít' së.°__."e2.1:T.Fl.i>3;;e.a_§te-§vRt.fvSä°- Esta t‹f<>ft‹› flfi6iëöii›*l~ši›óf1d«-. «-~~i‹1‹zz›-
temente, ã sociedade internacional em que vivemos, ainda dominada pelos
Por outro lado a Cl_], em 1969, no caso de delimitação da plataforma
interesses políticos dos 'Esta(los.
entre Alemanha Ocidental (de um lado) e 1-lolanda' e D_inamai`C2l (ÚC
outro), afirmou que o princípio da eqüidistância nao e obrigatorio e que b) _A___t__t¡:_‹)__r_ia__ç1a _o_çt_i_paiçã__o _ alguns autores (H. Sinith) procurani fun-
não existe um método único de delimitação. Esta deve ser Justa e leva! damentar o direito do Estado na plataforma, fazendo aplicação da teoria
em consideração o formato da costa.“^ _ _ _ da ocupação. Se levannos esta concepção para o Direito Marítiino, teríamos
Na verdade têm surgido inúmeros litígios sobre a delimitação da -pla- que considerar o leito e o subsolo do alto-mar como uma “res iiullius”.
taforma: úi) plataforma francesa e. inglesa (submetida a tribunal arbitral fiííëiëlíiäorodfifií se1*13šii iä'<Í54i.i§{ëT<5”i§iíi ášiÊ>}zs1.í.ii§ã1êiii 56116`‹?¢íišii`Ei1írizi
franco-britânico); b) fronteira entre os emirados de Dubai e Slialjäh (Sub- 'Wa f9fl*¢..°°fl§!'‹1P19 tie.-<=.91it1i.t<2S.ii°._t§:.t1.12.e1Q.t1t1.t<:â.tfa<=i<>1i=‹11í i 9
metida ã Clj); c) delimitação da plataforma entre Tiiiiisia e Llblfl (5Ubm*Í' c) Tentou-se solucionar esta questão com a teoria do “incnhoate title”.
tida ã Cl_]); d) delimitação da plataforma entre lslandia e Noruega (sub- '
. I
. _Na realidade, tal posição é apenas uma “nuance” da teoria da ocupação;
metida a conciliação); e) delimitação da plataforma entre Libia e Malta entretanto, a estudaremos em separado, para melhor análise. Os partidários
(submetida ã Clj) ejulgada em 1985; j) delimitação da plataforma entre da teoria da ocupação poderiam defender a sua posição de uma ocupação
Grécia e Turquia (neste caso a CI] se declarou incompetente); g) ,plata- efetiva sobre a plataforma por meio de illias artificiais e que a proclamação
forma entre EUA e Canadá no golfo de Maine (submetida a uma Calmlfd do Estado costeiro poderia ser um “inchoate title” até a exploração efetiva
“ad hoc” da CIJ). Foi julgada em 1984, sendo que 0 Canada fiC011 com da platafonna. Esta teoria _é inaceitável porque os Estados possuem direitos
1/6 da área e o resto ficou para os EUA, e ambas as partes se declararain soberanos na plataforma independentemente de qualquer exploração, isto
satisfeitas com a decisão. O litígio surgiu porque os bancos na reg1aO 5210 é, possuem direitos completos enão apenas embrionários.
ricos em pesca. Ou, ainda, o litígio relativo ã plataformaucontinewntal entre ci) A conú`gí¿i§_ladç também não pode ser adotada, uma vez que ela
Guiné e Guiné-Bissau, resolvido por um tribunal arbitral ad hoc formado levaria a uma grande confusão. Ora, se assim fosse, nas plataformas con-
por trêsjuízes da CI] em 1985. Estaria sendo formado assim pela tiurispiitl- !
tínuas ou limítrofes, nada impediria que um Estado se instalasse na plata-
dência intemacional um. direito de delimitação maritima. A delimitação
Í

forma de outro, que só poderia, então, reivindicar a sua platafonna até


tem atualmente um aspecto constitutivo- .-~ _ _
onde ela não tivesse sido ocupada pelo Estado estrangeiro. É preciso
Lucius Cailisch assinala que a CI] tem levado em consideração para 21
solução destes litígios: a) a configuração geral da costa, a fronteira terrestre lembrar que a contingüidade atua em território “res nullius”, o que não
e a presença de alguma característica especial; b) a estrutura fisica e geo- ocorre na plataforma. A contigüidade por si mesma não é título para a
lógica e os recursos naturais; c) nem sempre ela leva em consideraçaã sãr l i
aquisição de território.
'e) A teoijia,çiç¿,,prgLo¿;i¬g:ai¿1_çi;it,Q s_g-j.; fundamenta em inúmeras proclama-
|

a plataforma um prolongzunento da massa terrestre; d) a pr0p01'fIl0I1fll1^ 3 _€


entre a plataforma e a largura da costa- Por outro lado, a Jurisprudencia ções, estatais (MëXi¢°› F-UAI A. P1.al'‹1_f.0_I7ft›§1..é..v.1i2 .Pr.<.>J9.Iis=.t@.eai.9..‹i9. terri-
tório estará Ela conduz a uma série de imprecisóes, uma vez que ela não_
.i¬_.¬_.- _

tem feito uin constante apelo ã eqüidade (P-*M- DUPUY)- i


A fioflvflflsãe .‹21.‹f-:Ç1._9.8.2.§§ia.PsJ.§Ç§.fm¢=__a 4s!ãiaã.t‹i..<é_ã9 .da P!atêif<_>tii'1_'‹1 das determina até onde -vai o direito do Estado costeiro, isto é, a que distância
ser f‹f.il=i P9?cteiaat1i....a§9t<!.9....9v._. P9r...v112 .iii9§1.Q...9a.fl_ifi.§.9, §1..‹:=.,.='›t>.l.1¿§.=f1°. <§_1°S da costa cessa o prolongamento. A própria Convenção de Genebra, ao
litígios ef i1.@v‹:ré .fieizff ai;§i:‹i.§.<_ai1.§;€1.<.>.s~2_§i§1.1š.I;ê.tiiã=1" - N21 5” _Cf>1_*f€1`*f“F1a das N*'?°“S fixar o conceito de platafonna, não leva em consideração se ela é prolon-
' Unidas um grupo do Estado desejava manter o criterio da linha mediana gamento ou não. Por outro lado, os Estados têm nela direitos mais limitados
ou, ainda, a noção de circunstâncias especiais, enquanto outros grupos do que têm no “território terrestre”. i
queriam excluir o critério de eqüidistância. Assim como uma formula j) A teoria dos __s_.e_t,盬1_'_‹;s,waplicada às regiões polares,"” foi levada para a
intermediária, se adotou a da conclusão de um acordo- internacional vi- -i._-_2i.:_-.-
~-.
plataforma (Gidel). Entretanto, ela também não explica qual o limite da
sando obter uma solução eqüitativa. O mesmo critério foi adotado na zona plataforma e o que se deve considerar como zona de atração do Estado
econômica. _ _ ..'\ cošteiro. A plataforma não é delimitada de maneira tão precisa como as
436. Devemos agora procurar q ftrndanfiešitfiog d_Q§____C_l__11'€1l0S (10 ES*-21.9.? regiões polares.
- z E E E- E rm rnou ““
na lataforma, isto e, sabermos or ue_¿}J¿Q§§¿Q_§l§_,I2_l‹§-§Â9,,____Ê;§,Ê._Ê_9., _.
_ .-=-._' .-3,-.'z.-'*."*:-.'z'ç:
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ifiäši
9fr
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n
Tal fato acarretou a questão de se saber se o leito e o subsolo das
g) A teoria da acessão iião pode ser aplicada na plataforma coiitiiiental.
uma vez que ela iião é uma area nova, mas, pelo contrário, submersa de graiides profundidades mariiihas estavam submetidos ao reginiejurídico
da plataforma.
maneira permanente. Ela não poderia ser aplicada às plataformas qlut: 11210 Tem-se argumentado que a definição de platafoinia abrange apeiias
fossem o resultado de uma sedimentaçao e sim, poi exemplo, e uma
abrasão marinha. d_ _ flãff regiões wbmfififlfls ›1dJ.fl¢¢fl.l«S`” ¢ flivs sëtas .sralësisã P.t'‹_>.f._1.1.!.1._¿í.í_@.1=è!.f!s`S. Häv
_ ._ .I . . . › _ ft . _ . “
São 'ddjfif<ffl1<fS fi C0Sl'‹*. '110 E5124?-.Q PtTÕR!Í9__Ç£ítÊ£i.9_d_2tÊ_>£P_E>¿“ë.l2i1islktfls.Sr
h> A teoria sis .*â¢S¿3_t951_2 1_*3..&.1.i_tss19_1a _ .‹#Ít,f_€11¿fi1¿s_9_._'fÍ_.ãtâ§_°_5s¿;¿___1â.s;,.. encontra subordiiiado ã limitação de “adjace,n_te”_,(apesar,da relativiclade
na glat-1'föí*fi121.29t<iaêJ_'¿1i<1ís=âs1‹ât1_1s._§s._Is§t1.t2e_ae_`ʧt=ft<29_.fear: .9.,<1.“S'-f_. _Jê_ desta noção. O critério de “adjacente” é, assim, da maior importância na
t ncera a ele e ue teria submergido no mar. Esta fonnulaçao nao
caracterização da plataforma.
corresponde ã realidade jurídica da platafomia, uma vez que os sta os
A questão das grandes profundidades começou ein 1967, corn uma
possuem direitos no leito e subsolo do al to-mar, mesmo onde nunca tenha
declaração de Arvid Pardo (Maleta) -perante a Assembléia Geral da ONU.
existido plataforma em sentido geologico. 1
_ Alguns autores (Richard Young) têm salientado que a Conferência de
zi A-"r-':*'¬""'.'“"'¬:r¬*`”
m‹-:lhor _¢0fls@I¿§‹19 :'
*abre Q_‹¿§S_L¿1i
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.s¿_.. .i221121-
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, -,.-. . Genebra não teve intenção de aplicar a tais regiões o regime da plataforma
forma um instituto de o__r_1geni coiisuetudiriana. _C_o§_[[1_{[1_Ê,_§Ê,}Ê{_: __ _ continental. Por outro lado, tem-se argumentado que ilhas quase desabi-
‹â‹ê›.fli_.ê§ i2.r9s1:‹a1aa_s§sê_et.stêis_ãi1s9rB°1af%9_Q_a..P?ëef9rs1.fi_“tive Has metal” tadas teriam uma “plataforma” imensa, enquanto que os Estados sem
a oposição dos demzzian¢m.bs9ê_4a_â9i:a9iirlssis1at.snes1e.1?,e1‹,EStH Wma
_. - --~-- ' '-'-"`-*'¬ -""--"" rf f "'fr'f'**"' . :_ - v 1 litoral nada teriam. Por outro lado, a Convenção de Genebra sobre plata-
se teria formado em um prazo curto devido a intensidade com qt e _ forma continental dentro dos seus próprios termosjá está aberta ã revisão.
-
(proclamaçoes) - .
foram praticados. - '-
Eles coirespondiain a uma- neces s1 dade Diante destas considerações a _Asseinblé_i_a flGer_a_l__d,a em 1_9__67 criou
de todos os Estados. E de se assinalar que, apesar das doivergê-ncias existentes um comitê “ad hoc” para estudar a _m_a|téria e _c_i_fiado
o “comitê
nas proclamações estatais, elas possuíam a uniformidade para o apÍ.11'€C1-
inento do costume, tanto assim que em 1958 foi possível a realizaçao de
S..°_§rš ..l¿tšÇͧ.ʡçššl§_¢SÍidiafiêíišÍiš>_,.IÍLJ_I1_919_._€t9S__inaisS.e_2§sflH_9S_ê1š.ra. dos
L.i.r,I1.i.ts=f.§. ‹;l_,f1L.l_1.4.t:i_S_§_1.1i_‹;.ãá>. .Nà_Ç,i91íÍáÍÍz ÊOHIPOSIO de 42 Ešwdos ‹;_‹2i.n_.ê_fš.1i.<‹1l,i.da¢i.=f
uma convenção sobre plataforma continental.
437. Atualmente, com o desenvolvimento, da técnica é possivel a ex-
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de emdar O rssi9st.iurísliss...4.s§§.a§.-.fesiës,.࣬-si:âi¬é_‹ls.,is11§!ša§i==1,.š.a.irfl¢f-
n.a¢i9flal_iZaÇã9_.. §1s.sta§, áreas. 2. .a âu.a:..v.Fili?-W-Íãe Pflcífififl-1”
ploração a mais de 12.000 pés de profuiididade. As__gr_a_n_d__‹j.f_S¿_}íz_I_`Q£}§§_§_1_<É¿¶§l,ʧ_ Em 1970 a Assembléia Geral, em Declaração de Princípios sobre os
são ricas em nódulos d_e manganês, que contêm¢_f_e_i_f_r_‹_>_,__i}1'fylg_§_1_¶;ǧ_,_ _<zQÊ_1f¿1,1,lQ, Fundos Marinhos, afirmava que estes, além da juiisdição nacional, eram
ctdrbreí-'ii_íqÍuÍel”_H,;:ç;t_‹;;. Os nódulos de manganês do Oceano Pacifico sao os “patrimônio comum da humanidade”. Pode-se recordar que em 1956 o
i_fiãi“s'iui'ic“gs e contêm: 25% de manganês, l%'"de níquel, 0,75% dê C0bT€ 6 maritimista Mouton já propusera que o fundo do mar, além da jurisdição
0,25% de cobalto. Igualmente, existem as denominadas “argilas verme- nacional, pertencesse ao conjunto da sociedade internacional, bem como
lhas”, ricas em óxido de ferro, cobre, etc. Têm-se calculado as seguintes I que em 1966 Lyndon johnson propôs que o solo e subsolo do mar fossem
I

reservas no fundo dos mares em bilhões de toneladas: 358 de manganes, patrimônio da humanidade. Entretanto, a humanidade não pode ser con-
7,9 de cobre 14,7 de níquel e 5,2 de cobalto (A Szekely). OS nÓdl1l0S
3 siderada sujeito de Dl (P. Tavernier).
abasteceriam 15 vezes as necessidades do mundo em niquel, 115 vezes as Em 1970, Nixon (EUA) propôs um projeto de tratado eni que os
de cobalto e 4,5 vezes as de manganês (F. L. La Que). Pesquisas 1112115 recursos existentes além de 200 metros de profundidade seriam conside-
recentes (1975-1977) mostram que a quantidade é bem menor e que rados “patiimônio comum da liumanidade”. Ele propunha a divisão do
liaveriam 100 bilhões de toneladas de nódulos e nem todos seriam dejboa fundo dos mares em três zonas: na primeira, até 200 metros de profundi-
qualidade (Alexandre-Charles Kiss). Pode-se acrescentar que os iiiinerios dade, o Estado conservava a sua soberania; na segunda zona, que seria o
manganês, cobalto, níquel e cobre são vendidos a preços especlalmfimfi rebordo oceãnico, o Estado faria a exploração como mandatário da socie-
baixos no mercado mundial. _ '
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dade internacional, sendo que uma parte dos recursos pertenceria ao
Alguns autores (Paul Tedeschi) consideram que a exploraçao das gran- ‹_.
Estado e outra parte seria destinada à sociedade internacional. Na terceira,
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des profundidades trará problemas para determinados paises subdesenvol- .Qu


If
zona de maiores profundidades, a exploração seria feita por um organismo
vidosprodutores de cobre (Zâmbia, Chile), cobalto (Zaire) e iiiquffl (NOVÊ 1'-11- .- ' internacional. Neste mesmo ano, a Assembléia Geral, em uma declaração
¬ -

Caledônia). Outos (Bennouna) observam que os países indtistrializados e


A
de princípios, afinna: cz) o fundo dos mares e dos oceanos, bem como o
3.*

que são os maiores produtores de níquel, cobre e manganês, enquando 1-.§;__¡'f.-


seu subsolo “além dos limites da jurisdição nacional” e os seus recursos,
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são “ patrimônio comum da humanidade”; b) esta zona não pode ser objeto
os subdesenvolvidos só são maiores produtores de cobalto. ,
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As atividades na Area levarão ein consideração as demais atividades
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‹ por parte
f - dos' Estados; c) a exploração_ será subinetida a desenvolvidas iio iiieio inaiinho, assim as ilhas artificiais não serão coloca-
uni regime internacional; fl) a exploração será feita no interesse de. todos das nas rotas de navegação, a sua construção será notificada, etc._Será
OS F-S tzidos
' › independente de possuírem litoral ou iião; e) ela 56111 Ulllilildfl
proniovida “a participação efetiva dos Estados em desenvolviineiito nas
para fins pacíficos, etc." S _
, - . - - - ' - :' t'oessin- atividades na Área”.
Varias propostas foram foiinuladas pelos doutrinadores tz) 1
A convenção possui inú-meros dispositivos sobre a “ política geral rela-
gm- propõe que a ONU pode ter rendimentos advindos de liceiiças para
explorar 0 fundo do mar; b) os cientistas Alexanddrq Riãh c(lEUA) ‹ÊV.eÊ cionada com as atividades na Área”, como a administração ordenada,
Englehardt (URSS) propuseiani - que os recursos o unho f o mar d oss O segura e racional dos recursos da Área; a participação da autoridade na
. .. - - . . . - ara receita; a promoção de preços justos e estáveis; a proteção dos Estados em
administrados pelas Naçoes Unidas para que se obten a un os p
desenvolvimento economico. _ _ _ 1 desenvolvimento para que não haja uma queda no preço dos produtos
Vários regimes foram imaginados: a) uma autoiidade internaciona que eles exportam; etc. Trata ainda da política de produção.
que daria licenças; b) uma empresa internacional que atuaria em noiqe Cabe ã autoridade organizar e controlar as atividades desenvolvidas
da sociedade internacional; os Estados desenvolvidos preferem um contro e na Area. Estas atividades serão realizadas pela: a) empresa; b) em associação
com a autoridade por Estados-partes ou empresas estatais ou por pessoas
internacional mais fraco. O mesmo ocorre com os paises comunistas. Os
países subdesenvolvidos preferem um sistema internacional mais efetivo. físicas naturais, quandojiatrociiiadas por seus Estados nacionais. - -
Vários países latino-americanos (Mexico, Peru, Equador,-_ Urugudli €lC-l E prevista uma Conferência de Revisão para 15 anos após o 19 de
propõem que a autoridade internacional faça a exploraçao diretamente, janeiro do ano que “comece a primeira produçao comercial”.
' .- - -'_ ‹ - . nsideram A convenção estabelece a criação de uIna_.Q[ga_I_ii_§_a_ç_ã__Q_ i_t}}_§_ri_1__acional
tese que encontra a oposiçao da Gra Bretanha e outi os, que co
isto utópico Uma outra dúvida consiste em se saber se as licenças devein denominada ds_£â1tt9ií9lasls_liiis:ri1.ê1s.i9i1ê1lrins.Eandos Marinhos, com Sede
ser concedidas- a empresas ou a Estados- A URSS não aceita que elas sejam na Jamaica- Ela É que C.QntrQl.ará .‹:r 9_rg=‹Hii.2a1"á as..atividad‹-rs naárea.. Ela
c-onncédidiisãueiiiipresiãis - Estás-1 ieiitretaiito, se obtivessem a licença deveriam iEmpresa.
>.<>SSHi Os .S¢sviH.t¢rf>rs§°S=.
_ .___ á) S'-§S¢flië!éietè>..Q9_fl.Ss1h.°,;
_ - . .- Í, ..f>..$¢9tstati.ë.d°; d)
pagar uma soma anual da quantia que incidisse sobre os lucros a fim de
que realmente elas efetivassem a exploração (Evan Luard). A Assembléia é formada por todos os membros e terá um período
ordinário de sessões anualmente. Cada membro tem um voto. Ela estabe-
A c°flv¢n.Ç.ã<.> Ás.19§2..slsçiésa_¿.1.ii§1_1iri¢.f9§..i=!r.t1s.9.ta§_s_f®.
.....,.<!.<í»f§.i2t<.›fvfl_d1.d=fl_- lece a política geral da autoridade, elege os membros do Conselho ejunto
das que cia denomina, ge z_§iç_a_l_f^._.E§iabs_1¢.¢s_9.tts__§§ta...¢_,.f°_fmflda Rslfãs
I'

marinhos e oceâiiicos e seu subsol'o"fora dos limites da jurisdição com este elege o Diretor Geral da Empresa. Detennina as quotas dos
aíz.r¿i'¿;';.f..z;it«xrizicszsiazzsfssé'aózgâaaâaõrêõsrum az human.- membros no orçamento da autoridade. Tem ainda a atribuição de “exa-
minar e aprovar, por recomendação do Conselho, as normas, regulamentos
ieii‹tTéi*ÊeTr
soberania ou direitos de soberania
Sssiâsaapzaaiz"Ái¬êzré"a:.:.*;rêzs'isõzi'.-à;;'âa>ia:âaa as ai iaiizzazs e procedimentos sobre a distribuição eqüitativa dos benefícios financeiros
e outros benefícios econômicos obtidos com as atividades na Area”.
“em” ÊienÊPíÊõkdéuiõdiãiiiwh-uiiiiãnidade, çiflfäfipenden te da 1ocal_izaçao__geo-
gi'ã;ficã`diõs“Es'tadõ“s, šejam costeiros ou sem litoral, e dando consideração O Conselho é formado por 36 membros eleitos pela Assembléia: quatro
1 . _ . -._-. - ----.- .--_ _ ._ .- ... ._ ¬. .. -. ,.,.._.
...__ .. --._ -- . .. . --¢ en'-O-'-n.

especial aos interesses e necessidades dos Estados emdesenvolvim _ Estados que nos últimos cinco anos tenham absorvido mais de 2% do
A Área será utilizada exclusivamente para fins pacíficos. Se as jazidas se consumo mundial ou tenliam realizado mais de 2% das importações mun-
estenderein até regiões submetidas ã jurisdiçao do Estado costeiro, os diais; quatro Estados que mais tenhani investido na Area; quatro Estados
- '- ~ ' ” ` ` a ão cien- que sejam grandes exportadores de minério que seja extraído na Area;
.interesses deste deverao ser levados em consideraçao. A investig
tifica deverá ser realizada na Area para fins pacificos. A autoridade (v. seis Estados em desenvolvimento que representem interesse especial (gran-
-
gfbaixo) podera» realizar
- - ' "
investigaçoes ' “ ' -
cientificas '
visandp a Area' e seus
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de população, sem litoral, desfavorecidos pela geografia, importadores de
recursos. Deverá a autoridade impulsionar a transmissao de tecnologia minérios extraídos na Area, Estados em desenvolvimento menos adianta-
- - i e- .,.
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dos, etc.); 18 Estados escolhidos de acordo com a repartição geográfica.


para os Estados em desenvolvimento. Alguns autores (A. Yancov) cons cl ze-
ram que o patrimônio comum é uma ilusão, porque 40% do mar €St2l0
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.r-G O mandato é de quatro anos. Entre as suas funções estão a de fazer
recomendaçoes à Assembleia, fiscalizar os pagamen tos da autoridade, etc.
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sob jurisdição nacional. _ . h b


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-1
O Conselho tem os seguintes órgãos: a) Comissão de Planificação Econô-
Serao adotadas medidas para a protecao do meio marin o, em co _ :*.
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mica; b) Comissão jurídica e Técnica-


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acordo de implementação da Parte Xl da C0¡¡\›¿.m_-fio dt. 1982 -Emrc mmtds
A Secretaria tem ã sua frente um~Secretãrio-geral eleito pela Assembléia
com mandato de quatro anos, que pode ser reeleito.
A empresa é 0 órgão que realizará atividades na Área, assim como
:if;.:.;1:;12:^:f;;;.1;*§.:frf¿§::í::S;:f.2;::f:e
ventures, etc. A políitica da Autoridadeçfeiíij f`) iiiliicu odicmçocs (IL:-Jolmh
atividades de transporte, tratamento e comercialização de minerais extraí-
colaboração com o Conselho
1 - As decisões dos igaos
d P-dd Asstimhlcmser-ao
da Autondade 8-m
dos na Area. O seu escritório principal será na sede da autoridade. Para
tomadas por consenso, o que elimina o receio dos EUA de ser -a ,1\m0¡-idade
garantir o seu funcionamento a autoridade reserva para ela a produção
dominada pelo 39 Mundo. E criado em Comitê financeiro çom 15 mem-
inicial de 38.000 toneladas métricas de níquel. A empresa terá umajunta
Diretora (15 membros), um Diretor-geral e o pessoal necessário para a b1`05› COITI mandato de cinco anos, cabendo a ela fazer recomendações ã
Assembléia e ao Conselho, por exemplo, no tocante ao orçam¢m0_
realização de suas funções.
Cqrisagra ainda a convenção de 1982 a submissão dos litígios a uma
solução-pací_íica~_iIa__C_ã_i_ilara de Contrioivêirsiiasi-dóšfftiidõpsilfiãiiiiilios no
T.n`b.w1@=1L1.h.t<=11aa9i9;êal .§1<:ÊÍ .5iíÊ__ë'i"t¿.5iÍ¿.1iÍ<'>Í¡Íi\¡1ii11*~f Â' ¿i'ifl'¿äi"¡Í5'13íiã?ãÊi'liiíáfido Soli-
citada pela Assembléia e pelo Conselho, dará pareceres. D-

A convenção de 1982 é conciliatória, tendo em vista -as discussões que


Q

se deiseirirõilaram na '3¿iCóiiifeirêiiiciãírcõino a de que os países ricos susten-


tavam que a autoridade daria concessões para a exploração, enquanto para
os pobres ela mesma faria a exploração."C Os ricos tinham medo que _a
empresa ficasse com o monopólio da exploração e o seu c_ontrole pelo 39
Mundo. Os pobres defendem que as concessões a empresas particulares é
uma fórmula transitória que deverá desaparecer. Os pobres defendiam o
primado da Assembléia sobre o Conselho. A URSS quen`a que o Conselho
decidisse por consenso. Entretanto, os EUA na Administração Reagan
consideraram os seus interesses insuficientemente garantidos e se retiraram
da ãi Conferência. Assim, em 1983, os EUA fizeram uma declaração afir-
mando que além das 200 milhas as empresas podem fazer explorações
livremente dos fundos marinhos.” A Administração Bush' tem mostrado
sinais de que talvez seja revista a posição dos EUA. Na verdade vai ser
difícil para alguns Estados finan ciarem organismos internacionais que cau-
se1;n_ prejuízos às atividades de seus próprios súditos. Para se verificar o
custci das pesquisas para a identificação de um sítio de 150.000 quilômetros
quadrados para exploração foram gastos entre 50 e 80 milhões de dólares
em um período de dez anos. Por outro lado, os EUA têm uma situação
vantajosa, porque são as suas empresas que fazem exploração nas grandes
1

_
-profundidades marinhas. E exatamente por causa da Parte XI da convenção r

que trata da Area que países como EUA e Inglaterra afirmam que a
0-
convenção não se opõe a eles se eles não a ratificarem. Abi Saab observa
que os países que não assinalam a convenção de 1982 e autorizaram as
suas empresas a explorar a Área estabeleceram em sua legislação que parte n-

dos lucros obtidos seria utilizada na assistência externa. U-

Na'Área já existe um regime provisório para exploração e foram dadas L

U-
autorizações ã França, Índia,_]apão e Rússia, bem como a quatro consórcios 1'
.›
Q-

0-

originários de oito Estados (P.-M. Dupuy). A legislação norte-americana Hi

estabelece a jurisdição dos EUA sobre navios, cidadãos e pessoas estran- e


É
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geiras que explorem a Área sob a sua licença. Em 1994 a AC aprovou um ,
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dans l`al`1`;iir‹' de la Deliiiiitatioii du Plateau (Iontinental entre la Lvbit: et ..\'1altc. proftiiiditltide ao fuiido normal dos oceanos iiit(ri'roiiipi‹lo por ztmzis di- proftin-
.in RGDIP, 1986. vol. 2. pags. 315 e segs.; Alexaiitlre-(lliarlt-s Kiss - La Notioii de tlitlzide ititeriiiediziria ou pouco profundas (1\'1. Beiiiiouiia}_
Patriiuoini- (Ioiniiiun de l`Hunianité. iii RDC, 1982, vol. ll. 1. 175. págs. 99 e Stšfgfi-.I 7. O Decreto-lei ng 221/67 ja fala em plataforma contiiufntiil.
Robert A. Goldwin -- Le Droit de la Mer: seus coinniiin contre "patrimoiiie 8. Se adotãssenios a expressão " plataforma subniariiia"_ qui- 5 P;-¡m¢_›ir;1 vista
Commtm”, in RGDIP, 1985. ng 3, pags. 719 e segs.; Vicente Marotta Rangel - Le parece mais acertada,'ela, em poucos anos. também estaria ultrapassada. por
exemplo, quando se explorar a 500 metros de profundidade, porque esta região
Plateau Continental dans la Convention de 1982 sur le droit de la mei", separata
não é na maioria dos casos nen liunia plataforma, mas uma inclinação. Na verdade.
do RDC, t. 194, 1985, vol. V, pags. 271 e segs.; Prosper Weil - Perspectivedu
nenliuma das denominações é perfeita.
Droit de la Delimitation Maritime. 1988: Djamchid Momtaz - La 'Commission
- 9. A graiide maioria dos autores dá a data de 1916 que, segundo Azcãrraga,
Préparatoire de 1”Autorité Internationale des Fonds Marins et du Tribiiiial Inter-
teria a sua origem em Magalhães, ao formular as observações ao Relatório Schcking,
naitonal du Droit de la Mer, -in Francisco Orrego \-'icuña e Djamchid Momtaz -.- preparatório da Conferência de Haia em 1930.
Droit de la Mer 2, 1990. págs. 59 e segs.; Philippe Cahier _ Les Sources du Droit 10. Para uns (Cidel e Young) os EUA reivindicarain a soberania, enquanto
Relatif a la Delimitation du Plateau Continental, -in Mélanges Michel _Vira11y, 1991, para outros (Hiirst e Vallat) “controle ejurisdição" é equivalente a soberania. A
pags. 175 e segs.; Victor Alberico Boisson Moraes - A 111 Conferencia das Naçoes razão parece-nos estar com Gidel, quando diz que o governo americano não
Unidas sobre o Direito do Mar, 1993 - tiragem mimeografada. reivindicou totalmente a soberania na plataforma continental, tanto_ assiin que
2. A teoria de Wegener tem sido repudiada por grande número de HULOICS, limitoii a sua competência a determinados objetos, significando_isto que ele não
mas tem encontrado alguma reabilitação. u _ _ dispõe integralinente da sua plataforma, mas apenas de alguns dir'eitos sobre ela.
3. Todavia, é do fitoplancto que depende tal fato, uma vez que os animais 11. A Constituição de 1969 colocou a plataforma como sendo tini dos bens
dependem das plantas, 'comendo-as' direta ou indiretamente" (Mouton). Elos da União (art. 49, inciso 111). Seguimos a orientação dos EUA, que pelo Outer
vegetais se localizam na plataforma devido à sua pouca profundidade, que permite Continental Slielf Lands Act (1953) colocou-'a na área de jurisdição federal.
a entrada dos raios solares para a realização do processo da fotossíntese. Apro- Decisão da Corte Suprema dos EUA em 1975 determina que a exploração do
fundidade média da zona eufótica é de 80 metros. A localização ,das especies petróleo além de três milhas da costa é da competência da União e não dos
comestíveis na plataforma é também ocasionada pelas correntes de agua qufiflltf, Estados-membros. Na verdade, parece que a proclamação de Truman já visava
que bordejam a costa. É de se citar Paulo Moreira da Silva: " somente o ñloplancto colocar a plataforma como propriedade da União com os recursos de gás e petróleo
como a planta terrestre, através da clorofila, é capaz de, com a energia solar, (VV_ Extavour).
extrair do ar (ou da água) o carbono, transforma-lo no alimento fundamental, o P
12. O Brasil teve uma questão com a França (1963) que consistia em saber
açúcar, as gorduras, e, em assimilação paralela (e proporcional), extrair do solo se a lagosta era recurso da plataforma ou não. A França sustentava que a lagosta
(ou da água), o nitrogênio e o fósforo... para constituir a proteina '. Os peixes se nadava e estava excluída destes recursos. O Brasil defendeu posição contrária.
alimentam desta proteína, gordura e açúcar. _ ' _ Além do mais, não havíamos assiiiado a Convenção de Genebra e a nós cabia
i 4. A caracterização dos bentos não é pacífiea e adotamos aqui o criterio de determinar os recursos da plataforma que nos pertenciam. Basta lembrarmos que
Vallaux. * _ uma lei norte-americana de 1953 incluíra a lagosta entre tais reciirsos. Eisenberg
5. Não constitui nenhuma novidade a extração das riquezas do subsolo mari- c_onsidera que “constante” não é permanente, bastando que haja um contato
nho partida da costa, tendo sido o carvão o primeiro-a ser explorado (cllmbfiflflfld, regular com o leito do mar. A própria maneira de pescar a lagosta (covos e arrasto)
demonstra que ela não nada.
Cornualha). Outros minerais também foram explorados, como o estanho em
12A. Alguinas plataformas têm motores e não são fixas. No Brasil a jurispru-
Sumatra.
dência tem assimilado as plataformas às embarcações. Na Espanha, legislação de
6. Entrou em vigor em 1964. _ _
1992 considerou as plataformas fixas para a exploração da plataforma como inte-
' 6A. Os métodos para determinar a espessura da camada de sedimentos sao: grando a “marinha civil espanhola".
ci) gravimetria - as anomalias no cainpo gravit_aciona1 dão importantes informa- 13. Na Conferência de Genebra vários Estados reivindicaram infrutiferamente
ções; b) inagnetometria - as rochas têm_ propriedades niagnéticas d1f€Y€11l€S”.- C) o direitoiexclusivo de pesca.
sísmico - é o processo mais seguro e leva em consideração o tempoque uma 14. E interessante observar que durante três meses uma lei brasileira afirmou
onda sonora produzida por uma explosão leva para voltar ã superficie (ifictor a nossa soberania no espaço aéreo sobrejacente ã plataforma (Decreto-lei 32, de
Alberico Boisson Moraes). '_ 18-11-1966).
6B. Existem três tipos de talude. segundo a Comissão Oceanogrãfica Interna- Finalmente, o Decreto-lei 234, de 28 de fevereiro de 1967, revogou o texto
ciona: a) talude ligando uma plataforma de pequeiia profundidade e o fun_do em que esta soberania era consagrada.
normal dos oceaiios; pode ter dorsais, canions, terraços; tendo bruscas variações 14A. Pode-se acrescentar que neste caso estava envolvida a exploração do
de inclinação; 0) talude ligando uma plataforma de pequena pr0f1l11dlC1Hd€ C 05 petróleo do mar do Norte e acresce ainda que se tratava, na área em disputa, de
grandes fundos oceãnicos das fossas pelágicas _ a regiao situada entre a borda um único lençol petrolífero. Nestes casos teiri-se entendido que os Estados devem
da plataforma e o eixo da fossa pode apresentar cristas paralelas a este eixo, dando concluir acordos para a sua exploração.
lugar a várias imersões da inc1inação...; c) talude ligando a plataforma defipequêflíl Tiki
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15. V. capítulo XLII. `
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16. (šrande Iuiinero de países ein vias de tlesenvolvinieiito consideram que a
exploração devt-rã, apesar da internacioiialização, vir a ser " aprovada” pelo Estado
Costeiro.
17. Ver capítulo LIXÍ '
l7A. A "area" definida como 0 " leito e subsolo do mar além dos limites da
jurisdição nacioiial”.
l7B. No séciilo 303€ Andres Bello defendeu a não apropriação dos recursos
do mar e iisoti a expressão “ patrimôiiio indivisível”. Geouffre de Lapradelle (século
XX) escreveu que “o mar territorial é como o alto-mar, patrimônio da humani-
dade” e propôs a criação de uma organização fomiada por todos os países costeiros
ou não com a finalidade de garantir que todos tivessem um acesso igual aos recursos
e evitar o seu desperdício (Bernardo Zuleta). Georges Scellejã falava em “domínio CAPÍTULO XLV
público” no Direito do Mar. Parece que foi o Presidente johnson dos EUA o
primeiro a falar em “patrimônio comum da humanidade” em relação às grandes
profundidades (Pontavice-Cordier). É de se lembrar que a noção do patrimônio
"z zoNA CONTÍGIJA. ALTO-MAR.
comum da humanidade foi consagrada em 1966, iio tratado sobre o espaço exte-
PESQUISA CIENTIFICA MARINHA*
rior. A UIT considera pairiinõnio comum da humanidade o espectro de freqüências
e a órbita geoestacionãria dos satélites. A expressão é usada nos trabalhos prepa- 438 _ Zona contígua,' 439 _ Alto-mar; 440 _ Natureza jurzfdiçg
ratórios de uma convenção sobre a Antártida. Foi utilizada em relação ã lua e aos do alto-mar; 441 _ Histórico da liberdade dos mc_zres; 442 _ A
corpos celestes. Em 1946 a convenção que cria a UNESCO fala em patrimônio liberdade dos mares na Convenção de Genebra; 443 _ Liberdade de
universal no domínio da cultura e, em 1954, a convenção para a proteção dos
navegação; 444 _ Liberdade de pesca; 445 _ Liberdade de colocar
bens culturais em caso de conflito armado fala em patrimônio cultural da huma-
nidade. A expressão patrimônio comum aparece também em uma diretriz das cabos submarinos e ~ol_eodutos; 446 _ Liberdade de sobrevôo; 446A _
comunidades européias de 1979 sobre a conservação dos pássaros selvagens. A Liberdade de colocar ilhas a11ificz`az's; 447 _ Limitações à liberdade
ex pressão patrimônio comum da humanidade significa: a) utilização não-privativa; dos mares de origem cofnsuetudinátzd' a) Introdução; b) Direito de
b) uso pacíñco; c) repartição justa. Ela tem uma função igualitária, e a autoridade revista e de aproximação; c) Direito de perseg¬uz'ção,° d) Repressão à
é apenas para gerenciar, vez que o domínio eminente é da humanidade. “A pirataria; 448 _ Limitações deorigem unilateral à liberdade dos mares;
Humanidade, como entidade global quer no plano espacial quer no temporal, é 449 _ Limitações de origem convmcional à liberdade dos mares; 449/1
pois a referência central dos novos traços de identidade do Direito Internacional, _ Pesquisa cientzflca mafrinha; 449B _ Objetos históricos ;e arqueo-
superando o quadro individualista do Direito Internacional clássico” (]osé Manuel lógicos.
Pureza _ Globalização e Direito lntemacional. Da Boa, Vizinhança ao Patrimônio
Comum da Humanidade, in Lua Nova, n'-° 30, 1993, págs. 73 e segs.).
l7C. Bernardo Zuleta afirma que três teorias se manifestaram sobre a autori-
dade na ?›~” Conferência: a) um grupo de Estados defendeu que ela teria compe- ._ 438. A denominação completa da zona contígua era de “zona de
tência para dar concessões aos Estados ou empresas privadas e para fixar regras altomar contígua ãs águas territoriais”. ElaV_§_ori1Qr§~ç_QQi_§=___},i¿'9;;____f¡¿i;.¡¡¿ dg
gerais para uma exploração racional; b) ela poderia não apenas dar concessões, ==1l.t<â1¿ia_t.êtdj:issri..ts..@i.9.i12.ar...tsr.tit9ii=J.z
mas ela mesma também explorar e utilizar o fundo dos-mares; c) seria uma empresa A noção de Zona wfltísvfi foi eleli9rêslâ1;‹tt£ê.r.šs.d.9â.â<š¢BiosPor motivos
tendo o monopólio da exploração. O acordo foi feito em tomo da segunda posição.
18. Na verdade a questão de 'se saber se é possível explorar a área antes da
P1”íflCíi.>alIi1s.1it¢.,¢sQIis'ítfliisQs=.9.fêemrsilsê .=âit1va11<-:iro e fiscfll. Ásvâ Ptiãiíiitifll
finalidade é evitar o contrabando.
.- .- .~.-‹_z'...›t'\- .¬»-_ --- ._ _. .... __.- _ _ _ .
convenção entrar em vigor é matéria muito discutida. Uma corrente afirma que Na Inglaterra ela surgiu no século XVIII. O I-Iovering Act`2 de 1736
sim, tendo em vista que a declaração de 1970 sobre as grandes profundidades
declarava que seriam aplicadas asileis fiscais e aduaneiras inglesas até uma
marinhas é simplesmente programática e'não tem precedentes, não podendo assim
se afirmar que ela consagre um costume (René-jean Dupuy, Michel Virally). Uma distância de cinco milhas a partir da costa. Este Hoveriiig Act foi seguido
outra corrente afirma que não, porque a noção de “patrimônio comum da hu- de uma legislação que aumentou neste particular a jurisdição britânica até
manidade” é aceita por todos, bem como porque a declaração de 1970 foi aprovada uma distância de 24 milhas ou oito léguas em determinadas regiões, como
lr

por todos sem oposição e há uma “ opiniojuris” aceita por todos os Estados (Roger ocorreu no século XIX. Esta legislação foi abolida pelo Customs Consoli-
jeannel, Bernardo Zuleta). * dation Act (1876), que limitou a aplicação das leis aduaneiras e fiscais a
três milhas.
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'(1198 - 1199

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;-'.¬-f- 'z'›.:
"Y,\z| \ 1' -,
Nos EUA, desde 1799, eiicontranios legislação semelhante ii inglesa, 1982 dedica um único artigo a ele. Fala eni zona coiitígua ao mar territorial,
mas que não foi* revogada no século XIX.” O Volstead Act (" Lei Seca”) tirando-a do alto-mar.
de 1919, pelo seu Supplemental Act, de 1.921, era aplicado a todos os .O ..1z;s.wt.1âz_.po‹l‹; .'“.t0m:‹1f .tiiss!i§lê.§.-f.!s físsali2ttcãt<;¿i1.s,êsâ§atuais.iai¿'tt-iz-iê1t'_¢-
teriitórios steibinetidos à jurisdição norte-ainericaiia. As autoridades dos \:¢1_ii.r. as_i.iifr_açócs_.<l.<:. .S.i1.ê§.1‹;íS sf 1í¢sttlafl1¢ntQS '‹.1.§11Jë.11.¢i,1fQ§i.fl§t;êii.Si._‹ifê -i1iii.-
EUA impuseram esta legislação a uma distância até 12 milhas, o que foi smcão. ou .sêt1i.iê1ri.os.siit‹:-§s:jê.n1 .12.1:«tti.Ç2t.ê.1.9§..iiQ-ês.!.t.ts:1Li:i.t.<ëi'i.0 011. 11.0 seu tmn'
confirmado eni 1922 pelo Tariff Act, provocando o protesto de diversos t‹ffri.t9.1:ia1 '
A zona contígua não poderá ii' além de 24 milhas marítinias, medidas
países estrangeiros. Diante disso, foram concluídos os Liquor Treaties,
a partir das liiihas de base do mar territorial. Lucius Caflisli salienta que
sendo o primeiro assinado com a Grã-Bretanha, que fixava o limite da
o papel da zona contígua de agora ein diaiite será mais importante, vez
jurisdição americana pelo critério do One hour steaming radiousf' O Anti- que _ç_›__Estado tem nela direitos que não possui na zona econóinica.
Sin uggliiig Act de 1935 dava ao Presidente o poder de declarar “uma zona .. _
de execução aduaneira” num' raio de 100 milhas náuticas. E'
‹§›f)O 2ê1_tQ:1t›at._.š_.91sfiai§.0 pela.¢9s.1isiisä9-.gls.1982_.§9iii.Q.êê.ii.<19-todas
aâ.-i>..=à-..ç.s_d9..iiia.r.q.u.¢ .11.ã1_‹.›,‹;꬛.t2Í'i. <.›. .i.11‹zl1i.í.<!¿‹1.t›.-i.1_.=ê.. z.‹à.1›.f‹t <f-1‹;9¿1€iiz1.i.cê._ siscliiâiiiêtias.
Em 1876 uma lei brasileira autorizou os comandantes de navios de ` ` l _Qi_.__1 ii as á
mai territo_r_i_‹¿i_ as -_interiores
nz --Y-_ _ _.. ;dezvz:--_
um Estado nem
;ff_E1L ___- nas águas
._-...-.. _..-._.._........

polícia alfandegária a deterem e visitarem os navios suspeitos de contra- inte .Ç.1_sf..ii 1:11.-E§.têQ9iaçi11_n.@zá.si1.a§.aig
bando até a distância de 12 milhas da costa. 440 ' Sobre a natureza `urídica do alto-mar surgiram inúmeras teori iãšš
ii. \""'°"""'/-in- :it "xiii ijiintzg V JW- as i:ii'.;:;;ñ- L -Í Hzvlmsi ÍIEY Kit;-V :P-f¬;_fl-:::;_-U; --WTÍÚF' 'ii
A mesma tendência encontramos na França (que fixou em 12 milhas t§.§;1L1ll11.t!À_›..,_f¢S.. ÇQI111't11Lt!11§_-z...iL11Itdi§i¢=td<:_.-.¢ da.. .ii..t1.l1.2açao_..1-azoavel. .
em 1817), na Rússia (que em 1909 fixou em 12 milhas), na Espanha e em A da “res nullius” é a mais antiga delas, tendo surgido no século XVII-
Portugal (que determinaram seis milhas). - Esta *Cotia V_ÍS'‹WHÍ._í=1 Íd.@fÇ.11Ç1_¢£.-_9. 2i1_tÇ›:_rt1fl_r..dêtâ. r‹:-:.i.i'íi1.ç1ii.‹;:-ic.tÍ'›..‹:.:_s..._t1.‹:..sQbei:aiiia
Q1a.tt9-_fatQ.t staff im_i2u1$i0n0.u:‹1 f<.›r1;12êsä_0 .dit Zon? . <fs>.I2t1Ís. 1z!1:t.=_-!P_z'=.1§f.<.>.1.'*f1 <1!9ã-E§_të.<i9§.z..Q -§!t<rmHt-i1ä9- ¢êtêriê...t1ii.âtt9..a i1..ê.1iiiii.iii:a. rêgalanicmaçáo
int.-nos importância dqqtif: o ante_ri_oi;¿mfoi_o estr_a_te¿gico¿__coni__Aa fi__nalidade_ j_uri'dica._ Qs Estados aplicam o seu. direito nacional no alto-mar exatamente
de defend"e¡.a neutralidade emfitempo d£'gB_ÊE-Ê:VHNa1ng1a¡erra 0Te¡~n'¡0¡-ia] porque ai nao existe nenhum direito que possa se opor ao seu direito.
Waters*jurisdiÊtionEAcÍP'(:Í8li8l"p"e'ri'iriitia ao governo tomar as medidas Foram Segmdofes dest? C°nC*'~'Pfša0¡ RIW'-'f›_NY5› We$_Úake› etc- _
- A da “res communis” tem sido defendida por diversos doutrinadores,
necessárias para a defesa além do mar territorial. Na América, na Reuniao ' _ como ---~
tais «-›---~-‹~-
La Pradelle, _ _ Mouton etc 8 O alto-mar S€I_1‹L_de
Politis, _ p _c_›_p_ri__ç_-
de Consulta do Panama, em 1939, foi estabelecida uma zona _ maritima de . . _ . . . - '¬'~"-'~ -. ~ eo
dade da sociedade intemacional, isto e, sena de propriedade de todos E se E 9 ' fr os
neutralidade até a largura de Inilhasf-1 A sua largura nao era unifoflfnez | --- ---f ------›-----¬-----z-~~ --.-z..-z...¬.-.-.........¬...._.......--.....a -~..-_._......._ _

“° B"aS'l: 300 milhas; na Argenunai 190 miihasi 11° Ohm* 50 milhas; etc'
Esta zona de segurança continental nao foi respeitada; bastando lembrar
~ Gidel
Í A ieoiúz da juiiaizidzae surgiu com chzii-ias Dtzptús, mas foi Gilbert
O seu maior f0rmu¡ad0r_ Ao Contrário da primeira teofia, estes
a batalha naval contra o Graf von Spee, em Montevideu, que se deu dentro imemacionalistas afimlam ”q¿¿§WQjja1LQ;m¿[_`QggeiÂEL $n_bmeL¡_d_Q  BEÃ_ L-Ç;
dela. Por outro lado, a zona contígua já estava consagrada desde 1930. ', _ g_¿¡1¡-,_¡¡_¡_¿¿._¡z,:`,-_¡,¡`ç_ä_Q_j_ur¡djc_ë, Não haveria nenhum ¡nc0m,en¡em¿._. en-1 que divep
A noção de 'zona contígua foi discutida pela pi'iI1T!_§.Ê_¶Í<.!__}iÊZzÊ..!.1!...L£11lë.-. sas ordens jurídicas estivessem em vigor no alto-mar, porque as ordens
conferência internacional, em Haia, em 1939, e r_engtilaiiit_-§nta_da co'i__1ven- - jurídicas não são impenetráveis. A nacionalidade dos navios era o meio de
cionalmfimfiflaConferência.d.‹:â._§sr1sP.t=z;.‹i.t1.s.-sè.ii¢.1.itãÊ..Íšêrtê..sensação
terrijol-131 jegzona Comígua (1958)_
se Ofgaflizflf a m@flCi°fladHJfl1*idifidfldf=›
A mais moderna das teorias sobre a natureza jurídica do alto-inar é a
"ÀÉé_nÊ_ç9p£ígg_¿:§ç dgífijáifíërl-¡¡0¡-ia] por diva-535 razões; "_ dos internaciorialistas norte-americanos McDougall e N. Schlei, formulada
fz) a zona
pane contígiia fazÊ.š.£¿.a6.š.-..b.)...ña..ZOna
dö_íé;..fiÍ.ó_;_iÓ-..äb parte do alto-mar, Comi-gqêno
enquanto oEstnandç
mai' territorial faz
tem direitos i_ uq. f e(fma de
195_5- E_5¡'á C01`1C¢PÇ¡=10_E€m_Umfi
_|i1stifica_r finfilldadfi
as experiencias nucleares queffn11T1~€m€m_@me
eram realizadasP0l1UCfi› que
pelos EUA
li_h_i.i.[ãä5š;._.gfiã.Eãñi_ó ..l_1__ó_.äa}._..terfit6ña]-à competêncialgglgsptãdq é plena_ _ _Í no alto-mar. fundamentam ein diversas afirrnaçoes: (1) a liberdade
- ~Aágiláicbfiíí-A-Íi~âr~-réíácofigenÇãg:Áš|§g¶š§£á_tíáÍ;a`Êšq_Ê."1_ë£g}H.¿_ 'dlemlp Í do al to-mar varia de sentido çejalcançe com a___ep_oca _historica; li) a liberdade
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mi1hÊíš;-Í¢ÊiiÍiÃÉfa§"_a
“ff mr f; o "¬*¬“'o"""r'*'* gartir da. iliiiiiiÊ'ÍÊ1Íz ib`¿5_,z¿a'. ,iueW¿ç¿¿Ve g¿,¿¿;_mÊ¿¿¿9;
""'“'"'“"“° - -_ - r. HC I 5-' _ _ r_az__oavel_,`__El_es
do_atio-iiiiari.e_ni iim_a_speçto.
alegam em favor pQ_I_iii.cQ;
da sua Ç)teoria
21 }1..L.iuma
l.1.2'<1‹;flQ d_Q¿?l,tQ-niai-
decisao deve ser
de Marshall no

te rn'to na- 1 . Em conse g üênc 1 a se o Estado tiver o ,"”””" " * "
. - de 12.
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caso Church v Hubbart (1804) quando se reconheceu o direito de Por-
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-f-eo--o›-. não terá zona contí ua. - Í , ' _ M ` 1 ` . _ ' _ _ _ .
tugal a exercer uma fiscalizaçao a respeito de navios estrangeiros em alto-
Reproduzimos
_ acima o conceito
_ tradicional
. . de zona contigua pai _.a que
d _ mar com a finalidade de defender o seu coinercio com o rasi.I . A] egou a
_ j _ , . B i
se possa sentir a transformaçao que este instituto sofreu. A convençao .. e _ z _ _ que uni Estado pode exercer atos de soberania
decisao ' ._ no alto-inar
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exigindo homenagens especiais para os navios ingleses. A Inglaterra sempre


zando meios razoáveis desde que necessarios para a defesa dos seus direitos.
Os EUA, ao “ocuparem” uma parte do alto-mar, para ali realizarem ex- reivindicou privilégios no mar, alegando o seu aspecto insular que lhe
plosões atômicas, estariam se preparando para se defender de uma possível daria o domínio dos mares. Desde o século XV] os reis da Inglaterra
passaram a exigir saudação ã bandeira inglesa nos British Seas (Mares da
agressão e proteger 0 mundo livre.
Feita a exposição das concepções devemos agora formular uma apre- Mancha e da lrlanda).“ Tal saudação era considerada como sendo o
ciaçao critica. ° -' reconhecimento pelos demais Estados da soberania inglesa sobre estes
mares.
A teoria da .“__r.e§.i1!»=Jli1¿eÍf. .eloeeei§êr.e!z.Roi;‹toe-o ê.lto:ii1ei:__iião ePfo~ Sobre o Bãltico, a Dinamarca e a Noruega estabeleceram a sua sobe-
p_n'ãvel,_pelo__pifi_n__ieiro ocupante. Por outro lado, se o alto-mar é uma “res
nullius”, os Estados, priinlcilpalirien te quando beligerantes, terão uma liber- rania.
dade sem qualquer limitação. O Papa, na bula “Inter Coetera”, faz d_o_aç_õesg___i_i_ão__apenas terras,
A teoria da “res communis” , no seu sentido moderno de que o alto-mar mas tainbém dos mares. Balboa tomou posse do Oceano Pacífico para o
é um condomínio, também não corresponde ã realidade, uma vez que os r.ei de Espanha.
co-proprietários em um condomínio têm 0 direito de polícia em relação ° No século XVI começam a surgir nianifesdtaçõues _em__fav_o_r_da__libe_rd_ade
uns aos outros. Ora, no alto-m_a__r_,__a_ regrt_1____g_e_ralggé:que os Esgta_d__o_s_s_ó_tém ' dos mares. A Rainha Elizabletli;-claulhnglaiteira,'afirma ao embaixador de
jurisdição _no_s__na_i_fi_os__s_e_us_ _n§_‹_:_io__1_rais._ Por outro lado, iiãoseriafipossível riéllé-I E'spanha,"l\-flierndoza, que os mares pertenciam a todos. Neste mesmo século,
a guerra, porque o alto-mar sendo de todos, uns poucos não teriam o a cidade de Dantzig defende a liberdade dos mares.
direito de prejudicar o seu uso. " ' E, todavia, no século XVII que a liberdade ,clos:__ma_res_ _c_ç›_:meç_a aser
A teoria da juridicidade foi abandonada pelo próprio Cidel em.um 'éifiTm.ki£1ë,.__Çv.1ÍÇ›.tillÀ1D1tl;li§.t1a €.I11...1_ÔQ9, a sua obra “Mare Liberum” (era o
estudo posterior sobre as explosões nucleares em alto-mar, onde ele não Cep- X11 do “De Jflfe Pr‹1e<1ee”)- Nesse _liv1;o-e def.e11d.i51_a..-a. !i_!f.2.ei”.‹_f1.=é1s;1.e. ‹.1!o§.
mais a menciona. A Convenção de Genebra também não a endossou, uma 1_na_r_es._A razão de sua publicação tem ocasionado um debate entre os
vez que a liberdade dos mares foi aí entendida em um sentido negativo, doutrinadores: uns sustentam que ele visava a defender a pesca do arenque
isto é, ninguém exerce competência propriamente dita sobre o alto-mar. pelos holandeses no Mar do Norte, que seria pouco depois proibida pelos
A teoria .sie .s.§!išë§š2..r.ez§_>.ére!.eeieie Políoee do que propriamente ingleses, enquanto outros defendem que ele visava defender a liberdade
jurídica. Para os seus defensores, QÊ:áÍl_§9,Q<j€§§,,É -.'‹}lš2$Ql}_1L0__,f-` de comércio dos holandeses no Oriente na Paz de Antuérpia, que estava
p_9__d__eria der1¬og_a_r__alib,erd§de__çIgosggmagres. Ora, se cada Estadoifos`sIe_alegiar , . sendo negociada com a Espanha-”/l Filiamõ-nos ã segunda corrente por
a sua autodefesa, a liberdade dos mares desapareceria. diversas razões: a) a Paz de Antuérpia é do mês de abril e o livro é de
f.§......_....
deverias .sitesn.e:i§..w.e.11.e.o.z2.tt@;~.§1o.._êe.s.oé¿1.o.r.‹â.â_.e.-a.ét:-.f°_i:t=:â..ç.‹›i1;›iiiu- março, enquanto a Ordenança de Jacques I é de maio;*3 b) a Espanha,
_1_'1__i_§”, mas entendida no sentido que possuía no. D. Romano: de coisa durante as negociações, reivindicam a exclusão dos holandeses do comér-
._ ._ _

.l -eëti!!_ë_<l,š!__._ëo,2§oJ3í1_l21ieo¬,Todos ts'-`â11í1..oe1.e.oe›-n1.e==›.m9§ d.iI.si.t.o.§.e..e.le..e§§ePë.-


CL cio das Índias; c) o subtítulo da obra de Grotius “Mare Liberum sive de
ã_,_a_p,Qp;_3`_,_a.,çê_`i9,, Este pareceiser of sentido do art. 29 i-- da Convenção de Í jure quod Batavis competit and Indicana c,o,mmercia” (“ Da Liberdade dos
Genebra sobre alto-mar:.e “o alto-mar estando aberto_,¿¿_t§;_;d__§t5 ¬¿a_s___n_at_ç_óes,
. ; mares ou do direito que compete aos batavos no comércio das índias”);
_.___ .-_. ,._
oe!1b.9.1”2..1f3§te.o.o-P._o.t!eJe.si.tina1.rie.1:.1.te.P.r.etei3.sl.e.i:.§_t1..b.iitete.r..o.1ise. parte ovel- d) a Espanha na Paz de Antuérpia assegura liberdade de navegação ã
q_u_ç1;__a_§yg_§_o_be_ran_ia”.]â a convenção de 1982 afirma que o alto-mar “está I-Iolanda no Oceano Índico (Raestad); e) a própria finalidade para que
aberto ã todos os Estados, sejam costeiros ou sem litoral”, bem como foi escrito o “De _]ure Praedae” parece justificar esta tese.
nenhum Estado poderá submeter qualquer parte dele ã sua soberania. _
As própiias proposições de Grotius no “Mare Liberum” confirmam
Delefflfieez eioelez que o.-a1io.:i11er sers1..sti.1iëe.oo.t>âré..tii1§ Re.sífi.€oS~ esta tese: cz) os portugueses não eiram proprietários dos mares do Oriente;“
.ÁÉIÀA liberdade dos mares consagrada atuãlimienteié o resultado de
b) os mares do Oriente não podem pertencer a uma única nação- Para
umfiofse evolução historico-1° No Perío.d.o_112e§1ieY;t!.i2.resioii;1.ii;1.oi.1.;é.idéia ~ = ele, o mar era “res extra commercium” e não estava sujeito ãfi soberania
d_§gp[Qpri§dag‹_1eT,dQsmares, Estas reivindicações surgem até nos nomes
de nenhum Estado. Esta posição. foi defendida por Basdevant-
geográficos, por exemplo, Mar de Ligúria. Em Veneza havia o casamento
Por outro lado, a pesca do arenque só te_ria vindo ã baila, em 1615,
da República com o Mar Adriãtico," o qual ela reivindicava alegando que
no livro de Welwood (Oudendijk).
ela dava segurança à navegação combatendo a pirataria. .
Grotius não foi o primeiro doutrinador a defender a liberdade dos
No século X, Edgard, o Pacífico, rei da Ínglatena, reivindicou o título É
mares. Antes dele o fizeram: Vitória (“ De Indis”), Vásquez de Menchaca
de Soberano do Oceano Britânico. Eduardo III se dizia rei dos mares, _,_,
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tropas.” Esta pratica tem levantado diversas olijeeõt-s: ri) a ()NU não tem
(“Contraversiaruin Illustrium") e Afonso de (Lastro (“ De Potestate legis
Pe1ialis"). Mas foi Grotius o verdadeiro iinpulsionaclor da liberdade dos tribunais para julgar os atos ocorridos a liordo dos seus iiavios;'“ assim
mares. sendo. não haveria jurisdição ein relação a eles: b) a bandeira é sinal
A obra de Grotius encontrou inúmeros opositores como Frei Serafim exterior da nacionalidade e a ONU não tein iieiiliuma nacionalidade para
de Freitas (“ De Iusto Imperio Lusitanoruin Asiatico"), William Welwood atribuir; c) a ONU não assinou nenhuma convenção de direito do mar.
(“ De Dominio Maris...” ), mas o mais sério opositor de Grotius foij. Selden, Por outro lado, devemos reconhecer que as organizações internacionais
que em 1635 publicou “Mare Clausum sive de Dominio Maris”, que fora têm necessidade de navios para exercerem as funções; entretanto, não
escrita por encomenda de jacques I da Inglateira. Ele alega, com base no existe nenliuina regulamentação internacional sobre o assunto.
D. Romano, que para a ocupação ser válida não precisa ser molecular, mas '01-ara srande elites:-š1.o-diz. 1:eSp_e_i_to-.ao.sii..1;si1o,-s1e ¿1.ai:esa<;a.o__ r1.o§.E§ladoS
basta que ocorra em um local e que o ocupante tenha a intenção de ocupar qu_e_i1_ã_o possuem litoral. Em 1921, a Dec_la_ração_de Barcelona reconheceu
toda a área desejada. Sustenta ainda que, pelo Direito Romano, a ocupação aos Estados que não têm litoral o direito de fazereiiimiiãfioslnãvlégãrém
iria até onde a vista alcançasse. Selden concluía que os mares pertenciam som . o Sett Pari1!1aoz__.oe.aš.e_<iaš. .iie.s.i.âiiia.ë§é];‹.tiâeiiÂa§-iio;âšii.;ieriiioap..-â-:_.o
ã Inglaterra, mas, admitia que os Estados estrangeiros navegassem nelés._A local onde isto for feito será considerado o porto de registro. Esta Decla-
liberdade d__o_s_ m_ares no_,i_i1íc__io_›(_l_o século XVIII já estava definitivamente ração teria iíicorporado os princípios do Tratado de' Véfšãlhes (1919),
reconhecendo 0 direito ã bandeira dos Estados sem litoral (Nagendra
eo.a_Sasra.oa.~ .A 1i.b.e.rs1a_<1e. f1.o_e..aa;arešÍšÍiíi3ÍiiošiÊšÍiišÍaÍÍ€Êí;€i~i:ÍÉ.iÍšiišÍt1IÍa.¶.>.ššÉia1o l
Singh). Na verdade, este direito teria surgido no século XIX, apesar das
XV_1_I_I,____vez_que__a__sua marinha a tudo dominava.
“reticências” da França, Prússia e Grã-Bretanha. Todo e qualquer Estado,
M i iio fi1ii...d.o`...§š;.eylo. ?.<.Y£1.1..e. .ír3í9io..Ç'zo-sésato..>5l§.Ê-9.oe..a-.1i.lte.1;<iaie como já vimos, possui o direito de navegação. Entretanto, esta afirmativa
d2.â1tiares__íoi eoi1sas.ra.e1a...cle modo. sltohal ate .a-1 *-.Ç_1z1.eitra .Mundial ela importa em uma outra questão de maior importância, que é o direito de
só foi_,__c_l_açlg_i___aos__E_§_t_ados__com litoral (Lucchini e Voeckel).
Carl Schmitt obseiva que “o contraste entre terra e mar como contraste livre acesso ao inar dos _IE`.sta_do_s_çl_e_sprovi_doVside lit_oral.vO di_reifó“de-'livre
de ordenações do espaço distintas é um fenômeno da época moderna que acesso tem sido consagrado na doutrina ou como uma decorrência do
só domina a estrutura do Direito europeu das Gentes a partir dos séculos direito natural, ou, como nos iparecemais acertado, como sendo uma
XVII e XVIII, ou seja, desde que foram abertos os oceanos e se formou a I
I

e.ori§e.q.íise1;1.§i:a...s1a..1.i.be.r<1ad.e. dos -marea


pri `°a imagem global da terra”. 1
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Na. Çoo.ísrš.1;te.ia..<;1e-.§e;1ebrâ....oaí..E§tao.o§.- ..i1o§ê.a_íaii1--!ito.ra.l
'44 - zš_t_e.o.a.Yeoeao...51e._.1.§?§2.estat>etee.e.;as!i.beretate1e§.oo.a.1iozma1' Para çlefençI_ei;a_m_o direito de livre acesso. Este direito, entretanto, tem inúmeras
os .ataooe eo§te.i.t9.§..s.._.Ssm Ííitoralile iaoooi e×efiii5Íifiea1ivo= atliloerdade iinplicações, Ip-orlque, se ele for consagrado como um direito absoluto do
ciruia.iegn§2,;..ë)...ü.tie.1;m.¿.íÇš:ÍÍe1`è'LšÍši§išÊšioâÍè)Í'ʧeifoafiš!.e ‹:1e..so.!9.e;a.r...ea!›â-.o.a .e Estado “encravado”, a conseqüência natural será que o Estado localizado
‹zi‹âoaur‹›s..âaâmar1.1zøsâ .‹zI_>-tâ1â‹=zf‹f1z‹1‹z de eo.nsf_oi`f'oi1haâ-aizefieiae e óuffaa _._._ ,._. en tre ele e o mar sofrerá uma série de restrições a sua soberania. O Estado
irištalašoesàllíberäade...done$šatllI..1iÊeÍ.fÃa._d__..@=(li€f:.ÊÇʧfll1i .ãÊ.".<3ʧ.Ê_?._ÊÂ1ÍÍí.¿1.?'¿- De encravado teria o direito de utiliza-r dos seus portos, das vias de comuni-
qualquer modo, éde se repetir a observação de que a liberdade dos mares cações terrestres etc. Diante deste conflito de interesses, ã Convenção de
só beneficia quem tem meios para utilizã-la e explora-la (]. Salmon). Genebra sobrealto-mar não reconheceu o direito de livre acesso ao mar,
@ A liberdade de navegação .e...a .i.r.r..1.i;›.o.r.ta.tite..§i.ai§Jáè.e.roas;1.es .elos n-
mas afirmou apenas que os Estados sem litoral “deveriam” ter livre acesso
i_i_zi_ar_e_s_. Foi ela que ocasionou o aparecimento das liberdades dos mares. ..._-_. -_ . ,_ .- ._,_ _.

ao mar. Os Estados entre 0 mar e um Estado sem litoral deverão conven-


Vitória a incluía no “jus communicationis”. cionar o livre trânsito, igualdade .de tratamento aos navios,_etc. Em outras
A liberdade de navegaçãQ_çQi_1_dtiz__à_ denominada regra de não inter- palavras, a situação perinaiieceraidêiitica ã anterior ã Convenção de Ge-
ferência, isto é, o navio de um_ Estadorião po_‹:l_eli_1ite_ifferir___e_ni uni _na_vio nebra, isto é, o livre acesso ao mar dependendo exclusivamente da vontade
de Estado estrangeiro, porque no alto-mar o navio só está sujeito ao seu do Estado localizado entre'o mar e o Estado encravado.-
Estado nacional. I '` A H V' ' '
Todo e qualquer Estado_çoin_ou sem litoral tem o direito de navegação. Eitl - 15265, sob. -os ..ai_1§1a.í_`eioê .sia .foi .eo.1.1e.1irída uma eoiivenção
relativa ao comércio de “trânsito dos Estados sem litoral”, onde foram
Q.ii1eâtii.o_.di.1;.eito-terttâisio....re.e.oohšeioo.a.â-.o.r;sa.r1i.a;‹.1.‹a5.e.â..iii.te.1:aaeio11ais- A e§š.'tiš_šši.š1ͧš.Í.i;1ÍíišiÊa.ošiiífi.áieÍíi1iío.§.â.oPre-eaIaÍaaare.ria= o) o direito de aeerao
convenção de 1982 admite que um navio possa navegar a serviço da ONU
ou de seus organismos especializadosre que “aworem o pavilhão da Or- .Ii ao P.e..1.sa-Eâtasoâ..-ae.1fi1..1Ã;ora.1 _e-fTis.§ia.Bs.a.âai:e1.-iâaifa .ta saizaaãao do
ii " ‹_;_oi_i_1é_rc_i_o_i}_iterna_cional eo desenvolvimento econõmico”; b) os navios dos
ganização” . ` ' t-"-'_~'.-_

O direito de navegação tem sido exercido pelas organizações interna- -


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cionais e isso tem ocorrido com a ONU, por exemplo, no transporte de
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pelos Estados estrangeiros com litoral; c) os
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navios de Estado sem litoral devem gozar. em relação ã utilização e ao 20% da pesca muitdial (l6,7 milhões de toneladas) C: realizada no alto-mar.
acesso aos portos do Estado entre ele e o inar, dos mesmos direitos que Pode-se acrescentar que 20% dos navios de pesca iio altomar usam ban-
possiiem os navios do Estado que se encontra entre o inar e o Estado sem deira de conveniência, logo não respeitam a conseivação dos recursos vivos
litoral, ou dos mesmos direitos que gozam os navios de outros Estados e, ein nseqüência,70% dos estoques de peixes são superexplorados.
nestes portos; d) o Estado sem litoral, com base na reciprocidade, deve A libeiidade. _ci_e_..eol<>§ar...eab9S..e . ol.e.odii;o.e-ânb.tn.ai:it1o§-.tainl›ei n
ter o trânsito livre e as suas mercadorias ein trânsito não pagarem direitos já const,it_ti§§___tlQ,a___iiorijria__ç_“ostt_inieira. O primeiro cabo submarino foi co
aduaneiros no território do Estado que se coloca entre ele e o mar; e) o locado em 1851 no litoral francês entre Calais e Douvres. O piimeiro cabo
Estado onde é feito o mencionado trânsito conseiva a sua plena soberania; transoceãnico foi instalado entre a Irlanda (Valentine) e a Terra Nova
f) os Estados facilitarão a conclusão de acordos internacionais neste sen tido; (Trinity Bay), em 1866- Anterior a este cabo houve uma convenção de
etc. É de se assinalar que na prática os Estados sem litoral ainda não 1864, que não teve seguimento, concluída entre o Brasil, França, Haiti,
possuem propriamente um direito de livre acesso ao niar. Os próprios Itália e Portugal, para unir por um cabo submarino a América ã Europa.
princípios enunciados acima não estão inscritos na parte dispositiva da Q¡__Es`t_a_sl_o_qii_e__ç_o_l_o_ç_a__i_a_is_ç_sib`os_çlAeve levar em consideração osjã existentes,
convenção, mas iio seu preâmbulo- A convenção trata apenas do direito 'd fim df-Í Ui.-10 .Í..l1l'lP.<.í`€l.l.l..f.il...§l1.ël..!Í$?Pi1l"dÇâ0› WMM-“--_-___mm_hTH-*MTB
de trânsito e a sua regulamentação; entretanto, este direito só existirá se
{2;f_;- .A lil?erd.a.d.e..§de..e9l2tet1o.o_ e.-n.ni.a...eone.e.o.i§.ienei:‹i.-.d.a-lil2e.i.dade. dos
o Estado costeiro concordar em concedê-lo ao Estado sem litoral. Esta
I
E to É Ã: 5 a Ver que 0 espaço..a.éteQ.segue-a-si.tuac.ão-da .s_u.p§-:r.fíc.i‹: terrestre
J .

questão tem adquirido relevância tendo ein vista que existem ãtualmente
on inafiiinia . a que .ele t›ob.r.ejaeen te-
cerca de 30 países sem litoral. - '
"ɧi§,Ê- A li.b.e_rdad.e_..d.e.eoloear.ilhas ariifi‹;iaiS.é regulada pelas normas
F.inalln.enle› o .lema foi res.nl.ado.ds...niodo .inaie._de!al.li.ado...na.eonven- Sol>É'eSl.a lnalš-fii.e.-. t?el1a..,.a.Pla.tafouna_.eondnernal.z -o.nde. s.ä.o aplicadas,
çã_o_ e alterando o que existia anteriormente. _Ela__esiabeleçe__qtie
“o.t.E§r.a.doe e.e_rn.-lilo.ral terão o direito de aeeeeo ao lnar”- F- “Para este
“ nnnladeinintandia"› aa rneeinaS..nonna§.Para.a.e.olos;‹1eao.d.e..il.liae.aiítificiais
|
na zona'econ_õ_rnica.-W MT
lina» os .Eetadoe.-eein. li.toral...s.oaarao. de . l.il>erdade_. de lr?a.n.=í›i.lo. atraves. do M":-â'<lí7/l A liberdade d_o__a_l_t_o-_inFar_ s_of_re___uma série de limitações de origem
território dos Estados de trânsito por todos os meioside tffahs-porte”. As
c:c›stun1_eira,.f E_st_;¿s_;li_n_ii_ta_ções_restringem aregra de não interferência. A
<l9.l1<ií§.Õ.§§_..§...1¬l!.9.s1.a.l_i.Çl.a.Çleë'>..P¿i...1¬a_.Q.e;<.en;í§.in..‹:l.a. .líl2erda.d.e..de.-trâ11sito_. serão ti.nal.it<l_a.de.dela.a_e¿es;i¿l;‹i..níisn.ta.r de..nni-serio.inodo a ndliaaeao do all<Hnar›
esta_l2eleei.das.niedi.an..te_a.e9.td.o-.entre-oe Errados interessados- A eldnanla P.afe-eYil?Lsne._n.ele_la;e.ia .tinta.a.na.r‹1n.ia-
de nação mais farvorriéciwda não é aplicada em relação a tais acordos, o_t_t_“z_íÊ:_g__‹_> v

. Diversos internacionalistas ingleses (Hall, Colombos, Westake) funda-


ein.n`ã=;ne.it9..na.o.e§l.ëi_e.t1iei.i.o_a imoetosz.oa...d.ir.e.íto.ta.d.n;aneirsn..§ei1d.oone mentaram estas limitações na chamada regra de _Vi_rginius,l“ que consistia
e._€š£a;.d.<¿l¿íaf_s_e<>.sÍ>..eeta. rejeito a “ eniae..i.iniaoeFae_.i29r. §e11'is.o.§.i21;eete.d.o.e.eni no seguinte: um_E_s¿t_st_d9__e_n1__te_n_ip_q¶d_e_j¿aiz+Rod_eri_avintervir na navegação
1;el.as.ii2.`l...a..el.ez .Bod.ei*eo...S.e.r..eetahel.eeid.e.eae ;liía.n.s.a§_i9.a.i“..a .o.tr.a1íes9.5l.s de um navio estrangeiro para a_sua__au_toprot_eção. Esta __teo_ri_a _é__inaceitãvel,
iraneitof O Eeiac1o_.eeii;.litoi;al.Podet*aÍ.se.nir.itinir_.Raraatnel.l29tša.d9§..tneã°a v

ir porque ela' pode “conduzir a verdadeiros abusos em nome de uma pseu-


d.e-.lnttsio.r.te..no..Eezia.r.l.1o. .de....trân.Sito- Deiennina ainda a..- isnaldede.. de do-autoproteção.
tratamento entre navios de Estados costeirose Fiiãivios de Estadosnsem litoral.
Uma obseivação deve ser feita ao exposto acima: é que os Estados sem ai) O .direito .de..rei:i_e.ta..e-de-_aPro>eitna§ão estara eoneasrado na Con-
litoral, nas convenções anteriores, só obtinham em favor de sua reivindi- E
E venção de Genebra no seu art. 22.2" O direifofdé `ãpi^bxi'niãção -e-de revista
cação uma fórmula condicional “deveriam ter”. Na convenção de 1982 sró:_poidieTséi_ii“úiii'_nãivio de guerra ein relação a um navio de
surge a palavra “terão”, mas na prática o exercício do direito de livre c*o_mércio.VO direito de aproximação visa a identificaçãoiido navio, e o
acessgao inar continua dependendo de acordo com o Estado de trânsito. direito de-revista2l é exercido quando, após a identificação (“a verificação
lib_e_r_d_a_de__de pesca no alto-mar é um princípio tradicional no _ __;
dos papéis”), as suspeitas em relação ao navio subsistem. Entretanto, tais
D._lP-. . o..lY.l.a:r¬_...l*..3la_ Paršialío_iÊl§Ê=Él>§§É§.i.€lš_ÍÉEtÊÍÍÉÊ .Í¿ÊÍ¡f§ÕÊ›Í1Íl'fÊ5í.¡í.§.'3ÊfÊf direitos só podem- ser exercidós quando há fortes suspeitas de que o navio lv

e.r;. .‹n:n. .ineesoi.aieie.. -êin.a.1.ine.n.ie.z..sâorii-a .veri.fi.eaeeod.e-an.e. e§ta..alš.r.rnativa faz pirataria, ou tráfico de escravos, ou quando “o navio, aivorando um u
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n;-io. eo.rreaP_onde.51:-re.elid_a.d.ez..a..li!2s5<.1!.ede de Persa. delëon de Serabaolnla Í ._.


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pavilhão estrangeiro ou recusando-se a içar um pavilhão, é na verdade um
eípgassou a estarjsujeita a uma regulainé_iifãç“ã'ci`,'visandoia cõnšeiivaçãóiidos -navio tendo a mesma nacionalidade que o navio de gueira”. Entretanto,
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se as suspeitas não têm fundamento, o navio que sofreu a revista deverá
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Segundo Serge Pannatier, 90% da pesca em alto-mar é realizada por .i'_
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seis países: Rússia, Japão, Espanha, Coréia, Polônia e Taiwan. Atualmente _¬, -fl-"aii
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A perseguição cessa quando o perseguido entra em mar territorial
E preciso fazer unia oliseiwação neste ponto, que é sobre a denomi-
es_ti'ange_iro, que iia_Ç_i_0_ii_j._i_l, isto é, eni aguas que não
nação “direito de revista” _ A Convenção de Genebra utiliza-se da expressão
sejarn nacionais do perseguidor.
“revista” ein lugar de visita. Alguns autores (Maurice-René Siinoiniet)
afirmam que o direito de visita só existe ein tempo de guerra e que no
A P¢1'S¢811.íÇä°._P@1?? ÊHÍÇÊQ. ëP_ÕS O t>.sf..1ͧ.Säëtt_i.Ç1_9.1_1_t§t'_.§12ttl0w11. Sirtal visual
4-I_ n- .:*¬T ;1-¡|Ilu
ou.a1iditivo para¬_qu_e_el_e pare. i V I i
caso 0 que a convenção consagra é uin direito de revistar. Outros autores
(Olivier de Ferron) falam eiii direito de aproximação ou de visita. Adota- 4 Em di!'i=_i_i.<_>_.§19Ps_1iS.¢_svi.§ã9_.Só,_i›_€í€!§_§sLsi<stsislgeeii_1v1ifis>S.tdâsvvfla
i| ou aeronaves militares, “ ou navios ou aeronaves destinados a uni seiviço
mos muitas vezes neste livro a expressão do direito de visita, que é tradi- público e esp_ec_ialmenteHautorizados”_ As mesmasnormasrserapliça;n_q_u_an-
T
cional, mas com o mesmo sentido de direito de revista. Naverdade, nesta do a perseguição é efetuada por aeroiiaves. Não é suficiente que a aeronave
lt
matéria os autores ainda não chegaram a um acordo sobre a terminologia assinale o navio “como tendo cometido uma infração ou como sendo
a ser utilizada. A convenção de 1982 optou pela expressão “direito de I
T
suspeito de infração, se ele não tiver sido simultaneamente solicitado a
visita”, bem como não fala. em direito de verificação, isto é, um oficial parar e perseguidoz pela própria aeronave ou por outras aeronaves ou
pode ir a bordo e fazer a verificação dos papéis, e se houver alguma suspeita Í navios que continuem a perseguição sem interrupção”. Se o navio for
é que fará o direito de visita. . detido em alto-n1ar,_seijn que haja motivonpara o direito de perseguição,
O citado texto convencional estabelece que o direito -de visita será \fi-Hail'-u-p:~* ¢1<f_¢1¢v@'rá ser i_t1_<_1_<:.!;tš_%:-29.9 iësletas11515.§;1i19.§Ç¶3_@ tãre1f__ê9£i:i¿i_t.i- A tfárffssifl
de alto-mar ou zona econômica de outro Estado, pelo navio detido, a fim
exercido por navio de guerra em relação a navio de comércio quando haja
motivo razoável para suspeitar que o navio: ai) se dedica ã pirataria; b) se de o perseguidor, escoltando-o, leva-lo ao porto, não da direito ao perse-
dedica ao trafico de escravos; c) é utilizado para efetuar transmissões não guidor para ser libertado. ~
Só podem_se_r__9bj_e_tp__d_e__persegu_ição_os_ navios de comércio, uma vez
autorizadas... (v. capítulo Teleconitinicações); d) não tem nacionalidade;
e) tem na realidade a mesma nacionalidade que o navio de guerra, “ainda que Os Ivwios Púb!i¢9§-s9r‹11n 51€ sofltvlsta.,i1t1_vnidad¢ .d¢iw*iSf1iÇã0-
O direito de perseguição tem sido encarado como um colorário dos
muito arvore um pavilhão estrangeiro ou se negue a içar seu pavilhão”.
direitos do Estado nas águas territoriais e na zona contígua, uma vez que
O navio de guerra poderá enviar uma embarcação sob comando de oficial ele permite a defesa eñcaz destes direitos.”3^
ao navio sob suspeita para examinar os seus documentos. Se a suspeita c) ¡_5_i___rçpress_ã_Q__ã__pi_rf¿ita_ri_aÊ3B sempre existiu através da história do DI
permanecer, ele poderá fazer um exame a bordo. Se a suspeita não for Marítimo. A luta contra os piratas já existia em Roma, e subsiste até hoje.
confirmada, o navio será indenizado por todo dano ou prejuízo que tenha A definição de pirataria apresenta grande diñculdade, que tem sido
sofrido. Estabelece ainda a Convenção de Montego Bay que estas mesmas ressaltada pelos doutrinadores que dela se ocupam.”
normas serão aplicadas, “ mu tatis mutandis” ,'a`s aeronaves militares e, ainda, A Cotivençãv. ‹1.f;._1\./l.9_I1_t§rg.Q__1íÍ':?êlií.§§tël2slt%§_Ê.z._.tt.Q-§Ê?z!_.ëttílz._1_0.1.z_.Ett%¢._¢°12Sif
“a quaisquer outros navios e aeronaves que tenham sinais claros e sejam dera pirataria os seguintes atos:
identificáveis como navios ou aeronaves a serviço de um governo”, isto é,
tais navios e aeronaves poderão exercer o direito de visita. “ a) Todo ato ilegal de violência, de detençãoou toda de-
b) Q__<1irsit9-Qâiasrtsétâvisã9.f§_tá._.tssH!e_<!9_.-t3.<2fvt~ _11_1_ da ¢°flYsflÇä° predação cometida para fins pessoais pela tripulação ou passa-
de 1982.22 Ele consiste no direito que é dado ao Estado costeiro de perseguir geiros de um navio privado ou de uma aeronave privada, e
ii ii Ó" ešfiiaiiigiéiiiši f_i'Íio-iii'¡¿iiÍ" Bš`äíi`Féi'tõšÍdçÍE
siãdö dirigidos: `
costeiro, desde que o navio perseguido, ou urna de isuasieinib-arcações, se i.) no alto-mar, contra outro navio ou aeronave, ou contra
¿.iÍÍ_Í15htI¢i11áS águas.iI1t<?r¡0.1i@S.z..Qv__11a§__ásvê§. .fl.f§1viP¢.1á.siÇi1S› 011 no mf pessoas e bens a seu bordo; _
territorial ou na zona contígua do Estado costeir9._Aperseguição precisa ia) contra um navio ou aeronave, pessoas ou bens, em local
siérhi-iiiediata “liiofpursuitl".e__iiiin_terrupta. O navio perseguidor não neces- fora da jurisdição de qualquer Estado. _'
sita se encontiar em um dos espaços enumerados. O direito de perseguição b) Todos os atos de participação voluntária para utilização
s§__ap_l_i_ç_a, “mutatis mutandis”, ãs__inf_raç_Ões praticadas na zona _eco_nõn_1_ica, de um navio ou de uma aeronave, quando aquele que os comete
tem conhecimento de fatos que conferem a este navio ou a esta
fl_==2_t. i;z_tê.1t_fl.1Í‹_›âra_iê._.s;‹â_.t1_ti 1âii_¢_êt. â.¿ti.‹;tvêiiís_.iiêâ..â@>.1r‹â§- .ds.,§ss1atëa<a_-siêê._i!!1⧠vc

aeronave 0 caráter de navio ou aeronave pirata. i.


arúfiCifiiS_fl'<1 t3l&tf‹ë_f0IÍ!31i1-23 Ei'

H A doutrina (Poulantzas) tem assinalado que o direito de perseguição c) Toda ação tendo por fim incitar os atos definidos nas
não d.ev_‹:_ê_e_r._f:sercido.qvaiidp..¢>fiS1¢._fl12:~aië.$ tuSPs_if=.=t› °u› ainda quando alíneas lê e. 25 do presente artigo ou empreendida com a inten-
a ofensa não é grave. ' E ' -- L_\.-."`.

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ção de os facilitar.”
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Luis García Arias, após fazer urna análise das mais diferentes tleliiiições, de não iiiteiferêiicia sofre lii'nitaç‹`›es iio interesse da sociedatle internacio-
assinala que a pirataria é configurada pelos seguintes elementos: a) pratipa nal.
de atos violentos coiitra pessoas ou bens; b) tais atos sejam ilegais e nao ÀO_i_iav_io piilatañpoclep gseijpczipturadtigpoi' _qi_i_alqiier lis-tzi‹lo.gAsgp§so2fiigS
teriham sido autorizados por nenhum Estado; c) tenham sido praticados aprisionadas seiãojulgadas pelos tribunais do Estado captor,gque aplicará
por tripulantes ou passageiros; d) que estejam a bordo de navio ou aeronave :Ílegislãfçlãofinftieriia do Efstãdofeiiiifrelação às penas. aos bens, ao navio e
privada; e) que estejam em alto-mar; j) sejain cometidos contra outrtšã '"" V V 'T 'L T' 'T 77" ' Í” T"

aos direitos deiterceiros que tenhain agido de boa fe.


7 ft ' ' ° E ›

navios, ou contra o próprio navio;2° g) em tempo de paz; h) fini pessoal; ` /-\__‹_:apt_iirz_r__cl_‹; navio oii aegroiiaifepseím(razão, dz_i__5_iireitq ao recebimento,
z) que traga perigo para os demais navios ou aiiieace a segurança da pelo navio suspeito de pirataria, de uma indenização pelo dano ou perda
navegação. _ J _ ' que tenha -sofrido com a captura.
A pirataria atualmente não tem um interesse meramente historico, podempgpcaptpízir o ppir'ataI:_iiavip;süde guerra ouhaeronaves militares,
porque iniimeros casos foram registrados em data recente iio Oillelltfi, ou “outros navips o_t¿aerp__iigiÍes dpefst_ip_z_rd9s a i,_iLrji1i:'_sÍ-::j_^viz5f;Lc_›_p_t'1g5l_i_pp_e auton-
I-nv
-principalmente nos mares chineses e da Insulíiidia. Em 1982, a Tailandia, zados para este fim”. G
de' comum acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas. para os
Refugiados, empreendeu uma “ação de envergadura” con tra. os piratas no
ff? Pirataria fiw-f=.._f.°r realizada _99_ií___flui9 -P.1íb1i¢0.__d¢.sv¢_ria _0.1i._.Çivi1
quando tiver ocorrido motim da tripulação é assimiladaã pirataiia_ prati-
golfo da Tailândia. A pirataria se distingue do corso maritimo. Este, na C_fldf‹iPQt Hi-i.*5i0..Pfívfi:dQ-_ ' °
definição de Azcárraga, é “a- empresa naval de um particular contra os O mais célebre caso referente ã pirataria nos últimos anos é o do navio
inimigos de seu Estado, realizada com a permissão e sob a autoridade da português “Santa Maria” (1961), cuja tripulação se revoltou com finalida-
potência beligerante, com a exclusiva finalidade de causar perdas ao -co- des políticas. O navio chegou ao Recife e o governo brasileiro aplicou o
mércio e entorpercer o neutro que mantenha relações com os ditos ini- art. 39 da Convenção Pan-Aineiicana de Havana (1928) sobre direitos e
migos”. Em conseqüência, o corsário é autorizado por um Estado e Ocorre deveres dos Estados em caso de lutas civis que estipula: “O navio insurreto
1

a prática do corso em tempo de guerra. O corsário recebia do seu governo de guerra ou mercante, equipado pela rebelião, que chegue a um país
a denominada carta 'de corso (para o francês: “lettres de marque”, que estrangeiro ou procure refúgio nele, será entregue pelo governo deste ao
vinha do provençal “ marca”, significando “apoderar-se a título de repre- i
governo constituído do país em luta civil e os tripulantes serão considerados
sália”). O corso foi abolido pela Declaração de Paris (1856), que estipulava: como refugiados políticos.28 De qualquer modo, o “Santa Maria” não podia
“O corso é e fica abolido”; após esta data, ele só foi utilizado na Guerra \
ser considerado navio pirata (como pretendeu Portugal), uma vez que
faltava o elementosubjetivo do art. 15 da Convenção de Genebra: “fins
r

de Secessão americana pelos confederados:>Os EUA não tinham assinado


a Declaração de Paris.26^ pessoais”.
5 .Çqiw-:ii§_ä9_d§..1Yt9ri_t¢s9..I?âêi-.s§_I§iziiJêi_iiiiia-.§_‹€=.1;is_ti‹â.-a9iiaa§_â_Q.t2{s H C. Touret aponta uma série de lacunas nas normas existentes na re-
pressão ã pirataria que ressurgiu no Golfo da Tailândia com a fuga de
rePre__5§§i9___r`i_Ap(i'rathaifia. Os atos estipulados no art. 101, se foremjcometidos
0-
'nu por -um navio público, qualquer que seja, ou uma aeronave publica, cuja vietnamitas e-que são atacados por piratas tailandeses, bem como em
equipagem está amotinada, equiparam-se aos “atos cometidos por um
Íi
Í
Boméu e Sumatra, onde atuam piratas malásios: a) não se pode limitar a
navio privado”, isto é, o navio será considerado pirata. pirataria ao alto-mar; b) vai ser difícil, apesar de o Dl permitir, que um
Os navios ou aeronaves que cometeram os atos enumerados no art- terceiro Estado entre na zona econômica de outro para repriinira pirataria;
101 são considerados piratas e assim continuarão sendo, enquanto estive-
c) ãs vezes é difícil se estabelecer corn precisão o local do ataque. E mais,
0-
nn
iio caso dos vietnamitas não se tem usado as regras de salvaguarda- para a
:-
rern “sob o controle das pessoas culpãveis destes atos”. _
vida humana no mar. A própria Declaração de Asilo Territorial da ONU,
___ O navio, pelo fato de se transformar em pirata, nao perde a sua
aprovada pela AG de 1967 tam bém não é utilizada (v. capítulo D. de Asilo)-
nacionalidade. A velha regra 'do direito maritimo de desnacionalizaçao do
Pode-se observar que a Convenção de Montego Bay não fez maiores
'--z*H.-i Ii¡._;¬¡, - pirata era uma ficção que tinha por ,função permitir que qualquer Estado felui-1E4 .;.;

11 _ inovações iio tocante ã repressão ã pirataria e reproduziu as normas da


pudesse reprimir a pirataria sem que fosse violada a regra_de nao interfe-
É
ir Comte ão de Genebra de 1958.
- rência, que proíbe a interferência de um navio na navegaçao de outro que
` 448. As declarações unilaterais emanadas das grandes potências marí-
tem nacionalidade diferente da sua. Na verdade, o navio pirata nao perde timas em originado a criação de inúmeros institutos do Direito do Mar.
_ d ' .

a sua nacionalidade; o que ele perde é a protecao do seu Esta o naciopal


Í \
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Elas são encaradas como um costuine em formação. Normalmente, elas
Atualmente, não há razão para mantermos esta ficçao, uma vez que a regra -'z.í
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atendem aos interesses econôniicos dos Estados, daí serem respeitadas.”
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Há urna tendência ein todos os Estados para subineterein iiiaiores navio. O Estado costeiro desenvolverá um serviço de busca e salvanieiito
zonas ã sua jurisdição. Eni coiiseqiiêiicia, estes atos uiiilaterais visam exa- eficaz (art. 98) fl” A l*
tamente estabelecer a soberania do Estado ein zonas de alto-mar. _ l>> ie P1'eteeäe__eles-eeligas--.eleetlitt9§__§t!.l9.tivvfi11ee- Os hsiz›‹l‹›â› um
Deste modo, os Estados, por atos unilaterais, foram estabelecendo a obrigação de proniulgar legislação para punir os navios de sua nacionali-
sua jurisdição alfandegária e fiscal em uma zona de alto-mar, sendo criada dade que causem danos e cabos e oleodutos'su'bmarinos. Por outio lado,
em consequência a zona coiitígua- deverão ser indenizados pelos proprietários dos cabos subinaiiiios e oleo-
Os Estados reivindicam unilateralmente direitos exclusivos sobre os dutos os proprietários de embarcações que provarem ter abandonado urna
recursos do leito e subsolo do alto-mar, o que acabou por acarretar a âncora, rede de pesca, etc., para nao causarem danos aos citados cabos e
formação do instituto da plataforma continental. oleodutos (arts. 113, 114 e ll5);”3
Outras zonas têm sido criadas, como, por exemplo, a já mencionada el e. 29I1eerr.=â1s;_f‹Í19_sl9ê_ircifâQs_.v.iiâos;**"
zona de identificação. _ d) estabelece a çopperação para a repressão ao trafico ilic,ito de estu- f ø

Estes institutos se transformaram inicialmente em normas costumeiras pefacientes e substâncias psicotrópicas realizado no alto-mar Uni Estado
aiites de se transformarem em normas convencionais. De um certo modo, pode_ pedir a cooperação de outro para fazer a repressão a uni navio de
poderíainos dizer que estas limitações, hoje convencionais, sao tambem sua nacionalidade que faça tal tráfico; ` `
de origem costumeira. _ e) podem ser citadas as “regras internacionais para evitar abalroamento
Entretanto, devemos mencionar a existência de limitações ã liberdade no mar”, por exemplo, consagradas na Convenção de Londres de 1972
dos mares por declaração unilateral que têm sido encaradas como abuso j) normas sobre poluição (v. adiante);35
e não originaram nenhum instituto consagrado no sentido porelas reivin- gl °_ Tfalad° .de .lleíešee .(1.9€5?f)...9r9íl2e__ei<PleSõeS fleeleeree em (reel-
dicado. Neste caso estão as áreas marítimas que os Estados (EUA) criaram, quer ltigeaférrii que a queda de resíduos radioativos se dê fora dos limites
principalmente no Oceano Pacífico, para o experimento de armas nuclea- territoriais do Estado (v. capítulo LII). Outro caso de restrição convencio-
res, chegando algumas a 400.000 milhas quadradas, que fica como uma nal à liberdade dos mares é a desnuclearização do fundo dos mares (v ni
r

“zona fechada”, não podendo haver aí nem navegação, nem pesca, etc. A capítulo XLIV);
França em 1978 e 1974 criou uma zona de 60 milhas de largura contigua F

h) pode-se citar ainda a chamada po_l_i_c_ia de pesca, em que o navio de


J D Q

ao mar territorial para explosões nucleares. Cli. Rousseau menciona que um Estado pode interferir na navevação de navio de outro Estado que seja
Õ
desde 1960 a URSS tem fechado, aniialmente, áreas imensas para lança- signatário da convenção. Esta policia de pesca esta consagrada na conven-I
f
I
r

ment de engenhos telegttiados. “ _ ção de pescarias do Pacífico Norte (1952), convenção de pescarias do
Ê Inúmeros em de feeifieeee eíli:be51sl;‹fäe__..§le_ä__.mfes Sefeflem Atlantico Nordeste (1959);
convencionalmente_ A polícia do alto-mari em relação a certos fatos é_dada z) em 1988, após o incidente do Achille Lauro,3”^ foi concluída con-
a todos os navios de qualquer Estado. Nesta situação está a repressao ao venção para a repressão de atos ilícitos contra a segurariça__cl_a navegação
tráfico de escravos.” É de se assinalar que se tentou também qfazer a Ela segue a orientação consagrada no D- Aéreo reprimindo os atos que
repressão do contrabando de armas para certas regiões do globo:l Pode- atinjam a segurança da navegação marítima. Não é aplicada aos navios
mos mencionar ainda o fato de um navio de guerra francês ter exercido públicos. Ela é aplicada às infrações cometidas nas águas territoriais e no
o direito de revistar um navio estrangeiro nas costas da Argélia, durante alto-mar. Sã_o___p_u_riidos_ os atos de territorismo: a) destruiçãodo navio ou
a guerra da Argélia. Entretanto, como assinala Ferron, tal fato egconjtrario instalaçoes de navegaçao marítinia; b) os atos que atinjam alguma pessoa
“aos princípios do direito internacional”. Os Estados, quando sao vitimas forem ligados aos atos anteriores; etc. Há uma obrigação dos Estados
do contrabando de armas, exercem “o direito” de deter o navio em alto- repri_m»i-reni
mar, adotando atitudes unilaterais. _. ¡ tais crimes. _ _ _
eye- A__tesul_anie_H.ta§ee._t1.ê .Pesquise eiemifiee flieriflhe e uma dee
Í
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Qvvei_ii_9__1ir1ie§_.e9ai:eiie_teiíei§_-i2i;e.Çeele 1“esvleteeelef e eelieeeãe ele novidades da Convenção de Montego Bay. Anteriormente este assunto era
alto-mar: qiiase' que ignorado 'rias -convenções internacionais.
a) a salvaguarda da vida humana iio mar que está também regulamen-
tada na Convenção de Montego Bay, que determina que “todo Estado Ele e§te.l?el_e.ee_qHe_.t9_‹l°..e_‹iv.el<ie_ef Eetede tem 0 direito ele feeleef
exigirá do capitão de um navio que arvore seu pavilhão que, sempre que M.
-i>_eâ.sim_e._‹;i.e_12_tílÍi_ee.,_1i1ei"ivhe-.e.e§te_ .deverá .ser feile Pare fifle. Peeifieee Cem
métodos e meios es ecíficos ade uados, etc. Determina ainda, ue a
possa fazê-lo sem grave perigo para o navio, sua tnpulaçao ou seus passa- ›..

- _
\..e--_-....--r--¬‹---.ni -‹- --.--.‹. ‹- - ‹.. , -

pesquisa científica nao será “fundamento jurídico” para reivindicacoes


,

geiros”, dê auxílio a toda pessoa que se encontre em perigo de d_esapan-:cer .it


no mar. Deverá em caso de abalroamen to prestar toda assistencia ao outro ' «I .
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O Estado costeiro tem o direito exclusivo de iegulamentar, autoiizar
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É )jttIos encontrados na Aita seiao toiiseiv-a‹los ou
e i'earli_zai' pesquisa
iioiseu mai' territorial. i i
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H1_cI_1_ul.) I";] Lf‹:seni)-
gd wtlvie icio dc ~› toda ‹-.i huniaiiidadc,
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Quanto ii pesquisa realizada na platafomia coiitineiital e na zona
Ori gn eid coiisidmulçâojos
era ' diicitos dcJ piefcitncia
- ..~, -. dovlfzstaflo
¬ _ ou pais, de
ecoiiõniica, é necessário o coiise_iitimeii__to_d_q _Es_t_a_(_lo_ cos_tei_ro, mas “ein n O J . _. H I . , .

circunstâncias normais, os Estados costeiros outorgarão seu consentimento _ _ 5 z « P ¿-.-.¿ .9..É É-._.9..*..l..äÊ¡.?l_¢"l_li1l_€*l 01) Cl? _ESl21_(l0_jde origem liistorica e
aiqueologica _ ' '
para que outros Estados ou organizações internacionais realizem” projetos l
b_ O art.
d 303
- deterniiiia que› os Estados
‹ - ”
tem ›a obiigaçao
_- ~ de proteger os
de pesquisa com fiiis pacíficos. “Os Estados costeiros estabelecerão regras o jetos e aspecto arqueologico e histórico-
e procedimentos para garantir que não haja demora ou denegação sem
razão” para este consentimento. Entretanto, o Estado pode -negar este
consentimento se o projeto de pesquisa: a) tiver “importância direta para
a exploração e utilização dos recursos naturais vivos ou não vivos”; b) utilize
perfurações e explosivos; c) acarrete a construção de ilhas artificiais; etc. -Q,___._..,_ ¬_. _¡

l
A letra a não se aplica quando a pesquisa for além das 200 milhas e for i
l
lv

ser realizada fora das áreas em que o Estado esteja fazendo exploração ou
que vá realizá-la em um “prazo razoável”. O Estado deverá dar publicidade
destas áreas. De um modo geral, há no alto-mar liberdade para se recuperar
destroços de navios (Louis Balmond) apesar de a URSS ter tentado incluir
um princípio de que era necessário o consentimento do Estado proprie-
tário. '
O Estado ou organização que vá realizar pesquisa cien tífica deverá dar
informações ao Estado costeiro como o tipo e objetivos do projeto, o
método e meios que vão ser utilizados, as áreas geográficas em que ela vai
ser realizada, o nome da instituição patrocinadora, etc. O Estado costeiro :`›
Í

poderá participar da exploração, bem como poderá solicitar os resultados


¡-

finais da pesquisa.
O Estado costeiro poderá suspender ou fazer cessar a pesquisa se ela
é realizada de modo diverso do que consta das infonnações que foram iiiééééil

dadas a ele, etc.


Os Estados sem litoral e os desfavõizecidos pela geografia serão notifi-
cados de pesquisa realizada na zona econõmica e plataforma continental ¬§kJí

realizada por outros Estados e organizações e também poderão participar ii


ii

dela- -
z¶t_s_instalaçöes e eqiiipamentos_científicos não têm o estatuto de ilhas,
mas podem ter uma zona de segurança de 500 metros de largura. Deverão
l
l
l
\i

§_91111;§ia_êiâ_t1s.i.§s9_tifi5ê<;_ä9.ë_ .1:if‹š9.âstä0_ ¢919Ça§1;‹.i§ _sii1r9!as ds Hives-irão-3° r-

Que_nir¡r_e_~_alizar_a| pesquisa~se_rá responsável pelos danos* causados por É


'i
poluição em viriiidë Ê1E"šiiÉ.{"i§£ãi`i"š`á"¿ã5Í'""""`""`""'""""`i"" H' l

É
lt As controvérsias serão soluci_onaç;l'a¿s_Vp_or__ii}9_d9s_pacificos. ¡-

\ Emicionclusão podemos repetir uma observação de Tulio Treves de


que o regime jurídico da pesquisa científica repousa na oposição entre
Estados pesquisadores (defendem a ciência) e Estados em desenvolvimento
(defendem os P oderes do Estado . ,_
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and the IMC (Íoiivciitioii oii ;\=lariiiine Safety, in Ajll.. vol. S2. April l'_-_)88_ 11" 2,
NOTAS
págs. 269 e segs.; Coriiie Touret _ La Piraterie :iu Viiigtièiiie Si¿-cle. Piraierie
i\»'lai'itiiiie ei Aérieiinc. 1992; Alexandra de São Rafael von Bohin -- .=\i'noll}' de
1_ (V_ bibliografia dos capítulos aiiteriores); Maurice-Rene'Simoiinet d- äü .\-lello _ O Alto-inar e o Princípio da Liberdade, 1991: Serge Paiinatiei' _ Pro-
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Derecho Penal lnteriiacional e Internacional Penal, t. I, 1909, pags. 31/ e segs., e segs.;josé Antônio Pastor Ridrueja _ La jurisdiccioii Rampaiite de los Estados
H. Accioly _ A Liberdade dos Mares e o Direito de Pesca iio Alto-Mar em f21C€ Ribereños sobre la Pesca en Alto Mar, “in” I-lacia un Nueva Ordem International.
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__ Histoire de la Piraierie. l962;_]acques Massin _ La Poursuite en Droit Maritime,
e segs-; Francisco Orrego Vicuña _ The Changing International Law of High Seas
1937; William E. Masterson _jiirisdiction in Marginal Seas special referencq Fisheries, 1999.
to 5mugg1¡ng_ 1929; Cristopher B. V. Meyer _ The Extent ofjurisdiction in Cozàstä
2. Esta legislação visava reprimir o contrabando. Os navios bordejavam a costa,
Waters, 1937; Vespasien V. Pella _ La 'ré-pression de lapiraterie, in RdC, Lã l aguardando o momento de passar o contrabando. Outros I-lovering Acts existiram
vol. t- 15, págs. 149 e segs.; Luis García Arias _. La pirateria como delito ei antes de 1736, tais como os de 1709 e 1718.
Derecho de Geiites. in Estudios de História y Doctrina del Derecho l,nterii21C1OH_21 , 1 3. Eni 1804 a Corte Suprema norte-americana recoiiheceti a noção de zona
1969, págs. 307 e segs.; Claude Govard _ El caso del “Santa Maria , ZH ESIUÕIOS contígua. i
de Derecho Internacional Marítinio, 1963; W. Crecraft _ Freedom of the Seas, 4. Segundo este critério, os EUA poderiam 'exercer a sua jurisdição até a
1935; Mario Monterisi _ La Libertã dei Mari e L'Inghi1terra, 1943; Amílcar Mar- distância de uma hora que o navio infrator pudesse percorrer. Os navios empre-
chesini _ Liberdade dos Mares, 1925; Claude Palazzoli _ Des quelquesidevelop- 1 gados para o contrabando de bebidas alcoólicas eram rápidos, chegando a per-
peinents réceiits du droit des gens en matière d'acces aqla mer des pays d€}_)0l1I'\'l15 correr 50 e 90 milhas por hora (Ferron). Este dispositivo trouxe conflitos com a
de iiitoizi, fiz Rc.DiP, juiiiet-sepzenibie 1956, pag. ôôz tz segs.; H- B- Si_~fflt2sf_- I
l
*i
lei: a) a Corte Suprema afirmou que a jurisdição dos EUA a respeito de navios
Soberania e o SLBM (Mísseis Balísticos Lançados de SubII12fll105)› W RÊWSÃ3 nacionais de Estados que não tivessem concluído Liqtior Treaties seria de 12
Marítima Brasileira,janeiro-fevereiro-março de 196/, pags. 9,6 e segã-2 E5U1'Cl105 C milhas; b) os Tribunais decidiram que mesmo existindo Liquor Treaties os navios
Derecho Internacional Marítimo (homenagem ao Prof. Jose Luis de Azcarragët), não poderiam ser apreendidos depois das 12 milhas, uma vez que tais tratados
1968; H. Arbuet Vignali _ E1 Delito de Pirateríajen el Derecho ln:ernacion;i£l9,7i1r1 não eram “self a executing”; c) iio caso do “Mozel Tov” a Corte Stiprema dos
La Revista de Derecho, jurisprudencia v Administración, t. 71', n-s 2 e 3, _ i I
EUA considerou que a apreensão do navio era ilegal apesar de estar a menos de
págs, 29 e segs.; N. M. Poulantzas __The Right of Hot Porsuit. in Internatiokníii .i

12 milhas da costa porque o navio só tinha a velocidade de 9/10 milhas por hora
Law, 1969; Martin Ira Glassner _ Access to the Sea for Developing Land?-Loc 1:: e, em conseqüência, a apreensão contrariava o tratado. Os EUA, por estes tratados,
States, 1970; Gundolf Fahl _ El principio de la libertad die 1os_Mares: 19/4,_]0 E permitiam que os navios estrangeiros transportassem bebidas alcoólicas para a
Kish _ The Law oflnternational Spaces, 1973¿ Luis Garcia Arias _ Liberta tripulação. `
de los Mares de la Hélade” , “La Libertad de los Mares enjla Cnoncepcionjuridtica jl
i
5. Enquanto esta retinião se realizava, o cargueiro inglês “Clement" foi afun-
Romana” e “La Libertad de los Mares según Rodrigo Suarez , in Estudios so re J.
dado entre os portos do Recife e Salvador pelo cruzador-de-bolso alemão “Graf
Relaciones lnternacionales _v Derecho de Gentes, vol. 11, 1972, pags. 421 e segs-, von Spee”. Esta zona foi reañrmada no Tratado Interamericano .de Assistência
United Nations Third Conference oñ'The Law of The Seat Informal Comptësjíe Recíproca (1947), estendendo-a até as regiões polares.
Text from the Sixth Session, in lnternational_Lega1 Materials, September lj 6. Na guerra de independência da Argélia foi criada uma zona de segurança
págs. 1.099 e segs.; jean-Pierre Beurier e Patrick Cadenat _ Les positio7ns É 4 1 com 32 milhas de largura, na Argélia, pela França, com a finalidade de evitar que
Franceã I'égard du droit de la mer, in RGDIP, Octobre-December 19 0, H , os rebeldes recebessem material de guerra. Os EUA erigiram plataformas de radar
págs. 1.028 e segs.; Adherbal Meira Mattos _ Países sem litoral, iii Revista da (Texas Towers) até a distância de 100 milhas da costa, criando aí uma zona de
Universidade Federal do Pará, T975, 19 semestre, págs. 75 e-segS-; D_21fl Clobamf proteção. Os aviões que penetram nesta zona são obrigados a se identificar e a
_ Hot Pursuit from the Fisheries Zone: A Further Comment on United Säites .i
,i
l
i
seguir certas rotas. Estas zonas de proteção ou identificação também foram ado-
Fishing Vessel Tai)-'o Mart; ng 28 and United States v. Ka:raguclii_, m_Aj1 = J
tadas no Caiiadá. Alguns autores (Sweitzer) consideram que estas zonas deveriam
1976, vol. 70, ng 3, págs. 549 e segs.; René-Jean Dupuy _ L inspection interiialtlio- ter a largura dependendo de alcance dos inísseis transportados por submarinos.
nale des navires, iii L”1nspéction Internationale, coordenado por Georges Fis eij Estas zoiias contíguas aéreas de segurança são conhecidas pelas suas abreviaturas
e Daniel Vignes, 1976, págs. 249 e segs.; William T. Burke _ The Internationa ADIZ (a norte-americana) e CADIZ (a canadense). ' -
Law and Politics of Marine Science Research, in Toward World Order zäjdäupiíëil 7. O Estado pode exercer estes direitos no espaço aéreo sobrejacente à zona
Dignity, Essays in 1-1onor.of Myres S. McDougal, coordenado por . I icil contígua. Esta é a opinião dominante, apesar de não haver uma regulamentação
Reisman e Burns H. Weston, 1976, págs. 473 e segS-;]€¡'1fl Molfnlef “_ Desenc Í' internacional. E evidente que ao Estado interessará, acima de tudo, o aspecto de
vement et Transit dans le Droit International des Transports, in Aispects Actues segurança.
du droit international des transports, Coloque du Mans, 1981, pag. 70 C S_€gS-, 8. As raízes desta teoria estão no Digesto, em fragmentos de Celso, como:
z `. i

Malvina Halberstam _ Terrorism on the High Seas: The Achille Lauro, Piracy _|:\
'I-
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= -J5'_¬:
“Maris communem iistiin oinnibus ut aeris.”
Ef' ` ` .,'._¬'.i'~ 'L . .
_ _':H¡›;~`.»~_âe, -.
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::.f.-_-.¬,.›.- _
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~ . -' - ~iii 1962. _ (1817, 1837, 1849); Argentina (1839): Bélgica (1348): lšoliviâi (18-10); (Iliilv (18113):
9' hmm]
_ em ugor1 ( 0 “Vlare
1 Niostruni"
L .. 9 ele
- ' po‹.siií;i
" uma soliirrtiiiia
' sobre
_ o Dinamarca (1835); Cidades Hanseãticas (l83'7); Suécizi-Noriii'-gti (1825. 181%);
10' km Romã] Cfm ' -oiis'igi'ava a liberdade dos iiiares. O mar e considi-rzitlo Colômbia (1851); EUA (l862); etc. A Qtiiiitiipla Aliança tainbéin luiara ‹:‹›nii'a o
Eiitrëlaiito ” Plano L `“ -
mar' - - ri'Q g emimn" Não há a domiiiaçao _ do inar
. (inar territorial).
. tráfico de escravos (Luis Henrique Dias Tavares - Comércio Proibido de Es‹'i':ivos.
res commums -^ ' 8 lu
e nao-` haver a iioçao ` ‹ l e “ ina re. liberuni"
. (Luis Garcia Arias). 1988).
em consequencia
z . d nsa rava' 'a liberdade
_ _ V d o mar. 21. Em conseqüência, para ela ser exercida, há o direito de parar o navio.
Na Gecla unflbclm šãlcoo Pzišpa Alexandre Ill deu ao Doge de Veiieiã (Cm “ma 22- As origens do direitode perseguição parece que estão nas lnstitutas de
11- NO Sec” O "- I 73 dgra ao Papa na sua l uta- cor itra Frederico
.
compensa pt? lo auxílio que \ ene .
Justiniaiio, iio direito que uma pessoa tinha de se apropriar de animais selvagens
re ' l como símbolo do seu doniínio sobre o Adriático. durante e peixes após uma perseguição. Na inglaterra ele está ligado ã legislação dos
- do 'Senhor O Papa teria pro em o as _ g ~ P* * Hovering Acts- A doutrina, antes da Conferência de Haia de 1930. não era unítiiime
3 Festa de f'\_sc ensao
' ` de ` seu imperio
- I ' ' sobre o mar,- todos- os- anos~ neste dia tu
b este simbolo na aceitação deste direito, que era uma prática de origem aiiglo-saxã. Fedozzi
“Rece C ` i 1 ra ue a osteridade saiba que ele pertentfi 21 li i parece que foi 0 últiino a não recoiihecer este direito. An tes dele, decisões arbritrais
commirás caSamemO'com G 6 pa cgnsa rló teu poderio sobre ele como 0 de um _de Asser também não o reconheciam.
i-_
Por direito de conqulstíl e”ql]¡š;e euonse íišência anualmente, o Doge, 21 b0f<10 (10 23. O navio perseguido, ou uma de suas embarcações, quando trabalhem ein
marido sobre upqagfišpztiõamarnfiiii
o anel] simbólico. Eram os esponsais de Veneza grupo e utilizem o navio perseguido como navio-mãe, precisam estar nestes espaços
“BUCem*¡""°“' - -I g“ O Mar sim - “ d e on d e p rovêm todo bem
Ad -fatico ` bolizava a Grande Mae -marítimos. Aplica-se a este caso a denominada teoria da “presença construtiva",
comd O al” U (F ne -id ric ' h 1-leer -_ L'Univers du Moyen Age ” 1970). ,_ Roland Mousnier
que teve o seu desenvolvimento nos EUA- A “ presença construtiva simples” ocorre
C to O m ' ` I s, 1993) observa - que a Idade Média foi , a ép0C2. da. libfifdfide quando os barcos que se encontram no mar territorial ou na zona contígua do
(Les XVI cf XVII Smczfo século xiii, reivindica O Aúfiâúzø; Ge-iiovfl. HO Swllo XIV» Estado pertencem ao navio-mãe que está no alto-mar. A “presença construtiva
dos mares ivenezâ, ]_,'i 'ria' neste mesmo século a Dinamarca reivindica o mar
.I extensiva” é quando os barcos que se encontram no mar territorial ou na zona
reivindica NO Mare a a uergõl Oéeaiio até a Islândia e Groenlândia. Os Estados querem
i.
1
BTÍÍÚCO-A zom - eg cobram
q ` ' d e pe scadores~ ecomer- contígua não pertencem ao navio-mãe que está no alto-mar, mas operam com ele.
taxas Pa ra autorizar a_ passagem ii`.

no olio _ _ (1
A Convenção de 82 para estender o direito de perseguição de modo a abranger
u'm
Clanmo
tes, elãinda reivindicam - a saudaçao
. _ ao pavilhão-
~ - de acordo com
tensao este último caso fala em: “ou outras embarcações que trabalhem em equipe” e
12. Na verdade, 21 DOÇHO de British Seas variava em ex usem o navio como navio-mãe.
23A. Ajurisprudência nos EUA tem consagrado um direito de perseguição
O pO§l§,ÍOPÊiÍ-ahiälziicfiiršoorigem
_ ¡-dadedadeliberdade dos mares foi tanto a liberdadfi dt? J-ui:_fit:
;_-:_:

_ esca, orque as duas eram impor tantes para como complementar e conseqüência do direito exclusivo do Estado em uma zona
navegaçao bem como a libe P P
contígua. E o “right of hot pursuit from a fisheiies zone” (“Dan Ciobanu")_
3 Holanda. ' 23B- A palavra pirataria vem do grego “peirates”, o que vai à procura de
13. Sustentam 0 s defensores da-fprimeira
_ corrente
É (Cidel) que desde fevereiro
` ` da p esca.
- 1 terra a havia tratado da restriçao _ i _ aventuras e, por extensão, “ladrão do mar” (Azcãrraga). `
O Conselbo Pnyadlo ¡(iÍ)g:rgqau¢ negra época havia a união das coroas ibericas. 24. Quintano Ripolés sustenta que existem dois conceitos básicos sobre pira-
14. E preciso e _ d C zia mandou In-¡Íq§4' |p.¢f_4__c:.¡_

” ` da ONU para o _ soerguimento a ore , _ taria: a) material (alemão): a pirataria é uma forma mais grave de roubo no mar;
15. A UNKRA, agencia
- em H0flgueC ongue dez barcos destina- dos a pescadores coreanos. Eles
onstruir b)ƒ::rrmal(arig1o-saxão): o que caracteriza a pirataria é o navio operar sem preencher
os requisitos fixados pelas normas internacionais (ex.: sem pavilhão).
foram m atriculados na ONU e sob o seu Pavflhi'-`*0 nwegafam de Hong-uecongue
Coréia. ~ . 25. Este elemento é o que tem provocado maior discussão. A doutrina (La
para 16. a Para corrigir - ' 1510.13
' " f01' P ro P osto que o s navios da ONU navegassem com Pradelle), de um modo geral, sempre considerou pirataria os atos cometidos con tra
dois pavilhões: o seu e o de um Estado-membro- o próprio navio. já a Comissão de DI considerava pirataria apenas aqueles atos
17. V. capítulo XLVI.-
18. Atualmente E1215 se eiicontram _
' _
codificadas
_ na Convenção
19_ O .. V1; nius era um i iavio americano de bandeira (mas nao_ c re‹›'is
-
` _
de
_ Genebra.
d _ _ ¡ )
,_, ro
1 cometidos contra outros navios; os atos contra o próprio iiavio seriam considerados
motim. A Convenção de Genebra não é clara na letra a do inciso 19 ao falar em

- - gl - dg proximof - a Cuba, mas ein a lto-mar , pelo navio e gllfll"-1”2I d p


“seu bo'rdo”, não especificando se é a bordo do próprio navio ou de outro.
911 e foi h Iintercepta
..-formado.. A ¡ng¡a¡e¡-ra protestou pela execucao _ precipitada de seus
.n
»- Finalmente podemos repetir, com Oppeiiheim-Lauterpacht, que para a configu-
95133" o - - “ . _ . ” as não - - F' ração_da pirataria é'necessário que a violência seja contra o próprio navio e não
, . vam a bordo do Virginius , m P elo aprisionaniento _
suditos que se encontra _ _ _ _ contra o comandante. Neste último caso haveria um motim, mas não pirataria.
h 1 ava ue este navio iria foinentar revoluçoes em Cuba._ - Outros, como Ferron, que aceitam o pensamento da Comissão de DI, afirmam
do navio' 0 A A Espanda
i g em CS Íeešireitg está no século XIX ' quando a Inglaterra C0H1€Ç0U i
if-f
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que a pirataria é quando é dirigida contra outro navio; quando é contra 0 mesmo,
. 12_ -_ lo ofara - fz 0 trafico
f ' ' ' d e visi` 'ta e busca ri

- ' a pira
reprimir ' (ana negreiro. O direito
3 M1123'. P - - -
df; participarem do trañco' de escravos foi reivindicado pela já haveria motim. Tem-se considerado que o motim abrange a revolta tanto de
no s navios susp¢1l0S ' ' mi`l'tar ou di P lomaticamenté. tripulantes como de passageiros.
Iflsfl1 ¡sf ra a P artir' de 1810. . Osd-paises, pressionados _
Ci foziózzizz i
Pomigzi (1817, 1s42, is-43),.
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26. Os acordos de Nyon (1937) consideraram que o ataque por submarino a


reconheceram este direito me iante re p navio mercante em tempo de paz era assinalado a ato de pirataria. Entretanto, a
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Espzmhz (1817. 1836),- Brflsfl' (is2ô); França ussi, is32, isss, 1845); Holanda
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(_Ioi¿vei'sã‹› de Geiiebra não aceita esta tese. uiiia vez que nestes casos falta o fim
pessoal para a configuração da pirataria.
26A. Os piratas e corsãrios iiigleses coiitril›ui'ram para a liberdade dos mares.
vez que libertavam o mar de “obrigações morais e legais" (Adolf Rein, Carl
Schmitt).
27. De um modo geral, aplica-se a regra " pirata noii mutat dominiiim". Eni
conseqüência, as mercadorias encontradas em poder dos piratas são entregues aos
seus antigos proprietários. Entretanto, nem sempre foi assim, uma vez que os
despojos dos piratas Iicavam com o captor como uin prêmio pela captura.
28. A aplicação desta convenção pelo Brasil prendeu-se mais ao aspecto liu-
manitário, pois ela não era obrigatória para Portugal, porque se tratava de uma ¡-
U-

. l CAPITULO XLVI
I

convenção pan-americana.
29. Na Conferência de Genebra (1958) apenas a França se manifestou con-
trãri_a ã validade destas declarações.
PEscAiuAs. coNsERvAÇAo nos RECURSOS
30. V. capítulo XXX. vivos no ALTO-MARI
31. V. capítulo XXX.
32. V. capítulo XXX. 450 -.- A pescape sua im¡boi1âneia,' 451 - A liberdade de pesca; 452
33. A proteção jurídica internacional para os cabos submarinos remonta ã
-- A justificaçao para as restrições à liberdade de pesca; 453 - A
Convenção de Paris de 1884. Pela Convenção de Genebra, o Estado deve reprimir.
regulamentaçao da pesca em altamar; 454 -_ A regulamentação (zm-
por medidas legislativas a ruptura e a deterioração causadas aoscabos e oleodutos.
Cada Estado julga o seu navio que causar dano a cabos submarinos.
vencional e a funilaterai; 455 -- Pescarias sedentárias' 456 -_ A
34. V. capítulo XLVT. conservação dos recursos vivos do altamar nas conferências interna-
35. _]ã em 1926 encontramos em Washington uma conferência internacional CEOHGZS.
convocada para apreciar a poluição das águas pelo petróleo. Em 1954 foi concluída
uma convenção sobre o assunto em Londres, que foi revista em uma nova con-
venção, concluída em l962. Cabe ao Estado onde o navio está refugiado aplicar
as sanções. É de se lembrar que o petróleo apresenta perigo de incêndio e causa
*fo-3*-P@S°a£9S$“íH2$-Çliëã .5.1s_b9.i.ff_i1t‹i=~¬ .siaii.s1s..i1iiP@itân¢iaf. Diversas
danos ã flora e fauna. rn
l ãfeaasâsê.ssa1iii1sa.aLtfi....ss§sasiê!rtisiits-§s..P.s§_s.%= Os habitantes da Islâfi-
dia, os as costas da Noruega e do Peru, etc. Como Já vimos, ;_i__ própria
35A. O navio “Achille Lauro” , de bandeira italiana, foi tomado por uma facção
-i ` 15P1_¡'~f1__$T3`1l{L_Í_(§_1`¶f_>_§1j_1_Í_í;{{gÍI_1I¿ldo mar territorial -prende-se, acima de tudo,
da OLP na costa do Egito a firn de obter a libertaçãode 50 palestinos presos em
a.PÊ$Çë.- i ' 1 ` " "" ' '
Israel. A Síria recusou que o navio ancorasse no porto de Tartous. E feito um Tem-se considerado que o déficit de proteínas na alimentação mundial
acordo com o Egito, em que os palestinos se entregavam desde que pudessem podera ser eliminado com o aumento do consumo de peixes?
partir livres para a Tunísia. Após eles se eiitregarem é descoberto ter sido assassi- G

4 O come_rcio'm_ttIÊi.Ç1.1a_l,d__‹-2 _p_rodu_tos de pesca é dominado internacional-


nado um cidadão norte-americano. Os EUA solicitam a extradição e o Egito nega.
mente pelos paises industrializados como os EUA e o Canadá (M Ben-
Eles partem em um avião público egípcio para a Tunísia. O avião não consegue
nouna)
permissão para aterrissar na Grécia e na volta para o Egito é obrigado por aviões í.
norte-americanos a descer em uma base da OTAN na Sicília. Os italianos, com as ' 451- §__Í_Lb.<ir_d_šl3i€_de_pesca foi sempre encarada como sendo uma das
suas tropas, cercam as norte-americanas e impedem que os americanos embarquem liberdades do alto-mar. Esta posiçao decorria de se considerar os recursos
em seus aviões os terroristas. Eles acabaram sendojulgados e condenados na Itália piscíctilas inesgotáveisf*
(1985). ` _' Atraves dos seculos, a liberdade de pesca foi afirmada, até que, no fim
36. É de se lembrar aqui os sistemas de aquisição de dados científicos _(SADC) dO 5651110 XIX, diversas especies, principalmente os mamíferos, baleias e
que podem ser guarnecidos ou não. Os primeiros são os navios e os segundos focas, começaram a diminuir devido aos métodos predatórios utilizados
podem ser fixos ou móveis. Eles têm aumentado de número. A questão era a de fi PÇ1_<>§|_ApeSÇadores_ç, caçadores. Eni conseqüência, começaram a surgir tra-
se saber se atentam ou não contra a liberdade dos mares. Existem tratados que :iadospara a regulamentação da pesca de certas espécies marinhas, a fim
cuidam deles, como o de 1965 entre a Dinamarca e a República Federal da e evitar o seu desaparecimentofi Salientam Pontavice e Cordier que “a
Alemanha. ' noçao de gestao racional dos recursos vivos do mar e de conservação das
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especies fez o seu aparecimento na sentença arbitral de 15/8/ 1893, que
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colocou fini ao conflito aiiglo-aniericano relativo às focas iio estreito de c) A Coiiferêiicia de Geriebm deu ao Estado “flirtritos prioritários iio
Belii'iiig”_ Os árbitros fizeram nina iegiilaiiieiitaçao estabelecendo zonas alAt_`o-ligar' costei'ro"¶ão“s`eu 'teiii'itÕi¿io_ Estes:d_ii'eitos prioi'itziri0s peiiiiiiiteiii
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de proteção e a proibição de matar as fêiiieas e os bebes, etc. ao Estacihómopcnliiiâito de regulamentar a proteção e a conservação dos re-
A roteção aos recursos vivos do inar, proposta pela primeira vez por cursos vivos no alto-iiiã`r."`Alegoti-sei que o Estado no “alto-mar costeiro”
jos `z“`éfi`T925ftiioiixieuiifiiaiieištrição ã liberdade bpesc_a_,__que tem um “interesse especial ” na região que os demais Estados não possuem;
*não pode mais ser entendidã_ñ‹ãiii_séii_sÊÍ1'iÍlPÍÊi_i)Ê?iÍi¡_ͧ€m_N;1 Verdad°`=.E§fl1_f$Ê entretanto, ele não poderá entravar a liberdade de pesca. O “interesse
§us't'eiiÍãdÉ›_`qiie`ã'li5ã*dãde de alto-mar é essencialmegnte l_iberd_a_d_e especial” do Estado costeiro consiste “em manter a produtividade dos
Inãveigãçãofieivquei áiliberdade de pesca teiiaiisido acrescentada posterior- reciirsos vivos do alto-mar próximo às suas costas” (artigo 69). Tais direitos
mente, uma vez que o alto-mar não está sujeito a nenhuma jurisdição: foram dados aos Estados costeiros em virtude das reivindicações formuladas
Em conclusão, a liberdade de pesca atualmente não é mais entendida pelos asiáticos e latino-americanos, beni como em virtude de a mencionada
no seu sentido absoluto, mas como estando sujeita a restiições. F
f Conferência não ter consagrado maior largura do mar territorial, ou, ainda,
452. Diversas teorias foram elaboradas com a finalidade de jugstificar a_ existência de uma zona contígua de pesca. Esta idéia de um “interesse
especial” já é encontrada na obra de William Welwood (1613).
as restrições, isto é. a_.i¢sv..1.amenwsã:0 da_lib_sr5ias!s_§1s__Ps§sê1= _ d) A convenção de___1982 não menciona mais os direitos prioritários
a) Pr_in_cj_p_i_o___da abstenção. Foi elaborado, pela primeira vez, em 1923,
tim acordo entre o Canadá e os EUA para proteger o “halibut” no Pacífico para o_EFstadoi"'río alto-mar costeiro, mas o obriga a adotar as medidas
fl necessárias em relação a seus nacionais para a conservação dos recursos
Norte. Foi utilizado posteriormente, em 1952, em uma convenção, con-
v_`iv'o`s_ no alto-mar, b_em_ como determina a cooperação entre os Estados
Clllída em Tóquio, entre os EUA,japão e Canadá sobre pescaria no Pacífico
Norte. Este princípio afirma que quando um determiiiado estoquewrle p;ami_:¿r_|__aúngir tal fim, cabendo aos Estados determinarem os limites de
captura. De um certo modo pode-se dizer que nesta convenção predomi-
peixes é explorado por um ou vários Estados, de modo que ele produza
nou a idéia de conservação por meio da cooperação sobre os direitos do
o máximo e esta produção assegure a conservação do estoque, _os__d_ein_ais i
Estado. Por outro lado, a regulamentação desta matéria na Convenção de
Estados deverão se abster da exploração deste estoque¿__hO.E_st_ado costeiro
Montego Bay é bem menor do que a existente na convenção de 1958.
Pão a›_têfiê_.;zlz1;i.sês1s fl_ Ssalzãtst- Parece-nos que isto decorreu de dois fatos: a) a extensão da jurisdição
TO fundamento "Êfoipriincípio da abstenção é que se outros Estados J.

nacional para 200 millias, o que abrange quase todas as regiões de mais
entrarem na exploração de um estoque nas condições descritas o seu __ I
Í densidade de pesca. A zona econômica acaba por restringir a liberdade
rendimento diminuirá. Este prin,cíp_iQ__ ?!Sͬêl?_9l:l__§É_'3E§l.__C.2_1ÍÊTjÊllí_f'1d9_!3š1_..Ç91Êfe' ¬v.¬
f,J
":
-5-~..-.-'_.-1_'_.i'.:
de pesca; b) a convenção sobre pesca e conservação dos recursos vivos do
rência de Genebra, vez- que ele traiiã maiores vantagens para __os alto-mar concluída em 1958, foi entre as quatro aí concluídas, a que téve
grandes Estadospescadores, já explorando maior número de estoques, e _-,_
'NI
menos aceitação. -
inclusive não há ainda um conhecimento científico perfeito que seja capaz '-J

453. _Na Conferência de`G_e~n__e_b¿'_¿¡5_dpas teses surgiram sobre a regula-


de dizer com exatidão se a exploração se encontra em um nível “ optimum”. mentaçao da
_ ---¬----- - - - 'r ""““"'~---_.____.__ .__ _____.' _-.-«_--1_.¬l

Ô) Alegou-se, ainda, para justificar as restrições ã liberdade de pesca, . pesca ___ erii alio-mar: a regulamentação üi`i`ifãterãf'e
6_______________,____,___________,______.___.-__ __ _ _ a regu ..-._.._-.a-
'men taçao conv"êfi"cio`i`”iã"lÍ -
a "necessiclade__econõmica vital” _ Ela se aplicaria, sobretudo, Aãque_les_klf¿sta- A regulam*ent_a_çã_g_`da_pesca em altomar costeiro seria feita unilateral-
dos, coiiió a lslãinudiial,-“qué"dè`pendem essencialmente da pesca para a sua iiiente pelo Estado. Esta posição foi defendid`á,"aci'ma de tudo, pelãš"p'e-
sobrevivência. _ _ '
t___3
'_1"-_;
-'-::-
-.-I
z,-_-_. qiiié-nas potências marítjnias. Ao contrário, as grandes potências propug-
'``-°-_;
`_=fz-;_-.
:~-:ã+¿;_:l¬=¿;-z__è=1`z.~“-_i3è.'~Zií;
Em conseqüência, deveria ser evitada uma superprodução, que baixaria _.|_.
naram pela segunda tese__
inevitavelmente o preço do produto, acarretando prejuízos ao Estado cos-
1
.1-
A convenção sobre pesca e conservação dos recursos vivos do al to-marf-
teiro. concluída nesta conferência, procurou conciliar as duas posições, dando
Ela chegou _a justificar, na Conferência de Genebra, a aprovação de certos direitos como “veremos” adiante, masiiaiiib-éiii
um dispositivo dando ao Estado “direitos preferenciais” de pesca em alto- assegurando a igualdade e interditaiido a exclusão de qualquer Estadoide
mar “ em reg'iõ_e_s adjaçeri t_e_s_ ã_ zo_na_d_e__pesca_ri_a§__Ç9§tei.tTa$_'Í. _S_¢ ?i_.ÊÇ.0_1_1.Q111Ía __.:

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i E-¡.Ê~ä'i¬‹-â.'l›hi. -i.~_-¡
qualquer zona piscíc_u_l_a.
Ê1'5"Êšfig§_íç§`i_i'_fçiss¢ ,_baseada_fundamentalii1en.te. na.__pes_‹:a.- OS seus direiws '. 'Â'.f
-:-
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-ft.
'Na Convenção' de' 1982, repetimos, na verdade predoniinou exclusiva-
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€Xistii'ia_in na “medida tornada necessária por sua dependência a respeito ›
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mente a cooperação. internacional.
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da pescaria”. Este texto, aprovado em uma comissão para atender à Islân- ._5.'i _;'f
-4 ~.z.-». '-_» 'Í5 ..
Vamos abrir aqui- um parênteses para reproduzir observações tiradas
da obra de D. Vignes “et allii”.
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dia, foi rejeitado em plenário. , Ii:É_ ;_._ lb . .


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Uni regime de pescarias estabelecido por dois ou mais Estados pode


O regime da pesca na zona econômica e complexo, porque ele é regido adotar os seguiiites criterios: a) quota nacional (convenção sobre pesca da
P¢!,a.Í1Í¢Íáí§.la_Çã.9__919_:~?ãE%_€1?.Ê_P.?lí*S..**°“1“5. ¿'f' °@1“'~ d“_1_982; baleia de 1962); b) O denominado de “Estado representante" (“agent
F O Dl das Pescarias é econômico porque rege a utilizaçao dos recursos state”), em que dois Estados são encarregados de fi's€ãli'z'ãi' os “r`ebanhos";
‹z também iééizico z ¢i;zítífi¢ó,1_po¿~çqiiç_ prataçta_çi_{gij§§1¿9z§1g§¿r‹;_¢vr$0§ fifltfff por exemplo, a convenção sobre focas (“fur'"seãl”)',"eiiire'Rú'ssi`ã," EUA,
países i›‹›t›ra.<¢..1fi‹=,_<>S.-.E..vfli..f%ifsi*9.P¢1ífi€s›.1°<>%¢?#:§s_fârs.t._9.rs.s.1F. s d°"31'
nado pela “ creeping juiisdiction” (jurisdição crescente), que ea e`xt_‹-.*i1S'‹10
japão e Canadá, de 1957 (einendada em 1963), dava aos EUA e ã URSS
esta função;7^ c) Goldie propõe a criação de empresa pública multinacio-
crescente idaijitiriisdiçãiõhdõme-siaflõ cósteiro_ sobre as zoinas _de`_ñfi_ar_ ad_]aC‹-:I1l€S nal.
ao estado costeiro. O ano de 1882 é considerado fundamental nesta ma- Diz_]ean Carroz, em 1983, que nos últimos cinco anos foram concluídos
tÊÊria;"ê"'quehfoi concluída uma convenção sobre a pesca no Mar do Norte cerca de 200 acordos bilaterais de pesca. P '
entre a França, Grã-Bretanha, Bélgica, Países Baixos e Dinamarca sobre a i Várias conveiições`p1`;eiiêei”ii"'a "criação de comissões de pesca, sendo
conservação dos recursos. Em 1995, foi concluído no âmbito da ONU que a maioria delas operano Oceano Atlântico. Elas apenas podem fazer
acordo sobre conservação e gestão das pescarias. _ recomendações, que só são obrigatórias para os Estados participantes que
» A pesca se sua por dois ‹1fi.Pš_f_i95:;9-Ié9.me!;‹11!.9rf;%ä1s..9etsh.:fetal não se opuserem a elas em um lapso de tempo determinado. As poucas
admi%TE1"'ë"¿`äi5ifiiíãí?-YiiiëÊi`5Íf?*ÍêÍÍ1i¢SB_¢i%=111-£Fit<ã1É9§_.€1.<:f-1§f£$Y <`m'‹1>=1m“"“ comissões que podem elaborar regras obrigatórias são as que exigem una-
siistainablefyieldfä-'rfeindimeiito coiistante máximo). É nimidade para as suas .decisões e têm um pequeno número de membros,
“_Ã7p'Ésca`no alto-inã'r"e`st`â i1`šan`d"õ ñovó`s`é`i`ige'nh'Ós de pesca que tem tais _como a Comissão de Focas do Pacífico Norte (quatro membros);
aumentado muito a captura, foi dado um alanne na Declaraçao de Tarawa, Comissão Mista de Pesca do Mar Negro (três membros); Comissão Inter-
em 1989, por estados do Pacífico Sul. - nacional de Pesca do Salmão do Pacífico (dois membros); Comissão de
454. Na vida internacional, encontramos diversos casos de regulamen- Pesca Soviética-japonesa' (dois membros). Inúmeras outras comissões de
tação convencional, bem como de regulamentação unilateral. _ pesca podem ser citadas: a) Comitê de Pesca para o Atlântico Centro-Oeste;
A forma convencional é muito utilizada, a fim de evitar litígios no b) Comissão Internacional de Pescarias do Atlântico Noroeste (convenção
mundo internacional. As convenções normalmente permitem aos Estados de 1978); c) Comissão de Pescarias do Atlântico Nordeste (convenção de
contratantes exercerem poderes de polícia neste assunto nao apenas nos 1959); d) Comissão Internacional de Pesca do Báltico (convenção de 1973);
seus navios, mas também nos dos demais contratantes. A sua desvantagem l e) Comissão Internacional de Pescarias do Pacífico Norte (convenção de
é que as convenções se restringem apenas aos Estados. contratant€S 6, 1952, modificada em 1978); f) Comissão de Pesca para o Atlântico Cen-
muitas vezes, a não participação de um Estado na convençao poe todo o tro-Oeste; g) Comissão de Pesca para o Oceano Índico; etc. Os acordos
sistema a perder. Entretanto, diversos tipos de pesca foram regulamentados multilaterais não têm produzido muitos resultados na prática. _
convencionalmente: salmão (EUA e Canadá em 1930 e em 1985), baleia
(com várias convenções, como a de Washington de 1946) e de- focas (con- |
As Obrigações ,.f1-PS. E§.ts_d.<>§.s1?1 .13??!štia_.§i.s__¢9_1r›sn:a§ä9.-a9r›...t¢rm0tds
t decisão proferida pela-CI_], em 1974, no caso sobre pescarias entre Grã-
venção de 1911 e de 1957); a convenção européia de pescaria (I9'64)'; a Bretanha -U. Islândia são as seguintes: a) adotar medidas de conservação;
convenção para a regulamentação da Pesca Pelágica da Baleia na Antarctica b) utilizar as informações científicas; c) cooperação- entre-los _Es_tãdo-s;mc¬Í)
(1952); convenção para a conservação do camarão (1958); a 'c0n\'€I1ǧ10 -Y

neãfiãr""visan%ÍfiÉõ'fiseriiãçãõ;"iè)_i' fazer a troca de-"dãdos"científicos; j)


para a preservação do “halibut” no Pacífico Norte e Mar de Bhering (1953); i:i-'fiiiõimliíiziivefifi idiscriniiinaçãouentre os Estados. A sentença afirma que o “lais-
i
convenção sobre as pescarias do Atlântico Noroeste (1949 e 1963); acordo sez-faire” em nizitéria de conseivação foi substituído pelo dever dos Estados
de Conservação dos Recursos Naturais do Atlântico Sul entre Brasil e na_ conseivação para o benefício de todos.
Argentina (1967); convenção para a conservaçao de focas na_Antart1da il
'.\ A regulamentação unilateral tem por-fundamento-o interesse econô-
(Londres, 1972); acordo sobre a pesca do salmão no Atlantico Norte mico. doiEs'ta"clo em proteger apesca no alto-mar costeiro. Por outro lado,
(Washington, 1972); convenção proibindo a caça às focas na Ilha ,de S _.¿

estas declarações uinilaterais tinharn a vantagem de impedir uma pesca


George ao largo do Alasca (l973); convenção sobre a pesca no Baltico predatória. Elas surgiram exatamente por inexistir uma regulamentação
(Gdansk, 1973); convenção para a conservação de recursos rnarinh_os vivos internacional sobre o assuntos
da Antártida (Camberra, 1980). Em 1989 foi concluída convençao proi- ;-,.
1z»,.,.› A___il_i_zj¿i_s____c_éle_bre regulamentação uni__lateral é _a“Procl-amação do Presi-
bindo pesca de arrasto no` Pacífico Sul. Em 1997, foi concluida em Maziuro _ .;.
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d_e1_i_t_e fl¡`__r_u_1_i_ia|n,, de 28 de setembro de 1945, sobre pescarias, divulgada no


¡: .

(Is. Marshall) uma convenção sobre a conservação e a gestao das especies 4 -~Í= mesmo dia da proclamação sobre plataforma. A proclain_aç_ã_o sobre pes-
altamente migratórias do Pacífico Centro-Oeste, etc. , L.
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As pescarias sedentárias existem no Mediterrâneo desde o seculo VI
carias se fuiidaineiita no fato de que a conservação dos recursos do alto-mar
para a pesca das esponjas e do coral. No Oriente (pérola, coral) também
interessa a toda a sociedade internacional. Os EUA previain dois regimes:
datam desta época. No século XIX elas apareceram na Austrália para a
I-Íiseiiãvipescaiiifosse iiiaquiela áreia "pii*_L_iÍt_i_‹_:'a#‹_Ida__p_elos_es_ti'ang_eiros, estesficonti- D.

pesca de pérolas.
iiuariain a terwohdireiiioidieiiiieãlifiálla e os EUA concluiriam convençoeS; 2)
seiiio loicalflai peišcãwsómfosisei"praticada pornorte:aine_iÍoan_os,fle'les teriam o Elas 5ã° regulamentadas .d°Ê.1[.f.°...ÊlÊ..fiÍ£*É_ÉÊ?.1Í!£Ê§..§Â§Ê$Ê!?1??$¡9 0) libfifdadfi
direito exclusivo, 'mas se 'su_b_ordinaria`in ãconservação das pescarias. Existe t=s~1lomom=*dí‹1= =1_Ps$€ë.f;.!i\'£s.P=ee .t94o§ê. o.Pf=.1i_oo_§.o;Y.s .ooior..ooJ.oi1o.o.¢sit1oo
limitações, como o estado de pesca,_o__tipo_de_engen_ho_s_,_etc. (ex.: pesca
na proclamação uma cláusula de reciprocidade e os EUA reconhecem aos
do coral em Tunes); b) o mais_uEiuliz'ad_c_›___é_jogsisíema deautorização prévia,
ÉSWÍOS <fSl!`ê128.<?.Í.{9?`:. .9c_.<¡_{1É*ÂÉ.<Í_ÊÊ_..fÍ“.ÊÊÊÊÍ- '.'1PÍ“.*. ÍÊ5'{laIPÊ.9ÊÊÊÊÊ . §.Ê.ln.Í3l.h¡Í" te'
E interessaiite observar que não é fixado um liirnte para a produçao e ao seis..Rsi§s._%é-.R9í1.š.,%sf s?<¢.f°i_¢o _oPó%1%.1iio._!í€s11Ço ¢ö`E?4íod° floovfifo
(Austrália, India); c) em outros casos o Estado costeiro faz um arrenda-
apenas diz a proclamação que os EUA estabelecerao zonas para a conser-
vação das pescarias. Ela visava proteger o salmão na Baía de Bristol (Alasca) mento (Tasmãnia).
da incursão de pescadores japoneses. _ __ _ _ ' O que se pode observar é que todos os Estados regulamentaram por "
‹= unilaterais
meio de atos - - io as pescarias sedentaiias.
» '
A proclamação acima, que revolucionou o direito marítimo, foi imitada
por Estados latino-americanos e asiáticos- Estes Estados, entretanto, de um Os -Estados se consideram, como podemos verificar, verdadeiros pro-
modo geral delimitaram a extensão, que varia de 50_ milhas (Coreia) ate prietários dessas pescarias localizadas no alto-mar. _Diversas_ teorias pro-
200 milhas (Chile). Por outro lado, a Proclamação de Trtiman Se r€f€I`12-1 curam explicar os direitos dos Estados: ci) o Estado _teiia_di_1*eito_a elas,
apenas ã conservação das pescarias, enquanto que estes ultimos Estados porque há a ocupãçãõädõmleitõfido mar (Hurst). Ora, o alto-mar não é
falam em conservação, plataforma e mar territoiial, confundindo assim as passível de .oc-upaçãofuinã vezwqu-e elemiião é “res nullius”; -b) aplicar-se-ia
diversas noçoes. _ _ O _ a__te__o*_i_'ia_da___pr£sciiçã_oÇaquisitiva (Scelle)- O Estado, em virtude de um
455- As pescarias sedentárias estao definidas no inciso 2- do 13 longo uso,_passaria a ter a propriedade sobre tais pescarias- Comojá vimos,“
da Convenção de Gëii`ebi`ã` _V1_V__C_>-Í3 a prescrição aquisitiva ocorre apenas em território que pertence a outro
ao zí|t<›;¡fiàr éómó"àéú'ã¿ízqííëizšíëšëâiíäšfqafifsífiigiizazii de ons¢1}h9o Estado e não em território pertencente ã comunidade internacional; c) as
munidos de suporte qiieÍ*sã`o"f`ii€ãÍl'õ§'iiiõwšõloi de rn_o_do'_fixo›_e queiai sao Poooofioo S@<1oo.tá.1ioo._totiê.iiL.9ê_.iiLfái3i.9§,i-.iâoiísíoâ-.s!.oâ..is.íiáadioooooo dos
d'eix“ãE1õš'Éõiii'fiii`s""de'iiÍiIi'iaçãõ"ͧéi¿i¿nane'nte, ou que, se eles são retirados, E_otês1si§.-si§_‹_19müi.š.9_ d.‹.>_o__.1i1â=i_1.:‹=-;â._.(.ts=-:o1fi;‹ioo-.diroiio-t.oa1.iioro,l) . Elo não joe
são recolocados em ‹':'ada'estaçãõ, i¬iõ 'íiiesii'iõ"lõí:ãl”`Í ` 'S " ` _ Í tificaria as pescarias sedentárias que surgiram no século XIX, quando a
Sobre esse conceito iãciiiía"tem 'surgido _¡§L_ciit_ica de que a noção tradi- liberdade dos mares já se encontrava estabelecida; d) a ,teoria das águas
cional de pescarias seden tárias abrangia também a pesca das especies fixas liis_t_o'_r_*icas_- segundo esta concepção as águas das pescaiias sedentárias
no leito do mar. Entretanto, estas últimas foram incluídas no regime da _são ágiiãs históricas, isto é, em virtude de um longo uso e da aceitação
plataforma continental como sendo do direito exclusivo do Estado costeiro. pelos demais Estados elas passaram a pertencer ao Estado (Ferron)-
Em conseqüência, as pescarias na plataforma continental estao submetidas
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A iiiolhot§.onǧi2‹;.äQ.I1Q§Pors.oo.Sor.osto til!-i111o› uma vozsyf-' H <10fl¢¢PÇã.o


a dois regimes jurídicos, que poderão trazer conflitos: a) se as especies dos direitos _histór_ic_os tem sido largamente utilizada iio DI Marítimo. '°
forem fixas, elas pertencem ao Estado costeiro; b) se elas forem .pescadas 456. A conservação dos recursos vivos do alto-niar' te'iii"'sido“õbjeto de
por meio de engenhos fixos no leito do inar, o Estado costeiro -pode estudo em diversas conferências internacionais.
regulamenta-las, mas ele é obrigado a aí admitir os estrangeiros, a nao ser A 35 Reunião do Conselho Interamericaiiodejuriscoiisultos, realizada
que somente os seus nacionais a explorem há longo tempo. A coiivençao na Cidade do México aprovou os chamados “Pi_jin_çípi_o_s__do México
sobre conseivação faz assim uma restrição aos direitos do Estado na pla- _s_ol_)r_e__Regirne_j_ti_rídico_do Mar”, cujos trabalhos foram debatid_os no seio
um

taforma. _ _ da lê Comissão, presidida pelo representante do Brasil, Professor Linneu


A Convenção de 1982 leva em consideração as críticas acima e no art. de Albuquerque Mello. Entre estes princípios estavam alguns sobrea Con-
77, alínea 4, estabelece: “os_or_gan“isi_nos_ vivos pertencentes_a especies se- §oiio<:‹Íio slsi.fo€9.i§9§__tii°šÂšiãiéšššiiäi”l"Êiii`ë.Í`%ii<Ê5`ëÍëÊíâ`›ãiIÍoiifoiiofl do
dentárias, isto é, aqueles que no período de exploração estao imoveis no os Estados costeiros adotarem medidas de conservação iio alto-mar_próxi-
leito do mar ou em seušu`lis`o`lõ`öi`i`šõ`ñi`êiiie"pbilêiiif mover-se em COHSIHHIB ffi5'Êš"šÍ1Iá͚ʧÍ5¡=ͧÍÍ¿'flͧ§Éʧ>Í.1Ífiš._šÍi3_"í§;ÍáéÂÊéäiam..Êii$f;1fiiIi.inof. comia oštrán-
contato como. leito do__iiiiir_Íf'i'_'Esta"definição está inserida na parte da geiifos e ii_êiiii_vi.olj._iria_r1i` osjaçordos iriternacioiiais existentes; c)_ “ os Estados
iÍíi>_¿=áiiiiifi.¿?.š§ÇÉÍ<à'ii.i"Íz`..§¿lÂs..1ii2.Ú;.ͧ;¿iiriíii§f_äÍ.š-išiãlšiiišão'Íeššš;ltaiva.._cio§.-Íšrišoios
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cõE'êii_‹;ão-que trata da plataforma, sendo que as normas aí aplicaveis nao › zi. 1


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o são na zona econômica. _ ¬ '. 1.'

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_
Eiii 1956, a Confereiicia Especializada Interamericana sobre Preserva- dos recursos vivos do alto-mar nos diversos tipos de exploi ` i
ção dos Recursos Naturais: Plataforma Submarina e Aguas do Mar (Cidade _ , _ - -"‹içao:
1) se a exploraçao e feita apenas por uni Estado ele din .rs nomns
'l`rujillo) concluía: a) para a consewaçao dos iecuisos do altoinar os "
para os seus nacionais;
~ -. , - - -- - - _ _____,f____________H_
1 1. c

Estados deveriain cooperar entre si; Õ) “o Estado ribeirinho tem um inte- g I 2) se a exploração é feita por diversos Estados _- a ¡-¿.gu¡.uncmaÇã0
resse especial na produtividade continua dos recursos vivos do alto-mar I .ni ' ` ' -
devera ser feita em comum e levada ao co_¿i_I1<;;'i¡1~,¿¿¡¡__¡_Q dó d"¡¡';'¿'¿'o'-¡_-_š¿;¡;l¡~-aa
' ' " - -- . Í

adjacente ao seu mar territorial"; c) os Estados não estavam de acordo FAO; " "'“~~---~- -› -- - -
quanto ao alcance do interesse especial; etc. 3) no caso de existir uma regulamentação para detenninada área e ai'
Em 1955, reuniu-se em Roma, sob os auspícios da ONU, uma confe- C1 iegarem novos_E_stados
Ú T:;””iWTi"~- E HT" para exploia-la, estes ultimos
'Í""Í""'"_"“""Í?"'z"'_"mr*-':*=** deverao
~'~'-------------- _. gt; cünfm-_
rência internacional para estudar o aspecto técnico e científico da conser- mar c_orn.a regulamentaçãojá existente. Entretanto. se esta regulaiiieiitação
vação dos recursos vivos do alto-mar.” Esta conferência realçou a necessi-
faz d15C1`1m1112iÇ0€'S, 21 questão pode ser levantada e levada ã (`omͧ5'ão
dade da cooperação internacional para uma real eficácia da conservação G __
Especial para decisao;
_ _ J
.
dos recursos vivos.
' 4) L}I_1}__l5iS_l§1do_ pode pretender regulamentar uma área de alto-niar
Em 1958. reuniu-se a Conferência de Genebra, que _coi_i_c_I_ti_i__i._i__~tim'a On ' ,ITE Tzñƒ' 7 Twin* _ñ7 'kz '"7'i' r '”'*"""'“' " --------; _ . _ _
_deffSÚUSJIflC¶Q{1H§}'§_m1:1Ío›__pescam. Neste caso, ele requerera aos Estados
convä ção isõbrie; piésiciaiiiehc_óii'sÊi¡vãção dõsrsos_jÉ}§os__do__alto_niar_,___que _
Çjllfi _‹-}{__j__3¬f-f.'_1”_Ê_:›¡=t__r_1_iÍa_ regulamentação da conseivação dos recursos `vivõš"ã'p'r`e`-
passaremos a estudar. I-
sentando as razões ¢i@n¡s¡fi¿z;§:¡§;¿,,;¿,'¡¿¿¿j""--ri'¬¬ -'~;-:~~--~--~---¬~------ - -
Esta convenção tem como linha fundamental a conciliação entre o
“interesse especial do Estado costeiro” e a liberdade de pesca. Ela obriga
' A c0z;¬.téfl=^ 'rs
_ i
nçao, em todos os casos em que os Estados devem chegar a1P S _
gm acordo sobre as medidas a respeito da conseivação, dá um prazo dc
os Estados a concluírem acordos sobre a conseivação. Aexpressão “con- fd oze me sels para ' a sua' conclusao.
` O litigio
' ' ° no fim deste prazo . sera- subme-
servação dos recursos vivos do alto-mar”, segundo o art. 29 da convenção, Ci o a É uaOq`iI.ier um dos modos de soluçao f pacifica
z f . previstos - iio art. 33 da
significa: “o conjunto de medidas que tornam possível o rendimento 'op- Hffd a U, se as partes concordarem, ou a uma comissão especial, a
timum' destes recursos, de modo a elevar ao máximo as disponibilidades pedido de uma das partes.
de produtos marinhos alimentares e outros”- A conservação deve visar a r

_ A Comitssao Especial, prevista no art. 99 da Convenção, é formada de


alimentação humana. cinco menli: rocs nomeados pelas partes. Entretanto, se no prazo de três
Os Estados costeiros, pela convenção, possuem direitos e deveres em l
H] eses os sta os nao chegam .a um acordo sobre as pessoas a serem
i*elaçã'õuã~hc'õii's*éi:\?§içã`õ dos rectirsos vivos do ãlÉÍ”i`Tfii rei tos nomeadas, caberá ao Secretário-geral da ONU indicar os membros que
podemos mencionar: a) o seu “intei'esse'especial” fia* consen'açã‹;l'É)s não
L serãd_o'sudl1tos ' ' de nenhuma das - partes. Todo Estado parte no litigio - - -
rêciirsos 3 vivos iio" ãItioÍiiiiãifIicosÍêi'i:oÍi;ÍÍi Íêni iioiifdiireiitio 3 de pãfticipar nas - em o ir eito e indicar um sudito ' ' para fazer parte
. da_ comissao- - sem direito
- _
régulãmeiiiãções que HfõifëiiffeiiitãsiÉÉsta7mÊiii'éiiPá'"vis'i"1ndo izifãiliíõ-iiiãricgosfeirõ de voto. 13 A comissao ' " decide ' . ~ ° no pi._azo de cinco-
por maioria - -
meses,_salvo
áÍ<5"äÍëÍvÍÊsÍfftÍ_ͧÂf1'<'i§Í_¿)Í_ͧf_í_ÍÍ'Ê=íÍ'1_i_í¿?'_'Â_¿_1.f<f-í§Íá¡ÊÊÃii1.šÂêlÍ'LÍÊië'dÍ`dÍÍš'ÍÍfii'Íä'f¢Éêl`ííÊl§.3I_§Ç§§Êíf1ã1T
J

prorrogação por três meses em caso de necessidade. A sua decisão só é


acordo entre os interessados. As medidas unilaterais só são obrigatórias obrigatoria para as partes.
pfiãiiai-'õsiesifãiigeiriõs -se preencherem as seguintes condições: 1) se houver
_ _ÇQI}\ffíI}§_ao_df_._I982_ estabelece poucos artigos dedicados ã conserva-
urgência; 2) se elas tiverem fundamento em elementos científicos; 3) se
Ç_f‹;?_C_>___§Ij_C__>§__i:§if_‹`:_ti'rso_s vivos no ÊÊÕ-niar.“ Eles*Êl"êiê:iii'fiiÍim;Íi'ElÊv"érTd'ë` o"EsÍa`do
não forem discrimiiiatóiias contra os estrangeiros; d) direito de participar

nas pesquisas sobre conseivação iio alto-mar costeiro ao seu território; e) *°_fl“st_.91siQ_1_do§__m_r_<:f_1$ë<2__o__ãsvã_1io_siotei_o riáoiflE153 o ooí*i'o‹Êii1i ‹3¡2íoi. 'Doio14-
piina zqin a a cooperaçao en__tre__os Estados para__“z_1_ çongenzaçäü Q adm-,in¡5_
em caso de conflitos sobre medidas de conservação prevalecerá a do Estado
costeiro, uma vez que ele pode se opor ã regulainentação de outro Estado draao :
Ç ,-105 “IUYSOS *''1''~'_<-`.›_%._-_f'
u evera- evar em consideraçao

°¿.<_>__€1<;f1@f122i
r os dados . -
.-t1‹âi. __as;‹imais
cientificos
i>i_i -i._â4_i "
¿‹-âtii iooiifol o Eoiodo
ficfedignos, visando "
no alto-inar adjacente ãs suas costas. Nestes casos a prevalência das suas _I1t€_I` OU feStdbCieCef
I ÀS
" ' _ q_¡_iS
. 7 ' , -a niveis
I -

medidas de conservação será por pouco tempo, uma vez que ele, Estado que possam produzir o maximo rendimento sustentável em relação aos
costeiro, deverá iniciar negociações para que sejam tomadas medidas em I I _- ' T ii' i ii `.`_'"'_7§`“`-¡"" """'š""""""““"""-"-*:'---'------;~------ -------..._-.__-.---._. ......-_

comum pelos interessados. _ - Oršiamblemals e ec°nQ_m1__C°$__ _PÊÊÍi'ÍÍÊ__'.1_Ê'Ê_5›_.UÊÊ1“_1d?$1:Q$_ 11?-ÍC_<f35_51Ç13-_d<'3S


especiais dos_Esta_d_os em desenvolvimento, e tendo em conta as modali-
Os Estados costei_ros_têm também deveres: a) o principal deles é' _o__-_c`_l_e:_ Í dades de pesca, _¿'=_l“interdep.oi3d_ênoi_a__d_as“popiilações e 'q'tiaisqu'er'n`õrinas”
ooopoifoif ooiiooooooíooãoâ _b>_íoäoi>oooii1.tous;iaâëiäoosiofifimiooflómfiooi internacionais, regionais, etc. E i i
cõinfrajesfranñgieiros. __ .'.'
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NOTAS
às esp,-.¿-¡c5 que estejam ameaçadas deve rão ser mantidas em niveis
l. (V. as obras gerais de Direito Marítimo no capítulo XLIII); F. V. Garcia
m-tis
' altos para, ser . mantida
. . _- a sua
_ _conservaçao.
. .- . z › ua 1 uer E sta d O.
-` h ave ra dlscrtmtnaçao em relaçao a pescadores de q. q . - Amador _ The Exploitation and Conservation 'bf th e Resources of the Sea, 1963;
Ndo ' - - ' I' mentaçao mais estrita visando Shigeru Oda _ International Control of Sea Resources, 1963; H. Ph. \-'isser T.
O-. Estado
_----.--z¬ za costen
_---A _- o_POg<1,,¢,__f€*Z*f.r...É}Í.1§'É.-.r.c5LÊ
i, rs” - 4. .. _. . f '_ -também
- -“ dos manu - feros marinhos- I-Iooft _ Les Nations Unies et Ia Conservãitign des Ressources de la Mer, 1958;
a conservaçao . _ A sua conservaçao Philip C._|essup _ L'Exploitation des Richesses de la Mer, in RdC, t. 29,l929.
ser feita por organismos internacionais. vol. IV, págs. 401 e segs.; Alexandre Papandreon _ La situation jnridique des
põcheries sedentaires en haute mer _ Contribution à l'étude du Droit Interna-
tional Maritime, in Revue Hellénique de Droit International, _]anvier-juin 1958;
André Cros _ La Convention sur la Pêche et la Conservation de Ressources
\
Biologiques de la Haute Mer, in RdC, t. 97,1959, vol. II, págs. 1 e segs.; juan
Antonio Carrillo Salcedo _ Funciones del acto unilateral en el régimen jurídico
de los espacios marítimos, in Estudios de Derecho lnternacicinal Marítimo, 1963,
págs. 7 e segs.; Giuseppe Biscottini _ Uappropriabilità delle Risorce Marine e la
Recente Prassi lnternazion ale, in Comunicazioni e Studi, vol. Ill, 1950; B. A. Bayitch
_ Interamerican Law of Fisheries, 1957; Estudios de Derecho Internacional Ma-
rítimo (Homenagem ao Prof. _]osé Luís Azcárraga), 1968; Douglas M._]ohnston _
The Intemational Law of Fisheries, 1965; Richard A. Falk _ Settling Ocean Fishing
Conflicts: The Limits of Law Reform in a Horizontal Legal Order, in The Status
of Law in International Society, 1970, págs. 540 e segs.; L. F. E. Goldie _ The
Management of Ocean Resources: for Structuring the Maritime Environment, in
The Future of the International Legal Order, edited by Cyril E. Black and Richard
Falk, vol. IV, 1972, págs. 155 e segs.; Evels Peyroux _ Les réglementations inter-
nationales de protection des phoques, in RGDIP, 1976, ng l,_]anvier-Mars, págs.
-mz.-_ .- .- ‹. ,-úpg çu-M.u-vgup-_u-|ø¬-¡

104 e segs.; Evelyne Peyroux _ La chasse à la balleine dans le droit international


public actuel, in RGDIP,_]anvier-Mars 1975, ng 1, págs. 92 e segs.; United Nations
Third Conference on the Law of the sea, Informal Composite Text from the Sixth
Session, in International Legal Materials, September, 1977, págs. 1.099 e segs.;
Seyon Brown, Nina W. Cornell, Larry L. Fabian e' Edith Brown Weiss _ Regimes
para o Oceano, o Espaço Exterior e as Condições Climáticas, 1979; Melquíades
Pinto Paiva _ O Direito do Mar e a Administração dos Recursos Pesqueiros, in
Boletim de Ciências do Mar, ng 55, 1982; Anthony D'Amato e Sudhir K. Chopra
--W'hales: Their Emerging Right to Life, in A_IIL,_]anuary 1991, vol. 85, ng 1, págs.
21 e segs.; William T. Burke _ The New International Law of Fisheries, 1994,
Ernesto Rey Caro e Nelson D. Marcioni _ Evolución de las Pesquerias'en el
Derecho Internacional, 1998. Daniel Vignes, Giuseppe Cataldi e Rafael Casado
¬'\T-1'C“-"\'1-f*.'l-
Raigón _ Le Droit International de la Pêche Maritime, -2000.
.-

2. Pode-se assinalar que 0 hemisfério norte fornece 10 vezes mais em pesca
¡- que o hemisfério sul. _
3. E interessante obsewar que Grotius admitira restrição ft liberdade de pesca
no caso de esgotabilidade dos seus recursos-
'l
4. Gross afirma que a tese da inesgotabilidade dos recursos marítimos não se
l
“revelou inexata”, e a conservação teria surgido " porque as técnicas modernas de
exploração, de um lado, e as necessidades aumentadas da Humanidade, de outro
lado, comprometem airepartidão das riquezas marítimas que não é assegurada de
r modo satisfatório pela liberdade de pesca”.

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4A A idéia de consen'ação_já existia entretanto muito antes disso: fz) em 966.


o rei dos anglo-saxões Ethelred Il já proibia a venda de filhotes; 1;) no século XVIII
na Inglaterra já existiam normas regulamentando a época da pesca. 0 tipo de
engenho', c) em . 1907 Gifford Pincliot foi o primeiro a propo-la nos EUA; etc.
Segundo O'Connell já havia debates sobre a conservação dos recursos do mar na
prirneira metade do século XVII. Em 1902, o Conselho Permanente para a Explo-
ração do Mar, em Copeiihague, reconheceu os riscos de uma superexploraçao e
da poluição (Lucchini e Voeckel).
5. Esta expressão é quase que ilimitada, nao havendo um limite em milhas
até onde o Estado pode exercer os seus direitos prioritários.
6. É de se salientar que a tese da liberdade de pesca absoluta nao e mais CAPÍTULO xtvii
defendida.
7. Entrou em vigor em 1966. _
NAVIOS] '
7A. Esta convenção criou a North Pacific Fur Seal Commission, com sede em
Washington. A sua reunião anual é cada vez em uma capital. A Comissão é assistida ou
lu
ni

por: a) Comitê Científico; b) Comitê Administrativo e Financeiro; c) Comitê de 457 _ Definição; 458 _ Classificação; 459 _ Navios de guerra;
Imprensa. _ 460 _ Navios públicos civis; 461 _ Navios privados; 462 _ Na-
8. Os atos unilaterais têm uma influência considerável no DI do Mar: eles sao cionalidade; 463 _ Navios em águas interiores estrangeims,' 463A _
“um dos modos de formação de costume internacional” (]. A. Carrillo Salcedo).
Navios privados; 463B _ Navios públicos; 464 _ Navios em mar
9. A mais antiga regulamentação histórica é uma lei colonial de 1811, que
territoriai estrangeiro; 464.4 _ Navios privados; 464B _ Navios
autorizava ia detenção de navios que se encontrassem nos limites dos bancos.de
púàtlicos; 465 _ Navios em zona contigua “estrangeira”; 465.4 _
I

pérola da India e do Ceilão.


10. No golfo Pérsico a regulamentação é costumeira. I
Navios em zona econômica; 466 _ Navios em alto-mar.
11. V. capítulo XLI.
12. Como antecedentes da Conferência de Roma tem sido apontadas confe-
rências internacionais sobre pescaria que se realizaram em: Sables d Olonne 457. Não é fácil definimios navio e mesmo as convenções internacio-
(1886), Bergen (1898), Estocolmo (1899), Paris (1900). g _ I _ _ nais, como as de Genebra, têm evitado entrar no assunto. Gidel, basean-
13. Estes súditos não estão incluídos entre os cinco membros, isto e, a Comissao djo-se em uma definição dada por Valin iio seu Comentário ã Ordenança
terá cinco membros e mais os súditos indicados pelas partes. . '
de 1681, declara que a característica do navio é a aptidão para a navegação.
14. V., sobre conservação dos recursos vivos na zona economica, capitulo Mar
Territorial.
Após esta observação, Gidel dá a seguinte definição: “ C_)__i_1;z;)¿19_ç_1_g__s_t_1flp§;i°_fifçi_ç_
flã9.Ê..v›.Ii.iei1.t¢_ t‹2s1..v._¢ass=.12.ho,flvtuê1a.ts.z.1nê§ .tado sassah9_z.s.vaiâqaer..av.¢,...
ãÇië!It-.aê..§.v.a.s-.d.i.iii.e.n§sã.es..e_..sua _d.s:.11.omi.nz1cã‹>,. aptas se m,0\f<í11? 11,05 espaços
_pr-_aL:;_
,z-_4¬_;.-Ç marítimos (excluindo-ss Os 011“vã t?f1si9fif›.)..¢0m.9 seriamente e a. ‹-rq.u.ip:é:g@m
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imqiiie Ísãogpiñc'¿pi;i_c_›_§,_,t5=¿i3glQ_,e_r11_yj§ta__os serviços que comporta-a indústria
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necessita de duas explicações: a.) a primeira delas é que
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u- l ela apenas menciona os navios de superfície, uma vez que ela considera
o submarino como estando subordinado a certas normas especiais, como
a de atravessar o mar territorial estrangeiro na superfície;3 b) a segunda
observação diz respeito ã expressão “apto a se mover nos espaços maríti-
mos” _ Gidel escreveu esta definição na sua obra sobre direito do mar. Daí
.iai talvez a origem do seu esquecimento da navegação fluvial e lacustre. To-
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,. davia, grande`número de autores (Ripert) salienta que a principal carac-
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terística do navio é: “navegar normalmente no mar”. As Convenções de
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Bruxelas de 1924 (convenção internacional para a unificação de certas
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de comercio. alrrarigentlo os de propriedade do Estatlo e os de propriedade
regras em materia de conlrecirnento) e de Genebra de 1926 (convençao
privada.
sobre contrato de engajamento de rnarinheiro) definem navio como sendo
Assinala Gidel que as duas classificações do Instituto de l)l mostram
aquela construção destinada “a navegar no mar”. Os autores franceses
a transformação ocorrida entre elas, a primeira inspirada na classificação
(Ripert) se baseiam no aspecto da navegação do mar, uma vez que_a
mais antiga do proprietário do navio, que prevaleceu ainda no início do
navegação fluvial na França apresenta diferenças em relação ã navegaçao
século XX, e a segunda, inspirada na atividade do navio. Esta transformação
marítima: a) a equipagern está sujeita a um contrato de trabalho e não
teria ocorrido em 1910 corn as Convenções de Bruxelas sobre abordagem
sujeita ao código de trabalho marítimo; b) o seguro da navegação fluvial
não segue as regras do seguro marítimo, etc. e de assistência e salvamento marítimos. que estipulararn:
A legislação brasileira que “regula a execução dos contratos de hipo-
teca de navio” (Decreto ng 15.788/22) define o navio como sendo: “toda “A presente Convenção não se aplica aos navios de guerra e
construção náutica destinada_ã navegação de longo curso, de grande ou aos navios do Estado exclusivamente destinados a um serviço
pequena cabotagem, apropriada ao transporte marítimo ou fluvial” Ê* Ain- público.”
da aqui os doutrinadores têm observado que o diploma legal se esqueceu
da navegação lacustre- Levam estas convenções em consideração, conforme se vê, a destinação
Como se pode observar, qualquer das definições pode ser aceita, desde do navio. E a natureza do serviço prestado o critério adotado nos dias
que se guardem as observações apresentadas. Entretanto, talvez seja a atuais, pela doutrina e pela prática in fernacional, sendo ainda o consagrado
melhor definição a que está consagrada no art. 11, da Lei' ng 2.180, de na Convenção de Genebra de 1958, que equipara os navios pertencentes
5/2/54: “considera-se embarcação mercante toda construção utilizada ao Estado e destinados ao comércio aos navios de comércio. O mesmo
como meio de transporte por água, e destinada ã indústria da navegação, ocorrendo na Convenção de 1982.
quaisquer que sejam as suas características e lugar de tráfego”. Os navios se classificam dentro deste critério em navios públicos e
No DIP a navegação marítima tem maior importância que a fluvial ou navios privados. Os navios públicos são aqueles destinados a um serviço
lacustre. Por outro lado, a palavra navio é empregada em sentido amplo de natureza pública e se subdividem em: navios públicos de guerra e navios
na nossa matéria, isto é, abrangendo os navios propriamente ditos e as ›
públicos civis. Os navios privados são aqueles destinados a um serviço de
embarcaçõesf* natureza privada.
A Convenção de Genebra e Mon tego Bay não definem navios. Podemos v
_ 459. A definição de navio de guerra é dada pelo art. 89 da Convenção
afirmar que as ilhas artificiais não são navios a não ser que se encontrem de Genebra sobre alto-mar. “Para os fins dos presentes artigos, a expressão
em processo de deslocamento. A sua tripulação geralmente não é de “navio de guerra' designa um navio pertencente ã marinha de guerra de
marítimo, principalmente as plataformas fixas. . um Estado e possuindo os sinais exteriores distintivos dos navios de guerra
458. A classificação dos navios apresenta uma grande importância para de sua nacionalidade. O comandante deve estar a serviço do Estado, seu
o nosso estudo, porque -p_regime jurídico do navio em águas territoriais nome deve figurar na lista de oficiais da frota militar e a equipagem deve
estrangeiras e no alto-mar`vai depender da categoria a que o navio per- ser submetida às regras da disciplina militar.” A Convenção de 1982, no
tencer. seu art. 29, mantém o mesmo conceito de navio de guerra.
No século XIX já havia distinção entre navios públicos e navios pri- Esta conceituação é aceita pacificamente pela prática e doutrina in-
vados, e tudo indica que o início foi a Declaração de Paris de 1856, que ternacionais." M
proibiu a guerra de corso que permitia os navios çle comércio se dedicarem 460. Os navios públicos civis são aqueles que executam um serviço
ã guerra e, em conseqüência, só poderia ser beligerante o navio de guerra. público de natureza civil, por exemplo: os navios alfandegãrios, os navios-
A caracterização entre navio público e navio privado era fornecida pelo faróis, os navios de saúde e os navios que transportam chefe de Estado. A
proprietário. O-Instituto de DI, em 1898, dividiu os navios em: “marinha grande dificuldade na conceituação destes navios é a noção de “serviço
militar” e “marinha mercante”. Devido ao aparecimento das frotas comer- público”, cujo alcance varia de país a país. Diante disso, a Convenção de
ciais pertencentes ao Estado, e à importância adquirida pelos navios en- Genebra preferiu adotar a expressão “navios do Estado destinados a fins
carregados do serviço público civil, foi abandonada a classificação acima não comerciais”, repetida na Convenção de 1982. Deverão ser abrangidos
pelo próprio Instituto, em 1928, para: a) aqueles que exercem um serviço -. ._z_¬.í._ . não apenas os de propriedade do Estado, mas ainda os que forem fretados
governamental e não comercial, divididos em navios de guerra e os em- rg
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ou requisitados por ele. _
pregados em um serviço público civil; e b) aqueles que efetuam nm serviço ra
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Constituição Federal. Estabelece 0 diplonia legal que a navegação do longo
A Grã-Bretaiilia. ria (loiiferí-ncia de Genebra, tentou enurnerarios ciirso está aberta ã enibarcação de qualquer país. A navegação interior e
navios públicos civis (navios oceairográficos, navios nieteorológicos, iiavios de cabotagem (não existe mais a grande e pequena cabotagem) está aberta
para a proteção de pescarias. etc-), sem o conseguir. I Í _ ã ernbarcações brasileiras. Estas são: a) as pertencentes ã empresa brasileira
Algumas observações devem ser feitas em relaçao aos riavios publlc0S
(é a que tem sede e foi constituída iio Brasil; b) .a pertencente a pessoa
civis: _ _ física no Brasil; c) podem também aivorar bandeira brasileira as embar-
a) A jurisprudência norte-americana consagra a pratica de, quando
cações estrangeiras afretadas a casco nu (o arniador é que vai aprestá-la)
houver dúvidas, indagar do Estado de que o navio é nacional se ele esta ã empresa oii pessoa física brasileira. Este último caso ocasiona o que se
exercendo ou não um serviço público- Este procedimento leva os Estados denomina de supressão provisória de bandeira do país de origem.
estrangeiros a fazerem declarações de que eles executam serviço publico A nacionalidade decorre do porto de registro” do navio, que é coni-
para escapar ã jurisdição do Estado (Fedozzi), uma vez que QS l1`1bl111'‹115 provada pelos papéis de bordo.” O sinal exterior da nacionalidade é o
aceitain corno válida a ri-:fe_rida declaração. Apesar do inconveniente apon- pavilhão.” O navio que viajar corn mais de um pavilhão é considerado
tado, este procedimento nos parece ser o mais correto, porque impede O5 pelas Convenções de Genebra sobre alto-mar e a de 1982 corno um navio
tribunais estrangeiros de julgar os iiavios públicos civis por causa de um sem nacionalidade. A obrigação que os navios têm de aivorar o pavilhão
rnal-entendido. E os Estados têin entre si o dever de respeito rrnutuo. _ _ é uma decorrência da utilização dós mares por todos os Estados, uma vez
b) Os navios postais não entram na categoriados navios publicos civis. que ele permite a identificação do navio e, ein conseqüência, se saber a
Na prática, eles têm normalmente um aspecto misto: executam ao mesmo que jurisdição ele se encontra submetido.
tempo um serviço público e um serviço comercial. Alguns g0V€1`flOS (111- A nacionalidade do navio tem uma grande importância: a) ele será
glaterra, Itália) dão subvenção a companhias particulares para fazerfilll O I protegido pelo seu Estado nacional e em conseqüência, quando no estran-
serviço postal.” _ _ _ _ r
geiro, .fará apelo ã representação diplomática e consular do seu Estado
461. Os navios privados são aqueles destinados ãs atividades comerciais. f nacional; b) os tratados relativos ã navegação, concluídos pelo seu Estado
Os navios pertencentes ao Estado, mas destinados às atividades comerciais, nacional, são aplicados a ele.
têm sido equiparados aos navios privados' Esta foi a orientaçao da Con- \
Mevers declara que qualquer Estado pode exercer a sua autoridade
venção de Genebra ,sobre mar territorial. _ _ sobre um navio sem nacionalidade, mas que os armadores, tripulantes,
462. O navio tem uma individualidade, dada pelo nome e nacioiialj;
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etc., não cometein nenhum ilícito pelo simples fato de o seu navio não
dade. Ele só pode ter uma nacionalidade, que é a indicada pelo pavilhao. ' ter nacionalidade.
Cada Estado determina as condições para ,rim navio ser seunacional. No _ A Convenção de Genebra sobre alto-mar fixava uma série de normas
Brasil, o Decreto 119 5.798, de 11-6-1940, declara que será brasileiro o navio sobre nacionalidade dos navios. Nos seus arts. 59 e 69 ela determina que
que preencher as seguintes condições: a) “ser propriedade -de brasileiro .cornpete a cada Estado fixar as condições para a outorga da sua naciona-
nato, ou de sociedade ou empresa brasileira, na forma da legislação vigen- lidade aos navios. Os navios terão a nacionalidade do Estado cujo pavilhão
te”; b) “ser inscrito nas capitanias e tripulado. de acordo com as leis em eles arvoram. Os Estados devem conceder documentos de nacionalidade
vigor”. A Lei n9 2.180/54 estabelece que a sociedade, ou empresa, devera a seus navios. O. navio que aivorar mais de um pavilhão é considerado um
navio sem nacionalidade. O pavilhão não pode ser “mudado no curso de
ter sede no Brasil e 60% do capital deverão estar nas maos- de brasileiro
urna viagem oii de uma escala, salvo no caso de transferência real da
nato-” Esta distinção não tem mais razão de ser, tendo em vista que a Lei - n4- ¬.- .f

-r_ propriedade ou de mudança de matrícula”.


119 6.192, de 1-9-12-74. proíbe a distinção. entre brasileiro nato e naturali-
A principal iiorma sobre este assunto da Convenção acima citada é a
zado. Eiitretan to permanece a restrição consagrada na Constituição. Con- Stfglllllifií
tudo, a Lei 119 9.482, de 8-1-97 estabeleceqtie o capital da~eiiipi'esa'n210
precisa mais ser de propriedade de brasileiro. Na embarcação brasileira o “Deve existir rim elo substancial” entre o Estado e o navio; o
comandante, o chefe de máquinas e 2,/3 da tripl1121ÇHO ICHI qllfi Sei' brasi- Estado deve notadamente exercer efetivamente sua jiirisdição
leiros- As embarcações estrangeiras só farão transporte decabotageinoqtiaii- e seu controle nos domínios técnico, administrativo e social,
do afretadas por empresas brasileiras. A Emenda Consutucional nt: 1 de nos navios aivorando seu pavilhão.” _
1995 deii nova redação ao art. 178 da Constituição e admite que o .trans- ,. -. -.› .~L-'._ -'. -. -. -. L¬. .-ip. .-_-'_
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porte de_ mercadorias na cabotagem e a navegaçao interior p_odera0i S61” A Converição aplicou ã nacionalidade dos navios a efetividade que já
feitas por embarcações estrangeiras”, confonne regulamentaÇf10 21 561' 35' E
havia sido consagrada na jurisprudência internacional em relação ao in-
tabelecida=em lei. A Lei 9.432 de 1997 regulamentou o artigo 178 da iv-
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Alguns autores (jean-Mart' Roux) chegam a considerar que um país


divítluo 'H Esta regra foi incluida como uma reação aos denominados pa-
estrangeiro pode se recusar a aplicar em relação a um navio a lei (lo seu
vilhões de coniplacência,9t1,,ban‹Ieiras:gle gonvegtiêtrcja,_t1L<';.§.ëÍgí.F¡;lJ11_.iiPÓ5
pais nacional caso não haja um elo substancial.
- ia 11* Guerra M1111.‹1.i.'‹1_l.zlÉÍí`. Estes_t2r1íêeS.IQ1fH1a_111.a-slr.1t911ú1r‹ttla_£1:9ta_dv Pall- Na verdade, o Estado ainda conserva as mãos livres para dar a sua
libhonco Panamá Libéria Honduras e__Qo_sta,_l§i_ç¿a)H,fÍ_,/_{.t_ti_ali}_}_e_i;_t_e__e;_s_t;a_o
nacionalidade aos navios. Tal fato decorre da circunstância de que um
.sítvfisäøêä Ç.%aszzB§áaa¿;s¿?.›%2éz._9iHHz Estado não pode deixar de reconhecer a nacionalidade de um navio quan-
_(_ jgg-apura e Filipinas. Tais Estados permitem que navios sem possuírem J

¬.

qualquer elemento nacional azvorem as suas bandeiras. Sao Estados qu:-_: do o seu Estado nacional exerce jurisdição sobre ele. Se fosse possível 'a
tinham pequena frota e cujas leis de navegação eram bastante liberais, " não aceitação de uma nacionalidade, estaria aberta a porta a um sem-nú-
o que estimulou os armadores estrangeiros a registrar os navios com a sua mero de abusos. E verdade que isto tira qualquer efeito ã Convenção de
nacionalidade. Os armadores gregos e norte-americanos“` são os que mais Genebra neste particular, mas se for adotada aquela interpretação, o navio
se utilizam destas bandeiras. O governo japonês autorizou oficialmente os
1
I acabaria apãtrida. A Convenção de Genebra representa a tendência do Dl
seus armadores a usar bandeira de conveniência. Os EUA estimulam os°__ neste setor e a verificação do elo substancial terá grande valor nos tribunais
pavilhõeš de complacência para que a sua frota fique competitiva; 4/5 dos 1
internacionais, mas quase nenhum nos tribunais nacionais.
navios norte-americanos estão registrados no exterior. Cerca de 70% das E interessante assinalar que alguns navios têm navegado apenas com
frotas sob bandeira de conveniência pertencem aos italianos, americanos
i
1
o pavilhão da ONU e, em outros casos, com o seu pavilhão nacional e
I mais o da ONU, arvorando assim dois pavilhões. E o que ocorreu com
e gregos. A maior parte dos navios norte-americanos são petroleiros. t
¡

alguns navios que transportaram tropas da Força de Emergência das Nações


Í

Os¬Estado.s,acin1a .n1encio.t1ados.-dão_.o seu pavilltiiu..21Q§_.i.1.š1_1›iQ.S.d.Ç;êl@S 'zI

_o_.r:_1n_..ifi.sta...gu_e__istoclthest traz alg.i11.21S.. Ya.11,.f.š..ttšE.-2.5-1-.-§9!?19 I›



Unidas para Suez (Seyersted). Tem havido aceitação de que a ONU e as
ca ital e ex eriência técnica estran eiros,_,IÍQI,,_Q}¿£,l;Q,,E}§`_l,Q.t.Jɧ_ cobram
I
organizações especializadas podem registrar as suas embarcações em um
11-._ ' 1:..
. 1° 1.1
1
l
Estado cuja bandeira será arvorada e que ajurisdição é deste Estado (Hugo
A luta contra as bandeiras de conveniência prende-se aos seguintes Llanos Mansilla). Também têm. existido casos em que o navio usa apenas
motivos: a) sindicatos de marítimos (principalmente os norte-americanos) a bandeira da organização internacional.
protestam contra os baixos padrões de trabalho nesses navios; b) acusam Segundo Max Gounelle foi em 1962, no Irã Ocidental, que a ONU
ainda que diminui a oportunidade de trabalho para os marítimos do Estado teve a sua primeira marinha formada por cinco navios com equipagem e
de que o navio deveria ser nacional; c) os annadores afirmam que e-les comandantes paquistaneses e visavam fazer patrulha para evitar a propa-
fazem uma concorrência desleal, uma vez que nestes Estados os ônus fiscais gação de uma epidemia de cólera. _
são muito mais baixos; d) alega-se que por causa delas há um maior número Reproduzimos acima as normas da convenção de Genebra e as discus-
de navios do que as necessidades mundiais. , sões em torno delas por duas razões: a primeira é que a Convenção de
Os defensores do Panlibhonco alegam que a nacionalidade dada aos Montego Bay fez apenas modificações superficiais nesta matéria e a segunda
navios é assunto da competência exclusiva do Estado e que eles é que é que esta convenção, sendo recente, ainda não deu margem para um
permitiram a superação da crise no transporte marítimo que hoje após a t debate tão amplo quanto a anterior.
t
25 Guerra Mundial com a concessão de facilidades fiscais.” `l
l
A convenção de 1982 determina que deverá “existir um vínculo subs-
Cabe-nos agora apreciar o alcance do dispositivo da Convenção de tancial” entre o Estado e o navio cuja nacionalidade ele possui. Cabe ã
Genebra. O elo substancial teria a vantagem de fazer com que o Estado legislação do Estado fixar os requisitos para a concessão de sua nacionali-
cujo. pavilhão o navio arvora exerça um controle e jurisdição sobre ele. r dade. O Estado fornecerá os documentos dos navios. Pode-se mesmo dizer
i que como uma reação às bandeiras de conveniências a citada convenção
Ora, isto só ocorrerá se o navio possuir um verdadeiro in_teresse 'para o 1

Estado, que só existirá quando o navio tiver algum elemento nacional.” determina: a) o “Estado exercerá de modo efetivo sua jurisdição e controle
.l
O elo substancial significaria que o navio deve ter algum elemento nacional em questões administrativas, técnicas e sociais sobre os navios que aworem
lt

do Estado cujo pavilhão arvora, com a finalidade de que 0 Estado exerça Tt seu pavilhão”; b) o Estado manterá um registro com as caracteristicas do
nele a sua jurisdição e controle. E o princípio da efetividade.” Em 1895 navio; c) o Estado exercerá a suajurisdição sobre 0 navio; ri) tomará todas
e 1896 o Instituto do Dl já mencionava a necessidade de um elo efetivo -ii
.H-
.FIç.,
.¬;; as medidas para garantir a segurança no mar como verificar a construção
entre 0 Estado e o navio cuja bandeira ele arvora. Anteriormente, em 1854,
-1<
'‹i-- e condições de navegabilidade do navio, a utilização de sinais, fazer vistorias
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o Ministro da Marinha da França negava à Suíça o direito de an/orar 0


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=â periódicas, que a tripulação e oficiais conheçam e cumpram os regulamen-
pavilhão francês pela ausência de um elo real. - __ T-¬;\-I: ._
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1) e t11; a ilquer modo › estas exigências não são Ajtirisdição civil do Estado costeiro, eiii principio. se afirnia soI)t'e o
- ' ‹ _ _ aplicáveis aos navios que
navio privado estrangeiro, tendo a doutrina alirinado que ajtirisdição do
-iivorem pavilhão de organismos internacionais-
Estado territorial não deverá prevalecer quando 0 litígio for entre dois
C a navios estrangeiros que têm a mesma nacionalidade. Quanto aos litígios
tendência atual é de: ,c¿)_,Q_,I1'‹1ViQ_U:'!` Q111_'i1_ f;ëP§11ë§.._9_1.l1;4..¿Ã!.ë_C_L0!l*£l_Í_€lêQÇ5_Õ) ¶'_ IÍI-Yi
-flÍ;_?l

de nature'1.a civil entre indivíduos que fazem parte do navio, a orientação


íiíawl. p(¿55i[¿1@.id<¿de, se identificarizi pi;Qprie_tá1ƒi.0_t£)-0 LSLHCÍQ Qllš fla..- t
l é diversa, inas tem predoininado na prática a que consagra a “incompe-
Aa bandeira
' __-__terz uma administração
f- - -~ marítima capaz de fazer
f rf* rs 0S__Iw\f1QS
cr " _Cl!I_l_1-
. tência dos tribunais do Estado costeiro".2'
"rf'"* _ , . . - - _ _- . . - . . u da a
.__.pi1r_eiii.__as_. .siiasii__Qi_1_iia§,__.¢.1Í)_.¬t;›_‹.1rI1<;ttaa_Ç¿Q_§lL_ _I1‹t__C1_.01}‹.1_1Sd.0__ʧl‹1¢1¢?_fl_.§._ñ_._._ No aspecto penal, o Estado costeiro tem competência plena, com
acionalidade n-i equipagem Afirma-se que os p'‹11SeS.d€_b.an_deira .de_con- exceção das infrações disciplinares da tripulação ocorridas a bordo, que
v¿¡1i§;`;,i_i_ci'¢L.'‹1.C.€1tain_estas_olJ.ci_gaçoes- _ ficam sujeitas ãjurisdição do Estado de que o navio é nacional. A coiiipe-
Em 1986 foi concluída convenção, sob os auspícios da ONU, acerca tência do Estado em matéria criminal decorre da territorialidade da lei
l
d'e registro de navios visando intensificar o controle do Estado da bandeira penal. Esta competência muitas vezes tem deixado de ser exercida sobre
_ que deve exercer jurisdição sobre ele- O navio deve respeitar a legislação crimes ocorridos a bordo, ein virtude de fatores políticos. No Brasil, temos
do Estado Este deve promulgar leis sobre a propriedade dos navios e varios casos em que a competência foi exercida de modo absoluto.
promover a participação de seus nacionais na citada propriedade. Regu- Diversos sistemas têm sido empregados aceica da competencia penal
In A . -V

lamenta ainda os dados que devem constar do registro: ci) nacionalidade a respeito dos crimes ocorridos a bordo: a.) sistema dinamarquês - todos
_- »-. b) -as características
do propiietario, - ~ técnic
` as d onavio'i c) n Omfi da Cons- os delitos penais estão sujeitos ã jurisdição do Estado costeiro, excluindo
[TU l.OI`ä.; €l.C. ` as medidas disciplinares; b) sistema francês _ o Estado só tem jurisdição
Em 1921, _a_ Det:lí‹1.1TT‹-1Ç'‹10__dfi B?l_fCš-fl0_11íL f¢@1 ' se o autor ou vítima não faz parte da tripulação do navio ou quando o
Ílitoral de terem navios ®_m. eira. __ _ _ _ comandante pede a intervenção do Estado costeiro, ou quando o crime
E É comum OS ESIHÚOS CTÍ'<11`¢m Pam Os “tripulantes” fešimf-'S Slmphfica' perturba a paz do Estado costeiro;21^ c) sistema inglês - aplica 0 sistema
dos: 21 FTZIHÇH ff'-Z O 1"Úgísffo nas ilhas Kergueleni 3 Alemanhfi em Helgolandi francês ein relação aos navios estrangeiros nos seus portos; mas, a respeito
a G1-ä_Br¿._›¿anha na ilha de Mann e a Espanha T1215 C'‹1flá1`{35š ÊÍC-› Vez que _ dos navios ingleses em portos estrangeiros, afirma que deveria haver imu-
aí não se aplica a legislação de trabalho do Estado. As ilhas K_erg'tJel_€1”l, nidade de jurisdição; d)_o sistema do _Código_Bustamante é semelhante ao
localizadas ao sul do O. Indico, integram as “terras austrais e antarticas francês, o Estado costeiro nao tem jurisdiçao sobre os crimes que nao
francesas”; ein 1996 passaram H admitir 21 mfllfífiulfl dfí Um Cfi'TÍ0_UP0_ de afetem em nada o Estado costeiro (0 Código Bustamante foi ratificado
navi05_ É admitido que estes podem ter uma proporção de marinheiros pelo Brasil, mas ele so e aplicado entre Estados americanos); _e)~_ regula-
estrangeiros como filipinos, hindus, etc. Yisaítiiniinuir as custas da explo- mento do Instituto de_DI _ o Estado costeiro afirma a suajurisdição sobre
ração de navios vez que nestas ilhas nao sao aplicadas as conveiiçoes os crimes, com exceçao dos atos ieferentes a_ disciplina. _
Coletivas do trabalho f1.¿mcêS_ *_ __ _ _ Existe,_en_tre_ta_nto, uma categoria de navio privado que goza de imu-
Ein relaçãoao transporte marítimo, os ar_inad_ores formaram associa- nidade de jurisdição: os navios em desgraça, ou os navios que entram em
çöeS_ A UNCTAD procura aumentar a participação do Terceiro Mundo um porto estrangeiro em virtude do mau tempo. Esta r‹;:2gra_de_imuiii_clade
no transporte ~marinho. As associações visam racionalizar a coiicorrencia ja esta consagrada em__Vattel e em dec1s::o de l\›I_arshall._ A jurisprtjdencia
E aumentar a eñcácia do u.anSp0r¡e_ z afirmoti que deve: ser desgraça: urgente , tuna necessidade grave' (Lord
46?›A. __Os ii_a__vi_o_§ p_r_i_v3__i_d_9§,__e,stg_i,9`__s_t__i_b_ii_i_e_ti_d,os,_ãs____lei_s_.__df>,;,Es_tad_o____a_,,t_;1_ue Stowell, no caso The Eleanor , 1809), e posteriormente foi acrescen-
peI.tenc,em as..ág_Ltë1_SillUi'1TJQI.t2§__Q_11£.ll.£_.__‹ll!.13__$_.__ë.§_f___§;t_L<.;Qiitizain. Este _priri_cip_io tado que 'a desgraça deve pioduzii _niar1iihe_iio expeiimeiitado
remonta aos séculos XVII e XVIII. O Estado territorial tem, ein ielaçao ao _ - bein fundann-íiitada apreensão pela p__ei da do navio. da cai ga ou das vidas
navio em suas águas inteiiores, deveres,,como o de dar proteçaoao navio, da tripulação' (caso The New _\o_rl< , 818). _ _ `
que vein sendo consagrado desde o seculo XIX, quando surgiu com a A imunidade se refere apenas ao pi oprio ato de entrada e a posse .de
cana . mercadorias proibidas pelo Estado costeiro. Esta revra também se aplica
prática inglesa e n01'L€-'‹1m¢1`1 D

As leis do Estado se aplicam ao navio, como as de polícia aduaneira, ãs aeronaves privadas.


sanitária,
_ 20 processuais (ex.: a'“ ç'ão intentada
' em nome do navio) = leis fiscais,
_
- 463B. O estudo dos navios públicos deve ser dividido em navios de
guerra e navios públicos civis. '
_. e c. - . _
O S navios fivados gozam da igualdade de ti-atzifiiento quando estive- Os navios de guerra. gozam de imunidade
.._ . . . _
em relaçao ao Estado costeiro
. _
águdslãnteriores estrangeirds e se encontram submetidos apenas ajurisdiçao do Estado do seu pavilhao.
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() fundaineiito desta iniunidade era dada pela teoria da extrateri'itoi'iali- No caso de haver desertores do navio de guerra. o Estado costeiro
dade, isto é, estes navios eram considerados como estando fi‹3i':i do Estado deverá entrega-los ao comandante do navio.” Esta entrega teiii sido enca-
costeiro. Esta teoria é uma ficçao e tem sido abandoiiadaf' por tliversas rada como sendo uma siinples cortesia e não uma obrigação do Estado
razões: a) se o navio de guerra estrangeiro estivesse extraterrilório do costeiro. Eiitretaiito, só liã obrigatoriedade da entrega dos desertores se
Estado costeiro, não poderia o Estado costeiro impedir que_se realizasseni houver tratado consagrando isto. Todavia, em hipótese alguma poderá o
nesses navios certos atos de sob°er'ãnia; todavia, a legislaçao de diversos comandante do navio exercer atos de autoridade em teria, coino, por
países (França, Itália, Holanda) impede que se realizem execuÇ0¢5 CIC' exemplo, ir procurar o desertor, porque estaria violando a soberania do
condenados ã morte nos navios de guerra estraiigeiros ein seus portos;_ b) Estado costeiro- A prática da entrega dos desertores remonta ao período
ao mesmo tempo, o Estado pode exigir, conforme foi consagrado na pratica medieval e se fundaineiita na cooperação internacional, porque em certos
internacional, a entrega de criminosos comuns que se refugiarem a bordo, casos a deserção pode trazer graves prejuízos aos iiavios. Estes princípios
independentemente de um tratado ou processo de extradição, ao contrario sobre a deserção em navios de guena são também aplicados ein relação
do que ocorreria se o indivíduo estivesse em tei;ritor_io_ estrangeiro; Cl ff ã deserção ein navips privados.
também regra geral os comandantes, apesar de não existir uma ob1'_1g2lÇ‹-10, O Decreto ii” 56:5l5, de 1965, determina que os navios de guerra em
entregarem ao Estado os indivíduos que iião 'pertencem a trip11l¡=1Ç¡=10› mas missão comercial não gozam de imuiiidades e. privilégios. Finalmente, este
que tenham cometido crimes a bordo; tal crime nao e tido'como tendo decreto estipula que a entrada de navio de guerra estrangeiro em visita a
sido realizado fora do território do Estado costeiro; d) os navios de guerra águas territoriais (águas interiores e mar territorial) só pode ser feita após
estão obrigados a respeitar as leis e regulamentos (p. ex.: Sobffi S==1l1d€)'d0 uma notificação prévia às autoridades brasileiras. O número de navios de
Estado costeiro. O fundaniento das imunidades do iiavio de guerra e o guerra de um mesmo país ein águas brasileiras que pode aí ficar ao mesmo
seu caráter representativo e o respeito mútuo dos Estados. O navio de tempo é de três, a não ser que liaja uma autorização especial permitindo
guerra é uni órgão do seu Estado nacional. _ _ I _ maior número. O decreto admite a entrada em águas territoriais de navios
O princípio de que os navios de guerra gozam de imunidade so foi de guerra sem notificação prévia no caso de arribada “por motivo de avaria,
admitido no início do século XIX, tendo- sido reconhecido nos EUA pela inau teinpo ou outra causa de emergência”.
primeira vez em 1812, no caso do “The Schooner Exchange v. MacFad- Finalmente, é de se assinalar que os navios de guerra e sua tripulação
don” .23'°* gozam de iniunidade de jurisdição mesmo quando são praticados atos
Os navios de guerra possuem imunidade de seqüestro, arresto, -Ou ilícitos. Assim em 1981 a Suécia expulsou um submaiino soviético que
\

qualquer detenção, mesmo que seja tom-ada por uma autoridade judicial. violara as suas águas territoriais. O apresamento do navio de guerra nor-
Qualquer reclamação contra eles deverá ser feita no seu Estado nacional. te-americano “Pueblo” pela Coréia do Norte tem sido considerado uma
Têm imunidade em matéria de polícia. _ -violação do DI (Ingrid Delupis). .
Eles têm imunidade de jurisdição criminal. Esta imunidade é estabe- -|›¬¡nv_-1 pfY.-H_'.-¬¢› ._-z\ . ¬.-1. - Os navios públicos civis também gozam de imunidade e o seu funda-
lecida em benefício da sua tripulação. Os crimes cometidos_a bordo pela mento é similar ao~dos navios de gueira: é a sua destinação e execução
de um seiviço 'público Eles representam o Estado. Estes navios gozam de
tripulação estão sujeitos ã jurisdição do Estado de que o navio e nacional.
imunidades que se situam entre as dos navios de guerra e o navio privado.
Os atos delituosos praticados pela equipagem fora de b0I`d0 dO 112'-V10 lfim
Existe uma tendência para a assimilação completa entre os navios de guerra
um regime diferente. O membro da equipagem que se encontra fora de
e os navios públicoscivis. Entretanto, estes não podem conceder asilo
bordo a título particular e comete algum ato delituoso está sujeito -a juris-
diplomático: A prática internacional é profuiidanien te vaiiada a respeito
dição penal do Estado costeiro onde se encontra.” Se os atos delituosos
deste_s navios, e ein regra geral eles gozam das iinunidades dos navios de
forem cometidos pela equipagem fora de bordo, mas estando a serviço
guerra. "
comandado, ajurisdição é do Estado do pavilhão_do navio. _ _
Lucchiiii e Voeckel fazem uma obseivaçãoibastante interessante ao
A imuiiidade de juiisdição civil da equipagem tem sido admitida quan- assiiizilarem que as normas aplicadas aos navios surgiram iio século XIX,
do os atos são realizados no desempenho de um “ serviço públiC0”; l0dHV1Hz quando a sociedade internacional era homogênea, o que não ocorre mais
quando isio não ocorre, as pessoas lesadas podem promover as suas açoes hoje, daí não se poder afiirnar com segurança que tais regras, principal-
contra os membros da equipagem- _ _ mente as de jurisdição penal, sejam seinpre aplicadas.
O navio de guerra pode conceder asilo diplomático a criminosos po- 464A. O Estado costeiro tem competência bem mais restrita do que
líticos.25 1 nas águas interiores sobre os' navios privados estrangeiros no seu mar

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Estado costeiro pode pedir a sua saída do mar teiíi'itoi'ial.""` St; Q ii-.ii-io de
. - ,I cm virtude do direito de passagem inocente, que visa defender
lt-'1`f1¡0“' guerra goza de iiiiuiiidades nas águas interiores (onde o Estado costeiro
_ _ _ ' ' ¡L. ¡¡-dvcgaçzio.
- Ora,z. esta ultima
' 'l - sena
~ `- cn
› t"¬.-ada
ia -se o Estado
liberdade ‹ tem soberania mais completa), Coin muito mais razão e pelo inesnio fun-
il ' -H ' ves5 e competências inuito amplas ' O Estado costeiro, .se tivesse daiiiento ele as possui no mar territorial. Aplica-se a eles o deteriiiiiiatlo
- . '‹
Costello mn'tados
' acabaria ,por
_, aniquilar 0 direito de passagem _
inocente.
iio Decreto ni' 56.515, de 1965, de que os navios de guerra em missão
dncäoëioii vgnçãoide l98'2 estabelece as seguintes normas a respeito . da
. - 1- a) o Estado costeiio
° - nao
-" deve parai
- - ~ 116111 desviar da rota comercial não gozam de imunidades e privilégios. Qualquer dano ou
. urisdiç-:IO
- - .- CW1 - prejuízo causado por navio de guerra será de responsabilidade do Est-atlo.
J .
' O
tie passa no seu mar territorial para exercer sobre uma pessoa _ _
Quanto aos iiavios públicos civis, aplicam-se as normas já vistas para a
um
ue Hdv]
se eiicqontra a bordo a sua jurisdição civil; b) “o ESt2lC10 _ C0SU=`11`0 “110 passagem inocente (v. capítulo Mar Territorial) e as noiiiias aqui iiieiicio-
__\¡-
gode tomar, em relação ao navio, medidas de execucao ou inedidas coii- nadas para os navios de guerra. Pode-se dizer que eles conseivam os seus
serv-atórias em materia- -civil,assumidas
. a não ' - serouque estas medidas sãjarn tomatâas piivilégios ei-imunidades.
--_-
'
gm virtude de obrigaçoes de, responsa-bilida es incorri as
A Corte de Apelação da Virgínia, em 2000, estendeu o princípio de
. - *= ~ - i- s águas do Estado costeiro' c) entretanto, nie-
Pelo mmo ' do Eavegdr 1 E D' t madas em relaÇão aos imunidade- dos navios de guerra aos seus destroços. Foi aplicada esta decisão
didag de execução e conservatoiias po em ser o _ a duas fragatas, “juno” e “La Galga”, que estavam no mar territorial.
- -
navios que pi ovcin Í- das águas inferiores do Estado ou que estacioiiam iio
465. Os navios piivados estrangeiros na zona contígua só estão sujeitos
- territorial. _ , aos direitos que o Estado costeiro tem nesta zona (v. capítulo Alto-mar).
if seu mdf- n ¡ O 5' 'U1-igdição penal › a convenção acima mencionada
_ _ tambem . Os navios públicos estrangeiros conservani os seus privilégios e imunidades.
/
, Q__ zi gua
iversas ndririas'- a) “a jurisdição penal_ do Estado costeiro . nao_ deveria
. 465A. Os navios na zona ecoiiômica não têm o seu regime jurídico
_|.

..í'\"'ƒ'
¡,
fix e fçida a bordo de um navio estrangeiro passando
_ _ .no mar terntoiial,_ fixado na convenção de 1982. Pode-se assinalar que os navios públicos de
.
i : ~_
sí-,É-Sxa prisão de uma pessoa ou realizar investigação por causa de tiliia guerra e civis conservam os seus privilégios e imunidades, estando sujeitos
=._ i
Fnf¡..¿Ç.¿O penal, cometida a bordo do navio quando da sua passagem z 21
ãjurisdição de seu Estado nacional.
~ S61" qu ando'' 1 - as conseqüências
nao _ . da. infração atingem_ o Estado Quanto aos navios piivados, eles estão sujeitos exclusivamente ao seu \

costeiro; 2 -- se a infração viola a paz publica do Estado oii a boa ordem


it.sv
-~._

-1
J

'territorial' 3 -- se o cônsul do Estado nacional do navio ou o


, , . o f 0 , ' Y .-
Estado nacional. Entretanto, se houver violação dos direitos do Estado
costeiro ria zona econômica, este poderá detê-los (ex.: navios de pesca),
i___.
`\.

`\. d avio solicitam o auxilio das autoridades do Estado cos _\_\


mas deverá liberá-los rapidamente, uma vez paga a multa. Pode-se dizer
comandante O n d`d' encionadas acima são necessárias para a repres-
I
que na zona econôniica a navegação tem um regime jurídico muito mais
i
tciroi 4 -_: se a'S'H'1e ld as Iii facientesil li) o Estado costeiro pode efetuar
i
próximo daquele do alto-mar do que o do mar territoiial.
são (Elo lrafico llmço 8 cá upiiaiido o navio estrangeiro provém das águas
pñsoirs e mos dÊmÊm6¿Êtélii"o deve avisar ao cônsul do Estado de que o 466. Os navios em alto-iiiar encontrani-se sujeitos ãjurisdição do Estado
I cujo pavilhão aivoram.” Esta norma se aplica a todos os navios. Diversas
i
imcinoiicsãéiogalsäuãindtó o comandante pedir, antes de executar as nie- teorias foram elaboradas para explicar a jiiiisdição do Estado neste caso.
Éãlgê :Cipa mencionadas; d) as autoridades do Estado, ao- efettifwem pri-
A teoria do “jus protectionis”, defendida por Higgins, afirma que o Estado
- z 1 var em consideração os interesses da navegaçao; e) O ESIHCÍO
exerce uma soberania pessoal, em virtude de os proprietários do navio
goes: eiein 6 (1 ual uer medida a bordo de um navio estrangeiro
terem a nacionalidade do Estado. Esta teoria não explicaria os casos em
Costelišgšag§0mãrt(i;Iéi¬i'it6iial(,1
que _ tendo por finalidade
_ a realização
_ de uma
que o_pi'oprietãrio do navio fosse apátrida, ou ainda quando os proprie-
_ 0 u atos de instrução em razão_ de_ uma infraçao
detenção . penalI cometida
.
- no mar . teiiitorial,
-- - se o navio,
- tários tivessem nacionalidade diferente da do navio. _
_ ~ da do navio provem ente de
antes da eflllfi A teoria da teriitorialidade do navio, defendida por inúmeros doutii-
_. ' - - - ' iio mar teriitorial sem entrar nas águas
uni porto estiangeiro, apenas passa _ -inadores (Wolgast, Albert Zorfi), foi a que teve maior aceitação. Ela surgiu
interiores" . . . - ~ na segunda metade do século XVIII e foi defeiidida pela Prússia quando F'

I
,_

iii 41.
* Q pidš wmêr qÉÊÍ.ÍíÍlÊ2"§.ʧÊÍÍÉÊÊÊÍÊÉÍÉÂÍÍ.Éͧ§¿l1.í`“lÍͧ§-'à de um litígio com a liiglateri`a.3“ O navio é considerado o território flu-
_ tuante do Estado. Ela foi consagrada na jurisprudência norte-aineiicana e
i':

“para rOc€i(6eãi‹'ãi¬iiêeiiiitigiiisal procešente das águas interiores”. As autori- ,.- -_


ç i

~'na juiisprudência da CPjI (caso Lotus). Esta teoria se encontra sujeita a


out-.

ij ii:~×.,i
i` ii. 'IHIP
i
5.
1, dããelãdlstfíais deverão levar em consideração os interesses da navegação. uma série de críticas: a) se o iiavio fosse território não estaria sujeito ao
i
~ ici
i .Í \¿ƒ .
464B_ Quanto aos navios de guerra, a Convenção de 1962 nao traça
l
i
-. X57
_ -\ fz-\¡_ 'direito de revista e aproximação; b) ele, ein águas territoriais estrangeiras,
‹ a enas salientando que eles deverão respeitar as leis do Estado não estaria sujeito ã jurisdição do Estado costeiro; c) ein tempo de guerra,
i

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..t_,
Égäíš stfbre o direito de passagem inocente. Caso isto não__seja feito, o
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o ‹.oiitiabaii‹lo ‹ le 3.,fueiia pode sei apreendido eni uiii na
" ` ocorre no verdadeiro território estatal; ri) se fosse t‹:i'i'itól'Í0, Cl*-' 1- (V. as obras de Dl Maritimo citadas nos capi'tiil‹,›s ;iiii‹¬ri‹›rr~s); (Zlaiidio
ld, ndo
`- -11' t €I`I`l`toiial
` ' tg soberania no espaço aéreo sobrejaceiite,
_ etc. Diante
Baldoni _ Les Navires de Giierre dans les eaux territoriales írtrziiigírrifs. /'ri RdC,
lu-mm:
› ' ` IHU] ' neras criticas 2 a concepção acima tem sido abandonada. _ . D. 1938, vol. Ill. t. 65. págs. 189 e segs.; Julien Le Clère _ Les Mesiir‹:s Coerciiives
Êgsmb
arreau, e iitretanto , escreve que os navios
_ contiiiuam a . ser_ assimilados de sur les Nai-'ires de Commerce Étraiigers. 1949; Michel Deiidizis _ Sur la 'l`hf'-orie
fato a teriitório flutuante, apesar de nao o serem no direito. _ . de Territorialitê des navires de comnierce, iii Mëlanges en l`honiieur de Gilbert
Podemos depois de expomios algumas das teorias existentes, concluir Gidel, 1961; Prospero Fedozzi _ La Condition juridiqiie des Navires de Com-
que a melhor é a teoria defendida por Rolando Quadri, qllfi não 1`ÊC01`f“ merce, in RdC. 1925. vol. V, t. 10, págs. 5 e segs.; A. Pearce Iiliggins _ Le Regime
3 qualquer ficção para explicar a jurisdiçao do Estadosobre um navio seu Juridique des Navires de Commerce, z`~n RdC, l929, vol. V. t. 30, págs. 5 e segs.;
Rolando Quadri _ Le Navi Private nel Diritto lnternazioiiale, 1939; C. E. do
nacional em alto-niar. Siistenta o iiiternacionalista italiano que o DI Geral
Nascimento e Silva _ Deserção de Tripulantes, in BSBD1.jaiieiro-dezembro, 1954.
atri'b ui' ao Estado
' um “poder de governo”
- _ sobre
_ os elementos, da,, comum-
_
ngs 10 e 20; Francisco de Assis Teixeira Mendes _ Bandeiras de Cóititzeiiiêiicia,
dade que se encontram em territorio nullius” (ou, P‹11‹_1 905: _ "=`_5 g_°¡_n °' Separata do Boletim FRONAPE ng l33;_lean-Marc Roux _ Les Pavillons de Coin-
mup_¿=z5" mas de qualquer modo território que não esta sujeito a _]uI'lSdlÇ210 plaisance, 1961; Boleslaw Boczek _ Flags of Convenience _ An international
excmsiv-1, do Estado). Este poder é “absoluto e exclusivo”, e “ independcilltf
_ ii ' 1 Legal Study, 1962; Maria del Carmen de Veses _ La Nacionalidad de las Naves,
da qualidade das pessoas . _ _ _ Los Pabelloiies de Complacencia y el Principio de Efectividad, 2'-ri Estudios de
-. .- °. f' - ' ` 'ndeira de
Entretanto, esta teoria nao seria valida para los navios de bfio tem ele Derecho Iiiteriiacioiial Marítimo, 1963. págs- 143 e segs.; Nleyers _ The Nationality
.,. . . ' ' ' o 'am na -
conveniencia, vez que o Estado cuja bandeira e es _a1`_V_ 1 _ _ _ of Ships, 1967; OCDE _ Flags of Convenience 197] (estudo); Pedro Calmon Filho
mento da comunidade estatal no navio. Dentro desta orientaçao de Quadri _ Posição da armação brasileira diaiite do problema internacional das " bandeiras
. . - ' ' ' -' navio seu de conveniência”, 1972 (parecer); François-Michel Fay _ La Nationalité des Na-
podemos assinalar que o Estado exerce Junsdiçao sobre um i
nacional em alto-mar em virtude de uma norma interiiacional que lhe da vires en Temps de Paix, in RGDIP, October-Décembre, 1973, ng 4, págs. 1.000 e
segs.; Plínio Maiica _ Commeiiot alle Convenzioni Internazionali Maritime, 3
este direito, que na verdade e um dever. ' _ _ _ d_ '_
Os navios públicos gozam de uma completa imunidade de Juris içao vols.: 1974/1975; Michel Koulouris _ Les Aspects du Droit International en Ma-
' ' mas restri Ç ões ao tière des Transports Maritimes liiternationaux, 1973; United Nations Third Con-
em alto-mar. Entretanto, os navios privados sofrem algll . _
ference on the Law of the Sea: Informal Composite Text from the Sixth Session,
' ' 'o de só estarem
principi _ _sujeitos3] à suajurisdição nacional, como o de direito in International Legal Materials, September 1977, págs. 1.099 e segs.; Nagendra-
de revista e apr0X1IT1߂210, ےC- _ _ _ Singh _ Maritime Flag and lntemational Law, 1978; Ebere Osick _ Flags of
Em caso de abalroamento entre navios. (16 I121C10I1211ld'‹1C1€ dlffiffifllfii 3 Convenience Vessels; Recent Developments, in A_]1L, October 1979, vol. 73, ng 4,
-- - ' ' ' " ual uer membro
responsabilidade penal ou disciplinar do capitao ou de q - q d _lh~ págs. 604 e segs.; Ingrid Delupis _ Foreign Warships and Immunity for Espionage,
da tripulação só pode ser apurada pelas autoridades do Estado o pavi a0 z'-in AJIL, January 1984, vol. 78, ng 1, págs- 53 e segs.; Societé Française pour le
ou d o Estado de que essas pessoas são nacionais. O “brevet” de C0I`11flI1d0 Droit International _ colloque de toulorle navire en droit international, 1992.
. . - ' ` - elo Estado ue os Luisa Vierucci _ Le Statutjuridique des Navires de C-uerre avant, _Coulé dans les
ou certificado de capacidade so podem ser retirados p 9 d
conceder “Nenhuma apreensão ou detençao do navio pode Ser Ordfiflfl H, Eaux Étrangères: le Cas des Fregates Espagnoles “_]uno” e “La Galgag' Retrouvees
aii Large des Cõtes des Etats Unis, “in” RGDIP 105/200]/3, pgs. 705 e segs.
mesmo como medida de instrução, por autoridades diferentes das do
Estado do paVilh210-
- 1:32 l 2. A palavra "indústria" é utilizada no seu seiitido latino de atividade em
geral. ` ~ "
1 3. Ein regra geral o submarino militar tem o mesmo tratamento que o navio
de guerra. _ C'
3A. O Decreto iig 76.401, de 8-10-75, defiiie: “de grande cabotagem _ entre
portos brasileiros e entre estes e portos da Argentina, do Uruguai, das Giiianas,
`I
Í
das Antilhas e da Costa Leste da América Central, excltuzdos os portos de Porto
1
Rico e Ilhas Virgens... de pequena cabotagem -- entre portos brasileiros, não se
afastando as embarcações mais de 26 milhas da costa e fazendo escala em portos
cuja distância não exceda 250 milhas. Considera-se também pequena cabotagem
b
a navegação realizada com fins comerciais entre a costa brasileira e as ilhas oceâ-
Q
nicas, os terminais e as plataformas existentes na plataforma submarina”. Atual-
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mente fala-se em cabotagem e grande cabotagem. -
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`{r'Í\.'_7_“;'l;`f\¡ 1:3 \ v 1.
4. I-lugo Siiiias coiisitlerâi eiiiliaitação toda Coiistriiçãti tlelstiiäatla a t'(›Ãi"t'iI' s.ol›(;': ll. `l`eni-se salientado que iiem sempre o p:ivilli:`ir.› coivtàspoiitlt- ii real iiacio-
- _ ,, z. .- -f' ~ ‹ -. " t za ana iii iisria iialitlade do iiavio: ri) pavilhões de coinplaciuiciaz li) :i Rússia iinpt-rial p‹-riiiitia
-,is aguas, resenaiido a palaxizi nano paia ti einbart"iç.1o U 1 11
nave fHÇã0- . - ._ - ~ que os iiavios pertencentes a sociedades estraiigeiras liasteassem o sei.: pavillião:
Ê. A definição acima é baseada na Convenção de Haia de 1901, relativa a c) a Dinaiiiarca dava iio século XIX o direito de iiavios estraiigeims usarem a sua
trfinsformacão de navios de comércio em navios de guerra", ctijos artigos estalge-_,
1 z bandeira no Merliterrãiieo a fim de escapareiii aos piratas mesiiio com quem ela
lecem os seguintes requisitos para que um navio seja considerado de guerra: a) tiiiha iiin acordo de garantia; cl) outras vezes Estados costeiros permitiam que
sinais externos dos navios de guerra de sua iiacioiialidade, b) comaiidfllile da l Estados sem litoral iisassem a sua bandeira: etc. Eles foram denominados algumas
marinha de guerra; c) equipagem submetida à disciplina miljtar. _ _ vezes de " pavilhões de refúgio” _ A figura do " pavillião refúgio" foi utilizado durante
6. E comum que esta subvenção seja dada com a condiçao de que tais ii21V10S a guerra Irã x Iraque em que vários petroleiros foram registrados nas Bermudas
sejain colocados ã disposição dos governos ein tempo de guerra. Outras vezes, ele-*S para terem a proteção da “Royal Navv". A dotitriiia tem assinalado em outros
são construídos de modo a possibilitar a sua transformação' em navios de guerra casos: o de afretamento a casco nti. vez que o naiio perm_anece registrado iio
rapidamente. Em tempo de guerra durante longo período (seculo XIX), €XCl11111'§€ G'
Estado do proprietário, mas pode arvorar a bandeira do armador, como ocorre
o direito de presa dos navios postais, o que acentuava _o seu aspecto de navio no México, Bermudas, Filipinas, etc. '
público, uma vez que o direito de presa se exerce em relaçao a propriedade privada I 12. O projeto da Comissão de Dl falava eiii “elo real”, foi substituí_do por “elo
no mar. Entretanto, nos dias_d_e hpje não existe mais tal regra e mesmo na guerra substancial" por proposta da delegação francesa, que criticava a imprecisão da
eles são assimilados aos navios privados. _ expressão originária. Na verdade, a atual expressão é tão imprecisa quanto a
7. No início. após a li Guerra Mundial, ajurisprudência anglo-americana OS anterior. Esta idéia da necessidade de tim “elo substancial” já é encontrada em
equiparou aos navios públicos. Entretanto, a partir da Convençao de Bruxelas .de 1854 em tim despacho do Ministro da Marinha da França, em que afirmava não
1926, para a unificação de certas regras concernentes às imunidades dos navios 4 4. -_.-_í-¡_|-_ -.-
reconhecer à Suíça o direito de ter navios, vez que ela não possuía litoral e, em
de Estado, eles foram equiparados aos navios privados. Se assimlnao fosse, eles conseqüência, não poderia fiscalizar e dar proteção a seus navios.
teriam grandes vantagens sobre os navios de comércio de propriedade privada. 13. V. capítulo XXXI. -
li

Os EUA, a Grã-Bretanha e a Alemanha, durante certo tempo, reC0Iil1€C€1'H1T1 r zl3A. As bandeiras de conveniência não são tão recentes, apesar da sua divul-
imunidades a estes navios, sendo que a França, Bélgica e Itália nunca reconheceram gação ter ocorrido no século XX. No século XVIII a Grécia era dominada pelo
estas imunidades. A URSS é defensora da concessão de imunidades a estes navios. I
Império Otomano, mas os gregos foram autorizados a usar pavilhão russo. No
7A. A Ordenança sobre Navegação de Cromwell de 1651 estabelecia que a século XVIII proprietários irlandeses de navios usavam bandeira francesa. No
nacionalidade inglesa era dada aos navios construídos na Inglaterra, com arma- século XIX pescadores ingleses usavam bandeira da Noruega.
dores ingleses e que a maioria da equipagem fosse inglesa. _ 14. Atualmente é Panlibhon, uma vez que a Costa Rica não é mais considerada
' 8. A Constituição de 1967 reservava a navegação de cabotagem aos navios bandeira de conveniência. A Costa Rica foi bandeira de conveniência de 1958 a
nacionais, “salvo caso de necessidade pública”, e determinava: “Os propriel21r10S, 1960, e Honduras tem diminuído as vantagens aos navios estrangeiros.
armadores e comandantes de navios nacionais, assim como dois terços, pelo menos, 15. O registro é feito em consulados rapidamente. -
dos seus tripulantes, devein ser brasileiros natos” (art. 165). As mesmas normas inA;í:IÍ+
16. Os EUA permitem o registro de navios particulares iio estrangeiro. Esta
estão contidas no- art. 173 da Constituição de 1969. Esta, entretanto, abrindo -as l
prática data da 2* Guerra Mundial, quando, ein virtude da neutralidade norte-
portas para a desnacionalização da pesca, declara que os barcos de pesca nao estao americana, os seus navios estavam proibidos de fazer o transporte de material de
obrigados a ter proprietários, armadores, comandantes e 2/3 dos *tripulantes bra- guerra. Assim, em 1939, a Standard Oil of New_]ersey, para abastecer a Inglaterra
sileiros natos. O Decreto 68.359 de 1--fl-71 permite que embarcaçoes estrangeiras e a França sem violar a neutralidade dos EUA, registrou os seus navios no Panamá.
arrendadas a pessoas jurídicas brasileiras pesquem nas zonas de 100 milhas pro- I.
Esta prática foi usada ein relação aos petroleiros entre 1939-1942 e foi usadas,
ximas a costa- O registro de propriedade de embarcações de pesca sera .dado a além da bandeira do Panamá, também a de H_ondurast
brasileiros natos e naturalizados ou a sociedades organizadas no pí11S- T€H`1*5€ 17. Na verdade, eles deram um estímulo ã constrtição naval. Na OECE, os
entendido, infelizinente, que estas sociedades não estão sujeitas a ter 60% do Estados Europeus estudarain a concessão de vantagens aos navios que estiverem
capital nas mãos de brasileiro iiato. _ registrados com seus pavilhões. O que fez Pinto observar que os pavilhões de
-
9. Porto de registro ef o local do registro
' '
do _nav1o, `
mas que nao necessita complacêiicia são pavilhões de necessidade. _
propriameiite de ser um porto (v. capítulo XLV). ' _ 18. Uma questão levantada pelos pavilhões de coinplacêiicja é em relação aos
10. A prova da nacionalidade é fornecida pelo registro” que figura entre OS EUA, que aplicam aos navios de propriedade de cidadãos americanos, mas regis-
papéis de bordo (antigamente denominados “lettres de mer )'.' E5165 P21P€15 50m' zi trados nestes pavilhões, a doutrina do “Effective U.S. Control". Ela consiste no
preendem: certificado de nacionalidade, rol de equipagem, d12J10 de b01'd0› etc- `.-
_- rf
seguinte: em caso de guerra ou de emergência nacional eles serão colocados sob
--.f
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o controle dos EUA, em virtude de uma lei norte-americana de 1936. Existem


A forma e a concessão os papéis de bordo dependem exclusivamente do Estado .gi-'L

nacional do navio. Os papéis de bordo são regulamentados pelo Estado: F


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também contratos neste sentido dos proprietários dos navios com a administração
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32. Esta orienta ã ' ` - - ~ . .
ii‹irte-aiiiit-ricai'ia. cont pesadas peiialidzidtrs ein caso de violat_:ão. Esta dotitriiia viola tleciditlt)
de z r , tçiitíee
1926 Pela'_ (¬P_)l f A H a d'Il`[Lren_K
tiflrquia- cdaa líiut
‹ raiiça.
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o princípio de que 0 iiavio só se encontra sujeito :'ijtii'is~.tlição do Estado tlo seu o naiio rances Lotus abalroou em alto-mar o vapor turco " Bor I\'‹›ui't"
pavilhão. Ei'iti't-taiito na prática a requisição pelos EUA só surtirzi cft'-iio ein relzicão Deste
- abalroainento o va or uifco fo` af = ' . _ _ '__. .-'
aos iiavios que estão nas suas águas territoriais. (Ionio st- pode oliseivar, os pavilhões foi para Constantino la pseudo e t`] undado (V n?0rrerm'“ Oito “lulu” O Lulu”
de complacência não têm real controle sobre os navios que arvorain o seu pavilhão. Í. _ d P '_ n 30_P_re5° 0 0fiC_13l de Vlgfllíi. ft-iitriitti Dtriiioiis.
que oi con enado a dois anos de prisao- O Código Penal Turco davi `uris‹li -ãr
daí a existência desta doutrina (Boczek). - . 9 Ç '
sobre crimes ocorridos no estrangeiro que ocasionassem daiios ã '1`i1r£_¡¡¡j¡¡ Of,
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19. já aplicado ein relação ã nacionalidade dos navios eiii relação ao "l'm l
äm áureo. A França protestou e 0 caso foi levado ã CPjI, que decidiu om M9?
alone” entre EUA e Canadá, que fazia contrabando iio tempo da lei seca. an o anho de catisa ã Tur ` ` ' `7 `
20. Deste modo, todas as leis de ordem pública do Estado costeiro são aplicadas seu Pregiidente
~_ . A Cort e sustentou
qum pelo
queWim de Êilisempaie
e perniitido de Maxconsiderarem
aos Estados H“b°"'~ flllf* 1°-ffl os
e, em conseqüência, ele pode, por exemplo, soltar os escravos que existam a bordo. seus navios -como parte do território. Ora, o crime assim teria produzido efeito;
21. E interessante observar que a legislação de patentes do Estado costeiro
em
I territorio
_ I turco. HLo g o , a 'Turquia
' podia' punir ' o respQn5;,we]_
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não se aplica a bordo de navios est_rangeiros nas águas territoriais do Estado I
evaintou inumeras criticas, dai a reaçao da Coiivenção de Biuxelas sobre a com-
(Convenção de Paris de 1883, que criou a Uiiião liiternacional para a Proteção t petencia penal em materia de abordagem e oiitros acidentes de navegação (]C)'-32)
da Propriedade Indtistiial).
e de Genebra (1958) contra a orientação dela-
2lA. A distinção entre “fatos internos” e “fatos externos” ao navio ein matéria i
de jurisdição surgiti em 1806, em decisão do Coiisellio de Estado, na França, no
caso dos navios dos EUA “Newton” e “Sally” ein portos franceses. O Conselho de
Estado negou competência aos tiibunais franceses, porque os fatos tinham.ocorrido
no interior dos navios (Lucchini e Voeckel). Este sistema é-adotado na Espanlia,
Portugal, Itália, Bélgica, Brasil, México, etc. '
22. A imunidade não é absoluta; por exeinplo, o comandante deve fazer um
relatório encaminhado ã alfãndega sobre a sua carga (os EUA isentam desta
t
obrigação quando o navio sai em 24 horas).
23. V. capítulo sobre agentes diplomáticos.
23A. Nos séculos XVII e XVIII (Ordenança de Marinha de 1681, Azuni e
Lampredi) sustentava-se que os navios de guerra se submetiam ã autoridade local.
No século XIX é que muda esta orientação, e parajustificar isto passa-se a defender
que o navio é teriitório do Estado. '
24. Quando as infrações são pequenas (exfãrrtiaça) , o Estado costeiro entrega
o infrator ao comandante do navio de guerra para puni-lo. Esta prática, entretanto,
é mera cortesia internacional. -
25. V. capítulo XXXVII.
26. A entrega de marinheiros desertores é denominada por alguns de “ extra-
dição sumária”, mas “não é prevista quase nunca em tratados de extradição, mas
em convenções ou tratados de amizade, comércio e navegação” (Accioly).
27. A enumeração destes quatro casos é exaustiva. O último caso é o único
que dá jurisdição ao Estado costeiro sem que ele tenha sido atingido pela infração.
28- Se isto ocorre com tim navio privado, a doutrina tem considerado que ele
-

deve ser equiparado ao navio privado em águas inteiiores, isto é. ficar subinetido
ã jurisdição do Estado costeiro de modo mais completo- i
¡- ' 29. A “lei do pavilhão” é uma expressão jurídica que figura nos textos do fim
do século XVIII e início do século XIX (Lucchini e Voecltel).
30. A Inglaterra havia considerado as mercadorias em navios prussianos como
boa presa. A Prússia se defende alegando (1752) que: “ os navios pnissian os, apesar
de transportarem carga de propriedade de inimigos da Inglaterra, eram um local
neutro, donde se conclui que é exatamente a mesma coisa ter tomado estes bens I-

nos navios ou tê-los tomado em-tenitório neutro”. 1;.,


31. V. capítulo XLV_ I '62
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Í 46 7 _ In.trodução,' 468 -- Evolução histórica do DI FZuv¿aZ,' 469 -


_.__q_- Rios nacz`onaz's,° 4 70 - Rios z`ntemacz`onaz`s,° 4 7] _ Política brosz`lefÍm,'
Í 472 -- Rragime de alguns rios internacionais.

467. Os rios, sejam nacionais ou internacionais, apresentam interesse


1 para o DIP, sendo que estes últimos, evidentemente, têm maior relevância
Í
para a vida internacional.
A conceituação de rio internacional não é pacífica entre os doutrina-
dores.2 A melhor definição é a que se baseia em um critério jurídico, isto
r é, os cursos de água que se encontram em território de mais de um Estado.
.l Os rios nacionais são os cursos de água que se localizam no território de
um único Estado. A grande importância desta distinçao é que os rios
~

nacionais e os internacionais se encontram submetidos a regimes diferen-


l tes. Os rios internacionais podem ser contíguos e sucessivos, isto é, se eles
\ se encontram entre dois Estados, separando-os,3 ou se o seu curso passa
 primeiro no território de um Estado e posteriormente no de outro.
468. No Direito Romano a grande maioria dös doutiinadores considera
que era consagrada a liberdad_e de navegação nos rios. No curso dos iios
P úblicos4 os ribeirinhos não dis P unham de um direito absoluto. Eles eram
' * “rei publicae jure gentium”. O Estado, entretanto, possuía um direito de
z`. polícia. - '
ÍL Na Idade Média o regime de liberdade foi abolido. O rio passa a ser
- _ considerado propriedade absoluta do “Estado” onde ele se encontra. A
navegação passa a ser um direito exclusivo dos nacionais do Estado onde
-' ¿ se acha 0 rio. O senhor feudal cobra uma série de impostos sobre a
_ '_ 'navegação fluvial, que é regulamentada livremente pelo Estado ribeirinho.
Na Idade Média a fronteira nos rios era uma linha dupla e as suas águas
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eram consideradas águas neutras ou “res communis”, daí os príncipes
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ou de melhoramento da via navegável e de seus acessos, ou a prover as
assiiiarem tratados em ilhas. No século XlV'a dotitriiia coineçou a sustentar
despesas feitas no interesse da navegação.” O Estado não pode entravar a
que as águas eram indivisiveis (I-laritiiii Dipla). _ L .Flu O
navegação, bem como deve “afastar quaisquer obstáculos ou perigos aci-
A concepção medieval se manifesta aiiida na de Veste a ia.
dentais para a navegação” _ O Estado regulamenta a navegação, bem como
Tratado de Munster (1648), entre a Espanha Províncias Unidas, iio seu
exerce direito de polícia. A liberdade de navegação não se estende aos
art. 14, determinou o fechamento do rio Baixo Escalda, âfieffãjâg navios de gueira. Esta convenção só é obrigatória para os Estados que a
graves prejuízos para Antuérpia. Entretanto, estava esta me 1 A 6 dC
ratificaram ou aderiram a ela,” sendo que o Brasil não faz parte dela.
com a concepção dominante na epoca- _
O D. lnternacional Fluvial é dominado pelo princípio da utilização
A liberdade de navegação, ou o direito de passagem inocente 6111
comum dos rios internacionais, e apresenta as seguintes caracteristicas: a)
matéiia fluvial, começara a ser defendida no século XVII. Grotius a defen-
a relatividade, tendo em vista a dificuldade de uma solução geral; b) a
de. Em l6l6, a Áustria e a Turquia, por meio de um tratadp, estabelecem
finalidade, que é a de se constituir ein um “quadro jurídico de utilizações
no Danúbio, para os seus navios, a liberdade de navegaçao. Na propria
econômicas” _
Paz de Vestefáliafiio Tratado de Osnabruck (1648), e também consagrada
469. Os rios nacionais, de um modo geral, não apresentam maiores
a liberdade de navegação fluvial, entre a Alemanha, a Suecia e a F1anÇ2l-
problemas para o Dl. Eles estão sujeitos à soberania estatal, como o terii-
O Conselho Executivo provisório da Revoluçao Francesa, por decreto
tório “terrestre” ao qual eles se integram. Não existe nenhuma norma_
de novembro de 1792,* ordenou ao comandante do -exerC1t0 fI`flHCf2s na 1 internacional que obrigue Õ Estado a abrir um rio nacional ã navegação
Bélgica que fosse garantida nos rios Mosate Escalda a liberdaíde de nlašeé
internacional.
gação. Alegava o referido decreto que os rios sao prtiplífidd É C0mU
Entretanto, a partir do século XIX, os Estados passaram a abrir ã
inalienável de todas as regiões banhadas por suas aguas . Entretanto, cbomo
navegação internacional os rios nacionais que apresentassem interesses
se pode observar, a liberdade era assegurada apenaã 2105 Estados fl em
para ela. Dentro desta orientação, por decreto de 1866, foram abertos, a
nhos, não se estendendo, portanto, a terceiros. _ _
partir de 7-9-1867, â navegação internacional, os rios Tocantins (até Ca-
Em 1815, o Ato Geral de Viena trata da regulamentatíao da liberdade
metá) e São Francisco (até Penedo), que se encontram interiramente no
fluvial. Os Estados ribeirinhos deverão .regulamentar de , comum acorão
território brasileiro. _
a navegação fluvial”. A navegação será livre “e nao podera, em Se lfflíflfl _0
Alega-se, em favor desta prática, que os Estados devem sacrificar os
de comércio, ser interditada a ninguém”.5 “Os direitos sobre 21 navegaçao
seus interesses em nome da sociedade internacional de que eles fazem
serão fixados de maneira uniforme, invaiiãvel e assaz independenttšrgâ
parte (Fauchille). Deste modo, a Argentina, na sua Constituição de 1949,
qualidade diversa das mercadorias, para tornar dispensave Bm ex _
consagrou a liberdade de navegação fluvial. `
minucioso da carga, salvo em casos de fraude e c0nLI`âV€1"1Çí-1<;- Essas sal; 1
Dentro do raciocínio acima, de que não existe nenhuma norma con-
algumas das normas fixadas no Congresso de Viena que regu amelllflffl 1

sagrando a liberdade de navegação, bem como que o Estado tem sobre o


a navegação fluvial por mais de um seculo. o _ _ _ _
rio soberania, decorre que 'o Estado tem direito exclusivo de pesca,” bem
Rousseau assinala que no século XIX o direito fluvial evoluiu em (1015 il
como que o aproveitamen to industrial ou agrícola do rio é direito exclusivo
sentidos: a) os Estados ribeirinhos e não ribeirinhos tem igualdade _d€ 11
do Estado territorial.
tratamento; b) o rio passa a ser “administrado” por uma Comissao Fluvial,
470. Sobre a natureza jurídica do regime dos rios internacionais, o
que é um organismo internacional' I _
- A-hpialf; internacionalista alemão Berber alinha quatro sistemas.
A SDN, em 1921, reuniu sob os seus auspicios, em Barcelona, tlâna
O primeiro deles afirma que o Estado tem soberania absoluta sobre o
conferénc_ia que tratou do direito fluvial, onde estavam representa os
Estados do mundo inteiro. A convenção sobre “ regime -das vias navegaveis
de i_n teresse internacional” estipula a iiiternacjonal1zaÇ30 fls Í°d°s 05 nos
.1 trecho que se encontra no seu território. Kluber a defendeu, afirmando
que 0 Estado podia fazer no rio as obras que eiitendesse, mesmo que isso
acarretasse prejuízo ao outro ribeirinho. Este sistema foi defendido pelo
internacionais, isto é, os que atravessarem território de mais de um Estado
Procurador-geral Harmon, dos EUA, em 1895, quando de um litígio com
e seivirem â navegação. Consagra a igualdade de tratamento em relaçao
o México. Na doutrina o adotaram, entre outros, Heffter e Kluber. Ele é
a Estados ribeirinhos ou não- A navegação de cabotagem e. reservada ao
inaceitável, uma vez que o Estado que ficar mais próximo da nascente do
ribeirinho. “Tanto no percurso como na embocadura de vias navegaveis
rio acabará por ter todas as vantagens e, inclusive, poderia trazer prejuízos
de 'interesse internacional, não poderão ser cobradas taxas d_€ qualquer
aos demais. A Doutrina I-Iarmon foi abandonada pelos EUA na década de
espécie além das fixadas como retribuição e destinadas, exclusivamente, 21 zh-
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O seguiido é o denoniiiiado princípio da absoluta integridade territo- sobre esta questão é ainda aquela que aplica a teoria do direito de vizi-
rial. O Estado ribeirinlio pode exigir que o rio coiitinue oiseu curso iiatiiral.
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nhança. O Estado pode se utilizar do rio desde que não tragaflinaiores
O Estado qiie ficar mais aciina do curso do rio tein a obrigação de deixa-lo danos aos deniais ribeiriiihos. No nosso continente, na Conferência Pan-
continuar o seu curso natural. Ao contrário do aiiterior, este sistema so americana de 1933, foi aprovada uma resolução sobre o “uso iiidustiial e
traz benefícios para o Estado que se eiicontrar mais abaixo- no curso do agrícola dos iios interiiacionais” , onde se estabeleceu que " neñhiini Estado
rio, uma vez que somente ele poderá utilizá-lo, porque nao tem OUIFO pode, sem o conseiitimento de outro ribeirinho, introduzir nos cursos de
Estado mais abaixo dele para exigir a contiiiuação do curso natural do água de caráter iiiternacional, para o aproveitamento industrial ou agrícola
rio. Na doutrina, foram seus defensores: Oppenheim e Huber. Max l-luber de suas águas, nenhuma alteração que resulte ein prejuízo para..- o outro
foi o seu maior expositor e se fundamentou em decisões do Tribunal Estado interessado”.“^ O aproveitamento não poderá prejudicar a liber-
Federal da Suíça. _ _ dade de navegação. As obras que um Estado pretende realizar deverão ser
O terceiro sistema é o da gestão dos rios internacionais por um orga- comunicadas aos demais ribeirinhos, que deverão, no prazo de três meses,
nismo interñacional. Ele é aplicado em alguiis rios, como é o caso do aceita-las ou não. Neste último caso, será formada uma Comissão Técnica
Reno. Na doutrina, Farham o pregou. Entretanto, devido ã falta de' inte- Mista para resolver o caso. Se isto ainda não conduzir a uma solução,
gração da sociedade internacional, ele é ainda empregado excepcional- deverá ser adotado qualquer um dos modos de solução pacífica dos-litígios
mente. _ _ _ _ internacionais. Eštas são as principais norinas da resolução citada. Esta
O quarto sistema é uma conciliação dos dois primeiros s1stem'as.ex- resolução tem o valor de uma simples reconiendação. Em 1923, foi assinada,
postos acima. Foi sustentado por Neumeyer e Sauser-l-lallgt Este ultimo em Genebra, uma convenção sobre a utilização de forças hidráulicas, onde
autor aplica o direito de vizinhança, salientando que existe sempre uma se estabelece que, quando a referida utilização trouxer “prejuízo grave”
obrigação recíproca de não lesar o Estado vizinho”. Este parece-nos Ser 0 ao outro ribeirinho, os interessados deverão concluir um acordo para
que mais corresponde à prática internacional dos dias de hoje- Dentro permitir a execução dos trabalhos. Esta convenção, no seu art. 19, reco-
desta idéia de teoria restritiva da soberania territorial temos a teoria de nhece a liberdade dos Estados para fazer a utilização de forças hidráulicas.
Dahm, que fala em abuso da soberania territorial quando um Estado faz Ela só exige o comum acordo no caso de a utilização acarretar “ prejuízo
modificações no rio que prejudiquem ao outro ribeirinho. .A grande fra- grave”.¡2 Esta convenção só está em vigor entre 1] Estados e praticamente
queza 'deste sistema é o pequeno desenvolvimento das instituiçoes inter- não é aplicada. E de se acrescentar que em alguns tratados (México e EUA
nacionais para apreciarem os casos concretos (Albert E. Utton). em 1944) se determinaram as águas (ex.: afluentes) que poderiam ser
!
~' O regime jurídico dos rios internacionais é normalmente fixado em utilizadas por cada Estado. Um memorando do Departamento de Estado
convenções concluídas pelos Estados diretamente interessados que regu- dos EUA de 1958 afirma que não existe regra de DI que estabeleça a
lamentam a sua utilização. _ exigência do consentimento do outro ribeirinho para a realização de obras
Quanto à navegação, tem-se admitido a sua liberdade. Entretanto, nao visando o aproveitamento das águas do rio. Por outro lado, a Carta de
existe nenhuma norma costumeira do DI que a consagre (Moreno Quin- Direitos e Deveres Econômicos dos Estados, aprovada em 1974, estabelece
tana).1° Na prática internacional, os Estados têm reconhecido' uma liber- _.. .-_.- ._
que, na “utilização de recursos naturais possuídos por dois ou mais Esta-
dade de iiavegação em favor dos ribeirinhos e dos nao ribeirinhos- ps l
dos”, estes devem cooperar através de informações e prévias consultas do
i
Estados têm reservado para si o direito exclusivo de cabotagem e. tem outro. Finalmente, podemos assinalar que se tem estabelecido que deve
excluído os navios de guerra desta liberdade. O Estado que admitir a para obter melhor rendimento e não catisarem danos aos interesses um
liberdade de navegação não lhe deve criar obstáculos. Ele pode impedl-121 l ser evitada a contaminação do rio pelos ribeirinhos. Alguns autores (Betiol)
em tempo de guerra. - _ _ _ _ _ preferem a expressão “prejuízo sensível”. De qualquer inodo, a consulta
A pesca nos rios pertence ao Estado ribeirinho, que nao_deve utilizai a um Estado sobre a realização de uma obra no rio não dã a ele o direito
processos de pesca que venham a prejudicar os demais ribeirinhos. Apli- É de veto, porque isto seria uma exorbitância Gimenez de Aréchaga).
cam-se aqui as normas do direito de vizinhança. , I Nesta matéria pode ser ainda mencionado o laudo arbitral no caso do
Quanto ao aproveitamento industrial ou agrícola das aguas e que tem lago Lanoux, entre França e Espanha, de 1957, onde dois princípios são
surgido maior número de problemas." Se defendermos que o Estadoitem -_n._z.'_. -. ¡-v
estabelecidos, segundo Clóvis Ramalhete, que os formula da seguinte ma-
soberania absoluta sobre o trecho de rio que C01`T€ DO 5611 l€T-I`1l01”10, neira: “ 19) não há regra de Direito Internacional que estabeleça a neces-
chegaremos à conclusão de que o Estado poderá fazer a utilização que sidade de consulta ou permissão dos demais Estados interessados, quando
bem entender. Esta posição já foi criticada acima. A melhor concepçao do aproveitamento do rio' por um deles; 29) o Estado, ao empreender a
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utilização do rio internacional, tem o dever de cercar a iniciativa de todas ã livre navegação foi Duarte da Poiite Ribeiro, que negociou uin tratado
as garaiiit-ias, contra a produção de riscos na região, e coiitra efeitos sensiveis com o Peru, em 1841, que não foi ratificado pelo Brasil. Este tratado
.sobre as águas, zelando por todos os interesses em jogo por CÍCIIO dO 5611 defendia “a abertura da navegação do Amazonas a todas as bandeiras”.
empreendimento.” _ Em 1978, foi concluído, em Brasília, um tratado para a cooperação na
Finalmente no âmbito da ONU, foi concluída, ein 1997, convençao Amazônia que consagra liberdade de navegação comercial nos rios da
sobre o Direito de Usos de não navegação nos rios -internaCi0H'‹1ÍS- E121 É Amazônia, respeitadas a legislação fiscal e de polícia. Esta liberdade não
aplicada quando não há tratado entre os estados ribeirinhos- O estado se aplica ã cabotagem.
deve utilizar o rio de um modo justo e razoável. Deve-se levar ein consi- A navegação na bacia do Prata vem sendo regulamentada por tratados
deração: a) fatores climáticos, ecológicos e hidrográficos; b) as necessidades internacionais desde o império. Desde o século XIX que ela se encontra
econômicas e sociais dos estados; c) a população que depende dO FIO; dl aberta ã navegação de todas as bandeiras. Os cinco ribeirinhos, em reuniões
conservação e proteção dos recursos- A utilização do rio nao pode causar de chanceleres realizadas ein 1967 e 1968, decidirain fazer o “aproveita-
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tim prejuízo grave. Se a utilização for causar uma alteraçao'_significante- -mento econômico integrado da região” e foi criado o Comitê Intergover-
1

mente grave o estado tem que notificar aos demais ribeirinhos com os namental Coordenador-'5' Na verdade, a idéia da bacia do Prata ser explo-
dados técnicos e um estudo sobre o impacto ambiental. Os demais estados rada em conjunto não é nova e já surgiu em várias conferências interame-
têm o prazo de seis meses para responderem. Se houver necessidade, este iicanas: México, Havana, Montevidéu, etc- Na reunião de chanceleres-em
prazo pode ser prorrogado por mais seis meses. Se no citadonprazo nao 1971 (Assunção) foram aprovadas as seguintes recomendações: ri) nos rios
houver resposta, o estado interessado pode realizar as “obras , mas nao contíguos o aproveitamento deve ser feito de comum acordo; b) nos rios
pode assim mesmo causar prejuízo grave e a uulizaçao deve ser justa e sucessivos cada Estado pode fazer obras para o aproveitamento no trecho
razoável- Nos mencionados prazos de seis meses o estado deve fornecer no seu território sem causar prejuízos sensíveis aos demais iibeirinhos. A
todas as informações que lhe forem requeridas- Deve ser -protegido o navegabilidade deve ser sempre resguardada.
ecossistema e controlada a poluição. A convenção prevê a arbitragem para A “crise” que existiu entre Brasil e Paraguai e Argentina, no tocante
a solução de litígios que deverá ser dada em cinco meses- O Tribunal sera â construção da hidrelétrica de Itaipu, estabelecida em acordo entre Brasil
formado por três membros, sendo dois indicados pelas partes e 68185 e Paraguai (1973), chegou a seu auge neste mesmo ano, sem que a Ar-
indicarão o terceiro membro. _ _ _ gentina demonstrasse de modo claro os prejuízos que esta obra lhe iria
471. O Brasil sempre sustentou que a liberdade de navegaçao nos rios causar. A “crise” pelo lado argentino (governo Lanusse) foi mais emocional
internacionais depende do consentimentcído Estado que ele atravessa.- do que jurídica. Aos analistas políticos parece que esta “crise” foi foijada
Esta posição está em uma nota de Limpo de Abreu, em 1854, a Legaçao na Argentina (governo Lanusse) a fim de agir como um fator de iinião
dos EUA-” Em 1903, ela foi repetida pelo Barão do Rio Branco, em uma nas forças políticas (política interna) daquele país- Não há mais razão
nota ainda à Legação norte-americana. _ _ política ou jurídica para se estender ao século XX as dissensões que exis-
Tem sido observado, com razão, que não podemos falar “em doutrina tiriam no século XIX. A questão foi resolvida em 1979 em um acordo
brasileira sobre os rios, mas em política brasileira” (Pederneiras-Tenório). tripartite entre Argentina, Paraguai e Brasil. No caso de Itaipu, o Brasil
Na verdade, enquanto defendíamos a soberania brasileira no Amazonñas, sustentou que cabia apenas a ele avaliar se estava causando “prejuízo
sustentávamos a livre navegação na bacia do Prata, sem qualquer coeren- sensível” ao outro ribeirinho- A Argentina defendeu que em caso de
cia-H _ recurso compartilhado não se devia apenas evitar o “prejuízo sensível”,
472. O rio Amazonas e seus principais _afluenies (Madeira, Negro, mas “também objetivar o benefício comum máximo” (Christian Caubet).
Tapajós) foram abertos ã navegação internacional pelos Decretos ngs 3.749, O Reno 'tem uma Comissão Ceiitral para o controle da navegação,
de 7-12-1866, e 3.920, de 3-7-l867- Os Tratados de 1750 C 1777, em-fe com sede em Manheimffi Segundo Guggenheim, seria o único rio onde
Espanlia e Portugal, haviam proibido a livre navegaçao no Amazonas, e se respeitam a liberdade de navegação e a igualdade de tratamento. Os
em 1855 o Viscoiide de Abaeté dizia que “o govemo imperial tem- sempre estatutos da Comissão do Reno forain fixados em 1963 ein um protocolo.
sustentado que (ela) só pode ser concedida por convenÇã0 CSPÊCHÍI”-ÍEÍT* O Danúbio está aberto ã navegação e tem uma Comissão do Danúbio
1870, Nascentes Azambuja afirmava que o Brasil não aceitava o principio que coordena as administrações dos Estados ribeirinhos, vez que cada um
de servidão nos rios e que a sua soberania era plena nos rios em seu : ':-'-'_-.-
administra o trecho do rio que atravessa o seu território. Esta Comissao
território. Parece que um dos primeiros a defender a abertura do,Amazonas _-._
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NOTAS
O Oder o Elba e o Nieinen foram abertos ã navegação internacional
de todos os Estados pelo Tratado de Versalhes- l.juan C. Carlomagno _ El Derecho I-`luvi:il liiternacional, 1913; l-`.j. St-:rber
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lo Ato Geral de Berlim (1885). O Níger está regulaineiitado pelos tra- Rios - Régimen jurídico de los rios de la Plata, Paraná y Paraguay. 1939; Ed.
liiddos de 1963 e 1964 e foi criada uma Comissão do rio Níger. O Senegal Engelhardt _ Du Régime Conveiitionnel des Fleuves Internationaux, 1879; Mi-
¢5¡á regulamentado por uma convenção de 1966. _ . Ã ' nistério de Relaciones Exteriores y Culto (Bolívia) _ La Desviación del Rio Lauca,
Eiii 1978 foi criada a Organização para a Valorização do rio Gainbia, 1962; República do Chile -- Ministério de Relaciones Exteriores _ La Cuestión
que é calcada na organização existente para o rio Senegal. A sua sede é del Rio Lauca, 1963; Carlos Carbajal _ Nuestro Dominio Fluvial en los Tratados
Internacionales, 1937; Osborne Mance - International River and Canal Transport,
em Kaolack (Senegal), ela e entre Gambia e Senegal. 1945; Miguel Angel Espeche Gil -- Aproveitamento Industrial ou Agrícola de
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