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Terapia Antineoplásica: Quimioterapia

● A terapia oncológica consiste no tratamento dos pacientes portadores de


câncer, através de qualquer das modalidades disponíveis à prática médica.
São intervenções cirúrgicas, radioterapia, imunoterapia e quimioterapia, que
podem ser aplicadas sozinhas ou associando-se uma modalidade à outra;
● A quimioterapia tem sido o recurso mais utilizado: qual utiliza os
medicamentos antineoplásicos, através de protocolos de um ou mais
medicamentos, dependendo do estágio do tumor. Os antineoplásicos são
agentes químicos usados no tratamento do câncer para inibir o crescimento
celular. A classificação dos antineoplásicos é feita com base no mecanismo de
ação sobre o ciclo de reprodução celular.

É uma area de extrema importancia pra um hospital e de responsabilidade do


farmacêutico, pois no ponto de vista legal, o CRF tomou frente para a atuação na
preparamento do fármacos e ao tratamento.

Com o conhecimento das terapias antineoplásicas, o farmacêutico tem condição


de auxiliar a equipe médica na padronização de protocolos para que se obtenha o
melhor resultado dentro da posologia prescrita.

O contato entre farmacêutico e cliente auxilia na adesão do tratamento e na


redução de reações adversas relacionadas aos medicamentos, já que os pacientes
se sentem amparados e esclarecidos quanto ao desenvolvimento do tratamento,
contribuindo significativamente para bons resultados.

O farmacêutico também é o responsável por analisar os fatores para modificações


da área física (sala de quimioterapia/farmácia) de acordo com as necessidades
operacionais e normas estabelecidas pelos órgãos de vigilância sanitária locais.

Quanto ao preparo dos medicamentos antineoplásicos, a atuação do profissional


nessa etapa é fundamental para diminuir os riscos associados ao manejo desses
medicamentos, além de prevenir erros referentes à manipulação. Em relação aos
medicamentos orais, deve-se estabelecer uma rotina de manuseio avaliada pelo
farmacêutico para prevenir perdas, contaminação do manipulador, superdosagem
acidental ou troca da medicação e manter a qualidade do tratamento fornecido ao
paciente oncológico. Em paralelo, protege a instituição de saúde no que se refere
ao alto custo dos medicamentos antineoplásicos.

O destaque para os cuidados farmacêuticos na área de oncologia vai para a


interação com o paciente. O paciente oncológico muitas vezes está inseguro, com
dúvidas e medos em relação ao tratamento e seus efeitos colaterais. Neste
momento, o profissional deve dar suporte ao paciente esclarecendo todo o
processo terapêutico, inclusive sobre as possibilidades empregadas na prevenção
e minimização dos principais sintomas que ocorrem após a quimioterapia.
Contudo, é imprescindível que orientações diferenciadas sejam dadas para que se
obtenha o melhor resultado dentro da posologia prescrita.

Agentes quimioterápicos:
Alquilantes
● Constituem um grupo de várias substâncias químicas, cuja característica
comum é a alquilação do DNA que causa morte celular – mostarda
nitrogenada, ciclofosfamida, ifosfamida, bussulfano, carmustina, dacarbazina.
As moléculas defeituosas de DNA se tornam incapazes de processar a
duplicação normal do material genético.
● As alterações celulares, resultantes da ação tóxica dos agentes alquilantes se
traduzem por efeitos adversos, como mielossupressão, leucopenia, e
plaquetopenia → perda dos pelos, alterações na pele e unhas. Os agentes
alquilantes são especialmente tóxicos para as células em divisão: ulceração da
mucosa oral, diminuição da flora intestinal, SNC (náuseas e vômitos), alopécia e
reações adversas sobre o sistema reprodutivo.
● São agentes de atuação inespecífica, ou seja, atuam em qualquer fase do ciclo
de reprodução celular.

Antimetabólicos
● Fármacos que interferem em diversos processos metabólicos celulares,
resultando em, interrupção da síntese de ácidos nucléicos. Podem incorporar o
fármaco em substituição a um constituinte normal da célula, ou por inibir uma
enzima do metabolismo celular.
● Estes agentes são tóxicos para todas as células normais, especialmente as que
se dividem rapidamente. Seus efeitos tóxicos são náuseas, mielossupressão
grave, estomatite e alopécia moderada.
● Os agentes antimetabólitos são: Metotrexate, 5-fluorouracil, citarabina,
tioguanina, mercaptopurina.

Antineoplásicos Naturais
● São formados por alcalóides derivados da planta vinca rosea – vincristina,
vimblastina, vinleurosina, vinrosidina e vinorelbine.
● São agentes ciclo-celulares específicos que bloqueiam as células em mitose. A
ação tóxica mais importante é a mielossupressão e toxicidade neurológica. Seu
mecanismo de ação parece estar relacionado com a ruptura da alça dupla do
DNA.
● Eles possuem uma ação citotóxica manifestada por leucopenia,
trombocitopenia, neurotoxicidade, toxicidade hepática, febre, flebite, dermatite
e reações alérgicas.
● O etoposido e o teniposido estão classificados dentro do grupo dos agentes
antineoplásicos naturais, por serem fármacos semi-sintéticos derivados de um
alcalóide presente na raiz do Podophyllum emodi.

Antineoplásicos Naturais → ANTIBIÓTICOS


● Os antibióticos que fazem parte dos antineoplásicos naturais são de várias
cepas do fungo Streptomyces.
● Os antibióticos dactinomicina, daunorubicina, doxorrubicina, bleomicina e
mitomicina se ligam fortemente à dupla hélice do DNA, causando graves
distorções cromossômicas, bloqueando a síntese do RNA, DNA ou ambos.
● Os efeitos tóxicos dos antibióticos são imunossupressão, cardiotoxicidade
(aguda e cumulativa), alopécia, náuseas, estomatites, e nefrotoxicidade. A ação
citotóxica é manifestada por reações de hipersensibilidade ao fármaco, como
rubor, dispnéia, hipotensão, taquicardia, neurotoxicidade, cardiotoxicidade e
hepatotoxicidade.
● Temos ainda o paclitaxel isolado em 1967 a partir da casca do Taxus brevifolia.
Sua ação é promover a formação de agrupamento anormal levando até a
parada da mitose podendo ocorrer morte celular.

Agentes Diversos
● É composto pelos antineoplásicos cisplatina, carboplatina, hidroxiuréia,
procarbazina, dacarbazina e mitotano, L-asparaginase.
● Possuem um mecanismo de ação variado e pouco elucidado, agindo em fase
inespecífica do ciclo celular. Interferem na duplicação do DNA. Podem causar
toxicidade neurológica, com efeitos cumulativos, como formigamento e
entorpecimento das extremidades, náuseas, vômitos, anorexia, nefrotoxicidade,
neutropenia e ainda leucopenia, trombocitopenia e imunossupressão;

Assistência Farmacêutica ao paciente oncológico:


● Os fármacos devem ser prescritos pelo médico. O atendimento da prescrição
inclui a confecção do rótulo, o qual deve conter todas as informações
necessárias à identificação do paciente, características referentes à
formulação preparada e orientação para a enfermagem na assistência ao
paciente. A prescrição deve seguir o protocolo quimioterápico, que combina
diversos medicamentos antineoplásicos destinados ao paciente oncológico e
enviado ao farmacêutico para as diluições. O protocolo deve expressar com
clareza os fármacos, o veículo, a concentração, a posologia, via de
administração, tempo de infusão, informações sobre seqüência e duração do
tratamento, periodicidade dos ciclos, altura, peso, superfície corporal e
diagnóstico do paciente.
● A eficácia dos fármacos antineoplásicos é alcançada mediante o seu potencial
citotóxico. Isto significa que pequenas variações nas doses podem gerar
graves danos ao paciente. Se as doses forem menores, poderão não produzir o
efeito esperado, e se maiores poderão gerar um quadro de toxicidade, que
pode ser letal. Deve-se lembrar que o paciente oncológico é imunossuprimido,
tanto pela doença como pelo medicamento, assim a técnica para o preparo
das soluções parenterais deverá ser rigorosamente asséptica;

Central de Manipulação de Antineoplásicos:


É um onde realiza-se todas as atividades envolvendo a operação farmacêutica de
preparo das soluções parenterais destinadas ao tratamento do câncer;

Área Física
● Área de limpeza do material a ser utilizado: é um espaço destinado à limpeza e
armazenamento de todo o material a se utilizado na manipulação.
● Área destinada à paramentação do trabalhador.
● Sala com a Câmara de Segurança Biológica (as paredes devem ser laváveis,
com as bordas arredondadas e pelo menos uma das divisórias deve ser de
vidro para manter contato visual com a área externa; o ar deve ser filtrado).
● Área de transferência: é uma área intermediária à limpeza de materiais e a sala
de preparo.
● Área de recepção: localizar fichas dos paciente, programa de controle médico e
saúde ocupacional (PCMSO), cadastros de pacientes.

Equipamentos
● As câmaras de Segurança Biológica, classe II, tipo B2, são sistemas
eletromecânicos, com pressão negativa de exaustão e filtragem absoluta do ar
descendente e/ou ascendente capazes de criar ambiente de fluxo laminar
vertical.
● A classe II refere-se ao fluxo laminar que é vertical, se for tipo A é quando não
possui exaustão externa e tipo B, quando apresenta sistema de exaustão
externa. A Classe II B está dividida em B1, B2 e B3, dependendo do volume de ar
recirculado e exaurido. A tipo B2, tem 100% de exaustão e zero de recirculação.
● A ventilação, a temperatura do ambiente e o controle microbiológico, dentro
da área de manipulação da câmara, devem ser rigorosamente monitorados.
● Os desinfetantes utilizados para limpeza devem ser trocados periodicamente
para não desenvolver formas de microrganismos resistentes.
● A área deve conter o mínimo de manipulação e volumes distribuídos para não
prejudicar a eficiência da câmara.

Procedimentos para a manipulação


● Análise das prescrições, realização dos cálculos e confecção dos rótulos →
Separação e limpeza do fármaco e da bolsa de diluente. Conduzi-los à sala de
transferência e desta à sala de manipulação → Paramentação e assepsia →
Cubra a bancada com um campo de plástico, e sobre este outro campo de
papel absorvente, ambos estéreis → O auxiliar vai distribuindo o material sobre
a bancada à medida que forem sendo desenvolvidas as atividades de
manipulação → Posicionar-se junto à câmara e calçar as luvas cirúrgicas →
Proceder à reconstituição do fármaco e à sua diluição de acordo com as
técnicas de manipulação farmacêutica, e a dose prescrita pelo médico →
Conectar o equipo e verificar a ocorrência de vazamento → Entregar ao
auxiliar para a rotulagem.
● A utilização de gazes estéreis é sempre recomendada para dar mais
segurança, no momento de quebrar a ampola, aspirar a solução e ao
adicionar o medicamento reconstituído à bolsa de sistema fechado.

Biossegurança na manipulação:
● O manuseio dos agentes antineoplásicos, de forma inadequada pode
favorecer a exposição ocupacional através da inalação do agente
aerossolizado, da absorção cutânea e por ingestão acidental de alimentos
contaminados. A recomendação para lidar adequadamente com a situação é
a realização de treinamentos com os profissionais que atuam na área. Deve
ocorrer um acompanhamento para estes profissionais, através de exames
periódicos de sangue verificando a presença de discrasias sanguíneas.
- Uso de luvas cirúrgicas; recomenda-se troca a cada 30 minutos.
- Respirador com o filtro P3.
- Macacão do tipo tyvek.
- A área não deve ter turbulência, com ar filtrado, devendo ser ligada 15 a
30 minutos antes de iniciar os trabalhos e desligada 15 a 30 minutos
após terminá-los.
- Na Central de Manipulação deve haver um Kit de primeiros socorros
contendo tecido absorvente e luva cirúrgica em quantidade suficiente.
● Os agentes antineoplásicos devem ser preparados em Câmara de Segurança
Biológica classe II, tipo B2, de uso exclusivo, instalada por pessoas habilitadas
e treinadas.
● O lixo contaminado com antineoplásicos não deve ser misturado com outro
material a ser descartado. Devendo ser coletado em cestos resistentes à
perfuração e a vazamentos.
● Há necessidade de uma organização geral: armazenamento, informações
sobre a toxicidade aguda, tratamento para os casos de exposição acidental,
programa de aderência dos trabalhadores ao programa de segurança do
trabalho e atividades de treinamento.
Nutrição Parenteral
A Nutrição Parenteral (NP) consiste na administração total ou parcial, por via
intravenosa, dos nutrientes necessários à sobrevivência do paciente, em regime
hospitalar, ambulatorial ou domiciliar. É indicada nos casos em que alimentação oral
não é possível ou é indesejada, quando a absorção de nutrientes é incompleta, e
quando estas condições estão associadas ao estado de desnutrição.

As indicações clássicas são:


- Pré-operatório: portadores de desnutrição com doenças obstrutivas no trato
gastrintestinal.
- Complicações cirúrgicas pós-operatórias: fístulas intestinais, íleo prolongado e
infecção peritoneal, síndrome do intestino curto.
- Pós traumática: Lesões múltiplas, queimaduras graves, infecção.
- Desordens gastrintestinais: Vômitos crônicos e doença intestinal infecciosa.
- Moléstia inflamatória intestinal: colite ulcerativa.
- Insuficiências orgânicas: Insuficiência hepática e renal.
- Condições pediátricas: prematuros, má formação congênita do trato
gastrintestinal.

● A NP pode ser por via central ou periférica → a NP central é administrada por


meio de uma veia de grande calibre; podendo ser veia cava superior, átrio
direito, veia cava inferior, subclávia, jugular ou fístula arteriovenosa que chega
diretamente ao coração. Os pacientes necessitam de um rígido controle clínico
e laboratorial, antes e durante a administração da NP.
● Essa solução possui a osmolaridade de três a oito vezes a osmolaridade do
plasma (que é aproximadamente 277,5mOs/l). A solução de menor
osmolaridade (inferior a 600mOs/l) é infundida por via periférica.

Complicações da Nutrição Parenteral


As complicações originadas à inserção do cateter estão relacionadas à lesão das
estruturas vizinhas às veias puncionadas.
- A punção de veia danifica a parede venosa, o que estimula a trombose local. A
presença de um corpo estranho intravenoso potencializa a trombose.
- O cateter venoso pode ser infectado pelas causas mais diversas. A
contaminação do cateter atinge índices de até 30% e constitui potencial foco
de infecção.
- Há algumas complicações metabólicas: glicosúria, síndrome hipoglicêmica,
hipofosfatemia, etc.

● Os sinais clínicos da infecção são: febre, calafrios, hipotensão arterial,


taquicardia, confusão mental e glicosúria. O cateter infectado pode
determinar outros focos: endocardite bacteriana, tromboflebite séptica,
embolia séptica, broncopneumonia.

Composição da Nutrição Parenteral


A provisão adequada de nutrientes é muito importante para o paciente. A terapia
deve contemplar: carboidratos, gorduras, aminoácidos, eletrólitos, minerais,
oligoelementos e vitaminas. A prescrição inicial baseia-se na determinação das
necessidades calórico- proteicas do paciente.

Boas Práticas de Manipulação da NP


- Área física: atende as especificações discutidas para CMI.
- Saúde Ocupacional: atende à NR n° 7.
- Vestuário: devem ser esterilizados e trocados a cada sessão de trabalho.
- Materiais: Os recipientes devem manter a esterilidade, estabilidade e a
pirogenicidade da NP durante a sua conservação, transporte e administração.
- Recipiente: Deve estar protegido de trocas com o meio externo:
- Bolsa de Poli - (Etileno – Acetato de Vinila) EVA: Policarbonato
quimicamente inerte, não interage com os constituintes da formulação
(mais recomendado);
- Bolsa de Cloreto de Polivinila (PVC): Substância dura, frágil e inflexível.
substância carcinogênica, hepatotóxico e teratogênico, é adicionada
para dar flexibilidade, assim não se indica manter NP em bolsas de PVC
por longos períodos;

Técnicas de Preparo:
- Misturadores automáticos: Rapidez no preparo e ser flexível para atender
prescrições individualizadas para cada paciente, utilizando um tempo de
preparo bem inferior, além da eficiência e segurança na manutenção da
esterilidade da nutrição parenteral.
- Soluções parcialmente prontas: Estão disponíveis comercialmente soluções
parcialmente prontas.

Rótulo: Nome do paciente, número do leito e registro hospitalar, composição


qualitativa de todos os componentes, osmolaridade, volume total, velocidade da
infusão, via de acesso, data e hora da manipulação, prazo de validade, número
sequencial de controle e condições de temperatura para conservação e transporte,
nome e registro do farmacêutico no conselho de classe.
Conservação e transporte: Toda NP deve ser conservada sob refrigeração, em
geladeira exclusiva para medicamentos, com temperatura de 2°C a 8°C. O tempo total
não deve ultrapassar 12 horas e em recipientes térmicos exclusivos, protegidos de luz.
Validação: O procedimento de manipulação asséptica deve ser validado para garantir
a obtenção da formulação estéril e com qualidade.

Estabilidade e Compatibilidade da NP:


A complexidade da formulação possibilita incompatibilidades físico-químicas. O
maior risco de incompatibilidade na NP é quando macroprecipitados excedem o
tamanho de 5 a 7 na mistura e passam para a circulação central.

As alterações podem ser:


- Físicas: precipitação; alteração de cor; formação de gás; formação de espuma;
turbidez.
- Químicas: oxidação; fotólise; catálise.
- Físico-Químicas: floculação; absorção/adsorção; quebra da emulsão.

Interação Química entre eletrólitos:


- Cálcio e Fósforo:
- Implica em dois riscos: Infusão de cristais de fosfato de cálcio: formação
de embolia microvascular pulmonar;
- Oferta insuficiente e cálcio e fósforo: distúrbios da formação óssea e
fraqueza muscular;
- Magnésio: Na utilização do sulfato de magnésio não pode ser utilizado o
cloreto de cálcio devido precipitação.
- Sódio, Potássio, Acetato e Cloreto: São compatíveis em todas as concentrações
e com todos os componentes da NP.
- Bicarbonato: As incompatibilidades mais comuns são a formação de sais
insolúveis com cálcio e magnésio e a formação de precipitados com vitaminas
C e do Complexo B.

Interação entre Nutrientes e Medicamentos:


Pacientes em uso de NP poderão necessitar de vários tipos de fármacos para o
tratamento da doença. A decisão quanto à administração contínua de medicamentos
via NP deve contemplar o modo de ação, nível plasmático e eficácia terapêutica do
fármaco.

Equipe multiprofissional e o farmacêutico:


A Resolução do CFF 247/93, alterada pela Resolução CFF 292/96 define o papel do
farmacêutico e a Portaria 272/98/SVS normatiza a infraestrutura do serviço. O
seguimento do paciente pelo farmacêutico se dá através de orientações e deve
monitorar e avaliar a resposta do paciente. O farmacêutico deve também participar
da monitoração e avaliação da farmacoterapia usada concomitantemente ao
suporte nutricional.
● A eficácia e os efeitos adversos devem ser documentados pelo farmacêutico
e os objetivos da terapia devem ser ajustados.

O seguimento do paciente pelo farmacêutico deve:


- Identificar áreas para monitorar a qualidade;
- Identificar indicadores;
- Coletar e analisar a qualidade melhorando dados;
- Planos de melhoria para o suporte nutricional;
- Manter a ética da profissão;
Farmacoeconomia
A associação de saúde e economia geram incompatibilidades, pois é comum pensar
em economia na saúde como corte de despesas e baixa qualidade. Porém tem se
buscado otimizar para que seja atingido sempre uma avaliação de custo - benefício.
- Descrição e análise do custo e consequências da terapia com drogas para os
sistemas de cuidado com Saúde e Sociedade.
- Conciliar os interesses de administradores, profissionais sanitários e pacientes,
mantendo um nível adequado de atendimento e obtendo resultados desejáveis
sob a ética da saúde.
- É um conjunto de atividades dedicadas, especificamente, às análises
econômicas no campo dos medicamentos, caracterizado pela aplicação dos
conhecimentos econômicos na gestão da logística dos medicamentos, na
obtenção de critérios de eficiência no âmbito da investigação de resultados,
na política de medicamentos e na regulação pública da indústria farmacêutica
(Rubio-Cebrián).

Objetivo:
- Identificar , medir comparar os custos (em termos de recursos consumidos) e
consequências (clínicas, econômicas e humanísticas) de produtos
farmacêuticos.

Desafio:
- ALTA QUALIDADE NO CUIDADO DO PACIENTE A UM CUSTO ÓTIMO.
- Não pode ser comprometida ao conter custos.
- Uma droga cara não garante melhor qualidade.
- Uma droga barata não constitui uma qualidade menor.

Análise:
- Definir problema.
- Determinar perspectivas de estudo.
- Determinar alternativas.
- Selecionar método farmacoeconômico.
- Valores locais de recursos.

Possíveis custos:

Evolução do profissional farmacêutico:


- Papel de Dispensação → Provedor de Serviços
- Operações Técnicas → Operações Intelectuais
- Papel Passivo → Papel Ativo
- Distribuidor de materiais → Serviços Profissionais
- Substituições Fáceis → Mais inestimáveis
- Sem Contato com o Paciente → Contato com o Paciente
Custo é o elemento comum dos métodos de farmacoeconomia, o qual representa o
valor de todos os insumos, utilizados na produção ou distribuição de bens ou
serviços e que engloba os recursos relevantes na aplicação do tratamento.
- Custos diretos são aqueles relacionados diretamente com a intervenção
farmacoterapêutica. São aqueles diretamente relacionados aos serviços de
saúde que implicam em dispêndios imediatos, sendo de fácil identificação. São
exemplos dessa categoria o tempo de hospitalização, exames diagnósticos,
honorários profissionais, taxa de uso de equipamentos, aquisição de
medicamentos e materiais de consumo, entre outros.
- Os custos indiretos são relativos às mudanças da capacidade produtiva do
indivíduo e familiares decorrentes do processo de adoecimento ou de
mortalidade precoce. Eles representam, por exemplo, os custos dos dias de
trabalho perdido, do transporte utilizado pelo paciente e da morte prematura
decorrente da doença.
- Custos intangíveis são custos de difícil mensuração monetária. Embora muito
importantes para os pacientes necessitam, ainda, de significado econômico.
São os custos do sofrimento, da dor, da tristeza, da perda, ou a redução da
qualidade de vida.

Tipos de estudo:
- Minimização de custos;
- Análise custo-benefício;
- Análise custo-efetividade;
- Análise custo-utilidade;

Minimização de custos:
É a metodologia mais fácil de ser aplicada , quando dois ou mais produtos ou
métodos de tratamento são comparados única e exclusivamente em termos de seus
custos, com a obrigatoriedade de assumir que qualquer das opções resulta em
efeitos qualitativamente equivalentes.

Custo - benefício:
Consiste em analisar tanto os custos quanto os resultados de duas ou mais opções
de tratamento em termos de valores monetários. É muito útil na comparação de
diferentes tipos de serviços ou programas sanitários. Os custos quanto os benefícios
são expressos em termos monetários.

Custo - efetividade:
Análise de custo-efetividade é aplicada ao cenário de igualdade em efetividade
clínica e/ou custos; avalia-se assim a implementação de novos recursos por sua
melhor efetividade. Geralmente a análise de custo-efetividade é medida em aumento
de custo por unidade de efetividade, por exemplo, anos de vida salvos, ou seja, na
análise de custo-efetividade, a opção terapêutica é avaliada em termos de resultados
clínicos obtidos. São análises que visam comparar opções de tratamento em termos
de custos em função dos resultados obtidos, como a porcentagem de êxitos na cura
de uma infeção.

Custo - utilidade:
É o método mais difícil, havendo ainda muitos estudos que pretendem torna-lo válido.
Seu objetivo é determinar os efeitos que uma intervenção através de unidade que
integre quantidade (duração) e qualidade de vida. A unidade atualmente empregada
é “anos de vida ajustados pela qualidade”.
Farmácia Clínica
No final da década de 1950, por iniciativa da Food and Drug Administration (FDA) e da
American Medical Association (AMA), iniciou-se a conscientização dos farmacêuticos
no sentido de controlar as reações adversas aos medicamentos.
E para o desempenho desta função seria necessário conhecer todas as medicações
administradas aos pacientes, durante o período de internação. Nasciam dois
conceitos:
- Perfil farmacoterapêutico – registro sistemático das medicações administradas
ao paciente.
- Dispensação de medicamentos por dose unitária.

No início dos anos 60 (EUA), surge o conceito de farmácia clínica, neste momento em
função do paciente, visando a maior eficácia do tratamento medicamentoso.

Os conceitos de Farmácia clínica vem evoluindo constantemente: “Ciência da saúde


cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação de conhecimentos e funções
relacionados ao cuidado dos pacientes, que o uso dos medicamentos seja seguro e
apropriado; necessita, portanto, de educação especializada e interpretação de
dados, da motivação pelo paciente e de interações multiprofissionais”.

Objetivos da Farmácia Clínica:


- O paciente usuário do medicamento deve ser o objeto de todos os esforços do
Farmacêutico.
- Fornecer informações sobre medicamentos.
- Elaboração do perfil farmacoterapêutico para pacientes.
- Monitoramento do tratamento: eficácia e reações adversas.
- Participação em Comissões: CFT, CCIH, CNP, etc.

● Padrões - Sociedade Americana de Farmacêuticos Hospitalares (1995).


- Liderança e gerenciamento.
- Informação sobre medicamentos e atividades educativas.
- Otimização da terapia medicamentosa.
- Normas para distribuição, dispensação e controle, dos medicamentos,
produtos com fins diagnósticos e correlatos.
- Instalações, equipamentos e demais recursos adequados.
- Pesquisa com participação do farmacêutico.

Farmacêutico clínico:
Seu trabalho está basicamente centrado na avaliação dos esquemas terapêuticos
prescritos, baseando-se em parâmetros clínicos, laboratoriais e farmacocinéticos,
para detectar problemas e sugerir opções terapêuticas.

O desenvolvimento da atenção farmacêutica pressupõe, antes de mais nada, o uso


racional dos medicamentos:
- Reações adversas aos medicamentos: incluindo aquelas não previsíveis,
idiossincrasias ou respostas alérgicas, e aquelas que são previsíveis e,
portanto evitáveis.
- Erros de Medicação: ocorrem como resultado de erros humanos ou de falhas
no sistema. Os erros mais comuns são: medicamento inapropriado, dosagem e
freqüência de administração incorreta etc.
- Erro na prescrição de agentes antiinfecciosos: terapia empírica incorreta, os
antibióticos são a classe mais largamente utilizada em hospitais, havendo
grande potencial para a ocorrência de erros – 17% das doses dispensadas e
30% do orçamento.

Gestantes: deve se dispor dos medicamentos com utilização clínica maior e com
doses menores, por período de tempo eficaz e reduzido.
Crianças: administrar a dose adequada é necessário além do cálculo considerar
todas as diferenças corporais que modificam a farmacocinética do fármaco.
Idosos: a administração de fármacos aos idosos deve ser determinada por uma série
de fatores que, na maioria não são considerados: polifarmácia e alterações
fisiológicas importantes.
Pacientes com enfermidades crônicas: necessitam de um ajuste do perfil terapêutico
de acordo com as suas características individuais. Exemplo de pacientes
hepatopatas.
Estudos de Farmacoeconomia: para apoio à tomada de decisão.

● A atenção farmacêutica é considerada pela OMS um serviço indispensável na


relação paciente-medicamento. Sem ela, o processo de cura ou manutenção
da saúde pode ser comprometido.

Áreas de aplicação:
- Farmácia hospitalar: UTI, geriatria, medicina interna e sub especialidades
(cardiologia, endocrinologia, gastroenterologia, MI, neurologia, nefrologia, GO,
pneumologia,psiquiatria e reumatologia); Nutrição; Pediatria; cirurgia e
farmacocinética.
- Ambulatorial e centro de saúde: farmacêutico integrando a equipe
multiprofissional de saúde.
- Farmácia Comunitária: educação ao paciente evitando uso inadequado de
medicamentos.
- Indústria: estudos de farmacovigilância, campanhas educativas.
- Vigilância em saúde: condições de segurança do medicamento, informação.
- Docência: visão sistêmica, integração à equipe multiprofissional.

Princípios de prevenção de doenças:


Objetivos: prolongar a vida, diminuir a morbidade e melhorar a qualidade de vida.

- Tabaco;
- Álcool e drogas de abuso;
- Dieta (excesso de peso fator de risco para diabetes, hiperlipidemia e
hipertensão – evitar excesso de gordura saturada e passar a consumir
carboidratos complexos e fibras);
- Atividade física;
- Comportamento sexual;
- Riscos ambientais;

● Equipe multidisciplinar, cada profissional desenvolvendo seu papel:


○ Prevenção: identificar grupos de pacientes para educação sanitária.
○ A nível individual ambulatorial ou pós alta: orientação ao paciente para
obtenção dos medicamentos, adesão e tratamento adequado.
○ Desenvolver anamnese farmacológica para detectar possíveis
inadequações.
Farmacêutico clínico deve:
- Avaliar o grau de conhecimento do paciente a respeito de sua patologia e
tratamento.
- Avaliar adesão aos tratamentos prescritos.
- Investigar interações e reações adversas.
- Esclarecer dúvidas a respeito dos tratamentos.
- Integrar à equipe responsável pela recuperação do paciente.

Seguimento farmacoterapêutico de pacientes:


Fases:
- Anamnese.
- Interpretação dos dados.
- Processo de orientação.

Critérios de seleção dos pacientes:


- Sinais ou sintomas que sugerem Prfarmacoterapia, resposta terapêutica
inadequada.
- Estreita margem entre ação terapêutica e tóxica (fenobarbital, metotrexato).
- Muitos medicamentos.
- Pacientes psiquiátricos e idosos.

Busca de reações adversas e PRFarmacoterapia:


- Anamnese – tratamentos realizados, doenças prévias, gestação, cirurgias,
hospitalizações, tabaco, álcool, tóxicos, fatores de risco, hábitos alimentares
(pesquisa em prontuário ou conversa com o paciente).

● Informações demográficas (idade, peso, altura, raça e origem étnica,


residência, ocupação.
● Informações dietéticas: restrições, suplementos, estimulantes ou supressores
de apetite).
● Hábitos sociais (tabaco, álcool, drogas).
● Questões relativas a medicamentos utilizados – prescritos e não prescritos
(nome, dosagem, posologia, início, término, atualmente e no passado, motivos
que levaram à interrupção quando ocorreu). Anotar histórico de alergias e
tudo que se conseguir saber sobre adesão aos tratamentos.
● Exames laboratoriais e diagnósticos.

Sinais e sintomas importantes em farmácia clínica:


- Febre (febres de origem medicamentosa são habitualmente do tipo contínuo.
Medicamentos potencialmente causadores de febre: anti-histamínicos,
anti-psicóticos, penicilinas, sulfonamidas).
- Pruridos.

Planejamento farmacoterapêutico
Passos:
- Identificação do problema.
- Priorização do problema.
- Seleção de regimes terapêuticos específicos: verificar seguimento de
protocolos, listagem de opções terapêuticas, eliminação de drogas
incompatíveis com o quadro, seleção de dosagem, via e duração da terapia,
planejamento da monitorização.
Reações adversas a medicamentos – RAM (ocorrem com uso de doses recomendadas).
Após anamnese detectar, diagnosticar ou prevenir RAM (em hospitalização 6 drogas –
probabilidade 5%; 15 drogas – probabilidade 40%, ambulatoriais – 20%). Drogas
responsáveis por 90% das RAM: AAS e outros analgésicos; digoxina; anticoagulantes;
diuréticos; antimicrobianos; esteróides; antineoplásicos e hipoglicemiantes orais.
- Dependentes do paciente e dependentes do medicamento.
- São mais frequentes nas pessoas idosas, recém nascidos, mulheres, pessoas
com comorbidades.
- RAM Imprevisíveis:
- Intolerância (efeito farmacológico com dos inferior à
preconizada).
- Alergia (sistema imunológico).
- Idiossincrasia Efeito distinto daquele que o medicamento produz,
não se relaciona com a dose, alguns casos são genéticos).
- RAM dependentes de medicamentos:
- Do efeito farmacológico, do efeito tóxico, de interação
medicamentosa.
- EX: Beta bloqueador adrenérgico reduz sangue nas
extremidades, pode ocasionar isquemia e cianose. Imipramina
secura na boca, dificuldade de micção e visão turva.

Critérios de classificação das RAM:


1. Gravidade
● Letal – causa morte;
● Grave – implica em risco de morte ou invalidez;
● Moderada – invalidez transitória, não é necessário interromper a
administração do medicamento.
● Leve – não produz invalidez.

2. Comprovação
● Comprovada – aparece após administração do medicamento, desaparece após
suspensão, reaparece com reintrodução.
● Provável – desaparece após suspensão e não é reintroduzida;
● Possível – existem outras circunstâncias, mais prováveis que o medicamento.

Informação ativa:
- Estudos de utilização de medicamentos.
- Protocolos de nutrição enteral e parenteral.
- Farmacovigilância.
- Farmacocinética clínica.
- Protocolos de tratamento.
- Educação sanitária sobre medicamentos.
- Participação em programas de garantia da qualidade.
- Atividades docentes e de pesquisa.
FARMÁCIA CLÍNICA
Segundo a definição de “cuidado centrado no paciente”, publicada pela Resolução
nº 585/2013, do Conselho Federal de Farmácia (CFF): “Relação humanizada que
envolve o respeito às crenças, expectativas, experiências, atitudes e preocupações
do paciente ou cuidadores quanto às suas condições de saúde e ao uso de
medicamentos, na qual farmacêutico e paciente compartilham a tomada de
decisão e a responsabilidade pelos resultados em saúde alcançados”.

É muito importante o entendimento do farmacêutico clínico sobre esta questão


para assegurar um cuidado adequado.

O PROFISSIONAL
De acordo com a Associação Americana de Farmacêuticos Clínicos, as
competências exigidas pelo farmacêutico clínico envolvem:
- capacidade de solucionar problemas, julgamento e tomada de decisão;
- comunicação e educação;
- gerenciamento e avaliação das informações médicas;
- gerenciamento de populações;
- conhecimentos de farmacoterapia.

CUIDADO COM O PACIENTE


A dispensação é um serviço de cuidado assistencial no qual o farmacêutico
disponibiliza medicamentos para o paciente, em atendimento a uma prescrição
emitida por um profissional da saúde devidamente habilitado. Esta prática,
privativa do farmacêutico, é realizada de forma centrada nas necessidades do
paciente e deve incluir a orientação, a informação e a educação necessárias para o
uso racional dos medicamentos. A dispensação é o serviço de maior demanda nas
farmácias, por ser a atividade farmacêutica de maior reconhecimento pela
sociedade.
Este serviço pode ser realizado em farmácias hospitalares e ambulatoriais, e
também em farmácias com ou sem manipulação. Nesta prática o farmacêutico
deve orientar sobre o modo correto de utilização dos medicamentos e avaliar
possíveis problemas relacionados ao seu uso. Em muitos casos, a dispensação
consiste no último momento em que o paciente tem contato direto com um
profissional da saúde, antes de iniciar o uso dos medicamentos.

ANALISE DA FARMACOTERAPIA
A revisão da medicação consiste na avaliação sistemática da necessidade,
efetividade e segurança de todos os medicamentos em uso pelo paciente e de sua
adesão ao tratamento. O farmacêutico deve conhecer a indicação, dose, via de
administração, frequência e duração do tratamento para cada medicamento em
uso e deve reunir as informações clínicas necessárias para avaliar a resposta do
paciente, em termos de efetividade e segurança.
A avaliação da necessidade do uso de medicamentos pode revelar dois problemas
comuns: o uso de medicamentos desnecessários ou sem indicação clara para os
problemas de saúde do paciente ou a necessidade de utilizar medicamentos para
um problema de saúde não tratado até aquele momento. Uma das ferramentas da
revisão da farmacoterapia é a análise de prescrição.

A prescrição consiste no conjunto de ações documentadas relativas ao cuidado da


saúde. Desta forma, o farmacêutico clínico é responsável pela análise da prescrição
do paciente e deve considerar sempre:
- identificação do paciente: nome, registro de internação, sexo, idade, peso e
altura;
- aspectos do paciente: o registro de alergias e uso de medicamento prévio;
- aspectos da administração dos medicamentos: reconstituição, diluição,
tempo de infusão, estabilidade e incompatibilidade;
- dose: dose adequada para a indicação terapêutica, dose máxima diária,
ajuste de dose para paciente com alterações renais ou hepáticas, idosos,
crianças, gestantes e lactantes;
- frequência: o intervalo correto entre as doses e o aprazamento adequado;
- medicamento: disponibilidade no mercado, padronização da instituição,
indicações terapêuticas, contraindicações e interações medicamentosas;
- via de administração: via correta com a apresentação do medicamento,
avaliar se há necessidade de ajustes de formas farmacêuticas;
- interações medicamentosas: avaliar se há um risco de interação
medicamentosa e qual a relevância da mesma;
- incompatibilidade medicamentosa: avaliar se há risco de incompatibilidade
entre os medicamentos EV e sugerir alternativas;
- cronofarmacologia: influência dos medicamentos nos ciclos circadianos,
para a otimização da terapia e redução de eventos adversos.

CONCILIAÇÃO DE MEDICAMENTOS
A conciliação de medicamentos objetiva prevenir erros de medicação resultantes de
discrepâncias da prescrição, como duplicidades ou omissões de medicamentos,
principalmente quando o paciente transita pelos diferentes níveis de atenção ou
por distintos serviços de saúde, evitando danos desnecessários.

ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO
A Resolução CFF nº 585/2013 coloca como uma das atribuições clínicas do
farmacêutico relativas ao cuidado à saúde, nos âmbitos individual e coletivo, a
provisão da consulta farmacêutica em consultório farmacêutico ou em outro
ambiente adequado, que garanta a privacidade do atendimento. A normativa
define ainda que a consulta farmacêutica é o atendimento ao paciente,
respeitando os princípios éticos e profissionais, com a finalidade de obter os
melhores resultados com a farmacoterapia e promover o uso racional de
medicamentos e de outras tecnologias em saúde.

ANALISE DE EXAMES E MONITORAMENTO DE FÁRMACOS


O farmacêutico poderá solicitar exames laboratoriais com a finalidade de
monitorização dos resultados da farmacoterapia do paciente, conforme preconiza
o inciso XII do art. 7º da Resolução CFF nº 585/2013.
O monitoramento sérico de fármacos consiste na análise dos resultados de
dosagem de nível sérico de medicamento no sangue, para otimizar a
farmacoterapia, permitindo o ajuste de dose de medicamentos de acordo com as
características individuais do paciente. As principais classes que apresentam
necessidade de serem monitoradas seriamente são: antimicrobianos,
anticonvulsivantes e imunossupressores.

ANAMNESE FARMACÊUTICA
A anamnese farmacêutica pode ser compreendida como o procedimento de coleta
de dados sobre o paciente, realizado pelo farmacêutico, por meio de entrevista,
com a finalidade de conhecer sua história de saúde, elaborar o perfil
farmacoterapêutico e identificar suas necessidades relacionadas à saúde.
Durante a entrevista, o farmacêutico deverá abordar a experiência de medicação
do paciente e conhecer como este organiza seus medicamentos em sua rotina e
qual o grau de cumprimento do regime posológico.

VISTA MULTIPROFISSIONAL
O farmacêutico pode contribuir em todas as etapas dos processos que envolvem
medicamentos. É fundamental sua inserção no processo de cuidados ao usuário,
juntamente com uma equipe em que fazem parte outros profissionais de saúde.

DOCUMENTAÇÃO FARMACÊUTICA
De acordo com a Resolução CFF nº 585, de 29 de agosto de 2013, o farmacêutico
clínico tem como uma das suas atribuições acompanhar a evolução farmacêutica e
registrar no prontuário do paciente, bem como emitir parecer a outros membros da
equipe de saúde, com o propósito de auxiliar na seleção, adição, substituição,
ajuste ou interrupção da farmacoterapia do paciente.
Essa documentação é uma atribuição do farmacêutico, mas, sobretudo, uma
necessidade, pois objetiva propiciar a continuidade do cuidado ao paciente, a
comunicação com outros profissionais, o apoio diagnóstico, a operacionalização
da estatística epidemiológica, a auditoria sobre o cuidado, o ensino, a formação
profissional, entre outros, sendo inclusive instrumento legal para a verificação do
cuidado prestado.

FARMACOVIGILÂNCIA
“Farmacovigilância é a ciência e atividades relativas à identificação, avaliação,
compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer problemas
relacionados ao uso de medicamentos”.
Além das reações adversas a medicamentos, os itens a seguir também são
importantes para a farmacovigilância:
- Desvios da qualidade de produtos farmacêuticos.
- Erros de administração de medicamentos.
- Notificações de perda de eficácia.
- Uso de fármacos para indicações não aprovadas (off label).
- Notificação de casos de intoxicação aguda ou crônica por produtos
farmacêuticos.
- Abuso e uso inadequado de produtos.
- Interações medicamentosas.

FONTES DE INFORMAÇÃO
O acesso e o uso de informação apropriada sobre medicamentos são um desafio
para os profissionais de saúde. Os aspectos mais importantes na escolha de uma
fonte de informação sobre medicamentos são: imparcialidade, evidência científica,
atualização, idioma e custo
Farmacovigilância
O principal objetivo da farmacovigilância é a rápida identificação das reações
adversas desconhecidas, especialmente aquelas relacionadas aos medicamentos de
comercialização recente. A maior vantagem indireta do sistema de farmacovigilância
é aumentar a sensibilização dos profissionais de saúde sobre as reações adversas
aos medicamentos. Um maior conhecimento sobre este assunto é a base para evitar
riscos para os pacientes derivados de prescrição ou do uso inapropriado de
medicamentos. A farmacovigilância contribui para a promoção do uso racional dos
medicamentos.

Estudos de Farmacovigilância:

Os estudos sem grupo controle não permitem comparar riscos, porém é um método
ideal para gerar hipóteses que, posteriormente, podem ser comprovadas mediante
estudos controlados. Os estudos de farmacovigilância – Busca Ativa - Podem ser
desenhados para a identificação de reações adversas:
- Determinados fármacos (ex: antibióticos),
- Específicas (ex: dano hepático produzido por medicamentos),
- Categorias de pacientes mais suscetíveis (prematuros, idosos, pacientes
portadores de insuficiência renal e/ou hepática);
A busca ativa é desenvolvida por um período de tempo curto, sendo muito utilizada
para gerar um alerta a partir das notificações. Os dados devem ser obtidos
diretamente com o paciente, médicos ou ainda nos prontuários e a coleta pode ser
feita por médicos, enfermeiros e farmacêuticos. A busca ativa possuem vantagens e
desvantagens.
Farmacovigilância Hospitalar
A farmacovigilância hospitalar se diferencia por:
- Patologias atendidas tendem a ser mais agudas e mais graves.
- Uso do medicamento – via parenteral, anamnese farmacológica, maior certeza
de uso, prescrição mais racional.

Uma comissão de farmacovigilância dentro do hospital permite:


● Identificação das reações adversas que apresentam os pacientes internados.
● Promoção do uso racional de medicamentos, através da troca de informações
entre os membros da equipe multiprofissional.
● Acompanhamento atento de todo o trajeto do medicamento dentro da
instituição, desde a sua aquisição até à administração ao paciente.

Exemplo de farmacovigilância hospitalar:

“A OMS define uso racional de medicamentos como a situação na qual os pacientes


recebem os medicamentos apropriados às suas necessidades clínicas, na dose
correta, por um período de tempo adequado e a um custo acessível”.
Comissão Farmacêutica
→ É um papel técnico.

As atribuições do farmacêutico dentro da farmácia hospitalar podem ser observadas


sob o ponto de vista da Resolução do Conselho Federal de Farmácia – CFF nº 568/12,
que alterou a Resolução CFF nº 492/08, na qual prevê, entre outras questões, que nas
atividades de assistência farmacêutica também é de competência do farmacêutico
neste serviço a participação em comissões, nas quais podemos citar:
- Comissão de farmácia e terapêutica: possui a atribuição de selecionar os
medicamentos para melhor atender os pacientes do hospital – o CFF publicou
resolução específica para abordar as atribuições do farmacêutico que atua
nesta comissão – Resolução CFF nº 449/06 alterada pela Resolução CFF nº
619/15;
- Comissão do serviço de controle de infecção hospitalar: visa reduzir a
ocorrência de infecção hospitalar promovendo ações para o uso racional de
antimicrobianos;
- Comissão de terapia nutricional: visa avaliar o estado nutricional do paciente e
adequá-lo para melhor recuperação da saúde do paciente;- Comissão de
terapia antineoplásica: atividades envolvendo o tratamento de pacientes que
fazem uso desta terapia;
- Comissão de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde: tem por
objetivo zelar pelo correto descarte dos resíduos que envolvem as atividades
da farmácia hospitalar e o atendimento pré-hospitalar, atendendo as normas
sanitárias vigentes;
- Comissão de avaliação de tecnologias em saúde: acompanhar o
desenvolvimento tecnológico de equipamentos médicos e demais produtos
utilizados na rotina da farmácia hospitalar;

Existem ainda outras comissões elencadas pela Resolução do CFF nº 568/12 nas quais
é importante a participação do farmacêutico, sendo elas: comissão de análise de
prontuários; comissão de óbito; comissão de gerenciamento de risco e segurança do
paciente; comissão de ética profissional e em pesquisa; comissão interna de
prevenção de acidentes ocupacionais; comissão de captação de órgãos e
transplantes e comissão de terapia transfusional e comissão de educação
permanente.

A participação do farmacêutico nas comissões deve estar em consonância com as


diretrizes das normas que as instituíram, sendo de fundamental importância, haja
visto ser o farmacêutico o detentor do conhecimento relacionado aos medicamentos
e ser sua atribuição contribuir e zelar pela promoção, proteção, prevenção e
recuperação da saúde, devendo estar a par, no seu ambiente de trabalho, de todas as
ações, serviços e atividades que impactam direta ou indiretamente na qualidade dos
serviços, na saúde e no bem-estar e melhora dos pacientes, de forma que possa
aplicar esforços, mediante seus conhecimentos e habilidades, com vistas a contribuir
para a prestação de serviços de qualidade e que contemplem as reais necessidades
dos pacientes, família, cuidadores, colaboradores e sociedade.
Níveis de AF
Nível 1:
Dispõe de equipe habilitada; atende aos requisitos formais e técnicos para segurança
das atividades; estrutura de acordo com o perfil em grau de complexidade da
organização .

Nível 2:
Manual de normas e procedimentos documentados, atualizados, disponíveis e
aplicados; estatísticas básicas para o planejamento de melhorias; programa de
capacitação e educação continuada; evidências de integração com outros processos
e serviços da organização.

Nível 3:
Sistema de análise de satisfação dos clientes internos e externos; participa
ativamente do programa institucional de qualidade e produtividade, com evidências
de ciclos de melhoria; está integrado ao sistema de informação da , organização,
utilização de dados e indicadores para avaliação do serviço e comparações com
referenciais externos.

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