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Calor, trabalho e a primeira lei da

termodinâmica
Alguns conceitos fundamentais

Calor: é a energia que é transferida de um corpo para outro, devido à


diferença de temperatura existente entre os objetos.

Energia térmica: é a energia contida nos corpos que está diretamente


relacionada à temperatura.

É importante distinguir entre os dois conceitos anteriores, calor é a


energia transferida de um corpo para outro.

Uma caloria (cal) é a quantidade de calor necessária para aquecer 1


g de água de 14,5 ºC para 15,5 ºC, sob pressão normal.
Temperatura e Calor
Quantidade de calor sem mudança de fase
Capacidade
térmica

Calor específico
Calor de transformação
Calor latente

massa

Calor de vaporização para água

Calor de fusão para água


Trocas de calor

Ta Ta>Tb Tb

Principio da conservação de energia:


Princípio das trocas de calor
T (ºC)
Ta Ponto de equilíbrio
Corpo A

Corpo B
Tb
t tempo
Para n corpos
Mudança de estado

Fusão Vaporização

Gasoso
sólido Líquido

Solidificação Liquefação

Calor de
transformação
Mudança de fase da água
T (ºC)

150 ºC Gasoso
Líquido +
gasoso
100 ºC

50 ºC Líquido
Sólido +
0 ºC líquido
Q

-50 ºC sólido

Qual seria a quantidade de calor necessária para levar uma


massa de gelo a -20 ºC até 120 ºC?
Potência térmica

A fonte de calor fornece ao corpo a ser aquecido uma quantidade de calor Q em um


determinado intervalo de tempo Δt. Definimos potência da fonte da mesma maneira como foi
definido no curso de mecânica, ou seja, é a razão entre a quantidade de calor (energia) e o
intervalo de tempo. Então, podemos escrever:

Ou ainda,

Em unidades do SI potência é em watts (W) = J / s


Transmissão de calor

Condução: Lei de Fourier


O fluxo de calor numa barra metálica qualquer cujas extremidades se encontram em
temperaturas diferentes, sendo que o sentido do fluxo é sempre do de maior
temperatura para o de menor temperatura.
Ta > Tb
Ta calor Tb

A B

Fourier descobriu a seguinte equação para o fluxo de calor em uma barra


de metal:

Onde A é a área de seção reta, k é a constante de condutividade térmica e L é o


comprimento/espessura do material.
Condutividade térmica
Onde k é uma constante que depende do material de que é feita a barra, e é denominada
condutividade térmica do material. Da equação anterior podemos escrever a
condutividade térmica como:

A equação dimensional para k, será:

Dessa forma, a unidade de k pode ser:


Resistência térmica
A resistência térmica é dada pelo inverso da condutividade térmica

Substituindo a condutividade térmica na equação acima, temos:

Podemos ainda interpretar o fluxo de calor como se fosse uma corrente térmica, com
isso podemos escrever:
Consideremos uma chapa constituída de dois materiais com condutividade térmicas k1 e k2,
resistências térmicas R1 e R2, mantidos a temperaturas T1 e T2 com T1>T2, e uma
temperatura na interface T0. Nas condições de fluxo estacionários, ou em regime
permanente, a corrente térmica deve ser a mesma passando em todas as camadas, então:
T0

T1
k1 k2 T2

Vamos descobrir qual é a temperatura na interface,


L1 L2

E assim, podemos escrever a expressão para o fluxo através de uma placa


composta de dois materiais diferentes,
Convecção
Esse tipo de processo ocorre tipicamente num fluido, líquido ou gás, sendo o calor sendo
transferido como consequência do movimento do fluido.

A convecção aparece quando há um gradiente de temperatura num fluido.


Consequentemente, as regiões mais quentes e menos densas do fluido se movimentam
deslocando a região mais fria e mais densa do mesmo, isso pode ser facilmente
entendido analisando a seguinte equação:

Essa equação nos diz exatamente o que ocorre no caso de fluidos, líquido ou gás,
conforme a temperatura aumenta o fluido se torna menos denso, e como
consequência do princípio de Arquimedes a água aquecida sobe e a água fria desce,
formando assim uma corrente de convecção.
O que acontece nesse tipo de sistema é mostrado abaixo.
Lei de resfriamento de Newton
Um resultado bastante importante no estudo de processos de transmissão de calor é a
chamada lei de resfriamento de Newton. Essa lei afirma que a taxa de transferência de
calor é diretamente proporcional à diferença de temperatura entre o objeto/sistema e sua
vizinhança.

Onde h é o coeficiente de transferência de calor, e em geral possui uma dependência


bastante complicada com diversas variáveis tais como a viscosidade do fluido e
condutividade térmica. Em geral o gradiente de temperatura ΔT(t) tem dependência
temporal e a temperatura do fluido tem o seguinte comportamento:
Exemplo: Atrator de Lorenz
O sistema de Lorenz consiste em um modelo simplificado do comportamento da
atmosfera, ele simula o comportamento de um fluido, cuja temperatura do lado
inferior é maior que do lado superior, gerando assim correntes de convecção
Exemplo: Atrator de Lorenz
O sistema de Lorenz consiste de um modelo simplificado do comportamento da
atmosfera, ele simula o comportamento de um fluido, cuja temperatura do lado
inferior é maior que do lado superior, gerando assim correntes de convecção

Esse é um exemplo de atrator caótico, e é conhecido como efeito borboleta. Esse


tipo de sistema é muito sensível às condições iniciais.
Irradiação
Nesse tipo de mecanismo de transmissão de calor a condução é feita através de ondas
eletromagnéticas.
Leis da radiação
Lei de Stefan-Boltzmann

Essa estabelece a potência emitida por um corpo a uma determinada temperatura.

Onde e é a emissividade do corpo e pode varia entre 0 e 1. σ é a constante de


Stefan-Boltzmann cujo valor é:
Da mesma forma um corpo pode absorver radiação, neste caso a taxa com que
isso acontece é dada por:

E a potência líquida será:

Onde T' é a temperatura do ambiente.


Lei de Planck da radiação
A lei de Planck para a radiação do corpo negro corrige as equações para radiância
espectral e introduz um novo conceito na Física,

Onde E é o quantum de energia de um fóton, h é a constante de Planck. Essa


equação marca o nascimento da Mecânica Quântica no ano de 1900.
Gases ideais
Nos estudo dos gases, é necessário introduzir algumas condições de modo a facilitar
a nossa análise, o conceito que iremos aprender agora será bastante útil no estudo
de processos termodinâmicos envolvendo gases. Primeiramente assumimos que o
gás é rarefeito, ou seja, não pode ter alta densidade e sua temperatura deve estar
acima da temperatura crítica. Uma vez estando acima da temperatura crítica, o gás
não pode ser liquefeito, mesmo que a pressão sobre ele seja muito alta. Essas duas
condições fazem parte de um conjunto de condições que definem o que chamamos
de gás ideal. Além destas, temos também:

Ø As moléculas do gás movem-se desordenadamente;


Ø As moléculas não exercem ações mútuas, a não ser durante as colisões;
Ø As colisões entre as moléculas e com as paredes do recipiente são colisões
elásticas.

Uma vez estabelecidas estas condições, podemos estudar algumas transformações e as


leis que as regem.
Lei de Boyle
Essas lei estabelece que para uma determinada massa de gás, mantida a temperatura
constante, o produto entre a pressão e o volume é fixo. Ou seja, nessa transformação,
pressão e volume são inversamente proporcionais.

Lei de Charles e Gay-Lussac


Essas leis estabelecem uma relação entre as variáveis de estado em transformações
isobárica e isocórica.
Em uma transformação isobárica, a pressão é mantida constante enquanto que o volume
e a temperatura estão livres para variar. Nesta transformação é observado que o volume e
temperatura são diretamente proporcionais.

Em uma transformação isocórica, o volume é mantido constante enquanto que pressão e


temperatura variam. Nesta transformação, pressão e temperatura são diretamente
proporcionais.
Equação de Clapeyron

Uma vez introduzido as transformações a temperatura constante, pressão constante e


volume constante, e com os respectivos resultados dando relação entre as variáveis de
estado p, V e T em cada transformação, podemos escrever uma equação geral que engloba
todas estas transformações. Combinando as leis de Boyle, Charles e Gay-Lussac podemos
escrever uma equação geral para os gases ideais.

Clapeyron fez um experimento, onde concluiu que a constante acima é proporcional ao


número de moléculas do gás n, ou seja,

Onde R é chamada de constante universal dos gases ideais, e tem valor:


Densidade de um gás ideal
Uma vez que conhecemos uma relação geral entre as variáveis de estado p, V e T dada
pela equação de Clapeyron, vamos agora escrever uma equação para a densidade de um
gás ideal. Consideremos que uma certa quantidade de gás tem massa m e volume V,
podemos escrever:

Mas sabemos que a relação entre a massa molecular e número de mols é dada por:

Substituindo na equação da densidade, temos

Pela equação de Clapeyron,

Então, a densidade de um gás ideal fica:


Trabalho em transformação gasosa
Na figura abaixo, representamos um gás ideal contido num cilindro cuja seção reta tem
área A e que é munido de um êmbolo móvel, F é a força exercida pelo gás sobre o êmbolo.

F
O trabalho realizado pelo gás sobre o êmbolo é dado pela definição de trabalho que
vimos no curso de Mecânica:

Sabemos também que a pressão exercida pelo gás sobre o êmbolo é dada por:

Por definição, o volume do cilindro é:

Combinando essas duas equações com a equação do trabalho encontramos o trabalho


numa transformação gasosa:
Trabalho a partir de diagramas p x V

p p

Vi Vf Vi Vf
V V
Primeira Lei da Termodinâmica
Consideremos um sistema qualquer formado por um ou mais corpos. Quando
fornecemos ao sistema uma certa quantidade de energia Q, na forma de calor, essa
energia pode ser usada de duas formas:
l Uma parte da energia poderá ser usada para que o sistema realize trabalho

expandindo-se (W>0) ou contraindo-se (W<0). Se na transformação o volume não


variar, então o trabalho será nulo.
l A outra parte da energia é absorvida pelo sistema, transformando-se em energia

interna. Em certas transformações, a variação da energia interna pode ser nula e


neste caso todo o calor fornecido é usado na realização de trabalho.

Assim, escrevemos a Primeira Lei da Termodinâmica:

Essa equação traduz o Princípio da Conservação da Energia para sistemas


termodinâmicos.
Sinais de Q e W
Ao utilizar a Primeira Lei da Termodinâmica é importante sabermos os sinais de Q e W para
as transformações termodinâmicas. Por exemplo, se um gás for comprimido, o que significa
uma diminuição de volume, então o trabalho será negativo. No caso de uma expansão do
gás, aumento do volume, o trabalho será positivo. De outra forma, queremos dizer que:

De forma análoga, para a quantidade de calor temos:


Transformação isotérmica
Numa transformação isotérmica o gás tem a pressão e o volume alterados, mas a sua
temperatura é mantida constante durante a transformação, e como consequência a
variação da energia interna é nula, ou seja, a energia interna é constante.

Pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos:

As curvas da figura ao lado representam


isotermas, ou seja, sobre cada curva a
temperatura é a mesma.
Transformação isocórica (isovolumétrica)
Numa transformação isocórica não há variação de volume, e consequentemente o
trabalho realizado pelo gás é nulo. Pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos:

T
Transformação isobárica
Numa transformação isobárica a pressão é mantida constante, enquanto que volume e
temperatura variam.

Numa expansão isobárica a variação p


de energia interna é positiva, ou seja,

Numa contração isobárica, diminuem o volume


e a temperatura, então:
V
ΔV

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