Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
Abstract
This paper aims to examine the representation of armed groups in textbooks that
treat of Brazilian military dictatorship. The textbooks play an important role in the
sedimentation process of collective memory. Thus, we want to verify how is the treatment
of guerillas and groups that made opposition to the Brazilian military dictatorship in the
main material used in schools and which are the relations between these representations
and the collective memory about the armed groups. For this, five textbooks for the last year
of high school, with wide circulation, were analyzed and the results are described below.
Key-words: collective memory, armed groups, textbooks.
*Mestranda da Universidade Federal Fluminense, cuja pesquisa conta com bolsa do CNPq.
1
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
2
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
uma narrativa, que deve ser sistemática, acerca dos feitos do “nosso
povo”, “nossa terra”, “nossa gente”; isto é, atribui-se a tarefa de ser um
dos principais lugares da memória sobre o passado brasileiro, formador
da identidade nacional (REZNIK, 2004, p. 340).
2
O Colégio Pedro II é uma instituição criada em 1837 pelo Império Brasileiro no Rio de Janeiro, com o
objetivo de se tornar uma escola secundária pública modelar (BITTENCOURT, 2011, p. 76).
3
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
mostram como o patriotismo passou a ser o objetivo organizativo central dos conteúdos
escolares de História” (BITTENCOURT, 2011, p. 65).
Contudo, tais iniciativas, no que se referem exclusivamente aos livros didáticos,
ainda não possuíam clara intervenção do Estado. É apenas em 1929 que é criado o Instituto
Nacional do Livro, órgão específico para legislar sobre políticas do livro didático e
aumentar sua produção. A partir de 1930, com a criação do Ministério da Educação, a
História do Brasil passa a ser de ensino obrigatório e os conteúdos são organizados de
maneira mais centralizada, com normas rígidas e gerais, não permitindo multiplicidade de
abordagens de acordo com cada localidade. Em 1938, é instituída a Comissão Nacional do
Livro Didático (CNLD), estabelecendo sua primeira política de legislação e controle de
produção e circulação do livro didático no país3.
Mas, apenas com uma lei em 1942 que a História do Brasil tornou-se mais presente,
com sua carga horária aumentada. Nesta empreitada, o culto aos heróis da pátria e o senso
de pertencimento à nação estarão não apenas nos livros, como também serão celebrados
nos eventos e festas promovidos pela escola. O que era esperado em relação ao aluno era a
sua capacidade de dominar um extenso conteúdo e os livros didáticos tinham, então, papel
fundamental:
A História, assim, continuou com o mesmo método, passando os livros
didáticos, cada vez mais, a indicar os rumos da aula, a maneira “correta”
de o professor “dar aula”. É importante destacar que não existiam cursos
de formação de professores secundários e os livros didáticos eram
ferramentas fundamentais para o desempenho da função docente
(BITTENCOURT, 2011, p. 88).
3
Conforme informações disponíveis no site do governo federal http://www.fnde.gov.br/programas/livro-
didatico/livro-didatico-apresentacao, na seção “Histórico”, acessado em 17/01/2014.
4
“1966 - Um acordo entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência Norte-Americana para o
Desenvolvimento Internacional (Usaid) permite a criação da Comissão do Livro Técnico e Livro Didático
4
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
no ensino primário por Estudos Sociais e são incluídas, para o secundário e os cursos de
graduação e pós-graduação (que, por sua vez, também eram impulsionados), as disciplinas
Educação Moral e Cívica, Organização Política e Social do Brasil e Estudos dos Problemas
Brasileiros. “No caso do estudo da história, uma versão “oficial”, legitimadora do regime
político e dos governos autoritários então no poder, com forte caráter doutrinário, estava
embutida nas novas disciplinas criadas” (MONTEIRO, 2009, p. 181). O ensino, portanto,
tinha lugar central na lógica política do governo e esta preocupação do regime com a
educação, por si só, evidencia o seu importante papel na memória coletiva. Em Educação
Moral e Cívica, especificamente, o programa da disciplina envolvia conceitos como:
“nação, pátria, integração nacional, tradição, lei, trabalho, heróis” (GUIMARÃES, 2004, p.
370).
Quando as disciplinas que foram praticamente banidas ou que perderam espaço
para que estas pudessem ter lugar voltam à cena, vêm, contudo, marginalizadas, com
poucos horários na grade escolar. E, no caso dos Estudos Sociais para o ensino primário,
estes continuariam até a década de 1990.
Ainda que preteridas, surgia, a partir dos anos 1980, intenso debate quanto aos
conteúdos a serem trabalhados nas aulas de História e Geografia. Essa discussão atinge
diretamente os livros didáticos:
Na década de 1980, no bojo do processo de redemocratização do país,
uma reação a essa política oficial teve, nos livros didáticos, um de seus
alvos prioritários. Estes passaram a ser considerados os “vilões” da
educação, portadores de ideologias indutoras de processos de reprodução
das desigualdades e hierarquias sociais, em textos conservadores,
“oficiais”, muitas vezes repletos de erros ou em versões ultrapassadas
pelas pesquisas científicas (MONTEIRO, 2009, p. 181).
(Colted), com o objetivo de coordenar as ações referentes à produção, edição e distribuição do livro didático.
O acordo assegurou ao MEC recursos suficientes para a distribuição gratuita de 51 milhões de livros no
período de três anos”. Seção “Histórico”, no site do governo federal http://www.fnde.gov.br, acessado em
17/01/2014.
5
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
de suspeição, do mesmo modo que era suspeita – e não sem razão – toda a organização
escolar consolidada pela ditadura” (MUNAKATA, 2012, p. 271). Junto deste movimento,
os professores passaram a preterir o livro didático como instrumento de guia ou apoio de
suas aulas, defendendo a sua eliminação ou não utilização nas escolas. Foram tempos,
portanto, de descrédito do livro entre os profissionais da educação.
Contudo, ao mesmo tempo em que isto ocorria, somado a um esforço dos
professores em elaborar apostilas para seus alunos, formalmente, as escolas adotavam
numerosamente os livros didáticos e os autores destes livros buscavam se atualizar,
aproximando-se cada vez mais à produção acadêmica, pretendendo conformar e renovar
seus conteúdos. “Uma nova safra de livros didáticos começou a ser produzida,
apresentando uma versão de história engajada, militante” (MONTEIRO, 2009, p. 182).
Neste processo, há vultosos investimentos das editoras que produzem livros didáticos na
direção de uma profissionalização da indústria editorial e os livros alcançam um
significativo número de vendas5. O livro didático se fortalecia cada vez mais como
mercadoria, mas inserido em um processo de esforço democrático e valorização da
cidadania.
Neste contexto, o ensino e os livros didáticos buscavam combater o “entulho
autoritário” deixado pela ditadura, ao mesmo tempo em que deveriam incorporar uma
narrativa sobre este período. Este dilema foi enfrentado não somente no Brasil, foi uma
realidade compartilhada por todos os países do Cone Sul6 que viveram experiências
autoritárias. Na sociedade, havia contradições ainda muito presentes e a abordagem destas
questões variou de um compromisso com a vontade de saber e denunciar a barbárie até a
omissão e o silêncio do passado (JELIN e LORENZ, 2004, p. 5).
5
“em 1987, enquanto a tiragem média da Record, que tem como sua principal fatia o mercado nada
desprezível de best sellers, era de 9.948 exemplares por título, as da Editora do Brasil, da Ática e da Saraiva,
todas atuando na área de didáticos, foram, respectivamente, 35.133, 29.322 e 25.680. Essa disparidade pode
também ser constatada numa mesma editora: em 1987, a Saraiva [...] manteve uma média de tiragem de
5.200 exemplares para os livros jurídicos e 52 mil exemplares para os didáticos” (MUNAKATA, 2012, p.
277).
6
Denomina-se Cone Sul o conjunto dos países formados por Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
6
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
Além disso, não é possível assegurar que o uso que cada professor e seus alunos
fazem do livro adotado seja exatamente o previsto por seus elaboradores, uma vez que ele
precisa de “adequação aos contextos da prática em que será utilizado, nos quais os
7
Informação disponível em http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-funcionamento.
Acessado em 18/01/2014.
7
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
8
Dados obtidos a partir de tabelas disponíveis no site http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-
didatico-dados-estatisticos. Acessado em 18/01/2014.
8
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
Censo Escolar, 87% das matrículas no Ensino Médio são em escolas públicas9. Sendo
assim, concluímos que estes cinco títulos são significativos no universo de livros utilizados
no terceiro ano das escolas e é por este motivo que eles serão nosso objeto de análise. Os
livros são: Conexões com a História, de Alexandre Alves e Letícia Fagundes de Oliveira;
História Geral e do Brasil, de Gianpaolo Dorigo e Claudio Vicentino; História das
Cavernas ao Terceiro Milênio, de Patricia Braick e Myriam Mota; História Global, de
Gilberto Cotrim e História de Ronaldo Vainfas, Sheila de Castro Faria, Jorge Ferreira e
Georgina dos Santos10.
9
Resumo técnico do Censo da Educação Básica 2012. Disponível em
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_tecnico_censo_educa
cao_basica_2012.pdf. Acessado em 18/01/2014
10
O último deles eu tinha, pois era o livro adotado na escola em que trabalhei. Os outros quatro, tive acesso
na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em edições disponíveis dos anos de 2010 e 2011.
11
O Tropicalismo é um movimento cultural com grande expressão na década de 1960, considerado como
uma ruptura comportamental, estética e político-ideológica. Expressou-se no cinema, no teatro, nas artes
plásticas, dentre outros. O Cinema Novo é uma inovação cinematográfica que faz parte deste contexto, tendo
sido iniciado ainda na década de 1950. Na elaboração destes filmes (dentre os mais famosos, os do cineasta
Glauber Rocha), há a proposta de tratar o cinema não como entretenimento, mas como lugar de denúncia das
condições sociais. Para mais informações, ver NAPOLITANO e VILLAÇA (1998).
9
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
10
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
apoiado pela maioria da sociedade civil e pela totalidade da mídia, tentava manter uma
aparência de legalidade” (Idem, p. 233).
Como sugestão de material complementar para explorar o tema, o capítulo indica o
livro “O governo Goulart e o golpe de 64”, de Caio Toledo e o filme “O ano em que meus
pais saíram de férias”, de Cao Hamburguer.
armada contra o regime. Na sequência, nos é informado que a inspiração da luta, cujo
modelo é a guerra de guerrilha, foram os casos de Cuba, China e Vietnã, com seus
respectivos líderes, e são citados os principais focos: Caparaó (MG), Vale do Ribeira (SP)
e Araguaia (PA), além de serem mostradas as diferenças entre a guerrilha urbana e a rural.
O fracasso da guerrilha no interior do país foi acompanhado pelo
inesperado sucesso da guerrilha urbana, uma experiência quase sem
precedentes no mundo até então. Organizado por Carlos Marighella, líder
da ALN, operava nas regiões das grandes capitais, principalmente São
Paulo (Idem, p. 741).
Por serem as armas de combate à guerrilha rural inúteis frente à guerrilha urbana,
os autores nos dizem, então, que os meios encontrados pelas Forças Armadas para vencê-la
foi a dedicação à busca de informações, criando, para isso, vários órgãos e utilizando
métodos de tortura.
A tortura utilizada na busca de informações transformou nomes e siglas,
como Fleury e DOI-Codi, em sinônimos de violência contra o indivíduo.
Escoradas na doutrina da “segurança nacional”, segundo a qual os
militares estavam encarregados da defesa contra os opositores do regime.
Nessa guerra suja, todas as armas – inclusive a tortura – eram
justificadas.
No final do governo Médici, a guerrilha já havia sido praticamente
esmagada, tanto no campo quanto nas cidades, com exceção dos últimos
núcleos no Araguaia (Idem, p. 742)
12
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
o desaparecimento de seu pai sob a ditadura e termina com a seguinte frase: “estava-se
torturando gente como nunca e havia-se criado uma tática mais eficiente: mata-se o
inimigo, depois some-se com o corpo” (PAIVA apud BRAICK e MOTA, 2010, p. 157).
Assim como nos livros acima descritos, a abordagem linear vai intensificando a
ditadura e, da mesma forma, são mencionadas as greves operárias e manifestações
estudantis, com destaque para 1968 e o envolvimento de artistas, intelectuais,
parlamentares e religiosos na passeata dos cem mil. Nesta mesma página, a imagem retrata
a repressão aos participantes da missa de 7º dia de Edson Luís e há um trecho do
pronunciamento de Márcio Moreira Alves12 contra os excessos militares, que teria sido o
pretexto necessário para a publicação do AI-5. É neste contexto que, da mesma forma,
surge a luta armada:
O decreto do AI5, a influência exercida pelo exemplo da Revolução
Cubana e de outras ações que se espalhavam pela América Latina e a
crise dos partidos e movimentos de esquerda contribuíram para incentivar
setores da esquerda brasileira a se lançar em ações guerrilheiras pela
derrubada do regime (Idem, p. 162).
A inovação deste livro com relação aos que já vimos é a nomeação de distintas
organizações de esquerda, tais como PC do B (Partido Comunista do Brasil), ALN
(Aliança Nacional Libertadora), Var-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária
Palmares), VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), MR-8 (Movimento Revolucionário
8 de Outubro), AP (Ação Popular), diferenciando a sua abordagem daqueles que
permaneceram no PCB (Partido Comunista Brasileiro) ou foram para o MDB (Movimento
Democrático Brasileiro). O livro recorta também o que teria sido o período de sua atuação:
de 1968 até 1974 e informa que, para combater estes grupos, a ditadura militar elaborou
atos que possibilitavam a expulsão dos compreendidos como subversivos do país e
estabeleceu a pena de morte, bem como a montagem da OBAN e do DOI-Codi
(Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna).
12
Márcio Moreira Alves foi eleito deputado federal do antigo Estado da Guanabara pelo partido de oposição
MDB – Movimento Democrático Brasileiro – em 1966. Em 1968, tendo proferido discurso que desagradou
às forças armadas, teve um pedido de cassação de seu mandato enviado à Câmara e negado. Para maiores
informações: http://www.marciomoreiraalves.com/quem.htm
13
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
Contudo, mesmo citando os nomes dos grupos, na página em que há a referência aos
mesmos, a imagem que consta é da passeata dos cem mil. É a página seguinte, a 163, que
trará dois “boxes” com conteúdos relacionados à luta armada: um trazendo trechos do livro
“Hércules 56”, de Silvio Da-rin, que narra o sequestro do embaixador americano em 1969,
e outro com trechos do livro Brasil Nunca Mais, abordando a tortura sofrida por Diógenes
Arruda Câmara. É também nesta página que o período mais “duro e violento” é retratado,
mostrando que é sob o governo Médici que a guerrilha é desmobilizada. Como
demonstração desta assertiva, são citadas as mortes de Marighella e Lamarca, ressaltando-
se que, após, a única iniciativa que ainda estava em vigor era a guerrilha do Araguaia,
derrotada em 1975.
Na página seguinte, a 164, há uma Seção “Analise o documento” em que consta um
panfleto distribuído pelas forças da repressão denominado “Decálogo de segurança”,
recomendando às pessoas a delação de atitudes estranhas e a entrega de pessoas suspeitas à
polícia como um esforço conjunto na luta contra o “terrorismo”.
O capítulo termina com indicação de livros (Brasil Nunca Mais), filmes (Ação
entre amigos, de Beto Brant; Batismo de sangue, de Helvecio Ratton; Cabra-cega, de Toni
Venturi; O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburguer; Terra em transe,
de Glauber Rocha) e sites (Memórias reveladas, Tortura nunca mais). Sugere, como
atividade final, a realização de entrevistas com pessoas que viveram o período.
4) Cotrim, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. Volume 3. São Paulo: Editora
Saraiva, 2010.
No livro deste autor, que escreve livros didáticos há décadas, a ditadura militar está
no capítulo 14, denominado “Governos militares”. Dividido de acordo com os governos de
cada general presidente, os protestos e oposições ao governo aparecerão nos anos do
governo Costa e Silva, assim como os demais, no contexto do emblemático ano de 1968.
Ali, os movimentos de protesto partem de estudantes, operários, políticos de oposição e
padres progressistas. A morte de Edson Luís e a Passeata dos Cem mil, as canções de
protesto representadas pela emblemática música “Pra não dizer que não falei das flores”,
14
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
de Geraldo Vandré e o discurso de Márcio Moreira Alves são os exemplos concretos que
justificam a existência de oposições ao recrudescimento da ditadura.
São nos anos do governo de Médici, “os anos de chumbo do regime militar” que a
atuação repressiva se destaca:
Com a suspensão dos direitos fundamentais do cidadão, qualquer um que
se pronunciasse contra o governo podia ser perseguido politicamente,
demitido do emprego ou até mesmo preso.
O governo militar procurou esconder da população o combate violento
que moveu contra grupos sociais, de diversas tendências políticas que se
opunham à ditadura: liberais, socialistas, e comunistas. Com a censura
aos meios de comunicação, grande parte da população não ficou sabendo
o que acontecia nos porões dos órgãos de segurança pública e em outros
locais para onde eram levados os presos políticos (COTRIM, 2010, p.
216).
15
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
16
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
Os outros motivos indicados para a derrota deste tipo de luta são: a falta de apoio da
sociedade, que aproveitava as benesses do milagre econômico e “não entendia o que estava
acontecendo” e a organização da repressão, através de seus órgãos.
A luta era desigual: jovens de classe média armados com revólveres
enfrentando militares profissionais e agentes treinados. No entanto, o
fator decisivo para a derrota da luta armada foi, como vimos, o
isolamento dos guerrilheiros em relação à sociedade. Calcula-se que
cerca de 800 pessoas se engajaram na luta armada, sendo que 386 foram
mortas ou desapareceram (Idem, p. 348).
Neste livro, o marco para o final da luta armada é o início do ano de 1973, quando
uma nota assinada por três organizações reconhece seu fracasso, apesar de mencionar a
existência do Araguaia, logo reprimida. Ao longo do capítulo, a iconografia pertinente ao
tema são: cartaz com fotos de “terroristas assassinos procurados”, com a indicação de que
eles eram espalhados pela cidade para convencer a população a entregá-los à polícia; foto
com armamento da organização VAR apreendido em 1969; foto dos 70 guerrilheiros
brasileiros que estavam presos e foram trocados pelo embaixador suíço.
Ao fim, são indicados inúmeros livros e filmes sobre a ditadura. Dentre os que se
relacionam com a luta armada, o livro de Daniel Aarão Reis, “Ditadura militar, esquerdas
e sociedade” e os filmes: Ação entre amigos, de Beto Brant; Lamarca, de Sérgio Rezende;
Nunca fomos tão felizes, de Murilo Salles; O ano em que meus pais saíram de férias, Cao
Hamburguer; O bom burguês, de Oswaldo Caldeira; O que é isso, companheiro?, de Bruno
Barreto; Pra frente Brasil, de Roberto Farias; Que bom te ver viva, de Lucia Murat e Zuzu
Angel, de Sério Rezende.
17
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
Como primeira questão, temos que constatar que os livros didáticos não estão
informados apenas pela vontade e pelo posicionamento ideológico dos autores. Há
questões que independem deles e que devem ser levadas em conta. Por exemplo, o limite
de páginas para um capítulo, a diagramação, a impossibilidade de utilização de uma
imagem que a editora prefere não pagar. Não é à toa que as informações mais detalhadas
da luta armada, como mais nomes dos grupos que participavam e exemplos de sua atuação,
estão nos livros cujos capítulos possuem maior número de páginas. Além disso, ele é
escrito para agradar seu público leitor que, aliás, é híbrido: professores, alunos, pais de
alunos. Afinal, como mencionado acima, trata-se de um objeto cultural complexo.
Nota-se, por exemplo, que todos os livros seguem a tradicional divisão da história,
com os mesmos marcos dividindo os períodos da história geral, com capítulos de história
do Brasil inseridos em seu bojo. É como se esta fórmula pronta comum a todos eles fosse
natural e, já testada em sala de aula, não pudesse ser desrespeitada. É claro que pode ser
que o professor sequer siga o livro linearmente, mas a proposta de seus elaboradores
continua sendo a mesma ao longo dos anos. Desta forma, é linearmente que também se
aborda a ditadura.
Dito isto, o que salta aos olhos quando analisamos estes livros didáticos é que, em
sua maioria, há a obediência a uma narrativa consagrada ao abordar a ditadura. Ela é
construída de maneira linear, com picos de oposição e repressão. As amplas manifestações
são evidenciadas: nenhum dos livros deixou de mencionar as greves operárias, os
congressos estudantis, o assassinato do estudante Edson Luís e a passeata dos cem mil no
emblemático ano de 1968, reunindo ali o ápice da manifestação democrática que precede o
endurecimento do regime.
Contudo, esta periodização, ou ainda, a ideia da ditadura como um período
destacado dos demais foi se construindo aos poucos. Como nos mostra Luís Reznik, é
apenas em 1972 que um livro didático aponta 1964 como o início de uma nova era, de um
novo período histórico (REZNIK, 2004, p. 345).
Além disso, apesar de não ser mera transposição didática das pesquisas acadêmicas,
os autores de livros didáticos as conhecem, as consultam e dialogam com elas para
18
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
escrever seus próprios livros. O que ocorre, contudo, é que a ditadura militar custou a ser
tema de pesquisas acadêmicas de historiadores. No momento em que ainda se vivia sob o
regime, eram os cientistas sociais os que se sentiam mais confortáveis para escrever sobre
o assunto. Isto porque se fossem abordar a ditadura, esta seria uma história do tempo
presente, ainda não muito feita no Brasil naquele período. O historiador entendia, de
maneira geral, que sua análise seria mais bem elaborada se ele a fizesse depois que se
pudesse olhar um processo já concluído, por isso, o interesse historiográfico recaía sobre
outras temporalidades (FICO e POLITO, 1992, p. 55).
No que se refere especificamente às esquerdas, elas apareceriam inicialmente em
livros escritos por ex-guerrilheiros que, uma vez vislumbrando a abertura do regime,
sentiam a necessidade de denunciar as torturas sofridas. O faziam, contudo, após a
iniciativa de seus grupos ter sido derrotada e, nestas memórias, tentavam justificá-la,
culpando assim a fragilidade de seus armamentos e suas táticas, a divisão em grande
número de grupos e o afastamento da sociedade de maneira geral.
O que podemos perceber é que a narrativa dos livros didáticos incorpora, em grande
parte, essas explicações para a derrota. Mas, além disso, com exceção do último livro
abordado, o consenso da narrativa dos demais é: o surgimento da luta armada é posterior
ao AI-5, ou pelo menos, a 1968. Diante da impossibilidade de manifestação democrática,
adota-se a luta armada. E aí, as influências guerrilheiras são buscadas externamente.
Segundo Marcelo Ridenti, o treinamento guerrilheiro no Brasil que toma como
influência a Revolução Cubana remonta ao início da década de 1960. Contudo, neste
momento, as iniciativas foram pouco numerosas e não prosperaram. Assim, “a adesão de
setores expressivos da esquerda ao modelo cubano não pode ser dissociada, de um lado, da
repressão da ditadura e, de outro, da crise nas esquerdas gerada pela derrota de 1964”
(RIDENTI, 2007, p. 26). Como a linguagem dos livros didáticos é, quase sempre, direta,
linear e teleológica, explora-se e escreve-se aquilo que vigorou mais firmemente. Ao
sabermos hoje que a luta foi mais decisiva no pós-68 e que ela foi derrotada, os livros
simplificam a abordagem, dizendo que a mesma nasceu em 1968 e que seria impossível ser
vitoriosa.
19
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
Talvez não seja aleatório que o único livro que mencione a existência da luta
armada antes de 1968 seja o mesmo que indica como leitura complementar o livro
“Ditadura militar, esquerdas e sociedade”, de Daniel Aarão Reis. Isto porque, neste livro,
o autor aborda as disputas na construção da memória coletiva sobre a ditadura ocorrida
durante o momento de transição do regime autoritário para o democrático. Sua tese é a de
que para que a nação pudesse se reconciliar e seguir adiante, foi preciso fazer um pacto de
memória no qual a sociedade, de maneira geral, veste o papel de vítima, que nada sabia em
relação à tortura e à barbárie empreendida pelo regime, pois não era possível saber, e a luta
da esquerda revolucionária é reduzida a uma luta democrática, em que o que a guerrilha
estava fazendo durante todo o tempo era combater tão e somente a ditadura. Assim, de
acordo com Aarão, na memória consolidada são esvaziados seus projetos revolucionários e
sua violência (REIS FILHO, 2005, p. 8).
Da mesma forma, Denise Rollemberg defende em um artigo que o esquecimento
foi essencial na construção das memórias da luta armada. Haveria uma diversidade e uma
pluralidade de memórias relativas à experiência da luta que não foi incorporada à memória
coletiva, mas apenas uma fração das mesmas. As memórias produzidas seriam
responsáveis por um “lembrar que esquece”, ao destacar apenas as partes que seriam úteis
a uma sociedade que incorporaria o papel dos leitores que não sabiam, “esta espécie de
personagem constante da história que atravessa os tempos em diferentes partes do mundo
assistindo a toda espécie de crime sem nada ver” (ROLLEMBERG, 2006, p. 83-91).
Ainda que a maioria dos autores que exploramos respeite claramente esta narrativa
consolidada na memória coletiva, de sociedade vítima e luta armada que só é armada
porque não tem escolha, nem sempre os livros didáticos deixaram de citar as ações
violentas. Contudo, em todos estão presentes as justificativas para a derrota da guerrilha:
incompreensão da sociedade em relação aos seus métodos, despreparo, número pequeno de
envolvidos, divisão dos grupos em muitas organizações e uma repressão profissionalizada
e bem informada.
E, ainda que reproduzindo uma versão pactuada em sua narrativa central, podemos
depreender das fontes e materiais utilizados nos boxes ou atividades propostas informações
20
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
que dão ao professor e ao aluno possibilidades de ir além dela. Por exemplo, na Seção
“Controvérsias” do primeiro livro, há a menção da colaboração da sociedade com a
ditadura.
Contudo, não sendo o saber escolar mera transposição do saber acadêmico, algumas
discussões extremamente pertinentes no âmbito acadêmico podem não ter a mesma
efetividade em sala de aula. No contexto no qual estamos inseridos, com a valorização dos
direitos humanos cada vez maior (pelo menos no discurso, já que na prática vemos o seu
desrespeito a todo momento), ou ainda, no espaço escolar, em que uma de suas principais
funções é formar cidadãos que valorizam a democracia (dentro de uma lógica de um
difundido maniqueísmo ditadura x democracia), em que o ensino da história assume o
papel de importante instrumento formador de identidades coletivas, os professores
preocupam-se com os efeitos de se afirmar que a luta armada utilizava métodos violentos
assim como a repressão da ditadura e que esta violência era um projeto até mesmo anterior
e não meramente uma resposta à violência e à barbárie do regime. Como o aluno ensinado
a valorizar a diplomacia poderá compreender o sentido desta luta? É claro que o bom
professor deve ser capaz de ensinar uma imaginação histórica a seus alunos e a capacidade
de abstração, relativização e historicidade das posturas assumidas pelos distintos sujeitos
históricos. Mesmo assim, o que muitos temem é que este tipo de abordagem, inaugurada
mais claramente pelo último livro citado, suscite interpretações como a “teoria dos dois
demônios”, que iguala os aspectos violentos de ambas as partes e justifica a barbárie.
Kazumi Munakata, por exemplo, questiona-se quanto a possibilidade da pesquisa
histórica universitária figurar da mesma maneira em sala de aula: “No Brasil, os livros
didáticos de História pelo menos resguardam o seu público (professores e alunos) do risco
do nenhum saber, por mais que essa história seja suspeita aos olhos do historiador
acadêmico” (MUNAKATA, 2012, p. 296).
Talvez, uma boa saída seja adotar nos livros uma estratégia já utilizada em
pesquisas acadêmicas, mas que ainda está muito longe dos didáticos: a abordagem de
histórias de vida. Ao lermos tais capítulos, nada sabemos sobre motivações pessoais para a
luta armada. Por que essas pessoas acreditavam nisso? Está evidente a influência de Cuba,
21
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
China e Vietnã, mas não sabemos como nem por que estas pessoas estavam dispostas à
clandestinidade. E será que todas as pessoas envolvidas na luta seguiam o mesmo
estereótipo de jovens ingênuos, será que todos viveram clandestinamente? Quando citam
pessoas, os livros, no máximo, referem-se aos líderes Carlos Marighella e Carlos Lamarca.
A narrativa, impessoal, dificulta a identificação. Não uma identificação no sentido de
aceitar, aprovar e querer fazer o mesmo, mas a identificação necessária à qualquer período
histórico: a identificação que nos faz compreender outros tempos, outras referências,
outras formas de pensar e agir. Humanizando os comportamentos, trazendo para a narrativa
a vida das pessoas, talvez os livros pudessem vislumbrar a possibilidade de se aproximar
das pesquisas acadêmicas e, da mesma maneira, do seu público leitor. Pois, são nas
histórias de vida, plurais, sem coerência, com descaminhos os mais diversos, que a história
se realiza.
Referências Bibliográficas
ALVES, Alexandre e OLIVEIRA, Letícia. Conexões com a História – Volume 3. Da
Expansão Imperialista aos dias atuais. São Paulo: Editora Moderna, 2010.
BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: Fundamentos e Métodos. São Paulo: Editora
Cortez, 2011.
BRAICK, Patricia e MOTA, Myriam. História das cavernas ao terceiro milênio. Volume 3
– do avanço imperialista no século XIX aos dias atuais. São Paulo: Editora Moderna,
2010.
COTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. Volume 3. São Paulo: Editora Saraiva,
2010.
FICO, Carlos e POLITO, Ronald. A História no Brasil (1980-1979): elementos para uma
avaliação historiográfica. Ouro Preto: UFOP, 1992.
GUIMARÃES, Selva. O ensino de história e o golpe militar. In: FICO, Carlos et al. 1964-
2004: 40 anos do golpe. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Editora Centauros, 2006.
JELIN, Elizabeth e LORENZ, Federico. Educacion y memoria: entre el passado, el deber
y la possibilidade. In: JELIZ, Elizabeth e LORENZ, Federico (comps). Educacion y
memoria. La escuela elabora el passado. Buenos Aires: Siglo XXI, 2004.
MONTEIRO, Ana Maria. Professores e livros didáticos: narrativas e leituras no ensino de
história. In: ROCHA, Helenice, REZNIK, Luís e MAGALHÃES, Marcelo (orgs). A
história na escola. Rio de Janeiro: FGV, 2009.
22
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ 1964-2014: 50 ANOS DEPOIS, A Ano 4, n° 5 | 2014, vol.1
CULTURA AUTORITÁRIA EM QUESTÃO] ISSN [2236-4846]
MUNAKATA, Kazumi. Histórias que os livros didáticos contam, depois que acabou a
ditadura no Brasil. In: FREITAS, Marcos (org). Historiografia brasileira em perspectiva.
São Paulo: Editora Contexto, 2012.
NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. Tropicalismo: As Relíquias do Brasil em
Debate. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 18, n. 35, 1998.
POLLACK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio”. Revista Estudos Históricos, Rio
de Janeiro, v. 2, n.3, pp. 3-15, 1989.
REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2005.
REZNIK, Luís. A construção da memória no ensino da história. In FICO, Carlos et al.
1964-2004: 40 anos do golpe. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
RIDENTI, Marcelo. Esquerdas revolucionárias armadas nos anos 1960-1970. In
FERREIRA, Jorge e REIS, Daniel Aarão. Revolução e Democracia. Coleção As Esquerdas
no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
ROLLEMBERG, Denise. Esquecimento das memórias. In Martins Filho, João Roberto
(org). O golpe de 1964 e o regime militar. São Carlos: Ed. UFSCar, 2006.
VAINFAS, Ronaldo et al. História. O mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3.
São Paulo: Editora Saraiva, 2010.
VICENTINO, Claudio e DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo:
Editora Scipione, 2010.
Sites
www.fnde.gov.br
www.inep.gov.br
http://www.marciomoreiraalves.com
23