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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ

MARCOS SILVERIO TEIXEIRA

IMPORTANCIA DA REFORMA NA EDUCAÇÃO

RIO DE JANEIRO
2020

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
MARCOS SILVERIO TEIXEIRA

IMPORTANCIA DA REFORMA NA EDUCAÇÃO

Trabalho Científico apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito final para
obtenção do Diploma de licenciatura em Historia.

Orientador(a)

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Resumo
Com o intuito de investigar as influências da Reforma Protestante na educação,
principalmente da Alemanha do século XVI, esta pesquisa busca fazer uma leitura
deste cenário. No período medieval a igreja católica dominava a cultura e a educação
que eram privilégio do clero e dos filhos de nobres, pois todos destes grupos tinham
acesso ao ensino por ela controlada.
Lutero (1483-1546) questiona a igreja romana dando início ao movimento que
mais tarde seria conhecido como a Reforma Protestante. A reforma sobretudo, aponta
as necessidades sócio-políticas oriundas da transformação material da sociedade que
ira mais tarde proporcionar o advento do capitalismo. Dentro deste conceito uma das
necessidades era a instrução da população e um ensino de caráter universal, assim
nesse cenário que Lutero irá apontar a educação sendo um dever Estatal e a
alfabetização popular como requisito para acesso aos textos sagrados. O advento da
reforma irá contribuir para uma profunda revolução educacional.
Como a reforma impactou na educação? Esta é a problemática desta
pesquisa , de cunho bibliográfico, que buscará abordar este questionamento através
de livros, revistas especializadas, sites e documentos que nos ajudem a compreender
o cenário do século XVI e os questionamentos e protestos do próprio Martin Lutero.
A nossa pesquisa está estruturada em três tópicos, sendo o primeiro dedicado
ao contexto histórico da reforma Protestante na Alemanha, com destaque da religião,
mudança de concepção de trabalho e pedagogia humanista; o segundo com dados
biográficos de Martin Lutero os quais ajudarão entendermos seus pensamentos; o
terceiro expõe os pensamentos pedagógicos de Lutero nos quais destaca-se: escola
para todos sendo pública e obrigatória, a obrigação do estado na manutenção das
instituições de ensino; o currículo escolar; o oficio do educador e a sua real
importância; sua posição sobre a educação femininos métodos propostos pela
educação reformada. Na conclusão desse trabalho buscaremos mostrar o legado
deixado na educação pela Reforma Protestante e a contribuição de Lutero baseado
nos avanços educacionais proporcionado pela reforma.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Introdução
Ao pesquisar bibliografias sobre o tema observa-se o quanto é grande a
influência religiosa sobre o processo educacional de diversos povos e em nossa
cultura Judaico-Cristã ocidental o quanto ela deixou marcas ao longo de toda a
história. Com a Reforma Protestante que teve início no século XVI percebeu-se uma
abertura ao saber, uma nova visão do mundo e na educação essa mudança foi
latente. Durante a idade media a igreja dominava o saber que consistia basicamente
na doutrina cristã e seu ponto auto era a teologia, sendo visto como um dom de Deus
a ciência era privilégio do clero e havia um monopólio eclesiástico da instrução, apesar
de que a igreja chegara a abrir escolas episcopais para leigos.
A sociedade que estava sob domínio da igreja católica, passava por profundas
mudanças que abalavam suas convicções políticas e morais, impulsionadas pelo
advento do capitalismo e pela burguesia, que vinha junto com os intelectuais
humanistas e as camadas populares passando por transformações faziam surgir
questionamentos sobre o domínio da igreja. As mudanças morais e culturais são
reflexos de uma transformação econômica, essas irão proporcionar o surgimento da
classe burguesa e posteriormente ao capitalismo que irão exigir uma conduta ética do
clero abrindo precedentes para Reforma.
Um novo modo de produção que anteriormente era artesanal e de subsistência
passa a uma produção de excedentes destinada ao comercio com intenção de
acumulação e lucro. Esse processo gera mobilidade social que não era possível antes
pelo formato da sociedade feudal. A igreja e os nobres possuíam a terra e possuíam
também os servos que trabalhavam em troca de alimento, moradia e proteção. O
advento da burguesia fomentado por esse novo modelo de produção dá destaque ao
trabalho como meio de mobilidade e Ascenção social, o dinheiro ganha lugar de
destaque na economia permitindo essa troca de trabalho por pagamento até as
camadas populares.
Até então a educação era privilégio do clero e da nobreza não sendo difundida
universalmente, porem a Reforma e outros movimentos lutou para a propagação da
mesma com a intenção de que cada homem tivesse capacidade de ler e interpretar as
escrituras sagradas sem a intervenção do padre, por exemplo. MANACORDA (1989)
”promoveram a difusão da instrução afim de que cada um pudesse ler e interpretar
pessoalmente a Bíblia , sem a mediação do clero” (MANACORDA, 1989, 194).
Para ter acesso a leitura pessoal da Bíblia era necessário não só a instrução
das camadas populares, mas a universalização do ensino era de suma importância
para a nova classe de trabalhadores. Com os valores da nova sociedade e da velha
entrando em conflito a escola passa a assumir um papel social na formação dos
homens as concepções do meio social vão se reconfigurando, novas características
da universalização do ensino vêm de encontro as mudanças ocorridas na base
econômica dessa sociedade.
Martinho Lutero um dos maiores expoentes da reforma protestante na
Alemanha afirmava que todo cidadão tem direito ao estudo elementar, ele propunha
escolas públicas, dessa forma criando bases de uma educação autônoma fazendo
com que cada individuo tivesse a oportunidade de interpretar os textos sagrados direto
da fonte sem um interprete. Para ele, como efeito disso a educação da juventude era a
“razão principal da nossa existência” (apud JARDILINO, 2009. p, 85) e não havia
pecado maior do que negar educação a uma criança.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Lutero entendia que a educação era uma forma de auxiliar as cidades terem
homens aptos a governar e não somente um meio de consultar as escrituras, portanto
segundo ele os homens deveriam desfrutar de instrução o que estava de acordo com
o plano de Deus conforme um de seus discursos:

“Senão existissem nem a alma nem o Paraíso nem o Inferno, e

ainda se não se devesse levar em consideração apenas as

questões temporais, haveria igualmente necessidade de boas

escolas masculinas e femininas, e isso para poder dispor de

homens capazes de governar e mulheres em condições de

conduzir bem suas casas” (apud CAMBI, 1999, p. 249).

Lutero nessa afirmação de sentido conservador dos papeis sociais de gênero


reproduz em sua fala algo que não era questionado ainda naquele momento. O mestre
está no centro da vida escolar podendo substituir a família caso esta apresente
incapacidade de desempenhar seu papel de formação do indivíduo, porque a
ignorância é inimiga da fé. Este pensamento se diferencia aos demais da idade
média, onde o conhecimento era na visão do clero e nobreza uma ameaça para a fé e
não uma ferramenta de acesso a mesma como defendia Martinho Lutero.
Observamos, assim como o pensamento reformista está nas bases e visão de mundo
da sociedade alemã, definindo padrões, conceitos e repercussão na história ocidental.
A proposta de nossa pesquisa é responder à questão: Como a Reforma
Protestante repercutiu na educação? Delimitamos a Alemanha do século XV e XVI,
contexto no qual buscamos entender como foi a relação ente Reforma e educação,
focando a universalização da instrução básica como resposta a alfabetização do povo
com a intenção de atender as demandas sociais, políticas, econômicas e religiosas. A
pesquisa foi baseada em manuais de historia da educação, com viés históricos em
textos como os de Mario Manacorda (História da Educação: da antiguidade aos
nossos dias, 1989) e Franco Cambi (História da pedagogia, 1999), mas também em
textos que os autores dedicaram se a um relato mais especifico da época, entre estes:
Lucien Febreve (Lucien Febreve : historia, 1978 ) e Pierre Chaunu (O tempo das
Reformas (1250-1550) II. A Reforma Protestante, 1975), entre outros, porém,
mantendo sempre que possível os escritos do próprio Martinho Lutero.
Estruturalmente o texto possui três capítulos. O primeiro relata o contexto em
que ocorre a reforma, expõe do século XV e XVI, as mudanças econômicas as
dinâmicas sociais desenvolvendo-se nesse contexto, o capitalismo percepção do
conceito de trabalho e o papel da religião. No segundo capitulo os aspectos
biográficos de Lutero, protagonista da reforma e por fim no terceiro apresentam-se
características da proposta educacional da reforma com destaque em: o dever do
Estado em prover as instituições de ensino; currículo escola; oficio do educador que
na visão de Martin Lutero seria o mais dispendioso de se praticar; relações de gênero
nos textos de Lutero com relação a educação feminina e finalmente a relação jocosa
da pedagogia da Reforma associada aos métodos professados pela mesma.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Concluindo a pesquisa procuraremos mostrar os impactos da Reforma
protestante constatados na educação e seus avanços, também como seus legados
que se mostram latentes até os dias atuais.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
CAPÍTULO I
O CENARIO DA REFORMA PROTESTANTE NA ALEMANHA
Em 1517 a Alemanha tinha seu território formado por um conjunto de cidades
que não eram unificadas os povos destas cidades falavam línguas diferentes, com
costumes diversos, não eram agrupados como um Estado solidificado e centralizado.
A Alemanha não possuía um Rei diferentemente de Inglaterra e França que já
possuíam uma monarquia e dominavam seus territórios. No caso da Alemanha havia
um imperador, mais apenas por titulo onde ate mesmo os bispos possuíam mais poder
como destaca Febve (1978):

[...] Nesse país, sua autoridade decaía cada vez mais, isso se
dava por que a própria grandeza impossibilitava a atuação desse
soberano de outra época. Ela o mantinha subjugado aos
verdadeiros senhores dos países germânicos; os príncipes, as
cidades (FEBVRE, 1978, p 82).

O que preocupava os príncipes que tinham sobre o imperador grande


influenciam, era oportuna e a riqueza da sua dinastia. Eles possuíam poder político e
territorial formando assim segundo Ferbve (1978), Alemanha principesca havia cerca
de vinte cidades povoadas com indústrias, igrejas, acesso a arte e uma burguesia em
franca expansão. Existia uma outra Alemanha além dos muros das cidades dominadas
por senhores ricos e camponeses miseráveis desconhecedores do esplendor das
cidades, o País encontra se fragmentado e por isso muitos cidadãos encontram se em
uma situação de sofrimento, conforme Febvre (1978):

Os alemães, tão orgulhosos de suas fortunas, de seu sentido dos


negócios, de seus êxitos vistosos, sofriam com essa situação. Sofriam por
não formarem mais que um país dividido, feito de pedaços e fragmentos,
sem chefe, sem cabeça: um amálgama confuso de cidades autônomas e
de dinastias mais ou menos poderosas (FEBVRE, 1978, p 85).

A divisão do poder era da seguinte forma: perante o Papa o imperador desempenhava


o papel de chefe temporal da cristandade abaixo do Papa, entretanto, em todas as
camadas sociais da Alemanha havia insatisfações camponeses e burgueses

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
reclamam de impostos altíssimos os nobres e príncipes queriam as terras da igreja e
mais poderes. Surge novo ideal para os burgueses a busca incessante por dinheiro, o
método artesão é posto em xeque por não ser lucrativo, magistrados encarregados da
boa qualidade ao consumidor estavam perdendo o poder regulador do mercado o que
favorecia a exploração das classes menos favorecidas. A igreja não agradava a nova
classe social que surgia os mantinha uma mentalidade medieval.
Com a quebra de valores da igreja medieval e a ascensão burguesa que abre caminha
para os burgos que consequentemente movimenta comercio implicando na instalação
de indústrias e portos, trazendo um entendimento que gera reivindicações políticas e
religiosas, assim a Europa torna-se um caldeirão social e cultural. O avanço social e a
conscientização aliada ao desenvolvimento da hermenêutica bíblica, transformam os
movimentos religiosos em movimentos populares e sociais de suma importância para
a transformação em curso daquela sociedade.
Os alemães acenavam por um homem forte e capaz de levantar um movimento
unanime entre eles. No fim do século XV inúmeros projetos de reforma são realizados,
porem nenhum obtém êxito porque não era permitido aumentar a força imperial, criar-
se um exército, uma justiça imperial, e finanças solidas e eficazes, assim podemos
verificar que a Alemanha além de uma nação heterogenia, com necessidades socias
divergentes, além de desunida vai dar espaço para as transformações socias e
econômicas onde nascerá a Reforma Protestante.
1. O conceito de trabalho
O feudo era estático o trabalho era basicamente manual em uma produção
para a subsistência das famílias dos nobres, para o clero e por último os servos e
artesãos. O trabalho intelectual restrito a igreja, esse era valorizado com o surgimento
do capitalismo a visão de trabalho evolui e coube a Reforma inserir aspectos éticos e
religiosos para esta transição.
Segundo Manacorda (1989), nos séculos XV e XVI constituiu se um modo de
vida mais dinâmico e mundano, enquanto na base material da sociedade desenvolveu
se um novo modo de produção, que acabara por revolucionar os das velhas
corporações artesanais.
E perceptível uma evolução de instrução exigida pelo surgimento da imprensa,
percebe se um desenvolvimento econômico e social nesse período, também cogita -se
para as classes subalternas um modelo de instrução e o trabalho em escala de
produção passa ser respeitado. Os servos antes destinados somente a produção
passam a ser alvo da evangelização, assim também algo de instrução. Diz
Manacorda: “ De fato, é agora que começa a se propor novamente o problema do
como e quanto instruir, a quem é destinado não tanto ao domínio mais a produção”
(MANACORDA, 1989, p. 193). A utilidade da instrução surge no âmbito do trabalho
com intenção de valorizá-lo, de fato, as camadas subalternas recebem um novo olhar
valorizando o trabalho realizado por elas.
A burguesia em ascensão pelas transformações econômicas geradas no modo
de produção, que visa a produção de ascendentes voltada ao lucro e o comercio
fomentando por essa atividade, passam a valorizar o trabalho incentivar o mesmo
como meio de salvação do homem. O trabalho apesar de oneroso é portador de
oportunidades e Ascenção pessoal, visão essa, terá amparo no humanismo. A
organização do trabalho nesse cenário baseia-se nas interpretações bíblicas
sobretudo no apostolo Paulo ele considera que o trabalho edifica o homem sendo

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
digno do seu esforço. Em sua segunda carta aos Tessalonicenses ( capitulo 3, versos
7-8) “Bem sabeis como deveis imitar-nos. Não vivemos de maneira desordenada em
vosso meio, nem recebemos de graça o pão que comemos; antes, no esforço e na
fadiga, de deia e de noite, trabalhamos para não sermos pesados a nenhum de vos”.
(BIBLIA, 2009 p. 1171). Essa nova concepção de trabalho juntamente com as
transformações sociais estimula os trabalhadores, também vemos um estímulo
religioso que consolida a visão de trabalho contrário a visão de sociedade servil e
estática que via como castigo de Deus sua condição por conta dos seus pecados. Os
fundamentos éticos e religiosos são patamares para um novo modo de produção, o
capitalismo.
Essas mudanças geram demandas para uma produção em larga escala
justificando a obtenção de lucros, porem antes, o trabalhador produzia para
subsistência, mas este não era socialmente valorizado. Na sequência da passagem
anterior ( versos 10 a 12) o apostolo diz:

Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto,


que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.
Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam
desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs.
A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor
Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu
próprio pão. (BÍBLIA, 2009, p. 1171).

Paulo refere-se ao trabalho como edificante, assim como em outras passagens


afirma a necessidade do mesmo como justificação do alimento, assim durante esse
período o esforço pessoal justifica a mobilização da sociedade para uma interpretação
mais positiva do trabalho. Essas mudanças econômicas requerem mudanças sociais e
culturais, assim uma sociedade servil e estática passa para um modelo com mais
perspectivas e vias de ascensão. Citando Paulo desta vez em sua carta a Timóteo
capítulo 5, verso 18, que diz:” Digno é o obreiro do seu salário”. (BIBLIA, 2009, p.
1172).
Os Reformadores adotarão essa visão positiva do trabalho, pois essa nova
mentalidade se faz necessária para consolidar essa sociedade. A igreja Romana em
parte entendia a interpretação que era feita em relação ao trabalho, porem focava em
outros aspectos legitimamente Bíblicos como: valorização da humildade, dos pobres,
os perigos das riquezas, a importância de se esperar em Deus, conforme afirma o
apostolo Tiago no capitulo 5 de sua carta versos 1 a 3:

Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas


misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão
apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça. O
vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua
ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo
a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias (BÍBLIA,
2009, p. 1194).

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Com base nessas passagens verificamos o qual é interessante para a igreja
dar ênfase na humildade e no conformismo, pois a sociedade na sua maioria
pertencente as classes menos abastadas dificilmente ascenderiam as classes
dominantes. Percebendo o contexto histórico onde são pregadas essas passagens e a
ênfase na interpretação de cada uma delas verifica-se a necessidade de domínio dos
intérpretes destas palavras, pois os mesmos ensinamentos podem legitimar e
sustentar tais perspectivas.
O trabalho passa a ser valorizado por ser um meio de aquisição do próprio
sustento, assim o protestantismo que tem suas bases no humanismo aponta as
necessidades do indivíduo como relevantes, assim enfatizam-se a necessidade de
uma leitura individual da Bíblia sem intermediários.
2. O papel da Religião
Segundo o historiador José Jardilino (2009), estudar o campo socio-religioso da
Europa dos séculos XIV e XV é pisar em um terreno minado, pois interpretações
variadas se movimentam desde os pontos de vista de um “historiador católico
pessimista catastrófico”, até o de um “historiador protestante otimista”, propenso a ver
na reforma um movimento de volta as origens da espiritualidade cristã. Em suas
palavras diz Jardilino:

“O clima religioso do século XV retrata uma igreja


doente em todo o seu organismo, cabeça e
membros, e chamando pela Reforma, mas sem o
prognóstico de uma catástrofe, como a que
estava para acontecer” (Jardilino, 2009, p. 17).

A Alemanha onde a educação era restrita a poucos torna-se uma sociedade


em que o ensino básico é compartilhado entre as massas e não somente ao clero. Os
avanços científicos levantam questionamentos sobre o sentido da vida, a origem do
homem e do universo, e assim surgem questionamentos a religião da forma a qual ela
se apresentada, exemplos: celebração de missas em latim, manutenção de tradições e
ordem feudal instalada. A religião tem um papel estratégico na construção do mundo,
sua identidade e na ação humana, o colapso do mundo medieval traz a necessidade
de identidade de pertencer algum lugar e de objetivos; pois até então, a fé justificava
todos os temas acima mencionados e o imponderável. Houve uma ruptura na forma de
compreender a relação entre homem e a natureza, a religião passa a desempenhar
uma nova função que é estabelecer valores das condutas dos indivíduos no novo
ambiente social conduzindo-os a racionalização na sociedade feudal a nobreza dona
das terras arrecadava impostos dos vassalos enquanto a igreja detinha o poder
espiritual controlava a forma de pensar, de se comportar das pessoas. Os donos de
terra davam proteção aos camponeses que por sua vez pagavam com trabalho, estes
sem acesso a educação em contraste aos nobres que tinham acesso ao ensino
influenciados pela igreja. A cultura era influenciada pela religião, em geral os hábitos e
costumes nas relações interpessoais eram ditados pela igreja, ate mesmo os príncipes

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
e o imperador estavam abaixo da autoridade papal e vale ressaltar que a igreja além
de influência na vida de todos possuía grande poderio econômico.
Marx (1972) diz: “A religião não passa de um sol ilusório que gravita em volta
do homem enquanto o homem não gravita em volta de si próprio” (apud JARDILINO,
2009, p. 17) para o autor a religião tem um papel contraditório: ao mesmo tempo que
mascara a realidade, também a revela pois expõe a condição do oprimido que esta em
alienação religiosa. Explicita a religião como necessidade para o homem suportar a
exploração e a miséria, algo que o sustente , mesmo que seja ilusório. Como Marx
afirma, (1991): “A exigência de abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência
de abandonar uma condição que nesscessiata te ilusões essas analises pressupõe
nos ajudar a compreender a sociedade alemã do século XV pois a economia reflete
diretamente no social e no cultural que estão permeados pela religião a reforma e o
protestantismo vem responder com uma nova realidade e uma das formas pelo qual
se dará este processo é a aquisição de uma nova concepção do trabalho.
3. A pedagogia dos Humanistas
O humanismo é uma corrente de pensamento e um movimento cultural que
coloca no homem sua preocupação principal. Segundo Manacorda (1989), nenhuma
outra cultura se não a humanista teria sido tão sensível aos problemas de formação do
homem. O humanismo busca na racionalidade seu alicerce, entendendo que os
interesses dos indivíduos devem ser sempre considerados. Segundo Chaunu (1975),
ele foi um instrumento de conhecimento e um meio de pensamento, no qual o sujeito é
colocado como centro.
O autor revela que, nas universidades e com a secularização do saber, o 16
humanismo contesta a autoridade imposta pelos concílios e pelo papa. Dentre as
principais características do humanismo, podem-se destacar a afirmação do indivíduo
e a busca pelo retorno aos clássicos.
Os estudos nas escolas humanistas baseavam-se no tripé gramática, dialética
e retórica. Nesse contexto, o retorno aos clássicos era uma reação à escolástica e à
pedagogia medieval. Segundo Cambi (1999), essa nova pedagogia mudaria a imagem
da infância e da juventude, valorizando sua autonomia, na sua diversidade,
ingenuidade, dando uma nova visão da criança que permeará toda a cultura moderna
e contemporânea.
Neste contexto, podemos perceber, segundo Jardilino (2009), duas tendências
bem determinadas neste modelo pedagógico do humanismo renascentista: uma
tendência que reivindica a liberdade do homem para desenvolver todas as suas
potencialidades, longe dos obstáculos que o prendiam, como regras e disciplinas. Isso
porque, sendo o homem naturalmente bom, não deveria se privar de nada, mas sim,
guiar-se pelo livre-arbítrio. O objetivo era alcançar o pleno desenvolvimento humano
nos saberes, nas artes, nas habilidades físicas e nos conhecimentos tanto práticos
como teóricos.
A ciência estava relacionada com a arte e o formalismo dialético na escola
medieval. A pedagogia humanista traz a ciência como um saber positivamente
conhecido, foca saberes sobre a natureza, o mundo físico, o homem e sua historia e
das coisas o que permaneceu da pedagogia escolástica foi conciliar a fé cristã e o
pensamento racional, a dicotomia entre o bem e o mal com a ignorância expressando
o mal

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
A segunda tendência pedagógica humanistas-renascentistas dessa época é
aquela enfatizada por Erasmo de Rotterdam, pensador que esteve muito próximo do
pensamento da Reforma. Um dos escritos importantes de Lutero consiste em uma
carta direcionada a Erasmo. Em um primeiro momento, ambos mantiveram relações
de cortesia. Posteriormente, essas relações se transformaram em um debate acirrado
sobre temas teológicos que os levou ao rompimento. Lutero buscou se reconciliar,
mas não era de seu feitio tomar a iniciativa em situações como essa. Ele mesmo se
considera uma pessoa colérica. A referida carta é rica para analisarmos as
considerações de Erasmo sobre a Reforma, e estará nos anexos deste trabalho.
Segundo Jardilino, o pensamento Erasmiano sobre educação, embora
circunscrito na França, estava em sintonia com as aspirações da sociedade europeia
de maneira geral, visto que seus escritos indicavam que, para ele, havia uma
necessidade de um conhecimento cientifico universal, preocupando-se com a
formação do professor mais do que com a do aluno, devendo o primeiro possuir um
conhecimento enciclopédico. Para Erasmo, o saber é simplesmente um recurso
pedagógico do qual o professor lança mão para ensinar seus alunos, os quais
deveriam aprender o essencial para praticarem o discurso e a retórica, seja pela
oralidade seja pela escrita. Os professores teriam a função de formar o gosto dos
alunos pelo melhor. Esses não precisavam conhecer todos os autores e conceitos,
mas através de uma boa explicação do professor, esses conhecimentos lhes poderiam
ser acessíveis.
Para Erasmo, o estudo das línguas possui um lugar de destaque, o que
permanece como tradição no currículo da escola da Reforma. Na referência de
Jardilino:

Mesmo considerando que a língua nacional continuava


sem o prestígio devido nos estudos, a pedagogia da Renascença
aos poucos vai lhe dando melhor guarida, permitindo que os
estudantes se expressassem para expor suas ideias e explicá-las; 18
porém, o latim, continuava como estatuto de melhor instrumento
para a Educação. (Jardilino 2009, p. 39).

Na transição da pedagogia medieval para a pedagogia da renascença surgem


novos recursos alguns utilizados até hoje. Para entender a escrita não bastava a
leitura, por isso a transcrição de ditados ou copia de palavras erradas para fixar a
correta. Nesta época surgiram os primeiros cadernos de caligrafia com o título de : A
História do Vocabulário, onde o aluno exercitaria sua escrita. Erasmo e os humanistas
estavam construindo uma sociedade letrada, o que para Jardilino era exigência para
ascensão social.
A burguesia sente-se próxima a nobreza gerando um sentimento de orgulho
por seu sucesso, isto se dá graça ao fruto das rupturas econômicas, que num primeiro
momento “encurta-se” a distância das classes sociais. Lutero entende que a educação
de base é alicerce para Modernidade, reivindicam um sistema educativo para todos
que garanta acesso ao estudo para os filhos dos camponeses.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
CAPITULO II
MARTINHO LUTERO
Em 1483 no dia 10 do mesmo ano, na Alemanha mais prescisamente em
Eisleben região da Saxonia nasce Martinho Lutero. Lugar de pouco recurso bem
distante do oeste alemão que era avançado cuturalmente, como de custume recebe o
nome do santo do dia. Nos séxulos XV e XVI a principal forma de ascenção social era
por meio de linhagem, pois, as terras eram passada por herança ao primogento da
família Hans Lutero só seria realizado completamente através de seu filho, este
porem, foge para um convento rebela-se contra o pai que não aprova o meio de vida
escolhido pelo filho ,mais tarde Lutero ira mencionar que a adureza de seu pai o fez
querer estar no convento mais sempre acreditou nas boas itenções dele. Em 1520 pai
e filho se reconciliam.
Lutero esta no cerne da Reforma, pois, des que entendeu a salvação pela fe
propôs o novo entendimento das escrituras, antes acessivel só ao clero. Lutero
propõem a universalização do acesso de modo que todos entendam a verdade
revelada na palavra de Deus.
Segundo Chaunu (1975), a história da igreja não pode ser somente uma
história coletiva, pois isso seria trair a verdade, visto que essa história é também a
aventura individual de cada alma na sua relação com Deus, isto é, a história dos
pecadores, dos santos e dos profetas, sem deixar de considerar que somos
simultaneamente pecadores, santos e profetas.
Lutero ingressa na escola latina de Mansfeld, passa por Madeburgo e
Eisenach, onde tem o primeiro contato com a bíblia, conhece grandes mestres e
conclui seus estudos em gramatica e latim. Nesse período já demonstra grande
piedade e inquietude no seu relacionamento com Deus, isto é fruto da sua crença na
justificação e salvação através da morte e ressureição de cristo. Chaunu (1975) nos
aponta que Lutero foi influenciado pela devotio moderna (devoção moderna), que é
apelo aos textos, apelo a imagem que era muito presente na época em questão.
Tomás de Kempis, publica o livro Á Imitação de Jesus Cristo que convida o cristão
fazer parte da cruz de cristo e que não há cobrança financeira no relacionamento entre
Deus e o homem, pois sendo Deus juiz não é nescessario mediação de terceiros
como a virgem maria e os santos.
Chaunu (1975) revela que, por razões sociais e pedagógicas, o ensino
tradicional da Igreja esforça-se por manter as pessoas mansas, à espera de uma
punição de Deus. Lutero, que viveu dentro deste contexto, descreve-o dizendo:

“Nunca era possível fazer penitências suficientes, nem cumprir as santas obras
necessárias e por que, apesar de tudo, continuamos aterrorizados com a cólera de Deus,
aconselham-nos a virarmos para os santos que estão no céu e que se situam como mediadores
entre Cristo e nós, ensinam-nos a rezar à amada mãe à amada mãe de Cristo, lembrando-nos
que ela dera de mamar a seu filho e que ela poderia muito bem pedir-lhe para moderar sua
cólera contra nós e assegurar sua graça” (apud, CHAUNU, 1975, p. 78).

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Após concluir o mestrado em Erfurt, Lutero começa a estudar direito a pedido
do pai, e nesse mesmo ano, 1505, ingressa na Ordem dos Eremitas Agostinianos.
Alguns anos depois é ordenado e celebra sua primeira missa e passa a lecionar
filosofia moral em Wittenberg, ao mesmo tempo em que prossegue seus estudos de
teologia. Mais tarde, torna-se bacharel e, depois, em 1512, doutor em teologia,
passando a lecionar sobre os Salmos na Universidade de Wittenberg, onde ocupa a
cátedra de Escritura Sagrada e faz preleções exegéticas sobre os livros da Bíblia. Foi
também nomeado Superior no Convento.
Já em 1517, Lutero afixa as 95 Teses sobre as indulgências e defende sua
teologia em uma reunião dos Agostinianos, na porta da igreja castelo em Wittenberg,
recusando-se a se retratar. Segundo Jardilino, Lutero entende a “justiça de Deus”
como uma justiça passiva, com a qual Deus nos justifica pela fé. Dessa forma, bate de
frente com as autoridades papais e dos concílios. A Igreja Católica, nesse momento
histórico, impõe a seus fiéis indulgências e penitências que o cidadão deveria pagar
por sua salvação. Lutero entra em confronto com a Igreja, discordando dessa prática,
pois entende que a salvação se dá pela graça de Cristo.
Cabe esclarecer que Lutero escreve, primeiramente, 97 teses, as quais são
destinadas a um jovem teólogo, seu aluno. É importante darmos atenção especial a
esse acontecimento, pois, segundo Chaunu (1975), a historiografia tradicional se
apega a uma cronologia curta, isolando as 95 teses, anteriormente citadas, das 97
escritas. Todas, no entanto, constituem um único documento. Seu aluno deseja o
bacharelado em teologia e Lutero escreve as Teses para que ele possa argumentar.
As 97 teses possuíam um conteúdo sobre a Teologia Escolástica e seu título era
Disputatio Contra Scholasticam Theologiam. Contudo, os professores da Universidade
se recusaram a levá-las à discussão pública.
As 95 teses afixadas na porta do castelo em Wittenberg poderiam ter um
propostito mais profundo, além da oposição as indulgencias e a venda da salvação, a
de numero 86 expressa que a fortuna do papa é maior do que a do rei da Libia,
devendo assim usa-la na construção da basílica de São Pedro ao invés de explorar
cristãos pobres.
As teses de 41 a 53 marcam a ruptura com Aristóteles, pois afirma que a forma
silogística nada compreende das coisas de Deus, isso representa grande ruptura com
o passado, após três séculos do predomínio da escolástica. Chaunu (1975), a
formulação Luterana é oportuna e popular, e começa a expressar-se na forma de
sermões que, retomados e modificados, serão multiplicados pela imprensa a partir de
1518. Serão lidos, traduzidos, difundidos e divulgados. Notamos, portanto, a
relevância da imprensa que surge nesse período também para difundir as ideias
reformistas. Tal surgimento será, também, um dos estímulos à universalização da
instrução.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Lutero vai de encontro ao egoísmo de uma piedade que escapa a vontade de
Deus, que negocia, troca, censura, assim, como as indulgencias e as penitencias
oprimem; quem teme o inferno corre para ele. O medo não produz nada com valor,
não é parâmetro para relacionamento com Deus. Em 1520, escreve três documentos
fundamentais para a Reforma Protestante: À nobreza cristã da nação alemã, O
cativeiro babilônico da Igreja e A liberdade do cristão, os quais contribuem para que a
Reforma se alastre pela Alemanha e França. Posteriormente, publica escritos sobre
diversos temas sociais, mas relevantes para nosso estudo, pois tratam sobre sua
visão de educação, organizados em Obra Selecionada, v.5 sobre o título Ética:
fundamentos, oração, sexualidade, educação e economia.
Em 1521 é excomungado pelo papa Leão X por negar desmentir seus escritos,
condenado como herético através de um edito, sequestrado e ocultado no castelo de
Wartburg onde por um ano permanece e inicia a tradução do novo testamento para o
Alemão. No ano seguinte é publicado juntamente com a obra Sobre a autoridade
temporal, neste período discute a doutrina da Reforma com Erasmo de Roterdã, em
1524 acontece a revolta dos camponeses e Lutero escreve aos conselhos das cidades
alemães para que criem e mantenham escolas cristãs. Em 1525 escreve Contra as
bordas, nesta carta, fala que os camponeses deveriam ser impedidos de atentar
contra a ordem inclusive valendo-se de violência; ele não mediu as palavras o que
serviu para a violenta repressão da revolta revelando algo importante sobre a postura
politica elitista de Lutero: aparentemente ele era democrático por incentivar o acesso a
leitura e a quebra do monopólio intelectual do clero, contra-partida para manter a
ordem ignora a pobreza dos camponeses.
Ainda em 1525 escreve também O cativeiro da vontade, contra Erasmo. Neste
ano casa-se com Catarina von Bora. Um ano mais tarde, nasce seu filho Hans e
escreve a Missa Alemã. Lutero passa a lutar contra enfermidades e intensa
depressão. Escreve Castelo Forte, no mesmo ano em que nasce sua filha Elizabete.
Posteriormente publica contra as ideias de Zuíngulio acerca da interpretação teológica
sobre a Eucaristia.
Em 1526 foi estabelecido, pela Dieta de Spira, que os cidadãos de cada Estado
eram livres para seguir a fé que o seu príncipe achasse correta. Disso resultou um
rápido crescimento do luteranismo. Porém, numa segunda assembleia, em 1529,
compareceram em maioria os príncipes católicos perante Carlos V e revogaram a
decisão anterior, declarando a fé católica a única legal, impedindo, desta maneira, o
ensino luterano em todos os Estados. Isso causou uma grande intolerância contra os
luteranos, os quais passaram a ser designados como “protestantes”, pois os mesmos
reagiram a tal decreto.
Também em 1526, nasce sua filha Madalena, e Lutero publica o Grande
catecismo e o Pequeno catecismo. Em 1530 morre seu pai. Como Lutero havia sido
excomungado, não pôde comparecer à Dieta de Augsburgo, organizada na tentativa
de pôr um fim às divisões religiosas do Império. Neste contexto, Filipe Melanchton,
colaborador de Lutero, apresenta a obra Confissão de Augsburgo, uma declaração
das convicções luteranas, considerada um dos textos mais importantes para a
Reforma. Nesse mesmo ano, Lutero publica o Sermão para que se mandem os filhos
à escola. Entre 1532 e 1539 escreve sobre os pregadores 26 infiltrados e clandestinos.
Publica a Bíblia alemã completa, redige os Artigos de Achmalkald como seu
“testamento teológico” e, posteriormente, escreve contra os judeus em Contra os
sabatarianos. Escreve também sobre os Consílios da Igreja e a Exortação à oração
contra os turcos.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Ao fim de sua vida, redige seu testamento e ainda as obras: Sobre os judeus e
suas mentiras e Contra o papado de Roma, uma instituição do diabo. Lutero morre em
1546, em Eisleben, um ano após o Concílio de Trento, que instaura a Contra-Reforma
Católica. Podemos observar facilmente a vastidão da obra de Martinho Lutero, bem
como o fato de que, tanto essa obra quanto sua vida, refletiram as circunstâncias
histórias por ele vivenciadas. Por conseguinte, a Reforma por ele liderada também
representou uma resposta às necessidades trazidas por essas circunstâncias. Não há
duvidas da importância desse personagem para a história. Em seguida, procurarei me
aproximar um pouco mais de suas posições educacionais, esforçando-me por
identificar e compreender os avanços e permanências que se podem verificar em seu
pensamento pedagógico.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
CAPITULO III
A ESCOLA PARA TODOS, PUBLICA E OBRIGATORIA
Lutero produzia textos que alertavam os políticos para criação de escolas
publicas, além disso, lutava par mudar a mentalidade medieval que impedia os pais de
compreender o valor da educação probindo seus filhos de estudar. Lutero não e so um
agente da reforma religiosa, mas também um libertador de mentes da doutrina
escolástica, transforma-se em um Reformador educacional e pedagogo moderno, pois
possibilitou o direito unversal a educação e um novo sistema de ensino, pois para ele
a ignorância era um grande mal e o desnvolvimento social obrigatoriamente estava
vinculado a educação. Assim ele diz:

[...] o progresso de uma cidade não depende apenas do acúmulo de grandes tesouros, da
construção de muros de fortificação, de casas bonitas, de muitos canhões e da fabricação de
muitas armaduras [...] o melhor e mais rico progresso para uma cidade é quando possuem
muitos homens e muitas mulheres bem instruídos, muitos cidadãos ajuizados, homens bem
instruídos, honestos e bem educados (LUTERO, 1995, p. 309).

Jardilino (1995), as ecolas eram pouco frequentadas e os conventos estavam


em profunda crise, no contexto do século XVI. Lutero exortava os pais e as
autoridades, pois estes não se preoculpavam de da ensino aos mais jovens, os pais
não se preoculpavam argumentando que os filhos não seguiriam a vida clerical, na
visão deles só valeria enviar filhos a escola se fossem ingressar na vida religiosa.
Lutero condena essa atitude, pois o contexto social havia mudado era nescessario
aprender um oficio, fica claro a relação da defesa da instrução para todos e a
mudança na sociedade no âmbito material. Ele afirma: “o que se aprendeu até agora
nas universidades e conventos a não ser ficar burro, grosso e estúpido? Houve quem
estudasse vinte, quarenta anos e não sabe nem latim, tampouco alemão” (Lutero,
1995, p.306).

I. A pedagogia Luterana
Sobre financiar a educação, Lutero aponta a importância de fazer doações, ao
contrario de levantar grandes somas para armas, estradas e obras, seria mais
proveitos aplicar recursos em professores melhor preparados. Em sua visão não
priorizar educação era um pecado cometido pelos pais e as autoridades vigentes: pais
por não enviarem filhos a aescola; autoridades por se omitir. Segundo Jardilino:

As exortações do reformador estão dentro de um quadro maior, de um contexto sociopolítico


e econômico que exigia uma nova maneira de formar o sujeito para aquela sociedade. Formar
e capacitar pessoas não para viverem na erudição do palácio, mas para darem conta das
grandes exigências que se avizinhavam para a sociedade do acelerado século XVI (JARDILINO,
2009, p. 47).

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
A escola da Reforma é outra escola do humanismo, mais pragmática se
distancia do projeto pedagógico renascentista – humanista, pois propõem um projeto
de educação universal. Anteriormente a reforma não havia essa preocupação, porem
as mudanças socio politicas, como mostra Jardilino, exigirá um modelo novo de
capacitação do sujeito preparando-o para uma nova realidade do século XVI, isto é ,
estar apto para as novas modalidades de trabalho e o meio de produção. Aqui
percebe-se uma noção educativa que possibilita o trabalho, ascenção social,
fundamentos que o liberalismo assumira mais tarde e essas ideias se propagam
gerando a crença que o acesso a escola pode aumentar as possibilidades de
ascençao social.

2 . De quem é o dever de educar ?


Educar é um dever dos pais e responsabilidade do estado, pois para Lutero,
essa é uma tarefa religiosa e secular, aos pais cabe a educação moral dando-lhes
acesso ao bem maior, a salvação. Ao estado cabe garantir ensino gratuito e
obrigatório a todos, sendo inadimissivel que ambos não cumprissem suas
responsabilidades. Dessa maneira fica evidenciado o conteúdo sociopolítico no projeto
pedagógico da Reforma. Neste contexto não havia necessidade de enviar os filhos aos
conventos, isso gerou um problema educacional, pois se não existe a pespctiva dos
jovens se tornarem padres ou freiras para os pais não há nescessiadade de instrução,
assim Lutero exorta acerca da educação enaltecendo sua relevância. Ele afirma:

[...] todas essas grandes obras [ofícios, governos, principados] podem ser realizadas por teu
filho, podendo ele tornar-se essa pessoa útil, se o encaminhardes para essa carreira e o
mandardes estudar. E tu podes participar de tudo isso, investindo teu dinheiro de modo
excelente (LUTERO, 1995, p 349).

Lutero considera e argumenta que mesmo cristã a formação deve ir além, os pais não
devem apenas enviar seus filhos as escolas mas custea-las quando nescessario,
considera também, que a razão principal da nossa existência é a educação dos jovens
e não existe maior pecado diante de Deus do que não educar uma criança.

De que nos valeria se, no mais, tivéssemos e fizéssemos tudo e fôssemos todos santos, mas
deixássemos de fazer tudo aquilo que é a razão principal de nossa existência: a educação da
juventude? Em minha opinião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante
Deus e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as
crianças, quando não as educamos (apud, Jardilino, 2009, p. 85).

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
3. O ofício de ensinar e o currículo escolar
Lutero afirma que ser professor so não esta acima de ser pastor, segundo ele ambos
profissões tem um papel fundamental e primordial na vida dos seres humanos, possui
um papael de conduzir o homem a uma condição que entenda o sentido da dignidade.
Ele diz :

[...] se pudesse ou tivesse que abandonar o ministério da pregação e outras incumbências,


nada mais eu desejaria tanto quanto ser professor ou educador de meninos. Pois sei que ao
lado do ministério da pregação, esse ministério é o mais útil, o mais importante e o melhor.
Inclusive duvida sobre qual deles é o melhor (LUTERO 1995, p. 359).

Sobre formação de professores percebe-se na visão de Lutero através de sua


obra que ela é um elogio ao ato de ensinar ele entende que haja necessidade de se
preparar quem educa, especialização e não confiar a tarefa de ensinar aquém não tem
aptidão para lidar com a mesma. É nescessario evitar equívocos pois, ”nada
aprenderão a não ser encher a barriga” (apud, Jardilino, 2009, p. 86). Cambi (1999)
afirma que o Portestantismo tem o principio da pedagogia como direito – dever, não
condicionado a uma relação baseada em autoridade, qual era monopólio do clero,
assim alfabetizer o individuo teria oportunidade de interpretar a escritura e relaconr-se
com Deus de forma autônoma.
Jardilino afirma que a educação faria novas exigências como, preparar jovens
para profissões qualificar professores já atuantes o que por si so já é oneroso

[...] Existe a necessidade de formar professores afinados com essa nova perspectiva de
formação. A “divisão de classes”, mencionada por Lutero, nessa nova sociedade, deve
continuar, mas agora com maiores possibilidades de ascensão, desde que o estudo seja
prioridade. Os mestres-escola não deverão mais se conformar em ensinar aos filhos dos
pobres a leitura, a escrita e o cálculo, pois isso só já não basta. (JARDILINO, 2009, p. 68).¹

Lutero entende que os pais mesmo aptos para educar não teriam tempo por
conta de suas obrigações, portanto, manter educadores comunitário seria oneroso
para o homem comum, as famílias ricas são privilegiadas por ter a premissa e um
educador qualificado para seus filhos. Luter afirma que: “ sera da competência do
conselho e das autoridades dedicar o maior cuidado eo máximo empenho a juventude”
(apud, JARDILINO, 2009, p. 87).
Para ensinar as crianças e os jovens é necessario gente especializada Lutero
ministra o estudo prolongadoe extenso para quem se qualifica como professor,
pregador, outras funções acdadenicas e eclesiásticas cheagando a defender que
estes se dediquem exclusivamente aos estudos. A figura do professor já não possui o
esteriotipo de um erudito que conhece literatura antiga; o estudo da língua é
direcionado para atender a necessidade de comunicação e comercio entre os povos
suprindo necessidade deste novo contexto social.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Quando analisamos a biblioteca proposta por Lutero, também podemos ver as
orientações curriculares por ele recomendadas. Segundo Jardilino, animado com os
avanços do humanismo, com o progresso das artes gráficas e com a publicação de
muitos livros, ele exorta as cidades não somente a criar e manter bibliotecas, mas
também a que ingressem no universo da cultura, implantando acervos da formação
geral. Dizendo que as bibliotecas são um grande veículo na municipalidade, adverte
os conselhos da necessidade de difundir essa cultura para o povo. No entanto, de
certa forma, também recomenda uma censura ou, pelo menos, “uma seleção”, como
ele diz, no que se refere aos critérios de escolha das obras que devem compor o seu
acervo. Ele diz:

Meu conselho, porém, não é que se ajunte toda a sorte de livros, indiscriminadamente e que
se pense somente na quantidade de livros. Eu iria fazer uma seleção [...]. Em primeiro lugar
deveria figurar a Sagrada Escritura em latim, grego, hebraico, alemão ou em outras mais
línguas. Depois os melhores intérpretes e os mais antigos, ambos em grego, hebraico e latim,
onde quer que pudesse encontrar. Depois livros úteis para aprender as línguas, como por
exemplo os poetas e oradores, sem perguntar se são gentios ou cristãos, gregos ou latinos.
Pois deles que se deve aprender a Gramática. Depois deveriam vir os livros sobre as artes
liberais (Aritmética, Música, Geometria, Astronomia) e outras disciplinas. Por último também
livros jurídicos e de medicina, embora também aqui se faça necessária uma seleção entre os
comentários. Entre os mais importantes, porém, deveriam constar as crônicas e compêndios
de História em qualquer língua que seja. Pois estes são maravilhosamente úteis para entender
o curso do mundo e para governá-lo, mas também para enxergar os milagres e obras de Deus
(LUTERO, 1995 p. 324).

Neste trecho vemos que Lutero avança em relação ao período anterior - da


Escolástica - no sentido de recomendar também a leitura de obras não-cristãs, pois
não se deve ter esse tipo de preconceito ao se ler um livro com o objetivo de aprender
a gramática, por exemplo. É interessante essa abertura para acolher livros gentios,
pagãos. 34 Tal atitude parece indicar um esforço de superação do conflito entre fé e
razão, predominante no período anterior.
O novo currículo proposto, tem a Bíblia como centro do ensino e para elhr
compreende-la o estudo das línguas antigas como, hebraico e grego, além do latim
que consideradas santas e nescessarias para a imersão no velho e novo testamento.
O estudo das línguas se mostra relevante na pespectiva da educação Reformadora,
consequencia do movimento humanista, com a propagação do renascimento na
Alemanha, assim também como alavanca inicial da reforma: que os cristãos
acessassem a bíblia e tivessem capacidade de interpreta-la, assim o estudo das
línguas seria instrumento de liberdade do cristão no conhecimento da escritura.
4. As relações de gênero, a educação da mulher
Segundo Jardilino, Lutero preoculpava-se com as mulheres que eram
violentadas, ou como as mais pobres que tinham como destino a prostituição. O seu
texto A nobreza cristã da nação alemã, incentiva o casamento, a profunda-se em
temas como: matrimonio, noivado, relação sexual, adultério, divorcio e eliminação de
bordeis. Ele defende escola para mulheres, porém apesar desta visão avançada
mantem a sua posição na questão de gênero afirmada na sua posição de que o ensino

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
feminino seria para orientar aa mulher nas funções domesticas. A intenção dapesquisa
neste contexto é tao somente sinalizar a quebra do para digma por Lutero abrindo a
oportunidade para todos terem acesso a educação mesmo quem de forma relativa.
Nas palavras de Lutero:

[...] também o mundo precisa de homens e mulheres excelentes e aptos para manter seu
estado secular exteriormente para que então os homens governem o povo e o país, as
mulheres possam governar bem sua casa e educar bem os filhos e a criadagem (Lutero, 1995, p
318).

Apesar de Lutero defender o acesso para homens e mulheres a escola,


respeitando o papel final de cada um na sociedade, para ele as mulheres deveria
investir menos tempos que os homens na esola por conta do seu compromisso com
as tarefas do lar. Assim ele diz:

Também uma menina pode dispender diariamente uma hora para ir à escola e, ao mesmo
tempo, cumprir perfeitamente suas tarefas domésticas. Porque seguramente gastam muito
tempo, com dormir, dançar e jogar (Jardilino, 2009, p. 92).

Segundo Jardilino, as mulheres possuem dupla jornada de trabalho. E, assim


como atualmente ainda existem profissões, como a de professora, estigmatizadas com
o símbolo feminino, também no século XVI as mulheres poderiam estudar e se formar,
mas só lhes restaria o oficio de professoras. Isso indica que cabia às mulheres a tarefa
de ser mãe e de educar seus filhos e os da vizinhança, o que não deixava de
representar certo avanço para a época, no sentido de indicar para a mulher um papel
social que ia além do ambiente interno à família. Abriam-se, para ela, ainda que de
forma bastante 36 restrita, possibilidades de realizar um trabalho do qual poderia
extrair sua subsistência, valendo-se de sua formação, assim como ocorria com os
homens.
Vemos, portanto, que Lutero não chega a propor uma igualdade de gênero, o
que talvez fosse esperar demais para um homem de seu tempo. A despeito dos
possíveis avanços em suas posições, sua exortação para que as mulheres disponham
de menos tempo na escola para poderem se dedicar aos afazeres domésticos,
desvela, também, seu compromisso com a manutenção da ordem social.

5. A dimensão lúdica na proposta educacional reformada: métodos de


ensino
O contexto aqui examinado é o conceito de infância o qual a criança era um
adulto em miniatura, neste aspecto a pedagogia luterana, ultrapassou seu tempo
segundo Jardilino sua concepção de infância ressaltava a importância da arte de
brincar, pular e dançar. Os quadros espalhados no museu da época observam se a
inserção de movimentos com crianças brincando por exemplo, peças teatrais
apresentam crianças com brinquedos como o cavalo de pau, o cata vento, pássaro
preso a um cordão... há também brinquedos que nos remetem as bonecas. No século

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
XVI a dança fazia também parte da expressão lúdica das crianças e dos jovens. Lutero
tinha itenção de incluir esses aspectos na educação:

Ora, a juventude tem que dançar e pular e estar sempre à procura


de algo que cause prazer. Nisso não se podia impedi-la nem seria
bom proibir tudo. Por que então não criar escolas desse tipo e
oferecer-lhes estas disciplinas? Visto que, pela graça de Deus, está
tudo preparado 37 para que as crianças possam estudar línguas,
outras disciplinas e História com prazer e brincando. Pois as escolas
de hoje já não são mais o inferno e purgatório de nossas escolas, nas
quais éramos torturados com declinações e conjugações, e de
tantos açoites, tremor, pavor e sofrimento não aprendemos
simplesmente nada. [...] Falo por mim mesmo, se eu tivesse filhos e
tivesse condições não deveriam aprender apenas as línguas e a
História, mas também deveriam aprender a cantar e estudar música
com matemática. Pois o que é tudo isso a não ser meras
brincadeiras de crianças nas quais os gregos outrora educaram suas
crianças e do que resultavam pessoas excelentes, preparadas para
toda sorte de atividades (LUTERO, 1995, p. 319).

Questionado por estes métodos Lutero aponta a nescessiadas de a inclusão do


prazer na arte de aprender e questiona a forma medieval de ensino, fica evidente a
magnitude das ideias de Lutero que baseado em sua expereiencia de aluno que fora
maçante, temerosa e demasiadamente repleta de transcrisoes de texto ele questiona
os métodos da época e afirma:

Quando a disciplina é aplicada com maior rigor e tem resultado, o


máximo que se alcança é um comportamento forçado ou de
respeito; no mais continuam sendo meras toras, que não tem
conhecimento nem nesta nem naquela área, não sabem
responder nem ajudar a ninguém (apud, Jardilino, 2009, p. 91).
Propõe que a escola seja um local de ordem, que haja disciplina sim, mas de
forma diferenciada dos métodos medievais que, segundo ele, levavam apenas a um
comportamento forçado. Valoriza uma aprendizagem com sentido, devido à sua
própria experiência escolar e familiar, na qual a disciplina dura fora utilizada. Neste
contexto, obviamente, ainda não há as contribuições de Vigotski, que só muitos anos
mais tarde ressaltaria a importância do brinquedo para a criança, ensinando-lhe novas
formas de desejos, de relacionamentos com o “eu” fictício dentro de um jogo, a
importância das regras como base da ação real e da moralidade do sujeito.
Novamente encontramos aqui um grande avanço na obra de Lutero.
Por outro lado, vemos também, nos escritos educacionais de Lutero, muitas
permanências. Por exemplo, com relação ao ensino diretivo, exorta o professor a
manter sua autoridade com clareza, de modo a “cuidar” do desenvolvimento da
criança dentro de uma determinada ordem, para que dessa forma cresça
adequadamente. Ele diz:

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
Deixaram a juventude crescer como as árvores no mato,
sem se preocuparem como ensinar e educá-la; por essa
razão se desenvolveram de modo tão deformado que não
servem para nenhuma construção, havendo uma capoeira
imprestável, útil somente para o fogão (apud Jardilino,
2009, p. 88).

O protestantismo, onde quer que tenha chegado, carregando consigo o ideal


de mudanças sociais, tinha a educação como seu principal aliado. É, de fato, uma
religião do livro, do discurso da importância da leitura e da escrita na língua materna,
pois a mesma é essencial para se entender o sermão do pastor, para se ler e
interpretar a Bíblia e para se cantarem os hinos nos serviços religiosos. Segundo
Jardilino, a Escola, seja ela colégio, universidade ou paroquial, é um instrumento
necessário para implantação e permanência do protestantismo em qualquer lugar. Há,
portanto, também um objetivo de defesa da “nova religião”, ao defender a escola para
todos.
Para Jardilino (2009), aparece com a Reforma uma estrutura mais
democratizante, já que sua concepção religiosa é baseada na força leiga e sua
doutrina do sacerdócio universal considera a todos como responsáveis por proclamar
as verdades de Cristo, pois todos possuem essa ordenança. Além disso, entende o
relacionamento pessoal com Deus como menos dependente dos superiores. A
ascensão do leigo na estrutura religiosa protestante também alimenta a atmosfera de
promoção social.
O magistério, as classes mistas, os novos métodos pedagógicos e as
disciplinas que valorizam o trabalho, a educação física, do corpo e o divertimento,
sempre estiveram presentes na proposta desse novo sistema educacional reformista.
39 Em suma, dentre os aspectos característicos da pedagogia da Reforma, mais
precisamente, da pedagogia luterana, podemos destacar os seguintes: a afirmação do
dever do Estado de educar o povo; a atribuição aos pais do ofício de educar
moralmente os filhos; a exortação dos mesmos para que enviem seus filhos à escola;
certo avanço na forma de enfocar as relações de gênero, permitindo o acesso das
mulheres à educação, mas ainda defendendo que elas deveriam permanecer
responsáveis pelos afazeres domésticos; a ludicidade contida nos métodos de ensino,
inserindo música, canto e jogos dentro de sua proposta pedagógica; o valor que é
dado ao ofício de educar e o reconhecimento de quão onerosa é sua realização, razão
pela qual ela deve ser custeada pelo Estado com a colaboração dos pais. Esses e
outros aspectos trariam relevantes transformações para educação resultante da
Reforma religiosa.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
CONCLUSÃO
O contexo europeu do século XV, a trensformação na base econômica e social
e o capitalismo abriram espaço para mudanças em todo contexto social, assim surge a
necessidade de um homem que fosse apto a viver e competir neste novo ambiente.
Esse cenário propôs uma profunda transformação na relação entre os homens, nos
seus custumes, nas suas crenças na sua visão de mundo e a religião com a educação
foram inseridas nesse processo.
Martin Lutero e sem duvida o referencial no que se diz em tomada de
conciencia do sentido de láico e estatal, sua concepção pode ser comparada como
fundamento do que entendemos por estado além disso, ele incentivou o trabalho
produtivo e preoculpou-se em instruir os menos abastados, entretanto, entendemos
que esse contexto de mudança da sua época esta permeado de interesses socias
confirmando que não há possibilidade de escolhas sem consequencias e cada tomada
de decisão revela a posição do personagem neste contexto.
A igreja catolica ate então dominava a economia, cultura e determinava a
visão de mundo que através da sua força era absorvida pelo senso comum em outros
termos essa igreja legitimava as relações verticais encabeçada por ela em detrimento
da população. A partir do movimento Reformista a sociedade entende a
nescessiadade de mudar o curso religioso cultural e o senso comum
consequentemente percebe a super estrutura que a igreja romana havia criado.
Esta pesquisa trouxe constatação que dependendo do contexto e da
necessidade as instituições religosas assume um papel semelhante: contribui para
interesse de alguns grupos, ainda que mesmo na individualidade seus membros
possam seguilas enconsientemente. Marx revela que a religião é um importante
legitimador do modo de produção da mesma maneira a igreja medievl cumpria seu
papel legitimador das relações daquele período ate então, assim o Protestantismo
incremementou novas relações com o advento do capitalismo, de uma nova
concepção de trabalho, de uma população com instrução para sanar as
nescessidades sociais agora existentes.
Procurei através desta pesquisa destacar o qual a Reforma Portestante trouxe
reflexões e percepções para o âmbito educacional possibilitando algumas
transformações, sendo possível o ensino de ofícios de grande ultilidade para
sociedade também busquei ressaltar as repercussões que a Reforma impôs a vários
setores sociais daquela época assim como luetro trouxe para educação um olhar
pargmatico que não existia, apar os Reformadores a educação não tinha um proposito
de ter um fim produtivo e não constituía um instrumento de reflexão.
Busquei ressaltar tabem a importância do livre asceso de todos a educação, a
proposta do treinamento das aptidões de homens e mulheres, em especial o acesso
das mulheres a escola mesmo que como uma medida inicialmente não expansiva a
todas as profissões, foi um avanço comparado ao período anterior onde as mulheres
eram meros objetos na socidade, passam agora ter lugar nesse novo conceito social.
Vale destacar avanços como: ensino para todos, independtende de classe e gênero,
atribuição de responsabilidade ao estado pela educação fundamental dentre outras
prioridades.
Apesar de Lutero geralmente manter-se sempre em um viés religioso ele busca
suavizar a relação aluno-aprendizado e também o processo educador-especialidade;
quero dizer com essa afirmação que a sua visão de ensino foi aprimorada baseada no

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação
qual desgastante foi a forma de ensinamento que o formou assim Lutero buscou o
aprimoramento dos responsáveis por educar jovens e crianças.
Neste trabalho a pesquisa ficou delimitada aos séculos XV e XVI na Alemanha,
e ao advento da Reforma, dando ênfase ao impacto dest movimento na educação com
destaque da escolarização universal o que se constitui como um grande marco
histórico. Ao concluir percebo quão importante a reforma foi para a educação muitas
de suas influencias perduaram ate hoje podems cita-las cquando observamos
caracteristacas ino ensino como : pragmatismo, democracia inclusão, acesso de
mulheres pobres e a exigência da grabnatia de ensino pelo estado assim acredito de
fato que seja esse o principal legado da Reforma para a historia da educação.

¹ A divisão de classe poderá continuar e o acesso ao estudo permite a ascensão social ,sendo
isto um dos pilares principais da concepção liberal da educação

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