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tradução de
rita almeida simões
lisboa
tinta‑ da‑ china
MMXVI
© 2016, Edições tinta‑da‑china
ÍNDICE
Nota do autor 9
PA RT E I
a guerra silenciosa contra a liberdade de expressão 3 1
1 Algumas coisas de que nos esquecemos acerca da liberdade de expressão 33
2 A época dos contra‑Voltaires 55
3 Breve história dos hereges da liberdade de expressão 83
4 A frente cibernética: caça aos trolls e «buracos de memória» 107
5 A frente universitária: estudantes que se querem libertar da expressão125
6 A Frente do Entretenimento: pontapés à liberdade de expressão
no futebol e uma comédia que não está para brincadeiras 143
PA RT E I I
cinco boas razões para restringir a liberdade de
expressão — e porque é que estão todas erradas169
7 «Não se pode gritar ‘fogo!’ num teatro apinhado de gente»171
8 «Mas as palavras magoam»191
9 «É preciso ter cuidado com a língua» 213
10 «Quem mente e nega o Holocausto não merece ser ouvido»231
11 «A liberdade de expressão é só uma desculpa para os
meios de comunicação social manipularem as pessoas»251
9
direito a ofender
10
nota do autor
anos. Estou ainda grato a Martin Redfern, meu editor na William Collins,
por viabilizar a ideia. Acima de tudo, agradeço à minha mulher, Ginny, edi‑
tora executiva de tudo o que faço, por me fazer começar e terminar este
livro. A responsabilidade do texto, defeitos incluídos, é evidentemente
minha.
Mick Hume,
Londres, Abril de 2015
11
PRÓLOGO
« je s u i s cha r l i e »
e a p seudod e fe s a da li b e r da de d e e xp r e ssã o
13
direito a ofender
Em Janeiro de 2015, a revista satírica Charlie Hebdo foi alvo de dois crimes.
Primeiro, um grupo de fanáticos islâmicos assassinou em massa os
colaboradores da redacção da revista, em Paris. Mataram a tiro oito car‑
toonistas e jornalistas, dois polícias e outras duas pessoas, crimes que ilus‑
tram bem o seu ódio à liberdade de expressão e de imprensa.
Depois, a fina flor da sociedade ocidental pseudodefendeu em massa
a liberdade de expressão. Venderam‑nos a ideia de que eram todos a favor
dela, dando mostras retóricas e ritualísticas de apoio às vítimas do Char‑
lie Hebdo. Contudo, ao mesmo tempo, muitos expressavam desprezo pela
real liberdade de expressão que permite a simples existência de publica‑
ções tão provocadoras.
Depois do massacre e dos posteriores assassínios num supermercado
judeu, as gigantescas manifestações «Je Suis Charlie» em Paris e em mui‑
tas outras cidades foram sinais promissores de solidariedade humana e
impressionaram‑nos a todos. Mas também deram uma impressão errada
do estado de coisas no que toca à liberdade de expressão na Europa e na
América.
Parecia que havia uma clara divisão cultural: num extremo, um mundo
livre e unido no apoio ao Charlie Hebdo e à liberdade de expressão; no outro,
um punhado de extremistas inimigos da liberdade e «de tudo o que mais
prezamos». Por trás dos cartazes solidários, contudo, a defesa da liberdade
de expressão pela opinião pública ocidental era bem menos sólida. Muitas
figuras públicas mal se contiveram até pararem com a conversa da liber‑
dade e começarem a acrescentar as inevitáveis apreciações, mistificações
e, acima de tudo, a adversativa «mas»…
Após o Charlie Hebdo, nem só nas células terroristas islâmicas se escon‑
diam pessoas com perspectivas obscuras acerca da genuína liberdade de
expressão. Rapidamente se percebeu que a ameaça à liberdade não vinha
14
prólogo
15
de Mick Hume foi impresso
pela EIGAL, Indústria Gráfica S.A.,
em papel Coral Book de 80 g,
em Junho de 2016.