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PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E SEUS DETERMINANTES E

CONDICIONANTES

O processo saúde-doença é uma expressão usada para fazer


referência a todas as variáveis que envolvem a saúde e a doença de
um indivíduo ou população e considera que ambas estão interligadas
e são consequência dos mesmos fatores. De acordo com esse
conceito, a determinação do estado de saúde de uma pessoa é um
processo complexo que envolve diversos fatores.
Diferentemente da teoria da unicausalidade, muito aceita no
início do século XX, que considera como fator único de surgimento
de doenças um agente etiológico - vírus, bactérias, protozoários -, o
conceito de saúde-doença estuda os fatores biológicos, econômicos,
sociais e culturais e, com eles, pretende obter possíveis motivações
para o surgimento de alguma enfermidade.
O conceito de multicausalidade não exclui a presença de
agentes etiológicos numa pessoa como fator de aparecimento de
doenças. Ele vai além e leva em consideração o psicológico do
paciente, seus conflitos familiares, seus recursos financeiros, nível
de instrução, entre outros. Esses fatores, inclusive, não são estáveis;
podem variar com o passar dos anos, de uma região para outra, de
uma etnia para outra.
Dessa forma, por isso que os determinantes e condicionantes
são estudados em conjunto com o processo saúde-doença, porque
influenciam diretamente no fator de ausência ou prevalência de
saúde.
Sendo assim, aqui temos um tema bem tranquilo e que se
encontra disciplinado no art. 3º da Lei 8.080/90 (lei do Sus).
Os fatores são, em palavras simples, situações que repercutem
diretamente para que haja uma grande chance de se ter uma
população saudável na área ou não. Por isso que são determinantes,
pois “determina” como foi ser, e condicionantes porque “condiciona”
ao fato que se encontra.
Sem mais enrolação, segue abaixo a transcrição do artigo.
Art. 3º. Os níveis de saúde expressam a
organização social e econômica do País, tendo a
saúde como determinantes e condicionantes,
entre outros, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o
trabalho, a renda, a educação, a atividade
física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens
e serviços essenciais. (Redação dada pela Lei nº
12.864, de 2013)
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde
as ações que, por força do disposto no artigo
anterior, se destinam a garantir às pessoas e à
coletividade condições de bem-estar físico, mental
e social.
Sublinhei o “entre outros” porque pode haver outros fatores que
determinam e condicionam a saúde das pessoas, assim, este rol é
meramente exemplificativo.
De qualquer forma, vale a pena você ler e reler cada um deles
para você ter uma noção de como cada um é importante para
determinar e condicionar a saúde de um indivíduo. Por exemplo, se
há falta de saneamento básico, há uma chance enorme de ser
proliferado a febre tifoide, ou seja, este fato é determinante para a
continuação da doença... entendeu?
É só você pegar cada um e ver que a falta dele ou a presença
dele vai trazer benefícios ou malefícios. Outro exemplo: se você faz
atividade física, você terá uma vida mais saudável
consequentemente, ou seja, a falta de atividade física é um fator
negativo.

PROMOÇÃO DA SAÚDE

A promoção da saúde se refere às ações sobre os


condicionantes e determinantes sociais da saúde, dirigidas a
impactar favoravelmente a qualidade de vida.
Por isso, caracterizam-se fundamentalmente por uma
composição intersetorial e, intra-setorialmente, pelas ações de
ampliação da consciência sanitária – direitos e deveres da cidadania,
educação para a saúde, estilos de vida e aspectos comportamentais
etc.
1
A definição da promoção de saúde conduz-nos antes de mais
a um conceito muito importante que é o conceito de saúde. Para
melhor percebermos o seu conceito, olhemos para a definição dada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta define saúde, como
“o bem-estar físico, mental e social, mais do que a mera ausência de
doença…”.
Esta definição vai, por isso, contra os conceitos de saúde,
muitas vezes, enraizados nos indivíduos, que assumem que estar
saudável é apenas não apresentar qualquer doença.

1
https://www.saudebemestar.pt/pt/blog-saude/promocao-da-saude/
Neste sentido, a promoção de saúde deve ser encarada de uma
forma ampla. Ou seja, promover a saúde é muito mais que efetuar a
mera prevenção de doenças.
Promover a saúde é não só melhorar a nossa condição de
saúde, mas também melhorar a nossa qualidade de vida e o nosso
bem-estar.
Contudo, como veremos adiante, a prevenção de doenças é
indubitavelmente um dos pilares essenciais da promoção da saúde.

PREVENÇÃO DE DOENÇAS

De acordo com os especialistas em epidemiologia Maria Zélia


Rouquayrol e Moisés Goldbaum, a prevenção de doenças em saúde
pública é a ação antecipada que visa interceptar ou anular a evolução
de uma doença.

Essa iniciativa de prevenção traz os conhecimentos da


medicina preventiva com o intuito de prolongar a vida e desenvolver
a saúde física e mental.2

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SISTEMA ÚNICO DE


SAÚDE

Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a


saúde, o SUS precisa se organizar conforme alguns princípios,
previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº
8.080/1990, em que destacamos:

Universalidade – significa que o SUS deve atender a todos,


sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
sem qualquer custo. Todos os cidadãos têm direito a consultas,
exames, internações e tratamentos nos serviços de saúde, públicos
ou privados, contratados pelo gestor público.
A universalidade é princípio fundamental das mudanças
previstas pelo SUS, pois garante a todos os brasileiros o direito à
saúde.

Integralidade – pelo princípio da integralidade, o SUS deve se


organizar de forma que garanta a oferta necessária aos indivíduos e
à coletividade, independentemente das condições econômicas, da
idade, do local de moradia e outros, com ações e serviços de

2
https://asamaritano.org.br/prevencao-de-doencas-e-promocao-da-saude/
promoção à saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação.
A integralidade não ocorre apenas em um único local, mas no
sistema como um todo e só será alcançada como resultado do
trabalho integrado e solidário dos gestores e trabalhadores da saúde,
com seus múltiplos saberes e práticas, assim como da articulação
entre os diversos serviços de saúde.

Equidade – o SUS deve disponibilizar serviços que promovam


a justiça social, que canalizem maior atenção aos que mais
necessitam, diferenciando as necessidades de cada um.
Na organização da atenção à saúde no SUS, a equidade
traduz-se no tratamento desigual aos desiguais, devendo o sistema
investir mais onde e para quem as necessidades forem maiores.
A equidade é, portanto, um princípio de justiça social, cujo
objetivo é diminuir desigualdades.

Participação da comunidade – é o princípio que prevê a


organização e a participação da comunidade na gestão do SUS.
Essa participação ocorre de maneira oficial por meio dos
Conselhos e Conferências de Saúde, na esfera nacional, estadual e
municipal. O Conselho de Saúde é um colegiado permanente e deve
estar representado de forma paritária, ou seja, com uma maioria dos
representantes dos usuários (50%), mas também com os
trabalhadores (25%), gestores e prestadores de serviços (25%). Sua
função é formular estratégias para o enfrentamento dos problemas
de saúde, controlar a execução das políticas de saúde e observar os
aspectos financeiros e econômicos do setor, possuindo, portanto,
caráter deliberativo.
A Conferência de Saúde se reúne a cada quatro anos com a
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação
de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de
saúde. É convocada pelo Poder Executivo (Ministério da Saúde,
Secretaria Estadual ou Municipal de Saúde) ou, extraordinariamente,
pela própria Conferência ou pelo Conselho de Saúde.
Descentralização – esse princípio define que o sistema de
saúde se organize tendo uma única direção, com um único gestor em
cada esfera de governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o
Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde; no
Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município, o
Secretário Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de
governo, tem atribuições comuns e competências específicas.
O município tem papel de destaque, pois é lá onde as pessoas
moram e onde as coisas acontecem. Em um primeiro momento, a
descentralização resultou na responsabilização dos municípios pela
organização da oferta de todas as ações e serviços de saúde. Com
o passar do tempo, após experiências de implantação, percebeu-se
que nem todo município, dadas suas características sociais,
demográficas e geográficas, comportariam assumir a oferta de todas
as ações de saúde, e que há situações que devem ser tratadas no
nível estadual ou nacional, como é o caso da política de transplantes.
Com o fim de atender às necessárias redefinições de papéis e
atribuições das três esferas de gestão (municípios, Estados e União)
resultantes da implementação do SUS, houve um processo evolutivo
de adaptação a esses novos papéis, traduzidos nas Normas
Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS 01/01 e NOAS 01/02).
Mais recentemente as referidas Normas formam substituídas por
uma nova lógica de pactuação onde cada esfera tem seu papel a ser
desempenhado, definido no chamado “Pacto pela Saúde”.
Regionalização – orienta a descentralização das ações e
serviços de saúde, além de favorecer a pactuação entre os gestores
considerando suas responsabilidades. Tem como objetivo garantir o
direito à saúde da população, reduzindo desigualdades sociais e
territoriais.
Hierarquização – é uma forma de organizar os serviços e ações
para atender às diferentes necessidades de saúde da população.
Dessa forma, têm-se serviços voltados para o atendimento das
necessidades mais comuns e frequentes desenvolvidas nos serviços
de Atenção Primária à Saúde com ou sem equipes de Saúde da
Família. A maioria das necessidades em saúde da população é
resolvida nesses serviços. Algumas situações, porém, necessitam de
serviços com equipamentos e profissionais com outro potencial de
resolução. Citamos como exemplo: as maternidades, as policlínicas,
os prontos-socorros, hospitais, além de outros serviços classificados
como de média e alta complexidade, necessários para situações
mais graves.
Esses diferentes serviços devem possuir canais de
comunicação e se relacionar de maneira que seja garantido o acesso
a todos conforme a necessidade do caso, regulado por um eficiente
sistema de regulação.
Todas as pessoas têm direito à saúde, mas é importante
lembrar que elas possuem necessidades diferentes. Para que se faça
justiça social, é necessário um olhar diferenciado, por meio da
organização da oferta e acesso aos serviços e ações de saúde aos
mais necessitados, para que sejam minimizados os efeitos das
desigualdades sociais.
O SUS determina que a saúde é um direito humano
fundamental e é uma conquista do povo brasileiro.

CADASTRAMENTO FAMILIAR E TERRITORIAL


3
A etapa inicial de seu trabalho é o cadastramento das famílias
de sua microárea – o seu território de atuação – com, no máximo,
750 pessoas. Para realizar o cadastramento, é necessário o
preenchimento de fichas específicas.
Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa etária
e sexo é importante, pois há doenças que acometem mais crianças
do que adultos ou mais mulheres que homens, o que influenciará no
planejamento da equipe.
O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições de
vida das famílias residentes na área de atuação da equipe, tais como
a composição familiar, a existência de população indígena,
quilombola ou assentada, a escolaridade, o acesso ao saneamento
básico, o número de pessoas por sexo e idade, as condições da
habitação, o desemprego, as doenças referidas etc.
É importante identificar os diversos estabelecimentos e
instituições existentes no território, como escolas, creches, comércio,
praças, instituições de longa permanência (ILP), igrejas, templos,
cemitério, depósitos de lixo/aterros sanitários etc.
Para melhor desenvolver seu trabalho com essa população
indígena, você pode buscar apoio técnico e articulação junto à sede
do Distrito Sanitário Especial Indígena de sua cidade, se houver.
Você também pode verificar se na secretaria de saúde existe alguma
equipe ou setor que trate das questões de saúde dessa população e
solicitar mais orientações.
Caso trabalhe numa área rural ou próximo a aldeias indígenas,
você deve buscar informação sobre a existência de equipe
multidisciplinar de saúde indígena, incluído o agente indígena de
saúde. Procurar essas pessoas para uma conversa pode ser muito
importante e esclarecedor.
Ao identificar a população indígena, o ACS deve levar em
consideração que, mesmo residindo no espaço urbano ou rural,
longe de sua aldeia de origem ou em aldeamento não reconhecido
oficialmente, o indígena possui o direito de ser acompanhado,
respeitando-se as diferenças culturais.
É necessário considerar que o indígena nem sempre tem
domínio da língua portuguesa, podendo entender algumas palavras

3
em português, sem compreender a informação, a explicação dada ou
mesmo a pergunta realizada. É importante observar e tentar perceber
se estão entendendo e o que estão entendendo, cuidando para não
constrangê-los. O esforço de comunicação deve ser mútuo de modo
a promover o diálogo.
Ainda como informações importantes para o diagnóstico da
comunidade, vale destacar a necessidade de identificar outros locais
onde os moradores costumam ir para resolver seus problemas de
saúde, como casa de benzedeiras ou rezadores, raizeiros ou
pessoas que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes de
remédio para algumas doenças, bem como saber se procuram
serviços (pronto-socorro, hospitais etc.) situados fora de sua área de
moradia ou fora do seu município.
Também é importante você saber se as pessoas costumam
usar remédios caseiros, chás, plantas medicinais, fitoterapia e/ou se
utilizam práticas complementares como a homeopatia e acupuntura.
Você deve saber se existe disponível na região algum tipo de serviço
de saúde que utilize essas práticas.
Ao realizar o cadastramento e identificar os principais
problemas de saúde, seu trabalho contribui para que os serviços
possam oferecer uma atenção mais voltada para a família, de acordo
com a realidade e os problemas de cada comunidade.
Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento
de toda a equipe de saúde.
Os profissionais devem atuar de forma integrada, discutindo e
analisando em conjunto as situações identificadas.
Tão importante quanto fazer o cadastramento da população é
mantê-lo atualizado.

Dando um exemplo

Em uma comunidade, muitos casos de diarreia começaram a


acontecer. As pessoas procuravam o posto de saúde ou iam direto
ao hospital para se tratar. Eram medicadas, mas pouco tempo depois
estavam doentes de novo. Essa situação alertou a equipe de que
algo não estava bem.
O ACS, por meio das visitas domiciliares, observou a existência
de esgoto a céu aberto próximo a tubulações de água.
Além disso, as pessoas daquela comunidade costumavam não
proteger adequadamente suas caixas d’água.
A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os
casos de diarreia estavam relacionados aos hábitos de vida daquelas
pessoas.
Observa-se que um mesmo problema de saúde pode estar
relacionado a diferentes causas e que o olhar dos diversos membros
da equipe pode contribuir para a resolução do problema.
O território é a base do trabalho do ACS. Território, segundo a
lógica da saúde, não é apenas um espaço delimitado
geograficamente, mas sim um espaço onde as pessoas vivem,
estabelecem relações sociais, trabalham, cultivam suas crenças e
cultura.
Trabalhar com território implica processo de coleta e
sistematização de dados demográficos, socioeconômicos,
políticoculturais, epidemiológicos e sanitários, identificados por meio
do cadastramento, que devem ser interpretados e atualizados
periodicamente pela equipe.
É importante a elaboração de mapa que retrate esse território
com a identificação de seus limites, população, número de famílias e
outras características.

TERRITORIALIZAÇÃO

A territorialidade para Robert Sack (1986) é uma estratégia dos


indivíduos ou grupo social para influenciar ou controlar pessoas,
recursos, fenômenos e relações, delimitando e efetivando o controle
sobre uma área. A territorialidade resulta das relações políticas,
econômicas e culturais, e assume diferentes configurações, criando
heterogeneidades espacial, paisagística e cultural - é uma expressão
geográfica do exercício do poder em uma determinada área e esta
área é o território.
A concepção de território que mais atende às necessidades de
análise das ciências sociais e humanas é a sóciopolítica. Só é
possível falar em demarcação ou delimitação em contextos nos quais
exista uma pluralidade de agentes (Nunes, 2006). Portanto, a noção
de território é decorrência da vida em sociedade, ou ainda, “os
territórios [...] são no fundo, antes ralações sociais projetadas no
espaço, que espaços concretos” (Souza, 1995, p.87).
O processo de territorialização pode ser entendido como um
movimento historicamente determinado pela expansão do modo de
produção capitalista e seus aspectos culturais. Dessa forma,
caracteriza-se como um dos produtos socioespaciais das
contradições sociais sob a tríade economia, política e cultura (EPC),
que determina as diferentes territorialidades no tempo e no espaço -
as desterritorialidades e as re territorialidades. Por isso, a perda ou
a constituição dos territórios nasce no interior da própria
territorialização e do próprio território. Ou seja, os territórios
encontram-se em permanente movimento de construção,
desconstrução e re construção (Saquet, 2003).

No setor saúde os territórios estruturam-se por meio de


horizontalidades que se constituem em uma rede de serviços que
deve ser ofertada pelo Estado a todo e qualquer cidadão como direito
de cidadania. Sua organização e operacionalização no espaço
geográfico nacional pautam-se pelo pacto federativo e por
instrumentos normativos, que asseguram os princípios e as diretrizes
do Sistema de Saúde, definidos pela Constituição Federal de 1988.
Não obstante os avanços na saúde nos últimos 20 anos, alicerçados
em bases teóricas sólidas da Reforma Sanitária, o setor padece de
problemas organizacionais, gerenciais e operacionais, demandando
uma nova re organização de seu processo de trabalho e de suas
estruturas gerenciais nas três esferas de gestão do sistema, de modo
a enfrentar as desigualdades e iniqüidades sociais em saúde,
delineadas pela tríade econômico -política globalização,
mundialização e neoliberalismo.
Entende-se, portanto, que o território da saúde não é só físico
ou geográfico: é o trabalho ou a localidade. “O território é de inscrição
de sentidos no trabalho, por meio do trabalho, para o trabalho”
(Ceccim, 2005a, p.983). Os territórios estruturam habitus, e não são
simples e nem dependem de um simples ato de vontade sua
transformação que inclui a luta pelo amplo direito à saúde. A tarefa
de confrontar a força de captura das racionalidades médico-
hegemônica e gerencial hegemônica requer impor a necessidade de
singularização da atenção e do cuidado e a convocação
permanentemente dos limites dos territórios (Rovere, 2005).
Encontra-se em jogo um processo de territorialização:
construção da integralidade; da humanização e da qualidade na
atenção e na gestão em saúde; um sistema e serviços capazes de
acolher o outro; responsabilidade para com os impactos das práticas
adotadas; efetividade dos projetos terapêuticos e afirmação da vida
pelo desenvolvimento da autodeterminação dos sujeitos (usuários,
população e profissionais de saúde) para levar a vida com saúde.
Essa territorialização não se limita à dimensão técnico-científica do
diagnóstico e da terapêutica ou do trabalho em saúde, mas se amplia
à re orientação de saberes e práticas no campo da saúde, que
envolve desterritorializar os atuais saberes hegemônicos e práticas
vigentes (Ceccim, 2005a). 4

4
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/tersau.html
Dessa forma, territorialização é a divisão feita pelo município
de acordo com as peculiaridades de cada região: nível social,
população, divisão geográfica.
E com esta divisão, os trabalhos podem ser mais focados nas
demandas que cada população precisa.

MICRO ÁREA E ÁREA DE ABRANGÊNCIA


Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa
etária e
• Área de abrangência: corresponde à área de
responsabilidade de uma unidade de saúde, baseada na lógica da
vigilância em saúde. Apoia em critérios de acessibilidade geográfica
e de fluxo da população. Essa nomenclatura é a que mais se adequa
à filosofia do PSF.
Exemplo: Bairro Alto da Zona Norte que têm 3.000 pessoas
morando é a área de abrangência da PSF Bairro Alto.
• Microárea: é um segmento da divisão geográfica da área
de abrangência, composto de domicílios, sob a responsabilidade de
um Agente Comunitário de Saúde.
Exemplo: O bairro Alto pode ser dividido em 4 microáreas
com 750 pessoas cada uma. Ou seja, a PSF Bairro Alto comporta 4
Agentes Comunitários de Saúde.

INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS

A Vigilância em Saúde toma as devidas providências quando


se cientifica sobre algum surto, epidemia, etc.
Mas no que ela se baseia para saber que os casos estão fora
da realidade?

A resposta é este assunto: através dos indicadores de saúde,


a Vigilância poderá saber como decidir e o que precisará fazer.

Mas os indicadores servem também para a população. Assim,


tanto você quanto eu, podemos ter conhecimento geral de como está
a saúde.

Vamos ver cada um dos que são mais utilizados e caem em


prova, e está baseado num trabalho realizado por SOARES,
ANDRADE E CAMPO :

Índice (Coeficiente) de Morbidade (doenças):


a) Incidência: Representa os casos novos de uma doença
na população.
b) Prevalência: Representa o número de casos novos
juntamente com os casos antigos, baseado num determinado
período de tempo. Exemplo: 2019 – 1.000 casos de dengue – 2018
– 500 casos. Ou seja, o houve o dobro de casos de dengue
comparado com o mesmo período do ano anterior.
c) Letalidade: Representa o número de óbitos encima dos
casos de determinada doença. A raiva tem uma letalidade de quase
100% dos casos, ou seja, se 200 pessoas tiverem doença,
provavelmente, as 200 morrerão.

Índice (Coeficiente) de Mortalidade:

a) Geral de mortalidade: representa o risco de óbito na


comunidade.
b) Mortalidade Infantil: representa o risco de morrer entre as
crianças até um ano de idade.
c) Mortalidade perinatal: representa o número de óbitos no
período entre a 22ª semana até a primeira semana de vida da
criança.
d) Mortalidade materna: representa o número de mortes
maternas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério.
e) Mortalidade por doenças transmissíveis: como o próprio
nome diz é uma estimativa do risco de a população morrer por
doenças infecciosas e parasitárias.

Índice (Coeficiente) de Natalidade:

a) Mortalidade proporcional por idade: são os números de


óbitos dentro de faixas etárias de idade.
b) Mortalidade proporcional por causa de morte: são
baseados na causa da morte em conjunto com todos os óbitos.

CONCEITO DE EFICÁCIA, EFICIÊNCIA E EFETIVIDADE EM


SAÚDE COLETIVA

Eficiência: utilização dos recursos disponíveis da melhor


maneira possível, no menor tempo possível e com menor custo,
evitando “desperdícios”;
Eficácia: por meio das ações produzidas, alcançar os melhores
resultados possíveis, principalmente em relação à cobertura (número
de pessoas atendidas) e à concentração (número de ações
oferecidas a cada pessoa);
Efetividade: obter transformações concretas na situação de
saúde, coerente com os objetivos propostos pela gestão.
ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE

As estratégias de pesquisa para a avaliação correspondem às


possíveis maneiras de mobilizar recursos teóricos e técnicos visando
responder à pergunta de investigação de forma a evitar viéses e
também responder a hipóteses rivais.
A escolha da estratégia relaciona-se com o processo anterior
de delimitação do foco e de construção do objeto da avaliação.
Avaliar a dimensão relacional das práticas requer a realização de
estudos de caso e o uso de técnicas qualitativas (HADAD e outros,
2002).
Da mesma forma, nas análises de implantação a resposta à
pergunta acerca das relações entre o grau de implantação e os
contextos políticos e organizacionais requer a realização de análises
históricas, entrevistas em profundidade e a elaboração de modelos
teóricos causais (DENIS; CHAMPAGNE, 1997; HARTZ e outros,
1997, 2003; PATTON, 2002). Esses dois tipos de avaliação são muito
úteis para o gestor no que diz respeito a geração de informações
voltadas para as retificações necessárias nos programas em curso
(HULSCHER; LAURANT e outros, 2003).
Já em relação a avaliação da efetividade de programas há uma
tendência crescente ao uso de síntese de pesquisas como uma
estratégia prioritária para responder a perguntas sobre o efeito de
tecnologias ou programas em sistemas operacionais (COOK, 1997).
A ampliação da base de evidências assim conseguida, ao lado
da utilização da teoria e de desenhos sintéticos pode permitir a
realização de inferências causais com maior segurança (CHEN,
1990). Por fim os estudos considerados como de desenvolvimento
de novas tecnologias para intervenção ou avaliação requerem uma
ênfase no polo teórico e síntese de conhecimento
(CONTANDRIOPOULOS e outros, 1994).

NÍVEIS E OBJETO DA AVALIAÇÃO


Para prosseguir na delimitação do objeto a ser avaliado é
necessário definir quais os níveis da realidade que se quer estudar.
O campo da saúde é formado por instituições públicas e privadas que
desenvolvem ações de promoção, prevenção e cura voltadas para a
população e que podem ser abordadas, entre outras possibilidades,
a partir dos seguintes níveis:5
a) Ações – diz respeito às ações de promoção, prevenção e
cura desenvolvidas pelos agentes individualmente;

5
http://books.scielo.org/id/xzdnf/pdf/hartz-9788575415160-03.pdf
b) Serviços – corresponde a um grau de maior complexidade
de organização das ações onde diversos agentes se articulam para
desenvolver atividades, coordenadas ou não, voltadas para um grupo
etário ou problema de saúde. Como exemplo pode-se citar um
serviço para o atendimento pediátrico ou um serviço de saúde
ocupacional;
c) Estabelecimentos – correspondem a unidades sanitárias de
diferentes níveis de complexidade tais como centros de saúde,
hospitais, policlínicas.
c) Sistema – seria o nível mais complexo de organização das
práticas que envolveria todos os outros e sua coordenação. Pode
corresponder a um sistema municipal, estadual ou nacional.

Nesse enfoque, a institucionalização da avaliação reduz a


assimetria entre o poder dos grupos constituídos da sociedade e os
indivíduos que coletivamente a constituem, contribuindo para a
democratização tanto da vida política como daquela interna às
instituições.
Ou seja, a estratégia de avaliação em saúde busca efetivar o
principio da equidade.

A primeira preocupação do gestor em relação a uma


intervenção sanitária está relacionada com a magnitude da oferta das
ações e serviços. Em que medida os recursos existentes são
suficientes para atender às necessidades da população-alvo? Essa
pergunta pode ser respondida através da avaliação de cobertura que
é aquela que mede a proporção da população que se beneficia do
programa ou intervenção (ROSSI; FREEMAN, 2004). A cobertura
pode ser pensada em relação a intervenções de diversos tipos,
desde aquelas voltadas para a promoção da saúde ou para o controle
de causas até aquelas vinculadas ao cuidado propriamente dito, ou
seja, ao controle de danos.
A cobertura pode ser considerada como potencial quando o que
se mede são os recursos materiais ou humanos disponíveis para a
realização de determinada ação. Nesse caso, ela é superponível ao
conceito de “oferta de serviços”. Já a cobertura real ou utilização de
serviços corresponde a proporção da população que efetivamente se
beneficiou de determinada intervenção, que de fato usou os serviços
(SOBERÓN, 1988).
A cobertura pode ser calculada tendo por referência um sistema
estruturado para o atendimento à demanda espontânea ou ser
pensada em relação à oferta organizada10 de ações programáticas.
A acessibilidade, embora seja um conceito relacionado com o
de cobertura, não é equivalente. Ela tem sido definida como uma
relação entre os recursos de poder dos usuários e os obstáculos
colocados pelos serviços de saúde (FRENK, 1992). Os recursos de
poder podem ser de natureza econômica, social e cultural. Já os
obstáculos podem ser geográficos (distância, transporte),
organizacionais (existência de filas, tempo de espera injustificável,
natureza do acolhimento) e econômicos.
O acesso pode ser confundido com a utilização de serviços
quando só se quer analisar a obtenção do cuidado pelo indivíduo que
dele necessita.
Quando existem dificuldades importantes para essa utilização,
o conceito de acessibilidade relacionado aos obstáculos existentes à
obtenção dos servi ços, por parte dos usuários, passa a ter grande
valor, como é o caso do Brasil.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD) realizada em 1998, 5 milhões de pessoas referiram ter
necessitado, mas não procuraram um serviço de saúde, alegando
principalmente falta de recursos financeiros (obstáculo econômico).
Estimativas desse mesmo estudo indicam que 755.521 pessoas que
procuraram atendimento não foram atendidas por motivos diversos:
ou não conseguiram vaga ou senha (obstáculos organizacionais ou
de oferta), ou não havia serviço especializado (oferta), ou não havia
médico atendendo ou esperaram muito e desistiram (obstáculos
organizacionais). Além disso, o acesso a consultas médicas aumenta
expressivamente com a renda (recursos de poder econômicos)
(BRASIL-IBGE, 2000). Esses dados revelam o sofrimento dos
usuários muitas vezes obrigados a aguardar em longas filas nas
portas dos serviços de saúde. Por outro lado, o tempo de espera para
o acesso a procedimentos especializados pode interferir com o
próprio efeito do cuidado se o mesmo não é feito tempestivamente.
Já o conceito de equidade aqui será usado no sentido que lhe
é dado por Perelman, ou seja, como um instrumento da justiça para
resolver as contradições entre as diversas fórmulas da justiça formal
ou abstrata (PERELMAN, 1996). O que equivale a dizer que
devemos tratar desigualmente desiguais e priorizar para a
intervenção sanitária grupos sociais com maiores necessidades de
saúde. A eqüidade recorta e relaciona-se com quase todos os demais
atributos. Pode-se pensar em equidade no acesso, no acolhimento,
na qualidade e na efetividade. A oferta organizada de ações voltadas
para enfrentar determinado problema de saúde pode ampliar a
acessibilidade da população aos diversos níveis do cuidado e, dessa
forma, ampliar a cobertura real das referidas ações.
A segunda e importante característica das práticas de saúde
diz respeito aos possíveis efeitos que as mesmas possam ter sobre
o estado de saúde dos indivíduos, grupos ou populações. A distinção
entre eficácia como efeito de uma intervenção em situação
experimental e efetividade como o efeito da mesma em sistemas
operacionais vem se mantendo ao longo dos anos (DONABEDIAN,
1990; MAYNARD; MCDAID, 2003).
Já o conceito de impacto tem sido usado frequentemente com
o mesmo sentido dado a efetividade, ou seja, relacionado ao efeito
de intervenções em sistemas reais e não em situações experimentais
da pesquisa. Contudo, o conceito de impacto tem sido também usado
para designar o efeito de uma intervenção em relação a grandes
grupos populacionais ou em grandes intervalos de tempo.
Exemplificando, seria necessário que determinada tecnologia fosse
eficaz em ensaios experimentais para que, ao ser utilizada em
sistemas operacionais possa ser efetiva, e, se associada a uma
cobertura elevada, durante determinado período, tenha a
possibilidade de causar impacto sobre o nível de saúde de uma
população com redução de morbidade. Uma vacina que obtém
elevada eficácia em ensaios experimentais pode ter baixa efetividade
ao ser administrada em usuários de um Centro de Saúde devido a
problemas da rede de frio, por exemplo. Já para o controle de viroses
para as quais exista uma vacina eficaz, é necessário que os serviços
atinjam elevadas coberturas vacinais em todo o país, ou seja, sejam
efetivos, para então se falar em impacto da medida.
A eficiência tanto tem sido usada como medida da
produtividade do sistema como da sua relação com os custos
(HARTZ; POUVOURVILLE, 1998). A incorporação de avaliações
econômicas na definição das prioridades relacionadas com a saúde
das populações tem sido feita para fazer face aos crescentes custos
da atenção médico-hospitalar e também para garantir a equidade de
ações de promoção à saúde e reformas na organização dos sistemas
de saúde (MCDAID, 2003).
A qualidade técnico-científica do cuidado no sentido que lhe foi
dado por Vuori (1982), corresponde à adequação das ações ao
conhecimento técnico e científico vigente. Ou seja, em que medida
as tecnologias que estão sendo usadas são aquelas consideradas
como mais indicadas e eficazes pela comunidade científica?
No caso das ações conduzidas a partir de algum grau de
planejamento a análise estratégica (CAMPOAMOR, 1990;
CONTANDRIOPOULOS; CHAMPAGNE e outros, 1997) auxilia a
responder a pergunta acerca da consistência e direcionalidade do
plano (MATUS, 1993). Ou seja, em que medida as atividades
propostas são pertinentes, tendo em vista os objetivos do programa
e os problemas diagnosticados?
Já as análises de implantação são muito relevantes para a
avaliação de programas de saúde porque permitem ao investigador
estudar os processos relacionados à operacionalização dos mesmos.
As avaliações de efetividade, conduzidas, muitas vezes a partir de
estratégias do tipo “caixa preta”, chegam a resultados bastante
diferenciados com problemas de generalização de resultados
(DENIS; CHAMPAGNE, 1997; HOUSE, 2001). Abrir a “caixa pre ta”
não apenas tem elucidado problemas na operacionalização dos
programas como tem sido útil para a formulação de recomendações
voltadas para o aperfeiçoamento dos mesmos (HULSCHER e outros,
2003).
Os processos, a maneira pela qual os programas são
implementados, podem ser tão importantes quanto os resultados. Em
algumas circunstâncias, o processo de implantação de programas de
reorganização da atenção à saúde pode envolver a participação dos
diversos profissionais, promover a integração entre os mesmos e os
gestores de tal forma, que o próprio desenvolvimento das relações
interpessoais pode passar a ser um resultado relevante (PATTON,
2002).
Por último, o bloco dos atributos denominados como
“relacionais”, que podem ou não fazer parte das análises de
implantação, cria toda uma nova perspectiva para a avaliação em
saúde. Corresponde a valorizar as características do acolhimento, a
garantia dos direitos individuais à privacidade e as características das
relações no trabalho como componentes da qualidade da atenção e
promoção da saúde.
As intervenções de saúde variam conforme o modelo
assistencial ou modelos assistenciais dominantes em diferentes
contextos. As características acima relacionadas podem ser
pensadas tanto para a atenção à demanda espontânea quanto para
a oferta organizada voltada para o controle de riscos e causas (PAIM,
1999).

TÉCNICAS E INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO

O primeiro elemento necessário para o desenvolvimento do


processo avaliativo é a tradução do fenômeno que vamos avaliar.
Essa tradução é realizada com os dados do fenômeno. Os dados são
valores, números, palavras, frases, que precisam ser analisados para
oferecerem informação. Quando são obtidos em investigações,
entrevistas, documentos, observações, por meio de procedimentos
que nós mesmos conduzimos, são denominados “primários”. Quando
são obtidos por meio de consulta a bancos de dados ou relatórios,
publicados e conduzidos por outras pessoas ou instituições, são
denominados “secundários”.
Para calcular qualquer indicador são necessários dados, e
esses vão determinar a qualidade do indicador. O maior problema
para obter bons indicadores reside em dados incompletos ou não
confiáveis. Esses, por sua vez, são conseqüência da falta de
interesse por parte dos envolvidos na coleta, análise e uso dos dados
e da informação. Nesse aspecto, a equipe de Saúde da Família
possui papel fundamental. A maior parte dos dados necessários para
calcular os indicadores usados no planejamento e avaliação da
atenção básica é coletada pela equipe de Saúde da Família. Desde
o Agente Comunitário de Saúde até o Coordenador da Unidade,
todos têm responsabilidade com a qualidade do dado que será
utilizado para promover as mudanças no processo de trabalho da
unidade. É comum mencionar o desconhecimento dos níveis centrais
quanto à realidade das unidades locais, mas também é comum
desprezar o dado que pode oferecer a eles uma leitura mais
adequada dessa realidade.
Mesmo com bons indicadores quantitativos pode acontecer de
não conseguir uma boa explicação do fenômeno que deseja avaliar,
sendo necessários dados de outra natureza – os qualitativos. Tais
dados são obtidos de forma menos sistemática. Os instrumentos
para coleta desses dados são pensados especificamente para o que
se deseja saber naquela ocasião, para cada necessidade a que se
pensar e formular os instrumentos e técnicas adequados.

A procedência dos avaliadores é outro fator que pode


influenciar o processo de avaliação. Avaliadores externos – não
vinculados à instituição – possuem a vantagem de não estarem
envolvidos diretamente com o objeto, o que pode conferir maior
imparcialidade na avaliação. Por outro lado, podem possuir menos
conhecimento do objeto, implicando em compreensões
fragmentadas dos aspectos envolvidos. Avaliadores internos são
aqueles que pertencem à instituição executora, mas não são
responsáveis pela execução do programa a ser avaliado. Se por um
lado essa posição oferece a vantagem do conhecimento do objeto,
por outro implica no risco do envolvimento institucional prejudicar a
avaliação.
São freqüentes as combinações de avaliadores externos e
internos para combinar as vantagens das posições, constituindo
avaliações mistas.
Ainda, pode ocorrer do responsável pela execução ser o
avaliador. Nesse caso, trata-se de uma autoavaliação. A AMQ é uma
proposta de autoavaliação. Para atuação na equipe Saúde da
Família é especialmente importante a Avaliação para Melhoria da
Qualidade da Estratégia Saúde da Família (AMQ), que é uma
metodologia desenvolvida especificamente para a estratégia Saúde
da Família (SF) avaliar a qualidade dos processos na equipe e na
gestão.
São cinco instrumentos de autoavaliação (gestor municipal da
saúde, coordenação da SF, unidade SF, equipe SF, profissionais de
nível superior da SF) que possibilitam a identificação dos estágios de
implantação, desenvolvimento e qualidade da estratégia desde a
gestão até as práticas de saúde das equipes junto à população.

O documento técnico que apresenta a proposta definiu


‘qualidade da SF’ como “Grau de atendimento a padrões (de
qualidade) baseados nas diretrizes estabelecidas para o SUS e para
a Estratégia Saúde da Família, assim também como nas
necessidades de saúde e expectativa dos usuários, suas famílias e
comunidade; considerando-se os profissionais envolvidos na
intervenção e respeitando os conhecimentos técnicos e científicos
atuais, de acordo com as normas e os valores culturalmente aceitos”.
Foi a partir desse conceito que as questões de avaliação foram
formuladas.
Os cinco instrumentos podem ser divididos em dois grupos: um
de Gestão da Estratégia (instrumentos 1- desenvolvimento da
estratégia; 2- coordenação técnica; e 3- unidade saúde da família) e
outro de Equipe da Saúde da Família (instrumentos 4- consolidação
do modelo de atenção; e 5- atenção em saúde).

As questões, em todos os instrumentos, são elencadas em


níveis de qualidade, a saber:

E – Qualidade Elementar: abordam elementos de estrutura e


as ações mais básicas da estratégia SF
D – Qualidade em Desenvolvimento: abordam elementos
organizacionais iniciais e o aperfeiçoamento de alguns processos de
trabalho
C – Qualidade Consolidada: abordam processos
organizacionais consolidados e avaliações iniciais de cobertura e
impacto das ações
B – Qualidade Boa: abordam ações de maior complexidade no
cuidado e resultados mais duradouros e sustentados
A – Qualidade Avançada: colocam-se como o horizonte a ser
alcançado, com excelência na estrutura, nos processos e,
principalmente, nos resultados

Vamos ver alguns exemplos de questões em cada um dos


níveis, retiradas do instrumento 4:
Observe que cada questão é acompanhada de um texto
explicativo, que é o padrão adotado para aquela situação. Dessa
forma, pode ser ao mesmo tempo um instrumento de auto-avaliação
e de formação para a estratégia, uma vez que explica como deve ser.

O preenchimento em rede se dá com acesso autorizado por


senha. A senha é enviada ao administrador municipal da AMQ, que
pode depois criar outras senhas para outros usuários autorizados. No
primeiro momento serão preenchidos os cadastros do município, da
coordenação, das unidades e das equipes. São criados os grupos
avaliativos, que terão acesso aos diferentes instrumentos de
avaliação. Após, os questionários poderão ser respondidos pelas
equipes e unidades de saúde da família.

Vimos que com a avaliação é possível entender melhor nosso


processo de trabalho, comparar nossos resultados com os objetivos
pretendidos, corrigir problemas durante a execução das ações,
propor mudanças que melhorem nossa atuação, e que a avaliação
pode e deve fazer parte do cotidiano de seu trabalho. Também vimos
que a AMQ é um bom instrumento para avaliar os processos de
saúde e apontar para possíveis melhorias.

ACESSIBILIDADE E EQUIDADE

O conceito de acessibilidade pode ser trazido pela Lei nº


13.146/2015 que diz:

“possibilidade e condição de alcance para utilização, com


segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos
urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação,
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços
e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso
coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida;”

Segundo estudos desenvolvidos por Sassaki (2002), podemos


identificar seis tipos de acessibilidade: atitudinal, arquitetônica,
comunicacional, instrumental, metodológica e programática. Confira
a definição de cada espectro da acessibilidade formulada a partir de
uma adaptação das ideias de Sassaki e outras verificadas na
literatura acerca do tema.

1. ACESSIBILIDADE ATITUDINAL

Refere-se à percepção do outro sem preconceitos, estigmas,


estereótipos e discriminações. Todos os demais tipos de
acessibilidade estão relacionados a essa, pois é a atitude da pessoa
que impulsiona a remoção de barreiras.

Práticas e exemplos

Essa acessibilidade pode ser notada quando existe, por parte


dos gestores institucionais, o interesse em implementar ações e
projetos relacionados à acessibilidade em toda a sua amplitude. A
priorização de recursos para essas ações é um indicativo da
existência de acessibilidade atitudinal.

2. ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA

Eliminação das barreiras ambientais físicas nas residências,


nos edifícios, nos espaços e equipamentos urbanos.

Práticas e exemplos

Os exemplos mais comuns de acessibilidade arquitetônica são


a presença de rampas, banheiros adaptados, elevadores adaptados,
piso tátil, entre outras.

3. ACESSIBILIDADE METODOLÓGICA

Conhecida também como pedagógica, é a ausência de


barreiras nas metodologias e técnicas de estudo. Está relacionada
diretamente à concepção subjacente à atuação docente: a forma
como os professores concebem conhecimento, aprendizagem,
avaliação e inclusão educacional irá determinar, ou não, a remoção
das barreiras pedagógicas.

Práticas e exemplos

É possível notar a acessibilidade metodológica nas salas de


aula quando os professores promovem processos de diversificação
curricular, flexibilização do tempo e utilização de recursos para
viabilizar a aprendizagem de estudantes com deficiência, como, por
exemplo: pranchas de comunicação, texto impresso e ampliado,
softwares ampliadores de comunicação alternativa, leitores de tela,
entre outros recursos.

4. ACESSIBILIDADE PROGRAMÁTICA

Eliminação de barreiras presentes nas políticas públicas (leis,


decretos, portarias, normas, regulamentos, entre outros).

Práticas e exemplos

Ocorre quando a IES promove processos de sensibilização que


envolvem a informação, o conhecimento e a aplicação dos
dispositivos legais e políticas relacionadas à inclusão e à
acessibilidade de estudantes com deficiência na educação superior.
Muitas vezes esses estudantes não têm conhecimento dos seus
direitos e, em razão disso, não vislumbram a possibilidade de
acessar a universidade. Essa acessibilidade se expressa, também,
toda vez que novas leis, decretos, portarias são criadas com o
objetivo de fazer avançar os direitos humanos em todos os seus
âmbitos.

5. ACESSIBILIDADE INSTRUMENTAL

Superação das barreiras nos instrumentos, utensílios e


ferramentas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de lazer
e recreação (comunitária, turística, esportiva).

Práticas e exemplos

Esse tipo de acessibilidade envolve todas as demais e sua


materialidade reflete a qualidade do processo de inclusão plena do
estudante na educação superior.
6. ACESSIBILIDADE NOS TRANSPORTES

Forma de acessibilidade que elimina barreiras não só nos


veículos, mas também nos pontos de paradas, incluindo as calçadas,
os terminais, as estações e todos os outros equipamentos que
compõem as redes de transporte.

Práticas e exemplos

Percebe-se a aderência da IES a esse tipo de acessibilidade


quando existe transporte coletivo à disposição dos estudantes e
aqueles com algum tipo de deficiência física ou mobilidade reduzida
consegue fazer uso do mesmo com segurança e autonomia, sem
nenhum prejuízo para sua locomoção.

7. ACESSIBILIDADE NAS COMUNICAÇÕES

É a acessibilidade que elimina barreiras na comunicação


interpessoal (face a face, língua de sinais), escrita (jornal, revista,
livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braile, uso do
computador portátil) e virtual (acessibilidade digital).

Práticas e exemplos

Um dos exemplos de acessibilidade nas comunicações é a


presença do intérprete na sala de aula em consonância com a Lei de
Libras – e Decreto de Acessibilidade.

8. ACESSIBILIDADE DIGITAL

Direito de eliminação de barreiras na disponibilidade de


comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas
adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos
alternativos.

Práticas e exemplos

Evidencia-se a existência dessa acessibilidade quando a IES


possui os acervos bibliográficos dos cursos em formato acessível ao
estudante com deficiência (prioritariamente os de leitura obrigatória)
e utiliza diferentes recursos e ajudas técnicas para que o estudante
tenha acesso à informação e ao conhecimento, independentemente
de sua deficiência.6

Equidade é um dos princípios doutrinários do Sistema Único de


Saúde (SUS) e tem relação direta com os conceitos de igualdade e
de justiça. No âmbito do sistema nacional de saúde, se evidencia, por
exemplo, no atendimento aos indivíduos de acordo com suas
necessidades, oferecendo mais a quem mais precisa e menos a
quem requer menos cuidados. Busca-se, com este princípio,
reconhecer as diferenças nas condições de vida e saúde e nas
necessidades das pessoas, considerando que o direito à saúde
passa pelas diferenciações sociais e deve atender a diversidade.

Exemplos práticos de equidade ocorrem frequentemente nos


hospitais, especialmente naqueles nos quais se implantou a
classificação de risco, onde a prioridade no atendimento é definida
por critérios combinados de ordem de chegada, urgência e
gravidade. Por esse princípio, uma vítima de acidente grave passará
na frente de quem necessita de um atendimento menos urgente,
mesmo que esta pessoa tenha chegado mais cedo ao hospital.

O princípio da equidade também norteia políticas de saúde,


reconhecendo necessidades de grupos específicos e atuando para
reduzir o impacto dos determinantes sociais da saúde aos quais
estão submetidos. Neste sentido, no Brasil, existem programas de
saúde em acordo com a pluralidade da população, contemplando as
populações do campo e da floresta, negros, ciganos, pessoas em
situação de rua, idosos, pessoas com deficiência, entre outros.7

Dessa forma, quando falamos em ampliar o acesso


(acessibilidade) às pessoas que possuem alguma dificuldade ou
impedimento, podemos dizer que há uma valorização do princípio da
equidade.

PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO E


OS RECURSOS EXISTENTES PARA ENFRETAMENTO DOS
PROBLEMAS

A saúde no Brasil - tanto o sistema público como o privado -


enfrenta dezenas de dificuldades como falta de remédios ou
6
https://www.unoesc.edu.br/atendimento/definicao
7
https://pensesus.fiocruz.br/equidade
médicos, mensalidades altas, falta de cobertura para diversas
doenças e exames.

1) Falta de médicos: considerado um dos principais problemas


do SUS, segundo destacou o presidente do TCU, ministro Raimundo
Carreiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde),
há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que na
Europa, cuja taxa é de 33,3.

2) Demora para marcar consulta: o SUS realiza bem menos


consultas do que poderia. Segundo o Fisc Saúde 2016, o Brasil
apresentou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de
2012, o 27º índice entre 30 países. A taxa muito inferior ao dos países
mais bem colocados: Coreia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria
(11,8).

3) Falta de leitos: nos três primeiros meses de 2018, a falta de


leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros no
Reclame Aqui. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados
indicam que o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do
recomendado pela OMS (entre 3 e 5). O déficit de leitos em UTI
neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP). Além disso, o país t, em média, 2,9
leitos por mil nascidos vivos, abaixo dos 4 leitos recomendados pela
entidade. No SUS, a taxa é de 1,5.

4) Atendimento na emergência: a espera por atendimento foi o


tema considerado de "pior qualidade" em uma pequisa da CNI
(Confederação Nacional da Indústria) sobre avaliação de serviços.
Nos estudos do Ipea sobre os serviços prestados pelo SUS, o tema
recebeu as maiores qualificações negativas: 31,1% (postos de
saúde) e 31,4% (urgência ou emergência).

5) Falta de recursos para a saúde: apenas 3,6% do orçamento


do governo federal foi destinado à saúde em 2018. A média mundial
é de 11,7%, segundo a OMS. Essa taxa é menor do que a média no
continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa (13,2).
Na Suíça, essa proporção é de 22%.
6) Formação de médicos: pacientes pedem que haja melhoria
na qualidade do atendimento dos médicos, segundo o Sistema de
Indicadores de Percepção Social, do Ipea. O Cremesp (Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo) destaca que quase
40% dos recém-formados não passam em seu exame.

7) Preço da mensalidade dos planos privados: o valor das


mensalidades é o principal problema, segundo o Ipea, com 39,8%
das queixas. Entre as principais reclamações feitas a ANS (Agência
Nacional de Saúde), nos três primeiros meses deste ano, está
"mensalidades e reajustes".

8) Cobertura do convênio: a insuficiência da cobertura dos


planos é outra crítica frequente. De acordo com a pesquisa da ANS,
foram 15.785 reclamações entre janeiro e março deste ano. No
estudo do Ipea, 35,2% reprovam o serviço.

9) Sem reembolso: de acordo com o estudo da Fisc Saúde,


esse é o terceiro principal motivo de insatisfação de pacientes do
setor privado (21,9%). Esse foi o oitavo principal motivo de
reclamação no primeiro trimestre do ano no Reclame Aqui. Segundo
a instituição, foram 508 queixas, 35% mais do que nos mesmos três
meses do ano passado, quando foram registradas 333 reclamações.

10. Discriminação no atendimento: 10,6% da população


brasileira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram
discriminadas na rede de saúde tanto pública quanto privada, é o que
aponta a Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE. A maioria (53,9%)
disse ter sido maltratada por "falta de dinheiro" e 52,5% em razão da
"classe social". Pouco mais de 13% foram vítimas de preconceito
racial, 8,1% por religião ou crença e 1,7% por homofobia. No entanto,
o percentual poderia ser maior se parte da população LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros)
não deixasse de buscar auxílio médico por medo de discriminação,
revela uma pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa
Catarina).8

Os problemas são grandes e complexos, assim, não há uma


solução simples para enfrenta-los.
8
https://www.noticiasaominuto.com.br/economia/588696/veja-os-10-principais-problemas-da-saude-
brasileira
Dessa forma, podemos verificar que grande parte dos
problemas tem a ver com a falta de recursos para gerenciamento do
SUS.
Entretanto, o SUS recebe grande parte do orçamento público.
Podemos dizer, que é o mal planejamento é o maior problema que
faz surgir todos os demais problemas citados acima.
Não obstante, um treinamento mais qualificado para os
profissionais da saúde ajudará bastante também no atendimento
mais humanizado em relação aos usuários.
Concluindo assim, as ferramentas estão disponíveis para a
melhora da saúde do Brasil, só basta que seja executada!

INTERSETORIALIDADE

A intersetorialidade trata-se de mecanismos de gestão e


integração de ações, saberes e esforços de diferentes setores da
política pública, com o objetivo de construir objetos comuns de
intervenção entre eles, para o enfrentamento mais articulado dos
problemas sociais.

Áreas, como Assistência Social, Educação e Saúde, possuem


dados que se utilizados de maneira integrada, e com ações pensadas
em conjunto, farão com que os diferentes setores que lidam com as
vulnerabilidades e fragilidades multifacetadas – de natureza e
aspectos diversos – dos núcleos familiares, encontrem saídas e
soluções coletivas a partir destas ações intersetoriais.

Um exemplo de ação articulada entre setores que funciona, é o


Bolsa Família. A simples transferência de renda não consegue dar
um fim à pobreza. Por isso, o programa foi desenhado para trabalhar
integrado a outras políticas setoriais, como a Educação e a Saúde.

Para continuar recebendo o benefício, as famílias precisam


garantir que as crianças ou adolescentes mantenham uma
frequência mínima de 85% no ensino fundamental, e de 75% no
ensino médio. Além disso, a carteira de vacinação das crianças deve
estar em dia.

As chamadas condicionalidades para o recebimento do


benefício garantem que o programa tenha critérios mais amplos,
almejando a emancipação do usuário dentro de um espaço de tempo,
por meio de ações integradas entre as políticas.
Para além das questões relacionadas à frequência na escola,
outros problemas podem surgir, e serão mais facilmente
reconhecidos caso haja articulação entre todas as dimensões.

Quando um aluno está com dificuldades de aprendizagem, por


exemplo, pode ser que o problema não esteja relacionado à
qualidade do ensino ou à escola em si, mas sim porque essa criança
ou adolescente pode estar sofrendo algum tipo de violência ou
violação de direitos, como trabalho infantil, violência física ou
psicológica, desnutrição, etc.

São respostas que nem sempre a área educacional terá em


mãos, sendo que a integração com setores, como o da Assistência
Social, lhe dará pareceres mais precisos sobre o que pode estar
ocorrendo com o aluno e sua família.

É necessário um olhar ampliado para além do que cada política


consegue perceber. Por esse motivo, a intersetorialidade surge para
resolver questões complexas, como os exemplos citados acima,
além de inúmeros outros casos de difícil compreensão.

A integração dos setores auxilia inclusive nas dificuldades


enfrentadas pelos profissionais dessas políticas, articulando
posturas, novos mecanismos e ações, visando a busca pela garantia
dos direitos fundamentais de cada cidadão.

Desafios da articulação entre as políticas

A intersetorialidade está bem desenhada através de leis e


normas nacionais, mas na prática ela dificilmente acontece. São
necessárias algumas mudanças para que ocorra efetivamente.

O estereótipo de que a política de Assistência Social é


assistencialista precisa ser superado. A quebra de paradigma deve
acontecer tanto por parte do Estado, representado pelos gestores e
profissionais que atuam nos setores, quanto por parte dos cidadãos
e até os usuários da política.

A simples união dos setores não funcionará. As ações precisam


ser pensadas em conjunto, criando novas ideias e formas de
trabalho, e não apenas unir aquilo que hoje já é feito pelas diferentes
áreas.
Caso haja a integração pensada de forma desarticulada, os
usuários e suas famílias correm o risco de serem encaminhados para
equipamentos e serviços públicos que não possuem recursos
suficientes para atendê-los, como por exemplo, um conselheiro
tutelar que encaminha uma família com crianças que estão fora da
escola para um unidade escolar que não tem vagas.

A intersetorialidade deve funcionar não como uma árvore, que


contém eixo central, hierarquias, raízes, troncos e galhos, mas sim
como um rizoma, em que os caules crescem horizontalmente,
percorrendo em diversas direções, não tendo um ponto fixo de
entrada e de saída.

Mas para que o rizoma trabalhe como o esperado e seja efetivo


em sua atuação, alguns desafios precisam ser superados.

Burocracia, ineficiência, sobrecarga dos profissionais, ausência


de financiamento intersetorial e dificuldade em medir o resultado das
ações, são alguns exemplos de pontos a serem melhorados para que
a articulação entre os setores aconteça.

Nesse sentido, as equipes que se propõem a esse


enfrentamento precisam dialogar, agir em conjunto, buscar saídas
coletivas. Isso porque a intersetorialidade pode ser um espaço de
conexão que trará a possibilidade de revolucionar e de promover
acontecimentos extremamente positivos para todas as áreas
públicas integradas através desse mecanismo.

ÉTICA E CIDADANIA

Tratar sobre este assunto é um pouco peculiar.

Explico.

Se pegarmos só o assunto ética, ele daria um livro, ou senão,


livros... são assuntos que gerariam discussões e mais discussões...

Entretanto, quero te dar um norte para você saber o necessário


para ter um raciocínio mais aguçado e, assim, você conseguirá
enfrentar bem estes temas, que por si, estão entrelaçados.

A ética e a cidadania, como disse anteriormente, estão ligadas


e são a base da sociedade.
Trata-se de comportamento individual, tomada de decisão no
meio social.

Quando falamos em ética, estamos falando de moral. Entenda


isso, falar de ética é o mesmo que falar de moral!

Repito, tudo que não for moral, não é ético.

A palavra ética é de origem grega derivada de ethos, que diz


respeito ao costume, aos hábitos dos homens, com duas variantes:
êthos (caráter) e éthos (costume). Teria sido traduzida em latim por
mos ou mores (no plural), sendo essa a origem da palavra moral.
Uma das possíveis definições de ética seria a de que é uma
parte da filosofia (e também pertinente às ciências sociais) que lida
com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as
bases da moralidade social e da vida individual. Em outras palavras,
trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais
consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.
Dessa forma, quando falamos em ter ética, falamos em ter
moral, e está intimamente ligado a forma como as pessoas agem,
condutas estas que podem ser corretas ou não corretas (condutas
éticas ou antiéticas, respectivamente).
Nesse sentido, de acordo com o contexto cultural onde a
pessoa está inserida, tudo que for correto para aquele determinado
grupo, pode-se dizer que é ético.

Já a cidadania tem a ver com os direitos e deveres a que cada


indivíduo está sujeito dentro da sociedade.
Cada país tem um jeito diferente de exercício da cidadania.

Aqui, no Brasil, a cidadania pode ser dividida em cidadania


formal e cidadania substantiva.

A cidadania formal está relacionada à nacionalidade, significa


que você pertence a determinado país. Exemplo: nós somos
cidadãos brasileiros! Assim é a cidadania formal.

Agora, a cidadania substantiva está relacionada a direitos civis,


sociais e políticos. Portanto, este conceito é bem mais amplo que o
conceito formal.

Macete:
Formal = nacionalidade
Substantiva = direitos

SAÚDE DA CRIANÇA9

O acompanhamento de crianças é uma etapa fundamental e


prioritária de seu trabalho. Você vai acompanhar todas as crianças
de sua área de atuação, desenvolvendo ações de prevenção de
doenças e agravos e de promoção à saúde.
Entre as ações de prevenção das doenças e promoção à
saúde, estão o incentivo ao cumprimento do calendário vacinal, a
busca ativa dos faltosos às vacinas e consultas, a prevenção de
acidentes na infância, o incentivo ao aleitamento materno, que é uma
das estratégias mais eficazes para redução da morbimortalidade
(adoecimento e morte) infantil, possibilitando um grande impacto na
saúde integral da criança.
Os problemas que surgem durante a infância são responsáveis
por graves consequências para os indivíduos, e sua atuação
certamente contribuirá para minimizar o aparecimento desses
problemas.
A seguir orientações que devem ser dadas durante a visita
domiciliar às famílias onde há crianças.

Crianças recém-nascidas (0 a 28 dias), verificar:

• Os dados de identificação do nascimento por meio da


caderneta da criança;
• Se já foi feito o teste do pezinho;
• Se já foram realizadas as vacinas – BCG, hepatite B;
• Se a criança já evacuou ou está evacuando
regularmente;
• Os cuidados com o coto umbilical;
• A presença de sinais comuns em recém-nascidos (na
pele, na cabeça, no tórax, no abdome e genitálias),
regurgitação, soluços, espirros e fazer as orientações;
• Higiene do corpo, higiene da boca, presença de
assaduras, frequência das trocas de fraldas;

9
Guia do ACS
• A alimentação – aleitamento materno exclusivo ou outro
tipo e identificar eventuais dificuldades em relação ao
aleitamento;
• Sono, choro;
• Agendamento da consulta de acompanhamento na
Unidade Básica de Saúde (UBS).

Para todas as crianças:

• Observar o relacionamento da mãe, dos pais ou da


pessoa que cuida da criança, avaliando, entre outros,
cuidados realizados com a criança, o banho a
alimentação (inclusive mamadas), as trocas de fraldas;
• Solicitar a Certidão de Nascimento;
• Verificar o grau de escolaridade da mãe;
• Solicitar a caderneta da criança e verificar: esquema de
vacinação, crescimento e desenvolvimento;
• Observar sinais de risco;
• Observar sinais indicativos de violência;
• Reforçar as orientações feitas pela UBS;
• Verificar se a família está inscrita no Programa Bolsa-
Família.

A CRIANÇA NO PRIMEIRO MÊS DE VIDA


A criança desde o nascimento até completar 28 dias de vida é
chamada de recém-nascida, sendo totalmente dependente dos
cuidados dos pais.
É importante que os cuidados com o recém-nascido, mesmo os
mais simples, sejam feitos pela mãe. No entanto, outras pessoas
podem ajudar no cuidado com a criança: o pai, a avó, a vizinha ou a
comadre.
Nessa fase qualquer doença pode se tornar grave.
Você pode colaborar conversando com os pais, esclarecendo
suas dúvidas e diminuindo suas preocupações. Lembre-se de que a
mãe também está se recuperando e se acostumando a uma nova
situação, mesmo que ela já tenha outros filhos.
Observando os cuidados da mãe com o bebê no banho, nas
mamadas, na troca de fraldas, você poderá perceber o tipo de
atenção que é dada à criança e assim orientar melhor a mãe e a
família.

Características físicas do recém-nascido


Os bebês nascem vermelhinhos, amassados, inchados, alguns
com a cabeça pontuda, o nariz achatado e os olhos “vesgos”. Essas
características são normais neles e somem até o primeiro ano de
vida.
Algumas marcas podem aparecer na pele resultantes do
trabalho departo, independentemente da habilidade da pessoa que
fez o parto.
Não é o caso de se preocupar, pois elas vão desaparecer com
o tempo.

Peso:

Normalmente os bebês nascem com peso entre 2,5 kg e 4 kg e


sua altura fica entre 47 e 54 centímetros.

Por que o peso é tão importante?

Por que o peso ao nascer pode ser um indicativo de algum


problema de saúde durante a gestação.
Depois o peso e a altura vão marcar o início do crescimento do
bebê, agora fora da barriga da mãe e, é claro, com as características
herdadas dos pais.
Aqueles que nascem com menos de 2,5 kg têm maiores riscos
de apresentar problemas. Podem ser prematuros, que nasceram
antes da hora.
Podem também ser crianças que por diversas razões, como
desnutrição da mãe, infecções da mãe durante a gravidez, mãe
fumante durante a gravidez ou por outras razões, nasceram no tempo
certo, mas com baixo peso.
Por outro lado, não podemos nos esquecer dos bebês que
nasceram acima de 4 kg, que pode ser um indicativo de mãe que
apresentou diabetes gestacional.
Todos esses bebês precisam ser acompanhados com mais
frequência por você e pelos demais profissionais da UBS, pois
geralmente precisam de cuidados especiais.

Perda de peso natural

Nos primeiros dias de vida, o bebê perde peso e isso é normal.


Perde líquido e elimina as primeiras fezes (mecônio). Ele está se
acostumando ao novo ambiente. Deve recuperar seu peso em mais
ou menos 10 dias.
Pele:

Sua pele é avermelhada e recoberta por uma camada de


gordura, que serve de proteção e aumenta sua resistência a
infecções.
É delicada e fina, então é preciso ter muito cuidado com a
higiene.
Podem ter pelos finos e longos nas costas, orelhas e rosto, que
desaparecem após uma semana do nascimento;
Podem aparecer alguns pontinhos no nariz como se fossem
pequenas espinhas, que não se deve espremer, pois podem inflamar.
Eles desaparecem em cerca de um ou dois meses;
Podem apresentar manchas avermelhadas espalhadas pelo
corpo, que é uma reação da pele ao ambiente, e também logo
desaparecem;
Se o bebê apresentar coloração amarelada em qualquer
intensidade, orientar para procurar a UBS, porque pode ser
“icterícia”.

Cabeça:

A cabeça do recém-nascido sofre pressão intensa durante o


trabalho de parto, que, às vezes, adquire uma forma diferente do
normal. O bebê pode ainda nascer com o rosto inchado e com
manchas. São alterações que desaparecem em poucos dias.
O bebê pode apresentar um inchaço no couro cabeludo, como
uma bolha, devido à compressão da cabeça para dilatar o colo do
útero.
Quando o parto é natural, é comum isso acontecer com o bebê.
A “moleira” é também uma característica do recém-nascido,
não devendo ser motivo de preocupação. Ela nada mais é que uma
região mais mole na parte de cima dos ossos da cabeça que ainda
não estão emendados. Isso ocorre para facilitar a passagem da
cabeça do bebê pelo canal vaginal na hora do parto. A moleira é
importante para que a cabeça do bebê continue crescendo,
acompanhando o crescimento do cérebro. Ela vai se fechando aos
poucos, num processo que só se completa por volta dos 18 meses
de vida.

Casquinhas no couro cabeludo


São comuns nos recém-nascidos essas casquinhas, que não
incomodam em nada o bebê. O importante é manter a cabeça limpa
e seca.
Orientar para não tentar tirá-las a seco e verificar se as
orientações da UBS estão sendo realizadas. Com o tempo elas
desaparecem naturalmente.
Caso você sinta um cheiro desagradável na cabeça do bebê, é
preciso encaminhá-lo para a UBS.
A criança pode nascer com dentes, que geralmente não tem o
formato de um dente normal. Não se deve tentar tirá-los, e sim
encaminhar o bebê para o dentista na UBS.

Tórax e abdome:

Alguns bebês podem nascer com as mamas aumentadas


porque os hormônios da mãe passaram por meio do cordão umbilical.
Isso é natural. Você deve orientar a mãe para não espremer, pois,
além de machucar, pode inflamar. Informe que as mamas irão
diminuir aos poucos;
A barriga do bebê é alta e grande, e na respiração ela sobe e
desce (respiração abdominal);
O coto umbilical é esbranquiçado e úmido, que vai ficando seco
e escuro, até cair;
Os braços e pernas parecem curtos em relação ao corpo.

Genitais:

Em alguns meninos os testículos podem ainda não ter descido


totalmente, parecendo o saco um pouco murcho; outros podem ser
grandes e duros, parecendo estar cheios de líquido. Mantendo-se
qualquer uma dessas situações, orientar para procurar a UBS.
Nas meninas pode haver saída de secreção esbranquiçada ou
um pequeno sangramento pela vagina. Isso ocorre devido à
passagem de hormônios da mãe. Nesses casos, oriente que é uma
situação passageira e recomende a higiene local, sempre da frente
para trás, ou seja, da vagina em direção ao ânus, e não o contrário.

Funcionamento intestinal:

Nas primeiras 24 horas de vida, os recém-nascidos eliminam o


mecônio (que é verde bem escuro, quase preto e grudento,
parecendo graxa), depois as fezes se tornam esverdeadas e,
posteriormente, amareladas e pastosas. As crianças amamentadas
no peito costumam apresentar várias evacuações por dia, com fezes
mais líquidas. Se o bebê está ganhando peso, mamando bem,
mesmo evacuando várias vezes ao dia, isso não significa diarreia.
Alguns bebês não evacuam todos os dias e chegam a ficar até
uma semana sem evacuar. Se, apesar desse tempo, as fezes
estiverem pastosas e a criança estiver mamando bem, isso não é um
problema.
Se o bebê está mamando só no peito e fica alguns dias sem
evacuar, não se deve dar frutas, laxantes ou chás. É importante
orientar a mãe que nesse período não se trata de doença, procurando
tranquilizá-la.

Urina:

Os bebês urinam bastante. Isso indica que estão mamando o


suficiente.
Quando ficam com as fraldas sem ser trocadas por muito
tempo, por exemplo, a noite toda, o cheiro da urina pode ficar forte,
mas na maioria das vezes não significa problema de saúde.

Sono:

Na primeira semana, o recém-nascido dorme de 15 a 20 horas


por dia, porém alguns não dormem entre as mamadas, ficando
acordados por várias horas.
Para que o bebê não troque o dia pela noite, é importante
lembrar da luminosidade. É fundamental proporcionar um ambiente
claro e arejado durante o dia, e escuro e acolhedor durante a noite.
Um recém-nascido, durante seu primeiro mês de vida, passa a
maior parte do tempo dormindo.
Muitos estudos afirmam que em média um bebê dorme um
mínimo de 12 horas e um máximo de 20 horas diárias.
É possível dar um ritmo ao sono do bebê?
Durante o primeiro mês é muito difícil, mas com o tempo o sono
durante a noite se torna predominante.
Muitas vezes, porém, pode acontecer de o bebê trocar a noite
pelo dia.
Você pode orientar os familiares a manter as janelas abertas
para que o bebê possa perceber a claridade do dia, não diminuir os
barulhos costumeiros da casa, mantê-lo brincando, conversando,
chamando sua atenção e à noite fazer o contrário. Orientar os
familiares a levar o bebê para o berço somente à noite e evitar
acender as luzes para não distraí-lo.
Choro:

O choro é uma manifestação natural. Depois do nascimento, o


bebê tem que se adaptar a uma série de mudanças: novas
sensações, novos sons, roupas, banhos... Não é, portanto, de se
estranhar o fato de ele chorar.
O bebê se comunica pelo choro sempre que se sentir
desconfortável ou estiver com fome, sede, frio, fralda molhada, roupa
apertada, coceira, cólica ou irritação por excesso de barulho. Não
usar medica mentos para evitar o choro.
Certamente, um “remédio” sempre útil é o aconchego do colo
da mãe. Porém, se por qualquer motivo ela achar que o bebê está
chorando demais e desconfiar que haja algo errado com ele, oriente
a levá-lo logo à UBS para receber a orientação adequada.
Conforme a mãe for conhecendo o seu bebê, conseguirá
distinguir os diferentes “choros”, isto é, o significado de cada uma de
suas manifestações.
No começo, porém, vai ter que pensar numa porção de motivos,
até acertar a causa.
Raramente o bebê chora sem que haja uma razão. Ele pode
chorar quando se encontrar em algumas dessas situações:

Fome: o bebê chora muito, nenhum carinho consegue acalmá-


lo e já se passaram algumas horas da última mamada: é fome. Ele
só se tranquilizará depois que estiver satisfeito.
Desconforto: o bebê fica incomodado quando sua fralda está
molhada. Além disso, a cólica, o calor e o frio são também situações
de desconforto.
Dor: nos primeiros meses são normais as cólicas provocadas
porque engole ar durante as mamadas. O choro de dor é agudo,
inconsolável e repentino. Algumas medidas podem ajudar a acalmar
a dor, como massagens na barriga, movimentar as pernas em
direção ao corpo e encostar a barriga do bebê na barriga da mãe.
Solidão: o bebê gosta de companhia e ao sentir a falta da mãe
ele chora muito. Ela deve pegá-lo no colo, dar carinho e atenção.
Você pode orientar que ele chora não por um capricho, mas por uma
necessidade de aconchego e carinho.
Frio: muitas vezes ao trocar ou dar banho em um bebê ele
começa a chorar. Isso pode ser pela sensação de frio e de nudez
repentina. A mãe deve cobri-lo com uma toalha para acalmá-lo.
Agitação: o recém-nascido sofre diferentes estímulos:
barulhos, luzes, calor, frio etc. E em certos momentos de maior
tensão ele pode manifestar uma crise de choro. Nesse caso deve-se
dar colo e carinho. Alguns bebês choram antes de dormir.

Você deve orientar a não deixá-lo chorar pensando que assim


cairá no sono pelo cansaço, pois ele precisa de tranquilidade e
carinho para dormir.

Cólicas:

Em geral, começam no fim da terceira semana de vida e vão


até o fim do terceiro mês. O bebê chora e se contorce, melhora
quando suga o peito e volta a chorar. Isso faz com que a mãe pense
que é fome e pode levá-la a substituir o leite materno por mamadeira.
Você deve orientar para que a mãe e familiares não confundam
a necessidade de sugar, que melhora por um tempo as cólicas, com
a fome.
Orientar ainda a não usar medicamentos sem orientação da
equipe de saúde, pois podem ser perigosos para o bebê, por conter
substâncias que podem causar sonolência.
Para aliviar as cólicas por alguns momentos, orientar para fazer
massagens na barriga no sentido dos ponteiros do relógio e
movimentar as pernas em direção à barriga. Fazer compressas
secas e mornas, aconchegar o bebê no colo da mãe também podem
ajudar a acalmar a dor.

Regurgitação:
É comum e consiste na devolução frequente de pequeno
volume de leite logo após as mamadas. Quase sempre, o leite volta
ainda sem ter sofrido ação do suco gástrico. Se o ganho de peso do
bebê for satisfatório, é uma situação normal.

Soluços e espirros:
Os soluços são frequentes quando a criança está descoberta e
com frio, na hora do banho e às vezes após as mamadas. Não
provoca nenhum mal e param sozinhos. Os espirros ocorrem
frequentemente e não devem ser atribuídos a resfriados.

Hidratação:
As crianças amamentadas exclusivamente no seio não
necessitam de água, chás, sucos ou outros leites que não o do peito
nos intervalos das mamadas.
Quando a criança estiver tomando mamadeira, oferecer nos
intervalos água filtrada e fervida.
Orientações a serem dadas sobre os cuidados com o bebê

No banho:

Deve ser diário e nos horários mais quentes, podendo ser


várias vezes no dia, principalmente nos lugares de clima quente.
Sempre com água morna, limpa e sabonete neutro. É importante
testar a temperatura da água antes de colocar a criança no banho.
Enxugar bem, principalmente nas regiões de dobras, para
evitar as assaduras.
Não usar perfume, óleos industrializados e talco na pele do
bebê, pelo risco de aspiração do talco e por causar alergias.
As unhas do bebê devem ser cortadas para evitar arranhões e
acúmulo de sujeiras.

Na troca de fraldas:
A cada troca de fraldas, limpar com água morna e limpa,
mesmo que o bebê só tenha urinado. Não deixar passar muito tempo
sem trocá-las, pois o contato das fezes ou da urina com a pele
delicada do bebê provoca assaduras e irritações. Não usar talco ou
perfume, pois podem causar alergias.
Uma medida que pode ajudar a melhorar a assadura é deixar o
bebê sem fraldas para tomar banho de sol, até as 10 horas da manhã
e após as 16 horas, por cinco minutos. O sol tem uma ação de matar
os micro-organismos e ajuda a proteger a pele da irritação provocada
pelo contato da urina e das fezes.
Nos casos em que as assaduras não apresentarem melhora,
isso pode dever-se à dermatite por fralda, que é uma irritação na pele
causada pelo contato com a urina e fezes retidas pelas fraldas e
plásticos. É observada uma vermelhidão de pele, com descamação,
aspecto brilhante e, eventualmente, com pontinhos elevados, e fica
restrita às regiões cobertas pelas fraldas.
Nesses casos, orientar para procurar a UBS, para identificar a
causa e iniciar o tratamento.

Com o umbigo:
O coto umbilical cairá espontaneamente entre o 5º e o 14º dia
de vida. Alguns recém-nascidos apresentam um umbigo grosso e
gelatinoso, que poderá retardar sua queda até em torno de 25 dias.
Pode ocorrer discreto sangramento após a queda do coto umbilical,
que não requer cuidados especiais.
Os cuidados com o coto umbilical são importantes para evitar
infecções. A limpeza deve ser diária durante o banho e deixar sempre
seco.
Não se devem usar as faixas ou esparadrapos, pois não deixam
o umbigo secar, além de dificultar a respiração do bebê. Também
não se deve colocar no local ervas, fumo, frutas, moedas ou qualquer
outro objeto.
Se observar o aparecimento de secreção, sangue ou cheiro
desagradável no coto umbilical, é preciso orientar que a mãe leve o
bebê à UBS.

Hérnia umbilical:
É uma alteração na cicatriz umbilical. Após a queda do coto
umbilical, quando o bebê chora, é possível ver que o umbigo fica
estufado.
Orientar a não usar faixas, esparadrapos ou colocar moedas,
pois não têm nenhum efeito e podem dificultar a respiração do bebê
ou causar irritação na pele. Na grande maioria dos casos a hérnia
umbilical regride naturalmente sem necessidade de qualquer
intervenção. De qualquer forma, deve-se orientar para procurar a
UBS para avaliação.

Hérnia inguinal:
É uma bola que aparece na virilha, principalmente quando o
bebê chora. Caso seja confirmada a presença da hérnia, o
tratamento é cirúrgico e você deve orientar para procurar a UBS.

Outros cuidados:
A higiene do ambiente, das roupas, dos objetos usados pelo
bebê é muito importante, considerando que ele tem poucas defesas
e pode ter infecções. É preciso, então, orientar para que as pessoas
tenham o entendimento da relação da sujeira com a presença de
micro-organismos causadores de doenças.
Quem cuida do bebê deve lavar bem as mãos, com água e
sabão, antes e depois de cada cuidado.
As roupas e fraldas devem ser bem lavadas, enxaguadas e,
sempre que possível, colocadas ao sol para secar e devem ser
passadas com ferro quente. Orientar para lavá-las com sabão neutro
e evitar o uso de amaciantes.
Ao perceber as condições de vida da família na visita domiciliar,
você pode verificar a possibilidade de deixar a casa mais arejada e
iluminada.
Estudar em conjunto com a família formas de diminuir a poeira
e fumaça (fogões à lenha e cigarros) dentro da casa.
Nos locais onde há malária, filariose, dengue, febre amarela e
doença de Chagas, é necessário o uso de mosquiteiros. Sua
orientação e ação também podem ser complementadas pelas do
agente de controle de endemias.

TRIAGEM NEONATAL
O teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho fazem parte do
Programa Nacional de Triagem Neonatal (recém-nascido), criado em
2001 pelo Ministério da Saúde, com objetivo de diagnosticar diversas
doenças e a tempo de fazer o tratamento precocemente, reduzindo
ou eliminando sequelas, como o retardo mental, surdez e cegueira.

Teste do pezinho
Você deve orientar a sua realização imediatamente entre o
terceiro e o sétimo dia de vida do bebê.
A partir desse prazo, oriente para fazer o exame o mais cedo
possível, preferencialmente dentro de 30 dias após o nascimento.
O exame revela doenças que podem causar graves problemas
ao desenvolvimento e crescimento do bebê, que são irreversíveis se
não diagnosticadas e logo tratadas. Por isso a importância da sua
realização o mais cedo possível.

Teste da orelhinha
É um exame que pode detectar precocemente se o bebê tem
algum problema de audição. Ele é realizado no próprio berçário,
quando o bebê está quieto dormindo, de preferência nas primeiras
48 horas de vida, mas pode ser feito após alguns meses de vida, em
outro serviço de saúde conveniado, se a maternidade não tiver
fonoaudiólogos para realizar o exame.
O exame não dói, não incomoda, não acorda o bebê, é barato,
fácil de ser realizado, não tem contraindicação e é eficaz para
detectar problemas auditivos.
Informe-se na sua UBS de referência se o exame da orelhinha
está disponível na rede do SUS do município e onde é realizado.

Teste do olhinho
Também conhecido como exame do reflexo vermelho, ele pode
detectar diversos problemas nos olhos, o mais importante é a
catarata congênita.
Deve ser realizado de preferência ainda na maternidade, mas
pode ser feito na UBS pelo médico treinado, nos três primeiros anos
de vida.

SAÚDE BUCAL NA CRIANÇA


Desde os primeiros dias de vida, a adoção de cuidados com a
saúde bucal deve ser estimulada e motivada pelos profissionais da
equipe de saúde. A prática de hábitos de vida saudáveis irá prevenir
o aparecimento de doenças bucais na primeira infância, repercutindo
na promoção à saúde para toda a vida.
Nesse primeiro momento, deve-se ouvir a família e observar o
comportamento do recém-nascido. Orientar as dúvidas que os pais e
os familiares tiverem, como: aleitamento materno; uso de bicos e
chupetas; sucção digital (chupar o dedo); higiene bucal; uso de
creme dental; alimentação; e manifestações mais frequentes.

Dentição de leite
Durante a vida possuímos dois tipos diferentes de dentição: a
de leite e a permanente. Os dentes de leite aparecem por volta dos
seis meses de vida. Geralmente os dentes inferiores surgem primeiro
que os superiores e sempre aparecem aos pares, um esquerdo e
outro direito.

Para que servem os dentes de leite?

• Mastigar;
• Falar;
• Sorrir;
• Guiam os dentes permanentes para nascerem;
• Guardam o lugar dos dentes permanentes;
• Ajudam as arcadas dentárias a se desenvolverem (devido
ao exercício muscular propiciado pela mastigação);
• Servem para começarmos a aprender a ter higiene bucal.

Os dentes de leite são em número de 20:

Oito incisivos: ficam na frente, sendo tanto superior quanto


inferior
Quatro caninos: ao lado dos incisivos
Oito molares: ficam atrás dos caninos, no fundo da boca

Os dentes de leite devem ser bem cuidados, para que


possamos ter os permanentes saudáveis.
Higiene bucal
Os bons hábitos alimentares e de higiene bucal na família irão
interferir no comportamento das crianças. Por essa razão, o ACS
deve orientar a família nos cuidados da higiene bucal e ainda na
mudança de alguns hábitos alimentares, como a redução do uso do
açúcar no leite, em sucos ou chás.
A limpeza da cavidade bucal deve ser iniciada antes mesmo da
erupção dos dentes. Deve-se orientar a utilização de um tecido limpo
(gaze ou fralda) umedecido em água filtrada ou fervida, mas em
temperatura ambiente, massageado suavemente a gengiva.
Além de higienizar a cavidade bucal, esse procedimento tem o
objetivo de condicionar o bebe à adoção de hábitos saudáveis
futuramente.

Escovação:
Com o aparecimento do primeiro dente, inicia-se a fase do uso
da escova dental, que deverá ser de cabeça pequena e as cerdas
arredondadas e macias, mas sem a pasta de dente. O creme dental
com flúor só deverá ser utilizado quando a criança souber cuspir
completamente o seu excesso.
Criança que ainda não sabe cuspir não deve usar pasta de
dente com flúor, pois ela pode engolir essa pasta e vir a ter um
problema conhecido como fluorose, que é o aparecimento de
manchas esbranquiçadas e/ou má formação dentária. Seguir as
recomendações da equipe de Saúde Bucal quanto à quantidade
segura de creme dental para a criança e a frequência de escovação,
pois isso é fundamental para prevenir a cárie precoce e a fluorose.
Dica: o que limpa o dente é a ação da escovação, e não a pasta
de dente. Por isso, orientar para colocar pouca pasta de dente na
escova (quantidade equivalente a um grão de arroz cru).
Até que a criança adquira coordenação motora, o cuidado com
sua higiene bucal deverá ser delegado aos seus pais ou
responsáveis.

Fio dental:
O uso do fio dental é tão importante quanto o uso da escova de
dente.
Ele garante a retirada dos restos de alimentos entre os dentes
e da placa bacteriana. O seu uso deve ser estimulado na medida em
que a criança for crescendo e iniciado assim que se estabelecer o
espaço entre dois dentes.
Na saúde bucal o ACS deve ainda reforçar a importância de
uma alimentação saudável, sem açúcar. Incentivar o consumo de
frutas, legumes e verduras e evitar alimentos industrializados
(refrigerantes, bolachas, salgadinhos, balas, doces, chocolates).
Orientar a mãe, o pai ou quem cuida da criança para ir
regularmente ao serviço de saúde para avaliação e prevenção de
cárie.

Alterações em saúde bucal mais frequentes nas crianças

Candidíase bucal:

Conhecida como “sapinho”, é uma doença infecciosa causada


por fungos. Apresenta-se como uma placa esbranquiçada e mole que
recobre a língua, bochecha ou palato mole (céu da boca mais
posterior).
A candidíase é encontrada com maior frequência em bebês
entre zero e três meses de idade. Caso você ou a mãe identifique
esses sinais, oriente a procurar a UBS.

Língua geográfica:
São áreas lisas localizadas na língua com margens limitadas e
bem definidas que imitam o formato de um mapa, por esse motivo
que se denomina de língua geográfica. O ACS pode ficar tranquilo ao
ser questionado sobre essa manifestação bucal, pois ela não
necessita de nenhum tratamento. Porém, em caso de dúvida, sempre
comunique sua equipe e discuta sobre o caso para ter mais
informações.

Gengivite de erupção:
É uma inflamação localizada na gengiva devido ao surgimento
dos primeiros dentes de leite. O bebê pode sentir dor, febre e recusa
à alimentação. Deve-se orientar a mãe e familiares que essa situação
é comum e que o bebê pode ficar irritado, mais choroso e precisar de
mais carinho e atenção. O ACS pode indicar algumas medidas
caseiras, como chá gelado de camomila ou malva e procurar o
dentista da área.

Hematoma de erupção:
É uma lesão de coloração azulada na região do dente que está
nascendo. Os pais, geralmente, ficam preocupados devido à
coloração, mas é importante tranquilizá-los, pois não é dolorido e não
necessita de tratamento.
ATENÇÃO: o ACS deve identificar e conhecer o serviço de
saúde bucal disponível na sua área de abrangência, para orientar às
famílias sobre como ter acesso a esse serviço.

ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Crescimento
É o aumento do corpo como um todo. A altura faz parte do
crescimento, que é a medida em centímetros, e o peso, em
quilogramas.

Desenvolvimento
É o amadurecimento das funções do corpo. É o que faz com
que a criança aprenda a segurar objetos, relacionar sons e
comportamentos, falar, andar, coordenar seus movimentos e ações,
sentir, pensar e se relacionar com os outros e com o meio a sua volta.
O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da
criança faz parte da consulta na UBS e também deve ser
acompanhado por você durante a visita domiciliar (VD). Na VD é
importante observar como as mães lidam com seus filhos: se
conversam com eles, se brincam. Não é necessário que ela fique o
tempo todo em casa, mas é importante que quem a substituir possa
ter tempo para conversar com a criança, mesmo durante os trabalhos
de casa.

CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA


A Caderneta de Saúde da Criança existe para acompanhar e
avaliar o crescimento e desenvolvimento e a saúde da criança até os
10 anos. Existe uma caderneta para meninas e outra para meninos
porque o seu crescimento é diferente.
Você pode ter uma cópia da ficha vacinal e do gráfico de
crescimento de cada criança, essa cópia é conhecida como cartão
sombra ou cartão espelho. Isso lhe ajudará no acompanhamento
sobre a saúde e o crescimento e desenvolvimento da criança, a cada
visita.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES A SEREM
VERIFICADAS SE CONSTAM NA CADERNETA DE
SAÚDE DA CRIANÇA

No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança é considerada um


documento. Ela contém diversas instruções, entre elas: dados de
identificação da criança, orientações relacionadas ao crescimento e
desenvolvimento e amamentação e calendário vacinal.

Dados de identificação e do nascimento da criança:


• Nome completo da criança e dos pais;
• Local onde mora (não se esquecer de indicar um ponto
que ajude a encontrar a casa da criança);
• Como nasceu: se em hospital, centro de parto natural ou
em casa, com parteira; se foi parto normal ou cesárea;
qual o peso e o comprimento; qual o APGAR (que varia
de 0 a 10 e quanto mais alto melhores foram as condições
do nascimento); qual o perímetro cefálico (que é a medida
da cabeça da criança, que na maioria dos recém-
nascidos fica entre 32 e 36 cm).

Gráficos de crescimento para crianças

Interpretação dos gráficos de crescimento para crianças:


O estado nutricional, em todas as fases da vida, é avaliado a
partir de dados de peso e altura. Para saber se a pessoa será
classificada como saudável, é necessário que se façam
comparações com uma referência baseada em uma população
saudável. Uma das maneiras de realizar essa comparação é por
meio de gráficos. A Caderneta de Saúde da Criança e a do
Adolescente apresentam gráficos para essa avaliação. As curvas de
peso para idade, altura para idade e Índice de Massa Corporal (IMC)
para idade mostram se o peso, a altura e o IMC da criança ou
adolescente estão compatíveis com os valores de pessoas que se
encontram na mesma idade.
Para usar esses gráficos, algumas informações são
necessárias, de acordo com o gráfico utilizado: peso, estatura, idade
e sexo. Os meninos têm gráficos na cor azul, enquanto as meninas
têm gráficos na cor rosa. Fique atento também para o fato de que
cada gráfico se destina a uma faixa etária diferente: alguns gráficos
são para crianças menores de dois anos, outros para crianças entre
dois e cinco anos incompletos e outros gráficos para crianças de
cinco a dez anos de idade.

Peso para idade


Esse gráfico faz uma avaliação do peso de acordo com a idade
da pessoa no momento da avaliação. Para utilizá-lo, o primeiro passo
é pesar a criança ou adolescente. Depois disso, anote o valor do peso
com a data. Além do peso, é necessário saber a idade da criança em
anos e meses. É muito importante que meninos e meninas tenham
os gráficos certos, já que o desenvolvimento e o crescimento são
diferentes para os dois grupos. Com os valores de peso e idade nas
mãos, abra o gráfico.
A seguir, temos como exemplo um gráfico de peso para idade
para menores de cinco anos. Note que ele é azul, então se refere a
um menino. Na linha horizontal (deitada), estão descritos os valores
de idade; nessa linha, localize a idade da criança. Na linha vertical
(de pé), estão descritas as medidas de peso em quilogramas; localize
o peso da criança encontrado na pesagem. Marcados os dois pontos,
faça uma linha horizontal saindo da marcação do peso e uma linha
vertical saindo da idade da pessoa. As duas linhas devem se cruzar.
Esse ponto onde as linhas se cruzam irá proporcionar a
classificação do estado nutricional dessa criança no dia em que se
realizou a pesagem.
Após colocar o ponto no gráfico de peso por idade, é necessário
fazer avaliação dessa informação, conforme a descrição abaixo:
Abaixo da linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1): peso muito
baixo para a idade;
Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e
abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): o peso está baixo
para a idade; Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil
3) e abaixo ou sobre a linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o
peso está adequado para a idade; Acima da linha do +2 (equivalente
ao percentil 97): o peso está elevado para a idade.
Tanto as situações de muito baixo peso e baixo peso como os
casos de peso elevado para idade devem ser encaminhados a sua
equipe de saúde para consulta.

Estatura para idade


Esse gráfico faz uma avaliação da altura com a idade da
pessoa no momento da avaliação. Para utilizar o gráfico, o primeiro
passo é medir a altura da criança ou adolescente. Depois disso,
anote o valor da altura com a data. Além da altura, é necessário saber
a idade da criança em anos e meses.
A seguir, temos como exemplo um gráfico de estatura para
idade. Note que ele é rosa, então se refere a uma menina. Na linha
horizontal (deitada), estão descritos os valores de idade; nessa linha,
localize a idade da criança. Na linha vertical (de pé), estão descritas
as medidas de altura em centímetros; localize a altura avaliada.
Marcados os dois pontos, faça uma linha horizontal saindo da altura
e uma linha vertical saindo da idade. As duas linhas devem se cruzar.
Esse ponto onde as linhas se cruzam irá proporcionar a classificação
do estado nutricional dessa criança no dia em que se realizou a
avaliação.

Após colocar o ponto no gráfico de estatura por idade, é


necessário fazer avaliação dessa informação conforme a descrição
abaixo:
Abaixo da linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1): a altura
está muito baixa para a idade; Acima ou sobre a linha do -3
(equivalente ao percentil 0,1) e abaixo da linha do -2 (equivalente ao
percentil 3): a altura está baixa para a idade; Acima ou sobre a linha
do -2 (equivalente ao percentil 3): a altura está adequada para a
idade.
Crianças ou adolescentes que são classificados abaixo da linha
do -2 devem ser encaminhados para consulta com um profissional da
equipe de saúde.

IMC para idade


O IMC (Índice de Massa Corporal) avalia a proporção entre o
peso e altura e pode ser avaliado de acordo com a idade do
nascimento até os 19 anos. Para utilizar o gráfico, o primeiro passo
é medir a altura da criança ou adolescente; depois, deve-se obter o
peso da pessoa no momento da avaliação. Anote o valor da altura e
do peso com a data. Para essa avaliação, também é necessário
saber a idade em anos e meses. Com os valores de altura e peso,
calcule o IMC a partir da seguinte fórmula:

Note que a medida do peso deve estar em quilogramas e a da


altura em metros. Portanto, divida o valor do peso pelo quadrado da
altura, isto é, a medida da altura multiplicada por ela mesma.
A seguir, temos como exemplo um gráfico de IMC para idade
para indivíduos dos 5 aos 19 anos. Note que o gráfico é azul, então
se refere a um menino. Na linha horizontal (deitada), estão descritos
os valores de idade; nessa linha, localize a idade da criança ou
adolescente. Na linha vertical (de pé), estão descritos os valores de
IMC; localize o valor do IMC calculado. Marcados os dois pontos, faça
uma linha horizontal saindo do valor de IMC e uma linha vertical
saindo da idade. As duas linhas devem se cruzar. Esse ponto onde
as linhas se cruzam irá proporcionar a classificação do estado
nutricional dessa criança ou adolescente no dia em que se realizou a
avaliação.

Após colocar o ponto no gráfico de IMC por idade, é necessário


fazer avaliação dessa informação conforme a descrição abaixo:
Abaixo da linha do -3 (ou do percentil 0,1): IMC muito baixo para
a idade; Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e
abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): o IMC está baixo
para a idade; Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil
3) e abaixo ou sobre a linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o
IMC está adequado para a idade; Acima da linha do +2 (equivalente
ao percentil 97): o IMC está elevado para a idade; a criança ou
adolescente apresenta excesso de peso.

ATENÇÃO: deve-se estar sempre atento para a evolução do


crescimento da criança. Se a linha de crescimento registrada no
gráfico de crescimento estiver descendo ao longo dos atendimentos,
trata-se de um sinal de alerta, já que a criança está se aproximando
de uma situação de baixo peso por idade ou de baixa estatura por
idade. Da mesma forma, caso uma criança apresente um contínuo
ganho de peso e estiver se aproximando cada vez mais das linhas
superiores do gráfico, o caso também requer uma atenção maior.
Para mais informações sobre esse assunto, consulte a
Caderneta de Saúde da Criança, Caderno de Atenção Básica (CAB)
de Saúde da Criança e os materiais do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional (Sisvan), disponíveis no site:
www.saude.gov.br/nutricao.

Atividades
Para acompanhar o desenvolvimento da criança, é preciso
observar as atividades que a maioria delas é capaz de fazer nas
diferentes idades.
Procure ter acesso a essa parte da Caderneta, que o médico e
a enfermeira preenchem.
Para as crianças com baixo ou muito baixo peso e elevado
peso, é preciso conversar mais com os pais, para saber como
é o dia a dia delas: Como brincam; como se alimentam; como está a
curva de peso; se tomam sol; se brincam ao ar livre; se ficam
doentes; quem toma conta; o que os pais e/ou cuidadores ensinam e
conversam; se têm acesso à água limpa e tratada; se o quintal e a
rua são limpos. Essas crianças irão precisar de mais visitas
domiciliares e deverão ser orientadas para procurar a UBS.

Vacinas da criança

Esquema de vacinação da criança:


A vacinação é uma importante ação para diminuir doenças e
mortes por doenças infecciosas.
Você deverá solicitar a Caderneta de Saúde da Criança e
verificar o esquema vacinal.
Obs.: o esquema vacinal pode ser alterado de tempos em
tempos ou sofrer adaptações regionais. Recomenda-se que você
sempre converse com a enfermeira ou com o médico da sua equipe
para se manter atualizado(a) sobre o esquema vacinal adotado em
seu município.
Observações gerais:
Em relação à vacinação, você deve orientar para procurar a
UBS as crianças que:
• Não tiverem a marca (cicatriz) da vacina BCG no braço
direito, após seis meses da aplicação da vacina;
• Não tiverem o registro da aplicação de qualquer uma das
vacinas na Caderneta da
• Criança;
• Tiverem informações sobre aplicações de vacinas que
não estejam registradas na
• Caderneta;
• Não compareceram no dia agendado pela UBS para a
vacinação;
• Apresentarem qualquer queixa após a aplicação da
vacina.
ATENÇÃO: as etapas de cicatrização da pele após a aplicação
da vacina BCG:
• Em torno da segunda semana, palpa-se uma pequena
área endurecida;
• Da quinta à sexta semana, o centro da área endurecida
começa a amolecer,
• formando uma crosta (casca);
• Quando a crosta cai, deixa em seu local uma pequena
lesão, que desaparece lentamente
• entre a 8ª e a 10ª semana. Em alguns casos, a
cicatrização é mais demorada,
• podendo se prolongar até o quarto mês, raramente além
do sexto mês.
Você deverá orientar a mãe sobre as fases da cicatrização da
vacina. Além disso, orientar a manter o local da aplicação limpo,
utilizando água e sabão, e que não se deve colocar nenhum tipo de
medicamento nem cobrir a lesão com curativo.
Qualquer dúvida quanto à cicatrização da vacina BCG,
encaminhar a criança, a mãe ou o responsável à sua equipe de SF
ou à UBS.
Atenção: a aplicação de uma ou mais vacinas, no mesmo dia,
não oferece nenhum risco à criança.
A Caderneta de Saúde da Criança registra o peso e as
atividades, mostra se a criança está com as vacinas em dia, se
adoece muito e do que adoece.

PROGRAMA BOLSA-FAMÍLIA
Você deve verificar se a família está inscrita no programa. Caso
existam famílias que se enquadrem nos critérios de inclusão e não
estejam no programa, você deve orientar como se inscrever.
O Programa Bolsa-Família define que as famílias beneficiárias
devem cumprir algumas ações na área da saúde e educação
(condicionalidades), que são: manter as crianças e adolescentes em
idade escolar frequentando a escola e realizar os cuidados básicos
em saúde, verificação do calendário de vacinação, para as crianças
entre zero e seis anos, e da agenda pré e pós-natal para as gestantes
e mães em amamentação.
Essas condicionalidades devem ser acompanhadas por você e
pelas equipes.
Podem fazer parte do Programa Bolsa-Família as famílias com
renda mensal até R$ 120,00 (cento e vinte reais) por pessoa
devidamente cadastradas no Cadastro Único para Programas
Sociais (CadÚnico).
Se a família se encaixa numa das faixas de renda definidas pelo
programa, deve procurar o setor responsável pelo Programa Bolsa-
Família no município (geralmente ligado à Secretaria de Assistência
Social), em porte dos documentos pessoais (título de eleitor ou CPF),
para se cadastrar no CadÚnico.

ORIENTAÇÕES ALIMENTARES PARA A CRIANÇA


Nos primeiros seis meses, o bebê só deve receber o leite
materno. Ele deve ser oferecido todas as vezes que o bebê quiser,
inclusive à noite.
Após os seis meses, introduzir novos alimentos, continuando
com o aleitamento materno até os dois anos ou mais.
A partir dos seis meses, as papas de frutas, legumes, carnes e
cereais podem ser feitas com alimentos da região.
No início o bebê come em pouca quantidade e coloca parte da
comida para fora, até aprender a engolir e se acostumar com o gosto
do novo alimento. É importante orientar os cuidadores do bebê a
terem paciência em caso de resistência na aceitação de um novo
alimento.
Insistir na oferta de oito a dez vezes.
Você deve orientar sobre:
• A limpeza no preparo dos alimentos vai evitar diarreias e
outras infecções;
• Lavar bem as mãos com água e sabão antes de preparar
os alimentos;
• Os alimentos devem sempre ser cobertos ou tampados;
• Aos seis meses, as crianças devem receber papas de
frutas, e as papas salgadas
• devem conter no mínimo um alimento de cada grupo.
Exemplo de papa: abóbora, carne, arroz, feijão e
espinafre;
• As frutas devem ser lavadas, descascadas e amassadas,
para que fiquem na consistência
• de papa. Não passar a fruta na peneira ou no
liquidificador nem acrescentar açúcar. A criança tem que
se acostumar a comer alimentos de diferentes
consistências. As papas salgadas oferecidas no almoço
a partir de seis meses e as papas oferecidas no jantar a
partir dos sete meses também não devem ser
liquidificadas, e sim amassadas com o garfo;
• Aos seis meses, a criança que mama no peito deve
receber, além do leite materno em livre demanda, ou
sempre que sentir fome, uma papa de fruta no meio da
manhã, uma papa salgada na hora do almoço e uma papa
de fruta no meio da tarde;
• Aos sete meses, a crianças que mamam no peito já pode
receber duas papas salgadas por dia e duas papas de
fruta;
• Aos 10 meses, a criança já pode receber a alimentação
básica da família, desde que não muito condimentada;
• A partir dos 12 meses, a criança que mama no peito deve
fazer uma refeição ao acordar, dois lanches por dia e
duas refeições básicas por dia (almoço e jantar);
• As verduras devem ser descascadas e cozidas no vapor
ou em pouca água e com pouco sal. Depois devem ser
amassadas com o garfo e ficar com consistência de papa;
• Deve-se evitar dar à criança açúcar, frituras, enlatados,
café, chá mate, refrigerantes nos primeiros anos de vida.
Esses alimentos podem causar ou ser fator de
predisposição a excesso ou baixo peso, anemia, alergia
alimentar e cárie. Além de fazer com que as crianças
percam o interesse por alimentos na sua forma natural;
• A papa salgada deve conter um alimento do grupo dos
cereais ou tubérculos (inhame, cará,
aipim/macaxeira/mandioca), um das hortaliças (folhas ou
legumes) e um do grupo dos alimentos de origem animal
(frango, boi, peixe, miúdos, ovos) ou das leguminosas
(feijão, soja, lentilha, grão-de-bico);
• Miúdos ou fígado devem ser oferecidos no mínimo uma
vez na semana para a prevenção da anemia;
• Após o consumo de papas salgadas, é indicado o
consumo de meio copo de suco de fruta natural ou uma
porção pequena de fruta para aumentar a absorção do
ferro presente nas refeições e ajudar na prevenção da
anemia;
• Durante o dia e no intervalo das refeições, as crianças
devem receber água pura, limpa, filtrada ou fervida.
• Os sucos devem ser oferecidos apenas após as papas
salgadas (almoço e jantar);
• O leite artificial deve ser preparado no máximo uma hora
antes de ser oferecido. Não aproveitar sobras de outros
horários. Crianças até seis meses que recebem outro
leite que não o materno devem consumir no máximo 400
ml por dia.

OBESIDADE EM CRIANÇA
A obesidade não é apenas um problema estético (beleza) que
incomoda por causa das “brincadeiras” dos colegas.
Pode-se definir obesidade como o grau de armazenamento de
gordura no organismo associado a riscos para a saúde, devido a sua
relação com o aparecimento e complicações de algumas doenças
como diabetes, hipertensão e outros problemas cardíacos.
O ganho de peso além do necessário é devido a hábitos
alimentares errados, questões genéticas, estilo de vida sedentário,
distúrbios psicológicos, problemas na convivência familiar, entre
outros.
Costuma-se pensar que as crianças obesas ingerem grande
quantidade de comida. Essa afirmativa nem sempre é verdadeira,
pois a obesidade não está relacionada apenas com a quantidade,
mas com o tipo de alimentos consumidos frequentemente.

Atividades físicas
Além da alimentação, a vida sedentária facilitada pelos
avanços tecnológicos (computadores, televisão, videogames etc.)
também é fator para a presença da obesidade.
Hoje em dia, devido ao medo da violência urbana, entre outros
motivos, as crianças costumam ficar horas paradas em frente à TV
ou outro equipamento eletrônico e quase sempre com um pacote de
biscoito ou sanduíche regado a refrigerantes.
A prática regular de atividade física proporciona muitos
benefícios, entre eles o aumento da autoestima, do bem-estar, a
melhoria da força muscular, fortalecimento dos ossos e pleno
funcionamento do sistema de defesa do organismo – sistema
imunológico.
Você pode colaborar na promoção à prática regular de
atividade física e utilização dos espaços públicos que facilitem a
incorporação dessa prática no cotidiano.

Ansiedade
Não são apenas os adultos que sofrem de ansiedade
provocada pelo estresse do dia a dia. As crianças e os jovens
também são alvos desse sintoma, causado por preocupações em
semanas de prova na escola ou pela tensão do vestibular, entre
outros. Algumas pessoas em situações de ansiedade comem em
excesso.

Fatores genéticos
Algumas pesquisas já revelaram que, se um dos pais é obeso,
o filho tem maiores chances de se tornar obeso, e essas chances
dobram no caso de os dois pais serem obesos.
Em todas as fases da vida, o importante é ter uma alimentação
saudável, que é:
• Adequada em quantidade e qualidade;
• Variada;
• Segura;
• Disponível;
• Atrativa;
• Que respeita a cultura alimentar.
Para ter uma alimentação saudável, não é preciso excluir
“coisas gostosas”, mas é preciso saber equilibrar, evitando os
exageros e o consumo frequente de alimentos altamente calóricos.
É preciso também desmistificar a ideia de que tudo que é
gostoso engorda e é caro. Uma alimentação rica em alimentos pouco
calóricos pode ser saborosa e caber no orçamento familiar.
Orientações importantes que podem ser dadas por você:
• Os alimentos de diferentes grupos devem ser distribuídos
em pelo menos três refeições e dois lanches por dia;
• Os alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos
(batatas), raízes (mandioca/macaxeira/aipim), pães e
massas devem ser distribuídos nas refeições e lanches
do seu filho ao longo do dia;
• Legumes e verduras devem compor as refeições da
criança. As frutas podem ser distribuídas nas refeições,
sobremesas e lanches;
• Feijão com arroz deve ser consumido todos os dias ou no
mínimo cinco vezes por semana;
• Leite e derivados como queijo e iogurte devem compor a
alimentação diariamente, nos lanches. Carnes, aves,
peixes ou ovos devem compor a refeição principal da
criança;
• Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados. A
preferência deve ser por alimentos assados, grelhados ou
cozidos;
• Refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons,
biscoitos doces e recheados, salgadinhos e outras
guloseimas no dia a dia devem ser evitados ou
consumidos o mínimo possível;
• Diminuir a quantidade de sal na comida;
• A criança deve beber bastante água e sucos naturais de
frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das
refeições, para manter a hidratação e a saúde do corpo;
• A criança deve ser ativa, evitando-se que ela passe
muitas horas assistindo à TV, jogando videogame ou
brincando no computador.

Alimentos que são importantes e devem fazer parte da alimentação


diária da criança:

Nas visitas domiciliares, você deve fazer orientações para a


promoção à saúde, reforçando as orientações quanto ao aleitamento
materno exclusivo, alimentação, a manter o esquema de vacinação
sempre atualizado, medidas para higiene e cuidado com a criança e
o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento.
Assim estará contribuindo para a manutenção e promoção à
saúde das crianças das famílias que moram na sua área de atuação.

Doença diarreica aguda (DDA)

É uma doença que pode ser causada por bactérias, vírus e


parasitos, caracterizada principalmente pelo aumento do número de
evacuações, com fezes aquosas (líquidas) ou de pouca consistência.
Em alguns casos, há presença de muco e sangue. A criança
também pode ter náusea, vômito, febre e dor abdominal. Tem
duração entre 2 e 14 dias. É importante sua atuação imediata para
evitar que ocorra a desidratação.
A DDA é uma das importantes causas de adoecimento e morte
no Brasil e está diretamente relacionada às precárias condições de
vida e saúde dos indivíduos, em consequência da falta de
saneamento básico, desnutrição crônica, entre outros fatores.
A transmissão pode ocorrer em virtude da ingestão de água e
alimentos contaminados e por contato com objetos contaminados
(exs.: utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos
hospitalares) ou de pessoa para pessoa (ex.: mãos contaminadas) e
de animais para as pessoas.
As moscas, formigas e baratas podem contaminar,
principalmente, os alimentos e utensílios. Locais de uso coletivo,
como escolas, creches, hospitais e penitenciárias, apresentam maior
risco de transmissão. Se durante uma VD você constata ou é
informado que há uma criança com diarreia, você deve buscar saber:

• A idade;
• Há quantos dias está com diarreia e o número de vezes
ao dia de evacuação;
• Se há presença de sangue nas fezes;
• Se também está com febre, vômito e há quantos dias;
• Analisar o entorno do domicílio, se a família utiliza água
tratada, se tem acesso a esgotamento sanitário;
• Se há outros casos.
Um dos tratamentos para DDA é a hidratação, que tem o
objetivo de reidratar ou evitar a desidratação. Pode ser feita por via
oral ou por meio de soro na veia.
Ao constatar os sinais relatados acima, você já deve orientar o
aumento do consumo de líquidos disponíveis no domicílio –
preferencialmente leite materno (em menores de dois anos) e soro
de reidratação oral (SRO); na falta desses, soro caseiro, chás,
cozimento de farinha de arroz e água de coco. Esses líquidos devem
ser usados após cada evacuação ou vômito. Se o vômito dificultar a
aceitação, deve-se oferecer a solução em colheres, a cada um ou
dois minutos, aumentando o volume de líquido gradualmente.
A alimentação habitual deve ser mantida, evitando alimentos
muito gordurosos.
No caso de a criança estar com os olhos fundos, ausência de
lágrima, bebendo líquidos rapidamente ou com dificuldade de beber,
apresentar sangue nas fezes ou febre alta, ela deverá ser orientada
a procurar imediatamente a UBS.
É importante ressaltar que os refrigerantes não devem ser
utilizados, pois, além de não fazer efeito como hidratantes, podem
agravar a diarreia.

Medidas de prevenção e controle:

Orientar/desenvolver:
• Melhoria da qualidade da água (quadro a seguir);
• Destino adequado de lixo e dejetos;
• Ações de controle de moscas, formigas e baratas;
• Medidas de higiene e de manipulação de água e
alimentos;
• Ações de educação em saúde, particularmente em áreas
de elevada incidência de diarreia, são fundamentais;
• Participar da articulação com escolas, creches, hospitais,
penitenciárias para o desenvolvimento de orientações e
campanhas específicas.
Dosagem e tempo de contato do hipoclorito de sódio a 2,5%
(água sanitária) segundo o volume de água para consumo humano a
ser tratado no domicílio.

Melhoria da água domiciliar por meio de medidas simples:

Como preparar o soro caseiro com a colher-medida:


• Encher bem um copo grande com água limpa, fervida e
em temperatura ambiente;
• Colocar a medida pequena e rasa de SAL;
• Colocar duas medidas e rasas de AÇÚCAR;
• Mexer bem e oferecer à criança após cada evacuação.
Como preparar a solução de reidratação oral:

• Dissolver o conteúdo de um pacote de sal reidratante em


um litro de água limpa e fervida, em temperatura
ambiente;
• Depois de pronto, o soro pode ser usado por um período
de 24 horas. Após esse período jogar fora e preparar
outro soro;
• O soro só pode ser misturado em água, não acrescentar
açúcar ou outra substância para melhorar o seu gosto.

Atuação do ACS no controle das doenças diarreicas agudas:

• Identificar os casos e encaminhá-los à UBS para diagnóstico e


tratamento;
• Identificar sinais e/ou situações de risco em casos de diarreias
e orientar sobre o tratamento da água para consumo humano,
o destino dos dejetos e o lixo residencial;
• Acompanhar os pacientes e orientá-los quanto à necessidade
na continuidade do tratamento;
• Vigiar constantemente e de forma responsável;
• Antecipar os movimentos da criança;
• Manter a criança sempre sob suas vistas;
• Evitar deixar sob o cuidado de outras crianças;
• Desenvolver ações educativas, levando informações e
orientações às famílias e aos indivíduos, identificando as
medidas de prevenção e controle das doenças diarreicas;
• Orientar a população informando-a sobre a doença, seus sinais
e sintomas, riscos e formas de transmissão;
• Atuar como agente mobilizador da comunidade em parceria
com as lideranças comunitárias chamando atenção das
pessoas para a importância da participação de todos em
campanhas e mutirões no combate às doenças diarreicas
agudas.

PREVENINDO ACIDENTES NA INFÂNCIA

Evitar acidentes na infância é uma tarefa importante


para os pais e responsáveis. Os acidentes estão entre as cinco
principais causas de morte na infância e podem comprometer o futuro
e o desenvolvimento da criança. As crianças convivem com muitos
riscos e perigos diariamente.
Você deve informar que os acidentes não são fatalidades nem
obras do destino. Na sua maioria podem ser evitados.

Informações que devem ser passadas sobre cuidados gerais na


prevenção de acidentes:

• Manter o ambiente seguro retirando o que representa risco;


• Guardar fora do alcance da criança objetos pontiagudos e
cortantes (facas, tesouras, chaves de fenda), produtos
químicos de limpeza, remédios, objetos pequenos que possam
ser ingeridos ou inalados, objetos que possam cair, sacos
plásticos, cordões e fios capazes de sufocá-la; cuidado
especial com álcool etílico e outros produtos inflamáveis,
inclusive isqueiros e fósforos;
• Não deixá-las perto do fogão;
• Tampar as tomadas que estão ao alcance das crianças, para
evitar choques elétricos.

Você deve alertar sobre os principais acidentes na infância e as


maneiras de evitá-los. Acidentes com o bebê de colo e o modo de
evitá-los
Os acidentes mais frequentes nessa faixa etária são:
• Queimaduras com água do banho ou alimentos quentes;
• Enforcamento com cordões de chupetas;
• Afogamento no banho;
• Intoxicação por erro na dose de medicamento;
• Quedas do trocador, andador/andajá ou da cama.

Para evitar as queimaduras, basta criar o hábito de experimentar


a temperatura da água antes do banho e experimentar os alimentos
antes de oferecê-los ao bebê.
Para evitar enforcamentos, não colocar fios ou prendedores para
amarrar a chupeta e, se for utilizá-los, deixe-os curtos para evitar que
se enrolem em torno do pescoço da criança. Nunca os amarre ao
redor do pescoço, como colares.
Para evitar afogamentos, nunca deixe a criança sozinha na
banheira (mesmo que se sinta bem) e se possível utilize os assentos
próprios de borracha antiderrapante.
Para evitar intoxicação, nunca administre os medicamentos sem
expressa ordem do médico, e use seringa ou dosador para a porção
recomendada.
Para evitar as quedas, é necessário manter vigilância constante.
Nunca espere que o bebê não vá rolar, porque ele pode começar a
fazer isso a qualquer momento. Mesmo a colocação de objetos,
como travesseiros ou pequenas grades no trocador, não substitui a
vigilância responsável.

Cuidados com a criança que engatinha e anda


A partir do momento em que a criança começa a engatinhar ou a
andar, triplicam os perigos. Além dos riscos anteriores, estão:
• Intoxicações por medicamentos, produtos de limpeza,
raticidas, plantas ornamentais e derivados do petróleo, que
ficam ao alcance das crianças;
• Sufocação com sacos plásticos;
• Choques em fios e tomadas;
• Mordeduras e picadas por animais peçonhentos;
• Ferimentos cortantes e perfurantes;
• Queimaduras no fogão;
• Ingestão ou inalação de pequenos objetos (moedas, clips,
tampinhas);
• antes do banho e experimentar os alimentos antes de
oferecê-los ao
• bebê.
• Para evitar enforcamentos, não colocar fios ou prendedores
para
• amarrar a chupeta e, se for utilizá-los, deixe-os curtos para
evitar que
• se enrolem em torno do pescoço da criança. Nunca os
amarre ao redor
• do pescoço, como colares.
• Para evitar afogamentos, nunca deixe a criança sozinha na
banheira
• (mesmo que se sinta bem) e se possível utilize os assentos
próprios
• de borracha antiderrapante.
• Para evitar intoxicação, nunca administre os medicamentos
sem expressa
• ordem do médico, e use seringa ou dosador para a porção
• recomendada.
• Para evitar as quedas, é necessário manter vigilância
constante. Nunca
• espere que o bebê não vá rolar, porque ele pode começar a
fazer
• isso a qualquer momento. Mesmo a colocação de objetos,
como travesseiros
• ou pequenas grades no trocador, não substitui a vigilância
• responsável.
• Cuidados com a criança que engatinha e anda
• A partir do momento em que a criança começa a engatinhar
ou a andar,
• triplicam os perigos. Além dos riscos anteriores, estão:
• Intoxicações por medicamentos, produtos de limpeza,
raticidas, plantas ornamentais
• e derivados do petróleo, que ficam ao alcance das crianças;
• Sufocação com sacos plásticos;
• Choques em fios e tomadas;
• Mordeduras e picadas por animais peçonhentos;
• Ferimentos cortantes e perfurantes;
• Queimaduras no fogão;
• Ingestão ou inalação de pequenos objetos (moedas, clips,
tampinhas);
Para evitar as intoxicações acidentais, guardar os produtos
perigosos em locais altos, completamente fora do acesso das
crianças.
Não usar locais baixos protegidos por chaves, porque, no dia a
dia, é muito fácil esquecer uma porta aberta. Um descuido pode ser
fatal.
Eliminar da casa as plantas venenosas. As mais responsáveis
por intoxicações em crianças são: comigo-ninguém-pode, mamona,
saiabranca, copo-de-leite, costela-de-adão, espirradeira, dama-da-
noite, bico-de-papagaio, oficial-de-sala, os cogumelos e as folhas da
batata e do tomate, aveloz. Existe, ainda, lista muito grande de
vegetais capazes de provocar envenenamentos. Procure conhecer
as plantas tóxicas da sua região para orientar as famílias. Evite
colocar produtos de limpeza em frascos de doces, garrafas de
refrigerantes ou de sucos, pois a criança não vai saber distinguir que
o conteúdo daquela embalagem não pode ser consumido.
Uma das medidas para evitar a sufocação é esconder os sacos
plásticos em local de difícil acesso.
Para evitar os choques elétricos, coloque as tomadas em
lugares mais altos ou tampe-as com protetores de plástico.
Para evitar atropelamentos, não acostumar a criança a brincar
perto de ruas ou rodovias onde passam carros. O adulto deve sempre
segurar na mão da criança quando estiver em locais com movimento
de carros, motos, bicicleta.
Para evitar acidentes automobilísticos, não levar crianças no
colo, e sim sempre no banco traseiro, na cadeira apropriada ou
assento infantil e com cinto de segurança.
Para evitar mordeduras e picadas, não armazenar entulho ou
objetos velhos e imprestáveis, que podem servir de ninho a animais
peçonhentos. Da mesma forma, não deixar o mato crescer no quintal.
Usar repelente conforme orientação médica e cortinado sempre
que possível.
Para evitar ferimentos, esconder objetos cortantes e
perfurantes, como facas e tesouras.
Para evitar queimaduras no fogão, utilizar apenas as bocas
traseiras e nunca deixar os cabos das panelas voltados para frente,
de modo que a criança possa alcançá-los. Retirar os botões que
controlam o gás, evitando que a criança abra o gás acidentalmente e
provoque um desastre.
Para evitar a inalação, não deixar pequenos objetos ao alcance
da criança. Ela pode colocar na boca, engolir e ir para os pulmões.
Atenção para os brinquedos pequenos.
Para evitar quedas de alturas, cuidar para não deixar as janelas
abertas ou móveis próximos às janelas. Impedir o acesso às escadas
e sacadas.
O tanque de lavar roupa é um local muito perigoso. Verificar se
está bem preso na parede, pois a criança pode se pendurar nele e
derrubá-lo sobre si mesma.
Para evitar afogamentos, não permitir a entrada de uma criança
na água sem a supervisão de um adulto. Evitar que as crianças
brinquem próximas a poços, cacimbas, tanques, córregos ou valão.

Não deixe sua criança sozinha:

• Sobre o trocador (mesa, cômoda);


• Na cama;
• No banho;
• Em casa ou sob os cuidados de outra criança.

Cuidados com as crianças maiores


A criança maior, que vai à rua sozinha, está sujeita a uma série
de acidentes graves que só podem ser evitados por meio de uma
orientação clara, firme e convincente. Nesse caso, estão:

• Queimaduras por fogos de artifício;


• Acidentes com armas de fogo;
• Quedas de árvores, muros, brinquedos de velocidade
(patins, bicicletas e skates);
• Ferimentos cortantes e perfurantes;
• Acidentes de trânsito;
• Afogamentos.
Para evitar queimaduras com fogos de artifício, além da
orientação, o ideal é que os adultos não usem para dar o bom
exemplo.
Para evitar os acidentes com armas de fogo, o melhor é não ter
armas em casa, pois sempre se corre o risco delas caírem nas mãos
das crianças. Em caso em que isso não puder ser evitado, devem ser
guardadas em locais extremamente seguros.
Para evitar as quedas de brinquedo de velocidade (bicicleta,
velocípede), compre os materiais de segurança recomendados
(capacetes, joelheiras, cotoveleiras) e só permita a sua utilização em
locais protegidos (nunca na rua).
Para evitar afogamentos, não nadar em locais desconhecidos,
longe da margem e orientar a não mergulhar de cabeça na água.
Para andar sozinho na rua, a pé ou de bicicleta, a criança deve
estar efetivamente treinada, conhecer e obedecer às regras de
trânsito, para evitar que se envolva em acidentes.

SITUAÇÕES EM QUE VOCÊ DEVE ORIENTAR A


FAMÍLIA A PROCURAR O SERVIÇO DE SAÚDE O MAIS
RÁPIDO POSSÍVEL

• Criança molinha, gemente, parada, com choro fraco. É


aquela que não demonstra interesse pelo o que ocorre ao
seu redor, ela não olha quando é chamada;
• Criança que vomita tudo (alimentos, líquidos e
medicamentos);
• Criança que não mama;
• Criança com tosse ou com dificuldade para respirar (ruído
ao respirar, aparecimento das costelas ao respirar –
tiragem intercostal, batimento de asa de nariz);
• Criança com diarreia (três ou mais evacuações líquidas
ou semilíquidas em 24 horas) com sinais de desidratação:
está inquieta, irritada, com sede, olhos fundos, sinal da
prega (a pele volta lentamente ao estado anterior quando
com os dedos polegar e indicador são usados para
levantar a pele);
• Emagrecimento acentuado, pés inchados, palma da mão
muito pálida;
• Peso baixo para a idade (abaixo do percentil 3 da
Caderneta de Saúde daCriança);
• Criança com secreção no ouvido;
• Presença de placas brancas na garganta e com mau
cheiro;
• Presença de bolhas com pus na garganta;
• Umbigo vermelho com secreção amarelada;
• Presença de sangue nas fezes;
• Criança com febre (temperatura acima de 38º C).

Atenção: você deve informar imediatamente a equipe de


saúde se na visita domiciliar encontrar a criança com alguma
situação acima descrita. Deve ainda reforçar com a mãe, o pai ou
quem cuida da criança as orientações dadas pela UBS.

SAÚDE DO ADOLESCENTE

A adolescência é uma etapa da vida compreendida entre a


infância e a fase adulta, marcada por um complexo processo de
crescimento e desenvolvimento físico, moral e psicológico.
A lei brasileira considera adolescente a faixa etária de 12 a 18
anos.
Para mais informações, consultar o Estatuto da Criança e do
Adolescente – Lei nº 8.069, de 13/7/1990, disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm
Conforme já abordado, seu trabalho requer uma relação de
vínculo e confiança. Para trabalhar com adolescentes, essa relação
é fundamental.
Entender a fase pela qual estão passando, estar disponível
para ouvi-los, dentro da sua realidade, respeitar a diversidade de
ideias, sem julgar. A promoção à saúde e prevenção de agravos para
o adolescente deve ser desenvolvida pela equipe em integração com
diferentes instituições na comunidade, como a escola, ação social,
cultura, grupos de jovens, de arte, capoeira, hip hop, entre outros.
Deve-se aproveitar para divulgar informações, ajudando no
esclarecimento de dúvidas e na sensibilização da comunidade.

Você deve identificar os adolescentes de sua área e planejar


suas atividades considerando que é necessário orientá-los sobre:
• Esquema vacinal;
• Sexualidade: doenças sexualmente transmissíveis
(DST), HIV/Aids, anticoncepção, gravidez;
• Uso de álcool e outras drogas;
• Importância da educação;
• Violência e acidentes;
• Riscos no trânsito;
• Atividade física e saúde;
• Hábitos saudáveis;
• Saúde bucal.

Sinais de alerta:
• Magreza excessiva ou obesidade;
• Fugas frequentes de casa;
• Indícios de exploração sexual;
• Indícios de violência na família;
• Indícios de transtornos mentais;
• Indícios de uso de álcool, cigarro e outras drogas;
• Indícios de vida sexual precoce e/ou promíscua.

São direitos fundamentais do adolescente: a privacidade, a


preservação do sigilo e o consentimento informado.
Na atenção à saúde, traduz-se no direito de ter privacidade na
consulta, atendimento em espaço apropriado e de ter assegurada a
garantia de que as questões discutidas durante uma consulta ou uma
entrevista não serão informadas aos seus pais ou responsáveis, sem
o consentimento dele, o que chamamos de consentimento informado.
Orientação

Orientar para procurar a UBS quando o adolescente não tiver a


carteira de vacinação ou caderneta de saúde do adolescente e/ou se
estiver com o esquema de vacinação incompleto ou atrasado.

SEXUALIDADE

Na adolescência, afloram-se muitos questionamentos


relacionados à identidade sexual, às transformações do corpo e à
vivência das primeiras experiências sexuais. A sexualidade não está
restrita ao ato sexual. Envolve desejos e práticas relacionados à
satisfação, ao prazer, à afetividade e autoestima.
É importante para todas as pessoas e especialmente para os
adolescentes e jovens conhecer o funcionamento do seu corpo.
Para promover a saúde sexual e a saúde reprodutiva de
adolescentes e jovens, é fundamental a realização de ações
educativas que tenham como princípio da igualdade entre homens e
mulheres, incentivo ao respeito mútuo nas relações e que sejam
rejeitadas todas as formas de violência e atitudes discriminatórias –
discriminação contra homossexuais ou a ridicularização dos que não
sejam sexualmente ativos, entre outras. Essas atividades podem ser
realizadas nos diversos espaços comunitários (clubes, escolas,
grêmios recreativos, associações).
Utilizando uma linguagem acessível, simples e objetiva, devem
ser dadas informações completas e precisas sobre sexualidade,
contracepção, gravidez, proteção contra doenças sexualmente
transmissíveis e realização do preventivo de câncer do colo uterino.
O início da atividade sexual, cedo/precoce ou tardia, deve ser
precedido das informações necessárias para uma vida sexual
saudável, livre de doenças e de problemas.

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)


A atividade sexual sem a utilização de preservativos torna os
adolescentes e jovens mais expostos às DST.
Todo adolescente com suspeita de DST que apresente os
sinais ou queixas deve ser orientado a procurar a UBS para um
exame clínico.
Alguns sinais e queixas que indicam o surgimento de DST:

Às vezes, não aparecem sintomas ou sinais visíveis por fora, e


isso é comum ocorrer com as mulheres. Mas, mesmo assim, a
doença pode ser passada para o parceiro ou parceira sexual.

Quem apresenta mais risco de contrair DST?


• Qualquer um pode pegar DST – casado, solteiro, jovem,
adulto, rico ou pobre;
• Quem tem relações sexuais sem camisinha/preservativo;
• Pessoas que usam drogas injetáveis e compartilham
seringas;
• Companheiro de usuários de drogas injetáveis que
compartilham seringas;
• Pessoas que receberam transfusão de sangue não
testado.

Você deve:

• Conversar sobre sexualidade, convidando o adolescente


a refletir sobre afeto, carinho, respeito, autoestima,
valores e crenças implicados para uma vivência
responsável de sua sexualidade;
• Conversar com o adolescente sobre a importância de
fazer sexo seguro – uso da camisinha masculina ou
feminina em todas as relações sexuais e orientar onde e
como consegui-las;
• Orientar para não compartilhar seringas e agulhas;
• Identificar áreas de maior vulnerabilidade de acesso às
drogas, entre elas, bares, pontos de prostituição, casas
ou locais de uso de drogas. Nelas podem ser
desenvolvidas ações preventivas importantes, facilitando
o acesso aos materiais de prevenção e o
encaminhamento aos serviços de saúde;
• Identificar pessoas e famílias em situação de maior
vulnerabilidade, respeitando o direito de privacidade e
facilitando o vínculo com o serviço de saúde. Nem todas
as pessoas se sentem à vontade para falar de assuntos
íntimos, como sexo e uso de drogas, devendo, portanto,
ser respeitado o limite que é dado pela pessoa;
• Orientar para que o adolescente procure atendimento na
UBS se houver algum sinal ou sintoma;
• Orientar as pessoas de grupos prioritários (menores de
21 anos, portadores de HIV e outros grupos vulneráveis)
para a vacinação contra hepatite B;
• Orientar a realização do exame preventivo, que deve ser
feito a cada ano. Caso dois exames seguidos (em um
intervalo de um ano) apresentarem resultado normal, o
exame poderá ser feito a cada três anos.
As DST têm cura?
Quando identificada no início e devidamente tratada, a maioria
das DST tem cura. A Aids, que é uma DST, não tem cura, mas pode
ser tratada e controlada com medicamentos adequados.
Para um bom resultado durante e após o tratamento, é
necessário que algumas orientações sejam seguidas pelos
portadores de DST:
• Seguir rigorosamente o tratamento indicado pelo
profissional de saúde;
• Os medicamentos devem ser tomados na quantidade e
hora certas, conforme a receita;
• O tratamento deve ser seguido até o fim, mesmo que não
haja mais sinal ou sintoma da doença;
• Os parceiros devem ser conscientizados a fazer o
tratamento, para evitar que o problema continue;
• Durante o tratamento, as relações sexuais devem ser
evitadas e, quando ocorrerem, devem ser sempre com
camisinha;
• Ao término do tratamento, é preciso voltar à UBS para
nova avaliação.

Planejamento reprodutivo
O planejamento reprodutivo é um direito e vai muito além da
adoção de um método anticoncepcional. Envolve um conjunto de
ações para concepção e anticoncepção desde que não coloque em
risco a vida e a saúde das pessoas, sendo garantida a liberdade de
opção.
A orientação não deve significar escolher no lugar das pessoas,
mas sim ajudar no processo de tomada de decisão, respeitando o
princípio de autonomia no qual tanto o homem quanto a mulher têm
o direito de decidir se querem ou não realizar o planejamento
reprodutivo.
Embora o adolescente tenha o direito de decidir e programar se
deseja ou não ter filhos, em que época de sua vida e como tê-
los, a gravidez em menores de 15 anos é considerada de risco.
Nesse caso o ACS deve dar atenção especial a essa adolescente e
orientá-la a procurar a UBS o quanto antes para iniciar o pré-natal e
estimular a participação do companheiro e familiares em todas as
etapas.

Anticoncepção
A importância do uso de preservativo e da dupla proteção:
O papel mais importante da anticoncepção é assegurar que o
adolescente possa vivenciar sua sexualidade e esteja protegido das
DST e de uma gravidez não planejada. O acesso aos métodos
contraceptivos e à orientação sobre o planejamento reprodutivo deve
ser facilitado e discutido na perspectiva de seus direitos.

Caso haja a suspeita de gravidez, é importante que a


adolescente seja orientada a procurar a UBS para realizar o teste de
gravidez e iniciar o pré-natal o mais cedo possível.

A importância do pré-natal
Um dos pontos importantes do pré-natal é preparar a mulher e
sua família para a chegada de um novo membro, orientando-as sobre
os cuidados com sua saúde e com o bebê.

Outros objetivos do pré-natal:


• Reduzir a mortalidade no parto e puerpério;
• Reduzir o número de abortos espontâneos;
• Reduzir a mortalidade de recém-nascidos e mortes
prematuras;
• Reduzir o número de partos prematuros;
• Diminuir o número de recém-nascidos de baixo peso.

SAÚDE BUCAL NO ADOLESCENTE


Compreender os processos da adolescência é papel tanto da
equipe de saúde como de sua família. Para se trabalhar com essa
faixa etária, a equipe de saúde deve utilizar linguagem apropriada
para divulgar os conceitos de promoção à saúde bucal. Deve-se
buscar dar continuidade à atenção à saúde bucal da criança e
consolidar a ideia de autocuidado e da importância da saúde bucal
para o indivíduo.
A equipe de saúde abordará, nessa faixa etária, outros
assuntos com a família e o adolescente, entre eles estão: orientações
de higiene bucal, uso de exaguatórios bucais e manifestações bucais
mais frequentes.

Higiene bucal
Os cuidados de higiene bucal nessa fase da vida devem ser
motivados com a escovação correta e o uso do fio dental, abordando
temas como a valorização estética para aceitação em grupo.

Alterações em saúde bucal mais frequentes nos


adolescentes

Erosão dentária é a perda irreversível de tecido dentário


(esmalte) devido a uma exposição a ácidos. O refrigerante é uma
bebida considerada ácida e ajuda a provocar a erosão ácida na
estrutura dos dentes, causando sensibilidade. Assim, orientar o
adolescente e sua família sobre hábitos de alimentação saudáveis é
fundamental para evitar a erosão ácida. Entre esses cuidados estão:
tomar bastante água, evitar bebidas ácidas em excesso (bebidas
com gás, suco de frutas, café etc.), evitar escovar os dentes durante
os primeiros 60 minutos após ingerir alimentos ou bebidas ácidas.

Doenças periodontais (doenças das gengivas) também são


comuns nessa faixa etária, pois o adolescente é mais despreocupado
com sua saúde bucal. A doença gengival é uma inflamação das
gengivas que pode progredir afetando o osso que rodeia e suporta
os dentes. É causada pelas bactérias da placa bacteriana, uma
película aderente e sem cor que se forma constantemente nos
dentes. Quando não é removida diariamente por meio da escovação
e uso do fio dental, a placa bacteriana pode acumular-se e as
bactérias podem infectar não só as gengivas e dentes, mas,
eventualmente, o tecido gengival e o osso que suporta os dentes
(periodontite). Isso pode levar à sua mobilidade e podem cair ou ter
de ser removidos pelo dentista. OACS deve orientar a higiene bucal
correta com uso de creme dental com flúor e fio dental.

Traumatismo dentário é muito frequente entre os adolescentes


(causado, principalmente, por acidentes com bicicletas, futebol,
skate etc.) e, como em qualquer traumatismo da boca, o ACS deve
orientara procurar a equipe de saúde imediatamente para determinar
se é necessário fazer algum procedimento. É importante o agente de
saúde questionar se houve fratura (se quebrou) ou se lascou o dente
e se o pedaço perdido foi encontrado, pois é necessário manter esse
pedaço de dente hidratado (em leite, água, soro fisiológico ou até na
própria saliva) e levá-lo ao dentista de sua equipe. Se um dente
“saltar” completamente da boca (um processo chamado de avulsão
devido a um traumatismo), oriente para levá-lo ao dentista o mais
rápido possível. Poderá ser possível recolocá-lo na boca, um
procedimento chamado de reimplante.

Bruxismo (o ranger dos dentes) é outra alteração bucal cada


vez mais frequente. Se o usuário relata acordar com os músculos dos
maxilares (da face) doridos ou com dores de cabeça, ele poderá
sofrer de bruxismo. Para muitas pessoas, o bruxismo é um hábito
inconsciente. A pessoa pode não perceber o que está fazendo, até
que alguém comente que ela faz um ruído ao ranger os dentes
enquanto dorme. Para outros, é na consulta de rotina ao dentista
onde se descobre que os dentes estão sofrendo desgaste ou que o
esmalte deles se encontra fraturado. O ideal é o ACS orientar o
usuário a procurar o dentista para realizar o tratamento apropriado e
encontrar formas de relaxamento junto com o usuário e a família. O
estresse do dia a dia parece ser a principal causa de bruxismo.
Qualquer coisa que reduza o estresse pode ajudar – ouvir música, ler
um livro, fazer caminhadas ou tomar um banho.

ATENÇÃO: você sabia que a cárie é causada por bactérias e


que o beijo na boca é uma das formas de transmissão?
Para que o beijo seja saudável, é importante que a boca esteja
limpa e sem cárie.
Dicas para os adolescentes terem um sorriso bonito,
saudável e um bom hálito:
• Escovar bem os dentes todos os dias após cada refeição
e principalmente antes de dormir. Não se esquecer de
passar o fio dental e limpar a língua;
• O mau hálito, que é o cheiro desagradável na boca, tem
como principal causa a não limpeza da língua. Limpar
varrendo a sujeira da parte mais interna até a ponta. Use
a escova de dente ou um limpador de língua;
• Os dentes que ficam bem no fundo da boca juntam restos
de comida e bactérias facilmente. Por isso, precisam de
atenção especial na hora de escová-los;
• Quem usa aparelho ortodôntico deve se preocupar ainda
mais com a limpeza dos dentes e da gengiva e com o uso
do flúor, pois o aparelho retém muito restos de alimentos;
• É importante manter uma alimentação saudável, evitando
o consumo exagerado de alimentos doces,
principalmente entre as refeições;
• Visitar regularmente o dentista.

TRANSTORNOS ALIMENTARES
Os transtornos alimentares, que compreendem a bulimia e a
anorexia nervosa, vêm crescendo em incidência nas últimas duas
décadas e se manifestando cada vez mais precocemente. Portanto,
a equipe básica de saúde pode se deparar com alguns casos, em
especial em adolescentes.
Os agentes comunitários de saúde também podem contribuir
no enfrentamento desses transtornos alimentares.
Apesar de também ocorrerem em homens, 95% dos casos de
transtornos alimentares acima referidos acometem as mulheres, a
maioria adolescentes e jovens. A doença pode ter como fator
desencadeante algum evento significativo com uma perda
importante, separações, mudanças, doenças orgânicas, depressão,
ansiedade e distúrbios da imagem corporal. É o ideário de beleza,
focado na magreza extrema, promovido por apelos de mídia ou
referências de modelos.
Os transtornos estão associados com uma distorção da
imagem corporal, na qual a pessoa, apesar de bastante magra, ainda
assim continua se achando gorda.
A anorexia nervosa é caracterizada por uma severa restrição
alimentar que é imposta pela própria pessoa e que pode trazer graves
danos à sua saúde. A doença geralmente começa de forma gradual
e provoca, a princípio, desnutrição e desidratação. Apesar da pessoa
acometida geralmente negar que tem fome, são comuns as queixas
de fadiga (cansaço extremo), fraqueza, tonturas e visão turva.
Na bulimia nervosa, é comum que a pessoa coma uma
quantidade exagerada de alimentos (episódios de comer
compulsivamente ou episódios bulímicos) e depois utilize métodos
compensatórios, tais como a indução de vômito, o uso de laxantes e
diuréticos e a prática de exercícios por tempo prolongado e de forma
a ficar prostrada, exausta, para evitar o ganho de peso. De modo
diferente da anorexia nervosa, na bulimia geralmente não há perda
de peso tão evidente.
Assim profissionais de saúde e familiares muitas vezes têm
dificuldade de detectar o problema. Apesar disso, o distúrbio traz
consequências igualmente sérias à saúde da pessoa acometida.
As complicações, em ambos os casos, são graves, uma vez
que são utilizados métodos drásticos que têm como objetivo perder
peso a qualquer custo. Doenças do coração, infecções de repetição,
anemia grave e até mesmo morte súbita, como frequentemente se
veem na imprensa, são algumas das complicações em fases mais
adiantadas da doença, cujo tratamento deve ser iniciado tão logo seja
possível.
O acompanhamento deve ser feito pela equipe de saúde em
conjunto com uma equipe de referência multiprofissional. Por se
tratar de doenças que envolvam diferentes causas e consequências,
tanto físicas como psicológicas, dificilmente um único profissional de
saúde alcance resultados significativos no tratamento.
Por isso, sempre que o ACS identificar pessoas com risco ou
sintomas da doença, é preciso que ele comunique a UBS de sua
área, para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.
Os transtornos alimentares, embora tenham normalmente seu
início na adolescência, podem permanecer durante a vida adulta.

O ACS deve estar atento às queixas vagas, mudanças de


comportamento, vontade de compartilhar sentimentos, casos em que
se deve dar apoio ao adolescente e orientá-lo para procurar o serviço
de saúde.
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE SAÚDE

Todos os trabalhadores de saúde têm a necessidade de


conhecer seu público, território, suas interelações nesse meio
ambiente, suas características sociais e muito mais. Mas como fazê-
lo? Sem essa resposta, fica difícil planejar ações que sejam efetivas
na mudança de uma dada realidade. Então, o que fazer? Onde
procurar essas respostas?

Podemos definir Indicadores de Saúde como instrumentos


utilizados para medir uma realidade, como parâmetro norteador,
instrumento de gerenciamento, avaliação e planejamento das ações
na saúde, de modo a permitir mudanças nos processos e resultados.
O indicador é importante para nos conduzir ao resultado final das
ações propostas em um planejamento estratégico.

Mas como escolher o melhor indicador? Como ele é


construído? O que é necessário para que esse indicador seja o mais
adequado a uma situação?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu na década de


1950 um comitê que pudesse propor um método capaz de definir e
avaliar o nível de vida de uma população. Porém, chegou-se à
conclusão de que seria impossível construir um único índice. Foi
sugerido então que cada um dos 12 itens propostos deveria ser
avaliado separadamente. Conheça-os:

1. Saúde, incluindo condições demográficas;

2. Alimentos e nutrição;

3. Educação, incluindo alfabetização e ensino técnico;

4. Condições de trabalho;

5. Situação de emprego;

6. Consumo e economia gerais;

7. Transporte;

8. Moradia, incluindo saneamento e instalações domésticas;


9. Vestuário;

10. Recreação;

11. Segurança social;

12. Liberdade humana.

Para o profissional da saúde, é importante conhecer o primeiro


indicador proposto, Saúde e Condições Demográficas, no qual o
Indicador de Saúde deve expressar as condições de saúde de um
indivíduo ou de uma população. Quando falamos de Indicadores em
Saúde no Brasil, é importante saber um pouco a respeito da Rede
Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), criada a partir
da implementação pela Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas) em 1995 da Iniciativa Regional de Dados Básicos em Saúde,
com objetivo de difundir informações a respeito da situação e
tendências na saúde nos países da América Latina. No Brasil, houve
a criação da RIPSA por meio de um grupo de trabalho com
representantes do Ministério da saúde, OPAS e outras instituições de
informação em saúde (IBGE, ABRASCO, IPEA, FMUSP), que teve
sua formalização em Portaria ministerial no ano de 1996.

A RIPSA tem como objetivo estabelecer as bases de dados e


informações produzidos no país; articular participação de instituições
para produção e análise de dados; implementar mecanismos de
apoio à produção de dados e informações; promover intercâmbio
entre subsistemas de informação da administração pública; contribuir
para estudos e compreensão do quadro sanitário brasileiro; fomentar
mecanismos que promovam o uso de informação em processos
decisórios na SUS. (RIPSA, 2012).

Os Indicadores disponíveis para consulta na web pela RIPSA


em seu site no link: http://fichas.ripsa.org.br/2012/ , de forma
agrupada são:

Demográficos - Medem a distribuição de fatores determinantes


da situação de saúde relacionados à dinâmica populacional na área
geográfica referida;

Sócioeconômicos - Medem a distribuição dos fatores


determinantes da situação de saúde relacionados ao perfil
econômico e social da população residente na área geográfica
referida;

Mortalidade - Informam a ocorrência e distribuição das causas


de óbito no perfil da mortalidade da população residente na área
geográfica referida;

Morbidade - Informam a ocorrência e distribuição de doenças e


agravos à saúde na população residente na área geográfica referida;

Fatores de Risco e de Proteção - Medem os fatores de risco


(por ex. tabaco, álcool), e/ou proteção (por ex. alimentação saudável,
atividade física, aleitamento) que predispõe à doenças e agravos ou,
protegem das doenças e agravos;

Recursos - Medem a oferta e a demanda de recursos humanos,


físicos e financeiros para atendimento às necessidades básicas de
saúde da população na área geográfica referida;

Cobertura - Medem o grau de utilização dos meios oferecidos


pelo setor público e pelo setor privado para atender às necessidades
de saúde da população na área geográfica referida. (RIPSA, 2012)

Podemos obter dados em outros locais, dentre este podemos


citar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o
Sistema Estadual de Análise de Dados (SEAD) são instituições que
disponibilizam à população informações relacionadas à situação
demográfica, à situação socioeconômica, à saúde, ao trabalho, entre
outras, sendo, portanto, importante fonte para pesquisas
relacionadas. Atualmente, com os recursos tecnológicos existentes,
não é difícil você encontrar a descrição de um indicador, sua
aplicabilidade, sua fonte de dados, suas limitações. O importante é
escolher o que melhor se aplicar ao seu objetivo.

Os indicadores de saúde são usados como ferramenta para


identificar, monitorar, avaliar ações e subsidiar as decisões do gestor.
Por meio deles é possível identificar áreas de risco e evidenciar
tendências. Além desses aspectos, é importante salientar que o
acompanhamento dos resultados obtidos fortalece a equipe e auxilia
no direcionamento das atividades, evitando assim o desperdício de
tempo e esforços em ações não efetivas.
Considerando a informação como subsídio para o
planejamento de uma equipe de trabalho, precisaremos escolher
quais indicadores serão usados em nosso planejamento, quando
então, a partir desta escolha, vamos refletir a respeito dos
instrumentos de coleta de dados, uma vez que a "alimentação"
correta destes instrumentos é condição necessária para obtenção do
resultado final do processo que reflita as situação real, qualquer
inconsistência neste resultado, comprometerá o valor da informação,
portanto, quanto mais simples e compreensível for o instrumento de
coleta, melhor será essa captação e seu resultado final.

O monitoramento deste processo, desde a captação do dado


até os relatórios finais é imprescindível, pois a confiança do usuário
no indicador está relacionada à segurança de que a informação
obtida reflete uma realidade e não mera percepção não
fundamentada.10

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA

Também conhecido como SIAB, o Sistema de Informação


Atenção Básica é um sistema (software), desenvolvido pelo
DATASUS em 1998, cujo objetivo centra-se em agregar, armazenar
e processar as informações relacionadas à Atenção Básica (AB)
usando como estratégia central a Estratégia de Saúde da Família
(ESF).

É por meio das informações coletadas pelo software do SIAB


que o Ministério da Saúde toma decisões de gestão da Atenção
Básica em nível nacional. Entretanto, o SIAB não deve ser
compreendido e utilizado somente para esse fim. Este sistema é
parte necessária da estratégia de SF, pois contém os dados mínimos
para o diagnóstico de saúde da comunidade, das intervenções
realizadas pela equipe e os resultados sócio-sanitários alcançados.
Dessa forma, todos os profissionais das Equipes de Atenção Básica
(EAB) devem conhecer e utilizar o conjunto de dados estruturados
pelo SIAB a fim de traçar estratégias, definir metas e identificar
intervenções que se fizerem necessárias na atenção da população
das suas respectivas áreas de cobertura, bem como avaliar o
resultado do trabalho desenvolvido pela equipe.

10
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/6/unidades_conteudos/unidade08/p_03.html
As fichas que estruturam o trabalho das EAB e que produzem
os dados que compõem o SIAB são utilizadas para realizar o
Cadastramento, Acompanhamento Domiciliar e para o Registro de
Atividades, Procedimentos e Notificações das pessoas adscritas nos
territórios das EAB. Estas fichas são organizadas conforme lista
abaixo:

* Ficha para cadastramento das famílias (Ficha A);

* Ficha para acompanhamento (Fichas B);

Ficha de gestantes (Ficha B-GES);

Ficha de hipertensos (Ficha B-HA);

Ficha de diabéticos (Ficha B-DIA);

Ficha de pessoas com tuberculose (Ficha B-TB);

Ficha de pessoas com hanseníase (Ficha B-HAN);

* Ficha para acompanhamento da criança – Ficha C (Cartão


da Criança);

* Ficha para registro de atividades, procedimentos e


notificações (Ficha D).

Antes de registrar/digitar as informações no SIAB, as fichas


preenchidas pelos profissionais são consolidadas em três blocos
centrais:

* Cadastramento das famílias (Fichas A);

* Relatório de Situação de Saúde e Acompanhamento das


Famílias (SSA);

* Relatório de Produção e Marcadores para Avaliação


(PMA).

Após registradas as informações o SIAB se torna uma fonte rica


de dados que abarca informações importantes e abrangentes na área
da saúde que além de servir para auxiliar as EAB em seu processo
de trabalho, serve também como fonte para vários tipos de
pesquisas, para os órgãos governamentais, para as comunidades
acadêmicas das áreas de enfermagem, medicina entre outros que
utilizam tais dados a fim de compor pesquisas nas áreas de saúde
coletiva.11

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da


atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema
Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores
estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificação e
consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do
processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os
princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a
resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e
coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-
efetividade.

Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe


multiprofissional (equipe de Saúde da Família – eSF) composta por,
no mínimo: (I) médico generalista, ou especialista em Saúde da
Família, ou médico de Família e Comunidade; (II) enfermeiro
generalista ou especialista em Saúde da Família; (III) auxiliar ou
técnico de enfermagem; e (IV) agentes comunitários de saúde.
Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de
Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde
da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal.

É prevista, ainda, a implantação da Estratégia de Agentes


Comunitários de Saúde nas Unidades Básicas de Saúde como uma
possibilidade para a reorganização inicial da atenção básica com
vistas à implantação gradual da ESF ou como uma forma de agregar
os agentes comunitários a outras maneiras de organização da
atenção básica.

Cada equipe de Saúde da Família (eSF) deve ser responsável


por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de
3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para essa
definição. Recomenda-se que o número de pessoas por equipe
considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território,

11
https://aps.saude.gov.br/ape/siab
sendo que, quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser
a quantidade de pessoas por equipe. 12

VISITA DOMICILIAR
A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo de
trabalho do agente comunitário de saúde. Ao entrar na casa de uma
família, você entra não somente no espaço físico, mas em tudo o que
esse espaço representa.
Nessa casa vive uma família, com seus códigos de
sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua própria história.
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento Certo
e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma
relação de confiança é uma das habilidades mais importantes
do agente de saúde.
Isso lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao
desenvolvimento das ações de promoção, prevenção,
controle, cura e recuperação.
Muitas vezes o agente de saúde pode ser a melhor
companhia de um idoso ou de uma pessoa deprimida sem
extrapolar os limites de suas
atribuições.
O agente de saúde pode orientar como trocar a fralda de um
bebê e pode ser o amigo e conselheiro da pessoa ou da família. Nem
sempre é fácil separar o lado pessoal do profissional e os limites da
relação agente de saúde /família. Isso pode determinar ou
reorganizar seu processo de trabalho e a forma como se vincula à
família.
Recomenda-se que o agente de saúde estabeleça um bom
vínculo com a família, mas saiba dissociar a sua relação pessoal do
seu papel como agente de saúde
Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as
modificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos
tempos, fica cada vez mais difícil classificá-la num modelo único.
Essas particularidades – ou características próprias – fazem com que
determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de
saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto, com
maior ou menor intensidade, as diversas famílias assistidas.
Você, na sua função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir,
passa a exercer também o papel de educador. Assim, é fundamental
que sejam compreendidas as implicações que isso representa.
Para ser bem feita, a visita domiciliar deve ser planejada.
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http://aps.saude.gov.br/ape/esf/#:~:text=A%20Estrat%C3%A9gia%20Sa%C3%BAde%20da%20Fam%C3
%ADlia,por%20favorecer%20uma%20reorienta%C3%A7%C3%A3o%20do
Ao planejar, utiliza-se melhor o tempo e respeita-se também o
tempo das pessoas visitadas.
Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho, é importante que você
tenha um roteiro de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no
acompanhamento das famílias da sua área de trabalho.
Também é recomendável definir o tempo de duração da visita,
devendo ser adaptada à realidade do momento.
A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da
importância da visita. Chamá-las sempre pelo nome demonstra
respeito e interesse por elas. a primeira visita, é indispensável que
você diga seu nome, fale do seu trabalho, o motivo da visita e sempre
pergunte se pode ser recebido naquele momento.
Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe, é
fundamental que tanto o Agente quanto os demais profissionais
aprendam a interagir com a comunidade, sem fazer julgamentos
quanto à cultura, crenças religiosas, situação socioeconômica, etnia,
orientação sexual, deficiência física etc.
Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças
entre as pessoas, adotando uma postura de escuta, tolerância aos
princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus
próprios, além de atitudes imparciais.
Após a realização da visita, você deve verificar se o objetivo
dela foi alcançado e se foram dadas e colhidas as informações
necessárias.
Enfim, você deve avaliar e corrigir possíveis falhas. Esse é um
passo muito importante que possibilitará planejar as próximas visitas.
Da mesma forma, você deve partilhar com o restante da equipe
essa avaliação, expondo as eventuais dúvidas, os anseios, as
dificuldades sentidas e os êxitos.
Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamento
da equipe, pautado na identificação das necessidades de cada
família. Pode ser que seja identificada uma situação de risco e isso
demandará a realização de outras visitas com maior frequência.

Por meio da visita domiciliar, é possível:


• Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça,
ressaltando situações como gravidez, desnutrição, pessoas com
deficiência etc.;
• Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de
trabalho, os hábitos, as crenças e os costumes;
• Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores
da comunidade;
• Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam
ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de
vida;
• Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à
saúde;
• Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento
mais frequente ou especial;
• Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e
quais as atividades disponíveis;
• Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe
de saúde e a população do território de abrangência da unidade de
saúde;
• Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à
saúde, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos
alimentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu
entorno;
• Orientar a população quanto ao uso correto dos
medicamentos e a verificação da validade deles;
• Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém-
nascidos, idosos, acamados e pessoas portadoras de deficiências;
• Registrar adequadamente as atividades realizadas,
assim como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de
informação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Doenças infecciosas são aquelas em que a incidência em


humanos vem aumentando cada vez mais e com dados estatísticos,
apontando seu crescimento significativo nos próximos anos. Essas
doenças infecciosas são transmitidas agentes etiológicas vivos,
conhecidas por parasitas, e que foram adquiridos pelo homem
(hospedeiro) a partir do meio ambiente externo. Os sintomas
apresentados pela manifestação dessas patologias podem iniciar
através de processos infecciosos agudos ou de alta letalidade, ou
crônicos, que são capazes de subsistir durante a maior parte da vida
do portador, que são considerados assintomático.
Pedroso e Rocha (2009) as doenças emergentes são aquelas
que surgem com impacto significativo sobre o ser humano, devido à
sua sisudez em acometer órgãos e sistemas principais e
potencialidade de deixar sequelas limitadoras e mesmo morte, pelas
repercussões sociais relacionadas à sua prevalência, reveladoras de
degradação ambiental, dentre essas doenças, podemos citar a AIDS
- síndrome de imunodeficiência adquirida.
No caso das doenças reemergentes, também identificadas
como resistentes às drogas, são aquelas que reaparecem após um
longo período de declínio, como é o caso de algumas epidemias já
ocorridas no Brasil, como a cólera e dengue. Essas doenças podem
voltar a apresentar novos casos ou até mesmo de epidemias no
futuro.
Para Pignatti (2004), tratando se de doenças infecciosas o
conjunto é muito heterogêneo, sabemos que são constituídas por
agravos que têm em comum apenas o fato de serem ocasionados
por parasitas, agentes etiológicos vivos, adquiridos em algum
momento pelos hospedeiros a partir do meio ambiente externo.
A disseminação desses agentes infecciosos ocorre por meios
de transportes aéreos ou navios ou transporte rodoviário que leva
portadores a várias partes do mundo, levando também em
consideração que as condições encontradas nesses ambientes,
permitem que agentes infecciosos se espalharem rapidamente.
Como o transporte aéreo permite estar cada vez rápido em
qualquer parte do mundo, isso também permite que vetores de um
continente sejam transportados para outro, como também o contato
direto do homem com áreas onde existe a possibilidade de haver
microrganismos até então desconhecido.

CONTROLE SOCIAL

Falar sobre participação da comunidade é falar da lei 8.142/90.


Ela normatiza sobre isso e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, mas
o foco deste assunto é somente o art. 1º desta lei, tranquilo?

A participação da população no SUS é o resultado da


democracia no país, é a oportunidade de pessoas interessadas terem
a sua vez.

São duas instâncias colegiadas: Conferência de Saúde e


Conselho de Saúde.

A Conferencia de Saúde ocorre de 4 em 4 anos...

O Conselho de Saúde é órgão permanente, representado por


diversos seguimentos!

Outros detalhes estão inseridos na própria lei que coloquei


abaixo e que recomendo fortemente a leitura!
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de
governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as
seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde; e

II - o Conselho de Saúde.

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos


com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a
situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder
Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de
Saúde.

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e


deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do
governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários,
atua na formulação de estratégias e no controle da execução da
política de saúde na instância correspondente, inclusive nos
aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada
esfera do governo.

§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e


o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
(Conasems) terão representação no Conselho Nacional de Saúde.

§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e


Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais
segmentos.

§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão


sua organização e normas de funcionamento definidas em regimento
próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.

ATRIBUIÇÕES DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE


As atribuições do ACS são encontradas na lei 11.350/2005,
sendo que normalmente é cobrado em prova o que está escrito na
norma.

Art. 3º O Agente Comunitário de Saúde tem como atribuição o


exercício de atividades de prevenção de doenças e de promoção da
saúde, a partir dos referenciais da Educação Popular em Saúde,
mediante ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou
coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS
que normatizam a saúde preventiva e a atenção básica em saúde,
com objetivo de ampliar o acesso da comunidade assistida às ações
e aos serviços de informação, de saúde, de promoção social e de
proteção da cidadania, sob supervisão do gestor municipal, distrital,
estadual ou federal. (Redação dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

§ 1º Para fins desta Lei, entende-se por Educação Popular em


Saúde as práticas político-pedagógicas que decorrem das ações
voltadas para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde,
estimulando o autocuidado, a prevenção de doenças e a
promoção da saúde individual e coletiva a partir do diálogo sobre
a diversidade de saberes culturais, sociais e científicos e a
valorização dos saberes populares, com vistas à ampliação da
participação popular no SUS e ao fortalecimento do vínculo entre os
trabalhadores da saúde e os usuários do SUS. (Incluído pela Lei nº
13.595, de 2018)

§ 2º No modelo de atenção em saúde fundamentado na assistência


multiprofissional em saúde da família, é considerada atividade
precípua do Agente Comunitário de Saúde, em sua área geográfica
de atuação, a realização de visitas domiciliares rotineiras, casa a
casa, para a busca de pessoas com sinais ou sintomas de doenças
agudas ou crônicas, de agravos ou de eventos de importância para
a saúde pública e consequente encaminhamento para a unidade de
saúde de referência. (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

§ 3º No modelo de atenção em saúde fundamentado na assistência


multiprofissional em saúde da família, são consideradas
atividades típicas do Agente Comunitário de Saúde, em sua área
geográfica de atuação: (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

I - a utilização de instrumentos para diagnóstico demográfico e


sociocultural; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

II - o detalhamento das visitas domiciliares, com coleta e registro


de dados relativos a suas atribuições, para fim exclusivo de controle
e planejamento das ações de saúde; (Incluído dada pela Lei nº
13.595, de 2018)

III - a mobilização da comunidade e o estímulo à participação nas


políticas públicas voltadas para as áreas de saúde e
socioeducacional; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

IV - a realização de visitas domiciliares regulares e periódicas para


acolhimento e acompanhamento: (Incluído dada pela Lei nº 13.595,
de 2018)

a) da gestante, no pré-natal, no parto e no puerpério; (Incluído dada


pela Lei nº 13.595, de 2018)

b) da lactante, nos seis meses seguintes ao parto; (Incluído dada pela


Lei nº 13.595, de 2018)

c) da criança, verificando seu estado vacinal e a evolução de seu


peso e de sua altura; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

d) do adolescente, identificando suas necessidades e motivando sua


participação em ações de educação em saúde, em conformidade
com o previsto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente); (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de
2018)

e) da pessoa idosa, desenvolvendo ações de promoção de saúde e


de prevenção de quedas e acidentes domésticos e motivando sua
participação em atividades físicas e coletivas; (Incluído dada pela Lei
nº 13.595, de 2018)

f) da pessoa em sofrimento psíquico; (Incluído dada pela Lei nº


13.595, de 2018)
g) da pessoa com dependência química de álcool, de tabaco ou de
outras drogas; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
h) da pessoa com sinais ou sintomas de alteração na cavidade bucal;
(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
i) dos grupos homossexuais e transexuais, desenvolvendo ações de
educação para promover a saúde e prevenir doenças; (Incluído dada
pela Lei nº 13.595, de 2018)
j) da mulher e do homem, desenvolvendo ações de educação para
promover a saúde e prevenir doenças; (Incluído dada pela Lei nº
13.595, de 2018)
V - realização de visitas domiciliares regulares e periódicas para
identificação e acompanhamento: (Incluído dada pela Lei nº 13.595,
de 2018)
a) de situações de risco à família; (Incluído dada pela Lei nº 13.595,
de 2018)
b) de grupos de risco com maior vulnerabilidade social, por meio de
ações de promoção da saúde, de prevenção de doenças e de
educação em saúde; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
c) do estado vacinal da gestante, da pessoa idosa e da população de
risco, conforme sua vulnerabilidade e em consonância com o previsto
no calendário nacional de vacinação; (Incluído dada pela Lei nº
13.595, de 2018)
VI - o acompanhamento de condicionalidades de programas
sociais, em parceria com os Centros de Referência de Assistência
Social (Cras). (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
§ 4º No modelo de atenção em saúde fundamentado na assistência
multiprofissional em saúde da família, desde que o Agente
Comunitário de Saúde tenha concluído curso técnico e tenha
disponíveis os equipamentos adequados, são atividades do
Agente, em sua área geográfica de atuação, assistidas por
profissional de saúde de nível superior, membro da equipe:
(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
I - a aferição da pressão arterial, durante a visita domiciliar, em
caráter excepcional, encaminhando o paciente para a unidade de
saúde de referência; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
II - a medição de glicemia capilar, durante a visita domiciliar, em
caráter excepcional, encaminhando o paciente para a unidade de
saúde de referência; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
III - a aferição de temperatura axilar, durante a visita domiciliar, em
caráter excepcional, com o devido encaminhamento do paciente,
quando necessário, para a unidade de saúde de referência; (Incluído
dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
IV - a orientação e o apoio, em domicílio, para a correta
administração de medicação de paciente em situação de
vulnerabilidade; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
V - a verificação antropométrica. (Incluído dada pela Lei nº 13.595,
de 2018)
§ 5º No modelo de atenção em saúde fundamentado na assistência
multiprofissional em saúde da família, são consideradas atividades
do Agente Comunitário de Saúde compartilhadas com os demais
membros da equipe, em sua área geográfica de atuação: (Incluído
dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
I - a participação no planejamento e no mapeamento institucional,
social e demográfico; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
II - a consolidação e a análise de dados obtidos nas visitas
domiciliares; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
III - a realização de ações que possibilitem o conhecimento, pela
comunidade, de informações obtidas em levantamentos
socioepidemiológicos realizados pela equipe de saúde; (Incluído
dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
IV - a participação na elaboração, na implementação, na avaliação e
na reprogramação permanente dos planos de ação para o
enfrentamento de determinantes do processo saúde-doença;
(Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
V - a orientação de indivíduos e de grupos sociais quanto a fluxos,
rotinas e ações desenvolvidos no âmbito da atenção básica em
saúde; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
VI - o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação de ações em
saúde; (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)
VII - o estímulo à participação da população no
planejamento, no acompanhamento e na avaliação de ações locais
em saúde. (Incluído dada pela Lei nº 13.595, de 2018)

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