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OBJETIVO GERAL

TEMA
Assunto: Redes sociais, comunidades e pertencimento.
Tema: A importância das comunidades digitais no contexto de mobilização social das minorias
femininas.

OBJETIVO GERAL
● Observar as mudanças do marketing digital e a tendência das comunidades virtuais e
como isso pode impactar em causas sociais principalmente femininas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Entender como as comunidades virtuais engajadas impactam as minorias e suas


comunidades, especialmente a comunidade feminina. Abrindo espaço para comunicação
e a aproximação do relacionamento entre mulheres.
● Analisar a evolução das redes sociais e como há a necessidade de uma constante mudança
de paradigma e conversa entre públicos, e como a criação de comunidades facilita esse
processo atualmente.
● Entender os pilares de importância para os usuários das comunidades digitais e como a
comunicação desses pilares pode causar uma interação significativa e resultar uma
comunicação eficiente dentro das minorias femininas.

PROBLEMA DE PESQUISA
As redes sociais aumentaram a interação das mulheres em redes de apoio e com isso aumentaram
seu empreendedorismo?

2. REFERENCIAL TEORICO

2.1 CIBERCULTURA
O surgimento e desenvolvimento da cibercultura se dá com a popularização da internet
nos anos 70 que, anteriormente, apenas era utilizada para finalidades militares, acadêmicas e
científicas. De acordo com Lemos (2003),
O desenvolvimento da cibercultura se dá com o surgimento da microinformática nos anos
70, com a convergência tecnológica e o estabelecimento do personal computer (PC). Nos
anos 80-90, assistimos a popularização da internet e a transformação do PC em um
“computador coletivo”, conectado ao ciberespaço, a substituição do PC pelo CC.1
O aparecimento da internet-networking e sua distribuição de uma forma acessível se deu
pelo estabelecimento do personal-computer (PC) conectado a um ciberespaço. Desde então o
computador passou a ser uma máquina de conexão promovendo novas formas de comunicação e
meios entre os usuários, assim modificando e abrindo porta para novas formas de interação entre
os humanos.
De acordo com Lévy (1999) no seu capítulo sobre emergência do Ciberespaço:
(...) A virada fundamental data, talvez, dos anos 70. O desenvolvimento e a
comercialização do microprocessador (unidade de cálculo aritmético e lógico localizada
em um pequeno chip eletrônico) dispararam diversos processos econômicos e sociais de
grande amplitude. Eles abriram uma nova fase na automação da produção industrial:
robótica, linhas de produção flexíveis, máquinas industriais com controles digitais etc.
Presenciaram também o princípio da automação de alguns setores do terciário (bancos,
seguradoras). Desde então, a busca sistemática de ganhos de produtividade por meio de
várias formas de uso de aparelhos eletrônicos, computadores e redes de comunicação de
dados aos poucos foi tomando conta do conjunto das atividades econômicas. Essa
tendência continua em nossos dias. (p.31)
Cultura é um conceito com várias acepções. Do ponto de vista das ciências sociais,
pode-se dizer que cultura é um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais
praticadas por um certo grupo de indivíduos.2 Segundo o antropólogo paulista José Luiz dos
Santos (1983),
Assim, a cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um
dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. (...) Por enquanto quero salientar que é
sempre fundamental entender os sentidos que uma realidade cultural faz para aqueles que
a vivem. De fato, a preocupação em entender isso é uma importante conquista
contemporânea. (p.8)

1
Disponível em: https://profwagner.wordpress.com/2013/09/05/o-que-e-cibercultura/. Acesso em: 16/02/2021.
2
Disponível em: https://www.stoodi.com.br/blog/filosofia/o-que-e-cultura/. Acesso em: 14/01/2021.
O matemático estadunidense Norbert Wiener (1948) define, no título de seu livro, a
cibernética como "o estudo científico do controle e da comunicação no animal e na máquina". A
cibernética seria então a ciência que estuda os mecanismos de comunicação e de transformação
da informação de humanos, animais e máquinas, podendo considerar a junção desses termos
como um significado simplificado de cibercultura.
A palavra cibercultura é um neologismo da língua inglesa proveniente do prefixo ciber-
(cyber-), que significa “relacionado à internet ou ao ciberespaço, ou para computadores de uma
forma mais geral”, com a palavra cultura, do latim cultus, que significa “cultivo”. Assim,
segundo o dicionário Michaelis, a cibercultura é um “conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atividades, de modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”.3
Para Lévy (1999), a cibercultura se define como: "o conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem
juntamente com o crescimento do ciberespaço". (p. 14)
Pela definição de André Lemos (2008, p. 11), podemos compreender a cibercultura como
“a forma sociocultural que emerge da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas
tecnologias de base microeletrônica que surgiram com convergência das telecomunicações com a
informática na década de 70.” Ainda para o autor, a cibercultura é a “cultura contemporânea
marcada pelas tecnologias digitais”, como consequência direta da evolução da cultura. Assim, a
cibercultura nasce no desdobramento da relação da tecnologia com a modernidade que se
caracterizou pela dominação através do projeto racionalista-iluminista, da natureza e do outro”
(ibid). Portanto, o termo passará a produzir novos significados com o advento do espaço digital
(ciberespaço) e seus desdobramentos recorrentes.
O ciberespaço tem por definição um espaço virtual para a comunicação que surge da
interconexão das redes e dispositivos digitais, não apenas no que se refere à estrutura material,
mas também às informações que abriga. Lévy o define por: “o espaço de comunicação aberto
pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores” (op. cit., p.
92). Tratando-se de um novo meio de comunicação estruturado.

3
Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?id=8kP2,
https://www.merriam-webster.com/dictionary/cyberculture e https://en.wiktionary.org/wiki/cyberculture/ . Acesso
em: 15/02/2021.
Dessa junção, temos como característica a promoção de comunicação mais flexível que
se reflete na capacidade de atualmente existir uma dinâmica ágil de publicação, divulgação e
recebimento de qualquer conteúdo, além da formação de cibercidades: uma reconfiguração das
cidades off-line para um novo modelo que faz referência às cidades a partir do avanço
tecnológico que mesclam os espaços físicos e os virtuais através de celulares, tablets, wireless
etc. Resultando assim em espaços que ultrapassam os limites geográficos físicos e que
promovem trocas de informações livres.

2.1.1 COMUNIDADES DIGITAIS


O termo comunidade é geral, sendo usado em diversas áreas das ciências humanas e
sociais. Porém, há uma certa confusão entre o conceito de comunidade e sociedade. Raquel
Recuero, em seu artigo intitulado “Comunidades Virtuais - uma abordagem teórica”, ressalta a
discussão sociológica entre os conceitos de sociedade e comunidade, especialmente nas teorias
de Durkheim e Weber. Assim, Recuero explicita:
Segundo Durkheim, a sociedade não teria um caráter menos natural do que a
comunidade, pois existiriam pequenas semelhanças de atitude nas pequenas aldeias e
grandes cidades. [...] Em Weber, comunidade e sociedade não são mais necessariamente
alternativas de integração do indivíduo nas estruturas sociais, nem tampouco conceitos
que se excluem mutuamente, ou ainda, que se opõem frontalmente. Para Weber, como
para Durkheim, a maior parte das relações sociais tem em parte o caráter de comunidade,
em parte o caráter de sociedade. (2001, p. 2 - 3)
Entretanto, a partir do século XXI novas comunidades surgiram, com novos ambientes e
possibilidades. Desses novos ambientes, novas formas de se relacionar, de conhecer, falar e ouvir
foram introduzidas, adicionando conceitos aos antigos. Nas comunidades virtuais, as relações
sociais têm em parte o caráter de comunidade, em parte o caráter de sociedade e em parte o
caráter de cibercultura.
Dessa forma, segundo o sociólogo espanhol Manuel Castells, há uma necessidade e
redefinição do conceito de comunidade:
Talvez o passo analitico necessário para se compreender as novas formas de interação
social na era da internet seja tomar por base uma redefinição de comunidade, dando
menos ênfase a seu componente culturas, dado mais ênfase a seu papel de apoio a
indivíduos e família, e desvinculando sua existência social de um tipo único de suporte
material. (Castells 2003, p.106)
Ele cita como uma definição operacional útil a esse respeito uma proposta pelo sociólogo
canadense-americano Barry Wellman: "Comunidades são redes de laços interpessoais que
proporcionam sociabilidade, apoio, informação, um senso de integração e identidade social”
(apud Castells, op. cit.)
As comunidades digitais ou virtuais podem ser determinadas por um conjunto de
interações sociais entre usuários com interesses em comum em um ciberespaço, logo, integrantes
da cibercultura. Sendo assim:
(...) destacamos, como elementos formadores da comunidade virtual as discussões
públicas, as pessoas que se encontram e se reencontram, ou que ainda, mantêm contato
através da Internet (para levar adiante a discussão), o tempo e o sentimento. Esses
elementos, combinados através do ciberespaço, poderiam ser formadores de redes de
relações sociais, constituindo-se em comunidades. (RECUERO, 2001, p. 6. Grifo nosso.)

Para Lévy, as comunidades virtuais se apóiam na interconexão dos computadores, na


rede, e “são construídas por afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos,
em processo de colaboração ou de troca, tudo isso independente das afinidades geográficas e das
filiações institucionais” (1999, p. 127). Segundo a cientista da computação Jenny Preece (2000),
as interações humanas, ligadas ao espaço cibernético, cibercultural, permitem o surgimento das
comunidades virtuais do século XXI. Preece caracteriza as comunidades virtuais da seguinte
forma:
Pessoas: as quais interagem socialmente se esforçando para satisfazerem suas
necessidades ou cumprirem papéis como líderes ou moderadores;
Um propósito compartilhado: um interesse, uma necessidade, intercâmbio de informação
ou um serviço;
Políticas: condições, rituais, protocolos, regras ou leis que guiam a interação entre as
pessoas;
Sistema computacional: para suportar e mediar a interação social e facilitar o senso de
companheirismo. (PREECE apud CABRAL, 2002, p. 30)

Logo, a comunidade virtual é um elemento presente no espaço digital e existe enquanto


os indivíduos presentes nela se identificam com a causa e fomentam discussões e formas de
trocar experiências e conteúdos diversos a partir do tema existente em cada uma. Seu estudo é de
importância para compreender as novas tecnologias de comunicação e a modificação na maneira
de sociabilização entre as pessoas.
3.1 CIBERFEMINISMO
A tecnologia virtual vem promovendo a emergência de novas práticas sociais, novas
formas de se colocar perante a sociedade, novas formas de comunicação, conexão e troca de
experiências. Dado o conceito de cibercultura e comunidades virtuais ou digitais, que são
comunidades que se juntam por uma causa ou razão em comum dentro do ciberespaço, podemos
assumir uma reflexão do espaço social offline e seus movimentos com o que está presente nos
ativismos do espaço digital.
Conhecido como ciberativismo, é definido pelo professor André Lemos como
as práticas sociais associativas de utilização da Internet por movimentos politicamente
motivados, com o intuito de alcançar suas novas e tradicionais metas. É a busca pela
informação, mobilização e ação social, que tem como suporte essencial as novas
tecnologias do ciberespaço. Isso, sem que as ações precisem passar por mediações,
tornando-se, assim, independentes e livres. No ciberativismo, o espaço eletrônico é
utilizado de forma complementar ao espaço de lugar, complexificando-o. Assim, essa
forma de atuação caracteriza-se por redes de cidadãos que criam arenas, até então
monopolizadas pelo Estado e por corporações, para expressar suas idéias e valores, para
agir sobre o espaço concreto das cidades ou para desestabilizar instituições virtuais
através de ataques pelo ciberespaço (hacktivismo) (LEMOS, 2004, p. 135).

Entendendo a internet como um fator que modifica e otimiza a comunicação atualmente,


sendo muito mais assertiva e direta nas suas comunicações, podemos considerar que esse espaço
é um ambiente mobilizador de diversos tópicos multilaterais que potencializam o diálogo
feminista e outras práticas ativistas, desenvolvendo conhecimentos críticos para a formação
política, econômica e social das mulheres contra a opressão além de fortificar e unir o
movimento.
Donna Haraway, uma das primeiras representantes do ciberfeminismo, escreveu em seus
livros reflexões acerca da importância das mulheres ganharem esse canal novo de entendimento
e libertação acerca do patriarcado. Assim, utilizando a força da informação em alta velocidade
para promover a autonomia feminina. Ela descreve:
As preocupações feministas estão dentro da tecnologia, não são um simples verniz
retórico. Estamos falando de coabitação: entre diferentes ciências e diferentes formas de
cultura, entre organismos e máquinas. Penso que as questões que realmente importam
(quem vive, quem morre e a que preço) – essas questões políticas – estão corporificadas
na tecnocultura. Elas não podem ser resolvidas de nenhuma outra maneira. (HARAWAY
apud KUNZRU, 2009)
Logo, o ciberfeminismo pode ser considerado uma aplicação de ideologias do feminismo
no ciberespaco e descreve a comunicação das filosofias da comunidade feminista atual, ou seja,
um grupo de mulheres dispostas a debater e provocar a relação entre os seres dentro de uma
cultura digital.

4.1 REDES SOCIAIS


As redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da internet por indivíduos ou
organizações que se conectam a parte de valores comuns, se caracterizando pela sua grande
abertura no fluxo das informações e sua estrutura horizontal e descentralizada, logo, podendo se
construir e desconstruir com facilidade.
Para a pesquisadora Raquel Recuero (2009), rede social é definida como um conjunto de
dois elementos: atores (pessoas, instituições, ou grupos, os nós das redes) e suas conexões
(interações ou laços sociais) (p. 29). E, segundo Regina Maria Marteleto, representam “[...] um
conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses
compartilhados” (MARTELETO, 2001, p.72).
Para Castells, a rede virtual conecta toda uma sociedade em rede, que conecta outras
redes, fundindo-se em uma figura de máquina, ser humano e informação. Castells ainda prevê
que essa figura pode ser o fato gerador de um caos social, na medida em que “a informação
representa o principal ingrediente de nossa organização social, e os fluxos de mensagens e
imagens entre as redes constituem o encadeamento básico de nossa estrutura social”
(CASTELLS, 1999, p. 573)
As redes sociais online ou mídias sociais podem operar em diversos níveis, como
relacionamento, comunitário, militar etc. Apresenta-se como uma ferramenta de comunicação
que permite a formação de redes sociais e, assim como offline, existe um incentivo a
comunicação descentralizada porém o ambiente online apresenta uma alta velocidade de
propagação e resposta quando comparados.
A potencialização da velocidade de propagação de informações e assertividade quanto ao
público interessado existente nas redes sociais virtuais fomenta as formas de discussões presentes
nas mesmas, o transporte de mensagens possibilita essa exposição no que se refere ao
aprendizado e informação, assim transformando essas redes em um grande palco para evidenciar
trocas de ideias da comunidade e de movimentos sociais, sendo um exemplo o ciberfeminismo.

5.1. MOBILIZAÇÃO SOCIAL


Pode-se entender como mobilização social um grupo de pessoas, uma comunidade ou
sociedade que decide agir com um objetivo em comum, convocando vontades para atuar na
busca de um propósito em comum. Quando falamos de interpretações e sentidos podemos
reconhecer a mobilização social como um ato de comunicação. Dessa forma, a pesquisadora
Maíra Bittencourt (2015) entende que: " está relacionada às discussões, possíveis mudanças de
posicionamentos e às ações, que ocorrem através da recepção de uma informação (...) Quando
falamos em emissão de ideias, recepção, interpretação e produção de sentido, estamos nos
referindo a uma comunicação eficaz. A mobilização pode ser descrita como um ato de
comunicação eficiente.” (BITTENCOURT, p.1 - 2 ).
Diferente de uma espécie de propaganda ou divulgação, a mobilização se comunica
através de ações como compartilhamento de discurso, visões e informações. Quando a
mobilização social atravessa os canais de comunicação, se dá o nome de “comunicação popular,
alternativa e comunitária” (PERUZZO, 2008 p. 370). Esse processo é entendido como
“expressão das lutas populares por melhores condições de vida, a partir dos movimentos
populares, e representam um espaço para participação democrática do povo". (Ibidem).
Para alcançar um objetivo, um propósito em comum, entende-se que já há uma convicção
coletiva num sentido público, ou seja, para que seja útil à sociedade a longo prazo, orientado
para uma construção de um projeto de futuro. Ao contrário, se esse propósito é passageiro
torna-se um evento. Logo, a mobilização requer uma dedicação contínua para se realizar. Esse
caráter público causa uma aproximação do termo manifestações públicas, porém segundo Toro
(1996) no artigo “Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação” o
que diferencia esses termos são que o segundo se caracteriza pela presença de pessoas em praças
e passeatas.

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