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Zoneamento Agroecológico,
Produção e Manejo
para a Cultura da Palma
de Óleo na Amazônia
Editores Técnicos
Embrapa Solos
Rio de Janeiro – RJ
2010
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Solos
Rua Jardim Botânico, 1024
CEP 22460-000 Rio de Janeiro - RJ
Tel: (21) 2179-4500 Fax: (21) 2274-5291
www.cnps.embrapa.br
sac@cnps.embrapa.br
1ª edição
1ª impressão (2010): tiragem 500 exemplares
© Embrapa 2010
Autores
Alessandra de Jesus Boari
Engenheira Agrônoma, Doutora em Fitopatologia;
Pesquisadora – Embrapa Amazônia Oriental.
ajboari@cpatu.embrapa.br
Edson Barcelos
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ecologia, Doutor em Biologia, Diversidade e Adaptação
de Plantas Cultivadas, Especialista na cultura de palma de óleo; Pesquisador – Embrapa
Amazônia Ocidental.
edson.barcelos@idam.am.gov.br
Omar Cubas
Engenheiro Agrônomo; Bolsista – Embrapa Amazônia Ocidental.
o_cubas@hotmail.com
Ricardo Lopes
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas;
Pesquisador – Embrapa Amazônia Ocidental.
ricardo.lopes@cpaa.embrapa.br
Capítulos
Contexto e objetivos do Zoneamento Agroecológico para a cultura da palma de
1 óleo nas áreas desmatadas da Amazônia Legal
Antonio Ramalho Filho, Paulo Emílio Ferreira da Motta
00
Procedimento metodológico da Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras para a
2 cultura da palma de óleo nas áreas desmatadas da Amazônia Legal
Antonio Ramalho Filho, Paulo Emílio Ferreira da Motta, Uebi Jorge Naime e Jesus
Fernando Mansilla Baca
00
Procedimento metodológico da Avaliação da Aptidão Climática para a cultura da
3 palma de óleo nas áreas desmatadas da Amazônia Legal
Alexandre Ortega Gonçalves, Therezinha Xavier Bastos, Alexandre Hugo Barros,
Antonio Ramalho Filho e Paulo Emílio Ferreira da Motta
00
Organização da informação, metodologia da integração temática, procedimentos
4 informatizados e cartografia para elaboração do Zoneamento Agroecológico para a
cultura da palma de óleo nas áreas desmatadas da Amazônia Legal
Margareth Simões Penello Meirelles, Alexandre Ortega Gonçalves, Mario Luiz Diamante
Aglio , Jesus Fernando Mansilla Baca, Marie Elisabeth Christine Claessen, Wenceslau
Geraldes Teixeira, Paulo Emílio Ferreira da Motta e Antonio Ramalho Filho
00
Zoneamento Agroecológico para a cultura da palma de óleo nas áreas desmatadas
5 da Amazônia Legal
Antonio Ramalho Filho, Paulo Emílio Ferreira da Motta, Uebi Jorge Naime,
Alexandre Ortega Gonçalves e Wenceslau Geraldes Teixeira
00
Salvaguardas do Zoneamento Agroecológico para a Palma de Óleo na Amazônia
6 Legal e Priorização de Áreas
Ana Paula Dias Turetta e Antonio Ramalho Filho
00
Sumário
PARTE II
Produção e Manejo Sustentáveis para a Cultura da Palma de
Óleo na Amazônia
Capítulos
Planejamento conservacionista e procedimentos para a instalação de palmares na
1 Amazônia
Pedro Luiz de Freitas, Antonio Ramalho Filho, Paulo Emílio Ferreira da Motta e
Wenceslau Geraldes Teixeira
00
Aspectos gerais sobre a fenologia da cultura da palma de óleo
2 Antonio Agostinho Müller, Emeleocípio Botelho de Andrade
00
Material genético utilizado para a produção sustentável da cultura da palma de óleo
3 na Amazônia
Raimundo Nonato Vieira da Cunha, Ricardo Lopes, Rui Alberto Gomes Júnior,
Maria do Rosário Lobato Rodrigues, Paulo César Teixeira, Raimundo Nonato
Carvalho da Rocha e Wanderlei Antônio Alves de Lima
00
00
Manejo de pragas e doenças para a cultura de palma de óleo na Amazônia
9 Walkymário de Paulo Lemos e Alessandra de Jesus Boari
00
O desafio das pesquisas com a etiologia do Amarelecimento Fatal (AF) para a
10 cultura da palma de óleo
Alessandra de Jesus Boari
00
A Culura da Palma de Óleo como âncora do desenvolvimento da Agricultura
11 Familiar na Amazônia Ocidental
Edson Barcelos e Mauricio Veloso Soares
00
Combinação de cultivos florestais com a cultura da palma de óleo no Estado do
12 Acre
João Batista Martiniano Pereira, Rodrigo da Silva Guedes, Edson Alves de
Araújo, João Paulo Mastrângelo, Eufran Ferreira do Amaral, Tadário Kamel de
Oliveira e Nilson Gomes Bardales
00
Sumário
Zoneamento Agroecológico
para a Cultura da Palma de
Óleo (dendezeiro) nas Áreas
Desmatadas da Amazônia Legal
Editores Técnicos
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 19
O “Zoneamento Agroecológico para a gal, informadas pelo Instituto Nacional de
Cultura da Palma de Óleo nas Áreas Des- Pesquisas Espaciais – Projeto de Monitora-
matadas da Amazônia Legal – ZAE-Palma mento do desflorestamento da Amazônia
de Óleo” foi elaborado sob encomenda do Legal (INPE/PRODES) (INPE, 2007). O ZAE-
Governo Federal, com apoio financeiro da Palma de Óleo tem como objetivo geral
Financiadora de Estudos e Projetos – MCT/ avaliar e espacializar o potencial das terras
FINEP. A Amazônia Legal, estabelecida no para a palma de óleo como base para o
Artigo 2º da lei nº 5.173, de outubro de uso sustentável das terras em harmonia
1966, abrange os estados do Acre, Amapá, com a biodiversidade. E, como objetivos
Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, específicos:
Roraima, Tocantins, parte do Maranhão
• oferecer subsídios para a reestruturação
e cinco municípios de Goiás, compreen-
da matriz energética brasileira através da
dendo cerca de 59% do território brasileiro
produção de biocombustível;
(IBGE, 2009).
• apresentar alternativas econômicas
Sua elaboração, liderada pela Embra-
sustentáveis aos produtores rurais da re-
pa Solos, contou com a cooperação das
gião, operando em agricultura empre-
Unidades da Embrapa na Região Norte,
sarial ou familiar;
bem como de outras instituições públicas
e privadas que atuam na região, entre as • propor uma base para o planejamento
quais: Sistema de Proteção da Amazônia do uso sustentável das terras em conso-
(SIPAM-CR/Manaus); Ministério do Meio nância com a legislação vigente;
Ambiente, através do IBAMA, da FUNAI e
• propiciar o ordenamento territorial nas
das Secretarias do Desenvolvimento Sus-
áreas desmatadas consolidadas e a
tentável e de Biodiversidade; Comissão
consolidar da Região Amazônica em
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
conformidade com o Zoneamento Eco-
(CEPLAC/CEPEC); Empresa de Assistência
lógico-Econômico (ZEE) dos estados da
Técnica e Extensão Rural do Estado de
região;
Rondônia (EMATER-RO); Fundação de
Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do • fornecer bases para o planejamento de
Estado de Roraima (FEMACT-RR); Instituto polos de desenvolvimento no espaço
de Desenvolvimento Agropecuário e Flo- rural em alinhamento com as políticas
restal Sustentável do Estado do Amazonas governamentais sobre segurança ali-
(IDAM); Secretaria de Planejamento do Es- mentar e energia.
tado de Mato Grosso (SEPLAN-MT); Dioce- O ZAE-Palma de Óleo foi realizado para
se de Tabatinga-AM; Universidade Federal dois níveis tecnológicos (níveis de manejo),
do Estado do Pará (UFPA); e as empresas sendo um com alto e outro com modesto
Agropalma, Marborges, Yossan e Biofuels. aporte de capital de tecnologia.
Este trabalho possibilitou conhecer e es-
pacializar o potencial agroecológico das Como forma de validação, os resulta-
terras para a cultura de palma de óleo dos preliminares foram discutidos em reu-
visando à produção de óleo para alimen- niões com representantes do poder públi-
tação humana e para biocombustível de co, técnicos, extensionistas e produtores
forma sustentável e com impacto reduzi- dos estados da região, além de terem sido
do sobre a biodiversidade da região. Para divulgados em eventos científicos e em
isso, o zoneamento teve como foco princi- diversos seminários sobre solos, oleagi-
pal as áreas desmatadas da Amazônia Le- nosas e agroenergia (MOTTA et al., 2009a,
Biomas Brasileiros
Amazônia = 4.196.493 Km2
Cerrado = 2.036.448 Km2
Caatinga = 644.453 Km2
Mata Atlântica = 1.110.182 Km2
Pantanal = 150.355 Km2
Pampa = 176.496 Km2
Amazônia Legal
Área Desmatada
Figura 1 – Mapa dos biomas brasileiros mostrando a abrangência do ZAE-Palma de Óleo (Amazônia Legal),
com destaque para as áreas desmatadas (Fontes: INPE, 2007; IBGE, 2009, 2010)
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 21
RAMALHO FILHO, A.; MOTTA, P. E. F.; NAI-
ME, U. J.; GONÇALVES, A. O.; BARROS, A. H.
Referências Zoneamento agroecológico do dendezeiro
para as áreas desmatadas do Estado do Acre.
Bibliográficas In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO
SOLO, 32., Fortaleza, 2009. Anais... Fortale-
IBGE. Mapa de Biomas. Disponível em: za: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
http://mapas.ibge.gov.br/biomas2/viewer. 2009a. CD-ROM.
htm. Acesso em: 10 out. 2010.
RAMALHO FILHO, A.; MOTTA, P. E. F.; NAIME,
IBGE. Mapa da Amazônia Legal. Disponível U. J.; BASTOS, T. X.; GONÇALVES, A. O.; CLA-
em: <http://www.ibge.gov.br/home/geo- ESSEN, M. E. C.; TEIXEIRA, W. G. Zoneamento
ciencias>. Acesso em: 08 mar. 2009 agroecológico do dendezeiro para as áreas
desmatadas do Estado do Pará. In: CON-
INPE. Programa de mapeamento do desma- GRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO,
tamento. Disponível em: <http://www.dpi. 32., Fortaleza, 2009. Anais... Fortaleza: So-
inpe.br/prodesdigital/prodes.php>. Acesso ciedade Brasileira de Ciência do Solo, 2009b.
em 09 mai. 2007. CD-ROM.
MOTTA, P. E. F.; RAMALHO FILHO, A. ; GON- RAMALHO FILHO, A.; MARTINS, G. C.; MOT-
ÇALVES, A. O.; NAIME, U. J.; BACA, J. M.; CLA- TA, P. E. F.; TEIXEIRA, W. G.; NAIME, U. J.;
ESSEN, M. E. C. Zoneamento agroecológico GONÇALVES, A. O.; BARROS, A. H.; BACA, J.
do dendezeiro para as áreas desmatadas do M. Zoneamento agroecológico do dende-
Estado do Mato Grosso. In: CONGRESSO BRA- zeiro para as áreas desmatadas do Estado
SILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 32., Fortaleza, do Amazonas. In: CONGRESSO BRASILEIRO
2009. Anais... Fortaleza: Sociedade Brasileira DE CIÊNCIA DO SOLO, 32., Fortaleza, 2009.
de Ciência do Solo, 2009a. CD-ROM. Anais... Fortaleza: Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo, 2009c. CD-ROM.
MOTTA, P. E. F.; NAIME, U. J.; RAMALHO FI-
LHO, A.; GONÇALVES, A. O.; BACA, J. M. RAMALHO FILHO, A.; MOTTA, P. E. F.; NAIME,
Zoneamento agroecológico do dendezeiro U. J.; GONÇALVES, A. O.; BACA, J. M.; BAR-
para as áreas desmatadas do Estado do Ron- ROS, A. H.; TEIXEIRA, W. G.; BASTOS, T. X.
dônia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊN- Zoneamento agroecológico do dendê (Pal-
CIA DO SOLO, 32., Fortaleza, 2009. Anais... ma africana) na região amazônica brasileira
Fortaleza: Sociedade Brasileira de Ciência do – procedimentos metodológicos e resulta-
Solo, 2009b. CD-ROM. dos. In: CONGRESO LATINOAMERICANO DE
LA CIENCIA DEL SUELO, 18., San Jose, Cos-
RAMALHO FILHO, A.; BACA, J. F .M.; MOT- ta Rica, 2009. Anais... San Jose, Costa Rica:
TA, P. E. F. ; NAIME, U. J.; CLAESSEN, M. E. C. Sociedad Latinoamericana de la Ciencia del
Zoneamento agroecológico do dendê nas Suelo, 2009d. CD-ROM.
áreas desmatadas da Amazônia Legal. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEA-
GINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL,
5. Lavras, 2008. Anais... Lavras: UFLA, 2008.
CD-ROM.
Procedimento Metodológico da
Avaliação da Aptidão Agrícola
das Terras para a Cultura da Palma
de Óleo nas Áreas Desmatadas da
Amazônia Legal
Antonio Ramalho Filho, Paulo Emílio Ferreira da Motta,
Uebi Jorge Naime e Jesus Fernando Mansilla Baca
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 23
tação ao uso, em quatro classes: boa, re- Tabela 2 – Características dos níveis
gular, marginal ou restrita e inapta. Essas de manejo considerados no ZAE-Palma
classes são estabelecidas de acordo com de Óleo
o grau de intensidade com que os fatores
de limitação afetam as terras para os níveis Nível de
Características
de manejo B e C, conforme a simbologia manejo
apresentada na Tabela 1. Emprega práticas agrícolas
que refletem um nível
tecnológico médio, havendo
Tabela 1 - Simbologia usada para modesta aplicação de
designação das classes de aptidão das capital e de tecnologias para
terras nos níveis de manejo B e C manejo, melhoramento
e conservação das terras
Nível de Manejo e das lavouras. As práticas
Classe de aptidão B
B C agrícolas estão condicionadas,
Boa B C principalmente, à tração animal.
A motomecanização, portanto,
Regular b c
é mais intensa no preparo
Restrita (b) (c) inicial do solo e em alguns tipos
Inapta I I de tratos culturais compatíveis
Fonte: Ramalho Filho e Beek (1995) com implementos agrícolas
mais simples.
Emprega práticas agrícolas
que refletem um alto nível
tecnológico, caracterizando-se
Níveis de manejo pela aplicação intensiva de
capital e de tecnologias para
C
Visando avaliar o potencial das terras manejo, melhoramento e
sob diferentes níveis de aplicação de tec- conservação das terras e das
nologia agrícola e capital, tanto a aptidão lavouras. A motomecanização
das terras quanto o zoneamento agroe- está presente nas diversas
fases da operação agrícola.
cológico foram executados para dois ní-
veis de manejo – manejo B e C – sendo Fonte: Ramalho Filho e Beek (1995)
o primeiro caracterizado por uma aplica-
ção média de capital e modesto uso de
insumos e tecnologia e o segundo, por
alto aporte de capital e tecnologia. Foram
gerados, portanto, dois mapas distintos e Avaliação da Aptidão
equivalentes a dois zoneamentos. Defini-
ções mais completas dos níveis de mane-
das Terras
jo adotados encontram-se na Tabela 2.
Os fatores limitantes dos solos, con-
siderados representativos das condições
agrícolas das terras, são: deficiência de
fertilidade natural, deficiência de água,
excesso de água e riscos de inundação,
suscetibilidade à erosão, impedimentos
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 25
Tabela 3 – Graus de Limitação atribuídos aos Solos da Amazônia Legal
26
|
Grau de limitação
Fator Limitativo
Nulo Ligeiro Moderado Forte Muito Forte
Deficiência de fertilidade distrófico
Alumínico sódico ou salino ou tiomórfico ou
- em função da saturação de eutrófico (V < 50%) ou álico
(sat. Al >50% e Al carbonático ou sálico (CE>15 mS/cm a
bases, salinidade, sodicidade e de (V > 50%) (sat. Al >50% e
ext. > 4cmol/kg) solódico 25ºC)
carbonatos Al ext. < 4cmol/kg)
Deficiência de Água
argilosa, média ou muito argilosa ou (Ta) ou muito arenosa com granulometria
- em função da textura e da arenosa
orgânica siltosa argilosa mais grosseira
atividade da argila
Excesso de Água - em função da
bem drenado bem a mod. drenado mod. Drenado imperf. drenado mal drenado
classe de drenagem interna
Suscetibilidade à Erosão moderadamente forte ondulado a
plano suave. ondulado ondulado
- em função das classes de relevo ondulado montanhoso
(0 - 3%) (3 - 8%) (13 - 20%)
(declive) (8 - 13%) (20 - 45% ou +)
Impedimento à Mecanização
- em função das classes de relevo plano suave ond. a mod. ondulado forte ondulado montanhoso e escarpado
(0 - 3 %) ond. (3 - 13 %) (13 - 20 %) (20 - 45%) (>45 a >70%)
- em função da classe de
pedregosidade* ausente lig. pedregosa mod. pedregosa pedregosa, -
rochosa
- em função dos caracteres - - petroplíntico1
petroplíntico e vértico - vértico2
CLASSE DE APTIDÃO
PREFERENCIAL REGULAR MARGINAL INAPTA
NÍVEL DE MANEJO
B C B C B C B C
Fatores Limitantes
Deficiência de
L M M F F MF MF EF
Fertilidade
Deficiência de Água L M M F F MF MF EF
Excesso de Água L L M M F F MF MF
Suscetibilidade à Erosão
L M M F F MF MF EF
Relevo x Textura
Impedimento à
Mecanização
Pedregosidade L N M L F M MF F
Rochosidade
N N L L M M F F
Relevo M L F M MF F EF MF
Impedimento às Raízes N N L L M M F F
Grau de limitação: N = Nulo; L = Ligeiro; M = Moderado; F = Forte; MF = Muito forte
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 27
Em seguida, é feita uma descrição dos tos anos (supostamente, mais de 20
fatores limitantes e dos atributos do solo e anos), mesmo quando cultivadas com
da paisagem utilizados para sua avaliação, culturas mais exigentes em fertilidade.
bem como os graus de limitação atribuídos
• Ligeiro – grau atribuído a terras com boa
às terras relativos a cada fator.
reserva de nutrientes para as plantas,
em que não há presença de toxidez
por excesso de sais solúveis ou sódio
Deficiência de fertilidade
trocável. As terras com essas caracterís-
A intensidade deste fator é avaliada a ticas têm capacidade de manter boas
partir do conhecimento da disponibilida- colheitas durante vários anos (suposta-
de de macro e micronutrientes nos solos. mente mais de 10 anos), com pequena
As limitações dizem respeito tanto à baixa exigência de fertilizantes para manter o
quantidade de nutrientes, em situação de seu estado nutricional.
insuficiência para sustentar uma produção
• Moderado – típico de terras com limita-
econômica da cultura, como a uma situa-
da reserva de nutrientes para as plan-
ção de excesso, que pode ser prejudicial
tas, referente a um ou mais elementos,
ao desenvolvimento das plantas. Níveis
podendo conter sais tóxicos capazes
tóxicos de alumínio, sódio (solos sódicos
de afetar certas culturas. Durante os pri-
e solódicos), enxofre (solos tiomórficos) e
meiros anos de utilização agrícola, es-
manganês ocorrem comumente em mui-
sas terras permitem bons rendimentos,
tos solos. Excesso de sais também consti-
verificando-se posteriormente (supos-
tui séria limitação para o uso de solos de
tamente depois de 5 anos) um rápido
áreas costeiras ou de regiões semiáridas.
declínio na produtividade, o que torna
O índice de fertilidade normalmente necessária a aplicação de fertilizantes e
é avaliado através da saturação de bases corretivos após as primeiras safras.
(V%), saturação com alumínio (100 Al/Al+S),
• Forte – refere-se a terras com reservas
soma de bases trocáveis (S), capacidade de
muito limitadas de um ou mais elemen-
troca de cátions (T), relação C/N, fósforo as-
tos nutrientes, ou contendo sais tóxicos
similável, saturação com sódio, condutivida-
em quantidades tais que permitem ape-
de elétrica e pH. Esses dados são obtidos
nas o desenvolvimento de plantas com
quando da análise dos perfis do solo.
tolerância. Essas características se refle-
Na avaliação deste fator, são admitidos tem nos baixos rendimentos da maioria
os seguintes graus de limitação: nulo, li- das culturas e pastagens desde o início
geiro, moderado, forte e muito forte, defi- da exploração agrícola, devendo essa
nidos no Sistema de Avaliação da Aptidão deficiência ser corrigida na fase inicial
das Terras (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995), de sua utilização.
como a seguir:
• Muito Forte – grau atribuído a terras mal
• Nulo – característico de terras que pos- providas de nutrientes, com remotas
suem elevadas reservas de nutrientes possibilidades de serem exploradas
para as plantas, sem apresentar toxidez com quaisquer tipos de utilização agrí-
por sais solúveis, sódio trocável ou ou- cola. Pode ocorrer nessas terras grande
tros elementos prejudiciais ao desen- quantidade de sais solúveis, chegando
volvimento das plantas. Praticamente mesmo a formar desertos salinos. Ape-
não respondem à adubação e apresen- nas plantas com muita tolerância con-
tam ótimos rendimentos durante mui- seguem adaptar-se a essas áreas.
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 29
hipoxerófila, ou seja, de caráter seco Tabela 6 – Graus de limitação das
menos acentuado. Terras com estação terras quanto à deficiência de água
seca menos marcante, porém com bai- em função da textura e da atividade
xa disponibilidade de água, pertencem da argila
a este grau.
Textura e Atividade de Grau de
• Forte – grau atribuído a terras com uma Argila Limitação
forte deficiência de água durante um
período seco, que oscila de 7 a 9 me- Argilosa, média e orgânica Nulo
ses. A precipitação anual varia entre Muito argilosa e siltosa Ligeiro
500 e 700 mm, com muita irregulari- Muito argilosa com
dade em sua distribuição e com altas predomínio de argila de Moderado
temperaturas. A vegetação é tipica- atividade alta
mente de caatinga hipoxerófila (Im=>-
Arenosa Forte
20<-30), ou de outras espécies de cará-
ter seco muito acentuado, equivalente
à do sertão do rio São Francisco. Terras
com estação seca menos pronunciada,
Excesso de água ou deficiência
mas com baixa disponibilidade de água
de oxigênio
para as culturas, estão incluídas neste Este fator de limitação está relacio-
grau, bem como aquelas que apresen- nado com a classe de drenagem natural
tem alta concentração de sais solúveis do solo, que, por sua vez, é resultante da
capazes de elevar o ponto de murcha- interação de vários fatores: precipitação,
mento. Nesta categoria está implícita a evapotranspiração, relevo local e proprie-
eliminação de quaisquer possibilidades dades do solo. Estão incluídos na análise
de desenvolvimento de culturas de desse aspecto os riscos, a frequência e a
ciclo longo não adaptadas à falta de duração das inundações a que pode estar
água. sujeita a área.
• Muito Forte – grau atribuído a terras Observações sobre cor, estrutura, per-
nas quais há uma severa deficiência de meabilidade do solo e presença e profun-
água, que pode durar mais de 9 meses, didade de horizontes menos permeáveis,
com uma precipitação normalmente tais como horizonte plíntico, pans, etc.,
abaixo de 500 mm, baixo índice hídri- são importantes para o reconhecimento
co (Im = > - 30) e alta temperatura. A desses problemas.
vegetação relacionada a este grau é a
Pela grande ocorrência de solos muito
caatinga hiperxerófila.
úmidos e/ou sujeitos à inundação ao lon-
Para a avaliação da aptidão das terras go do ano, e pela reconhecida intolerân-
especificamente para a palma de óleo, foi cia da palma de óleo a essas condições,
enfocado o efeito dos atributos do solo, este fator limitante torna-se extremamen-
com ênfase na textura e na atividade de te importante para a definição das classes
argila, sendo as condições climáticas tra- de aptidão para essa cultura na Região
tadas com mais detalhe na avaliação da Amazônica.
aptidão climática.
Foram admitidos os graus de limitação:
A Tabela 6 mostra, para o caso da palma nulo, ligeiro, moderado, forte e muito for-
de óleo, os graus de limitação aplicados às te, definidos de forma geral, para as mais
terras em função da deficiência de água. diversas culturas, no Sistema de Avaliação
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 31
O Sistema de Avaliação da Aptidão das declives mais suaves, mas com piores
Terras define os graus de limitação com condições físicas. Na maioria dos ca-
relação à suscetibilidade à erosão (nulo, sos, a prevenção à erosão depende de
ligeiro, moderado, forte e muito forte), práticas intensivas de controle.
como a seguir:
• Muito Forte – refere-se a terras com sus-
• Nulo – grau atribuível a terras não sus- cetibilidade muito forte, por ocorrerem
cetíveis à erosão, situadas em áreas de em áreas de relevo forte-ondulado,
relevo plano ou quase plano (0 a 3% com declives entre 20 e 45%, o que tor-
de declive) e com boa permeabilidade. na o seu uso agrícola muito restrito. Na
Quando cultivadas por 10 a 20 anos, maioria dos casos, o controle à erosão
podem apresentar erosão ligeira, que é dispendioso, podendo ser antieconô-
pode ser controlada com práticas sim- mico.
ples de manejo.
• Extremamente Forte – grau de terras que
• Ligeiro – grau típico de terras que apre- apresentam severa suscetibilidade à ero-
sentam pouca suscetibilidade à erosão são. Não são recomendáveis para o uso
em função das boas propriedades físi- agrícola, sob pena de serem totalmente
cas e por estarem situadas em áreas de erodidas em poucos anos. Trata-se de
relevo de suave-ondulado, com decli- terras ou paisagens de relevo monta-
ves de 3 a 8%. Quando utilizadas com nhoso com declives superiores a 45%,
lavouras por um período de 10 a 20 nas quais deve ser estabelecida uma co-
anos, essas terras normalmente mos- bertura vegetal de preservação ambien-
tram uma perda de 25% ou mais do tal permanente.
horizonte superficial. Práticas conserva-
No caso do ZAE-Palma de Óleo, a limi-
cionistas simples podem prevenir esse
tação das terras quanto à suscetibilidade
tipo de erosão.
à erosão foi avaliada considerando-se a
• Moderado – grau atribuído a terras interação entre classe de relevo, textura
que apresentam moderada suscetibili- e gradiente textural ao longo dos perfis.
dade à erosão, situadas normalmente Desse modo, partiu-se do pressuposto
em relevo moderadamente ondulado, que, dentro da mesma classe de relevo,
com declive de 8 a 13%. Esses níveis a suscetibilidade à erosão é sensivelmen-
de declive podem variar para mais de te aumentada pela maior quantidade de
13%, quando as condições físicas forem areia em relação à argila e pela maior di-
muito favoráveis, ou para menos de 8%, ferença entre a textura das camadas su-
quando muito desfavoráveis, como é o perficiais e subsuperficiais do solo. Em
caso de solos com horizonte B, com resumo:
mudança textural abrupta. Se utilizadas
1 – Efeito do relevo: quanto maior a incli-
fora dos princípios conservacionistas,
nação e/ou comprimento de rampa
essas terras podem apresentar sulcos
do terreno maior é a susceptibilida-
e voçorocas, requerendo práticas de
de à erosão.
controle à erosão desde o início de sua
utilização agrícola. 2 – Efeito da textura: dentro da mesma
classe de relevo a susceptibilidade à
• Forte – grau atribuído a terras que apre-
erosão tende a ser maior em solos
sentam forte suscetibilidade à erosão
com textura mais arenosa, e, portan-
por ocorrerem em relevo ondulado,
to, menos agregados. Este efeito é
com declive entre 13 e 20%, ou em
previsto para terras com maior incli-
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 33
implementos de tração animal. Normal- No caso do ZAE-Palma de Óleo, ava-
mente, são de topografia montanhosa, liou-se inicialmente o efeito individual da
com declives superiores a 45% e/ou pedregosidade, rochosidade, classe de re-
com impedi¬mentos muito fortes de- levo e presença de petroplintita, analisan-
vido a pedregosidade, rochosidade e do-se, ao final, o efeito combinado de tais
profundidade ou a problemas de dre- atributos (Tabelas 8, 9 e 10).
nagem.
Faixa de
Classe Grau de Limitação
declive (%)
Plano 0-3 Nulo
Suave ondulado 3-8 Ligeiro
Moderadamente ondulado 8 - 13 Ligeiro
Ondulado 13 - 20 Moderado
Forte ondulado 20 - 45 Forte
Montanhoso 40 - 70 Muito Forte
Escarpado > 70 Muito Forte
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As classes de profundidade foram de- fertilizantes e corretivos, bem como alto
duzidas a partir das classes taxonômicas nível de conhecimento técnico.
dos componentes das unidades de ma-
Quanto maior a deficiência, portanto,
peamento e/ou pela indicação de caráter
mais intensivas serão as práticas, que en-
litólico, raso e pouco profundo para cer-
volvem grande conhecimento técnico e
tos solos.
disponibilidade de insumos para melhorar
um solo carente até a condição de classe
de aptidão boa e regular.
Exemplos de práticas menos intensivas
Viabilidade de recomendadas para o melhoramento de
fertilidade e, portanto, mais compatíveis
melhoramento das com o nível de manejo B, são estes:
condições agrícolas • cobertura do solo com espécies le-
guminosas ou gramíneas;
das terras
• distribuição de esterco e composto
Os graus de limitação são atribuídos orgânico na superfície do solo;
às terras de acordo com a sua capacida- • distribuição de tortas e outros resídu-
de presumível de suportar uma lavoura de os vegetais;
palma de óleo após o emprego de práticas
de melhoramento compatíveis com os ní- • correção da acidez do solo com cal-
veis de manejo B e C, considerando-se o cário;
fato de que a irrigação não está incluída • adubação com NPK;
entre tais práticas.
• consorciação de culturas.
São exemplos de práticas mais inten-
A – Melhoramento da sivas, compatíveis com o nível de mane-
deficiência de fertilidade jo C:
O melhoramento da fertilidade natu- • adubação com NPK + micronutrientes;
ral de solos que possuem condições físi-
cas propícias às plantas é fator decisivo • adubação foliar;
no desenvolvimento agrícola. De modo • combinação das práticas acima com
geral, embora a aplicação de fertilizantes “mulching”, utilizando espécies legu-
e corretivos seja uma técnica já difundida, minosas ou gramíneas de cobertura;
as quantidades aplicadas são comumen-
te insuficientes. Portanto, seu emprego • correção da acidez do solo e forneci-
deve ser incentivado, bem como outras mento de Ca e Mg através da incor-
técnicas adequadas ao aumento da pro- poração de calcário ao solo.
dutividade. A indicação de dosagens de calcário e
Terras com alta fertilidade natural e fertilizantes depende de recomendações
boas propriedades físicas exigem, even- técnicas, com base em análises do solo
tualmente, menores quantidades de ferti- e metas de produtividade definidas pelo
lizantes para a manutenção da produção, agricultor para uma produção sustentável
ao passo que terras com fertilidade natu- no seu empreendimento.
ral baixa exigem quantidades maiores de
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• terraços em patamar; E – Melhoramento dos
• canais escoadouros; impedimentos à mecanização
• banquetas individuais; O impedimento à mecanização so-
mente é considerado relevante no nível
• escarificação/subsolagem; de manejo C. Os graus de limitação atribu-
• diques; ídos às terras, em condições naturais, têm
por termo de referência o emprego de má-
• faixas de retenção permanente; quinas motorizadas nas diversas fases da
• interceptadores de água (obstáculos); operação agrícola.
• estruturas especiais (paliçadas, buei- A maior parte dos obstáculos à meca-
ros, etc.); nização ou tem caráter permanente, ou
apresenta tão difícil remoção que torna
• controle de voçorocas. economicamente inviável o seu melho-
Algumas práticas importantes para o ramento. No entanto, algumas práticas,
melhoramento das condições agrícolas do ainda que dispendiosas, poderão ser re-
solo são comuns aos níveis de manejo B alizadas em benefício do rendimento das
e C: uso da terra de acordo com a aptidão máquinas, como é o caso da construção
agrícola, vegetação de proteção e adequa- de estradas, da drenagem, da remoção de
da implantação de estradas e carreadores. pedras, da sistematização do terreno e da
direção do trabalho da máquina em nível.
Um exemplo de sequência ordenada
das características dos solos utilizadas para
a avaliação de aptidão das terras é apre-
sentado nas Tabelas 12a, 12b e 12c.
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2 S Plintossolo Háplico álico Tb A moderado arenosa média
3 S Plintossolo Háplico álico Tb A moderado média média
|
Simbologia – UM: unidade de mapeamento; D: dominante; S: subdominante; Tb: argila de atividade baixa; Ta: argila de atividade alta.
* (EMBRAPA SOLOS, 2006)
39
Tabela 12b - Sequência para avaliação da aptidão das terras a partir da informação sobre solos e o ambiente (continuação)
40
UNIDADE DE Componentes Textura combinada Caráter
|
Relevo Relevo
MAPEAMENTO (superficial e Relevo combinado (características
Ordem Dominância dominante subdominante
(UM) subsuperficial) especiais)
plano e
1 D argilosa plano suave ondulado sem caráter
suave ondulado
NA19LVa15 suave suave ondulado e
2 S média plano sem caráter
ondulado plano
3 S arenosa/média plano - plano sem caráter
suave suave ondulado e
1 D argilosa ondulado epipetroplíntico
ondulado ondulado
plano e
2 S média plano suave ondulado sem caráter
suave ondulado
SB23TRe5
plano e
3 S arenosa plano suave ondulado sem caráter
suave ondulado
ondulado e
4 S média ondulado forte ondulado pedregoso
forte ondulado
suave
1 D média/argilosa - suave ondulado sem caráter
ondulado
SC19PTa1
suave
2 S média/argilosa - suave ondulado sem caráter
ondulado
plano e
1 D média plano suave ondulado petroplíntico
suave ondulado
plano e
SB23PVa19 2 S arenosa/média plano suave ondulado sem caráter
Componentes Graus atribuídos aos fatores de limitação à cultura Aptidão das Terras
UNIDADE DE
Componente UM
MAPEAMENTO
(UM) Ordem % da UM ΔR ΔF ΔA ΔO ΔE ΔM ΔP ΔRo Manejo Manejo
B C B C
1 50 n l n n n n n n P P
NA19LVa15 2 30 n l n n l l n n P P P P
3 20 m l n n n l n n IN IN
1 40 l n n n m m f n M IN
2 30 n l n n l l n n P P
SB23TRe5 M IN
3 20 n f m n l l n n M R
4 10 l l n n m f f mf IN IN
1 60 m l n f l l n n IN IN
SC19PTa1 IN IN
2 40 n l n n l l n n P P
1 50 l l n n l l m n R M
SB23PVa19 2 30 m l n f l l n n IN IN R M
3 20 l l n f l l m n IN IN
Simbologia – ΔR: impedimento ao desenvolvimento radicular das plantas; ΔF: deficiência de fertilidade; ΔA: deficiência de água; ΔO: deficiência de oxigênio (excesso de
água); ΔE: suscetibilidade à erosão; ΔM: impedimento à mecanização; ΔP: impedimento por pedregosidade; ΔRo: impedimento por rochosidade.
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Classe de aptidão/zoneamento: P=Preferencial; R=Regular; M= marginal; IN=Inapta
|
Nível de Manejo/nível tecnológico: B = Intermediário; C = Avançado
41
RAMALHO FILHO, A.; HIRANO, C.; SA, T. D. A.
Referências Aptidão pedoclimática: zoneamento por pro-
duto, Programa Grande Carajás. Rio de Janeiro:
Bibliográficas [SNLCS], 1984. Atlas com texto,1v.
Procedimento metodológico da
Avaliação da Aptidão Climática para
a Cultura da Palma de Óleo nas
Áreas Desmatadas da Amazônia Legal
Alexandre Ortega Gonçalves, Therezinha Xavier Bastos, Alexandre Hugo Barros,
Antonio Ramalho Filho e Paulo Emílio Ferreira da Motta
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 43
As classes de aptidão foram estabe- regime pluviométrico adequado a
lecidas com base na deficiência hídrica essa cultura caracteriza-se por uma
média (DEF), determinada a partir do ba- precipitação média anual superior a
lanço hídrico climatológico para um valor 1800 mm, com precipitações men-
de capacidade de água disponível dos sais superiores a 100 mm e distri-
solos (CAD) de 125 mm, e no número de buídas uniformemente ao longo do
anos secos consecutivos, aqui considera- ano.
dos como aqueles em que a precipitação
• Brilho Solar – altos níveis de radiação
média é inferior a 50 mm. As classes de
solar são indispensáveis para o cres-
aptidão climática foram assim definidas:
cimento e a produção da cultura. A
– Preferencial (P): áreas com Deficiên- isolação necessária para a expressão
cia Hídrica média anual (DH) inferior máxima do potencial produtivo da
a 200 mm e com até três meses se- palma de óleo situa-se em torno de
cos consecutivos; 1.600 horas/ano. Locais com lumino-
sidade inferior a 1.500 horas/ano são
– Regular (R): áreas com DH entre 200
considerados limitantes.
mm e 350 mm e com até três meses
secos consecutivos; • Temperatura do ar – fator climático
de grande importância para o cres-
– Marginal (M): áreas com DH entre 350
cimento e a produção da palma de
mm e 450 mm e com até três meses
óleo. Observa-se que as maiores
secos consecutivos;
produções são obtidas em regiões
– Inapta (I): áreas com DH>450 e/ou com pequenas variações de tempe-
com mais de três meses secos con- ratura e onde a média anual situa-
secutivos. se entre 24 e 28ºC, sem ocorrência
de temperaturas mínimas abaixo de
Na elaboração do ZAE-Palma de Óleo,
16ºC por períodos prolongados.
foi utilizada a avaliação da aptidão climá-
tica, embora também possa ser utilizado • Umidade relativa do ar – a umidade
o risco climático baseado em estudos pro- relativa do ar, média mensal, deve
babilísticos em séries climáticas. De acor- estar entre 75 e 90%.
do com a literatura disponível, para que
Para a determinação da deficiência
uma planta expresse todo o seu potencial
hídrica, foi realizado o balanço hídrico cli-
de produção, ela necessita de condições
matológico segundo a metodologia pro-
climáticas favoráveis. Essas condições po-
posta por Thornthwaite e Mather (1955),
dem limitar o estabelecimento da cultura
utilizando-se uma CAD de 125 mm. Os da-
e produção de frutos em certas regiões.
dos de deficiência hídrica anual posterior-
Na avaliação da aptidão climática, os fa-
mente foram espacializados e divididos
tores de maior importância para o cultivo
em classes, conforme foi proposto por
da palma de óleo são: precipitação, horas
Barcelos (1994). Esse autor avaliou a viabi-
de brilho solar e temperaturas máxima e
lidade e a potencialidade de produção da
mínima.
cultura da palma de óleo, relacionando
• Precipitação – uma adequada dispo- dados de deficiência hídrica anual (mm)
nibilidade de água no solo de forma com o potencial de produção de óleo (T
constante é condição extremamente de óleo/ha/ano), conforme mostrado na
importante para o desenvolvimento Tabela 1. Da mesma forma, a deficiência
e a produção da palma de óleo. O hídrica pode ser relacionada com a pro-
600 ––
– Marginal (M): áreas com DH entre 350
500 ––
mm e 450 mm e com até três meses
400 –– secos consecutivos;
300 ––
– Inapta (I): áreas com DH>450 e/ou
200 –– com mais de três meses secos con-
100 –– secutivos.
––
––
––
––
5 10 15 20
Produção de cacho (toneladas/ha/ano)
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 45
HARTLEY, C. W. S. The oil palm. 3. ed. Lon-
don: [s. n.], 1988. 761 p. (Tropical agriculture
Referências series).
Organização da Informação,
Metodologia da Integração Temática,
Procedimentos Informatizados e
Cartografia para a elaboração do
Zoneamento Agroecológico para a
Cultura da Palma de Óleo nas Áreas
Desmatadas da Amazônia Legal
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 47
Tabela 1 - Fonte dos dados originais
Organização da utilizados no zoneamento.
1
ARCGIS é uma coleção integrada de produtos de aplicativos
– adoção de um sistema de coordena-
de Sistemas Geográficos de Informação que fornece uma das para o qual todas as informações
plataforma baseada em padrões para análise espacial, manu- devem ser compatibilizadas; no caso
seio de dados e mapeamento (www.esri.com).
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 49
intermediário – aptidão pedoclimática – marcadas (Fonte 1; Fonte 2). Terras
subtraem-se as áreas legalmente protegi- contidas em áreas sem aptidão climá-
das. Através do mapa de áreas desmata- tica ou com alto risco climático. Terras
das, conforme Inpe (2007) e apresentado em áreas coberta por floresta nativa
na figura 1, e das áreas sem informação conforme Inpe (2007).
do PRODES, mas historicamente reconhe-
A fundamentação metodológica para
cidas como desmatadas, obtém-se o ZAE-
a obtenção da aptidão pedoclimática e do
Palma de Óleo.
zoneamento agroecológico por cultura ou
Como resultado dessas avaliações, produto tratados neste capítulo é baseada
obtém-se o ZAE-Palma de óleo com a se- nos preceitos, critérios e procedimentos
guinte estrutura classificatória: enunciados do método intitulado “Siste-
ma de Avaliação da Aptidão das Terras”
• Preferencial-P – potencial alto;
(RAMALHO FILHO; BEEK, 1965), preconiza-
• Regular-R – potencial médio a alto; do pela Embrapa para a interpretação de
levantamentos de solos no Brasil.
• Marginal-M – potencial baixo;
Para o cálculo da extensão territorial do
• Inapta-I – sem potencial ou inadequada;
resultado final do zoneamento, foi consi-
• Áreas bloqueadas – terras contidas derada a divisão política fornecida pelo
em unidades de conservação am- IBGE, reprojetada na projeção cônica equi-
biental ou em terras indígenas de- valente à área de Albers com datum SAD-
Figura 1 – Áreas desmatadas obtidas pelo Inpe (2007), utilizado como um dos recortes da área total do zone-
amento agroecológico da região.
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 51
INPE. Programa de Monitoramento do Des-
matamento da Amazônia. Projeto de Moni-
Referências toramento da Floresta Amazônica Brasileira
por Satélite Disponível em: <http://www.dpi.
Bibliográficas inpe.br/prodesdigital/prodes.php>. Acesso
em 09 mai. 2007.
AZEVEDO, V. H. M.; MEIRELLES, M. S. P., FER-
RAZ, R. P. D.; RAMALHO FILHO, A. Interability MEIRELLES, M. S. P.; CAMARA, G.; ALMEIDA, C.
among heterogeneous geographic objects Geomática modelos e aplicações ambien-
In: Advances in Geoinformatics. New York: tais. Ed. Brasilia: Embrapa Informação Tecno-
Springer, 2007. p. 193-202, 1. v. lógica, 2007, p. 593.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secre- RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K. J. Sistema de
taria de Biodiversidade e Florestas. Avaliação avaliação da aptidão agrícola das terras. 3.
e identificação de áreas e ações prioritárias ed. rev. Rio de Janeiro: Embrapa-CNPS, 1995.
para a conservação, utilização sustentável 65 p.
e repartição dos benefícios da biodiversi-
dade dos biomas brasileiros. Brasília: MMA, SIPAM. Base pedológica da Amazônia Legal:
2002. 404 p. Disponível em: <http:www.mma. base digital em escala compatível com a es-
gov.br>. Acesso em 10 jan. 2010. cala 1:250.000. Brasília: SIVAM; IBGE 2004.
Revisão bibliográfica,
consultas a especialistas e
verificação a campo
Figura 1 – Organograma das fases do Zoneamento Agroecológico para a cultura da Palma de Óleo
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 53
Os procedimentos necessários à ela- As classes do zoneamento, estabeleci-
boração do zoneamento contaram com o das de acordo com o grau de intensidade
apoio de técnicas de geoprocessamento das limitações ambientais (clima e terras)
por meio da utilização de sistemas de in- para a cultura da palma de óleo, foram as-
formação geográfica e de sensoriamento sim definidas:
remoto.
• Preferencial – P (potencial alto) – in-
O ZAE-Palma de Óleo foi preparado clui terras sem limitações significati-
em alinhamento com os preceitos do Zo- vas para a produção sustentada da
neamento Ecológico-Econômico (ZEE) da palma de óleo. A classe Preferencial
Amazônia Legal (http://www.mma.gov.br), se refere às áreas que apresentam
cujo escopo é mais geral quanto à desti- déficit hídrico menor que 200 mm
nação das terras da região. Portanto, este e até três meses secos consecutivos
documento, ao apresentar o potencial de (<50 mm). Esse mínimo de restrições
terras das zonas denominadas “consolida- não reduz expressivamente a pro-
das” e “a consolidar”, fornece base para dutividade ou os benefícios e não
implantação e expansão da palma de óleo aumenta a necessidade de insumos
e respalda uma política disciplinar ao des- e práticas mitigadoras acima de um
matamento de novas áreas. nível aceitável.
No cruzamento da Aptidão Agrícola • Regular – R (potencial médio) – in-
das Terras com a Aptidão Climática, foi clui terras com limitações moderadas
considerada também a regra pela qual a para a produção sustentada da pal-
pior aptidão (do clima ou das terras) é a ma de óleo. A classe Regular se refe-
que determina a classe final de zonea- re às áreas que apresentam déficit hí-
mento, conforme pode ser observado na drico entre 200 mm e 350 mm, com
Tabela 1. até três meses secos consecutivos
(<50 mm). As limitações reduzem a
APTIDÃO CLIMÁTICA
CLASSE DE
Preferencial Regular Marginal Inapta/NR
ZONEAMENTO
(P) (R) (M) (I)
Boa (B) P (PB) R (RB) M (MB) I (IB)
APTIDÃO
Regular (R) R (PR) R (RR) M (MR) I (IR)
DAS
TERRAS Marginal (M) M (PM) M (RM) M (MM) I (IM)
Inapta (I) I (PI) I (RI) I (MI) I (II)
Observações:
1. A sequência de letras entre parênteses obedece à ordem aptidão climática-aptidão das terras;
2. Prevalece como aptidão dominante da unidade de mapeamento (polígono/zona) a pior aptidão no cruza-
mento clima x terras (entre parênteses), por exemplo: R(PR) ou R(RP) em que R representa a aptidão Regular ou
seja, inferior a Preferencial atribuída ao clima ou ao solo;
3. Na legenda de aptidão das terras, prevalece o símbolo da aptidão dominante da associação na Unidade de
Mapeamento de Solos.
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 55
É importante esclarecer que os mapas ras classificadas como Marginais ou de
gerados mostram as zonas das classes Aptidão Restrita, cujos benefícios e custos
Preferencial, Regular, Marginal e Inapta se equivalem, conforme os padrões eco-
para a produção da cultura da palma de nomicamente aceitáveis pelos produtores
óleo para fins diversos, seja óleo comes- de palma de óleo na região, deve se base-
tível, cosméticos ou biocombustível. Por ar em estudos de viabilidade econômica
outro lado, não informa, porém, sobre a e do contexto socioeconômico de cada
real disponibilidade das terras para essa agricultor. No presente estudo, somen-
cultura, que podem estar atualmente sob te as classes Preferencial e Regular estão
usos distintos e com diferentes níveis de sendo consideradas aptas para a implan-
produtividade. Estima-se, que cerca de tação da cultura.
80% da área desmatada do bioma amazô-
Os resultados do zoneamento são
nico encontram-se ocupados com pastos
apresentados em mapas regionais – esca-
em diferentes níveis de esgotamento, de-
la generalizada em 1:5.000.000, para visu-
gradação e mesmo abandono.
alização em folha tamanho A1. Contudo,
Não obstante o zoneamento esteja podem ser visualizados em escalas maio-
confinado às áreas desmatadas da Ama- res e em tamanho variável por unidade da
zônia Legal, os resultados mostrados nas federação e relacionados por município.
Tabelas 2, 3 e 4 ainda são brutos, porquan-
Com o uso do Sistema Geográfico de
to podem ser reduzidos, com a aplicação
Informação (SGI), pode-se manusear o
do Código Florestal, para cerca de 50 a
zoneamento chegando-se a sua visuali-
60% por ocasião da implantação da palma
zação na escala até 1:250.000 na versão
de óleo, em decorrência de restrições de
final, embora a escala do zoneamento em
ordem ambiental ditadas pela legislação
coerência com o real nível de abstração
vigente (Código Florestal).
dos levantamentos básicos de solos esteja
A decisão de se utilizar ou não as ter- estimada em 1:600.000.
ÁREA
ESTUDADA
CLASSE PREFERENCIAL (P) REGULAR (R) MARGINAL (M) INAPTA (IN) ÁREA EXCLUÍDA*
DO
ESTADO
ESTADO ha km2 % ha km2 % ha km2 % ha km2 % km2 % km2
AC 416.037 4.160 2,53 1.087.772 10.878 6,63 913,32 9 0,01 306.879 3.069 1,87 146.026 88,95 164.158
AM 1.461.375 14.614 0,94 889.466 8.895 0,57 8.337 83 0,01 415.517 4.155 0,27 1.531.447 98,22 1.559.164
AP 20.334 203 0,14 137.844 1.378 0,97 11.205 112 0,08 125.232 1.252 0,88 139.868 97,94 142.813
GO 0 0 0,00 0 0 0,00 0 0 0,00 131.224 1.312 9,19 12.952 90,73 14.276
MA 0 0 0,00 246,96 2 0,00 109.515 1.095 0,39 10.090.105 100.901 36,19 176.691 63,37 278.840
MT 203.959 2.040 0,23 6.779.357 67.794 7,51 786.999 7.870 0,87 12.806.582 128.066 14,18 697.591 77,23 903.283
PA 2.327.674 23.277 1,87 10.448.374 104.484 8,37 345.718 3.457 0,28 9.926.744 99.267 7,96 1.017.253 81,53 1.247.772
RO 2.720.638 27.206 11,5 2.755.935 27.559 11,60 550.294 5.503 2,32 1.834.577 18.346 7,72 158.976 66,91 237.591
RR 187.409 1.874 0,84 218.712 2.187 0,98 207.898 2.079 0,93 144.684 1.447 0,65 216.715 96,63 224.283
TO 0 0 0,00 0 0 0,00 0 0 0,00 2.949.021 29.490 10,63 248.133 89,41 277.537
TOTAL 7.337.426 73.374 22.317.707 223.177 2.020.879 20.209 38.730.565 387.306 4.345.652 5.049.717
% AM.L 1,45 4,42 0,40 7,67 86,06
Nota: Classes P e R, consideradas aptas para o dendê, totalizam 29.655.133 ha = 29.655 km2 = 5,87% da Amazônia Legal.
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal
* Reservas legais e áreas não desmatadas. Total da área do zoneamento após os recortes: 704.066 km² = aproximadamente 13,94% da Amazônia Legal
AM.L = Amazônia Legal
|
57
58
|
Tabela 3 – Áreas das classes de zoneamento para produção de palma de óleo, sob o nível de manejo C, por estado da Amazônia Legal
ÁREA
ESTUDADA
CLASSE PREFERENCIAL (P) REGULAR (R) MARGINAL (M) INAPTA (IN) ÁREA EXCLUÍDA*
DO
ESTADO
ESTADO ha km2 % ha km2 % ha km2 % ha km2 % km2 % km2
AC 735.677 7.357 4,48 574.630 5.746 3,50 193.511 1.935 1,18 307.785 3.078 1,87 146.026 88,95 164.158
AM 1.532.123 15.321 0,98 681.556 6.816 0,44 142.830 1.428 0,09 418.185 4.182 0,27 1.531.447 98,22 1.559.164
AP 20.334 203 0,14 123.843 1.238 0,87 23.169 232 0,16 127.271 1.273 0,89 139.868 97,94 142.813
GO 0 0 0,00 0 0 0,00 0 0 0,00 131.224 1.312 9,19 12952,07 90,73 14.276
MA 0 0 0,00 246,96 2 0,00 81.027 810 0,29 10.118.593 101.186 36,29 176.691 63,37 278.840
MT 220.920 2.209 0,24 6.700.985 67.010 7,42 486.836 4.868 0,54 13.168.156 131.682 14,58 697.591 77,23 903.283
PA 1.666.831 16.668 1,34 10.608.430 106.084 8,50 810.902 8.109 0,65 9.962.347 99.623 7,98 1.017.253 81,53 1.247.772
RO 2.930.252 29.303 12,33 2.733.292 27.333 11,50 352.365 3.524 1,48 1.845.535 18.455 7,77 158.976 66,91 237.591
RR 190.143 1.901 0,85 214.119 2.141 0,95 209.175 2.092 0,93 145.265 1.453 0,65 216.715 96,63 224.283
TO 0 0 0,00 0 0 0,00 0 0 0,00 2.949.021 29.490 10,63 248.133 89,41 277.537
TOTAL 7.296.279 72.963 21.637.101 216.371 2.299.816 22.998 39.173.381 391.734 4.345.652 5.049.717
% AM.L 1,44 4,28 0,46 7,76 86,06
Nota: Classes P e R, consideradas aptas para palma de óleo, totalizam 28.933.380 ha = 28.933 km2 = 5,74 % da Amazônia Legal.
* Reservas legais e áreas não desmatadas. Total da área do zoneamento após os recortes: 704.066 km² = aproximadamente 13,94% da Amazônia Legal.
AM.L = Amazônia Legal
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 59
Essa lógica normalmente ocorre na da exposição do solo à erosão e, assim, a
avaliação da aptidão das terras para lavou- vantagem comparativa do nível C, ao con-
ras em geral. No entanto, no caso particu- tar com técnicas de alta eficiência para
lar da palma de óleo, a correção química prevenir e controlar a erosão, não tem efe-
do solo, sobretudo da acidez e da fertilida- tividade no caso dessa cultura.
de, não exerce grande influência em vista
Os resultados do zoneamento agroe-
de uma menor exigência desta cultura por
cológico para a cultura da palma de óleo
nutrientes para o seu desenvolvimento.
nas áreas desmatadas da região Amazô-
Por outro lado, as quantidades de fertili-
nica Legal ensejam relevantes impactos
zantes a serem aplicadas e, consequente-
para o desenvolvimento na região, de for-
mente, os custos financeiros, aumentam
ma diferenciada.
significativamente quando a meta de pro-
dutividade é aumentada.
A palma de óleo em produção é uma Impacto Ambiental
cultura altamente exportadora de mine-
Como cultura perene, a palma de óleo
rais, e o que se retira do solo com a produ-
tem potencial para:
ção deve ser reposto para a safra seguin-
te. Contudo, no caso deste zoneamento, – gerar renda com produção sustenta-
a meta anual de produtividade está sendo da e ecologicamente limpa;
considerada na faixa de 3 a 3,5 toneladas – protege o solo contra o efeito da ero-
por hectare. Esse nível de produtividade são; previne a degradação das terras;
não demanda quantidades de adubo que
não estejam previstas nas condições do – oferece alta taxa de sequestro de
nível de manejo B. Portanto, longe ainda carbono;
de esgotar o potencial do nível de mane- – constitui opção de reflorestamento
jo C, que permite a aplicação de grandes para as áreas desmatadas ocupadas
quantidades de fertilizantes para a cultura com terras degradadas ou com grau
da palma de óleo atingir a produtividade avançado de esgotamento.
mais alta.
Da mesma forma, o impedimento à
mecanização, fator de fundamental im- Impacto Econômico-Social
portância para o nível de manejo C, não – o ZAE-Dendê oferece ao produtor
resulta em grande diferença em relação rural uma alternativa econômica sus-
ao nível de manejo B, que, ao contrário, tentável para o gerenciamento de seu
por conceituação geral, não se baseia na imóvel e diminui a pressão sobre a
mecanização intensa, em vista da baixa floresta;
dependência da cultura da palma de óleo
à mecanização plena. – a implantação da cultura da palma de
óleo propicia uma ocupação da mão
No caso da suscetibilidade à erosão, o de obra local de forma permanente,
raciocínio é similar, não havendo grande hoje basicamente itinerante;
diferença nos resultados da classificação
do nível de Manejo B para o nível de ma- – o zoneamento é um mecanismo de
nejo C, porque a palma de óleo, como acesso ao crédito agrícola e um ins-
cultura perene que oferece grande prote- trumento de referência do Proagro
ção ao solo, não concorre para o aumento (seguro agrícola);
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 61
62
Tabela 5 – Considerações gerais sobre a aptidão de classes de solo em primeiro nível categórico para a cultura da Palma de Óleo
|
Classe de Conceito geral Aptidão para a cultura do dendezeiro Recomendações e cuida-
Solo1 dos de uso agrícola
Argissolos Solos profundos que apresentam significativo gra- De modo geral, apresentam, ao lado dos Latossolos, Correção da fertilidade
diente textural, ou seja, aumento do teor de argila aptidão boa para o cultivo da palma de óleo. No caso de e adoção de práticas
com a profundidade – comparando horizontes ocorrência de petroplintita em grande quantidade, como conservacionistas mais
superficial e subsuperficial – o que acarreta redu- foi registrada em pequenas áreas da Região Norte, há difi- intensivas, principalmente
ção de permeabilidade em profundidade, maior culdade do trabalho de máquinas. A ocorrência de plintita em áreas com declive
escorrimento superficial, e, consequentemente, em parte desses solos denota restrição de drenagem, que mais acentuado.
maior suscetibilidade à erosão. pode reduzir o desenvolvimento radicular da cultura.
Cambissolos Solos pouco desenvolvidos, fracamente estrutura- Em virtude da grande diversidade de situações em que
dos, geralmente pouco profundos, que ocorrem ocorrem e das características que apresentam, a adequa-
com mais frequência em terrenos inclinados, o que ção desses solos ao cultivo da Palma de Óleo deve ser
concorre para caracterizar uma alta suscetibilidade avaliada com base em informações dispostas em níveis –
à erosão e impedimento à franca mecanização. De mais baixos da classificação taxonômica.
maneira menos frequente, podem apresentar boa
fertilidade.
Chernossolos Solos férteis com horizonte superficial escuro, Têm restrições ao cultivo da palma de óleo devido à pouca
ricos em matéria orgânica. Em sua constituição espessura (profundidade efetiva), que pode ser exígua e
predominam argilas de alta atividade inadequada. O predomínio de argila-de-atividade-alta2 con-
corre para a expressão de impedimento à mecanização, o –
que pode ser ainda acentuado pela sua ocorrência em áre-
as declivosas, comuns em algumas áreas do zoneamento,
notadamente no estado do Acre.
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal
alta fertilidade natural. declivosas, e adequação
do tipo de tração a ser
|
utilizada no seu manejo.
63
Tabela 5 – (continuação)
64
Classe de Conceito geral Aptidão para a cultura do dendezeiro Recomendações e cuida-
|
Solo1 dos de uso agrícola
Neossolos Solos pouco desenvolvidos encontrados em terre- Mesmo quando férteis, são considerados inaptos para a
Litólicos nos muito pedregosos e rochosos. São invariavel- cultura da palma de óleo em razão da exígua profundida-
–
mente rasos e normalmente declivosos. de efetiva, da grande suscetibilidade à erosão e de sérios
impedimentos à mecanização.
Neossolos Solos formados por material transportado pelos Inaptos para o dendezeiro em razão da umidade excessiva
Flúvicos rios e depositado às suas margens (aluviões). Ge- e do elevado risco de inundações.
ralmente são férteis e aptos para culturas de ciclo
–
curto; porém, ocorrem em áreas consideradas de
preservação permanente (proteção da mata ciliar)
e são sujeitos à inundação.
Neossolos Solos arenosos (menos de 15% de argila) com alta Devido à sua inerente baixa retenção de água, sua utilização Correção de fertilidade,
Quartzarê- permeabilidade e baixa retenção de água. para a cultura da palma de óleo é especialmente dependen- práticas conservacionistas
nicos te do regime climático da região. Em áreas com pluviosidade que enfoquem o aumento
adequada, apresentam aptidão regular se constituídos de da retenção de água, além
areia fina. Em áreas com baixa precipitação pluviométrica da prevenção dos proces-
ou com a existência de período seco significativo (3 meses), sos erosivos.
sua aptidão é significativamente reduzida. Já o Neossolo
Quartzarênico Hidromórfico é inapto pelas mesmas razões
citadas para os Gleissolos e demais solos hidromórficos.
Nitossolos Solos bem estruturados e férteis, de pequena Apresentam aptidão alta (preferencial) para a cultura da Adoção de práticas de
ocorrência relativa na Região Norte. Assim como palma de óleo. conservação do solo mais
os Argissolos são originados pela eluviação de intensivas quanto mais
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal
solo por contração-expansão, em função da alter-
nância de condições de secagem e umedecimento.
|
1
Classes de solos em primeiro nível categórico (Ordem) conforme Embrapa Solos (2006).
2
Argila expansível torna o solo impermeável e escorregadio quando muito umedecido, e fendilhado quando muito ressecado.
65
RAMALHO FILHO, A.; MOTTA, P. E. F.; NAI-
ME, U. J.; GONÇALVES, A. O.; BARROS, A. H.
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MOTTA, P. E. F.; RAMALHO FILHO, A. ; GON- U. J.; BASTOS, T. X.; GONÇALVES, A. O.; CLA-
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5. Lavras, 2008. Anais... Lavras: UFLA, 2008. – procedimentos metodológicos e resulta-
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ta Rica, 2009. Anais... San Jose, Costa Rica:
Sociedad Latinoamericana de la Ciencia del
Suelo, 2009d. CD-ROM.
Salvaguardas do Zoneamento
Agroecológico para a Palma de Óleo
na Amazônia Legal e Priorização de
Áreas
Ana Paula Dias Turetta e Antonio Ramalho Filho
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 67
• distância do mercado – pequena,
média, grande;
Aspectos • intensidade de mão de obra – baixa,
socioeconômicos média, alta;
• intensidade de capital – baixa, mé-
Assim como nos aspectos ambientais, dia, alta;
a priorização na implantação de projetos
A combinação desses atributos de-
de desenvolvimento para produção de
fine o tipo de sistema de produção e,
óleo de palma deve se basear na conjuga-
consequentemente, serve de base para a
ção dos resultados do zoneamento agro-
formulação de recomendações sobre prá-
ecológico com um conjunto de atributos
ticas de manejo da terra, se compatíveis
do sistema integrado de produção que de-
com o nível de manejo B ou C adotados
finem o contexto socioeconômico no qual
no zoneamento agroecológico da palma
o agricultor opera. Essa definição pode ser
de óleo.
feita com base em algumas ações e as-
pectos de natureza socioeconômica. b) Infraestrutura da área – estradas,
armazém, rede de esgoto, mananciais de
a) Caracterização e categorização, ba-
água potável.
seadas em análise socioeconômica, dos
principais sistemas integrados de produ- c) Facilidades para a formação de coo-
ção existentes (farming systems) na área perativas de produtores de óleo de palma.
onde será implantada a cultura da palma
de óleo. Essa análise socioeconômica
pressupõe o levantamento de diversas
variáveis que constituem os atributos dos
sistemas integrados de produção: Outras salvaguardas
• uso atual da área a ser cultivada com a
cultura da palma de óleo: sistemas de
de natureza ambiental
cultivos – monocultura, culturas con- e econômica
sorciadas, integração de tipos de uso;
• tamanho do imóvel – pequeno, médio, Recorte da área através da subtração
grande (em função do módulo local); prévia de tipos de solo considerados não
indicados ao cultivo da palma de óleo para
• tipo de tração – animal, mecânica, produção econômica devido a restrições
combinada; de natureza física ou química e ambiental,
• ocupação da terra – proprietário, ar- como:
rendatário/posseiro, condomínio; – gleissolos (solos hidromórficos indis-
• insumos materiais – baixo, médio, alto; criminados);
• técnicas para manejo do solo – rudi- – neossolos litólicos e regossólicos
mentares, melhoradas, avançadas; (rasos);
• nível tecnológico – baixo, médio, alto; – neossolos quartzarênicos (areias quart-
zosas de granulação grosseira, mari-
• orientação de mercado – subsistên- nhas e dunas);
cia, comercial, combinada;
– plintossolos;
Zoneamento Agroecológico para a Cultura da Palma de Óleo (dendezeiro) nas Áreas Desmatadas da Amazônia Legal | 69
70 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
PARTE 2
Produção e Manejo
Sustentáveis para a Cultura
da Palma de Óleo
na Amazônia
Editores Técnicos
Planejamento conservacionista e
procedimentos para a instalação de
palmares na Amazônia
Pedro Luiz de Freitas, Antônio Ramalho Filho, Paulo
Emílio Ferreira da Motta e Wenceslau Geraldes Teixeira
Figura 1. Adequação de atividades em uma área de agricultura familiar através do planejamento conservacio-
nista em Benjamin Constant, AM (Foto: Pedro Luiz de Freitas)
Legenda: R1 VD = raízes
primárias com crescimento
vertical voltado para baixo;
R1 H = raízes primárias com
crescimento horizontal; R2
VD = raízes secundárias com
crescimento vertical voltado
para baixo; R2 VU = raízes se-
cundárias com crescimento
vertical voltado para cima;
R2 H = raízes secundárias
geralmente com crescimen-
to horizontal; sR3 = raízes
terciárias superficiais; dR3 =
raízes terciárias profundas;
R4 = raízes quaternárias
Figura 2. Diagrama do sistema radicular de uma planta de palma de óleo adulta (segundo JOURDAN et al., 2000)
600
Pluviometria mensal, em mm
500
400
Belém (Brasil) - 2.981,6 mm.ano-1
300 Bajo Calima (Colômbia) - 5.093,0 mm.ano-1 Figura 4. Preci-
Pobé (Benin) - 1.231,1 mm.ano-1 pitação pluvio-
200
métrica mensal
100 em três locais
de plantio de
0 palma de óleo
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez (adaptado de
Meses HARTLEY, 1983)
Figura 1. Frutos de palma de óleo (Elaeis guineensis Jacq.) tipo Dura (A), Pisífera (B) e Tenera (C)
no mesocarpo, característica ausente nos tico que resultou no lançamento das culti-
frutos do tipo Dura; Pisífera (sh-sh-) – plan- vares Tenera Deli x La Mé, produzidas pela
tas que produzem frutos que não apre- Embrapa, foi empregado o método da se-
sentam endocarpo e que, na maioria das leção recorrente recíproca, sendo a popu-
vezes, produzem flores femininas estéreis lação A composta de plantas tipo Dura de
(abortivas), razão pela qual a produção de origem Deli, que têm como característica
frutos nessas plantas é rara, com algumas a produção de pequeno número de gran-
exceções de Pisíferas férteis. des cachos, e a população B composta de
plantas Tenera/Pisífera de origem La Mé,
Nas populações naturais, as frequ-
que têm como característica a produção
ências de plantas Pisífera (<1%) e Tenera
de grande número de pequenos cachos
(~3%) são baixas, predominando o tipo
(BARCELOS et al. 2000b).
Dura (~97%). Plantas Tenera apresentam
maior proporção de mesocarpo no fruto, O uso de plantas Dura em plantios
resultando em maior produção de óleo comerciais foi abandonado ainda em me-
do que as Dura, fator determinante para ados do século passado. Cabe ressaltar
o uso de plantas Tenera, obtidas do cru- que, no Brasil, os palmares subespontâne-
zamento entre plantas Dura (utilizadas os existentes na Bahia (em torno de 20.000
como genitor feminino) e Pisífera (utiliza- ha), explorados de forma extrativista, são
das como genitor masculino) nos plantios oriundos de sementes introduzidas pelos
comerciais. escravos no século XVI e constituídos de
plantas Dura que apresentam baixa produ-
Os programas de melhoramento ge-
tividade de cachos (3 t/ha/ano a 4 t/ha/
nético de palma de óleo têm como foco
ano) e baixa taxa de extração de óleo (8 a
o híbrido intraespecífico Tenera, indepen-
9%). Já os plantios agroindustriais implan-
dentemente das variações nos esquemas
tados a partir da década de 1960, tanto na
de melhoramento genético adotados. De
Bahia como no Pará, foram estabelecidos
maneira geral, são conduzidas populações
com sementes de cultivares Tenera im-
Dura e Tenera/Pisífera melhoradas per se
portadas da África, da Ásia e da América
e realizados testes de progênies Dura x
Central.
Tenera ou Dura x Pisífera para identificar
as melhores combinações entre essas po- Em hipótese nenhuma deve o produ-
pulações para reprodução comercial do tor utilizar plantas de cultivo comercial
híbrido Tenera (Dura x Pisífera). para propagação e estabelecimento de
novos plantios. A multiplicação das plan-
No programa de melhoramento gené-
tas comerciais do tipo Tenera resulta em
A B
C D
Figura 1. Esquema de produção de mudas de palma de óleo no pré-viveiro mostrando: (a) distribuição dos tu-
betes na bandeja; (b) crescimento de mudas aos três meses de idade pelo método tradicional (controle) e em
tubetes, com e sem adubo de liberação lenta; (c) disposição de mudas em sacos plásticos; (d) aspecto visual
do crescimento radicular de mudas produzidas em tubetes, aos três meses de idade. Fontes: a, b – Raimundo
Rocha; c, d – Paulo Teixeira.
102 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
A adubação é um fator importante na – melhor critério de seleção, com base nas
formação das mudas em tubetes, pois de- características de desenvolvimento.
verá suprir a perda de nutrientes do substra-
Desvantagens:
to por lixiviação e disponibilizar, também,
os nutrientes necessários para as mudas. – aumento do custo de investimento
As pequenas dimensões dos tubetes e o em infraestrutura, mão de obra e ma-
pequeno volume de substrato que supor- teriais utilizados;
tam exigem, entretanto, aplicação de do-
– risco de efeitos adversos sofridos pe-
ses altas de nutrientes solúveis devido às
las mudas ao serem transplantadas
perdas por lixiviação, resultantes da neces-
para o viveiro.
sidade de regas frequentes (NEVES et al.,
1990). Todavia, doses altas de fertilizantes Para mudas produzidas em sacos plásti-
solúveis, sobretudo na fertilização de base, cos, se a fertilidade natural do solo utilizado
elevam a concentração salina do substrato, (terriço) for boa, a adubação não é neces-
podendo causar falhas de germinação, dis- sária no pré-viveiro porque, durante as pri-
túrbios nutricionais e, consequentemente, meiras seis semanas, a planta jovem obtém
retardamento do crescimento inicial das parte das suas necessidades nutricionais
mudas (GONÇALVES et al., 2000). Para con- no endosperma da semente. Em situações
tornar esse problema, foi avaliado o uso de falta de vigor das mudas no pré-viveiro,
de adubos de liberação lenta e controlada, fertilizantes foliares devem ser aplicados
que promovem liberação lenta e contínua para correção de eventuais deficiências nu-
de nutrientes ao longo do tempo, o que tricionais. Entretanto, deve-se ter o cuidado
elimina a necessidade de frequentes adu- de não aplicar fertilizantes foliares em dias
bações, sincronizando a demanda da plan- muito quentes ou secos, ou quando as mu-
ta com a disponibilidade de nutrientes no das estiverem sob estresse hídrico, a fim de
substrato. Teixeira et al. (2009) verificaram evitar a possibilidade de perda de nutrien-
que a adição de fertilizantes ao substrato tes por volatilização ou mesmo a queima
em tubetes plásticos durante o pré-viveiro das mudas. Outra alternativa para evitar a
foi fundamental para a formação final de queima é a mistura de adubos diluída em
mudas de palma de óleo no viveiro, e a água que pode ser aplicada com regador.
ocupação diferenciada das bandejas pelos Em seguida é aplicada água pura com rega-
tubetes em diferentes percentagens de dor para lavar o adubo das folhas.
ocupação durante a fase de pré-viveiro não Os canteiros para produção de mudas
influenciou o crescimento em altura e diâ- em sacos podem ser confeccionados com
metro das mudas de palma de óleo aos 10 1,5 m de largura e 20 m de comprimen-
e 16 meses de idade. to, com espaçamento de 0,8 cm entre os
A prática de manejo incluindo pré-vivei- canteiros. Nessas condições, cada canteiro
ro (viveiro de duas fases) apresenta vanta- comportará aproximadamente 5000 sacos.
gens e desvantagens em relação à semea-
dura direta no viveiro (viveiro de uma fase),
conforme se descreve a seguir:
Vantagens: Viveiro
– melhor controle das atividades na
fase inicial (irrigação, adubação, plan- A fase de viveiro é uma etapa impor-
tas daninhas, etc.), de modo a obter tante nas atividades comerciais em planta-
melhor crescimento e vigor; ções de palma de óleo porque, além de
104 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
A B
C D
Figura 2. Detalhes da formação de mudas no viveiro mostrando: (a) enchimento manual dos sacos; (b) distri-
buição das mudas em área com irrigação manual; (c) distribuição das mudas em área com irrigação por asper-
são; (d) distribuição radicular no viveiro de mudas formadas em tubetes e em sacos plásticos (convencional)
durante o pré-viveiro. Fonte: a, b, c: Raimundo Rocha; d: Paulo Teixeira.
106 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
NEVES, J. C. L.; GOMES, J. M.; NOVAIS, R. F.
Fertilização mineral de mudas de eucalipto.
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Bibliográficas 1990. p.99-126.
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RAES NETO, S. P.; MANARA, M. P. Produção A.; ROCHA, R. N. C.; CUNHA, R. N. V.; LOPES,
de mudas de espécies nativas: substrato, R. Influência da disposição dos tubetes e da
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GONÇALVES, J.L.M.; BENEDETTI, V. (Ed.). Nu- durante o previveiro, no crescimento de mu-
trição e fertilização florestal. Piracicaba: das de dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.).
IPEF, 2000. p.309-350. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 19, n. 2, p.
157-168, abr/jun, 2009.
JACQUEMARD, J. C. et al. Le palmier à huile.
Paris: Maisonneuve et Larose, 1995. 207 p.
Figura 2 – Coroamento planta adulta de palma de óleo Figura 3 – Plantas de palma de óleo coroadas. (Foto:
(Foto: Raimundo Rocha) Raimundo Rocha)
110 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Nessa fase, a manutenção mista pode ser natureza diversa, roedores ou quaisquer
conveniente, alternando-se o coroamento outras desordens que possam ocorrer nas
manual e o químico, na razão de 1:2, res- palmeiras jovens e adultas. Essa fiscaliza-
pectivamente. A frequência dessa prática ção deve compreender:
depende das condições climatológicas. Em
– Controles de rotina: realizados em
condições favoráveis, pode ser necessário
intervalos definidos de acordo com as con-
realizá-la até seis vezes ao ano, no caso do
dições históricas de ocorrência de proble-
coroamento ser realizado manualmente.
mas na região, sendo geralmente mensais.
Contudo, nas médias e grandes plantações,
Adota-se como prática uma visita quinze-
por questão de economicidade, vem preva-
nal, inspecionando-se linhas alternadas
lecendo o controle químico (Figura 4).
em cada passagem. Isso significa que
cada árvore é inspecionada uma vez por
2.2 Roçagem das entrelinhas mês, enquanto a parcela como um todo é
Esta operação tem por objetivo favorecer verificada quinzenalmente. Um operário é
a instalação das plantas utilizadas como co- responsável por inspecionar 200 ha.
bertura do solo, o desenvolvimento da pal- Os pontos fiscalizados mais detida-
meira jovem e a movimentação dos traba- mente são:
lhadores na plantação. A atividade pode ser
• a base dos pecíolos e bulbos, para ve-
necessária de duas a três vezes por ano.
rificar possíveis ataques de roedores;
Em cultivo jovem, recomenda-se rea-
• a folhagem, verificando-se a ocorrên-
lizá-la manualmente, o que permite, na
cia de lagartas desfolhadoras e sinto-
medida do possível, uma roçagem seleti-
mas de doenças, tais como Amarele-
va, de forma a preservar a flora útil. Se as
cimento Fatal (AF), anel vermelho e
condições de preparo da área permitem o
deficiência de boro.
uso de máquinas, pode-se realizá-la meca-
nicamente, com uma roçadeira a uma al- Qualquer outra anomalia não atribuída
tura capaz de não prejudicar muito a legu- a doenças ou pragas deve ser registrada
minosa de cobertura. Na fase adulta, se as com precisão pelo responsável pela fisca-
condições de preparo da área permitirem, lização em fichas apropriadas para cada
a roçagem mecanizada é preferível. bloco de plantio. A equipe de fitossani-
dade deve tratar dos problemas à medida
que vão surgindo, incluindo fiscalização e
2.3 Limpeza da bordadura do troca de iscas de controle de pequenos ro-
plantio edores e do Rhyncophorus, destruição de
A operação tem por objetivo manter formigueiros e identificação das palmeiras
os arbustos da bordadura afastados do mortas (BERTHAUD et al., 2000).
plantio para reduzir o sombreamento e
os ataques de pragas. Pode ser realizada – Controles especiais: em certos casos
uma ou duas vezes por ano, manual ou (pragas de raízes, doenças letais), os con-
mecanicamente. troles de rotina são muito imprecisos. Deve-
se, então, efetuar um controle específico,
sob a responsabilidade de especialistas, a
2.4 Fitossanidade do plantio fim de que medidas de tratamento ou con-
trole sejam adotadas em tempo hábil.
A fiscalização sanitária é indispensá-
vel para tratar a tempo os diferentes da- – Erradicação de palmeiras doentes:
nos causados por insetos, patógenos de de um modo geral, é necessário erradicar
112 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
- até 4 ou 5 anos: evita-se cortar folhas lhidos no período, a qual deve levar em
funcionais, de maneira a favorecer o conta resultados anteriores. Pode-se sele-
desenvolvimento da palmeira; nessa cionar uma amostra de 5% das árvores, ou
idade, a poda se resume à retirada de seja, uma linha sobre 20, da qual todas as
folhas secas; árvores são observadas. A linha amostra-
da não se altera de uma observação para
- de 6 a 15 anos: deixar duas folhas sob
outra. O número de cachos é multiplicado
o cacho maduro ou imaturo; quando
pela estimação do peso médio. As varia-
não houver cachos, deixam-se cinco
ções sazonais de duração da maturação e
folhas por espiral;
a dificuldade de se estimar o peso médio
- após 15 anos: deixar apenas uma fo- podem causar sub ou superestimação da
lha sob o cacho maduro, dada a di- produção (JACQUEMARD, 1995).
ficuldade de se detectar cachos em
plantas altas.
2.8.2 Critérios de maturidade e
frequência de colheita
A frequência dessa prática está condi-
O teor de óleo no cacho continua in-
cionada a fatores como emissão foliar e
crementando até os últimos dias que ante-
picos de produção, mas, geralmente, é
cedem a colheita. Quando os primeiros se
realizada uma vez ao ano. O rendimento
destacam, o cacho é considerado maduro.
também é bastante variável, dependendo
A maturação dos cachos não é uniforme:
do número de folhas a serem retiradas.
a progressão ocorre do alto para baixo e
Além do corte das folhas, o trabalho do exterior para o interior do cacho. Nu-
de poda deve ser complementado por ou- merosos fatores intervêm no processo de
tras atividades, que consistem em: elimi- maturação e na taxa de frutos destacados:
nar flores masculinas secas, samambaias clima, idade das palmeiras, origem gené-
do estipe e coroa foliar; cortar o pecíolo e tica e duração dos intervalos de colheita
a raque das folhas, estas em dois ou três (BERTHAUD et al., 2000).
segmentos, e amontoar os mesmos na
Considera-se como estado ótimo de
leira ou em montes entre as palmeiras na
colheita quando o cacho colhido contém
linha de plantio.
o máximo teor em óleo com o mínimo de
frutos destacados e um nível razoável de
acidez. Quanto menor a quantidade de
2.8 Colheita
ácidos graxos livres, melhor será a qualida-
Para uma boa execução das operações de do óleo. Em um fruto maduro, o teor
de colheita, é necessário prever o volume de ácidos graxos livres é de 0,5% e, em
de produção, definir critérios de maturida- cachos que foram colhidos e processados
de eficazes e transportar para a usina, no sem atraso, esse teor é cerca de 2% (CO-
menor espaço de tempo possível, os ca- ORLEY & TINKER, 2003).
chos colhidos e os frutos destacados.
A colheita dos frutos destacados é
2.8.1 Previsão de colheita uma operação dispendiosa. Muitas vezes,
Uma previsão semestral pode ser feita uma parte significativa do óleo é perdida
por contagem das inflorescências fêmeas em função dos frutos soltos que são ar-
e cachos, supondo-se que serão colhidos remessados longe da coroa das plantas,
nos próximos seis meses. Essa contagem impedindo ou dificultando a colheita dos
deve ser complementada com a avaliação mesmos. Para amenizar essa perda, um
do peso médio de cachos a serem co- padrão de amadurecimento do cacho
114 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
bastante planas. Com uma equipe de três com guindaste para facilitar o carrega-
pessoas, é possível transportar de 12 a 18 t mento com o uso de redes. A equipe é
de cachos/dia até a usina, a uma distância constituída de um motorista e três carre-
de 7 a 10 km (BERTHAUD et al., 2000). gadores. O rendimento depende essen-
cialmente da distância a ser percorrida e
2.8.4 Transporte dos cachos até
da capacidade de carga do equipamento
a usina
utilizado (JACQUEMARD, 1995).
Quando os cachos são dispostos na
bordadura da parcela, devem ser transpor-
tados à usina o mais rápido possível. Para 2.9 Coeficientes técnicos
que se obtenha uma boa qualidade de
Os coeficientes das várias práticas de
óleo, recomenda-se que, da colheita ao
manutenção de palma de óleo são muito
início do processamento, o tempo trans-
variáveis, uma vez que as condições espe-
corrido não exceda 48 h. Para pequenas
cíficas de cada plantação têm que ser ob-
distâncias, podem ser utilizados tratores
servadas. Assim, eles devem ser ajustados
equipados com carretas com capacidade
aos projetos considerando a localidade, as
de 3 a 10 t. É necessária uma equipe cons-
condições de topografia e vegetação da
tituída de um motorista e dois carregado-
área, a capacidade gerencial e a experiên-
res. Para distâncias mais longas, é prefe-
cia na execução das atividades.
rível utilizar caçambas com capacidade
mínima de 7 t. Estas podem ser equipadas
Operação Pessoal
Coroamento manual 0,6 – 0,8 h/d/ronda
Ampliação química das coroas 1,0 h/d/ronda
Roçagem manual das entrelinhas 2,5 h/d/ronda
Limpeza manual das bordaduras 500 m/h/d
Eliminação das plantas invasoras
Gramíneas
1º tratamento manual 6 h/d
2º tratamento 1,0 h/d
3º tratamento 0,5 h/d
Controle de rotina 2,5 h/d/ronda
Plantas lenhosas 0,1 h/d
Adubação (incluídos mistura e transporte) 0,7 h/d/ronda
Polinização assistida
- detecção da falta de pólen 0,001 h/d/ronda
- colheita e preparo do pólen 0,02 h/d/ronda
- polinização assistida 0,2 h/d/ronda
Limpeza pré-colheita 1,5 h/d
Controle fitossanitário
- controles de rotina 0,04 h/d
- controles especiais, tratamentos e erradicação Prever 1 h/d
Manutenção da rede de drenagem Variável conforme a rede
Operação Pessoal
- Coroamento
Manual 1,0 – 1,25 h/d/ronda
Mecanizado (roçadeira portátil) 0,8 h/d/ronda
Químico (pulverizador costal) 0,3 h/d/ronda
Químico (pulverizador UBV/ULVI) 0,15 h/d/ronda
- Roçagem das entrelinhas
Manual 1,5 h/d/ronda
Mecanizado (roçadeira portátil) 0,8 h/d/ronda
- Limpeza manual das bordaduras 500 m/hd
- Controle das plantas invasoras 0,9 h/d/ronda
- Adubação (incluídos a mistura e o transporte) 0,7 h/d/ronda
- Poda
- árvores < 6 metros de altura 3,0 h/d/ronda
- árvores > 6 metros de altura 4-5 h/d/ronda
- Controle fitossanitário
- controles de rotina 0,04 h/d
- controles especiais, tratamentos e erradicação prever 1 h/d
- Manutenção da rede de drenagem variável conforme a rede
116 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Nas Tabelas 1, 2 e 3 são apresentados CORLEY, R. V. H.; TINKER, P. B. The oil
os coeficientes técnicos para 1 hectare de palm. 4 ed. Londres: Blackwell Science,
palma de óleo, tomando como base des- 2003.
crições satisfatórias desses coeficientes
JACQUEMARD, J. C. Le palmier à huile.
apresentadas em BERTHAUD et al. (2000),
Paris: Maisonneuve & Larose, 1995. 207 p.
CORLEY & TINKER (2003), RANKINE & FAI-
Le Technicien d’agriculture tropicale).
RHURST (1999a), RANKINE & FAIRHURST
(1999b) e observações realizadas em pro- RANKINE, I. R.; FAIRHURST, T. H. Field
jetos de pesquisa e plantações comerciais Handbook: oil palm series volume 2 - im-
conduzidos nas condições amazônicas. mature. Singapore: Potash & Phosphate
Institute (PPI) ; Saskatoon: Potash & Phos-
phate Institute of Canada, 1999a. 154 p.
RANKINE, I. R.; FAIRHURST, T. H. Field
3. Referências Handbook: oil palm series volume 3– Ma-
ture. 2 ed. Singapore: Potash & Phosphate
bibliográficas Institute (PPI) ; Saskatoon: Potash & Phos-
phate Institute of Canada, 1999b. 135 p.
BERTHAUD, A.; NUNES, C. D. M.; BAR-
CELOS, B.; CUNHA, R. N. C. Implantação e
exploração da cultura do dendezeiro. In:
VIÉGAS, I. J. M.; MÜLLER, A. A. (Ed.). A cul-
tura do Dendezeiro na Amazônia Brasi-
leira. Belém: EMBRAPA Amazônia Oriental
; Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental,
2000. p. 193-222.
120 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Tabela 1. Sintomas e causas de deficiências nutricionais na palma de óleo na Amazônia
|
deficiência de Mg são sempre mais pronunciados em folíolos expostos à luz solar; nas partes potássica.
protegidas não há clorose, isto é, os folíolos ou parte de sua superfície que estão na sombra
permanecem verdes, sintoma característico da diagnose visual, conhecido como “efeito
sombra”. Muitas plantas parecem ser geneticamente predispostas à deficiência de Mg.
121
122
|
Tabela 1. Sintomas e causas de deficiências nutricionais na palma de óleo na Amazônia (continuação)
124 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
• Os aspectos fitossanitários – a presen- liar, destacam-se como de primordial
ça de pragas e doenças, bem como o importância o nível crítico, as intera-
histórico da aplicação de tratamentos, ções e os sintomas de deficiência,
são fatores que devem ser levados por constituírem a base de utilização
em consideração na interpretação da análise foliar para determinação
dos resultados da análise foliar, pois da necessidade de adubação da pal-
influenciam a composição mineral ma de óleo. Assim, o conhecimento
das folhas e podem ter efeito na ab- da concentração dos nutrientes nos
sorção, no transporte, na redistribui- diversos órgãos da planta em suces-
ção e no metabolismo dos nutrientes. sivos estádios de desenvolvimento
Algumas substâncias usadas nos tra- é condição essencial para ajudar
tamentos fitossanitários possuem em no entendimento de problemas nu-
suas composições elementos que são tricionais e nas recomendações de
nutrientes, tais como fósforo, cobre e adubação.
cloro. Por outro lado, plantas afetadas
por pragas e doenças podem exterio-
rizar sintomatologias que se asseme- 3.5. Nível Crítico
lham a algumas deficiências nutricio-
O método de diagnose foliar baseia-
nais. Bactérias do gênero Erwinia, por
se no fato, demonstrado experimental-
exemplo, podem induzir na palma de
mente, de que, dentro de limites, há uma
óleo sintomas que se assemelham à
relação direta e positiva entre teor foliar,
deficiência de boro.
crescimento e produção. Portanto, é de
• Os tratos culturais – o estado nutri- se esperar que um aumento na concen-
cional da palma de óleo pode ser tração de um determinado elemento ou
influenciado pelo manejo dado à elementos na folha corresponda a um au-
cultura. As culturas intercalares, por mento de produção.
exemplo, podem enriquecer o solo
Os vários estudos desenvolvidos sobre
em nutrientes ou empobrecê-lo pela
a nutrição mineral da palma de óleo per-
remoção deles. As leguminosas, nor-
mitiram o estabelecimento dos níveis crí-
malmente utilizadas nas plantações
ticos, que se revelaram válidos na grande
de palma de óleo, quando bem ins-
maioria dos casos (Tabela 2). Considera-se
taladas e manejadas, enriquecem
como nível crítico de um dado elemento
o solo em nitrogênio, contribuindo
o valor abaixo do qual a probabilidade de
para que teores foliares na palma
resposta ao uso de fertilizantes é alta. En-
de óleo atinjam valores adequados
tretanto, em áreas onde as condições am-
mesmo na ausência da aplicação do
bientais estimulam altas produções, po-
fertilizante (RODRIGUES et al., 1999).
de-se facilmente encontrar níveis críticos
Por outro lado, é comum observar
mais baixos. Dentro desse contexto, é im-
teores de nitrogênio e fósforo signifi-
portante ressaltar que o emprego rigoroso
cativamente inferiores nas folhas da
da diagnose foliar implica na definição de
palma de óleo quando na cobertu-
níveis críticos, considerando as condições
ra do solo predominam gramíneas
locais, incluindo a viabilidade econômica
(GRAY; KEW, 1968).
do uso dos fertilizantes.
• Os aspectos nutricionais – entre os
vários fatores envolvidos na interpre-
tação dos resultados da análise fo-
Local
Nutriente
Bahia1 Pará2 Amazonas3 Faixa Ótima4
N (g kg-1) 22,6 - 26,3 28,8 - 27,5 22,2 - 27,0 26,0 - 29,0
P (g kg-1) 1,40 - 1,90 1,20 - 1,60 1,31 - 1,76 1,60 - 1,90
K (g kg-1) 10,1 - 14,9 6,80 - 16,7 5,25 - 13,46 11,0 - 13,0
Ca (g kg-1) 11,6 - 16,4 5,20 - 11,9 7,28 - 10,8 5,0 - 7,0
Mg (g kg-1) 2,30 - 3,20 2,10 - 2,80 2,01 - 3,69 3,0 - 4,5
S (g kg-1) - 1,60 - 2,10 1,65 - 2,06 2,5 - 4,0
Cl (g kg-1) - 3,30 - 6,50 3,43 - 7,53 5,0 - 7,0
B (mg kg-1) - 17,2 - 25,3 15,7 - 26,7 15,0 - 25,0
Cu (mg kg-1) - - 3,4 - 7,0 5,0 - 8,0
Zn (mg kg-1) - - 8,4 - 12,9 12,0 - 18,0
Fontes: 1 - Chepote et al., 1988; 2 - Viégas, 1993; 3 - Rodrigues, 1993; 4 – Uexlkull e Fairhurst, 1991.
126 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
de absorção e assimilação do nitrogênio porcentagens ótimas correspondentes aos
e do fósforo na palma de óleo pode ser teores para cada elemento sobre a maté-
explicado pela relação N/P, proposta por ria seca da folha 17, de aproximadamente
Ollagnier e Ochs (1981), na qual o nível 58 % de K (11,5 g kg-1 m.s), 30 % de Ca (6,0
ótimo de fósforo varia em função do teor g kg-1 m.s) e 12 % de Mg (2,4 g kg-1 m.s).
em nitrogênio, com uma relação linear:
Diante do exposto, verifica-se que a in-
P(%)=0,0487 N(%) + 0,039. Considerando
terpretação dos resultados da análise foliar,
o nível crítico adotado para cada um des-
visando à adequação das recomendações
ses elementos, podemos dizer que:
de adubação, deve ser baseada não so-
– a relação N/P em torno de 16 indica mente sobre o nível absoluto dos elemen-
que a nutrição em P e N está balan- tos (aspecto quantitativo da nutrição), mas
ceada (o equilíbrio entre os dois também sobre a relação entre os elemen-
nutrientes é bom); entretanto, cada tos – sinergismos e antagonismos (aspec-
aporte de adubo nitrogenado deve tos qualitativos da nutrição) –, pois a dose
ser acompanhado de adubo fosfata- ótima de um elemento sempre depende
do para não gerar desequilíbrio; da dose aplicada de outro elemento.
– se N/P > 16, existe um déficit em P
em relação ao N e, neste caso, não é
válido fazer a adubação nitrogenada
sem previamente fornecer o fósforo;
– se N/P < 16, indica que a planta está 4. Adubação da
relativamente bem nutrida em P em palma de óleo
comparação a uma nutrição em N
deficiente; daí a necessidade, neste
4.1. Resposta
caso, de um aporte de N.
As curvas de resposta aos adubos,
Atenção especial deve ser dada às
e mesmo os níveis críticos, não têm um
mudanças do equilíbrio iônico, pois é co-
caráter universal. Convém, portanto, inter-
mum na palma de óleo a ocorrência de
pretar os resultados das análises foliares
relações antagônicas entre os cátions po-
tendo em conta as condições do meio,
tássio, magnésio e cálcio. O potássio é o
particularmente as hídricas e as caracterís-
nutriente exportado em maior quantidade
ticas do solo, a idade das plantas e seu po-
pela produção dos cachos. Por outro lado,
tencial produtivo, bem como a viabilidade
a aplicação de K necessária para manter
econômica do uso dos fertilizantes.
produções elevadas pode induzir a defici-
ência de magnésio e a baixa relação Mg/K Dentro desse enfoque, a Embrapa
nos solos, causada por uma nutrição de- Amazônia Ocidental realizou estudos
sequilibrada, evidenciando que as doses buscando conhecer o comportamento e
de adubos devem ser balanceadas. Nesse as principais exigências nutricionais da
sentido, é interessante considerar os estu- palma de óleo nas condições pedocli-
dos sobre a variabilidade e outros aspec- máticas da região. Os resultados obtidos
tos da soma dos cátions K + Ca + Mg, de- nessas pesquisas permitiram identificar
senvolvidos por Prevot e Ollagnier (1954) respostas da palma de óleo à aplicação
e Knecht et al. (1975), que demonstraram de fertilizantes e formular as recomenda-
que essa soma é relativamente constante ções de adubação para as condições da
e em torno de 2, sendo a distribuição das Amazônia Ocidental.
128 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
pela palma de óleo e o seu crescimento. em cobre (RODRIGUES et al., 1997).
Quando a palma de óleo é cultivada em
solos pobres em B e este não é fornecido
pela adubação, observam-se, com frequ- 4.2. Recomendação de
ência, anormalidades no desenvolvimen- adubação
to da planta, com possíveis prejuízos para
O programa de nutrição mineral e
a sua produção. Por sua vez, a adubação
adubação da palma de óleo proposto pela
fosfatada, indispensável nas condições
Embrapa Amazônia Ocidental (Tabela 4)
dos solos da Amazônia, que normalmente
foi estabelecido levando-se em considera-
contam com baixos teores desse elemen-
ção informações de ensaios de adubação
to, deprime os teores foliares de cobre e
e de manejo.
zinco, afetando principalmente a nutrição
1 - O fósforo deve ser aplicado na cova, sendo uma parte no fundo e uma parte misturada à terra de enchi-
mento. Os demais adubos são distribuídos ao redor das plantas, sob a projeção da copa.
2 – No primeiro ano, as doses de N devem ser parceladas em três vezes (jan/fev (plantio), maio e novembro)
e as de K em duas vezes (maio e novembro); a partir do segundo ano, deve-se, preferencialmente, manter o
parcelamento dos adubos em duas vezes (maio e novembro), principalmente N e K.
130 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
RODRIGUES, M. R. L.; AMBLARD, P.; SILVA, E. VIÉGAS, I. J. M.; BOTELHO, S. M. Nutrição e
B.; MACEDO, J. L V.; CUNHA, R. N. V. TAVARES, adubação do dendezeiro. In: VIÉGAS, I. J.;
A. M. Avaliação do estado nutricional do MÜLLER, A. A. A cultura do dendezeiro na
dendezeiro: análise foliar. Manaus: Embra- Amazônia brasileira. Belém. Embrapa Ama-
pa Amazônia Ocidental, 2002. 9 p. (Circular zônia Oriental ; Manaus: Embrapa Amazônia
Técnica, 11). Ocidental, 2000. p.229-273.
134 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
prepara bem a terra para a Pueraria se- lar da palma de óleo. Estudando o efeito
meada ao mesmo tempo, dominando a do desmatamento e de culturas como a
maior parte das invasoras. A Pueraria pode da palma de óleo associada com plantas
ser semeada em sulcos, covas ou a lanço leguminosas sobre a estrutura de solos
sobre toda a superfície das entrelinhas, argilosos da Amazônia, GRIMALDI et al.
utilizando-se de 1 a 3 kg de sementes/ha, (1993) concluíram que o uso de espécies
enquanto que a Mucuna é semeada ao arbóreas ou forrageiras de cobertura, com
longo das leiras, empregando-se 2 kg de abundante produção de liteira e de raízes,
sementes/ha. A densidade de semeadura pode acelerar o restabelecimento dos pro-
das plantas de cobertura depende da rapi- cessos biológicos de reciclagem e reestru-
dez com que se deseja obter uma cober- turação do solo. A palma de óleo, quando
tura vegetal e ajuda a limitar os riscos de associada com leguminosas, se beneficia
invasão das ervas daninhas. não só da fixação de nitrogênio (AGAMU-
THU; BROUGHTON, 1985), como também
A semeadura das plantas de cobertu-
do melhoramento da estrutura do solo
ra deve ser efetuada logo após o preparo
pelas raízes e pela liteira, e da diminuição
da área, no inicio da estação das chuvas.
da concorrência de ervas daninhas agres-
Cita-se, ainda, entre outras leguminosas
sivas, principalmente as gramíneas.
que são igualmente utilizadas, o Calopo-
gonium caeruleum (tolerante ao sombrea- No caso específico da cultura da pal-
mento), o Desmodium ovalifolium, o Cen- ma de óleo, várias práticas de manejo
trosema pubescens e o Calopogonium têm sido propostas para limitar a erosão
mucunoides. e as perdas por escorrimento e lixiviação
(TAILLIEZ, 1975; QUENCEZ, 1986; CALIMAN;
O sistema de manejo adotado pela cul-
KOCHKO, 1987). Cita-se como exemplo a
tura da palma de óleo permite um input
grande quantidade de folhas fornecidas
significativo de matéria orgânica ao siste-
pela poda de limpeza/colheita, que varia
ma, seja pela grande quantidade de fo-
em torno de 11 a 16 t/ha/ano de resíduos
lhas fornecidas pela poda de limpeza, seja
na plantação (HARTLEY, 1988). Sua simples
pela associação com leguminosas para
deposição nas entrelinhas, além de repre-
cobertura do solo que, além de fixarem
sentar uma importante fonte de nutrien-
nitrogênio através da produção de liteira e
tes (SOLANO, 1986), constitui uma medida
raízes, podem contribuir para o restabele-
efetiva de conservação do solo, podendo
cimento dos processos biológicos de reci-
reduzir a erosão em mais de 33% (QUEN-
clagem e reestruturação do solo. Por outro
CEZ, 1986; KEE; CHEW, 1996).
lado, o sucesso da introdução da palma
de óleo em área alteradas, abandonadas Em estudo conduzido nas condições
ou degradadas dependerá principalmente da Amazônia (RODRIGUES et al., 2002),
da capacidade do seu sistema radicular se instalou-se inicialmente, como cobertu-
desenvolver em solos compactados. Se- ra do solo, a Pueraria e o Desmodium.
gundo JACQUEMARD (1995), a palma de Após doze anos de cultivo, a Pueraria foi
óleo tem um sistema radicular vigoroso e totalmente invadida pela samambaia, en-
extenso; entretanto, zonas compactas no quanto o Desmodium, mais resistente ao
solo podem reduzir o desenvolvimento sombreamento, permaneceu, com uma
do seu sistema radicular. produção de matéria seca da parte aérea
de 4,3 t/ha. A Tabela 1 mostra os teores de
Nesse sentido, tem-se observado um
carbono e de nitrogênio, determinados
efeito positivo da planta de cobertura so-
pela combustão por via seca com um au-
bre o desenvolvimento do sistema radicu-
136 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
culturais da cultura intercalada, utilização
total dos insumos simultaneamente por
ambos os sistemas radiculares e intensifi-
3. Cultivos intercalados
cação da exploração da área. com palma de óleo: a
MORAIS et al. (2009), estudando a in-
fluência da variação de temperatura foliar
experiência do Estado
sobre as trocas gasosas da palma de óleo do Amazonas
em plantios solteiros e consorciados com
banana ou mandioca em áreas degrada- Neste tópico, serão apresentados al-
das da Amazônia, observaram que as cul- guns estudos de casos de cultivos interca-
turas intercalares exerceram influência so- lados envolvendo a cultura da palma de
bre as trocas gasosas da palma de óleo em óleo como cultura principal no Estado do
função da variação de temperatura. Com Amazonas. Cabe ressaltar que nem todas
relação às taxas de condutância estomá- as culturas possíveis de serem consorciadas
tica, observou-se para o sistema da palma com a palma de óleo serão abordadas.
de óleo sem cultura intercalar e com man-
dioca um declínio significativo a partir da No Estado do Amazonas, estudos
temperatura de 38-41,9°C, enquanto para realizados com a palma de óleo interca-
o sistema com bananeira, esse declínio lada com banana, abacaxi e mandioca
significativo ocorreu a partir dos 46-49,9°C em áreas degradadas durante três anos
(maior capacidade de sombreamento da da fase pré-produtiva da palma de óleo
bananeira). Resultados similares foram ob- apresentaram resultados altamente sig-
tidos por Dufrene e Saugier (1989, 1993) nificativos para amortização do custo de
estudando as trocas gasosas da palma de implantação dos sistemas consorciados.
óleo sob condições de campo na Costa Quando a cultura da palma de óleo foi
do Marfim, onde verificaram que as taxas intercalada com bananeira, a amortiza-
de transpiração e condutância estomática ção do custo de implantação do sistema
aumentaram com o incremento da tem- durante três ciclos produtivos da bana-
peratura foliar, e que temperaturas foliares neira foi de 89,7% (ROCHA et al., 2007a).
entre 30 e 38°C não exerceram um efeito Quando a cultura da palma de óleo foi in-
significativo sobre as taxas fotossintéticas. tercalada com abacaxi, a amortização do
custo de implantação do sistema durante
MORA et al. (1985) demonstraram a um ciclo produtivo do abacaxizeiro foi de
viabilidade econômica dos cultivos in- 100% (ROCHA et al., 2007b). Quando inter-
tercalados com palma de óleo em solos calada com mandioca, a amortização do
da Venezuela. A análise de rentabilidade custo de implantação do sistema durante
dos diversos sistemas de cultivo adotados quatro ciclos produtivos da mandioca foi
mostrou que a associação palma de óleo de 66,6% (ROCHA et al., 2007c). ROCHA et
x banana x mandioca gerou não somente al. (2007d) encontraram efeito positivo no
os maiores ingressos brutos, cobrindo 87% desenvolvimento vegetativo da palma de
dos custos totais de implantação já no pri- óleo quando intercalada com outras cul-
meiro ano, como também promoveu me- turas na fase pré-produtiva, se comparado
lhor desenvolvimento da palma de óleo. com o sistema de monocultivo. Os auto-
res concluíram que a palma de óleo se be-
neficiou com os resíduos da adubação e
a matéria orgânica deixados pelas culturas
intercalares.
A B
Figura 1. Sistemas de cultivo da palma de óleo intercalado com (a) duas linhas de bananeira e (b) uma linha de
bananeira. (a) Plantio de banana feito imediatamente após o plantio da palma de óleo e conduzido até o terceiro
ano; (b) Replantio de banana feito após o terceiro ano de cultivo da palma de óleo. (Fotos: Raimundo Rocha)
138 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
A B
Figura 2. Sistemas de cultivo da palma de óleo intercalado com: (a) cinco linhas de macaxeira e (b) quatro linhas
duplas de abacaxizeiro. (Fotos: Raimundo Rocha)
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142 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
PARTE 2
Capítulo 8
144 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
considerando a profundidade na qual o sis- e são de mais difícil absorção pelas raízes
tema radicular poderá absorver água sem das plantas de palma de óleo.
reduções significativas de produtividade.
A Capacidade de Água Disponível (CAD)
A umidade que o solo atinge, após de um solo é a fração da água presente
cessar a drenagem pelos macroporos, é no solo que se encontra em condições de
conhecida como umidade na Capacidade ser absorvida pelas raízes. Em geral, é o ar-
de Campo (CC). Sua definição é controver- mazenamento possível de água, calculado
sa, mas consiste basicamente na umidade pela diferença entre a umidade na CC e a
do solo após este ter sido saturado e o flu- umidade no PMP, considerando a profun-
xo da água ter praticamente cessado pelas didade efetiva do sistema radicular.
forças gravitacionais. Essa umidade pode
O valor máximo de umidade que um
variar entre 15% e 45% para solos mais are-
solo pode atingir é conhecido como umida-
nosos a mais argilosos, respectivamente. O
de de saturação. Isso ocorre quando todo
Ponto de Murcha Permanente (PMP) pode
o espaço poroso do solo está preenchido
ser resumido como a umidade na qual as
com água. A saturação do solo acontece
plantas não conseguem mais absorver
muito raramente em condições de campo,
água do solo devido à elevada energia
sendo observada em locais que apresen-
com que esta se apresenta. Esse valor é
tam boa drenagem apenas quando ocor-
determinado com equipamentos especiais
rem precipitações muito intensas, acima da
em laboratório e varia entre 7% e 25%, en-
capacidade de infiltração do solo. Um pal-
tre solos arenosos e muito argilosos.
mar bem manejado e com solo bem dre-
A quantidade de água retida entre CC nado, mesmo após intensas precipitações,
e PMP é conhecida como Água Disponí- não ficará saturado por um longo período.
vel (AD). A quantidade de água disponível A boa drenagem do solo se dá quando há
num solo é dependente de sua estrutura, manutenção da estrutura que forma o es-
textura e mineralogia. Esse valor pode ser paço poroso, o qual regula os processos de
alterado com o manejo do solo. Na maioria aeração e drenagem do solo.
dos casos, ocorre uma redução da percen-
Após uma chuva ou irrigação, a drena-
tagem de AD pela redução da porosidade
gem é governada basicamente pela força
e da umidade na CC causada por reduções
gravitacional que atua efetivamente nos
do espaço poroso (compactação). A redu-
macroporos (poros com diâmetro equi-
ção do tamanho dos poros faz com que a
valente maior que 50 μm). Nos poros de
água seja retida no solo com maior ener-
menor diâmetro (meso e microporos), as
gia, e a habilidade das raízes da palma de
forças capilares e de adsorção é que con-
óleo em absorver a água do solo depende
trolam a velocidade do fluxo de água e a
mais do potencial da água do que de sua
sua capacidade de drenagem. Em solos
quantidade total (TINKER; NYE, 2000). Essa
com grande percentual do espaço poroso
relação entre potencial de água no solo e
com poros de pequeno diâmetro (micropo-
quantidade de água no solo é conhecida
ros) e de textura argilosa, grande parte da
como Curva de Retenção de Umidade do
água é retida por forças de adsorção que
solo (CRU). A relação (CRU) é governada,
ocorrem entre as moléculas de água e a
na maior parte, por forças capilares causa-
superfície das partículas (minerais de silte e
das pelos poros do solo no qual a água está
argila, grãos de areia e frações orgânicas).
armazenada. Solos com elevada quantida-
Essa água retida por forças de adsorção ou
de de microporos apresentam um grande
forças capilares muito intensas é pratica-
percentual de água com elevada energia
mente indisponível para a palma de óleo
146 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
sentam uma boa drenagem. Peralta et al.
3. Aspectos de (1985) e Calliman et al. (1990b) concluíram
que a manutenção das características físi-
diferentes classes de cas do solo num palmar pode contribuir
de modo significativo para o aumento dos
solo e da granulometria rendimentos devido à melhor eficiência
no desenvolvimento da de utilização dos adubos.
A palma de óleo apresenta melhores
palma de óleo produtividades em solos com profundidade
efetiva maior que 1,0 m e não compactados
A palma de óleo se desenvolve bem ou densos naturalmente. O sistema radicu-
em condições edáficas muito diversas, lar fasciculado da palma de óleo é sensível
podendo se adaptar a solos distróficos (a a solos compactados (OLLAGNIER et al.,
saturação por bases no complexo de troca 1970; CALLIMAN et al., 1990a), apresentan-
de cátions é menor que 50%), desde que do uma acentuada redução de crescimento
corrigidos, adubados e manejados crite- quando cultivado nessas condições.
riosamente (VIÉGAS e BOTELHO, 2000).
Entretanto, solos férteis terão custos re- A presença de alguma camada de
duzidos de adubação e, potencialmente, impedimento, como ocorre em alguns
maior produtividade. Plintossolos (solos que apresentam hori-
zontes plíntico ou petroplíntico, caracteri-
Na Amazônia brasileira, a palma de zados pela presença de uma camada de
óleo vem sendo cultivada principalmente concreções) e Espodossolos (solos que
nos Latossolos Amarelos de textura mé- apresentam horizonte espódico, muitas
dia na região Bragantina e nos Latossolos vezes endurecido pela cimentação de óxi-
Amarelos de textura argilosa na região de dos de ferro e alumínio), pode também li-
Manaus. Ambos os solos são distróficos, mitar o estabelecimento e a produtividade
além de deficientes em fósforo e na maio- da palma de óleo. A presença de grandes
ria dos principais nutrientes (magnésio, quantidades de concreções endurecidas
potássio, cálcio e boro). Trabalhos condu- (petroplintita) reduz o volume de solo
zidos em Belém (PACHECO et al., 1985) e para exploração das raízes e também a
em Manaus (RODRIGUES et al., 1997) de- capacidade de armazenamento de água
monstraram que o fósforo foi o elemento no solo, dado que normalmente as petro-
mais limitante para o desenvolvimento e a plintitas não possuem baixa porosidade.
produção de palma de óleo nesses locais. Entretanto, se a quantidade de petroplin-
Os Latossolos, nas suas condições tita não for excessiva e as propriedades
originais, normalmente apresentam boas da massa de solo forem adequadas, es-
características físicas, sendo, entretanto, ses solos podem ser parcialmente aptos,
suscetíveis à compactação e à degradação como ocorre em algumas áreas no estado
da estrutura do solo. Paradoxalmente, os do Pará. Em regiões onde ocorrem os Plin-
Latossolos Amarelos da região Bragantina, tossolos, é necessário um estudo mais de-
no Pará, apesar de apresentarem o pre- talhado sobre a profundidade em que se
domínio de partículas minerais na fração encontram as camadas de impedimento e
areia, apresentam uma reduzida drena- sua influência na redução da drenagem.
gem em relação aos Latossolos Amarelos Regiões com predomínio de solos
argilosos ou muito argilosos bem estru- arenosos, como Espodossolos e Neosso-
turados da Amazônia Central, que apre- los quartzarênicos, serão consideradas
148 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
mente com as condições do ambiente. As
condições microclimáticas de um palmar
refletem na capacidade de EVT e evapora-
5. Referências
ção da água no solo (CABRAL, 2000), num bibliográficas
intricado processo dinâmico no qual as
condições de umidade do solo influirão ASSIS, R. P. ; CARVALHO, J. G. ; PAULA, M. B. ;
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de diferentes relações entre K, Ca e Mg na
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metro dos poros influenciará as condições BARCELOS, E.; RODRIGUES, F. M.; MORALES, E.
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algumas situações de manejo de solos tro- volvimento sustentável no Amazonas. Manaus:
Embrapa Amazônia Ocidental, 1999. 19 p.
picais, o espaço poroso total do solo não
se altera, mas ocorrem mudanças na distri- BASTOS, T. X.; MÜLLER, A. A.; PACHECO, N. A.;
buição de frequência de poros por tama- SAMPAIO, S. M. N.; ASSAD, E. D.; MARQUES,
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150 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
PARTE 2
Capítulo 9
152 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
cultivadas e/ou nativas da Amazônia, par- meiras, a captura do adulto dessa praga
ticularmente o coqueiro e o açaizeiro. pode ser efetuada utilizando vários tipos
de iscas contendo feromônio sintético de
Os danos em cultivos de palma de óleo
agregação, as quais podem ser encontra-
são provocados por imaturos e adultos de
das no mercado com diferentes nomes
R. palmarum. Danos diretos são causados
comerciais.
pelas larvas que perfuram os tecidos do
estipe na região da coroa foliar (Figura 3a), As iscas para captura de R. palmarum
construindo galerias que podem chegar até podem ser usadas em três tipos de ar-
o tecido meristemático (broto terminal ou madilhas:
palmito). Em decorrência, as folhas novas
– armadilha tipo balde, que consiste
ficam amareladas, murcham e, finalmente,
em um balde plástico de 50 a 100
se curvam e secam, indicando a morte da
litros, com tampa devidamente per-
planta. Indiretamente, o adulto de R. palma-
furada na qual são acoplados funis
rum é vetor do nematoide Bursaphelencus
equidistantes;
cocophilus (Cobb) Baujard, agente causal
da doença anel-vermelho (Figura 3b), que – armadilha tipo tanque, que consiste
poderá ser letal à palma de óleo. em um recipiente de alvenaria com
as dimensões 1,2 x 1,0 x 0,4 m;
Trata-se de uma espécie-praga com
grande número de estudos sobre as es- – armadilha tipo feixe, que consiste em
tratégias de controle, particularmente em um feixe de cana amassada, pendu-
cultivos de coqueiro. Dessa forma, reco- rado no tronco do coqueiro.
menda-se que os métodos de controle
Nos três tipos de armadilhas, são uti-
dessa broca sejam integrados, visando à
lizados cana-de-açúcar junto com o fero-
redução da população do inseto no plan-
mônio de agregação para aumentar o seu
tio e nas proximidades com a utilização
poder de atração.
de armadilhas de captura e a aplicação de
técnicas de manejo, tais como: eliminar Vários inimigos naturais são impor-
plantas mortas no campo, evitar ferimen- tantes no equilíbrio da população de R.
tos em plantas sadias, utilizar alcatrão ve- palmarum em campo, como por exem-
getal em eventuais ferimentos e monitorar plo: parasitóides de pupas como Billaea
a presença de inimigos naturais na área. menezesi (Guimarães) (anteriormente
Paratheresia menezesi) e B. rhynchophorae
Uma vez que esse inseto é atraído por
(Blanchard). O uso de iscas vegetais conta-
compostos voláteis resultantes da fermen-
minadas com esporos do fungo B. bassiana
tação de líquidos açucarados exalados das
é também uma alternativa de controle de
plantas e dos tecidos danificados das pal-
R. palmarum.
A B
Figura 3. Dano direto [galeria] (A) e indireto [anel vermelho] (B) provocado por R. Palmarum (Foto: Ricardo
Salles Tinôco – Grupo Agropalma)
154 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
se utilizar 500 g de lagartas parasitadas tri-
turadas para preparar 600 litros de solução
do fungo, que é uma quantidade suficien-
te para pulverizar 1 hectare.
Em plantios comerciais de palma de
óleo no Estado do Pará, também tem sido
observada a predação de lagartas desfo-
lhadoras pelo percevejo Alchaeorrynchus
grandis (Hemiptera: Pentatomidae) (LEMOS
et al., 2007). No entanto, ainda se percebe
a necessidade de mais estudos sobre esse
método de controle na Amazônia brasileira.
Figura 7. Desfolhamento causado por imaturos de O.
invirae (Foto: José Malta de Souza – Grupo Agropalma
3. Principais
Figura 6. Detalhes do imaturo de O. Invirae (Foto: Ricardo Salles
Tinôco – Grupo Agropalma) doenças
fitopatogênicas
Os danos provocados por O. invirae
são similares àqueles descritos para B. so- da palma de óleo
phorae, ou seja, suas lagartas destroem o
limbo foliar a partir das bordas (Figura 7), No mundo, já foram relatadas dife-
deixando apenas as nervuras centrais. rentes doenças da palma de óleo, como:
156 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
de inimigos naturais, conforme descrito 1977; PERTHUIS et al., 1985).
anteriormente.
Além da palma de óleo, o Phytomonas
pode se hospedar em coqueiros e é trans-
Fusariose mitido pelos insetos Hemiptera Haplaxius
pallidus Caldwell (Cixiidae) e Linus lethifer.
Também conhecida como Secamento Nas condições da Amazônia brasileira, o
Letal da palma de óleo, sua ocorrência é Phytomonas parece atacar com mais fre-
comum em plantios nos diferentes esta- quência palmares localizados ao longo da
dos brasileiros. floresta e nas proximidades de igarapés
A Fusariose é causada pelo fungo Fusa- (TRINDADE et al., 1997).
rium oxysporum f.sp. elaeis, pertencente à Como estratégia de controle, recomen-
classe Euascomycetes, na ordem Hipocre- da-se o arranquio das plantas afetadas, já
ales e família Hypocreaceae. Essa formae que elas não se recuperam.
specialis só infecta a palma de óleo, como
sugere seu nome.
Os sintomas causados por esse fungo
Mancha de Curvulária
em plantas de palma de óleo consistem Essa doença aparece mais no estágio
no aparecimento do amarelecimento nas de viveiros com nutrição desbalanceada.
folhas mais velhas, às vezes nas intermedi- A mancha é causada pelo fungo Curvula-
árias, a partir do quarto ano de idade. Pos- ria sp., da classe Euascomycetes, na ordem
teriormente, os sintomas evoluem para a Pleosporales e família Pleosporaceae. O
quebra da base do pecíolo das folhas mais fungo Curvularia possui conidióforos es-
velhas, configurando o aspecto guarda- curos que produzem conidiósporo simpo-
chuva. Essas folhas secam e podem levar dial. Os conidiósporos são escuros, retos
à seca total da planta. No estipe, próximo ou curvos e apresentam até cinco células.
à base, observa-se o escurecimento, ou
Os sintomas aparecem, inicialmente,
necrose, dos tecidos condutores, também
em forma de lesões circulares, de colora-
causado pela colonização do fungo. Em-
ção amarelada e translúcida, visíveis em
bora esse fungo possa ser importante, não
ambas as faces da folha, e posteriormente
há uma medida de controle específica.
se tornam elípticas. A lesão pode ter de 3
a 7 mm de comprimento e pode variar de
Marchitez Sorpressiva marrom-claro a marrom-escuro com um
halo amarelado. Quando o ataque é seve-
Apesar de ser considerada doença de ro, as lesões coalescem.
menor importância em relação às anteriores,
esta pode levar a planta de palma de óleo A infecção pela Curvularia pode ser fa-
à morte. A Marchitez Sorpressiva é causada vorecida pela alta umidade do ar (acima
por um protozoário chamado Phytomonas de 80%) e pela temperatura superior a
staheli, da ordem Trypanosomatida e famí- 25oC. Esse micro-organismo pode causar
lia Trypanosomatidae. Esse patógeno causa doença também em outras palmáceas,
uma coloração amarronzada nas extremida- como a pupunha e o coqueiro.
des nos folíolos das folhas mais velhas, que O manejo da mancha deve ser preven-
avança para a base e provoca a seca rápida tivo, por meio da aplicação de fungicida
da folha. Além disso, causa o abortamento à base de mancozeb e da eliminação de
de inflorescências, bem como apodrecimen- folhas ou mudas com sintomas.
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158 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
PARTE 2
Capítulo 10
160 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
e liberados nas gaiolas. Foram realizadas
3. Estudos realizados liberações monoespecíficas com insetos
mais relacionados com a palma de óleo,
sobre o AF tais como Contigucephalus sp., Patara sp.,
Omolicna sp. e Myndus crudus, e mistu-
Foram desenvolvidas várias ações de ra de espécies com as principais famílias
pesquisa visando obter conhecimento catalogadas, entre as quais Aethaelinidae,
sobre a causa do AF, tanto na busca por Cercopidae, Fulgeridae, Dephacidae, Dic-
um agente fitopatogênico – isolamento, tyopharidae, Nogodinidae, Issidae, Rica-
transmissão, sintomatologia, testes diag- nidae, Derbidae, Cixiidae, Cicadellidae,
nósticos, insetos vetores (entomologia) e Flatidae e Membracidae.
medidas de controle da doença, como na Após seis anos de pesquisa, não se
investigação de fatores do solo, hídricos obteve resultados positivos em relação à
e fisiológicos. Estudos de epidemiologia transmissão do AF com insetos. Assim, os
também foram realizados para analisar a autores concluíram que se deve descartar
distribuição do AF com a finalidade de in- a hipótese de um homóptero transmissor
dicar se a sua causa é ou não de origem que tenha estreita relação com a palma de
biótica. óleo (CELESTINO FILHO et al., 1993).
Fitoplasmas
3.1. Estudos visando a uma Por meio de teste molecular PCR, BRIO-
possível causa biótica SO et al. (2003, 2006) relataram a associa-
Chinchilla e Durán (1999) sugerem que ção do fitoplasma do grupo 16S rRNA I
os fitopatógenos associados a plantas em amostras de plantas de palma de óleo
doentes são oportunistas, já que não se com AF provenientes do Pará. Os mesmos
provou que eles sejam a causa primária autores avaliaram, por meio de PCR, mais
da doença. Os autores também sugerem de 100 amostras de palmares com sinto-
que a suscetibilidade da planta de palma mas de AF e 100 sem AF, e verificaram a
de óleo a esses patógenos pode ser propi- presença de fitoplasma em apenas quatro
ciada por um ou mais tipos de estresse. delas, número considerado pequeno por
vários pesquisadores, já que se trata de
Entomologia um teste altamente sensível.
A iniciativa para a realização de traba- Por vários anos, amostras de tecido de
lhos de pesquisa na área de entomologia plantas com AF foram examinadas para
foi baseada na observação (de campo) detecção de fitoplasmas. Contudo, nem
preliminar que levantou a hipótese de o IRHO (Institut de Recherche pour les
que a doença era propagada por insetos, Huiles et Oléagineux) (nem o Dr. E. W. Ki-
pelo fato de a disseminação ocorrer no tajima, da Universidade de Brasília, detec-
sentido dos ventos, o que coincidia com taram esses microorganismos por micros-
a área de progresso do AF no campo, com copia eletrônica de transmissão.
distribuição aleatória. (CELESTINO FILHO
et al., 1993). Não se obteve sucesso com o uso dos
antibióticos oxitetraciclina e estreptomici-
Do total de insetos catalogados, preva- na para controle de fitoplasmas, tanto na
leceu a família Cicadellidae, com 266 es- prevenção de palmares aparentemente
pécies registradas. Nos ensaios de trans- sadios quanto na terapia da doença, indi-
missão, 815.914 insetos foram coletados cando que a causa do AF não é fitoplas-
162 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
res, levantou-se a hipótese de que vírus ção de viroides foram realizados, mas sem
ou viroides poderiam estar associados ao obter sucesso (RIESNER; BEUTHER, 1989;
AF, pois são relatados em coqueiros e tam- SINGH et al., 1988).
bém em palmáceas.
Nematoides
Os testes de transmissão foram feitos
Segundo Silva (1989), suspeitou-se do
por meio de ferramentas cortantes intro-
envolvimento de fitonematoides com o
duzidas em plantas com AF e, posterior-
AF em virtude de uma série de observa-
mente, em plantas sadias. Além disso,
ções, como a ocorrência de AF em áreas
foram feitos testes de inoculação: de ex-
onde foram encontradas, inicialmente,
tratos de folhas com AF para plantas sa-
plantas com sintomas de anel-vermelho
dias; de folhas com AF para plantas indica-
(AV), causado por Bursaphelenchus coco-
doras de vírus; e de raízes, estipe e ráquis
philus, e a ocorrência de nematoides não
de plantas com AF para plantas indicado-
identificados em tecidos de plantas com
ras de vírus. Entretanto, as transmissões
a doença junto a áreas necrosadas das rá-
mecânicas não tiveram sucesso aparente
quis da flecha ou das folhas mais novas,
(TRINDADE et al., 2005).
centrais, amarelecidas e/ou com resseca-
Kitajima (1991), por meio da micros- mento progressivo. O autor, ao final das
copia eletrônica, não verificou patógenos observações, concluiu que não foram en-
em tecidos ultrafinos de raízes, folhas e contradas formas efetivamente fitopara-
flechas de plantas sadias e com AF, mas sitas de nematoides que pudessem levar
salientou que vírus isométricos pequenos diretamente ao AF como causa primária
e de baixa concentração são de difícil ob- (Tabela 2).
servação.
Ribeiro (1990), estudando a presença
Tabela 2 – Espécies de nematoides
de viroides por meio de eletroforese, após
identificados em amostras de solo e raízes
várias repetições com plantas de palma de
de palma de óleo com sintomas de AF.
óleo com e sem sintomas provenien-
tes do Pará, observou dados inconsis- Nematoides
tentes, pois verificou de duas a quatro Xiphinema Tylenchorhynchus Dorylaimellus
bandas típicas em plantas sadias e yaporense crassicaudatus sp.
não em doentes. Bandas idênticas fo- Xiphinema Basirotyleptus sp. Tylenchus sp.
ram observadas em plantas de palma brasiliensis
de óleo do Rio Urubu, local onde o AF Aorolaimus Bursaphelenchus Criconemella
não ocorre. sp. sp. sp.
Em novas análises para avaliar a Hoplolaimus Meloidogyne spp. Scutellonema
ocorrência de viroides, Beuther et al. sp. sp.
(1992) realizaram testes de hibridiza- Identificação realizada pelos pesquisadores Dr. I. L.
Renard (IRHO) e L. C. C. B. Ferraz (ESALQ/USP)
ção molecular utilizando sondas contra
coconut cadang-cadang viroid (CCCVd),
potato spindle tuber viroid (PSTVd) e citrus Analisando solos e plantações de pal-
dwarfing (CdVd1). Existem relatos de CC- ma de óleo, Ferraz (2001) afirma não ter
CVd infectando palmares. Entretanto, não encontrado formas parasitas que pudes-
se obteve sucesso na detecção de viroides sem estar causando o mal, não sendo o
em amostras de plantas de palma de óleo nematoide a causa primária do AF.
com AF. Outros trabalhos visando à detec-
164 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
pesados; no Suriname e no Brasil, são late- fatal na palma de óleo e relataram a ne-
ríticos e arenosos. O pH desses solos varia cessidade de aprofundar a pesquisa sobre
de 4 a 7, enquanto a pluviosidade anual é a interação entre os nutrientes e o amare-
de cerca de 1.600 mm na Codepa (Amapá, lecimento fatal (Tabela 3).
Brasil) e cerca de 6.000 mm em Bajo Calima
Evolução de sintomas do AF em
(Colômbia). Em algumas localidades onde
adubações com omissão de macro
ocorre o AF, a palma de óleo é a primeira
e micronutrientes
cultura após a derrubada da floresta. Entre
elas, estão a Denpasa e o projeto piloto So- Silveira et al. (2000) compararam os
cfinco, no Amazonas, Brasil; o Shushufindi efeitos da adubação com e sem omissão
e o Palmoriente, no Equador; Victória, Phe- de nutrientes sobre a evolução dos sinto-
dra e Patamaca, no Suriname; e El Castillo, mas do AF na palma de óleo Tenera (IRHO)
na Nicarágua. Em outros locais, a primeira de 4 anos de idade, em solo caracterizado
cultura foi a da banana, como é o caso das como latossolo amarelo de textura média
plantações em Santo Domingo, no Equa- e em clima do tipo Af.
dor, em Sixaola, na Costa Rica e em Cukra
Os autores observaram uma tendên-
Hill, na Colômbia.
cia de recuperação das plantas nos trata-
O AF foi relatado em áreas cujos solos mentos com omissão de macronutrientes
eram constituídos de manchas de areia semelhante ao tratamento de adubação
quartzosa intercaladas com manchas de completa, com exceção de Ca e S, em
concreções lateríticas no Pará; na Denpa- que houve uma certa estabilidade dos
sa, onde também ocorreu o AF, a área era sintomas. A omissão de micronutrientes
de várzea alta, sujeita a inundação por evoluiu para um aumento quase generali-
períodos prolongados de 5 a 6 meses por zado dos sintomas do AF, exceto para zin-
ano (VAN SLOBBE, 1991). co. Houve uma evolução pronunciada na
omissão de B e Cu, sendo que a de Cu se
Avaliação foliar destacou mais. No tratamento com formu-
Viégas et al. (2000) realizaram um es- lação completa, observou-se uma tendên-
tudo sobre a concentração dos nutrientes cia de recuperação das plantas com AF.
Cu, Fe, Mn e Zn) nas folhas 1 (F1), 9 (F9) e Foi sugerida a adubação foliar das plantas
17 (F17) em palmares Tenera sadios e com com formulação completa, com exceção
AF e no híbrido resistente (Elaeis oleifera x de N e P, para a área estudada.
E. guineensis) na área da Denpasa, onde
Influência do micronutriente ferro
foram selecionadas quatro plantas por tra-
tamento. Com base nos dados do ensaio, Viégas et al. (2000) cogitaram a possibi-
os autores sugeriram que os micronutrien- lidade de o AF ser causado pelo desequi-
tes Cu, Zn, Mn, e Fe sejam os responsáveis líbrio fisiológico provocado pela falta ou
pelo aparecimento do amarelecimento excesso de nutrientes ou pela interação
166 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
lecer uma relação com o AF, embora teo- aeração, sendo os valores entre 0 e 0,075
ricamente existam probabilidades de que bar indicadores de baixa aeração para a
essa hipótese seja aceita. O autor sugere planta, e entre 0,075 e 0,30 bar valores
a continuidade dos estudos referentes aos mais adequados. Bernardes (2001) ressal-
efeitos das propriedades físicas do solo. ta que plantas mantidas em baixa aeração
podem favorecer a incidência de molés-
Bernardes (2001) analisou áreas de
tias de raiz e, além disso, essa é uma situa-
plantio da Denpasa quanto a fertilidade,
ção que desfavorece o efeito corretivo de
nutrição foliar e compactação do solo. Na
aplicações no solo com calcário e gesso.
parcela 76d, com alta incidência de AF, fo-
ram constatados altos teores de nutrientes Quanto ao peso seco das raízes, obti-
na folha, principalmente fósforo, potássio, do de bloco de solo de 40 cm x 20 cm x
enxofre, cálcio e magnésio, apontando 20 cm = 16 dm3, verificou-se uma quanti-
como indicador a improbabilidade da cau- dade inferior (8,1g) àquela esperada pela
sa do AF ter origem na deficiência ou de- dimensão da parte aérea, comparando-se
sequilíbrio nutricional, embora as demais com as plantas sem AF (16g).
parcelas vizinhas tenham tido os mesmos
Diante do quadro avaliado, Bernardes
tratos culturais. Observou-se a inexistência
(2001) não chegou a nenhuma conclusão,
de gradiente claro dos sintomas, na plan-
mas levantou algumas hipóteses e postu-
ta ou no terreno, gradiente este típico de
lou que a causa primária do AF está na da-
deficiências nutricionais ou de toxidade.
nificação do sistema radicular das plantas
Quanto ao solo, foram percebidos indícios
e que os danos podem ser de origem quí-
de que o pH decresce e os teores relativos
mica, física, biológica ou da combinação
de alumínio (m%) aumentam com o tem-
dessas, sendo todas predisponentes ao
po. Ressaltou-se a baixíssima saturação de
aparecimento do AF. No caso de origem
bases (V%) e o baixo teor de Mg em todas
química, foi levantada a hipótese de de-
as amostras. A proporção entre Ca e Mg,
ficiência de algum elemento favorecido
com valores desejáveis na faixa de 2,8 a
pela anaerobiose do solo, como o nitrito.
33, também foi bastante desequilibrada,
A drenagem deficiente também poderia
apresentando-se entre 3 e 12. Além disso,
reduzir a nitrificação do nitrogênio orgâ-
Bernardes (2001) também constatou uma
nico do solo, causando deficiência de ni-
tendência de as plantas mais doentes
trogênio, cujo sintoma mais comum é o
estarem localizadas em solos com maior
amarelecimento das folhas.
saturação de alumínio, menor saturação
de bases e maior teor de manganês. O Em suas análises realizadas a partir de
autor ressaltou que é pouco provável que tecidos das plantas (raízes e folhas), Ber-
os altos teores de alumínio e ferro, encon- nardes (2001) não conseguiu demonstrar
trados nas raízes e radicelas dos palmares associação evidente entre alguma de-
da Denpasa, sejam os causadores do mal, sordem nutricional e o AF. Além disso, o
pois raízes de palmares plantados na Esalq pesquisador afirmou que há indícios de
em terra roxa também possuem condições que o AF aparece mais intensamente no
semelhantes. final do período chuvoso. No momento
em que os sintomas aparecem pelo ama-
Com relação a água no solo e drena-
relecimento da folha flecha, o sistema ra-
gem, o potencial de água no solo (força
dicular já está bastante prejudicado, o que
com que a água é retida no solo), medi-
inviabiliza qualquer tentativa de controle
do por tensiômetro, no mês de março de
via adubação do solo. O autor ressaltou
1999 foram constatados valores de baixa
que a compactação da camada superficial
168 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
sintomas é possível, mas o restabeleci-
mento é raro.
6. Considerações finais
6. Aparentemente, há uma correlação
positiva com a chuva, mas não foram ve- O AF continua sem causa esclarecida,
rificadas ocorrências de AF em regiões de e existe a necessidade de continuação
déficit hídrico, no caso brasileiro. da investigação. Diante dessa revisão de
7. O crescimento do problema não é di- artigos científicos e, principalmente, de
recional, não havendo correlação com o relatórios elaborados pelos pesquisadores
vento. Esse aspecto merece mais conside- que investigaram o AF, foi possível elabo-
rações. rar novas hipóteses, que estão sendo in-
vestigadas pela equipe de pesquisadores
8. Curvas temporais e espaciais não são da Embrapa e de outras instituições.
típicas de causas bióticas.
Esse novo projeto de pesquisa “Estudo
9. Não há gradiente claro dos sintomas, o do Amarelecimento Fatal do dendezeiro
que seria típico de deficiências nutricio- (Elaeis guineensis Jacq.) e estratégia de
nais ou de toxidade. Há casos de plantas manejo” é de caráter multidisciplinar e
totalmente sadias ao lado de plantas do- conta com pesquisadores das áreas de
entes. fitopatologia, entomologia, fisiologia ve-
10. Palmeiras de todas as idades são sus- getal, genômica, biotecnologia, sensoria-
cetíveis ao AF. mento remoto, solos, botânica e química.
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172 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
PARTE 2
Capítulo 11
174 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
tentabilidade da cultua da palma de óleo infraestrutura de apoio ao projeto);
como atividade de geração de renda para
4) implantação da unidade industrial:
a agricultura familiar voltada para a produ-
extração de óleo, beneficiamento
ção de óleo vegetal como insumo energé-
(biodiesel, craqueamento ou kit mul-
tico/biodiesel a ser utilizado em comuni-
ticombustível).
dades isoladas da Amazônia.
O uso do óleo vegetal a ser produzi-
Assim, os esforços têm por objetivo
do para transformação em biodiesel está
implantar um Projeto Demonstrativo com
previsto para consumo na geração local
a cultura da palma de óleo como ativida-
de energia. Não obstante, não descarta
de âncora para a viabilização da peque-
outras possibilidades, considerando ha-
na propriedade agrícola, com a efetiva
ver tempo hábil para a tomada de de-
participação de agricultores familiares. A
cisão, já que a produção da plantação,
área do projeto está situada na região da
em escala, iniciará somente a partir de
tríplice fronteira entre Brasil/Peru/Colôm-
2011/2012.
bia, com a participação de agricultores
familiares utilizando áreas alteradas ou Uma nova proposta está sendo elabo-
de agricultura itinerante localizadas nos rada sob encomenda da FINEP/CT-Amazô-
municípios de Benjamin Constant/AM e nia para financiamento da 3ª etapa, asse-
Atalaia do Norte/AM. gurando, assim, a continuidade do projeto.
Para a execução da 4ª etapa, relativa à
indústria de extração e processamento
2.2. Configuração do projeto de óleo/biodiesel, certamente a de custo
mais elevado, serão buscados recursos no
O projeto é uma iniciativa da Embra-
FINEP/MCT/CT-Amazônia; também existe
pa Amazônia Ocidental e da Diocese do
a possibilidade de contar com a comple-
Alto Solimões/AGROSOL, apoiados pelo
mentação de recursos do Governo do Es-
Governo do Estado do Amazonas/IDAM
tado do Amazonas, do Ministério da Inte-
e pelas Prefeituras Municipais de Benja-
gração Nacional, do Banco da Amazônia,
min Constant e de Atalaia do Norte/AM.
do Banco do Brasil, da Superintendência
O projeto encontra-se em implantação,
da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), da
estando a 1ª e a 2ª etapas em execução,
Agência de Fomento do Estado do Ama-
com recursos assegurados pelo MCT/FI-
zonas (AFEAM), de agências de desenvol-
NEP/CT-Amazônia.
vimento regional, e entre outros.
O projeto está dividido em quatro etapas:
O Instituto Nacional de Colonização e
1) implantação da cultura; Reforma Agrária (INCRA), o Instituto Terras
do Amazonas (ITEAM) e as Prefeituras Mu-
2) manutenção do plantio e acompa-
nicipais deverão atuar na regularização da
nhamento;
situação fundiária das áreas beneficiadas
3) elaboração dos projetos técnicos e e na melhoria da infraestrutura dos Proje-
de engenharia da usina de extração tos de Assentamentos de Crajari, Umarizal
de óleo e de licenciamento ambien- e Boia.
tal (unidade de extração de óleo e
O Governo do Estado do Amazonas e
geração de energia, licenciamento
as Prefeituras deverão fornecer e manter
ambiental da unidade e licenciamen-
a infraestrutura social: estradas, escolas,
to ambiental das propriedades fami-
saúde, eletrificação rural, assistência médi-
liares, aquisição de equipamentos /
ca e social. O Instituto de Desenvolvimen-
Figura 1 – Localização geográfica do projeto ao longo da BR 307 (Imagem CIBERS-2B, obtida em 06/09/2009,
cedida pelo INPE)
176 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
(IBGE), era de 13.682 habitantes, dos quais no município de Benjamin Constant. Ou-
cerca de 40% viviam na zona rural em 37 tros produtos de extrativismo, em menor
comunidades, sendo 15 ribeirinhas e 22 in- importância, são a borracha e gomas não-
dígenas. O IDH-M está em torno de 0,559. elásticas.
Benjamin Constant ocupa uma área A agricultura tem toda a sua produção
de 8.793 km2. A população estimada para voltada exclusivamente para o consumo
2007 foi de 29.268 habitantes, segundo local em ambos os municípios e é base-
dados do IBGE, com 39% vivendo na zona ada principalmente nos cultivos temporá-
rural em 59 comunidades, sendo 39 ribei- rios (mandioca, arroz, feijão, batata-doce,
rinhas e 20 indígenas. O IDH-M está em milho e melancia) e, em menor propor-
torno de 0,640. ção, nos cultivos perenes e semiperenes
(banana, abacate, abacaxi, laranja, limão,
Deu-se início à execução do projeto
cupuaçu e pupunha (Figura 2).
com a aplicação de um questionário para
levantamento e caracterização do padrão
socioeconômico das famílias de agriculto-
res familiares, candidatos a participarem
do referido projeto. A proposta será efetuar
periodicamente novos levantamentos para
avaliar os impactos socioeconômicos ou
os benefícios aportados pelo projeto, em
especial após seu ponto de maturação eco-
nômica, ou seja, após estabilização de sua
produção, no sétimo ano depois do plantio
da cultura principal – a palma de óleo.
O PIB de Atalaia do Norte a preço de
mercado corrente, em 2002, foi de R$ Figura 2 – Plantio de Palma de Óleo em área de mi-
21,495 milhões. No mesmo ano, Benjamin lho na propriedade do Sr. Nazareno
Constant registrou um PIB de R$ 55,372
milhões.
A horticultura é pouco desenvolvida
A economia de ambos os municípios é e explorada de forma empírica através
lastreada nas atividades do setor primário, do cultivo de verduras e legumes (cou-
com destaque para o extrativismo e a agri- ve, cheiro-verde, alface, tomate, pepino,
cultura. O extrativismo vegetal na região quiabo, pimentão), voltando-se apenas,
está baseado principalmente na extração de modo insuficiente, para o consumo
da madeira e é a atividade que emprega doméstico. O cultivo de frutas regionais
maior quantidade da mão de obra, dis- (abiu, cubiú, mapati, pupunha, sapota,
pondo de boa infraestrutura para o bene- fruta-pão, araçá-boi, mari, sorva, camu-
ficiamento local de madeira, com serrarias camu) apresenta bom potencial, mas é
e movelarias. apenas incipiente no presente.
As atividades madeireiras apresentam A pecuária é muito elementar e de bai-
um estado de semifuncionamento, devi- xíssimo rendimento, constituída apenas
do ao baixo número de projetos legaliza- de bovinos e suínos, sem destaque eco-
dos de extração e manejo. Dados do IBGE nômico e atendendo apenas parcialmente
registram para o ano de 2000 a extração o mercado local (Figura 3). A avicultura é
de cerca de 40.844 m3 de madeira em tora caracterizada como atividade tipicamente
178 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
e um de 630 kW, totalizando 7.130 kW de
capacidade nominal instalada. A ponta de
carga é de 2.150 kW. O consumo de com-
bustível, em 2006, foi de 3.641 toneladas
de diesel/ano, devendo, chegar a 7.805 t
de diesel/ano em 2014, só na geração de
energia.
No total, somando-se Benjamin Cons-
tant e Atalaia do Norte, a previsão é que
serão consumidas 10.107 toneladas de
diesel só na geração de energia em 2014, Figura 4 – Aclimatação de mudas de palma de óleo
ano em que o projeto em implantação em pré-viveiro instalado na área do projeto (Foto: Ed-
son Barcelos)
estará em seu pique de produção máxi-
ma, de 2.160 t de óleo de dendê/biodie-
sel. Ou seja, o projeto poderá atender até
20% da demanda de combustível no ano 2.6. Estrutura do Projeto
de 2014. 2.6.1. Agrícola
Enquanto isso, ainda em 2014, só o O projeto conta com cerca de 110 fa-
município de Tabatinga, distante de Ben- mílias de agricultores, sendo que cada
jamin Constant cerca de 30 km em linha uma delas recebe apoio para o plantio de
reta, estará consumindo 23.340 toneladas cerca cinco hectares de palma de óleo.
de combustível para atender seu parque Esse apoio é traduzido em: fornecimento
de geração de energia. Em resumo, mer- das mudas prontas para o plantio (Figura
cado não será limitação para a futura pro- 4); uma soma de recursos financeiros na
dução de óleo do projeto.
A B
Figura 5 – Instalação da Cultura de Palma de Óleo na Área do Projeto (a e b - Foto: Edson Barcelos; c - Foto:
Pedro Freitas)
Figura 6 – Cultura de Palma de Óleo instalada na área do projeto (a e b – Fotos: Edson Barcelos)
A B
Figura 7. Consorciação de culturas perenes na fase de implantação da cultura de Palma de Óleo (a e b – Foto:
Edson Barcelos; c – Foto: Pedro Freitas)
180 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
base de R$ 1.000,00/hectare para o prepa- to e lutador pelo desenvolvimento social
ro da área e plantio das mudas; e adubos sustentável da região.
para adubação das covas no momento do
Assim, todos os agricultores familiares
plantio (Figuras 5 e 6). Toda a assistência
participantes do projeto serão associados
técnica para a cultura da palma de óleo
da cooperativa e fornecedores de cachos
é assegurada por três profissionais com
de dendê para a usina de extração de
dedicação exclusiva ao projeto (um En-
óleo prevista no projeto, a qual estará sob
genheiro Agrônomo e dois Técnicos Agrí-
a gestão da cooperativa dos produtores a
colas), treinados e apoiados pela equipe
ser criada, a partir da conclusão dos plan-
técnica da Embrapa Amazônia Ocidental/
tios das áreas.
Manaus.
A produção esperada do projeto, na
Durante a fase jovem e improdutiva
base de 24 t de cachos/ha/ano na fase
da cultura da palma de óleo, os agricul-
adulta, no sexto ano após o plantio, será
tores são incentivados a aproveitar as
de 12 mil toneladas de cachos nos 500
entrelinhas com cultivos anuais (cultu-
hectares cultivados. Entretanto, a produ-
ras alimentares: mandioca, arroz, milho,
ção e a colheita comercial iniciarão no
feijão, batata, melancia, abacaxi, etc.) e
final do terceiro ano após o plantio, com
semiperenes (maracujá, banana, etc.),
uma produtividade esperada de 8 t de ca-
como forma de obter alguma renda inicial
chos/ha já em 2011.
e auxiliar na manutenção das áreas livres
das invasoras (Figura 7). Para os cultivos 2.6.2. Usina de extração de óleo
intercalares, a assistência técnica e as se-
Será instalada uma miniusina de extra-
mentes são asseguradas pelo Instituto
ção de óleo com capacidade de proces-
de Desenvolvimento Agropecuário e Flo-
samento de três toneladas de cachos por
restal Sustentável do Amazonas (IDAM),
hora, suficiente para atender a uma área
órgão de assistência técnica e extensão
de 500 hectares de plantios na fase adulta.
rural oficial do estado.
A usina de extração de óleo será da co-
Durante a fase de desenvolvimento da operativa formada com todos os agricul-
cultura da palma de óleo, o projeto asse- tores familiares participantes do projeto e
gurará a continuidade da assistência téc- terá gerenciamento profissional, com um
nica, o pagamento mensal de uma ajuda técnico a ser inicialmente contratado e
aos agricultores de R$ 200,00/família/mês pago pelo projeto.
e o fornecimento dos fertilizantes para a
Para a implantação da miniusina e da
cultura do dendê. A ajuda financeira men-
unidade de produção de biodiesel, certa-
sal será paga mediante o cumprimento de
mente a parte de custos mais elevados do
compromissos pactuados entre os agricul-
projeto, tentar-se-á obter recursos não re-
tores e a equipe técnica, assegurando a
embolsáveis nas agências de desenvolvi-
realização dos tratos recomendados para
mento regional. Caso necessário, conta-se
a cultura da palma de óleo.
com a possibilidade de buscar recursos de
Vale ressaltar que todo o apoio admi- financiamentos bancários, dada a rentabi-
nistrativo, gerencial e político-social con- lidade da atividade.
ta com a imprescindível participação da
2.6.3. Uso energético do óleo /
equipe da Diocese do Alto Solimões e da
Produção do biodiesel
Fundação AGROSOL, sob a liderança do
Bispo da Diocese, Dom Alcimar Caldas O uso energético dos óleos vegetais
Magalhães, principal motivador do proje- tem como via tecnológica mais comum a
Tabela 1 – Receitas e despesas anuais previstas por agricultor familiar com cinco
hectares de palma de óleo em produção
DISCRIMINAÇÃO 4° ano 5° ano 6° ano 7°ano
Cachos produzidos (toneladas) 60 80 100 120
Gastos com transporte dos cacho s (R$ 25,00/t) 1.500 2.000 2.500 3.000
Gastos com beneficiamento dos cachos (R$ 50,00/t) 3.000 4.000 5.000 6.000
Despesas com adubos (3, 4 e 5 t x R$ 2.200,00/t) 6.600 8.800 11.000 11.000
Produção de óleo (toneladas) 9,6 14,4 18,0 21,6
Receita bruta do cooperado (R$ 2.000,00/t óleo) / R$ 19.200 28.800 36.000 43.200
Receita líquida do cooperado / R$ 8.100 14.000 17.500 23.200
182 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Tabela 2 – Resultado financeiro operacional do funcionamento da miniusina de
beneficiamento da produção de palma de óleo
DISCRIMINAÇÃO 4° ano 5° ano 6° ano 7° ano...
RECEITA 678.000 905.000 1.130.000 1.356.000
Cachos beneficiados (ton.) 6.000 8.000 10.000 12.000
Receita com o beneficiamento dos cachos (R$ 50,00/t) 300.000 400.000 500.000 600.000
Venda de óleo de palmiste (R$ 3.000,00/t) 360.000 480.000 600.000 720.000
Venda de torta de palmiste (R$ 150,00/t) 18.000 25.000 30.000 36.000
DESPESA 660.000 660.000 660.000 660.000
Manutenção e reposição de peças 200.000 200.000 200.000 200.000
01 Gerente Geral / Comercial 120.000 120.000 120.000 120.000
01 Gerente Industrial / Exploração 100.000 100.000 100.000 100.000
12 Operários da Indústria 240.000 240.000 240.000 240.000
Receita Líquida da Usina 18.000 245.000 470.000 696.000
186 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
da palma de óleo (Figura 1). Isso reduzirá dos plantios variando entre dois e quatro
os riscos para os agricultores e deverá au- anos (Figura 2).
mentar o nível de certeza de sucesso das
Guedes et al. (2007) avaliaram e com-
instituições de fomento e financiamento
pararam o desenvolvimento de plantas de
(PEREIRA, 2009). Atualmente, existem 24
diferentes progênies de palma de óleo
ha de palmares plantados no Acre, distri-
nas condições edafoclimáticas de Cruzeiro
buídos em experimentos de Avaliação de
do Sul (Local 1) e Rio Branco (Local 2), no
Variedades e Unidades de Observação
Estado do Acre. As progênies implantadas
nos municípios de Rio Branco, Senador
foram a C-2501, C-2528, C-2301 e C-1001.
Guiomard, Sena Madureira, Epitaciolân-
Um ano após o plantio, foram realizadas
dia, Brasileia e Cruzeiro do Sul, com idade
aferições de altura e diâmetro do colo utili-
zando régua e paquímetro.
Diferenças significativas en-
tre os locais de plantio 1 e
2 foram observadas, sendo
que o local 1 apresentou
os maiores valores, tanto
para a altura quanto para
o diâmetro das plantas.
Verificou-se que a altura de
plantas da progênie C-2301
diferiu significativamente
das demais. Quanto ao di-
âmetro, as progênies não
diferiram estatisticamente
entre si. As consideráveis di-
Figura 1. Planta de palma de óleo com quatro anos de idade em experi- ferenças encontradas entre
mento de avaliação de progênies implantado na Embrapa Acre, em Rio os locais 1 e 2 são devidas,
Branco/AC (Foto: João Batista Martiniano Pereira) possivelmente, às exigên-
cias naturais e nutricionais
da cultura da palma de
óleo, visto que esta planta
expressa seu máximo de-
senvolvimento em regiões
com alto regime pluviomé-
trico, chegando a mais de
2.000 mm a diferença de
precipitação anual entre os
locais estudados.
Esses resultados preli-
minares servem de emba-
samento para definir quais
genótipos podem ser uti-
lizados em consorciação
Figura 2. Detalhe de Unidade de Observação implantada no Município com outras culturas na re-
de Senador Guiomard/AC no ano de 2008, onde o produtor consorciou
palma de óleo com mandioca (Foto: João Batista Martiniano Pereira)
cuperação de terras degra-
Figura 3. Pastagem degradada no trecho da BR 364 entre os municípios de Tarauacá e Cruzeiro do Sul em área
com predomínio de Cambissolos (Foto: Edson Alves de Araújo)
188 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
terrestre com a regional do Baixo Acre, os genas e Unidades de Conservação, que
municípios das regionais Juruá e Taraua- propiciaram a preservação do patrimônio
cá-Envira ainda ficam isolados durante o florestal.
período invernoso (geralmente entre os
Porém, grande parte das propriedades
meses de dezembro a maio) devido ao fe-
dessa regional apresenta problemas de
chamento dos trechos não asfaltados. Isso
passivo ambiental, no qual foi ultrapas-
tem causado uma série de transtornos às
sada a quantidade legalmente permitida
populações locais e impedido o escoa-
de área de conversão, exigindo-se sua
mento da produção da região.
recuperação e recomposição. Além disso,
O uso da terra é tipicamente agroflo- num processo ainda comum em toda a
restal, com áreas antropizadas dispondo Amazônia, algumas dessas áreas encon-
de mosaicos produtivos que vão de pe- tram-se na forma de pastagens degrada-
quenas, médias e grandes propriedades das e capoeiras abandonadas em diversos
agrícolas, voltadas principalmente para a estádios de regeneração (Figuras 3 e 4),
produção de carne e leite, a assentamen- não revertendo ou agregando qualquer
tos de reforma agrária e extrativismo flo- ganho para a produção agropecuária e es-
restal da borracha. Também é marcante, timulando a conversão de novas áreas em
nessa regional, a presença de terras indí- pastos e plantações.
Figura 4. Áreas de pastagem e capoeira potenciais para implantação da cultura de palma de óleo no trecho da
BR 364 entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul (Foto: Edson Alves de Araújo)
190 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Figura 5. Mapa das áreas estratégicas para reflorestamento com palma de óleo na BR-364. Fonte: ACRE (2009)
192 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
A densidade mais utilizada para a cul- de óleo, obtendo-se um stand de 7.334
tura da palma de óleo é de 143 plantas/ plantas, o que equivale a 70% do stand do
ha, arranjadas em triângulo equilátero de abacaxi em monocultivo.
9,00 m de lado, ou seja, um espaçamento
Para a cultura da mandioca, planta-se
de 7,80 m entre as linhas de plantio e 9,00
no espaçamento de 1,00 m x 1,00 m. Para
m entre plantas. Nessa condição, inúme-
evitar a competitividade entre os sistemas
ras são as possibilidades que se tem de
radiculares da mandioca e da palma de
combinar culturas nas entrelinhas da pal-
óleo, aconselha-se implantar até cinco fi-
ma de óleo. Com o objetivo de preservar
leiras, proporcionando um stand de 5.500
a cultura principal, propõe-se que as cul-
plantas, correspondente a 55% do stand
turas consorciadas sejam plantadas com
de um mandiocal solteiro.
um afastamento mínimo de 1,00 m das
plantas de palma de óleo.
Para o consórcio palma de óleo x fei-
jão, utilizando o espaçamento de 0,50 m
x 0,30 m, é possível o plantio de 13 linhas
em cada entrelinha da palma de óleo. Referências
Com essa disposição, tem-se uma densi-
dade 47.667 plantas de feijão, o equivalen-
Bibliográficas
te a 71% do stand para o feijão se fosse
plantado em monocultivo. ACRE. Programa estadual de zoneamento
ecológico-econômico do estado do Acre.
Caso a cultura explorada seja o milho, Zoneamento ecológico-econômico do
em que se adota o espaçamento de 1,00 Acre fase II: documento síntese – escala
m x 0,40 m, em áreas de menor nível tec- 1:250.000. Rio Branco: SEMA, 2006. 356 p.
nológico, podem ser plantadas sete linhas
de milho, proporcionando um stand de ACRE. Política de valorização do ativo
19.250 plantas, equivalendo a 77% da po- ambiental florestal: Plano de valorização
pulação de milho solteiro/ha. do ativo ambiental florestal: programa de
A banana deve ser plantada no espaça- valorização do ativo ambiental florestal:
mento recomendado de 3,00 m x 2,00 m. fortalecendo as relações da floresta, na flo-
Como essa cultura necessita de mais espa- resta e com a floresta. Rio Branco: SEMA,
ço para o adequado desenvolvimento do 2008. 34 p.
seu rizoma, seria recomendável o plantio
de até duas linhas de banana nas entreli- ACRE. Zoneamento da Produção Familiar.
nhas da palma de óleo, com um stand de Rio Branco: SEMA, 2009. 32 p.
1.110 covas de banana, correspondendo a
BASTOS, T. X.; MÜLLER, A. A.; PACHECO, N.
67% de plantas caso a banana fosse plan-
A.; SAMPAIO, S. M. N.; ASSAD, E. D.; MAR-
tada em sistema solteiro, e equivalente ao
QUES, A. F. S. Zoneamento de riscos climá-
mesmo stand de um hectare de banana
ticos para a cultura da palma de óleo no
plantado no espaçamento 3,00 m x 3,00 m.
estado do Pará. Revista Brasileira de Agro-
O abacaxi é plantado em sistema de meteorologia, Passo Fundo, v.9, n.3, p. 564-
fileiras duplas, com espaçamento de 0,60 570, 2001.
m x 0,60 m x 1,00 m. Nessa situação, seria
recomendável plantar quatro fileiras du-
plas de abacaxi consorciado com palma
194 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
PARTE 2
Capítulo 13
196 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
previsto o plantio de 1.200 ha em áreas sua atividade, oferece: assistência técnica
degradadas e de pastagens, além do re- e orientação para a prática da agricultura
plantio de 380 ha que irão substituir as pal- familiar sustentável; eventos de educação
meiras com mais de 26 anos, cuja altura ambiental e recuperação da mata ciliar;
dificulta a colheita e, com a idade, apre- cursos de técnicas e práticas rurais, so-
sentam baixa produtividade. ciais, medicina e segurança no trabalho,
contribuindo para a qualificação profissio-
Visando melhor gerenciar o resultado
nal de jovens interessados nas atividades
de suas atividades, a empresa segregou
da empresa; cursos de práticas domésticas
sua plantação em módulos de aproxima-
salutares, como higiene, manuseio de ali-
damente 1.000 hectares, possuindo cada
mentos e técnicas de primeiros socorros.
setor equipamentos e gerenciamento pró-
A liberdade dos participantes é sempre
prios.
respeitada para escolherem se desejam
Consciente da importância da diversi- ou não se empregar na empresa.
ficação da flora para o meio ambiente, a
A Marborges também investe na infra-
Marborges recuperou a mata de áreas de-
estrutura local, reparando estradas (com
gradadas, reflorestando-as com espécies
destaque para 26 km da PA-252), pontes,
nativas e exóticas; algumas áreas cultiva-
ramais e áreas de lazer, mantendo-as em
das com palma de óleo foram intercala-
condições de uso para atender à econo-
das com outras espécies. Assim, além de
mia local e às comunidades vizinhas.
4.701 hectares cultivados com palma de
óleo, a Marborges reflorestou 432 ha com No campo de pesquisas para melhora-
espécies variadas – 120 ha de citrus, 120 mento da cultura de palma de óleo, a Mar-
ha de açaí e fruteiras –, e mantém pecu- borges investirá cerca de R$ 6.000.000,00
ária em menor escala. Com o cultivo de até 2013, em parceria com a EMBRAPA-
fruteiras, a Marborges implantará uma uni- CPAA e o Centre de Coopération Interna-
dade de processamento de polpas, com tionale em Recherche Agronomique pour
capacidade para atender inclusive à oferta Le Développement (CIRAD), da França,
de frutos que as comunidades vizinhas te- visando à seleção da variedade de palma
nham interesse em produzir, ampliando, de óleo mais produtiva e resistente a do-
assim, as oportunidades de renda para a enças, aspectos nutricionais e de manejo
vizinhança. da cultura.
Empenhada no acesso à multiplicação
e à interiorização de trabalho e renda com
atividade econômica sustentável, respei-
tando o meio ambiente e dando melhor 4. Práticas agrícolas
aproveitamento às áreas alteradas, a Mar-
borges pretende investir no município de
utilizadas na
Garrafão do Norte, no estado do Pará, produção de palma
com a implantação de uma nova unidade
agroindustrial do mesmo porte da unida- de óleo
de atual, propiciando a geração de 600
empregos naquele município. As práticas agrícolas aplicadas para a
Também empenhada na melhoria da cultura da palma de óleo diferem em plan-
qualidade de vida das comunidades que tações, regiões, países, etc. Um resumo
a circundam, a Marborges, ao longo de da experiência da Marborges Agroindús-
tria S.A. é descrito a seguir.
198 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
atividades são fundamentais para que se continuam nos canteiros durante 15 dias
consiga concluir a etapa com as mudas para adaptação a pleno sol antes de se-
apresentando um excelente desenvolvi- rem transferidas para o viveiro.
mento, conforme a Tabela 1.
Uma muda considerada normal tem de
5 a 7 cm de coleto, entre 3 e 5 folhas lance-
Tabela 1. Atividades desenvolvidas oladas e uma altura entre 23 e 28 cm.
no pré-viveiro
Atividade Periodicidade Observações Viveiro
Irrigação Diária Manual –
regador ou São realizados serviços topográficos
mangueira que consistem no levantamento planial-
Motobomba – timétrico da área, locação dos canteiros,
miniaspersores ruas de acesso, drenagem lateral e marca-
Monda Semanal Manter as ção do local em que ficarão os sacos.
mudas livres de
Os sacos do viveiro medem 40 x 40 x
concorrência
com ervas 0,35 cm e são dispostos em quincôncio
indesejáveis (triângulo equilátero), ficando separados
Adubação Semanal 1ª adubação à distância de 1,00 m entre eles no viveiro
Foliar após a 4ª de 1 ano (Figura 3)
semana; a
partir daí,
semanalmente
Pulverizações Quinzenal Inseticida +
Preventivas fungicida,
alternando
os produtos
(contato e
sistêmico)
Aplicação de Dependendo
Formicida da necessidade
200 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
descartadas aquelas raquíticas, com folío- canização Total da Área e o segundo, de
los não diferenciados, com folíolos inseri- Mecanização Parcial com Empilhamento e
dos em ângulo agudo, etc. Rua (Figuras 5 e 6).
Preparo da área
Implantação de áreas novas
É realizado um levantamento topográ-
fico no qual são apontadas áreas aptas
para o futuro plantio, córregos, igarapés,
proteção de mata ciliar, etc. A partir dessas
informações, é gerado um mapa, que de-
fine o tamanho de cada talhão (parcela)
e as estradas. Esses dados são fundamen-
tais para que todo o trabalho mecanizado
seja realizado de forma ordenada.
Por força das exigências ambientais, Figura 5. Preparação de Área nova para implantação
da cultura da palma de óleo (Foto do Autor)
atualmente estão sendo utilizadas somen-
te áreas degradadas, pastagens e capoei-
rinhas.
Em geral, as linhas de plantio estão
direcionadas no sentido norte/sul. Assim
sendo, a primeira área a ser limpa são as
estradas, para que a equipe de topografia
possa fazer a marcação dos eixos tanto
no sentido norte/sul quanto no leste/oes-
te, partindo desse ponto todas as demais
quadras.
As máquinas pesadas fazem a derru-
bada da vegetação existente, arrastando
também restos de troncos de árvores
ainda remanescentes na área. Esses resí- Figura 6. Preparação de Área com braquiária (pasta-
gem) para implantação da cultura da palma de óleo
duos podem ser “enleirados”, sem obe- (Foto do Autor)
decer a uma distância pré-determinada,
para posteriormente serem queimados
ou retirados das quadras, repetindo-se a Utilizam-se piquetes de 80 cm de altu-
mesma operação caso haja necessidade; ra para servir de marcação do local exato
assim, a área fica completamente livre dos onde serão plantadas as mudas. O plantio
resíduos de maior volume. Outra opção é demarcado na forma de triângulo equi-
é direcionar os restos de vegetação para látero (quinconcial) e, de acordo com o
o empilhamento (intervalo entre duas li- material genético, são definidos os espa-
nhas de plantio), ficando limpa somente çamentos de 9,0 x 9,0 m (143 plantas/ha),
a metade da parcela que é chamada de 8,70 x 8,70 m (153 plantas/ha), 8,25 x 8,25
“rua”, por onde são feitos o carreamento m (170 plantas/ha), etc. (Figura 7)
dos cachos, a adubação mecanizada, etc.
O primeiro sistema é chamado de Me-
202 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Figura 8. Preparao de área com cobertura de gramineas para plantio de palma de óleo(Foto do Autor)
Os solos com gramíneas têm mais cadas nas bordaduras das parcelas, sendo
matéria orgânica, comparativamente aos transportadas manualmente por trabalha-
com leguminosas. As operações de roça- dores (no ombro) até ao local definitivo.
gem mecanizada e coroamento químico
Normalmente, é feita uma adubação
com herbicida proporcionam a formação
de fundação na base de 300 g de rocha
de cobertura morta (mulch), melhorando
fosfatada. Outra equipe vem em seguida
a retenção de água; o capim triturado é
e abre as covas com auxílio de um “en-
lentamente mineralizado e disponibiliza-
xadeco”, separando a terra dos primeiros
do para as plantas, havendo, assim, uma
15 cm para ser misturada ao fertilizante
melhor eficiência na aplicação dos fertili-
e colocada no fundo, fazendo-se, então,
zantes nesse tipo de cobertura (Figura 8).
o plantio propriamente dito. Os mesmos
Há necessidade de se investigar mais procedimentos e cuidados adotados no
profundamente esse tema para compro- viveiro valem também para esta etapa.
var os resultados obtidos na Marborges.
Tratos culturais
Plantio • REBAIXO – corte da vegetação inde-
No viveiro, as mudas são embarcadas sejável com ferramentas tipo terça-
em carretas atreladas a tratores e desembar- do (facão), foice, etc. Em geral, nos
cadas no “Pé do Piquete”. Em plantios muito plantios jovens, são feitos de três a
distantes do viveiro, esse transporte é feito quatro rebaixos por ano e nos adul-
em caminhões e as mudas são desembar- tos, de um a dois.
204 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Colheita trator pode ser substituído por cinco ani-
mais, com um impacto bastante positivo
Essa fase se inicia aos 2,5 anos após não só em termos de investimento, mas
o plantio e, nas primeiras colheitas, de- também nos prejuízos ocasionados pelo
pendendo da quantidade de cachos, os não carreamento dos cachos em caso de
ciclos podem variar de 12 a 15 dias ou pane no equipamento.
mesmo pode haver apenas um ciclo por
mês. Com a regularização do número de
cachos, os ciclos passarão a ser de 8 a 12 Coleta de frutos soltos
dias, chegando, no máximo, a 15 dias.
Quando os cachos são colhidos, des-
O critério para que o cacho seja colhi- prende-se uma grande quantidade de
do é que haja o desprendimento de um frutos que possuem alto teor de óleo;
a três frutos. O trabalhador que realizará porém, se não forem coletados rapida-
esse serviço deve ser bem treinado para mente, haverá aumento da acidez (ácidos
evitar que sejam colhidos cachos verdes, graxos livres), prejudicando a qualidade
sobre maduros e passados. Em plantios do produto. Esse serviço é realizado com
jovens, a ferramenta utilizada é o sacho a coleta manual dos frutos (catação), que
(parecido com um ferro de cova); quando são embalados e transportados em sacos
a planta atinge mais de 4 metros, usa-se de 45 a 50 kg de dentro das parcelas para
a foice malasiana, com extensão de alu- sua bordadura, embarcados em caçamba
mínio, que varia conforme a altura da pal- basculante atrelada ao trator e descarrega-
meira (Figura 9). dos em contêineres.
Transporte da produção
É realizado por caminhões,
que fazem o recolhimento dos
contêineres e transportam a
produção até a fábrica, onde
é executada a pesagem e são
informados o número do contê-
iner e o nome da parcela. Atra-
vés desses dados, é possível ter
um controle da produção de to-
dos os plantios por quadra.
Figura 9. Cachos de frutos de palma de óleo colhidos manual-
mente aguardando por carreamento (Foto do Autor)
Adubação
O sistema de adubação utilizado pela
Carreamento Marborges é de reposição nutricional, to-
Na Marborges, o carreamento, que é a mando como base o que é extraído pela
retirada dos cachos colhidos de dentro das planta dos principais nutrientes para pro-
parcelas até os contêineres, é feito com duzir uma tonelada de cacho e levando
animais, muares ou bubalinos, atrelados a também em consideração resultados de
carroças. Esse sistema vem apresentando análises foliares.
rendimentos de 5,8 t / animal / dia. Um
206 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Figura 10. Distribuição de cachos vazios e fibras nos palmares (Foto do Autor)
208 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
ADUBAÇÃO Consórcio com outras culturas
• Aplicação manual em plantios sem
e atividades
colheita – a aplicação deve ser feita Com diversos plantios sendo atacados
na coroa em círculo no terço final das pelo Amarelecimento Fatal (AF) e, como
folhas. no passado existiam muitas incertezas a
respeito do replantio com HIE devido ao
• Aplicação manual em plantios em co-
seu baixo teor de óleo e pouca pesquisa,
lheita – a aplicação deve ser feita na
a Marborges resolveu consorciar alguns
ponta das folhas, sobre as folhas na
plantios com espécies florestais nativas e
direção do empilhamento.
exóticas com o objetivo que, quando os
• Aplicação mecanizada – as bocas de palmares viessem a ser dizimados pelo AF,
aplicação das adubadeiras devem já haveria outra atividade estabelecida, ga-
estar sempre direcionadas para o rantindo, assim, a continuidade produtiva
empilhamento, desligando a esteira da área, e evitando possível especulação
quando houver falhas de plantas. Ao fundiária.
terminar uma rua, as esteiras devem
Praticamente todas as espécies nativas
ser desligadas e ligadas somente no
não tiveram um bom desempenho e, en-
início da outra, evitando jogar adubo
tre as exóticas, a que mais se destacou foi
na estrada.
a Tectona grandis, ou Teca, que vem apre-
DISTRIBUIÇÃO DE RESÍDUOS sentando um excelente desenvolvimento
INDUSTRIAIS vegetativo; contudo, rotineiramente são
• Fibra e Cacho Vazio – a partir da saí- realizadas podas para evitar que haja som-
da da indústria para o campo, esses breamento nas palmeiras de palma de
resíduos não devem passar mais de óleo. Essa experiência ainda está em fase
dois dias na estrada, obedecendo à de avaliação, mas, com a perspectiva de
programação de sequência de par- boas produtividades dos HIE, não se fez
celas e quantidade por planta pré- mais nenhum plantio obedecendo a esse
estabelecida. modelo.
210 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
PARTE 2
Capítulo 14
212 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Julho 2008 - Julho 2009 - 2010 em
2005-2007 1º Sem.2008
Junho 2009 2010 diante
Mistura autorizada Mistura obrigatória Mistura obrigatória Mistura obrigatória Mistura obrigatória
de até 2% mínima de 2% mínima de 3% mínima de 4% mínima de 5%
Figura 1. Marco Regulatório do Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel (PNPB).
oleaginosas, altamente adaptadas e pro- exploração por longo prazo. Possui, ainda,
dutivas na região, terão importante papel grande capacidade de fixação de carbono;
na produção de bioenergia. Os cultivos alta eficiência na conversão energética,
perenes, principalmente de palmáceas, com balanço energético altamente positi-
são os mais adequados para a produção vo; e gera, também, subprodutos com uso
de bioenergia nas condições agroecoló- energético (cascas, fibras e efluentes de
gicas da Amazônia, visto que, depois de usina de processamento de cachos).
estabelecidos, são explorados por vários
Apesar de algumas experiências reali-
anos sem necessidade de preparo do
zadas com óleo de palma para fins ener-
solo. Estas proporcionam ainda, cobertura
géticos, tanto para uso como combustí-
permanente do solo evitando que o im-
vel em veículos automotores como em
pacto direto das intensas chuvas provoque
motores estacionários, sua participação
erosão e lixiviação.
na matriz energética ainda é pequena,
A cultura da palma de óleo (Elaeis gui- destacando-se a produção de biodiesel
neensis Jacq.) ou palma de óleo tem gran- pela empresa Agropalma. Os fatores que
de potencial para contribuir na efetivação contribuem para essa pequena participa-
da produção de biodiesel/biocombustível ção, apesar do potencial que apresenta,
na Amazônia, fato já reconhecido pelo go- estão mais relacionados a questões de
verno federal ao definir a palma de óleo oportunidade de mercado (preço pago
como a espécie com potencial para ser pela indústria de alimentos mais vanta-
usada no âmbito do Programa Nacional josos) e restrições à expansão do cultivo
de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). (legislação ambiental de uso de terras na
Ressalta-se ainda que, em maio de 2010, o Amazônia e financiamento adequado às
governo brasileiro lançou o Programa de características da cultura) do que as ques-
Produção Sustentável de Palma de óleo no tões técnicas do processo de produção do
Brasil, colocando a palma de óleo como biodiesel.
produto estratégico para o País, onde a
indústria, os agricultores e o governo fe-
deral vêem na cultura da palma de óleo
uma atividade econômica com uma série
de vantagens e oportunidades. Cabe res-
2. Óleo de palma
saltar que a palma de óleo merece des- como matéria-prima
taque na agricultura bioenergética por
apresentar a maior produtividade entre as 2.1. Extração e características
oleaginosas (4 a 6 toneladas de óleo/ha/ do óleo de palma
ano). É uma cultura perene que, quando
plenamente estabelecida, protege o solo A extração do óleo dos cachos de
contra erosão, apresenta relativamente palma de óleo é realizada por processos
baixo custo de produção do óleo, produz puramente físicos, sendo basicamente:
durante todo o ano e tem possibilidade de esterilização, debulhamento, digestão,
214 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
processos enzimáticos de deterioração e modelo adequado que leve em conside-
aumento da acidez. ração a logística, as questões ambientais
e socioeconômicas, a gestão, o consumo
O processo de hidrólise dos triacilglice-
e o preço local do diesel. Uma das possi-
rídios (componentes básicos do óleo ve-
bilidades de atendimento a essas necessi-
getal) que ocorre leva ao aumento do teor
dades, como fonte de energia renovável,
de ácidos graxos livres, que são facilmente
é o uso de óleos vegetais como biocom-
separados pela reação de saponificação
bustível, quer pelo uso in natura ou trans-
com uma solução quente de hidróxido
formado quimicamente pelo processo de
de sódio, produzindo o correspondente
transesterificação e/ou esterificação ou
sal sódico do ácido carboxílico, isto é, o
por craqueamento.
sabão. Consequentemente, o índice de
acidez do óleo refletirá no rendimento/ Nesse caso, a opção de utilização de
utilização de um ou outro processo na biocombustíveis em motores diesel seria
produção de biocombustível. o emprego do biodiesel (segundo espe-
cificações da ANP) sem necessidade de
modificar o motor, ou modificar o motor
para o uso direto do óleo vegetal, uma vez
3. Biocombustível de que esses motores são sensíveis, principal-
mente às gomas que se formam durante a
óleo de palma combustão do óleo vegetal.
216 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Gráfico com qualidade baixa, não
dá para ler o que está escrito
Figura 2: Produção de biodiesel a partir do óleo de palma: (a) esquema do processo de produção de biodiesel
(A= acidez); (b) unidade piloto para produção de biodiesel por transesterificação etílica, desenvolvida pelo
Instituto Militar de Engenharia e instalada no Campo Experimental do Rio Urubu/Embrapa Amazônia Ocidental
(Foto: Wanderlei Antônio Alves de Lima).
218 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
No caso específico da unidade do produto das etapas de neutralização e de
CERU, em que a planta de biodiesel está lavagem, que são normalmente usadas na
ao lado da usina de extração de óleo, a produção desse biocombustível. A esteri-
aplicação desse subproduto seria impor- ficação foi conduzida usando um catalisa-
tante devido à dificuldade de acesso aos dor heterogêneo do tipo heteropoliânion
produtos e ao alto custo do transporte na de Keggin.
região Amazônica. Cabe ainda mencionar
As reações de transesterificação e es-
que o uso dessas cinzas é ecologicamen-
terificação em uma única etapa para a pro-
te correto e agrega valor ao processo, pois
dução de biodiesel e aditivos mostraram-
pode ser usado como um substituto do
se promissoras, estando o processo em
catalisador básico convencional de hidró-
fase de otimização (SOUZA, 2009).
xido de sódio.
4.4 Aproveitamento da
4.2 Transformação da glicerina glicerina – Produção de
por rota biotecnológica biofilmes
No processo de biotransformação
O desenvolvimento de biofilmes tem
da glicerina proveniente do processo de
crescido devido à possibilidade de substi-
produção de biodiesel de óleo de pal-
tuição parcial dos materiais plásticos não
ma, foram utilizadas cepas fúngicas (Pa-
degradáveis. Proteínas e polissacarídeos
ecilomyces variotii) retiradas do próprio
têm sido utilizados para a produção de
óleo de palma. Segundo o IME, as cepas
filmes com boas propriedades mecânicas.
isoladas desse fungo são cepas inéditas,
Nesse contexto, está sendo estudado o
pela primeira vez, encontradas nesses
aproveitamento da glicerina e dos sub-
substratos. Elas foram submetidas a dife-
produtos do processo de produção de
rentes condições: temperaturas entre 5 e
biodiesel por rota etílica para a produção
45ºC no período de 3 a 3.600 horas, com
de biofilmes.
e sem agitação, em presença e ausência
de nutrientes. O filme obtido a partir da mistura de
glicerina, gelatina e etanol apresentou-se
A biotransformação foi confirmada por
flexível, com certa elasticidade, e com es-
diferentes técnicas analíticas, que indica-
pessura na faixa de 15 a 20 µm. Já o filme
ram a formação de polióis com grande po-
obtido em presença de solução filmogê-
tencial de aplicação na indústria química
nica contendo ácido graxo, proveniente
(SANTOS, 2008).
do aproveitamento do sabão, gerado no
processo de produção do biodiesel, gerou
um filme não flexível, heterogêneo, cuja
4.3 Transformação da glicerina
espessura foi de cerca de 3 µm e a tensão
por rota química – Produção de
de ruptura foi 45,8 MPa.
aditivos
Com o objetivo de associar a necessi-
dade de novas aplicações para o glicerol 4.5. Produção de Bioetanol a
e gerar aditivos ecologicamente corretos, partir de fibras lignocelulósicas
foi estudada a viabilidade da formação da palma de óleo
de éteres a partir de dois álcoois em uma
A biomassa derivada da produção do
única etapa, a fim de produzir biodiesel
óleo de palma é composta de fibras, ca-
sem a necessidade da separação do co-
220 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
MIRANDA, R. M.; MOURA, R. D. Óleo de
6. Referências dendê, alternativa ao óleo diesel como com-
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Produção e Manejo Sustentáveis para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia |
Projeto realizado por encomenda do governo e financiado pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia-MCT/FINEP
(Convênio Código 01.05.0110.00)
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
224 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia