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PIERRE, D.S1
AZEVEDO, T.C2
Resumo
A desigualdade de gênero em Minas Gerais é visível desde o início das civilizações,
na qual, as mulheres resistem a discriminação imposta pela sociedade, em busca de
reconhecimento e igualdade. No entanto, é essencial a participação feminina no mercado de
trabalho para que haja uma diminuição desse contraste. Apesar do aumento da sua presença e
do seu reconhecimento nos dias atuais, ainda é recorrente a dificuldade de igualdade nas
condições de trabalho em comparação à figura masculina. A elaboração deste estudo, tem
como objetivo analisar e compreender a disparidade entre homem e mulher no ramo
profissional na localidade mineira, abordando a relação de exploração e os papéis exercidos
na ordem patriarcal, através da análise de pesquisas já realizadas. Portanto, desenvolver o
conhecimento acerca das tendências de crescimento dessa desproporção, assim como sobre os
obstáculos para uma inserção mais igualitária é importante para desconstrução social
retratada.
Abstract
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como intuito abordar as dificuldades vividas pelas mulheres no
mercado de trabalho na região mineira, através da compreensão de fatores que minimizam e
propiciam essa disparidade. No entanto, é destacado a importância de garantir
desenvolvimento social, através do acesso enfático da figura feminina no ramo laboral,
ocupando posições de relevância, como forma de assegurar as mesmas oportunidades de
ascensão que os homens. A pesquisa realizada é uma revisão bibliográfica de materiais que
possuem como foco o tema: Mercado de Trabalho e Gênero: uma análise das desigualdades
em Minas Gerais.
Sendo assim, a pesquisa justifica-se pela pertinência do rompimento da imagem
feminina como força de trabalho secundária, através de propostas sociais que visem a
equidade de gênero na ocupação profissional. Ao decorrer do texto, foram utilizados dados
comprovantes de tal problemática social.
O foco principal é relatar as diferenças no tratamento que a sociedade tem em relação
à figura feminina, como é possível perceber, na diferença salarial entre ambos gêneros. Além
disso, as mulheres enfrentam maiores dificuldades para ascensão profissional e também para
se manter no mercado de trabalho. É notável que as discriminações persistem até os dias
atuais.
Logo, a questão que orienta a produção deste artigo é: o que explica a permanência da
inferioridade e da segregação ocupacional feminina no mercado de trabalho na região de
Minas Gerais?
A mulher luta por sua igualdade profissional, visto que a mesma é alvo de mão de obra
barata e por isso não é valorizada da mesma forma que os homens. Com isso, é necessário
destacar que a cultura patriarcal do país influencia diretamente esse contraste, devido a
superioridade masculina enraizada na população.
Diante disso, há necessidade que a sociedade mude esse conceito indevido, quanto às
competências femininas, para enxergar de maneira coerente suas potencialidades. Percebendo
que no âmbito familiar, a mulher atua com destreza e responsabilidade, assim como no
trabalho, conciliando seus deveres domésticos com suas atividades profissionais.
O estado de Minas Gerais, está localizado na região Sudeste, na qual, é a mais
populosa do país e a detentora da maior mão de obra, caracterizada como uma região
desenvolvida. Seu mercado de trabalho possui divergências salariais, nas quais, as teorias do
capital humano, da segmentação e da discriminação procuram elucidar.
Foi realizado um levantamento de dados, sobre a região mineira e os referidos
indicadores de desigualdade de gênero, utilizando dados já publicados na internet. Dessa
forma, a relevância da pesquisa é voltada para essa localidade, devido a seu grande
desenvolvimento econômico e a ausência de igualdade social no meio profissional, cogitando
promover uma visão desconstruída em relação a esse tema de fundamental importância na
vida de diversas mulheres. Visto que, através da atividade no mercado de trabalho é que se
obtém o rompimento almejado e a equivalência no conjunto de normas femininas, em
conjunto da estabilidade no ramo trabalhista.
Em suma, a atual pesquisa foi dividida em duas partes. Na primeira, foi abordado a
identificação dos fatores que implicam na disparidade entre ambos gêneros, a fim de
conceituar fundamentos como análise da posição da mulher no mercado de trabalho,
destacando as evidências, de que apesar da evolução, a discriminação persiste até os dias
atuais. Além disso, foram utilizados dados estatísticos já publicados, para análise e
comprovação de tal problemática.
Na segunda parte, a compreensão foi direcionada para as relações pertinentes ao
desenvolvimento profissional da mulher, com base em pesquisas realizadas, com foco na
região mineira. Foi concluída com a descrição de conceitos que comprovam tal tema,
reforçando a necessidade de valorização feminina, demonstrando o crescimento do
reconhecimento das mesmas apesar de ainda possuir barreiras a serem rompidas. Além disso,
destacou aspectos importantes da figura feminina que são desvalorizados socialmente.
É importante destacar, que a mulher tem uma história marcada pela submissão,
caracterizada pelo absolutismo do homem, que limitava a figura feminina às ordens
masculinas e aos cuidados do lar. Portanto, há muito tempo, elas sofrem com a discriminação
e o papel social imposto pelo meio, o que reflete na desigualdade retratada, em que os homens
são mais favorecidos socialmente.
De acordo com o papel social moldado pela sociedade patriarcal, é possível afirmar
que o sexo feminino era visto como dominado e o sexo masculino como dominador, o que
comprova a ausência de liberdade das mulheres durante toda sua trajetória. Segundo a filósofa
Beauvoir, tal papel social é exemplificado ao afirmar que “não se nasce mulher, torna-se
mulher”. Conclui-se que, houve uma determinação das obrigações designadas as mulheres, o
que resultou na padronização do comportamento imposto e seu cumprimento. No entanto,
impôs condutas a serem seguidas pelas mulheres, considerando inválida quaisquer ações
divergentes do padrão.
Como consequência histórica, as mulheres acabaram adquirindo uma vida de dupla
jornada de trabalho, em que, conciliam o trabalho assalariado com os cuidados domésticos.
Apesar da maior participação no mercado, ainda é limitada aos preconceitos antecedentes nos
dias atuais.
A desigualdade pode ser atribuída aos diferentes papéis desempenhados entre os
gêneros. As mulheres, maiores responsáveis pelos cuidados da casa e dos filhos, estão sujeitas
a uma menor participação nos processos produtivos. Portanto, a presença de descendentes é
um dos fatores que mais dificultam a inserção da mulher no setor profissional. Segundo dados
divulgados pelo IBGE, temos que em 2019, o nível de ocupação das mulheres sem filhos de
até 3 anos de idade era de 67,2%. Já entre as mulheres com filhos nessa faixa etária caía para
54,6%.
No entanto, esses dados evidenciam a necessidade de políticas públicas voltadas a
favorecer a ocupação das mulheres no mercado de trabalho. A oferta de creches, por exemplo,
poderia aumentar a participação das mesmas, pois teriam um local para deixar os filhos
enquanto estivessem no trabalho.
Vale ressaltar, que houve um grande aumento da participação feminina no mercado de
trabalho. Esse fato ocorreu devido à queda da taxa de fecundidade e envelhecimento da
população. Além disso, também do acréscimo da escolaridade feminina, que acarreta mais
vantagens econômicas.
Nesse quesito, há uma pequena diferença entre os sexos, favorável às mulheres: a
escolaridade média da população feminina com dez anos ou mais, em Minas Gerais, em 2011,
é um pouco maior que a dos homens, 7,1 contra 6,7 anos de estudo (FUNDAÇÃO JOÃO
PINHEIRO, 2012). Como pode ser observado no gráfico 1.
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Gráfico 1- taxa de atividade das pessoas com dez anos ou mais de idade por sexo e nível de instrução - Minas
Gerais – 2011
Dessa forma, pode-se concluir que a diferença no nível de atividade entre os gêneros
diminui com o aumento da escolaridade. A taxa de atividade é maior para as mulheres mais
instruídas, ocorre não só porque o mercado de trabalho é mais receptivo ao trabalhador mais
qualificado de modo geral, mas também porque elas podem ter atividades mais gratificantes e
bem remuneradas, que compensam os gastos com a infraestrutura doméstica necessária para
suprir a sua saída do lar (BRUSCHINI, C, 200, pp. 21-22).
No cenário nacional, a participação da mulher no ramo profissional vem crescendo de
forma significativa e constante desde a década de 1970. De acordo com um levantamento
feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 54,5% das
mulheres com 15 anos ou mais integravam a força de trabalho no país em 2019.
Essa desigualdade é notável em diversas situações como a disparidade salarial, em que
o homem recebe uma remuneração superior à da mulher, mesmo ocupando cargos idênticos.
Também, na segregação ocupacional, na qual, o gênero feminino ocupa cargos menos
qualificados com salários menores. Além disso, é observado a dificuldade de ascensão no
mercado, devido às barreiras presentes no âmbito profissional e também da subestimação da
sua capacidade em ocupar posições privilegiadas, o que dificulta a imersão e avanço laboral.
Ainda assim, é importante destacar que muitas vezes as mesmas são desclassificadas pela
possibilidade de gravidez, devido ao direito de licença no tempo de gestação.
Apesar do crescimento contínuo, a proporção de mulheres trabalhando ou procurando
trabalho no Brasil ainda é bastante inferior à dos homens, que tem se mantido estável ao longo
dos últimos anos. Em 2019, a remuneração média das mulheres foi R$1.985,00, cerca de 22%
menor que a média dos homens, que foi de R$ 2.555,00.
As taxas de atividade, tanto femininas quanto masculinas, são diferentes
espacialmente. Considerando o passar dos anos, observa-se que há uma divergência na taxa de
atividade para ambos os sexos, porém mais acentuada para as mulheres. Como pode ser visto,
pelo gráfico 2.
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Gráfico 2- Taxa de desocupação, por sexo na semana de referência das pessoas com 14 anos ou mais de idade
(%) - Minas Gerais - 2012 a 2018
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Continua (PNADc). Elaboração: Diretoria de Estatística e Informações (Direi), Fundação João Pinheiro (FJP).
A distribuição por sexo por atividade desempenhada (gráfico 3) mostra que os homens
são a maioria em quase todas as ocupações, em exceto nas atividades domésticas e no
estatuário. Portanto, é visto que há maior predominância feminina no setor doméstico. Como
pode ser visto no gráfico 3.
Gráfico 3- Distribuição de mulheres e homens com dez anos ou mais de idade por grupo de ocupação -
Minas Gerais - 2011
Gráfico 4- Porcentagem dos trabalhadores informais de dez anos ou mais de idade por sexo e nível de instrução –
Minas Gerais – 2011.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de ter sido determinado significativo crescimento da participação feminina no
mercado laboral, essa inserção ocorre de maneira precária e desigual se comparada à
masculina. Diante dessa afirmação, o presente artigo relata alguns aspectos da desigualdade
de gênero no meio profissional relacionada a região de Minas Gerais.
Com base nas pesquisas realizadas para construção desse texto, foi possível concluir
que os preconceitos enraizados na história da mulher, e seu papel social imposto pela
sociedade, desencadeia a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e a difícil inserção
feminina nesse meio. Apesar da luta por reconhecimento enfrentada pelas mulheres, ainda é
visível sua desvalorização frente a tantas formas de preconceitos sofridos atualmente, para
garantir uma vaga de trabalho.
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Além disso, a dupla jornada de trabalho designada a figura feminina, dificulta a sua
ascensão profissional, devido à sobrecarga, o que acarreta a disparidade entre os gêneros,
visto que a figura masculina na maioria das vezes não desempenha atividades domésticas,
determinando como foco apenas o trabalho exercido.
Conforme afirma Costa e Silva (2008), as desigualdades de gênero no mercado de
trabalho produzem consequências econômicas negativas para toda a sociedade, e não só para
as mulheres. A redução da diferença nos salários e na participação pode resultar em aumento
do crescimento econômico, assim como na redução da pobreza e da desigualdade.
Analisando possíveis mediações, para maior equidade de gênero no ramo laboral, é de
extrema importância a desconstrução do papel social imposto as mulheres, desfazendo a
visão da mulher como sendo submissa e incapaz de apropriar se de um trabalho digno.
Portanto, a quebra de conceitos atrelados a história das mesmas é essencial para que se atinja
o reconhecimento desse gênero resistente a tanta discriminação e consequente seria
alcançado a igualdade entre ambos os sexos diante as oportunidades e condições de trabalho,
sendo assim uma realidade justa para todos.
A partir da análise dos dados estatísticos informados ao decorrer do texto, os
resultados indicam que apesar de apresentarem melhores níveis de escolaridade para as
mulheres, tanto no setor formal, como no setor informal da economia, elas estão inseridas em
ocupações mais precárias e mais instáveis, principalmente no mercado informal, que é o setor
que não dá nenhum direito e nem garantias aos trabalhadores. Como visto, desde a inserção da
mulher no mercado de trabalho, foi e continua sendo cercada por diversos tipos de rejeição.
Dessa forma, indica a necessidade do reconhecimento por parte das instituições que
administram o mercado de trabalho sobre esses problemas de desigualdade de gênero, assim
como no contraste das mulheres na região de Minas Gerais. Reconhecer esse fato, pode ser
um grande passo para se refletir políticas públicas direcionadas às mulheres, e mais
especificamente, às trabalhadoras da região mineira do país, que sempre sofreu e continua
sofrendo com a precariedade das condições de trabalho. Além disso, é essencial que garantir a
continuidade do crescimento da economia para que reduza o desemprego, e aumento de vagas
para aquelas que desempenham responsabilidades domésticas e necessitam de um trabalho
assalariado. Com isso, seria viável que os homens busquem colaborar nos afazeres da casa
para que as mulheres não se sobrecarreguem e alcance uma equidade no mercado.
4. REFERÊNCIAS
LIMA, Gustavo. et al. O teto de vidro das executivas brasileiras. Pretexto, Belo Horizonte,
v.14, n.4, p.65-80,2013. Disponível em: http://www.spell.org.br/documentos/ver/30066/oteto-
de-vidro-das-executivas-brasileiras. Acesso em: 12.set 2021.
COSTA, Joana; SILVA, Elydia. The Burden of Gender Inequalities for Society. Poverty in
Focus, Brasília, IPC, IPEA e UNDP, n. 13, p. 8-9, janeiro, 2008. Disponível em: Acesso em:
12.set 2021.
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. 2. ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.