Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2020 PMR África

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SAVANA esteve em Palma e conta o que viu

Desgraça
total!
Pág. 2, 3 e 4

Acção jihadista em Cabo Delgado Pág. 6

Empresários contabilizam USD 300 milhões de prejuízos


2 Savana 16-04-2021
Palma
Revisitando o pesadelo
Por Armando Nhantumbo, nosso enviado à Palma
A
pré-disposição do professor
Jacinto João em nos con-
duzir até ao cadáver estate-
lado num dos becos da vila
de Palma desafia um dito secular:
que a morte não se habitua. Jacinto
trata da morte com normalidade,
desde a tarde de 24 de Março, quan-
do a tragédia se abateu sobre Palma.
Dezanove dias depois do assalto à
vila, o SAVANA esteve, por algumas
horas, no centro do furacão para, a
partir de fontes oculares, reconsti-
tuir um dos maiores ataques desde o
início da violência jihadista em Ou-
tubro de 2017.
A reconstituição do ataque, agora
com os pés no terreno, confirma as
descrições feitas pelo SAVANA, nas
duas últimas edições.
Relatos locais corroboram que os
insurgentes jihadistas entraram em
três direcções. A primeira, do bairro
de Man’guna, a segunda, de Nhica
do Rovuma e terceira, de Quionga.
Driblaram as Forças de Defesa e Se-
gurança (FDS), dispersando-as até
penetrarem vila adentro, praticamente
sem resistência.
Uma fonte militar que participou dos
combates confirmou ao SAVANA,
em Palma, que outra das estratégias
dos insurgentes foi misturarem-se
com a população. Entraram na vaga
dos populares que vinham fugidos dos
ataques à volta da sede distrital.
Para ele, os insurgentes têm, clara-
mente, serviços de reconhecimento,
através dos quais obtêm informação
privilegiada. Mas, tal como temos re-
portado neste jornal, eles também têm
tido informação através de fugas de
dentro das FDS.
De acordo com a fonte militar, uma
vez no centro da vila, os insurgentes
jihadistas começaram a pôr lenços
vermelhos na cabeça para se identifi-
carem.
O fogo do inimigo, contou, vinha de
todas as direcções. Com poucas alter-
nativas, os militares tiveram de fugir
à procura de refúgio.“Eles fecharam
toda a vila. Você não tinha como”,
confessou, reconhecendo o poderio
dos atacantes.
Populares ouvidos pelo jornal, em Pal-
ma, também confirmam terem fugido
com militares. Na sua maioria, desfi-
zeram-se dos artefactos militares e se
fizeram passar por civis.
Tal como escrevemos antes, os milita-
res, à semelhança de altos funcionários
do Estado, estão entre os principais al-
vos do grupo.
Quando um dos nossos entrevistados
disse que os insurgentes estavam aci-
ma de 300, lembramos-lhe que Palma
estava militarizado. “Os militares fu-
giram. Alguns deixaram armas. Mas,
papá, é complicado falar de militares”,
respondeu de imediato, ele que, pelos
seus próprios olhos, viu sete mortos.
Cadáveres por sepultar
“Tanto militares, como polícias, fu-
giram. No mato, estávamos com os
agentes, mas já sem farda”, disse um
dos poucos residentes que, na última
segunda-feira, quando estivemos em
Palma, tinha retornado à vila.
A fonte, cuja identidade omitimos,
deliberadamente, também confirmou
que, antes do ataque, a vila estava
“cheia de militares”.
Um militar contou que foram 10 dias,
com os insurgentes a controlarem a
vila de Palma. Com diferentes graus
de intensidade, sobretudo até ao dia
27, altura em que começaram a chegar
os reforços das tropas governamentais.
Durante o seu “reinado”, em Palma,
os insurgentes jihadistas fizeram uma
autêntica razia. Dezanove dias depois,
a vila ainda cheirava a cadáver. O SA-
VANA “furou” a escolta militar para
ir ver mais um cadáver ainda não se-
pultado.
Estatelado na rua, à saída de uma
TEMA DA SEMANA
residência, o corpo aparentava ser de
uma idosa. A única dignidade que teve
foi ser coberto com um tecido. Tan-
tos dias passados, o cadáver estava em
avançado estado de decomposição.
Muitos populares disseram ao jornal
que vários outros corpos estavam es-
palhados por outros pontos não con-
templados no roteiro da escolta oficial
que levou jornalistas para a vila.
De uma das vilas em franco cresci-
mento, graças à indústria do oil &
gas, os jihadistas deixaram a vila em
escombros e o gás à distância de uma
miragem.
Tal como também avançámos nas
últimas edições, aparentemente, os
atacantes tinham alvos bem iden-
tificados. Infraestruturas públicas e
empreendimentos comerciais parece
terem sido alvos.
Até onde as FDS quiseram nos levar,
testemunhamos infraestruturas públi-
cas e privadas destruídas, por vezes,
lado a lado com edifícios intactos.
As instalações da Polícia e da autori-
dade tributária são algumas das que
vimos com nossos próprios olhos.
Vandalizadas e incendiadas.
A tragédia se abateu sobre Palma. Homens e edifícios tombaram aos pés dos jihadistas
...e tudo o fogo levou.
Os insurgentes saquearam também o
dinheiro nas instalações dos bancos
BCI, Millennium Bim e Standard
Bank. Depois do saque, destruíram
por completo as instalações do BCI,
uma estrutura pré-fabricada e pouco
resistente.
No Standard Bank, os “Al-Shabaab”,
como são conhecidos pela população,
chegaram a ligar o gerador da agên-
cia, contou ao SAVANA uma fon-
te local. O expediente terá sido para
ligarem rebarbadeiras para cortar o
cofre do banco. Embora sem sucesso.
No BIM, terão saqueado 30 milhões
de meticais, segundo fonte abalizada.
Mas outras fontes garantem que este
número é exagerado. Apesar de se ter
avançado com um saque avaliado num
milhão de dólares, os números pode-
rão ter ficado abaixo dos 50 milhões
de meticais. “Para se terem números
exactos, era preciso saber dos aprovi-
sionamentos nas ATM e as reservas
em cofre”, disse-nos uma fonte bancá-
ria. Habitualmente, balcões à dimen-
são de Palma podem ter reservas até
15 milhões de meticais. “Mas depende
dos movimentos que foram feitos com
Pemba, uma vez que não havia um flu-
xo regular de moeda”, explicam-nos.
O “dinheiro vivo” é muito importante
na estratégia de mobilização de novos
aderentes à causa jihadista e nos pa-
gamentos que fazem nas localidades
e aldeias sob controle governamental.
Dezenas de viaturas foram incendia-
das, incluindo as de gama luxo que
estavam ao serviço do projecto de
LNG. Mas houve carros recuperados
intactos. Outros proprietários, menos
sortudos, encontraram os seus veícu-
los parcialmente vandalizados.
Hotel Amarula e barco do
ISIS
O SAVANA tentou reconstruir a es-
tória fantasiosa de um navio que veio
abastecer os “Al-Shabaab”. Não houve
embarcação do ISIS ancorada na praia
defronte a Palma. Tratou-se apenas da
barcaça alugada em Mombassa, Qué-
nia, por comerciantes de Pemba, e que
abastecia a vila de produtos alimenta-
res. Inacessível a partir de Mocímboa
da Praia e Nangade, a vila vivia, nas
vésperas do ataque, uma grave escas-
sez de produtos.
No ataque, os insurgentes saquearam
a embarcação. Mas há versões con-
traditórias sobre quem a incendiou.
Um dos populares contou ao jornal
que foram os “Al-Shabaab” que atira-
ram contra a embarcação, depois de a
saquearem. Mas outras fontes dizem
que foram os helicópteros da DAG
[Dick Advisory Group) que destruí-
ram a embarcação, ao se aperceberem
da movimentação dos insurgentes
junto à barcaça, quando, provavel-
mente, eles protagonizavam o saque
dos produtos alimentares estivados no
seu porão.
Há, igualmente, versões contraditórias
sobre o ataque ao Hotel Amarula. Há
fontes que afirmam que os insurgen-
tes não vandalizaram o hotel, atirando
culpas a agentes das FDS que, alega-
damente, ter-se-ão aproveitado da
situação para protagonizar saques
do que escapou das investidas do
 TEMA DA SEMANA
Savana 16-04-2021 3

ataque inimigo. A escolta militar não
chegou ao hotel, nem ao local onde es-
tão as improvisadas sepulturas que um
polícia descreveu como de “cadáveres
de brancos”. De um sobrevivente dos
trabalhadores que estiveram refugia-
dos no hotel, foi dito ao SAVANA
que os corpos decapitados são de tra-
balhadores moçambicanos que traba-
lhavam num estaleiro a 50 metros do
Amarula.
Em Palma, pelo menos dois populares
confirmaram, ao SAVANA, envolvi-
mento de agentes das FDS no saque
de estabelecimentos comerciais.
também um novo pesadelo para mui-
tos. Pelo telefone ficaram a saber que
muitos familiares morreram ou conti- PREÇOS DE BENS ESSENCIAIS DE CONSUMO
nuam desaparecidos.
Mas, mesmo com o reforço de unida-
BOLETIM Nº3 MARÇO 2021
des especiais das FDS, casos dos Gru-
po de Operações Especiais (GOE) e
dos Comandos (com boinas verme-
Mercados das Cidades de Maputo, Beira e Nampula
lhas), Palma continua uma vila fan- Yulla Marques e Jonas Milagre Mbiza
tasma e altamente vulnerável. Poucos
residentes retornaram à vila. Muitos
continuam nas matas circundantes.
Os que retornaram tentam, timida-
mente, recomeçar a vida do nada.
Tudo foi destruído. Alguns perfilam-
Preços médios de Março em relação ao mês anterior
Maputo Beira Nampula

Variação Variação Variação

Preço Preço Preço
percentual percentual percentual
Farinha de milho 51,40 4 55,23 -0,5 57,00 -4
Arroz 56,55 -1 45,96 -2 48,52 -1
Massa esparguete 30,00 3 44,43 73,5 35,00 14
Amendoim 33,00 -5 16,14 -57,6 26,50 0
Coco 18,00 -28 21,20 1,5 15,70 22
Feijão nhemba 44,10 -1 21,20 -13,2 23,33 42
Mandioca 50,83 -18 50,00 0 10,00 0
Tomate 22,50 -12 10,00 -27,3 13,00 -13
Cebola 256,80 -8 420,83 -19,2 542,00 3
O portão de entrada ao acampamento de Afungi transformou-se numa fronteira de
vida e morte. É para lá onde os residentes de Palma acorrem à procura da sorte Batata-reno 286,60 -5 479,17 -18,8 558,67 -12
para embarcarem à Pemba.
Repolho 117,80 21 81,33 -0,1 39,00 -4
Sal 25,60 3 40,45 -1,9 33,57 -10
Açúcar castanho 67,64 2 68,41 2,5 71,00 7
Óleo alimentar 581,25 1 554,09 0,6 647,86 1
Peixe Carapau 154,20 3 163,33 -3,9 151,54 1
Frango 305,00 3 235,91 0,2 274,58 2
Ovos 110,80 0 100,00 -3,2 102,67 -11
Banana 44,80 10 37,50 -1

Chegar à pista de Afungi é a meta de muitos deslocados de guerra Carvão 27,50 -4 10,00 0 10,00 0

Telefonia móvel reestabelecida
“Os militares vandalizaram barracas”,
contou um residente que, desde quar-
ta-feira, dia do ataque, até sábado, per-
maneceu com a esposa dentro de casa.
Lembra que, com o medo, “rezávamos
todos os dias”.
Na sexta-feira, 26 de Março, os insur-
gentes também começaram a retirar
combustível num dos postos de abas-
tecimento da vila, segundo um guarda
que ficou escondido por quatro dias
num estabelecimento comercial nas
proximidades.
Um outro militar contou ao jornal que
não foram os insurgentes a destruírem
a antena da Vodacom, mas as próprias
FDS. De acordo com a sua versão, os
insurgentes estavam a escalar a antena
para, a partir dela, disparar para den-
tro do quartel. Terá sido para abortar
a acção inimiga que as FDS acabaram
atingindo a antena.
Até a tarde de segunda-feira, as co-
-se nas bermas da principal estrada a Média da variação
tentar vender o pouco que sobrou da percentual dos -2 -4 1,9
acção jihadista. preços dos 19 bens
Mas nada está como dantes, em Pal-
ma. A sede do distrito está isolada.
Os próprios militares admitem que,
neste momento, o acesso ao distrito é, Nota: As células pintadas a azul correspondem às cidades com falta do produto no
apenas, por via aérea ou marítima. Em mercado. As células pintadas a cinza correspondem às cidades com o preço médio mais
Afungi, a partir da pista construída elevado. As células pintadas a verde correspondem a aumentos superiores a 10% e as
pela Total, trabalhadores das empresas
sub-contratadas com as suas famílias, pintadas a amarelo correspondem a diminuições maiores que 10%.
continuam a partir de avião nos dois
voos comerciais diários para Pemba. WĂƌĂĂůĞŝƚƵƌĂĚŽŽůĞƟŵǀĞũĂĞŵ͗ ŚƩƉƐ͗ͬͬŽŵƌŵnj͘ŽƌŐͬŽŵƌǁĞďͬƉƵďůŝĐĂĐŽĞƐͬďŽůĞƟŵͲ
Um militar, no terreno, calcula que 30 ŵĞŶƐĂůͲϬϯͲϮϬϮϭͬ
km a sul do acampamento da Total,
em Afungi, está a mercê dos insurgen-
tes. Confirmou também que Mocím-
boa da Praia está nas mãos dos insur-
gentes, contrariando anúncios oficiais
de ausência de territórios nas mãos do
inimigo.
“Desde a chapa que indica Palma e
Mocímboa da Praia (zona limítrofe
entre os dois distritos), são eles que
mandam. Do outro lado, é um acto
de coragem entrar em Pundanhar. Se Instituto Eleitoral para a Democracia Sustentável em África

municações estavam parcialmente conseguires chegar a Nangade, não

restabelecidas. Da vila asseguraram- podes demorar”, referiu. A vila de
-nos, no fecho da edição, que já havia Nangade está situada a oeste de Palma ANÚNCIO DE MUDANÇA DE ESCRITÓRIO
telefonia móvel ali, como igualmente e fica na estrada de terra batida a ca-
em Quionga e Afungi. A boa notícia é minho de Mueda.
Informamos, por esta via, aos nossos parceiros e ao público em
geral que, a partir do dia 15 de Abril de 2021, o nosso escritório
em Moçambique passa a funcionar em novas instalações,
localizadas no seguinte endereço:
Av. Friedrich Engels, número.º 363, 1.º andar,
Maputo-Moçambique.
Para mais informação, contacte-nos:
Tel: (+258) 21 487 096
Fax: (+258) 21 487 097 / (+258) 82 30 20 099
Email: moz@eisa.org
Web: www.eisa.org

Esta é uma das imagens mais dramáticas que o SAVANA registou na Vila de
Palma

4 Savana 16-04-2021
No centro do furacão
D
epois de sucessivos adiamen-
tos e uma longa espera, tanto
em Pemba como em Afungi,
numa viagem com proble-
mas organizacionais, o SAVANA
escalou, esta segunda-feira, o centro
da vila de Palma.
Eram 12h30 min quando uma equi-
pa de jornalistas, escoltadas pelas
FDS, chegou ao centro do furacão
que se abateu havia 19 dias.
O SAVANA fez parte da primeira
equipa que, com 11 profissionais de
comunicação social, aterrou na pista
de Afungi, às 7h45 min. A partida
de Pemba tinha sido às 6h:45 min,
numa avioneta de 14 lugares.
A primeira imagem aérea que se tem
do acampamento de Afungi, na hora
da aterragem, mostra uma das faces
mais dramáticas dos ataques de 24 de
Março: dezenas de famílias aglome-
radas na entrada do acampamento
da Total à espera da sorte para serem
evacuadas para Pemba.
A avioneta que deixa jornalistas é,
logo a seguir, preenchida por deslo-
cados que passaram do casting, que
prioriza crianças, mulheres (incluin-
do as grávidas), idosos, deficientes e
doentes.
Qualquer som de aeronave alimenta
esperanças dos deslocados que fazem
uma longa espera no acampamento
da Total para serem evacuados à pro-
cura de segurança, algo caro no norte
de Cabo Delgado.
Mas, no acampamento de Afungi,
os 11 jornalistas vão ter de esperar
por outros seis que estão em Pemba.
Tentativas de convencer os organiza-
dores a avançarem para o centro da
vila vão redundar em fracasso.
Sem a chegada do segundo grupo,
que inclui a comunicação social do
sector público, não se pode avançar
para Afungi. Só perto das 12h,
um pouco depois da chegada dos
restantes seis, é que se parte para vila
de Palma.
O percurso Afungi-Palma, com cerca
de 25 km, é feito aos solavancos,
com uma condução não muito
profissional de um militar que lutava
com um autocarro chinês de marca
Yutong.
Pela estrada, há todo um povo ainda
a fugir de Palma, 19 dias depois de
escapar à morte.
Ainda não chegamos à vila, mas as
destruições nas redondezas anun-
ciam a desgraça total que se abateu
Um dos deslocados a ser evacuado em maca para uma avioneta prestes a decolar
da pista de Afungi com destino à Pemba
sobre o distrito.
Viaturas e edifícios incendiados
revelam uma tragédia anunciada.
São cerca de 12h30 min quando,
finalmente, escalamos a sede de
um dos mais falados distritos dos
últimos tempos.
Entrada ao centro da vila. Uma vila
que está fantasma. As marcas de
tiros em estabelecimentos comerciais
confirmam uma guerra jamais vista
em Palma. As capsulas de munições
fazem de Palma um terreno de
guerra.
Na viagem teleguiada, há uma má
coincidência, o que os repórteres
mais pessimistas acham tratar-se de
uma desorganização organizada.
Incapacidade da Yutong em escalar
Valentim Dienga
TEMA DA SEMANA
subidas acentuadas vai ser um perfei-
to argumento para a equipa de jor-
nalistas não ser levada até ao Hotel
Amarula.
Justamente o Amarula que encerra
dois mistérios que é preciso
descortinar. Primeiro, o argumento
de que foram os próprios militares
a saquearam o estabelecimento
comercial, depois dos ataques dos
insurgentes. Segundo, a ausência de
Romão Ali
prova sobre o alegado assassinato
de 12 “brancos”, alegadamente
encontrados com mãos atadas.
Com a “anunciada” incapacidade de
uma escolta militar em escalar incli-
nações acentuadas, a escolta vai, por
isso, limitar-se à sede da vila.
Mas antes, uma paragem pelo Palma
INN, também uma das mais luxuo-
sas instâncias hoteleiras de Palma,
inaugurada em 2019, pelo então
governador da província, Júlio Par-
ruque.
Durante pouco mais de uma hora e
meia de entrevistas, há um conheci-
do “moço de recados” atento às per-
guntas que os repórteres da imprensa
privada colocam aos populares.
Mas, na equipa de jornalistas, há,
também, alguém que se faz passar
ora por “representante do Governo”,
ora por director distrital da saúde.
Mas o seu real papel nunca fica claro.
Nas entrevistas, vai se ouvir, na pri-
meira pessoa, a tragédia de todo um
povo. Histórias dramáticas. Uma
mais dramática que outra.
Há pessoas que, desde quarta-feira,
dia do ataque, ficaram escondidas até
domingo. É o caso de Salimo Issa
que, depois de ficar escondido no in-
terior do Palma Village, saiu quando
chegou um helicóptero no Domingo.
Valentim Dienga é líder comunitário
da aldeia Muáha, na vila. Na tarde de
12 de Abril era a única estrutura a
representar o Estado em Palma. O
traje oficial que ostenta não deixa de
chamar atenção numa vila onde toda
a estrutura administrativa abando-
nou.
Além de comida, Dienga pede lonas
para sepultar filhos de Palma que
morreram de forma brutal. E não é
para menos. Só o número de mortos
contabilizados no seu bairro ascende
a 25. Cinco terão perdido a vida por
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
motivado pelos ataques, o que o líder
chama por “susto”.
Awa Issa, 52, é um dos vários resi-
dentes de Palma que, além de per-
derem casas e pertences, a guerra
lhes levou parentes. Dezanove dias
depois do ataque, era uma mulher
sem forças nem esperança. Mesmo
para viver.
Não é só a morte em si que lha en-
tristece. É também a forma trágica
como uma parte de si foi arrancada:
marido degolado.
Como se o destino estivesse traça-
do em linhas tortas, até à tarde de
segunda-feira, ela ainda podia ver o
corpo do marido estatelado na vila
de Palma.
“O corpo está separado da cabeça e
ainda não foi enterrado”, diz. Além
do corpo do marido, diz ter visto
mais seis mortos.
Awa estava em casa, quando a filha,
de 22 anos, regressou a correr, dizen-
do “mamã, a situação não está boa”.
De imediato, trataram de fugir. Não
havia tempo para levar mais nada.
Também não havia destino. Ficaram
dias nas matas e a acabaram por pa-
rar em Quitunda, a aldeia de reassen-
tamento do LNG, para onde muitos
também se dirigiram. Em Quitunda,
ficaram durante cinco dias e, quando
ouviram que a situação estava calma,
regressaram à vila de Palma.
“Não apanhamos nada. Tudo leva-
ram”, conta.
Romão Ali, 64 anos, também con-
firma o desastre que se abateu sobre
Palma. “Papá, aqui houve estragos”,
diz ele que, por causa do ataque de 24
de Março, fugiu para viver nas matas.
Quando nos despedimos, não podía-
mos imaginar que ele também tinha
uma pergunta para nós. “Papá, isto
vai acabar mesmo?”, questiona.
Às 13:45, os militares que conduzem
os jornalistas pela vila de Palma im-
põem um recolher para o acampa-
mento de Afungi.
Desgraça total
Em Afungi, a Total abandonou, por
completo, o acampamento. Pelo me-
nos por enquanto. Até as chaves da
sala da torre de controlo do aeródro-
mo, a Total levou.
Como resultado, não há voos noctur-
nos porque ninguém pode acender as
luzes da pista.
A situação fez com que uma equipa
de jornalistas ficasse em terra, per-
noitando em Afungi.
O director nacional de informação
no Gabinete de Informação (Gabin-
fo), Mendes Mutenda, que convidou
os jornalistas para Palma, partiu para
Pemba, nessa tarde de segunda-feira,
deixando em terra os seus convida-
dos.
Com ele, levou as estações públicas
de rádio e televisão.
Os canais privados e internacionais,
que haviam chegado a Afungi logo
de manhã, fazendo a longa espera até
ao meio dia, tiveram de fazer uma
nova espera por um voo cada vez
mais improvável. Mas promessas à
parte, eles acabaram por pernoitar no
acampamento da Total.
Mas as equipas da Rádio Moçambi-
que e da Televisão de Moçambique
tinham chegado perto das 12h. Fo-
ram as últimas a chegar e primeiras
a partir.
Até que, às 18h25 min, o Yutong chi-
nês volta a recolher jornalistas. Desta
vez, para os “AC”, como o condutor-
-militar se refere às casas de luxo que
acomodavam os funcionários afectos
do projecto LNG.
Nos “AC”, o cenário denuncia uma
saída às pressas dos seus ocupantes.
Roupas e outros bens desarrumados
mostram que não houve tempo até
para levar, em alguns casos, docu-
mentos pessoais.
De resto, Afungi está diferente. A
habitual azáfama que caracterizava a
construção do maior projecto de Gás
Natural Liquefeito de África deu lu-
gar ao silêncio.
Por enquanto, a Total deixou o
acampamento que, agora, é gerido
por militares.
(Armando Nhantumbo)
Awa Issa
 TEMA DA SEMANA
Savana 16-04-2021 5
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6 Savana 16-04-2021
Impacto dos ataques no sector empresarial de Cabo Delgado
Prejuízos ascendem a USD 300 milhões
Por Raul Senda
O
sector empresarial da pro-
víncia de Cabo Delgado
estima que mais de 300 mi-
lhões de dólares, em inves-
timentos, foram perdidos naquela
parcela do país devido aos ataques
dos insurgentes. Gulamo Aboo-
bakar, presidente do Conselho Em-
presarial (CEP) de Cabo Delgado,
disse ao SAVANA que o ataque de
Palma, no passado dia 24 de Março,
foi o golpe fatal para o sector que
ainda sonhava com alguns ganhos
do projecto de Gás Natural Lique-
feito (GNL) de Afungi.
Depois do grupo Wilson Bayly
Holmes Ovcon (WBHO) anunciar
o despedimento colectivo dos
trabalhadores afectos ao projecto
9500, em Afungi, devido à suspensão
das actividades da Total em virtude
da insegurança que se deteriorou
com o ataque dos insurgentes à vila
de Palma, esta quarta-feira, o grupo
empresarial Reef Investimentos,
Limitada, anunciou a venda de todo
património.
A operar na província de Cabo
Delgado desde 2011, o grupo Reef
dedica-se à prestação de serviços
de reparação e manutenção de
equipamentos, venda e aluguer de
maquinaria pesada, construção civil,
transporte de carga, distribuição de
água potável entre outras actividades
conexas às actividades de gás.
A empresa foi uma das grandes
afectadas pelos ataques dos
insurgentes na vila de Palma e o
anúncio de venda do património da
Reef Investimentos foi feito pelo
respectivo proprietário, Zvika Karad
e o mesmo inclui dois escritórios
implantados numa área de 3000 e
2400 metros quadrados na cidade
de Pemba, dois furos de água,
dois terrenos de 5.7 hectares e 1.4
hectares nos distritos de Metuge
e Palma, incluindo vários tipos de
maquinaria.
As amostras acima descritas são
alguns exemplos de mais de 400
empreendimentos económicos que
paralisaram suas actividades devido
a insurgência armada no de norte de
Cabo Delgado.
Gulamo Aboobakar contou ao SA-
VANA que o impacto negativo dos
ataques dos insurgentes, no sector,
começa a se notabilizar a partir de
2020 com a ocupação das sedes dis-
tritais.
Explica que, neste momento, já
não se pode falar da actividade
económica nos distritos de
Quissanga, Macomia, Muidumbe,
Mocímboa da Praia, Nangade e,
mais recentemente, Palma.
Para o presidente do CEP, a situação
é muito mais lamentável nos distri-
tos de Mocímboa da Praia e Palma,
onde o nível de investimentos era de
grande vulto, por estarem próximos
do mega projecto de gás de Afungi.
Na Mocímboa da Praia agrava-
PUBLICIDADE
SOCIEDADE
se o facto de os prejuízos serem
contínuos, visto que o distrito
está sob controlo dos jihadistas,
desde Agosto de 2020. No total
foram paralisadas 172 empresas
prejudicando mais de 15 mil
trabalhadores.
Falando de números, o nosso en-
trevistado explicou que nos seis dis-
tritos afectados pelos ataques, 1.110
empresas viram suas actividades
afectadas das quais 410 interrom-
peram totalmente as actividades e
750 empresas sofreram impacto na
cadeia de valor.
Explica que a insegurança deixou
mais de 198 mil trabalhadores sem
emprego.
Gulamo Aboobakar fala de valores
e diz que cerca de 304 milhões de
dólares que o sector privado tinha
investido naquela região do país é
dado como perdido.
Palma e a incógnita da Total
Sem minimizar o cenário vivido
noutros distritos, o presidente do
CEP Cabo Delgado explica que os
estragos de Palma são ainda muito
mais graves.
Conta que o distrito estava em
franco crescimento, servia de base
de apoio logístico ao centro de ope-
rações de Afungi e para tal, alojava
vários empreendimentos.
Ademais, Palma é o distrito que
mais investimentos recebeu na
província nos últimos anos, mas
com o ataque do dia 24 de Março
todo esforço foi abaixo. Hoje, Palma
tem mais de 80% das suas infra-
estruturas totalmente destruídas.
Toda a actividade industrial e
comercial está paralisada, e isso está
a criar muitos constrangimentos aos
agentes económicos porque, para
alavancar seus negócios, muitos
recorreram a créditos bancários e, no
país, não há seguro que cobre danos
resultantes de conflitos armados ou
calamidades naturais.
Gulamo Aboobakar conta que os
empresários de Cabo Delgado vivem
um cenário de desespero e incerteza,
porque a maioria trabalha na área
de logística e o ataque a Palma
verificou-se numa altura em que
muitos agentes económicos tinham
mercadorias nos seus armazéns
prestes a avançar para Afungi. São
produtos avaliados em mais de 1.2
milhões de dólares.
“Com a suspensão das actividades
da Total e a falta de informação não
sabem o que farão com os produtos,
tendo em conta que alguns são pe-
recíveis”, lamentou.
Sublinhou que há outra mercadoria,
na ordem dos 4.1 milhões de dólares,
que está a caminho de Pemba, cujo
destino final é Afungi. Contudo,
com a suspensão das actividades não
se sabe quando é que vai chegar ao
destino final e quem suportará os
custos de armazenamento.
A fonte conta que a situação é do
conhecimento das autoridades com-
petentes, mas até ao momento ainda
não há solução a vista.
Conta que há situações de empresá-
rios completamente falidos.
Sobre o regresso da classe empresa-
rial a Palma, o presidente do CEP
frisou que ainda há muito receio e
mesmo que a segurança se normali-
ze nada será como antes.
A suspensão das actividades do pro-
jecto LNG de Afungi terá um im-
pacto imediato no sector privado na
ordem dos 13.6 milhões de dólares
de onde 1.2 milhões de dólares são
de stoks de mercadorias, USD 4.1
milhões provem das mercadorias
em trânsito e USD 8.3 milhões é
atinente a facturas em dívidas.
Explica que “as incursões terroristas”
vêm esvaziar a conquista do sector
privado, na medida em que, depois
de muito trabalho, tinha convencido
projectos exigentes como a Total
a apostarem no empresariado
nacional.
Com esta paralisação e a descapita-
lização dos empresários, não se sabe
se será a mesma coisa.
Gulamo Aboobakar fala também da
componente agrícola que tinha um
papel fundamental no abastecimen-
to das comunidades e do projecto.
Explica que o volume de negócios
resultantes do sector agrário ron-
dava em torno de 100 milhões de
dólares.
Conta que na região norte de Cabo
Delgado a produção agrícola está
completamente paralisada e se a
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Savana 16-04-2021 7

8 Savana 16-04-2021
Ex-bispo de Pemba:
“Recebi ameaças de morte por parte do Governo”
L
uiz Fernando Lisboa viveu
em Moçambique durante
vinte anos, dos quais oito
como bispo na provín-
cia de Cabo Delgado, diocese
de Pemba. Brasileiro, 65 anos e
destemido. Foi preciso o Papa
Francisco para convencê-lo a
deixar Moçambique em Feverei-
ro deste ano. As ameaças de mor-
te estavam tornando-se pesadas
demais. Desde 2017, ano do pri-
meiro grande ataque em Mocím-
boa da Praia, Lisboa nunca dei-
xou de falar. Ele deu voz ao povo
da sua diocese, mais pobre do que
os já pobres moçambicanos, de-
nunciando o início de uma guer-
ra que, se não tivesse sido ouvi-
da por Maputo, teria posto de
joelhos toda uma região do país.
Eles o chamam “a voz do povo”,
e estava certo. O ataque à vila de
Palma em 24 de Março, com de-
zenas de mortos, valas comuns,
cabeças decapitadas e milhares
de desaparecidos e deslocados, é
uma prova disso. 
D. Luiz, quem o estava amea-
çando? Os extremistas?
Não. O Governo. Recebi primei-
ro ameaças de expulsão, depois de
apreensão de documentos e, no
final, de morte.
Como tem certeza de que foi o
Governo?
Maputo negou a guerra desde
o início. Quando o conflito e o
perigo se tornaram evidentes,
ele proibiu que se falasse sobre o
assunto. Impediu que os jorna-
listas fizessem seu trabalho. Um
repórter está desaparecido desde
Abril do ano passado. Ele traba-
Morreu Oldemiro Baloi
M
o ç a m b i q u e
foi apanhado
desprevenido com a
morte, na segunda-
feira, na África do Sul, do
antigo ministro dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação,
Oldemiro Baloi.
Natural de Maputo, Oldemiro
Baloi tinha 66 anos e liderou
o Ministério dos negócios es-
trangeiros e cooperação entre
2008 e 2017, sob a presidên-
cia de Armando Guebuza até
2015 e, depois, sob direcção de
Filipe Nyusi, actual chefe de
Estado.
Durante a década de 90,
ocupou os cargos de vice-
ministro da Cooperação
e ministro da Indústria,
Comércio e Turismo.
Entre 2012 e 2017, foi mem-
bro do Comité Central da
Mesmo longe de Moçambique, o antigo Bispo de Pemba acompanha a situação de
lhava para uma rádio comunitária
e falava sobre a guerra. Em sua
última mensagem, disse que ha-
via sido cercado pela polícia. A
Igreja era a única que falava sobre
a situação. E isso não agradava
ao Governo. Acima de tudo, não
tolerava que saíssem notícias so-
bre o Estado. Orgulho nacional,
negócios. Quando, há um ano, a
Conferência Episcopal condenou
o que estava acontecer, num do-
cumento, as autoridades reagiram
mal, começando a jogar lama so-
bre mim.
Frelimo, partido no poder desde a
independência, em 1975.
Formado em Economia, ocupou,
em diferentes ocasiões, o cargo
de administrador do Banco
Internacional de Moçambique
(Millennium Bim).
Em todos esses cargos, primou por
um elevado critério nas suas inter-
venções públicas, escolhendo com
SOCIEDADE
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Cabo Delgado
Por que Maputo está minimi-
zando a presença do extremis-
mo?
Eles não querem que se fale mal
do país. Apelamos ao Governo
para que pedisse ajuda à comu-
nidade internacional. Sozinho ele
não pode fazer frente a isso. E nós
estamos a ver isso. O nosso apelo
chegou ao Parlamento Europeu e
duas comissões pediram-me para
expor a situação.
O que o Papa disse a você?
Depois da sua visita a Moçam-
bique, o Papa Francisco sempre
pinças as palavras com que se
dirigia às audiências.
Perante o corpo diplomático,
sabia ser inconveniente e arro-
gante, mas sem nunca perder o
charme e a elegância intelec-
tuais.
Em reacção à morte de Baloi,
a ministra dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação,
Verónica Macamo, considera-o
um “distinto dirigente”.
“Perdemos um grande amigo,
estimado camarada e distinto
dirigente moçambicano,
que, desde a independência
nacional, participou
activamente na construção da
nação moçambicana”, frisou.
“Neste momento de
imensurável dor, curvamo-
nos perante a memória do
malogrado e transmitimos
as nossas condolências à sua
estimada família”, acrescentou.
acompanhou a situação de Cabo
Delgado. Em Agosto do ano pas-
sado ele ligou-me para dizer que
estava muito perto de nós, que es-
tava orando por nós e que queria
dar-nos sua bênção. Graças à sua
intervenção, a guerra se interna-
cionalizou. Depois de suas pala-
vras, muitas pessoas começaram a
se interessar pela guerra. Em De-
zembro doou 100 mil euros para
a construção de hospitais e para
os deslocados.
Conversou com ele de novo de-
pois das ameaças de morte?
No dia 18 de Dezembro encon-
trei-o no Vaticano. Ele queria
saber como estava a situação. Ele,
evidentemente, tinha mais infor-
mações do que eu. Ele sabia que
eu estava correndo riscos e ofere-
ceu-me uma transferência para o
Brasil.
O que está a acontecer em Cabo
Delgado?
Recursos, multinacionais e guer-
ras. Três coisas que você sempre
encontra juntos. A situação está
a piorar rapidamente. Estou em
contacto com muitas pessoas da
diocese de Pemba e Palma (lo-
cal do ataque de 24 de Março,
ndr). Muitas pessoas ainda estão
escondidas nas matas. Outros
conseguiram chegar à outra cida-
de, Nangade. Há muitos idosos,
crianças e pessoas que não sabem
como sobreviver. Disseram-me
que os helicópteros contratados
lançaram bombas atingindo ter-
roristas, mas também civis.
Você viveu muitos anos em Mo-
çambique. De onde se origina
essa violência extremista?
Moçambique é um dos 10 países
mais pobres do mundo. E a região
Norte é a mais pobre. No ano
passado presenciei uma inver-
são da política pública, não mais
preocupada com a população:
saúde, educação. Gente pobre,
sem trabalho, doente e analfabeta.
Os jovens não têm futuro porque
não podem estudar: não há escola
secundária. Uma província pobre
e abandonada, embora rica. A
situação ideal para a guerra: po-
breza, muitos recursos e questões
étnicas. Todos os elementos im-
portantes para um conflito.
Estado Islâmico
O que você fez?
Vários anos atrás, alertámos ao
Governo local e central que ha-
via grupos que desrespeitavam os
líderes muçulmanos. O Governo
não prestou a devida atenção. E
esses indivíduos cresceram e se
tornaram cada vez mais fortes.
Até a revolta de 2017.
Se eles são ou não patrocinados
pelo ISIS permanece um mis-
tério. Analistas afirmam que a
reivindicação do califado é falsa.
Qual é sua opinião?
Os extremistas usam o nome do
Estado Islâmico. Mas esta não
é uma guerra religiosa. Se fosse,
eles teriam nos atacado. Mas eles
atacam a todos e destroem tanto
igrejas como mesquitas. Eles ma-
tam líderes cristãos e muçulma-
nos. Esta é uma guerra económi-
ca pela apropriação dos recursos
naturais: gás líquido, ouro, rubis,
pedras semipreciosas. No mo-
mento, existem mais de 700 mil
pessoas deslocadas e mais de dois
mil mortos.
Como vive a população? Há
quem diga que não opuseram
resistência ao ataque.
Há uma total falta de respeito pe-
los Direitos Humanos. Tanto dos
terroristas quanto do Governo. A
população tem medo de ambos.
Extremistas roubaram uniformes
do exército, armas e alimentos.
Eles se apresentam como milita-
res. Para o povo, é uma situação
terrível. Eles veem o exército e
para eles são terroristas. As forças
militares, de alguma forma, abu-
sam das pessoas. Mas também
os soldados são vítimas, porque
estão numa guerra em que não
querem estar.
Eles descobriram, recentemen-
te, um campo de gás líquido.
Biliões de dólares foram investi-
dos em Cabo Delgado. Estão ali
os franceses, os estadunidenses
e os italianos. O que isso acar-
reta?
A relação das multinacionais com
a região não é boa. A maneira
como essas grandes empresas ac-
tuam não é boa. Existem leis que
orientam sobre como realizar os
passos: consultas com a popu-
lação, participação na discussão.
Mas eles não fazem. E a popu-
lação tem que deixar suas terras.
Isso cria descontentamento.
Você nunca teve medo?
Não. Nunca deixei de falar. A
Igreja é a voz dos que não têm
voz. Como eu poderia ficar cala-
do?
Você sente falta de Moçambi-
que?
Eu teria ficado. Sinto muita falta.
Todos os dias peço informações e
falo com amigos e missionários.
E mesmo daqui procuro sempre
entender como ajudar aquele país.
Pedi a todos os missionários e às
missionárias da região que dei-
xassem Palma imediatamente.
O que você carrega no coração
desses 20 anos?
O mais bonito foi ver aquela gen-
te tão pobre acolher outros pobres
em suas casas. Eles acolhiam duas
ou três famílias, não tendo quase
nada, nem espaço, nem comida.
Isso eu nunca vou esquecer. São
um exemplo de compartilhamen-
to humano.
*A entrevista foi conduzida
por Raffaella Scuderi e publicada
por La Repubblica. A tradução é
de Luisa Rabolini.
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Savana 16-04-2021 9

EDITAL| 2021
No âmbito das condições gerais de ingresso no Ensino Superior, previstas na lei n° 27/2009, de 29 de
Setembro (Lei do Ensino Superior, artigo 23, n° 5 alínea a)) na qual a condição de acesso à formação
conducente ao grau académico de Licenciatura é a conclusão, com aprovação, da 12ª classe ou
equivalente, o ISCTEM torna público que estarão abertas as candidaturas a partir do dia 8 de
Fevereiro de 2021, podendo ser feitas na secretaria ou a partir da página web:
portalacademico.isctem.ac.mz/cssnet

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Maputo-Moçambique

10
Empresas chinesas no centro da controvérsia
Há barulho na adjudicação de obras públicas
Por Raul Senda
O
processo de adjudicação
de obras públicas a empre-
sas chinesas, alegadamen-
te sem habilitações legais
para executarem empreitadas em
Moçambique, continua a dar que
falar em sectores da construção
civil, mas as autoridades do sector
tentam dar explicações.
Além da empreiteira China Road and
Bridge Corporation (CRBC) que está
a executar obras de Estado, suposta-
mente, sem a devida documentação, o
SAVANA apurou que a China State
Construction Engineering Corpo-
ration e a Zhongmei Enginnering
Group Limitada são outras empresas
chinesas que, por ajuste directo, foram
adjudicadas várias obras de Estado,
sem a devida legalidade. As autori-
dades públicas falam de “situações de
emergência”, enquanto que as empre-
sas visadas optam pelo silêncio.
Há dias, o SAVANA publicou uma
reportagem dando conta de que, a au-
toridade pública estava a adjudicar um
conjunto de obras de Estado, financia-
das com fundos públicos, a empresas
chinesas sem que estas tenham um dos
principais requisitos para o exercício da
actividade de empreiteiro em Moçam-
bique, que é o Alvará. Nos termos do
artigo 22 do decreto número 94/2013
de 31 de Dezembro, que regula o exer-
cício da actividade de empreiteiro e de
consultor de construção civil, o Alvará
é o documento oficial, titulado à em-
presa, que autoriza o exercício normal
de actividade de empreiteiro ou de
consultor de construção civil e, cons-
titui prova de idoneidade e capacidade
para a participação do empreiteiro nos
concursos para as obras da classe em
que se encontra inscrito.
As construtoras que ora beneficiam de
obras estatais sem reunirem requisitos
legais ou que não estejam licenciadas
para o efeito, entraram em Moçambi-
que a título de execução de obras no
âmbito de concursos internacionais,
cujo licenciamento era apenas para os
projectos de construção de infraestru-
turas específicos, mas que, mais tarde e
de forma conivente e recorrente com
as entidades contratantes, sobretudo a
Administração Nacional de Estradas
(ANE), foram sendo adjudicadas em-
preitadas de reparação de emergência
em vários troços da rede rodoviária,
sob tutela desta instituição do Estado.
Informações em poder do SAVANA
indicam que estas adjudicações têm
estado a acontecer em detrimento de
empresas nacionais com mais de 30
anos de experiência e, até, estrangeiras
com mais de 10 anos de actividade e
que à luz do decreto 94/2013, de 31
de Dezembro, ganharam o direito à
concessão de Alvará de obras públicas.
Sublinhar que à luz do mesmo decreto,
a autorização para o exercício perma-
nente de actividade de empreiteiro de
uma entidade estrangeira só é efecti-
vada depois de 10 anos de actividades
ininterruptas no país. No caso das
empreiteiras registadas no estrangeiro,
as sucursais assim como as filiais tam-
bém devem estar a operar legalmente
no território moçambicano há mais de
10 anos.
O exemplo concreto dessas irregula-
ridades é da empreiteira Zhongmei
Engineering Group, que se instalou
em Moçambique em Junho de 2015,
Troncos e ramos de árvores colocadas nas faixas de rodagem pelo empreiteiro perigam o trânsito na EN7
por ter ganho o concurso internacional
para a reconstrução de 147 quilóme-
tros de estrada, que compreenderam os
troços Chissano-Chibuto, Manique-
nique-Chilembene e Chibuto-Guijá.
As obras foram financiadas pelo Banco
Mundial e o Reino Unido, no valor de
102 milhões de dólares.
A Zhongmei Engineering Group, Li-
mitada foi registada no país no dia 03
de Junho de 2015 e é sucursal da chi-
nesa Zhongmei Engineering Group
LTD com a sede na província de Jian-
gxi. Em Moçambique, a empresa é re-
presentada pelo cidadão Liu Weiwen,
portador do passaporte chinês com o
número G48596054.
Para a execução das obras acima in-
dicadas, à Zhongmei Engineering
Group, Limitada foi, nos termos do
artigo 39 do decreto 94/2013, de 31
de Dezembro, atribuída uma Licença,
que é a autorização para exercer tem-
porariamente a actividade de emprei-
teiro. A Licença é válida unicamente
para a execução de uma determinada
obra e pelo tempo estabelecido no res-
pectivo contrato.
Para o arrepio da lei, o Governo mo-
çambicano adjudicou, por ajuste direc-
to, as obras de reparação de emergência
na estrada regional 652 entre Mepinha
a Derre, na província de Zambézia.
Com o registo número 64/ANE –
ZAM/CERC-IDAI/316/2019, a obra
custou cerca de 69 milhões de meticais.
Hoje, a Zhongmei Engineering
Group, Limitada está a asfaltar a Es-
trada Nacional número 221 que liga
Caniçado – Mapai, na província de
Gaza. Trata-se do contrato número
75/DIPRO-ANE/313/2019, numa
extensão de 190 quilómetros finan-
ciados integralmente pelo Governo de
Moçambique, cujo o início foi a 28 de
Agosto de 2019 e a previsão do térmi-
no é de 27 de Outubro de 2021.
O SAVANA sabe que grande parte
destas empreitadas são decididas ao
nível mais alto, de tal forma que, re-
centemente, o chefe da Unidade de
Gestão e Executora de Aquisições
(UGEA) da ANE foi afastado do
cargo, supostamente por se recusar a
cumprir alegadas ordens superiores de
acomodar interesses de empresas chi-
nesas sem requisitos nas empreitadas
públicas.
China State Construction
Engineering Corporation
A China State Construction Enginee-
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SOCIEDADE
ring Corporation é outra empreiteira
que está na mesma situação. Esta úl-
tima, está neste momento a executar a
obra de reabilitação da estrada nacio-
nal EN7, no troço que liga distrito de
Vanduzi ao rio Luenha, no distrito de
Guro, província de Manica.
As obras, orçadas em cerca de 100
milhões de meticais, arrancaram em
Março e terminam no próximo mês de
Maio. A empresa chegou ao país em
2012.
Na obra de reabilitação da EN7 pela
China State Construction Enginee-
ring Corporation pode constatar-se
que nem as placas de identificação da
obra que deviam estar afixadas nas ex-
tremidades do troço foram colocadas.
Frisa o decreto número 5/2016 de 08
de Março, que aprova o regulamento
de contratação de empreitadas de
obras públicas, fornecimento de bens
e prestação de serviços que, em todas
obras públicas devem ser colocadas
placas de identificação da obra, onde se
indica o nome da entidade contratante,
o empreiteiro, o fiscal, o número
de concurso, o prazo, a discrição, os
quilómetros do troço a ser executado
assim como o orçamento da obra.
O mesmo dispositivo condiciona que
a execução de qualquer obra pública
deve ser fiscalizada por fiscal indepen-
dente, designado pela entidade contra-
tante, de acordo com os procedimen-
tos estabelecidos para a contratação de
serviços de consultoria. Mas no caso
concreto das obras da EN7 parece que
se ignorou essa imposição.
É que, segundo depoimento de al-
guns camionistas, desde que as obras
iniciaram, a transitabilidade na via é
complexa e perigosa, devido à abun-
dância de troncos em várias secções.
A situação é muito mais complexa no
período nocturno porque a sinalização
também é fraca. As barreiras coloca-
das pelo empreiteiro em cada uma das
faixas de rodagem, chegam a perdurar
mais de 30 dias.
Sobre o assunto, o SAVANA
contactou, esta semana, a empresa
China State Construction
Engineering Corporation, através de
uma funcionária de nome Cristina,
que recomendou que o jornal enviasse
as perguntas através da plataforma
WhatsApp.
O pedido foi satisfeito, mas até ao
fecho da edição a empresa não tinha
respondido, não obstante as constantes
insistências do jornal.
Por seu turno, o delegado da Adminis-
tração Nacional de Estradas (ANE) na
província de Manica, Agapito Manuel
da Cruz, reconheceu algumas falhas e
frisou que as mesmas derivaram do ca-
rácter urgente da obra.
Explicou que a EN7 liga o porto da
Beira e alguns países da interland
como é o caso do Zimbabwe, Zâmbia
e Malawi para além da cidade de Tete
e a capital do país, sendo que a possível
intransitabilidade da via representaria
um verdadeiro caos para o país.
Foi nessa senda que, na iminência do
corte da estrada, recorreu-se ao em-
preiteiro que estava mais próximo com
o seu respectivo equipamento e adju-
dicou-se a obra.
Recorda-se que a China State Cons-
truction Engineering Corporation, foi
responsável pela reabilitação da Estra-
da Nacional número (EN6) que liga
o porto da Beira e a fronteira de Ma-
chipanda, destruída em 2019, aquando
da passagem do ciclone Idai na região
centro do país. A obra em alusão foi
orçada em mais de 1.1 bilião de me-
ticais.
O delegado da ANE em Manica tam-
bém “usou o carácter urgente” para
justificar a inexistência da placa de
identificação da obra.
“Com as chuvas que assolaram a região
em meados de Janeiro e Fevereiro co-
locaram a EN7 num cenário de quase
intransitabilidade e, para evitar o caos,
socorremo-nos num empreiteiro que
estava nas proximidades. Aceitou o
nosso pedido, fez-se ao terreno e ini-
ciou com as actividades, o que evitou o
pior. Garanto que, nos próximos dias,
esta lacuna será colmatada e a placa de
identificação da obra será colocada”,
disse.
Quanto às barreiras colocadas pelo
empreiteiro e que dificultam o movi-
mento de automobilistas, sobretudo,
no período nocturno, devido à fraca
sinalização, o governante referiu que
os obstáculos foram colocados em
secções onde houve a necessidade de
intervenção total e, para os automobi-
listas não invadirem a área e dificultar
os trabalhos, optou-se por se fechar a
faixa de rodagem.
Contudo, Agapito da Cruz referiu que
o uso de troncos não é o mecanismo
ideal para obstruir uma via. Frisou que
o empreiteiro devia encontrar outras
formas que não periguem o trânsito.
Cruz explicou que a sua entidade está
a trabalhar com o empreiteiro a fim de
superar algumas dificuldades.
Para além da estrada EN7, a Chi-
Savana 16-04-2021
na State Construction Engineering
Corporation foi adjudicada, por ajus-
te directo, várias obras nas províncias
de Sofala e Manica. Por exemplo, na
província de Sofala foi adjudicada as
obras reparação de emergência da es-
trada Caia- Marromeu e Caia – Sena,
no valor de 89 milhões meticais, as-
sim como a estrada Sena – Chemba e
Maringwe – Chemba no valor de 124
milhões de meticais. Na província de
Manica, a China State Construction
Engineering Corporation foi adjudi-
cada as obras de reparação da estrada
entre vila sede Macossa e o limite com
a província de Sofala no valor de 54
milhões de meticais.
CFM e a CRBC
O SAVANA sabe que CRBC foi
contratada pela empresa Portos e
Caminhos de Ferro de Moçambique
(CFM) para a reabilitação de algumas
pontes ferroviárias na linha de Ressano
Garcia.
A intervenção visa elevar os níveis de
resposta das infra-estruturas na linha
de Ressano, face à crescente demanda
de comboios mais longos e mais pe-
sados.
Porém, o artigo 4 da Lei número
3/2018 de 19 de Junho de 2018, que
regula o sector empresarial do Estado,
onde se insere a empresa CFM, indi-
ca que as empresas públicas regem-se
pelo direito privado por estar dotadas
de personalidade e capacidade jurídica,
com autonomia administrativa, finan-
ceira e patrimonial.
Isso faz com que, a modalidade das
empreitadas solicitadas por empresas
públicas, seja de carácter particular e
não pública.
Contudo, por força do artigo 7 do
decreto 94/2013 de 31 de Dezem-
bro, o exercício permanente nas obras
particulares também carece de alva-
rá de obras particulares, emitido pela
Comissão de Licenciamento de Em-
preiteiros e consultores de Construção
Civil e que a CRBC não é portadora.
Sobre o assunto, o SAVANA contac-
tou Adélio Dias, director de comu-
nicação e imagem da empresa CFM,
que confirmou o facto e disse que a sua
empresa cumpriu com todos requisitos
legalmente estatuídos.
“Se os CFM solicitaram os serviços
da CRBC é porque foram cumpridas
todas formalidades legais e as obras
tiveram autorização do Ministério das
Obras Públicas, Habitação e Recursos
Hídricos”, disse.
Dias explicou que no caso concreto
do contracto entre a empresa CFM e
a CRBC, o pagamento não é directo.
Será na base de amortização de uma
dívida que a empresa chinesa tem com
os CFM em virtude de ter danificado
uma locomotiva na linha de Limpo-
po, há alguns anos quando executava
os trabalhos de construção da estrada
circular de Maputo.
“Uma máquina da CRBC danificou
uma locomotiva da empresa, no distri-
to de Marracuene, quando construía a
estrada circular. A empresa chinesa foi
condenada a repor o dano, mas como
nunca pagava, encontrou-se outra via
de reaver o valor que foi a execução
das obras dos CFM, mas sem se violar
qualquer preceito legal”, disse.
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Savana 16-04-2021 11

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Iluminando a Transformação de Moçambique

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7 dias
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12
Região metropolitana do Grande Maputo
Regresso às aulas agrava crise de transportes
Por Elias Nhaca
O
arranque das aulas pre-
senciais, no passado dia
22 de Março, veio agravar
ainda mais a crise de trans-
portes que, nos últimos anos, vem
apoquentando a região do grande
Maputo.
Nas horas de ponta, em rotas como
Praça dos Trabalhadores/Mozal,
Boane, Albazine, Tchumene, T3,
por exemplo, a situação é muito
mais dramática, de tal forma que
impulsiona ainda a negligência em
relação a todas as medidas de pre-
venção contra a Covid-19.
O drama acentua as dúvidas em re-
lação à eficácia das medidas de pre-
venção do novo coronavírus, tendo
em conta o elevado grau de risco no
trajecto casa-escola.
Quer no período da manhã, quer
no da tarde, a lotação exigida nos
transportes públicos de passageiros
não é respeitada.
Nos autocarros, as pessoas viajam
apinhadas e sem observar o dis-
tanciamento social, perante o olhar
impávido das autoridades compe-
tentes.
Embora as autoridades tenham sido
mais fiscalizadoras e colocado mão
dura sobre os transportes semi-co-
lectivos no princípio da pandemia,
para que estes cumprissem a lotação
de 15 passageiros por viagem, des-
de o princípio de aulas presenciais,
a fiscalização para estes transportes
também abrandou, sendo frequen-
te estes transportes carregarem 20
passageiros.
Por conta da carência de transpor-
tes, em alguns casos, os passageiros
têm recorrido aos chamados my love
(camionetas de caixa aberta usadas
como transporte de passageiros)
para conseguirem chegar aos seus
locais de trabalho, à escola ou à
casa, embora estes veículos tenham
sido proibidos de transportar passa-
geiros, pela edilidade da cidade de
Maputo, como forma de conter a
propagação de Covid-19.
Felício Machava, aluno da 12ª clas-
se, na Escola Secundária Josina
Machel, cidade de Maputo, no perí-
odo da tarde, conta que o regresso à
casa tem sido complexo e desafian-
te, porque as paragens, na hora da
tarde, registam enchentes.
Permanece mais de uma hora no
local, à espera da oportunidade para
conseguir um transporte. Muitas
Castigo Nhamane – Presidente da
FEMATRO
Apesar de proibidos pela edilidade, os my love têm sido boias de salvação em situações de falta de
vezes, só chega à casa depois das
20:00.
Machava, que vive no bairro Ferro-
viário, arredores da cidade de Ma-
puto, explica que, para não atrasar
às aulas, é obrigado a sair de casa à
10:00 para conseguir cumprir o ho-
rário de entrada,12:30.
Por seu turno, Paulina Wate, aluna
da 10ª classe na Escola Secundária
da Polana, explica que, por conta
das enchentes nas paragens, é obri-
gada a sair mais cedo de casa sob
pena de chegar atrasada à escola.
“Vivo no Zimpeto e para chegar
cedo à escola, além de apanhar vá-
rios carros, tenho de estar às 04:00
na paragem. Entro às 06:45”, disse.
Sublinha que, por conta dessa situ-
ação, os gastos semanais com trans-
portes são enormes. Vai à escola três
vezes por semana e gasta 200 meti-
cais. Antes gastava 100 meticais em
cinco dias.
Sidney Junior, estudante da Escola
Secundária Josina Machel, relatou-
nos que as enchentes nas paragens
não permitem o cumprimento das
medidas de prevenção contra a Co-
vid-19.
Júnior, que reside no bairro Costa
do Sol, diz que chega à paragem en-
tre as 05:00 e 05:30 e, muitas vezes,
só consegue “chapa” às 06:30.
A “sorte” de ser menina!?
Elton Boaventura, residente em Be-
luluane, distrito de Boane, salienta
que, antes do arranque das aulas
presenciais, a situação já era caótica
e que, com a retoma da actividade
lectiva, o quadro piorou.
Refere que, geralmente, os cobra-
dores dos “chapas”, quando chegam
às paragens, escolhem passageiros e
a preferência tem sido para alunas
adolescentes.
“Para viajar sem muito sofrimento
devo, obrigatoriamente, chegar à
paragem no intervalo entre as 04:30
e 05:00. Depois disso é quase im-
possível. É uma confusão total. O
mesmo drama assiste-se no perío-
do da noite, quando regresso à casa.
Em média, são três horas para sair
da baixa da cidade de Maputo até
ao meu bairro. Só consigo chegar,
no mínimo depois das 20:00 en-
SOCIEDADE
quanto saio do trabalho as 17:00”,
lamenta.
Boaventura reprova as decisões do
Governo para a minimização da
propagação da pandemia de Co-
vid-19. Explica que o Governo só se
limitou a tomar medidas, mas não
criou alternativas para a concretiza-
ção dessas medidas.
“Na verdade, o impacto negativo
das medidas tomadas pelo Governo
incide sobre a população vulnerável.
A limitação da lotação nos trans-
portes públicos devia ser acompa-
nhada pelo aumento do número de
autocarros, mas isso não aconteceu”,
afirmou.
Pelo contrário, prosseguiu, a frota
está a reduzir dia após dia. “Sem
meios suficientes, como vamos ga-
rantir o distanciamento, se as pes-
soas querem chegar à escola, ao ser-
viço e à casa”, questiona.
Tem um salário mensal de 9.500
meticais e cerca de 1.500 meticais
gasta com transporte.
Autocarros avariados
Castigo Nhamane, presidente do
Conselho Directivo da Federação
Moçambicana das Associações dos
Transportadores Rodoviários (Fe-
matro), confirma que o problema
da falta de transportes agravou-se
com a retoma das aulas presenciais.
Nhamane disse que subiu o núme-
ro dos que concorrem por um lugar
no transporte, mas não aumentou o
número de veículos em circulação.
Explicou que a situação agrava-se
porque muitos autocarros encon-
tram-se paralisados por conta de
avarias que apresentam.
“Dos 50 autocarros da COTRAC
1, cerca de metade estão paralisados.
Dos últimos 300 que recebemos,
10% também estão paralisados. Al-
guns carros têm três anos e apresen-
tam muitas avarias”, afirmou.
Este fator, segundo explicou, resul-
ta da insustentabilidade do negócio
do transporte. Este cenário dificulta
ainda o sector privado na aquisição
de transportes, principalmente os
de grande porte, para responder à
demanda, porque o acesso aos fun-
dos também é problemático.
Acrescenta que outro fenómeno
transporte
que dificulta o transporte de cente-
nas de cidadãos, em especial os alu-
nos, está ligado ao rápido término
do funcionamento dos autocarros.
É que, no âmbito do recolher obri-
gatório, em vigor na província de
Maputo, os motoristas também têm
a necessidade de chegar à casa antes
das 21:00 (agora até às 22h00).
A fonte explicou que o Ministério
do Interior não respondeu a um pe-
dido da Fematro para se considerar
a possibilidade de os motoristas de
transportes colectivos continuarem
a circular depois das 21:00, dado
que muitos trabalham muito longe
de casa e não são capazes de che-
gar dentro do horário imposto pelas
autoridades.
Com o horário do primeiro reco-
lher obrigatório, que interditava a
circulação depois das 21:00, nin-
guém mais devia circular na região
do Grande Maputo, os transportes
deviam iniciar a circulação às 04:00
e realizar a última saída do terminal
às 20:15.
Actualmente, no período da manhã,
a hora do início continua a mesma,
mas espera-se que a hora do térmi-
no seja também estendida por uma
hora.
Todavia, explicou Nhamane, algu-
mas rotas, como Praça dos Traba-
lhadores-Boane, são longas e em
respeito a este horário, os autocar-
ros chegam depois das 21:00, crian-
do uma situação de conflito com a
polícia.
Conta que, por isso, alguns moto-
ristas foram detidos nos primeiros
dias da entrada em vigor do reco-
lher obrigatório.
Por causa disso, preferiram adoptar
medidas mais cautelosas para per-
mitir que os motoristas chegassem
às suas residências mais cedo.
Então, continua, a situação que se
tem é de mais pessoas que se aglo-
meram nas paragens ao mesmo
tempo, por conta do recolher obri-
gatório, propiciando uma situação
de poucos autocarros e mais pessoas
nas paragens.
O presidente da Fematro acredita
também que os 100 autocarros que
se prevê que cheguem nos próximos
Savana 16-04-2021
meses não sejam suficientes para
resolver os problemas de mobili-
dade que enfermam a província de
Maputo, mas sublinha que poderão
minimizar a situação.
Não é uma questão do sec-
tor da educação - MINEDH
A porta-voz do Ministério da Edu-
cação e Desenvolvimento Humano,
Gina Guibunda, reconhece a exis-
tência do problema de transportes
e sublinha que esta questão e o re-
colher obrigatório constituem os
principais entraves que continuam
a travar a retoma do curso noturno.
Explicou que, para este período, as
aulas não podem ir para além das
20:00, mas, ainda assim, torna-se
complicado o retorno à casa por
parte dos alunos, que vivem lon-
ge da escola, devido à escassez de
meios de transporte. Porém, esta
semana o Governo aumentou mais
uma hora no recolher obrigatório,
passando para 22 horas em todas as
capitais provinciais.
Todavia, nota que a questão da falta
de transportes e o impacto esta si-
tuação provoca nos alunos não po-
dem ser vistos como problemas do
sector da educação.
Frisou que a entidade pela qual res-
ponde está a criar soluções nas es-
colas. Contudo os demais sectores
devem também intervir.
Para a fonte, a gestão do percurso de
casa à escola deve estar na preocu-
pação de toda a sociedade, de forma
a permitir que o mesmo ocorra sem
sobressaltos.
Guibunda explicou ainda que o mi-
nistério pelo qual responde tencio-
na, também, implementar o ensino
à distância para o ensino secundá-
rio, mas os entraves que precisam
ser superados têm a ver com a di-
ficuldade de acesso a dispositivos
eletrônicos.
As aulas iniciam às 07:00 e termi-
nam às 17:00, devendo, os alunos,
permanecer quatro horas e meia na
escola.
De acordo com Guibunda, nesse
período, ocorrem dois ou três tur-
nos, dependendo do número de alu-
nos na escola e da planificação feita
pelas instituições de ensino.
Moçambique possui 12.800 escolas
primárias, com cerca de sete mi-
lhões de alunos, e 700 escolas se-
cundárias com um 1,2 milhões de
alunos.
Gina Guibunda – Porta-voz do MINEDH
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Savana 16-04-2021 13


Resumo do Observador Rural N° 110
POLÍTICA MONETÁRIA DO BANCO DE MOÇAMBIQUE: QUAL É PROCUREMENT DE SERVIÇOS DE TRADUÇÃO
O GATO ESCONDIDO?
TERMOS DE REFERÊNCIA
João Mosca
13 de Abrl de 2021
Para uma leitura do texto veja em: https://omrmz.org/omrweb/publicacoes/or-110/
O texto pretende analisar alguns dos aspectos essenciais da gestão da política monetária O Instituto de Estudos Socias e Económicos (IESE) é uma organização de pesquisa independente que tem
(creditícia e de taxas de juro, oferta monetária e reservas obrigatórias dos bancos comerciais como vocação principal realizar investigação e, através dela, produzir conhecimento, capacidade intelectual
junto do banco central – base monetária -, cambial e reservas internacionais). O estudo cobre
o período 2000-2021 com ênfase para a crise a partir de 2016. Tendo em conta o período e alimentar o debate público sobre as questões de desenvolvimento económico, social e político em
analisado, tem importância as funções da gestão monetária relacionadas com ciclos curtos
_ sOŸŘŸŎÞ ʹOŸŎ OŸÞŘOÞ_yŘOÞ sŎ OÞOĶŸǣ ƼŸĶâǼÞOŸǣʺ s  OŸŸNj_sŘYŸ OŸŎ  ƼŸĶâǼÞO ʩǣOĶʰ Moçambique.
focalizando-se nos efeitos sobre a economia real (crescimento económico, dívida pública,
Para o desenvolvimento das suas actividades, e publicação das suas obras literárias, cadernos e outros
importações e exportações, crédito, pobreza, entre outras).
Em síntese, o Banco de Moçambique tem tido uma política monetária conservadora (excessiva resultados da pesquisa, vimos pela presente, convidar as instituições nacionais, bem como entidades
para alguns analistas), cautelosa (reserva monetária e reservas internacionais elevadas), singulares interessadas a apresentar o seu Curriculum Vitae para prestação de serviços de tradução, tendo
ǣȖƼŸŘ_Ÿ  _s¯sǣ _ ǣŸĶɚEÞĶÞ__s s NjŸEȖǣǼsʊ _Ÿ ǣÞǣǼsŎ ʩŘŘOsÞNjŸ ŘOÞŸŘĶʳ  ¶sǣǼŸ _
política monetária visa, em primeiro lugar, assegurar os equilíbrios nominais da economia em consideração os seguintes critérios de avaliação:
e tem sido, em alguns períodos, penalizadora da economia real (crescimento económico,
rendimento per capita médio, exportações e importações, competitividade da economia) e não
tem contribuído para a transformação estrutural da economia e maior equidade social. O Banco
NsŘǼNjĶsŸǣEŘOŸǣOŸŎsNjOÞÞǣǼyŎʩŘŘOÞ_Ÿ¶ĶŸƼŘǼs_âɚÞ_ƼȚEĶÞOÞŘǼsNjŘsŎƼNjsĠȖâʊŸ x Apresentação do Curriculum Vitae actualizado;
das empresas e das famílias.
x Carta de recomendação;
ǻsŎ OǼȖĶÞ__s  NjsOsŘǼs ¯ŸNjǼs _sƼNjsOÞYŸ s ƼNjsOÞYŸ _Ÿ ŎsǼÞOĶ LJȖs NjsʪsOǼs  ¶sǣǼŸ
Njâ¶Þ_sOŸŘǣsNjɚ_ŸNj_ŸDŘOŸNsŘǼNjĶʰLJȖsǼsŎƼŸNjŸEĠsOǼÞɚŸƼNjÞŘOÞƼĶǣǣs¶ȖNjNjÞŘʪYŸ x Apresentação da cotação do preço por palavra traduzida;
baixa, independentemente dos efeitos na economia real. Além dos referidos no texto, a
volatilidade cambial recente provoca/acrescenta interrogações no empresariado, riscos da x Anos de experiência na prestação de serviço de tradução;
economia, distorções no mercado de divisas e nos mercados de bens e serviços, incoerências
OŸŎƼŸĶâǼÞOŸNjYŎsŘǼĶˀʩǣOĶʳ
Finalmente, como explicar esta política monetária rígida e aparentemente contraditória A documentação deverá ser remetida até ao dia 30 de Abril de 2021 para os seguintes endereços
na gestão dos seus instrumentos, ou mesmo incompetente e nefasta para a economia?
Três hipóteses ou uma combinação das duas: a primeira, a obsessão dogmática, teórica e electrónicos: Felismina.ricardo@iese.ac.mz & prudencia.mambo@iese.ac.mz, ou dar entrada na Recepção
metodológica, do primado da estabilidade para despois crescer com sacrifício dos cidadãos, do IESE, sita na Av. do Zimbabwe Nº 1214. Att: Centro de Documentação.
utilizando instrumentos directos de gestão (taxas de juro e de câmbios); e/ou, a segunda, uma
ǣȖƼsNjOȖǼsĶƼsĶŸǣNjÞǣOŸǣ_sOŸŘŸŎÞʹOŸŘʪÞǼŸǣʰNŷəÝ^˚ˠ˨ʰÞŎ¶sŎ_ŸƼâǣsOŸŘǣsLJȖyŘOÞǣ
nas relações políticas, económicas e comerciais externas). Finalmente, uma terceira hipótese
não revelada (o “gato escondido”): as reservas externas e internas são elevadas para conseguir Maputo, 13 de Abril de 2021.
cobrir prováveis custos resultantes das dívidas ocultas (ou outras não conhecidas/ou ainda
ˆŸOȖĶǼǣˇʺʰOȖǣǼŸǣ_¶ȖsNjNjsŎNEŸ^sĶ¶_ŸsŸ_ÞŎsŘǼŸ_sNjsOsÞǼǣ_ŸǣNjsOȖNjǣŸǣ¶ ǣs_s WWW.IESE.AC.MZ
outros recursos naturais sine dia. Ou será também incompetência do Banco de moçambique?
Why not?

14
Migração digital
O peso da StarTimes na TMT
Por Raúl Senda
N
um esforço para garan-
tir a transição do sistema
analógico para digital, o
Governo criou, em 2016,
a Transporte - Multiplexação e
Transmissão (TMT) – Empresa
Pública. Em 2019, sem concurso
público, a TMT admitiu investido-
res privados e transformou-se numa
sociedade privada. Como conse-
quência, a empresa abandonou a
veia social e virou as atenções para
a vertente comercial. Apesar dos
investimentos públicos, o poder es-
tatal foi enfraquecido e os chineses
passaram a determinar as regras.
Quando exercia o cargo de minis-
tro de Transportes e Comunicações,
Carlos Mesquita dirigiu, a 19 de
Março de 2017, na cidade de Ma-
puto, o lançamento do projecto de
migração digital em Moçambique.
Na ocasião, Mesquita frisou que a
migração digital não devia configu-
rar-se como uma mera mudança de
infra-estruturas de rede de transmis-
são, sem qualquer valor acrescentado
para os cidadãos.
Destacou que tudo estava a ser feito
para que toda a população continu-
asse a ter acesso à televisão e que para
tal, o Governo estava a trabalhar na
criação de mecanismos que estimu-
lassem uma maior disponibilidade
e acessibilidade de conversores de
sinal, por forma a que a população
tenha acesso à televisão digital.
Por analogia, Mesquita, estava a
transmitir a ideia de que o projecto
de migração digital era um serviço
público que devia ser oferecido a
todas as pessoas, independentemente
da renda.
Contudo, na terceira série do Bo-
letim da República número 36 de 21
de Fevereiro de 2019, foi anunciado
o registo, na Conservatória de Enti-
dades Legais da cidade de Maputo,
da
Empresa de Transporte, Multipl-
exação e Transmissão – Sociedade
Anónima com objectivo de provi-
denciar serviços de processamento,
transporte, distribuição e emissão de
sinais de rádio e de televisão digital;
serviços de multiplexação de sinais
de rádio e de televisão digital, de-
De empresa pública, a TMT transformou-se em sociedade privada e o custo do sinal digital tornou-se mais
senvolvimento e comercialização de
software assim como o exercício de
operações de negócios básicos da TV
Digital.
Do princípio, a TMT era uma
empresa pública, cuja estrutura
accionista era composta pela
empresa Televisão de Moçambique
(TVM), Rádio Moçambique (RM)
e Telecomunicações de Moçambique
(TDM).
Em segredo, a TDM deixou a socie-
dade e, no seu lugar, entrou a Star-
Times, através da Hantex.
A StarTimes é a companhia selec-
cionada, a dedo, pelo Governo, para
a implementação do projecto de mi-
gração digital em Moçambique, um
processo que contou com o apoio e
financiamento da China, através da
EximBank, num valor de 150 mil-
hões de dólares.
Desde que a StarTimes entrou na
estrutura accionista na TMT, o seu
peso não pára de aumentar e, pelo
disposto nos estatutos da sociedade,
a relevância da StarTimes poderá
aumentar ainda mais. Rezam as nor-
mas que regem o funcionamento da
TMT que o accionista que pretender
vender suas acções deverá manifestar
Borges Nhamirre
a proposta internamente, devendo os
accionistas interessados em exercer o
direito de preferência, participar da
sua intenção, num prazo máximo de
trinta dias contados da data da no-
tificação.
O estatuto destaca que nenhum
accionista pode transferir as suas
acções para concorrentes de outros
accionistas ou concorrentes da em-
presa.
Sendo detentor de 40% das acções
da sociedade, a StarTimes tem po-
deres, querendo, de convocar as re-
uniões da assembleia geral para a
tomada de qualquer decisão.
No caso em que os accionistas TVM
e RM tiverem a intenção de re-
alizar negócio com novos parceiros
em Moçambique, deverá fornecer
ao accionista Hantex, representante
da StarTimes, uma oportunidade
razoável para discutir uma possível
parceria com referência aos princí-
pios estabelecidos nos termos do
acordo de accionistas.
Na TMT, a StarTimes é que fornece
o suporte em conteúdos para a oper-
ação da empresa em termos comer-
ciais razoáveis. Os chineses também
são responsáveis pela disponibili-
zação, à TMT, das suas vantagens
em tecnologia, conteúdos, satélite,
marketing, recursos humanos e a
economia de escala em termos com-
erciais razoáveis.
Direcção da empresa
O peso da empresa chinesa na TMT
alastra-se até aos cargos de direcção.
Na TMT, o Conselho de Adminis-
tração (CA) é constituído por sete
administradores, entre os quais os
accionistas TVM e RM têm o dire-
ito de nomear quatro e a StarTimes,
três, mais o director-geral que tem
assento no CA. O director-geral é
encarregado das operações diárias e
Savana 16-04-2021
caro para as televisões privadas
da administração da empresa.
É o director-geral, indicado pela
StarTimes, que preside a gestão e
coordena o funcionamento da em-
presa; organiza e implementa o
plano anual de negócios e o plano de
investimentos da empresa; elabora o
plano interno de gestão da empresa e
gere o orçamento da empresa.
Os accionistas TVM e RM têm di-
reito de indicar, em conjunto, um
administrador que será o PCA, mas
sem poderes executivos e nem exerce
o voto de qualidade em qualquer
situação.
A fiscalização dos negócios e contas
da TMT é exercida por um conselho
fiscal composto por três membros
efectivos onde, no mínimo, um deve
ser de nacionalidade chinesa.
Cenário preocupante
O modelo adoptado pelo Gov-
erno para a gestão do processo de
migração digital não dá sossego a
muitas esferas da sociedade moçam-
bicana. Temem que o mesmo pode
contribuir para limitar o direito à
informação, privando a esmagadora
maioria da população moçambicana
do acesso ao sinal da televisão ou rá-
dio.
Borges Nhamirre, pesquisador do
Centro de integridade Pública
(CIP), entende que este é um prob-
lema maior do que, simplesmente,
olhar apenas para a questão do sis-
tema de transmissão digital.
Para Nhamirre, o que está a acon-
tecer é que, ultimamente, o Governo
tem estado a criar empresas privadas
de capitais públicas e, em surdina, há
transmissão de acções a entes priva-
dos sem observância de procedimen-
tos legais.
No caso da TMT, explica que, por
exemplo, a saída das TDM e poste-
rior entrada da StarTimes no negó-
NO CENTRO D
cio devia ter obedecido às normas de
procurement.
Acrescenta que os empreendimentos
públicos não podem ser privatizados
sem concurso público, onde todos
interessados possam concorrer.
“Os moldes em que foi feito o negó-
cio da TMT também conduz-nos
para um outro problema que é de
concorrência. Por exemplo, a Star-
Times está no mercado a distribuir
sinal de televisão por satélite e a
competir com outras empresas como
é o caso da ZAP ou MultiChoice.
Por outro lado, a mesma StarTimes,
já acoplada à TMT, aparece a provi-
denciar serviços de distribuição e
emissão de sinal às produtoras de
conteúdos. Isso é concorrência des-
leal”, reprovou.
Para Nhamirre, o Estado não pode
criar plataformas para concorrer com
o sector privado.
A fonte sublinhou que, sendo a mi-
gração digital um serviço de carácter
público, nunca devia ter sido en-
tregue à gestão privada. Devia
adoptar-se o mesmo modelo usado
na distribuição de energia, em que,
apesar das queixas sobre o preço de
energia, o serviço é fornecido por
uma empresa pública. Isto porque o
serviço público não visa o lucro.
Explica que, com a introdução do
sistema digital, o acesso à televisão
só será possível por via da TMT
e esse serviço deveria ser bonifi-
cado ou gratuito para que qualquer
moçambicano tenha acesso.
De acordo com Nhamirre, o valor
que a TMT pretende cobrar não é
justo para a realidade do mercado
moçambicano e não será acessível
para muitas empresas.
Para Borges Nhamirre, o modelo
usado para a tramitação do sistema
digital carece de uma avaliação
das autoridades competentes e a
Procuradoria Geral da República
(PGR), na qualidade de defensora
de interesses difusos, já deveria ter
iniciado um inquérito para verificar
a legalidade do processo.
Por sua vezo, continua, as empresas
de comunicação, prejudicadas com
as medidas da TMT também de-
viam accionar o Tribunal Adminis-
trativo no sentido de verificar a le-
galidade do processo.
Recordar que, unilateralmente, a
TMT anunciou, há dias, a tabela
de tarifas a serem cobradas a partir
de Julho deste ano, para o acesso ao
emissor digital. Cada uma das em-
presas televisivas deverá pagar 635
mil meticais por mês para ter acesso
ao sinal. O valor será incrementado
para 1.190 mil meticais/mês a partir
de Julho de 2022.
Pelo fornecimento dos aparelhos
receptores, vulgo “decoders”, a TMT
cobra 1200 meticais.
Estima-se que, em Moçambique,
mais de 90% das famílias usam o
sinal aberto, ou seja, ainda não tem
acesso à televisão por satélite.
O FURACÃO
Savana 16-04-2021
As tarifas de transmissão do sinal da TMT
Por Celestino Joanguete*
F
oi no contexto da modernização das
tecnologias das Radiocomunicações
que a União Internacional das Teleco-
municações, UIT, realizou, nos dias 15
de Maio e 16 de Junho de 2006, em Genebra,
um encontro internacional no qual propunha
um novo plano de transmissão para a rádio e
televisão. Um modelo de transmissão que ofe-
recesse novas possibilidades para o desenvolvi-
mento restruturado de rádio e televisão, bem
como as flexibilidades suficientes para adap-
tação ao ambiente de telecomunicações em
mudança. Na declaração final do evento ficou
estabelecido que todos os países membros da
UIT deviam proceder a transição do sistema de
transmissão da rádio e televisão até ao dia 15 de
Junho de 2015.
A base justificativa para a implantação da rádio
e televisão digital é, por um lado, pelas vanta-
gens tecnológicas oferecidas aos operadores de
televisão, bem como os beneficios técnicos de
produção e transmisão do sinal da televisão.
Por outro, oferece novos e diferentes serviços
para seus clientes, que incluem a recepção mel-
horada do sinal da televisão, com menos inter-
rupções e erros na transmissão, formato de tela
ampla, imagens de alta definição, som de alta
qualidade, guia eletrónico de programação, in-
teractividade, programas de rádio e uso de da-
dos no mesmo canal.
A sequência de mudanças do sistema da tel-
evisão analógico para o digital implicou, con-
sequentemente, a reforma da grande parte de
regulamentos antigos com vista a acomodar o
novo ecossistema de transmissão digital. Neste
campo, a UNESCO orienta e recomenda aos
reguladores de cada país a garantir que a tran-
sição para o digital não leve as empresas da
televisão à falência ou reduza sua receita a tal
ponto que a programação seja prejudicada.
As directrizes da UNESCO pretendem que
cada país encontre a melhor forma de garantir
a transição pacífica, incentivando as emissoras
a assumirem as mudanças, garantir espectro
digital às emissoras existentes, renovar auto-
maticamente suas licenças, inclusive a prática
de preços justos na transmissão do sinal digital.
Modelos de regulação e tarifas de transmis-
são do sinal da televisão digital
O estabelecimento efectivo do negócio da tel-
evisão digital e da sua cadeia de valor requer
dois aspectos: primeiro, a elaboração de uma
legislação específica da televisão e da rádio
digital que defina as empresas de transmissão,
os preços, a concorrência, as especificações téc-
nicas do equipamento de recepção, produção,
distribuição, qualidade de serviços de transmis-
são do sinal da televisão, definição do padrão de
qualidade de imagem e outros aspectos trazidos
pelo ecossistema digital.
É imperativo que o mercado da televisão digi-
tal tenha um regulador capaz de ter competên-
cias de promover o alargamento da oferta de
serviços de programas com as condições téc-
nicas adequadas, supervisione o mercado, con-
trole o preço da prestação do serviço de trans-
missão e difusão do sinal da televisão digital de
qualidade e recomende estudos sobre o sector.
A European Audiovisual Observatory for the
European Commissione e The East African Com-
munication Organization, EACO, são duas en-
tidades que trazemos como exemplos nesta re-
flexão sobre as diretrizes que emanaram para os
seus países membros. Elas definiram de forma
clara a estrutura de custos, preços, concorrên-
cia, especificações técnicas dos equipamentos
de transmissão e recepção do sinal da televisão,
bem como a qualidade de serviço de transporte
do sinal da televisão.
Nota-se, nas suas diretrizes, a importância de
instrumentos regulatórios, que estabelecem
diferentes marcos para o funcionamento da tel-
evisão digital, num mercado competitivo. En-
tre as duas entidades há elementos comuns no
modelo de licenciamento de serviços de trans-
missão do sinal da televisão digital, nomeada-
mente: a separação entre serviços de transmis-
são do sinal, fornecedores serviço de conteúdo
e distribuidores do sinal. Para o transmissor
(empresa multiplexadora) é atribuida apenas a
responsabilidade de multiplexação, transporte
e gestão da rede de transmissão, enquanto o
provedor de serviço de conteúdo cabe-lhe a re-
sponsabilidade de produção de conteúdo, agre-
gação e entrega ao consumidor final.
Já a Autoridade Nacional de Comunicações,
ANACOM, entidade reguladora portuguesa,
e autoridade reguladora e de concorrência do
Reino Unido, OFCOM, ambos seguidores das
directrizes da União Europeia, apresentam se-
melhanças de modelo regulação orientado para
a proteção do consumidor. Elas colocam o su-
premo interesse público nos seus regulamen-
tos, sobretudo, relevam a ideia de reserva de
capacidade para canais nacionais de televisão,
disponibilizado em regime de acesso não con-
dicionado por assinatura, os canais Free to air.
Tanto para ANACOM como para OFCOM,
a fundamentação dos marcos que regulam a
reserva de capacidade constitui o factor de
promoção do pluralismo, da diversidade, da in-
clusão social, da coesão nacional e de direito de
acesso à informação. Quanto aos canais rema-
nescentes das empresas de transmissão, que não
possam tecnicamente acomodar outros serviços
de programas de televisão e serviços públicos,
podem ser livremente utilizados pelo detentor
da multiplexadora.
Em reconhecimento da necessidade de uma
concorrência justa, nos serviços de transmissão
do sinal da televisão, a ANACOM e EACO
estão certos que a competitividade pode atingir
os seguintes objetivos: i) promove a concorrên-
cia leal no mercado de serviços da televisão dig-
ital; ii) promove a entrega eficiente de serviços
da televisão; iv) garante um retorno justo aos
provedores de serviços de multiplexação; v) ga-
rante cobranças justas e não discriminatórias
pela multiplexação, transporte e distribuição
do sinal; vi) promove preços justos ao consumi-
dor e seus benefícios associados.
Para a política de precificação, a ANACOM
respeita os princípios da transparência, não dis-
criminação, orientação para os custos e custo
baseado no espaço efectivamente ocupado por
cada serviço de programas de televisão. En-
quanto, os preços para a transmissão e difusão
do sinal da televisão para as regiões autóno-
mas ou distantes da central de transmissão são
proporcionalmente reduzidos em função da di-
mensão da rede no espaço geográfico a que se
encontra (Megabites/s).
No campo de cálculo de preços pelos serviços
de transmissão do sinal da televisão, numa
análise comparativa entre os reguladores, a
maioria das operadoras opta pelo modelo de
precificação baseado no espaço ocupado por
cada canal de televisão (Megabites por segundo)
e outros optam pelo modelo ROI (return on in-
vestment) em que subtrai o ganho obtido com
o investimento pelo próprio valor investido, e,
em seguida, divide-se esse resultado por esse
mesmo valor de investimento, em seguida fixa
o preço. Nestes dois modelos, os reguladores
precisam fazer a escolha entre a ocupação por
cada canal e o preço fixado pelo cálculo ROI,
dependendo das circunstâncias do mercado e
do investidor da rede de transmissão.
As diferenças fundamentais entre as duas
abordagens de preço são as seguintes: Orien-
tação ROI tem como base de cálculo os custos
investidos na criação da rede de transmissão do
sinal em que se subtrai o ganho obtido com o
investimento pelo próprio valor investido. Na
criação de preço com base no modelo ROI é
importante ressaltar que o valor investido ini-
cialmente inclui todo o dinheiro investido
durante o processo, assim como todo o valor
recebido.
Se o objetivo é ter um resultado preciso, toda
despesa deve ser incluída no cálculo, assim
como toda receita, enquanto o custo por ocu-
pação do canal é definido em termos de Mega-
bites por segundo. Este modelo é básico para
um mercado pobre que demanda por valores
sociais para transmitir serviços da televisão em
Standard Definition, SD.
Portanto, a escolha entre as duas abordagens de
fixação de preços depende do objectivo princi-
pal do regulador e do interesse do investidor da
rede de transmissão da televisão. Se o objetivo
principal for a massificação da televisão digital
e retornar os investimentos, o preço fixado com
base na orientação ROI deve ser preferido, caso
seja um investimento privado na rede de infra-
estruturas de transmissão. Enquanto o custo
pela ocupação do canal, por Megabite, pode ser
uma opção retalhista para um mercado orien-
tado para a protecção dos serviços públicos e de
valores sociais.
Em termos gerais, as entidades reguladoras têm
a função de criar o equilíbrio no mercado da
televisão digital. Elas devem ter competências
de avaliar de forma rigorosa, transparente e
pública as condições técnicas e a qualidade do
sinal da televisão digital. As suas competências
são extensivas em estabelecer o equilíbrio no
mercado, reunindo em fórum de diálogo com
os operadores privados das televisões e prove-
dores de serviços, encomendar estudos técnicos,
que permitem uma análise sobre o mercado
da televisão, tendo em conta as diferentes ex-
periências da região e países, alertar e recomen-
dar sobre os padrões tecnológicos associados às
transmissões, acompanhar a evolução da quali-
dade de imagem em High Definition (HD),
para as televisões, etc.
A tarifas da TMT
O Instituto Nacional das Comunicações de
Moçambique (INCM), autoridade reguladora
dos sectores postal e de telecomunicações em
Moçambique, outorgou, no dia 30 de Outubro
de 2015, à Empresa Transporte, Multiplexação
e Transmissão (TMT), o operador público de
rede de televisão digital, a licença que autori-
zava a codificar, multiplexar, transportar e di-
fundir o sinal de radiodifusão televisiva digital
terrestre no território nacional.
A TMT é uma entidade formada pelas empre-
sas públicas Televisão de Moçambique (TVM),
Rádio Moçambique (RM), e Telecomuni-
cações de Moçambique (TDM), com a finali-
dade de operacionalizar a rede de transporte e
distribuição do sinal digital. Em 2018, a TDM
abdicou da sua participação do projecto TMT,
devido às suas reformas estruturais internas.
Depois de longos anos de instalação da rede na-
cional de infra-estruras de transmissão do sinal
da televisão e sucessivos atrasos na migração
digital, em Março de 2021, a TMT lançou
uma tabela de tarifas de transmissão do sinal,
quando atingiu 70% da cobertura nacional. As
tarifas estabelecidas são de 635 mil meticais,
aplicadas para transmissão nacional por via de
60 centros emissores, no valor de 10 mil por
cada emissor e 30% de agravamento em caso de
transmissão a nível provincial.
As tarifas de transmissão surpreenderam mui-
tos operadores privados da televisão e voltaram
a abriar as velhas feridas da falta de diálogo.
Muitos aguardavam por um regulador do sec-
tor para a consulta pública, debate aberto e
democrático em função do interesse público. O
estabelecimento das tarifas de transmissão do
sinal da televisão sairia do regulador (INCM) e
não do operador de serviço.
Recuando para a Estratégia de Migração
15
Digital, o custo pelos serviços de transmissão
já estavam previstos e que seriam em função
dos Megabites utilizados pela ocupação do ca-
nal com vista a cobrir os custos de operação,
ou seja, os preços desta rede seriam orientados
para o custo, sob a directa supervisão do regu-
lador de comunicações, o INCM.
À luz das experiências internacionais, a política
de preços pelos serviços de transporte do sinal
da televisão digital é estabelecida pela Legis-
lação específica. A lei é supervisionada pelo re-
spectivo regulador, promovendo o alargamento
da oferta de serviços de programas na televisão
digital terrestre, em condições técnicas ad-
equadas e garantindo o controlo do preço da
prestação do serviço de transporte e difusão do
sinal da televisão digital.
A lógica de elaboração de preços visando a re-
cuperação do custo de investimento é aplicável
se se tratar de investimento privado nas infra-
estruturas de transmissão, mas a TMT foi
objecto de investimento público na ordem de
USD150 milhões, por isso não justifica apli-
cação de tarifas exorbitantes com vista à recu-
peração do custo de investimento.
A marcação do preço devia resultar do estudo
prévio do mercado de audiência, das diferentes
experiências da região, países, consulta pública,
estudo do poder de compra da população bene-
ficiária, assim como da perspectiva de aplicação
do direito de acesso à informação para todos.
Pelas tabelas tarifárias lançadas percebe-se que
a TMT fundamenta o argumento do preço
no custo de investimento e manuteção das
estações emissoras (sites). Estas bases que de-
terminaram as tabelas das tarifas são variáveis,
que não justificam suficientemente o valor das
tarifas aplicado, por ser uma empresa pública
financiada pelo Estado, cuja lógica é a prestação
de serviços públicos.
Em conclusão, a tabela de preços que a empresa
TMT passará a cobrar aos operadores privados
da televisão, pela transmissão do sinal da Tel-
evisão digital, é bastante pesada para pequenas
empresas de televisão e, possivelmente de rádio,
que tentam se erguer num mercado favorecido
pela Lei de liberdade de imprensa e pela digi-
talização.
Portanto, as tarifas aplicadas pela TMT pre-
cisam ser negociadas na perspectiva de Broader
Social Value, ou seja, na proteção de valores so-
ciais, nos quais os pequenos produtores de con-
teúdos obtém benefícios que resultam da con-
tribuição do serviço para bens sociais que são
usufruídos pela maioria das pessoas da socie-
dade, independentemente do seu rendimento,
tal como a liberdade de acesso à informação e
outros.
Por isso, a matéria de precificação de trans-
missão do sinal da televisão digital requer um
quadro regulatório instituído pelo Governo,
que estabelece claramente o funcionamento
do mercado de transporte, transmissão e dis-
tribuição do sinal da rádio e televisão digital,
particularmente, as empresas, modelos de
transmissão, condições de prestação do serviço
de transporte e difusão do sinal, estrutura de
custos, preços, concorrência, especificações téc-
nicas dos equipamentos de recepção do sinal,
directrizes de qualidade de serviços e do sinal
da televisão, princípios da transparência e não
discriminação, limites do preço e reservas de
capacidade.
Uma vez aprovado o quadro jurídico de regu-
lação, é fundamental reforçar as atribuições e
competências da entidade reguladora, neste
caso o INCM, em vastos poderes de regulação,
supervisão, fiscalização e sanção em relação às
entidades reguladas, sobretudo, deve ainda ga-
rantir a proteção dos direitos e interesses dos
consumidores da rádio e televisão digital.
*Docente e investigador de media digitais
16
DIVULGAÇÃ0 Savana 16-04-2021

A CORAL FLNG SA É UMA ENTIDADE DE OBJECTO ESPECÍFICO

CONSTITUÍDA PARA DESENVOLVER A OPERAÇÃO DA UNIDADE FLUTUANTE CORAL SUL FLNG.

ANÚNCIO PÚBLICO
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE PARA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE LIGAÇÃO SEM FIO (WIRELESS LINK) PARA FLNG
A Coral FLNG SA ("EMPRESA"), é uma SPE registada sob as leis da República de Moçambique para o desenvolvimento do Projecto Coral do Sul,
o primeiro Projecto de GNL em Moçambique, assente numa primeira planta de construção mundial de gás natural liquefeito flutuante em águas profundas,
convida as empresas interessadas, a enviar uma Manifestação de Interesse para a prestação de serviços de ligação sem fio (backhaul wireless link)
entre a plataforma flutuante de liquefação de gás natural (FLNG) e sitio em terra na área de Afungi.
Âmbito Do Trabalho
O âmbito do trabalho inclui o seguinte:
‡Fornecimento de uma solução de ligação sem fio entre a planta FLNG no mar e sítio em terra na área de Afungi, incluindo:
Tecnologia de ligação sem fio a ser usada;
Infraestrutura sem fio (torres, mastros, antenas, estações bases, etc);
Fornecimento, Instalação, Treinamento e Manutenção de infraestrutura.
‡Os serviços que serão aprovisionados no backhaul serão: Dados, Voz e Vídeo.
‡Fornecimento de largura de banda de backhaul entre 80 - 100 Mbps (ou mais) síncronos ou assíncronos se a tecnologia permitir.
‡Terminação próxima a um POP na área de Afungi para conexão à rede de dados nacional/internacional.
‡Fornecimento de contrato de nível de serviço (SLA) 24X7 com fortes indicadores de desempenho (KPI).
Documentação Requerida
As empresas interessadas neste convite podem enviar sua Manifestação de Interesse (MdI) para participar de um processo de licitação de "prestação
de serviços de ligação sem fio (wireless link) para FLNG", fornecendo a seguinte informação e documentação obrigatória:
Documentos Técnicos
‡Breve prospecto da empresa incluindo anos de negócio, mercados atendidos e missão/valores.
‡Capacidade de obter licenças necessárias para importar, instalar e/ou manter equipamento de telecomunicações em Moçambique.
‡Fornecer um resumo de projetos anteriores, correntes e/ou pendentes similares em Moçambique.
‡Fornecer uma lista de licenças e autorizações moçambicanas, actuais e/ou pendentes, se houver, aplicáveis para o serviço em epigrafe.
‡Confirmação de equipa técnica com capacidade para realizar as actividades em Moçambique.
‡Fornecer a Estrutura operacional (engenheiros de campo, NOC, Service Desk, armazéns, logística e licenças).
‡Fornecer informação sobre a Infraestrutura da rede (POP´s), rede MPLS, Gateways de Internet, Gateways de Voz PSTN, Centro de Dados, etc.
‡Evidência de ter um Sistema de Gestão de HSEQ implantado e alinhado com os requisitos das normas ISO 14001, 45001, 9001.
Documentos Administrativos
1. Cópia do certificado de registo da entidade jurídica comercial, com nome de entidade jurídica e pessoa de contacto para a receção de qualificações
e informações comerciais;’
2. Em conformidade com o Código Comercial moçambicano (Decreto 2/2005, de 27 de dezembro de 2005) A Empresa deverá comprovar em seu EoI estar
registrada ou incorporada e devidamente autorizada a operar no País. Caso, na data da submissão do EoI, a Companhia ainda não tenha obtido o compro-
vante de inscrição/incorporação exigido, demonstrará que o processo de registro/incorporação em Moçambique já foi iniciado na data de submissão do EoI
e deverá apresentar uma declaração por escrito informando a data em que espera comprovar a EMPRESA de seu registro/incorporação em Moçambique.
3. Cópia dos últimos três anos de demonstrações financeiras auditadas/Relatório Anual que comprove a capacidade financeira para a realização do
escopo do trabalho; esses documentos devem ser fornecidos para o Grupo da Empresa (se aplicável) e também para a entidade da Companhia que
potencialmente entrará no contrato de assunto.
4. Estrutura da empresa e do grupo com a lista dos principais acionistas e beneficiários finais (se não estiver listada na bolsa de valores).
5. Caso a Companhia deseje participar como consórcio ou como joint venture, informações sobre cada membro de um consórcio ou joint venture e o
papel de cada participante no projeto potencial. Tal intenção de formar um consórcio ou um JV, deve ser apoiada por um Acordo ou "Memorando de
Entendimento" devidamente assinado por cada entidade do grupo.

As empresas interessadas neste convite podem enviar sua Manifestação de Interesse enviando toda a documentação solicitada para o seguinte
endereço de e-mail: coralflng.procurement@coralflng.com

IMPORTANTE
O envio de e-mail deve se referir ao assunto de anúncio Público "PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE LIGAÇÃO SEM FIO (WIRELESS LINK) PARA FLNG"
e também ao seguinte código de mercadoria:
SS08AA02: INFRAESTRUTURA DE RADIOCOMUNICAÇÃO E SERVICOS
Sujeito à entrega e conformidade de toda a documentação acima, as empresas podem receber da CORAL FLNG SA. o Pacote de Qualificação.
A Coral FLNG SA avaliará a documentação acima solicitada e, se for satisfeita, incluirá o fornecedor na lista de convite para licitação do "PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS DE LIGAÇÃO SEM FIO (WIRELESS LINK) PARA FLNG ".

O objetivo da informação e documentos é identificar empresas qualificadas que tenham capacidade comprovada e experiência relevante e recente a
serem consideradas para potencial edital de licitação para "PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE LIGAÇÃO SEM FIO (WIRELESS LINK) PARA FLNG ".
Este inquérito não será considerado como um convite para licitação e não representa ou constitui qualquer promessa, oferta, obrigação ou compromisso
de qualquer tipo por parte da Coral FLNG SA para firmar qualquer acordo ou acordo com você ou com qualquer outra Empresa participante neste
inquérito.

Todos os dados e informações fornecidos na MdI não serão considerados como um compromisso por parte da CORAL FLNG SA de firmar qualquer
acordo, nem permitirá à sua EMPRESA reivindicar qualquer indenização da CORAL FLNG SA.

Os dados e informações claramente marcados como "confidenciais" fornecidos de acordo com esta MdI serão tratados como confidenciais pela CORAL
FLNG SA, e não serão divulgados a pessoas ou empresas não autorizadas.
O prazo para envio da Manifestação de Interesse através do e-mail acima indicado está definido para 28/04/2021.

Quaisquer custos incorridos pelas empresas interessadas na elaboração da Manifestação de Interesse serão de responsabilidade exclusiva das empresas,
e serão totalmente suportados por tais empresas e que não terão direito a qualquer reembolso pela CORAL FLNG SA e tais empresas não terão recurso
à CORAL FLNG SA.
 DIVULGAÇÃ0
Savana 16-04-2021 17

CORAL FLNG SA IS A SPECIFIC OBJECT ENTITY ESTABLISHED

TO DEVELOP THE OPERATION OF THE CORAL SUL FLNG FLOATING UNIT.

PUBLIC ANNOUNCEMENT
EXPRESSIONS OF INTEREST FOR PROVISION OF WIRELESS LINK FOR FLNG

Coral FLNG S.A (“COMPANY”), an SPE registered under the laws of the Republic of Mozambique for the development of the Coral South Project, the
first LNG project in Mozambique based on an under construction first worldwide Deepwater Floating Liquefied Natural Gas plant, invites interested
companies, to submit an Expression of Interest for the provision of a Wireless Link (backhaul) between offshore FLNG and onshore site in Afungi area.

Scope Of Work
The scope of work includes the following:
‡3URYLVLRQRI:LUHOHVV/LQNVROXWLRQEHWZHHQRIIVKRUH)/1*SODQWDQGRQVKRUHVLWHLQWKH$IXQJLDUHDLQFOXGLQJ
Wireless link technology to be used;
Wireless infrastructure (towers, masts, antennas, base stations, etc);
Supply, Installation, Training and Maintenance of infrastructure.
‡3URYLVLRQHGVHUYLFHVRQWKHEDFNKDXOZLOOEH'DWD9RLFHDQG9LGHR
‡3URYLVLRQRIEDFNKDXOEDQGZLGWKEHWZHHQ±0ESVRUPRUHV\QFKURQRXVRUDV\QFKURQRXVLIWHFKQRORJ\DOORZV
‡/DQGLQJQHDUD323LQ$IXQJLDUHDLQRUGHUWRFRQQHFWWRWKHQDWLRQDOLQWHUQDWLRQDOQHWZRUN
‡3URYLVLRQRI;6HUYLFHVXSSRUWZLWKVWURQJ.H\3HUIRUPDQFH,QGLFDWRUV.3,

Documentation Required
Companies interested in this invitation may submit their Expression of Interest (EoI) to participate in a tender process for “Provision of Wireless Link
Services for FLNG” by providing the following mandatory information and documentation:

Technical Documents
‡$EULHISURVSHFWXVRQLWVFRPSDQ\WRLQFOXGH\HDUVLQEXVLQHVVPDUNHWVVHUYHGDQGPLVVLRQVWDWHPHQWFRUHYDOXHV
‡&DSDELOLW\WRREWDLQWKHQHFHVVDU\OLFHQVLQJWRLPSRUWLQVWDOORUPDLQWDLQWHOHFRPPXQLFDWLRQVHTXLSPHQW
‡3URYLGHDVXPPDU\RISUHYLRXVDFWLYHDQGSHQGLQJVLPLODUSURMHFWVLQ0R]DPELTXH
‡3URYLGHOLVWRI0R]DPELFDQOLFHQVHVDQGSHUPLWVERWKFXUUHQWDQGSHQGLQJLIDQ\IRUWKHVHUYLFHLQREMHFW
‡&RQILUPDWLRQRIORFDOVNLOOHGWHDPDYDLODEOHLQWKH&RXQWU\
‡2SHUDWLRQDO6WUXFWXUH)LHOG(QJLQHHUV12&6HUYLFH'HVN6WDJLQJ/RJLVWLFVDQG/LFHQVLQJ
‡1HWZRUN,QIUDVWUXFWXUH323V03/6%DFNERQH,QWHUQHW*DWHZD\V36719RLFH*DWHZD\V'DWD&HQWHUVHWF
‡(YLGHQFHRIKDYLQJDQ+6(406LQSODFHEDVLFDOO\DOLJQHGZLWKWKHUHTXLUHPHQWVRI,62

Administrative Documents
$FRS\RIWKHFRPPHUFLDOOHJDOHQWLW\UHJLVWUDWLRQFHUWLILFDWHZLWKOHJDOHQWLW\QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLILFDWLRQDQGFRPPHUFLDOLQIRUPDWLRQ
,QFRPSOLDQFHZLWK0R]DPELFDQ&RPPHUFLDO&RGH'HFUHHGDWHG'HFHPEHU&RPSDQ\VKDOOSURYHLQLWV(R,WREHUHJLVWHUHGRU
incorporated and duly authorized to operate in Country. In the event that at the date of EoI submission Company has not obtained yet the required
SURRIRIUHJLVWUDWLRQLQFRUSRUDWLRQLWVKDOOGHPRQVWUDWHWKDWWKHSURFHVVRIUHJLVWUDWLRQLQFRUSRUDWLRQLQ0R]DPELTXHKDVEHHQDOUHDG\VWDUWHGDWWKH(R,
VXEPLVVLRQGDWHDQGLWVKDOOVXEPLWDZULWWHQGHFODUDWLRQVWDWLQJWKHGDWHLWH[SHFWVWRSURYH&203$1<RILWVUHJLVWUDWLRQLQFRUSRUDWLRQLQ0R]DPELTXH.
3. $FRS\RI&RPSDQ\¶VODVWWKUHH\HDUVRIDXGLWHGILQDQFLDOVWDWHPHQWV$QQXDO5HSRUWSURYLQJILQDQFLDOFDSDFLW\IRUWKHUHDOL]DWLRQRIWKHVFRSHRIZRUNWKHVH
documents must be provided for the Company Group (if applicable) and also for the Company’s entity that will potentially enter into the subject contract.
Company and group structure with the list of major shareholders and ultimate beneficiaries (if not listed in the stock exchange).
In case Company wish to participate as a consortium or as a joint venture, information about each member of consortium or joint venture and role of
HDFKSDUWLFLSDQWLQWKHSRWHQWLDOSURMHFW6XFKLQWHQWLRQWRIRUPHLWKHUDFRQVRUWLXPRUD-9PXVWEHVXSSRUWHGE\DQ$JUHHPHQWRU³0HPRUDQGXPRI
Understanding” duly signed by each entity in the group.

Companies interested in this invitation may submit their Expression of Interest by sending all the requested documentation to the following email address:
coralflng.procurement@coralflng.com

IMPORTANT
7KH(PDLOVXEPLVVLRQPXVWUHIHUWRWKH3XEOLF$QQRXQFHPHQWREMHFW³3529,6,212):,5(/(66/,1.)25)/1*´DQGDOVRWRWKHIROORZLQJFRPPRGLW\FRGH

66$$5$',2&20081,&$7,21,1)5$6758&785($1'6(59,&(6
6XEMHFWWRWKHGHOLYHU\DQGFRPSOLDQFHRIDOOWKHDERYHGRFXPHQWDWLRQ&RPSDQLHVPD\UHFHLYHIURP&RUDO)/1*6$WKH4XDOLILFDWLRQ3DFNDJH
&RUDO)/1*6$ZLOOHYDOXDWHWKHDERYHUHTXHVWHGGRFXPHQWDWLRQDQGLIVDWLVILHGZLOOLQFOXGHWKH9HQGRULQWKHOLVWIRULQYLWDWLRQWRWHQGHUIRU³3529,6,21
2):,5(/(66/,1.)25)/1*´

The purpose of the information and documents is to identify qualified companies that have the proven capability and recent relevant experience to be
FRQVLGHUHGIRUSRWHQWLDOLQYLWDWLRQWRWHQGHUIRU³3529,6,212):,5(/(66/,1.)25)/1*´
This enquiry shall not be considered as an invitation to bid and does not represent or constitute any promise, offer, obligation or commitment of any kind
on the part of Coral FLNG SA to enter into any agreement or arrangement with you or with any other Company participating in this enquiry.

$OOGDWDDQGLQIRUPDWLRQSURYLGHGZLWKLQWKHDSSOLFDWLRQVKDOOQRWEHFRQVLGHUHGDVDFRPPLWPHQWRQWKHSDUWRI&25$/)/1*6$WRHQWHULQWRDQ\
DJUHHPHQWRUDUUDQJHPHQWZLWK\RXQRUVKDOOLWHQWLWOH\RXU&203$1<WRFODLPDQ\LQGHPQLW\IURP&25$/)/1*6$

'DWDDQGLQIRUPDWLRQFOHDUO\PDUNHGDV³FRQILGHQWLDO´SURYLGHGSXUVXDQWWRWKLVHQTXLU\ZLOOEHWUHDWHGDVFRQILGHQWLDOE\&25$/)/1*6$DQGZLOOQRW
be disclosed to non-authorized persons or companies.

The deadline for submission of Expression of Interest through the email above indicated is set for 28/04/2021.

Any costs incurred by the interested companies in preparing the Expression of Interest shall be solely the entire responsibility of the companies, and shall
EHIXOO\ERUQE\VXFKFRPSDQLHVZKLFKZLOOQRWEHHQWLWOHGWRDQ\UHLPEXUVHPHQWE\&25$/)/1*6$DQGVXFKFRPSDQLHVVKDOOKDYHQRUHFRXUVHWR
&25$/)/1*6$
 OPINIÃO
18 Savana 16-04-2021

Cartoon
EDITORIAL ,
Ibraimo Mbaruco:
um ano depois
N
o dia 11 de Abril, choveram mensagens de felicitações de to-
dos os quadrantes, por ocasião do Dia do Jornalista Moçam-
bicano. Mensagens de apelo ao “jornalismo patriótico” não
faltaram, sem a definição clara do que tal deve significar, mas
de qualquer modo suspeito, dadas as circunstâncias problemáticas do
entendimento que se tem sobre o que é ser patriota nesta sociedade.
A comemoração desta data prende-se com a criação da Organização
Nacional de Jornalistas (ONJ) em 1978, depois de um encontro que
o então Presidente da República, Samora Machel, tivera com a classe
jornalística.
Fundamentalmente, na altura, a visão de Samora Machel e da Freli-
mo era de que o jornalismo deveria fazer uma transição, e quebrar os
seus compromissos com a ideologia colonial, aceitando a inevitabili-
dade da revolução e do projecto da reconstrução nacional, dentro do
contexto da ideologia marxista-leninista que se propunha para o país.
Apesar de, já antes da independência, terem surgido alguns sectores
da comunicação social que se opunham activamente ao projecto colo-
nial, a transformação que se pretendia passava também pela inclusão
de novos quadros moçambicanos, incluindo alguns que pertenciam à
máquina de informação e propaganda do movimento de libertação.
No contexto do sistema de partido único de então, sem a distinção
entre o Estado e o partido, a ONJ nascia, efectivamente, como mais
uma das várias “organizações democráticas de massa”, na mesma linha
com a Organização da Mulher Moçambicana (OMM) e a Organi-
zação da Juventude Moçambicana (OJM), que, até hoje, continuam

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

braços do partido Frelimo.
Com a Constituição multipartidária de 1990, a ONJ procurou rede-
finir-se como uma associação sócio-profissional, passando, a partir de

A
1996, a designar-se de Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), como
também o tentaram fazer a Organização Nacional de Professores segunda das minhas três queza, com um medo inexplicável sábio perguntou-lhe então:
(ONP), e a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM). netas, a Zena, é de ideias de que um dia, sem nenhuma razão – O que achaste? Viste as belas ta-
E mesmo reconhecendo que nem todos os jornalistas moçambicanos fixas. Paralelamente a isto, aparente, tudo aquilo pudesse desa- peçarias persas que tenho na sala
são membros do SNJ, tem sido criada a impressão de que todos per- tem tendências marca- parecer. azul? E os tapetes arraiolos na sala
tencem àquela agremiação. damente radicais, e isto torna-se Na encosta mais alta de um dos verde? E as porcelanas japonesas e
Embora haja sectores internos que tenham entendido a irreversibi- ainda mais evidente quando ela de- vários montes que delimitavam o chinesas da dinastia Ming na sala
lidade das mudanças desencadeadas pela Constituição de 1990, há vale, vivia um velho sábio. virada para o Ocidente, e as har-
fende as suas teorias precocemente
forças retrógradas que continuam alojadas na lógica do passado, e que Regularmente passavam por aque- pas, citaras, alaúdes e címbalos na
emancipalistas.
ainda acreditam no papel dirigente do partido no poder sobre tudo les caminhos homens idos de vários minha colecção de instrumentos
Quando ela completou dezoito
o que é organização potencialmente incubadora de pensamento dis- pontos da Terra, uns ricos, outros musicais? Não achaste fabuloso o
anos, atingindo a maioridade, con-
sidente. Aliás, o mesmo controlo que exerce na forma de captura do
videi-a a ouvir-me contar-lhe uma nem tanto, uns montados em cava- meu jardim suspenso com plantas
Estado e suas e instituições.
história que tinha lido algures, e já los, outros em jumentos ou mulas, e flores exóticas da Ásia e da Amé-
Por isso, não terá sido uma simples ironia que não foi registada uma
não me lembro se numa obra de a caminho do castelo do velho sá- rica do Sul?
única mensagem sobre a passagem, dias antes do 11 de Abril, do
literatura juvenil ou de leitura para bio. Iam claramente desesperados O homem rico não abriu a boca. E
primeiro aniversário desde o desaparecimento do jornalista Ibraimo
alunos do Ensino Secundário, algu- ou desanimados, mas voltavam de nem podia abrir: não se tinha dado
Mbaruco, raptado no dia 7 de Abril de 2020, na vila de Palma, onde
res aí num país qualquer. Ela acei- espírito renovado e motivados para tempo nem espaço para apreciar
residia com a sua família e trabalhava para uma rádio comunitária
tou porque, apesar de tudo, é bem a vida. O que se sabia é que o sábio aquilo tudo. Estava obcecado com
local.
educada e gosta de se dar tempo não lhes dava mais do que simples a ideia de não entornar uma gota
As circunstâncias em torno do desaparecimento de Mbaruco podem
conselhos práticos sobre o que fa- do azeite que estava na colher.
sugerir muitas questões que nunca devem ser escalpelizadas para não para ouvir os outros.
zer com a vida. Então, o sábio disse-lhe:
provocar embaraços à supra-estrutura, que muito possivelmente será A história é a seguinte: num vale
o suspeito primário pelo triste acontecimento, e que, por isso, tenha
O homem rico decidiu procurá-lo. – O segredo da vida está nisso. E
verdejante e fértil, sulcado por ria-
demonstrado, desde sempre, desinteresse total em investigar o caso. A sala de visitas do castelo estava nisso está também o segredo da
chos que confluíam para um rio
Afinal, o que justificaria felicitar a organização, mas ao mesmo tempo apinhada de gente à espera da sua felicidade. Tem atenção para que o
maior que atravessava o espaço de
nem sequer uma única linha de consternação face ao sofrimento por vez de ser recebida. Quando che- teu azeite não se entorne, mas não
ponta a ponta, vivia um homem
que passam aqueles cuja protecção se supõe que esta mesma organi- gou a sua, o homem rico expôs as deixes que isso se transforme numa
rico. suas preocupações. O sábio man- obsessão a ponto de perderes o pra-
zação deve zelar? Era rico até demais. Porque tinha
Numa sociedade normal, o rapto ou agressões contra jornalistas nun- dou trazer uma colher de prata e zer de apreciar a beleza das coisas
de tudo o que qualquer homem de- uma jarra de cristal com um líquido que te rodeiam, por mais simples
ca devem ser tratados como actos perfeitamente normais. E não é
sejaria ter para se sentir realizado: espesso de cor verde oliva. Deitou que elas sejam.
porque os jornalistas são mais importantes do que todos os outros
criava cavalos de raça, tinha inúme- umas gotas de azeite na colher e Pousei as minhas duas mãos na ca-
cidadãos. Mas os que seviciam jornalistas não o fazem apenas para
ras cabeças de gado bovino, caprino disse ao homem para segurá-la: beça da Zena e disse-lhe: “Sê feliz
a satisfação do seu instinto sádico. Fazem-no, porque há algo que
e ovino, aves, searas de trigo e mi- – Tem atenção a este azeite. É mui- no equilíbrio, porque no meio está
pretendem esconder. Para que a sociedade, desprovida de informação,
nunca se sinta suficientemente escandalizada perante actos muitas ve- lho, leite e mel, uma tropa inteira to precioso. Dá uma volta pelo meu a virtude”.
zes praticados em seu nome, mas que, na verdade, são tão ignóbeis que de empregados e servas para todos castelo completo. Aprecia a minha
lesam os seus próprios interesses. os efeitos. colecção de obras de arte, mas não P.S. O Dalai Lama disse: “O homem
Ibraimo Mbaruco, esposo, pai, irmão e amigo, talvez nunca mais vol- Mas, paradoxalmente, aquele ho- deixes entornar nem uma gota, en- é um ser espantoso: arruína a saúde
tará ao convívio dos que ele mais amava. Mas, para que seja normal, mem era o ser mais infeliz que se quanto eu atendo outras pessoas. para juntar dinheiro. Depois gasta
uma sociedade nunca deve permitir que os seus membros simples- podia encontrar nas redondezas, Três ou quatro horas depois, o ho- esse dinheiro para recuperar a saúde
mente desapareçam da face da terra. sempre mergulhado em profundas mem rico voltou com a colher ain- perdida. Vive como se não fosse morrer
preocupações para gerir a sua ri- da com o seu conteúdo intacto. O e morre como se nunca tivesse vivido”.

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Savana 16-04-2021
Olhares de Ivone Soares*
Democracia de fachada
D
om Luiz Fernando Lisboa
disse, recentemente, em en-
trevista publicada no jornal
italiano La Repubblica, ter
recebido ameaças de expulsão, de
apreensão dos seus documentos e, no
final, ameaças de morte do Governo
da Frelimo. Mas, afinal de contas, que
país estamos a construir? Matamo-
-nos entre nós, promovemos o ódio
entre nós, acossamos a quem quere-
mos quando nos dá na cabeça. Que
Moçambique é este? Os bandidos
têm a vida facilitada, são intocáveis.
Gente de bem é perseguida até a
náusea. Que país queremos? O Pre-
sidente Nyusi tem dito que há mão
interna na guerra de Cabo Delgado.
Uma guerra que, como disse Dom
Luiz na entrevista que aludi acima,
Maputo negou desde o início. Quando o
conflito e o perigo se tornaram evidentes,
ele proibiu que se falasse sobre o assun-
to. Impediu que os jornalistas fizessem
o seu trabalho. E nós moçambicanos
somos todos cúmplices do estado a
que chegamos. Estamos a assistir o
país em franca derrapagem e nem os
bons têm algo a dizer. Agora com a
pandemia da Covid-19 toda a gente
tem pretexto para esconder os seus
esqueletos no armário no lugar de os
enfrentar. Estamos a perder a vergo-
nha na cara, usamos a Covid-19 para
justificar os nossos medos de debater
o país com frontalidade. Até quando
meus senhores?
Então, fiquem a saber que o Bispo já
contou ao mundo os horrores que lhe
fizeram passar. Já todo mundo sabe
do que se passa aqui na nossa casa.
De Washington Post, a New York
Times aos vários jornais portugueses,
jornais nacionais independentes e de
outras latitudes chegam notícias fres-
cas com os piores motivos sobre esta
bela pátria. No meio disso, intriga-me
a Comunidade dos Países da África
Lula, Sócrates e juízes de Angola
Por Rui Verde*
L
ula da Silva, o ex-presidente
do Brasil, poderia ser culpado
de muitos crimes, mas uma
sombra cinzenta caiu sobre os
seus processos legais, quando o su-
per-juiz, Sérgio Moro, surgiu como
juiz de instrução, dirigente da inves-
tigação e juiz de julgamento. Não
tinha qualquer sentido ser o mesmo
juiz a investigar e, depois, decidir
que Lula era culpado. Tivemos um
juiz que quis ser herói e está a acabar
no caixote de lixo da história, e com
isto deixou a justiça brasileira des-
nudada. O resultado do activismo de
Moro foi a eleição de Bolsonaro e o
descrédito ainda mais acentuado das
instituições. Já em Itália, os super-
-juízes tinham dado mau resultado.
As suas investigações activas acaba-
ram por levar Berlusconi ao poder.
Em Portugal, a história repete-se.
José Sócrates pode ser culpado de
muitos crimes, mas o voluntarismo
de um super-juiz local, aliás o mes-
Email: mivonesoares@gmail.com
Austral (SADC) e a sua diplomacia
silenciosa.
A SADC, na minha lupa, aparece
como promotora da diplomacia si-
lenciosa em assuntos, para si, de di-
fícil digestão mormente quando está
em causa a protecção do poder dos
membros daquele clube, o que tem
sustentado a tese de ser um grupo de
amigos da velha guarda como os ape-
lida um grande amigo meu. 
Ora vejamos, Moçambique está
sob ataques terroristas há três anos.
Quando foi que a SADC fez uma
declaração pública exigindo uma ex-
plicação ao Governo sobre a situação
de Cabo Delgado?
Os dirigentes da SADC não dizem
nada senão compactuar com fraudes
eleitorais que resultam em confli-
tos pós-eleitorais. Um caso gritan-
te – se estão recordados – foi em
relação à crise política, pós-eleitoral
do Zimbabwe. A SADC optou pela
diplomacia silenciosa e a criação do
primeiro governo de unidade, como
forma de proteger o Presidente Ro-
bert Mugabe que se recusava a re-
conhecer a derrota eleitoral e, por
conseguinte, deixar o poder. Morgan
Tsvangirai, que reclamava vitória
eleitoral, teve que aceitar a função de
Primeiro Ministro, em nome da es-
tabilidade, quando reclamava assumir
a presidência nas eleições zimbabuea-
nas. Em Moçambique, como se sabe,
a mesma organização validou o pro-
cesso eleitoral com tal rapidez e redu-
ziu a possibilidade de se repetir um
processo que logo mostrou estar feri-
do de irregularidades, tendo actuado
dessa forma de eleição em eleição.
Diante de regimes repressivos, di-
tatoriais, nota-se incapacidade da
SADC de se impor, o bloco regional
tem o poder de sancionar os estados
em função dos protocolos e tratados
assumidos, mas aqui nesta região não
mo que tem os processos contra Isa-
bel dos Santos em terras lusas, levou
à criação de uma promiscuidade en-
tre investigação e poder judicial, em
que este último não cumpre as suas
funções de sindicância dos actos
do Ministério Público e defesa das
liberdades. O resultado é a decisão
recente que iliba José Sócrates de
quase todos os crimes, passados seis
anos da sua prisão preventiva. Ain-
da que esta decisão seja instrutória,
isto é, inicial, antes do julgamento,
e possa haver recurso, o certo é que
lança a confusão completa no pro-
cesso que devia ser exemplar para a
democracia portuguesa, como o de
Lula o deveria ter sido para a bra-
sileira.
Só um parêntesis para referir que
não deveria ser permitido ao Mi-
nistério Público recorrer das absol-
vições. Este já tem o peso do Estado
por detrás, surgindo sempre numa
posição de facto superior ao arguido
OPINIÃO
me ocorre que algum Estado mem-
bro tenha sido sancionado por vio-
lação dos Direitos Humanos, nem
por empobrecimento dos povos por
exemplo.
Recuando à história das eleições pre-
sidenciais de 2019 no Malawi, após o
processo de votação e de apuramento
provisório das eleições, a SADC de-
clarou que, apesar de algumas irre-
gularidades, as eleições malawianas
haviam sido livres e justas, o que foi
contrariado na decisão do Tribunal
Constitucional.
É inacreditável, pois não? Aquelas
eleições fraudulentas malawianas
já haviam sido reconhecidas pela
SADC. Gostaria de saber como é
que se sentem hoje aqueles que de-
vem engolir a presença do Presidente
eleito quando a organização se reú-
ne. O ponto a reter é que em sede
de novas eleições, aquele que havia
sido declarado derrotado nas elei-
ções contestadas veio a ganhar e o
alegado vencedor, perdeu. Diante
deste cenário eu acho urgente que a
Comunidade de Desenvolvimento
da África Austral mude o seu actual
funcionamento sob pena de se tornar
irremediavelmente irrelevante para
quem quer ver países cada vez mais
democráticos. Se ela se tornasse mais
interventiva nos problemas da região
não só iria recuperar a credibilidade
fortemente beliscada, como se justi-
ficaria a sua continuidade com forte
apoio de todos nós.
Então, voltando à questão do terro-
rismo no norte de Moçambique, que,
segundo Dom Luiz, o que está acon-
tecendo em Cabo Delgado e que vá-
rios anos atrás alertaram o governo local
e central (…) e o governo não prestou a
devida atenção cabe em três palavras:
recursos, multinacionais e guerras. As
três irmãs que andam sempre andam.
Diante do terrorismo, pergunto eu,
quais são as condições de segurança
que a região tem hoje para se blin-
nos processos judiciais. Uma opor-
tunidade para fazer valer o seu pon-
to de vista deveria ser suficiente. O
facto de o Ministério Público poder
sempre recorrer é também um factor
de atraso nos processos.
Estes processos de Lula e Sócrates
não são exemplares do ponto de
vista legal.   Envolvem juízes a ex-
travasarem a sua função, que é julgar
factos de forma imparcial, e, com
isso, a darem uma falsa segurança ao
Ministério Público, que não é juri-
dicamente rigoroso nas suas análi-
ses. Esta interacção entre acusação e
judicatura parece ser simpática para
a justiça, mas acaba por ser pernicio-
sa no final, porque deixa passar de-
masiados erros na acusação. Um juiz
não é um acusador, não é um polícia,
não é um investigador. É uma pes-
soa íntegra que aprecia factos e pro-
vas, e não procura condenações nem
absolvições.  nados factos que lhe são apresenta-
Os processos legais contra Lula e
dar das incursões dos insurgentes?
Somente dois países têm, a meu ver,
alta capacidade de resposta militar na
SADC. Refiro-me a África do Sul, a
Angola e no tocante à protecção de
investimentos Marrocos adopta uma
estratégia de segurança combinada
entre as forças estatais e as contrata-
das. Os restantes países estão com os
desafios que Moçambique tem.
Receio que se Moçambique verificar
incapacidade para travar a onda de
terrorismo por parte da SADC pode-
rá entregar a defesa das áreas do gás
às próprias empresas exploradoras de
hidrocarbonetos, de forma a serem
elas a identificar quem irá proteger o
seu investimento ou então continuará
a renovação de contratos na área de
consultoria securitária com empresas
como a DAG. Usando forças para
protegerem esses empreendimentos,
os interesses dessas empresas (empre-
sas da oligarquia política) estarão as-
segurados e a dar lucros, mas o povo
não terá um retorno considerável do
negócio como até aqui, basta olhar
para os exemplos do Delta do Níger,
Argélia,  Tchad. Enquanto que hoje
se retira à força a população em redor
do empreendimento, outros países
optaram por usar essa população para
guarnecer o investimento em troca de
desenvolvimento local. E essa estra-
tégia tem funcionado.
Precisou haver ataques da dimensão
dos últimos havidos em Palma, com
uma cobertura mediática internacio-
nal, para, agora, a SADC reunir-se,
o Conselho de Defesa e Segurança
reunir-se por receio da expansão do
terrorismo ou pela má publicidade
que está a passar dado terem sido as-
sassinados estrangeiros?
Criou-me estranheza que a cimeira
da dupla troika da SADC não adop-
tasse medidas concretas e questiono-
-me se a motivação é aguardar a reu-
nião prevista para 29 deste mês, ou se
Sócrates, no Brasil e em Portugal,
devem servir de alerta para Ango-
la. Também em Angola tem havido
uma tendência para o poder judicial
ser deferente com o Ministério Pú-
blico e acompanhar as acusações,
não prestando atenção aos direitos
e liberdades fundamentais dos ar-
guidos. Ainda não há, felizmente, a
figura do super-juiz, mas os julga-
mentos que têm acontecido nos ca-
sos de corrupção não têm primado
pela linearidade legal.
É fundamental existir um combate
à corrupção sério, credível e consis-
tente, mas para que tal aconteça é
necessário que os juízes em Angola
não caiam nos erros dos seus con-
géneres de outros países. A função
de um juiz não é combater a corrup-
ção ou combater a criminalidade. A
função de um juiz é julgar de acordo
com o direito, bom senso e determi-
dos. Se os juízes começam a “cortar a
19
estarão ainda a cozer consensos. Pelo
histórico da diplomacia silenciosa, a
mim não surpreende de todo que a
SADC não tenha lançado apelo para
uma intervenção da União Africana,
nem dos países ocidentais com ex-
periência de combate ao fenómeno
por exemplo. Mas todos sabemos que
não se combate terrorismo de forma
isolada. Nenhum país terá sucesso
nessa empreitada se fizer o combate
ao terrorismo sozinho. Estou em crer
que as forças políticas moçambica-
nas tenham isso bem presente. Não
percebo por que razão o Conselho de
Estado não se debruça sobre Cabo
Delgado, a Assembleia da República
não exige, com carácter de urgência,
esclarecimentos ao Governo. E tam-
bém não consigo perceber a estraté-
gia que o Governo tem em mente
ao não avançar com a formalização
de que Moçambique está em guerra,
as suas fronteiras sendo violadas por
insurgentes com acções militares que
colocam em risco a integridade terri-
torial, a soberania das Forças de De-
fesa e Segurança de Moçambique no
uso da força em incursões militares, a
vida de civis e de militares operando
no teatro operacional norte. Parece
que qualquer pessoa que sabe manu-
sear engenhos bélicos com facilidade
faz e desfaz dentro das nossas terras e
isso não move as instituições que de-
vem agir tempestivamente. O que se
passa senhores?
Quanto sacrifício o povo africano
consente e, infelizmente, não tem
tido dirigentes comprometidos com
o seu bem-estar! Até quando assim
será?
Estou convencida, até prova em con-
trário, de que esses clubes de amigos
dos blocos regionais são os maiores
cúmplices do retrocesso democrático
e civilizacional desta África que tanto
dizem amar.
*Comunicóloga, Escritora, Política.
arestas”, para agradar à moda domi-
nante ou ao poder relevante, o que
vai acontecer é que quando a moda
muda ou o poder se modifica a de-
cisão judicial fica sem fundamento e
acaba por ser revogada. Neste caso,
os juízes caem em descrédito.
Por isso, em Angola preocupa algu-
ma ligeireza com que os processos
têm sido instruídos e prosseguidos.
Os juízes não se devem ver como
parte da máquina contra a corrup-
ção, mas como julgadores impar-
ciais. Será do julgamento indepen-
dente dos factos que surgirão as
melhores decisões, e essas, sim, per-
durarão no tempo. Há que perceber
que a melhor forma de combater a
corrupção é ter juízes imparciais e
independentes, que sejam exigentes
com o rigor dos raciocínios legais e
a defesa das liberdades. O combate
à corrupção em Angola exige con-
denações ou absolvições sólidas e
inatacáveis.
*makaangola.org

20
7RGDVDVÁRUHVSDUD+RUWrQFLR/DQJD
(Manjacaze, 23 de Março de 1951 - Maputo, 12
de Abril de 2021)
«Só perguntamos do mais fundo do espanto
o motivo da escolha do Anjo da Morte»
Fernando Leite Couto, UMA INSISTENTE
PRESENÇA EM REDOR
O estrondo da notícia ainda cerca-me as emo-
ções. Não posso fazer de outra forma. Vou ten-
tar rabiscar alguma coisa para tatuar este silên-
cio que me custa mastigar. Custa-me compor
em palavras o vazio, o sentimento, este rosto
que se transformou nesta nascente descontro-
lada de lágrimas.
Um dia deparei-me com MAGODA naque-
la livraria derramada sobre o passeio entre os
sovacos dos vizinhos Mao Tse Tung e Kim
IL Sung. Os meus olhos foram assaltados por
uma curiosidade que foi crescendo à medida
que folheava as páginas daquele exemplar do
livro de estreia de Hortêncio Langa no quin-
tal das letras moçambicanas. Depois de virar
as páginas, percebi que, afinal de contas, por
detrás da tinta azul, alguém que surripiara o
livro havia borrado o afecto entre dois homens
da cultura moçambicana, Albino Magaia e
Hortêncio Langa, «não sei como é que o livro
desapareceu» - disse-me mais tarde Lea Boa-
ventura, a viúva de Magaia quando recebeu a
informação do meu resgate. «Um autógrado
mais caro que o próprio livro» - rematou Xixel
Langa, a filha do autor. Não consegui resistir e
partilhei o acto heróico por email com alguns
amigos íntimos. Consegui ler um autógrafo
que foi negado à vida, borrado repetidamente,
mas o que é que a luz solar não vence, compa-
nheiros? Solar era o sentimento, o afecto par-
tilhado destes dois gigantes:
«Ao Albino Magaia
 
Invisível fio do destino
introduziu-me a ti, em busca de
uma apreciação, um conselho maduro
sobre as minhas traquinices literárias.
Durante o teu mandato como S.G da
AEMO,
os doutos da escrita deram o voto de valia à
SACO AZUL
Ultimatos em ping-pong
P
artindo do princípio de que um
ultimato é colocado como opção,
quando a “negociação diplomá-
tica” dá mostras de não resultar,
abrindo, dessa forma, espaço para “ac-
ções práticas”, podemos afirmar que em
Moçambique não se dá a devida vénia ao
conceito em causa. O foco é a rendição
imediata do oponente, o que, não acon-
tecendo, sujeita-se ao enfrentamento de
uma guerra, ou de acções duras e pesadas.
Quem dá ultimato a quem? Quantos ul-
timatos podem ser dados para que a ima-
gem de quem o faz não caia no ridículo
ou no descrédito?
Em Outubro do ano transacto deu-se
oportunidade à “Junta Militar” para “vol-
tar ao diálogo”, ou seja, para um reencon-
tro com vista a uma solução do problema
de instabilidade militar no “Centro”, ten-
OPINIÃO
minha prosa.
Hoje, agora que rabisco estas linhas,
reparo que, não sei por que espíritos, prefa-
ciaste o meu livro!
Como te agradecer esta vontade dos «ou-
tros»?
 
Teu amigo,
Hortêncio Langa
3/7/95»
 
«Maputuuh, u xonguile demais. Teu beijo de
flor/ dá todo o calor/ à quem chegou para ficar
(...)»
A voz inimitável do ex-rapaz de Manjacaze
que cresceu em Chibuto e veio a Lourenço
Marques na flor da juventude até fazer-se um
homem verdadeiramente admirável. A família
Langa foi viver naquela região onde as árvores
«têm folhas como se fossem notas de dinhei-
ro», assim reza a canção de Eusébio Johane
Tamele - ZEBURANE. Em Chibuto tam-
bém cresceu outro senhor da música - Wazim-
bo. Ao segurar O FIO DA MEMÓRIA de
João de Sousa, outra personalidade da cultura
que partiu irremediavelmente para a eternida-
de: «OS REBELDES DO RÍTMO foi o 1.º
grupo musical em que faziam parte Hortêncio
Langa, na gaita e voz, Wazimbo a cantar e Mi-
guel Matsinhe a tocar congas». Em conversa
com Fernando Manuel, o cronista de MISSA
PAGÃ, revelou-me que Hortêncio Langa dis-
se que ele e amigos, ainda imberbes, cantavam
num «inglês macarrónico», transformando «I
got dreams to remember!» para « I ga drimiss
tu remeba»...
«Eu sou um documento, sobrinho» - afirmou
em conversa, por várias vezes na GUIDA,
João Cabaço, uma das torres do trio Alambi-
que, esse outro documento que a morte levou.
As conversas animadas com aquela biblioteca
prolongavam-se por inércia, ali na rua Malan-
gatana na cidade da Matola. Este recorte foi,
depois do sarau de lançamento do livro HÁ
NEGROS NA BÍBLIA?, da autoria de Arão
Litsure, um outro documento que permanece
entre nós, um B.I do trio de gigantes.
O Poeta Luís Carlos Patraquim escreveu-me
na esteira deste vazio que se abriu entre nós:
Por Luís Guevane
do por princípio a abertura do Governo e o
conhecimento das “vias necessárias” por parte
da mesma. Dois meses depois (Dezembro),
acompanhamos o anúncio de trégua por par-
te da “Junta Militar”. Pouco se sabe se este
anúncio terá decorrido de um “agradecimen-
to” da cómoda semana a si concedida ou se
significou compreensão pela quadra festiva.
O apelo para a rendição de Mariano Nyon-
go, líder da Junta Militar, feito por F. Nyusi,
Chefe de Estado, logo em Janeiro (2021),
deixou transparecer que a oportunidade dada
à “Junta” não terá sido muito bem aproveitada
pelas partes. Os da “Junta” deviam entregar-
-se, com a possibilidade de adesão ao processo
de DDR (Desarmamento, Desmobilização
e Reintegração), antes que fosse tarde. Este
último aspecto clarificava o ultimato, dado o
risco de “acções práticas” a que a “Junta” se
sujeitava. A “carta”, com os aspectos exigidos
«Companheiro Celso, que mais dizer? Muito
triste pela maldita notícia.  tomei a dianteira para saber se ele sabia da no-
E a memória, SEMPRE!, do Hortêncio, as-
sim raptado ao canto, ao texto, à vida. NOS-
SO AMIGO. Excelente tudo: músico, cida-
dão, HOMEM DIGNO.
Um grande e sentido Abraço a todos. À Fa-
mília, se o puderes fazer, da minha parte. Por-
que estou sempre em Maputo.
O Hortêncio escreveu um belíssimo “fado”
para a Revolta da Casa dos Ídolos, com letri-
nha minha.
Abraços,  Ka u djikele kwini mwanhana(...)» «U mwa-
Luís Carlos»
Fomos assaltados e sacaneamente roubados
pela morte. Ninguém merece. A festa dos 70
anos ainda nem sequer tinha chegado à meta-
de do convívio...
Hortêncio Langa, nascido em Manjacaze, era
oriundo de uma família de músicos. Ele era
um artista multifacetado, músico, compositor,
escritor, pintor, professor universitário, de um
activismo social admirável, sempre disponível
para marcar com o seu brilho, a voz única, a
inimitável maestria na guitarra, etc e tudo. Um
documento, como carimbou, João Cabaço!
«Khanimambo, Kanimambooo. Hortêncio
Langa, khanimambooo». E agora, meu velho
Langa «como te agradecer esta  vontade dos
«outros»???
Khanimambo! Foi assim que muitos músicos
moçambicanos agradeceram o apoio dos ir-
mãos de Portugal há 30 anos. Hortêncio fez
parte desse grupo. Vénia prolongada para ti,
meu velho!
E a música invade o meu silêncio «A lizandzu
dzi fana ni nhunguêêê/ vongo dwala missave-
ni. Dzi mila, dzi thluvuza dzi huma tinhun-
gue ni mi handzôôô», fazendo tradução de
corta-mato: «O amor é como uma semente.
Planta-se. Cresce, dá flores que dão frutos e,
por sua vez, dão outras sementes». Um ciclo
permanente da vida que agora chegou a esta
parte irremediável, de uma forma inesperada.
Tristes são as nossas almas desacostumadas a
esta ausência definitiva.
O telefonema mudou de sentido. Se antes
e/ou defendidos pelo líder da “Junta”, ganhou
protagonismo na praça. Suscitou interesse.
Mas, supostamente, tudo não passou de força
de soda. A “carta” usada como moeda de tro-
ca inflacionou, depois, o protagonismo que se
julgava ter. Não se impôs. No mês seguinte,
assistimos a uma reedição do ultimato, por
parte do Ministro da Defesa. Alegava-se, na
altura, a fuga do líder da “Junta”.
Num típico jogo de ping-pong, ficamos a sa-
ber, através da imprensa privada, que o líder
da “Junta” é paciente e voltou a apresentar ul-
timatos. Como reagirá F. Nyusi e sua equipa a
este posicionamento de M. Nyongo? Volta-se
aqui à questão da “carta” de 02 de Outubro de
2019, colocada novamente na mesa. O que é
que a “carta” encerra que deve ser negociado
ou que funciona como segredo? A expressão
de ultimato que M. Nyongo coloca na mesa
tem a ver com a possibilidade de ingovernabi-
Savana 16-04-2021
recebi uma chamada do mestre Luis Loforte,
tícia. E de facto sabia, até mais do que eu jul-
gava saber. Falou-me de um Comité de Cura-
dores do Museu da Música Moçambicana,
isto foi há 15 dias. Depois o patriarca Langa
foi internado numa unidade hospitalar. O céu,
esse grande egoísta, continua com a mania de
alimentar-se de estrelas. E neste 2021 nunca
o vi tão egoísta como sempre tentou não de-
monstrar. Não foi esse o combinado, amigo!
«A ku sukela ka tolo u waku lova xikoluene.
tinbanguêêêhhhh. U sukela madjodjoooohh»,
outra canção que não me larga esta noite.
Hortêncio sempre atento aos desvios sociais,
narra com a mestria com que nos habituou um
caso comum, sobretudo na juventude. Langa
questiona o rumo que leva a vida de muitos
jovens, de ontem, de hoje e de amanhã. Faz
uma radiografia sobre os desvios sociais asso-
ciados aos malefícios de álcool, as drogas que
dão uma rasteira cruel à miudagem.
Até agora não sei virar o disco. Se mantenho
KUDAKABANDA, RABADABBZA-
MTHÁKA a tocar. Ou se toco canções in-
terpretadas só pelas três torres do ALAM-
BIQUE, com João nas congas e Arão e
Hortêncio a cantar. Foi assim numa noite,
naquele concerto que foi aberto pelo meu
amigo, Alfa Thulana e seus pares. João Cabaço
acabava de perder a mãe Hagar Mpfumo, mas
o amparo dos amigos, aqueceu-lhe a alma, ao
ponto de cantar, já a fechar, um dos seus hinos
«MAMANA». Outras músicas ficaram por
tocar nessa noite carregada de silêncio e esta
angústia vadia, como disse o poeta. Vou tocar
AMANHECER ou simplesmente HODI, a
canção do King Fany Mpfumo, num tributo
feito por vários músicos e, neste número em
particular, com Hortêncio Langa e Nando, a
magicarem as vozes de veludo.
Quando vai sarar esta ferida que canta, des-
graçadamente, companheiros?
Saravahhh, Mestre
Muito obrigado, Hortêncio Langa!
Celso Muianga
Matola, 12 de Abril de 2021
lidade em seis províncias caso haja recusa
do Governo em negociar com a “Junta”.
Dá a entender que a paz que tanto alme-
jamos ficará cada vez mais distante. Mi-
ragem já é. Parece-nos não ter incluído
Cabo Delgado (nas seis), uma vez que
esta província já se encontra em situação
de instabilidade militar e de precarieda-
de social. Desenvolvemos, deste modo, a
arte de espantar a paz e de conviver com a
pandemia da guerra. Será que queremos o
rio Save a funcionar como fronteira física
da paz e da guerra? A resposta é obvia-
mente negativa. No entanto, uma era de
“descobertas”, à moda moçambicana, só
poderá iniciar com um consistente desta-
par das verdadeiras causas dos prolonga-
dos conflitos político-militares em Mo-
çambique. Essa “descoberta”, um dia, será
o ponto zero do nosso desenvolvimento.

Savana 16-04-2021
Apesar de serem modalidades “esquecidas”, boxe, vela e futebol de praia destapam o
véu e exibem musculatura
Uma excepção à mediocridade!
Por Paulo Mubalo
O
s resultados de algumas
modalidades desportivas
tidas como não prioritárias,
entre elas, o boxe, canoa-
gem e futebol de praia, continuam
a contrariar a mediocridade galo-
pante, quiçá de bradar os céus que,
teimosamente, se vive no nosso des-
porto.
Com efeito, muitas modalidades
colectivas, nas quais o Governo tem
apostado em grande, casos de fute-
bol de onze e basquetebol, têm se
revelado verdadeiros nados mortos,
para a desilusão de todos os despor-
tistas.
Assim, a qualificação inédita,
sábado último, da selecção de
futebol de praia do nosso país, ao
Campeonato Africano- Senegal
2021, depois de golear as Comores,
por 10-3, em jogo da segunda mão
da primeira e única eliminatória,
assim como da conquista de duas
medalhas de ouro, pela selecção de
boxe, que recentemente participou
na República Democrática do
Congo, num torneio da Zona
III, é simplesmente um exemplo
elucidativo de que o Governo
devia repensar seriamente nestas
e noutras modalidades tidas como
não prioritárias. Para não falar da
modalidade de vela que apurou as
velejadoras Deyse Nhaquile, Denise
Parruque e Maria Machava aos
Jogos Olímpicos.
O que sugere, antes de mais, a
necessidade de uma reavaliação
da prestação de cada modalidade
nas competições internacionais,
priorizando, em termos de apoios, às
que trazem resultados.
Relativamente à qualificação da
nossa selecção de futebol de praia,
há que dizer que o resultado tão
desnivelado evidenciou, claramente,
a diferença em aspectos técnicos e
tácticos entre os dois conjuntos.
Aliás, na primeira mão Moçambique
derrotou o mesmo adversário por
7-5, o que fazia antever um jogo da
segunda mão mais equilibrado, mas
tal não aconteceu, pois os pupilos de
UEFA capacita secretários-gerais de futebol de África
D
epois de testemunhar, no
fim-de-semana passado,
um retiro entre UEFA
e a direcção executiva
da FMF, a cidade de Maputo é,
desde segunda-feira até hoje, o
centro das atenções da “bola”, por
conta de um workshop que juntou
secretários-gerais de futebol de
África para serem capacitados
em conhecimentos e troca de
experiências, em matéria de gestão,
oferecidos pela UEFA, em parceria
com a CAF.
A capacitação, que começou na
segunda, termina esta sexta-feira
e teve na mesa de aprendizagem
quatro pontos fulcrais,
nomeadamente, desenvolvimento
de futebol nas camadas jovens;
Abineiro Ussaca souberam aprovei-
tar as fragilidades da equipa anfitriã.
Assim, Moçambique garantiu a pas-
sagem para o CAN, prova que irá
decorrer entre 13 a 31 de Maio pró-
ximo no Senegal, com um agregado
de 17-8, um feito conseguido depois
de várias tentativas falhadas.
Boxe faz das tripas coração
Mesmo depois de um ano sem par-
ticipar em nenhuma competição
oficial, devido à pandemia da Co-
vid-19, a selecção nacional de boxe
conquistou, recentemente, na Repú-
blica Democrática do Congo, duas
medalhas de ouro, num torneio da
zona 3, que contou com a participa-
ção de 11 países.
O feito foi protagonizado pelas atle-
tas, Rady Gramane e Alcinda Pan-
guana, duas das melhores pugilistas
do país, as quais, juntamente com
a equipa técnica, foram recebidas, à
sua chegada no aeroporto de Mava-
lane, em apoteose, no seu regresso ao
país.
Protocolo sanitário à parte, deze-
nas de aficionados pela modalidade
não quiseram perder a oportunidade
de ver in loco as meninas de ouro e
ouvir delas como é que conseguiram
superar os obstáculos, tendo em con-
ta o facto de não estarem a competir
há sensivelmente um ano.
As atletas não conseguiram escon-
capacitação de construção; apoio
à federação membro da UEFA e
infra-estruturas.
Os trabalhos foram liderados por
Eva Pasquir, chefe de Relações
Internacionais da UEFA, assistida
pelos seus colegas, Kenny
MacLead, consultor do Marketing
da UEFA, Stwart Regan, consultor
da UEFA e chefe executivo da
Federação de Futebol da Escócia,
Jorl Pinson, especialista do
programa de academia da UEFA e
Pedro Correia, consultor da UEFA,
que transmitiram uma bagagem de
conhecimentos, em áreas de gestão,
aos executivos das federações/
associações nacionais de futebol.
Ao todo, sentaram-se à mesa 22
representantes de países e duas re-
giões (Cosafa e CECAFA),
DESPORTO
O boxe é uma das referências no país
der a sua satisfação e, mais do que
festejarem a conquista, prometeram
lutar com toda a entrega, abnegação
e sentido de responsabilidade, por
forma a continuarem o seu ciclo vi-
torioso até aos Jogos Olímpicos.
Na ocasião, o presidente da Federa-
ção Moçambicana de Boxe, Gabriel
Júnior, fez um breve historial do de-
sempenho de Moçambique nos últi-
mos anos, tendo destacado o facto de
“sermos campeões de África Austral
e vice campeões da África”, facto
que, segundo conta, o país agradece
bastante.
Enquanto isto, Alcinda Panguane e
Rady Gramane, afirmaram que esta
é apenas uma etapa ganha, um de-
safio conquistado, pois o sonho con-
tinua a ser a participação nos Jogos
olímpicos, a maior festa desportiva
plenária.
Sabe-se que, para além delas, está
confirmada a participação das ve-
lejadoras , Denise Parruque, Maria
Machava e Deyse Nhaquile.
Mas o boxe moçambicano está em
alta, depois de algum período de
guerrinhas. Com efeito, mesmo a
candidatura de Gabriel Júnior para
presidência daquele organismo não
era bem vista por certos segmen-
tos, pois consideravam este como
um “paraquedista”, mas, muito ra-
pidamente o tempo tratou de lhes
desmentir. A prova disso é que é
uma das poucas modalidades que vai
tomar parte nos tão esperados Jogos
Olímpicos por mérito.
O acto de abertura foi dirigido pelo
presidente da Federação Moçam-
bicana de Futebol (FMF), Feizal
Sidat, que na sua intervenção des-
tacou a oportunidade e necessidade
de potenciar os participantes do
encontro com conhecimentos que
correspondam às exigências do de-
senvolvimento de gestão de futebol.
Entre vários temas abordados, há a
destacar a Governança e Estratégia
do futebol, conteúdos que foram
repartidos em subtemas, nomeada-
mente, governança e estrutura do
mundo de futebol, apresentado por
Eva Pasquier, em seguida Kenny
MAcLeod apresentou dois temas,
nomeadamente, Introdução da Es-
tratégia; Estratégia de uma Federa-
ção/associação de Futebol e Papel
de um Secretário-geral e para ter-
21
Eu
Homens devem ler
A
glândula da próstata e seu efeito sobre os homens.  
 Meus senhores!
Seguem-se os extratos da palestra sobre a conscientização da
saúde da próstata.
A próstata é estritamente para homens?  Sim, SOMENTE os homens
têm próstata e SOMENTE os homens com mais de 40 anos, mas o es-
clarecimento sobre a saúde é para todos.  Não há mulher que não conheça
um homem de 40 anos ou mais, pai, tio, irmão, filho, amigo, vizinho ou
colega.
A promoção da saúde responsável deve fornecer três coisas:
 1. Informação
 2. Tranquilidade
 3. Um plano de acção.
 Vamos começar com um histórico sobre a saúde da próstata.
 Todo mundo tem um par de rins.  A função do rim é remover os resíduos
do seu corpo.
Todos os dias, o sangue passa pelo rim várias vezes para ser filtrado.  Con-
forme o sangue é filtrado, a urina é formada e armazenada em um tanque
de armazenamento temporário chamado bexiga urinária.
 Se não houvesse bexiga urinária, enquanto um homem anda na estrada,
a urina estaria caindo.
 Agora pense no trabalho de encanamento em sua casa.  Pense na bexi-
ga urinária como um tanque de armazenamento suspenso.  Do tanque
de armazenamento, um bom encanador vai canalizar para outras partes
da casa, incluindo a cozinha.  A nossa genética, em sua sabedoria, criou
tubos de nossa bexiga urinária até a ponta do pênis.  O cachimbo… é
chamado de uretra.  Logo abaixo da bexiga e ao redor da uretra existe um
pequeno órgão chamado próstata.
 A próstata tem o tamanho de uma noz e pesa cerca de 20 gramas.  Sua
função é fazer o fluido seminal, que é armazenado na vesícula.
 Após os 40 anos, por motivos que podem ser hormonais, a próstata co-
meça a aumentar.  De 20 gramas pode crescer até quase 100 gramas.  À
medida que aumenta de tamanho, comprime a uretra e o homem começa
a notar mudanças na maneira como urina.
 Poucos homens ficarão preocupados se o jato de urina não atingir o tecto. 
Os banheiros são no chão e não no tecto.  Mas outros sintomas começam
a aparecer.
 O homem começa a notar que depois de urinar e rêembalar, a urina ainda
cai em suas calças.  Esta é a razão pela qual, depois que um homem mais
velho urina, ele tem que tocar a campainha.  Um homem mais jovem
simplesmente entrega até a última gota e vai embora.  Basta ver um ho-
mem mais velho saindo do banheiro.
 Com o avançar da idade, espera mais tempo para que o fluxo de urina
comece.  Existem duas válvulas que devem ser abertas para você urinar
- os esfíncteres interno e externo.  Ambos abertos, mas por causa de obs-
truções na uretra, você espera mais tempo para o início do fluxo.
 Imediatamente após urinar, você tem a sensação de que ainda resta algo. 
 À medida que todas essas coisas acontecem, a bexiga começa a trabalhar
mais para compensar a obstrução na uretra.  A frequência da micção au-
menta.  A urgência se instala. Às vezes, você praticamente tem que correr
para o banheiro.  A noctúria também se torna comum.  Você acorda mais
de duas vezes à noite para urinar.  Sua esposa começa a reclamar.
 Os homens, sendo homens, não podem falar com ninguém, mesmo neste
ponto.  Então começam as complicações mais sérias.
 A urina armazenada infecciona e pode ocorrer uma sensação de quei-
mação ao urinar.
  A urina armazenada forma cristais.  Os cristais se unem para formar
pedra na bexiga ou nos rins.  Os cálculos podem bloquear a uretra. 
 A retenção urinária crónica se instala. A bexiga armazena cada vez mais
urina.  O tamanho da bexiga é de 40 a 60 cl.  Uma garrafa de coca custa
50cl.  Como a bexiga armazena mais urina, ela pode aumentar até 300
cl.  Uma bexiga cheia demais pode vazar e isso leva a humedecimento /
incontinência urinária.  Além disso, o volume pode exercer pressão sobre
os rins e causar danos aos rins.
 O que provavelmente pode levar o homem ao hospital é a retenção uri-
nária aguda.  Ele acorda um dia e não consegue urinar.
 Tudo o que descrevi acima está associado ao aumento da próstata, tecni-
camente chamado de hiperplasia benigna da próstata.
 Existem outras doenças da próstata como:
 1. Prostatite - inflamação da próstata
 2. Câncer de próstata.
 Esta discussão é sobre o aumento da próstata.
 Tenho más notícias e boas notícias.
  A má notícia é que todo homem terá aumento da próstata se viver o
suficiente.
 A boa notícia é que há mudanças no estilo de vida que podem ajudar o
homem depois dos 40 a manter a saúde da próstata ideal.
  Atenção à sua dieta alimentar.  33% de todos os cânceres, de acordo
com o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, estão relacionados ao que
comemos.
Com a vossa permissão terminarei na próxima semana!
longoalcancebeleza1045@hotmail.com
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22 Savana 16-04-2021
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26
1951-2021
“Vais amar-me, meu amigo” Hortêncio
Por Xisto Fernando
A
rtista plástico, músico,
escritor, professor
secundário e docente
universitário, Hortêncio
Langa teve uma trajectória
de vida seminal, até morrer –
fisicamente, na segunda-feira, dia
12. Mas, a partir de certa altura,
a sua personagem multifacetada
encontrou uma sinonímia: “A
Lirhandzu”, ou amor, numa
tradução livre.
Com uma carreira repleta de
grandes êxitos, quer a solo, quer
como integrante da icónica banda
Alambique, foi a música “Alirhan-
dzu” que o catapultou para o zéni-
te. Não pode perecer alguém que
deixou uma trilha sonora que ce-
lebra o amor por via de uma lírica
tão infinita. Aquela foi a balada
de muitos casais e namorados.
Mas também podia ter um con-
teúdo político encapuçado, num
país constantemente rasgado pelo
ódio próprio e outros impostos.
No amor cantado por Hortên-
cio, em “Alirhandzu”, a rejeição
encontra uma forte crença, que,-
depois, dá lugar ao enlace feliz,
porque “o amor é como a semente
plantada, que desabrocha, cres-
ce e floresce”. “Vais amar-me,
meu amigo”. E Moçambique diz,
vergado perante enorme talen-
to, também te vai amar, querido
Hortêncio.
A força irresistível da “Alirhan-
dzu” foi tal que mereceu “covers”,
até de outros embondeiros da mú-
sica moçambicana, como Stewart
Sukhuma, que a retrabalhou em
dueto com Hortêncio Langa,
dando mais viço a uma obra de
arte cantada.
Hortêncio Ernesto Langa, nome
de BI, deixou tantos outros títu-
Poema
Ibrahimo
a mesma carne que apodrece
e o sudário de plástico
negro
ninguém ressuscita ao sexto dia Gilbril
DVPmHVDQXQFLDGDVDFROKHUDPRV¿OKRV
nas entranhas
a imobilidade do Livro
o cabrito morto inchado odre
e aquilo
só pode ser ele
um pé a descoberto
velado pelas palmeiras
Luís Carlos Patraquim
los, sempre cantando o amor e as
agruras sociais do seu país.
O gosto pela música começa na
infância, mais precisamente em
1963, na província de Gaza, dis-
trito de Manjacaze, influenciado
pelos Beatles, Rolling Stones, El-
vis Presley e Luís Gonzaga. Nes-
se período, Hortêncio começa a
tocar gaita, a cantar e a dedilhar
uma guitarra feito de lata.
Com o seu amigo de infância, o
também conceituado músico José
Mucavel, dá os primeiros passos
na guitarra e aos 12 anos de idade,
em Chibuto, cria o seu primei-
ro trio com Wazimbo e Miguel
Matsinhe, denominado “Os Re-
beldes do Ritmo”.
DIVULGAÇÃO
CULTURA
Depois de integrar duas bandas,
enquanto cumpria o serviço mili-
tar em Nampula, junta-se a Arão
Litsuri e conhece o seu baptismo
internacional, em 1979, quando se
desloca à Cuba, Jamaica e Guiana,
pouco depois da visita de Samora
Machel àqueles países.
Com a integração de João Caba-
ço, o duo passou a trio. Participa
no Festival de Neubrandenburg,
então República Democrática
Alemã. Da participação resultou
um álbum de grande valor histó-
rico e cultural para o nosso país.
Na década de 1980, Hortêncio
Langa fundou o inesquecível gru-
po local Alambique. A sua base
inicial integrava Arão Litsuri,
Matrículas para 2021
A Escola Comunitária Luís Cabral- ECLC, informa aos alunos, pais, encarregados de
educação e ao público em geral, que ainda tem vagas para matricular novos ingressos da
8ª, 9ª, 10ª, 11ª e 12ª classes por um valor acessível
Podendo obter mais informações na secretaria daquela escola, sita na sede do Bairro Luís
Cabral, entrando a partir da Junta ou Maquinag ou contactar através dos telemóveis: 847700298
ou 826864465 ou ainda 871232355.
Hortêncio Langa
Celso Paco, Childo Tomás e Adé-
rito Gomate.
Por muitos anos, Hortêncio Lan-
ga foi secretário-geral da Associa-
ção dos Músicos Moçambicanos
(AMM). Formou-se em músi-
ca na Escola de Comunicação e
Artes da Universidade Eduardo
Mondlane (ECA), instituição
onde posteriormente se tornou
docente de História da Música.
Foi também professor de traba-
lhos manuais e de desenho em
algumas escolas secundárias de
Maputo.
Foi um dos fundadores do pro-
jecto TP50, um empreendimento
de música, mas que integra outras
Savana 16-04-2021
modalidades culturais, como a de-
clamação.
Morreu um exímio - PR
O Presidente da República, Filipe
Nyusi, na sua mensagem de con-
dolências, descreveu Langa como
um exímio e talentoso compositor
e intérprete de música de vários
gêneros, que ao longo da sua vida
brindou os moçambicanos com
um riquíssimo reportório musi-
cal, versando sobre vários temas
sociais, políticos, eminentemente
educativos, em palcos nacionais e
internacionais.
“Brilhou e encantou milhões de
almas, nos agrupamentos de que
fez parte, sobretudo o Alambique,
entretendo, educando e incutindo
o patriotismo – por isso Hortên-
cio foi um verdadeiro patriota,
tendo sido agraciado com a Me-
dalha de Artes e Letras”, lê-se na
mensagem.
Por sua vez, o músico Stewart
Sukuma, que partilhou experiên-
cias com Hortêncio, escreveu na
sua rede social facebook: “Faltam-
me palavras para descrever o que
sinto com a tua partida prematura
amigo. Tantas músicas ainda por
fazer. Tantas histórias por ouvir
de ti MAESTRO! É difícil mes-
mo. Liguei-te no dia do teu ani-
versário e não atendeste, afinal já
estavas hospitalizado. Desculpa!
Hortêncio Langa, vais viver sem-
pre e para sempre serás uma refe-
rência para mim”.
A ministra da Cultura e Turismo,
Edelvina Materula, na sua nota de
pesar, sublinhou que a música, os
artistas e a cultura moçambicana
perderam uma referência das ar-
tes, particularmente da música.
“Por isso, vai a nossa ovação pela
sua prestação enquanto artista e
7ª,
.
 INFORMAL
Savana 16-04-2021 27

Pedro Madruga (Texto)

Ilec Vilaculos (Fotos)

Avenida 11 de Abril!

F
ernanda Azevedo Magaia terminou a leitura do livro MATÉ-
RIA PARA UM GRITO, recomendado pelo Carmo Vaz, no
Facebook, e virou-se para o Cláudio Aniceto, com um olhar
misterioso, como quem repara para um templo abandona-
do. Ela abriu o jornal SAVANA, arrastando as páginas, para
frente-e-para-trás e, acto contínuo, puxou a máscara, que já deixava
o nariz à mostra, exibindo-se para as moscas. Deteve-se na página do
Informal:
- No meu tempo ser jornalista era coisa séria, meu sobrinho! A vida
é assim, nem tudo é um mar de rosas e castelos com príncipes encan-
tados.
- Afinal, tia Nanda já foste jornalista? Hiiihhh. Por que nunca me
contaste essa novidade?
- Lá isso é novidade para ti, meu filho. Para mim é uma comichão,
é nostalgia. Saudades. Se não fosse a filha do Dzovo, Mondlane, a
Nyeleti talvez estivesse a esta hora num bar qualquer no Purquestão...
- Mas por que abandonaste o jornalismo, tia? Como tens saudades
de uma profissão, se ainda podes retomar. Tens energia, influências e
tudo?
- Hei, Dinho! Os tempos são outros, rapaz. Não me digas que me
querias ver nesses my love para Mulotane, Zilinga, Muhalaze ou ser
entrevistada por chapeiros. Aquilo que até os cobradores fazem é feio,
gozam com as pessoas que até lhes pagam ligações: «Vais para onde?».
Até os gajos parecem mais jornalistas que vocês. Fogo!
- Mas tia, Nanda!...
-Sabias que essa malta Emília Moiane, Pantie, que hoje são estruturas,
nem são do meu tempo... Talvez tenha me cruzado com a Secretária
de Estado da cidade de Maputo, na secundária, a ir buscar a tua tia
Zefa, que tinha medo de andar sozinha à noite. Eu sou uma capitã.
Acorda, filho! O que vão dizer as tuas primas? Sabes que tenho contas
a pagar, a tempo e horas? Veja lá isto. O que faria com esta miudagem
toda, sedenta de ver um ministro, cara-a-cara? Até podem cogitar que
sou uma directorizeca dos assobios, lá no ministério.
- ... Mas tia, escuta aqui a minha ideia. Abres o teu próprio jornal. Vou
gerir e tratar dos papéis. Que tal?
- Nada disso, Claudinho. Já sabes que andam a subir tudo. Taxas e
mais taxas. Dão tiros nos pés às leis que eles próprios aprovaram...
Logo agora que sei rezar a missa já não presto para nada. Ainda digo
tudo à minha maneira e viro uma montra na morgue. Isso é para ti que
ainda cheiras a leite, meu filho. No dia que reconhecerem os jornalis-
tas moçambicanos à sério, a avenida 11 de Abril será a mais importan-
te em todas as cidades deste país. Por enquanto é só rezares Covid-19
passar depressa! E boa sorte!
 À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz 
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Ilec Vilanculos
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Há algumas semanas que o metical tem estado a segurar-se face às

principais divisas internacionais, o que significa que o mercado deve
estar inundado de verdinhas, facto que enche de alegria a máquina da
propaganda do regime, que já fala da desvalorização do dólar. 
t
A súbita apreciação da moeda nacional, em plena crise do Covid-19
e das más notícias de Afungi, deixa mais preocupados que eufóri-
DPT
QPJT
B
TVQPTUB
WBMPSJ[BÎÍP
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EF
DPTUBT
QBSB
B
FDPOPNJB
SFBM
0

ministro da Agricultura, fazendo-se de porta-voz dos exportadores
do sector, já fez saber das suas inquietações, pois no fim da estória,
são os camponeses que vão pagar a factura de menos meticais por
EØMBSFT
FYQPSUBEPT
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SB[ÍP
JOWFSTB
PT
JNQPSUBEPSFT
EF
DPNCVTUÓ-
vel, preparam-se para chorudas poupanças. Apesar de as famílias da
nomenklatura
DPOTVNJSFN
HBTPMJOB
DPN
HFOFSPTBT
TFOIBT
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&TUBEP

o metical “forte” assegura a manutenção dos preços.
t
Será interessante verificar se os patrióticos mukheristas, cujo suor é
consumido em não menos patrióticas travessias de fronteira, conse-
guirão reflectir as leis do mercado, apresentando preços mais baixos
ao consumidor, decorrentes da também desvalorização do rand sul-
BGSJDBOP
0
IBCJUVBM
Ï
PT
QSFÎPT
TVCJSFN
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TFOUJEP
JOWFSTP
P
IB-
bitual é apenas mais margem de lucro. Como se de um enorme cartel
se tratasse…
t
"JOEB
OB
GSFOUF
EB
FDPOPNJB
IÈ
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OPWP
GFOØNFOP
QFMP
TVM
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cimento voltou abaixo dos 400 meticais por saco, o que alegra milha-
res de famílias moçambicanas que ocupam os seus fins-de-semanas
B
BTTFOUBS
CMPDPT
*OWFTUJHBÎÍP
FN
EFTFOWPMWJNFOUP
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semanas.

MADER quer dinamizar pecuária

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nacionais independentes e foram também abrangidos pelas visitas
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relaxamento e, na capital provincial, continua a impedir os jornalistas

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de fazerem o seu trabalho, nomeadamente os registos digitais para
uma altura em que as te no país, adoptando estratégias Projetou-se, então, atingir 80%
as televisões e jornais. Dr. Chande, digníssimo provedor, não pode
atenções para o sector da preventivas contra as principais do efectivo existente no país, algo dar umas aulas pro bono, ao duo governante e respectivo chicote po-
agricultura têm ganha- doenças que flagelam a pecuária. que não foi alcançado nos últimos licial que as liberdades constitucionais também se aplicam em Cabo
do mais notoriedade, o 0
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10 anos. Delgado?
Ministério da Agricultura e De- protecção do gado, de modo tor- Somente no concernente ao gado t
Com ou sem liberdade, o antigo prelado brasileiro, que dava voz aos
senvolvimento Rural (MADER) ná-lo num dos motores da eco- bovino, pretende-se vacinar pou- sem voz, a partir de Pemba, veio dizer ao La Reppublica em Roma,
também pretende fazer o mesmo nomia e imune às doenças que, co mais de 4,4 milhões de cabeças que eram mesmo as vozes do Governo que o ameaçavam em Mo-
na pecuária, de modo a potencia- vezes sem conta, enfraquecem o contra pouco mais de quatro mil çambique. Uma acusação pesada, mesmo tendo pelo meio um enor-
lizar a área e transformá-la num sector. milhões de meticais no ano ante- me oceano.
dinamizador da economia nacio- As doenças que normalmente rior. t
Com o reforço militar em Palma e com a moral em alta apregoada
nal. assolam a pecuária moçambica- Para suportar a campanha de va- QFMB
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na podem causar um prejuízo no cinação 2021, o Governo desem- PQFSBÎÍP
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uma pista da aviação e mais uns centímetros de auto-estima acres-
A entidade entende que este valor de 350 milhões de dólares bolsou 600 milhões de meticais
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ramo pode oferecer ganhos para por ano, causando repercussões para custear as despesas e fazer a acontecer…
o país, seja pela melhoria da die- económicas e sociais negativas. aquisição da vacina.
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As academias policiais deveriam tomar notas do julgamento em curso
ta das famílias nacionais, seja por Doenças como brucelose, car- Refere-se também que 87% das OPT
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impulsionar a exportação de car- búnculo sintomático, febre aftosa, vacinas adquiridas são nacionais Há algo a aprender sobre os padrões do uso da força no policiamento.
nes brancas e vermelhas. dermatose nodular e doenças de F
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Mas a polícia não anda de mãos a abanar. Anotamos o seminário
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.P- internacional sobre terrorismo em Cabo Delgado e esparamos mais
é de que apostando-se mais na cia e produtividade dos animais. ÎBNCJRVF
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iniciativas idênticas. Claro, com convites às diversas organizações que
área, pode haver uma reanimação Celso Correia explicou que a falta Júlio Parruque, governador da estudam o fenómeno em Moçambique.
do sector, de modo a que este dê de medidas de combate às doen- província de Maputo, afirmou que t
Madame Suluhu, a tal que não veio a Maputo porque estava ocupada
o seu contributo na provisão de ças pode levar à dizimação total a pretensão é de fazer de “Mapu- a arrumar a casa, foi, no último fim-de-semana, ao Uganda assinar
recursos financeiros para o país. da população animal de Moçam- to o talho do país”, alavancando um bilionário gaseoduto para o petróleo do seu contraparte, Musse-
A pretensão foi manifestada pelo bique, ou seja, a 100%. uma das potencialidades desta re- veni. De caminho reactivou o projecto do gás mais a sul. Apesar das
ministro da Agricultura e Desen- &TTBT
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QF- gião, que se notam na produção tarefas domésticas repartidas com as outras mulheres do seu dignís-
volvimento Rural, Celso Correia, rigam a saúde pública, por serem de diversos tipos de gado. simo esposo …
no último sábado, na localidade transmissíveis aos seres humanos, Parruque avançou que além de se t
Quando se pensava que o corona nos estava a deixar em paz, de uma
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/B- causaram a morte de 79 pessoas garantir a vacinação dos animais, assentada, dois bons amigos desta casa, partiram sem despedir, o que
nos deixa profundamente revoltados. Mano Hortêncio, faxavor, toca
maacha, província de Maputo, em 2019 e 49 em 2020. deve-se combater o roubo de
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por ocasião do início da campa- /FTUF
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gado, visando proteger a activida-
nha nacional de vacinação animal. QSPUFHFS
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de dos criadores. Em voz baixa
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Há um inquérito agrário a decorrer em todo o país e é bem possível que
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tenciona aumentar os índices de Ao todo, a presente campanha
haja uma reviravolta nos números que alegramente se vinham divul-
alcance desse objetivo, deve-se, vacinação para, por consequência, prevê vacinar mais de 38 milhões gando nos últimos anos. A propaganda do contra já está a preparar as
em primeiro lugar, salvaguardar garantir a sua produção e longe- de animais, em todo país. munições para resposta à altura…
a integridade do efectivo existen- vidade. (Elias Nhaca)
Savana 16-04-2020
Politécnica com novo vice-reitor
A
Universidade Politécni-
ca, a primeira instituição
de ensino superior pri-
vado do país, conta, des-
de esta terça-feira, com um novo
vice-reitor. Trata-se de Cristiano
Macuamule, que substitui no car-
go Rosânia da Silva, que vai exer-
cer outras funções no Grupo IPS.
Doutorado em Bioquímica pela
Stellenbosch University (África
do Sul), Cristiano Macuamule de-
sempenhava, até à sua nomeação,
o cargo de Director Científico-
-Pedagógico, tendo, em seu lugar,
sido indicada Nancy Samamad,
doutorada em Fisiologia Vegetal
e Pós-Produção pela Universidade
Federal de Viçosa (Brasil).
Para além de Cristiano Macua-
mule e de Nancy Samamad, foi
também empossado o Professor
Catedrático Jubilado Armando
Jorge Lopes, para chefe do Gabi-
nete de Avaliação, Monitorização
e Garantia de Qualidade, cargo
que vai desempenhar cumulativa-
mente com o de assessor do reitor.
Na sua intervenção, o reitor da
Universidade Politécnica, Narciso
Matos, apontou como principal
Linha de crédito para energias renováveis
O
BCI, a Organização
das Nações Unidas
para o Desenvol-
vimento Industrial
(UNIDO) e o Fundo de Ener-
gia (FUNAE) lançaram, nesta
segunda-feira, em Maputo, a
Linha de Crédito BCI Super,
de apoio ao sector agrícola
com soluções de energias re-
nováveis.
Orçado em um milhão de dó-
lares, a Linha de Crédito será,
conforme referiu o administra-
dor do BCI, Miguel Alves, “em
forma de um fundo de garantia
EVENTOS
0DSXWRGH$EULOGH‡$12;;9,,,‡1o 1423
desafio a melhoria da qualidade
de ensino naquela instituição.
“Acredito que os estudantes
e encarregados de educação
escolhem as universidades nas
quais acreditam mais. Não
escolhem as mais baratas, como
muitos acham. Senão não estariam
a mandar os filhos para a África
do Sul ou Portugal. Eles fazem-
para a mitigação de risco, com a ex-
pectativa de um aligeiramento das
garantias exigidas pelo banco aos
operadores do sector agrícola”.
“Esta Linha traduz-se num valio-
so e oportuno instrumento e numa
aposta acertada de uma estratégia,
à qual o BCI está incondicional-
mente alinhado, sendo de destacar,
neste fundo, as condições atracti-
vas que oferece para a aquisição de
equipamentos de energias renová-
veis para uso produtivo no ramo
dos agronegócios em Moçambique,
seja na agricultura, seja no agro-
-processamento”, precisou Alves.
Já o representante da UNIDO
DIVULGAÇÃO
no, porque acreditam que é lá
onde os seus filhos vão ter melhor
formação. Por isso, precisamos de
crescer em termos de qualidade
para que o número de estudantes
também cresça. Só assim
poderemos ser uma universidade
capaz de dar a cada docente ou
dirigente as ferramentas de que
precisam para serem excelentes”,
em Moçambique, Jaime Comiche,
considerou que, nos últimos
dois anos, “a UNIDO trabalhou
incansavelmente com o BCI e
com o FUNAE, para trazer, ao
mercado, um mecanismo financeiro
impulsionador da adopção de
sistemas integrados de energias
renováveis, promovendo, em
particular: sistemas solares para
a cadeia de valor da agricultura;
sistemas solares para uso produtivo
do sector comercial; e sistemas
de transformação de resíduos
orgânicos e em biogás”.
Por seu turno, o PCA do FUNAE,
António Saíde, assegurou que a
Cristiano Macuamule
disse.
Ainda no que diz respeito à
qualidade, Narciso Matos fez saber
que todos os 22 cursos leccionados
na Universidade Politécnica, e
submetidos à avaliação externa,
foram aprovados. “Devemos
implementar as recomendações
que nos foram deixadas. Por isso,
criámos, internamente, o Gabinete
instituição que dirige está engaja-
da na implementação da visão do
Governo, que visa o acesso univer-
sal em 2030, um objectivo que se
consubstancia “através de soluções
dentro e fora da rede, no quadro
do Programa Energia para todos”,
afirmou.
Em representação do Governo,
o Director Nacional de Energia,
Pascoal Bacela, fez notar que
o acto “representa uma grande
contribuição na construção da base
de sustentabilidade para o serviço
de fornecimento de energia a todos
os consumidores à escala nacional”.
Bacela sublinhou que a promoção
1
de Avaliação, Monitorização e
Garantia de Qualidade”. 
Na ocasião, o reitor da
Universidade Politécnica
defendeu a necessidade de a
instituição que dirige apostar
mais na investigação: “Somos
uma universidade que pretende
trazer uma ligação muito forte
entre os estudos e a aplicação dos
resultados, sobretudo nas áreas
tecnológicas. Devemos sair das
salas de aula para onde se produz,
e de lá trazermos as expectativas
da produção para as salas de aula.
Que esse seja o nosso objecto de
pesquisa e de extensão. O país tem
expectativas sobre nós”. 
A melhoria da qualidade do pro-
cesso de ensino e aprendizagem
foi também mencionada pelo novo
vice-reitor, Cristiano Macuamule,
como fundamental para a forma-
ção de quadros, que, depois, assu-
mem diversas responsabilidades,
bem como para a credibilização da
instituição. 
“Só com a melhoria do processo
de ensino e aprendizagem é que
se pode preparar melhor os pro-
fissionais do nosso país e se pode
atrair mais estudantes para a nossa
do uso produtivo de energia
constitui um imperativo no
processo de electrificação,
salientando que o mesmo
acontece em diferentes escalas.
“Assistimos todos à produção
do uso produtivo ao nível da
indústria de larga escala, o que
permite, ao país, cumprir com
os índices macro-económicos
de desenvolvimento. Porém,
é ao nível de MPME que o
uso produtivo representa um
factor multiplicador, realizando
dois objectivos fundamentais:
a criação de emprego e a
provisão de bens de consumo,
2 Savana 16-04-2020
DIVULGAÇÃO
Savana 16-04-2020 3
DIVULGAÇÃO
4 Savana 16-04-2020
EVENTOS
DIVULGAÇÃO

ND vai ao congresso Absa Bank aposta na equidade de género

O O
partido Nova Demo-
cracia (ND), uma jovem
formação política nas-
cida em 2019, marcou,
para os dias 11 e 12 de Agosto de
2022, o seu primeiro congresso,
que deverá ter lugar na populosa
província de Nampula, norte de
Moçambique.
O anúncio da magna reunião foi
feito no último sábado, na cidade
de Maputo, pelo seu respectivo
presidente, Salomão Muchanga.
Dentre outros objectivos, o en-
contro visa reforçar a governação
interna, coesão, identidade e in-
fluência da ND com um progra-
ma alternativo e inclusivo assente
num pensamento estratégico.
Segundo Muchanga, um antigo
presidente do Parlamento Juvenil,
as teses do congresso serão
publicadas em Janeiro de 2022,
representando medidas políticas
que os militantes da ND irão
discutir durante todo percurso da
preparação do congresso.
Muchanga aproveitou o momen-
to para avaliar a actual situação
do país e classificou-a como
pandémica. Falou do tráfico de
pessoas, de drogas, do terrorismo
em Cabo Delgado, da exclusão
política e económica e das desi-
gualdades por conta das medidas
de gestão da Covid-19.
A ND, lançada no dia 04 de
Junho de 2019, estreou-se nas
Absa Bank Moçambique
acredita que reconhecer as
diferenças aumenta a ca-
pacidade de compreender
e zelar pelas relações humanas, pri-
vilegiando a equidade interna, sem
abrir mão da meritocracia. Desde
2015 que o banco tem vindo a ge-
rir este tema, criando indicadores e
tomando medidas para ser, de facto,
um banco equilibrado em termos
de género. Hoje, o seu quadro de
colaboradores conta com 50% de
mulheres e tem mais de 36% dos
cargos de chefia desempenhados
por mulheres.
Elizabeth Glaser apoia combate ao HIV/SIDA em Gaza
Entretanto, a Directora dos Recur-
sos Humanos do Absa Bank Mo-
çambique, Hanifa Hassangy, disse,
ao revelar os dados, que a preocu-
pação em estabelecer a igualdade de
oportunidades tornou-se um lema
do Banco, sendo que, para já, a or-
ganização tem como meta assegurar
também o equilíbrio a nível de car-
gos de liderança.
“As oportunidades estão abertas
para todos os géneros, no entanto, o
nosso processo de recrutamento as-
segura uma maximização no equi-
líbrio nas várias áreas do negócio,
para não criar discriminação e, ao
mesmo tempo, garantir que o per-
fil de competências esteja alinhado
com as necessidades da função em
que se pretende recrutar. Entretan-
to, está cada vez mais clara a incli-
nação da mulher para a Banca, pois
são funções que exigem muito deta-
lhe e estas são, por natureza, bastan-
te detalhistas”, afirmou.
Um estudo publicado pela
Organização Internacional do
Trabalho (OIT), em Maio de
2019, concluiu que as empresas que
investem em políticas de igualdade
de género e diversidade apresentam
resultados até 20% melhores,
inclusive na sua rentabilidade.

O encontro servirá também para
eleger os órgãos sociais e os can-
didatos eleitorais da ND nos
processos eleitorais de 2023 e
2024. Também consta na agenda
a aprovação da estratégia do ND
para os anos 2023 – 2030 assim
como a validação do hino do mo-
vimento.
eleições de Outubro do mesmo
ano, concorrendo apenas para
o Parlamento pelos 11 círculos
eleitorais. Dos 26 partidos
concorrentes, foi o quarto mais
votado de acordo com os dados
oficiais, mas não conseguiu eleger
deputados para a Assembleia da
República.
A
Elizabeth Glaser Pedia-
tric AIDS Foundation
(EGPAF) procedeu, semana
finda, à entrega de motoriza-
das para o transporte de amostras de
carga viral, às autoridades provinciais
de saúde de Gaza.
A oferta enquadra-se no âmbito dos
esforços da organização para dar
resposta à luta contra o HIV/SIDA,
através de programas de prevenção e
tratamento, investigação e advocacia,
apoiando o acesso aos serviços de
saúde de qualidade nas províncias de
Gaza e Inhambane, onde implementa
as suas actividades.
Em Moçambique, a província de Gaza
está em primeiro lugar a nível nacional,
com uma taxa de seroprevalência do
HIV/SIDA de 24,4%. Estimativas
(SPECTRUM-2020) apontam
que, até Dezembro do ano passado,
a província contava com 228.723
pessoas vivendo com o HIV.
Igualmente, estima-se que 161 mil
estavam em TARV nas unidades
sanitárias AJUDA.

NOS POSTOS DE ABASTECIMENTO

ENGEN investe em boas práticas
no fornecimento de combustível
A EMPRESA Vivo Energy Moçambique acaba de investir na melhoria das boas
práticas para o fornecimento de um serviço certo, quantidade e qualidade cer-
ta, em toda sua rede de postos de abastecimento de combustível espalhados
pelo país.
Para o efeito, a empresa lançou recentemente, em Maputo, uma campanha
denominada “Triplo Check”, que visa dar continuidade na melhoria e propor-
cionar os melhores serviços aos seus clientes.
Triplo Check, é uma nova iniciativa que visa dar poder ao cliente de confe-
rir em qualquer estação da Engen a melhor qualidade de combustível, sem
nenhuma alteração, onde o comprador receberá um tratamento de forma

SAM Quer Vacinar Todos os SUR¿VVLRQDOHDFROKHGRUD

2ODQoDPHQWRGDFDPSDQKDFRLQFLGLXFRPDUHDEHUWXUDR¿FLDOGRSRVWR³2QH
6WRS¶¶ORFDOL]DGRQD(VWUDGD1DFLRQDO1~PHUR'RLV(1TXHRXWURUDEHQH¿-
Funcionários ciara de obra de reabilitação, com vista a garantir um ambiente limpo, seguro
e uma renovação da imagem em alinhamento com o grande propósito de
A Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), proprietária das prestar serviços de qualidade.
marcas Água da Namaacha e Fonte Fresca, pretende vacinar contra Na ocasião, o director de retalho da Vivo Energy Moçambique, Joaquim Jibam-
o Covid 19 todos os seus funcionários com a maior brevidade bo, disse que promover iniciativas que dão lugar a satisfação garantida é o
possível. ponto forte da sua empresa.
A SAM foi uma das primeiras empresas a aderir à iniciativa do “É um prazer trazer estas iniciativas que visam de forma constante e consis-
Governo, apresentada através do Ministério da Saúde, que visa dar tente na melhoria do serviço ao cliente com participação activa do mesmo”,
D¿UPRX-LEDPER
oportunidade ao sector privado de adquirir as vacinas necessárias
De salientar que esta campanha, vai decorrer nas próximas 12 semanas e
à imunização dos seus funcionários, com o apoio técnico dos
será acompanhada de várias iniciativas complementares nos diferentes pon-
RTQƂUUKQPCKU FG UCÖFG G EQPVTKDWKT CKPFC RCTC C XCEKPCÿQ FQU
tos da Engen a nível nacional.
sectores mais vulneráveis da nossa sociedade.
Para Miguel Padrão, Director de Marketing da SAM, esta iniciativa
do Governo é louvável na medida em que oferece às empresas
a oportunidade de darem o seu efectivo contributo na mitigação
de um grave problema de saúde pública, demonstrando respeito
pelos seus funcionários e famílias e concorrendo também de forma
efectiva para alavancar a economia nacional.
Miguel Padrão realça que se há tempos em que, de facto, devemos
estar, Governo e Sector Privado, bem unidos, esses tempos são os
que agora vivemos.
Seria fundamental que todas as empresas se aproximassem do
Ministério da Saúde para obterem informações acerca deste plano
FG XCEKPCÿQ G Ƃ\GUUGO Q O½ZKOQ FG GUHQTÃQ RCTC RCTVKEKRCT G
vacinar os seus funcionários, o que teria um efeito muito positivo ao
nível da saúde pública e, como consequência directa, na economia
nacional.