Boletim Operário
Caxias do Sul,
1 de dezembro
de 2021
O Paiz
Rio de Janeiro
4 de janeiro de 1890.
Página 2
Ano VI Edição nº 1.915
Subúrbios
Retrospecto do ano de 1889
No dia 11(11 de dezembro de
1889), os operários das oficinas
da estrada de ferro central, no
Engenho de Dentro, fizeram
greve, pedindo a retirada do
diretor, Doutor Carlos
Niemeyer, que deixara aquele
cargo, seguindo para a Europa. A
favor dele assinaram 412
operários e empregados e contra
ele 612. Não obstante este ligeiro
incidente, foram reformados
muitos carros e locomotivas,
aparecendo alguns no serviço
com o novo dístico EFC.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
11 de janeiro de 1890
Ano XVI Edição nº 11
Capa
Reune-se amanhã o diretório da
União Operária, para tratar de
assunto importante.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
18 de janeiro de 1890
Ano XVI Edição nº 19
Página 2
Telégrafos
Escreve-nos o ilustre Senhor
Tenente J. A. Vinhaes:
“Colegas e amigos. – Na local de
ontem publicada na Gazeta de
Notícias, relativamente ao
desfalque na repartição geral dos
telégrafos, diz-se que o Capitão
de Fragata Nepomuceno
Baptista, temando há dias conta
da diretoria da mesma repartição,
encontrara diversas
irregularidades, a que pôs cobro,
entre elas – a da saída às 3 horas
da tarde, e dos operários que
entram às 8 horas da manhã. É
este um ponto capital que preciso
esclarecer, mesmo porque
apresso-me a dize-lo foi de todas
as praxes que encontrei na
repartição dos telégrafos, a
melhor, porto todos lados que a
possamos encarar: social,
humanitária e higienicamente
falando.
Quando na Europa, zona da terra
afastada dos trópicos, de clima
frio ou temperado, se procura
reduzir o dia de trabalho a oito
horas com um dia de descanso
por semana, e que, para tal
conseguir-me homens da estatura
de Blanqui, Luigi Cossa, Karl
Marx, Schoeftie e outros
devotaram todo o seu poderoso
intelecto, não é justo que no
Brasil, país tropical em que o
termômetro centigrado atinge no
verão à média de 30º, se obrigue
o operário a trabalhar 10 e 11
horas por dia. Em virtude da lei
férrea do trabalho, o industrial,
governo ou particular, paga ao
operário o estrito necessário para
que este não morra de fome. Ora,
um operário, em seis horas ou
menos ainda, produz o
equivalente ao seu salário. O que
ele fabrica, durante o resto do dia,
é em proveito do patrão, o que se
torna uma imoralidade, quando
este é o governo. O Estado é um
patrão contra o qual é quase
impossível lutar, e que dita suas
condições mais imperiosamente
ainda que o particular ou
companhia.
Página 1
Edição nº 672
Para que se avalie da bondade da
medida ora derrogada, é mister
visitar o tugúrio em que
funcionam as oficinas dos
telégrafos. No andar térreo de um
edifício a esboroar-se de vetustez,
húmido e em alguns pontos
quase sem luz, aglomeram-se
cerca de 60 operários, que ali
permanecem 10 e 11 horas por
dia, sob uma temperatura
senegalesca, que lhes depaupera
o organismo ainda mais do que o
enorme esforço muscular
empregado nos tornos, forjas,
etc., pois tudo ali é movido a
braço, visto o edifício não
comportar tração a vapor. A
principal oficina funciona em um
pardieiro que, para não cair, esta
sustentado por escoras aplicadas
a parede exterior! Acresce mais
que o pé direito do mesmo
pardieiro é curtíssimo, tornando-
se nas horas de maior calor
intolerável a permanência ali. Isto
nos dias de calor; quando chove
os operários têm de procurar
abrigo algures; visto a água cair no
interior como se fora na rua,
cobrindo-se com folhas de zinco
os armários em que se acham os
instrumentos fabricados, a fim de
preserva-los há humidade. O que
aí fica dito basta, creio, para
provar o motivo por que consenti
durante a minha curta
administração o restabelecimento
de uma praxe que se coaduna
perfeitamente com a ideias
democráticas e filantrópicas
sobre tão importante assunto,
que consiste no devotamento que
a classe dirigente deve à classe
operária.”
Saúde e fraternidade.
Capital Federal, 18 de janeiro de
1890.
- José Augusto Vinhaes
 1 de dezembro de 2021 Boletim Operário
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
27 de janeiro de 1890
Ano XVI Edição nº 27
Capa
Por iniciativa da redação da Voz
do Povo, reuniu-se ontem, às 11
horas da manhã, grande número
de operários de diversas classes
trabalhadoras, com o fim de
organizar-se o partido operário
brasileiro, cujo fim primordial é
influir nos destinos
administrativos do país,
garantindo ao homem do
trabalho sua autonomia e
preponderância nas altas
questões políticos-sociológicas.
Deliberou-se convocar a segunda
reunião para domingo 9 de
fevereiro, na qual têm de ser
eleitas as diversas comissões
paroquiais do partido, que tem de
promover o alistamento dos
operários logo que baixe o
regulamento do governo. Nessa
reunião serão apresentadas as
bases capitais do programa do
partido.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
4 de fevereiro de 1890
Ano XVI Edição nº 35
Capa
Realisou-se, em Niterói, a
reunião anunciada para instituir-
se n’aquela capital o partido
operário. Uma comissão de
artistas e grande número de
operários receberam na ponte
das barcas Ferry, em Niterói, os
Senhores Luiz França e Silva,
Gustavo de Lacerda e José Veiga,
representando estes últimos a
Voz do Povo. Precedidos da
banda de música Aurora de S.
Domingos, foram conduzidos ao
salão d’esta sociedade,
percorrendo antes o préstito
assim firmado diversas ruas, e
saudando na passagem as
redações das folhas niteroienses.
Era grande o número de
operários que se reuniram
naquele salão. O Senhor João
Ribeiro de Magalhães proferiu
um discurso, dando as razões da
convocação, e em seguida
convidou o Senhor Luiz França e
Silva a ocupara a cadeira de
presidente, ocupando as de
secretários os Senhores Gustavo
de Lacerda e Lourenço de
Oliveira e Silva. Proferiram
discursos os Senhores França e
Silva, Lacerda, Ortiz, Veiga e J.
Rodrigues. As 10 ½ horas da
noite procedeu-se à eleição do
diretório do partido, sendo
eleitos os seguintes senhores:
João Ribeiro de Magalhães e
Antônio Francisco de Almeida
Guimarães, por 101 votos cada
uma; Alberto Victor Gonçalves
da Fonseca, 100 votos; Manuel
de Paiva Porto, 99; Fernandes
José dos Santos, 98; Manuel
Antônio da Silva Netto, 96;
Henrique Pereira Regal, 89; e
David Procópio, 86.
Página 2
Edição nº 672
O Paiz
Rio de Janeiro
5 de fevereiro de 1890.
Ano VI Edição nº 1.947
Capa
Vários empregados da
companhia de bonds de
Botafogo, encarregados do
tratamento dos animais,
pretenderam entrar ontem em
greve, fugindo ao trabalho e
tentando perturbar o serviço. A
gerência da companhia tomou a
providência imediata de pagar-
lhes o salário e despedi-los logo
depois. No escritório da mesma
companhia, no largo do
Machado, compareceu o Doutor
Sampaio Ferraz, que mandou
postar ali uma força de cavalaria
de polícia, para evitar qualquer
possível perturbação da ordem.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
5 de fevereiro de 1890.
Ano XVI Edição nº 36
Capa
Fizeram ontem greve os
trabalhadores da companhia
carris do Jardim Botânico, e
opuseram-se a que trabalhassem
os que não aderiram ao
movimento. A estação principal
compareceu o Senhor Doutor
Chefe de Polícia, a pedido do
gerente da companhia, com uma
força de praças policiais. Pelos
trabalhadores soube o Senhor
Doutor Chefe de Polícia que a
causa da greve era o aumento no
serviço sem o aumento
correspondente nos respectivos
ordenados. Por solicitação do
citado gerente, o Senhor Doutor
Chefe de Polícia fez retirar
d’entre os grevistas os mais
exaltados que foram expulsos da
companhia.
 1 de dezembro de 2021 Boletim Operário
Diário de Notícias
Rio de Janeiro
25 de fevereiro de 1890.
Ano VII Edição nº 1.716
Capa
Alfandega
Ontem muito se falou em greve
na Alfandega; entretanto, a tal
greve, parece, não passou de um
pequeno motim entre os
empregados das capatazias,
segundo somos informados,
devido unicamente a má
interpretação de uma ordem do
ilustre inspetor. Atendendo às
reclamações do comércio, o
Senhor Souza Botafogo
providenciou, dentro da letra do
regulamento, que aqueles
empregados comparecessem à
repartição às 7 horas da manhã e
não às 9 como o faziam, mas o
encarregado do portão fechou-o
às 6 horas, recusando entrada aos
trabalhadores que se
apresentaram depois daquela
hora, dando-se o motim por essa
ocasião. Comparecendo, porém,
imediatamente o inspetor da
Alfandega, já tudo estava
acalmado, tendo cessado a
desordem provocada por alguns
trabalhadores das capatazias.
Sindicando do motivo da
desordem, verificou o Senhor
Botafogo que tinha havido má
interpretação em sua ordem e
por isso, para obviar esse
inconveniente e evitar repetição
de fato tão desagradável, o ilustre
e zeloso funcionário expediu
ontem mesmo a seguinte
portaria:
“Tendo sido mal compreendia a
ordem verbal desta inspetoria
para a execução do art. 87 § 1º da
consolidação das leis, o inspetor
em comissão recomenda ao
senhor administrador das
capatazias que as 7 horas da
manhã deve estar terminado todo
o expediente preliminar de
chamada dos trabalhadores,
distribuição de serviço, etc., e em
movimento todos os trabalhos de
descarga e arrumação de
volumes, etc.; procederá,
portanto, o Senhor
Administrador de modo que não
seja recusado trabalhador algum
que se apresente a tempo de
começar o serviço, à hora
regulamentar – O Inspetor
Antônio Joaquim de Souza
Botafogo.
O Paiz
Rio de Janeiro
26 de fevereiro de 1890.
Ano VI Edição nº 1.968
Capa
Suspensão de Trabalho
Greve dos Trabalhadores da
Alfandega
Cessou ontem, felizmente, na
melhor paz e acordo, a greve dos
trabalhadores das capatazias da
alfandega. Às 6 horas da manhã
estavam já reunidos na Rua
Visconde de Inhaúma e Praça
dos Mineiros mais de 500 dos
operários da repartição
aduaneira, que tinham deixado
de acudir à chamada para a
entrada no serviço. Pouco tempo
depois uma comissão dentre eles
destacou-se e subiu a trabalhadores, o Senhor Doutor
guardamoria, para falar ao
Senhor Comendador
Hasselmann.
Página 3
Edição nº 672
Recebeu-a o Senhor Guarda-
mor, e depois de ouvi-la
aconselhou-a que com seus
companheiros voltasse ao
trabalho, pois que o Senhor
Inspetor da Alfandega não fazia
mais do que cumprir o
regulamento, que exigia o
começo do serviço às 7 horas da
manhã. Lembrou-lhes o Senhor
Guarda-mor que o inspetor da
alfandega empenhava esforços
para que fossem aumentados os
salários dos trabalhadores, que
seriam remunerados pelo estado,
ainda mesmo que enfermos. A 6
½ da manhã, quando chegou o
Senhor Souza Botafogo, a mesma
comissão se lhe dirigiu, alegando
a impossibilidade de estarem
presentes todos os companheiros
à hora determinada, por isso que
muitos deles residem nos
subúrbios e estão adstritos aos
trens da estrada de ferro.
Respondeu o Senhor Inspetor
que o regimento lhe proibia a
inovação que os trabalhadores
pretendiam. Comunicado o que
se tinha passado entre a
Comissão e o Senhor Inspetor, os
trabalhadores convenceram-se de
que da parte dos seus chefes
teriam as garantias de seus
direitos e entraram para o
serviço, que prosseguiu sem mais
incidentes.
Em virtude de requisição do
Senhor Souza Botafogo, a frente
do edifício da alfandega esteve
das 5 ½ as 6 ½ da manhã uma
força de cavalaria de polícia.
Esteve também presente durante
todo aquele tempo o Senhor
Doutor Vidal, 3º delegado,
acompanhado do escrevente
Pinella. Dirigindo-se aos
Delegado por sua vez procurou
persuadi-los de que devia
retomar o serviço.
 1 de dezembro de 2021
O Estado de S. Paulo
São Paulo
26 de fevereiro de 1890.
Ano Edição nº
Capa
Greve
Declararam-se anteontem em
greve os operários das capatazias
da alfandega do Rio, por causa de
uma ordem que os obriga a entrar
para o serviço às 7 horas da
manhã. Comunicando este fato
ao ministro da fazenda, teve o
Senhor Antônio Joaquim
Botafogo, inspetor da alfandega a
seguinte resposta:
“Senhor Inspetor.
Respondendo ao oficio desta
data, em que me comunica o
vosso procedimento ao incidente
ocorrido hoje nessa repartição,
cumpre-me luouvar-vos pela
firmeza das medidas, com que
soubestes fazer respeitar a ordem
e os regulamentos contra hábitos
abusivos, a que convém por
cobro severamente, para que essa
administração possa bem servir
ao comércio e a arrecadação da
renda nacional. A primeira das
necessidades do governo
republicano consiste em
moralizar o princípio da
autoridade, aprofundar entre os
funcionários o sentido do dever e
consolidar em todos os serviços a
mais séria disciplina. A este
respeito cabe a alfandega da
capital federal, como a mais
importante das nossas repartições
fiscais, ser o mais austero modelo
de todas as outras; e nos esforços
que com este fim empregardes
podeis contar sempre com o
apoio do governo. – Ruy Barbosa
– Senhor Inspetor da alfandega
do Rio de Janeiro.
Verificando depois que o
incidente foi ocasionado por má
interpretação da ordem da
inspetoria, expediu o Senhor
Botafogo a seguinte portaria:
Boletim Operário
“Tendo sido mal compreendia a
ordem verbal desta inspetoria
para a execução do art. 87 § 1º da
consolidação das leis, o inspetor
em comissão recomenda ao
senhor administrador
capatazias que as 7 horas da
manhã deve estar terminado todo
o expediente preliminar de
chamada dos trabalhadores,
distribuição de serviço, etc., e em
movimento todos os trabalhos de
descarga e arrumação de volumes
etc.; procederá, portanto, o
Senhor Administrador de modo
que não seja recusado
trabalhador algum que se
apresente a tempo de começar o
serviço, à hora regulamentar – O
– Inspetor Antônio Joaquim de
Souza Botafogo.
O Estado de S. Paulo
São Paulo
27 de fevereiro de 1890.
Ano Edição nº
Capa
Greve
Cessou anteontem a greve dos
operários das capatazias da
alfandega do Rio. Às 6 horas da
manhã entraram todos para o
serviço. Uma comissão dentre
eles foi falar ao comendador
Hasselmann na guardamoria,
convencendo-se de que da parte
dos chefes teriam garantia dos
seus direitos. O serviço começou
em seguida com regularidade.
Página 4
Edição nº 672
Correio Paulistano
São Paulo
7 de março de 1890.
Ano XXXVI Edição nº 10.049
das
Capa
Notícias dos Estados
Ceará
No lugar Moquém, à margem do
prolongamento da via férrea de
Sobral, no dia 27 do mesmo mês,
outra faísca elétrica fulminou o
operário do mesmo
prolongamento, José Martinho.
Correio Paulistano
São Paulo
11 de março de 1890.
Ano XXXVI Edição nº 10.076
Capa
Houve uma greve de
trabalhadores da estrada de ferro
de Araruama. A força de polícia
que seguiu logo para o Imbé de
Santa Maria Magdalena onde se
deu o fato, serenou os ânimos.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
18 de março de 1890.
Ano XVI Edição nº 77
Capa
Telegramas
Juiz de Fora, 17
Os cocheiros fizeram greve por
causa das exigências da polícia.
 1 de dezembro de 2021 Boletim Operário
O Paiz
Rio de Janeiro
20 de março de 1890.
Ano VI Edição nº 1.990
Página 3
Estrada de Ferro Central do
Brasil
Oficinas
O Diário de Notícias não tratou
da questão do xadrez no recinto
das oficinas da estrada de ferro
Central e sim o cidadão Vinhaes,
ao qual devia ser oferecida a
defesa e não aquela folha. Feito
este reparo, cumpre-nos dizer
que o Senhor Diretor produziu
uma defesa incompleta e acham-
se de pá as arguições do cidadão
Vinhaes. O que é certo, porém, é
que continua a construção do
xadrez, cujo edifício foi há
tempos lembrado pelos operários
para um hospital, onde fossem
tratados aqueles que
enfermassem no trabalho.
Quanto a reintegração dos
operários que tomaram parte na
greve de 11 de dezembro do ano
passado – é essa proposição
inexata, porquanto ainda se
acham eles desempregados há
mais de três meses, cujas famílias
concomitantemente sofrem as
consequências de um delito que
elas não cometeram; se crime se
pode considerar o fato de
homens solicitarem regalias a que
se julgam com direito. Continue,
pois, o diretor a mimosear os
operários com a construção de
cadeias, e, quanto a escolas e
hospitais, diga-lhes que é um luxo
do século passado.
O Estado de S. Paulo
São Paulo
21 de março de 1890.
Ano Edição nº
Capa
Informaram-nos não ser exata a
notícia, dada por uma folha de
ontem, de terem feito greve
vários operários da fábrica de
móveis S. Pedro, em número
superior a 35. Essa fábrica conta
cento e tantos operários e apenas
uns vinte se despediram ontem
pela manhã, voltando alguns
pouco depois.
Página 5
Edição nº 672
O Estado de S. Paulo
São Paulo
22 de março de 1890.
Ano Edição nº
Página 2
Os operários em greve na fábrica
de S. Pedro
Senhor Redator do Estado de S.
Paulo. – Lemos hoje em sua
conceituada folha, o não ser exata
a notícia dada por um jornal de
ontem; de os operários da fábrica
de S. Pedro em número superior
a trinta e cinco terem feito greve e
que ela conta com cento e tantos
operários. Pedimos licença ao tal
informante que não deixa de ser
algum interessado que veio
encapado, declaramos-lhe que
em nada usou da verdade só para
defender-se a si ou a quem quer
que seja. A fábrica não tem cem
operários; somos ao todo,
quando muito, quarenta; já vê
que o tal informante vos iludiu;
não foi parte dos operários que
fizeram a greve, mas, sim, todos e
não é exato o termos voltado à
fábrica e ao trabalho, pois que,
até hoje, acha-se parada a
máquina e o serviço.
Nós, operário da dita fábrica,
sentimos que o informante não
vos contasse, senhor redator, qual
o motivo da greve; esse ponto
essencial ficou no tinteiro, talvez
por conveniência; nós
declaramos para que o público
avalie o que tem sido e é a fábrica
de São Pedro; o móvel de tudo,
isto é, desde 1º de janeiro, nós
não temos recebido os nossos
salários e termos nossos
compromissos a satisfazer.
Pedimos, portanto, a Vossas
Senhorias a publicação destas
linhas, por serem a expressão da
verdade.
São Paulo, 21 de março de 1890.
O justo
 1 de dezembro de 2021
Diário de Noticias
Rio de Janeiro
23 de março de 1890
Ano VIII Edição nº 1.732
Capa
Requerer o fechamento
obrigatório é menos selvagem
que borrar as paredes com piche,
sim, mas não dá melhor
resultado. Os rapazes do
comércio, unidos, declararam
aos patrões que não trabalharão
ao domingo ou durante algumas
horas do domingo, sob pena de
abandonarem o trabalho – e
sujeitam-se às más consequências
que lhes pode trazer a greve, ou
pedem – ou pedem – aos patrões
que lhes conceda o que de mais
justo pode haver; um dia ou
algumas horas de descanso após
seis dias de mourejar. Daí não há
sair. G. B.
Página 2
Telégrafos
A redação do Diário de Notícias
vieram ontem à noite cerca de
oitenta cidadãos empregados na
repartição geral dos telégrafos e
entregaram-nos a seguinte
declaração:
“Os empregados das diversas
secções da repartição geral dos
telégrafos, tendo conhecimento
de que mal intencionados
propalam estar sendo por eles
preparada uma greve em
oposição à reforma do
regulamento e considerando isso
altamente prejudicial à
moralidade de suas posições de
funcionários públicos, - declaram
que jamais cogitaram de
semelhante alvitre em face dos
direitos que lhes garantem as leis.
O que fizeram foi reunir-se,
resolvendo dirigir uma
representação ao governo
provisório, no caso de ser aquela
reforma, como consta, atentatória
de seus direitos.”
Boletim Operário
O Paiz
Rio de Janeiro
25 de março de 1890.
Ano VI Edição nº 1.995
Página 2
No sábado último os
quitandeiros do mercado de
Santos meteram-se em greve,
como protesto as últimas
deliberações da intendência
municipal. Voaram-se nabos e
pepinos.
O Paiz
Rio de Janeiro
29 de março de 1890.
Ano VI Edição nº 1.999
Capa
A polícia foi levada denúncia de
que ontem os empregados das
capatazias da alfandega não
entrariam para o trabalho,
constituindo-se em greve.
Providenciou o Senhor Doutor
Chefe fazendo seguir para a
vizinhança dessa repartição o
Doutor 5º delegado com um
contingente de praças, que
deviam evitar qualquer alteração
da ordem pública. A denúncia,
entretanto, não passou de falso
boato, pois que os operários
cumpriram os seus deveres de
bons cidadãos, entregando-se ao
serviço ordinário.
Página 6
Edição nº 672
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
2 de abril de 1890.
Ano XVI Edição nº 91
Página 3
A Greve na Alfandega
A esta hora deve estar triste e
meditabundo o laureado Josué,
três vezes aclamado chefe do
partido operário!
Como é sabido o pessoal das
capatazias da alfandega d’esta
capital declararam-se em greve
por julgar iniqua a demissão de
dois cidadãos que ali eram
empregados e de cujo labor
tiravam os reditos para si e
sustento de suas famílias.
Os empregados declarados em
greve pediram, ao que nos consta,
ao Senhor Inspetor da Alfandega
a revogação da sentença e como
não fossem atendidas foram em
massa a residência do aclamado
chefe do partido operário pedir-
lhe para que suplicasse do
governo que analisasse a
fulminante ordem de dispensa
dos cidadãos crudelissimamente
punidos. Os boatos alarmantes,
espalhados pelos noveleiros, de
que os operários agremiados em
partido têm em mente fazer
greve, assas prejudicam a classe
operária, cujos fins e intuitos não
são estes que lhe querem
emprestar. Se os operários já
estivessem organizados e com um
diretório e chefe em cuja palavra
de paz e ordem acreditasse o
governo, seriam facilmente
removidos todos estes
inconvenientes. Os empregados
da alfandega, porém,
esperançados de que o seu
pretendido chefe teria bastante
poder perante o governo para
revogar a ordem do inspetor da
alfandega animaram-se a pedir
reparação em favor dos seus
companheiros despedidos.
 1 de dezembro de 2021 Boletim Operário
O governo, porém, não só
sustentou o ato do inspetor da
alfandega como desautorou o
pretendido chefe do partido
operário, mandando um piquete
de cavalaria para o lugar da greve
a fim de fazer trabalhar os
empregados que pediam justiça
para os seus companheiros.
Tudo isto passariam sem
nenhum comentário nas
circunstâncias anormais que
atravessamos se o desfecho da
questão não afetasse de alguma
forma ao partido operário, em
nome do qual estes atos são
praticados para, dando feliz
resultado, ser carregado em
andor o pretenso chefe dos
operários da capital federal.
O nosso fim, porém, assinalando
estes episódios que tanto
destoam da verdadeira
orientação política e social do
partido operário, é provarmos
mais uma vez o desacerto que
cometem os operários
pretendendo fazer seu chefe um
homem que milita ativamente
num partido político, onde tem
amigos aos quais não pode deixar
de obedecer a um pedido ou
imposição que estes lhe façam.
Os operários devem lembrar-se
de que o Senhor Vinhaes ao
encetar a propaganda na
imprensa usou do título – Partido
Operário -; depois da reunião do
Recreio Dramático, e depois de
um conselho que no silêncio de
seu gabinete disse ter-lhe dado
um amigo, substitui aquele título
pelo de – Classe Operária –
como que renegando a ideia de
partido. Se isto não era um
repúdio a ideia, era, pelo menos,
vacilação e dúvida; e um homem
que não tem uma crença firme
não pode ser chefe de outrem.
Outra incompatibilidade, senão
falta de seriedade da parte do
pretenso chefe, foi ele declarar
pela imprensa que, pela classe
operaria, estava disposto a
sacrificar até a vida; entretanto o
fato da alfandega veio provar que
Sua Senhoria não é homem
capaz de sacrificar-se por
ninguém, pois que dispondo da
arma da imprensa, usando dela
para fazer propaganda em seu
favor – nem uma palavra sequer
escreveu em defesa de seus
soldados!
Qual o motivo d’este silêncio?
Atirou-os completamente aos
azares da sorte, e não deu por
eles nem um aí, nem um alento!
Não seriam merecedores da
defesa do decantado chefe
aqueles homens que tudo fizeram
para fornecer a Sua Senhoria
uma enorme lista de povos
aderente a sua chefia?
O que hoje Sua Senhoria faz com
os empregados da alfandega, fará
amanhã com os operários dos
arsenais e da estrada de ferro.
Não, sejamos lógicos; apesar da
posição do Senhor Vinhaes, Sua
Senhoria é mais dependente da
que qualquer de nós operários e
só assim se pode explicar o seu
silêncio ante um fato tão
importante como o da alfandega.
Para atenuar o efeito desastroso,
Sua Senhoria teve, em
compensação, no Engenho de
Dentro uma recepção à música,
coisa que nunca obteve quando lá
fez a primeira conferência.
Depois, qual Aníbal percorrendo
os Alpes, sem seus elefantes, foi
sondar os ares nos píncaros da
Gávea, para se tornar admirado
dos povos operários daqueles
lugarejos, já que não podia
receber ovações dos povos da
alfandega.
Página 7
Edição nº 672
É pena que Sua Senhoria
trabalhe tanto em pura perda. A
Classe Operária pensante pode
patrocinar sua causa para
deputado; para chefe do partido
operário, porém, Sua Senhoria
não terá a seu favor nem um terço
dos operários desta capital. Pode
o ilustre e esperançoso chefe ir
recebendo seus bouquets com
fitas pendentes e ser recebido
aqui e ali com bandas de música;
isto é apenas o consolo dos
iludidos que vem as coisas por
um prisma fagueiro, quando as
nuvens que se formam no
horizonte são tão plúmbeas e
enganadoras quanto falso e
ilusório é de ordinário o
resultado que se espera da
consciência alheia.
O dia de amanhã dissipará a
dúvida e então o Senhor Vinhaes
ficará capacitado do valor real das
aclamações e das adesões por
listas.
(Do Echo Popular de 1 de abril
de 1890)
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
4 de abril de 1890.
Ano XVI Edição nº 94
Página 2
Telegramas
S. Paulo, 3.
Ontem, em Santos, alguns
trabalhadores da prancha
declararam-se em greve, por não
quererem aceitar a proposta da
companhia de transporte, sobre
condução de café. A greve foi
dominada pela autoridade.
(Gazeta de Notícias.)
 1 de dezembro de 2021 Boletim Operário
Diário de Noticias
Rio de Janeiro
4 de abril de 1890
Ano VIII Edição nº 1.744
Capa
Notícias de S. Paulo
Telegrama
São Paulo, 3.
- Em Santos declararam-se em
greve alguns trabalhadores de
prancha, visto não quererem as
propostas feitas pela companhia
de transportes. Estiveram
presentes ao local, em que se
achavam os trabalhadores,
diversas autoridades policiais. A
última hora sabe-se aqui que
terminou a greve. (C T da
Imprensa)
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
5 de abril de 1890.
Ano XVI Edição nº 95
Capa
Greve
Temos comunicação de que
fizeram greve os trabalhadores da
estrada de ferro de Araruama.
Uma grande turma prendeu o
gerente na estação do Triunfo,
levando-o para o armazém do
Barranco Alto.
A pessoa que nos faz esta
comunicação pede providências
à vista do estado de exaltação dos
trabalhadores.
Ao que nos dizem, a greve é
motivada por falta de pagamento
dos salários correspondentes aos
meses de dezembro a março.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
6 de abril de 1890.
Ano XVI Edição nº 96
Capa
Greve
Em aditamento à notícia que
ontem demos sob a epigrafe
acima, temos a acrescentar o
seguinte:
Nos últimos dias do mês passado,
por ocasião de ser efetuado o
pagamento dos trabalhadores da
estrada de ferro Barão de
Araruama, no lugar denominado
Barro Alto, em Santa Maria
Magdalena, os trabalhadores
revoltaram-se contra o uma reunião familiar da
empreiteiro por não terem sido
todos pagos, e em grege
resolveram prender o Doutor
Simonnet e o empreiteiro da
referida estrada, até que
recebessem resposta do
telegrama enviado para esta
capital, pedindo dinheiro. Tendo
conhecimento d’esta ocorrência,
o Doutor Chefe de Polícia do
Estado do Rio de Janeiro deu as
providências no sentido de ser
mantida a ordem e postos em
liberdade o Doutor Simonnet e o
empreiteiro. De Campos seguiu
para o Barro Alto um contingente
de praças do corpo de polícia,
comandado por um oficial.
Página 8
Edição nº 672
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
8 de abril de 1890.
Ano XVI Edição nº 98
Capa
Uma numerosa comissão da
Federação Operária, presidida
pelos chefes internos Francisco
Luiz de Oliveira e Alberto J.
Smith, partiu no dia 5 à tarde para
Macacos, a fim de realizar uma
conferência. A chegada, foram os
membros da Federação e suas
famílias recebidos por vários
cavalheiros e gentilmente
convidados pelo Senhor Luiz
Portella, administrador da fábrica
de tecidos Brasil Industrial, para
Sociedade Musical Santa Cecilia.
Tocavam alternadamente a
banda da mesma fábrica e da
Sociedade Musical
Independente, n’um vasto salão
caprichosamente ornamentado e
repleto de escolhida
concorrência. Aí foram saudados
pela Federação, aquele distinto
cavalheiro, os operários e os
industriais d’essa localidade.
Ontem realizou-se a conferência
no próprio arraial, junto da
estação policial, perante
numeroso auditório composto de
operários, negociantes, militares,
professores e autoridades, sendo
oradores os chefes-internos
Rollim Pinheiro e Antônio
Joaquim Vianna, que
desenvolveram os princípios da
Federação, salientando a
conveniência da fraternidade
entre patrão e operário, e
combatendo a greve da força pela
greve autoritária da palavra e da
instrução, firmando doutrinas
protecionistas e terminando por
considerações no sentido de
demonstrar a população a
necessidade de concorrer para o
desenvolvimento do lugar.
 1 de dezembro de 2021 Boletim Operário
Quando se dirigia para a
conferência, a comissão foi
recebida pela Sociedade Musical
Amantes do Progresso e no seu
salão cumprimentado o seu
presidente Joaquim Felisberto de
Macedo.
Em seguida a Comissão dirigiu-se
para a Cascata, sendo-lhes aí
oferecido um lauto almoço, na
residência do distinto operário
João Caetano d’Oliveira. Foram
então brindados, entre outros, os
operários industriais de Macacos
e os Senhores Alexandre Leslie e
Doutor Plinio Soares, gerentes
das fábricas da Cascata e Brazil
Industrial.
A Comissão regressou
penhoradíssima. Foram
constituídos chefes internos da
Federação em Macacos os
operários Francisco José de
Lemos, João Caetano de Oliveira
e Clemente Francisco Paula da
Fábrica Cascata; Alfredo Coupey,
José Joaquim de Siqueira, Arthur
de Assis Portella, Luiz Vieira de
Lemos, Pedro José Soares,
Joaquim da Silva Borges e Paulo
Ricardo dos Santos, da Fábrica
Brasil Industrial e Augusto J. da
Silva.
Correio Paulistano
São Paulo
11 de abril de 1890.
Ano XXXVI Edição nº 10.076
Capa
Houve uma greve de
trabalhadores da Estrada de
Ferro de Araruama. A força de
polícia que seguiu logo para o
Imbé de Santa Maria Madalena
onde, se deu o fato, serenou os
ânimos.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
12 de abril de 1890.
Ano XVI Edição nº 102
Capa
Os operários de construção naval
de alguns estabelecimentos
particulares, que fizeram greve,
procuraram-nos ontem em
mostraram-nos um atestado que
lhes deu o subdelegado da
freguesia, certificando que eles
não têm feito distúrbios,
limitando-se a reclamar
pacificamente a bem de seus
direitos.
O Paiz
Rio de Janeiro
14 de abril de 1890.
Ano VI Edição nº 2.015
Capa
Noticia o Correio Mercantil de
Pelotas que os artistas tipógrafos
daquela cidade constituíram-se
em greve. No dia 6 do corrente
reuniram-se alguns tipógrafos em
comissão e resolveram pedir
trabalho por obra aos
proprietários de empresas
tipográficas, comunicando-lhes
logo essa resolução. Não obtendo
deles resposta favorável ao seu
pedido, transmitiram voz aos
companheiros e às 11 horas do
mesmo dia quase todos os
tipógrafos abandonaram as
oficinas e foram reunir-se aos
outros. Esse ato colocou em
sérias dificuldades algumas
tipografias para a publicação de
jornais.
Página 9
Edição nº 672
O Paiz
Rio de Janeiro
15 de abril de 1890.
Ano VI Edição nº 2.016
Capa
Avulsos
Campos, 14.
Mil e quatrocentos trabalhadores
do prolongamento da estrada de
ferro de Araruama, em greve,
reclamam os seus salários
vencidos. A empresa L. Simonet
& C. não tem aqui representante.
A ordem pública não foi alterada.
- Luiz Joaquim de Carvalho
O Paiz
Rio de Janeiro
18 de abril de 1890.
Ano VI Edição nº 2.019
Capa
A Suposta greve na saúde
Só ontem, em audiência que
tivemos com os carpinteiros
navais da Saúde, ficamos sabendo
os motivos que originaram a
reclamação, e não greve,
verificada há dias ali.
Historiemos os fatos:
O salário que há muitos anos
vencem os desprotegidos
operários carpinteiros navais é de
5$. À primeira vista parece ser
ordenado regular em relação aos
demais operários; mas sendo
grande o capital que os
carpinteiros navais empregam em
ferramentas – este salário é
insuficiente. Devemos
acrescentar que os carpinteiros
navais tem diariamente prejuízo,
deixando, no exercício de sua
profissão cair ao mar os
instrumentos de que usam, cujo
custo é sempre de 1$ para cima.
 1 de dezembro de 2021
Ultimamente, porém,
entenderam os operários de
construção naval pedir o
aumento de 20%
proporcionalmente aos
ordenados de cada uma das
diferentes classes.
Mandaram um oficio aos donos
dos estaleiros, pedindo o
aumento que julgavam justo: tal
oficio não teve resposta, segundo
nos consta. Em vista da pouca
falta de consideração, os
operários combinaram entre si
não trabalharem e nem sequer
impediram aos que não foram
consultados previamente. Os
mestres, ou antes, proprietários
dos estaleiros, vendo-se sem
pessoal, vingaram-se,
desacreditando os seus
empregados, pedindo a polícia
uma grande força de cavalaria
para manter a ordem pública,
supondo-se ela perturbada pelos
pacíficos operários.
Enquanto obstinadamente os
Senhores proprietários dos
estaleiros negavam-se conceder
uma ninharia aos seus leais
servidores, faziam um pacto,
assinado, segundo dizem-nos, no
notário público, multando em
um conto de réis aquele de seus
colegas que cedesse ao justo
pedido dos operários
reclamantes.
Se os mestres, proprietários de
estaleiros navais, tem tanto
dinheiro para multarem uns aos
outros em contos de réis, qual o
motivo por que não concedem
aos seus operários uma coisa tão
diminuta? A causa dos operários
navais é justa e, se não fosse, nós,
que só temos por divisa a justiça,
não a defenderíamos. Antes de
terminarmos, não deixaremos de
assinalar a irregularidade com
que procedem os Senhores
mestres e proprietários de
estaleiros, pedindo numeroso
aparato bélico à polícia,
inquietando a ordem pública e
alarmando os espíritos, fazendo a
imprensa dar ao fato cores
horrorosas.
Boletim Operário
É preciso acabar-se com o
costume de se desacreditar os
operários, mandando-se
numerosa força para os lugares
onde há apenas uma reclamação
promovida por operários. Esta é
a realidade do fato, e que os
Senhores Mestres navais não
ousarão vantajosamente
contestar.
(Do Echo Popular, 15 de abril.)
O Estado de S. Paulo
São Paulo
4 de junho de 1890.
Ano Edição nº
Capa
Greve
Os carreteiros de Campos
declararam-se anteontem em
greve em consequência de haver
a intendência municipal criado o
imposto de 2$000, obrigando-os
a trazer uma chapa suspensa ao
peito. O comércio ficou sem
meios de transporte.
Página 10
Edição nº 672
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
4 de junho de 1890.
Ano XVI Edição nº 155
Capa
Greve de Carroceiros
Campos, 3 (10-25’)
Continua a greve dos carroceiros.
A intendência não revoga a
postura que estabeleceu e que
provocou a greve. Consta terem
sido presos três carroceiros. A
população pobre reclama contra
a falta d’água, que era fornecida
pelas carroças.
-11-5’
Não foram presos os carroceiros,
como se propalou. Consta que
alguns querem trabalhar, mas são
impedidos pela maioria dos
grevistas. A polícia procura os
amotinadores. A Companhia de
bonds estabeleceu carros para as
cargas.
-12–40’
A intendência mandou a
companhia franquear as bicas
d’água à população.
(Gazeta de Notícias)
Diário de Notícias
Rio de Janeiro
4 de junho de 1890.
Ano VIII Edição nº 1.805
Capa
Greve em Campos
Telegrama
Campos, 3.
Continua a greve dos carroceiros,
tendo a intendência municipal
resolvido não revogar o ato
contra o qual assim protestavam.
Os grevistas percorreram as ruas
em boa ordem.
- Por determinação da
intendência foram franqueadas
ao uso público as bicas d’água
d’esta cidade.
(C. T. da Imprensa).