Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
| | 257 |
Resumo
O artigo realiza uma discussão teórica acerca da inovação, sob a ótica da
Nova Economia Institucional (NEI) e da Gestão da Cadeia de Suprimento (GCS).
Levantamos uma importante e atual discussão sobre o papel da inovação nas ca-
deias de suprimento e evidenciam-se alguns pontos frágeis da NEI. Questionamos
como a inovação pode ser relacionada aos principais conceitos referentes à NEI e
à GCS? Tomamos como base o conceito de inovação trabalhado pela Abordagem
Evolucionista. A aproximação dos elementos dessa teoria vinculados à inovação, à
SCM e aos elementos fundamentais da NEI possibilita sublinhar o importante papel
das instituições não só para a NEI e para a GCS, mas também para a Abordagem
Evolucionista. As instituições, além de contribuírem para a coordenação das ações
dos membros da cadeia, impactando diretamente sua estrutura e seu desempenho
nas transações que ocorrem entre eles, afetam a capacidade da cadeia ou da firma
gerar inovações. Ressaltamos que questões tratadas aqui são de natureza essencial-
mente teórica, sem elaborar qualquer consideração empírica.
* Doutora em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Profa. na UNIOESTE
E-mail: manoelasantospoa@gmail.com
** Doutor em Economia Aplica pela ESALQ/USP; Prof. na UNIOESTE; Pós-Doc em Economia pela Fundação
Getúlio Vargas.
E-mail: peryshikida@hotmail.com
*** Doutor em Planejamento Urbano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Prof. na UNIOESTE.
E-mail: stamm_br@yahoo.com.br
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| 258 | | Manoela S. dos Santos, Cristiano Stamm e Pery Francisco A. Shikida |
Abstract
Innovation, economics of transaction costs and supply chain
management: a theoretical discussion
The aim of this article is a theoretical discussion about innovation from the
perspective of New Economic Institution – NEI and Supply Chain Management
-SCM. By addressing those issues raises a major and current discussion about
innovation role in supply chains and emphasizes some weakness in NEI theory.
Thereby, the question that arises is: how innovation can be related to NEI and
SCM major concepts? The article is build on the concept of innovation worked
in the Evolutionary Approach, the approximation of the elements related to in-
novation in this theory with SCM and the fundamentals elements of NEI, allowed
highlighting the important role of institutions, not only to SCM, but also for the
Evolutionary Approach. Since the institutions contribute to the coordination of
chain members’ actions, impacting directly on its structure and performance and
affecting the chain ability, or firms ability, to generate innovations. Is important
to emphasize that the questions treated here are essentially theoretical, not having
the purpose of developing any empirical consideration.
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| Inovação, economia dos custos de transação e gestão da cadeia... | | 259 |
1 Introdução
O objetivo deste artigo é realizar uma discussão teórica sobre inovação da
perspectiva da Nova Economia Institucional (NEI) e da Gestão da Cadeia de Supri-
mento (GCS, tradução para Supply Chain Management – SCM). Uma das críticas
à abordagem da NEI é que ela enfoca preferencialmente as questões de custo em
detrimento de outros aspectos relevantes para a criação de valor, como inovação.
Já a GCS se caracteriza pelo efeito ativo e retroativo do trabalho nos canais de
suprimento de todos os participantes da cadeia de valor, por meio da integração
de seus processos de negócios, sempre objetivando agregar valor ao produto final.
Considerando isso, como a inovação pode ser relacionada aos principais conceitos
referentes à NEI e à GCS? Essa é a questão que baliza este artigo.
Apesar de contribuir para a análise organizacional, a Nova Economia Ins-
titucional, especialmente a Teoria dos Custos de Transação (TCT), em sua linha
básica da “facção micro”, recebe críticas de vários autores. Barney e Hesterly (2004)
destacam três críticas importantes direcionadas à TCT: (i) foco na minimização
de custos, como algo imprescindível para as organizações, pondo as estratégias
em segundo plano; (ii) atenuação dos custos de organização, desconsiderando
que, muitas vezes, as longas e custosas negociações tendem a ser difíceis dentro da
firma; e (iii) negligência do papel das relações sociais nas transações econômicas,
não as considerando como fortes elementos condicionantes e contingenciais das
organizações.
Pessali e Fernández (2001) contribuem para a crítica da TCT por meio de
considerações levantadas por autores da Abordagem Evolucionista. Aos olhos
dos evolucionistas, falta à TCT superar o seu caráter estático, uma vez que é
necessária uma atenção cada vez maior à eficiência dinâmica, às competências
para explorar relações transacionais com vistas a inovar. Para eles, não é suficiente
observar apenas a escolha de uma determinada forma organizacional dentre as
diferentes alternativas (comprar no mercado ou hierarquizar) disponíveis para
realizar uma determinada transação ou focar-se somente na análise da transação
(seus atributos e os pressupostos comportamentais). E isso é insuficiente pelo
fato de que as opções dos agentes envolvidos na transação são ponderadas de
forma dinâmica, não sendo possibilidades dadas, mas, sim, alternativas desco-
bertas, avaliadas e inventadas no bojo de um processo de inovação. Sob o olhar
dinâmico para inovar, é necessário compreender o desenvolvimento e a aquisição
do conhecimento, as preferências, o significado e o papel das interações dos
agentes transacionantes.
Nesse sentido, é preciso que se inclua um aspecto dinâmico à TCT para
que, por conseguinte, se passe a analisar o processo de aprendizagem que leva à
inovação (PESSALI; FERNÁNDEZ, 2001). Portanto, devem ser considerados
tanto os aspectos relacionados ao grau de especificidade do ativo e da incerteza
comportamental quanto aqueles que estão ligados à aprendizagem.
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| 260 | | Manoela S. dos Santos, Cristiano Stamm e Pery Francisco A. Shikida |
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| 262 | | Manoela S. dos Santos, Cristiano Stamm e Pery Francisco A. Shikida |
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| Inovação, economia dos custos de transação e gestão da cadeia... | | 263 |
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| 264 | | Manoela S. dos Santos, Cristiano Stamm e Pery Francisco A. Shikida |
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| Inovação, economia dos custos de transação e gestão da cadeia... | | 265 |
Technological change and institutional change are the basic keys to societal and eco-
nomic evolution and both exhibit the characteristics of path dependence. Can a single
model account for both technological and institutional change? They do have much in
common. Increasing returns is an essential ingredient to both (NORTH, 1990, p.103).
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| 266 | | Manoela S. dos Santos, Cristiano Stamm e Pery Francisco A. Shikida |
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| Inovação, economia dos custos de transação e gestão da cadeia... | | 267 |
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| 268 | | Manoela S. dos Santos, Cristiano Stamm e Pery Francisco A. Shikida |
4 Considerações finais
O objetivo deste artigo foi realizar uma discussão teórica sobre a aplicação
da inovação sob a ótica da NEI e da GCS, tendo em vista o seguinte questiona-
mento: como a inovação pode ser relacionada aos principais conceitos referentes
à NEI e à GCS?
A questão proposta traz à tona um importante e atual debate acerca do papel
da inovação nas cadeias de suprimento e evidencia alguns pontos frágeis da NEI. A
Abordagem Evolucionista se mostra adequada a ser trabalhada em conjunto com
a GCS pelo seu caráter dinâmico e pelo enfoque dado ao processo inovativo e às
trajetórias. Isso evidencia a importância de analisar a inovação sob uma perspectiva
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| Inovação, economia dos custos de transação e gestão da cadeia... | | 269 |
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| 270 | | Manoela S. dos Santos, Cristiano Stamm e Pery Francisco A. Shikida |
Notas
1. Arrow (1962), Rosenberg (1982), Lundvall (1988) e Martins (2004) apresentam conceituações mais detalhadas
para learning-by-doing, learning-by-using, learning-by-interacting e learning-by-searching.
Referências
ARROW, K. The economic implications of learning by doing. Review of Economic Studies, Bristol, Inglaterra,
vo. 29, no. 3, p. 155-173, 1962.
BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. Economia das organizações: entendendo a relação entre as organizações e a análise
econômica. In: CLEGG, S. R.; HARDY, C; NORD, W. R. (Org.). Handbook de estudos organizacionais: ações e
análise organizacional. São Paulo: Atlas, 2004. v. 3.
CORAZZA, R. I.; FRACALANZA, P. S. Caminhos do pensamento neo-schumpeteriano: para além das analogias
biológicas. Nova Economia, Belo Horizonte, MG, v.14, n. 2, p. 127-155, 2004.
DAVID, P. Clio and the economics of QWERTY. American Economic Review Papers and Proceedings, Princeton,
New Jersey, vo. 75, no. 2, p. 332-337, may 1985.
DOSI, G. Sources, procedures and microeconomic effects of innovation. Journal of Economic Literature,
Nashville, Tenn., vo. 26, no. 3, p.1120-1171, 1998.
DOSI, G. Technological paradigms and technological trajectories: a suggested interpretation of determinants and
directions of technical change. Research Policy, Amsterdam, NL, vo.11, no.3, p. 147-162, 1982.
DOSI, G. The research on innovation diffusion: an assessment. In: Nakicnovic, N; Grübler, A. (Ed.). Diffusion
of technologies and social behavior. Berlim: Springer-Verlag, 1991. p.179-208.
KLINE, S; ROSENBERG, N., An Overview of innovation. In: Landau, R; Rosenberg, N. (Ed.). The positive sum
strategy. Washington, DC: National Academy of Press, 1986.
LAMBERT, D. M.; COOPER, M. C. Issues in supply chain management. The International Journal of Logistics
Management, Flórida, vo. 29, p. 65-83, 2000.
LUNDVALL, B. A. Innovation as an interactive process: from user producer interaction to the national system of
innovation. In: DOSI, G. et al. (Ed.). Technical change and economic theory. London: Pinter Plublishers, 1988.
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556
| Inovação, economia dos custos de transação e gestão da cadeia... | | 271 |
MENTZER, J. T.; DEWITT, W.; KEEBLER, J. S.; MIN, S.; NIX, N. W.; SMITH, C. D.; ZACHARIA, Z. Defining supply
chain management. Journal of Business Logistics, Oak Brook, v. 22, n. 2, p. 1-25, 2001.
NELSON, R.; WINTER, S. An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press,
1982.
NORTH, D. C. Institutions, institutional change and economic performance. Cambridge: Cambridge University
Press, 1990.
NORTH, D. C. Institutions. Journal of Economic Perspectives, Nashville, Tenn., vo. 5, no. 1, p. 97-112, 1991.
OMTA, O. Management of innovation in chain and network. In: CAMPS, T.; DIEDEREN, P.; HOFSTED, G.J.; VOS, B
(Ed.). Chain and Network: bridging theory and practice. Reino Unido: Reed Business Information, 2004. cap. 3.
PENG, D. X; SCHROEDER, R. G; SHAH, R. Linking routines to operations capabilities: a new perspective. Journal
of Operations Management, Amsterdan, NL, vo. 26, p.730-748, 2008.
PESSALI, H. F.; FERNÁNDEZ, R. G. Teoria dos custos de transação e abordagens evolucioninstas: análise de um
programa de pesquisa pluralista. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 99-116, abr./jun. 2001.
PONDÉ, J. L. Coordenação e aprendizado: elementos para uma teoria das inovações institucionais nas firmas e
nos mercados. 1993. Dissertação (Mestrado em Economia) – Instituto de Economia, Universidade de campinas,
Campinas, SP, 1993.
POSSAS, M. Concorrência e competitividade: notas sobre estratégia e dinâmica seletiva na economia capitalista.
São Paulo: Hucitec, 1999.
ROSENBERG, N. Inside the black box: technology and economics. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.
SCHUMPETER, J. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro
e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
Shikida, P. F. A.; AZEVEDO, P. F. de; PEROSA, B. B.; Serigati, F. C. Álcool combustível no Brasil e path dependence.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 48., Campo Grande, MS,
2010. Anais... Campo Grande: SOBER/UFMS-UCDB, 2010.
TEECE, D. J.; PISANO, G. The dynamic capabilities of firms: an introduction. In: DOSI, G. et al. Technology, organi-
zation, and competitiveness: perspectives on industrial and corporate change. Oxford: Oxford Univerty Press, 1998.
WILLIAMSON, O. E. The economic institutions of capitalism: firms, markets, relational contracting. New York:
The Free Press, 1985.
Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2014, p. 257 a 272. ISSN 2358-4556