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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE XXXXXX - ESTADO

PEDE-SE PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO


FATOR ETÁRIO - (art. 1.048, inc. I do CPC)

FULANO DE TAL, viúva, aposentada, residente e


domiciliado na Rua Zyz, nº. 000, em João Pessoa (PB) – CEP .55.444-333, inscrito no
CPF(MF) sob o nº. 001.002.003-45, com endereço eletrônico email@mail.com.br, ora
intermediado por seu patrono ao final firmado – instrumento procuratório acostado –,
esse com endereço eletrônico e profissional inserto na referida procuração, o qual, em
obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para
as intimações que se fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de
Vossa Excelência, com suporte nono art. 776 do Código Civil Brasileiro, ajuizar a
presente

AÇÃO DE COBRANÇA

contra XISTA SEGURADORA DO BRASIL S/A, pessoa jurídica de direito privado,


com sua sede situada na Av. Flores, nº. 0000 – São Paulo (SP), inscrita no CNPJ(MF)
sob o nº. 55.444.666/0001-77, com endereço eletrônico xista@xista.com.br, em razão
das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

INTROITO

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)


A parte Autora não tem condições de arcar com as
despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para
pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.

Destarte, a Demandante ora formula pleito de gratuidade da


justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105,
in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento
procuratório acostado.

( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

A Promovente opta pela realização de audiência


conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por
carta (CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para essa
finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º).

( c ) Prioridade na tramitação do processo (CPC, art. 1.048, inc. I)

A Autora, em face do que dispõe o Código de Processo


Civil, assevera que é nascida em janeiro do ano de 1946 – documento comprobatório
anexo --, fazendo jus, portanto, à prioridade na tramitação do presente processo,
o que de logo assim o requer. (doc. 01)

I. DOS FATOS

A Autora fora casada com o falecido/segurado Diógenes das Quantas, o qual veio a
falecer no dia de 00/11/2222, vítima de parada cárdio-respiratória, conforme atestado
de óbito que ora colacionamos. (doc. 01)

O de cujus contratara com a Ré seguro de vida por meio da


apólice nº.s 556677, a qual previa o pagamento, em caso de morte natural, da quantia
de R$ 000.000,00 ( .x.x.x ). Tem como beneficiária a ora Promovente. (doc. 02)
Entrementes, a Autora, ao requerer o valor correspondente
à apólice de seguro, teve sua pretensão recusada pela Ré. Utilizou-se do pífio
argumento de que a doença que vitimou o segurado era pré-existente à
contratação da avença. Na espécie, afirmou-se que o falecido já era portador de asma
brônquica – quadro clínico existente antes, pois, da contratação. Portanto, segundo
ainda as palavras da Ré, o falecido agira de má-fé, pois não revelou esse fato ao
contratar o seguro, o que provocou, em verdade, sua morte.

Entendeu, assim, que a recusa em debate era legal,


porquanto arrimada nas disposições contidas nos artigos 765 e 766 da Legislação
Substantiva Civil.

II. DO MÉRITO

Antes de tudo, revela-se como absurdamente inverídica a


firmação contida na exordial de que já o falecido era portador de bronquite asmática
antes da contratação do seguro.

Além disso, caberia à Seguradora, quando da contratação,


produzir os devidos exames. Dispensando a seguradora o devido e prévio exame
médico, há que se crer na palavra do segurado (ou seus sucessores). Desse modo,
caberá àquela provar a má-fé desses. Em caso de dúvida, pois, resolve-se em favor
do segurado.

Com esse enfoque é altamente ilustrativo transcrever os


seguintes arestos:

SEGURO DE VIDA. RECUSA DA SEGURADORA FUNDADA EM OMISSÃO


DE DOENÇA PRÉ-EXISTENTE.
Inexistência de prova da ciência do segurado sobre o mal e sua gravidade. Não
comprovada a má-fé do segurado. Recurso desprovido. (TJSP; APL 4013393-
27.2013.8.26.0564; Ac. 9178640; São Bernardo do Campo; Trigésima Sexta
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Pedro Baccarat; Julg. 18/02/2016; DJESP
26/02/2016)

APELAÇÃO CÍVEL.
Ação de cobrança. Contrato de seguro de vida. Negativa de pagamento.
Alegação de doença pré-existente. Segurado idoso. Declaração pessoal de
saúde ilegível. Má-fé do segurado não configurada. Cobertura securitária
devida. Juros de mora. Termo inicial. Data da negativa de pagamento na via
administrativa. Sentença mantida. Recurso desprovido. 1. Considerando que a
má-fé não se presume, competia à seguradora demonstrar, de forma cabal e
inconcussa, que o segurado teria omitido doença, com a precípua e tribunal de
justiça2 direta finalidade de obter a aceitação do contrato de seguro, ônus do
qual não se desincumbiu, assumindo o risco de firmar o pacto com o segurado,
idoso, sem exigência de exames prévios admissionais, com base em
questionário unilateral e lacunoso e, portanto, inservível para atestar o real
estado de saúde deste, sobretudo diante das peculiaridades do caso. Assim,
não comprovada a má-fé, o contrato é válido, e obriga a seguradora a efetuar o
pagamento da indenização contratada. 2. É pacífico o entendimento nesta
Câmara Cível que os juros de mora devem incidir a partir da data em que a
seguradora deveria ter efetuado o pagamento da indenização, ou seja, no prazo
de trinta das do aviso do sinistro, ou na ausência de prova da data da
comunicação, desde a recusa da seguradora em efetuar o pagamento da
indenização. (TJPR; ApCiv 1432055-1; Assis Chateaubriand; Décima Câmara
Cível; Rel. Des. Luiz Lopes; Julg. 17/12/2015; DJPR 18/02/2016; Pág. 213)

APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DE VIDA.


NEGATIVA DE COBERTURA. DOENÇA PREEXISTENTE. MÁ-FÉ NÃO
DEMONSTRADA. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO.
Trata-se de apelação interposta contra a sentença de improcedência exarada
em ação de cobrança de seguro de vida que discute negativa de pagamento da
indenização securitária em razão de doença preexistente à contratação. Aplica-
se ao caso em apreço as regras do Código de Defesa do Consumidor, razão
pela qual era ônus da seguradora comprovar a existência da doença pré-
existente e a má-fé do segurado no momento da confecção do contrato. In casu,
não se olvida do extenso histórico médico do segurado acerca da cardiopatia
grave que lhe acomete e acarretou a aposentadoria por invalidez permanente,
conforme prova documental e pericial produzida no feito, cujo conteúdo
evidencia a preexistência à celebração do contrato. Contudo, a seguradora não
demonstrou que o segurado tenha sido instado acerca do seu estado de saúde
por ocasião da realização da avença, deixando de tomar as devidas precauções
para assegurar-se da inexistência de doença preexistente na via administrativa,
seja através de realização de exames médicos prévios, seja através do mero
preenchimento de questionário acerca da saúde do segurado, como é de praxe
em contratos da espécie. Má-fé não demonstrada no caso concreto. Cobertura
devida. Ação julgada procedente. Ônus sucumbenciais invertidos. Apelação
provida. (TJRS; AC 0390201-04.2013.8.21.7000; Pelotas; Sexta Câmara Cível;
Rel. Des. Sylvio José Costa da Silva Tavares; Julg. 25/02/2016; DJERS
04/03/2016)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DE VIDA.


Negativa securitária em face da alegação de doença pré-existente. Exame
prévio não exigido no momento da contratação. Presunção de boa-fé do
segurado. Risco assumido pela seguradora. Cobertura devida. Recurso
desprovido. É ônus processual da seguradora fazer a prova inversa (fato
desconstitutivo do direito do autor) atinente à circunstância de que o segurado já
era, no momento da contratação do seguro, portador da doença que ocasionou
a sua morte. Ademais, presume-se a boa-fé do segurado ao preencher e
assinar o questionário acerca do seu estado de saúde, dentre outras
informações prestadas nessa seara, cabendo à seguradora, pois, a realização
de exames prévios de saúde. Assim, não há falar em exclusão de
responsabilidade contratual se a seguradora não prova que o segurado
realmente estava acometido de alguma moléstia grave e que tinha
conhecimento de tal fato ao tempo da assinatura da proposta securitária. (TJSC;
AC 2014.059755-1; Laguna; Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Joel Dias
Figueira Júnior; Julg. 25/02/2016; DJSC 04/03/2016; Pág. 186)
De outro bordo, fundamentou a Ré sua recusa no que rege
o art. 766 do Código Civil.

Art. 766 - Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações


inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou
na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio
vencido.

Entretanto, ínclito Magistrado, em se tratando de seguro de


vida, não basta a mera alegação do segurador da pré-existência de estado de saúdo
omitido na contratação.

Com esse enfoque:

"O segurado, em se tratando de seguro de vida, deve, regra geral, esclarecer a


idade, a profissão, o estado de saúde. Qualquer informação falsa ou errada,
qualquer omissão ou reticência, da parte do segurado, dará motivo à nulidade
do contrato, pelas razões já conhecidas.

Mas, evidentemente, quando o segurador por esse fundamento recusa pagar o


seguro, claro que lhe cabe provar:

a) não só que o segurado no momento da celebração do contrato já sofria da


moléstia de que veio a falecer;

b) como ainda que ela a conhecia e que efetivamente a dissimulou.

[...]

Todos são concordes em que a reticência não dolosa somente vicia o contrato
quando é de natureza a modificar a opinião sobre o risco ou a mudar o seu
objeto.

Daí estas conseqüências, geralmente admitidas:

a) se o segurado deixa de declarar, de boa-fé, ter sofrido anteriormente de


moléstia de qualquer natureza, essa omissão não prejudicará a validade do
seguro, se de acordo com a opinião dos médicos podia ele considerar-se
inteiramente curado;

b) se a moléstia omitida não tenha tido nenhuma influência sobre a morte do


segurado" (SANTOS, J. M. Carvalho. Código Civil brasileiro Interpretado. 8ª Ed.
Freitas Bastos, v. XIX, p. 300-301).

Na realidade, o falecido agiu na mais completa boa-fé,


sequer existindo a doença asmática antes da contratação. E mais, se assim ainda
fosse verdade, nem de longe teria qualquer relação com a morte do segurado.

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

É inescusável que a hipótese em estudo revela uma relação


de consumo.

Em conta disso, a inversão do ônus da prova se faz


necessária, vez que se trata de inversão é “ope legis” e resulta do quanto contido no
Código de Defesa do Consumidor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
[...]
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando
provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.


À Ré, portanto, caberá, face à inversão do ônus da prova,
evidenciar se houvera má-fé do de cujus no ato da contratação.

A tal respeito trazemos à baila as seguintes notas


jurisprudenciais:

AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Ação de cobrança, cumulada com cominatória e indenização em perdas e
danos. Deferimento da produção de prova pericial, requerida exclusivamente
pela seguradora. Pedido de julgamento antecipado da lide pela segurada. Livre
convencimento do julgador, destinatário da prova. Artigo 130 do código de
processo civil. Prova pericial indireta que se mostra pertinente ao deslinde da
controvérsia. Alegação de doença pré-existente. Aplicação do Código de Defesa
do Consumidor na espécie e inversão dos ônus probatórios. Artigo 3º, § 2º do
código de defesa do consumidor. Inocuidade da inversão. Aplicação das regras
dos artigos 33 e 333 do código de processo civil. Recurso conhecido e
parcialmente provido. (TJPR; Ag Instr 1348042-9; Ivaiporã; Décima Câmara
Cível; Relª Juíza Conv. Elizabeth de F N C de Passos; Julg. 23/07/2015; DJPR
18/08/2015; Pág. 273)

Na verdade, a Ré chama pra si causa impeditiva do direito


do Autor. Desse modo, trata-se da aplicação do ônus ordinário da prova, conforme a
regra do art. 373, II, do CPC.

Em arremate, temos que se a seguradora, ora Ré, não


exigiu a realização de prévio exame médico antes da contratação, chamou para si a
responsabilidade os riscos do negócio firmado, devendo indenizar a Autora com o
pagamento do valor da apólice devidamente corrigida.

III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Em arremate, requer a Autora que Vossa Excelência se digne de


tomar as seguintes providências:
3.1. Requerimentos

a) A parte Promovente opta pela realização de audiência conciliatória


(CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta
(CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para essa
finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º);

b) requer, ademais, seja deferida a inversão do ônus da prova, maiormente


quando a hipótese em estudo é abrangida pelo CDC, bem assim a
concessão dos benefícios da Justiça Gratuita e prioridade na tramitação
do processo.

3.2. Pedidos

a) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES todos os pedidos


formulados nesta demanda, condenando a Ré a pagar o valor
correspondente na Apólice de Seguro n°. 0000 e, além disso:

( iv ) pleiteia a condenação da Ré a pagar o valor de R$ 00.000,00 (


.x.x.x ), correspondente à morte natural prevista na apólice em
espécie (cláusula 25), contado da data da recusa;

( iv ) solicita que seja definida, por sentença, a extensão da


obrigação condenatória, o índice de correção monetária e seu termo
inicial, os juros moratórios e seu prazo inicial (CPC, art. 491, caput);

Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre dívida por


ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento


danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.
b) por fim, seja a Ré condenada em custas e honorários advocatícios,
esses arbitrados em 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação
(CPC, art. 82, § 2º, art. 85 c/c art. 322, § 1º), além de outras eventuais
despesas no processo (CPC, art. 84).

Com a inversão do ônus da prova, face à hipossuficiência


técnica do Autor frente à Requerida (CDC, art. 6º, inciso VIII), protesta e requer a
produção de provas admissíveis à espécie, em especial a oitiva do representante legal
da requerida e de testemunhas, bem como perícia, se o caso assim o requerer.

Dá-se à causa o valor do total da pretensão condenatória,


ou seja, a quantia de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ). (CPC, art. 292, inc. V)

Respeitosamente, pede deferimento.

Local e Data.

Advogado

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