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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II
EDIFICAÇÕES
PROFESSOR
RODOLFO GONÇALVES OLIVEIRA DA SILVA
Edição
2013
Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG
Prof. Rodolfo G. Oliveira da Silva 1
Materiais de Construção II
Curso Técnico de Edificações
Campus Congonhas
Esta apostila é uma compilação de textos selecionados de vários autores, apresentando algumas partes
elaboradas pelo próprio autor, além de complementações e atualizações efetuadas a partir de diversas
bibliografias. Ela tem como objetivo auxiliar o aluno no processo de construção do conhecimento
relativo aos Materiais de Construção.
E-mail: rodolfo.goncalves@ifmg.edu.br
SUMÁRIO
1. AGLOMERANTES ....................................................................................................................... 6
1.1 Classificação ................................................................................................................................. 6
1.1.1 Aglomerantes betuminosos ..................................................................................................... 7
1.1.2 Aglomerantes inertes .............................................................................................................. 7
1.1.3 Aglomerantes ativos ............................................................................................................... 7
1.2 Cal aérea ........................................................................................................................................ 8
1.2.1 Obtenção................................................................................................................................. 8
1.2.2 Classificação ........................................................................................................................ 12
1.3 Gesso ........................................................................................................................................... 14
1.3.1 Obtenção do gesso ................................................................................................................ 14
1.3.2 Características...................................................................................................................... 15
1.3.3 Utilização do gesso ............................................................................................................... 15
1.4 Cimento Portland ........................................................................................................................ 15
1.4.1 Histórico ............................................................................................................................... 16
1.4.2 Fabricação............................................................................................................................ 17
1.4.3 Adições.................................................................................................................................. 18
1.4.4 Propriedades físicas e mecânicas ......................................................................................... 19
1.4.5 Tipos de cimento ................................................................................................................... 24
1.4.6 Cuidados com o cimento....................................................................................................... 26
2. AGREGADOS ........................................................................................................................... 28
2.1 Introdução ................................................................................................................................... 28
2.2 Classificação tecnológica ............................................................................................................ 28
2.2.1 Quanto à origem ................................................................................................................... 29
2.2.2 Quanto à sua gênese ............................................................................................................. 29
2.2.3 Quanto massa unitária ......................................................................................................... 30
2.2.4 Quanto a dimensão dos grãos .............................................................................................. 31
2.3 Propriedades dos agregados ........................................................................................................ 31
2.3.1 Composição granulométrica ................................................................................................ 32
2.3.2 Forma e textura superficial .................................................................................................. 35
2.3.3 Umidade e absorção ............................................................................................................. 36
2.3.4 Substâncias nocivas aos agregados...................................................................................... 38
1. AGLOMERANTES
1.1 Classificação
São aglomerantes que endurecem através de reações químicas, o que possibilita atingir
níveis mais elevados de resistência e de estabilidade física. Em decorrência disso, os
aglomerantes ativos apresentam maior interesse e tem grande campo de aplicação na
construção civil. São exemplos importantes os cimentos, os gessos e as cales.
Define-se cal aérea como o produto obtido a partir da queima de rochas calcárias, a
temperaturas que podem variar de 850ºC a 1.100ºC. É um dos aglomerantes mais difundidos,
largamente empregado desde a antiguidade, na construção civil, por gregos e romanos.
Atualmente seu principal uso, nas construções, está na produção de argamassas para
revestimento e assentamento, embora a cal também possa ser usada na estabilização de solos.
1.2.1 Obtenção
Calcinação
Figura 1.2 – Esquema típico da produção de cal virgem em forno horizontal giratório
Hidratação ou Extinção
O processo de adicionar água (H2O) à cal virgem desencadeia uma reação química
altamente exotérmica onde o óxido de cálcio (CaO) se transforma em hidróxido de cálcio
(CaOH2), reação denominada de hidratação ou extinção da cal. A Figura 1.3 apresenta um
modelo típico de produção da cal hidratada.
Carbonatação
1.2.2 Classificação
As cales podem ser classificadas segundo o teor de magnésio e de cálcio, bem como
quanto ao seu rendimento.Quanto ao teor de magnésio e de cálcio podem ser:
Calcíticas: teor em massa de CaO maior ou igual a 75%. As cales cálcicas têm
endurecimento mais rápido que as magnezianas, hidratam-se em geral mais rapidamente,
produzindo entretanto, maior quantidade de calor, com maior rendimento volumétrico.
São estas cales que normalmente encontramos no mercado das construções.
Magnesianas ou dolomíticas: teor em massa de MgO maior ou igual a 20%. São mais
indicadas para aplicações agrícolas.
Em qualquer caso, espera-se que a soma dos teores de CaO e de MgO seja maior ou
igual a 95% em massa.
A classificação quanto ao rendimento podem ser:
Magras: pasta terrosa e não homogênea. Produz menor volume de pasta, mais seca e
menos expansiva.
Gordas: consistência mais plástica, homogênea e untuosa. Possui maior volume de pasta
e é mais expansiva.
As cales também podem ser classificadas conforme as normas técnicas (Tabela 1.1)
em três tipos: CH-I (cal hidratada especial), CH-II (cal hidratada comum) e CH-III (cal
hidratada comum com carbonatos).
Exigências químicas:
A presença de anidro carbônico (CO2) indica o material que não foi calcinado
devidamente. Também pode apontar más condições de armazenamento, uma vez qua a cal
pode ter se recarbonatada no próprio depósito.
A presença de óxido não hidratada significa que após a hidratação da cal virgem ainda
existem no produto partículas de CO e MgO que poderão se hidratar posteriormente, levando
a um aumento de volume, favorecendo a possibilidade de danos no revestimento, com
prejuízos estéticos e econômicos.
Exigências físicas:
A finura da cal afeta diretamente a plasticidade e a retenção de água das pastas e
argamassas. Quanto mais acentuada a finura, maiores serão as potencialidades das argamassas
em termos de trabalhabilidade.
A capacidade de incorporação de areia reflete a quantidade máxima desse material que
pode ser misturada com a cal sem prejudicar as condições de trabalho da mistura resultante.
Cales com maior capacidade de incorporação de areia resultam mais econômicas.
A partir destas considerações, conclui-se que a cal CH-I é superior à CH-II, que por
sua vez é superior à CH-III.
1.3 Gesso
Aquecendo-se até 200 ºC, obtém-se o gesso anidro, ou seja, elimina-se a água
fortemente. O mais usado na construção civil é o gesso de Paris, pois origina, após
combinação com água, um produto de alta dureza e resistência. Por outro lado, o gesso anidro
necessita de aceleradores de pega (sulfato de potássio ou de zinco), para endurecer. Ao ser
misturado com água, o gesso de Paris torna-se plástico e endurece rapidamente, recompondo
o sulfato de cálcio diidratado original.
Assim:
1.3.2 Características
cimento foi obtido pela queima parcial (sintetização) de uma mistura de calcário e argila, isto
é, de óxidos de cálcio (CaO), de silício (SiO2) e, em menores proporções, de alumínio (Al2O3)
e de ferro (Fe2O3), em temperatura elevada. Essa é a base do processo de fabricação
empregado ainda hoje. Durante a queima, essas matérias-primas se combinam e produzem o
clínquer, moído posteriormente até se transformar em pó.
1.4.1 Histórico
(a) (b)
Figura 1.4 - a: Farol de Eddystone (Inglaterra); b: Joseph Aspdin
1.4.2 Fabricação
1.4.3 Adições
PEGA
É um fenômeno físico-químico que identifica as reações químicas e o consequente
endurecimento do aglomerante ao entrar em contato com a água (Figura 1.6). A pega é
dividida em duas partes (início de pega e final de pega). O início de pega se caracteriza pelo
aumento da temperatura e da viscosidade do material. Deve acontecer após um intervalo de
tempo mínimo pré-estabelecido, para possibilitar o amassamento, transporte, lançamento e
adensamento. O fim de pega marca o endurecimento do material, o que permite a aplicação de
pequenas solicitações (como, por exemplo, caminhar sobre a laje recém-concretada). Para os
cimentos de pega normal, o início de pega ocorre por volta de uma hora após a adição de água
de amassamento e o fim de pega, aproximadamente 10 horas após. Existem cimentos ricos em
aluminatos, fabricados sob encomenda, denominados de pega rápida, para os quais o início de
pega é da ordem de 30 minutos. São recomendados para concretagens submersas, em que há
risco de lixiviação.
FINURA
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
FENÔMENO DA HIDRATAÇÃO
reagentes; este fato, somado ao efeito de evaporação da água excedente, acarreta a retração do
material e a sua fissuração. Esses fatores exigem cuidados especiais na cura do cimento, que
devem evitar grandes variações de temperatura, bem como perda de água de hidratação. A
partir de alguns dias, as ligações do gel reforçam-se progressivamente, formando cristais cada
vez mais densos.
ESTABILIDADE VOLUMÉTRICA
MASSA ESPECÍFICA
específica pode ser feita segundo a norma NBR NM 23 (Determinação da massa específica
por meio do frasco Le Chatelier).
CP II - E 25/32/40 94 -56 6 - 34 0 - 10
CP II - Z 25/32/40 94 -76 - 6 - 14 0 - 10
CP II - F 25/32/40 94 -90 - - 6 - 10
CP V - 100 - 95 - - 0-5
Tabela 1.5 – Influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos e suas aplicações (ABCP)
Observações:
Águas agressivas: são águas que agridem quimicamente o concreto, atacando e
desfazendo as ligações químicas conseguidas pelo cimento e, que podem ocasionar a
ruína da estrutura (ex.: águas do mar, águas de esgotos domésticos, águas de dejetos ou
resíduos industriais, etc.). A atuação das águas agressivas podem ocasionar
microfissuração na estrutura proveniente da cristalização dos sais presentes na água que
evapora, quando a estrutura está sujeita à inundação e posterior secagem,
intermitentemente, conduzindo-se a uma destruição progressiva da estrutura de concreto.
umidade do ar, das paredes ou do solo é suficiente para promover a hidratação precoce do
cimento (fenômeno conhecido como aventamento ou aeração), originando a formação de
grumos que alteram as suas propriedades. No caso do cimento empedrar, recomenda-se
peneirá-lo e restringir o seu uso a solicitações pouco intensas (contrapiso, por exemplo).
Cuidados no empilhamento dos sacos (Figura 1.9):
Usar um estrado inferior, para evitar contato com a umidade do solo;
Não encostar os sacos em paredes, pois o desequilíbrio das pilhas pode causar acidentes;
Colocar, no máximo, dez sacos por pilha, para evitar a compactação do material.
2. AGREGADOS
2.1 Introdução
A NBR 9935 (ABNT, 1987) define agregado como o material granular pétreo, sem
forma ou volume definido, a maioria das vezes quimicamente inerte, obtido por fragmentação
natural ou artificial, com dimensões e propriedades adequadas a serem empregados em obras
de engenharia. Os agregados são produzidos a partir de britagem de maciços rochosos (pedra
britada, pó de pedra) ou da exploração de ocorrências de material particulado natural (areia,
seixo rolado ou pedregulho).
A principal aplicação dos agregados é na fabricação de concretos e argamassas onde,
em conjunto com um aglomerante e água, constituem uma rocha artificial, com diversas
utilidades em engenharia de construção, cuja principal aplicação é compor os diversos
elementos estruturais de concreto armado (lajes, vigas, pilares, sapatas, etc). Além do uso em
concreto e argamassas, os agregados apresentam outras aplicações no campo da engenharia,
tais como: base de estradas de rodagem, lastro de vias férreas, elemento filtrante, jateamento
para pintura, paisagismo, etc.
Segundo BAUER (1979), o estudo dos agregados deve ser considerado imprescindível
em um curso de tecnologia do concreto, tendo em vista que de 70 a 80% do volume do
concreto é constituído pelos agregados, bem como é o material menos homogêneo com que se
lida na fabricação do concreto e das argamassas.
A principal aplicação dos agregados, seja a areia ou a pedra, na fabricação do concreto
é de natureza econômica, tendo em vista tratarem-se materiais de baixo custo unitário, inferior
ao do cimento. No entanto, os agregados possibilitam que algumas outras propriedades da
rocha artificial a ser formada apresentem melhor performance, tais como: redução da retração
da pasta de cimento, aumento da resistência ao desgaste, melhor trabalhabilidade e aumento
da resistência ao fogo.
De acordo com o interesse, os agregados para uso em argamassa e concreto podem ser
classificados quanto a sua origem, massa específica ou dimensões dos grãos.
Para conhecer as características dos agregados naturais e britados que constituem mais
de 90% do total dos agregados usados na produção do concreto, é importante entender suas
como a vermiculita, enquanto outros podem ser usados como material drenante ou de
enchimento.
Normais: 1200 kg/m3 < γ < 1800 kg/m3. Por exemplo, areia quartzoza ou brita granítica;
Pesados: γ > 1800 kg/m3. Agregados pesados como a hematita, barita e magnetita, ou
mesmo o aço, têm encontrado aplicações em concretos especiais destinados a isolar
radiações como ondas de raios-X em instalações hospitalares ou usinas nucleares, ou
trabalhando como contrapesos em estruturas móveis de balanço (guindastes).
Figura 2.2 - Conjunto de peneiras sucessivas com as seguintes aberturas discriminadas, que são
estabelecidas na ABNT NBR 7211
econômicas e trabalháveis são as que contêm agregados sem excesso ou sem grande
deficiência de qualquer tamanho de partícula.
A Tabela 2.2 apresenta os limites granulométricos do agregado graúdo preconizados
pela ABNT 7211
de concreto, o que diminui o volume de vazios e, por consequência, os espaços por onde
podem penetrar os agentes agressivos ao concreto na forma de líquidos ou vapores.
Através de uma curva granulométrica é possível, rapidamente, verificar se a
granulometria de uma amostra se enquadra em uma especificação segundo norma, ou se é
muito grossa ou muito fina, ou deficiente em um determinado tamanho de partículas de
agregado, conforme o exemplo da Figura 2.3.
Figura 2.3 – Representação de uma curva granulométrica de uma areia fina e os limites especificados
pela ABNT NBR 7211
Com relação ao comprimento (c), largura (l) e espessura (e), os agregados classificam-
se em alongados, cúbicos, lamelares e discóides, conforme sejam as relações entre as três
dimensões, que definem o coeficiente de forma. São denominados angulosos quando
apresentam arestas vivas e pontas (ex.: pedra britada) ou arredondados quando não
apresentam arestas vivas, como os seixos, conforme mostrado na Figura 2.4.
A forma dos grãos tem efeito importante no que se refere à compacidade, à
trabalhabilidade e ao ângulo de atrito interno. A influência da forma é mais acentuada nos
agregados miúdos. Argamassas de revestimento, por exemplo, se preparadas com areia
artificial, ficam tão rijas que não se podem espalhar com a colher, constituindo o que se
chama de argamassas duras. Os agregados de origem eólica, como aqueles provenientes de
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Mh Ms
h 100% (2.1)
Ms
Onde:
h = teor de umidade (%)
Mh = massa de material úmido
Ms = massa de material seco
A água presente nos agregados e de amassamento possui muita influência na
resistência mecânica e química das estruturas argamassa e concreto. Se faltar água, as reações
químicas com o cimento não se completarão ou restará cimento anidro. Se em excesso, a
evaporação posterior deixará vazios capilares na massa, por onde, futuramente, entrarão
elementos nocivos à estrutura, como água, gás carbônico, gases sulfurosos, que contribuirão
para a destruição da peça.
No estudo das características dos agregados, a absorção e a umidade superficial têm
papel de destaque. A presença de poros internos nas partículas está relacionada com a massa
especifica do agregado e, na verdade, as características desses poros são muito importantes no
estudo das suas propriedades. A porosidade, a permeabilidade e a absorção dos agregados
influenciam nas propriedades tais como a aderência entre o agregado e pasta de cimento
hidratada, a resistência do concreto ao congelamento e degelo, bem como a sua estabilidade
química e resistência à abrasão. Na figura 2.5, tem-se a representação esquemática da
umidade da partícula de agregado: (a) condição ambiente ou seca ao ar; (b) condição saturada
com superfície úmida; (c) condição saturada com superfície seca (SSS), e (d) condição
completamente seca.
Na condição (a) ambiente, uma amostra sempre absorve alguma quantidade de água,
mantendo alguma umidade interna. Na condição (b) saturada quando todos os poros da
amostra estão preenchidos, não absorve água do ambiente e ainda mantêm um filme de água
em sua superfície. Na condição (c) saturada de superfície seca, todos os poros permeáveis
estão preenchidos e não há um filme de água na superfície. A norma ABNT NM 52
(Agregado miúdo – Determinação da massa específica e massa específica aparente) define
que os agregados saturados de superfície seca são as partículas de agregado que culminaram
suas possibilidades de absorver água e mantêm a superfície seca. Na condição (d) seca em
estufa, toda a partícula de agregado está livre de água interna e externamente quando a
partícula foi submetida a um aquecimento de 100°C.
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São aquelas existentes nas areias ou britas que podem afetar alguma propriedade
desejável no concreto fabricado com tal agregado. Os agregados devem apresentar teores
reduzidos ou mesmo nulos das seguintes substâncias:
Material pulverulento: pó de argila (dimensão média inferior a 0,075 mm), que aumenta a
necessidade de água, pela sua elevada área específica, e atrapalha a aderência entre o
agregado e a pasta de cimento. Teor admissível: 3% a 5% em massa. Pode ser
determinado pela NBR NM 46.
Torrões de argila: têm resistência desprezível, absorvem água, desagregam, e geram
vazios. Podem ser detectados manualmente, por esmagamento. Teor máximo admissível:
3,0% em massa. A norma NBR 7218:2010 apresenta a metodologia para a determinação
do teor de argila e partículas friáveis.
Impurezas orgânicas: possuem acidez, que neutraliza a alcalinidade da água de
amassamento e, por isso, prejudicam a hidratação do cimento. Máximo admissível: 1%
em massa. A determinação pode ser feita pela NBR NM 49.
Cloreto de sódio: comum nas areias em contato com o mar; representa perigo para a
armadura, que passa a sofrer o efeito do processo de corrosão.
É a relação entre a massa de uma certa quantidade de agregado pelo seu volume real.
Isto é, não incluem-se no volume, os vazios internos e os vazios entre os grãos. A massa
específica do agregado graúdo pode ser determinada pela metodologia NBR NM 53
(Agregado graúdo - Determinação de massa específica, massa específica aparente e absorção
de água). A NBR NM 52 é utilizada para a determinação da massa específica e massa
específica aparente do agregado miúdo.
É a relação entre a massa de uma certa quantidade de agregado pelo seu volume
aparente. Isto é, incluem-se agora no volume, os vazios internos e os vazios entre os grãos.
Este parâmetro é determinado conforme a Equação 2.2, segundo a NBR NM 45.
M ar M R
ap 100% (2.2)
V
Onde:
2.3.7 Inchamento
inchamento. Esse fenômeno deve ser levado em consideração na medida do volume da areia
para os traços de concreto em volume.
O inchamento pode ser determinado pela Equação 2.3, conforme a NBR 6467.
Vh V s
I 100% (2.3)
Vs
Onde:
I = inchamento (%)
Vh = volume de material úmido
Vs = volume de material seco
3. CONCRETO
3.1 Conceituação
3.2 Histórico
cinza vulcânica (pozolana natural) e cal que permitia a moldagem e a soldagem de peças
formadas por grandes blocos de pedra. Pode-se afirmar que sua origem, em tempos mais
recentes, remonta ao ano de 1756, quando John Smeaton utilizou pela primeira vez uma
argamassa calcinada na construção do farol de Eddystone.
Foi somente a partir de 1824, entretanto, com o advento do cimento Portland, que o
concreto assumiu um lugar de destaque entre os materiais de construção, graças à enorme
versatilidade que oferecia comparativamente aos demais produtos, possibilitando a
moldagem, com relativa facilidade, das mais diversas formas arquitetônicas. Surgiram, então,
as primeiras especificações para concreto baseadas no estudo científico de seus elementos
constitutivos e das suas propriedades físicas.
Em construções rurais o concreto é usado nas mais diversas obras. Entre outras, pode-
se citar a execução de pavimentações, cochos, bebedouros, mata-burros, pontilhões, cisternas,
silos, canaletas, canais, etc. O conhecimento das propriedades e características do concreto de
cimento Portland é, portanto, de fundamental importância para os profissionais de engenharia
que atuam em construções no meio rural e devem saber usá-lo com segurança, garantindo um
produto final de qualidade.
3.4.1 Trabalhabilidade
É a propriedade do concreto fresco, difícil de ser definida, que se refere à sua aptidão
em ser facilmente misturado, transportado, colocado e compactado, mantendo a sua
integridade e homogeneidade, ou seja, evitando a segregação. Em outras palavras identifica a
maior ou menor aptidão do concreto para ser empregado (manipulado) com determinada
3.4.2 Consistência
Tabela 3.2 – Escolha da consistência do concreto em função do tipo de elemento estrutural, para
adensamento mecânico (HELENE, P.; TERZIAN, P., 1993)
3.4.3 Segregação
Existem basicamente duas formas de segregação. Uma delas, que pode acontecer em
alguns tipos de misturas pobres e secas, consiste na tendência à separação dos grãos maiores
pelo efeito da gravidade quando o concreto é transportado por calhas ou quando ele é
depositado nas fôrmas. Um concreto com insuficiência de argamassa pode-se apresentar sem
coesão e, portanto, facilmente segregável, especialmente quando ele é lançado de certa altura.
Esta situação pode ocasionar um aumento do número de vazios e o aparecimento de ninhos de
concretagem (Figura 3.2). A outra forma se segregação muito comum em misturas muito
plásticas com excesso de água, consiste na clara separação da pasta do restante do agregado,
também denominada de exudação, conforme mostrado na Figura 3.3.
Figura 3.2 – Peça com concreto segregado devido a falta de argamassa na mistura
Abrasão é o efeito de desgaste por atrito que uma superfície produz em outra quando
há movimentação em contato de uma em relação à outra. Sendo o concreto muito utilizado em
pisos, é de se esperar que não se desgaste facilmente quando submetido ao arraste de cargas
por sobre si. Para esta qualidade influenciam:
O traço que deve ser enriquecido em cimento;
O agregado que deve ter boa dureza e maiores dimensões;
O acabamento as superfície, que deve ser lisa para diminuir o atrito.
Contribuindo, todos, para o aumento da resistência ao desgaste. Entretanto, cuidados
devem ser verificados para pisos excessivamente lisos e molhados tornam-se escorregadios e
perigos aos transeuntes.
O concreto é um material poroso, que contém extensa rede capilar em seu interior. Se
essa porosidade exceder certos limites, o concreto pode tornasse absorvente ou permeável à
pressão d’água. A permeabilidade é variável com o tempo e depende basicamente dos
seguintes fatores:
adensamento sofrido no estado recém-misturado;
grau de hidratação do cimento;
lixiviação do hidróxido de cálcio (provocada pela percolação de água).
Como o concreto é material utilizado em obras hidráulicas ou em obras que estão em
constante contato com águas agressivas, esta propriedade torna-se altamente considerável.
Concretos submetidos a este estado necessitam de cuidados de modo a tornarem-se tão mais
impermeáveis, quanto menos absorventes. E também o caso de concretos de edifícios urbanos
cuja durabilidade está ligada à impermeabilidade ao gás carbônico lançado no ar pelos
veículos automotores. Um concreto impermeável evita a deterioração dos materiais
constituintes, principalmente a ferragem, quando o mesmo é submetido em contato com águas
agressivas.
f cks
f tk para f tk 18MPa
10
Sendo:
fck = a resistência característica à compressão
fct = a resistência característica à tração pura
A primeira identificação dos concretos é por sua classe de resistência característica à
compressão (Tabela 3.3), especificada em projeto estrutural (fck). Um concreto do tipo C-20
significa que sua resistência característica a compressão aos 28 dias deve ser de 20 MPa.
Uma vez conhecidas as propriedades que devem possuir o concreto em suas duas fases
- fresco e endurecido-, pode-se detalhar o processo de produção do concreto. A produção do
concreto consiste em uma série de operações de forma a se obter, a partir dos materiais
componentes o concreto desejado. As operações necessárias à obtenção do concreto são:
dosagem; mistura; transporte; lançamento; adensamento e cura. Para fins didáticos, vamos
deixar para falar da dosagem no último tópico desta apostila.
Figura 3.6 – Roteiro para mistura mecânica do concreto utilizando betoneira (ABCP)
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3.6.2 Transporte
É a terceira etapa da produção do concreto, que após a mistura, tem que ser
transportado ao local de enchimento das formas. O transporte do concreto pode ser externo,
ou seja, da central de concretagem até a obra, em caminhão betoneira, ou dentro da obra, até o
local de lançamento, com carrinho de mão, giricas, elevadores, guinchos ou mesmo através de
bombeamento (Figura 11). No transporte do concreto deve-se tomar cuidado para que não
haja vibração excessiva, o que pode provocar segregação dos componentes, prejudicando a
homogeneidade do concreto. O transporte, também deve ser rápido, a fim de evitar que o
concreto perca a trabalhabilidade necessária às etapas seguintes.
Figura 3.8 – Veículos de transporte para o concreto: a) caminhão betoneira; b) carrinho de mão; c)
giricas; d) elevadores.
3.6.3 Lançamento
que seja evitado arrastar o concreto distâncias muito grandes. O arrastamento da mistura,
com enxada, nas formas ou mesmo sobre o concreto já aplicado, pode provocar perda de
argamassa, que adere aos locais por onde passa. Admite-se que o concreto seja espalhado,
por arrastamento, em distâncias na ordem de 0,80 a 1,00 m. Para distâncias maiores deve-
se apanhar o concreto com uma pá e aplicá-lo onde for necessário;
que seja evitado o lançamento do concreto de grandes alturas. A altura máxima permitida,
para que não haja segregação, está em torno de 1,50 a 2,00 m. Para peças esbeltas, como
pilares, em que a altura é superior as indicadas, o concreto deve ser lançado através de
janelas abertas na face lateral da forma, que serão posteriormente fechadas, a medida que
avança a concretagem.
3.6.4 Adensamento
desses processos são considerados especiais, tais como a concretagem a vácuo. Neste trabalho
são descritos os processos mais simples e usuais, tais como:
vibrador de imersão: o vibrador de imersão (Figura 3.9) mais usado é o denominado
vibrador de agulha. A vibração é transmitida ao concreto pela imersão de um mangote em
cuja extremidade está fixada uma agulha. A agulha deve ser cravada perpendicularmente à
massa com espaçamentos de aproximadamente 40 cm, que é, geralmente, o raio de ação do
vibrador. O tempo de vibração varia de acordo com o concreto, podendo ficar entre 5 e 30
segundos em cada ponto. A vibração deve ser feita por camadas, com espessura máxima de
40 a 50 cm, com os cuidados de não vibrar camadas já adensadas e acomodadas, bem
como de não vibrar nos pontos próximos às formas (menos de 10 cm).
paredes da forma. Os elementos mais pesados são lançados para a parte exterior da peça,
ficando no interior uma alta concentração de cimento.
3.6.5 Cura
Denomina-se cura o conjunto de medidas que têm por finalidade evitar a evaporação
prematura da água necessária à hidratação do cimento. A Norma Brasileira exige que a cura
seja feita nos 7 primeiros dias contados do lançamento do concreto. É desejável, entretanto,
que se faça até o 14° dia, para se ter garantias contra o aparecimento de fissuras devidas à
retração.
As várias qualidades desejáveis ao concreto, como resistência mecânica,
impermeabilidade e resistência ao ataque de agentes agressivos, são extremamente
favorecidas e até mesmo somente conseguidas através de uma cura bem feita. Os métodos de
cura mais usados nas obras são:
irrigação periódica da superfície: é o método mais simples (Figura 3.10) e consiste em
proteger o concreto fresco, irrigando a superfície exposta em intervalos frequentes.
tanques com água. Pode ser empregado, também, em lajes e pisos quando existe a
possibilidade e a disponibilidades de cobri-las com uma pequena lâmina de água.
envolvimento ou recobrimento total da superfície: é quando as peças são totalmente
envoltas ou recobertas, sem que se deixe passagem de ar, com plásticos ou papéis
impermeáveis, que impedindo a evaporação, dispensam o uso de água na cura.
manutenção da umidade da forma: é um método que só pode ser usados em peças nas quais
a forma, de madeira ou outro material absorvente, proteja a maior parte da superfície, tais
como pilares e vigas. O método consiste em molhar a forma em intervalos freqüentes,
mantendo assim a umidade.
aplicação de cloreto de cálcio: é um método utilizado em climas úmidos e consiste em
aplicar, superficialmente, cloreto de cálcio, considerando que o produto absorve a água do
ambiente e a retém.
Não tem função estrutural, devido a sua baixa resistência mecânica, normalmente é
aplicado em pisos e contra-pisos. É também muito utilizado como material de isolamento e
proteção do concreto estrutural e da ferragem do contato direto com o solo, nas cavas de
fundações.
Mais utilizado nas construções e aplicados em todo tipo de estrutura como, fundação,
pilar, laje, escadas, etc. De aplicação lenta (lançamento por carrinhos, calhas ou latas), muitas
vezes pode conduzir á necessidade de “juntas frias” por continuidade da concretagem após
horas de interrupção. Seu slump varia em torno de 40 mm a 70 mm, podendo ser aplicado na
execução de quase todos os tipos de estruturas, com os devidos cuidados quanto ao seu
adensamento. Na obra, o caminhão pode descarregar diretamente nas formas, ou pode ser
transportado por meio de carrinhos de mão, jericas, gruas ou elevadores, não podendo ser
bombeado, ou seja, não requer qualquer tipo de equipamento (bomba) para disposição final.
Vantagens:
Rapidez e facilidade de lançamento em locais de difícil acesso;
Reduzido tempo de concretagem;
reduzida mão-de-obra;
eliminação da possibilidade de “junta fria”;
Concretagem de grandes volumes em curtos períodos;
elimina o uso de carrinhos de mão ou similares.
Desvantagem:
Necessita de equipamentos pesados e específicos.
concreto, portanto, não devem ser colocadas dentro do caminhão betoneira, mas diretamente
no local onde o concreto foi aplicado. A pedra de mão é um material de granulometria
variável, com comprimentos entre 10 e 40 cm e peso médio superior a 5 kg por exemplar.
Utilizados em peças de grande dimensões e com baixa concentração de ferragem.
Podem ser aplicados, por exemplo, na execução de muros de arrimo e barragens, desde que
especificado no projeto.
Via Seca:
É um tipo de concreto que é projetado ou jateado através de equipamento próprio.
Tem consistência seca, ou seja, sem água. Sua mistura é feita no caminhão betoneira a seco.
O equipamento recebe este concreto nesta consistência e é empurrado para um mangote, por
uma bomba, onde recebe a adição de água e aditivo acelerador. Assim ele é projetado sobre
uma superfície, em camadas de pouca espessura e em poucos segundos adquire resistência
Via Úmida:
Podem-se adotar as mesmas observações feitas ao concreto projetado via seca,
porém o concreto via úmida possui slump superior a 100 mm e com outro tipo de
equipamento para aplicação. O processo é o mesmo, sendo que, receberá na ponta do mangote
apenas o aditivo acelerador. Utilização: painéis; revestimentos; muros de
contenção; contenção de encostas e taludes; paredes de túneis; galerias, etc.
Considera-se como concreto aparente aquele cuja superfície não receba nenhum tipo
de tratamento ou cobrimento com pasta, argamassa, cerâmica ou tinta. Normalmente possui
slump maior que 90 mm, sendo um concreto mais argamassado para melhor acabamento.
Poderá ser previsto a utilização de super ou hiper-plastificante. Deve ter boa trabalhabilidade,
plasticidade e textura homogênea. Necessitam na execução alguns cuidados como:
Vedação total das fôrmas;
Utilização de fôrmas resinadas e/ou plastificadas;
Escolha de um bom desmoldante;
Cura mínima de cinco dias.
Sua utilização é indicada para confecção de estruturas pré-moldadas, pré-fabricados
aparentes, estruturas de edificações, murais e painéis, lajes aparentes, telhas de porte,
fachadas, elementos decorativos, etc.
Enquanto os concretos normais têm sua massa específica variando entre 2300 e 2500
kg/m³, os leves chegam a atingir valores próximos a 600 kg/m³. Os concretos leves
mais utilizados são os celulares, os sem finos e os produzidos com agregados leves, como
isopor, vermiculita e argila expandida. O material encontra grande utilização como isolante
Concreto com Argila Expandida (Massa específica: 1600 a 1800 kg/m3): tem
como característica a redução de peso do concreto através da utilização de argila expandida
como agregado graúdo. Possui fck com valores variando de 7,5 a 25,0 MPa. É utilizado em
estruturas correntes de edificações, onde se deseje reduzir o peso próprio ou evitar
sobrecargas nas estruturas. Ainda pode ser aplicado em estruturas expostas a altas
temperaturas (até 250 Cº).
Concreto com Argila Expandida (Massa específica: 1200 a 1500 kg/m3): Sua característica
é redução de peso através da utilização de agregado graúdo tipo argila expandida. Possui
resistências a compressão até 12,0 MPa. Deverá ser utilizado aditivo especial para se
trabalhar com essa densidade. Utilizado em regularização de lajes, proteção para
impermeabilização, etc. Não indicado como concreto bombeado.
Concreto Celular (Massa específica: 600 a 800 kg/m3): Na verdade, é uma argamassa a
qual são introduzidas micro-bolhas de ar, através de espuma líquida que são geradas por
um equipamento próprio (gerador de espuma). Devido à porosidade, sua aplicação não é
aconselhável em concretos estruturais. Geralmente são usados em enchimentos e
regularização de lajes.
Concreto com Isopor: Ótimo isolante térmico e acústico. Sua característica é um concreto
com peso próprio reduzido, através da utilização do agregado isopor, tipo pérola, com
massa específica variando entre 700 a 1700 kg/m3 e fck com valores entre 0,5 a 5,0 MPa.
Se este tipo de concreto possuir massa específica 600 a 1100 kg/m3 só poderá ser
utilizado para enchimento. Para regularização de lajes e paredes, por exemplo, deverá
apresentar massa específica entre 1200 a 1700 kg/m3 com resistência para suporte.
É o concreto que tem sua massa específica elevada devido a utilização de agregados
pesados. Possui massa específica variando de 2500 a 4500 kg/m3.. Utilizam-se agregados
graúdos tipo barita, magnetita, hematita, limalhas de ferro, bolas de aço, ou chumbo e como
agregado miúdo as areias artificiais destes. Normalmente são empregados em barragens onde
é importante o peso para diminuição de suas dimensões. O concreto pesado é bastante
utilizado como anteparo de radiações de energia elevada, como os raios X, raios gama e
nêutrons (bombas de cobalto), porque reúne qualidades de absorção de radiações com boas
características mecânicas e durabilidade. Diminui a espessura do anteparo (paredes e lajes)
com grande eficácia.
São elementos estruturais, como pilares, vigas, lajes e outros, são moldados e
adquirem certo grau de resistência, antes do seu posicionamento definitivo na estrutura. Por
Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG
Prof. Rodolfo G. Oliveira da Silva 63
Materiais de Construção II
Curso Técnico de Edificações
Campus Congonhas
este motivo, este conjunto de peças é também conhecido pelo nome de estrutura pré-fabricada
(Figura 3.12). Com o devido planejamento, o sistema permite que peças sejam desmontadas e
reposicionadas conforme a necessidade da obra. Isto significa que, em caso de reformas,
elementos de estruturas não são demolidos e podem ser reaproveitados.
Vantagens:
Redução de fissuras e aumento de durabilidade
A economia de concreto e maior segurança em situações como incêndios e fenômenos
naturais extremos como terremotos.
Facilidade de execução de vãos maiores em relação ao concreto armado.
Desvantagens:
Seu custo, porém, é mais alto e exige mais planejamento;
Mão de obra cuidadosa na hora da execução.
1: a: b: x
Exemplo → O traço representado em massa como 1:2:3,5:0,51 significa que: para a confecção
do concreto deve-se misturar os componentes na seguinte proporção: 1 kg de cimento, 2 kg de
areia, 3,5 kg de brita e 0,51 kg de água.
Para o caso de grandes obras, a dosagem experimental é a única aceitável, isto porque,
os materiais constituintes e o produto resultante são ensaiados em laboratórios. Uma dosagem
experimental, de modo geral, é orientada pelo seguinte roteiro:
• Caracterização precisa dos materiais;
• Estudo das dimensões das peças a concretar;
• Cálculo da tensão de dosagem (resistência de dosagem);
• Determinação do fator água/cimento;
• Estabelecimento do traço inicial;
• Estabelecimento do traço final.
Existem, atualmente, um grande número de métodos de dosagem de concreto adotados
no Brasil. Essa variedade, entretanto, não deve ser considerada contraditória, pois muitos
deles consideram condições específicas de aplicação.
O método de dosagem que será desenvolvido neste trabalho nos parece o mais
apropriado para o uso específico em obras rurais dada a facilidade de entendimento e
aplicação. Será um método de dosagem parcialmente experimental, que considera o maior
número de parâmetros possíveis, permitindo ao engenheiro fabricar um concreto que garanta
o máximo de rendimento dos materiais disponíveis com as características de qualidade
desejadas.
Compete a quem vai executar a obra, fabricar um concreto que satisfaça as condições
impostas no projeto da estrutura. Para garantir a obtenção do fck de projeto é calculada uma
tensão de dosagem fc28 superior à tensão característica, de forma a levar em conta os diversos
fatores que possam influenciar na resistência final do concreto, que vão desde a sua fabricação
(homogeneidade dos materiais, precisão de medidas, etc.) até a cura, conforme a NBR
12655/96.
O fc28 corresponde ao valor médio, ou seja, a uma probabilidade de 50%, obtido nos
ensaios de ruptura à compressão. O valor de fc28 depende do tipo de controle de qualidade da
obra. Geralmente, quanto mais rigoroso for este controle, menor será a tensão de dosagem,
pois maior precisão poderá ser garantida à obtenção do fck.
Em função desses fatores a NBR 6118 impôs certas condições para determinação do
fc28 baseada em elementos da teoria estatística onde, na prática, a variação da resistência
obedece a distribuição normal de frequência (Curva de Gauss). Assim sendo, o cálculo da
tensão de dosagem é dado pela expressão a seguir, onde Sd é o desvio padrão:
Caso o desvio padrão não seja conhecido através de ensaios com corpos de prova da
obra considerada ou de outra obra, cujo concreto tenha sido executado com o mesmo
equipamento e em iguais condições de organização e controle, o desvio padrão será fixado
pelos seguintes critérios:
a) Sd = 4,0 Mpa:
Aplicável às classes C10 até C80. Cimento e agregados medidos em massa, corrigindo as
quantidades de agregado miúdo e da água em função da umidade do agregado miúdo.
b) Sd = 5,5 Mpa:
Aplicável às classes C10 até C25. Cimento medido em massa água medido em volume
mediante dispositivo dosador. Agregados medidos em massa para C25 e em volume para
C20, com correção do volume de agregado miúdo e da quantidade de água em função da
umidade do agregado miúdo determinada.
c) Sd = 7,0 Mpa:
Aplicável às classes C10 e C15. Cimento medido em massa e agregados em volume,
corrigindo a quantidade de água por simples estimativa.
- Brita 2
- DMC = 25 mm
- massa específica aparente: db2= 1490 kg/m3.
Após definido o traço de modo empírico, é feita a dosagem experimental (em laboratório),
onde se fabrica o concreto seguindo o traço definido pela dosagem empírica, moldam-se
corpos de prova e depois os mesmos são rompidos à compressão para confirmar se o concreto
dosado nos traços determinados alcançará resistência desejada.
fc28 = fck+1,65.Sd
Sd (desvio padrão) depende do controle de qualidade da obra. Adotaremos Sd=7 (ler item c da
página 69), considerando um controle de qualidade razoável na obra, mesmo para um f ck de
20 Mpa.
Logo:
fc28 = 20+1,65x7 ⇒ fc28 = 31,55 MPa.
Sendo:
x = fator água/cimento;
Pc = peso de cimento.
Pag Pag
x 0,51 Pag 25,5 kg
Pc 50
Pag
A% x 100%
Pc Pm
Sendo:
A% = relação água/materiais secos;
Pag = peso de água;
Pc = peso de cimento;
Pm = peso de agregados (areia + pedra).
Logo, temos:
DMCbrita = 25mm e Adensamento moderado → A% = 9% (Tabela 3.4)
x 25,5
A% 100 9 100 Pm 233,3 kg
Pc Pm 50 Pm
A Tabela 3.5 fornece a relação entre a quantidade de agregado graúdo e miúdo, para
obtenção de uma trabalhabilidade adequada, em função do tipo do agregado e das condições
de adensamento.
Tabela 3.5 – Determinação da % de areia
Brita: D.M.C. (mm) 38 32 25 19
Areia (Zonas) F MF MG G F MF MG G F MF MG G F MF MG G
% de areia 34 35 36 37 35 36 37 38 36 37 38 39 37 38 39 40
Pc Pa
% arg amassa
( Pc Pa Pb )
alterando seu fator água cimento e, consequentemente, sua resistência. Devemos então
calcular o traço não para a areia seca, mas para a areia úmida (real condição em campo do
agregado miúdo). Define-se umidade (h) como:
Ph Ps
h 100%
Ps
h = teor de umidade
Ph = peso de material úmido
Ps = peso de material seco (no caso, será a areia seca)
Então, o peso de areia úmida que deverá ser misturada para cada 1 saco se cimento será:
Temos: Ps = Pa
Ph Pa (5 88,7)
5 100 Ph 88,7 Ph 93,1 kg
Pa 100
Logo, o peso de água contido na areia úmida (Paa) será de:
Paa = Ph-Pa ⇒ Paa = (93,1 – 88,7) ⇒ Paa = 4,40 kg
Logo, a quantidade de água corrigida no traço será: 25,5 – 4,40 = 21,1 kg
Pas
da
Vas
Em que:
da = massa específica aparente da areia seca;
Pas = peso da areia seca;
Vas = volume de areia seca.
Para 1 saco de cimento temos:
88,7
1440 Vas 0,0616 m 3 61,6 dm3
Vas
6.2) Determinação do volume de areia úmida (Vh)
Devido à agua aderente aos grãos de areia, esta sofre o fenômeno do inchamento,
apresentando variação no seu volume. Define-se inchamento (I) como:
Vh Vs
I 100%
Vs
Logo, o volume de areia úmida será:
Vh 61,6
25 100 Vh 77,0 dm3
61,6
As padiolas (Figura 3.16) possuem base fixa e altura variável. As dimensões da base
são normalmente de 30 cm x 40 cm e a altura varia em função do volume de agregado a ser
medido. Recomenda-se que a altura da padiola não exceda 35 cm a fim de facilitar o
manuseio do operário na obra, não as tornando extremamente pesadas.
V l1 l2 H
V = volume ma material definido no traço
l1 e l2 = dimensões da base da padiola
H = altura da padiola
a) Padiola de Areia
Substituindo-se os valores na equação, tem-se:
Vh l1 l 2 H 0,077 0,40 0,350 H
0,077
H 0,642 m H 64,2 cm
0,30 0,40
A altura excede o valor estipulado, que é de no máximo 35 cm, pode-se então dividir 53,2 cm
por 2, usando-se duas padiolas com 32,1 cm de altura.
b) Padiola de Brita 1
Vb1 l1 l2 H 0,045 0,40 0,350 H
0,0492
H 0,410 m H 41,0 cm
0,30 0,40
A altura excede o valor estipulado, que é de no máximo 35 cm, pode-se então dividir 41 cm
por 2, usando-se duas padiolas com 20,5 cm de altura.
c) Padiola de Brita 2
0,0485
H 0,404 m H 40,4 cm
0,30 0,40
A altura excede o valor estipulado, que é de no máximo 35 cm, pode-se então dividir 40,4 cm
por 2, usando-se duas padiolas com 20,2 cm de altura
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS