Você está na página 1de 28

NOVAS MUDANÇAS NA MISSA?

FREI ALBERTO BECKHÄUSER, OFM

INTRODUÇÃO
            O Concílio Vaticano II, através da Constituição sobre a Sagrada Liturgia
Sacrosanctum Concilium consagrou o princípio da renovação permanente e da
necessidade de uma permanente reforma da Sagrada Liturgia, "pois a Liturgia consta de
uma parte imutável, divinamente instituída, e de partes suscetíveis de mudança. Estas,
com o correr dos tempos, podem ou mesmo devem variar, se nelas se introduzir algo que
não corresponda bem à natureza íntima da própria Liturgia, ou se estas partes se
tornarem menos aptas". Os ritos ou a expressão significativa da Liturgia devem adaptar-se
às necessidades de cada tempo para que os mistérios celebrados possam ser
compreendidos e vividos pela Igreja celebrante. A reforma litúrgica não foi encerrada para
sempre.
            Assim se compreende que, após a grande reforma promovida pelo Concílio, haja
sempre a necessidade de se retocar os ritos para facilitar a participação frutuosa dos fiéis.
            Aqui se trata do centro de toda a Liturgia cristã, a Celebração eucarística ou da
Ceia do Senhor que chamamos Missa. O Missal Romano foi profundamente reformado
pela Constituição Apostólica Missale Romanum de Paulo VI que aprovava a Institutio
Generalis Missalis Romani com o Ordo Missae. Publicou-se, em seguida, a edição típica
do Missale Romanum, em 1970, cuja tradução portuguesa para o Brasil apareceu em 1973.
Passados apenas cinco anos, foi publicada a segunda edição típica do Missal Romano com
pequenas mudanças e alguns acréscimos. Sua tradução com algumas adaptações para o
Brasil apareceu apenas em 1993, onde foram consideradas também as exigências do novo
Código de Direito Canônico.
            Mas, de 1975 ao ano de 2000, o Magistério central da Igreja a quem pertence em
primeiro lugar a regulamentação da Sagrada Liturgia, decretou uma série de orientações a
respeito do Missal Romano, que agora foram incorporadas na terceira edição típica da
Instrução Geral sobre o Missal. À luz destas normas da legislação litúrgica posterior à
primeira edição típica do Missal Romano, será reeditada a terceira edição típica de todo o
Missal com repercussão particularmente sobre as rubricas do Ordinário da Missa.
            Esperavam-se algumas mudanças mais profundas no Ordinário da Missa,
particularmente referentes ao Rito penitencial e à localização da saudação da paz. Isso não
aconteceu na atual edição típica. Em geral, o novo documento mantém os princípios do
anterior Missal Romano. Trata-se antes de incorporar a legislação já existente e de
adições, de insistências, de pequenas mudanças e acréscimos, especificações que permitem
esclarecer ou enfatizar alguns conceitos e, a meu ver, de alguns retrocessos.
            Para muitos, certas mudanças apresentadas na nova Instrução Geral poderão
constituir até novidades.

I. NOVIDADES:
As novidades propriamente ditas são poucas. Eis as mais significativas:
Abolição do altar voltado para a parede. - O Missal Romano ainda permitia o
altar voltado para a parede, sobretudo em igrejas antigas. Agora se exige o altar voltado
para o povo. Assim o altar deverá estar separado da parede, permitindo a locomoção do
celebrante e dos ministros na celebração (cf. n. 299).
            A posição do tabernáculo. - O tabernáculo não pode mais estar sobre ou embutido
no altar da celebração eucarística. É de singular importância que o Santíssimo esteja numa
capela reservada, ou no sacrário separado do altar da celebração. Numa capela, esta deverá
estar conectada com a igreja e acessível aos fiéis. Se, ao contrário, se utiliza o sacrário no
lugar da celebração, este não deverá estar no altar onde se celebra a Missa, sendo que a
decisão sobre a colocação do sacrário pertence ao juízo do bispo diocesano (cf. n. 314-
315). Se a Eucaristia se encontra no sacrário, aqui, sinônimo de presbitério, o sacerdote, o
diácono e outros ministros fazem uma genuflexão, quando se aproximam ou abandonam o
altar, salvo durante a celebração da missa. Mas, os que não estão envolvidos na celebração
da missa, deverão fazer a genuflexão, cada vez que passam diante do altar do Santíssimo
Sacramento. Aqui parece tratar-se, do altar do Santíssimo Sacramento e não do
tabernáculo situado atrás do altar. Portanto, o sacerdote, o diácono e todos os ministros só
fazem genuflexão ao Santíssimo ao chegar ao altar no início da Celebração eucarística e
no fim (cf. n. 274).

II. INSISTÊNCIAS E PROIBIÇÕES


            O canto do Ordinário da Missa dialogado com a assembleia. - Trata-se do
primeiro nível ou do primeiro grau de Missa cantada. De modo geral a Instrução expõe a
importância do canto da Missa: "Dê-se grande valor ao uso do canto na celebração da
Missa, tendo em vista a índole dos povos e as possibilidades de cada assembleia litúrgica.
Ainda que não seja necessário cantar sempre todos os textos de per si destinados ao
canto, por exemplo nas Missas dos dias de semana, deve-se zelar para que não falte o
canto dos ministros e do povo nas celebrações dos domingos e festas de preceito. Na
escolha das partes que de fato são cantadas, deve-se dar preferência às mais importantes
e sobretudo àquelas que o sacerdote o diácono, o leitor cantam com respostas do povo;
ou então àquelas que o sacerdote e o povo devem proferir simultaneamente" (n. 40). Estas
últimas são as chamadas partes do Comum da missa. Em último lugar vem o canto das
partes próprias da Missa, ou seja, o canto da entrada, das oferendas e da Comunhão.
            Mais adiante, no item que trata da Oração eucarística se diz o seguinte: "É muito
conveniente que o sacerdote cante as partes da Oração eucarística, enriquecidas pela
música" (n. 147b).
            Nos Ritos orientais o canto do sacerdote em diálogo com a assembleia é
intensamente cultivado. Não tanto no Ocidente. Mas no tempo da Missa em latim
certamente o sacerdote cantava mais. Eram as missas solenes com três padres, ou três
ministros, o sacerdote presidente, o diácono e o subdiácono. Ou eram as Missas cantadas.
Por que este quase abandono do canto do sacerdote? Houve ao menos duas causas. Feita a
tradução dos textos latinos do Missal faltaram as melodias em vernáculo, inclusive porque
os especialistas em música religiosa quiseram fazer preceder toda uma pesquisa que
servisse de base para as novas melodias. Sorte que a edição do Missal pela Vozes inseriu
em encarte melodias inspiradas no Canto gregoriano que praticamente são as únicas
usadas quando o sacerdote canta partes da Missa. Temos ainda um segundo motivo: a falta
de formação musical nos Seminários. Já não conseguem solfejar. Hoje em dia
praticamente só se canta por ouvido. Hoje, graças a Deus já existe um material musicado
mais abundante.
            O canto gregoriano. - Insiste-se que o canto gregoriano ocupe o primeiro lugar
entre as demais expressões do canto por ser próprio da Liturgia romana. Contudo não se
excluem outros gêneros de canto (cf. n. 41).
            O Glória e o Cordeiro de Deus. - Há uma proibição explícita de se substituir o
texto do hino do Glória por outro (cf. n. 41). Acontece o mesmo com o Cordeiro de Deus
(cf. n. 366). Esta substituição tornou-se costume que se espalhou por alguns países. Trata-
se de um venerável hino de louvor à Santíssima Trindade, com caráter cristológico e
pascal. Por isso, não pode ser substituído por um simples canto de glória. Faz parte de
antiga tradição da Igreja oriental e depois também da ocidental. No Ocidente inicialmente
era proclamado somente pelo Papa em Roma; depois, no dia da Páscoa e pelos presbíteros,
em sua Missa primicial. Aos poucos começou a ser cantado em dias solenes, como grande
doxologia, desdobramento do Kyrie. Na reforma pós-conciliar, voltou a ser previsto
somente nos domingos não roxos, nas Festas e Solenidades. Sendo um hino em prosa, é
um pouco difícil de ser cantado por toda a assembleia. Temos agora uma versão opcional
para o canto, em cinco estrofes.
            Há muito vínhamos insistindo que não se substituísse o Glória por "glorinhas",
meras aclamações trinitárias, ou outro canto de glória como se começou a chamar este
canto. O Glória, como o Cordeiro de Deus fazem parte do Ordinário da Missa. O que se
diz aqui do Glória e do Cordeiro de Deus vale "a fortiori" do Santo.
            O "Santo". - O que vale para o Glória e o Cordeiro de Deus, vale "a fortiori" do
Santo. O Sanctus faz parte integrante da Oração eucarística. Constitui grande doxologia
que abre o "Santo dos Santos" da Oração eucarística. Aclamação inspirada na Bíblia
ressalta dois aspectos de toda a Liturgia, mas sobretudo do Sacrifício eucarístico: seus
aspectos transcendente e imanente. No Santo existem ao menos três elementos
fundamentais a serem considerados: A santidade de Deus, o Deus transcendente. O
aspecto luminoso do mistério. Depois, a majestade de Deus, bem como sua glória
manifestada na criação: O céu e a terra estão cheios da vossa glória. Seria esta a tradução
mais autêntica do texto original latino: Pleni sunt caeli et terra gloria tua. A nossa
tradução “O céu e a terra proclamam a vossa gloria” aceita e aprovada no convênio com
Portugal, certamente enfraquece um pouco o sentido do original, onde se realça a ação de
Deus e não tanto a resposta da criação. O terceiro aspecto é a imanência de Deus. Por isso:
“Bendito o que vem em nome do Senhor”. É a teofania, a manifestação de Deus no
mistério de Encarnação do Filho, Jesus Cristo.
            Acontece que o memorial das obras maravilhosas deste Deus é retomado após a
aclamação do Santo, a partir de um dos elementos da própria aclamação. Por exemplo, na
Segunda Oração eucarística: “Na verdade, ó Pai, vós sois santo e fonte de toda a
santidade. Santificai, pois...” A partir do reconhecimento do Deus Santo, passa-se à
invocação do Espírito Santo na chamada epiclese. Em outras orações eucarísticas, como na
Quarta, retoma-se a proclamação a partir da plenitude da glória do Deus santo que enche o
céu e a terra; retoma-se a narração a partir da obra de Deus da criação. Assim, retomar a
Oração eucarística após um canto onde mal ocorre a palavra santo constitui um grave
empobrecimento e uma distorção da própria Oração eucarística. Não há, pois, lugar para
traduções adaptadas, muito menos introduzindo o termo Javé para Deus. A Linha 4 da
Liturgia da CNBB pede que, por respeito aos judeus que não pronunciam esta palavra, não
se use esse nome para Deus na Liturgia.
            A Palavra de Deus. - As leituras e o Salmo responsorial sejam bíblicas (cf. n. 57).
Portanto, não podem ser substituídos por outros textos por mais nobres que eles sejam. O
Salmo responsorial faz parte da celebração da Palavra de Deus. É como que mais uma
leitura em forma de salmo. É Deus falando na resposta orante da assembleia. Deve ser
superada a concepção de que o Salmo responsorial é uma mera meditação da Palavra de
Deus e assim o conceito de mero canto de meditação.
            Proclamação da Palavra de Deus. - Tratando da Liturgia da Palavra a Instrução
não usa mais os termos "ler" ou "recitar" a Palavra, mas "proclamar" as leituras, o
Evangelho (cf. n. 128, 130 e 135).
Por trás desta mudança podemos perceber a insistência no caráter celebrativo da
Palavra, que não é mera leitura, mas anúncio. A esta atitude deverá corresponder também
o modo de os fiéis acolherem a Palavra de Deus, ou seja, pela audição. Daí podemos
concluir que não convém que os féis acompanhem a proclamação através da leitura de
folhetos. Os fiéis não se reúnem para uma leitura comunitária da Palavra de Deus, mas
para ouvi-la. Não seria o caso de se modificarem os "folhetos litúrgicos"? Por exemplo,
trazendo apenas a indicação das "leituras"?
            A presidência única da Missa. - Insiste-se que um e o mesmo sacerdote exerça a
presidência da Missa (cf. n. 108). Exclui-se, portanto, uma presidência que começou a ser
chamada de presidência colegiada. Isso não exclui a participação dos concelebrantes em
partes que lhes são confiadas pelas próprias normas da celebração.
Aqui tem sentido uma reflexão sobre o respeito à palavra em geral e à palavra do
presidente da celebração. A palavra constitui uma das principais formas de as pessoas se
comunicarem. Na Liturgia ela tem valor de símbolo em si mesma e constitui o meio mais
comum de se dar sentido às ações e aos sinais. Isso vale sobretudo quando alguém usa da
palavra em solo. Diz a Introdução ao Missal: "A natureza das partes "presidenciais" exige
que sejam proferidas em voz alta e distinta e por todos atentamente escutadas. Por isso,
enquanto o sacerdote as profere, não haja outras orações nem cantos, e calem-se o órgão
ou qualquer instrumento" (cf. 32). O que se diz das partes "presidenciais" vale das leituras
e preces proclamadas por outros ministros. Também no canto comunitário, importa que a
melodia, o ritmo e os instrumentos não sufoquem a letra. Importa considerar o caráter
dialogal da celebração litúrgica.
            Vestes litúrgicas. - Insiste-se que os presbíteros ao concelebrarem a missa estejam
revestidos das vestes sagradas (cf. n. 114). Curioso que não se fala de vestes litúrgicas,
mas de vestes sagradas.
            Comunhão de hóstias consagradas na missa. - Já tive a tentação de escrever um
artigo sobre cacoetes litúrgicos. Os presidentes sofrem tremendamente de certos cacoetes,
difíceis ou quase impossíveis de serem corrigidos, como qualquer cacoete. Há sacerdotes
que continuam a traçar o sinal da cruz sobre a água que vão colocar no cálice. Ou traçam o
sinal da cruz com a hóstia que vão comungar. Fazem inclinação da cabeça às palavras do
início do Prefácio: “Demos graças ao Senhor, nosso Deus”. Fazem inclinação às palavras
introdutórias à narração da Instituição: “deu graças”. Ora tudo isso não mais existe.
Outros cacoetes se eternizam pela lei do menor esforço. Um deles é a mania de colocar
tudo quanto é coisa sobre o altar no início da celebração. Outro é insistir na distribuição da
Sagrada Comunhão com hóstias consagradas em celebrações anteriores. Ora, não só o
padre, mas também os fiéis em geral são insistentemente convidados a comungarem do
pão eucarístico consagrado missa que está sendo celebrada. É pela ação de graças que
Cristo se torna presente na Ceia do Senhor. Diz a Introdução ao Missal: "É muito
recomendável que os fiéis recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na mesma
Missa e participem do cálice nos casos previstos, para que, também através dos sinais, a
comunhão se manifeste mais claramente como participação do Sacrifício celebrado" (n.
85). Não se justifica, pois, obrigar os fiéis a comungarem somente de hóstias tomadas do
sacrário. É válido, quando faltam hóstias consagradas na Missa ou para renovar a reserva
do sacrário. Cuidar disso é sobretudo função dos sacristãos e dos ministros extraordinários
da Comunhão eucarística. Mas, o responsável último é o sacerdote celebrante.
            A Sagrada Comunhão recebida só do ministro. - Os comungantes nunca podem
receber a Comunhão, tomando-a por própria iniciativa sobre o altar e muito menos uns dos
outros, senão somente do sacerdote ou ministro da Eucaristia (cf. n. 16).
            O silêncio. - A comunicação na Liturgia é globalizante. Expressa-se não só pela
palavra. A participação ativa se faz através de todos os sentidos do ser humano: ela se
realiza pelos olhos, pelos ouvidos, pela boca, o gosto, o olfato, o tato, a ação, o movimento
e pelo silêncio. Mas um silêncio significativo, um silêncio eloquente. Por isso, a Instrução
insiste sobre o silêncio, sobretudo após as leituras e após a homilia (cf. n. 136). E no n. 45
se diz: "Oportunamente, como parte da celebração deve-se observar o silêncio sagrado. A
sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato
penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia,
meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no
íntimo do coração. Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na
igreja, na sacristia e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham
devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios".
            A Oração eucarística deve ser proferida somente pelo sacerdote. - Eis o que diz
a Instrução: “O sacerdote inicia a Oração eucarística. Conforme as rubricas ele escolhe
uma das Orações eucarísticas do Missal Romano, ou aprovadas pela Santa Sé. A Oração
eucarística, por sua natureza, exige que somente o sacerdote, em virtude de sua
ordenação, a profira. O povo, por sua vez, se associe ao sacerdote na fé e em silêncio e
por intervenções previstas no decurso da Oração eucarística, que são as respostas no
diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação após a consagração, e a aclamação Amém,
após a doxologia final, bem como outras aclamações aprovadas pela Conferência dos
Bispos e reconhecidas pela Santa Sé. É muito conveniente que o sacerdote cante as partes
da Oração eucarística, enriquecidas pela música” (cf. n. 147).
A Oração eucarística é fundamentalmente um memorial, uma recordação dos
benefícios de Deus, em especial, do maior de todos, a morte e a ressurreição de nosso
Senhor Jesus Cristo. É normal que a história seja contada por uma pessoa e os presentes,
ouvindo atentamente a história, interrompam de vez em quando por exclamações ou
aclamações. É a maneira própria de a assembleia se manifestar.
Também no memorial do sacrifício eucarístico da morte e ressurreição de Jesus,
uma pessoa foi incumbida de narrar a história da salvação, tornando-a assim novamente
presente. É o Presidente da assembleia, o sacerdote. A assembleia, por sua vez, em
momentos mais significativos se manifesta através das aclamações.
            O "Por Cristo", só do sacerdote. - "No fim da Oração eucarística, o sacerdote,
tomando a patena com a hóstia e o cálice ou elevando ambos juntos profere sozinho a
doxologia: Por Cristo. A término, o povo aclama: Amém. Em seguida, o sacerdote depõe
a patena e o cálice sobre o corporal" (n. 151). O "Por Cristo, com Cristo" é só do
padre. Por que? Porque a Oração eucarística é memorial, ou seja, anuncia narrando os
benefícios de Deus à humanidade, particularmente o mistério pascal salvador de Cristo,
desde o plano eterno de Deus até a escatologia. No gênero literário da Oração eucarística é
um que narra, que anuncia, que conta. No caso da Eucaristia, é alguém chamado e enviado
por Cristo e pela Igreja: o bispo ou o presbítero. Para tanto ele recebeu o Espírito Santo
pela imposição das mãos. A doxologia final da Oração eucarística faz parte desta
proclamação. O modo natural de a assembleia se manifestar e intervir na Oração
eucarística é pelas aclamações, como o Santo, a Aclamação após a Consagração e o Amém
final, fazendo sua a narração. A doxologia não é aclamação e, por isso, também não é
proclamada por toda a assembleia. É, sim, um resumo de toda a Oração eucarística,
retomado pelo celebrante e proposto para a aclamação de toda a assembleia.
            Intervenções da assembleia durante a Oração eucarística. - "O Presidente não
intervenha durante a Oração eucarística" (n. 31). Isso vale também para toda a
assembleia que poderá manifestar-se segundo o previsto, ou seja, através das diversas
aclamações constantes na Oração eucarística.
Uma das aclamações mais importantes é certamente a aclamação após a
Consagração. A Instrução insiste: "Após a consagração, tendo o sacerdote dito: "Eis o
mistério da fé", o povo profere a aclamação, usando uma das fórmulas prescritas" (cf. n.
151). Não é propriamente uma adoração, mas o testemunho e o anúncio do mistério
pascal. A assembleia aclama, professando sua fé no mistério pascal da morte e
ressurreição de Cristo. Deve usar uma das três fórmulas previstas. Cada uma delas realça
um aspecto do sacrifício eucarístico: a Missa como ação de graças, a Missa como Ceia do
Senhor, a fé na salvação pela morte e ressurreição de Jesus Cristo.
            O ministro da Santa Comunhão. - "Não é permitido aos fiéis receber por si
mesmos o pão consagrado nem o cálice consagrado e muito menos passar de mão em
mão entre si" (cf. n. 160). Com isso quer-se insistir que o sacerdote não é somente
ministro do memorial da morte e ressurreição do Senhor, que torna presente Jesus Cristo
no Sacramento, mas é ministro também da Comunhão eucarística. Em sua ação de servir o
Corpo e Sangue do Senhor ele se manifesta como presença do próprio Cristo que distribui
o Pão, seu Corpo, e o Cálice, seu Sangue: Jesus tomou o pão, partiu-o e deu a seus
discípulos. Na simplicidade e na pobreza os fiéis recebem o Corpo e o Sangue do Senhor,
sem deles se apossarem.

III. EXPLICITAÇÃO DE ALGUNS RITOS:


            A maioria dos ritos mais especificados e explicitados na nova Instrução Geral já
tinha sido descrita no Cerimonial dos Bispos. Eles vêm incorporados agora na Instrução
sobre o Missal Romano.
            Absolvição do Ato penitencial sem força de sacramento. - O ato penitencial, é
concluído pela absolvição do sacerdote, absolvição que, contudo, não possui a eficácia do
sacramento da penitência (cf. n. 51a).
            O Senhor, tende piedade e o Ato penitencial. - "Depois do ato penitencial inicia-
se sempre o Senhor, tende piedade, a não ser que já tenha sido rezado no próprio ato
penitencial. Tratando-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua
misericórdia, é executado normalmente por todos, tomando parte nele o povo e o grupo
de cantores ou o cantor" (n. 52a).
O “Senhor, tende piedade de nós” sem as intenções litânicas do Ato penitencial,
não constitui Ato penitencial. É, sim, uma doxologia, ou seja, uma glorificação do Deus de
bondade, ou da misericórdia de Deus. A invocação em grego Kyrie, eleison, não é bem
traduzida, quando se diz: tende piedade de nós. No original, pode-se compreender assim:
“Senhor, vós sois piedade, Senhor, vós sois misericórdia”. O italiano traduziu bem, assim:
“Signore, pietà!” Piedade significa atitude paternal, que se traduz na manifestação da
bondade e da misericórdia. Portanto, não possui sentido penitencial. Por isso, quando o
“Senhor, tende piedade de nós”, não constitui o Refrão do Ato penitencial, ele sempre é
proclamado ou cantado depois da Absolvição geral.
            O canto do Próprio da Missa. - Existe hoje a tendência de se cantar na Missa e
não a Missa. Veem-se shows ou espetáculos paralelos ao mistério celebrado. Canta-se
qualquer coisa em qualquer momento. A música, em particular, o canto faz parte da
celebração. Costuma ser de toda a assembleia. O canto está a serviço da vivência do
momento da celebração e do mistério celebrado. Temos três tipos de canto na Missa: O
diálogo do Ordinário entre o Presidente e a assembleia; as partes do Comum da Missa:
Senhor, Glória, Creio, Santo e Cordeiro; e o Próprio: Entrada, Salmo responsorial,
Aclamação; Canto de oferendas, Canto da Comunhão e Canto de louvor e agradecimento.
Um canto de entrada é diferente do canto de Comunhão e um canto de Páscoa difere de
um canto de Quaresma.
            Se estes cantos do Próprio com seu salmo, não forem tomados do Gradual Romano
ou do Gradual Simples, podem ser outros adequados, cujo texto deve ser aprovado pela
Conferência dos Bispos: "Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com o diácono e os
ministros, começa o canto da entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração,
promover a união da assembleia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e
acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros" (n. 47).
            "O canto é executado alternadamente pelo grupo de cantores e pelo povo, ou pelo
cantor e pelo povo, ou só pelo grupo de cantores. Pode-se usar a antífona com seu salmo,
do Gradual Romano ou do Gradual Simples, ou então outro canto condizente com a ação
sagrada e com a índole do dia ou do tempo, cujo texto tenha sido aprovado pela
Conferência dos Bispos"(n. 48a).
            O que se diz do canto da entrada, vale igualmente do canto das oferendas e da
Comunhão (cf. n. 74 e 87). No capítulo sobre as adaptações, entre as atribuições das
Conferências dos Bispos está também a aprovação dos textos dos cantos da entrada, da
preparação das oferendas e da Comunhão (cf. n. 390).
            Comparando estas exigências com a prática entre nós parece que ainda estamos
longe do que se pede. Isso nos faz refletir sobre a diferença entre o canto litúrgico e o
canto de animação. Uma coisa é o canto de animação usado na catequese, na Pastoral da
juventude, em encontros da Pastoral da família, ou em outros encontros, inclusive em
shows de música religiosa. Aqui há lugar para os "Padres cantores" no ministério da
Evangelização, ainda que para isso não precisem ser padres. O canto é litúrgico quando
está a serviço dos mistérios celebrados ou quando evoca e leva a viver o mistério
celebrado.
            Até hoje no Brasil se deu muita liberdade aos compositores de textos para o canto
litúrgico. Os Encontros de Canto pastoral incentivaram músicos a comporem melodias
para textos mais diversos. Caminhou-se muito. Por outro lado, a CNBB foi acompanhando
todo este processo através da promoção de estudos sobre a música e o canto litúrgico.
Incentivou também a codificação do que se criou de mais válido nestes anos após do
Concílio através da edição do Hinário Litúrgico em quatro fascículos.
            Por que a aprovação dos textos pela Conferência dos Bispos? Para garantir que os
cantos realmente sejam litúrgicos. Parece que até hoje esta aprovação foi se dando através
de um processo dinâmico de aceitação do que foi sendo produzido e, particularmente,
através da elaboração dos Hinários. Creio, porém, que nesta matéria ainda há um longo
caminho a percorrer, pois ainda não atingimos as exigências da Instrução Geral.
            O "Aleluia" com valor em si mesmo. - O Aleluia antes da proclamação do
Evangelho vinha sendo considerado sobretudo como aclamação ao Evangelho.
Curiosamente se diz que "após a leitura que antecede imediatamente o Evangelho, canta-
se o Aleluia ou outro canto estabelecido pelas rubricas, conforme exigir o tempo
litúrgico. Tal aclamação constitui um rito ou ação por si mesma, através do qual a
assembleia dos fiéis acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho, saúda-o e professa
sua fé pelo canto" (cf. n. 62). Portanto, pela explicação dada, não existe uma sincronia
entre o tempo em que o diácono ou presbítero que vai proclamar o Evangelho, indo do
altar até o ambão e o canto do Aleluia ou outra aclamação com seu versículo.
            Daí se compreende por que, ao tratar da Sequência, se diz que primeiro se canta o
Aleluia e depois se segue a Sequência: "A sequência que, exceto nos dias da Páscoa e de
Pentecostes, é facultativa, é cantada após o Aleluia" (n. 64).
            Se não for cantado, o Aleluia ou Verso antes do Evangelho pode ser omitido (cf. n.
63c).
            Contudo, a aclamação é feita de pé (cf. n. 43) e acompanha normalmente o
percurso que o diácono ou o presbítero realiza do altar, onde se encontra o Evangeliário
até o ambão: "(O sacerdote) toma, então, o Evangeliário, se estiver no altar, e, precedido
dos ministros leigos, que podem levar o turíbulo e os castiçais, dirige-se para o ambão,
conduzindo o Evangeliário um pouco elevado. Os presentes voltam-se para o ambão,
manifestando uma especial reverência ao Evangelho de Cristo" (n. 133; cf. tb. n. 175).
            Incensação. - Encontramos na nova Instrução Geral várias indicações sobre a
incensação.
Primeiramente se diz que no início da Missa, quando for usado o incenso, são
incensados a cruz e o altar (cf. n. 49).
            Mostra-se o sentido do uso do incenso na Celebração eucarística e quando pode ou
deve ser usado: "A turificação ou incensação exprime a reverência e a oração, como é
significada na Sagrada Escritura (cf. Sl 140, 2; Ap 8,3).
            O incenso pode ser usado facultativamente em qualquer forma de Missa:
            a) durante a procissão de entrada;
            b) no início da Missa, para incensar a cruz e o altar;
            c) à procissão e à proclamação do Evangelho;
            d) depostos o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as oferendas, a cruz e o
altar, bem como o sacerdote e o povo.
            e) à elevação da hóstia e do cálice, após a consagração" (n. 276).
            Ensina-se também o modo de incensar: "Ao colocar o incenso no turíbulo, o
sacerdote o abençoa com o sinal da cruz, sem nada dizer.
            Antes e depois da turificação faz-se inclinação profunda à pessoa ou à coisa que é
incensada, com exceção do altar e das oferendas para o sacrifício da Missa.
            São incensados com três ductos do turíbulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias
da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas para veneração pública, as oferendas para
o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.
            Com dois ductos são incensadas as relíquias e as imagens dos Santos expostos à
veneração pública, mas somente no início da celebração, quando se incensa o altar.
            O altar é incensado, cada vez com um só "ictos", da seguinte maneira:
            a) se o altar estiver separado da parede, o sacerdote o incensa, andando ao seu
redor;
            b) se, contudo, o altar não estiver separado da parede, o sacerdote, caminhando,
incensa primeiro a parte direita do altar, depois a parte esquerda.
            Se a cruz estiver sobre o altar ou junto dele, é turificado antes da incensação do
altar; caso contrário, quando o sacerdote passa diante dele.
            As oferendas são incensadas pelo sacerdote com três ductos do turíbulo, antes da
incensação da cruz e do altar, ou traçando com o turíbulo o sinal da cruz sobre as
oferendas" (n. 277).
            Sinais de veneração. - A Instrução Geral procura explicitar os diversos sinais de
veneração, como a inclinação e genuflexão.
            Temos primeiramente a veneração ao altar e ao Evangeliário: "Conforme uso
consagrado, a veneração do altar e do Evangeliário é feita pelo ósculo. Mas, onde esse
sinal não se coadunar com as tradições ou a índole da região, compete à Conferência dos
Bispos estabelecer outro sinal para substituí-lo, com o consentimento da Sé Apostólica"
(n. 273).
            Define também melhor as genuflexões e inclinações: "A genuflexão, que se faz
dobrando o joelho direito até o chão, significa adoração; por isso, se reserva ao
Santíssimo Sacramento e à santa Cruz, desde a solene adoração na Ação litúrgica da
Sexta-feira na Paixão do Senhor, até o início da Vigília pascal.Na Missa o sacerdote
celebrante faz três genuflexões, a saber: depois da elevação da hóstia, após a elevação do
cálice e antes da Comunhão. As particularidades a serem observadas na Missa
concelebrada, vêm indicadas nos respectivos lugares" (cf. n. 210-251).
            "Se, porém, houver no presbitério tabernáculo com o Santíssimo Sacramento, o
sacerdote, o diácono e os outros ministros fazem genuflexão, quando chegam ao altar, e
quando dele se retiram, não, porém, durante a própria celebração da Missa. Também
fazem genuflexão todos os que passam diante do Santíssimo Sacramento, a não ser que
caminhem processionalmente. Os ministros que levam a cruz processional e as velas, em
vez de genuflexão, fazem inclinação da cabeça" (n. 274).
            "Pela inclinação se manifesta a reverência e a honra que se atribuem às próprias
pessoas ou aos seus símbolos. Há duas espécies de inclinação, ou seja, de cabeça e de
corpo:
            a) Faz-se inclinação de cabeça quando se nomeiam juntas as três Pessoas Divinas,
ao nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra se celebra a Missa.
            b) Inclinação de corpo, ou inclinação profunda, se faz: ao altar; às orações Ó Deus
todo-poderoso, purificai-me e De coração contrito; no símbolo às palavras E se encarnou;
no Cânon Romano, às palavras Nós vos suplicamos. O diácono faz a mesma inclinação
quando pede a bênção antes de proclamar o Evangelho. Além disso, o sacerdote inclina-se
um pouco quando, na consagração, profere as palavras do Senhor" (n. 275).
            Posições do corpo. - Fica-se de pé a partir do “Orai irmãos...” (cf. n. 43); durante
a consagração por motivo de idade, de saúde ou falta de espaço adequado para ajoelhar.
Temos aqui, porém, algo de novo: "Aqueles que não se ajoelham na consagração, façam
inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração" (n. 43).
Não se diz se a inclinação é feita após a consagração de ambas as espécies. Diz "após a
consagração". Temos a impressão de que se trata de uma só inclinação.
            Sobriedade da saudação da paz. - "Convém, no entanto, que cada qual expresse
a paz de maneira sóbria apenas aos que lhe estão mais próximos" (n. 82). Na descrição da
"Missa sem diácono" volta-se a insistir sobre o modo de se realizar a saudação da paz: "O
sacerdote pode dar a paz aos ministros, mas sempre permanecendo no âmbito do
presbitério, para que não se perturbe a celebração. Faça o mesmo se por motivo razoável
quiser dar a paz para alguns poucos fiéis. Todos, porém, conforme as normas
estabelecidas pela Conferência dos Bispos, expressam mutuamente a paz, a comunhão e a
caridade. Enquanto se dá a paz, pode-se dizer: A paz do Senhor esteja sempre contigo,
sendo a resposta: Amém" (n. 154b).
            O Rito da paz consta de três elementos: a oração pela paz, proclamada pelo padre;
a saudação, à qual a assembleia responde: “O amor de Cristo nos uniu”; e o gesto da paz,
facultativo. Pode consistir num aperto de mão, num abraço fraterno ou num beijo na face,
conforme os costumes de se saudar. O gesto pode ser acompanhado pelas palavras.
Convém que cada pessoa saúde somente aqueles que pode alcançar sem sair de seu lugar.
Isso para não tumultuar e para não prolongar demais o rito, que não deve invadir o rito que
se segue, a Fração do Pão, com o canto do Cordeiro de Deus pela assembleia. O entre nós
chamado canto da paz não é previsto. Parece um tanto operístico. Terá seu valor, mas
não é o normal nem deve prolongar-se.
            A maneira de saudar ao Evangelho e de abençoar. - "No ambão, o sacerdote
abre o livro e, de mãos unidas, diz: O Senhor esteja convosco" (n. 124). Entre nós
introduziu-se o costume de saudar abrindo e juntando as mãos, o que não é correto. Isso
vale tanto para o sacerdote como para o diácono que proclama o santo Evangelho.
Também na maneira de abençoar existe uma especificação, distinguindo entre a bênção
dada pelo presbítero e o bispo: "O sacerdote, estendendo as mãos, saúda o povo, dizendo:
O Senhor esteja convosco, e o povo responde: Ele está no meio de nós. E o sacerdote,
unindo novamente as mãos, acrescenta logo, recolhendo a mão esquerda sobre o peito e
elevando a mão direita: Abençoe-vos Deus todo-poderoso, e traçando o sinal da cruz
sobre o povo, prossegue: Pai, e Filho, e Espírito Santo. Todos respondem: Amém. O
Bispo abençoa o povo com fórmula apropriada, traçando três vezes o sinal da cruz sobre
o povo" (n. 167). Portanto, o sacerdote ao invocar a bênção não eleva ambas as mãos, mas
recolhe a mão esquerda sobre o peito. A especificação da bênção dada pelo Bispo, com
três cruzes também é nova na Instrução Geral sobre o Missal Romano.
            Em toda a Instrução há uma tendência de não se falar de presidente. Usa-se sempre
o termo celebrante ou o sacerdote ou ainda, sacerdote celebrante. Certamente não há a
intenção de se excluir o Bispo que é o presidente da Celebração eucarística e o sacerdote
por excelência. A preferência pela palavra Celebrante também é um pouco estranha. O
sacerdote, bispo ou presbítero, não é o único celebrante. Os fiéis não são meros
espectadores ou assistentes, mas participantes da celebração. Também eles celebram em
virtude do sacerdócio real de todos os batizados. Talvez se queira realçar o modo diverso
de se participar da celebração.
            A preparação do altar para o sacrifício. - Diz a Instrução Geral: "Terminada a
oração universal, todos se assentam e tem início o canto do ofertório (cf. n. 74), se houver
procissão dos dons. O acólito ou outro ministro leigo coloca sobre o altar o corporal, o
purificatório, o cálice, a pala e o missal (n. 139).
Convém que a participação dos féis se manifeste através da oferta do pão e vinho
para a celebração da Eucaristia, ou de outras dádivas para prover às necessidades da igreja
e dos pobres.
            As oblações dos fiéis são recebidas pelo sacerdote, ajudado pelo acólito ou outro
ministro. O pão e o vinho para a Eucaristia são levados para o celebrante, que as depõe
sobre o altar, enquanto as outras dádivas são colocadas em outro lugar adequado (cf. n. 73)
[n. 140].
            Ao altar, o sacerdote recebe a patena com pão, e a mantém levemente elevada
sobre o altar com ambas as mãos, dizendo em silêncio: “Bendito sejais, Senhor”. E depõe
a patena com o pão sobre o corporal (n. 141).
Em seguida, de pé, no lado do altar, derrama vinho e um pouco d'água no cálice,
dizendo em silêncio: “Por esta água...”, enquanto o ministro lhe apresenta as galhetas.
Retornando ao centro do altar, com ambas as mãos mantém um pouco elevado o cálice
preparado, dizendo em voz baixa: “Bendito sejais, Senhor”; e depõe o cálice sobre o
corporal, cobrindo-o com a pala, se julgar oportuno.
Contudo, se não houver canto ao ofertório ou não houver música de fundo do
órgão, na apresentação do pão e do vinho, o sacerdote pode proferir em voz alta as
fórmulas de bendição, respondendo o povo: “Bendito seja Deus para sempre" (n. 142).
            Neste rito há vários pormenores a observar:
            1. - Ofertório. - A Instrução Geral conserva uma linguagem um tanto ambígua em
relação à preparação do altar do sacrifício. Continua falando de "canto ao ofertório",
"oferta" dos dons. A reforma do Ordinário da Missa promovida após o Concílio procurou
simplificar este rito, retirando dele o que pudesse conotar o aspecto de uma oblação ou
oferta antecipada do sacrifício da cruz. A oferta propriamente dita se realiza na Oração
eucarística, particularmente pelas palavras da consagração e pela oração memorial
explícita que se segue, chamada anamnese. Melhor seria, pois, que continuássemos a usar
de preferência o termo preparação do altar para o sacrifício, apresentação das oferendas,
preparação das oferendas e canto de apresentação das oferendas.
            2. Apresentação das oferendas ao altar. - "O sacerdote recebe a patena com
pão, e a mantém levemente elevada sobre o altar". Depois: "Com ambas as mãos mantém
um pouco elevado o cálice preparado". Como vemos de uma grande elevação dos dons no
sentido de oferta a Deus, mas de uma apresentação ao altar "que é Cristo".
            3. Canto das oferendas. - O Missal não apresenta um canto de apresentação das
oferendas, como para a entrada e a Comunhão. Poderá, porém, haver um canto "se houver
procissão dos dons" (n. 139). Parece, pois, que só tem sentido haver um canto quando
houver procissão das oferendas.
            4. Aclamação. - "Contudo, se não houver canto ao ofertório ou não houver
música de fundo do órgão, na apresentação do pão e do vinho, o sacerdote pode proferir
em voz alta as fórmulas de bendição, respondendo o povo: Bendito seja Deus para
sempre" (n. 142b). Aqui se diz que o sacerdote "pode" proferir as fórmulas de bendição
em voz alta (licet). Isto causa um pouco de estranheza, quando, entre nós, as fórmulas
muitas vezes são até cantadas com resposta cantada do povo. Creio que não se exclui esta
possibilidade do canto, e que normalmente a fórmulas sejam proferidas em voz alta.
            O rito das oferendas. - Aqui, vem a propósito uma reflexão sobre este rito,
infelizmente bastante distorcido e abafado no nosso meio. A preparação da mesa da Ceia
do Senhor e do sacrifício memorial da Cruz deve ter seu tempo conveniente. Nela
distinguimos três momentos: a preparação do altar pelo diácono, ajudado pelos acólitos; a
procissão das oferendas pelos fiéis; e a apresentação das oferendas ao altar pelo
Presidente, com a aclamação da assembleia: “Bendito seja Deus para sempre”. O canto é
facultativo. Só tem sentido se houver procissão das oferendas. O canto pode não existir;
pode acompanhar os dois primeiros momentos do rito de preparação; ou pode cobrir os
três momentos, mas nunca se prolongar. A coleta deveria preceder as oferendas na
procissão, como expressão de generosidade e partilha dos fiéis, a exemplo e em comunhão
com Cristo, que nos convida a sermos Corpo dado e sangue derramado.
            Aclamação após a Consagração. - "Após a consagração, tendo o sacerdote dito:
Eis o mistério da fé, o povo profere a aclamação, usando uma das fórmulas prescritas"
(151). Esta aclamação não tem caráter de adoração. Esta não é hora de adoração do
Santíssimo Sacramento, mas de testemunho e de anúncio do mistério pascal de Cristo,
conteúdo central do Evangelho conforme São Paulo. Em muitas Comunidades eclesiais
surgiu quase o costume de introduzir aqui cantos de adoração ao Santíssimo. Isso não
corresponde ao sentido deste momento de aclamação. Inclusive a expressão "Eis o
mistério de fé" aqui mais do que expressar a fé no Sacramento da Eucaristia, constitui um
reconhecimento de que a Eucaristia contém e expressa toda a Economia divina da
Salvação, engloba e testemunha todo o mistério da fé.
            Maneira de apresentar a hóstia e o cálice. - Temos três momentos de
apresentação da Hóstia e do Cálice ao povo: depois da Consagração, na Doxologia final da
Oração eucarística e antes da Comunhão.
            1. Após a consagração. - Diz-se que o sacerdote mostra ao povo a hóstia e o cálice
(cf. n. 150b). Não se trata propriamente de uma elevação.
            2. Na grande doxologia. - "No fim da Oração eucarística, o sacerdote, tomando a
patena com a hóstia e o cálice ou elevando ambos juntos profere sozinho a doxologia" (n.
151b). Portanto, aqui se trata de uma verdadeira elevação. Esta pode ser feita de duas
maneiras: Pode ser a patena com o cálice, um cada mão ou segurando a hóstia sobre o
cálice.
            3. Antes da Comunhão. - Aqui também se indicam dois modos de apresentar o
Senhor sacramentado à assembleia. "Terminada a oração, o sacerdote faz genuflexão,
toma a hóstia e segurando-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice, diz
voltado para o povo..." (n. 157). A primeira modalidade é apresentar a hóstia um pouco
elevada sobre a patena. A novidade consiste em apresentar a hóstia e o cálice. O sacerdote
pode apresentar a hóstia um elevada sobre o cálice. Esta última modalidade certamente
convém mais quando a Comunhão é dada sob as duas espécies, mas pode ser usada
sempre.
            Ornamentação do altar. - A toalha que cobre o altar seja de cor branca (cf. n. 117
e 304). "Na ornamentação do altar se observe moderação.
No Tempo do Advento se ornamente o altar com flores com moderação tal que
convenha à índole desse tempo, sem contudo, antecipar aquela plena alegria do Natal do
Senhor. No Tempo da Quaresma é proibido ornamentar com flores o altar. Excetuam-se,
porém, o domingo "Laetare" (IV da Quaresma), solenidades e festas.
            A ornamentação com flores seja sempre moderada e, ao invés de se dispor o
ornamento sobre o altar, de preferência seja colocado junto a ele (n. 305).
            Sobre a mesa do altar podem ser colocadas somente aquelas coisas que se
requerem para a celebração da Missa, isto é, o Evangeliário, do início da celebração até a
proclamação do Evangelho; desde a apresentação das oferendas até a purificação dos
vasos sagrados, o cálice com a patena, o cibório, se necessário, e, finalmente, o corporal, o
purificatório e o missal.
            Além disso, se disponham de modo discreto os aparelhos que possam ajudar a
amplificar a voz do sacerdote (n. 306).
            Os castiçais requeridos pelas ações litúrgicas para manifestarem a reverência e o
caráter festivo da celebração (cf. n. 117), sejam colocados, como parecer melhor, sobre o
altar ou junto dele, levando em conta as proporções do altar e do presbitério, de modo a
formarem um conjunto harmonioso e que não impeça os fiéis de verem aquilo que se
realiza ou se coloca sobre o altar (n. 307).
            Haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem de Cristo
crucificado que seja bem visível para o povo reunido. Convém que tal cruz que serve para
recordar aos fiéis a paixão salutar do Senhor, permaneça unto ao altar também fora das
celebrações litúrgicas" (n. 308).
            Crucifixo e não simples cruz. - Trata-se de uma especificação que não constava
da Instrução Geral. Que seja crucifixo aparece ainda mais bem especificado no n. 117, que
trata das coisas que devem ser preparadas para a celebração: "Haja também sobre o altar
ou perto dele, uma cruz com a imagem de Cristo crucificado. Os castiçais e a cruz,
ornada com a imagem de Cristo crucificado, podem ser trazidos na procissão de entrada".
Portanto também a cruz processional seja ornada com a imagem de Cristo crucificado.
            A piscina. - Não se trata da pia batismal, mas de um sumidouro, chamado
sacrarium em latim, situado em geral na sacristia, onde se laçam partículas de hóstia
caídas no chão ou a água que tenha sido usada para lavar o chão se tiver sido derramado
um pouco do Sangue, bem como a água da purificação dos vasos sagrados e da lavagem
das toalhas de linho. "Se a hóstia ou alguma partícula cair no chão, seja recolhida com
reverência; se for derramado um pouco do Sangue, lave-se com água o lugar onde caiu, e
lance-se depois esta água na piscina construída na sacristia" (n. 280). "Conserve-se o
costume de construir na sacristia uma piscina, em que se lance a água da purificação dos
vasos sagrados e da lavagem das toalhas de linho (cf. n. 280)" [n. 334).

IV. AMPLIAÇÕES E ACRÉSCIMOS:


            Queremos apresentar agora algumas ampliações em certos ritos, ou ritos que foram
acrescidos.
            Silêncio. - Falando do silêncio, a nova Instrução acrescenta: "Convém que já antes
da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia e mesmo nos lugares
mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os
sagrados mistérios" (n. 45b).
O "Asperges".- "Aos domingos, particularmente, no tempo pascal, em lugar do
ato penitencial de costume, pode-se fazer, por vezes, a bênção e aspersão da água em
recordação do batismo" (n. 51b).
            A ação do Espírito Santo na Liturgia. Sabemos que as Igrejas orientais realçam a
presença e a ação do Espírito Santo na Liturgia. Foi pela intervenção dos Padres
Conciliares dos Ritos orientais que se conseguiu introduzir de modo tênue a presença e a
ação do Espírito Santo na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, apenas em
duas passagens: A primeira no n. 6, ao falar da celebração do mistério pascal. A segunda:
"A preocupação de fomentar e reformar a Sagrada Liturgia é tida com razão como sinal
dos desígnios providenciais de Deus sobre nossa época, como passagem do Espírito
Santo". Na elaboração dos textos eucológicos a Reforma pós-conciliar certamente tomou
mais em conta a dimensão pneumatológica da Liturgia. Explicitou sua ação
particularmente nas invocações do Espírito Santo, chamadas epicleses nas Orações
eucarísticas e nas grandes Orações de ação de graças nos outros Sacramentos. Aparece
melhor nas bênçãos em geral, na ação de graças sobre a água no Batismo, na Profissão
religiosa, na Consagração das Virgens e outras consagrações e dedicações. Na última
edição típica do Rito do Matrimônio ela também foi explicitada nas Bênçãos nupciais.
Agora esta explicitação aparece também na Instrução Geral sobre o Missal Romano.
Tratando da Oração eucarística, diz: "O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao
Senhor na oração e ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai, por Cristo,
no Espírito Santo, em nome de toda a comunidade" (n. 78). Tratando dos principais
elementos que constituem a Oração eucarística, diz: "A epiclese, na qual a Igreja implora
por meio de invocações especiais a força do Espírito Santo para que os dons oferecidos
pelo ser humano sejam consagrados, isto é, se tornem o Corpo e Sangue de Cristo, e que
a hóstia imaculada se torne a salvação daqueles que vão recebê-la em Comunhão" (n.
79c).
            Aclamações na Oração eucarística. - Se, por lado, se insiste, com razão, que o
sacerdote proclame sozinho a Oração eucarística, por outro, amplia-se a manifestação dos
fiéis através das aclamações. Não só pelas aclamações tradicionais como o Santo, a
aclamação após a Consagração e o Amém final, mas por outras, como é o caso das
aclamações nas Orações eucarísticas aprovadas para o Brasil. O princípio de maior
número de aclamações vem incorporado na Instrução: "O sacerdote inicia a Oração
eucarística. Conforme as rubricas ele escolhe uma das Orações eucarísticas do Missal
Romano, ou aprovadas pela Santa Sé. A Oração eucarística, por sua natureza, exige que
somente o sacerdote, em virtude de sua ordenação, a profira. O povo, por sua vez, se
associe ao sacerdote na fé e em silêncio e por intervenções previstas no decurso da
Oração eucarística, que são as respostas no diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação
após a consagração, e a aclamação Amém, após a doxologia final, bem como outras
aclamações aprovadas pela Conferência dos Bispos e reconhecidas pela Santa Sé" (n.
147).
            Ministros leigos como acólitos e leitores. - Superou-se a distinção entre as
funções que podem ser exercidas no presbitério e fora dele, a distinção entre ministros
leigos não instituídos homens ou mulheres. "Não havendo acólito instituído, podem ser
destinados ministros leigos para o serviço do altar e ajuda ao sacerdote e ao diácono, que
levem a cruz, as velas, o turíbulo, o pão, o vinho e a água, ou também sejam delegados
como ministros extraordinários para a distribuição da sagrada Comunhão (n. 100). Na
falta de leitor instituído, sejam delegados outros leigos, realmente capazes de exercerem
esta função e cuidadosamente preparados, para proferir as leituras da sagrada Escritura,
para que os fiéis, ao ouvirem as leituras divinas, concebam no coração um suave e vivo
afeto pela sagrada Escritura" (101).
            Para todos essas funções convém que haja uma bênção ou delegação para um
tempo determinado: "As funções litúrgicas, que não são próprias do sacerdote ou do
diácono e das quais se trata acima (n. 100-106), podem ser confiadas também pelo
pároco ou reitor da igreja a leigos idôneos com uma bênção litúrgica ou uma designação
temporária" (n. 107).
            Os coroinhas e as coroinhas. "Quanto à função de servir ao sacerdote junto ao
altar, observem-se as disposições emanadas pelo Bispo para sua diocese" (n. 107b).
Existe aqui uma abertura e uma ressalva. Incorporam-se na Instrução as Diretrizes
emanadas pela Sé Apostólica sobre a instituição dos coroinhas, que servem de acólitos no
altar. Conforme as disposições emanadas pelo Bispo, poderão ser meninos e meninas,
rapazes e moças, homens e mulheres. Há, porém, uma ressalva. A função de serviço ao
sacerdote junto ao altar é regulamentada pelo Bispo para sua diocese.
            Procissão de entrada. - A nova Instrução Geral parece exigir que nas missas com
povo se realize sempre a solene procissão de entrada como os diversos ministros previstos:
"Reunido o povo, o sacerdote e os ministros, revestidos das vestes sagradas, dirigem ao
altar na seguinte ordem:
            a) o turiferário com o turíbulo aceso, quando se usa incenso;
            b) os ministros que portam as velas acesas e, entre eles, o acólito ou outro ministro
com a cruz;
            c) os acólitos e os outros ministros;
            d) o leitor, que pode conduzir um pouco elevado o Evangeliário, não, porém, o
Lecionário;
            e) o sacerdote que vai celebrar a Missa.
            Quando se usa incenso, antes de iniciar a procissão, o sacerdote põe incenso no
turíbulo, abençoando-o com o sinal da cruz, sem nada dizer" (n. 120).
            Agora somente o turiferário com o turíbulo e a condução do Evangeliário são
facultativo. Preveem-se os ministros que portam as velas acesas, o acólito ou outro
ministro que leva a cruz e o leitor que pode conduzir o Evangeliário.
            Realce dado Evangeliário. - Isto é novo. Será um livro diferente do Lecionário e
ocupa um lugar de honra. Ele ocupa um lugar de honra. No início da missa, é no meio do
altar, onde depois é aberto o corporal para acolher as oferendas. São previstos dois livros
da Palavra de Deus, um Lecionário no ambão para as leituras e o Evangeliário sobre o
altar. Procedendo do altar, o Evangeliário é conduzido um pouco elevado até o ambão por
um ministro ordenado. Isso para significar que a celebração da missa, na qual se escuta a
palavra e se oferece e se recebe a Eucaristia, constitui um só ato de culto divino. A palavra
de Deus e o mistério eucarístico foram honrados pela Igreja com a mesma veneração,
embora com diferente culto. Assim, a Palavra e a Eucaristia constituem dois alimentos, o
mesmo Cristo, representado pelo altar. Depois da veneração com o ósculo, "o
Evangeliário pode ser levado para a credência ou outro lugar adequado e digno" (cf. n.
175c).
            Bênção com o Evangeliário. - "Quando o diácono serve ao Bispo, leva-lhe o livro
para ser osculado ou ele mesmo o beija, dizendo em silêncio: Pelas palavras do santo
Evangelho. Em celebrações mais solenes o Bispo, conforme a oportunidade, abençoa o
povo com o Evangeliário" (n. 175b).
            Aclamação à Palavra de Deus. - Houve aqui uma pequena mudança na
compreensão da aclamação. A antiga Instrução previa que após o Evangelho podia haver
uma aclamação do povo: "Após o Evangelho, faz-se a aclamação do povo, segundo o
costume da região" (cf. n. 95 da antiga Instrução). Esta proposta foi cancelada agora.
Agora se diz que, terminada a proclamação da leitura, o ministro profere a aclamação
Palavra do Senhor, com a resposta, Graças a Deus; ou, no fim do Evangelho, conforme a
nossa versão: Palavra da Salvação, com a resposta do Povo: Glória a vós, Senhor (cf. n.
128 e 134).
            Preparação do altar por ministro leigo. - O altar pode ser preparado por um
ministro leigo. Na missa com diácono compete a ele preparar o altar para a Ceia do Senhor
e o sacrifício eucarístico. Na missa sem diácono esta função cabe ao acólito ou outro
ministro leigo: "O acólito ou outro ministro leigo coloca sobre o altar o corporal, o
purificatório, o cálice, a pala e o missal" (n. 139b).
            A Comunhão na mão. A comunhão na mão foi integrada na Instrução Geral: "Se
a Comunhão é dada sob a espécie do pão somente, o sacerdote mostra a cada um a hóstia
um pouco elevada, dizendo: O Corpo de Cristo. Quem vai comungar responde: Amém,
recebe o Sacramento, na boca ou, onde for concedido, na mão, à sua livre escolha. O
comungante, assim que recebe a santa hóstia, consome-a inteiramente" (n. 161). No
Brasil a concessão de receber a Comunhão na mão depende, por ora, da determinação do
Bispo diocesano.
            Portanto, a pessoa sempre pode receber a Comunhão na boca. Assim, nenhum
ministro da Comunhão pode obrigar a pessoa a receber a Comunhão na mão. Igualmente,
não pode obrigar o comungante a receber a comunhão na boca onde for permitida a
Comunhão na mão.
            Vale a pena transcrever uma orientação da CNBB, de 1974, sobre o modo de se
receber a Comunhão quando é dada na mão: "A hóstia deverá ser colocada sobre a palma
da mão do fiel, que a levará à boca antes de se movimentar para voltar ao lugar. Ou
então, embora por várias razões isso nos pareça menos aconselhável, o fiel apanhará a
hóstia na patena ou no cibório, que lhe é apresentado pelo ministro que distribui a
comunhão, e que assinala seu ministério dizendo a cada um a fórmula: "O Corpo de
Cristo". É, pois, reprovado o costume de deixar a patena ou o cibório sobre o altar, para
que os fiéis retirem do mesmo a hóstia, sem apresentação por parte do ministro. É
também inconveniente que os fiéis tomem a hóstia com os dedos em pinça e, andando, a
coloquem na boca".
            Acrescentaria, não é elegante levar diretamente a hóstia da palma da mão para a
boca. Contudo, os ministros devem praticar uma certa tolerância em casos particulares, por
exemplo, quando alguém, um pouco constrangido por sofrer de uma sudorese na mão,
apresenta a palma da mão e junto a ela os dedos em pinça para receber a hóstia ou uma
mãe com o filhinho nos braços estende a mão com os dedos em pinça. Os ministros hão de
considerar benignamente cada caso em particular.
            Comunhão sob as duas espécies. - Toda a disposição sobre a Comunhão sob as
duas espécies que constava de 14 pontos, ou ocasiões foi reformulada como se segue:
            "Além dos casos previstos nos livros rituais, a Comunhão sob as duas espécies é
permitida nos seguintes casos:
            a) aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício;
            b) ao diácono e a todos que exercem algum ofício na Missa;
            c) aos membros das comunidades na Missa conventual ou na Missa chamada "da
comunidade", aos alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou
que participam de alguma reunião espiritual ou pastoral.
            O Bispo diocesano pode baixar normas a respeito da Comunhão sob as duas
espécies para a sua diocese, a serem observadas inclusive nas igrejas dos religiosos e nos
pequenos grupos. Ao mesmo Bispo se concede a faculdade de permitir a Comunhão sob as
duas espécies, sempre que isso parecer oportuno ao sacerdote celebrante, contanto que os
fiéis tenham boa formação a respeito e esteja excluído todo perigo de profanação do
Sacramento, ou o rito se torne mais difícil, por causa do número de participantes e por
outro motivo.
            Contudo, quanto ao modo de distribuir a sagrada Comunhão sob as duas espécies
aos fiéis, e à extensão da faculdade, as Conferências dos Bispos podem baixar normas, a
serem reconhecidas pela Sé Apostólica" (n. 283).
            "Quando a Comunhão é dada sob as duas espécies:
            a) quem serve ao cálice é normalmente o diácono, ou, na sua ausência, o
presbítero; ou também o acólito instituído ou outro ministro extraordinário da sagrada
Comunhão; ou outro fiel a quem, em caso de necessidade, é confiado eventualmente este
ofício.
            b) o que por acaso sobrar do precioso Sangue é consumido ao altar pelo
sacerdote, ou pelo diácono, ou pelo acólito instituído, que serviu ao cálice e como de
costume purifica, enxuga e compõe os vasos sagrados.
            Aos fiéis que, eventualmente, queiram comungar somente sob a espécie de pão,
seja-lhes oferecida a sagrada Comunhão dessa forma" (284).
            Estas disposições devem ser complementadas com a concessão por parte da Sé
Apostólica ao pedido da CNBB que ampliou o uso da Comunhão sob as duas espécies:
            "1. A todos os membros dos institutos religiosos e seculares, masculinos e
femininos e a todos os membros das casas de formação sacerdotal ou religiosa, quando
participam da Missa da comunidade.
            2. A todos os participantes da missa da comunidade por ocasião de um encontro de
oração ou de uma reunião pastoral.
            3. A todos os participantes em Missas que já comportam para alguns dos presentes
a comunhão sob as duas espécies, conforme o n. 242 dos Princípios e normas para uso do
Missal Romano:
            a. Quando há uma Missa de batismo de adulto, crisma ou admissão na comunhão
da Igreja;
            b. quando há casamento na Missa;
            c. na ordenação de diácono;
            d. na bênção da Abadessa, na consagração das virgens, na primeira profissão
religiosa, na renovação da mesma, na profissão perpétua, quando feitas durante a Missa;
            e. na Missa de instituição de ministérios, de envio de missionários leigos e quando
se dá na Missa qualquer missão eclesiástica;
            f. na administração do viático, quando a Missa é celebrada em casa;
            g. quando o Diácono e os ministros comungam na Missa;
            h. havendo concelebração;
            i. quando um sacerdote presente comunga na Missa;
            j. nos exercícios espirituais e nas reuniões pastorais;
            l. nas missas de jubileu de sacerdócio, de casamento ou de profissão religiosa;
            m. na primeira Missa de um neosacerdote;
            n. nas Missas conventuais ou da "Comunidade.
            4. Na ocasião de celebrações particularmente expressivas do sentido da
comunidade cristã reunida em torno do altar"7.
            O fiel mantém sempre a liberdade de receber a sagrada Comunhão apenas sob a
espécie de pão (cf. n. 284b).
            Ministro ocasional da Sagrada Comunhão. - É diverso do ministro
extraordinário da Comunhão eucarística. Além de ministro do Sacrifício memorial da
Cruz, o sacerdote é também ministro da Sagrada Comunhão. Por isso, a função de
distribuir a Sagrada Comunhão compete ao sacerdote, auxiliado pelo diácono. "Se não
houver (outros sacerdotes ou diáconos) e se o número dos comungantes for muito grande,
o sacerdote pode chamar ministros extraordinários para ajudá-lo, ou seja, o acólito
instituído bem como outros fiéis, que para isso foram legitimamente delegados. Em caso
de necessidade, o sacerdote pode delegar fiéis idôneos para o caso particular (n. 162a).
Para realçar a importância deste ministério, o Apêndice do Missal oferece um brevíssimo
rito para essa indicação na hora da Comunhão.
            Missa com assistência de um só ministro. - Não se fala mais de "Missa sem povo",
de "missa com assistência de um só ministro". Não está bem claro se o ministro aqui
assiste à missa ou ao sacerdote. No título parece que a assistência é à missa. No n. 252 se
diz: "Na Missa celebrada por um sacerdote, ao qual assiste e responde um só ministro,
observa-se o rito da Missa com povo (cf. n. 120-169), proferindo o ministro, quando for o
caso, as partes do povo".
            Para que o sacerdote celebre a sós, antes se exigia "grave necessidade" que passou
agora para causa justiça e razoável, que já aparece no novo Direito Canônico.
            "A celebração sem ministro ou ao menos de um fiel, não se faça a não ser por
causa justa e razoável. Nesse caso, omitem-se as saudações, as exortações e a bênção no
final da Missa" (n. 254).
            Por um lado, "recomenda-se com insistência a celebração cotidiana, a qual,
mesmo não  se podendo ter presença de féis, é um ato de Cristo e da Igreja, em cuja
realização os sacerdotes desempenham seu múnus principal". Por outro se amaina-se a
exigência da "grave necessidade" para se celebrar "em particular". Tal abrandamento não
deve conduzir à volta das "missas de canto", de "altar lateral", de capelinhas, e até de
quartos particulares dos sacerdotes, perdendo-se o caráter comunitário da Eucaristia como
Ceia do Senhor, seu caráter celebrativo.
            Purificação dos vasos sagrados. "Os vasos sagrados são purificados pelo
sacerdote ou pelo diácono ou pelo acólito instituído depois da Comunhão ou da Missa, na
medida do possível junto à credência. A purificação do cálice é feita com água, ou com
água e vinho, a serem consumidos por aquele que purifica o cálice. A patena seja limpa
normalmente com o sanguinho. Cuide-se que a sobra do Sangue de Cristo que
eventualmente sobrar após a distribuição da Comunhão seja tomado logo integralmente
ao altar (n. 279).
            Aqui temos a notar duas coisas. A purificação dos vasos sagrados é de competência
do sacerdote, do diácono e do acólito instituído. Excluem-se, portanto, os ministros
extraordinários da Comunhão eucarística. O cuidado em consumir logo integralmente o
Sangue de Cristo que eventualmente sobre após a distribuição da Comunhão, exceção
feita, é claro, para o caso de se levar eventualmente a Sagrada Comunhão sob a espécie de
vinho a algum enfermo.
            As leituras da Liturgia da Palavra. - "Para os domingos e solenidades estão
marcadas três leituras, isto é, do Profeta, do Apóstolo e do Evangelho, que levam o povo
cristão a compreender a continuidade da obra da salvação, segundo a admirável
pedagogia divina. Estas leituras sejam realmente feitas. Para as festas são previstas duas
leituras. Mas, se a festa, segundo as normas, for elevada ao grau de solenidade,
acrescenta-se uma terceira leitura, tirada do Comum" (n. 357).
            O que terá mudado aqui? As três leituras sejam realmente feitas. Parece que se
aboliu a faculdade às Conferências dos Bispos de, por motivos de ordem pastoral permitir
em algumas regiões o uso de apenas duas leituras. No caso das festas, elevadas a
solenidades diz-se simplesmente: "acrescenta-se uma terceira leitura, tirada do Comum".
            Leituras próprias e apropriadas. - "Na memória dos Santos, a não ser que haja
próprias, leem-se normalmente as leituras indicadas para o dia de semana. Em alguns
casos propõem-se leituras apropriadas, ou seja, que realçam um aspecto peculiar da vida
espiritual ou da atividade do Santo. O uso destas leituras não deve ser urgido, a não ser
que uma razão pastoral realmente o aconselhe" (n. 357c). A Introdução Geral do Ordo
Lectionum distingue entre leituras próprias a apropriadas nos seguintes termos: "Para as
celebrações dos santos propõem-se, quando elas existem, leituras próprias, isto é, que
tratam da mesma pessoa do santo ou do mistério que a missa celebra. Essas leituras,
embora se trate de uma memória, devem ser feitas no lugar das leituras correspondentes
ao dia de semana. Quando se dá esse caso numa memória, o Elenco das Leituras da
Missa o indica expressamente em seu lugar. Às vezes, dá-se o caso de leituras
apropriadas, isto é, que sublinham algum aspecto peculiar da vida espiritual ou da
atividade do santo. Em tal caso, não parece que se deve impor o uso dessas leituras, a
não ser que o motivo pastoral o aconselhe realmente. Geralmente, indicam-se as leituras
que existem nos Comuns, para facilitar a escolha. Trata-se apenas de sugestões: em vez
da leitura apropriada ou simplesmente proposta, pode-se escolher qualquer outra dos
Comuns indicados" (Intr. ao OLM, n. 83).
            Por isso, a edição do Lecionário Santoral não apresenta por extenso as leituras
apropriadas ou meramente indicadas, visto que, nas memórias dos Santos, em princípio, se
deve dar preferência às leituras dos dias de semana. Também se deve ter um certo cuidado
no uso de certos Missais da Assembleia, como, por exemplo, o Missal da Assembleia
Cristã - Missal Cotidiano, que em cada memória dos Santos remete para as leituras apenas
indicadas. Insistimos, as leituras do Lecionário dos Dias de Semana têm preferência sobre
as leituras meramente indicadas e mesmo as apropriadas. O mesmo critério se deve usar ao
se fazer uso da "Liturgia Diária".
            Disposição e ornamentação das igrejas. - No capítulo sobre a disposição e
ornamentação das igrejas para a celebração da Eucaristia temos algumas insistências e
acréscimos.
            1. Dedicação das igrejas. - "Todas as igrejas sejam dedicadas ou ao menos
abençoadas. Contudo, as igrejas catedrais e paroquiais sejam solenemente dedicadas" (n.
290). Temos, portanto, uma determinação positiva: as igrejas paroquiais sejam
dedicadas.
            2. O altar. - Deve ser dedicado segundo o rito descrito no Pontifical Romano. Ao
falar da dedicação do altar e não de consagração, percebemos uma certa contradição ou
falta de clareza: "Tanto o altar fixo como o móvel seja dedicado conforme o rito
apresentado no Pontifical Romano; o altar móvel, porém, só pode ser abençoado" (n.
300). No princípio geral se diz: "tanto o altar fixo como o móvel seja dedicado". Depois:
"o altar móvel, porém, só pode ser abençoado". Talvez se queira dizer que a bênção do
altar móvel também siga o rito descrito no Pontifical.
            Em todo caso, haja nas novas igrejas um só altar, onde se celebre a Eucaristia, e
nas igrejas antigas igrejas onde o altar mor junto à parede, permanece em respeito à arte,
deve haver outro altar central que também será dedicado: "Nas novas igrejas a serem
construídas, convém erigir um só altar, que na assembleia dos fiéis signifique um só
Cristo e uma só Eucaristia da Igreja.
            Contudo, nas igrejas já construídas, quando o altar antigo estiver colocado de tal
maneira que torne difícil a participação do povo, nem puder ser transferido sem detrimento
de seu valor artístico, construa-se outro altar fixo com valor artístico e devidamente
dedicado; e somente nele se realizem as sagradas celebrações. Para não distrair a atenção
dos fiéis do novo altar, o altar antigo não seja ornado de modo especial (n. 303).
            3. O ambão - Realça a dignidade do lugar donde se anuncia a palavra de Deus. A
ele subam somente os ministros da palavra de Deus; não seja uma mera estante móvel e
convém que, antes do seu uso litúrgico seja abençoado: "A dignidade da palavra de Deus
requer na igreja um lugar condigno de onde possa ser anunciada e para onde se volte
espontaneamente a atenção dos fiéis no momento da liturgia da palavra.
            De modo geral, convém que esse lugar seja uma estrutura estável e não uma
simples estante móvel. O ambão seja disposto de tal modo em relação à forma da igreja
que os ministros ordenados e os leitores possam ser vistos e ouvidos facilmente pelos fiéis.
            Do ambão são proferidas somente as leituras, o salmo responsorial e o precônio
pascal; também se podem proferir a homilia e as intenções da oração universal ou oração
dos fiéis. A dignidade do ambão exige que a ele suba somente o ministro da palavra.
            Convém que o novo ambão seja abençoado antes de ser destinado ao uso litúrgico
conforme o rito proposto no Ritual Romano (n. 309).
            Percebemos que deverá haver um único ambão, ou seja, uma só mesa da Palavra de
Deus, um só ambão. A tendência é construí-lo no antigo "lado do Evangelho", ou seja, do
lado direito do sacerdote no altar ou na sede do celebrante. Digo, trata-se de uma
tendência; não se trata de algo rígido. O outro lado seria ocupado pelo comentarista que
não sobe ao ambão, mas pode ter uma estante móvel, donde também o animar do canto
exerce sua função junto com o grupo de cantores.
            4. A cadeira do sacerdote celebrante ou  presidente da celebração. - "A cadeira
do sacerdote celebrante deve manifestar a sua função de presidir a assembleia e dirigir a
oração. Por isso, o seu lugar mais apropriado é de frente para o povo no fundo do
presbitério, a não ser que a estrutura do edifício sagrado ou outras circunstâncias o
impeçam, por exemplo, se a demasiada distância torna difícil a comunicação entre o
sacerdote e a assembleia, ou se o tabernáculo ocupar o centro do presbitério atrás do altar.
Evite-se toda espécie de trono. Antes de ser destinada ao uso litúrgico, convém que se faça
a bênção da cadeira da presidência segundo o rito descrito no Ritual Romano.
            Disponham-se também no presbitério cadeiras para os sacerdotes concelebrantes,
bem como para presbíteros que, revestidos de veste coral, participem da concelebração,
sem que concelebrem.
            A cadeira para o diácono esteja junto da cadeira do celebrante. Para os demais
ministros, as cadeiras sejam dispostas de modo que se distingam claramente das cadeiras
do clero e eles possam exercer com facilidade a função que lhe é confiada" (n. 310).
            Usamos o termo cadeira do sacerdote celebrante ou cadeira da presidência que, na
Celebração eucarística naturalmente é o sacerdote. Não se encontrou ainda um termo que
expresse melhor este lugar, de onde o sacerdote preside à celebração. O latim usa a palavra
"sedes", que não podemos traduzir por sede que é associada à cadeira do Papa, em que ele
era carregado ao entrar na Basílica de São Pedro, abençoando o povo, praticamente
abolida por Paulo VI. Hoje é sinônimo também de centros matrizes de associações e
firmas. Em todo, caso, deve ser evitada toda espécie de trono. É, no entanto, distinta das
outras cadeiras reservadas para os ministros e da cátedra episcopal da qual nem se fala
aqui. A cátedra e o seu uso vêm descritos no Cerimonial dos Bispos11.
Antes de ser destinada ao uso litúrgico, convém que se faça a bênção da cadeira da
presidência segundo o rito descrito no Ritual Romano.
            5. Material dos vasos sagrados. - "Os vasos sagrados sejam feitos de metal
nobre. Se forem de metal oxidável ou menos nobres do que o ouro sejam normalmente
dourados por dentro. (n. 328). A juízo da Conferência dos Bispos, com aprovação da Sé
Apostólica, os vasos sagrados podem ser feitos também de outros materiais sólidos e
considerados nobres em cada região, por exemplo, o marfim ou certas madeiras mais
duras, contanto que convenham ao uso sagrado. Neste caso, prefiram-se sempre materiais
que não se quebrem nem se alterem facilmente. Isso vale para todos os vasos destinados a
receber as hóstias como patena, cibório, teca, ostensório e outros do gênero" (n. 329).
            "Para consagrar as hóstias, é conveniente usar uma patena de maior dimensão,
onde se coloca tanto o pão para o sacerdote e do diácono bem como para os demais
ministros e fiéis" (n. 331).
            Quanto à forma dos vasos sagrados insiste-se que "se distingam claramente
daqueles destinados ao uso cotidiano" (cf. n. 332).
            6. Dignidade dos livros litúrgicos. - Entre os objetos usados na igreja pede-se
especial atenção aos livros litúrgicos. "Deve-se cuidar de modo especial que os livros
litúrgicos, particularmente, o Evangeliário e o Lecionário, destinados à proclamação da
Palavra de Deus, gozando, por isso, de veneração peculiar, sejam na ação litúrgica
realmente sinais e símbolos das realidades celestes, e, por conseguinte, verdadeiramente
dignos, artísticos e belos" (n. 349). Em consequência, exige-se um esforço por superar ou
por dar uma nova forma e finalidade aos "folhetos litúrgicos". Em todo caso, que eles não
sejam usados para a proclamação da Palavra de Deus.
            7. Os paramentos. Curiosamente eles não são chamados vestes litúrgicas, mas
vestes sagradas. Foi omitido o parágrafo que falava do uso de paramentos mais nobres,
mesmo que não sejam da cor do dia, em dias de maior solenidade (cf. n. 309 antigo). Esta
possibilidade parece permanecer ao menos para as Missas rituais: "As Missas rituais são
celebradas com a cor própria, a branca ou a festiva" (n. 347).

V. ALGUMAS RESTRIÇÕES
            Pudemos descobrir na nova Instrução Geral sobre o Missal Romano algumas
restrições, que talvez pudéssemos chamar também de retrocessos.
            Purificação dos vasos sagrados. - Esta purificação é restrita aos ministros
ordenados e ao acólito instituído: "Os vasos sagrados são purificados pelo sacerdote ou
pelo diácono ou pelo acólito instituído depois da Comunhão ou da Missa, na medida do
possível junto à credência. A purificação do cálice é feita com água, ou com água e vinho,
a serem consumidos por aquele que purifica o cálice. A patena seja limpa normalmente
com o sanguinho" (n. 278). Excluem-se, portanto, os ministros extraordinários da
Comunhão eucarística, que, na prática, ao presidirem celebrações da Palavra de Deus, na
ausência do sacerdote, ou levarem a Sagrada Comunhão aos enfermos, exercem tal
ministério.
            Os ministros que auxiliam na distribuição da Sagrada Comunhão. - "Se não
houver (outros presbíteros ou diáconos) e se o número dos comungantes for muito
grande, o sacerdote pode chamar ministros extraordinários para ajudá-lo, ou seja, o
acólito instituído bem como outros fiéis, que para isso foram legitimamente delegados.
Em caso de necessidade, o sacerdote pode delegar fiéis idôneos para o caso particular.
Estes ministros não se aproximem do altar antes que o sacerdote tenha tomado a
Comunhão, recebendo sempre o vaso que contém as espécies da Santíssima Eucaristia a
serem distribuídas aos fiéis, da mão do sacerdote celebrante" (n. 162).
            Quais seriam estes ministros? O acólito instituído bem como outros fiéis, que para
isso foram legitimamente delegados, ou somente estes últimos, ou seja, ministros
ocasionais? Parece que são todos eles.
            Em Esclarecimentos fornecidos mediante diferentes consultas, fornecidos por
oficiais da Congregação para o Culto Divino, a 28 de julho de 2000, parece que se quer
acentuar aqui o momento da fração do pão: "A fração do Pão Eucarístico é tarefa do
sacerdote e do diácono. Os ministros leigos da Eucaristia não se aproximam do altar
senão depois da comunhão do sacerdote, e sempre recebem a âmbula das mãos do
sacerdote". Parece, pois, que os ministros leigos não são impedidos de buscar, se
necessário, algum cibório no tabernáculo após a saudação da paz, para que ao se
apresentar o Sacramento aos fiéis, já esteja sobre o altar. Neste caso, os ministros
depositam o cibório sobre o altar e se retiram ou pouco para o seu lugar.
            Este item certamente constitui um alerta a se evitar o mau costume de se dar a
Comunhão quase que somente de hóstias já consagradas em missas anteriores. Quando se
distribui a Comunhão com hóstias consagradas na mesma missa, como é sumamente
recomendado, é claro que não há necessidade de os ministros se aproximarem antes de o
sacerdote ter comungado.
            Gestos e posições do corpo. - Neste ponto temos algo de estranho. Por um lado se
insiste que os gestos e posições do corpo devem expressar claramente o sentido de cada
parte da missa. "Os gestos e posições do corpo tanto do sacerdote, do diácono e dos
ministros, como do povo devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo
decoro e nobre simplicidade, se compreenda a verdadeira e plena significação de suas
diversas partes e se favoreça a participação de todos. Deve-se, pois, atender às diretrizes
do direito litúrgico e da prática tradicional do Rito Romano e a tudo que possam
contribuir para o bem comum espiritual do povo de Deus, de preferência ao próprio gosto
ou arbítrio" (n. 42a).
            1. De joelhos do Santo até o final da Oração eucarística? - Depois, se diz ser
louvável os fiéis, onde for costume, permanecerem de joelhos do Santo até o final da
Oração eucarística: "Onde for costume o povo permanecer de joelhos do fim da
aclamação do Santo até ao final da Oração eucarística, é louvável que ele seja mantido"
(n. 43d).
            Estranhamos porque, dentro da tradição litúrgica, a ação de graças se proclama
de pé; a profissão de fé é feita de pé; o anúncio é feito de pé; as aclamações são feitas
de pé. Creio que esta concessão pode levar ao risco de se acentuar o aspecto da adoração
na Missa. Não podemos voltar a acentuar a dimensão da presença real e da Comunhão,
mas a Eucaristia como ação de graça, memorial, do sacrifício da Cruz. A adoração da
Eucaristia tem outro momento, isto é, o culto eucarístico fora da Missa.
            Como ficaria a aclamação depois da Consagração? Trata-se de aclamação, anúncio
e testemunho do mistério pascal de Cristo atualizado na Eucaristia. A posição de joelhos
não é posição adequada. A posição apropriada é de pé, posição de alerta, de prontidão, de
anúncio, de testemunho, de profissão de fé. Por isso, apresentam-se três aclamações.
Fazem parte da Oração eucarística. Devem ser proclamadas integralmente. Cada uma
realça um aspecto do mistério da Eucaristia: Na primeira, o anúncio da morte e
ressurreição de Cristo; na segunda, a Eucaristia como Ceia memorial da Salvação; na
terceira, uma prece confiante ao Salvador do mundo, que nos libertou pela Cruz e
ressurreição. Não é hora de adoração do Santíssimo. Nada de acrescentar cantos de
adoração nesta hora. A aclamação normalmente será cantada.
            Confiamos que a Conferência dos Bispos a quem compete dispor sobre os gestos e
posições do corpo na missa, também dê uma orientação neste ponto.
            2. Comunhão de joelhos? - Quanto ao modo de receber a Comunhão, a Instrução
Geral acolheu o que já fora determinado na Instrução "Inaestimabile Donum", baixada
pela Sagrada Congregação para os Sacramentos e o Culto Divino, em 1980. Os fiéis
comungam de pé ou ajoelhados, conforme a determinação da Conferência dos Bispos: "O
sacerdote toma, então, a patena ou o cibório e se aproxima dos que vão comungar e que
normalmente se aproximam em procissão. Não é permitido aos fiéis receber por si
mesmos o pão consagrado nem o cálice consagrado e muito menos passar de mão em
mão entre si. Os fiéis comungam ajoelhados ou de pé, conforme for estabelecido pela
Conferência dos Bispos. Se, no entanto, comungarem de pé, recomenda-se que, antes de
receberem o Sacramento, façam uma devida reverência, a ser estabelecida pelas mesmas
normas" (n. 160).
            Há três coisas a observar. Primeiro, os fiéis normalmente se aproximam em
procissão. A procissão expressa o Povo de Deus em marcha, a caminho da casa do Pai.
Neste caminho, como o povo de Israel, ele é alimentado pelo Pão descido do céu, Jesus
Cristo.
            Segundo, os fiéis comungam ajoelhados ou de pé. Conforme a própria Instrução,
"a posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar é sinal da
unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois
exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos presentes" (n. 42b). Importa,
portanto, que haja unidade que será estabelecida pela Conferência dos Bispos. Aqui não se
deixa liberdade ao indivíduo. O critério não se fundamenta em orientações de nossa
Senhora a partir de supostas visões aparições a quem quer que seja. Nossa Senhora está em
oposição, mas em comunhão com o Magistério da Igreja. Cremos que receber a
Comunhão de pé é mais concernente com a Eucaristia, Memorial eucarístico do Mistério
pascal de Cristo e com Ceia do Senhor. É difícil e um pouco estranho participar de uma
ceia de joelhos. Esta forma de receber a Comunhão parece reforçar a compreensão da
Eucaristia como objeto de adoração que vingou durante muitos séculos.
            Terceiro, a reverência ao se comungar de pé. Trata-se de uma recomendação a
ser regulamentada também pela Conferência dos Bispos e não de uma obrigação. Qual
seria esta reverência? A genuflexão parece excluída, pois atrapalharia o bom andamento
da procissão. Inclinação profunda? Se possível, se não fosse na hora mesma de se receber
a hóstia. Parece que bastaria uma simples inclinação de cabeça. Como já ficou dito, a
questão deverá ser regulamentada pela Conferência dos Bispos.
            Leituras dialogadas ou "encenadas". - Fica praticamente excluída a proclamação
da Palavra de Deus em forma dialogada ou como que encenada. "Não convém de modo
algum que várias pessoas dividam entre si um único elemento da celebração, por
exemplo, a mesma leitura feita por dois, um após o outro, a não ser se trate da Paixão do
Senhor" (n. 109). Foi justamente a partir do modo de se proclamar a Paixão do Senhor
com papéis diferentes como o cronista, Jesus e intervenção de outras pessoas e do povo,
que se introduziu o costume de proclamar de modo mais vivo como que encenando certos
Evangelhos bem como outras leituras, onde aparece sobretudo o diálogo, permanecendo
ao sacerdote a função de Jesus Cristo. Este hábito é agora de todo desaconselhado.

VI. ADAPTAÇÕES QUE COMPETEM AOS BISPOS E ÀS SUAS


CONFERÊNCIAS:
            As Introduções Gerais dos diversos Rituais publicados pela Sé Apostólica
costumam ter um último capítulo sobre as adaptações que competem às Conferências dos
Bispos, ao Bispo diocesano e ao Presidente da celebração. Isso não foi feito com o Missal
Romano. Por isso, o Capítulo IX, todo novo, sob o título Adaptações que competem aos
Bispos e às suas Conferências, que vai do n. 386 a 399.
            A finalidade deste novo capítulo da Instrução vem expressa assim: "A renovação
do Missal Romano, realizada segundo as exigências do nosso tempo, de acordo com as
normas do Concílio Vaticano II, teve o máximo cuidado para que todos os fiéis pudessem
garantir, na celebração eucarística, aquela plena, consciente e ativa participação que a
própria natureza da Liturgia exige e à qual os próprios fiéis, por força de sua condição,
têm direito e obrigação. Para que a celebração corresponda mais plenamente às normas e
ao espírito da sagrada Liturgia, propõem-se nesta Instrução e no Ordinário da Missa
algumas ulteriores mudanças e adaptações, confiadas ao critério do Bispo diocesano ou às
Conferências dos Bispos" (n. 386).
            Competências do Bispo diocesano. - O Bispo diocesano deve ser, antes de tudo, o
fautor, coordenador e vigia da vida litúrgica em sua diocese: "O Bispo diocesano, que
deve ser tido como o sumo sacerdote de sua grei, do qual, de algum modo, deriva e
depende a vida de seus fiéis em Cristo, deve fomentar, coordenar e vigiar a vida litúrgica
em sua diocese. Conforme esta instrução, cabe a ele orientar a disciplina da
concelebração (cf. n. 202), estabelecer normas para o serviço do sacerdote ao altar (cf. n.
107), sobre a distribuição da sagrada Comunhão sobre as duas espécies (cf. n. 284) e
sobre a construção e restauração de igrejas (cf. n. 291-294). Mas, cabe-lhe antes de tudo
alimentar o espírito da sagrada Liturgia nos sacerdotes, diáconos e fiéis" (n. 387).
            Competências das Conferências dos Bispos. - Outras adaptações cabem às
Conferências dos Bispos: "As adaptações, de que se trata abaixo, que pedem uma
coordenação mais ampla, devem ser especificadas, conforme as normas do direito, na
Conferência dos Bispos" (n. 388).
"Compete, primeiramente, às Conferências dos Bispos preparar e aprovar a
edição deste Missal Romano nas diversas línguas vernáculas, para que, reconhecidas
pela Sé Apostólica, sejam usadas nas respectivas regiões. O Missal Romano deve ser
publicado integralmente tanto no texto latino como nas versões em vernáculo
legitimamente aprovadas" (n. 389).
"Compete às Conferências dos Bispos definir as adaptações, e introduzi-las no
próprio Missal, com a aprovação da Sé Apostólica, os pontos indicados nesta Instrução
geral e no Ordinário da Missa, como:
            - gestos e posições do corpo dos fiéis (cf. acima, n. 24 e 43);
            - gestos de veneração ao altar e ao Evangeliário (cf. acima, n. 273);
            - textos dos cantos da entrada, da preparação das oferendas e da Comunhão (cf.
acima, n. 48, 74 e 87);
            - a escolha de leituras da Sagrada Escritura a serem usadas em circunstâncias
peculiares (cf. acima, n. 362);
            - a forma de dar a paz (cf. acima, n. 82);
            - o modo de receber a sagrada Comunhão (cf. acima, n. 160-161 e 284);
            - o material para a confecção do altar e das sagradas alfaias, sobretudo dos vasos
sagrados, bem como a forma e a cor das vestes litúrgicas (cf. acima, n. 301, 329, 332, 345-
346 e 349).
            Contudo, Diretórios ou Instruções pastorais, consideradas úteis pela Conferência
dos Bispos, após prévia aprovação da Sé Apostólica, poderão ser introduzidas, em lugar
apropriado, no Missal Romano" (390).
            "Às mesmas Conferências compete cuidar com especial atenção das traduções dos
textos bíblicos usados na celebração da Missa. Pois, da sagrada Escritura são lidas as
lições e explicadas na homilia, e cantam-se os salmos, e é de sua inspiração e bafejo que
surgiram as preces, orações e hinos litúrgicos, de modo que dela que os atos e sinais
recebem a sua significação. Use-se uma linguagem que corresponda à compreensão dos
fiéis e que se adapte à proclamação em público, considerando, porém, as características
próprias aos diversos modos de falar usados nos livros sagrados" (n. 391).
            "Compete, igualmente, às Conferências dos Bispos preparar com muito cuidado a
versão dos demais textos, para que, garantida a índole de cada língua, se transmita
plenamente e com fidelidade o sentido do texto original latino. Na execução deste
empreendimento é preciso considerar os diversos gêneros literários usados no Missal,
como as orações presidenciais, as antífonas, as aclamações, as respostas, as preces
litânicas etc.
            Deve-se ter em mente que a tradução dos textos não visa primeiramente à
meditação, mas, antes, à proclamação ou ao canto no ato da celebração.
            Faça-se uso de uma linguagem adaptada aos fiéis da respectiva região, mas
que seja nobre e dotada de valor literário, permanecendo sempre a necessidade de
alguma catequese sobre o sentido bíblico e cristão de certas palavras ou frases.
            É melhor que nas regiões em que se fala a mesma língua, se tenha, na medida
do possível, uma só versão para os textos litúrgicos, sobretudo para os textos bíblicos e
para o Ordinário da Missa" (n. 392).
"Tendo em vista o lugar proeminente que o canto recebe na celebração, como
parte necessária ou integrante da liturgia, compete às Conferências dos Bispos aprovar
melodias adequadas, sobretudo para os textos do Ordinário da Missa, para as respostas e
aclamações do povo e para celebrações peculiares que ocorrem durante o ano litúrgico.
            Cabe-lhes igualmente decidir quanto aos gêneros musicais, melodias e
instrumentos musicais, que possam ser admitidos no culto divino e, até que ponto
realmente são adequados ou poderão adaptar-se ao uso sagrado" (n. 393).
            "Convém que cada diocese tenha o seu calendário e o próprio das Missas. A
Conferência dos Bispos, por sua vez, prepare o calendário próprio da nação, ou, em
colaboração com outras Conferências um calendário mais amplo, a ser aprovado pela Sé
Apostólica.
            Nesta iniciativa deve-se considerar e defender ao máximo o dia do Senhor,
como dia de festa primordial, de modo que outras celebrações, a não ser que sejam de
máxima importância, não se lhe anteponham. Igualmente se cuide que o ano litúrgico
renovado por decreto do Concílio Vaticano II não seja obscurecido por elementos
secundários.
            Na elaboração do Calendário do país, sejam indicados os dias das Rogações e
das Quatro Têmporas do ano, bem como as formas e os textos para celebrá-las; e
tenham-se em vista outras determinações peculiares.
            Convém que, na edição do Missal, as celebrações próprias de toda a nação ou
de uma região mais ampla sejam inseridas no devido lugar entre as celebrações do
calendário geral, ao passo que as celebrações próprias de uma região ou de uma diocese
tenham lugar em Apêndice particular" ( n. 394).
            Inculturação da Liturgia. - "Finalmente, se a participação dos fiéis e o seu bem
espiritual exigirem variações e adaptações mais profundas, para que a sagrada
celebração responda à índole e às tradições dos diversos povos, as Conferências
Episcopais podem propô-las à Sé Apostólica, segundo o art. 40 da Constituição sobre a
sagradas Liturgia, para introduzi-las com o seu consentimento, sobretudo em favor de
povos a quem o Evangelho foi anunciado mais recentemente. Observem-se atentamente as
normas peculiares emanadas pela Instrução "A Liturgia Romana e a Inculturação" (n.
395a).
            Seguem-se estas normas peculiares. Esperava-se muito dessa Instrução. Insiste-se
na Liturgia Romana. No entanto, na prática, ela impede o surgimento de novos ritos, como
se depreende do que se segue:
            "Finalmente, a busca da inculturação, não leva de modo algum, à criação de
novas famílias rituais, mas ao tentar dar resposta às necessidades de determinada cultura
o faz de tal modo que as adaptações introduzidas no Missal ou nos outros livros litúrgicos
não prejudiquem o caráter proporcionado, típico do Rito Romano" (n. 298b).
            "Assim pois, o Missal Romano, ainda que na diversidade de línguas e em certa
variedade de costumes, para o futuro, deverá ser conservado como instrumento e sinal
preclaro da integridade e unidade do Rito Romano" (n. 399).
            O Papa João Paulo II chegou a declarar aos Bispos do Regional Nordeste 3 da
CNBB em visita "ad limina", que no Brasil não há lugar para um rito afro-brasileiro,
visto que eles foram evangelizados a partir do Rito Romano. O que nos resta? Quem sabe,
um rito para certas nações indígenas e, ainda assim, ele deverá garantir "a substancial
unidade do Rito romano". Não é fácil trabalhar em tal processo de inculturação da
Liturgia. Entre nós este processo de adaptação inculturada foi apenas iniciada. Temos,
pois, um longo caminho a percorrer. Se o processo de adaptação inculturada já é
complicadíssimo, o que, então, pensar de um rito inculturado?

CONCLUSÃO:
            Como vimos, as novidades propriamente ditas são poucas. Nesta terceira edição
típica do Missal Romano renovado por decisão do Concílio Vaticano II manteve-se
basicamente a estrutura da Missa aprovada por Paulo VI. Integrou-se no próprio texto da
Instrução o Proêmio acrescentado um pouco depois da edição do "Ordo Missae" devido às
críticas e os ataques contra o Missal reformado. Temos agora uma só numeração. Foi
integrada na Instrução Geral toda a regulamentação da Liturgia da Missa posterior à
primeira edição típica do Missal Romano.
            A nossa exposição pode ter deixado a impressão de volta a uma concepção
rubricística e legalista da Liturgia. Creio que não devamos tirar esta conclusão. O
acolhimento desta nova Instrução e edição do Missal Romano deve levar sim à uma
compreensão maior da ritualidade da celebração dos mistérios de Cristo. Rito é rito e
deve ser vivido como tal. Importa descobrir e viver seu sentido simbólico. Os ritos ou
a expressão significativa da Liturgia contêm, ocultam, revelam e comunicam ao
mesmo tempo o mistério de Cristo.

ÍNDICE
INTRODUÇÃO
I. NOVIDADES
- Abolição do altar voltado para a parede
- A posição do tabernáculo
II. INSISTÊNCIAS E PROIBIÇÕES
- O canto do Ordinário da Missa dialogada com a assembléia
- O canto gregoriano
- O Glória e o Cordeiro de Deus
- O Santo
- A Palavra de Deus
- Proclamação da Palavra de Deus
- A presidência única da Missa
- Vestes litúrgicas
- Comunhão de hóstia consagradas na Missa
- A Sagrada Comunhão recebida só do ministro
- O silêncio
- A Oração eucarística deve ser proferida somente pelo sacerdote
- O "Por Cristo", só do sacerdote
- Intervenções da assembléia durante a Oração eucarística
- O ministro da Santa Comunhão
III. EXPLICITAÇÕES DE ALGUNS RITOS
- Absolvição do Ato penitencial sem força de sacramento
- O Senhor, tende piedade e o Ato Penitencial
- O canto do Próprio da Missa
- O "Aleluia" com valor em si mesmo
- Incensação
- Sinais de veneração
- Posições do corpo
- Sobriedade da saudação da paz
- A maneira de saudar ao Evangelho
- A preparação do altar do sacrifício
1. Ofertório
2. Apresentação das oferendas
3. Canto das oferendas
4. Aclamação
- O rito das oferendas
- Aclamação após a Consagração
- Maneira de apresentar a hóstia e o cálice
1. Após a Consagração
2. Na grande doxologia
3. Antes da Comunhão
- Ornamentação do altar
- Crucifixo e não simples cruz
- A piscina
IV. AMPLIAÇÕES E ACRÉSCIMO
- Silêncio
- O "Asperges"
- A ação do Espírito Santo na Liturgia
- Aclamações na Oração eucarística
- Ministros leigos como acólitos e leitores
- Os coroinhas e as coroinhas
- Procissão de entrada
- Realce dado ao Evangeliário
- Benção com o Evangeliário
- Aclamação à Palavra de Deus
- Preparação do altar por ministro leigo
- A Comunhão na mão
- Comunhão sob as duas espécies
- Ministro ocasional da Sagrada Comunhão
- Missa com assistência de um só ministro
- Purificação dos vasos sagrados
- As leituras da Liturgia da Palavra
- Leituras próprias e apropriadas
- Disposição e ornamentação das igrejas
1. Dedicação das igrejas
2. O altar
3. O ambão
4. Cadeira do sacerdote celebrante ou presidente da celebração
5. Material dos vasos sagrados
6. Dignidade dos livros litúrgicos
7. Os paramentos
V. ALGUMAS RESTRIÇÕES
- Purificação dos vasos sagrados
- Os ministros que auxiliam na distribuição da Sagrada Comunhão
- Gestos e posições do corpo
1. De joelhos do Santo até o final da Oração eucarística?
2. Comunhão de joelhos?
- Leituras dialogadas ou "encenadas"
VI. ADAPTAÇÕES QUE COMPETEM AOS BISPOS E ÁS SUAS CONFERÊNCIAS
- Competências do Bispo diocesano
- Competências da Conferência dos Bispos
- Inculturação da Liturgia

Você também pode gostar