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Filosofia Política

1. Apresentação 4
A Filosofia Política 5
1.1 Questões da Filosofia Política 5
1.2 O Pensamento Político 5
1.3 Idade Antiga, Moderna e Contemporânea 7
1.4 Governo e Estados 10

2. Principais Pensadores da Filosofia Política 14


2.1 Platão 14
2.2 Aristóteles 15
2.3 Maquiavel 15
2.4 Contratualistas 18
2.5 Iluministas 19
2.6 Escola de Frankfurt 19
2.7 Hanna Arendt 20

3. Filosofia Política e Democracia 22


3.1 Democracia no Brasil 24
3.2 Tipos de Democracia 27

4. Platão e Aristóteles 29
4.1 Pensamento Político 30
Anexos e Quadros Comparativos 31
Material Complementar 32

5. Referências Bibliográficas 34

02
03
FILOSOFIA POLÍTICA

1. Apresentação

Fonte: www.brechando.com1

P rezados (as) aluno (as),


Na presente disciplina estuda-
remos sobre a filosofia política,
tre filosofia política de ciência polí-
tica, analisando suas características
e conceitos base de forma a destacar
abordando todos os filósofos impor- os pontos importantes de cada uma.
tantes na construção do conceito da Abordaremos também a rela-
filosofia, como Sócrates, Aristóteles, ção entra a filosofia e a política in-
Max Weber, Karl Marx, entre ou- trinsicamente, trazendo conceitos
tros. de governo, democracia, e o estado.
Elencaremos o estudo do pen- Ao final, veremos sobre o pensa-
samento político pelos ensinamen- mento político de Aristóteles e Pla-
tos de Leo Strauss e a diferença en- tão, citando suas semelhanças e di-
ferenças.

1 Retirado em www.brechando.com

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FILOSOFIA POLÍTICA

Havendo alguma dúvida, não comunidades que eram relacionadas


deixe de encaminhar as suas per- a vida urbana na época.
guntas ao setor pedagógico por meio 1.1 Questões da Filosofia Polí-
do protocolo ou atendimento aos tica
alunos. Bons estudos!
Pode ser uma tarefa difícil
A Filosofia Política conceituarmos as questões que
abrangem a filosofia política, visto
A Filosofia Política pode ser que seus fundamentos até os dias de
conceituada como o campo da filo- hoje são pautados em inúmeros con-
sofia que busca analisar e compreen- flitos filosóficos. Todavia, separa-
der as questões sócio-políticas do ser mos alguns tópicos especiais dentro
humano. A filosofia busca compre- da história da filosofia, os quais ex-
ender as questões sobre a justifica- planaremos a seguir:
ção do poder do governo, a origem e As relações entre a sociedade,
objetivos do mesmo. Podemos dizer estado e moral é um tópico extenso
que há um problema que permeia a estudado por Nicolau Maquiavel,
filosofia política, sendo ele a forma Augusto Comte e Antônio Gramsci.
que o homem implementa e delimita Por outro lado, Karl Marx e Max We-
o poder estatal, com fulcro em man- ber buscam falar sobre as relações
ter sua sobrevivência e a da socie- entra a economia e política e suas
dade pela qualidade de vida. O nuances. Benjamim Constant e
termo aqui estudado tem sua origem Hanna Arendt voltam seus olhos
remetida à muitos anos atrás, na para as questões acerca da liberdade
época em que os gregos mantinham do ser humano frente a política.
sua organização em cidades-estados
denominadas POLIS, a partir deste 1.2 O Pensamento Político
nome, derivaram as palavras POLI-
TIKE que significa política e POLI- Ao estudar a filosofia política,
TIKOS, que representa os cidadãos, devemos voltar nossa atenção para
os sujeitos. O termo como conhece- analisar com funciona o pensa-
mos hoje derivou-se do grego antigo, mento político na sociedade, quanto
POLITÉIA, indicando os meios re- a isso, o doutrinador Leo Strauss, le-
metidos a POLIS, ou cidade-estado ciona da seguinte maneira:
como vimos acima.
O termo poderia ainda ser O pensamento político é, en-
quanto tal, indiferente em rela-
usado para representar sociedades e ção a distinção entre opinião e

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FILOSOFIA POLÍTICA

conhecimento; mas a filosofia Conhecer as coisas políticas é


política é o esforço consciente,
o objetivo principal da filosofia polí-
coerente e incessante de substi-
tuir as opiniões sobre os funda- tica, e isso a difere da simples opi-
mentos da política pelo seu co- nião política mesmo que ela esteja
nhecimento. O pensamento po-
lítico não deve ser mais, e não
diante de outras opiniões. Sendo as-
deve sequer pretender ser mais, sim, podemos ver que faz parte da
que a exposição ou a defesa de essência política estar sendo guiada
uma convicção ou de um mito
encorajador; mas é essencial à
e redirecionada por um misto de
filosofia política ser posta em verdades empíricas e opiniões soci-
movimento, e ser mantida em ais a respeito da mesma. Frente ao
movimento, pela consciência
inquietante da diferença funda-
seu dinamismo social e contemporâ-
mental entre a convicção, ou a neo, o viés político não vem a ser ad-
crença, e o conhecimento. quirido da mesma forma que foi
(STRAUSS, 2016).
concebido.
Devemos saber diferenciar a Se faz crucialmente necessário
filosofia política de outras demais que os cientistas busquem organizar
formas de análise/reflexão sobre o seu conhecimento sobre os bens e
que é “público”, sendo essas refle- garantias públicas frente ao seu pró-
xões a filosofia social e a ciência po- prio tempo de pesquisa social, pois o
lítica. Pois bem, a filosofia social de que move o pensamento filosófico
certa forma apresenta o mesmo ob- deverá ser o impulso moral e a ver-
jeto de estudo da filosofia política, dade acima de tudo. Sabemos que da
mas ela o enxerga por outro viés, mesma forma que age o cientista, o
buscando entender a associação po- filósofo irá nortear suas buscas a
lítica como algo maior, ou seja, a so- partir do momento atual, de toda
ciedade. forma ele só irá transcender a partir
A ciência política tem seu con- do momento em que encontrar seu
ceito de ser “autossuficiente” e real pensamento filosófico.
sendo assim, acaba sendo incompa-
Todo conhecimento das coisas
tível com a filosofia política, pois a políticas implica suposições a
ciência analisa apenas os conheci- respeito da natureza das coisas
mentos obtidos de forma empírica políticas; isto é, suposições que
dizem respeito não somente à
sem buscar possíveis especulações a situação política dada, mas à
respeito de temas como formas de vida política ou à vida humana
governo, poder do estado, entre ou- enquanto tal. (STRAUSS,
2016).
tros.

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FILOSOFIA POLÍTICA

Podemos conceituar o positi- sociedade. De fato, se todos os


pensamentos são históricos,
vismo como a ideia de que o conhe-
isto é, dependentes de uma
cimento que é obtido por intermédio dada sociedade em um deter-
da ciência será sempre superior hie- minado tempo, não há como se
estabelecer valores universais,
rarquicamente à outras formas do de modo que o bem e o mal, o
“conhecer” inclusive ao pensamento certo e o errado seriam subme-
filosófico. Isso leva então à depreci- tidos ao profundo relativismo
presente no mundo da história.
ação do conhecimento obtido anteri- Sendo assim, na visão de
ormente à ciência atual. Strauss o relativismo dos valo-
res sob a forma do historicismo
A ciência social não é apenas se mostra como o inimigo mais
suplantada pelos estudos histó- forte da filosofia política por ne-
ricos; a própria ciência social gar, sobretudo, o direito natu-
mostra ser “histórica”. A refle- ral. (MENDES, 2016, p. 38).
xão sobre a ciência social como
um fenômeno histórico leva à Vemos então que o argumento
relativização da ciência social e,
em última instancia, da ciência trazido buscava de certa forma invi-
moderna em geral. Em conse- abilizar quaisquer meios onde a filo-
quência, a ciência moderna vem sofia política poderia ter de pensar
a ser encarada como um modo
historicamente relativo de en- sobre a melhor forma de política
tender as coisas que, em princí- frente aos parâmetros sociais.
pio não é superior a maneiras
Na visão do autor, o relati-
alternativas de compreensão.
(STRAUSS, 2016). vismo se mostrava como inimigo aos
conceitos filosóficos.
Conforme ensina Strauss, “to-
dos os pensamentos e crenças hu- 1.3 Idade Antiga, Moderna e
manas são históricos e, portanto, Contemporânea
destinados merecidamente a pere-
cer” (STRAUSS, 2014). Sendo assim, No campo da filosofia política
vemos que o direito natural não na idade antiga, os escritos deixados
existe frente ao argumento histori- por Platão e Aristóteles podem ser
cista. amplamente usados para estar ori-
MENDES (2014) ensina que: entando o estudo da noção de vir-
tude na política, pois foram temas
Este argumento inviabiliza estudados por anos pelos referidos
completamente qualquer possi- filósofos. Na idade moderna foram
bilidade da filosofia política
como forma de se pensar qual é, estabelecidas as temáticas norteado-
por natureza, a melhor política, ras que ainda são estudadas atual-
o melhor regime ou a melhor

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FILOSOFIA POLÍTICA

mente. Contrapondo propostas an- pagar é a liberdade de cada indiví-


teriores, os filósofos do período mo- duo, essa deveria ser diminuída para
derno buscavam falar sobre a cria- que um tempo de paz pudesse ter
ção de um contrato social para bus- início. “A transferência mútua de di-
car a harmonia e melhor convivência reitos é aquilo a que se chama con-
social. trato”. (HOBBES, 1988 – p. 80)
Sobre o contrato social,
Se dois homens desejam a
Matthew Simpson elenca o seguinte
mesma coisa, ao mesmo tempo
conceito trazido por Rousseau: em que é impossível ela ser go-
zada por ambos, eles tornam-se
Rousseau concebe uma socie- inimigos. E no caminho para
dade igualitária, legislada pela seu fim (que é principalmente
soberania popular, que garanti- sua própria conservação, e às
ria a dignidade moral de todos e vezes apenas seu deleite) esfor-
a observância da vontade geral çam-se por se destruir ou sub-
do grupo. Não se trata de um jugar um ao outro. (HOBBES,
trabalho de intervenção direta 1988)
na realidade, mas do desenvol-
vimento de uma situação ideal,
Em contraponto, John Locke
cuja análise permitiria compre-
ender e questionar as formas de apresentava uma visão mais liberal
governo existentes. (SIMPSON, acerca do Estado, trazendo concei-
2009)
tos democráticos aplicáveis.
Locke filosofava sobre assegu-
Rousseau pode ser conside-
rar os direitos naturais do homem,
rado um grande filósofo e jurista,
principalmente o direito à proprie-
sendo responsável pelo expoente do
dade, sendo assim, o cidadão deve
iluminismo2.
prestar submissão ao estado na me-
Thomas Hobbes sempre fez
dida que seus direitos privados estão
críticas sobre a sociabilidade natural
sendo respeitados pelo mesmo.
do homem, acreditando que a situa-
A filosofia política contempo-
ção que antecedia a sociedade era
rânea trouxe muitas características
instável, sendo assim, o filósofo pre-
que vieram com a revolução indus-
gava que somente um poder absolu-
trial e os movimentos sociais pela in-
tista poderia trazer a segurança que
dependência, como a revolução
o homem precisa para ter seu bem
francesa. Estes movimentos acaba-
estar social. Para isso, o preço a se

2 2 Iluminismo é um movimento cultural desde o Renascimento, deu origem a ideias de li-


que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e berdade política e econômica, defendidas pela bur-
França, nos séculos XVII e XVIII. Nessa época, o guesia.
desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo

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FILOSOFIA POLÍTICA

ram por mudar todo o cenário polí- Na visão do filósofo John


tico no século XIX e alimentaram a Rawls, para que exista o conceito de
discussão sobre conceitos democrá- justiça, ela precisa ser considera
ticos, poder do estado e direitos in- justa por meio de vários aspectos de
dividuais do ser humano. equidade . Em sua teoria são apre-
No que se refere o totalita- sentados dois pontos principais,
rismo, Hanna Arendt (filósofa sendo eles a liberdade e a igualdade.
alemã) aborda sobre sua visão O primeiro ponto – a liber-
acerca da banalidade do mal e as de- dade – abarca sobre o fato das pes-
mais iniciativas de revolução. soas terem acesso as liberdades bá-
Em contraponto ao pensa- sicas, e a igualdade se refere a dimi-
mento de Rousseau, PITZ usa o pen- nuição das desigualdades sociais da
samento da filósofa citada acima sociedade, organizando as posições
para dizer que: e cargos para que esses sejam aces-
síveis à todos de acordo com suas di-
Segundo Hannah Arendt3, o
ferenças e oportunidades.
erro cometido por Rousseau foi
o de ter derivado sua ideia de li- Para o filósofo supracitado, a
berdade a partir do princípio da liberdade merece ponto de desta-
vontade humana, sustentada
no valor da consciência. Conse-
que, pois ao avançarmos nas condi-
quentemente, derivam tam- ções econômicas, a liberdade se
bém, na essência, suas ideias torna ainda mais importante.
políticas não de um princípio
identificado essencialmente
A ideia de equidade se mani-
com a ação humana externa, e festa desde os primórdios, e se man-
sim, de um ideal que só pode ser teve firme até a contemporaneidade
considerado em sua significa-
ção substancial como sendo aci-
ao se encontrar com a visão de
onado e sustentado por uma Rawls, o qual vem propor uma
causa motivadora interna. forma de aplicar os valores sociais
(PITZ, 2004)
buscando dizimar as diferenças eco-
John Rawls é um dos maiores nômicas e sociais.
filósofos da metade do século XX no Entretanto, para que isso
que diz respeito a filosofia política, aconteça, o filósofo diz que é neces-
fazendo uma crítica sobre a inter- sário que os homens estejam num
pretação da justiça e trazendo o con- estado único de igualde e cobertos
ceito de equidade. pelo véu da ignorância.

3Hannah Arendt foi uma filósofa política

alemã de origem judaica, uma das mais influentes


do século XX.

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FILOSOFIA POLÍTICA

Sendo assim, as pessoas não Sendo assim, essa situação hi-


iriam pregar os valores de justiça potética coloca todos os homens em
para alguém em detrimento de ou- uma situação do não conhecimento
tro, visto que a partir do momento sobre si mesmo, de forma que será
em que estiverem sob o véu, a esco- necessário pensar na comunidade
lha dos valores sociais iria determi- como um todo ao tomar as decisões
nar um estágio onde todos poderiam para o bem estar social, esse seria o
ter acesso ao bem-estar. primeiro passo ao se pensar em
Para entender e visualizarmos equidade.
melhor o que Rawls quer dizer, de- Rawls sempre deu muita ên-
vemos nos colocar na seguinte situ- fase no liberalismo, e isso acabou
ação: Devemos pressupor uma con- por gerar muitas críticas em sua
dição onde não teremos conheci- obra A Teoria da Justiça, todavia a
mento de qual é a nossa situação so- mesma é uma das maiores obras da
cial e nosso poder aquisitivo, assim contemporaneidade e exerce muita
teríamos mais cuidado ao determi- influência sobre a filosofia política.
nar os preceitos que norteias nossa As ideias apresentadas tem ajudado
vida pois não saberíamos a qual a fomentar discussões sobre uma
classe fazemos parte, nossa religião possível reestruturação do sistema
ou cultura. político moderno e nos leva a buscar
Com isso, deveremos fazer es- um bem estar social baseado na de-
colhas que visem o bem comum e mocracia.
não apenas às nossas convicções
pessoais. 1.4 Governo e Estados
Sobre o véu da ignorância,
Rawls diz que: É crucial compreendermos as
questões de governo e estado ao es-
Uma vez que todos estão numa tudarmos a filosofia política para
situação semelhante e ninguém
pode designar princípios para que possamos ter um pensamento
favorecer sua condição particu- crítico formado por uma base téc-
lar, os princípios da justiça são nica e teórica de qualidade.
o resultado de um consenso ou
ajuste equitativo. A essa ma- Os estudos da filosofia política
neira de considerar os princí- são abarcados por Platão e Aristóte-
pios da justiça eu chamarei de les, e há um consenso quanto a estes
justiça como equidade.
(RAWLS, 1981) conceitos.

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FILOSOFIA POLÍTICA

O Estado pode ser definido


como o as ferramentas da máquina O estado tem como objetivo
pública, as formas que agrupam os buscar o bem comum de todos com
órgãos políticos e limitam aquilo que forma igualitária, visando sempre o
pertence ao povo (coletividade) e o bem estar social, nesta seara Imma-
que é referente a propriedade pri- nuel Kant elenca seus ensinamentos
vada. com as seguintes palavras:
São Tomás de Aquino e a dou-
O ato pela qual um povo se
trina de Santo Agostinho, vem nos
constitui num Estado é o con-
dizer que o estado foi criado por trato original. A se expressar ri-
Deus, sendo assim ele não tem ori- gorosamente, o contrato origi-
nal é somente a ideia desse ato,
gem no homem, mas sim de um ser com referência ao qual exclusi-
divino, assim como todas as outras vamente podemos pensar na le-
coisas. gitimidade de um Estado. De
acordo com o contrato original,
Entretanto, em contraponto a todos no seio de um povo re-
este entendimento sobre a formação nunciam à sua liberdade ex-
estatal, Hobbes diz que o ser hu- terna para reassumi-la imedia-
tamente como membros de
mano viveria de forma desorgani- uma coisa pública, ou seja, de
zada e em situação de colapso em um povo considerado como um
seu estado de natureza. Estado. E não se pode dizer: o
ser humano num Estado sacri-
Para evitar a guerra e o con- ficou uma parte de sua liber-
flito, cria-se a figura do estado para dade externa inata a favor de
controlar o homem, sendo essa a um fim, mas, ao contrário, que
ele renunciou inteiramente à
única forma de trazer paz social, sua liberdade selvagem e sem
como dito anteriormente. Sendo as- lei para se ver com sua liber-
sim, o homem seria supervisionado dade toda não reduzida numa
dependência às leis, ou seja,
pelo Estado devido a um contrato numa condição jurídica, uma
social. vez que essa dependência surge
Sobre o contrato social Rous- de sua própria vontade legisla-
dora. (KANT, 1781)
seau ensina que:

Encontrar uma forma de asso- O conceito de estado pode ser


ciação que defenda e proteja a visto e conceituado com base em di-
pessoa e os bens de cada associ- versas doutrinas (como os autores
ação de qualquer força comum,
e pela qual, cada um, unindo-se apresentados) e podem haver algu-
a todos, não obedeça, portanto, mas modificações em seus conceitos
senão a si mesmo, ficando as- a depender do filósofo analisado, to-
sim tão livre como dantes.
(ROSSEAU, 1762) davia, o ponto em comum sempre é

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FILOSOFIA POLÍTICA

mantido. Este ponto se trata de que dade pautada por princípios autori-
a criação do Estado tem por objetivo taristas a mudança de governo tende
deter autoridade e poder a fim de or- a demorar para acontecer.
ganizar e manter o bem público. Ou seja, de qualquer forma en-
No século XX, Kelsen descreve tendemos que em um governo as
sua perspectiva do Estado sobre mudanças podem acontecer repenti-
uma ordem jurídica, analisando-o namente e que cada líder de governo
sob o aspecto da conduta humana ao usará de seus princípios para movi-
que entendemos por ordem jurídica. mentar e gerir a máquina pública.
Em suas palavras, o filosofo diz que:

O Estado é aquela ordem da


conduta humana que chama-
mos de ordem jurídica, a ordem
à qual se ajustam as ações hu-
manas, a ideia à qual os indiví-
duos adaptam sua conduta.
Existe apenas um conceito jurí-
dico de Estado: o Estado como
ordem jurídica, centralizada.
(KELSEN, 1998)

Fonte: www.todamateria.com.br

O Estado é fixo, já o governo


tem seu caráter transitório. Em uma
sociedade democrática, a transição
do governo tende a acontecer de
forma constante, já em uma socie-

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FILOSOFIA POLÍTICA

2. Principais Pensadores da Filosofia Política

Fonte: www.netmundi.org4

2.1 Platão cargo do Estado, e cada um recebe-


ria educação de acordo com suas

P latão (428/427 a.C. - 348/347


a.C.), foi autor da primeira uto-
pia política, denominada A Repú-
qualidades e aptidões intrínsecas.
Sendo assim, as crianças que de-
monstrassem um maior desenvolvi-
blica. Este filósofo estabeleceu uma mento intelectual, seria considera
organização política bastante com- apta para estar em cargos de go-
plexa para criar o conceito de uma verno da cidade ideal. Platão os con-
cidade sem problemas, com caracte- sidera como futuros reis filosóficos.
rísticas de um mundo perfeito. Esses jovens dotados de maior inte-
Em sua república idealizada, a lecto receberiam então uma educa-
educação seria algo totalmente a en- ção especial, um pouco mais formal

4 Retirado em www.netmundi.org

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FILOSOFIA POLÍTICA

que os demais, sendo norteados pe- De acordo com Aristóteles, o


los princípios filosóficos e políticos, Estado é superior hierarquicamente
a fim de moldar um carácter ideal ao cidadão e o bem da coletividade
aos preceitos estabelecidos. deve vir antes do bem individual.
Platão partia do pressuposto Sendo assim, o Estado irá buscar sa-
que o ideal seria uma aristocracia tisfazer a todos ao mesmo tempo su-
mantida pelo melhor rei filosófico, prindo todas as necessidades da co-
este usaria de seus atributos intelec- letividade.
tuais para governar a cidade per- Em sua obra Ética a Nico-
feita. maco5 , Aristóteles diz que o con-
ceito de uma justiça distributiva é
2.2 Aristóteles considerar uma forma de dividir a
igualdade de forma proporcional,
Aristóteles foi um importante para isso deve-se basear no mérito
filósofo grego que teve por função de cada um, contrapondo à justiça
sistematizar o conhecimento filosó- corretiva, essa última estabelece a
fico, para isso, separou os campos de igualdade absoluta para todos os in-
atuação da filosofia em três, sendo divíduos. Sobre a igualdade propor-
eles: técnica, teorética e prática. cional, Silveira ensina que:
Para Aristóteles, a política é
intrínseca a moral, pois a finalidade A conjunção do primeiro termo
do estado é a formação moral e ética de uma proporção com o ter-
ceiro, e do segundo com o
do cidadão. Dito isto, o filosofo en- quarto, e o justo nesta acepção
tende que o Estado é um grande sis- é o meio-termo entre dois ex-
tema que visa trazer condições para tremos desproporcionais, já
que o proporcional é um meio
a atividade contemplativa do ho- termo, e o justo é o proporcio-
mem buscando o bem estar social. nal. (SILVEIRA, 2001)
Entretanto, a política é diferente da
2.3 Maquiavel
moral, pois a primeira tem como pri-
mazia o indivíduo, e a segunda visa Nicolau Maquiavel foi um im-
a coletividade. Sendo assim, a ética portante filósofo renascentista, e um
vem a ser a doutrinadora para nor- dos pensadores políticos mais im-
tear a moral de cada um. portantes de todos os tempos.

A ÉTICA A NICÔMACO é a principal obra de Aris-


tóteles sobre Ética.

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FILOSOFIA POLÍTICA

Mesmo com sua conduta con- natos e rapinagem, porque es-


sas consequências prejudicam
siderada ríspida por muitos, é uma
todo um povo, ao passo que as
referência a ser estudada academi- execuções que provêm desse
camente nos dias de hoje. príncipe ofendem apenas al-
guns indivíduos. (MAQUIA-
Maquiavel tem uma forma di- VEL, 2002)
ferente de separar ética de política,
em sua obra O Príncipe, o filósofo Sendo assim, vemos que a
diz que o governante/líder deve ter ideia de Maquiavel consiste em dizer
condutas populistas e estratégicas, que a soberania de um príncipe/go-
de forma a sempre adquirir apoio de vernante está aliada ao seu discerni-
outros políticos e governantes. Em mento em saber separar a conduta
sua principal obra, escrita em mea- social e a política.
dos de 1.512, as ideias são claras e o O autor define o homem como
autor diz que as ideias de um gover- um ser cruel pela própria natureza, e
nante tem como fundamento os fa- que a maldade é uma característica
tos em que estão inseridas, e não de- que se mantém com frequência.
vem ser analisados valores de outros
âmbitos. Ao falar sobre a natureza do ser
humano, Maquiavel diz que ela
Nicolau Maquiavel não era um é estritamente cruel e tende a
filósofo imoral, entretanto sua obra não pensar nos outros indiví-
foi proibida pelos conservadores da duos com compaixão, e o traço
mais latente no homem é o
época. O autor tem a ideia de colocar exercício da maldade. Natural-
a ação política em primazia, de mente o homem não pode ser
forma independente. Com isso, se bom, pois tende a ser ingrato,
simulador e covarde. Indepen-
tem a desconexão da política com a dente da época ou local, a mal-
moral social, pois não se deve limitar dade do ser humano é previsí-
a governança à ideia de virtude vel. (MAQUIAVEL, 2013)
como valor social.
Sendo assim, apesar do autor
Um príncipe não deve, por- descrever com veemência sobre a
tanto, importar-se por ser con- natureza do homem, diz também
siderado cruel se isso for neces-
sário para manter os seus súdi- que a bondade é algo que deve ser
tos unidos e com fé. Com raras ensinada e devidamente aprendida,
exceções, um príncipe tido as pessoas devem ser ensinadas e
como cruel é mais piedoso do
que os que por muita clemência instruídas a fazer o bem, pois se ti-
deixam acontecer desordens verem a necessidade irão agir com
que podem resultar em assassi- perversidade.

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FILOSOFIA POLÍTICA

A maldade presente no ser hu- Sendo assim, tudo isso leva


mano e a falta da vontade de exercer Maquiavel a dizer que o Governante
bons atos por vontade própria, faz deve ser temido, pois o temor por
com que pelo passar do tempo, os um líder causa receio, e com isso
homens se voltem uns contra os ou- evita traições, evitando assim o agir
tros, causando conflitos e gerando o natural do homem.
que nós chamamos de conflito so-
cial. Este problema gera uma insta- “Não ignoro ser crença antiga e
atual que a fortuna e Deus go-
bilidade na comunidade e conse-
vernam as coisas deste mundo,
quentemente interfere diretamente e de que nada pode contra isso
na política. a sabedoria dos homens (…), to-
davia para que não se anule o
É com essa natureza humana nosso livre arbítrio, eu, admi-
que os governantes terão de li- tindo embora que a fortuna seja
dar, não podendo esquecer ja- dona de metade das nossas
mais a incômoda situação em ações, creio que, ela nos deixa
que estão inseridos, rodeados senhores de outra metade ou
de homens ávidos por trair. pouco menos. Comparo a for-
Essa situação levará Maquiavel tuna a um daqueles rios, que
a defender claramente a ideia quando se enfurecem, inundam
de que ao príncipe é melhor ser as planícies, derrubam casas e
temido do que ser amado, pois árvores, arrastam terra de um
se o temor dos súditos é capaz ponto para pô-la em outro: di-
de desestimular eventuais trai- ante deles não há quem não
ções, o mesmo não acontecerá fuja, quem não ceda ao seu ím-
com o amor a eles devotado. peto, sem meio algum para se
Sua espada, portanto, deve es- obstar. Mas, apesar de ser isso
tar sempre pronta a ser usada imprevisível, nada impediria
em seu principado para pro- que os homens, nas épocas
tege-lo em um mundo, em re- tranquilas, construíssem di-
gra, hostil”. (FERREIRA, 2008, ques e canais, de modo que as
p.37) águas ao transbordarem do seu
leito, corressem por estes ca-
nais, ou ao menos, viessem com
Na passagem acima, Ferreira fúria atenuada, produzindo me-
descreve que a natureza do homem é nores estragos. Fato análogo
sucede com a fortuna, a qual
algo que deve ser bem administrada, demonstra todo o seu poderio
sendo necessário o uso de discerni- quando não encontra ânimo
mento para que possamos agir da preparado para resistir-lhe e,
portanto, volve os seus ímpetos
melhor maneira, pois o homem tem para os pontos onde não foram
a necessidade/natureza em agir de feitos diques para contê-la”.
forma ávida e impetuosa. (MAQUIAVEL, 2013)

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FILOSOFIA POLÍTICA

2.4 Contratualistas ado por um Estado, visto que a au-


sência de um poder estatal gera con-
Os filósofos contratualistas se flitos internos em uma nação. O ser
baseiam na existência dos direitos humano tende a ser egoísta, e a par-
naturais e do jusnaturalismo. Para tir do momento em que se torna sub-
eles, essa lei natural tem por obje- misso de um poder maior, consegue
tivo estabelecer as garantias que de- viver em harmonia para com os ou-
vem ser observadas em qualquer tros, usufruindo do bem estar social.
forma de governo. Estes pensadores Ainda de acordo com o filósofo
acreditavam também que a lei da na- supracitado, o Estado tem a obriga-
tureza é quem pode reger todo o sis- ção de eximir os conflitos sociais,
tema do estado anteriormente a con- prezando pela segurança pública e
vivência do homem em uma socie- privada, assim, somente o gover-
dade civil. O contrato social é o que nante com notável força e autori-
estabelece a garantia do cumpri- dade poderá garantir a harmonia.
mento dos direitos fundamentais e Em seu livro O Leviatã,
garante a solução das questões Hobbes afirma:
acerca do direito natural.
Thomas Hobbes, John Locke e Que um homem concorde,
quando outros também o fa-
Jean Jacques Rousseau foram al- çam, e na medida em que tal
guns dos filósofos contratualistas. considere necessário para a paz
O contratualismo vem a ser a e para a defesa de si mesmo, em
renunciar a seu direito a todas
alavanca do direito nos termos mo- as coisas, contentando-se, em
dernos, pois há que se dizer que a relação aos outros homens, com
existência da ciência política se fun- a mesma liberdade que aos ou-
tros homens permite em rela-
damenta no homem pactuar regras ção a si mesmo. (HOBBES,
delimitadoras em suas condutas so- 2003)
ciais.
A partir do momento em que John Locke afirma que o ho-
concebemos o ser humano em con- mem tem o dever de se manifestar
vivência social, surge a possibilidade nas decisões políticas de sua socie-
de contrato. Dessa possibilidade é dade, manifestando a democracia
gerado um fato contratual e uma seja ela direta ou indiretamente de
norma a ser respeitada. forma a delegar para um superior a
Para o filósofo Hobbes, o ho- responsabilidade de zelo com a li-
mem tem a necessidade de ser gui- berdade e a vida.

18
FILOSOFIA POLÍTICA

2.5 Iluministas Sendo assim, vemos que o ilu-


minismo buscava a liberdade econô-
A filosofia política foi muito mica sem influência do governo na
influenciada pelos modernos filóso- economia, como também o avanço
fos do iluminismo, no geral, estes se da ciência, do pensamento crítico e
colocaram contra a monarquia abso- da lógica. As ideias citadas tiveram
lutista como forma de governo e ampla disseminação na sociedade,
buscavam o estabelecimento de di- de forma que alguns reis absolutis-
reitos fundamentais que não pode- tas começaram a aceitá-las com re-
riam ser alienados pelo Estado. Os ceio de perder seu governo.
direitos dos seres humanos se con-
sistem nas liberdades individuais 2.6 Escola de Frankfurt
(sendo elas: liberdade religiosa, de
expressão, entre outras), o direito de Os filósofos e pensadores da
propriedade e o de associação polí- Escola de Frankfurt foram aqueles
tica. Os iluministas buscaram a dico- que aderiram as ideias políticas e
tomia entre o estado e a igreja, pois econômicas de Karl Marx como um
quanto maior o avanço intelectual exemplo a ser seguido na sociedade.
do povo, mais evoluído ele será mo- Os frankfurtianos criticaram alguns
ralmente. pontos do iluminismo como o fato
Sendo assim, os filósofos ilu- de que o avanço moral dependeria
ministas ergueram a bandeira da po- do avanço da razão e do pensamento
pularização do conhecimento e a lógico.
busca por levar um ensino pautado Sendo assim, usaram do tota-
na laicidade para a sociedade de litarismo (séc. XX) para fundamen-
forma universal e gratuita com res- tar suas teorias contra o iluminismo,
paldo do Estado. Os ideais do ilumi- dizendo que o avanço do conheci-
nismo fomentaram a Revolução mento tecnológico não foi responsá-
Francesa, alguns nomes importante vel por alavancar as ideias morais da
que podemos citar são: Montes- sociedade, visto que a ciência avan-
quieu, Voltaire e Diderot. çada fora usada para a morte de
O movimento criticava os se- muitos nos campos de concentração.
guintes pontos sobre o antigo re- Os principais nomes entre os
gime: filósofos frankfurtianos são:
 O mercantilismo;  Max Horkheimer;
 O absolutismo monárquico;  Theodor Adorno;
 O poder da igreja.  Herbert Marcuse;

19
FILOSOFIA POLÍTICA

 Friedrich Pollock. uma esquerda e direita política, ana-


lisando muitos elementos sociais
A teoria crítica foi quem unifi- que explicam como a sociedade
cou os pensadores da escola de alemã aceitou tudo que o estado au-
Frankfurt, fazendo surgir uma inter- toritário fez e suas atrocidades. Des-
pretação nova do marxismo frente a tacou-se também por analisar as ori-
sociologia e a filosofia política no sé- gens da sociedade moderna e as atri-
culo XX. buições e características que o ho-
mem dá a política, contribuindo
2.7 Hanna Arendt para a formação da filosofia política
como conhecemos hoje.
Hannah Arendt é um dos
grandes nomes na filosofia política.
Alemã e de descendência judia,
Arendt foi uma das grandes pensa-
doras sobre a política moderna. Em
sua obra As Origens do Totalita-
rismo foram empreendidos impor-
tantes estudos sobre o totalitarismo
na época.
Hanna assim descreve:

O estabelecimento de um re-
gime totalitário requer a apre-
sentação do terror como instru-
mento necessário para a reali-
zação de uma ideologia especí-
fica, e essa ideologia deve obter
a adesão de muitos, até mesmo
da maioria, antes que o terror
possa ser estabelecido.
(ARENDT, 2012)

Hanna teve destaque por con-


seguir desenvolver formas diferen-
tes de uma reflexão política, desafi-
ando conceitos tidos como tradicio-
nais e não passíveis de mudanças,
como por exemplo a existência de

20
FILOSOFIA POLÍTICA

3. Filosofia Política e Democracia

Fonte: www.estudopratico.com.br6

A democracia tem origem grega


e pode ser definida como o ‘go-
verno do povo’. Assim, podemos en-
Indireta – As decisões são to-
madas por meio de representantes
escolhidos para tal função.
xergá-la como um sistema de go- Semidireta – Há a combina-
verno onde os cidadãos são os res- ção de conceitos entre a democracia
ponsáveis pelas decisões no âmbito representativa e a democracia di-
político. reta.
Em resumo, a democracia pode ser Em síntese, o governo pode ser
dividia em: tido como democrático pela sua opo-
Direta – Os cidadãos partici- sição à monarquia (nesse sistema,
pam de forma direta e abertamente todo o poder estatal está absoluta-
nas questões políticas do Estado. mente centralizado na mão de ape-

6 Retirado em www.estudopratico.com.br

22
FILOSOFIA POLÍTICA

nas uma pessoa denominada mo- democracia pode ter sua concretiza-
narca). Tal definição pode ser en- ção difícil em uma sociedade con-
contrada na obra Política de Aristó- temporânea, sendo eles: A especiali-
teles. dade, a burocracia e a lentidão deste
A democracia teve seu começo processo. (BOBBIO, 2000)
na Grécia Antiga em Atenas, sendo No que se refere às dificulda-
formada por uma organização entre des citadas acima, abordaremos
cidades estados na Grécia. A ideia de cada uma especificamente na cita-
um estado democrático não fora ção de Norberto Bobbio abaixo:
aceita no mundo heleno .
O primeiro obstáculo diz res-
Na cidade de Atenas devemos
peito ao aumento da necessi-
observar a imagem de CLÍSTENES , dade de competências técnicas
este foi um reformador que teve que exigem especialistas para a
solução de problemas públicos,
como função ampliar o poder do com o desenvolvimento de uma
povo por meio da assembleia, dando economia regulada e planifi-
início a isonomia (a igualdade pela cada. A necessidade do especia-
lista impossibilita que a solução
lei) e ao direito igual de fala entre to- possa vir a ser encontrada pelo
dos da sociedade, sendo conside- cidadão comum. Não se aplica
rado um dos pais do estado demo- mais a hipótese democrática de
que todos podem decidir a res-
crático pela filosofia política. peito de tudo.
Sobre a democracia, LIN- O segundo obstáculo refere-se
COLN (1863) diz: é “o governo do ao crescimento da burocracia,
um aparato de poder ordenado
povo, pelo povo e para o povo”. Essa hierarquicamente de cima para
é uma das melhores passagens para baixo, em direção, portanto,
analisarmos o conceito democrático, completamente oposta ao sis-
tema de poder democrático.
pois está estritamente próxima ao Apesar de terem características
conceito original grego da palavra. contraditórias, o desenvolvi-
Com o início do século XX, al- mento da burocracia é, em
parte, decorrente do desenvol-
guns filósofos políticos abordaram vimento da democracia.
sobre indagações acerca da possibi- O terceiro obstáculo traduz
lidade de colocarmos em prática um uma tensão intrínseca à própria
democracia. À medida que o
sistema democrático de forma libe- processo de democratização
ral, onde o governo teria máxima evoluiu promovendo a emanci-
participação da população. (PATE- pação da sociedade civil, au-
mentou a quantidade de de-
MAN, 1992) mandas dirigidas ao Estado ge-
Podemos indicar três fatores rando a necessidade de fazer
básicos sobre os quais um projeto de opções que resultam em des-

23
FILOSOFIA POLÍTICA

contentamento pelo não-aten- 3.1 Democracia no Brasil


dimento ou pelo atendimento
não-satisfatório. Existe, como
agravante, o fato de que os pro- No Brasil foi necessária muita
cedimentos de resposta do sis- luta para que a nação conseguisse
tema político são lentos relati- conquistar a posição de um Estado
vamente à rapidez com que no-
vas demandas são dirigidas ao Democrático, foram necessários que
governo. (BOBBIO, 2000 apud muitos conflitos fossem travados en-
NASSUNO, 2006 – Grifo tre povo e estado, neste capítulo ire-
nosso)
mos discorrer sobre as lutas pela
Em nosso país, passamos por busca da democracia. Muitas vidas
momentos de um governo republi- foram perdidas para conquistarmos
cano com aspectos democráticos e direitos civis e políticos que hoje são
também por um período de governo assegurados à sociedade brasileira.
ditatorial. Fazendo uma análise sobre a
A atual democracia que vive- promulgação, vemos que ela não
mos sucede de um tempo obscuro aconteceu necessariamente por uma
pelo golpe militar de 64. comoção do povo frente a um go-
Sobre o período que antecede verno que olhasse para suas necessi-
a promulgação da CF/88, Fernandes dades sociais. (PATTO, 1999)
vem nos dizer que: A Proclamação da República foi
o resultado do entendimento
O período que antecedeu a pro- provisório dos oficiais do Exér-
mulgação da Constituição Fe- cito e dos cafeicultores do oeste
deral de 1988 deixou marcas de São Paulo, em uma época de
profundas no seio da sociedade agudas transformações sociais,
brasileira, isto se deu em razão marcada pelo fim da escravidão
de prevalecer no regime ditato- e o aumento do número de as-
rial então vigente, um total cer- salariados (ALVES, 2000, p.
ceamento ao exercício dos di- 61).
reitos de cidadania política.
Esse quadro começou a ser mu- Sendo assim, o movimento
dado a partir da Assemblei Na- que clamava pelo fim da monarquia
cional Constituinte, que reco-
nhecendo a importância da par- estava ativo para que seu objetivo
ticipação popular na elaboração fosse alcançado.
do texto Constitucional, pro- Por um lado, o exército dizia
porcionou a oportunidade da
concretização dos anseios da que salvaria a pátria da corrupção, e
população brasileira (FON- de outro os fazendeiros buscavam
SECA, 2009, p. 14). por uma maior participação na polí-

24
FILOSOFIA POLÍTICA

tica de forma para alcançar uma si- dignidade humana, focada em opri-
tuação de maior crescimento nas ca- mir o povo, excluindo suas garantias
pitais sem as limitações impostas fundamentais.
pelo Estado. Com o fim da ditadura militar
Nos anos subsequentes o Bra- e todos seus transtornos deixados, a
sil pode presenciar alguns momen- CF/88 (constituição cidadã) teve
tos históricos marcados por um go- como objetivo garantir aqueles di-
verno ditatorial. Getúlio Vargas as- reitos que por anos foram reprimi-
sumiu a presidência no final de 1930 dos. A promulgação teve como prin-
e estava atento as demandas do cípio visar a dignidade da pessoa hu-
povo. mana para que essa fosse respeitada
Sendo assim, buscou por aca- em sua integralidade.
bar com os resíduos das oligarquias A constituição vigente é bas-
cafeeiras, de forma a substituir go- tante ampla e aborda aspectos que
vernadores por interventores, que ainda não são idealizados na reali-
eram apontados pela confiabilidade. dade, como o pleno direito a educa-
(ALVES, 2000) ção saúde e lazer, pois sabemos que
A democracia em nosso país uma grande parte da população está
foi fortemente reprimida em todo o longe de ter todos os direitos citados
período ditatorial, com os direitos na carta magna. É necessária a cria-
civis negados à população. Não ha- ção de política públicas que voltem
via o direito de se expressar, de po- seus olhos para a garantia desses di-
der opinar em que o governo fazia e reitos sociais.
muita coisa era considera uma
Art. 6º São direitos sociais a
afronta nacional e aquele que o fi-
educação, a saúde, a alimenta-
zesse era visto como criminoso, ção, o trabalho, a moradia, o
sendo torturado e exilado. É difícil transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção
analisarmos esses momentos que o à maternidade e à infância, a as-
Brasil passou, pois os fatos aqui nar- sistência aos desamparados, na
rados eram comuns e o que reinava forma desta Constituição.
(CONSTITUIÇÃO DA REPÚ-
era a ditadura e não as vontades do BLICA FEDERATIVA DO BRA-
povo. A diferença entre a ditadura e SIL DE 1988)
a democracia é que essa tem um cui-
dado pelo povo, pelas vontades soci- O atual serviço de saúde pú-
ais e pelo crescimento da nação, en- blica em nosso país vive uma situa-
quanto aquela acaba por atacar a ção de emergência, nem sempre há

25
FILOSOFIA POLÍTICA

atendimento especializado e os re- Art. 5º Todos são iguais perante


a lei, sem distinção de qualquer
cursos são escassos em muitos pon-
natureza, garantindo-se aos
tos do país, seja em material ou pro- brasileiros e aos estrangeiros
fissionais, além de diversos outros residentes no País a inviolabili-
dade do direito à vida, à liber-
problemas que vem a dificultar a ga- dade, à igualdade, à segurança e
rantia a saúde prevista constitucio- à propriedade. (CONSTITUI-
nalmente. ÇÃO FEDERAL, 1988)
Vivemos em um país democrá-
tico de direito onde todos são iguais O contexto de cidadania é bem
perante a lei, todavia, o Poder Judi- recorrente na constituição, e sabe-
ciário vem a demorar muitos anos mos que com a obtenção de direitos,
para julgar uma simples causa e também temos deveres a serem
muitos cidadãos que recorrem a de- cumpridos.
fensoria pública não conseguem ga- Por exemplo, temos o direito a
rantir seus direitos pela falta de de- escolhermos nossos representantes
fensores. políticos, todavia há a obrigação de
Vemos que há um extenso ca- votar. O ato do voto é muito além de
minho a ser seguido para que os di- escolher um número e confirmar,
reitos fundamentais venham a inte- devemos observar atentamente os
gralizar completamente a vida do candidatos, suas propostas e preten-
brasileiro. sões para possamos votar da melhor
No Brasil, aqueles que tem maneira, garantindo assim um fu-
condições financeiras de arcar com turo melhor para a nação.
um bom advogado, com os altos pre- É importante ter discerni-
ços dos planos de saúde e até mesmo mento no momento do voto, pois ve-
uma escola de ensino da rede parti- mos que há muita corrupção no Bra-
cular, logo tem acesso a uma melhor sil, e se isso ocorre é porque a socie-
qualidade de vida, porém tudo por dade não está fazendo as melhores
meio do setor privado. escolhas em seu ato de sufrágio7 .
Já aquele que recebe um salá- É crucial que o povo cobre por
rio mínimo tem dificuldade em su- atitudes corretas destes que estão no
prir todas suas necessidades básicas, poder executivo, visando o bem es-
o que nos leva a crer que o artigo 5º tar social e não apenas o conforto
da Constituição não está sendo colo- próprio. Apenas exercendo o dever
cado em prática. de votar de forma consciente tere-

7 processo de escolha por votação; eleição.

26
FILOSOFIA POLÍTICA

mos acesso à uma democracia e uma dade, pois essa era exercida em Ate-
política de governo previstas consti- nas, Grécia. O povo se reunia no
tucionalmente. Ágora8 e ali mesmo eram apresenta-
das as propostas políticas e eram es-
Estado e sociedade formam,
colhidas por meio do voto popular,
numa democracia, um todo in-
divisível. O Estado, cuja compe- tal concepção se fazia possível vista
tência e limites de atuação estão a cidadania popular que contem-
definidos precipuamente na
Constituição, deriva seu poder
plava somente os homens atenien-
de legislar e de tributar a popu- ses e maiores de 21 anos.
lação, da legitimidade que lhe A democracia representativa
outorga a cidadania, via pro-
cesso eleitoral. A sociedade, por
vem a ser aquela que é exercida de
seu turno, manifesta seus an- forma indireta, ou seja, por meio do
seios e demandas por canais voto do povo. Dessa forma, escolhe-
formais ou informais de contato
com as autoridades constituí-
mos os líderes que irão ter a função
das. É pelo diálogo democrático de atuar nos pleitos executivos para
entre o Estado e a sociedade governar e reger o país e em tese te-
que se definem as prioridades a
que o Governo deve ater-se rão como objetivo cuidar do povo e
para a construção de um país do bem estar social.
mais próspero e justo. (PE- Este tipo de democracia é a vi-
REIRA, 1995)
gente e mais utilizada em nossa so-
ciedade moderna, pois parte de um
3.2 Tipos de Democracia
pressuposto lógico de representati-
Democracia tem um signifi- vidade onde os políticos são escolhi-
cado bastante extenso, chega a ser dos em massa pelo povo, o que tende
complicado esgotarmos todos eles, a garantir uma contextualização do
podendo ser aplicada em diferentes conceito de cidadania. A democra-
formas de um desenvolvimento. En- cia participativa pode ser vista tam-
tretanto, podemos citar as três for- bém como um sistema semidireto,
mas básicas de democracia, como vi- pois se situa entre conceitos de am-
mos de forma breve anteriormente. bos os tipos citados acima. Nessa
A democracia direta está prati- modalidade, os cidadãos elegem
camente extinta em nossa moderni- seus representantes, mas também
são ativos nas assembleias políticas
para tomada das decisões.

8 Ágora é um termo grego que significa a

reunião de qualquer natureza, geralmente empre-


gada por Homero como uma reunião geral de pes-
soas

27
28
FILOSOFIA POLÍTICA

4. Platão e Aristóteles

Fonte: brasilescola.uol.com.br9

O pensador Platão (Atenas,


348/347 a.C.) politicamente
acreditava nas ideias do INATISMO,
Para Platão, a crença e a opi-
nião não podem ser usadas para a
busca filosófica e apenas o raciocínio
dizendo que o ser humano ao ser e a indução tem conceitos concretos,
concebido já tem suas ideias a fim de buscar a verdade e a razão.
racionais inatas10 e intrínsecas. Tudo é justificável frente a ma-
Ao nascermos, Platão diz que temática e é por ela que podemos
já temos as ideias em nossa vida e é chegar a verdadeira realidade. De
necessário procurá-las através do acordo com Platão, o conhecimento
mundo inteligível. De acordo com o pela crença é apenas uma de muitas
filósofo, há alguns meios de se realidades, como visto na Alegoria
alcançar o conhecimento, sendo da Caverna, o conhecimento pela ra-
eles: zão consegue ir além, alcançando as
 A crença; essência das ideias.
 A opinião; Aristóteles (Atenas, 322 a.C.)
 O raciocínio; buscava conceituar o empirismo, di-
 E a indução. zendo que as ideias são concebidas

9 Retirado em brasilescola.uol.com.br
10 que pertence ao ser desde o seu nascimento; inerente, natural, congênito.

29
FILOSOFIA POLÍTICA

por meio de experiências vivencia- afirmação é considera equivocada


das pela realidade. Todavia, as por alguns, pois a política é algo para
ideias empíricas não eram vigentes poucos e nem todos estão avida-
em sua época e os conceitos princi- mente adequados para administra-
pais foram propostos justamente ção do bem comum em prol do bem
por Aristóteles, pois este dava maior estar de modo geral.
relevância para o mundo exterior A injustiça é mera consequên-
como forma de alcançar o conheci- cia de uma má administração polí-
mento e o perfeito intelecto. tica, o que leva a incorreta ação dos
representantes que buscam pensar
4.1 Pensamento Político em si mesmo e esquecem de seu
compromisso para com o povo.
A ética e a política são conside- Platão afirma que a justiça é a
radas ciências pela excelência pelas harmonia que deve acontecer por
visões de Platão e Aristóteles. As ou- quatro grandes virtudes, são elas:
tras estão apenas subordinadas a  A moderação;
elas. Como primazia, a ética busca  A coragem;
doutrinar e moral do ser humano  A sabedoria;
enquanto parte da sociedade e a po-  E a justiça.
lítica visa nortear a moral social.
Conforme escritos da Grécia Antiga, A moderação social coloca em
o ser humano não deve ser visto ordem as vontades do homem e o
como ser isolado e sim como parte poder para exercer a administração
de um todo. política, fazendo com que o gover-
Somente como cidadão (ser nante evite agir de forma impru-
social) o homem tem a capacidade dente para com o povo. O indivíduo
de estar ativamente participativo deve agir de forma harmônica em
das decisões políticas e governa- seu convívio, evitando a fraqueza
mentais, colocando suas necessida- frente a situações que o coloquem
des a vista para que possam ser su- em condições difíceis.
pridas pelo poder estatal. Platão Cada ser humano tem uma
ainda afirma que a razão do ser hu- função para ser exercida, e essa deve
mano se fundamenta na capacidade ser feita com excelência, buscando a
de participar das atividades políticas justiça. (REALE, 2005)
e sociais de onde vive e ainda diz que A partir do momento em que
todos se consideram aptos para o cada cidadão realiza sua função da
exercício político. Entretanto, essa melhor forma possível, temos o

30
FILOSOFIA POLÍTICA

objetivo de harmonia alcançado e o


bem comum é colocado em prática. O homem, quando perfeito, é o
melhor dos animais, mas é tam-
(HELFERIC, 2006)
bém o pior de todos quando
Platão considera que um afastado da lei e da justiça, pois
governo pode ser realizado de cinco a injustiça é mais perniciosa
quando armada, e o homem
formas distintas, sendo elas: nasce dotado de armas para se-
 Aristocracia; rem bem usadas pela inteligên-
 Timocracia; cia e pelo talento, mas podem
sê-lo em sentido inteiramente
 Oligarquia;
oposto. Logo, quando destitu-
 Tirania; ído de qualidades morais, o ho-
 Democracia. mem é o mais impiedoso e sel-
vagem dos animais. (ARISTÓ-
Para Platão, a forma mais efi- TELES, 2001)
caz de exercer um bom governo é Em sua obra Política, Aristóte-
por meio da aristocracia11, o cha- les vê a criação do Estado com base
mado “governo dos privilegiados”. na formação das famílias, essas ge-
Aristóteles, em contraponto a Pla- ram pequenas aldeias e os conjuntos
tão, buscava voltar seus olhos para o de aldeias se transformam na PÓLIS
mundo real, tentando ver a política (cidade). Assim, vemos o surgi-
na prática. (HELFERICH, 2006). mento natural do Estado, que existe
De acordo com os ensinamen- pela necessidade de trazer organiza-
tos de Aristóteles, o homem não é ção para o povo, visando a felicidade
autossuficiente, e para viver bem é e respaldo do bem particular e pú-
necessário ter uma ampla relação blico. Em analogia, não podemos
com sua família, amigos e vizinhos. imaginar um membro em funciona-
Sendo assim, o homem está condici- mento fora do corpo, e também não
onado a viver no meio social, sendo podemos conceber a ideia de um in-
político em sua natureza ao buscar divíduo sem o Estado.
seu bem estar pela vida.
Essa concepção de Aristóteles
Anexos e Quadros Compara-
foi bastante eficaz ao analisar que o tivos
homem precisa viver em sociedade,
segundo o filósofo, aquele que não A seguir apresentaremos qua-
vive em grupo é um deus ou uma dro comparativos sobre os conceitos
fera. (REALE, 2005)

11 A palavra aristocracia originou-se do vo-

cábulo grego ARISTOKRATÍA, que significa, lite-


ralmente, o governo dos melhores.

31
FILOSOFIA POLÍTICA

da filosofia política afim de fixar me- Como podemos analisar, en-


lhor o conhecimento adquirido na quanto a república é formada por
presente apostila. um governo unitário e presencial, a
monarquia é tida por conceitos de
um estado composto e um governo
parlamentar, seu regime político é
baseado no totalitarismo.

Como podemos analisar,


enquanto a república é formada por
um governo unitário e presencial, a
monarquia é tida por conceitos de
Fonte: um estado composto e um governo
www.gestaoeducacional.com.br
parlamentar, seu regime político é
baseado no totalitarismo.

Material Complementar

Elencaremos abaixo alguns


links gratuitos para estudo comple-
mentar acerca do tema Filosofia Po-
lítica.

Filosofia Política em Tempos


de Pandemia
Fonte: Quadro comparativo ideali- Fonte: EDU CAPES
zado pelas ideias e conhecimentos
adquiridos na apostila e nas referên- Política, Filosofia Política e
cias já apresentadas bibliografica-
Sociedade. Uma leitura a partir do
mente.
pensamento filosófico de Lima Vaz
Fonte: FAJE.EDU

Filosofia Política e Direito -


Tomo Teoria Geral e Filosofia do
Direito, Edição 1, Maio de 2017
Fonte: Enciclopédia Jurídica
Fonte:medium.com

32
33
FILOSOFIA POLÍTICA

5. Referências Bibliográficas
ARENDT. H. As Origens do totalitarismo: cao%20social%20na%20administra-
Antissemitismo, Imperialismo, Totalita- cao%20publica%20federal.pdf> Acesso
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Paulo: Companhia das letras, 2012.
JUNIOR, Tércio Sampaio Ferraz. Estudos
BOTTOMORE, T. Dicionário Do Pensa- de Filosofia do Direito: reflexões sobre o
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FILOSOFIA POLÍTICA

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SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel:


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