Ê
POGRAMA ESPECIAL DE TREINAMENTO ± PET
Operações Unitárias II
Os trocadores de calor usados pelos engenheiros químicos não podem ser
caracterizados por um único modelo e na realidade, a variedade deste equipamento é infinita.
Entretanto, a característica comum à maior parte dos trocadores de calor é a transferência de
calor de uma fase quente para uma fase fria com as duas fases separadas por uma fronteira
sólida.
c !
A Figura 1 apresenta o tipo mais simples de trocador de calor.
Este trocador é constituído por dois tubos concêntricos, com um dos fluidos escoando
pelo tubo central enquanto o outro flui, em corrente paralela, ou em contracorrente, no espaço
anular. Quando a área necessária é muito grande, não se recomenda o uso do trocador tubular.
O trocador tubular pode ser usado na troca térmica entre dois líquidos, entre gás-
líquido e entre dois gases. Os materiais de construção são diversos, dependendo dos fluidos de
processo. Qualquer um dos dois fluidos pode escoar no espaço anular, ou no interior do tubo
central, em velocidades relativamente elevadas, o que contribui para melhorar o processo de
transferência de calor.
Alternativamente, os fluidos podem deslocar-se em correntes cruzadas, conforme
aparece nos trocadores aletados e sem aletas da Figura 2 (Incropera).
1
Figura 2. Trocadores de calor com correntes cruzadas. a) Aletado, com os fluidos não-
misturados. b) Sem aletas, com um fluido misturado e o outro não-misturado.
Quando a área da troca térmica é grande, o tipo de trocador recomendado é o de
carcaça e tubo. Neste tipo de calefator ou de resfriador é possível conseguir elevadas áreas de
troca térmica, de maneira econômica e prática, montando-se os tubos em feixes; as
extremidades dos tubos são fixadas num espelho. O feixe de tubos é colocado numa
envoltória cilíndrica (a carcaça) por onde circula o segundo fluido, em volta do feixe e por
entre os tubos.
A forma mais simples do trocador de carcaça e tubo é a que está apresentada na Figura
3, com um só passe. Neste trocador, o fluido que circula nos tubos entra pelo cabeçote onde é
distribuído pelos tubos, num regime de escoamento paralelo, e sai pelo outro cabeçote.
Qualquer dos dois fluidos, o frio ou o quente, pode escoar na carcaça do trocador por fora dos
tubos.
Figura 3. Trocador de casco e tubos, com passe simples (um passe no casco e um passe nos
tubos) operando em contracorrente.
2
O escoamento paralelo em todos os tubos e a baixa velocidade contribuem para
coeficientes de transferência de calor baixos e para pequena queda de pressão. As chicanas ou
bafles são instaladas para aumentar o coeficiente de convecção do fluido no lado do casco.
Para que se tenham maiores taxas de troca térmica é necessário adotar a operação em passes
múltiplos. Este tipo de trocador está esquematizado na Figura 4.
Figura 4. Trocador de calor com quatro passes nos tubos e um passe na carcaça
O líquido passa num sentido ou noutro em certas seções dos tubos, em alta velocidade,
o que provoca bons coeficientes de transferência de calor. O número de passes nos tubos
depende da economia do projeto e da operação e também do espaço disponível.
Desvantagens:
U despesas de fabricação, que devem ser equilibradas pelas melhorias do desempenho;
U perda extra por atrito provocada pelas velocidades mais altas e as perdas na entrada e na
saída dos distribuidores.
Somente a análise econômica pode indicar qual o modelo mais conveniente.
Na Figura 4 observa-se que as chicanas colocadas no interior da carcaça visam a
desviar o escoamento do fluido da carcaça, de modo que a trajetória do escoamento ocorra
predominantemente através dos tubos do feixe. A modificação constante da velocidade do
fluido da carcaça tende a turbilhonar a corrente, o que melhora a transferência de calor. Os
passes múltiplos no lado da carcaça só se usam, via de regra, nas instalações de maior porte.
Para se ter uma remoção fácil do feixe de tubos, visando à sua limpeza, e para permitir
a expansão térmica, usam-se trocadores de calor com espelho flutuante. Neste modelo, um
dos espelhos não está ligado à carcaça, de modo que todo o feixe de tubos pode ser removido
para a limpeza da carcaça e do exterior dos tubos. Com isso torna-se também possível a
expansão térmica diferencial dos tubos e da carcaça.
" !!#$%
Uma escolha satisfatória dependerá de um compromisso entre diversos fatores:
U custo;
U facilidade de limpeza;
U temperaturas;
U corrosão;
U pressão de operação;
U queda de pressão;
U riscos de segurança.
3
& %'
U os trocadores de calor de grande porte são projetados especificamente para uma aplicação
particular;
U os de pequeno porte podem ser projetados para diversas finalidades;
U o trocador com espelho fixo é mais barato mas as grandes tensões entre os tubos e carcaça
podem provocar folgas nas juntas dos tubos;
U a limpeza do lado da carcaça é muito difícil quando não se pode remover o feixe de tubos;
U os espelhos flutuantes e os tampos removíveis eliminam as tensões, mas aumentam o custo
de fabricação.
A área adicional das aletas não é tão eficiente para a transferência de calor quanto a
superfície do tubo liso, porque há resistência à condução através da aleta. Determina-se a
eficiência da aleta por equações deduzidas matematicamente, nas quais se supõe que o
coeficiente de película é constante ao longo de toda a aleta, e se desprezam os gradientes de
temperatura na espessura da aleta.
4
A melhor correlação geral para feixes de tubos com aleta alta é provavelmente a dada por:
0. 625
§ ?0.375 Pr1/ 3
onde:
h= coeficiente individual de transmissão de calor local, igual a dq/(dA) ( T), em
btu/h.ft2.oF.
Dr = diâmetro da raiz ou base do tubo aletado, em ft.
k= condutividade térmica, em btu/h.ft2(oF/ft)
k = 0,45 para arranjos de tubos alternados;
k = 0,30 para tubos dispostos em linha.
K = condutividade térmica
= densidade, em lb/ft3
Vmax = velocidade máxima através do feixe de tubos, isto é, velocidade através da área de
escoamento mínima entre dois tubos adjacentes, em ft/s.
= viscosidade, em lb/h.ft
Rf = razão da superfície externa total do tubo aletado para a área de tubo que tem o mesmo
diâmetro na raiz, mas sem aletas.
NPr = número de Prandtl, c/k (c = calor específico a pressão constante)
3 2 1/ 4 3 1/ 3
2
§ 0,73 § 0,76
onde:
Ô= calor latente (entalpia) de condensação, em btu/lb.
t = diferença de temperatura, em oF.
g= aceleração da gravidade
g = 4,18x10 8 ft/h2.
= vazão mássica de uma película descendente num tubo ou superfície por unidade de
perímetro, em lb/h.ft
= w/ D para tubo vertical;
= w/2L para tubo horizontal (w = velocidade na direção z).
- $!
Esse tipo de trocador de calor é usado para se ter uma área superficial de transferência
de calor, por unidade de volume, muito grande (® 700 m2/m3). São usados nos casos típicos,
quando pelo menos um dos fluidos é um gás, que se caracteriza por ter um coeficiente de
convecção pequeno. Os canais da corrente são tipicamente pequenos (Dh 5 mm) e o
5
espaçamento é usualmente laminar. A Figura 6 apresenta vários modelos de trocadores de
calor compactos.
Figura 6. Trocadores de calor compactos. (a) De tubos aletados (tubos chatos, aletas planas
contínuas). (b) Tubos aletados (tubos circulares, aletas planas contínuas). (c) Tubos aletados
(tubos circulares, aletas circulares). (d) Placa aletada (passe simples). (e) Placa aletada
(multipasse).
Para se projetar um trocador de calor deve-se relacionar a taxa global de transferência de calor
(q· a temperaturas de entrada e saída ( ), o coeficiente global de transferência de calor (Ê) e
a área superficial total de transferência de calor ( ).
Considerando a troca de calor entre dois fluidos num trocador de calor, num
determinado ponto do trocador, a taxa de transferência de calor pode ser expressa por:
a Ü Ü a
a
0 a
0
Ic,o, Tc,o
6
Figura 7. Balanço global de energia no fluido quente e no fluido frio de um trocador de calor
com dois fluidos.
Se os fluidos não estiverem sofrendo uma mudança de fase, e se for aceita a hipótese
de os calores específicos serem constantes, obtém-se as seguintes expressões:
l
} , , ö , 3 l
e } , , 3 ö , (1)
onde as temperaturas que aparecem nas expressões referem-se às temperaturas médias dos
fluidos nas localizações designadas. Essas expressões são independentes das configurações
das correntes e do tipo de trocador de calor.
7
Com a inclusão dos efeitos das incrustações e das aletas, o coeficiente global de transferência
de calor pode ser expresso por
1 1 11 " , " , 1
§ § §
(à 3
) (à 3 ) (à 3 ) (à 3
)
2
§
1 § para fronteira plana
ë
ln 2
1 para parede cilíndrica
2àë
OBS: Uf « Uq e Uf Af = Uq Aq
à 1 ö (1 ö à )
onde = área superficial total
= área superficial da aleta
à = eficiência de uma só aleta.
( )
à §
onde L = comprimento da aleta
m = (2h/k.t)1/2 (massa)
t = espessura da aleta
h = coeficiente de transferência convectiva de calor
k = condutividade térmica
8
Para uma aleta anular a eficiência pode ser estimada pelo gráfico que correlaciona:
1
3 2
à 2 vs àf em função de r2c/r1 (Figuras 8 e 9).
ë
onde: Lc = comprimento
Ap = área da superfície sem aletas
r2c = r2 + t/2
r2 = raio da superfície com aleta
r1 = raio da superfície sem aleta
O termo da condução nas paredes pode, muitas vezes, ser desprezado, pois usam-se
geralmente paredes delgadas e com condutividade térmica elevada.
Ê Ê Ê 2
onde os índices e referem-se às superfícies interna e externa dos tubos, que podem estar
expostas ao fluido quente ou ao fluido frio.
Ai = DiL
Ao = DoL
ð! (2)
10
3$&!
Hipóteses:
U Trocador de calor isolado e a troca de calor ocorre exclusivamente entre os
fluidos
U Condução de calor na direção axial dos tubos é desprezível
U Variações de energias potencial e cinética são desprezíveis
U e são constantes
U Ê é constante
·
Ê (propriedades dos fluidos, condições de escoamento)
Balanço de energia
a ö a ö a (5)
11
Transferência de calor através da área do elemento infinitesimal
!
a
Da Eq. (4): a §
a
Da Eq. (5): a ö
1 1
a ( ) § a
1 1
Com a Eq. (6): a ( ) ö a
a ( ) 1 1
§ a
2 a ( ) 1 1 2
1 § a
1
1 1
ln 1 ö (7)
2
Da Eq. (1): § §
Da Eq. (1): § §
ö
ö
ln 1 ö
A Eq. (7) fica 2
ö
l
ö ö l
ö
12
Como no trocador de calor com escoamento paralelo
! e !
então
ln 1 ö l 1 ö 2
2
2 ö 1
ln 2
1
§ 2 1 § 1 2 (8)
ln 2 ln(
1
)
1 2
( ) (9)
OBS:
1 1 ö 1 ö
2 2 ö 2
ö
3$&&
13
Em contraste com o trocador com as correntes paralelas, esta configuração proporciona a
transferência de calor entre as parcelas mais quentes dos dois fluidos, numa extremidade, e a
transferência ente as parcelas mais frias, na outra extremidade. No escoamento em
contracorrente a força motriz é muito mais constante ao longo de toda a extensão do trocador.
A variação da diferença de temperatura T = Th ± Tc (h = quente, c = frio) em relação a x
nunca é tão grande quanto à diferença na região de entrada do trocador com as correntes
paralelas. A temperatura de saída do fluido frio pode ser maior que a temperatura de saída do
fluido quente.
Diferenças de temperatura terminais:
1 1 ö 1 ö
2 2 ö 2
ö
Observa-se que Tml,CC ® Tml,EP, portanto a área superficial necessária para se ter
uma certa taxa de transferência de calor é menor na disposição em contracorrente do que na
disposição em paralelo, admitindo-se o mesmo valor de Ê.
A Figura 12 ilustra a diferença de projetos que consideram ou não as hipóteses
apresentadas.
A Figura 13a mostra as distribuições de temperatura num trocador de calor no qual a corrente
do fluido quente tem a capacidade calorífica muito maior que a da corrente do fluido frio. Por
exemplo: Condensador - fluido quente = vapor que se condensa ( = cte). Na Figura 13b a
corrente do fluido quente tem a capacidade calorífica muito menor que a da corrente do fluido
frio. Exemplo: Evaporador (ou caldeira) - fluido frio sofre mudança de fase a temperatura
constante. Para ambos os casos é dada pelas Equações (3) e (4).
A Figura 13c apresenta o caso de um trocador de calor em contracorrente no qual as
capacidades caloríficas das correntes são iguais. Neste caso: = cte então = = .
m
U Para escoamento laminar onde 2100 :
1 0,14
3
§ 1,86
ë ë
0,8 1/ 3 0,14
§ 0,027
ë ë
15
A Figura 24 no Apêndice do Kern, pag 655, representa graficamente as duas equações
anteriores tendo como ordenada
ö1 / 3 ö0,14
m
ë ë
Diâmetro equivalente:
Tubo interno
Tw hi Tubo externo
Tc
hio
ho
D1
D2
16
A superfície de referência adotada em trocadores com tubo duplo é a superfície externa do
tubo interno para o cálculo de Ê .
á á
á
# #
- - &%6
O coeficiente de transferência de calor pode ser determinado pela equação de Fourrier
§
1 1 1
§ 3 3 § § 3 3
3
3
3
3
Tubo interno
hi Tubo externo
Rdo Rdi
hio
ho
Figura 15. Localização dos coeficientes de transferência de calor e dos fatores de incrustação
17
O valor do coeficiente global de transferência de calor que inclui a resistência de incrustações,
sujeiras, depósitos é denominado de coeficiente de lama global ou de projeto, Ê. A relação
entre os dois coeficientes totais é:
1 1
§ a a3
Ê
§ onde
seria calculada a partir das temperaturas observadas.
1 1
a ö ???
à
a §
Quando ? (depositado) > ? (permitido) o aparelho não fornecerá mais uma quantidade de
calor igual à exigida no processo e deverá ser polido.
- 7 !6$$&
Como na seguinte equação
Ô%
(aproximadamente, uma vez que varia ligeiramente com o ?)
e nessa outra equação para o escoamento turbulento
%&'
(aproximadamente)
o melhor uso da pressão disponível consiste em aumentar a vazão mássica, que também
produz o aumento do e diminui o tamanho e custo do aparelho.
U A equação de Fanning pode ser usada para a queda de pressão em fluidos escoando em
tubos:
4 2
§ (10)
2
16
onde: § Eq. de Hagen-Poiseuille (escoamento laminar)
Re
0,264
§ 0,0035 (escoamento turbulento)
0, 42
Re
18
U Para a queda de pressão em fluidos escoando em tubos anulares, usa-se a equação de
Fanning modificada:
4 2à
(11)
'
2 Ym
onde: á diâmetro equivalente para queda de pressão
Usualmente pode-se permitir uma queda de pressão de 5 a 10 psi para um trocador ou uma
bateria de trocadores.
Quando diversos trocadores com tubos duplos forem ligados em série, o comprimento não
inclui a queda de pressão encontrada quando o fluido entra ou deixa os trocadores.
É suficiente permitir uma queda de pressão de uma carga cinética (# por grampo. A
velocidade sendo superior a 3 ft/s, as perdas na entrada e na saída são desprezíveis. (Veja
Figura 27 do Apêndice do Kern.)
Se a queda de pressão calculada nos projetos for um pouco superior a 10 psi e superior à carga
disponível então a carga de calor não pode ser transmitida.
A Figura 16a apresenta dois trocadores de tubo duplo conectados em série. Tendo-se uma
corrente muito grande divide-se a mesma em 2 (/2). Cada metade atravessa somente um
trocador pelos tubos internos (Figura 16b).
T á temperatura intermediária
t2 á temperatura de mistura
Figura 16. Trocadores de calor com tubo duplo. a) em série. b) em série e paralelo
Pela Equação (11) verifica-se uma queda de pressão de 1/8 da queda de pressão da associação
em série (% e se reduzirão à metade).
No caso em que a vazão de uma das duas correntes opera num longo alcance e a outra sobre
um intervalo curto, a corrente maior pode ser dividida em 3, 4 ou mais correntes paralelas.
19
! 1%'$0 $!
3
3 3
l
ö
ou
§
3
3
3
l
onde: Tfc = temperatura calórica do fluido frio
Tqc = temperatura calórica do fluido quente
Coeficientes corrigidos:
3 § 3 e 3 3
0,14
onde: § para o anel
0,14
para o tubo
3
3
§
3
3
20
- 5
- c $ !$&:
Ê ·
)
onde : ) = fator de correção
= contracorrente
TB1
TB2
TB1
Figura 17. Representação esquemática de um trocador com um passe no casco e dois passes
nos tubos
(a) Um passe no casco; dois ou qualquer número par de passes nos tubos
(b) Dois passes no casco; quatro ou qualquer número múltiplo de 4 de passes nos tubos
22
(c) Quatro passes no casco; oito ou qualquer número múltiplo de 8 de passes nos tubos
(d) Seis passes no casco; doze ou qualquer número múltiplo de 6 de passes nos tubos
23
(a) Escoamento cruzado, os dois fluidos sem mistura, uma passagem nos tubos
Figura 19. Fator de correção da ( T)ml em trocadores de calor com escoamento cruzado
24
- ( &
A trajetória do fluido do lado da carcaça muda muito devido as áreas de escoamento
variarem à medida que o fluido passa por entre os tubos e devido às chicanas. Há também
vazamentos nas chicanas e curtos-circuitos das linhas de escoamento. Tudo isso afeta a
eficiência do trocador.
Os coeficientes de transferência de calor para o fluido no lado do casco não podem ser
calculados com exatidão. Correções da estimativa do coeficiente de transmissão de calor para
o fluido no lado da carcaça são necessárias. Procedimentos simplificados: usa-se 60% do
coeficiente calculado para o escoamento perpendicular a uma fileira retangular de tubos,
admitindo que não haja vazamento em torno das chicanas nem áreas inertes para a troca
térmica.
A Figura 20 mostra a correlação dos coeficientes de transferência de calor de tubos e a
correlação do fator de atrito, para que se possa prever a queda de pressão no casco.
25
Sob condições comparáveis de escoamento e de tamanho do tubo, os coeficientes para
o passo triangular são aproximadamente 25% maiores do que para o passo quadrangular.
Quando a queda de pressão e a limpeza tiverem pouca significância, o passo triangular é
preferível por atingir coeficientes de película do lado da carcaça elevados. A taxa de
transferência de calor do lado da carcaça é influenciada pelo número de chicanas ou bafles, o
espaçamento destas, tipo de passo, tamanho do tubo, espaço livre e características do
escoamento do fluido.
A Figura 28 do Apêndice do Kern apresenta uma curva que correlaciona dados
industriais para hidrocarbonetos, compostos orgânicos, água, soluções aquosas e gases, com
desvios variando de 0 a 20%.
Para 2000 < NRe < 1x10 6 os dados podem ser aproximados pela equação
0,55 1/ 3 0,14
3 m m
0,36
ë ë
onde: G = vazão mássica do fluido que passa pela carcaça (lb/h.ft2)
A equação de Donohue é:
em que:
Ge =
ho ± coeficiente de transferência de calor individual para o lado externo do tubo, W/m2. oC
Do ± diâmetro externo do tubo
k ± condutividade térmica, W/m.oC
Ge ± velocidade mássica (valor efetivo no trocador de calor), kg/s.m2
Gb ± idem, no espaço da chincana
Gc ± idem, no fluxo cruzado
- viscosidade, cP ou lb/ft.h
w ± idem, na parede à temperatura da superfície
cp ± calor específico, J/g.oC
- + ;:6$< *0%
Na correlação representada na Figura 28 do Apêndice do Kern considera-se como a
da área do escoamento, a linha hipotética de tubos que possui a área de escoamento máxima,
correspondendo ao centro da carcaça. O
da área de escoamento, como o
espaçamento, , entre as chicanas. O passo dos tubos é a soma do diâmetro do tubo e do
espaço vazio, ou luz, ,.
A área reta do escoamento do feixe de tubos é dada por
m
'
pnde: = diâmetro interno da carcaça
, = luz ou espaço vazio entre os tubos
= distância entre chicanas ou bafles
Ô = espaçamento ou distância entre centros de tubos próximos
A vazão mássica é:
% (lb/h.ft2) e (lb/h)
26
- - ! %6
A Figura 21 apresenta várias disposições geométricas dos tubos de um feixe.
Figura 21. Arranjos usuais da configuração de feixes de tubos. (a) Quadrangular; (b)
Triangular; (c) Romboédrico.
- 7 =$) *&%
Raio hidráulico ± raio de um círculo com área equivalente à área de uma seção não circular de
um canal de escoamento, situado num plano perpendicular à direção do escoamento.
P
c¶
!)&1
32
2
§ 4 4
3
28
Hipóteses:
U A temperatura do fluido da carcaça é uma temperatura média isotérmica para qualquer
seção reta;
U Existe igual quantidade de superfície aquecedora em cada passagem;
U Ê = constante;
U = cte; = cte;
U = cte; = cte;
U Não ocorre vaporização nem condensação;
U As perdas de calor são desprezíveis.
- ? !6&%
1 § 12
O é o mesmo para a transferência de calor.
A equação isotérmica para a queda de pressão de um fluido que está sendo aquecido ou
resfriado, incluindo as perdas na entrada e na saída, é dada por
2
(
1)
§
2
2
(
1)
§
5,22 1010
Ô (lbf/in2 )
= densidade relativa do fluido
- @ &%'
A formação de incrustações adiciona uma outra resistência à trajetória da transferência
de calor, o que reduz a taxa de troca. Como a incrustação está sempre crescendo, sua
resistência é uma grandeza variável.
29
A taxa de depósito é uma função da carga térmica, da taxa de escoamento, da
geometria e das características particulares do fluido. O acúmulo de deposições aumenta com
o tempo, implicando na diminuição da taxa de transferência.
A ausência de uma teoria definitiva em relação à formação de incrustações requer
dados sobre o desempenho real do equipamento, para determinar-se o intervalo de tempo de
serviço após o qual é indispensável a limpeza.
A Tabela 2 apresenta fatores típicos de incrustação que são tratados como resistência e
adicionam-se às resistências dos tubos ³limpos´ para darem a resistência operacional que
deve ser esperada.
Tabela 2. Fatores típicos de incrustações
Fator de incrustação
Rd=1/d h oF ft2/Btu
Velocidade da água
3 ft/s ou menos 3 ft/s ou mais
Ägua do mar (até 125oC ) 0,005 0,0005
Água do poço 0,001 0,001
Águas do rio Delaware e Lehigh 0,003 0,002
Salmoura 0,001 0,001
Óleo combustível 0,005 0,005
- A ( &
O coeficiente do lado do tubo deve ser estimado e analisado em primeiro lugar para se
verificar se a resistência do lado do tubo é a dominante. As correlações usuais sobre os
coeficientes de transmissão de calor são aplicáveis ao fluido do lado do tubo.
!64 Ô + Ô + Ô
30
? .8
U Temperatura ótima de saída da água
@
31
Define-se a efetividade |, como a razão entre a taxa real de transferência de calor no
trocador de calor e a taxa máxima possível de transferência de calor,
½
( , ö , )
½. ( , ö , )
ou (13)
( , ö , )
½. ( , ö , )
Pela própria definição da efetividade, que é adimensional, ela deve estar no intervalo de 0 a 1.
Se , Th,i, Tc,i forem conhecidas, a taxa real de transferência de calor poder ser determinada
pela expressão:
= f (NUT, C mín/Cmáx )
32
c %'|>
Para determinar a forma específica da relação entre a efetividade e o NUT, considera-
se um trocador de calor com as correntes paralelas no qual Cmín = Ch. Pela Equação 13 obtém-
se:
, ö ,
(16)
, ö ,
1 ö exp ö 1 ½.
½
1 ½.
½
33
Em virtude do mesmo resultado ser obtido para . = , a equação acima aplica-se a
qualquer trocador de calor com as correntes paralelas independentemente da capacidade
calorífica mínima estar associada à corrente do fluido quente ou à do fluido frio.
A Tabela 3 apresenta expressões semelhantes desenvolvidas para diversos tipo de
trocadores de calor.
§ 1 exp l Ê
Todos os trocadores ( aproximado, Cr=0 ) (11.36a)
Cr = razão entre as capacidades caloríficas das correntes
Cr = C mín / C Max
NUT = n(NUT)1 p
34
Tabela 4. Relações NUT nos trocadores de calor
Ao usar as p
0, com , é o NUT por passe no casco que se
calcula pela p
. Este resultado é multiplicado por n para dar o NUT de todo o
trocador de calor.
35
As relações supracitadas estão representadas graficamente nas Figuras 24 e 25.
Figura 24. Efetividade num trocador de calor: a) com as correntes paralelas (p1); b)
com escoamento em contracorrente (p&) e c) de casco e tubos, com um passe no casco
e qualquer número par de passes nos tubos (p).
Figura 25. Efetividade num trocador de calor: a) de casco e tubos, com dois passes no casco e
qualquer número múltiplo de quatro nos tubos (p, com n = 2); b) com as correntes
cruzadas, um só passe e os dois fluidos não-misturados (p) e c) com as correntes
cruzadas, um só passe e um fluido misturado e o outro não-misturado (p$ e )
36
c+
Figura 26. Fator de Colburn e fator de atrito num trocador de calor de tubos circulares
aletados, superfície CF-7.0-5/8J, de Kays e London.
Figura 27. Fator de Colburn e fator de atrito num trocador de calor de tubos circulares e aletas
contínuas, superfície 8.0-3/8T, de Kays e London.
37
Os resultados para a transferência de calor estão correlacionados pelo fator jH de Colburn
>
Ô #
e pelo número de Reynolds, com o número de Stanton
#%
e o de Reynolds
?% #
baseados na velocidade mássica máxima
. .
Y2 ½ ½
Y2 ½ /
§
onde:
= velocidade do fluido
= área mínima de escoamento livre das passagens aletadas (área da seção reta
perpendicular à direção da corrente)
= área frontal do trocador
= razão entre a área mínima de escoamento livre das passagens aletadas (área da seção reta
perpendicular à direção da corrente) e a área frontal do trocador
Dh = diâmetro hidráulico do canal de escoamento
39
558
1. Foust, A.S.; Wenzel, L.A.; Clump, C.W.; Maus, L.; Andersen, L.B., Ô .
3 0Ê
- , 2a. ed., Guanabara Dois, Rio de Janeiro, 1982.
2. Incropera, F. P.; de Witt, D. P., Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, 3ª ed.,
LTC, Rio de Janeiro, 1992.
3. Kern, D.Q., Ô , Guanabara Dois, Rio de Janeiro, 1980.
4. Perry, R.H.; Chilton, C.H.,
p
., Guanabara Dois, Rio de
Janeiro, 1980.
Márcia/OperaçõesUnitárias/TrocadorCalor.doc/
40
41
O método consiste em calcular e para obter Ê. Após considerar uma resistência de
incrustação, calcula-se Ê e a partir dele a área pode ser calculada através da equação de
Fourier Ê .
Critério para a escolha do fluido que deve ficar na parte anular e no tubo interno: Estabelece-
se os tamanhos relativos das áreas de escoamento para ambas as correntes. A decisão pode
igualmente basear-se no arranjo que produz as vazões mássicas e quedas de pressões o mais
aproximadamente iguais quanto possível. Para os arranjos padronizados de tubos duplos, as
áreas de escoamento são dadas no Quadro 1.
c 5&%4
··
< $0 1,$ (&% $!E !& $&
&&
+ <2$!F 34
3.1. Se o fluido for uma fração do petróleo ou um hidrocarboneto, determinam-se as
temperatura calóricas pela Fig. 17 do Kern, pag. 648 e pelas equações:
·
·
onde: = fração
ö 1
2 ö1
3.2. Para os demais fluidos o cálculo de Ê dever ser realizado para o terminal quente e o
terminal frio, fornecendo Ê e Ê dos quais pode-se obter . é então obtido pela Fig. 17 do
Kern, pag. 648, ou pelas equações:
42
1 l ö 1
1
ln l 1
ö
1
ln
2 ö 1 ö
1
1
onde: § §
2
3.3. Se nenhum dos dois fluidos for muito viscoso no terminal frio ( 1,0 cp), se os limites
de temperatura não ultrapassarem 50 a 100oF e se a diferença da temperatura for menor do
que 50oF, as médias aritméticas de e e de e poderão ser usadas em vez de e
de pra avaliar as propriedades físicas dos fluidos.
0,14
Para fluidos não-viscosos, §
pode ser igual a 1,0.
- &&
4.1. Cálculo da área de escoamento (ft2 )
m 2 / 4
%#
Re § §
4.6. Cálculo de
1 0,14
ë 3
§
ë
# ·
43
7 &
5.1. Cálculo da área de escoamento (ft2 ) e do diâmetro equivalente (ft)
l
m22 ö m12
4
22 12
§
1
%#
Re § §
5.5. Obtenção de > .
- < ( & 1 &(/& ! $& 2 $!3
!#2#325G" ( 3
§ 3 3
3
3
1 1
§ a
? <<2( 3
Usando o Quadro 11 do Kern ± pag. 665, a partir da área calculada, encontra-se o equivalente
em comprimento necessário. Conhecendo-se o valor do comprimento de cada grampo,
determina-se o número de grampos necessários. Com o comprimento total real a ser utilizado,
acha-se a área real fornecida.
44
@ <( &1&(/& * !#&*
( &%62" ( G53
Caso o comprimento necessário não corresponda a um número inteiro de grampos,
usa-se o maior número inteiro seguinte de grampos, o que resulta em uma variação do fator de
incrustação. O coeficiente real projetado é recalculado com base na superfície real fornecida
obtida a partir do comprimento real, e o fator de incrustação é dado por:
a §
A <)!62! 3
Tubo interno:
16
§ (Laminar)
Re
ou
0,264
§ 0,0035 (Turbulento)
0, 42
Re
4 2
§
2 2
§
§
144
Tubo anular:
a) Obtenção do diâmetro equivalente, do número de Reynolds e do fator de atrito:
m ( m 2 ö m1 )
m
?e
c) Cálculo das perdas na entrada e na saída: uma carga cinética para cada grampo
2
2
( )Y
144
Márcia/OperaçõesUnitá rias/TrocadoresTuboDuplo.doc
45
p+344
5&%&1
a) Fluido frio:
2
§
4
4
§ § 2
4
§
2
b) Lado da carcaça:
Fluxo paralelo (trocador sem bafles): l
2
m
ö m32
4
m
2 ö m32
m
m3
46
m
l ö m 3
Fluxo cruzado:
Ô! , (luz ou espaço vazio entre os tubos)
§
4A FS 2D s h b (1 D o / P )
¹ ¹ Ô ·
2 Nh b Ds
hb
P
Ôr
ë
2
1
m 3
Laminar: 1,86 ?e Ôr 0,14
à
1
0 , 55
Regime turbulento: 0,36 Re
Ôr3 0,14
(? > 6000)
ë
3 §
47
b) UL (limpo)
1 1 1 ! 3
§
3
ë
c) Ê (sujo)
1 1
§ 3 3
7 <
2 ö 1
'
ln 2
1
ö
]
ö
Do gráfico á
ö
ö ö
'
- <$! $&
Ê
§
3
Número de bafles:
1§
48
- <!1
a) Nos tubos:
ö0, 24
? > 2000 0,08 ?e
2
§ 2 1
b) Na carcaça:
ö0, 6
Fator de fricção: ? < 100 16 ?e
ö0 , 2
? > 100 2,0 ?e
Com bafles: § 0,5 l
1 2
à
Sem bafles: 2 Y 2
m 1
Ae, Ai, A área de fluxo pela carcaça, pelos tubos e para transferência de calor,
respectivamente
cf, cq calor específico do fluido frio e quente, respectivamente
Deq, Ds, Dh diâmetro equivalente, interno e hidráulico da carcaça, respectivamente
Di, Do diâmetro interno e externo dos tubos, respectivamente
evu, evt comprimento equivalente para as curvas em forma de U e para Tês das
conexões, respectivamente
fi, fe fator de atrito dos tubos e da carcaça, respectivamente
Ff, Fq fluxo mássico do fluido frio e quente, respectivamente
FT fator de correção
hb distância entre bafles
hi, ho coeficientes peliculares para os tubos e carcaça, respectivamente
kf, kq, kt condutividade térmica do fluido frio, quente e do material do tubo,
respectivamente
L, Le, Lt comprimento real do trocador, efetivo total e dos tubos,
respectivamente
Nb número de bafles
49
NNui, NNue número de Nusselt para os tubos e carcaça, respectivamente
Np número de passos pelos tubos
NPri, NPre número de Prandtl para os tubos e carcaça, respectivamente
NRei, NRee, NReh número de Reynolds para os tubos, carcaça e diâmetro hidráulico da
carcaça, respectivamente
Nt número de tubos
P distância entre centros de tubos próximos (espaçamento) (³pitch´); PT =
pitch triangular; PQ = pitch quadrado
Pi, Pe queda de pressão dos tubos e da carcaça, respectivamente
Q fluxo de calor
Ri, Re resistência térmica para o fluido dos tubos e da carcaça,
respectivamente
Rs fator de incrustação combinado
, temperatura média do fluido frio e quente, respectivamente
Tfe, Tfs temperatura do fluido frio na entrada e na saída, respectivamente
Tqe, Tqs temperatura do fluido quente na entrada e na saída, respectivamente
temperatura da parede do tubo
Tf, Tq variação da temperatura de entrada e de saída para o fluido frio e
quente, respectivamente
T1, T2 diferença de temperatura no terminal frio e quente, respectivamente
T ml diferença média logarítmica da temperatura
UL, US coeficiente global de transferência de calor limpo e sujo,
respectivamente
vi, ve velocidade de circulação do tubo e da carcaça, respectivamente
,$114
!t espessura da parede dos tubos
f, q densidade do fluido frio e quente, respectivamente
f, q, wi, we viscosidade do fluido frio, quente, à temperatura da parede do tubo e da
carcaça, respectivamente
wi, we fator de correção da viscosidade do fluido nos tubos e na carcaça,
respectivamente
| rugosidade absoluta
50
5 8. H
D
5I8 10 12 14 16 18
!2 &3 0,134 0,109 0,083 0,065 0,049
51
5. Tabela de contagem de tubos (para trocadores de carcaça e tubos 1-2 com cabeçais
flotantes)
6. Tabela de contagem de tubos (para trocadores de carcaça e tubos 2-4 com cabeçais
flotantes)
52
7. Cálculo do coeficiente pelicular do lado interno de tubos na região de transição (G = .vi)
2/3 0,14
ë
Márcia/OperaçõesUnitárias/TabelasGráficos.doc
53
;8
8
8NO
1. Deseja-se aquecer 9820 lb/h de benzeno frio de 80 para 120 oF, usando-se tolueno quente
que é resfriado de 160 para 100 oF. As densidades relativas do benzeno e do tolueno a 68 oF
são, respectivamente, 0,88 e 0,87. Um fator de incrustação de 0,001 pode ser disponível para
cada corrente, e a queda de pressão permitida em cada corrente é de 10 psi. Dispõe-se de um
certo número de grampos de 20 ft com tubo IPS de 2 por 11/4 in. Quantos grampos são
necessários?
2. 43800 lb/h de querosene, com 42 oAPI, deixam o fundo de uma coluna de destilação a 390
o
F e serão resfriados até 200 oF por 149000 lb/h de óleo bruto de conteúdo médio, com 34
o
API, proveniente de um reservatório a 100 oF e aquecido até 170 oF. Uma queda de pressão
de 10 psi é permissível para ambas as correntes e devem-se dispor de um fator de incrustação
combinado igual a 0,003. Dispõem-se para este serviço de um trocador de calor com 21 ¼ in
de diâmetro interno (DI), possuindo 158 tubos de 1 in de DE, tubos BWG número 13, com
comprimento de 16 ft, dispostos com passo quadrado, com afastamento igual a 1 ¼ in. O feixe
é agrupado em quatro passagens e a distância ente as chicanas é de 5 in. O trocador de calor
será conveniente para esta operação? Qual é o fator de incrustação?
Márcia/OperaçõesUnitárias/ExercícioTrocadorCalor.doc
54
55