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da Alfabetização e
Letramento
1. A Evolução da Escrita na Humanidade 4
Um Pouco de História da Alfabetização 7
2. A Aprendizagem Significativa 13
Atividades, Mediação e Socialização – O enfoque
de Vygotsky 14
Momentos que Antecedem a Alfabetização 16
Fase Logográfica 16
Fase Alfabética 17
Fase Ortográfica 17
5. Pressupostos Teóricos 54
Nível Pré-Silábico I 55
Nível Pré-Silábico II 56
Nível Silábico 57
Nível Silábico-Alfabético 58
Nível Alfabético 59
6. Referências Bibliográficas 62
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A necessidade do homem em
transmitir seus pensamentos e
sentimentos, fez com que a prática
no da linguagem escrita e não ape-
nas da escrita das letras.
Vygotsky (1984, p. 120) já aler-
da escrita e da leitura surgisse, gra- tava para o fato de se considerarem
dativamente. a escrita como uma “complicada ha-
Percorrendo a pré-história da bilidade motora”, ao invés de a per-
linguagem escrita, que passa pelo ceberem como “um sistema particu-
gesto, desenho e jogo de faz de con- lar de símbolos e signos cuja domi-
ta, bem como, destacando as rela- nação prenuncia um ponto crítico
ções entre pensamento e linguagem, em todo o desenvolvimento cultural
visualizamos a construção de um da criança”.
dos instrumentos culturais mais Desenvolver tal sistema par-
complexos, constituído a partir das ticular de símbolos e signos pres-
relações sociais: a escrita. As impli- supõe certas condições que não exis-
cações práticas decorrentes dessa vi- tem na criança, por ocasião de seu
são enfatizam a necessidade do ensi- nascimento e que vão desenvolver-
1 Retirado em https://wallpaperplay.com/
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nobrando bem penas e tintas na ca- Ainda nos anos 80, programas
ligrafia das letras, estes eram, então, como: Programa Nacional de Ações
levados a formarem palavras, que, Sócio - Educativos para o Meio Ru-
depois, reunidas, formavam frases e, ral (PRONASEC) e o Programa de
finalmente, textos”. Ações Sócio- Educativos e Culturais
Os jesuítas implantaram no (PRODASEC), foram implantados a
Brasil a primeira escola, a qual tinha fim de contribuir para a expansão da
uma finalidade catequética. No en- alfabetização.
tanto, D. Pedro II manteve seus in- No entanto, ainda hoje, a ex-
teresses na produção agrícola, des- pansão e o acesso da população à al-
considerando o alto índice de anal- fabetização, é um desafio a ser supe-
fabetismo. rado, a fim de afastar o analfabetis-
Em 1970, através das ações do mo em todos os níveis da sociedade
Movimento Brasileiro de Alfabetiza- brasileira.
ção (MOBRAL), trinta milhões de Nesse sentido, muitos autores
jovens e adultos foram alfabetiza- empenham-se em pesquisar o pro-
dos, em 3.953 municípios brasilei- cesso de aquisição da lectoescrita
ros. Posteriormente a este movi- baseando-se nas ideias de Emília
mento, surgiu em 1985, a Fundação Ferreiro, a qual relaciona, a origem e
Educar o MOBRAL, como um movi- a evolução das funções, à psicogêne-
mento popular na luta pela educação se da escrita dentro do processo de
popular e, assim como: alfabetização.
Para Ferreiro (1989):
“[...] nos países dependentes,
pode ser analisada sob dois “O desenvolvimento da alfa-
ângulos: a) política externa, b) betização ocorre, sem dúvida,
política interna. No Brasil o em um ambiente social. Mas as
primeiro nos conduz ao MO- práticas sociais, assim como as
BRAL que tem como objetivo a informações sociais, não são
adaptação, a preparação da recebidas passivamente pelas
mão de obra para o mercado de crianças. Quando tentam com-
trabalho. Para isso o indivíduo preender, elas necessariamente
deve ser alfabetizado a fim de transformam o conteúdo rece-
receber duma forma mais fácil bido. Além do mais, a fim de re-
as informações e o treinamento gistrarem a informação, elas a
que lhe permitirão desenvolver transformam. Este é o significa-
o trabalho que lhe está reser- do profundo da noção de assi-
vado no desenvolvimento do milação que Piaget coloca no
país, ou seja: o indivíduo é con- âmago de sua teoria. (1989,
dicionado e instrumentaliza- p.24).”
do. (BORBA, 1984, p.22).”
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2. A Aprendizagem Significativa
2 Retirado em http://www.educamosbrasil.com.br/
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bolos foram internalizados. Isto é Ex: A Odrem das leatrs não aeltra a
comum quando as crianças veem o plaavra! A Odrem das leatrs não
rótulo de produtos muito utilizados aeltra a plaavra!
por ela ou que circulam na mídia.
Ex.: A criança reconhece o Fonte:
rótulo, pois já associa o símbolo ao http://blogheydog.blogspot.com/200
produto. 8/11/ordem-das-letras-no-altera-
palavra.html
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Fonte: Pinterest3
3 Retirado em https://www.pinterest.com.au/
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do México, que fez seu doutorado na cluiu que algumas crianças chegam
Universidade de Genebra, sendo a descobrir, os princípios funda-
orientada por Jean Piaget, iniciou mentais do sistema, antes de inicia-
suas pesquisas a partir de 1974, co- rem a escola, ao passo que outras
mo docente da Universidade de Bue- estão longe de conseguir fazê-lo.
nos Aires. Em suas pesquisas expe- O objetivo maior do trabalho
rimentais, originaram-se os pressu- foi apresentar a interpretação do
postos teóricos sobre a Psicogênese processo de aquisição da escrita do
da língua escrita, sendo este, o mar- ponto de vista de quem aprende,
co transformador do conceito de embasada nas pesquisas realizadas
aprendizagem da escrita, compreen- por um período de dois anos, com
dendo como se dá a aquisição da lin- crianças de diferentes nacionalida-
guagem escrita, para a criança. Os des, com idade entre quatro e seis
principais teóricos que influencia- anos (FERREIRO; TEBEROSKY,
ram os estudos sobre a psicogênese 1999).
foram: Piaget, Vygotsky e Wallon. Na mesma obra as autoras
No decorrer da pesquisa, para esclarecem que a pesquisa realizou-
descobrir como a criança consegue se no que Piaget denominava de
interpretar e produzir escritas, mui- “ideias inesperadas”, “respostas
to antes de chegar a escrever ou ler, inesperadas”. A metodologia desen-
convencionalmente, foram criadas volveu-se a partir da apresentação,
situações experimentais, bem como, às crianças que iniciavam seu pri-
utilizou-se o método clínico ou de meiro ano na escola, de algumas pa-
exploração crítica, própria dos estu- lavras utilizadas pelos professores
dos piagetianos. Através dos dados da escola, para saber o que elas co-
colhidos com populações de diferen- nheciam sobre essas palavras. Eram
tes meios sociais, pode-se estabele- feitas variações na ordem das letras
cer uma progressão regular dos pro- dessas palavras, mantendo constan-
blemas que as crianças enfrentam e tes elementos e levantando questio-
nas soluções que elas ensaiam, para namentos pela interpretação dos re-
descobrir a natureza da escrita. A or- sultados, ou seja, pela interpretação
dem de progressão de condutas não da totalidade frente a um processo
impõe o ritmo determinado na evo- de modificação da ordem e da fre-
lução. Podem ser encontradas gran- quência de surgimento dos elemen-
des diferenças individuais do desen- tos, sem que fosse inserido nenhum
volvimento cognitivo, onde se con- elemento novo que pudesse perten-
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passado. Mas em que eles consis- afirmar que a escrita não é uma
tem? Vamos analisá-los: transcrição do fonema.
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car essas formas como objetos sim- ços de compreensão através de com-
bólicos, carregados de determinados paração, ordenação e reprodução
significados. Nesse sentido é impor- das marcas que compõem o sistema
tante esclarecer que, ao transpor a de escrita. Dito de outra forma, a
teoria piagetiana para a prática pe- criança atribuirá significado ao
dagógica, é necessário considerar mundo da escrita mediante suas
que a presença do objeto de conhe- tentativas de assimilá-lo, e é so-
cimento per se não garante a assi- mente em função dessa interpreta-
milação, uma vez que são as situa- ção que sua conduta deve ser com-
ções sociais que colocam as signifi- preendida.
cações. Sobre essa questão, Piaget e O processo de alfabetização,
Garcia (1982, p.228) explicam: na perspectiva psicogenética, parte
da utilização de significantes (índi-
“Na experiência da criança, as ces, sinais, símbolos), seguida do
situações com as quais se depa-
texto e da apresentação de palavras,
ra são prontamente criadas por
seu ambiente social, e as coisas colocadas em um determinado con-
aparecem em contextos que texto que amplia o seu significado.
lhes dão significações especiais.
Não se assimilam objetos “pu-
As palavras são retiradas do mundo
ros”. Assimilam-se situações real da criança. A atividade de lei-
nas quais os objetos desempe- tura tem início com o processo ope-
nham certos papéis e não ou-
tros. ”
racional de análise-síntese, quando
a criança “monta e desmonta” a pa-
A atividade de assimilação en- lavra escrita. Sendo assim, o ponto
volve a compreensão analítica das de partida para a alfabetização não
formas gráficas e do mecanismo de são as letras e sílabas.
codificação, não ocorrendo respal- Uma proposta metodológica
dada somente no discurso pedagógi- que enfatiza somente o aspecto figu-
co do professor, embasado em pre- rativo é respaldada na memorização
missas de um adulto alfabetizado. mecânica de letras, sons e sílabas;
Para alcançar essa compreensão seus resultados são superficiais,
analítica faz-se necessário uma ati- uma vez que não criam uma situação
vidade estruturante da criança, refe- favorável à compreensão do pro-
renciada na interação com o objeto cesso de codificação.
de conhecimento. Daí a importância O alfabetizando pode obter
de acesso à diferentes portadores de êxito em repetir os códigos linguís-
escrita, os quais favorecem os esfor- ticos, porém enfrentará dificuldades
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isso não significa que capacitação dos currículos de formação dos mes-
será limitada no que ele pensa, mas mos, porque a prática docente se
a partir daí proporcionar-se-á opor- apoia em modelos anteriores, nas
tunidades para refletir e construir, experiências que os professores tive-
ampliando assim os conhecimentos. ram quando eles aprenderam a ler e
A conscientização, por parte desse a escrever. Portanto, não se pode
professor de que a prática não está propor ao professor que mude seu
separada da teoria, e que essa se re- modo de atuar sem fornecer-lhes
flete em sua prática, sendo, muitas material teórico forte e sólido, para
vezes inconsciente, passa a ser desa- servir de subsídio em sua prática.
fio no momento de capacitação, que Sendo necessárias correções quando
precisa esclarecer essa teoria, pos- ocorrem falsas interpretações, e pro-
sibilitar o estudo, os momentos de porcionar momentos de experimen-
questionamento, para que o profes- tação, fazendo com que o estudo seja
sor possa elaborar algo novo a partir mais bem compreendido e aprofun-
do saber que tem, pois não há cons- dado.
trução no vazio, todo o novo é cons- A teoria psicogenética da alfa-
truído ou reelaborado a partir dos betização é um enfoque novo para
conhecimentos já existentes. Por um problema velho. Sua inserção no
essa razão, o instrumento chave des- sistema educacional está ocorrendo
se professor é sua reflexão, pois se o através de sua institucionalização
educando é um sujeito que se alfabe- como conhecimento, particular-
tiza ao interagir com seu próprio mente a nível universitário, e está
processo de alfabetização, o profes- procurando as formas de penetrar
sor deve ser aquele a quem devem no aparelho estatal que é a escola
ser oferecidos instrumentos que res- pública. Para isso, faz-se necessário
gatam sua reflexão teórica sobre sua um processo natural de desenvolvi-
prática, para que a construção de mento de uma mudança, que deve
sua trajetória se dê em processo pa- ocorrer “de baixo pra cima”, a partir
ralelo ao de seus educandos, dessa das experiências concretas de gru-
forma descobrirá como e por quê pos que demonstrem importância,
modificar a sua prática. (FREIRE os sucessos dos mesmos, possibili-
apud FERREIRO, 1990). tará uma nova visão. Essas experiên-
De acordo com Palácio apud cias concretas devem funcionar co-
Ferreiro (1990) o problema da capa- mo áreas de investigação e desenvol-
citação dos professores não se resol- vimento para o aparelho do Estado
ve apenas através da modificação (KISIL apud FERREIRO, 1990).
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enquanto faz “rabiscos”, ela pode ser guns candidatos devido à reprova-
considerada letrada. Isto é possível ção destes em um teste de alfabeti-
porque, apesar de ainda não estar zação:
alfabetizada, demonstra conhecer e
busca (dentro de suas possibilida- Candidaturas são impugnadas
des) exercer a prática de leitura e após teste de alfabetização
escrita.
Finalmente, podemos concluir O juiz eleitoral de Itapetinin-
que alfabetizar letrando, implica em ga, Jairo Sampaio Incane Filho, 38,
conduzir o indivíduo no processo de impugnou 20 dos 80 candidatos a
aquisição de leitura e escrita, contri- prefeito e vereador das cidades de
buindo para que este possa partici- Itapetininga, Sarapuí e Alambari, na
par ativamente da vida social, convi- região de Sorocaba (87 km a oeste de
vendo com as diversas formas e gê- São Paulo).
neros linguísticos. Para isso, é inte- A impugnação foi motivada
ressante que o educador enriqueça pelo fato de os candidatos terem si-
sua pratica educativa através da uti- do reprovados em um teste de alfa-
lização e adequação de revistas, jor- betização realizado pelo juiz, no
nais, livros e outros recursos que po- Fórum de Itapetininga.
deriam substituir a tradicional e ar- Incane Filho disse que fez o
tificial cartilha, tão usada no passa- texto com base na exigência contida
do. Então, alfabetizar letrando é en- na Lei Complementar nº 64/90, de
siná-la a ler e a escrever e ao mesmo 1992, do TRE (Tribunal Regional
tempo propiciar a ela a experiência Eleitoral), que proíbe analfabetos de
do convívio com o verdadeiro exer- serem candidatos a cargos eletivos.
cício social da leitura e da escrita, O juiz afirmou que convocou
através da manipulação de materiais os 80 candidatos que disseram ter o
linguísticos (jornais, livros, revis- 1º grau completo e demonstraram
tas...) presentes na sociedade e da dificuldades no preenchimento dos
construção de textos, através da vi- documentos para o registro de suas
vencia de situações significativas. candidaturas.
A seguir, analisaremos dois Os testes com os candidatos
textos publicados no jornal impres- foram feitos individualmente. Seus
so “Folha de São Paulo”, referente à nomes são mantidos em sigilo. “Pedi
impugnação da candidatura de al- a todos que lessem e interpretassem
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Paulo, nos deparamos com visões di- o que a criança escreve merece ser
vergentes acerca da alfabetização e interpretado e aceito como válido.
do letramento e ainda, da importân- Estes registros têm agora, um novo
cia de cada um. Enquanto o juiz de- significado e importância, mesmo
monstrava preocupação com as fun- estando fora dos padrões do sistema
ções e práticas sociais da leitura e da alfabético.
escrita (letramento), o TER mostrou
maior preocupação com a alfabeti-
zação, pois se satisfez apenas com os
“rudimentos” da leitura e da escrita.
Diante destes fatos, podemos cons-
tatar:
O conceito equivocado de alfa-
betização → a importância e o con-
ceito de alfabetização para um deter- Fonte: https://novaescola.org.br/
minado grupo pode variar de acordo
com a condição e/ou situação em Por volta dos três anos de
que se está inserido. idade, a criança começa a manusear
Grande parte da sociedade o lápis, ainda com dificuldade mo-
ainda desconhece o fenômeno do tora e começa a apresentar suas pri-
letramento → a prática social do le- meiras produções escritas é a fase da
tramento é real, no entanto o termo garatuja. Nesta fase, conhecida co-
e a importância desta prática perma- mo base alfabética, a criança cria le-
necem ocultas. tras quando deseja escrever alguma
O processo de aquisição das coisa. Para ela uma figura pode ser
habilidades de leitura e escrita, é co- interpretada, mas não pode ser lida,
nhecido como o processo que permi- uma vez que para ler é necessária a
te ao indivíduo codificar e decodifi- presença de outros registros (que
car códigos de transcrição (sons e seriam as letras). Não acreditam que
grafemas). Recentemente, a visão palavras com menos de três letras ou
acerca do processo de alfabetização que possuam letras repetidas pos-
mudou, passando-se a considerar o sam ser lidas.
conhecimento linguístico que o indi- No entanto, para emitir uma
víduo já possui. emissão sonora, basta apenas uma
Apesar de não atenderem as única letra. Se a palavra (som) é
regras gramaticais da escrita formal, grande ou refere-se a um objeto
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5. Pressupostos Teóricos
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Nível Pré-Silábico I
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ventadas) e acredita que o nome das constatar que não domina a habili-
coisas ou das pessoas tem a ver com dade da escrita. Algumas crianças
seu tamanho ou idade, é o chamado podem se negar a continuar com os
“realismo nominal”. Ainda não dis- desenhos, afirmando que estes não
tingue letras e números, realiza a são úteis.
leitura global. Ainda não internali- No entanto, este período con-
zou as categorias linguísticas (letra, fuso, de conflito e frustração não du-
palavra, frase). ra muito. Segundo Ferreiro (1999,
p.198), “torna-se claro que a dificul-
dade de diferenciar as atividades de
escrever e desenhar é apenas mo-
mentânea (...)”. Podemos considerar
a superação deste período, quando a
criança além de compreender que
desenho não é escrita, começa a gra-
Panela → far sinais (que seriam as letras usa-
das na escrita) e desenhos. Desta
forma, a criança já apresenta uma
Colher Prato Garfo Xícara compreensão das diferenças entre
↓ ↓ ↓ ↓ desenhar e escrever. Contudo, o
educador deve estar atento para que
a criança não pense que a escrita
depende do desenho e vice versa.
Figura 1: Gustavo – 6 anos – Escrita Ainda analisando o Nível Pré-
Pré-Silábica I Silábico II, perceberemos a partir da
fala de Emília Ferreiro (1999, p.200)
Nível Pré-Silábico II que “... a imagem podia funcionar
como um complemento do texto (...)
Aqui, a criança começa a en- como que promovendo um apoio à
tender que através dos desenhos não escrita, como que garantindo seu
é possível registrar o que se pretende significado.” A preocupação com a
e começa a fazer uso dos sinais grá- escrita cresce e a criança pressupõe
ficos. Este período costuma ser con- que para formar uma palavra são
fuso para a criança. Ela percebe que necessários vários caracteres grá-
os adultos não utilizam desenhos ficos e buscam a qualidade destes.
para escrever. Fica claro que dese- Além disto, algumas crianças podem
nhar não é escrever e se frustra ao concluir (nesta fase) que não são
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aceitas palavras com menos que três ciência de que a escrita representa
letras para a prática da leitura e da partes sonoras da palavra pronun-
escrita. ciada; relação entre o número de
Os conflitos e insatisfações sílabas pronunciadas e o número de
que ocorrem aqui são positivos, pois letras nas palavras (para cada som
impulsionam o educando na invés- emitido/sílaba, uma letra); compre-
tigação de nos maneiras de se inter- ensão da existência de constância na
pretar e contribuem para o rompi- prática da escrita; consciência de
mento de ideias. Surge a possibili- que na escrita não se utilizamos ape-
dade de se elaborar novos conceitos nas substantivos e iniciam a integra-
e inovação dentro do processo de al- ção das práticas de leitura e escrita.
fabetização. É possível agora, ver al-
gum significado nas categorias lin-
guísticas, apesar da inconstância
qualitativa e quantitativa, como po-
demos ver no exemplo a seguir:
Fonte: http://sorrisonovo.org/
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Fonte:
https://www.vilavelha.es.gov.br/
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6. Referências Bibliográficas
AZEVEDO, L. A. de. Cecília Meireles, Crô- FARIA, A.R. O desenvolvimento da crian-
nicas da Educação. Rio de Janeiro: Nova ça e do adolescente segundo Piaget. São
Fronteira, 2001. Paulo, Ática, 1989.
CURTO, L.M. et. al. Escrever e Ler - Como PALACIO, M. G. Os processos de leitura e
as crianças aprendem e como o professor escrita: novas perspectivas. Traduzido
pode ensiná-las a escrever e a ler. Vol. I. por: Luiza Maria Silveira. 3 ed. Porto
Porto Alegre: ARTMED, 2000. Alegre: Artes Médicas, 1987.
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