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E COMUNITÁRIA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
Nesta oportunidade, veremos quais são as características das sociedades modernas, no que diz respeito,
especificamente, à Segurança Pública. Desta forma, observaremos que a vida nas grandes cidades favorece o
afastamento social, a falta de coesão, de confiança e de solidariedade e, muitas vezes, essas ausências propiciam
o aumento da criminalidade e da violência. Para enfrentar este quadro, a integração das ações dos órgãos do
Sistema da Segurança Pública com as forças sociais em prol de ações e projetos comuns se mostra, atualmente,
como uma forma importante de responder às demandas sociais. Esta aula, então, tratará de temas modernos e
relevantes como integração, prevenção, fatores de agenciamento do crime e da violência etc. Vamos a eles?
Agora analisaremos a Polícia Comunitária, mas, o que vem a ser esta prática? De acordo com Robert Trojanowicz
“Polícia Comunitária é uma filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria
entre a população e a polícia. Baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade
devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos tais como
crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em geral a decadência do bairro, com o
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Segundo Skolnick e Bayley, já na década de 1910, o americano Arthur Woods, talvez tenha sido o primeiro a
Sua ideia era inculcar nas camadas rasas do policiamento a percepção da relevância social, da dignidade e do
Ele (Arthur Woods) estava convencido de que um público esclarecido beneficiaria a polícia de duas
maneiras: o público ganharia um respeito maior pelo trabalho policial se os cidadãos entendessem
consciente e eficaz.
Fique ligado
No Brasil, como sabemos, os profissionais que trabalham com segurança pública têm buscado
alternativas para os problemas da área. A integração das polícias brasileiras e a participação
da sociedade organizada é uma delas.
3 Formação profissional
O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, SENASP, desde 1998, iniciou
estudos para propor a criação de uma base comum de formação para todos os profissionais de segurança, cujo
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, o modelo de policiamento comunitário
teve início no Brasil a partir da década de 1980 quando as polícias reestruturaram os seus processos com base
Comunidade, promovido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, realizado em 1991.
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Quanto às primeiras iniciativas, foi neste mesmo ano que a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro iniciou um
programa piloto de Polícia Comunitária em Copacabana. A primeira experiência no Estado de São Paulo ocorreu
em Ribeirão Preto.
Fique ligado
O Governo Federal, por sua vez, buscando uma política de modernização democrática e política
criou programas nas áreas sociais e um deles foi o Programa Nacional de Direitos Humanos,
cujo objetivo era estabelecer diretrizes para a melhoria da qualidade de vida no Brasil. Neste
programa, encontravam-se metas que visavam melhorar o desempenho e o relacionamento
das polícias com a sociedade, priorizando programas de polícia comunitária nos estados. Este
programa tinha uma linha intitulada “Proteção do Direito à Vida/Segurança das Pessoas”, o
objetivo era, em médio prazo, “Apoiar as experiências de polícias comunitárias ou interativas,
entrosadas com conselhos comunitários, que encarem o policial como agente de proteção dos
direitos humanos”.
policiamento comunitário é a ação de policiar junto à comunidade, pertinente às ações efetivas com a
comunidade.
comunidade, conferindo uma característica humana ao policial. O trabalho, então, deve ser sistemático,
planejado e detalhado.
O policiamento comunitário é uma forma inovadora de relacionamento da polícia com a comunidade. Agora
vamos observar, com fundamento no conteúdo do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária
sistema de policiamento comunitário é necessário que todos na instituição conheçam os seus princípios,
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Filosofia e estratégia organizacional
A base desta filosofia é a comunidade. Para direcionar seus esforços, a polícia, ao invés de buscar ideias pré-
concebidas, deve procurar, junto às comunidades, os anseios e as preocupações das mesmas, a fim de traduzi-los
em procedimentos de segurança.
Comprometimento da organização com a concessão de poder à comunidade
Dentro da comunidade os cidadão devem participar, como plenos parceiros da polícia, dos direitos e das
realidade.
Resolução preventiva de problemas em curto e em longo prazo
A ideia é que o policial não seja acionado pelo rádio, mas que se antecipe à ocorrência. A consequência disso deve
base no rigor do respeito à ética policial, da legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiança
dentro de parâmetros rígidos de responsabilidade. O propósito, para que o policial comunitário possua o poder, é
perguntar-se... • Isto está correto para a comunidade? • Isto está correto para a segurança da minha região? • Isto
é ético e legal? • Isto é algo pelo que estou disposto a me responsabilizar? • Isto é condizente com os valores da
Corporação? Se a resposta for sim a todas essas perguntas, não é necessário pedir permissão, é só fazê-lo
Ajuda às pessoas com necessidades específicas
Valorizar as vidas de pessoas mais vulneráveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, sem teto etc. Isso
sabedoria, experiência e, sobretudo, na formação que recebeu. Isso propiciará abordagens mais criativas para os
fundamental a reciclagem de seus cursos e respectivos currículos, bem como de todos os seus quadros de pessoal.
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Deve-se oferecer à comunidade um serviço policial descentralizado e personalizado, com endereço certo. A
ordem não deve ser imposta de fora para dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar na polícia como
um recurso a ser utilizado para ajudá-las a resolver problemas atuais de sua comunidade.
Isto não é verdade, pois a Polícia Comunitária é uma forma técnica e profissional de atuação perante a sociedade
em uma época onde a tecnologia, a qualidade no serviço e o adequado preparo são exigidos em qualquer
profissão.
Mas, no caso da Polícia Comunitária, talvez as coisas ainda estejam um tanto obscuras.
Robert Trojanowicz no livro “Policiamento Comunitário: Como Começar” procura mostrar as interpretações
1. Policiamento Comunitário não é uma tática, nem um programa e nem uma técnica – não é um esforço
limitado para ser tentado e depois abandonado, e sim um novo modo de oferecer o serviço policial à
comunidade;
2. Policiamento Comunitário não é apenas relações públicas – a melhoria das relações com a comunidade é
necessária, porém não é o objetivo principal, pois apenas isso não é suficiente para demonstrar seriedade,
técnica e profissionalismo. É preciso, portanto, ser honesto, transparente e sincero nos seus atos.
novas tecnologias auxiliando na melhora do serviço e na segurança dos policiais. Computadores, celulares,
sistemas de monitoramento, veículos com computadores, além de armamento moderno (inclusive armamento
de menor potencial ofensivo) e coletes protetores fazem parte da relação de equipamentos disponíveis e
utilizáveis pelo policial comunitário. Aquela ideia do policial comunitário “desarmado” não corresponde à
realidade, pois, como veremos na 7ª aula, até no Japão e Canadá os policiais andam armados com equipamentos
modernos. No caso brasileiro, a nossa tecnologia muitas vezes é adaptada, ou seja, trabalha-se muito mais com
criatividade do que com tecnologia. Isto pode favorecer o reconhecimento da comunidade local.
chamadas e fazem prisões como quaisquer outros policiais: são enérgicos e agem dentro da lei com as pessoas
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em conflito com a lei. Contudo, atuam próximos à sociedade, orientando o cidadão e buscam estabelecer ações
preventivas que buscam melhorar a qualidade de vida no local onde trabalham. Parece utópico, mas inúmeros
policiais já vêm adotando o comportamento preventivo com resultados positivos. Outro ponto importante é que
como está próximo da comunidade, o policial comunitário também é uma fonte de informações para a polícia de
investigação (Polícia Civil) e para as forças táticas, quando forem necessárias ações repressivas ou de
5. Policiamento Comunitário não é para aparecer – as ações dramáticas narradas na mídia não podem fazer
parte do dia a dia do policial comunitário. Ele deve ser humilde e sincero nos seus propósitos. Nada pode ser
feito para aparecer ou se sobressair sobre seus colegas de profissão. Ao contrário, ele deve contribuir com o
trabalho de seus companheiros, seja ele do motorizado, a pé, trânsito, bombeiro, civil, etc. O Policiamento
6. Policiamento Comunitário não é paternalista – não privilegia os mais ricos ou os “mais amigos da polícia”,
mas procura dar um senso de justiça e transparência à ação policial. Nas situações impróprias deverá estar
sempre ao lado da justiça, da lei e dos interesses da comunidade. Deve sempre priorizar o coletivo em
7. Policiamento Comunitário não é uma modalidade ou uma ação especializada isolada dentro da
Instituição – os policiais comunitários não devem ser exceção dentro da organização policial, mas integrados e
participantes de todos os processos desenvolvidos na unidade. Fazem parte de uma grande estratégia
organizacional, sendo uma importante referência para todas as ações desenvolvidas pela Polícia Militar. O perfil
desse profissional é também o de aproximação e paciência, com capacidade de ouvir, orientar e participar das
decisões comunitárias, sem perder a qualidade de policial militar forjado para servir e proteger a sociedade.
8. Policiamento Comunitário não é uma Perfumaria – o policial comunitário lida com os principais problemas
locais: drogas, roubos e crimes graves que afetam diretamente a sensação de segurança. Portanto seu principal
papel, além de melhorar a imagem da polícia, é o de ser um interlocutor da solução de problemas, inclusive
policial (uma rua mal iluminada, horário diferenciado de saída de estudantes, etc.).
9. Policiamento comunitário não pode ser um enfoque construído de cima para baixo – as iniciativas do
policiamento comunitário começam com o policial de serviço. Assim admite-se compartilhar poder e autoridade
com o subordinado, pois no seu ambiente de trabalho ele deve ser respeitado pela sua competência e
conhecimento. Contudo, o policial comunitário também adquire mais responsabilidade já que seus atos serão
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10. Policiamento Comunitário não é uma fórmula mágica ou panaceia – o policiamento comunitário não
pode ser visto como a solução para os problemas de insegurança pública, mas uma forma de facilitar a
solução dos problemas de insegurança dependem da própria sociedade. Sabemos que a filosofia de Polícia
ser imediatista, pois depende da reeducação da polícia e dos próprios cidadãos que devem ver a polícia como
uma instituição que participa do dia a dia coletivo e não simples guardas patrimoniais ou “cães de guarda”.
11. O Policiamento Comunitário não deve favorecer os ricos e poderosos – a participação social da polícia
deve ser em qualquer nível social: os mais carentes, os mais humildes, que residem em periferia ou em áreas
menos nobres. Talvez seja nestas localidades que estão os grandes desafios da Polícia Comunitária. Os mais ricos
12. Policiamento Comunitário não é uma simples edificação – construir ou reformar prédios da Polícia não
significa implantação de Polícia Comunitária. A Polícia Comunitária depende diretamente do profissional que
acredita e pratica esta filosofia muitas vezes com recursos mínimos e em comunidades carentes.
13. Policiamento Comunitário não pode ser interpretado como um instrumento político-partidário, mas
sim como uma estratégia da Corporação - muitos acham que acabou o Governo, terminam as iniciativas de
polícia comunitária, pois vem outro governante e cria outra coisa. Talvez isto seja próprio de organizações não
tradicionais ou temporárias. A Polícia Comunitária além de filosofia é também um tipo de ideologia policial
aplicada em todo o mundo. Portanto, talvez seja uma nova roupagem para práticas positivas antigas. A natureza
do policial sempre foi comunitária. Nascida ao início do século XX com o objetivo de proteger a comunidade,
anos depois, ao final deste mesmo século, se busca este retorno às origens.
desempenhar o papel de polícia ostensiva, à Polícia Civil compete fazer as vezes de polícia judiciária, ou seja, tem
caráter investigativo.
A partir de uma perspectiva técnica, as duas possuem funções complementares, devendo atuar de forma
integrada.
Polícia Militar:
De acordo com o Curso Nacional de Promotor de Polícia Comunitária (2008:51), “O policiamento ostensivo (PM)
é ação policial em cujo emprego do homem ou a fração de tropa engajados sejam identificados de relance, quer
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pela farda, quer pelo equipamento, acionamento da viatura. É exercido visando preservar o interesse da
segurança pública nas comunidades resguardando o bem comum em sua maior amplitude”.
Polícia Civil:
Ainda segundo o Curso Nacional de Promotor de Polícia Comunitária (2008:51), “A Polícia Civil compete o
exercício de atividade de polícia judiciária, ou seja, as que se desenvolvem após a prática do ilícito penal, após a
repressão imediata por parte da Polícia Ostensiva, que transmitirá à Polícia Civil, cabendo-lhe a tarefa de sua
formalização legal e investigatória de polícia judiciária, na apuração, ainda administrativa, da infração penal”.
Neste curso, estudamos os fundamentos da gestão comunitária e integrada. Parece-nos importante ressaltar que,
quando os trabalhos das forças de segurança são realizados de forma conjunta, não existe retrabalho,
Fique ligado
As forças policiais, o poder executivo e judiciário e a sociedade civil garantem, com a
integração, a busca de solução para problemas coletivos e, no limite, o bem comum.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu os conceitos e as interpretações relativos ao tema da Polícia Comunitária;
• Identificou as origens da filosofia da Polícia Comunitária no Brasil e no mundo;
• Reconheceu os dez princípios da Polícia Comunitária;
• Analisou as características que diferenciam a Polícia Comunitária da polícia tradicional;
• Identificou as relações entre a Polícia Comunitária e a comunidade.
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