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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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mesmo que somente alguns indivíduos, grupos ou
classes sociais apresentam mentes e maneiras
cultivadas e que somente algumas nações apresentam
elevado padrão de cultura ou civilização. No século
XVIII, consolida-se o caráter classista da ideia de
cultura, evidente na ideia de que somente as classes
Fundamentos teóricos privilegiadas da sociedade europeia atingiriam o
metodológicos da Proposta nível de refinamento que as caracterizaria como
cultas. O sentido de cultura, que ainda hoje a
Curricular de Santa Catarina.
associa às artes, tem suas origens nessa segunda
concepção: cultura, tal como as elites a concebem,
1 DIVERSIDADE COMO PRINCÍPIO corresponde ao bem apreciar música, literatura,
FORMATIVO
cinema, teatro, pintura, escultura, filosofia. Será que
não encontramos vestígios dessa concepção tanto em
Que entendemos pela palavra cultura? Talvez seja alguns de nossos atuais currículos como em textos
útil esclarecermos, inicialmente, como a estamos que se escrevem sobre currículo? Para alguns
concebendo, já que seus sentidos têm variado ao docentes, o estudo da literatura, por exemplo, ainda
longo dos tempos, particularmente no período da tende a se restringir a escritores e livros vistos como
transição de formações sociais tradicionais para a clássicos. Para alguns estudiosos da cultura e da
modernidade. Acreditamos que tal esclarecimento educação, os grandes autores, as grandes obras e as
pode subsidiar a discussão das relações entre grandes ideias deveriam constituir o núcleo central
currículo e cultura. dos currículos de nossas escolas.
O primeiro e mais antigo significado de cultura Já no século XX, a noção de cultura passa a incluir a
encontra- se na literatura do século XV, em que a cultura popular, hoje penetrada pelos conteúdos dos
palavra se refere a cultivo da terra, de plantações e meios de comunicação de massa. Diferenças e
de animais. É nesse sentido que entendemos palavras tensões entre os significados de cultura elevada e de
como agricultura, floricultura, suinocultura. cultura popular acentuam- se, levando a um uso do
termo cultura que se marca por valorizações e
O segundo significado emerge no início do século
avaliações. Será que algumas de nossas escolas não
XVI, ampliando a ideia de cultivo da terra e de
continuam a fechar suas portas para as manifestações
animais para a mente humana. Ou seja, passa-se a
culturais associadas à cultura popular, contribuindo,
falar em mente humana cultivada, afirmando-se
assim, para que saberes e valores familiares a muitos
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(as) estudantes sejam desvalorizados e abandonados concepção, no currículo, poderá evidenciar-se no
na entrada da sala de aula? Poderia ser diferente? respeito e no acolhimento das manifestações
Como? culturais dos (as) estudantes, por mais
Um terceiro sentido da palavra cultura, originado no desprestigiadas que sejam.
Iluminismo, a associa a um processo secular geral de Finalmente, um quinto significado tem tido
desenvolvimento social. Esse significado é comum considerável impacto nas ciências sociais e nas
nas ciências sociais, sugerindo a crença em um humanidades em geral. Deriva da antropologia social
processo harmônico de desenvolvimento da e também se refere a significados compartilhados.
humanidade, constituído por etapas claramente Diferentemente da concepção anterior, porém,
definidas, pelo qual todas as sociedades ressalta a dimensão simbólica, o que a cultura faz,
inevitavelmente passam. Tal processo acaba em vez de acentuar o que a cultura é. Nessa
equivalendo, por “coincidência”, aos rumos seguidos mudança, efetua- se um movimento do que para o
pelas sociedades europeias, as únicas a atingirem o como. Concebe-se, assim, a cultura como prática
grau mais elevado de desenvolvimento. social, não como coisa (artes) ou estado de ser
Há ainda reflexos dessa visão no currículo? Parece- (civilização).
nos que sim. Em alguns cursos de História, por
Nesse enfoque, coisas e eventos do mundo natural
exemplo, as referências se fazem, dominantemente,
existem, mas não apresentam sentidos intrínsecos:
às histórias dos povos “desenvolvidos”, o que nos
os significados são atribuídos a partir da
aliena dos esforços e dos rumos seguidos na maioria
linguagem. Quando um grupo compartilha uma
dos países que formam o chamado Terceiro Mundo
cultura, compartilha um conjunto de significados,
Em um quarto sentido, a palavra “culturas” (no
construídos, ensinados e aprendidos nas práticas de
plural) corresponde aos diversos modos de vida,
utilização da linguagem. A palavra cultura implica,
valores e significados compartilhados por diferentes
portanto, o conjunto de práticas por meio das quais
grupos (nações, classes sociais, grupos étnicos,
significados são produzidos e compartilhados em
culturas regionais, geracionais, de gênero etc) e
um grupo. São os arranjos e as relações envolvidas
períodos históricos. Trata-se de uma visão
em um evento que passam, dominantemente, a
antropológica de cultura, em que se enfatizam os
despertar a atenção dos que analisam a cultura com
significados que os grupos compartilham, ou seja, os
base nessa quinta perspectiva, passível de ser
conteúdos culturais. Cultura identifica-se, assim,
resumida na ideia de que cultura representa um
com a forma geral de vida de um dado grupo social,
conjunto de práticas significantes. Não será
com as representações da realidade e as visões de
pertinente considerarmos também o currículo
mundo adotadas por esse grupo. A expressão dessa
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como um conjunto de práticas em que significados cindida, a cultura é um terreno no qual se processam
são construídos, disputados, rejeitados, disputas pela preservação ou pela superação das
compartilhados? Como entender, então, as relações divisões sociais, o currículo é um espaço em que
entre currículo e cultura? Quando um grupo esse mesmo conflito se manifesta. O currículo é um
compartilha uma cultura, compartilha um conjunto campo em que se tenta impor tanto a definição
de significados, construídos, ensinados e particular de cultura de um dado grupo quanto o
aprendidos nas práticas de utilização da linguagem. conteúdo dessa cultura. O currículo é um território
A palavra cultura implica, portanto, o conjunto de em que se travam ferozes competições em torno
práticas por meio das quais significados são dos significados. O currículo não é um veículo que
produzidos e compartilhados em um grupo. transporta algo a ser transmitido e absorvido, mas
Se entendermos o currículo, como propõe sim um lugar em que, ativamente, em meio a
Williams, como escolhas que se fazem em vasto tensões, se produz e se reproduz a cultura.
leque de possibilidades, ou seja, como uma seleção Currículo refere-se, portanto, a criação, recriação,
da cultura, podemos concebê-lo, também, como contestação e transgressão.
conjunto de práticas que produzem significados. Como todos esses processos se “concretizam” no
Nesse sentido, considerações de Silva podem ser currículo? Pode-se dizer que no currículo se
úteis. Segundo o autor, o currículo é o espaço em evidenciam esforços tanto por consolidar as
que se concentram e se desdobram as lutas em situações de opressão e discriminação a que certos
torno dos diferentes significados sobre o social e grupos sociais têm sido submetidos, quanto por
sobre o político. É por meio do currículo que certos questionar os arranjos sociais em que essas
grupos sociais, especialmente os dominantes, situações se sustentam. Isso se torna claro ao nos
expressam sua visão de mundo, seu projeto social, lembrarmos dos inúmeros e expressivos relatos de
sua “verdade”. O currículo representa, assim, um práticas, em salas de aulas, que contribuem para
conjunto de práticas que propiciam a produção, a cristalizar preconceitos e discriminações,
circulação e o consumo de significados no espaço representações estereotipadas e desrespeitosas de
social e que contribuem, intensamente, para a certos comportamentos, certos estudantes e certos
construção de identidades sociais e culturais. O grupos sociais. Em Conselhos de Classe, algumas
currículo é, por consequência, um dispositivo de dessas visões, lamentavelmente, se refletem em
grande efeito no processo de construção da frases como: “vindo de onde vem, ele não podia
identidade do(a) estudante. mesmo dar certo na escola!”.
Não se mostra, então, evidente a íntima relação Ao mesmo tempo, há inúmeros e expressivos
entre currículo e cultura? Se, em uma sociedade relatos de práticas alternativas em que professores
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(as) desafiam as relações de poder que têm tão presente?
justificado e preservado privilégios e Como temos nos esforçados para desestabilizar
marginalizações, procurando contribuir para elevar privilégios e discriminações? Como temos buscado
a autoestima de estudantes associados a grupos neutralizar influências “indesejáveis”?
subalternizados. O currículo é um campo em que Como temos, na escola, dialogado com os
se tenta impor tanto a definição particular de cultura “currículos” desses outros espaços?
de um dado grupo quanto o conteúdo dessa cultura. Em resumo, o complexo, variado e conflituoso
O currículo é um território em que se travam cenário cultural em que estamos imersos se reflete
ferozes competições em torno dos significados. Ou no que ocorre em nossas salas de aula, afetando
seja, no processo curricular, distintas e complexas sensivelmente o trabalho pedagógico que nelas se
têm sido as respostas dadas à diversidade e à processa. Voltamos a perguntar:
pluralidade que marcam de modo tão agudo o Como as diferenças derivadas de dinâmicas
panorama cultural contemporâneo. sociais como classe social, gênero, etnia,
sexualidade, cultura e religião têm “contaminado”
Cabe também ressaltar a significativa influência
nosso currículo, tanto o currículo formal quanto o
exercida, junto às crianças e aos adolescentes que
currículo oculto?
povoam nossas salas de aula, pelos “currículos” por
Como temos considerado, no currículo, essa
eles “vividos” em outros espaços socioeducativos
pluralidade, esse caráter multicultural de nossa
(shoppings, clubes, associações, igrejas, meios de
sociedade?
comunicação, grupos informais de convivência
Como articular currículo e multiculturalismo?
etc), nos quais se fazem sentir com intensidade
Que estratégias pedagógicas podem ser
muitos dos complexos fenômenos associáveis ao
selecionadas?
processo de globalização que hoje vivenciamos.
Temos, professores e gestores, reservado tempo e
Nesses outros espaços extraescolares, os currículos
espaço suficientes para que essas discussões
tendem a se organizar com objetivos distintos dos
aconteçam nas escolas?
currículos escolares, o que faz com que valores
Como nossos projetos político-pedagógicos têm
como padronização, consumismo, individualismo,
sexismo e etnocentrismo possam entrar em acirrada incorporado tais preocupações?

competição com outras metas, visadas por escolas Como temos atendido ao que determina a Lei nº

e famílias. Vale perguntar: 10.639/2003, que torna obrigatório, nos


estabelecimentos de ensino fundamental e médio, o
Como temos, nas salas de aula, reagido a esse
ensino sobre História e Cultura afro-brasileira?
“confuso” panorama em que a diversidade se faz
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De que modo os professores se têm inteirado das construção das diferenças e das desigualdades.
lutas e conquistas dos negros, das mulheres, dos Nosso propósito é que os currículos desenvolvidos
homossexuais e de outros grupos minoritários tornem evidente que elas não são naturais; são, ao
oprimidos? contrário, “invenções/construções” históricas de
Sem pretender oferecer respostas prontas a serem homens e mulheres, sendo, portanto, passíveis de
aplicadas em quaisquer situações, move-nos a serem desestabilizadas e mesmo transformadas. Ou
intenção de apresentar alguns princípios que possam seja, o existente nem pode ser aceito sem
nortear a construção coletiva, em cada escola, de questionamento nem é imutável; constitui-se, sim,
currículos que visem a enfrentar alguns dos desafios em estímulo para resistências, para críticas e para a
que a diversidade cultural nos tem trazido. formulação e a promoção de novas situações
Fundamentamo-nos, nesse propósito, em estudos, pedagógicas e novas relações sociais.
pesquisas, práticas e depoimentos de docentes
comprometidos com uma escola cada vez mais
2 O CURRÍCULO COMO ESPAÇO DE
democrática. Nossa intenção é convidar o
RECONHECIMENTO DE NOSSAS
profissional da educação a engajar- se no instigante
IDENTIDADES CULTURAIS.
processo de pensar e desenvolver currículos para
essa escola.
Desejamos, com os princípios que vamos sugerir, Um aspecto a ser trabalhado, que consideramos de
intensificar a sensibilidade do (a) docente e do gestor especial relevância, diz respeito a se procurar, na
para a pluralidade de valores e universos culturais, escola, promover ocasiões que favoreçam a tomada
para a necessidade de um maior intercâmbio cultural de consciência da construção da identidade cultural
no interior de cada sociedade e entre diferentes de cada um de nós, docentes e gestores,
sociedades, para a conveniência de resgatar relacionando-a aos processos socioculturais do
manifestações culturais de determinados grupos contexto em que vivemos e a história de nosso país.
cujas identidades se encontram ameaçadas, para a O que temos constatado é a pouca consciência que,
importância da participação de todos no esforço por em geral, temos desses processos e do cruzamento
tornar o mundo menos opressivo e injusto, para a de culturas neles presente. Tendemos a uma visão
urgência de se reduzirem discriminações e homogeneizadora e estereotipada de nós mesmos e
preconceitos. de nossos alunos e alunas, em que a identidade
O objetivo maior concentra-se, cabe destacar, na cultural é muitas vezes vista como um dado, como
contextualização e na compreensão do processo de algo que nos é impresso e que perdura ao longo de

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toda nossa vida. Desvelar essa realidade e favorecer configuradores de sua trajetória de vida.
uma visão dinâmica, contextualizada e plural das A socialização em pequenos grupos, entre os (as)
identidades culturais é fundamental, articulando- se educadores (as), dos relatos sobre a construção de
as dimensões pessoal e coletiva desses processos. suas identidades culturais pode se revelar uma
Constitui um exercício fundamental tornarmo-nos experiência profundamente vivida, muitas vezes
conscientes de nossos enraizamentos culturais, dos carregada de emoção, que dilata tanto a consciência
processos em que misturam ou se silenciam dos próprios processos de formação identitária do
determinados pertencimentos culturais, bem como ponto de vista cultural, quanto a sensibilidade para
sermos capazes de reconhecê-los, nomeá-los e favorecer esse mesmo dinamismo nas práticas
trabalhá-los. Constitui um exercício fundamental educativas que organizamos. Nesses processos,
tornarmo-nos conscientes de nossos enraizamentos podemos nos dar conta da complexidade envolvida
culturais, dos processos em que misturam ou se na configuração dos distintos traços identitários
silenciam determinados pertencimentos culturais, que coexistem, por vezes contraditoriamente, na
bem como sermos capazes de reconhecê-los, construção das diferenças de que somos feitos.
nomeá-los e trabalhá- los.
Como favorecer essa tomada de consciência?
2.1 O CURRÍCULO COMO ESPAÇO DE
Alguns exercícios podem ser propostos, buscando-
QUESTIONAMENTO DE NOSSAS
se criar oportunidades em que o profissional da
REPRESENTAÇÕES SOBRE OS “OUTROS”.
educação se estimule a falar sobre como percebe a
construção de sua identidade. Como vêm sendo
Junto ao reconhecimento da própria identidade
criadas nossas identidades de gênero, raça,
cultural, outro elemento a ser ressaltado relaciona-
sexualidade, classe social, idade, profissão? Como
se às representações que construímos dos outros,
temos aprendido a ser quem somos, como
daqueles que consideramos diferentes. As relações
profissionais da educação, brasileiros (as), homens,
entre nós e os outros estão carregadas de
mulheres, casados (as), solteiros (as), negros (as),
dramaticidade e ambiguidade. Em sociedades nas
brancos (as), jovens ou idosos (as)? Nesses
quais a consciência das diferenças se faz cada vez
momentos, tem sido bastante frequente a
mais forte, reveste-se de especial importância
afirmação “nunca pensei na formação da minha
aprofundarmos questões como: quem incluímos na
identidade cultural”, ou então “me considero uma
categoria nós? Quem são os outros? Quais as
órfã do ponto de vista cultural”, expressão usada
implicações dessas questões para o currículo?
por uma professora jovem, querendo se referir à
Como nossas representações dos outros se refletem
dificuldade de nomear os referentes culturais
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nos currículos? com os primeiros, o que temos a fazer é eliminar,
Esses são temas fundamentais que estamos neutralizar, dominar ou subjugar os outros. Caso nos
desafiados a trabalhar nas relações sociais e, sintamos representados como integrantes do polo
particularmente, na educação. Nossa maneira de nos oposto, ou internalizamos a nossa maldade e nos
situarmos em relação aos outros tende a construir- deixamos salvar, passando para o lado dos bons, ou
se em uma perspectiva etnocêntrica. Quem são os nos confrontamos violentamente com eles.
nós? Tendemos a incluir na categoria nós todas Como essa primeira perspectiva se traduz na
aquelas pessoas e aqueles grupos sociais que têm escola? Mostra-se presente quando:atribuímos o
referenciais semelhantes aos nossos, que têm fracasso escolar dos (as) alunos (as) às suas
hábitos de vida, valores, estilos e visões de mundo características sociais ou étnicas;
que se aproximam dos nossos e os reforçam. Quem (a) diferenciamos os tipos de escolas segundo a
são os outros? Tendem a ser os que entram em origem social dos (as) estudantes, considerando
choque com nossas maneiras de nos situarmos no que alguns têm maior potencial que outros e, para
mundo, por sua classe social, etnia, religião, desenvolvermos uma educação de qualidade, não
valores, tradições, sexualidade etc. podemos misturar estudantes de diferentes
Como temos entendido esse outro? Para Skliar e potenciais;
Duschatzky, principalmente de três formas (b) nos situamos, como professores (as), diante
distintas: o outro como fonte de todo mal, o outro dos (as) alunos (as), com base em estereótipos e
como sujeito pleno de um grupo cultural, o outro expectativas diferenciadas segundo a origem social
como alguém a tolerar. e as características culturais dos grupos de
A primeira perspectiva, segundo os autores, marcou referência;
predominantemente as relações sociais durante o (c) valorizamos exclusivamente o racional e
século XX e pode se revestir de diferentes formas, desvalorizamos os aspectos afetivos presentes nos
desde a eliminação física do outro, até a coação processos educacionais;
interna, mediante a regulação de costumes e (d) privilegiamos somente a comunicação
moralidades. Nesse modo de nos situarmos diante verbal, desconsiderando outras formas de
do outro, assumimos uma visão binária e comunicação humana, como a corporal, a artística
dicotômica. Em um lado separamos os bons, os etc.
verdadeiros, os autênticos, os civilizados, cultos, Ao considerarmos o outro como sujeito pleno de
defensores da liberdade e da paz. Em outro, uma marca cultural, estamos concebendo-o como
deixamos os outros: os maus, os falsos, os bárbaros, membro de uma dada cultura, vista como uma
os ignorantes e os terroristas. Se nos identificamos comunidade homogênea de crenças e estilos de
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vida. O outro, ainda que não seja a fonte de todo questões relacionadas à alteridade e à diferença.
mal, é diferente de nós, tem uma essência O que desejamos destacar é que o modo como
claramente definida, distinta da que nos concebemos a condição humana pode bloquear
caracteriza. Na área da educação, essa visão se nossa compreensão dos outros. Portanto, é
expressa, por exemplo, quando nos limitamos a importante promovermos processos educacionais
abordar o outro de forma genérica e “folclórica”, nos quais identifiquemos e desconstruamos nossas
apenas em dias especiais, usualmente incluídos na suposições, em geral implícitas, que não nos
lista dos festejos escolares, tais como o Dia do permitem uma aproximação aberta e empática à
Índio ou Dia da Consciência Negra. realidade dos outros.

Já a expressão o outro como alguém a tolerar


2.2 O CURRÍCULO COMO UM
convida tanto a admitir a existência de diferenças
ESPAÇO DE CRÍTICA CULTURAL.
quanto a aceitá-las. Nessa admissão, contudo,
reside um paradoxo. Se aceitamos, por princípio,
Apresentamos agora outro princípio, fortemente
todo e qualquer diferente, deveríamos aceitar os
relacionado aos anteriores: sugerimos que se
grupos cujas marcas são comportamentos
expandam os conteúdos curriculares usuais, de
antissociais ou opressivos, como os racistas. Que
modo a neles incluir alguns dos artefatos culturais
consequências a adoção dessa perspectiva pode ter
que circundam o (a) aluno (a). A ideia é tornar o
para a prática pedagógica? Julgamos que a simples
currículo um espaço de crítica cultural.
tolerância pode nos situar em uma posição débil,
Como fazê-lo?
evitando que tomemos posição em relação aos
Um dos caminhos é abrir as portas, na escola, a
valores que dominam a cultura contemporânea.
diferentes manifestações da cultura popular, além
Pode impedir que polemizemos, levando-nos a
das que compõem a chamada cultura erudita.
assumir a conciliação como valor último. Pode
Músicas populares, danças, filmes, programas de
incentivar-nos a não questionar a “ordem”, vendo-a
televisão, festas populares, anúncios, brincadeiras,
como comportamentos a serem inevitavelmente
jogos, peças de teatro, poemas, revistas e romances
cultivados.
precisam fazer-se presentes nas salas de aula. Da
Poderíamos acrescentar outras formas de nos situar
mesma forma, levando-se em conta a importância
diante dos outros. No entanto, acreditamos que a
de ampliar os horizontes culturais dos (as)
tipologia proposta por Skliar e Duschatzky8
estudantes, bem como de promover interações entre
expressa as posições mais presentes na nossa
diferentes culturas, outras manifestações, mais
sociedade hoje, evidenciando a complexidade das
associadas aos grupos dominantes, precisam ser
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incluídas no currículo. inevitáveis. A atividade intelectual centra-se,
assim, na crítica da cultura em que estamos
A intenção é que a cultura dos estudantes e da
imersos. Como se expressa essa atividade na
comunidade possa interagir com outras
prática curricular?
manifestações e outros espaços culturais como
Julgamos que cabe à escola, por meio de suas
museus, exposições, centros culturais, música
atividades pedagógicas, mostrar ao aluno que as
erudita, clássicos da literatura. Se aceitarmos a
coisas não são inevitáveis e que tudo que passa por
inexistência, no mundo contemporâneo, de
natural precisa ser questionado e pode,
qualquer “pureza cultural”9, se pretendermos abrir
consequentemente, ser modificado. Cabe à escola
espaço na escola para a complexa interpenetração
levá-lo a compreender que a ordem social em que
das culturas e para a pluralidade cultural, tanto as
está inserido define-se por ações sociais cujo poder
manifestações culturais hegemônicas como as
não é absoluto. O que existe precisa ser visto como
subalternizadas precisam integrar o currículo e ser
a condição de uma ação futura, não como seu
objeto de apreciação e crítica. Talvez fosse útil,
limite. Nossos questionamentos devem, então,
para o desenvolvimento do que sugerimos, que
provocar tensões e desafiar o existente. Podem não
discutíssemos, na escola, com que recursos
mudar o mundo, mas podem permitir que o aluno
podemos contar em nossa comunidade e como
o compreenda melhor. Como nos diz Bauman10,
fazer para que outros recursos venham, de alguma
“para operar no mundo (por contraste a ser
forma, a tornar- se familiares a nossos (as) alunos
‘operado’ por ele) é preciso entender como o
(as). Abrir as portas, na escola, a diferentes
mundo opera”.
manifestações da cultura popular, além das que
A crítica de diferentes artefatos culturais na escola
compõem a chamada cultura erudita.
pode, por exemplo, levar-nos a identificar e a
Nessa perspectiva, há um ponto que desejamos
desafiar visões estereotipadas da mulher
destacar. Ao intentarmos transformar a escola em
propagadas em anúncios; imagens desrespeitosas
um espaço cultural, estamos convidando cada
de homossexuais difundidas em programas
professor (a), como intelectual que é, a
cômicos de televisão; preconceitos contra povos
desempenhar o papel de crítico (a) cultural.
não ocidentais evidentes em desenhos animados;
Estamos considerando que a atividade intelectual
mensagens encontradas em revistas para
implica o questionamento do que parece inscrito na
adolescentes do sexo feminino (e da classe média)
natureza das coisas, do que nos é apresentado como
que incentivam o uso de drogas, o consumismo e
natural, questionamento esse que visa,
o individualismo; estímulos à erotização precoce
fundamentalmente, a mostrar que as coisas não são
das meninas, visíveis em brinquedos e programas
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infantis; presença e aceitação da violência em pedagógico.
filmes, jogos e brinquedos. Acrescenta-se a essa evidente complexidade o
Outros exemplos poderiam ser citados, fato de que muitos grupos humanos, de que trata
reforçando-nos o ponto de vista de que os produtos o tema Pluralidade Cultural, têm produzido um
culturais à nossa volta nada têm de ingênuos ou saber rico e profundo acerca de si mesmos,
puros; ao contrário, incorporam intenções de particularmente no âmbito de movimentos sociais
apoiar, preservar ou produzir situações que e de suas organizações comunitárias. Assim, abre-
favorecem certos grupos e outros não. Tais se à escola a possibilidade de empreender, em seu
artefatos, como se tem insistentemente acentuado, cotidiano, uma reflexão que integra, de maneira
desempenham, junto com o currículo escolar, ímpar, teoria e prática, reflexão e ação. A seguir
importante papel no processo de formação das são apresentadas algumas indicações das
identidades de nossas crianças e nossos diferentes contribuições, a título de subsídios
adolescentes, devendo constituir- se, portanto, em chave, a fim de balizar o trabalho pedagógico
elementos centrais de crítica em processos deste tema, embora não o esgotem. São pistas que
curriculares culturalmente orientados. o professor poderá seguir aprofundando e
ampliando conforme as necessidades de seu
3 CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA planejamento. Visam, sobretudo, explicitar que
PLURALIDADE CULTURAL NO ÂMBITO
DA ESCOLA. tratar do povo brasileiro, em seus desafios e
conquistas do cotidiano e no processo histórico,
Para informar adequadamente a perspectiva de exige estudo e preparo cuidadoso que não
ensino e aprendizagem é importante esclarecer o se confundem, em hipótese alguma, com o senso
caráter interdisciplinar que constitui o campo de comum.
estudos teóricos da Pluralidade Cultural. A
fundamentação ética, o entendimento de preceitos 4 FUNDAMENTOS ÉTICOS
jurídicos, incluindo o campo internacional,
Uma proposta curricular voltada para a cidadania
conhecimentos acumulados no campo da História
deve preocupar-se necessariamente com as
e da Geografia, noções e conceitos originários da
diversidades existentes na sociedade, uma das bases
Antropologia, da Linguística, da Sociologia, da
concretas em que se praticam os preceitos éticos. É
Psicologia, aspectos referentes a Estudos
a ética que norteia e exige de todos, e da escola e
Populacionais, constituem uma base sobre a qual
educadores em particular, propostas e iniciativas
se opera tal reflexão que, ao voltar-se para a
que visem à superação do preconceito e da
atuação na escola, deve ter cunho eminentemente
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discriminação. A contribuição da escola na tempo em que se constitui a solidariedade.
construção da democracia é a de promover os
princípios éticos de liberdade, dignidade, respeito 5 CONHECIMENTOS JURÍDICOS
mútuo, justiça e equidade, solidariedade, diálogo no
cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o Explicitada no contexto dramático do pós-guerra,
princípio constitucional de igualdade, o que exige quando se indagou como teria sido possível ao ser
sensibilidade para a questão da diversidade cultural humano produzir a barbárie do Holocausto e o
e ações decididas em relação aos problemas gerados horror de Nagasaki e Hiroshima, a Declaração
pela injustiça social. Universal dos Direitos Humanos surgiu como a
A diferença entre o que se tem historicamente ponte entre o medo e a esperança. Essa ponte,
pregado como sendo fins e valores da democracia apenas projetada ali, seria preciso ser construída.
republicana e práticas sociais marcadas pela Os direitos humanos assumiram, gradativamente, a
dominação, exploração e exclusão, torna imperativo importância de tema global. Assim como a
o posicionamento ético da escola e do educador, ao preservação do meio ambiente, os Direitos
mesmo tempo em que se coloca a superação dessa Humanos colocam-se como assunto de interesse de
situação, no campo educacional, como um dos toda a humanidade. Se o planeta está ameaçado por
maiores desafios da prática pedagógica. políticas de desenvolvimento predatórias, da
Num mundo que tende cada vez mais à globalização mesma maneira a miséria e a intolerância em seus
no plano econômico, da qual é ainda desconhecido diversos matizes promovem no final do século a
o conjunto de efeitos sociais, é importante perceber morte pela fome, a marginalidade extrema,
o incessante processo de reposição das diferenças e migrações em massa, desequilíbrios internos e, no
o ressurgimento de etnicidades. De um lado, esse limite, guerras entre grupos humanos que outrora
processo ensina que o fato de as culturas viverem conviveram em suposta harmonia. A violência em
dinâmicas que resultam em sua modificação que pode resultar a disputa étnica, religiosa e social,
constante não quer dizer que o sentido da mudança quando a intolerância e o desequilíbrio são levados
seja único, e conduza fatalmente ao modelo de ao extremo, expressa-se em números: sabe-se que
desenvolvimento dominante. De outro, apresenta 80% das guerras que ocorrem hoje derivam da
com clareza a necessidade da construção de valores intolerância étnica e religiosa em conflitos internos.
e novas práticas de relação social que permitam o A ONU, preocupada com a conquista da paz
reconhecimento e a valorização da existência das mundial, promoveu conferências que buscavam um
diferenças étnicas e culturais, e a superação da programa de consenso que orientasse os países e os
relação de dominação e exclusão — ao mesmo
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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indivíduos quanto à questão dos direitos humanos. dispositivo. O estabelecimento de escolas
A Conferência de Viena de 1993, de cuja indígenas, com proposta pedagógica, organização
declaração o Brasil é signatário, reafirmou a administrativa e didáticas próprias, atende a uma
universalidade dos direitos humanos e apresentou exigência constitucional, traz enriquecimento
as condições necessárias para os Estados pedagógico e introduz exigências adicionais na
promoverem, controlarem e garantirem tais estruturação do sistema nacional de educação.
direitos. Sabia-se naquele momento que o O ensino religioso nas escolas públicas é assunto
tratamento adequado do tema da pluralidade que exige atenção. Tema vinculado, em termos de
etnocultural era condição para a democracia e fator direito, à liberdade de consciência e de crença, a
primordial do equilíbrio social e internacional. presença plural das religiões no Brasil constitui-se
Firma-se nesse contexto a responsabilidade do fator de possibilidade de escolha. Ao indivíduo é
Estado na proteção e promoção das identidades dado o direito de ter religião, quando criança, por
étnicas, culturais, linguísticas e religiosas. decisão de seus pais, ou, quando adulto, por escolha
A Constituição da República Federativa do Brasil pessoal; de mudar de religião, por determinação
de 1988 é uma das mais avançadas quanto aos voluntária ao longo da vida, sem restrições de ordem
temas do respeito à diferença e do combate à civil; e de não ter religião, como opção consciente.
discriminação. O Brasil teve, por outro lado, O que caracteriza, portanto, a inserção social do
participação ativa nas reuniões mundiais sobre os cidadão, desse ponto de vista, é o respeito, a
direitos humanos e sobre minorias. Aqui não se abertura e a liberdade.
trata, é claro, de exigir conhecimentos próprios do De fato, a configuração laica do Estado é
especialista em Direito, mas de saber como se propiciadora dessa pluralidade, no plano social, e se
define basicamente a cidadania. caracteriza por ser impeditiva de rótulos, no plano
Vale lembrar que dispositivos presentes na Seção do cidadão. Ou seja, não há uma predeterminação
“Da Educação”, da Constituição Federal, referentes que vincule compulsoriamente etnias e religiões,
às comunidades indígenas, também asseguram “a origem de nascimento e percursos de vida.
utilização de suas línguas maternas e processos É nesse sentido que se define a postura laica da
próprios de aprendizagem” (art. 210, § 2º), escola pública como imperativo no cumprimento do
consolidando o reconhecimento de exigências dever do Estado referente ao estabelecimento pleno
historicamente apresentadas em trabalhos de uma educação democrática, voltada para o
desenvolvidos pelos povos indígenas, em aprimoramento e a consolidação de liberdades e
cooperação notadamente com a sociedade civil. direitos fundamentais da pessoa humana.
Alguns aspectos pedagógicos decorrem desse Não se trata, é claro, de mostrar um Brasil perfeito
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e irreal, mas as possibilidades que se abrem com integração das raças, tradicionalmente divulgada
trabalho, embates e entendimentos, mediante a na maioria das escolas de ensino fundamental,
colocação em prática de instrumentos jurídicos já deixou pouco ou nenhum espaço para que se
disponíveis. encarassem as reais dificuldades das diferentes
etnias no contexto social brasileiro.
6 CONHECIMENTOS HISTÓRICOS E Para a compreensão da trajetória das etnias é
GEOGRÁFICOS
necessário tratar de temas básicos: ocupação e
O estudo da ocupação do território nacional e da
conquista, escravização, imigração, migração.
constituição da população pode ser empreendido
Outro aspecto particularmente relevante refere-se à
por intermédio da trajetória das etnias no Brasil.
importância do estudo dos continentes de origem
Tarefa complexa, esse estudo traz tanto a
dos diversos grupos que compõem a população
compreensão da produção das riquezas, da miséria e
brasileira.
da injustiça quanto de aspectos que tornaram o Brasil
Tratar da presença indígena, desde tempos
internacionalmente reconhecido como hospitaleiro.
imemoriais em território nacional, é valorizar sua
Os aspectos históricos e geográficos expõem uma
presença e reafirmar seus direitos como povos
diversidade regional marcada pela desigualdade,
nativos, como tratado na Constituição de 1988. É
do ponto de vista do atendimento pleno dos
preciso explicitar sua ampla e variada diversidade,
direitos de cidadania, de valorização desigual de
de forma a corrigir uma visão deturpada que
práticas culturais. A formação histórica do Brasil
homogeneíza as sociedades indígenas como se
mostra os mecanismos de resistência ao processo
fossem de um único grupo, pela justaposição
de dominação desenvolvidos pelos grupos sociais
aleatória de traços retirados de diversas etnias.
em diferentes momentos. Uma das formas de
Nesse sentido, a valorização dos povos indígenas
resistência refere-se ao fato de que cada grupo
faz-se tanto pela via da inclusão nos currículos de
encontrou maneiras de preservar sua identidade
conteúdos que informem sobre a riqueza de suas
cultural, ainda que às vezes de forma clandestina e
culturas e a influência delas sobre a sociedade
precária.
como um todo, quanto pela consolidação das
A tendência de abafar e encobrir os problemas
escolas indígenas que destacam, nos termos da
vividos pela diversidade, enquanto se dá destaque
Constituição, a pedagogia que lhes é própria.
apenas à sua característica de ser um dos potenciais
Compreender a formação das sociedades europeias
mais férteis, tipicamente brasileiros, levou por
e das relações entre sua história, viagens de
muito tempo a acreditar que o racismo era uma
conquista, entrelaçamento de seus processos
mazela social que o Brasil soube evitar. A teoria da
políticos com os do continente americano, em
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particular América do Sul e Brasil, auxiliará ocidental.
professores e alunos a formarem referencial não só Esses conhecimentos são subsídios para que se
de conteúdos específicos, como também da possa compreender o processo de surgimento de
estruturação de processos de influenciação tendências, ideias, crenças, sistemas de
recíproca. Isso é particularmente importante para o pensamento, seu percurso por diversos territórios
momento atual, quando o quadro internacional nacionais e continentais, e a ampliação da
interfere no cotidiano do cidadão de muitas e influência cultural; perceber a criação e recriação
variadas formas. constante de tradições, a complexidade da
O estudo histórico do continente africano, com sua convivência da diversidade em um mesmo
complexidade milenar, é de extrema relevância território, nem sempre harmonizada, assim como
como fator de informação e de formação voltada processos internacionais de pressão, e
para a valorização dos descendentes daqueles desenvolvimento de processos regionais de
povos. Significa resgatar a história mais ampla, na construção da paz.
qual os processos de mercantilização da Cada um desses desenvolvimentos poderá estar
escravidão foram um momento, que não pode ser presente conforme a necessidade e a oportunidade
amplificado a ponto que se perca a rica construção do trabalho em sala de aula. É claro, contudo, que
histórica da África. O conhecimento desse alguns desenvolvimentos conceituais mais
processo pode significar o dimensionamento elaborados poderão ser deixados para as quintas a
correto do absurdo, do ponto de vista ético, da oitavas séries, enquanto nas séries iniciais se
escravidão, de sua mercantilização e das poderá veicular informações mais simples e
repercussões que os povos africanos enfrentam por promover aproximações conceituais que
isso. favorecerão uma futura ampliação em
abrangência e profundidade.
Da mesma forma, uma visão histórica da Ásia
contribui para a compreensão da formação cultural
7 CONHECIMENTOS SOCIOLÓGICOS
brasileira, tanto no que se refere às tradições
quanto em relação aos processos históricos que
Toda seleção curricular é marcada por
levaram seus habitantes a imigrarem para as
determinantes e fatores culturais, sociais e
Américas, e em particular para o Brasil, em
políticos, que podem ser analisados de forma
diferentes momentos históricos. É relevante,
isolada, para efeito de estudo, mas que se
também, o estudo do Oriente Médio, sua história
encontram amalgamados no social.
e suas influências na constituição da civilização
Conhecimentos sociológicos são indispensáveis na
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discussão da Pluralidade Cultural, pelas como das formas como ambas se retroalimentam.
possibilidades que abrem de compreensão de A desatenção à questão da diferença cultural tem
processos complexos, onde se dão interações entre sido instrumento que reforça e mantém a
fenômenos de diferentes naturezas. desigualdade social, levando a escola a atuar,
Atuando em campo social marcado frequentemente, como mera transmissora de
historicamente pela exclusão de grandes ideologias. Por outro lado, a injustiça
contingentes da população, a escola pode fortalecer socioeconômica se apoia em preconceitos e
sua atuação tanto mais quanto seja conhecedora dos discriminações de caráter etnocultural de tal forma
problemas presentes na estrutura socioeconômica, que, muitas vezes, não é possível saber se a
de como se dão as relações de dominação, qual o discriminação vem pelo fato étnico, pelo
papel desempenhado pelo universo cultural nesse socioeconômico, ou por ambos.
processo. A discussão sociológica colabora para a escola
Embora tenha sido muito salientado o papel de e o professor enfrentarem o desafio que lhes está
reprodutora de mecanismos de dominação e colocado, qual seja, o de ser parte de certa realidade
exclusão, atribuído historicamente à escola, cabe social injusta, dela sofrer influências, e, ainda
lembrar que potencializar suas possibilidades de assim, garantir a possibilidade de educar o aluno
resistência e transformação depende também, como cidadão em formação, de forma que atue
ainda que não exclusivamente, das opções e das como sujeito sociocultural, voltado para
práticas dos educadores. Nesse sentido, além das mudanças, para a busca de caminhos de
diversas contribuições da Sociologia, aspectos transformação social.
particulares voltados para a discussão curricular
têm sido desenvolvidos por autores que se ocupam 8 CONHECIMENTOS
da Sociologia da Educação, Sociologia do ANTROPOLÓGICOS
Currículo. Nesses estudos, os vínculos entre escola
Há relações presentes em diferentes grupos e
e democracia, escola e cidadania, e democracia e
sociedades humanas que não se explicam
currículo são analisados, permitindo uma reflexão
exclusivamente pelo socioeconômico, nem se
voltada especificamente para o interior da escola e
reduzem a estados afetivos e psicológicos. São
da sala de aula, no que se refere a esses assuntos.
exemplos, a relação do ser humano com a
Os conhecimentos sociológicos permitem uma
organização de seu grupo, com o sagrado, o
discussão acurada de como as diferenças étnicas,
mágico, o sobrenatural, a relação com o
culturais e regionais não podem ser reduzidas à
patrimônio cultural, tudo o que o precede e sucede.
dimensão socioeconômica de classes sociais, assim
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Trata-se de fatos que caracterizam a existência da sentido mais usual do termo cultura, empregado
cultura, especificidade exclusiva da vida humana. para definir certo saber, ilustração, refinamento de
A Antropologia caracteriza-se como o estudo das maneiras. No sentido antropológico do termo,
alteridades, no qual se afirma o reconhecimento do afirma-se que todo e qualquer indivíduo nasce no
valor inerente a cada cultura, por se tratar daquilo contexto de uma cultura, não existindo homem
que é exclusivamente humano, como criação, e sem cultura, mesmo que não saiba ler, escrever e
próprio de certo grupo, em certo momento, em fazer contas. É como se se pudesse dizer que o
certo lugar. Nesse sentido, cada cultura tem sua homem é biologicamente incompleto: não
história, condicionantes, características, não sobreviveria sozinho sem a participação das
cabendo qualquer classificação que sobreleve pessoas e do grupo que o gerou.
uma em A cultura é o conjunto de códigos simbólicos
detrimento de outra. reconhecíveis pelo grupo: neles o indivíduo é
A variabilidade interna presente em cada cultura formado desde o momento da sua concepção;
também é objeto de estudo da Antropologia, nesses mesmos códigos, durante a sua infância,
tornando possível compreender variáveis formas aprende os valores do grupo; por eles são mais
de organização humana, convivendo dentro de tarde introduzidos nas obrigações da vida adulta,
visões de mundo semelhantes. da maneira como cada grupo social as concebe.
É também nos conhecimentos antropológicos que A cultura, como código simbólico, apresenta-se
se encontram subsídios para entender algumas das como dinâmica viva. Todas as culturas estão em
questões mais difíceis de nosso tempo, que vai ao constante processo de reelaboração, introduzindo
encontro do terceiro milênio. Em particular, a novos símbolos, atualizando valores. O grupo
temática étnica, cada vez mais presente em um social transforma e reformula constantemente
mundo que se complexifica de maneira crescente, esses códigos, adaptando seu acervo tradicional às
sob aparência de homogeneização, assim como o novas condições historicamente construídas pela
estudo das mutações culturais, que se apresentam sociedade. A cultura não é algo fixo e cristalizado
com ritmos distintos, em diferentes grupos. que o sujeito carrega por toda a sua vida como um
Assim, falar de cultura é tratar de permanências peso que o estigmatiza, mas é elemento que o
e mudanças, de manifestações patentes, que auxilia a compor sua identidade.
expressam, com frequência, o latente — atuante, Entretanto, o processo de mudança intrínseco a
embora nem sempre perceptível em termos qualquer cultura já foi entendido como
objetivos. desfiguração da cultura tradicional, desvio e perda,
É preciso considerar que não se trata, aqui, do o que, do ponto de vista aqui colocado, é uma ideia
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incorreta. É preciso compreender esse caráter o formato do crânio e do rosto, tipo de cabelo, etc.,
intrínseco da mudança, do ponto de vista dos são semelhantes e se transmitem por
grupos culturais, diferente de intromissões de hereditariedade. O conceito de raça, portanto,
elementos externos que sugerem ou impõem assenta-se em um conteúdo biológico, e foi
fatores estranhos à cultura, ou até de transplantes utilizado na tentativa de demonstrar uma pretensa
culturais. relação de superioridade/inferioridade entre
grupos humanos.
A cultura pode assumir um sentido de
A diversidade das sociedades humanas não se
sobrevivência, estímulo e resistência. Quando
explica pela diferença genética — a variação dos
valorizada, reconhecida como parte indispensável
caracteres genéticos internos de qualquer grupo é
das identidades individuais e sociais, apresenta-se
muito grande —, mas sim pela cultura. A divisão
como componente do pluralismo próprio da vida
biológica da espécie humana não implica
democrática. Por isso, fortalecer a cultura própria
hierarquia, ainda que diferentes visões de mundo
de cada grupo social, cultural e étnico que compõe
expliquem de múltiplas formas a diversidade
a sociedade brasileira, promover seu
humana. Do ponto de vista de dignidade, de
reconhecimento, valorização e conhecimento
Direitos Universais, há uma só humanidade.
mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a
Convém lembrar que o uso do termo “raça” no
liberdade, o diálogo e, portanto, a democracia.
senso comum é ainda muito difundido, variando da
Alguns temas, conceitos e termos da temática
ideia de reafirmação étnica, de forma a distinguir
da Pluralidade Cultural dependem intrinsecamente
singularidades de potencial e demanda, como
de conhecimentos antropológicos, por referirem-se
aquele que é feito comumente por movimentos
diretamente à organização humana, na qual se
sociais, a usos ostensivamente pejorativos, que
coloca a diversidade.
alimentam racismo e discriminação.
Assim, o termo “raça”, de uso corriqueiro e
Cabe, aqui, introduzir o conceito de etnia, que
banal no cotidiano, vem sendo evitado cada vez
substitui com vantagens o termo “raça”, já que tem
mais pelas ciências sociais pelos maus usos a que
base social e cultural. “Etnia” ou “grupo étnico”
se prestou.
designa um grupo social que se diferencia de
Nas ciências biológicas, raça é a subdivisão de
outros por sua especificidade cultural. Atualmente
uma espécie, cujos membros mostram com
o conceito de etnia se estende a todas as minorias
frequência um certo número de atributos
que mantêm modos de ser distintos e formações
hereditários. Refere-se ao conjunto de indivíduos
que se distinguem da cultura dominante. Assim, os
cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele,
pertencentes a uma etnia partilham de uma mesma
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visão de mundo, de uma organização social que ampliam as possibilidades de expressão para
própria, apresentam manifestações culturais que além da verbal, forma predominante de
lhe são características. “Etnicidade” é a condição comunicação na maioria das sociedades. Integrada
de pertencer a um grupo étnico. É o caráter ou a aos conhecimentos antropológicos, permitirá o
qualidade de um grupo étnico, que frequentemente entendimento da importância de diferentes códigos
se autodenomina comunidade. Já o linguísticos, de diferentes manifestações culturais
“etnocentrismo” — tendência de alguém tomar a e sua compreensão no campo educacional, como
própria cultura como centro exclusivo de tudo, e fator de integração e expressão do aluno,
de pensar sobre o outro também apenas a partir de respeitando suas origens.
seus próprios valores e categorias — muitas vezes Tratando especificamente da temática das
dificulta um diálogo intercultural, impedindo o línguas, abrem- se muitas possibilidades de
acesso ao inesgotável aprendizado que as diversas transversalização com Língua Portuguesa, por
culturas oferecem. exemplo, pela valorização de diferentes formas de
Por isso, é errado, conceitual e eticamente, linguagem oral e escrita, pelo respeito às
sustentar argumentos de ordem racial/étnica para manifestações regionais, pela possibilidade de
justificar desigualdades socioeconômicas, contato e integração com a diversidade de línguas
dominação, abuso, exploração de certos grupos e de linguagens presentes na vida de crianças e
humanos. Historicamente, no Brasil, tentou-se adolescentes no Brasil.
justificar, por essa via, injustiças cometidas contra Conhecer a existência do uso de outras línguas
povos indígenas, contra africanos e seus diferentes da Língua Portuguesa, idioma oficial,
descendentes, da barbárie da escravidão a formas significa não só ampliação de horizontes, como
contemporâneas de discriminação e exclusão, também compreensão da complexidade do País. A
desses e outros grupos étnicos e culturais, em escola tem a possibilidade de trabalhar com esse
diferentes graus e formas. A escola deve panorama rico e complexo, referindo-se à
posicionar-se criticamente em relação a esses existência, estrutura e uso dessas centenas de
fatos, mediante informações corretas, cooperando línguas. Pode, com isso, promover não só a
no esforço histórico de superação do racismo e da reflexão metalinguística, como também a
discriminação. compreensão de como se constituem identidades e
singularidades de diferentes povos e etnias.
9 LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES Saber da existência de diferentes formas de
bilinguismos e multilinguíssimos, presentes em
Trata-se, aqui, de trabalhar diferentes linguagens
diferentes regiões — assim como ver-se
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reconhecida e presente neste tema transversal, conforme distribuição regional, densidade
aberto às suas próprias singularidades regionais, demográfica, em relação com dados como renda
étnicas e culturais — será extremamente relevante per capita, PIB per capita, fornecem um quadro
na construção desse conhecimento e na valorização informativo de como se vive no Brasil. Cotejado
do que é a pluralidade cultural brasileira. São com informações provenientes de levantamentos
exemplos de tais bilinguismos e multilinguíssimos feitos pelos próprios alunos (via correspondência,
as vivências de escolas indígenas, escolas de imprensa, etc.), significarão a possibilidade de um
regiões de fronteiras geopolíticas do Brasil, escolas conhecimento mais adequado sobre o Brasil e
vinculadas a grupos étnicos, existentes em oportunidade, nas séries finais, de discussão, de
particular em grandes centros urbanos, debates acerca de políticas públicas alternativas
regionalismos na fala cotidiana de tantas escolas que beneficiem a vida da população.
espalhadas pelo País. Da mesma forma, História e Geografia,
Por outro lado, o desenvolvimento de outras Ciências Naturais, Orientação Sexual e Saúde
linguagens será muito importante, permitindo possibilitam discutir dados referentes à
transversalizar, em particular, com Educação mortalidade infantil, abortos e esterilizações, com
Física e Arte. A música, a dança, as artes em geral, as consequências daí advindas. Um tratamento
vinculadas aos diferentes grupos étnicos e a enriquecedor da temática dos direitos reprodutivos
composições regionais típicas, são manifestações propicia também a análise da relação com questões
culturais que a criança e o adolescente poderão de raça/etnia.
conhecer e vivenciar. Dessa forma enriquecerão
A escolha dos conteúdos e abordagens pode
seu conhecimento sobre a diversidade presente no
nortear-se por questões como: quais características
Brasil, enquanto desenvolvem seu próprio
são relevantes quanto à relação entre composição
potencial expressivo.
populacional, aspectos culturais, distribuição de
renda, qualidade de vida e o papel da educação?
10 CONHECIMENTOS POPULACIONAIS
Que relações perversas estabeleceram-se,

Embora estejam presentes ao longo da discussão historicamente, entre exclusão socioeconômica e

referente à trajetória das etnias no Brasil, os determinados grupos, que estão exigindo ações

conhecimentos populacionais precisam ser aqui específicas? Que dados são relevantes para uma

lembrados, por constituírem fonte de informação compreensão integrada de áreas sociais, como

relevante, sobretudo a partir do segundo ciclo. educação e saúde, por exemplo?

Dados estatísticos sobre a população brasileira Esses conhecimentos poderão, assim, oferecer

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subsídios preliminares que permitam construir a de seus fundamentos psicológicos é o medo. Falar
compreensão do entrelaçamento de componentes sobre isso explicitamente, como um dos muitos e
sociais, culturais e populacionais na definição da complexos motivos que levam à discriminação,
qualidade de vida, além de possíveis formas de permite que se possa tratar o medo como o que é
ação voltadas para a melhoria dessa qualidade. de fato: manifestação da insegurança, muitas vezes
plantada em cada um de maneira arcaica, que pode
11 CONHECIMENTOS PSICOLÓGICOS E ser revertida apenas quando encarada e trabalhada.
PEDAGÓGICOS É preciso esclarecer, também, que a
discriminação ocorre como uma relação em que há

Alguns aspectos presentes na escola, ligados à dois polos. No polo que discrimina, o medo se

questão da expectativa, da estigmatização, da apresenta como reação ao desconhecido, visto

autoestima, da conduta na atividade educativa, como ameaçador. Quem tem a cor da pele

com a necessária reciprocidade entre educador e diferente, ou fala de tradições — étnicas,

educando, fazem do tema Pluralidade Cultural fim religiosas, culturais

e meio. — desconhecidas, confronta seu interlocutor com

Do ponto de vista psicopedagógico, sua própria ignorância de mundos diferentes do

conhecimentos que tragam ao professor a seu. É a figura do “estranho”, do “estrangeiro”,

compreensão do fracasso e do sucesso que se que, por escapar da apreensão comum, pode ser

apresentam como sendo mais da escola e de sua rotulado de “esquisito”.

atividade didática, e não só dos alunos, levam à Esse medo se alimenta de si mesmo, ou seja,

redefinição de procedimentos em sala de aula. quanto mais medo, mais se busca distância do

Evitar atitudes que “produzam” o fracasso objeto do medo. Há estudos que demonstram que

escolar é uma possibilidade aberta ao professor. nos conflitos inter-étnicos, quanto maior o medo,

Um dos aspectos mais complexos quanto ao maior a violência presente nas reações.

atendimento adequado à criança e ao adolescente Uma forma de trabalhar e superar esse tipo de

refere-se às expectativas de homogeneização. medo é com informação. Trata-se, portanto, de

Várias contribuições se apresentam para a conduta buscar conhecer aquele que atemoriza. Esse

pedagógica, sendo, porém, a mais decisiva aquela conhecimento se dá por intermédio de textos, fitas

que intervém nas situações de discriminação, seja de vídeo, jornais e boletins informativos de grupos

qual for o motivo. organizados pelas diferentes comunidades.

Com relação à discriminação, sabe-se que um Contudo, a fonte mais importante de conhecimento
desse “desconhecido que atemoriza” é ele mesmo.
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Assim, trata-se de, potencializando ao máximo a revistas e transformadas práticas arraigadas,
prática da transversalidade, oferecer informações, inaceitáveis e inconstitucionais, enquanto se
nas diversas áreas, que permitam esse ampliam conhecimentos acerca das gentes do
conhecimento mútuo, tanto dos alunos entre si, Brasil, suas histórias, trajetórias em território
quanto em relação a concidadãos, brasileiros de nacional, valores e vidas. O trabalho volta-se para
diferentes origens socioculturais. Trata-se também a eliminação de causas de sofrimento, de
de recuperar, de forma não-depreciativa, constrangimento e, no limite, de exclusão social da
conhecimentos que os grupos étnicos e sociais criança e do adolescente. Além disso, o tema traz
têm, permitindo, ainda, que se evidencie o saber oportunidades pedagogicamente muito
emergente, aquele que está em elaboração como interessantes, motivadoras, que entrelaçam escola,
parte do processo social de conscientização e comunidade local e sociedade: ampliando questões
afirmação de identidades e singularidades. do cotidiano para o âmbito cosmopolita e vice-
versa, colocando-se assim, simultaneamente,
No polo em que se encontra aquele que é
como objetivo e como meio do processo
discriminado, o medo se apresenta como ameaça
educacional.
permanente, na qual a discriminação se dirige à sua
Para os alunos, o tema da Pluralidade Cultural
forma extrema, aquela na qual se busca eliminar
oferece oportunidades de conhecimento de suas
fisicamente quem é discriminado. É importante
origens como brasileiro e como participante de
observar que a discriminação reveste-se sempre de
grupos culturais específicos. Ao valorizar as
conteúdos de violência, ainda que em sua forma
diversas culturas que estão presentes no Brasil,
simbólica. Tal violência provoca o medo da
propicia ao aluno a compreensão de seu próprio
eliminação, seja de forma extrema, seja
valor, promovendo sua autoestima como ser
manifestada como exclusão. Assim, é decisivo
humano pleno de dignidade, cooperando na
propiciar elementos ao aluno para que repudie toda
formação de autodefesas a expectativas indevidas
forma de exclusão social, por meio sobretudo da
que lhe poderiam ser prejudiciais. Por meio do
prática cotidiana de procedimentos voltados para o
convívio escolar possibilita conhecimentos e
princípio da equidade.
vivências que cooperam para que se apure sua
12 ENSINO E APRENDIZAGEM NA
percepção de injustiças e manifestações de
PERSPECTIVA DA PLURALIDADE
preconceito e discriminação que recaiam sobre si
CULTURAL
mesmo, ou que venha a testemunhar - e para que
desenvolva atitudes de repúdio a essas práticas.
O tema Pluralidade Cultural propõe que sejam
No âmbito instrumental, o tema permite a
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explicitação dos direitos da criança e do 12.1 ENSINAR PLURALIDADE
adolescente referentes ao respeito e à valorização CULTURAL OU VIVER PLURALIDADE
de suas origens culturais, sem qualquer CULTURAL?
discriminação. Exige do professor atitudes
Pela educação pode-se combater, no plano das
compatíveis com uma postura ética que valoriza a
atitudes, a discriminação manifestada em gestos,
dignidade, a justiça, a igualdade e a liberdade.
comportamentos e palavras, que afasta e
Exige, também, a compreensão de que o pleno
estigmatiza grupos sociais. Contudo, ao mesmo
exercício da cidadania envolve direitos e
tempo em que não se aceita que permaneça a atual
responsabilidades de cada um para consigo mesmo
situação, em que a escola é cúmplice, ainda que só
e para com os demais, assim como direitos e
por omissão, não se pode esquecer que esses
deveres coletivos. Traz, para os conteúdos
problemas não são essencialmente do âmbito
relevantes no conhecimento do Brasil, aquilo que
comportamental, individual, mas das relações
diz respeito à complexidade da sociedade
sociais, e como elas têm história e permanência. O
brasileira: sua riqueza cultural e suas contradições
que se coloca, portanto, é o desafio de a escola se
sociais.
constituir um espaço de resistência, isto é, de
Ao mostrar as diversas formas de organização criação de outras formas de relação social e
social desenvolvidas por diferentes comunidades
interpessoal mediante a interação entre o trabalho
étnicas e diferentes grupos sociais, explicita que a
educativo escolar e as questões sociais,
pluralidade é fator de fortalecimento da democracia
posicionando-se crítica e responsavelmente
pelo adensamento do tecido social que se dá, pelo
perante elas.
fortalecimento das culturas e pelo entrelaçamento
Assim, cabe à escola buscar construir relações
das diversas formas de organização social de
de confiança para que a criança possa perceber-se
diferentes grupos.
e viver, antes de mais nada, como ser em formação,
Esse tema necessita, portanto, que a escola,
e para que a manifestação de características
como instituição voltada para a constituição de
culturais que partilhe com seu grupo de origem
sujeitos sociais e ao afirmar um compromisso com
possa ser trabalhada como parte de suas
a cidadania, coloque em análise suas relações, suas
circunstâncias de vida, que não seja impeditiva do
práticas, as informações e os valores que veicula.
desenvolvimento de suas potencialidades pessoais.
Assim, a temática da Pluralidade Cultural
É possível identificar no cotidiano as muitas
contribuirá para a vinculação efetiva da escola a
manifestações que permitem o trabalho sobre
uma sociedade democrática.
pluralidade: os fatos da comunidade ou

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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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comunidades do entorno escolar, as notícias de constatação de que são todos diferentes traz a
jornal, rádio e TV, as festas das localidades, consciência de que cada pessoa é única e,
estratégias de intercâmbio entre escolas de exatamente por essa singularidade, insubstituível.
diferentes regiões do Brasil, e de diferentes O simples fato de os alunos serem provenientes
municípios de um mesmo Estado. de diferentes famílias, diferentes origens, assim
A escola deve trabalhar atenta às limitações como cada professor ter, ele próprio, uma origem
éticas. Assim, quando se fala de alguma pessoal, e os outros auxiliares do trabalho escolar
comunidade, é preciso ter certeza de que se referem terem também, cada qual, diferentes histórias,
a conhecimentos reconhecidos por essas permite desenvolver uma experiência de interação
comunidades como verdadeiros. Então, como “entre diferentes”, na qual cada um aprende e cada
conseguir informações? Nesse sentido, a prática de um ensina. O convívio, aqui, é explicitação de
intercâmbio escolar e da consulta a órgãos aprendizagem a cada momento: o que um gosta e o
comunitários e de imprensa, inclusive das próprias outro não, o que um aprecia e o outro, talvez,
comunidades, é instrumento pedagógico despreze.
privilegiado. Com isso, será possível transformar a Aprender a posicionar-se de forma a
possibilidade de obter informações das compreender a relatividade de opiniões,
comunidades em fator de corresponsabilização preferências, gostos, escolhas, é aprender o
social pelos rumos da discussão, da formação de respeito ao outro. Ensinar suas próprias práticas,
crianças e adolescentes. histórias, gestos, tradições, é fazer-se respeitar ao
É importante abrir espaço para que a criança e dar-se a conhecer.
o adolescente possam manifestar-se. Viver o
Para o aluno, importa ter segurança da aceitação de
direito à voz é experiência pessoal e intransferível,
suas características, ter disponível a abertura para
que permite um oportuno e rico trabalho de Língua
que possa dar- se a conhecer naquelas que sejam
Portuguesa. Assim também o exercício efetivo do
experiências particulares suas ou do grupo humano
diálogo, voltado para a troca de informações sobre
a que se vincule e receber incentivo para partilhar
vivências culturais e esclarecimentos acerca de
com seus colegas a vivência que tenha fora do
eventuais preconceitos e estereótipos é
mundo da escola, mas que possa ali ser referida,
componente fortalecedor do convívio democrático.
como contribuição sua ao processo de
O cotidiano da escola permite viver algo da
aprendizagem. Resumindo, trata-se de oferecer à
beleza da criação cultural humana em sua
criança, e construir junto com ela, um ambiente de
diversidade e multiplicidade. Partilhar um
respeito, pela aceitação; de interesse, pelo apoio à
cotidiano onde o simples “olhar-se” permite a
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sua expressão; de valorização, pela incorporação fato, de existir.
das contribuições que venha a trazer. Na escola, a prática do acobertamento se dá
É claro que aquilo que se apresenta para o aluno quando se procura diluir as evidências de
é idêntico ao que se apresenta para o professor e comportamento discriminatório, com desculpas
demais funcionários da escola: uma organização muitas vezes evasivas. Um professor pode ter
escolar que saiba estar atenta às singularidades dos tratado um aluno mal “porque estava nervoso”, ou
profissionais que ali atuam, respeitando suas a ofensa de uma criança contra outra é tratada
características próprias, entendendo que esse como se fosse um simples descuido, uma
respeito é a base para a atuação profissional, e tal distração.
respeito não é incompatível com o respeito às A prática do desvelamento, que é decisiva na
normas institucionais, embora possa, às vezes, superação da discriminação, exige do professor
exigir flexibilidade em sua aplicação (por informação, discernimento diante de situações
exemplo, os feriados religiosos). indesejáveis, sensibilidade ao sentimento do outro
Tal atuação não é simples e exige por parte do e intencionalidade definida na direção de colaborar
professor a consciência de que ele mesmo estará na superação do preconceito e da discriminação.
aprendendo, uma vez que nessa área a prática do A informação deverá permitir um repertório
acobertamento é muito mais frequente que a prática básico referente à pluralidade étnica suficiente
do desvelamento. tanto para identificar o que é relevante para a
A prática do acobertamento é a mais usual, situação escolar como para buscar outras
porque assim se estabeleceu no campo social. informações que se façam necessárias.
Vive-se numa realidade na qual a simples menção O discernimento é indispensável, de maneira
da palavra discriminação assusta, uma vez que se particular, quando ocorrem situações de
convencionou aceitar sem discussões a ideia de que discriminação no cotidiano da escola. Enfrentar
no Brasil todos se entendem e são cordiais e adequadamente o ocorrido, significa tanto não
pacíficos (o “mito da democracia racial”). Mais escapar para evasivas quanto não resvalar para o
ainda, muitas vezes a ideia de aceitar que o tom de acusação. Se o professor se cala, ou trata
preconceito existe gera tanto o medo de ser do ocorrido de maneira ambígua, estará reforçando
acusado de ser preconceituoso como o medo de ser o problema social; se acusa, pode criar sofrimento,
vítima de preconceito. Essa atitude é o que se rancor e ressentimento. Assim, discernir o
chama, popularmente, de “política de avestruz”, na ocorrido, no convívio, é tratar com firmeza a ação
qual, por se fazer de conta que um problema não discriminatória, esclarecendo o que é o respeito
existe, tem-se a expectativa de que ele deixe, de mútuo, como se pratica a solidariedade, buscando
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alguma atividade que possa exemplificar o que diz, pode fazer a diferença entre o reforço de atitudes
com algo que faça, junto com seus alunos. inadequadas e a chance de abrir novas
possibilidades de diálogo, respeito e solidariedade.
Aqui se coloca a sensibilidade em relação ao outro.
A prática do desvelamento exige perspicácia
Compreender que aquele que é alvo da
para responder adequadamente a diferentes
discriminação sofre de fato, e de maneira profunda,
situações que serão, na maioria das vezes,
é condição para que o professor, em sala de aula,
imprevisíveis. Devido a essa imprevisibilidade, a
possa escutar até mesmo o que não foi dito. Como
forma de desenvolver tal perspicácia é preparando-
a história do preconceito é muito antiga, muitos dos
se com leituras, buscando informações e vivências,
grupos vítimas de discriminação desenvolveram um
estando atento aos gestos do cotidiano, explicitando
medo profundo e uma cautela permanente como
valores, refletindo coletivamente na equipe de
reação. O professor precisa saber que a dor do grito
professores. Desenvolve-se, assim, como uma
silenciado é mais forte do que a dor pronunciada.
forma de procurar entender a complexidade da vida
Poder expressar o que sentiu diante da
e do comportamento humano.
discriminação significa a chance de ser resgatado da
Essa informação deve ser buscada de maneira
humilhação, e de partilhar com colegas seus
intencional e pode se fazer de maneira lúdica:
sentimentos. Ou seja, trata-se de ensinar a dialogar
conhecer os cantos, as lendas, as danças, as
sobre o respeito mútuo, num gesto que pode
peculiaridades nas quais uma criança pode ensinar
transformar o significado do sofrimento, ao fazer do
a outra aquilo que é característico do grupo humano
ocorrido ocasião de aprendizagem. A sensibilidade,
do qual participa.
aqui, exige a atenção para a reação que a criança
Esse conhecimento recíproco respeitoso é mais
esteja apresentando, para sua maior ou menor
que verbal. Deverá incluir linguagens
disposição para tratar do assunto exatamente no
diversificadas, bem como a possibilidade de o aluno
momento ocorrido, ou em situação posterior.
assumir o papel de educador naquilo que lhe seja
A intencionalidade se faz necessária como
próprio. Nesse sentido, o professor deverá cooperar,
produto de uma reflexão que permita ao professor
ao mesmo tempo em que aprende com o restante da
perceber o papel que desempenha nessa questão. É
classe. Observe-se que essa vivência, em si, será
também a capacidade de perceber que tem o que
extremamente importante, por trazer para o aluno a
trabalhar em si mesmo, e isso não o impede de
possibilidade de constatar que a sociedade se
trilhar, junto com seus alunos, o caminho da
apresenta, em sua complexidade, como um
superação do preconceito e da discriminação. Trata-
constante objeto de estudo e aprendizagem, onde
se de ter a certeza de que cada um de seus gestos
todos sempre têm a aprender.
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Assim, a problemática que envolve a uma estreita relação com a história e a sociedade,
discriminação étnica, cultural e religiosa, ao invés refletindo questões sociais de um determinado
de se manter em uma zona de sombra que leva à momento. Os currículos são produtores de sujeitos
proliferação da ambiguidade nas falas e nas atitudes, dotados de classe, etnia e gênero. Nessa
alimentando com isso o preconceito, pode ser perspectiva, o papel do pedagogo na instituição de
trazida à luz, como elemento de aprendizagem e ensino deve ser o de:
crescimento do grupo escolar como um todo. (A) Premiar os docentes que cumpram o
cronograma estabelecido.
12.2 ENSINAR A PLURALIDADE OU VIVER A
(B) Separar os alunos pelas diferenças no seu
PLURALIDADE?
ritmo de aprendizagem.
(C) Treinar os professores segundo aulas-padrão.
Sem dúvida, pluralidade vive-se, ensina-se e
aprende-se. É trabalho de construção, no qual o (D) Incrementar a competição entre as

envolvimento de todos se dá pelo respeito e pela diferentes disciplinas do currículo.

própria constatação de que, sem o outro, nada se (E) Promover a discussão docente sobre o

sabe sobre ele, a não ser o que a própria imaginação significado dos conteúdos do currículo.

fornece.
Questões 03. Segundo SILVA (1999), o currículo é o
espaço em que os diferentes significados sobre o
01.(Prefeitura de Itaquitinga - IDHTEC -
social e político fazem sentido. Isso só é possível
2016) A Lei nº 10.639/2003, torna obrigatório o
estudo da História e Cultura Afro Brasileira e mediante a um currículo...
Africana: (A) que tem como cerne os elementos do
(A) Nos estabelecimentos oficiais de ensino e processo de ensino e aprendizagem,
nas comunidades indígenas e quilombolas. principalmente a didática e a avaliação.
(B) Na Educação infantil e ensino fundamental
(B) no qual possamos identificar grupos
de escolas públicas.
(C) Nos estabelecimentos de ensino prioritários, evidenciando o potencial de um todo.
fundamental e médio, públicos e privados. (C) que determinados grupos sociais, expressam
(D) Nas escolas confessionais e de movimentos sua visão de mundo, seu projeto social, na qual sua
populares. representação se dá através de um conjunto de
práticas que favorecem a produção, evidenciando a
02. construção de identidades sociais e culturais.
U
NIR - CESGRANRIO/2016) Os currículos têm

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(D) onde é possível torná-lo em um espaço de (C)A presença da parte diversificada no
crítica cultural, abrindo as portas, na escola, às currículo das escolas acaba por ocupar lugar
menor na relação hierárquica com os demais
diferentes manifestações da cultura popular.
conhecimentos.
(E) cuja organização e gestão, as abordagens
(D) A diversidade, presente em boa parte dos
disciplinares, pluridisciplinar, interdisciplinar e currículos, aparece nos documentos como um
transdisciplinar possuem papel secundário. tema, deixando de ser um eixo central de
orientação curricular.
(E) A forma como a diversidade é colocada na
04. (ESAF - MF ) Do ponto de vista cultural, a LDB, apesar de importante, ainda é insuficiente
diversidade pode ser entendida como a construção em relação às necessidades do tema e sua
histórica, cultural e social das diferenças. As relevância social.

diferenças são também construídas pelos sujeitos


05. (IF/PE - Assistente de Alunos -2016)
sociais ao longo do processo histórico e cultural,
Temos, no Brasil, uma grande diversidade cultural
nos processos de adaptação do homem e da mulher
e racial. Descendentes de povos africanos e de
ao meio social e no contexto das relações de poder.
índios brasileiros, de imigrantes europeus,
Sendo assim, mesmo os aspectos tipicamente
asiáticos e latino-americanos compõem o cenário
observáveis, que aprendemos a ver como diferentes
brasileiro. Por conta disso, podemos que afirmar
desde o nosso nascimento, só passaram a ser
que:
percebidos dessa forma, porque nós, seres
(A) atualmente, o termo “pluralidade cultural”
humanos e sujeitos sociais, no contexto da cultura,
não se aplica ao Brasil por causa da Globalização.
assim os nomeamos e identificamos. Em relação
a mistura de todas estas raças e etnias não
ao conceito de diversidade e sua relação com o
caracteriza a identidade do povo brasileiro.
currículo, assinale a opção incorreta.
(B) o Brasil é um país dotado de uma ampla
(A) A diversidade é permitida na Lei de
“pluralidade cultural”, ou seja, diferentes culturas
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB n.
foram e são produzidas pelos grupos sociais que
9.394/96 em função da possibilidade de
fazem parte da nossa história.
intervenção das regiões e suas especificidades na
(C) a diversidade cultural e racial não interfere
criação do currículo escolar.
nas formas com que os habitantes do Brasil
(B) Conviver com as diferenças é construir
organizaram sua vida social e política.
relações de respeito e de interpelações que irão
(D) ações racistas e discriminatórias não
contribuir para um espaço hierarquicamente
existem na sociedade brasileira por causa da
diferenciado entre os participantes.
grande diversidade cultural e racial do país
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igualmente, o contexto sócio-político no qual o grupo
está inserido e as condições individuais do aluno,
Gabarito
sempre que possível.
01.C / 02.E / 03.C / 04.B / 05.C
A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de
decisão e a melhoria da qualidade de ensino,
informando as ações em desenvolvimento e a
necessidade de regulações constantes.
13. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
13.1 ORIGEM DA AVALIAÇÃO.
A avaliação, tal como concebida e vivenciada na
maioria das escolas brasileiras, tem se constituído no Avaliar vem do latim a + valeres, que significa
principal mecanismo de sustentação da lógica de atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto,
organização do trabalho escolar e, portanto, avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a
legitimador do fracasso, ocupando mesmo o papel propriedade de um processo para a aferição da
central nas relações que estabelecem entre si os qualidade do seu resultado, porém, a compreensão
profissionais da educação, alunos e pais. do processo de avaliação do processo
Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida espaço ensino/aprendizagem tem sido pautada pela lógica da
relevante no conjunto das práticas pedagógicas mensuração, isto é, associa-se o ato de avaliar ao de
aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. “medir” os conhecimentos adquiridos pelos alunos.
Avaliar, neste contexto, não se resume à mecânica do A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e
conceito formal e estatístico; não é simplesmente características no campo da Psicologia, sendo que as
atribuir notas, obrigatórias à decisão de avanço ou duas primeiras décadas do século XX foram
retenção em determinadas disciplinas. marcadas pelo desenvolvimento de testes
Para Oliveira, devem representar as avaliações padronizados para medir as habilidades e aptidões dos
aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação alunos.
do aprendizado efetivamente realizado pelo aluno, ao A avaliação é uma operação descritiva e informativa
mesmo tempo que forneçam subsídios ao trabalho nos meios que emprega, formativa na intenção que
docente, direcionando o esforço empreendido no lhe preside e independente face à classificação. De
processo de ensino e aprendizagem de forma a âmbito mais vasto e conteúdo mais rico, a avaliação
contemplar a melhor abordagem pedagógica e o mais constitui uma operação indispensável em qualquer
pertinente método didático adequado à disciplina - sistema escolar.
mas não somente à medida que consideram,
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Havendo sempre, no processo de
ensino/aprendizagem, um caminho a seguir entre um Evolução da avaliação
ponto de partida e um ponto de chegada, naturalmente A partir do início do século XX, a avaliação vem
que é necessário verificar se o trajeto está a decorrer atravessando pelo menos quatro gerações, conforme
em direção à meta, se alguns pararam por não saber o Guba e Lincoln são elas: mensuração, descritiva,
caminho ou por terem enveredado por um desvio julgamento e negociação.
errado. MENSURAÇÃO - não distinguia avaliação e
É essa informação, sobre o progresso de grupos e de medida. Nessa fase, era preocupação dos estudiosos
cada um dos seus membros, que a avaliação tenta a elaboração de instrumentos ou testes para
recolher e que é necessária a professores e alunos. verificação do rendimento escolar. O papel do
A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou avaliador era, então, eminentemente técnico e, neste
aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que sentido, testes e exames eram indispensáveis na
objetivos do ensino já atingiram num determinado classificação de alunos para se determinar seu
ponto de percurso e que dificuldades estão a revelar progresso.
relativamente a outros. DESCRITIVA - essa geração surgiu em busca de
Esta informação é necessária ao professor para melhor entendimento do objetivo da avaliação.
procurar meios e estratégias que possam ajudar os Conforme os estudiosos, a geração anterior só
alunos a resolver essas dificuldades e é necessária aos oferecia informações sobre o aluno.
alunos para se aperceberem delas (não podem os Precisavam ser obtidos dados em função dos
alunos identificar claramente as suas próprias objetivos por parte dos alunos envolvidos nos
dificuldades num campo que desconhecem) e programas escolares, sendo necessário descrever o
tentarem ultrapassá-las com a ajuda do professor e que seria sucesso ou dificuldade com relação aos
com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem uma objetivos estabelecidos.
intenção formativa. Neste sentido o avaliador estava muito mais
A avaliação proporciona também o apoio a um concentrado em descrever padrões e critérios. Foi
processo a decorrer, contribuindo para a obtenção de nessa fase que surgiu o termo “avaliação
produtos ou resultados de aprendizagem. educacional”.
JULGAMENTO - a terceira geração questionava
13.2 AS AVALIAÇÕES QUE O PROFESSOR os testes padronizados e o reducionismo da noção
PROCEDE ENQUADRAM-SE EM TRÊS simplista de avaliação como sinônimo de medida;
GRANDES TIPOS: AVALIAÇÃO
tinha como preocupação maior o julgamento.
DIAGNOSTICA, FORMATIVA E SOMATIVA.

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Neste sentido, o avaliador assumiria o papel de juiz, instrumento referencial e de apoio às definições de
incorporando, contudo, o que se havia preservado de natureza pedagógica, administrativa e estrutural,
fundamental das gerações anteriores, em termos de que se concretiza por meio de relações partilhadas e
mensuração e descrição. cooperativas.
Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial FUNÇÕES DO PROCESSO AVALIATIVO.
do processo avaliativo, pois não só importava medir As funções da avaliação são: de diagnóstico, de
e descrever, era preciso julgar sobre o conjunto de verificação e de apreciação.
todas as dimensões do objeto, inclusive sobre os FUNÇÃO DIAGNÓSTICA - A primeira
próprios objetivos. abordagem, de acordo com Miras e Solé15,
NEGOCIAÇÃO - nesta geração, a avaliação é um contemplada pela avaliação diagnóstica (ou inicial),
processo interativo, negociado, que se fundamenta é a que proporciona informações acerca das
num paradigma construtivista. Para Guba e Lincoln capacidades do aluno antes de iniciar um processo
é uma forma responsiva de enfocar e um modo de ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom,
construtivista de fazer. Hastings e Madaus, busca a determinação da
A avaliação é responsiva porque, diferentemente presença ou ausência de habilidades e pré-
das alternativas anteriores que partem inicialmente requisitos, bem como a identificação das causas de
de variáveis, objetivos, tipos de decisão e outros, ela repetidas dificuldades na aprendizagem.
se situa e desenvolve a partir de preocupações, A avaliação diagnóstica pretende averiguar a
proposições ou controvérsias em relação ao objetivo posição do aluno face a novas aprendizagens que lhe
da avaliação, seja ele um programa, projeto, curso vão ser propostas e a aprendizagens anteriores que
ou outro foco de atenção. Ela é construtivista em servem de base àquelas, no sentido de obviar as
substituição ao modelo científico, que tem dificuldades futuras e, em certos casos, de resolver
caracterizado, de um modo geral, as avaliações mais situações presentes.
prestigiadas neste século. FUNÇÃO FORMATIVA - A segunda função á a
Neste sentido, Souza diz que a finalidade da avaliação formativa que, conforme Haydt, permite
avaliação, de acordo com a quarta geração, é constatar se os alunos estão, de fato, atingindo os
fornecer, sobre o processo pedagógico, informações objetivos pretendidos, verificando a
que permitam aos agentes escolares decidir sobre as compatibilidade entre tais objetivos e os resultados
intervenções e redirecionamentos que se fizerem efetivamente alcançados durante o desenvolvimento
necessários em face do projeto educativo, definido das atividades propostas.
coletivamente, e comprometido com a garantia da Representa o principal meio através do qual o
aprendizagem do aluno. Converte-se, então, em um estudante passa a conhecer seus erros e acertos,
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assim, maior estímulo para um estudo sistemático A avaliação somativa pretende ajuizar do
dos conteúdos. progresso realizado pelo aluno no final de uma
Outro aspecto é o da orientação fornecida por este unidade de aprendizagem, no sentido de aferir
tipo de avaliação, tanto ao estudo do aluno como ao resultados já colhidos por avaliações do tipo
trabalho do professor, principalmente através de formativa e obter indicadores que permitem
mecanismos de feedback. aperfeiçoar o processo de ensino. Corresponde a
Estes mecanismos permitem que o professor detecte um balanço final, a uma visão de conjunto
e identifique deficiências na forma de ensinar, relativamente a um todo sobre o qual, até aí, só
possibilitando reformulações no seu trabalho haviam sido feitos juízos parcelares.
didático, visando aperfeiçoa-lo. Para Bloom,
Hastings e Madaus, a avaliação formativa visa 13.3 OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO
informar o professor e o aluno sobre o rendimento
da aprendizagem no decorrer das atividades Na visão de Miras e Solé, os objetivos da avaliação
escolares e a localização das deficiências na são traçados em torno de duas possibilidades:
organização do ensino para emissão de “um juízo sobre uma pessoa, um
possibilitar correção e recuperação. fenômeno, uma situação ou um objeto, em função
A avaliação formativa pretende determinar a de distintos critérios”, e “obtenção de informações
posição do aluno ao longo de uma unidade de úteis para tomar alguma decisão”.
ensino, no sentido de identificar dificuldades e de Para Nérici, a avaliação é uma etapa de um
lhes dar solução. procedimento maior que incluiria uma verificação
FUNÇÃO SOMATIVA - Tem como objetivo, prévia. A avaliação, para este autor, é o processo de
segundo Miras e Solé determinar o grau de domínio ajuizamento, apreciação, julgamento ou valorização
do aluno em uma área de aprendizagem, o que do que o educando revelou ter aprendido durante um
permite outorgar uma qualificação que, por sua vez, período de estudo ou de desenvolvimento do
pode ser utilizada como um sinal de credibilidade da processo ensino/aprendizagem.
aprendizagem realizada. Para outros autores, a avaliação pode ser
Pode ser chamada também de função creditativa. considerada como um método de adquirir e
Também tem o propósito de classificar os alunos ao processar evidências necessárias para melhorar o
final de um período de aprendizagem, de acordo com ensino e a aprendizagem, incluindo uma grande
os níveis de aproveitamento. variedade de evidências que vão além do exame
usual de ‘papel e lápis’.

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É ainda um auxílio para classificar os objetivos contemporâneos, relacionando-as com as
significativos e as metas educacionais, um processo implicações de sua adoção.
para determinar em que medida os alunos estão se Tabela 1 - Comparação entre a concepção
desenvolvendo dos modos desejados, um sistema de tradicional de avaliação com uma mais adequada
controle da qualidade, pelo qual pode ser
determinada etapa por etapa do processo
ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do
processo e, em caso negativo, que mudança devem
ser feitas para garantir sua efetividade.

Modelo tradicional de avaliação x modelo mais


adequado
Gadotti diz que a avaliação é essencial à educação,
inerente e indissociável enquanto concebida como
problematização, questionamento, reflexão, sobre a
ação.
Entende-se que a avaliação não pode morrer, ela se
faz necessária para que possamos refletir, questionar
e transformar nossas ações.
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada
histórica, sendo que seus fantasmas ainda se
apresentam como forma de controle e de
autoritarismo por diversas gerações. Acreditar em
um processo avaliativo mais eficaz é o mesmo que
cumprir sua função didático-pedagógica de auxiliar
e melhorar o ensino/aprendizagem.
A forma como se avalia, segundo Luckesi, é crucial
para a concretização do projeto educacional. É ela
que sinaliza aos alunos o que o professor e a escola
valorizam. O autor, na tabela 1, traça uma
comparação entre a concepção tradicional de
avaliação com uma mais adequada a objetivos
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e está deverá contribuir no processo de construção
Modelo tradicional de avaliação
Modelo adequado
Foco na promoção - o alvo dos alunos é a promoção. Nas
Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve ser a aprendizagem
primeiras aulas, se discutem as regras e os modos pelos quais as
e o que de proveitoso e prazeroso dela obtém.
notas serão obtidas para a promoção de uma sériepara outra.

Implicação - as notas vãosendo observadas e Implicação - neste contexto, aavaliaço deve ser um auxílio para se
registradas. Não importa como elas foram obtidas, nem por qual saber quais objetivos foram atingidos, quais aindafaltam e quais as
interferências do professor que podem ajudar o aluno.
processo o aluno passou.
Foco nas provas - são utilizadas como objeto de pressão
psicológica, sob pretexto de serem um 'elemento motivador da
aprendizagem', seguindo ainda a sugestão de Comenius em
sua Didática Magna criada no século XVII. É comum ver Foco nas competências - odesenvolvimento das competências
professores utilizando ameaças como "Estudem! Caso previstas noprojeto educacional devem ser a meta em comum dos
contrário, vocês poderão se dar mal no dia da prova!" ou "Fiquem professores.
quietos! Prestem atenção! O dia da prova vem aíe vocês verão o que
vai acontecer..."
Implicação - a avaliação deixa de ser somente um objeto de
certificação da consecução de objetivos, mas também se torna
Implicação - as provas são utilizadas como um fatornegativo de
necessária como instrumento de diagnóstico e acompanhamento
motivação. Os alunos estudam pela ameaça da prova, não pelo que
do processo de aprendizagem. Neste
a aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso e prazeroso.
ponto, modelos que indicam passos para a progressão na
Estimula o desenvolvimento dasubmissão e de hábitos de
aprendizagem, como a Taxionomia dos Objetivos Educacionais de
comportamento físico tenso
Benjamin Bloom, auxiliam muito a prática da avaliação e a
(estresse).
orientação dos alunos.
Os estabelecimentos de ensino estão centrados nos Estabelecimentos de ensino centrados na qualidade - os
resultados das provas e exames - eles se preocupam com as estabelecimentos de ensinodevem preocupar-se com o presente e o
notas que demonstram o quadro global dos alunos, para a futuro do aluno, especialmente com relação à sua inclusão social
promoção ou reprovação. (percepção do mundo, criatividade, empregabilidade, interação,
posicionamento, criticidade).
Implicação - o processo educativo permanece oculto.A leitura das
médias tende a ser ingênua (não se buscam osreais motivos Implicação - o foco da escola passa a ser o resultado de seuensino
para para o aluno e não
discrepâncias em mais a média do aluno na
determinadas disciplinas). escola.
O sistema social se contenta com as notas - as notas são
suficientes para os quadros estatísticos. Resultados dentro
da normalidade são bem vistos, não importando a qualidade e os
parâmetrospara sua obtenção (salvo nos casos de exames como o Sistema social preocupado com o futuro - Já alertava o ex-
ENEM que, de certa forma, avaliam e "certificam" os diferentes
ministro da Educação, Cristóvam Buarque: "Para saber como será
grupos de práticas educacionais e
um país daqui há 20 anos, é preciso olhar como está sua escola
estabelecimentos de ensino).
pública no presente". Esse é um sinal de que a sociedade jácomeça a
se preocupar com o distanciamento educacional do Brasil com o dos
Implicação - não há garantia sobre a qualidade, somente os
demaispaíses. É esse o caminho para revertermos o quadro de uma
resultados interessam, masestes são relativos. Sistemas
educação "domesticadora"para "humanizadora".
educacionais que rompemcom esse tipo de
procedimento tornam-seincompatíveis com os demais,são
Implicação - valorização da educação de resultadosefetivos para o
marginalizados e, por isso,automaticamente pressionados a agir
indivíduo.
da forma tradicional.
do caráter, da consciência e da cidadania,
Mudando de paradigma, cria-se uma cultura passando pela produção do conhecimento,
avaliativa, implicando na participação de todos os fazendo com que o aluno compreenda o mundo em
envolvidos no processo educativo. Isto é que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que
corroborado por Benvenutti, ao dizer que a esteja preparado para transformá-lo.
avaliação deve estar comprometida com a escola
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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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instituição escolar e para a profissionalização do

13.4 A AVALIAÇÃO DA professor.

APRENDIZAGEM COMO PROCESSO Uma descrição da avaliação e da aprendizagem


CONSTRUTIVO DE UM NOVO FAZER. poderia revelar todos os fatos que aconteceram na
sala de aula. Se fosse instituída, a descrição (e não

O processo de conquista do conhecimento pelo a prescrição) seria uma fonte de dados da

aluno ainda não está refletido na avaliação. Para realidade, desde que não houvesse uma vinculação

Wachowicz & Romanowski, embora prescrita com os resultados.

historicamente a questão tenha evoluído muito, A isenção advinda da necessidade de analisar a

pois trabalha a realidade, a prática mais comum na aprendizagem (e não julgá-la) levaria o professor e

maioria das instituições de ensino ainda é um os alunos a constatarem o que realmente ocorreu

registro em forma de nota, procedimento este que durante o processo: se o professor e os alunos

não tem as condições necessárias para revelar o tivessem espaço para revelar os fatos tais como eles

processo de aprendizagem, tratando-se apenas de realmente ocorreram, a avaliação seria real,

uma contabilização dos resultados. principalmente discutida coletivamente.

Quando se registra, em forma de nota, o No entanto, a prática das instituições não

resultado obtido pelo aluno, fragmenta-se o encontrou uma forma de agir que tornasse possível

processo de avaliação e introduz-se uma essa isenção: as prescrições suplantam as

burocratização que leva à perda do sentido do descrições e os pré-julgamentos impedem as

processo e da dinâmica da aprendizagem. observações.

Se a avaliação tem sido reconhecida como uma A consequência mais grave é que essa

função diretiva, ou seja, tem a capacidade de arrogância não permite o aperfeiçoamento do

estabelecer a direção do processo de processo de ensino e aprendizagem. E este é o

aprendizagem, oriunda esta capacidade de sua grande dilema da avaliação da aprendizagem.

característica pragmática, a fragmentação e a O entendimento da avaliação, como sendo a

burocratização acima mencionadas levam à perda medida dos ganhos da aprendizagem pelo aluno,

da dinamicidade do processo. vem sofrendo denúncias há décadas, desde que as

Os dados registrados são formais e não teorias da educação escolar recolocaram a questão

representam a realidade da aprendizagem, embora no âmbito da cognição.

apresentem consequências importantes para a vida Pretende-se uma mudança da avaliação de

pessoal dos alunos, para a organização da resultados para uma avaliação de processo,

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indicando a possibilidade de realizar-se na prática funções mais elaboradas que tenham relação com
pela descrição e não pela prescrição da motivações e significações. Neste modelo,
aprendizagem. aprendizagem e ensino têm o mesmo estatuto ou
14. AVALIAÇÃO E APRENDIZAGEM. identidade, pois a primeira é considerada
decorrência linear do segundo (em outros termos:

A noção de aprendizagem está, em sua origem, se algo foi ensinado, dentro de contingências

associada a ideia de apreensão de conhecimento e, ambientais adequadas, certamente foi

nesse sentido, só pode ser compreendida em função apreendido...). Na perspectiva pedagógica, essa

de determinada concepção de conhecimento - algo concepção encontra plena afinidade com práticas

que a filosofia compreende como base ou matriz mecanicistas, tecnicistas e bancárias - metáfora

epistemológica. A partir de tais concepções, utilizada por Paulo Freire, para traduzir a ideia de

podem ser focalizadas três possibilidades de passividade do sujeito, depositário de informações,

definição de aprendizagem: “Aprendizagem é conforme a lógica do acúmulo, a serviço da seleção

mudança de comportamento resultante do treino e da classificação.

ou da experiência”.
Esta seria a definição mais impregnada e 14.1 “APRENDIZAGEM E APREENSÃO
dominante no campo psicológico e pedagógico e, DE CONFIGURAÇÕES PERCEPTUAIS
certamente, a mais resistente às proposições ATRAVÉS DE INSIGHTS”.
alternativas. Funda-se na concepção empirista
formulada por Locke e Hume. Realimenta-se do Esta seria a concepção que se opõe à anterior,
positivismo de Comte, com seus ideais de polarizando em torno das condições do sujeito e
objetividade científica, ao final do século XIX e se não mais do objeto ou meio. Funda-se em uma
encarna como corrente behaviorista, base filosófica de natureza racionalista ou
comportamentista ou de estímulo-resposta, no apriorista, que percebe o conhecimento como
início do século XX. Valoriza o polo do objeto e resultante de estruturas pré-formadas, de variáveis
não o do sujeito, marcando a influência do meio ou biológicas ou maturacionais e de organização
do ambiente através de estímulos, sensações e perceptual de situações imediatas. A escola
associações. Reserva ao sujeito o papel de psicológica alemã conhecida como Gestalt,
receptáculo e reprodutor de informações, através responsável no início do século XX, por estudos na
de modelagens comportamentais vertente da percepção, constitui umas das
progressivamente reforçadas e dele expropria expressões mais fortes dessa posição, tendo

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deixado um legado mais associado ao estudo da Dois destaques merecem ser feitos em relação a
“boa forma” ou das condições capazes de propiciar essas duas vertentes:
soluções de problemas por discernimento súbito
(insight), em função de relações estabelecidas na 1- Na perspectiva piagetiana, aprendizagem se
totalidade da situação. Neste modelo, a identifica com adaptação ou equilibração à medida
aprendizagem prevalece sobre o ensino, em seu que supõe a “passagem de um estado de menor
estatuto de autossuficiência e autorregulação, conhecimento a um estado de conhecimento mais
reducionismo que permanece recusando a relação avançado” ou “uma construção sucessiva com
ensino-aprendizagem e se fixando em apenas um elaborações constantes de estruturas novas, rumo a
de seus polos. equilibrações majorantes”
(O motor para tais processos de adaptação e
14.2 “APRENDIZAGEM É equilibração seria o conflito cognitivo diante de
ORGANIZAÇÃO DE CONHECIMENTOS novos desafios ou necessidades de aprendizagem,
COMO ESTRUTURAS, OU REDE em esforços complementares de assimilação (polo
CONSTRUÍDAS A PARTIR DAS do sujeito responsável por incorporações de
INTERAÇÕES ENTRE SUJEITO E MEIO elementos do mundo exterior) e acomodação (polo
DE CONHECIMENTO OU PRÁTICAS modificado do estado anterior do sujeito em
SOCIAIS”. função das atuais demandas apresentadas pelo
objeto de conhecimento). Essa posição sugere a
Esta seria uma concepção de base construtivista importância de que o meio de aprendizagem seja
ou interacionista, comprometida com a superação alargado e pleno de significado, para que se chegue
dos reducionismos anteriores (experiência advinda a uma congruência entre a parte do sujeito e as
dos objetos X pré-formação de estruturas) e pressões externas, entre autorregulações e
identificada com modelos mais abertos, fundados regulações externas, entre sistemas pertinentes ao
nas ideias de gênese ou processo. aluno e ao professor. Assim, a não- aprendizagem
Por esta razão, suas principais vertentes podem seria resultante da ausência de congruência entre os
ser identificadas como “psicogenéticas” e são sistemas envolvidos nos processos de ensino-
representadas pela Epistemologia Genética aprendizagem.
Piagetiana e pela abordagem sócio- histórica dos
psicólogos soviéticos (Vygotsky, Luria e
Leontierv, em especial).

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Na perspectiva sócio-histórica de Vygotsky e seus compartilhadas.
colaboradores, destaca-se, no contexto dessa As abordagens contemporâneas da Psicologia
discussão, a articulação fortemente estabelecida entre da Aprendizagem e dos estudos sobre
aprendizagem e desenvolvimento, sendo a primeiro reorientações curriculares apoiam-se nessas
motor do segundo, no sentido que apresenta potência categorias para a necessária reorientação das
para projetá-lo até patamares mais avançados. Esta estratégias de aprendizagem.
potência da aprendizagem se ancora nas relações Um enfoque superficial: centrado em
entre ”zona de desenvolvimento real” e “zona de estratégias mnemônicas ou de memorização
desenvolvimento proximal”: a primeira referindo-se (reprodutoras em contingências de provas ou
às competências ou domínios já instalados (no campo exames) ou centrado em passividade, isolamento,
conceitual, procedimental ou atitudinal, por ausência de reflexão sobre propósitos ou
exemplo) e a segunda entendida como campo aberto estratégias; maior foco na fragmentação e no
de possibilidades, em transição ou em vias de se acúmulo de elementos;
consolidar, a partir de intervenções ou mediações de Um enfoque profundo: centrado na intenção de
outros - professores ou pares mais experientes ou compreender, na relação das novas ideias e
competentes em determinada área, tarefa ou função. conceitos com o conhecimento anterior, na relação
Nesse sentido, este teórico redimensiona a relação dos conceitos como experiência cotidiana, nos
ensino- aprendizagem, superando as dicotomias e componentes significativos dos conteúdos, nas
fragmentação de outras concepções e valoriza o inter-relações e nas condições de transcendência
aprendizado escolar como meio privilegiado para as em relação às situações e aprendizagens do
mediações em direito a patamares conceituais mais momento.
elevados. As questões mais relevantes, a partir dessas
Além disso, a perspectiva dialética dessa abordagem distinções seriam: Por que um aluno se dirige para
insere a aprendizagem em uma dimensão mais um outro tipo de aprendizagem? O que faz com
próxima de nossa realidade educacional: um que mostre maior ou menor disposição para a
processo marcado por contradições, conflitos, realização de aprendizagens significativas? Por
rupturas e, até mesmo, regressões - necessitando, por que não aprende em determinadas circunstâncias?
isso mesmo, de mediações que assegurem o espaço Por que alunos modificam seu enfoque em função
do reconhecimento das práticas sociais dos alunos, de da tarefa ou da mudança de estratégias dos
seus conhecimentos prévios, dos significados e professores? Quais os fatores de mediação capazes
sentidos pertinentes às situações de aprendizagem de de produzir novos patamares motivacionais e novas
cada sujeito singular e de suas dimensões zonas de aprendizagem e competência?
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Tais questões sinalizam para um projeto unidade de medida. Sua operacionalização se dá
educativo comprometido com novas práticas e através de um instrumento. No caso da avaliação
relações pedagógicas, uma lógica a serviço das escolar, este instrumento é produzido, aplicado e
aprendizagens e da Avaliação Formativa, uma corrigido pelo professor, que acaba sendo, ele
concepção construtiva e propositiva sobre erros e próprio, um instrumento de medição do desempenho
correção dos mesmos, uma articulação entre do aluno, uma vez que é ele quem atribui o valor ao
dimensões cognitivas e sócio afetivas que trabalho. Portanto, o critério de objetividade,
ressignifiquem o ato de aprender. implícito na ideia de avaliação como medida, perde
sua confiabilidade, já que o professor é um ser
DEFININDO OS TIPOS DE AVALIAÇÃO humano e, como tal, impossibilitado de despir-se de
sua dimensão subjetiva: a visão de mundo, as
- AVALIAÇÃO CLASSIFICATÓRIA preferências pessoais, o estado de humor, as paixões,
Avaliação Classificatória é uma perspectiva de os afetos e desafetos, os valores, etc., estão
avaliação vinculada à noção de medida, ou seja, à necessariamente presentes nas ações humanas. Esta
ideia de que é possível aferir, matemática, e questão é objeto de estudo de inúmeras pesquisas que
objetivamente, as aprendizagens escolares. A apontam desacordos consideráveis na atribuição de
noção de medida supõe a existência de padrões de valor a um mesmo trabalho ou exame corrigido por
rendimento a partir dos quais, mediante diferentes professores. E esse valor, geralmente
comparação, o desempenho de um aluno será registrado de forma numérica, é a referência para a
avaliado e hierarquizado. A Avaliação classificação do aluno e o julgamento do professor ou
Classificatória é realizada através de variadas da escola quanto à sua aprovação/reprovação.
atividades, tais como exercícios, questionários, No contexto escolar, e no imaginário social
estudos dirigidos, trabalhos, provas, testes, entre também, o significado da nota e sua identificação
outros. Sua intenção é estabelecer uma com a própria avaliação tornaram-se tão fortes que
classificação do aluno para fins de aprovação ou num dos argumentos para a sua manutenção
reprovação. costuma ser o de que, sem ela, acabou-se a
avaliação e o interesse ou a motivação do aluno
A centralidade da aprovação/reprovação na cultura
pelos estudos. Estes argumentos refletem, por um
escolar impõe algumas considerações importantes
lado, a distorção da função avaliativa na escola, que
em torno da nota e da ideia de avaliação como medida
não deve confundir-se com a atribuição de notas: a
dos desempenhos do aluno. Para se medir
avaliação deve servir à orientação das
objetivamente um fenômeno, é preciso definir uma
aprendizagens. Por outro lado, revelam uma
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compreensão do desempenho do aluno como conteúdos desenvolvidos e os objetivos que se
decorrente exclusivamente de sua responsabilidade quer avaliar. A dimensão diagnóstica não está
ou competência individual. Daí o fato da avaliação ausente dessa perspectiva de avaliação.
assumir, frequentemente, o sentido de premiação
ou punição. Essa questão torna-se mais grave na - AVALIAÇÃO DE CONTEÚDOS
medida que os privilégios são justificados com
Dimensão Conceitual: A dimensão conceitual
base nas diferenças e desigualdades entre os
do conhecimento implica que a pessoa esteja
alunos. Fundamentada na meritocracia (a ideia de
estabelecendo relações entre fatos para
que a posição dos indivíduos na sociedade é
compreendê-los. Os fatos e dados, segundo COLL,
consequência do mérito individual), a Avaliação
estão num extremo de um contínuo de
Classificatória passa a servir à discriminação e à
aprendizagem e a retenção da informação simples,
injustiça social.
a aprendizagem de natureza mnemônica ou
Na Avaliação Classificatória trabalha-se com a
“memorística”. São informações curtas sobre os
ideia de verificação da aprendizagem. O termo
fenômenos da vida, da natureza, da sociedade, que
verificar tem origem na expressão latina verum
dão uma primeira informação objetiva sobre o que
facere, que significa verdadeiro. Parte- se do
é, quem fez, quando fez, o que foi. Os conceitos
princípio de que existe um conhecimento - uma
estão no outro extremo (desse contínuo da
verdade
aprendizagem) e envolvem a compreensão e o
- que dever ser assimilado pelo aluno. A avaliação
estabelecimento de relações. Traduzem um
consistiria na aferição do grau de aproximação
entendimento do porquê daquele fenômeno ser
entre as aprendizagens do aluno e essa verdade.
assim como é. As crianças, para aprenderem fatos,
Estabelece-se uma escala formulada a partir de
apenas os memorizam. Esquecem mais rápido.
critérios de qualidade de desempenho, tendo como
Para aprenderem conceitos precisam estabelecer
referência o conteúdo do programa. É a partir dessa
conexões mais complexas, de aprendizagem
escala que os alunos serão classificados, tendo em
significativa, identificada por autores como os
vista seu rendimento nos instrumentos de
citados acima. Quando elas constroem os
avaliação, ou seja, o total de pontos adquiridos. De
conceitos, os fatos vão tomando outras dimensões,
um modo geral, as provas e os testes são os
informando o conceito. É como se os fatos
instrumentos mais utilizados pelo professor para
começassem a ser ordenados, atribuindo sentido ao
medir o alcance dos objetivos traçados para
que se tenta entender.
aprendizagem dos alunos. A sua formulação exige
Como a escola teve, durante muito tempo, a
rigor técnico e deve estar de acordo com os
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predominância da concepção empirista de ensino múltipla escolha, o reconhecimento da definição,
como transmissão, a memorização era o corre-se o risco de se cair na armadilha da mera
referencial mais comum para a avaliação. Nesse reprodução de uma definição previamente
sentido, os instrumentos e momentos de avaliação estabelecida e mesmo de um conhecimento
traziam a característica de um espaço em que as fragmentário, o que coloca esse tipo de
pessoas tentavam recuperar um dado de sua instrumento e questão na condição de insuficiente
memória. Um meio e realizar essa atividade por para conhecer a aprendizagem de conceitos. Outra
evocação (pergunta direta, com resposta certa ou possibilidade é a da exposição temática na qual o
errada) ou por reconhecimento, quando lhe aluno debate sobre um tema incluindo
oferecemos pistas e apresentamos alternativas para comparações, estabelecendo relações.
as respostas. Uma hipótese a ser levantada é a de É preciso cuidado do professor para analisar se o
que a avaliação foi, durante muito tempo, aluno não está procurando reproduzir termos e
entendida com a recuperação dos fatos nas ideias de autores e sim usando sua compreensão e
memórias. Essa redução do entendimento do que é sua linguagem. Evidencia-se, com isso, a
avaliar vem sendo superada nas reflexões sobre a necessidade de se trabalhar com questões abertas.
tipologia dos conteúdos, principalmente ao se Outra técnica, - a identificação e categorização de
diferenciar a aprendizagem e a avaliação de exemplos - por evocação (aberta) ou
conceitos. A construção conceitual demanda reconhecimento (fechada), possibilita ao professor
compreensão e estabelecimento de relações, conhecer como o aluno está entendendo aquele
sendo, portanto, mais complexa para ser avaliada. conceito. Na técnica de reconhecimento o aluno
Ao decidir a legitimidade de um instrumento de deverá trabalhar, em questão fechada, com a
avaliação, cada escola e cada professor precisam categorização. Pode ser incluída, portanto, num
analisar seu alcance. Pedir ao aluno que defina um instrumento como a prova objetiva.
significado (técnica muito comum nas escolas), Outra possibilidade para avaliar a
nem sempre proporciona boa medida para aprendizagem de conceitos seria a técnica de
avaliação, é uma técnica com desvantagens, pois aplicação à solução de problemas, deveriam ser
pode induzir a falsos erros e falsos acertos. É uma situações abertas, nas quais os alunos fariam
técnica que exige um critério de correção muito exposição da compreensão que têm do conceito,
minucioso. Ele ainda propõe que, se a opção for tentando responder à situação apresentada. Nesse
por usar essa técnica, que se valide mais o que o caso, o instrumento mais adequado seria uma
aluno expuser com as próprias palavras do que prova operatória, é importante, no caso da
uma reprodução literal. Se usarmos a técnica de avaliação de conceitos, resgatar sempre os
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conhecimentos prévios dos alunos, para analisar o conhecer até que ponto seus alunos estão sabendo:
que estiver sendo aprendido. Isso implica legitimar dialogar, debater, trabalhar em equipe, fazer uma
a avaliação inicial, o momento inicial da pesquisa bibliográfica, orientar-se no espaço,
aprendizagem. A avaliação de aprendizagem de dentre outras. Devem ser atividades abertas, feitas
conceitos remete o professor, portanto, a instituir em aula, para o professor perceber como o aluno
também a observação como uma técnica de transfere o conteúdo para a prática.
levantamento de dados sobre a aprendizagem dos
alunos, ampliando as informações sobre o que o - DIMENSÃO ATITUDINAL
aluno está sabendo para além dos momentos
A dimensão atitudinal do conhecimento é
formais de avaliação, como momentos de provas
aquela que indicará os valores em construção. É
ou outros instrumentos de verificação.
mais difícil de ser trabalhada porque não se desliga
- DIMENSÃO PROCEDIMENTAL da formação mais ampla em outros espaços da
sociedade, sendo complexa por seus componentes
A dimensão procedimental do conhecimento
cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos
implica no saber fazer. Ex.: uma pesquisa tem uma
(sentimentos e preferências) e condutais (ações e
dimensão procedimental. O aluno precisa saber
declaração de intenção). Manifesta-se mais através
observar, saber ler, saber registrar, saber procurar
do comportamento referenciado em crenças e
dados em várias fontes, saber analisar e concluir a
normas. Por isso, precisa ser amplamente
partir dos dados levantados. Nesse caso, são
entendida à luz dos valores que a escola considera
procedimentos que precisam ser desenvolvidos.
formadores. A aquisição de valores é alcançada
Muitas vezes o aluno está com uma dificuldade
através do desenvolvimento de atitudes de acordo
procedimental e não conceitual e, dependendo do
com esse sistema de valores. Depende de uma
instrumento usado, o professor não identifica essa
autopersuasão que está sempre permeada por
dificuldade para então ajudá-lo a superá-la, por isso
crenças que sustentam a visão que as pessoas têm
é importante diferenciar essas dimensões. Outros
delas mesmas e do mundo. E delas mesmas em
exemplos de dimensões procedimentais do
relação ao mundo. As atitudes e valores envolvem
conhecimento: saber fazer um gráfico, um cartaz,
também as normas.
uma tabela, escrever um texto dissertativo,
Valores são princípios ou ideias éticas que
narrativo. Vale a pena, nesse caso, que o professor
permitem às pessoas emitir um juízo sobre as
acompanhe de perto essa aprendizagem. O melhor
condutas e seu sentido. Ex.: a solidariedade, a
instrumento para isso é a observação sistemática -
responsabilidade, a liberdade, o respeito aos
um conjunto de ações que permitem ao professor
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outros. Atitudes são tendências relativamente refletir sobre o que ele já sabe acerca de um
estáveis das pessoas para atuarem de certas conteúdo novo quando se começa a estudar
maneiras: cooperar com o grupo, respeitar o meio seriamente sobre ele.
ambiente, participar das tarefas escolares, respeitar
datas, prazos, horários, combinados. Normas são
SUGESTÕES DE AVALIAÇÃO INICIAL /
padrões ou regras de comportamentos que as
CAMPO ATITUDINAL
pessoas devem seguir em determinadas situações
Essa sugestão não substitui a avaliação inicial
sociais. Portanto, são desenvolvidas nas
de cada conteúdo que é introduzido, pois, é a partir
interações, nas relações, nos debates, nos trabalhos
dela que se pode fazer uma avaliação do que
em grupos, o que indica uma natureza do
realmente pode ser considerado aprendido.
planejamento das atividades de sala de aula.
Como são os alunos individualmente em
Os melhores instrumentos para se avaliar a
grupos? Que grupos sociais representam?
aprendizagem de atitudes são a observação e
Como se comportam e se vestem? O que
autoavaliação.
apreciam?
Para uma avaliação completa (envolvendo fatos,
Quais seus interesses? O que valorizam?
conceitos, procedimentos e atitudes), deve-se
O que fazem quando não estão na escola? Como
formalizar sempre o momento da avaliação inicial.
suas famílias vivem?
Ela é um início de diagnóstico que ajudará aos
O que suas famílias e vizinhos fazem e o que
professores e alunos conhecerem o processo de
comemoram?
aprendizagem. O professor deve diversificar os
Como se organiza o espaço que compartilham
instrumentos para cobrir toda a tipologia dos
fora da escola?
conhecimentos: provas, trabalhos e observação,
Como falam, expressam seus sentimentos, seus
para avaliar fatos e conceitos, observação para
valores, sua adesão/rejeição às normas, suas
concluir na avaliação da construção conceitual;
atitudes?
observação para avaliar a aprendizagem de
procedimentos e atitudes; autoavaliação para
Feito isso, planeja-se como trabalhar as atitudes
avaliar atitudes e conceitos.
importantes para a formação dos alunos na
Além disso, deve-se validar o momento de
adolescência. Para mudança de atitudes é que são
avaliação inicial em todo o processo de
feitos os projetos.
aprendizagem, usando a prática de datar o que está
- Valores são princípios ou ideias éticas que
sendo registrado e propiciando ao próprio aluno
permitem às pessoas emitir juízo sobre as condutas
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e seu sentido. Ex.: a solidariedade, a do conceito. Precisam trabalhar mais a situação, o
responsabilidade, a liberdade, o respeito aos que vai ajudá- los a entender melhor, até saberem
outros... explicar com as suas palavras. Esse processo de
- Atitudes são tendências relativamente construção conceitual não é estanque, ele está em
estáveis das pessoas para atuarem de certas permanente movimento entre o conceito
maneiras: cooperar com o grupo, respeitar o meio espontâneo, construído nas representações sociais
ambiente, participar das tarefas escolares, respeitar e o conceito científico.
datas, prazos, horários, combinados... Princípios são conceitos muito gerais, de alto
- Normas são padrões ou regras de nível de abstração, subjacentes, à organização
comportamentos que a pessoas devem seguir em conceitual de uma área, nem sempre explícitos.
determinadas situações sociais. Atravessam todos os conteúdos das matérias,
devendo ser o objetivo maior da aprendizagem na
educação básica. Eles orientam a compreensão de
Depois de realizada a avaliação inicial, os
noções básicas. Assim, por exemplo, se a
professores terão dados para dar continuidade ao
compreensão de conceitos como sociedade e
trabalho com a Avaliação Formativa: a serviço das
cultura são princípios das áreas de humanas, eles
aprendizagens.
devem referenciar o trabalho nos conceitos
Fatos ou dados devem ser “aprendidos” de
específicos. Dentro de um conceito como o de
forma reprodutiva: não é necessário compreendê-
sociedade, outros específicos como o de migração,
los. Ex.: capitais de um estado ou país, data de
democracia, crescimento populacional, estariam
acontecimentos, tabela de símbolos químicos.
subjacentes. Portanto, ao definir o que referenciará
Correspondem a uma informação verbal literal
o trabalho do professor, será muito importante uma
como vocabulários, nomes ou informação
revisão conceitual por área de conhecimento e por
numérica que não envolvem cálculos, apenas
disciplina. Será preciso esclarecer as
memorização. Para isso se usa a repetição,
características dos fatos e dos conceitos como
buscando mesmo a automatização da informação.
objetos de conhecimento.
Esse processo de repetição não se adequa à
construção conceitual. Um aluno aprende, atribui - AVALIAÇÃO FORMATIVA
significado, adquire um conceito, quando o explica
Essa perspectiva de avaliação fundamenta-se
com suas próprias palavras. É comum o aluno
em várias teorias que postulam o caráter
dizer que sabe, mas não sabe explicar. Nesse caso,
diferenciado e singular dos processos de formação
eles estão num início de processo de compreensão
humana, que é constituída por dimensões de
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natureza diversa - afetiva, emocional, cultural, conhecimento. Não importa, aqui, registrar os
social, simbólica, cognitiva, ética, estética, entre fracassos ou os sucessos através de notas ou
outras. A aprendizagem é uma atividade que se conceitos, mas entender o significado do
insere no processo global de formação humana, desempenho: como o aluno compreendeu o
envolvendo o desenvolvimento, a socialização, a problema apresentado? Que tipo de elaboração fez
construção da identidade e da subjetividade. para chegar a determinada resposta? Que
dificuldades encontrou? Como tentou resolvê-las?
Aprendizagem e formação humana são
Na Avaliação Formativa, o desempenho do
processos de natureza social e cultural. É nas
aluno deve ser tomado como uma evidência ou
interações que estabelece com seu meio que o ser
uma dificuldade de aprendizagem. E cabe ao
humano vai se apropriando dos sistemas
professor interpretar o significado desse
simbólicos, das práticas sociais e culturais de seu
desempenho. Nessa perspectiva, a avaliação
grupo. Esses processos têm uma base orgânica,
coloca-se a serviço das aprendizagens, da forma
mas se efetivam na vida social e cultural, e é
dos alunos. Trata-se, portanto, de uma avaliação
através deles que o ser humano elabora formas de
que tem como finalidade não o controle, mas a
conceber e de se relacionar com o mundo físico e
compreensão e a regulação dos processos dos
social. Esses estudos sobre a formação humana e a
educandos, tendo em vista auxiliá-los na sua
aprendizagem trazem implicações profundas para
trajetória escolar. Isso significa entender que a
a educação e destacam a importância do papel do
avaliação, indo além da constatação, irá subsidiar
professor como mediador do processo de
o trabalho do professor, apontando as necessidades
construção de conhecimento dos alunos. Sua ação
de continuidade, de avanços ou de mudanças no
pedagógica deve estar voltada para a compreensão
seu planejamento e no desenvolvimento das ações
dos processos sociocognitivos dos alunos e a busca
educativas. Caracterizando-se como uma prática
de uma articulação entre os diversos fatores que
voltada para o acompanhamento dos processos dos
constituem esses processos - o desenvolvimento
alunos, este tipo de avaliação não comporta
psíquico do aluno, suas experiências sociais, suas
registros de natureza quantitativa (notas ou mesmo
vivências culturais, sua história de vida - e as
conceitos), já que estes são insuficientes para
intenções educativas que pretende levar a cabo.
revelar tais processos. Tampouco pode-se pensar,
Nesse contexto, a avaliação constitui-se numa
a partir desta concepção, na manutenção da
prática que permite ao professor aproximar-se dos
aprovação/reprovação. Isso porque este tipo de
processos de aprendizagem do aluno, compreender
avaliação não tem como objetivo classificar ou
como esse aluno está elaborando seu
selecionar os alunos, mas interpretar e
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compreender os seus processos, e promover ações planejamento, o desenvolvimento das atividades, a
que os ajudem a avançar no seu desenvolvimento, relação pessoal com os alunos e o trabalho
nas suas aprendizagens. Sendo assim, a avaliação coletivo.
a serviço das aprendizagens desmistifica a ideia de Ex.: definir um grupo de X professores para
seleção que está implícita na discussão sobre trabalhar com
aprovação automática. É uma avaliação que 1 turmas de um mesmo ciclo ou de séries
procura administrar, de forma contínua, a aproximadas, visando favorecer o trabalho voltado
progressão dos alunos. Trata-se, portanto, de para determinado período de formação humana
Progressão Continuada. (infância, adolescência, etc.). Este tipo de
organização tende a romper com a fragmentação
A Avaliação Formativa é um trabalho contínuo de
do trabalho pedagógico, facilitando a
regulação da ação pedagógica. Sua função é
interdisciplinaridade e o desenvolvimento de uma
permitir ao professor identificar os progressos e as
Avaliação Formativa.
dificuldades dos alunos para dar continuidade ao
processo, fazendo as mediações necessárias para Tendo em vista a diversidade de ritmos e
que as aprendizagens aconteçam. Inicialmente, é processos de aprendizagem dos alunos, um dos
fundamental conhecer a situação do aluno, o que aspectos importantes da ação docente deve ser a
ele sabe e o que ele ainda não sabe, tendo em vistas organização de atividades cujo nível de abordagem
as intenções educativas definidas. A partir dessa seja diferenciado. Isso significa criar situações,
avaliação inicial, organiza-se o planejamento do apresentar problemas ou perguntas e propor
trabalho, de forma suficientemente flexível para atividades que demandem diferentes níveis de
incorporar, ao longo do processo, as adequações raciocínio e de realização. A diversificação das
que se fizerem necessárias. Ao mesmo tempo, o tarefas deve também possibilitar aos alunos que
uso de variados instrumentos e procedimentos de realizem escolhas. As atividades devem oferecer
avaliação, possibilitará ao professor compreender graus variados de compreensão, diferentes níveis
o processo do aluno para estabelecer novas de utilização dos conteúdos, e devem permitir
propostas de ação. distintas aproximações ao conhecimento.
Uma mudança fundamental, sobretudo nos Outro movimento importante rumo a uma
ciclos ou séries finais do Ensino Fundamental, diz Avaliação Formativa deve acontecer na
respeito à organização dos professores. organização dos tempos e espaços escolares. Os
Agrupamentos de professores responsáveis por um tempos de aula (50min, 1h, etc.) os recortes de
determinado número de turmas facilita o cada disciplina, os bimestres, os semestres, as

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séries, os níveis de ensino são formas de estruturar espaços da cidade (parques, praças, centros
o tempo escolar que têm como fundamento a lógica culturais, livrarias, fábricas, outras escolas, teatros,
da organização dos conteúdos. Os processos de cinemas, museus, salas de exposição,
aprender e de construir conhecimento, no entanto, universidades, etc.). A sala de aula, por sua vez,
não seguem essa mesma lógica. A organização deve adquirir diferentes configurações, tendo em
escolar por ciclos é uma experiência que busca vista a necessidade de diversificação das
harmonizar os tempos da escola com os tempos de atividades pedagógicas.
aprendizagem próprios do ser humano. Os ciclos
A forma de agrupamento dos alunos é outro
permitem tomar as progressões das aprendizagens
aspecto que pode potencializar a aprendizagem e a
mais fluidas, evitando rupturas ao longo do
Avaliação Formativa. Os grupos ou classes móveis
processo. A flexibilização do tempo e do trabalho
- em vez de classes fixas - possibilitam a
pedagógico possibilita o respeito aos diferentes
organização diferenciada do trabalho pedagógico e
ritmos de aprendizagem dos alunos e a organização
uma maior personalização do itinerário escolar do
de uma prática pedagógica voltada para a
aluno, na medida em que atendem melhor às suas
construção do conhecimento, para a pesquisa.
necessidades e interesses. A mobilidade refere-se
Os tempos podem ser organizados, por
ao agrupamento interno de uma classe ou entre
exemplo, em torno de projetos de trabalho, de
classes diferentes. Na prática, acontece conforme
oficinas, de atividades. A estruturação do tempo é
o objetivo da atividade e as necessidades do aluno.
parte do planejamento pedagógico semanal ou
Ex.: oficinas de livre escolha onde alunos de
mensal, uma vez que a natureza da atividade e os
diferentes turmas de um ciclo se agrupam por
ritmos de aprendizagem irão definir o tempo que
interesse (oficina de cinema, de teatro, de pintura,
será utilizado.
de jogos matemáticos, de fotografia, de música, de
O espaço de aprendizagem também deve ser
vídeo, etc.). Projetos de trabalho também
ampliado, não pode restringir-se a sala de aula.
permitem que a turma assuma configurações
Aprender é constituir uma compreensão do
diferentes, em momentos diferentes, de acordo
mundo, da realidade social e humana, de nós
com o interesse e para atendimento às
mesmos e de nossa relação com tudo isso. Essa
necessidades de aprendizagem.
atividade não se constitui exclusivamente no
interior de uma sala de aula. É preciso alargar o
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
espaço educativo no interior da escola (pátios,
biblioteca, salas de multimídia, laboratórios, etc.)
As provas objetivas (mais conhecidas como
e para além dela, apropriando-se dos múltiplos
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provas de múltipla escolha), as provas abertas / necessitarem de um aprofundamento maior para
operatórias, observação e autoavaliação são levantamento de dados.
ferramentas para levantamento de dados sobre o Outra questão relevante ao processo de
processo de aprendizagem. São materiais avaliação do ensino e aprendizagem é Como
preparados pelo professor levando em conta o que avaliar o aluno com deficiência? 19
se ensina e o que se quer saber sobre a
A avaliação sempre foi uma pedra no sapato do
aprendizagem dos alunos. Podem ter diferentes
trabalho docente do professor. Quando falamos em
naturezas. Alguns, como as provas, são
avaliação de alunos com deficiência, então, o
instrumentos que têm uma intenção de testagem,
problema torna-se mais complexo ainda. Apesar
de verificação, de colocar o aluno em contato com
disso, discutir a avaliação como um processo mais
o que ele realmente estiver sabendo. Esses
amplo de reflexão sobre o fracasso escolar, dos
instrumentos podem ser elaborados em dois
mecanismos que o constituem e das possibilidades
formatos: um de questões fechadas, de múltipla
de diminuir o violento processo de exclusão
escolha ou de respostas curtas, identificado como
causado por ela, torna-se fundamental para
prova objetiva; outro com questões abertas.
possibilitarmos o acesso e a permanência com
Ambos são instrumentos que possibilitam tanto a
sucesso dos alunos com deficiência na escola.
avaliação de aprendizagem de fatos, como de
aprendizagem de conceitos, embora, em relação à De início, importa deixar claro um ponto: alunos

construção conceitual, o professor precisará inserir com deficiência devem ser avaliados da mesma

também instrumentos de observação. maneira que seus colegas. Pensar a avaliação de

Outra importante ferramenta é a observação: alunos com deficiência de maneira dissociada das

uma técnica que coloca o professor como concepções que temos acerca de aprendizagem, do

pesquisador da sua prática. Toda observação papel da escola na formação integral dos alunos

pressupõe registros. É um bom instrumento para e das funções da avaliação como instrumento que

avaliar a construção conceitual, o permite o replanejamento das atividades do

desenvolvimento de procedimentos e as atitudes. professor, não leva a nenhum resultado útil.

Outro instrumento é a autoavaliação, que é Nessa linha de raciocínio, para que o processo

muito importante no desenvolvimento das de avaliação do resultado escolar dos alunos seja

habilidades metacognitivas e na avaliação de realmente útil e inclusivo, é imprescindível a

atitudes. criação de uma nova cultura sobre aprendizagem e

Pode-se ainda utilizar questionários e avaliação, uma cultura que elimine:

entrevistas quando as situações escolares


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-o vínculo a um resultado previamente que devem ser colocados à disposição dos alunos
determinado pelo professor; com deficiências para que possam aprender e
- o estabelecimento de parâmetros com os quais expressar adequadamente suas aprendizagens. Por
as respostas dos alunos são sempre comparadas recursos de acessibilidade podemos entender desde
entre si, como se o ato de aprender não fosse as atividades com letra ampliada, digitalizadas em
individual; Braille, os interpretes, até uma grande gama de
- o caráter de controle, adaptação e seleção que a recursos da tecnologia assistiva hoje já disponíveis,
avaliação desempenha em qualquer nível; enfim, tudo aquilo que é necessário para suprir
- a lógica de exclusão, que se baseia na necessidades impostas pelas deficiências, sejam
homogeneidade inexistente; elas auditivas, visuais, físicas ou mentais.
- a eleição de um determinado ritmo como ideal
para a construção da aprendizagem de todos os Neste contexto, a avaliação escolar de alunos
alunos. com deficiência ou não, deve ser verdadeiramente
inclusiva e ter a finalidade de verificar
continuamente os conhecimentos que cada aluno
Numa escola onde a avaliação ainda se define
possui, no seu tempo, por seus caminhos, com seus
pela presença das características acima certamente
recursos e que leva em conta uma ferramenta
não haverá lugar para a aceitação da diversidade
muito pouco explorada que é a coaprendizagem.
como inerente ao ser humano e da aprendizagem
Nessa mudança de perspectiva, o primeiro
como processo individual de construção do
passo talvez seja o de nos convencermos de que a
conhecimento. Numa educação que parte do falso
avaliação usada apenas para medir o resultado da
pressuposto da homogeneidade não há espaço para
aprendizagem e não como parte de um
o reconhecimento dos saberes dos alunos, que
compromisso com o desenvolvimento de uma
muitas vezes não se enquadram na lógica de
prática pedagógica comprometida com a inclusão,
classificação das respostas previamente definidas
e com o respeito às diferenças é de muito pouca
como certas ou erradas.
utilidade, tanto para os alunos com deficiências
O que estamos querendo dizer é que todas as
quanto para os alunos em geral.
questões referentes à avaliação dizem respeito à
De qualquer modo, a avaliação como processo
avaliação de qualquer aluno e não apenas das
que contribui para investigação constante da
pessoas com deficiências. A única diferença que há
prática pedagógica do professor que deve ser
entre as pessoas ditas normais e as pessoas com
sempre modificada e aperfeiçoada a partir dos
deficiências está nos recursos de acessibilidade
resultados obtidos, não é tarefa simples de ser
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conseguida. Entender a verdadeira finalidade da observação, a atenção às repostas que o aluno dá às
avaliação escolar só será possível quando tivermos atividades que estão sendo trabalhadas, a análise das
professores dispostos a aceitar novos desafios, tarefas que ele é capaz de realizar fazem parte das
capazes de identificar nos erros pistas que os alternativas pedagógicas utilizadas para avaliar.
instiguem a repensar seu planejamento e as Vários instrumentos podem ser utilizados, com
atividades desenvolvidas em sala de aula e que sucesso, para avaliar os alunos, permitindo um
considerem seus alunos como parceiros, acompanhamento do seu percurso escolar e a
principalmente aqueles que não se deixam evolução de suas competências e de seus
encaixar no modelo de escola que reduz o conhecimentos. Um dos recursos que poderá auxiliar
conhecimento à capacidade de identificar o professor a organizar a produção dos seus alunos e
respostas previamente definidas como certas ou por isso avaliar com eficiência é utilizar um portfólio.
erradas. A utilização do portfólio permite conhecer a
produção individual do aluno e analisar a eficiência
Segundo a professora Maria Teresa Mantoan, a
das práticas pedagógicas do professor. A partir da
educação inclusiva preconiza um ensino em que
observação sistemática e diária daquilo que os alunos
aprender não é um ato linear, continuo, mas fruto de
são capazes de produzir, os professores passam a
uma rede de relações que vai sendo tecida pelos
fazer descobertas a respeito daquilo que os motiva a
aprendizes, em ambientes escolares que não
aprenderem, como aprendem e como podem ser
discriminam, que não rotulam e que oferecem chances
efetivamente avaliados.
de sucesso para todos, dentro dos interesses,
No caso dos alunos com deficiências, os portfólios
habilidades e possibilidades de cada um. Por isso,
podem facilitar a tomada de decisão sobre quais os
quando apenas avaliamos o produto e
recursos de acessibilidade que deverão ser oferecidos
desconsideramos o processo vivido pelos alunos para
e qual o grau de sucesso que está sendo obtido com o
chegar ao resultado final realizamos um corte
seu uso. Eles permitem que tomemos conhecimento
totalmente artificial no processo de aprendizagem.
não só das dificuldades, mas também das habilidades
Pensando assim temos que fazer uma opção pelo
dos alunos, para que, através dos recursos
que queremos avaliar: produção ou reprodução.
necessários, estas habilidades sejam ampliadas.
Quando avaliamos reprodução, com muita
Permitem, também, que os professores das classes
frequência, utilizamos provas que geralmente medem
comuns possam contar com o auxílio do professor do
respostas memorizadas e comportamentos
atendimento educacional especializado, no caso dos
automatizados. Ao contrário, quando optamos por
alunos que frequentam esta modalidade, no
avaliar aquilo que o aluno é capaz de produzir, a
esclarecimento de dúvidas que possam surgir a
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respeito da produção dos alunos. E uma escola de qualidade é aquela que sabe tirar
Quando utilizamos adequadamente o portfólio no partido das diferenças oportunizando aos alunos a
processo de avaliação podemos: convivência com seus pares, o exemplo dos
- melhorar a dinâmica da sala de aula professores que se traduz na qualidade do seu
consultando o portfólio dos alunos para elaborar as trabalho em sala de aula e no clima de acolhimento
atividades: vivenciado por toda a comunidade escolar.
- evitar testes padronizados;
- envolver a família no processo de avaliação; Questões
- não utilizar a avaliação como um instrumento
de classificação; 01. (TSE - Analista Judiciário - Pedagogia -
- incorporar o sentido ético e inclusivo na CONSULPLAN) Para Cipriano Carlos Luckesi
avaliação; (2000), a avaliação é um ato amoroso e dialógico que
- possibilitar que o erro possa ser visto como um envolve sujeitos e, como tal, a primeira fase do
processo de construção de conhecimentos que dá processo de avaliação começa com:
pistas sobre o modo cada aluno está organizando o (A) o acolhimento do sujeito avaliado.
seu pensamento; (B) a qualificação dos conhecimentos prévios.
(C) o julgamento das aprendizagens avaliadas.

Esta maneira de avaliar permite que o professor (D) o diagnóstico do perfil do sujeito.

acompanhe o processo de aprendizagem de seus


alunos e descubra que cada aluno tem o seu método 02. (Prefeitura de Uberlândia/MG -
próprio de construir conhecimentos, o que torna Professor Educação Básica II - Português -
absurdo um método de ensinar único e uma prova CONSULPLAN) A avaliação da aprendizagem
como recurso para avaliar como se houvesse escolar é um elemento do processo de ensino e de
homogeneidade de aprendizagem. aprendizagem.
Nessa perspectiva, entendemos que é possível
Dessa forma, a avaliação tanto serve para avaliar
avaliar, de forma adequada e útil, alunos com
a aprendizagem dos alunos quanto o ensino
deficiências. Mas, se analisarmos com atenção, tudo
desenvolvido pelo professor. Numa perspectiva
o que o que se diz da avaliação do aluno com
emancipatória, que parte dos princípios da
deficiência, na verdade serve para avaliar qualquer
autoavaliação e da formação, podemos afirmar que:
aluno, porque a principal exigência da inclusão
escolar é que a escola seja de qualidade - para todos!
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(A) os alunos também devem participar dos (A) A avaliação é constituída de instrumentos
critérios que servirão de base para a avaliação de sua de diagnóstico que levam a uma intervenção, visando
aprendizagem. à melhoria da aprendizagem. Ela deve propiciar
(B) os professores devem utilizar a avaliação elementos diagnósticos que sirvam de intervenção
como um mecanismo de seleção para o processo de para qualificar a aprendizagem.
ensino. (B) Na esfera educacional infantil, a avaliação
(C) alunos e professores devem compartilhar dos que se faz das crianças pode ter algumas
mesmos critérios que possam classificar as consequências e influências decisivas no seu
aprendizagens corretas. processo de aprendizagem e crescimento. Neste
(D) os alunos também devem registrar o sentido, a expectativa dos professores sobre os seus
processo de avaliação que servirá para disciplinar o alunos tem grande influência no que diz respeito ao
espaço da sala de aula. rendimento da aprendizagem. Nesta fase, é preciso
ter uma visão fragmentada da criança. É aconselhável
concentrar esforços no que as crianças não sabem
03. (Prefeitura de Montes Claros/MG - PEB
fazer e, não, considerar as suas potencialidades.
I - UNIMONTES) De acordo com Luckesi (1999),
(C) A avaliação deve se dar de forma
é importante estar atento à função ontológica
sistemática e contínua, aperfeiçoando a ação
(constitutiva) da avaliação da aprendizagem, que é de
educativa, identificando pontos que necessitam de
diagnóstico.
maior atenção na busca de reorientar a prática do
Dessa forma, a avaliação cria a base para a tomada educador, permitindo definir critérios para o
de decisão. Articuladas com essa função básica estão, planejamento, auxiliando o educador a refletir sobre
EXCETO: as
(A) a função de motivar o crescimento.
05. (Prefeitura do Rio de Janeiro/RJ- Professor
(B) a função de propiciar a autocompreensão,
de Ensino Fundamental- Artes Plásticas-
tanto do educando quanto da família.
Prefeitura do Rio de Janeiro/2016).
(C) a função de aprofundamento da
aprendizagem.
Leia o fragmento abaixo: Normalmente,
(D) a função de auxiliar a aprendizagem.
quando nos referimos ao desenvolvimento de uma
criança, o que buscamos compreender é até onde a
04. (IFC-SC-Pedagogia-Educação Infantil- criança já chegou, em termos de um percurso que,
IESES) No que diz respeito à avaliação no processo supomos, será percorrido por ela. Assim,
de aprendizagem, é INCORRETO afirmar que:
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observamos seu desempenho em diferentes tarefas 15. BRASIL. LEI DE DIRETRIZES E BASES
e atividades, como por exemplo: ela já sabe andar? DA EDUCAÇÃO NACIONAL N. 9.394, DE 20
DE DEZEMBRO DE
Já sabe amarrar sapatos? Já sabe construir uma
1996
torre com cubos de diversos tamanhos? Quando
dizemos que a criança já sabe realizar determinada
tarefa, referimo-nos à sua capacidade de realizá-la
sozinha. Por exemplo, se observamos que a criança
ATUALIZAÇÃO EM AGOSTO 2021
já sabe amarrar sapatos, está implícita a ideia de
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
que ela sabe amarrar sapatos, sozinha, sem
(LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
necessitar de ajuda de outras pessoas.
regulamenta o nosso sistema educacional, tanto na
OLIVEIRA, Martha Kolh de.
esfera pública quanto na esfera privada. Cumpre
Vygotsky: aprendizado e
aos pais ou responsáveis matricular as crianças na
desenvolvimento; um processo sócio-
educação infantil a partir dos 4 anos e acompanhar
histórico. São Paulo: Scipione, 1991.
o seu desempenho e permanência até os 17 anos, e
Pág. 11
é obrigação da escola notificar as autoridades em
O trecho apresenta uma das categorias de análise casos de evasão. Em 2021 houve importantes
usada por Vygotsky ao estudar o desenvolvimento alterações na LDB. A primeira, relacionada ao
humano, que é: artigo 26, parágrafo 9º. A nova redação dada pela
(A) a zona de desenvolvimento real Lei nº 14.164 de 10 de junho, incluiu a mulher nos
(B) a zona de desenvolvimento proximal conteúdos dos temas transversais. Art. 26 Os
(C) a fase potencial do pensamento formal currículos da educação infantil, do ensino
(D) a fase operatória do pensamento formal fundamental e do ensino médio devem ter base
nacional comum, a ser complementada, em cada
sistema de ensino e em cada estabelecimento
escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
Gabarito
características regionais e locais da sociedade, da

01.A / 02.A / 03.B / 04.B / 05.A cultura, da economia e dos educandos. § 9º


Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
prevenção de todas as formas de violência contra a
criança, o adolescente e a mulher serão incluídos,
como temas transversais, nos currículos,

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observadas as diretrizes da legislação deficiências associadas, optantes pela modalidade
correspondente e a produção e distribuição de de educação bilíngue de surdos. (Incluído pela Lei
material didático adequado a cada nível de ensino. nº 14.191, de 2021). Essa é a Nova Redação (NR)
(Redação dada pela Lei nº 14.164, de 2021). Outra que conceitua a modalidade. Essa descrição
alteração importante, aconteceu em agosto de também consta na Lei Brasileira de Inclusão (LBI).
2021. A Lei nº 14.191, de 3 de agosto de 2021 Art. 60-B. Além do disposto no art. 59 desta Lei,
alterou cinco artigos da Lei de Diretrizes e Bases. os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
Foram alterados os atigos 3º, 60-A, 60-B, 78-A e surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva
79- C. Essa alteração está diretamente ligada à sinalizantes, surdos com altas habilidades ou
inclusão, A nova alteração está diretamente ligada superdotação ou com outras deficiências
à inclusão, e insere a Educação Bilíngue de Surdos associadas materiais didáticos e professores
como uma modalidade de ensino independente - bilíngues com formação e especialização
antes incluída como parte da educação especial. adequadas, em nível superior. (Incluído pela Lei nº
Trazemos as inclusões ocorridas: 6 Art. 3º (...) XIV 14.191, de 2021). Parágrafo único. Nos processos
– respeito à diversidade humana, linguística, de contratação e de avaliação periódica dos
cultural e identitária das pessoas surdas, professores a que se refere o caput deste artigo
surdocegas e com deficiência auditiva. (Incluído serão ouvidas as entidades representativas das
pela Lei nº 14.191, de 2021). (Faz referência a pessoas surdas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de
nova modalidade da educação bilíngue para surdos 2021). (Apenas profissionais com formação
e reafirma o respeito às necessidades do público adequada devem atuar com esse público, e
mencionado que deve ser propagado pelos entidades responsáveis devem ser consultadas a
estabelecimentos de ensino). Art. 60-A. Entende- fim de manifestar as demandas e posicionamentos
se por educação bilíngue de surdos, para os efeitos relevantes). Art. 78-A. Os sistemas de ensino, em
desta Lei, a modalidade de educação escolar regime de colaboração, desenvolverão programas
oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras), integrados de ensino e pesquisa, para oferta de
como primeira língua, e em português escrito, educação escolar bilíngue e intercultural aos
como segunda língua, em escolas bilíngues de estudantes surdos, surdocegos, com deficiência
surdos, classes bilíngues de surdos, escolas auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades
comuns ou em polos de educação bilíngue de ou superdotação ou com outras deficiências
surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com associadas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021).
deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas (Traz considerações importantes no sentido de
habilidades ou superdotação ou com outras atuar na formação bilíngue). Art. 79-C. A União
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apoiará técnica e financeiramente os sistemas de Art. 2º A educação, dever da família e do Estado,
ensino no provimento da educação bilíngue e inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
intercultural às comunidades surdas, com solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento de programas integrados de desenvolvimento do educando, seu preparo para o
ensino e pesquisa. (Incluído pela Lei nº 14.191, de exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
2021). (Trata da competência da União para com a
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos
nova modalidade, ou seja, mesmo que o Estado ou
seguintes princípios:
o DF oferte o ensino médio, fundamental e
I - Igualdade de condições para o acesso e
educação infantil, por exemplo, a educação
bilíngue de surdos deve ser apoiada pela União de permanência na escola;
II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
maneira técnica e financeira).
divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - Pluralismo de ideias e de concepções
TÍTULO I
pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à
DA EDUCAÇÃO
tolerância;
Art. 1º A educação abrange os processos V - Coexistência de instituições públicas e privadas
formativos que se desenvolvem na vida familiar, de ensino;
na convivência humana, no trabalho, nas VI - Gratuidade do ensino público em
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos estabelecimentos oficiais;
sociais e organizações da sociedade civil e nas VII - Valorização do profissional da educação
manifestações culturais. escolar;
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se VIII - Gestão democrática do ensino público, na
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
em instituições próprias. IX - Garantia de padrão de qualidade;
X - Valorização da experiência extraescolar;
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao
XI - Vinculação entre a educação escolar, o
mundo do trabalho e à prática social.
trabalho e as práticas sociais.
TÍTULO II
- consideração com a diversidade étnico-racial.
DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO
NACIONAL XII - Garantia do direito à educação e à
aprendizagem ao longo da vida. (Incluído pela Lei nº
13.632, de 2018)

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TÍTULO III aos que forem trabalhadores as condições de acesso e
DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER permanência na escola; VIII - atendimento ao educando,
DE EDUCAR em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar
pública será efetivado mediante a garantia de: à saúde;

I - Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 IX - Padrões mínimos de qualidade de ensino,


(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da definidos como a variedade e quantidade mínimas, por
seguinte forma: aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento
a) pré-escola; do processo de ensino- aprendizagem.
b) ensino fundamental; X - Vaga na escola pública de educação infantil ou
c) ensino médio; de ensino fundamental mais próxima de sua residência a
II - Educação infantil gratuita às crianças de até 5 toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro)
(cinco) anos de idade; anos de idade.
III - Atendimento educacional especializado
gratuito aos educandos com deficiência, transtornos
Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão,
superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e
grupo de cidadãos, associação comunitária, organização
modalidades, preferencialmente na rede regular de
sindical, entidade de classe ou outra legalmente
ensino;
constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o
IV - Acesso público e gratuito aos ensinos
poder público para exigi-lo.
fundamental e médio para todos os que não os
concluíram na idade própria; § 1o O poder público, na esfera de sua competência
V - Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da federativa, deverá:
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de I - Recensear anualmente as crianças e
cada um; adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e
VI - Oferta de ensino noturno regular, adequado às adultos que não concluíram a educação básica;
condições do educando; II - Fazer-lhes a chamada pública;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens III - Zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela
e adultos, com características e modalidades adequadas frequência à escola.
às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se
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§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder III - Capacidade de autofinanciamento, ressalvado o
Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino previsto no art. 213 da Constituição Federal.
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em
TÍTULO IV
seguida os demais níveis e modalidades de ensino,
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
conforme as prioridades constitucionais e legais.
NACIONAL
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os
Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a
respectivos sistemas de ensino.
ação judicial correspondente.
§ 1º Caberá à União a coordenação da política
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade
nacional de educação, articulando os diferentes níveis e
competente para garantir o oferecimento do ensino
sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e
obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de
supletiva em relação às demais instâncias educacionais.
responsabilidade.
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade
organização nos termos desta Lei.
de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de
acesso aos diferentes níveis de ensino,
independentemente da escolarização anterior. Art. 9º A União incumbir-se-á de:

I - Elaborar o Plano Nacional de Educação, em

Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os

matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 Municípios;


II - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e
(quatro) anos de idade.
instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos
Territórios;
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada,
III - Prestar assistência técnica e financeira aos
atendidas as seguintes condições:
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
I - Cumprimento das normas gerais da educação desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o
nacional e do respectivo sistema de ensino; atendimento prioritário à escolaridade obrigatória,
II - Autorização de funcionamento e avaliação de exercendo sua função redistributiva e supletiva;
qualidade pelo Poder Público;

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o supervisão e atividade permanente, criado por lei. § 2°
Distrito Federal e os Municípios, competências e Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental União terá acesso a todos os dados e informações
e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus necessários de todos os estabelecimentos e órgãos
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação educacionais.
básica comum;
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde
o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e que mantenham instituições de educação superior.
procedimentos para identificação, cadastramento e
atendimento, na educação básica e na educação superior,
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
de alunos com altas habilidades ou superdotação;
I - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e
(Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;
V - Coletar, analisar e disseminar informações
II - Definir, com os Municípios, formas de
sobre a educação;
colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais
VI - Assegurar processo nacional de avaliação do
devem assegurar a distribuição proporcional das
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e
responsabilidades, de acordo com a população a ser
superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
uma dessas esferas do Poder Público;
qualidade do ensino;
III - Elaborar e executar políticas e planos
VII - Baixar normas gerais sobre cursos de
educacionais, em consonância com as diretrizes e planos
graduação e pós- graduação;
nacionais de educação, integrando e coordenando as
VIII - Assegurar processo nacional de avaliação das
suas ações e as dos seus Municípios;
instituições de educação superior, com a cooperação dos
IV - Autorizar, reconhecer, credenciar,
sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível
supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das
de ensino;
instituições de educação superior e os estabelecimentos
IX - Autorizar, reconhecer, credenciar,
do seu sistema de ensino;
supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das
V - Baixar normas complementares para o seu
instituições de educação superior e os estabelecimentos
sistema de ensino;
do seu sistema de ensino.
VI - Assegurar o ensino fundamental e oferecer,
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho com prioridade, o ensino médio a todos que o
Nacional de Educação, com funções normativas e de demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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VII - Assumir o transporte escolar dos alunos da Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas
rede estadual. as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
incumbência de:
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão
as competências referentes aos Estados e aos I - Elaborar e executar sua proposta pedagógica;
Municípios. II - Administrar seu pessoal e seus recursos
materiais e financeiros;
III - Assegurar o cumprimento dos dias letivos e
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
horas-aula estabelecidas;
I - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e IV - Velar pelo cumprimento do plano de trabalho
instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, de cada docente;
integrando-os às políticas e planos educacionais da V - Prover meios para a recuperação dos alunos de
União e dos Estados; menor rendimento;
II - Exercer ação redistributiva em relação às suas VI - Articular-se com as famílias e a comunidade,
escolas; criando processos de integração da sociedade com a
III - Baixar normas complementares para o seu escola;
sistema de ensino; VII - Informar pai e mãe, conviventes ou não com
IV - Autorizar, credenciar e supervisionar os seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais,
estabelecimentos do seu sistema de ensino; sobre a frequência e
V - Oferecer a educação infantil em creches e pré-
rendimento dos alunos, bem como sobre a execução
escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental,
da proposta pedagógica da escola;
permitida a atuação em outros níveis de ensino somente
quando estiverem atendidas plenamente as necessidades VIII - Notificar ao Conselho Tutelar do Município,
de sua área de competência e com recursos acima dos ao juiz competente da Comarca e ao respectivo
percentuais mínimos vinculados pela Constituição representante do Ministério Público a relação dos alunos
Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta
VI - Assumir o transporte escolar dos alunos da por cento do percentual permitido em lei;
rede municipal. IX - Promover medidas de conscientização, de
prevenção e de combate a todos os tipos de violência,
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar,
especialmente a intimidação sistemática (bullying), no
ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino ou
âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de
compor com ele um sistema único de educação básica.
2018)

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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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X - Estabelecer ações destinadas a promover a integram progressivos graus de autonomia pedagógica e
cultura de paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, administrativa e de gestão financeira, observadas as
de 2018) normas gerais de direito financeiro público.

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: I -
as instituições de ensino mantidas pela União;
I - Participar da elaboração da proposta pedagógica
do estabelecimento de ensino; II - As instituições de educação superior criadas e
II - Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo mantidas pela iniciativa privada;
a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - Os órgãos federais de educação.
III - Zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - Estabelecer estratégias de recuperação para os
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do
alunos de menor rendimento;
Distrito Federal compreendem:
V - Ministrar os dias letivos e horas-aula
I - As instituições de ensino mantidas,
estabelecidos, além de participar integralmente dos
períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo

desenvolvimento profissional; Distrito Federal;


II - As instituições de educação superior mantidas
VI - Colaborar com as atividades de articulação da
escola com as famílias e a comunidade. pelo Poder Público municipal;
III - As instituições de ensino fundamental e médio
criadas e mantidas pela iniciativa privada;
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas
IV - Os órgãos de educação estaduais e do Distrito
da gestão democrática do ensino público na educação
Federal, respectivamente.
básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme
os seguintes princípios: Parágrafo único. No Distrito Federal, as
instituições de educação infantil, criadas e mantidas
I - Participação dos profissionais da educação na
pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino.
elaboração do projeto pedagógico da escola;
II - Participação das comunidades escolar e local
em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 18. Os sistemas municipais de ensino
compreendem:

Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às


unidades escolares públicas de educação básica que os
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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I - As instituições do ensino fundamental, mais pessoas jurídicas que atendem a orientação
médio e de educação infantil mantidas pelo confessional e ideologia específicas e ao disposto no
Poder Público municipal; inciso anterior;
II - As instituições de educação infantil IV - Filantrópicas, na forma da lei.
criadas e mantidas pela iniciativa privada;
III - Os órgãos municipais de educação.
TÍTULO V
Art. 19. As instituições de ensino dos Dos Níveis e das Modalidades de Educação e
diferentes níveis classificam-se nas seguintes Ensino CAPÍTULO I
categorias administrativas:
Da Composição dos Níveis Escolares
I - Públicas, assim entendidas as criadas ou
incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
Público;
I - Educação básica, formada pela educação
II - Privadas, assim entendidas as mantidas e
infantil, ensino fundamental e ensino médio;
administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
II - Educação superior.
privado.

CAPÍTULO II
Art. 20. As instituições privadas de ensino se
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
enquadrarão nas seguintes categorias: (Regulamento)
SEÇÃO I
I - Particulares em sentido estrito, assim
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
entendidas as que são instituídas e mantidas por uma
ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado
que não apresentem as características dos incisos Art. 22. A educação básica tem por
abaixo; finalidades desenvolver o educando, assegurar-
II - Comunitárias, assim entendidas as que são lhe a formação comum indispensável para o
instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas progredir no trabalho e em estudos posteriores.
educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua
entidade mantenedora representantes da comunidade;
Art. 23. A educação básica poderá organizar-
III - Confessionais, assim entendidas as que são
se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou
alternância regular de períodos de estudos, grupos
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não-seriados, com base na idade, na competência b) por transferência, para candidatos procedentes
e em outros critérios, ou por forma diversa de de outras escolas;
organização, sempre que o interesse do processo c) independentemente de escolarização anterior,
de aprendizagem assim o recomendar. mediante avaliação feita pela escola, que defina o
grau de desenvolvimento e experiência do candidato
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos,
e permita sua inscrição na série ou etapa adequada,
inclusive quando se tratar de transferências entre
conforme regulamentação do respectivo sistema de
estabelecimentos situados no País e no exterior,
ensino;
tendo como base as normas curriculares gerais.
III - Nos estabelecimentos que adotam a
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às progressão regular por série, o regimento escolar
peculiaridades locais, inclusive climáticas e pode admitir formas de progressão parcial, desde
econômicas, a critério do respectivo sistema de que preservada a sequência do currículo,
ensino, sem com isso reduzir o número de horas observadas as normas do respectivo sistema de
letivas previsto nesta Lei. ensino;
IV - Poderão organizar-se classes, ou turmas,

Art. 24. A educação básica, nos níveis com alunos de séries distintas, com níveis

fundamental e médio, será organizada de acordo com equivalentes de adiantamento na matéria, para o

as seguintes regras comuns: ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros


componentes curriculares;
I - A carga horária mínima anual será de
V - A verificação do rendimento escolar
oitocentas horas para o ensino fundamental e para o
observará os seguintes critérios:
ensino médio, distribuídas por um mínimo de
a) avaliação contínua e cumulativa do
duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o
desempenho do aluno, com prevalência dos
tempo reservado aos exames finais, quando houver;
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
resultados ao longo do período sobre os de
II - A classificação em qualquer série ou etapa,
eventuais provas finais;
exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser
b) possibilidade de aceleração de estudos
feita:
para alunos com atraso escolar;
a) por promoção, para alunos que cursaram,
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas
com aproveitamento, a série ou fase anterior, na
séries mediante verificação do aprendizado;
própria escola;
d) aproveitamento de estudos concluídos
com êxito;
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e) obrigatoriedade de estudos de XII Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema
recuperação, de preferência paralelos ao período de ensino, à vista das condições disponíveis e das
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, características regionais e locais, estabelecer
a serem disciplinados pelas instituições de ensino parâmetro para atendimento do disposto neste artigo.
em seus regimentos;
XIII
VI - O controle de frequência fica a cargo da
XIV Art. 26. Os currículos da educação infantil, do
escola, conforme o disposto no seu regimento e
ensino fundamental e do ensino médio devem ter base
nas normas do respectivo sistema de ensino,
nacional comum, a ser complementada, em cada
exigida a frequência mínima de setenta e cinco
sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar,
por cento do total de horas letivas para aprovação;
por uma parte diversificada, exigida pelas
VII - Cabe a cada instituição de ensino expedir
características regionais e locais da sociedade, da
históricos escolares, declarações de conclusão de
cultura, da economia e dos educandos.
série e diplomas ou certificados de conclusão de
XV § 1º Os currículos a que se refere o caput
cursos, com as especificações cabíveis.
devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da
VIII§ 1º A carga horária mínima anual de que trata
língua portuguesa e da matemática, o
o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma
conhecimento do mundo físico e natural e da
progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas
realidade social e política, especialmente do
horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no
Brasil.
prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas
anuais de carga horaria
expressões regionais, constituirá componente
IX § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a
curricular obrigatório da educação básica.
oferta de educação de jovens e adultos e de ensino
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017
noturno regular, adequado às condições do educando,
conforme o inciso VI do art. 4º. (Incluído pela Lei nº § 3º A educação física, integrada à proposta

13.415, de 2017) pedagógica da escola, é componente curricular


obrigatório da educação básica, sendo sua prática
X
facultativa ao aluno:
XI Art. 25. Será objetivo permanente das
I - Que cumpra jornada de trabalho igual ou
autoridades responsáveis alcançar relação adequada
entre o número de alunos e o professor, a carga horária superior a seis horas;
II - Maior de trinta anos de idade;
e as condições materiais do estabelecimento.

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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III - Que estiver prestando serviço militar § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
inicial ou que, em situação similar, estiver prevenção de todas as formas de violência contra a
obrigado à prática da educação física; criança e ao adolescente serão incluídos, como temas
IV - Amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de transversais, nos currículos escolares de que trata o
21 de outubro de 1969; caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069,
V - (Vetado) de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
VI - Que tenha prole. Adolescente), observada a produção e distribuição de
material didático adequado.
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em
conta as contribuições das diferentes culturas e § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será
etnias para a formação do povo brasileiro, incluída entre os temas transversais de que trata o
especialmente das matrizes indígena, africana e caput. (Incluído pela Lei nº 13.666, de 2018)
europeia.
§ 10. A inclusão de novos componentes
§ 5º No currículo do ensino fundamental, a partir curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional
do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação Comum Curricular dependerá de aprovação do
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) Conselho Nacional de Educação e de homologação
pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela
§ 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro
Lei nº 13.415, de 2017)
são as linguagens que constituirão o componente
curricular de que trata o § 2º deste artigo. (Redação
dada pela Lei nº 13.278, de 2016). Art. 26.A - Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a
privados, torna-se obrigatório o estudo da história
critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas
e cultura afro-brasileira e indígena.
envolvendo os temas transversais de que trata o caput.
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 1º O conteúdo programático a que se refere
este artigo incluirá diversos aspectos da história e
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional
da cultura que caracterizam a formação da
constituirá componente curricular complementar
população brasileira, a partir desses dois grupos
integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a
étnicos, tais como o estudo da história da África e
sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas)
dos africanos, a luta dos negros e dos povos
horas mensais.
indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena
brasileira e o negro e o índio na formação da

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sociedade nacional, resgatando as suas II - Organização escolar própria, incluindo
contribuições nas áreas social, econômica e adequação do calendário escolar às fases do ciclo
política, pertinentes à história do Brasil. agrícola e às condições climáticas;
III - Adequação à natureza do trabalho na zona
§ 2º Os conteúdos referentes à história e
rural. Parágrafo único. O fechamento de escolas do
cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
campo,
brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, em especial nas áreas de indígenas e quilombolas será precedido de
educação artística e de literatura e história manifestação do órgão normativo do respectivo
brasileiras. sistema de ensino, que considerará a justificativa
apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do
Art. 27. Os conteúdos curriculares da
diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da
educação básica observarão, ainda, as seguintes
comunidade escolar.
diretrizes:

I - a difusão de valores fundamentais ao interesse


SEÇÃO II
social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
ao bem comum e à ordem democrática;
II - Consideração das condições de escolaridade
dos alunos em cada estabelecimento; Art. 29. A educação infantil, primeira etapa
III - Orientação para o trabalho; da educação básica, tem como finalidade o
IV - Promoção do desporto educacional e apoio desenvolvimento integral da criança de até 5
às práticas desportivas não-formais. (cinco) anos, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da
Art. 28. Na oferta de educação básica para a
comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796,
população rural, os sistemas de ensino promoverão as
de 2013)
adaptações necessárias à sua adequação às
peculiaridades da vida rural e de cada região,
especialmente: Art. 30. A educação infantil será oferecida
em:
I - Conteúdos curriculares e metodologias
apropriadas às reais necessidades e interesses dos I - Creches, ou entidades equivalentes, para
alunos da zona rural; crianças de até três anos de idade;

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II - Pré-escolas, para as crianças de 4 I - O desenvolvimento da capacidade de
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade. aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio
da leitura, da escrita e do cálculo;
Art. 31. A educação infantil será organizada
II - A compreensão do ambiente natural e social,
de acordo com as seguintes regras comuns:
do sistema político, da tecnologia, das artes e dos
I - Avaliação mediante acompanhamento e valores em que se fundamenta a sociedade;
registro do desenvolvimento das crianças, sem o III - O desenvolvimento da capacidade de
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
ensino fundamental; conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes
II - Carga horária mínima anual de 800 e valores;
(oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de IV - O fortalecimento dos vínculos de família,
200 (duzentos) dias de trabalho educacional; dos laços de solidariedade humana e de tolerância
III - Atendimento à criança de, no mínimo, 4 recíproca em que se assenta a vida social.
(quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino
(sete) horas para a jornada integral;
desdobrar o ensino fundamental em ciclos.
IV - Controle de frequência pela instituição de
educação pré- escolar, exigida a frequência mínima de § 2º Os estabelecimentos que utilizam
60% (sessenta por cento) do total de horas; progressão regular por série podem adotar no
V - Expedição de documentação que permita ensino fundamental o regime de progressão
atestar os processos de desenvolvimento e continuada, sem prejuízo da avaliação do
aprendizagem da criança. processo de ensino-aprendizagem, observadas as
normas do respectivo sistema de ensino.

SEÇÃO III § 3º O ensino fundamental regular será


DO ENSINO FUNDAMENTAL ministrado em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas a utilização de suas
línguas maternas e processos próprios de
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com
aprendizagem.
duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública,
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por § 4º O ensino fundamental será presencial,
objetivo a formação básica do cidadão, mediante: sendo o ensino a distância utilizado como
complementação da aprendizagem ou em
situações emergenciais.

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§ 5o O currículo do ensino fundamental § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e
incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos das formas alternativas de organização autorizadas
direitos das crianças e dos adolescentes, tendo nesta Lei.

como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de § 2º O ensino fundamental será ministrado


1990, que institui o Estatuto da Criança e do progressivamente em tempo integral, a critério dos
Adolescente, observada a produção e distribuição sistemas de ensino.
de material didático adequado.
SEÇÃO IV
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais DO ENSINO MÉDIO
será incluído como tema transversal nos
currículos do ensino fundamental.
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação
básica, com duração mínima de três anos, terá como
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula finalidades:
facultativa, é parte integrante da formação básica do
I - a consolidação e o aprofundamento dos
cidadão e constitui disciplina dos horários normais
conhecimentos adquiridos no ensino
das escolas públicas de ensino fundamental,
fundamental, possibilitando o prosseguimento de
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa
estudos;
do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
II - A preparação básica para o trabalho e a
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os cidadania do educando, para continuar
procedimentos para a definição dos conteúdos do aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar
ensino religioso e estabelecerão as normas para a com flexibilidade a novas condições de ocupação
habilitação e admissão dos professores. ou aperfeiçoamento posteriores;

§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, III - O aprimoramento do educando como

constituída pelas diferentes denominações religiosas, pessoa humana, incluindo a formação ética e o

para a definição dos conteúdos do ensino religioso. desenvolvimento da autonomia intelectual e do


pensamento crítico;
IV - A compreensão dos fundamentos
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental
científico-tecnológicos dos processos produtivos,
incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo
relacionando a teoria com a prática, no ensino de
em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o
cada disciplina.
período de permanência na escola.

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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Art. 35-A. A Base Nacional Comum § 4º Os currículos do ensino médio incluirão,
Curricular definirá direitos e objetivos de obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e
aprendizagem do ensino médio, conforme poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em
diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de
seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela acordo com a disponibilidade de oferta, locais e
Lei nº 13.415, de 2017) horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído
pela Lei nº 13.415, de 2017)
I - Linguagens e suas tecnologias; (Incluído
pela Lei nº 13.415, de 2017) § 5º A carga horária destinada ao cumprimento
II - Matemática e suas tecnologias; (Incluído da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser
pela Lei nº 13.415, de 2017) superior a mil e oitocentas horas do total da carga
III - Ciências da natureza e suas tecnologias; horária do ensino médio, de acordo com a definição
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) dos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415,
IV - Ciências humanas e sociais aplicadas. de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 6º A União estabelecerá os padrões de
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que desempenho esperados para o ensino médio, que
trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de serão referência nos processos nacionais de
ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional avaliação, a partir da Base Nacional Comum
Comum Curricular e ser articulada a partir do Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
contexto histórico, econômico, social, ambiental e
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão
cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
considerar a formação integral do aluno, de
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular maneira a adotar um trabalho voltado para a
referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente construção de seu projeto de vida e para sua
estudos e práticas de educação física, arte, sociologia formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio
e filosofia. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) emocionais. (Incluído pela Lei nº 13.415, de
2017)
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da
matemática será obrigatório nos três anos do ensino § 8º Os conteúdos, as metodologias e as
médio, assegurada às comunidades indígenas, formas de avaliação processual e formativa serão
também, a utilização das respectivas línguas organizados nas redes de ensino por meio de
maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) atividades teóricas e práticas, provas orais e
escritas, seminários, projetos e atividades on-line,

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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de tal forma que ao final do ensino médio o de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema
educando demonstre: (Incluído pela Lei nº de ensino. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
13.415, de 2017)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
I - Domínio dos princípios científicos e 13.415, de 2017) II - (revogado); (Redação dada
tecnológicos que presidem a produção moderna; pela Lei nº 13.415, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 2º Revogado pela Lei nº 11.741/08
II - Conhecimento das formas
contemporâneas de linguagem. (Incluído pela Lei § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá

nº 13.415, de 2017) ser composto itinerário formativo integrado, que


se traduz na composição de componentes
curriculares da Base Nacional Comum Curricular
Art. 36. O currículo do ensino médio será
composto pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos,

e por itinerários formativos, que deverão ser considerando os incisos I a V do caput. (Redação

organizados por meio da oferta de diferentes dada pela Lei nº 13.415, de 2017)

arranjos curriculares, conforme a relevância para § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
o contexto local e a possibilidade dos sistemas de
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante
ensino, a saber: (Redação dada pela Lei nº 13.415,
disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao
de 2017)
aluno concluinte do ensino médio cursar mais um
I - Linguagens e suas tecnologias; (Redação itinerário formativo de que trata o caput. (Incluído
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) pela Lei nº 13.415, de 2017)
II - Matemática e suas tecnologias; (Redação
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a
dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
oferta de formação com ênfase técnica e
III - Ciências da natureza e suas tecnologias;
profissional considerará: (Incluído pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
13.415, de 2017)
IV - Ciências humanas e sociais aplicadas;
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) I - A inclusão de vivências práticas de
V - Formação técnica e profissional. trabalho no setor produtivo ou em ambientes de
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) simulação, estabelecendo parcerias e fazendo
uso, quando aplicável, de instrumentos
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput
estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem
e das respectivas competências e habilidades será feita

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº
2017) 13.415, de 2017)
II - A possibilidade de concessão de
§ 10. Além das formas de organização
certificados intermediários de qualificação para o
previstas no art. 23, o ensino médio poderá ser
trabalho, quando a formação for estruturada e
organizado em módulos e adotar o sistema de
organizada em etapas com terminalidade.
créditos com terminalidade específica. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 7º A oferta de formações experimentais
§ 11. Para efeito de cumprimento das
relacionadas ao inciso V do caput, em áreas que
exigências curriculares do ensino médio, os
não constem do Catálogo Nacional dos Cursos
sistemas de ensino poderão reconhecer
Técnicos, dependerá, para sua continuidade, do
competências e firmar convênios com instituições
reconhecimento pelo respectivo Conselho
de educação a distância com notório
Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da
reconhecimento, mediante as seguintes formas de
inserção no Catálogo Nacional dos Cursos
comprovação: (Incluído pela Lei nº 13.415, de
Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da
2017)
data de oferta inicial da formação. (Incluído pela
I - Demonstração prática; (Incluído pela Lei
Lei nº 13.415, de 2017)
nº 13.415, de 2017)
§ 8º A oferta de formação técnica e
II - Experiência de trabalho supervisionado
profissional a que se refere o inciso V do caput,
ou outra experiência adquirida fora do ambiente
realizada na própria instituição ou em parceria
escolar; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
com outras instituições, deverá ser aprovada
III - Atividades de educação técnica
previamente pelo Conselho Estadual de
oferecidas em outras instituições de ensino
Educação, homologada pelo Secretário Estadual
credenciadas; (Incluído pela Lei nº 13.415, de
de Educação e certificada pelos sistemas de
2017)
ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)

§ 9º As instituições de ensino emitirão NOVO ENSINO MÉDIO


certificado com validade nacional, que habilitará
LEI Nº 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE
o concluinte do ensino médio ao prosseguimento
2017.
dos estudos em nível superior ou em outros cursos
ou formações para os quais a conclusão do ensino

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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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Altera as Leis n º 9.394, duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o
de 20 de dezembro de 1996, tempo reservado aos exames finais, quando houver;
que estabelece as diretrizes e
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o
bases da educação nacional, e
inciso I do caput deverá ser ampliada de forma
11.494, de 20 de junho 2007,
progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas
que regulamenta o Fundo de
horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no
Manutenção e
prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas
Desenvolvimento da
anuais de carga horária, a partir de 2 de março de
Educação Básica e de
Conversão
2017.
Valorização dos Profissionais
da Medida
da Educação, a Consolidação
Provisória nº § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta
das Leis do Trabalho - CLT,
746, de 2016. de educação de jovens e adultos e de ensino noturno
aprovada pelo Decreto-Lei nº
regular, adequado às condições do educando,
5.452, de 1º de maio de 1943,
conforme o inciso VI do art. 4º .” (NR)
e o Decreto-Lei nº 236, de 28
de fevereiro de 1967; revoga a Art. 2º O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de
Lei nº 11.161, de 5 de agosto dezembro de 1996 , passa a vigorar com as seguintes
de 2005; e institui a Política de alterações:
Fomento à Implementação de
“Art. 26.
Escolas de Ensino Médio em
Tempo Integral.
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas
expressões regionais, constituirá componente
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço
curricular obrigatório da educação básica.
saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
§ 5º No currículo do ensino fundamental, a partir
do sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
Art. 1º O art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 , passa a vigorar com as seguintes
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a
alterações :“Art. 24.
critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas
envolvendo os temas transversais de que trata
I - a carga horária mínima anual será de
o caput .
oitocentas horas para o ensino fundamental e para o
ensino médio, distribuídas por um mínimo de
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§ 10. A inclusão de novos componentes estudos e práticas de educação física, arte, sociologia
curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional e filosofia.
Comum Curricular dependerá de aprovação do
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da
Conselho Nacional de Educação e de homologação
matemática será obrigatório nos três anos do ensino
pelo Ministro de Estado da Educação.” (NR)
médio, assegurada às comunidades indígenas,
Art. 3º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de também, a utilização das respectivas línguas
1996 , passa a vigorar acrescida do seguinte art. 35- maternas.
A:
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão,
“ Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e
definirá direitos e objetivos de aprendizagem do poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em
ensino médio, conforme diretrizes do Conselho caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de
Nacional de Educação, nas seguintes áreas do acordo com a disponibilidade de oferta, locais e
conhecimento: horários definidos pelos sistemas de ensino.

I - Linguagens e suas tecnologias; § 5º A carga horária destinada ao cumprimento


da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser
II - Matemática e suas tecnologias;
superior a mil e oitocentas horas do total da carga
horária do ensino médio, de acordo com a definição
III - ciências da natureza e suas tecnologias;
dos sistemas de ensino.
IV - Ciências humanas e sociais aplicadas.
§ 6º A União estabelecerá os padrões de
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que desempenho esperados para o ensino médio, que
trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de serão referência nos processos nacionais de avaliação,
ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional a partir da Base Nacional Comum Curricular.
Comum Curricular e ser articulada a partir do
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão
contexto histórico, econômico, social, ambiental e
considerar a formação integral do aluno, de maneira
cultural.
a adotar um trabalho voltado para a construção de seu
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular projeto de vida e para sua formação nos aspectos
referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente físicos, cognitivos e socioemocionais.

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§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas § 1º A organização das áreas de que trata
de avaliação processual e formativa serão o caput e das respectivas competências e habilidades
organizados nas redes de ensino por meio de será feita de acordo com critérios estabelecidos em
atividades teóricas e práticas, provas orais e escritas, cada sistema de ensino.
seminários, projetos e atividades on-line , de tal
I - (revogado);
forma que ao final do ensino médio o educando
demonstre:
II - (revogado);

I - Domínio dos princípios científicos e


§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
tecnológicos que presidem a produção moderna;
composto itinerário formativo integrado, que se
traduz na composição de componentes curriculares da
II - Conhecimento das formas contemporâneas
Base Nacional Comum Curricular - BNCC e dos
de linguagem.”
itinerários formativos, considerando os incisos I a V
Art. 4º O art. 36 da Lei nº 9.394, de 20 de do caput .
dezembro de 1996 , passa a vigorar com as seguintes
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante
alterações:
disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao
“ Art. 36 . O currículo do ensino médio será aluno concluinte do ensino médio cursar mais um
composto pela Base Nacional Comum Curricular e itinerário formativo de que trata o caput .
por itinerários formativos, que deverão ser
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de
organizados por meio da oferta de diferentes arranjos
formação com ênfase técnica e profissional
curriculares, conforme a relevância para o contexto
considerará:
local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:

I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no


I - linguagens e suas tecnologias;
setor produtivo ou em ambientes de simulação,
II - matemática e suas tecnologias; estabelecendo parcerias e fazendo uso, quando
aplicável, de instrumentos estabelecidos pela
III - ciências da natureza e suas tecnologias;
legislação sobre aprendizagem profissional;

IV - ciências humanas e sociais aplicadas;


II - a possibilidade de concessão de certificados
intermediários de qualificação para o trabalho,
V - formação técnica e profissional.

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quando a formação for estruturada e organizada em § 11. Para efeito de cumprimento das exigências
etapas com terminalidade. curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino
poderão reconhecer competências e firmar convênios
§ 7º A oferta de formações experimentais
com instituições de educação a distância com notório
relacionadas ao inciso V do caput , em áreas que não
reconhecimento, mediante as seguintes formas de
constem do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos,
comprovação:
dependerá, para sua continuidade, do reconhecimento
pelo respectivo Conselho Estadual de Educação, no I - demonstração prática;
prazo de três anos, e da inserção no Catálogo
II - experiência de trabalho supervisionado ou
Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco
outra experiência adquirida fora do ambiente escolar;
anos, contados da data de oferta inicial da formação.

III - atividades de educação técnica oferecidas


§ 8º A oferta de formação técnica e profissional
em outras instituições de ensino credenciadas;
a que se refere o inciso V do caput , realizada na
própria instituição ou em parceria com outras
IV - Cursos oferecidos por centros ou programas
instituições, deverá ser aprovada previamente pelo
ocupacionais;
Conselho Estadual de Educação, homologada pelo
Secretário Estadual de Educação e certificada pelos V - Estudos realizados em instituições de ensino
sistemas de ensino. nacionais ou estrangeiras;

§ 9º As instituições de ensino emitirão VI - Cursos realizados por meio de educação a


certificado com validade nacional, que habilitará o distância ou educação presencial mediada por
concluinte do ensino médio ao prosseguimento dos tecnologias.
estudos em nível superior ou em outros cursos ou
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no
formações para os quais a conclusão do ensino médio
processo de escolha das áreas de conhecimento ou de
seja etapa obrigatória.
atuação profissional previstas no caput.” (NR)
§ 10. Além das formas de organização previstas
Art. 5º O art. 44 da Lei nº 9.394, de 20 de
no art. 23, o ensino médio poderá ser organizado em
dezembro de 1996 , passa a vigorar acrescido do
módulos e adotar o sistema de créditos com
seguinte § 3º :
terminalidade específica.

“Art. 44.

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§ 3º O processo seletivo referido no inciso II fundamental, a oferecida em nível médio, na
considerará as competências e as habilidades modalidade normal.
definidas na Base Nacional Comum Curricular.”
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de
(NR)
docentes terão por referência a Base Nacional
Art. 6º O art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de Comum Curricular.” (NR)
dezembro de 1996 , passa a vigorar com as seguintes
Art. 8º O art. 318 da Consolidação das Leis do
alterações:
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
“Art. 61. de 1º de maio de 1943 , passa a vigorar com a seguinte
redação:
IV - profissionais com notório saber reconhecido
pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar “ Art. 318 . O professor poderá lecionar em um
conteúdos de áreas afins à sua formação ou mesmo estabelecimento por mais de um turno, desde
experiência profissional, atestados por titulação que não ultrapasse a jornada de trabalho semanal
específica ou prática de ensino em unidades estabelecida legalmente, assegurado e não computado
educacionais da rede pública ou privada ou das o intervalo para refeição.” (NR)
corporações privadas em que tenham atuado,
Art. 9º O caput do art. 10 da Lei nº 11.494, de 20
exclusivamente para atender ao inciso V do caput do
de junho de 2007 , passa a vigorar acrescido do
art. 36;
seguinte inciso XVIII:
V - Profissionais graduados que tenham feito
“Art. 10.
complementação pedagógica, conforme disposto pelo
Conselho Nacional de Educação. (NR)
XVIII - formação técnica e profissional prevista
no inciso V do caput do art. 36 da Lei nº 9.394, de 20
Art. 7º O art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de
de dezembro de 1996 .” (NR)
dezembro de 1996 , passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 10. O art. 16 do Decreto-Lei nº 236, de 28 de
fevereiro de 1967 , passa a vigorar com as seguintes
“ Art. 62 . A formação de docentes para atuar na
alterações:
educação básica far-se-á em nível superior, em curso
de licenciatura plena, admitida, como formação
“Art. 16.
mínima para o exercício do magistério na educação
infantil e nos cinco primeiros anos do ensino
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§ 2º Os programas educacionais obrigatórios subsequente à data de homologação da Base Nacional
deverão ser transmitidos em horários compreendidos Comum Curricular.
entre as sete e as vinte e uma horas.
Art. 13. Fica instituída, no âmbito do Ministério
§ 3º O Ministério da Educação poderá celebrar da Educação, a Política de Fomento à Implementação
convênios com entidades representativas do setor de de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral.
radiodifusão, que visem ao cumprimento do disposto
Parágrafo único. A Política de Fomento de que
no caput , para a divulgação gratuita dos programas e
trata o caput prevê o repasse de recursos do
ações educacionais do Ministério da Educação, bem
Ministério da Educação para os Estados e para o
como à definição da forma de distribuição dos
Distrito Federal pelo prazo de dez anos por escola,
programas relativos à educação básica, profissional,
contado da data de início da implementação do ensino
tecnológica e superior e a outras matérias de interesse
médio integral na respectiva escola, de acordo com
da educação.
termo de compromisso a ser formalizado entre as
§ 4º As inserções previstas no caput destinam-se partes, que deverá conter, no mínimo:
exclusivamente à veiculação de mensagens do
I - Identificação e delimitação das ações a serem
Ministério da Educação, com caráter de utilidade
financiadas;
pública ou de divulgação de programas e ações
educacionais.” (NR)
II - Metas quantitativas;

Art. 11. O disposto no § 8º do art. 62 da Lei nº


III - cronograma de execução físico-financeira;
9.394, de 20 de dezembro de 1996 , deverá ser
implementado no prazo de dois anos, contado da IV - Previsão de início e fim de execução das
publicação da Base Nacional Comum Curricular. ações e da conclusão das etapas ou fases
programadas.
Art. 12. Os sistemas de ensino deverão
estabelecer cronograma de implementação das Art. 14. São obrigatórias as transferências de
alterações na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de recursos da União aos Estados e ao Distrito Federal,
1996 , conforme os arts. 2º, 3º e 4º desta Lei, no desde que cumpridos os critérios de elegibilidade
primeiro ano letivo subsequente à data de publicação estabelecidos nesta Lei e no regulamento, com a
da Base Nacional Comum Curricular, e iniciar o finalidade de prestar apoio financeiro para o
processo de implementação, conforme o referido atendimento de escolas públicas de ensino médio em
cronograma, a partir do segundo ano letivo
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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tempo integral cadastradas no Censo Escolar da de 20 de dezembro de 1996 , das escolas públicas
Educação Básica, e que: participantes da Política de Fomento.

I - Tenham iniciado a oferta de atendimento em § 4º Na hipótese de o Distrito Federal ou de o


tempo integral a partir da vigência desta Lei de acordo Estado ter, no momento do repasse do apoio
com os critérios de elegibilidade no âmbito da financeiro suplementar de que trata o caput , saldo em
Política de Fomento, devendo ser dada prioridade às conta de recursos repassados anteriormente, esse
regiões com menores índices de desenvolvimento montante, a ser verificado no último dia do mês
humano e com resultados mais baixos nos processos anterior ao do repasse, será subtraído do valor a ser
nacionais de avaliação do ensino médio; e repassado como apoio financeiro suplementar do
exercício corrente.
II - tenham projeto político-pedagógico que
obedeça ao disposto no art. 36 da Lei no 9.394, de 20 § 5º Serão desconsiderados do desconto previsto
dezembro de 1996 . no § 4º os recursos referentes ao apoio financeiro
suplementar, de que trata o caput , transferidos nos
§ 1º A transferência de recursos de que trata
últimos doze meses.
o caput será realizada com base no número de
matrículas cadastradas pelos Estados e pelo Distrito Art. 15. Os recursos de que trata o parágrafo
Federal no Censo Escolar da Educação Básica, desde único do art. 13 serão transferidos pelo Ministério da
que tenham sido atendidos, de forma cumulativa, os Educação ao Fundo Nacional do Desenvolvimento da
requisitos dos incisos I e II do caput . Educação - FNDE, independentemente da celebração
de termo específico.
§ 2º A transferência de recursos será realizada
anualmente, a partir de valor único por aluno, Art. 16. Ato do Ministro de Estado da Educação
respeitada a disponibilidade orçamentária para disporá sobre o acompanhamento da implementação
atendimento, a ser definida por ato do Ministro de do apoio financeiro suplementar de que trata o
Estado da Educação. parágrafo único do art. 13.

§ 3º Os recursos transferidos nos termos Art. 17. A transferência de recursos financeiros


do caput poderão ser aplicados nas despesas de prevista no parágrafo único do art. 13 será efetivada
manutenção e desenvolvimento previstas nos incisos automaticamente pelo FNDE, dispensada a
I, II, III , V e VIII do caput do art. 70 da Lei nº 9.394, celebração de convênio, acordo, contrato ou

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instrumento congênere, mediante depósitos em conta orçamentos do FNDE e do Ministério da Educação,
corrente específica. observados os limites de movimentação, de empenho
e de pagamento da programação orçamentária e
Parágrafo único. O Conselho Deliberativo do
financeira anual.
FNDE disporá, em ato próprio, sobre condições,
critérios operacionais de distribuição, repasse, Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de
execução e prestação de contas simplificada do apoio sua publicação.
financeiro.
Art. 22. Fica revogada a Lei nº 11.161, de 5
Art. 18. Os Estados e o Distrito Federal deverão de agosto de 2005 .
fornecer, sempre que solicitados, a documentação
PERGUNTAS E RESPOSTAS
relativa à execução dos recursos recebidos com base
REFERENTES AO NOVO ENSINO MÉDIO
no parágrafo único do art. 13 ao Tribunal de Contas
da União, ao FNDE, aos órgãos de controle interno
O QUE É O NOVO ENSINO MÉDIO?
do Poder Executivo federal e aos conselhos de
A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e
acompanhamento e controle social.
Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma
mudança na estrutura do ensino médio, ampliando o
Art. 19. O acompanhamento e o controle social
tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas
sobre a transferência e a aplicação dos recursos
para 1.000 horas anuais (até 2022) e definindo uma
repassados com base no parágrafo único do art. 13
nova organização curricular, mais flexível, que
serão exercidos no âmbito dos Estados e do Distrito
contemple uma Base Nacional Comum Curricular
Federal pelos respectivos conselhos previstos no art.
(BNCC) e a oferta de diferentes possibilidades de
24 da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007 .
escolhas aos estudantes, os itinerários formativos,
Parágrafo único. Os conselhos a que se refere com foco nas áreas de conhecimento e na formação
o caput analisarão as prestações de contas dos técnica e profissional. A mudança tem como
recursos repassados no âmbito desta Lei, formularão objetivos garantir a oferta de educação de qualidade à
parecer conclusivo acerca da aplicação desses todos os jovens brasileiros e de aproximar as escolas
recursos e o encaminharão ao FNDE. à realidade dos estudantes de hoje, considerando as
novas demandas e complexidades do mundo do
Art. 20. Os recursos financeiros correspondentes
trabalho e da vida em sociedade.
ao apoio financeiro de que trata o parágrafo único do
art. 13 correrão à conta de dotação consignada nos

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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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O QUE É A BASE NACIONAL COMUM irão ofertar, considerando um processo que envolva a
CURRICULAR (BNCC)? participação de toda a comunidade escolar.
É um conjunto de orientações que deverá nortear a
QUAIS SERÃO OS BENEFÍCIOS PARA OS
(re)elaboração dos currículos de referência das
ESTUDANTES COM A NOVA ORGANIZAÇÃO
escolas das redes públicas e privadas de ensino de
CURRICULAR?
todo o Brasil. A Base trará os conhecimentos
O Novo Ensino Médio pretende atender às
essenciais, as competências, habilidades e as
necessidades e às expectativas dos jovens,
aprendizagens pretendidas para crianças e jovens em
fortalecendo o protagonismo juvenil na medida em
cada etapa da educação básica. A BNCC pretende
que possibilita aos estudantes escolher o itinerário
promover a elevação da qualidade do ensino no país
formativo no qual desejam aprofundar seus
por meio de uma referência comum obrigatória para
conhecimentos. Um currículo que contemple uma
todas as escolas de educação básica, respeitando a
formação geral, orientada pela BNCC, e também
autonomia assegurada pela Constituição aos entes
itinerários formativos que possibilitem aos estudantes
federados e às escolas. A carga horária da BNCC deve
aprofundar seus estudos na(s) área(s) de
ter até 1800, a carga horária restante deverá ser
conhecimento com a(s) qual(is) se identificam ou,
destinada aos itinerários formativos, espaço de
ainda, em curso(s) ou habilitações de formação
escolha dos estudantes.
técnica e profissional, contribuirá para maior
E O QUE SÃO OS ITINERÁRIO interesse dos jovens em acessar a escola e,
FORMATIVOS? consequentemente, para sua permanência e melhoria
Os itinerários formativos são o conjunto de dos resultados da aprendizagem.
disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo,
OS ESTUDANTES SERÃO ORIENTADOS
entre outras situações de trabalho, que os estudantes
PARA A ESCOLHA DOS ITINERÁRIOS
poderão escolher no ensino médio. Os itinerários
FORMATIVOS?
formativos podem se aprofundar nos conhecimentos
A lei dispõe sobre o desenvolvimento de projetos de
de uma área do conhecimento (Matemáticas e suas
vida dos estudantes, o que será o momento
Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias,
desencadeador para refletir sobre o que se deseja e
Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências
conhecer as possibilidades do Novo Ensino Médio. A
Humanas e Sociais Aplicadas) e da formação técnica
escola deverá criar os espaços e tempos de diálogo
e profissional (FTP) ou mesmo nos conhecimentos de
com os estudantes, mostrando suas possibilidades de
duas ou mais áreas e da FTP. As redes de ensino terão
escolha, avaliando seus interesses e,
autonomia para definir quais os itinerários formativos
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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consequentemente, orientando-os nessas escolhas. E LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA?
Ou seja, é fundamental trabalhar o desenvolvimento A LDB inclui, no ensino médio, obrigatoriamente,
do projeto de vida dos estudantes, para que sejam estudos e práticas de educação física, arte, sociologia
capazes de fazer escolhas responsáveis e conscientes, e filosofia (Art. 35-A, § 2°). Já o ensino de língua
em diálogo com seus anseios e aptidões. portuguesa e matemática será obrigatório nos três
anos do ensino médio, assegurada às comunidades
COMO SERÁ A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
indígenas, também, a utilização das respectivas
E TÉCNICA DO ESTUDANTE?
línguas maternas (LDB, Art. 35-A, §3°),
A formação profissional e técnica será mais uma
independente da(s) área(s) de aprofundamento que o
alternativa para o aluno. O Novo Ensino Médio
estudante escolher em seu itinerário formativo.
permitirá que o jovem opte por uma formação
profissional e técnica dentro da carga horária do E A LÍNGUA INGLESA? POR QUE FOI
ensino médio regular. Ao final dos três anos, os ESCOLHIDA COMO OBRIGATÓRIA?
sistemas de ensino deverão certificá-lo no ensino Anteriormente, a LDB não trazia a língua inglesa
médio e no curso técnico ou nos cursos como estudo obrigatório. A Lei nº 13.415/2017 torna
profissionalizantes que escolheu. o inglês obrigatório desde o 6º ano do ensino
fundamental até o ensino médio. Os sistemas de
O NOVO ENSINO MÉDIO EXCLUI
ensino poderão ofertar outras línguas estrangeiras se
DISCIPLINAS DOS CURRÍCULOS?
assim desejarem, preferencialmente o espanhol.
Não. Pelo contrário, a proposta atual da BNCC,
aprovada pelo Conselho Nacional de Educação PROFISSIONAIS COM NOTÓRIO SABER
(CNE), mobiliza conhecimentos de todos os PODERÃO ATUAR COMO DOCENTES NO
componentes curriculares em suas competências e ITINERÁRIO DE FORMAÇÃO
habilidades e, portanto, torna seu desenvolvimento PROFISSIONAL E TÉCNICA?
obrigatório. Os currículos de referência das redes e os A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Art. 61, IV)
Projetos Pedagógicos das escolas que irão definir a permite a atuação dos profissionais com notório saber
organização e a forma de ensino dos conteúdos e exclusivamente para atender a formação técnica e
conhecimentos de cada um desses componentes, profissional e estes profissionais deverão ser
considerando as particularidades e características de reconhecidos pelos respectivos sistemas de ensino,
cada região. para ministrar conteúdos de áreas afins à sua
formação ou experiência profissional, atestados por
COMO FICARÁ A OFERTA DE EDUCAÇÃO
titulação específica ou prática de ensino em unidades
FÍSICA, ARTE, SOCIOLOGIA E FILOSOFIA?
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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educacionais da rede pública ou privada ou das homologação, no primeiro ano letivo subsequente à
corporações privadas em que tenham atuado. data de publicação da BNCC, os sistemas de ensino
deverão estabelecer um cronograma de
COMO FICARÁ O ENEM COM A
implementação. O início da implementação da BNCC
IMPLEMENTAÇÃO DA NOVA ESTRUTURA
nas escolas de ensino médio deve ocorrer a partir do
DO ENSINO MÉDIO?
segundo ano subsequente à sua data de publicação.
A Lei do Novo Ensino Médio, que altera a LDB, não
Ou seja, as redes não precisarão implementar todas as
trata especificamente do ENEM. O MEC
mudanças de uma só vez. Haverá um período para
compreende que o ENEM deverá se adequar à
planejamento e implementação do Novo Ensino
BNCC, portanto a mudança será gradual e só deverá
Médio.
ocorrer a partir de 2020.
COMO SERÃO IMPLEMENTADAS AS
COMO SERÁ A FORMAÇÃO DE
ESCOLAS EM TEMPO INTEGRAL?
PROFESSORES?
A formação de professores para atuar na educação
básica, conforme disposto na LDB, será realizada em O Ministério da Educação, por meio da Portaria nº
nível superior, em curso de licenciatura plena, 1.145/2016 substituída pela Portaria nº. 727/2017,
admitida, como formação mínima para o exercício do instituiu o Programa de Fomento à Implementação de
magistério na educação infantil e nos cinco primeiros Escolas em Tempo Integral, e a Lei nº 13.415/2017
anos do ensino fundamental, a formação em nível instituiu a Política de Fomento à Implementação de
médio, na modalidade normal (LDB, Art. 62). Os Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral,
profissionais graduados que tenham feito estabelecendo um período de 10 anos para repasse de
complementação pedagógica também podem atuar na recursos às SEE.
educação básica, conforme disposto pelo Conselho
O investimento do governo federal será de R$ 1,5
Nacional de Educação (Art. 61, V).
bilhão até 2018, correspondendo a R$ 2.000 por
QUANDO SERÁ OFERTADO O NOVO aluno/ano com previsão de atender,
CURRÍCULO NAS ESCOLAS DE ENSINO aproximadamente, 500 mil novas matrículas de
MÉDIO? tempo integral. Os recursos são repassados às SEE e
A oferta do novo currículo depende da aprovação do estas executam Plano de Trabalho já aprovado pelo
documento da Base Nacional Comum Curricular MEC, quando da adesão ao programa. Vale lembrar
(BNCC) pelo CNE e homologação pelo MEC, o que que o PNE estabelece que, até 2024, o país deve
está previsto para acontecer em 2018. Após a atender, pelo menos, 25% das matrículas da educação
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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básica em tempo integral. É importante ressaltar que a) visando ao planejamento e ao
a lei do Novo Ensino Médio não determina que todas desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
as escolas passem a ter o ensino médio integral, mas
sinaliza que, progressivamente, as matrículas em
Art. 36.D- Os diplomas de cursos de educação
tempo integral sejam ampliadas.
profissional técnica de nível médio, quando
registrados, terão validade nacional e habilitarão ao
SEÇÃO IV-A
prosseguimento de estudos na educação superior.
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
técnica de nível médio, nas formas articulada
concomitante e subsequente, quando estruturados e
Art. 36.A- Sem prejuízo do disposto na Seção
organizados em etapas com terminalidade,
IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a
possibilitarão a obtenção de certificados de
formação geral do educando, poderá prepará-lo
qualificação para o trabalho após a conclusão, com
para o exercício de profissões técnicas.
aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
Parágrafo único. A preparação geral para o
qualificação para o trabalho.
trabalho e, facultativamente, a habilitação
SEÇÃO V
profissional poderá ser desenvolvida nos próprios
DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
estabelecimentos de ensino médio ou em
cooperação com instituições especializadas em
educação profissional. Art. 37. A educação de jovens e adultos será
destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
Art. 36.B- A educação profissional técnica de
médio na idade própria e constituirá instrumento para
nível médio será desenvolvida nas seguintes
a educação e a aprendizagem ao longo da vida.
formas:
(Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
I - Articulada com o ensino médio;
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
II - Subsequente, em cursos destinados a
aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os
quem já tenha concluído o ensino médio.
estudos na idade regular, oportunidades educacionais
Parágrafo único. A educação profissional
apropriadas, consideradas as características do
técnica de nível médio deverá observar:
alunado, seus interesses, condições de vida e de
trabalho, mediante cursos e exames.
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da
e a permanência do trabalhador na escola, mediante tecnologia.
ações integradas e complementares entre si.
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular- poderão ser organizados por eixos tecnológicos,
se, preferencialmente, com a educação profissional, na possibilitando a construção de diferentes itinerários
forma do regulamento. formativos, observadas as normas do respectivo
sistema e nível de ensino.

Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e § 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá
exames supletivos, que compreenderão a base nacional os seguintes cursos:
comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de
I - De formação inicial e continuada ou
estudos em caráter regular.
qualificação profissional;
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se- II - De educação profissional técnica de nível
ão: médio;

I - No nível de conclusão do ensino III - De educação profissional tecnológica de

fundamental, para os maiores de quinze anos; graduação e pós-graduação.

II - No nível de conclusão do ensino médio, para


§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica
os maiores de dezoito anos. de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos concerne a objetivos, características e duração, de
educandos por meios informais serão aferidos e acordo com as diretrizes curriculares nacionais
reconhecidos mediante exames. estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.

CAPÍTULO III Art. 40. A educação profissional será desenvolvida

DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL em articulação com o ensino regular ou por diferentes


estratégias de educação continuada, em instituições
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
especializadas ou no ambiente de trabalho.
TECNOLÓGICA

Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no Art. 41. O conhecimento adquirido na educação

cumprimento dos objetivos da educação nacional, profissional e tecnológica, inclusive no trabalho,

integra-se aos diferentes níveis e modalidades de poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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certificação para prosseguimento ou conclusão de V - Suscitar o desejo permanente de
estudos. aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a
correspondente concretização, integrando os
Art. 42. As instituições de educação profissional e
conhecimentos que vão sendo adquiridos numa
tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão
estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento
cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada
de cada geração;
a matrícula à capacidade de aproveitamento e não
VI - Estimular o conhecimento dos problemas do
necessariamente ao nível de escolaridade.
mundo presente, em particular os nacionais e regionais,
prestar serviços especializados à comunidade e
CAPÍTULO IV estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR VII - Promover a extensão, aberta à participação
da população, visando à difusão das conquistas e

Art. 43. A educação superior tem por finalidade: benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa
científica e tecnológica geradas na instituição.
I - Estimular a criação cultural e o
VIII - Atuar em favor da universalização e do
desenvolvimento do espírito científico e do
aprimoramento da educação básica, mediante a
pensamento reflexivo;
formação e a capacitação de profissionais, a realização
II - Formar diplomados nas diferentes áreas de
de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de
conhecimento, aptos para a inserção em setores
atividades de extensão que aproximem os dois níveis
profissionais e para a participação no desenvolvimento
escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015)
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua;
III - Incentivar o trabalho de pesquisa e Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes

investigação científica, visando o desenvolvimento da cursos e programas:

ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, I - Cursos sequenciais por campo de saber, de
e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos
e do meio em que vive; que atendam aos requisitos estabelecidos pelas
IV - Promover a divulgação de conhecimentos instituições de ensino, desde que tenham concluído o
culturais, científicos e técnicos que constituem ensino médio ou equivalente;
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através II - De graduação, abertos a candidatos que
do ensino, de publicações ou de outras formas de tenham concluído o ensino médio ou equivalente e
comunicação; tenham sido classificados em processo seletivo;
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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III - de pós-graduação, compreendendo Art. 45. A educação superior será ministrada em
programas de mestrado e doutorado, cursos de instituições de ensino superior, públicas ou privadas,
especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a com variados graus de abrangência ou especialização.
candidatos diplomados em cursos de graduação e que
atendam às exigências das instituições de ensino;
Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,
IV - De extensão, abertos a candidatos que
bem como o credenciamento de instituições de
atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso
educação superior, terão prazos limitados, sendo
pelas instituições de ensino.
renovados, periodicamente, após processo regular de
§ 1º Os resultados do processo seletivo referido no avaliação.
inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória
eventualmente identificadas pela avaliação a que se
a divulgação da relação nominal dos classificados, a
refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá
respectiva ordem de classificação, bem como do
resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e
cronograma das chamadas para matrícula, de acordo
habilitações, em intervenção na instituição, em
com os critérios para preenchimento das vagas
suspensão temporária de prerrogativas da autonomia,
constantes do respectivo edital.
ou em descredenciamento.
§ 2º No caso de empate no processo seletivo, as
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
instituições públicas de ensino superior darão
responsável por sua manutenção acompanhará o
prioridade de matrícula ao candidato que comprove ter
processo de saneamento e fornecerá recursos
renda familiar inferior a dez salários mínimos, ou ao de
adicionais, se necessários, para a superação das
menor renda familiar, quando mais de um candidato
deficiências.
preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei nº
13.184, de 2015) § 3º No caso de instituição privada, além das sanções
previstas no § 1o deste artigo, o processo de
§ 3º O processo seletivo referido no inciso II
reavaliação poderá resultar em redução de vagas
considerará as competências e as habilidades definidas
autorizadas e em suspensão temporária de novos
na Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela
ingressos e de oferta de cursos. (Alterado pela Lei
lei nº 13.415, de 2017)
13.530/2017).

§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante


procedimento específico e com aquiescência da
instituição de ensino, com vistas a resguardar os
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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interesses dos estudantes, comutar as penalidades a) toda publicação a que se refere esta Lei deve
previstas nos §§ 1o e 3o deste artigo por outras medidas, ter como título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída
desde que adequadas para superação das deficiências e pela lei nº 13.168, de 2015)
irregularidades constatadas. (Alterado pela Lei b) na página principal da instituição de ensino
13.530/2017). superior, bem como a página da oferta de seus cursos
aos ingressantes sob a forma de vestibulares, processo
§ 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito
seletivo e outras com a mesma finalidade, deve conter
Federal deverão adotar os critérios definidos pela
a ligação desta com a página específica prevista neste
União para autorização de funcionamento de curso de
inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
graduação em Medicina.” (Incluído pela Lei
c) caso a instituição de ensino superior não
13.530/2017).
possua sítio eletrônico, deve criar página específica
para divulgação das informações de que trata esta Lei;
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos d) a página específica deve conter a data
dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo completa de sua última atualização; (Incluída pela lei
reservado aos exames finais, quando houver. nº 13.168, de 2015)

§ 1º As instituições informarão aos interessados, II - Em toda propaganda eletrônica da instituição

antes de cada período letivo, os programas dos cursos de ensino superior, por meio de ligação para a página

e demais componentes curriculares, sua duração, referida no inciso I; (Incluído pela lei nº 13.168, de

requisitos, qualificação dos professores, recursos 2015)

disponíveis e critérios de avaliação, obrigando-se a III - Em local visível da instituição de ensino

cumprir as respectivas condições, e a publicação deve superior e de fácil acesso ao público; (Incluído pela lei

ser feita, sendo as 3 (três) primeiras formas nº 13.168, de 2015)

concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168, IV - Deve ser atualizada semestralmente ou

de 2015). anualmente, de acordo com a duração das disciplinas


de cada curso oferecido, observando o seguinte:
I - Em página específica na internet no sítio
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
eletrônico oficial da instituição de ensino superior,
a) caso o curso mantenha disciplinas com
obedecido o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de
duração diferenciada, a publicação deve ser semestral;
2015)
(Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês padrões de qualidade mantidos no período diurno,
antes do início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições
de 2015) públicas, garantida a necessária previsão orçamentária.
c) caso haja mudança na grade do curso ou no
corpo docente até o início das aulas, os alunos devem
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores
ser comunicados sobre as alterações; (Incluída pela lei
reconhecidos, quando registrados, terão validade
nº 13.168, de 2015)
nacional como prova da formação recebida por seu
V - deve conter as seguintes informações:
titular.
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão

instituição de ensino superior; (Incluída pela lei nº por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por

13.168, de 2015) instituições não-universitárias serão registrados em

b) a lista das disciplinas que compõem a grade universidades indicadas pelo Conselho Nacional de

curricular de cada curso e as respectivas cargas horárias; Educação.

(Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) § 2º Os diplomas de graduação expedidos por


c) a identificação dos docentes que ministrarão universidades estrangeiras serão revalidados por
as aulas em cada curso, as disciplinas que efetivamente universidades públicas que tenham curso do mesmo
ministrará naquele curso ou cursos, sua titulação, nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos
abrangendo a qualificação profissional do docente e o internacionais de reciprocidade ou equiparação.
tempo de casa do docente, de forma total, contínua ou
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado
intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
expedidos por universidades estrangeiras só poderão
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário ser reconhecidos por universidades que possuam
aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio de cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na
provas e outros instrumentos de avaliação específicos, mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou
aplicados por banca examinadora especial, poderão ter superior.
abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as
normas dos sistemas de ensino.
Art. 49. As instituições de educação superior
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, aceitarão a transferência de alunos regulares, para
salvo nos programas de educação a distância. cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e

§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, mediante processo seletivo.

no período noturno, cursos de graduação nos mesmos


Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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Parágrafo único. As transferências ex ofício dar-se-ão
na forma da lei. Art. 53. No exercício de sua autonomia, são
asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras,
as seguintes atribuições: I - criar, organizar e extinguir,
Art. 50. As instituições de educação superior, quando
em sua sede, cursos e programas de educação
da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas
superior previstos nesta Lei, obedecendo às
disciplinas de seus cursos a alunos não regulares que
normas gerais da União e, quando for o caso, do
demonstrarem capacidade de cursá-las com proveito,
mediante processo seletivo prévio. respectivo sistema de ensino;

Art. 51. As instituições de educação superior II - Fixar os currículos dos seus cursos e
credenciadas como universidades, ao deliberar sobre programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes;
critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, III - Estabelecer planos, programas e projetos de
levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a pesquisa científica, produção artística e atividades de
orientação do ensino médio, articulando- se com os extensão;
órgãos normativos dos sistemas de ensino. IV - Fixar o número de vagas de acordo com a
capacidade institucional e as exigências do seu meio;
V - Elaborar e reformar os seus estatutos e
Art. 52. As universidades são instituições
regimentos em consonância com as normas gerais
pluridisciplinares de formação dos quadros
atinentes;
profissionais de nível superior, de pesquisa, de
VI - Conferir graus, diplomas e outros títulos; VII
extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que
- firmar contratos, acordos e convênios;
se caracterizam por: (Regulamento)
VIII - Aprovar e executar planos, programas e
I - Produção intelectual institucionalizada projetos de investimentos referentes a obras, serviços e
mediante o estudo sistemático dos temas e problemas aquisições em geral, bem como administrar
mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e rendimentos conforme dispositivos institucionais;
cultural, quanto regional e nacional; IX - Administrar os rendimentos e deles dispor
II - Um terço do corpo docente, pelo menos, com na forma prevista no ato de constituição, nas leis e nos
titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; respectivos estatutos;
III - Um terço do corpo docente em regime de X - Receber subvenções, doações, heranças,
tempo integral. legados e cooperação financeira resultante de

Parágrafo único. É facultada a criação de convênios com entidades públicas e privadas.

universidades especializadas por campo do saber.


Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das como dos seus planos de carreira e do regime jurídico
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e do seu pessoal.
pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das
disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490,
atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as
de 2017)
universidades públicas poderão:
I - Criação, expansão, modificação e extinção
I - propor o seu quadro de pessoal docente,
de cursos; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
técnico e administrativo, assim como um plano de
II - Ampliação e diminuição de vagas; (Redação
cargos e salários, atendidas as normas gerais
dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
pertinentes e os recursos disponíveis;
III - Elaboração da programação dos cursos;
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
conformidade com as normas gerais concernentes;
IV - Programação das pesquisas e das atividades
III - aprovar e executar planos, programas e
de extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de
projetos de investimentos referentes a obras, serviços e
2017)
aquisições em geral, de acordo com os recursos
V - contratação e dispensa de professores;
alocados pelo respectivo Poder mantenedor;
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
IV - elaborar seus orçamentos anuais e
VI - Planos de carreira docente. (Redação dada
plurianuais;
pela Lei nº 13.490, de 2017)
V - adotar regime financeiro e contábil que
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser atenda às suas peculiaridades de organização e
dirigidas a setores ou projetos específicos, conforme funcionamento;
acordo entre doadores e universidades. (Incluído pela VI - realizar operações de crédito ou de
Lei nº 13.490, de 2017) financiamento, com aprovação do Poder competente,
para aquisição de bens imóveis, instalações e
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos
equipamentos;
das doações devem ser dirigidos ao caixa único da
VII - efetuar transferências, quitações e tomar
instituição, com destinação garantida às unidades a
outras providências de ordem orçamentária, financeira
serem beneficiadas. (Incluído pela Lei nº 13.490, de
e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.
2017) Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder
Público gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão
especial para atender às peculiaridades de sua estrutura, ser estendidas a instituições que comprovem alta
organização e financiamento pelo Poder Público, assim qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base
em avaliação realizada pelo Poder Público.
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
seu Orçamento Geral, recursos suficientes para especializado, na escola regular, para atender às
manutenção e desenvolvimento das instituições de peculiaridades da clientela de educação especial.
educação superior por ela mantidas.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes,
escolas ou serviços especializados, sempre que, em
Art. 56. As instituições públicas de educação superior função das condições específicas dos alunos, não for
obedecerão ao princípio da gestão democrática, possível a sua integração nas classes comuns de ensino
assegurada a existência de órgãos colegiados regular.
deliberativos, de que participarão os segmentos da
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do
comunidade institucional, local e regional.
caput deste artigo, tem início na educação infantil e
Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do
ocuparão setenta por cento dos assentos em cada órgão art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação
colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da dada pela Lei nº 13.632, de 2018) Art. 59. Os sistemas
elaboração e modificações estatutárias e regimentais, de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,
bem como da escolha de dirigentes. transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação:

Art. 57. Nas instituições públicas de educação I - Currículos, métodos, técnicas, recursos
superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito educativos e organização específicos, para atender às
horas semanais de aulas. suas necessidades;
II - Terminalidade específica para aqueles que
não puderem atingir o nível exigido para a conclusão
CAPÍTULO V
do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências,
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
e aceleração para concluir em menor tempo o programa
escolar para os superdotados;
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os III - Professores com especialização adequada
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar em nível médio ou superior, para atendimento
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, especializado, bem como professores do ensino regular
para educandos com deficiência, transtornos globais do capacitados para a integração desses educandos nas
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. classes comuns;
IV - Educação especial para o trabalho, visando a
sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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condições adequadas para os que não revelarem TÍTULO VI
capacidade de inserção no trabalho competitivo, DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício
V acesso igualitário aos benefícios dos
e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
programas sociais suplementares disponíveis para o
I - Professores habilitados em nível médio ou
respectivo nível do ensino regular.
superior para a docência na educação infantil e nos
ensinos fundamental e médio;
Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro
II - Trabalhadores em educação portadores de
nacional de alunos com altas habilidades ou
diploma de pedagogia, com habilitação em
superdotação matriculados na educação básica e na
administração, planejamento, supervisão, inspeção e
educação superior, a fim de fomentar a execução de
orientação educacional, bem como com títulos de
políticas públicas destinadas ao desenvolvimento pleno
mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
das potencialidades desse alunado. (Incluído pela
III - Trabalhadores em educação, portadores de
Lei nº 13.234, de 2015)
diploma de curso técnico ou superior em área
pedagógica ou afim.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino IV - profissionais com notório saber reconhecido
estabelecerão critérios de caracterização das pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar
instituições privadas sem fins lucrativos, conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência
especializadas e com atuação exclusiva em educação profissional, atestados por titulação específica ou
especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo prática de ensino em unidades educacionais da rede
Poder Público. pública ou privada ou das corporações privadas em que
tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso
Parágrafo único. O poder público adotará, como
V do caput do art. 36; (Incluído pela lei nº 13.415, de
alternativa preferencial, a ampliação do atendimento
2017)
aos educandos com deficiência, transtornos globais do
V - Profissionais graduados que tenham feito
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
complementação pedagógica, conforme disposto pelo
na própria rede pública regular de ensino,
Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº
independentemente do apoio às instituições previstas
13.415, de 2017)
neste artigo.

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Parágrafo único. A formação dos profissionais da § 3º A formação inicial de profissionais de magistério
educação, de modo a atender às especificidades do dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente
exercício de suas atividades, bem como aos objetivos fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a
das diferentes etapas e modalidades da educação distância.
básica, terá como fundamentos:
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os
I - A presença de sólida formação básica, que Municípios adotarão mecanismos facilitadores de
propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e acesso e permanência em cursos de formação de
sociais de suas competências de trabalho; docentes em nível superior para atuar na educação
II - A associação entre teorias e práticas, básica pública.
mediante estágios supervisionados e capacitação em
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os
serviço;
Municípios incentivarão a formação de profissionais
III - O aproveitamento da formação e
do magistério para atuar na educação básica pública
experiências anteriores, em instituições de ensino e em
mediante programa institucional de bolsa de iniciação
outras atividades.
à docência a estudantes matriculados em cursos de
licenciatura, de graduação plena, nas instituições de
Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação superior.
educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer
licenciatura plena, admitida, como formação mínima
nota mínima em exame nacional aplicado aos
para o exercício do magistério na educação infantil e
concluintes do ensino médio como pré-requisito para o
nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a
ingresso em cursos de graduação para formação de
oferecida em nível médio, na modalidade normal.
docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação -
(Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017)
CNE.
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os
Municípios, em regime de colaboração, deverão § 7o (Vetado).

promover a formação inicial, a continuada e a § 8o Os currículos dos cursos de formação de


capacitação dos profissionais de magistério. docentes terão por referência a Base Nacional Comum
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
profissionais de magistério poderão utilizar recursos e
tecnologias de educação a distância. Art. 62. A- A formação dos profissionais a que se
refere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos
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de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou cursos de licenciatura em matemática, física, química,
superior, incluindo habilitações tecnológicas. biologia e língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº
13.478, de 2017)
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada
para os profissionais a que se refere o caput, no local
de trabalho ou em instituições de educação básica e Art. 63. Os institutos superiores de educação
superior, incluindo cursos de educação profissional, manterão:
cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e
I - Cursos formadores de profissionais para a
de pós-graduação.
educação básica, inclusive o curso normal superior,
destinado à formação de docentes para a educação
Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas infantil e para as primeiras séries do ensino
de educação básica a cursos superiores de pedagogia e fundamental;
licenciatura será efetivado por meio de processo II - Programas de formação pedagógica para
seletivo diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de portadores de diplomas de educação superior que
2017) queiram se dedicar à educação básica;
III - Programas de educação continuada para os
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no
profissionais de educação dos diversos níveis.
caput deste artigo os professores das redes públicas
municipais, estaduais e federal que ingressaram por
concurso público, tenham pelo menos três anos de Art. 64. A formação de profissionais de educação
exercício da profissão e não sejam portadores de para administração, planejamento, inspeção,
diploma de graduação. (Incluído pela Lei nº 13.478, de supervisão e orientação educacional para a educação
2017) básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia
ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição
§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta
de ensino, garantida, nesta formação, a base comum
de cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão
nacional.
critérios adicionais de seleção sempre que acorrerem
aos certames interessados em número superior ao de
vagas disponíveis para os respectivos cursos. (Incluído Art. 65. A formação docente, exceto para a educação
pela Lei nº 13.478, de 2017) superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo,
trezentas horas.
§ 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem
definidos em regulamento pelas universidades, terão
prioridade de ingresso os professores que optarem por
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Art. 66. A preparação para o exercício do magistério professores e especialistas em educação no
superior far-se-á em nível de pós-graduação, desempenho de atividades educativas, quando
prioritariamente em programas de mestrado e exercidas em estabelecimento de educação básica em
doutorado. seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do
exercício da docência, as de direção de unidade escolar
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por
e as de coordenação e assessoramento pedagógico.
universidade com curso de doutorado em área afim,
poderá suprir a exigência de título acadêmico. § 3º A União prestará assistência técnica aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de
concursos públicos para provimento de cargos dos
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a
profissionais da educação.
valorização dos profissionais da educação,
assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e TÍTULO VII
dos planos de carreira do magistério público: DOS RECURSOS FINANCEIROS

I - Ingresso exclusivamente por concurso Art. 68. Serão recursos públicos destinados à
público de provas e títulos; educação os originários de:
II - Aperfeiçoamento profissional continuado,
I - Receita de impostos próprios da União, dos
inclusive com licenciamento periódico remunerado
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
para esse fim;
II - Receita de transferências constitucionais e
III - Piso salarial profissional;
outras transferências;
IV - Progressão funcional baseada na titulação
III - Receita do salário-educação e de outras
ou habilitação, e na avaliação do desempenho;
contribuições sociais;
V - Período reservado a estudos, planejamento e
IV - Receita de incentivos fiscais;
avaliação, incluído na carga de trabalho;
V - Outros recursos previstos em lei.
VI - Condições adequadas de trabalho.

§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o


Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos
exercício profissional de quaisquer outras funções de
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
magistério, nos termos das normas de cada sistema de
Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas
ensino.
respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no resultante de impostos, compreendidas as
§ 8o do art. 201 da Constituição Federal, são transferências constitucionais, na manutenção e
consideradas funções de magistério as exercidas por desenvolvimento do ensino público.
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§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida III - Recursos arrecadados do vigésimo primeiro
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos dia ao final de cada mês, até o décimo dia do mês
Municípios, ou pelos Estados aos respectivos subsequente.
Municípios, não será considerada, para efeito do
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a
cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a
correção monetária e à responsabilização civil e
transferir.
criminal das autoridades competentes.
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de
impostos mencionadas neste artigo as operações de
Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e
crédito por antecipação de receita orçamentária de
desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com
impostos.
vistas à consecução dos objetivos básicos das
§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes instituições educacionais de todos os níveis,
aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a compreendendo as que se destinam a:
receita estimada na lei do orçamento anual, ajustada,
I - Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal
quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de
docente e demais profissionais da educação;
créditos adicionais, com base no eventual excesso de
II - Aquisição, manutenção, construção e
arrecadação.
conservação de instalações e equipamentos necessários
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas ao ensino;
e as efetivamente realizadas, que resultem no não III - Uso e manutenção de bens e serviços
atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, vinculados ao ensino;
serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do IV - Levantamentos estatísticos, estudos e
exercício financeiro. pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da
qualidade e à expansão do ensino;
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do
V - Realização de atividades-meio necessárias
caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
ao funcionamento dos sistemas de ensino;
Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão
VI - Concessão de bolsas de estudo a alunos de
responsável pela educação, observados os seguintes
escolas públicas e privadas;
prazos:
VII - Amortização e custeio de operações de
I - Recursos arrecadados do primeiro ao décimo crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos
dia de cada mês, até o vigésimo dia; deste artigo;
II - Recursos arrecadados do décimo primeiro ao VIII - Aquisição de material didático-escolar e
vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia; manutenção de programas de transporte escolar.
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Constitucionais Transitórias e na legislação
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e concernente.
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:

I - Pesquisa, quando não vinculada às Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o
instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão
sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao mínimo de oportunidades educacionais para o ensino
aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por
II - Subvenção a instituições públicas ou aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade.
privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural;
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este
III - Formação de quadros especiais para a
artigo será calculado pela União ao final de cada ano,
administração pública, sejam militares ou civis,
com validade para o ano subsequente, considerando
inclusive diplomáticos;
variações regionais no custo dos insumos e as diversas
IV - Programas suplementares de alimentação,
modalidades de ensino.
assistência médico-odontológica, farmacêutica e
psicológica, e outras formas de assistência social;
V - Obras de infraestrutura, ainda que realizadas Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e

para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; dos Estados será exercida de modo a corrigir,

VI - Pessoal docente e demais trabalhadores da progressivamente, as disparidades de acesso e garantir

educação, quando em desvio de função ou em atividade o padrão mínimo de qualidade de ensino.

alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a
fórmula de domínio público que inclua a capacidade de

Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo

desenvolvimento do ensino serão apuradas e Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor

publicadas nos balanços do Poder Público, assim como da manutenção e do desenvolvimento do ensino.

nos relatórios a que se refere o § 3º do art. 165 da § 2º A capacidade de atendimento de cada governo
Constituição Federal. será definida pela razão entre os recursos de uso
constitucionalmente obrigatório na manutenção e

Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno,

prioritariamente, na prestação de contas de recursos relativo ao padrão mínimo de qualidade.

públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da


Constituição Federal, no art. 60 do Ato das Disposições
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§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e confessional, ou ao Poder Público, no caso de
2º, a União poderá fazer a transferência direta de encerramento de suas atividades;
recursos a cada estabelecimento de ensino, considerado IV - Prestem contas ao Poder Público dos
o número de alunos que efetivamente frequentam a recursos recebidos.
escola.
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica,
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência
dos Municípios se estes oferecerem vagas, na área de de recursos, quando houver falta de vagas e cursos
ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI regulares da rede pública de domicílio do educando,
do art. 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número ficando o Poder Público obrigado a investir
inferior à sua capacidade de atendimento. prioritariamente na expansão da sua rede local.

§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e


Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no extensão poderão receber apoio financeiro do Poder
artigo anterior ficará condicionada ao efetivo Público, inclusive mediante bolsas de estudo.
cumprimento pelos
TÍTULO VIII
Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais.

Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a


Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às colaboração das agências federais de fomento à cultura
escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas e de assistência aos índios, desenvolverá programas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas que: integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação
escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas,
I - Comprovem finalidade não-lucrativa e não
com os seguintes objetivos:
distribuam resultados, dividendos, bonificações,
participações ou parcela de seu patrimônio sob I - Proporcionar aos índios, suas comunidades e
nenhuma forma ou pretexto; povos, a recuperação de suas memórias históricas; a
II - Apliquem seus excedentes financeiros em reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização
educação; de suas línguas e ciências;
III - Assegurem a destinação de seu patrimônio II - Garantir aos índios, suas comunidades e
a outra escola comunitária, filantrópica ou povos, o acesso às informações, conhecimentos
técnicos e científicos da sociedade nacional e demais
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sociedades indígenas e não-índias. Art. 79. A União Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
apoiará técnica e financeiramente os sistemas de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
ensino no provimento da educação intercultural às
Art. 80. O Poder Público incentivará o
comunidades indígenas, desenvolvendo programas
desenvolvimento e a veiculação de programas de
integrados
ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de
de ensino e pesquisa. ensino, e de educação continuada.

§ 1º Os programas serão planejados com audiência § 1º A educação a distância, organizada com abertura
das comunidades indígenas. e regime especiais, será oferecida por instituições
especificamente credenciadas pela União.
§ 2º Os programas a que se refere este artigo,
incluídos nos Planos Nacionais de Educação, terão os § 2º A União regulamentará os requisitos para a
seguintes objetivos: realização de exames e registro de diploma relativos a
cursos de educação a distância.
I - Fortalecer as práticas socioculturais e a
língua materna de cada comunidade indígena; § 3º As normas para produção, controle e avaliação
II - Manter programas de formação de pessoal de programas de educação a distância e a autorização
especializado, destinado à educação escolar nas para sua implementação, caberão aos respectivos
comunidades indígenas; sistemas de ensino, podendo haver cooperação e
III - Desenvolver currículos e programas integração entre os diferentes sistemas.
específicos, neles incluindo os conteúdos culturais
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento
correspondentes às respectivas comunidades;
diferenciado, que incluirá:
IV - Elaborar e publicar sistematicamente
I - Custos de transmissão reduzidos em canais
material didático específico e diferenciado.
comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens
§ 3o No que se refere à educação superior, sem e em outros meios de comunicação que sejam
prejuízo de outras ações, o atendimento aos povos explorados mediante autorização, concessão ou
indígenas efetivar-se-á, nas universidades públicas e permissão do poder público;
privadas, mediante a oferta de ensino e de assistência II - Concessão de canais com finalidades
estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e exclusivamente educativas;
desenvolvimento de programas especiais. III - Reserva de tempo mínimo, sem ônus para o
Poder Público, pelos concessionários de canais
Art. 79-A. (Vetado) comerciais.

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também, na sua condição de instituições de pesquisa, ao
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, nos termos
instituições de ensino experimentais, desde que da legislação específica.
obedecidas as disposições desta Lei.

TÍTULO IX
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
normas de realização de estágio em sua jurisdição,
observada a lei federal sobre a matéria.
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-
se um ano a partir da publicação desta Lei.
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica,
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as
publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso
normas fixadas pelos sistemas de ensino.
Nacional, o Plano Nacional de Educação, com
diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação
ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas para Todos.
respectivas instituições, exercendo funções de
§ 2º (Revogado)
monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano
de estudos. § 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e,
supletivamente, a União, devem:

Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação I - (Revogado)


própria poderá exigir a abertura de concurso público de a) (Revogado)
provas e títulos para cargo de docente de instituição b) (Revogado)
pública de ensino que estiver sendo ocupado por c) (Revogado)
professor não concursado, por mais de seis anos, II - Prover cursos presenciais ou a distância aos
ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41 da jovens e adultos insuficientemente escolarizados;
Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições III - Realizar programas de capacitação para
Constitucionais Transitórias. todos os professores em exercício, utilizando também,
para isto, os recursos da educação a distância;

Art. 86. As instituições de educação superior


constituídas como universidades integrar-se-ão,
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IV - Integrar todos os estabelecimentos de contar da publicação desta Lei, integrar-se ao
ensino fundamental do seu território ao sistema respectivo sistema de ensino.
nacional de avaliação do rendimento escolar.

§ 4º (Revogado) Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o


regime anterior e o que se institui nesta Lei serão
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando
resolvidas pelo Conselho Nacional de Educação ou,
a progressão das redes escolares públicas urbanas de
mediante delegação deste, pelos órgãos normativos dos
ensino fundamental para o regime de escolas de tempo
sistemas de ensino, preservada a autonomia
integral.
universitária.
§ 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos
Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua
Estados aos seus Municípios, fica condicionadas ao
publicação.
cumprimento do art. 212 da Constituição Federal e
dispositivos legais pertinentes pelos governos
beneficiados. Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs
4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de
Art. 87.A- (Vetado).
novembro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131,
de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os de 1995 e, ainda, as Leis n.º 5.692, de 11 de agosto de
Municípios adaptarão sua legislação educacional e de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais
ensino às disposições desta Lei no prazo máximo de um leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer
ano, a partir da data de sua publicação. outras disposições em contrário.

§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus


estatutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às QUESTÕES
normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos
por estes estabelecidos.
01. (SEAP/DF- Professor- IBFC) De acordo
§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o com o que disserta a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e
disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. Bases da Educação Brasileira (LDB), julgue os itens a
seguir:

Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que I. A LDB reconhece que a educação abrange os

venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a processos formativos que se desenvolvem na vida
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familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino, nos movimentos sociais e nas 02. (Prefeitura Municipal de Alumínio/SP -
manifestações culturais. Por isso, a lei disserta, Auxiliar de Desenvolvimento Infantil -
expressamente, que a educação escolar deverá VUNESP/2016) A Lei Federal nº 9.394, de 20.12.1996
vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
II. A educação básica é obrigatória e gratuita dos introduziu uma série de inovações em relação à
6 anos aos 17 anos de idade, organizada da seguinte Educação Básica, dentre as quais,
forma: pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. (A) a construção de identidade das creches e pré-
Sendo a educação infantil gratuita às crianças de até 6 escolas com base nas diferenciações em relação à
anos de idade classe social das crianças.
III. O atendimento ao educando é previsto, em (B) o atendimento obrigatório e gratuito no
todas as etapas da educação básica, por meio de ensino fundamental e gratuidade extensiva apenas à
programas suplementares de material didático-escolar Educação Infantil das crianças a partir dos 4 anos de
e alimentação. idade.
(C) o atendimento em creches e pré-escolas pelos
Transporte e assistência à saúde não estão
órgãos de assistência social, prioritariamente.
expressamente previstos na LDB 9394/96, sendo
(D) o entendimento da creche e pré-escola como
deixados à lei ordinária.
um favor aos socialmente menos favorecidos.
IV. É garantida a vaga na escola pública de
(E) a integração das creches nos sistemas de
educação infantil ou de ensino fundamental mais
ensino, compondo, junto com as pré-escolas, a
próxima da residência a toda criança a partir do dia em
primeira etapa da Educação Básica.
que completar 4 anos de idade.
V. É garantido acesso público e gratuito aos
ensinos fundamental e médio para todos os que não os 03. (TJ/GO- Analista Judiciário- Pedagogia-
concluíram na idade própria, porém vedado acesso aos FGV) A educação escolar, de acordo com a Lei de
níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº
criação artística, segundo a capacidade de cada um. 9.394/96, é dever da família e do Estado.

É correto o que afirma em: Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do
(A) I, II e III, apenas. Art.
(B) I e IV, apenas. 4º da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013:
(C) II, III e V, apenas. (A) educação básica obrigatória e gratuita dos
(D) I, IV e V, apenas. seis aos quatorze anos de idade;
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(B) educação infantil e ensino fundamental (C) Educação Básica e Educação Superior.
obrigatórios e gratuitos; (D) Educação Básica, Educação Infantil e
(C) ensino fundamental e ensino médio Educação Superior. GABARITO
obrigatórios e gratuitos; (E) 01.B / 02.E / 03.E / 04.A / 05.C
(D) educação básica obrigatória e gratuita a
todos que desejarem cursá-la;
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE
(E) educação básica obrigatória e gratuita dos
EDUCAÇÃO. CÂMARA DE
quatro aos dezessete anos de idade.
EDUCAÇÃO BÁSICA. RESOLUÇÃO N. 4/2010.
DEFINE DIRETRIZES CURRICULARES
04. (Pref. Mun. de Palhoça/SC - Professor de
NACIONAIS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO
Educação Infantil - Pref. Mun. de Palhoça/2016)
BÁSICA
Assinale a alternativa FALSA:
(A) A educação superior somente será RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO
ministrada em instituições de ensino superior públicas, DE 20102
com variados graus de abrangência ou especialização.
(B) Os cursos de pós-graduação serão DIRETRIZES CURRICULARES
oferecidos em diversas instituições públicas ou NACIONAIS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO
privadas. BÁSICA
(C) A educação superior será oferecida tanto em
instituições públicas como nas privadas.
O Presidente da Câmara de Educação Básica do
(D) A educação superior será ministrada em
Conselho Nacional de Educação, no uso de suas
instituições de ensino superior, públicas ou privadas,
atribuições legais, e de conformidade com o disposto
com variados graus de abrangência ou especialização.
na alínea “c” do § 1º do artigo 9º da Lei nº
4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº
05. (Pref. Mun. de Nova Friburgo/RJ - 9.131/1995, nos artigos 36, 36A, 36-B, 36-C, 36-D,
Secretário Escolar - EXATUS/PR) A questão é 37, 39, 40, 41
concernente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
e 42 da Lei nº 9.394/1996, com a redação dada pela
Nacional (LDB, Nº 9394/96)”. Segundo a LDB, a
Lei nº 11.741/2008, bem como no Decreto nº
educação escolar compõe-se de:
5.154/2004, e com fundamento no Parecer
(A) Educação Básica e Educação Infantil.
CNE/CEB nº 7/2010, homologado por Despacho do
(B) Educação Infantil e Ensino Fundamental.
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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado formação básica comum nacional, tendo como foco
no DOU de 9 de julho de 2010. os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;

II - Estimular a reflexão crítica e propositiva


RESOLVE: que deve subsidiar a formulação, a execução e a
avaliação do projeto político-pedagógico da escola de

Art1 A presente resolução define diretrizes curricular Educação Básica;

Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, III - Orientar os cursos de formação inicial e

sequencial e articulado das etapas e modalidades da continuada de docentes e demais profissionais da

Educação Básica, baseando-se no direito de toda Educação Básica, os sistemas educativos dos

pessoa ao seu pleno desenvolvimento, à preparação diferentes entes federados e as escolas que os

para o exercício da cidadania e à qualificação para o integram, indistintamente da rede a que pertençam.

trabalho, na vivência e convivência em ambiente


educativo, e tendo como fundamento a Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais
responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a específicas para as etapas e modalidades da Educação
sociedade têm de garantir a democratização do Básica devem evidenciar o seu papel de indicador de
acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão com opções políticas, sociais, culturais, educacionais, e a
sucesso das crianças, dos jovens e adultos na função da educação, na sua relação com um projeto
instituição educacional, a aprendizagem para de Nação, tendo como referência os objetivos
continuidade dos estudos e a extensão da constitucionais, fundamentando-se na cidadania e na
obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica. dignidade da pessoa, o que pressupõe igualdade,

TÍTULO I OBJETIVOS liberdade, pluralidade, diversidade, respeito, justiça


social, solidariedade e sustentabilidade.

Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais TÍTULO II REFERÊNCIAS CONCEITUAIS


para a Educação Básica têm por objetivos:

I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto

Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de nacional de educação responsabilizam o poder

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e público, a família, a sociedade e a escola pela

demais dispositivos legais, traduzindo-os em garantia a todos os educandos de um ensino

orientações que contribuam para assegurar a ministrado de acordo com os princípios de:

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I - Igualdade de condições para o acesso, social desse nível da educação, a sua centralidade,
inclusão, permanência e sucesso na escola; que é o educando, pessoa em formação na sua
II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e essência humana.
divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - Pluralismo de ideias e de concepções
TÍTULO III
pedagógicas; IV - respeito à liberdade e aos direitos;
SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
V - Coexistência de instituições públicas e
privadas de ensino;
VI - Gratuidade do ensino público em Art. 7º A concepção de educação deve orientar a
estabelecimentos oficiais; institucionalização do regime de colaboração entre
VII - Valorização do profissional da educação União, Estados, Distrito Federal e Municípios, no
escolar; contexto da estrutura federativa brasileira, em que
VIII - Gestão democrática do ensino público, na convivem sistemas educacionais autônomos, para
forma da legislação e das normas dos respectivos assegurar efetividade ao projeto da educação
sistemas de ensino; nacional, vencer a fragmentação das políticas
IX - Garantia de padrão de qualidade; públicas e superar a desarticulação institucional.
X - Valorização da experiência extraescolar; § 1º Essa institucionalização é possibilitada por um
XI - Vinculação entre a educação escolar, o Sistema Nacional de Educação, no qual cada ente
trabalho e as práticas sociais. federativo, com suas peculiares competências, é
Art 5 A educação basica é direito universal chamado a colaborar para transformar a Educação
indispensável para o exercício da cidadania em Básica em um sistema orgânico, sequencial e
plenitude, da qual depende a possibilidade de articulado.
conquistar todos os demais direitos, definidos na § 2º O que caracteriza um sistema é a atividade
Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do intencional e organicamente concebida, que se
Adolescente (ECA), na legislação ordinária e nas justifica pela realização de atividades voltadas para
demais disposições que consagram as prerrogativas as mesmas finalidades ou para a concretização dos
do cidadão. mesmos objetivos.

§ 3º O regime de colaboração entre os entes


Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar federados pressupõe o estabelecimento de regras de
as dimensões do educar e do cuidar, em sua equivalência entre as funções distributiva, supletiva,
inseparabilidade, buscando recuperar, para a função normativa, de supervisão e avaliação da educação
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nacional, respeitada a autonomia dos sistemas e IV - Inter-relação entre organização do
valorizadas as diferenças regionais. currículo, do trabalho pedagógico e da jornada de
trabalho do professor, tendo como objetivo a
aprendizagem do estudante;
TÍTULO IV
V - Preparação dos profissionais da educação,
ACESSO E PERMANÊNCIA PARA A
gestores, professores, especialistas, técnicos,
CONQUISTA DA QUALIDADE SOCIAL
monitores e outros;
VI - Compatibilidade entre a proposta curricular
Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno e a infraestrutura entendida como espaço formativo
acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das dotado de efetiva disponibilidade de tempos para a
aprendizagens na escola e seu sucesso, com redução sua utilização e acessibilidade;
da evasão, da retenção e da distorção de VII - Integração dos profissionais da educação,
idade/ano/série, resulta na qualidade social da dos estudantes, das famílias, dos agentes da
educação, que é uma conquista coletiva de todos os comunidade interessados na educação;
sujeitos do processo educativo. VIII - Valorização dos profissionais da
educação, com programa de formação continuada,

Art. 9º A escola de qualidade social adota como critérios de acesso, permanência, remuneração

centralidade o estudante e a aprendizagem, o que compatível com a jornada de trabalho definida no

pressupõe atendimento aos seguintes requisitos: projeto político-pedagógico;


IX - Realização de parceria com órgãos, tais
I - Revisão das referências conceituais quanto
como os de assistência social e desenvolvimento
aos diferentes espaços e tempos educativos,
humano, cidadania, ciência e tecnologia, esporte,
abrangendo espaços sociais na escola e fora dela;
turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente.
II - Consideração sobre a inclusão, a
valorização das diferenças e o atendimento à
pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e Art. 10. A exigência legal de definição de padrões

respeitando as várias manifestações de cada mínimos de qualidade da educação traduz a

comunidade; necessidade de reconhecer que a sua avaliação se

III - Foco no projeto político-pedagógico, no associa à ação planejada, coletivamente, pelos

gosto pela aprendizagem e na avaliação das sujeitos da escola.

aprendizagens como instrumento de contínua


progressão dos estudantes;
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§ 1º O planejamento das ações coletivas exercidas de 40 (quarenta) horas em tempo integral em uma
pela escola supõe que os sujeitos tenham clareza mesma escola;
quanto: III - Definição de uma relação adequada entre o
número de alunos por turma e por professor, que
I - Aos princípios e às finalidades da educação,
assegure aprendizagens relevantes;
além do reconhecimento e da análise dos dados
IV - Pessoal de apoio técnico e administrativo
indicados pelo Índice de Desenvolvimento da
que responda às exigências do que se estabelece no
Educação Básica (IDEB) e/ou outros indicadores,
projeto político- pedagógico.
que o complementem ou substituam;

- À relevância de um projeto político-pedagógico


TÍTULO V
concebido e assumido colegiadamente pela
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR: CONCEITO,
comunidade educacional, respeitadas as múltiplas
LIMITES, POSSIBILIDADES
diversidades e a pluralidade cultural;

II - À riqueza da valorização das diferenças


Art. 11. A escola de Educação Básica é o espaço em
manifestadas pelos sujeitos do processo educativo,
que se ressignifica e se recria a cultura herdada,
em seus diversos segmentos, respeitados o tempo e o
reconstruindo-se as identidades culturais, em que se
contexto sociocultural;
aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes
III - Aos padrões mínimos de qualidade
regiões do País.
(Custo Aluno- Qualidade Inicial – CAQi);
Parágrafo único. Essa concepção de escola exige a
§ 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-
superação do rito escolar, desde a construção do
se um padrão mínimo de insumos, que tem como base
currículo até os critérios que orientam a organização
um investimento com valor calculado a partir das
do trabalho escolar em sua multidimensionalidade,
despesas essenciais ao desenvolvimento dos
privilegia trocas, acolhimento e aconchego, para
processos e procedimentos formativos, que levem,
garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens
gradualmente, a uma educação integral, dotada de
e adultos, no relacionamento entre todas as pessoas.
qualidade social:

I - Creches e escolas que possuam condições


Art. 12. Cabe aos sistemas educacionais, em geral,
de infraestrutura e adequados equipamentos;
definir o programa de escolas de tempo parcial
II - Professores qualificados com remuneração
diurno (matutino ou vespertino), tempo parcial
adequada e compatível com a de outros profissionais
noturno, e tempo integral (turno e contra turno ou
com igual nível de formação, em regime de trabalho
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turno único com jornada escolar de 7 horas, no assegurados no artigo 4º desta Resolução, configura-
mínimo, durante todo o período letivo), tendo em se como o conjunto de valores e
vista a amplitude do papel socioeducativo atribuído
práticas que proporcionam a produção, a socialização
ao conjunto orgânico da Educação Básica, o que
de significados no espaço social e contribuem
requer outra organização e gestão do trabalho
intensamente para a construção de identidades
pedagógico.
socioculturais dos educandos.
§ 1º Deve-se ampliar a jornada escolar, em único ou
§ 1º O currículo deve difundir os valores
diferentes espaços educativos, nos quais a
fundamentais do interesse social, dos direitos e
permanência do estudante vincula-se tanto à
deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à
quantidade e qualidade do tempo diário de
ordem democrática, considerando as condições de
escolarização quanto à diversidade de atividades de
escolaridade dos estudantes em cada
aprendizagens.
estabelecimento, a orientação para o trabalho, a
§ 2º A jornada em tempo integral com qualidade promoção de práticas educativas formais e não-
implica a necessidade da incorporação efetiva e formais.
orgânica, no currículo, de atividades e estudos
§ 2º Na organização da proposta curricular, deve-se
pedagogicamente planejados e acompanhados.
assegurar o entendimento de currículo como
§ 3º Os cursos em tempo parcial noturno devem experiências escolares que se desdobram em torno do
estabelecer metodologia adequada às idades, à conhecimento, permeadas pelas relações sociais,
maturidade e à experiência de aprendizagens, para articulando vivências e saberes dos estudantes com os
atenderem aos jovens e adultos em escolarização no conhecimentos historicamente acumulados e
tempo regular ou na modalidade de Educação de contribuindo para construir as identidades dos
Jovens e Adultos. educandos.

§ 3º A organização do percurso formativo, aberto e


CAPÍTULO I contextualizado, deve ser construída em função das
FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO peculiaridades do meio e das características,
CURRICULAR interesses e necessidades dos estudantes, incluindo
não só os componentes curriculares centrais
obrigatórios, previstos na legislação e nas normas
Art. 13. O currículo, assumindo como referência os
educacionais, mas outros, também, de modo flexível
princípios educacionais garantidos à educação,

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e variável, conforme cada projeto escolar, e V - organização da matriz curricular entendida
assegurando: como alternativa operacional que embase a gestão do
currículo escolar e represente subsídio para a gestão
I - concepção e organização do espaço curricular e
da escola (na organização do tempo e do espaço
físico que se imbriquem e alarguem, incluindo
curricular, distribuição e controle do tempo dos
espaços, ambientes e equipamentos que não apenas
trabalhos docentes), passo para uma gestão centrada
as salas de aula da escola, mas, igualmente, os
na abordagem interdisciplinar, organizada por eixos
espaços de outras escolas e os socioculturais e
temáticos, mediante interlocução entre os diferentes
esportivo recreativos do entorno, da cidade e mesmo
campos do conhecimento;
da região; II - ampliação e diversificação dos tempos
VI - Entendimento de que eixos temáticos são
e espaços curriculares que pressuponham
uma forma de organizar o trabalho pedagógico,
profissionais da educação dispostos a inventar e
limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo
construir a escola de qualidade social, com
o cenário no qual se constroem objetos de estudo,
responsabilidade compartilhada com as demais
propiciando a concretização da proposta pedagógica
autoridades que respondem pela gestão dos órgãos
centrada na visão interdisciplinar, superando o
do poder público, na busca de parcerias possíveis e
isolamento das pessoas e a compartimentalização de
necessárias, até porque educar é
conteúdos rígidos;
responsabilidade da família, do Estado e da VII - Estímulo à criação de métodos didático-
sociedade; pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de

III - Escolha da abordagem didático-pedagógica informação e comunicação, a serem inseridos no

disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou cotidiano escolar, a fim de superar a distância entre

transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto estudantes que aprendem a receber informação com

político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido rapidez utilizando a linguagem digital e professores

entre os profissionais da escola, conselhos escolares e que dela ainda não se apropriaram;

comunidade, subsidiando a organização da matriz - Constituição de rede de aprendizagem, entendida


curricular, a definição de eixos temáticos e a como um conjunto de ações didático-pedagógicas,
constituição de redes de aprendizagem; com foco na aprendizagem e no gosto de aprender,
IV - Compreensão da matriz curricular subsidiada pela consciência de que o processo de
entendida como propulsora de movimento, comunicação entre estudantes e professores é
dinamismo curricular e educacional, de tal modo que efetivado por meio de práticas e recursos diversos;
os diferentes campos do conhecimento possam se
coadunar com o conjunto de atividades educativas;
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VIII - Adoção de rede de aprendizagem, também, trabalho; no desenvolvimento das linguagens; nas
como ferramenta didático-pedagógica relevante nos atividades desportivas e corporais; na produção
programas de formação inicial e continuada de artística; nas formas diversas de exercício da
profissionais da educação, sendo que esta opção cidadania; e nos movimentos sociais.
requer planejamento sistemático integrado
§ 1º Integram a base nacional comum nacional: a) a
estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto de
Língua Portuguesa;
unidades escolares;
b) a Matemática;
§ 4º A transversalidade é entendida como uma forma
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da
de organizar o trabalho didático-pedagógico em que
realidade social e política, especialmente do Brasil,
temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas
incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-
e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem
Brasileira e Indígena,
presentes em todas elas.
d) a Arte, em suas diferentes formas de
§ 5º A transversalidade difere da expressão, incluindo- se a música;
interdisciplinaridade e ambas se complementam, e) a Educação Física;
rejeitando a concepção de conhecimento que toma a f) o Ensino Religioso.
realidade como algo estável, pronto e acabado.
§ 2º Tais componentes curriculares são organizados
§ 6º A transversalidade refere-se à dimensão pelos sistemas educativos, em forma de áreas de
didático- pedagógica, e a interdisciplinaridade, à conhecimento, disciplinas, eixos temáticos,
abordagem epistemológica dos objetos de preservando-se a especificidade dos diferentes
conhecimento. campos do conhecimento, por meio dos quais se
desenvolvem as habilidades indispensáveis ao
exercício da cidadania, em ritmo compatível com as
CAPÍTULO II
etapas do desenvolvimento integral do cidadão.
FORMAÇÃO BÁSICA COMUM E PARTE
DIVERSIFICADA § 3º A base nacional comum e a parte diversificada
não podem se constituir em dois blocos distintos,
com disciplinas específicas para cada uma dessas
Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica
partes, mas devem ser organicamente planejadas e
constitui-se de conhecimentos, saberes e valores
geridas de tal modo que as tecnologias de informação
produzidos culturalmente, expressos nas políticas
e comunicação perpassem transversalmente a
públicas e gerados nas instituições produtoras do
proposta curricular, desde a Educação Infantil até o
conhecimento científico e tecnológico; no mundo do
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Ensino Médio, imprimindo direção aos projetos Art. 16. Leis específicas, que complementam a LDB,
político-pedagógico. determinam que sejam incluídos componentes não
disciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao
meio ambiente e à condição e direitos do idoso.
Art. 15. A parte diversificada enriquece e
complementa a base nacional comum, prevendo o
estudo das características regionais e locais da Art. 17. No Ensino Fundamental e no Ensino Médio,
sociedade, da cultura, da economia e da comunidade destinar- se, pelo menos, 20% do total da carga
escolar, perpassando todos os tempos e espaços horária anual ao conjunto de programas e projetos
curriculares constituintes do Ensino Fundamental e interdisciplinares eletivos criados pela escola,
do Ensino Médio, independentemente do ciclo da previsto no projeto pedagógico, de modo que os
vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola. estudantes do Ensino Fundamental e do Médio
possam escolher aquele programa ou projeto com que
§ 1º A parte diversificada pode ser organizada em
se identifiquem e que lhes permitam melhor lidar com
temas gerais, na forma de eixos temáticos,
o conhecimento e a experiência.
selecionados colegiadamente pelos sistemas
educativos ou pela unidade escolar. § 1º Tais programas e projetos devem ser
desenvolvidos de modo dinâmico, criativo e flexível,
§ 2º A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma
em articulação com a comunidade em que a escola
língua estrangeira moderna na parte diversificada,
esteja inserida.
cabendo sua escolha à comunidade escolar, dentro
das possibilidades da escola, que deve considerar o § 2º A interdisciplinaridade e a contextualização
atendimento das características locais, regionais, devem assegurar a transversalidade do conhecimento
nacionais e transnacionais, tendo em vista as de diferentes disciplinas e eixos temáticos,
demandas do mundo do trabalho e da perpassando todo o currículo e propiciando a
internacionalização de toda ordem de relações. interlocução entre os saberes e os diferentes campos
do conhecimento.
§ 3º A língua espanhola, por força da Lei nº
11.161/2005, é obrigatoriamente ofertada no Ensino
Médio, embora facultativa para o estudante, bem TÍTULO VI
como possibilitada no Ensino Fundamental, do 6º ao ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
9º ano.
Art. 18. Na organização da Educação Básica, devem-
se observar as Diretrizes Curriculares Nacionais

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comuns a todas as suas etapas, modalidades e
orientações temáticas, respeitadas as suas
Art. 19. Cada etapa é delimitada por sua finalidade,
especificidades e as dos sujeitos a que se destinam.
seus princípios, objetivos e diretrizes educacionais,
§ 1º As etapas e as modalidades do processo de fundamentando- se na inseparabilidade dos conceitos
escolarização estruturam-se de modo orgânico, referenciais: cuidar e educar, pois esta é uma
sequencial e articulado, de maneira complexa, concepção norteadora do projeto político-
embora permanecendo individualizadas ao logo do pedagógico elaborado e executado pela comunidade
percurso do estudante, apesar das mudanças por que educacional.
passam:

IX - a dimensão orgânica é atendida quando são Art. 20. O respeito aos educandos e a seus tempos
observadas as especificidades e as diferenças de cada mentais, socioemocionais, culturais e identitários é
sistema educativo, sem perder o que lhes é comum: as um princípio orientador de toda a ação educativa,
semelhanças e as identidades que lhe são inerentes; sendo responsabilidade dos sistemas a criação de
X - A dimensão sequencial compreende os condições para que crianças, adolescentes, jovens e
processos educativos que acompanham as exigências adultos, com sua diversidade, tenham a oportunidade
de aprendizagens definidas em cada etapa do de receber a formação que corresponda à idade
percurso formativo, contínuo e progressivo, da própria de percurso escolar.
Educação Básica até a Educação Superior,
constituindo-se em diferentes e insubstituíveis
CAPÍTULO I
momentos da vida dos educandos;
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
XI - A articulação das dimensões orgânica e
sequencial das etapas e das modalidades da Educação
Básica, e destas com a Educação Superior, implica Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes

ação coordenada e integradora do seu conjunto. momentos constitutivos do desenvolvimento


educacional:
§ 2º A transição entre as etapas da Educação Básica
e suas fases requer formas de articulação das I - A Educação Infantil, que compreende: a

dimensões orgânica e sequencial que assegurem aos Creche, englobando as diferentes etapas do

educandos, sem tensões e rupturas, a continuidade de desenvolvimento da criança até 3 (três) anos e 11

seus processos peculiares de aprendizagem e (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 (dois)

desenvolvimento. anos;

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II - o Ensino Fundamental, obrigatório e § 1º As crianças provêm de diferentes e singulares
gratuito, com duração de 9 (nove) anos, é organizado contextos socioculturais, socioeconômicos e étnicos,
e tratado em duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais por isso devem ter a oportunidade de ser acolhidas e
e a dos 4 (quatro) anos finais; III - o Ensino Médio, respeitadas pela escola e pelos profissionais da
com duração mínima de 3 (três) anos. educação, com base nos princípios da
individualidade, igualdade, liberdade, diversidade e
Parágrafo único. Essas etapas e fases têm previsão de
pluralidade.
idades próprias, as quais, no entanto, são diversas
quando se atenta para sujeitos com características que § 2º Para as crianças, independentemente das
fogem à norma, como é o caso, entre outros: diferentes condições físicas, sensoriais, intelectuais,
linguísticas, étnico- raciais, socioeconômicas, de
I - De atraso na matrícula e/ou no percurso
origem, de religião, entre outras, as relações sociais e
escolar;
intersubjetivas no espaço escolar requerem a atenção
II - De retenção, repetência e retorno de quem
intensiva dos profissionais da educação, durante o
havia abandonado os estudos;
tempo de desenvolvimento das atividades que lhes
III - De portadores de deficiência limitadora;
são peculiares, pois este é o momento em que a
IV - De jovens e adultos sem escolarização ou
curiosidade deve ser estimulada, a partir da
com esta incompleta;
brincadeira orientada pelos profissionais da
V - De habitantes de zonas rurais; VI - de
educação.
indígenas e quilombolas;
§ 3º Os vínculos de família, dos laços de
VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou
solidariedade humana e do respeito mútuo em que se
internação, jovens e adultos em situação de privação
assenta a vida social devem iniciar-se na Educação
de liberdade nos estabelecimentos penais.
Infantil e sua intensificação deve ocorrer ao longo da
Educação Básica.
Seção I Educação Infantil
§ 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços
promovendo ações a partir das quais as unidades de
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o
Educação Infantil sejam dotadas de condições para
desenvolvimento integral da criança, em seus
acolher as crianças, em estreita relação com a
aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual,
família, com agentes sociais e com a
social, complementando a ação da família e da
comunidade. sociedade, prevendo programas e projetos em
parceria, formalmente estabelecidos.

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§ 5º A gestão da convivência e as situações em que Art. 24. Os objetivos da formação básica das
se torna necessária a solução de problemas crianças, definidos para a Educação Infantil,
individuais e coletivos pelas crianças devem ser prolongam-se durante os anos iniciais do Ensino
previamente programadas, com foco nas motivações Fundamental, especialmente no primeiro, e
estimuladas e orientadas pelos professores e demais completam-se nos anos finais, ampliando e
profissionais da educação e outros de áreas intensificando, gradativamente, o processo educativo,
pertinentes, respeitados os limites e as mediante: I - desenvolvimento da capacidade de
potencialidades de cada criança e os vínculos desta aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio
com a família ou com o seu responsável direto. da leitura, da escrita e do cálculo; II - foco central na
alfabetização, ao longo dos 3 (três)

SEÇÃO II ENSINO FUNDAMENTAL primeiros anos;

III - Compreensão do ambiente natural e social,


Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de do sistema político, da economia, da tecnologia, das
duração, de matrícula obrigatória para as crianças a
artes, da cultura e dos valores em que se fundamenta
partir dos a sociedade;
2 (seis) anos de idade, tem duas fases sequentes IV - O desenvolvimento da capacidade de
com características próprias, chamadas de anos aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
iniciais, com 5 (cinco) anos de duração, em regra para conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes
estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos e valores;
finais, com 4 (quatro) anos de duração, para os de 11 V - Fortalecimento dos vínculos de família, dos
(onze) a 14 (quatorze) anos. laços de solidariedade humana e de respeito recíproco
em que se assenta a vida social.
Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher
significa também cuidar e educar, como forma de
garantir a aprendizagem dos conteúdos curriculares, Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem
para que o estudante desenvolva interesses e estabelecer especial forma de colaboração visando à
sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens oferta do Ensino Fundamental e à articulação
culturais disponíveis na comunidade, na sua cidade sequente entre a primeira fase, no geral assumida pelo
ou na sociedade em geral, e que lhe possibilitem ainda Município, e a segunda, pelo Estado, para evitar
sentir-se como produtor valorizado desses bens. obstáculos ao acesso de estudantes que se transfiram
de uma rede para outra para completar esta

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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escolaridade obrigatória, garantindo a organicidade e § 2º A definição e a gestão do currículo inscrevem-se
a totalidade do processo formativo do escolar. em uma lógica que se dirige aos jovens, considerando
suas singularidades, que se situam em um tempo
determinado.
SEÇÃO III ENSINO MÉDIO
§ 3º Os sistemas educativos devem prever currículos
Art. 26. O Ensino Médio, etapa final do processo flexíveis, com diferentes alternativas, para que os
formativo da Educação Básica, é orientado por jovens tenham a oportunidade de escolher o percurso
princípios e finalidades que preveem: formativo que atenda seus interesses, necessidades e
aspirações, para que se assegure a permanência dos
I - a consolidação e o aprofundamento dos
jovens na escola, com proveito, até a conclusão da
conhecimentos adquiridos no Ensino
Educação Básica.
Fundamental, possibilitando o prosseguimento de
estudos; II - a preparação básica para a cidadania
CAPÍTULO II MODALIDADES DA
e o trabalho, tomado este como princípio educativo,
EDUCAÇÃO BÁSICA
para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
enfrentar novas condições de ocupação e
Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode
aperfeiçoamento posteriores;
corresponder uma ou mais das modalidades de
III o desenvolvimento do educando como pessoa ensino: Educação de Jovens e Adultos, Educação
humana, incluindo a formação ética e estética, o Especial, Educação Profissional e Tecnológica,
desenvolvimento da autonomia intelectual e do Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e
pensamento crítico; Educação a Distância.
IV - A compreensão dos fundamentos
científicos e tecnológicos presentes na sociedade
SEÇÃO I
contemporânea, relacionando a teoria com a prática.
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
§ 1º O Ensino Médio deve ter uma base unitária sobre
a qual podem se assentar possibilidades diversas
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA)
como preparação geral para o trabalho ou,
destina-se aos que se situam na faixa etária superior à
facultativamente, para profissões técnicas; na ciência
considerada própria, no nível de conclusão do Ensino
e na tecnologia, como iniciação científica e
Fundamental e do Ensino Médio.
tecnológica; na cultura, como ampliação da formação
cultural.
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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§ 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta VI - Realizada, sistematicamente, a formação
de cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, continuada, destinada, especificamente, aos
proporcionando-lhes oportunidades educacionais educadores de jovens e adultos.
apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de
SEÇÃO II EDUCAÇÃO ESPECIAL
trabalho, mediante cursos, exames, ações integradas
e complementares entre si, estruturados em um
Art. 29. A Educação Especial, como modalidade
projeto pedagógico próprio.
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de
§ 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a ensino, é parte integrante da educação regular,
Educação Profissional articulada com a Educação devendo ser prevista no projeto político-pedagógico
Básica, devem pautar- se pela flexibilidade, tanto de da unidade escolar.
currículo quanto de tempo e espaço, para que
§ 1º Os sistemas de ensino devem matricular os
seja(m):
estudantes com deficiência, transtornos globais do
I - Rompida a simetria com o ensino regular desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
para crianças e adolescentes, de modo a permitir classes comuns do ensino regular e no Atendimento
percursos individualizados e conteúdos Educacional Especializado (AEE), complementar ou
significativos para os jovens e adultos; suplementar à escolarização, ofertado em salas de
II - Providos o suporte e a atenção individuais recursos multifuncionais ou em centros de AEE da
às diferentes necessidades dos estudantes no rede pública ou de instituições comunitárias,
processo de aprendizagem, mediante atividades confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.
diversificadas;
§ 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições
III - Valorizada a realização de atividades e
para que o professor da classe comum possa explorar
vivências socializadoras, culturais, recreativas e
as potencialidades de todos os estudantes, adotando
esportivas, geradoras de enriquecimento do percurso
uma pedagogia dialógica, interativa, interdisciplinar e
formativo dos estudantes;
inclusiva e, na interface, o professor do AEE deve
IV - Desenvolvida a agregação de
identificar habilidades e necessidades dos estudantes,
competências para o trabalho;
organizar e orientar sobre os serviços e recursos
V - Promovida a motivação e a orientação
pedagógicos e de acessibilidade para a participação e
permanente dos estudantes, visando maior
aprendizagem dos estudantes.
participação nas aulas e seu melhor aproveitamento
e desempenho;
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§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas de I - Articulada com o Ensino Médio, sob duas
ensino devem observar as seguintes orientações formas: a) integrada, na mesma instituição; ou

fundamentais: b) concomitante, na mesma ou em distintas


instituições;
I - O pleno acesso e a efetiva participação dos
II - Subsequente, em cursos destinados a quem
estudantes no ensino regular;
já tenha concluído o Ensino Médio.
II - a oferta do atendimento educacional
§ 1º Os cursos articulados com o Ensino Médio,
especializado;
organizados na forma integrada, são cursos de
III - a formação de professores para o AEE e
matrícula única, que conduzem os educandos à
para o desenvolvimento de práticas educacionais
inclusivas; habilitação profissional técnica de nível médio ao
IV - a participação da comunidade escolar; mesmo tempo em que concluem a última etapa da
Educação Básica.
V - a acessibilidade arquitetônica, nas
comunicações e informações, nos mobiliários e § 2º Os cursos técnicos articulados com o Ensino
equipamentos e nos transportes; Médio, ofertados na forma concomitante, com dupla
VI - a articulação das políticas públicas matrícula e dupla certificação, podem ocorrer:
intersetoriais. I - Na mesma instituição de ensino,
aproveitando-se as oportunidades educacionais
SEÇÃO III disponíveis;
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E II - Em instituições de ensino distintas,
TECNOLÓGICA aproveitando-se as oportunidades educacionais
disponíveis;
Art. 30. A Educação Profissional e Tecnológica, no III - Em instituições de ensino distintas,
cumprimento dos objetivos da educação nacional, mediante convênios de Inter complementaridade,
integra-se aos diferentes níveis e modalidades de com planejamento e desenvolvimento de projeto
educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da pedagógico unificado.
tecnologia, e articula-se com o ensino regular e com
outras modalidades educacionais: Educação de § 3º São admitidas, nos cursos de Educação
Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação a Profissional Técnica de nível médio, a organização e
Distância. a estruturação em etapas que possibilitem
qualificação profissional intermediária.
Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, a § 4º A Educação Profissional e Tecnológica pode ser
Educação Profissional e Tecnológica ocorre na oferta desenvolvida por diferentes estratégias de
de cursos de formação inicial e continuada ou educação
qualificação profissional e nos de Educação
Profissional Técnica de nível médio. continuada, em instituições especializadas ou no
ambiente de trabalho, incluindo os programas e
cursos de aprendizagem, previstos na Consolidação
Art. 32. A Educação Profissional Técnica de nível das Leis do Trabalho (CLT).
médio é desenvolvida nas seguintes formas:

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Art. 33. A organização curricular da Educação qual se busca um trabalho pedagógico fundamentado
Profissional e Tecnológica por eixo tecnológico no princípio da sustentabilidade, para assegurar a
fundamenta-se na identificação das tecnologias que preservação da vida das futuras gerações, e a
se encontram na base de uma dada formação pedagogia da alternância, na qual o estudante
profissional e dos arranjos lógicos por elas participa, concomitante e alternadamente, de dois
constituídos. ambientes/situações de aprendizagem: o escolar e o
laboral, supondo parceria educativa, em que ambas as
partes são corresponsáveis pelo aprendizado e pela
Art. 34. Os conhecimentos e as habilidades
formação do estudante.
adquiridos tanto nos cursos de Educação Profissional
e Tecnológica, como os adquiridos na prática laboral
pelos trabalhadores, podem ser objeto de avaliação, Seção V Educação Escolar Indígena
reconhecimento e certificação para prosseguimento
ou conclusão de estudos. Art. 37. A Educação Escolar Indígena ocorre em
unidades educacionais inscritas em suas terras e
culturas, as quais têm uma realidade singular,
Seção IV Educação Básica do Campo
requerendo pedagogia própria em respeito à
especificidade étnico-cultural de cada povo ou
Art. 35. Na modalidade de Educação Básica do
comunidade e formação específica de seu quadro
Campo, a educação para a população rural está
docente, observados os princípios constitucionais, a
prevista com adequações necessárias às
base nacional comum e os princípios que orientam a
peculiaridades da vida no campo e de cada região,
Educação Básica brasileira.
definindo-se orientações para três aspectos essenciais
à organização da ação pedagógica: Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento
das escolas indígenas, é reconhecida a sua condição
I - Conteúdos curriculares e metodologias
de possuidores de normas e ordenamento jurídico
apropriadas às reais necessidades e interesses dos próprios, com ensino intercultural e bilíngue, visando
estudantes da zona rural; à valorização plena das culturas dos povos indígenas
II - Organização escolar própria, incluindo e à afirmação e manutenção de sua diversidade étnica.
adequação do calendário escolar às fases do ciclo
agrícola e às condições climáticas; Art. 38. Na organização de escola indígena, deve ser
III - Adequação à natureza do trabalho na zona considerada a participação da comunidade, na
rural. definição do modelo de organização e gestão, bem
como:

Art. 36. A identidade da escola do campo é definida I - Suas estruturas sociais;


pela vinculação com as questões inerentes à sua II - Suas práticas socioculturais e religiosas;
realidade, com propostas pedagógicas que I - Suas formas de produção de
contemplam sua diversidade em todos os aspectos, conhecimento, processos próprios e métodos de
tais como sociais, culturais, políticos, econômicos, de
ensino-aprendizagem;
gênero, geração e etnia.
II - Suas atividades econômicas;
Parágrafo único. Formas de organização e III - Edificação de escolas que atendam aos
metodologias pertinentes à realidade do campo
interesses das comunidades indígenas;
devem ter acolhidas, como a pedagogia da terra, pela
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IV - Uso de materiais didático-pedagógicos TÍTULO VII
produzidos de acordo com o contexto sociocultural ELEMENTOS CONSTITUTIVOS PARA A
de cada povo indígena. ORGANIZAÇÃO DAS DIRETRIZES
CURRICULARES NACIONAIS GERAIS PARA
A EDUCAÇÃO BÁSICA
SEÇÃO VI EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Art. 42. São elementos constitutivos para a
Art. 39. A modalidade Educação a Distância
operacionalização destas Diretrizes o projeto
caracteriza-se pela mediação didático-pedagógica
político- pedagógico e o regimento escolar; o sistema
nos processos de ensino e aprendizagem que ocorre
de avaliação; a gestão democrática e a organização
com a utilização de meios e tecnologias de
da escola; o professor e o programa de formação
informação e comunicação, com estudantes e
docente.
professores desenvolvendo atividades educativas em
lugares ou tempos diversos.
CAPÍTULO I
O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O
Art. 40. O credenciamento para a oferta de cursos e
REGIMENTO
programas de Educação de Jovens e Adultos, de
Educação Especial e de Educação Profissional ESCOLAR
Técnica de nível médio e Tecnológica, na
modalidade a distância, compete aos sistemas Art. 43. O projeto político-
estaduais de ensino, atendidas a regulamentação pedagógico, Inter dependentemente da autonomia
federal e as normas complementares desses sistemas. pedagógica, administrativa e de gestão financeira da
instituição educacional, representa mais do que um
documento, sendo um dos meios de viabilizar a
SEÇÃO VII
escola democrática para todos e de qualidade social.
EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA
§ 1º A autonomia da instituição educacional baseia-
se na busca de sua identidade, que se expressa na
Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é
construção de seu projeto pedagógico e do seu
desenvolvida em unidades educacionais inscritas em
regimento escolar, enquanto manifestação de seu
suas terras e cultura, requerendo pedagogia própria
ideal de educação e que permite uma nova e
em respeito à especificidade étnico-cultural de cada
democrática ordenação pedagógica das relações
comunidade e formação específica de seu quadro
escolares.
docente, observados os princípios constitucionais, a
base nacional comum e os princípios que orientam a § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a
Educação Básica brasileira. de seus sujeitos, articular a formulação do projeto
político-pedagógico com os planos de educação –
Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento
nacional, estadual, municipal –, o contexto em que a
das escolas quilombolas, bem como nas demais, deve
escola se situa e as necessidades locais e de seus
ser reconhecida e valorizada a diversidade cultural.
estudantes.
§ 3º A missão da unidade escolar, o papel
socioeducativo, artístico, cultural, ambiental, as
questões de gênero, etnia e diversidade cultural que
compõem as ações educativas, a organização e a
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gestão curricular são componentes integrantes do IX - As ações de acompanhamento sistemático
projeto político-pedagógico, devendo ser previstas as dos resultados do processo de avaliação interna e
prioridades institucionais que a identificam, externa (Sistema de Avaliação da Educação Básica –
definindo o conjunto das ações educativas próprias
SAEB, Prova Brasil, dados estatísticos, pesquisas
das etapas da Educação Básica assumidas, de acordo
com as especificidades que lhes correspondam, sobre os sujeitos da Educação Básica), incluindo
preservando a sua articulação sistêmica. dados referentes ao IDEB e/ou que complementem
ou substituam os desenvolvidos pelas unidades da
Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de federação e outros;
construção coletiva que respeita os sujeitos das X - A concepção da organização do espaço
aprendizagens, entendidos como cidadãos com físico da instituição escolar de tal modo que este seja
direitos à proteção e à participação social, deve compatível com as características de seus sujeitos,
contemplar: que atenda as normas de acessibilidade, além da
I - o diagnóstico da realidade concreta dos natureza e das finalidades da educação, deliberadas e
sujeitos do processo educativo, contextualizados no assumidas pela comunidade educacional.
espaço e no tempo;
II - a concepção sobre educação, conhecimento, Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado
avaliação da aprendizagem e mobilidade escolar; pela comunidade escolar e conhecido por todos,
III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens constitui-se em um dos instrumentos de execução do
e adultos – que justificam e instituem a vida da e na projeto político-pedagógico, com transparência e
responsabilidade.
escola, do ponto de vista intelectual, cultural,
emocional, afetivo, socioeconômico, como base da Parágrafo único. O regimento escolar trata da
reflexão sobre as relações vida-conhecimento- natureza e da finalidade da instituição, da relação da
cultura- professor-estudante e instituição escolar; gestão democrática com os órgãos colegiados, das
atribuições de seus órgãos e sujeitos, das suas normas
IV - As bases norteadoras da organização do
pedagógicas, incluindo os critérios de acesso,
trabalho pedagógico; promoção, mobilidade do estudante, dos direitos e
V - A definição de qualidade das aprendizagens deveres dos seus sujeitos: estudantes, professores,
e, por consequência, da escola, no contexto das técnicos e funcionários, gestores, famílias,
desigualdades que se refletem na escola; representação estudantil e função das suas instâncias
VI - Os fundamentos da gestão democrática, colegiadas.
compartilhada e participativa (órgãos colegiados e de
representação estudantil); CAPÍTULO II AVALIAÇÃO
VII - O programa de acompanhamento de
Art. 46. A avaliação no ambiente educacional
acesso, de permanência dos estudantes e de compreende 3 (três) dimensões básicas:
superação da retenção escolar;
I - Avaliação da aprendizagem;
VIII - O programa de formação inicial e
II - Avaliação institucional interna e externa; III
continuada dos profissionais da educação, regentes e
- avaliação de redes de Educação Básica.
não regentes;

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SEÇÃO I SEÇÃO II
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM PROMOÇÃO, ACELERAÇÃO DE ESTUDOS E
CLASSIFICAÇÃO
Art. 47. A avaliação da aprendizagem baseia-se na
concepção de educação que norteia a relação Art. 48. A promoção e a classificação no Ensino
professor- estudante-conhecimento-vida em Fundamental e no Ensino Médio podem ser utilizadas
movimento, devendo ser um ato reflexo de em qualquer ano, série, ciclo, módulo ou outra
reconstrução da prática pedagógica avaliativa, unidade de percurso adotada, exceto na primeira do
premissa básica e fundamental para se questionar o Ensino Fundamental, alicerçando-se na orientação de
educar, transformando a mudança em ato, acima de que a avaliação do rendimento escolar observará os
tudo, político. seguintes critérios:
§ 1º A validade da avaliação, na sua função I - Avaliação contínua e cumulativa do
diagnóstica, liga- se à aprendizagem, possibilitando o desempenho do estudante, com prevalência dos
aprendiz a recriar, refazer o que aprendeu, criar, aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
propor e, nesse contexto, aponta para uma avaliação
resultados ao longo do período sobre os de eventuais
global, que vai além do aspecto quantitativo, porque
identifica o desenvolvimento da autonomia do provas finais;
estudante, que é indissociavelmente ético, social, II - Possibilidade de aceleração de estudos para
intelectual. estudantes com atraso escolar;
III - Possibilidade de avanço nos cursos e nas
§ 2º Em nível operacional, a avaliação da
séries mediante verificação do aprendizado;
aprendizagem tem, como referência, o conjunto de IV - Aproveitamento de estudos concluídos com
conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e
êxito;
emoções que os sujeitos do processo educativo
projetam para si de modo integrado e articulado com V - Oferta obrigatória de apoio pedagógico
aqueles princípios definidos para a Educação Básica, destinado à recuperação contínua e concomitante de
redimensionados para cada uma de suas etapas, bem aprendizagem de estudantes com déficit de
assim no projeto político- pedagógico da escola. rendimento escolar, a ser previsto no regimento
§ 3º A avaliação na Educação Infantil é realizada escolar.
mediante acompanhamento e registro do
desenvolvimento da criança, sem o objetivo de
Art. 49. A aceleração de estudos destina-se a
promoção, mesmo em se tratando de acesso ao Ensino
estudantes com atraso escolar, àqueles que, por algum
Fundamental.
motivo, encontram-se em descompasso de idade, por
§ 4º A avaliação da aprendizagem no Ensino razões como ingresso tardio, retenção, dificuldades
Fundamental e no Ensino Médio, de caráter formativo no processo de ensino-aprendizagem ou outras.
predominando sobre o quantitativo e classificatório,
adota uma estratégia de progresso individual e Art. 50. A progressão pode ser regular ou parcial,
contínuo que favorece o crescimento do educando, sendo que esta deve preservar a sequência do
preservando a qualidade necessária para a sua currículo e observar as normas do respectivo sistema
formação escolar, sendo organizada de acordo com de ensino, requerendo o redesenho da organização das
regras comuns a essas duas etapas. ações pedagógicas, com previsão de horário de
trabalho e espaço de atuação para professor e
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estudante, com conjunto próprio de recursos didático- CAPÍTULO III
pedagógico. GESTÃO DEMOCRÁTICA E ORGANIZAÇÃO
DA ESCOLA
Art. 51. As escolas que utilizam organização por série
podem adotar, no Ensino Fundamental, sem prejuízo
da avaliação do processo ensino-aprendizagem, Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho
diversas formas de progressão, inclusive a de pedagógico e da gestão da escola conceber a
progressão continuada, jamais entendida como organização e a gestão das pessoas, do espaço, dos
promoção automática, o que supõe tratar o processos e procedimentos que viabilizam o trabalho
conhecimento como processo e vivência que não se expresso no projeto político- pedagógico e em planos
harmoniza com a ideia de interrupção, mas sim de da escola, em que se conformam as condições de
construção, em que o estudante, enquanto sujeito da trabalho definidas pelas instâncias colegiadas.
ação, está em processo contínuo de formação,
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as
construindo significados.
do seu sistema de ensino, têm incumbências
complexas e abrangentes, que exigem outra
SEÇÃO III AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL concepção de organização do trabalho pedagógico,
como distribuição da carga horária, remuneração,
Art. 52. A avaliação institucional interna deve ser estratégias claramente definidas para a ação didático-
prevista no projeto político-pedagógico e detalhada pedagógica coletiva que inclua a pesquisa, a criação
no plano de gestão, realizada anualmente, levando de novas abordagens e práticas metodológicas,
em consideração as orientações contidas na incluindo a produção de recursos didáticos
regulamentação vigente, para rever o conjunto de adequados às condições da escola e da comunidade
objetivos e metas a serem concretizados, mediante em que esteja ela inserida.
ação dos diversos segmentos da comunidade
§ 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino
educativa, o que pressupõe delimitação de
público e prevista, em geral, para todas as instituições
indicadores compatíveis com a missão da escola,
de ensino, o que implica decisões coletivas que
além de clareza quanto ao que seja qualidade social
pressupõem a participação da comunidade escolar na
da aprendizagem e da escola.
gestão da escola e a observância dos princípios e
finalidades da educação.
SEÇÃO IV
§ 3º No exercício da gestão democrática, a escola
AVALIAÇÃO DE REDES DE EDUCAÇÃO
deve se empenhar para constituir-se em espaço das
BÁSICA
diferenças e da pluralidade, inscrita na diversidade do
processo tornado possível por meio de relações
Art. 53. A avaliação de redes de Educação Básica intersubjetivas, cuja meta é a de se fundamentar em
ocorre periodicamente, é realizada por órgãos princípio educativo emancipador, expresso na
externos à escola e engloba os resultados da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
avaliação institucional, sendo que os resultados dessa cultura, o pensamento, a arte e o saber.
avaliação sinalizam para a sociedade se a escola
apresenta qualidade suficiente para continuar
Art. 55. A gestão democrática constitui-se em
funcionando como está.
instrumento de horizontalização das relações, de
vivência e convivência colegiada, superando o
autoritarismo no planejamento e na concepção e
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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organização curricular, educando para a conquista da CAPÍTULO IV
cidadania plena e fortalecendo a ação conjunta que O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E
busca criar e recriar o trabalho da e na escola
mediante: CONTINUADA

I - A compreensão da globalidade da pessoa,


enquanto ser que aprende, que sonha e ousa, em Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a
busca de uma convivência social libertadora
fundamentação da ação docente e os programas de
fundamentada na ética cidadã;
II - A superação dos processos e procedimentos formação inicial e continuada dos profissionais da
burocráticos, assumindo com pertinência e educação instauram, reflete-se na eleição de um ou
relevância: os planos pedagógicos, os objetivos outro método de aprendizagem, a partir do qual é
institucionais e educacionais, e as atividades de determinado o perfil de docente para a Educação
avaliação contínua;
Básica, em atendimento às dimensões técnicas,
III - A prática em que os sujeitos constitutivos da
comunidade educacional discutam a própria práxis políticas, éticas e estéticas.
pedagógica impregnando-a de entusiasmo e de
§ 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas
compromisso com a sua própria comunidade,
de formação dos profissionais da educação, sejam
valorizando-a, situando-a no contexto das relações
sociais e buscando soluções conjuntas; gestores, professores ou especialistas, deverão incluir
IV - A construção de relações interpessoais em seus currículos e programas:
solidárias, geridas de tal modo que os professores se
a) o conhecimento da escola como organização
sintam estimulados a conhecer melhor os seus pares
(colegas de trabalho, estudantes, famílias), a expor as complexa que tem a função de promover a educação
suas ideias, a traduzir as suas dificuldades e para e na cidadania;
expectativas pessoais e profissionais; b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos
V - A instauração de relações entre os
resultados de investigações de interesse da área
estudantes, proporcionando-lhes espaços de
convivência e situações de aprendizagem, por meio educacional;
dos quais aprendam a se compreender e se organizar c) a participação na gestão de processos
em equipes de estudos e de práticas esportivas, educativos e na organização e funcionamento de
artísticas e políticas; sistemas e instituições de ensino;
VI - A presença articuladora e mobilizadora do
d) a temática da gestão democrática, dando
gestor no cotidiano da escola e nos espaços com os
quais a escola interage, em busca da qualidade social ênfase à construção do projeto político-pedagógico,
das aprendizagens que lhe caiba desenvolver, com mediante trabalho coletivo de que todos os que
transparência e responsabilidade. compõem a comunidade escolar são responsáveis.

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação Art. 58. A formação inicial, nos cursos de
nacional está a valorização do profissional da licenciatura, não esgota o desenvolvimento dos
educação, com a compreensão de que valorizá-lo é conhecimentos, saberes e habilidades referidas, razão
valorizar a escola, com qualidade gestorial, pela qual um programa de formação continuada dos
educativa, social, cultural, ética, estética, ambiental. profissionais da educação será contemplado no
projeto político-pedagógico.
§ 1º A valorização do profissional da educação
escolar vincula-se à obrigatoriedade da garantia de
qualidade e ambas se associam à exigência de Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir
programas de formação inicial e continuada de orientações para que o projeto de formação dos
docentes e não docentes, no contexto do conjunto de profissionais preveja:
múltiplas atribuições definidas para os sistemas
a) a consolidação da identidade dos
educativos, em que se inscrevem as funções do
profissionais da educação, nas suas relações com a
professor.
escola e com o estudante;
§ 2º Os programas de formação inicial e continuada b) a criação de incentivos para o resgate da
dos profissionais da educação, vinculados às imagem social do professor, assim como da
orientações destas Diretrizes, devem prepará-los para autonomia docente tanto individual como coletiva;
o desempenho de suas atribuições, considerando c) a definição de indicadores de qualidade
necessário: social da educação escolar, a fim de que as agências
formadoras de profissionais da educação revejam os
a) além de um conjunto de habilidades
projetos dos cursos de formação inicial e continuada
cognitivas, saber pesquisar, orientar, avaliar e
de docentes, de modo que correspondam às
elaborar propostas, isto é, interpretar e reconstruir o
exigências de um projeto de Nação.
conhecimento coletivamente;
b) trabalhar cooperativamente em equipe;
c) compreender, interpretar e aplicar a Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de
linguagem e os instrumentos produzidos ao longo da sua publicação.
evolução tecnológica, econômica e organizativa;
d) desenvolver competências para integração
QUESTÕES
com a comunidade e para relacionamento com as
famílias.
01. (SEDF - Conhecimentos Básicos -
CESPE/2017). Julgue o item subsequente, à luz das
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a (B) Educação Especial, Educação Profissional
Educação Básica. e Tecnológica, Pedagogia da Terra e Educação
Escolar Indígena.
As diretrizes em questão têm como fundamento o
(C) Educação de Tempo integral, Educação
compromisso com a educação integral de todos,
Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar
atendendo às dimensões orgânica, sequencial e
Indígena e Educação a Distância.
articulada da educação básica
(D) Educação de Jovens e Adultos, Educação
( ) Certo ( ) Errado
Especial, Educação Profissional e Tecnológica,
Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e
02. (SEDF - Conhecimentos Básicos -
Educação a Distância.
CESPE/2017). Julgue o item subsequente, à luz das
(E) Educação de Jovens e Adultos, Educação
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Profissional e Tecnológica, Educação do Campo e
Educação Básica.
Educação a Distância e Educação Religiosa.
As referidas diretrizes foram elaboradas à luz dos 04. (SEDUC/PI - Professor - Informática -
princípios constitucionais e da Lei de Diretrizes e NUCEPE) A Didática constitui disciplina essencial
Bases da Educação Nacional e se operacionalizam nos processos de formação de professores,
no princípio da gestão tecnocrática. notadamente articulando o saber, o saber-ser e o
( ) Certo ( ) Errado saber-fazer. No contexto dessa análise, pode-se
afirmar CORRETAMENTE, acerca da concepção
03. (IF/TO - Pedagogo). A Resolução tradicional de Didática que:
CNE/CEB nº 04/2010 estabelece as Diretrizes (A) refere-se a um conjunto de procedimentos
Curriculares Nacionais para a Educação Básica. universais relativos à docência;
Conforme esse documento para a organização da (B) afirma a neutralidade científica do método,
Educação Básica, devem-se observar as Diretrizes a preocupação com os meios desvinculados dos fins
Curriculares Nacionais comuns a todas as suas e do contexto;
etapas, modalidades e orientações temáticas, (C) caracteriza-se por transcender métodos e
respeitadas as suas especificidades e as dos sujeitos a técnicas de ensino, buscando articular
que se destinam. São consideradas modalidades da escola/sociedade;
Educação Básica. (D) compreende uma doutrina da instrução,
(A) Educação Infantil, Ensino Fundamental, revelando-se como um conjunto de normas
Ensino Médio e Educação Especial. prescritivas centradas no método;

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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

124
(E) caracteriza-se por estabelecer métodos e concepção de formação e como projeto
técnicas de educação desvinculados dos princípios educacional, ela forma parte da histórica luta pela
educacionais. emancipação humana. Quanto mais integral a
formação dos sujeitos, maiores são as
possibilidades de criação e transformação da
05. (SEE/AL - Todos os Cargos - CESPE)
sociedade.
Com relação à didática e à sua prática histórico-
A luta por processos de formação humana
social, julgue o item a seguir. O enfoque tecnicista da
integral definitivamente não é algo novo, faz parte
didática busca estratégia objetiva, racional e neutra
da experiência de sobrevivência de mulheres e
do processo de ensino-aprendizagem, em
homens que historicamente buscaram ampliar sua
contraposição ao enfoque humanista. ( ) Certo ( ) compreensão de mundo, seus conhecimentos e
Errado saberes. A busca pela Formação Integral é,
GABARITO portanto, parte da experiência humana na qual a
CERTO / 02. ERRADO / 03. D / 04. D / escolarização vai ocupando lugar central, e a
05. CERTA educação é, nesse sentido, expressão do desejo e
do direito humano fundamental. O currículo, por
sua vez, entendido como constituinte e
SANTA CATARINA. PROPOSTA constitutivo do percurso formativo, torna-se
CURRICULAR DE SANTA CATARINA: expressão material desse direito e o sujeito, o
FORMAÇÃO INTEGRAL NA EDUCAÇÃO sentido último e finalidade principal da formação.

BÁSICA. FLORIANÓPOLIS: SED, 2014, P. 23- Assim, a formação integral continua sendo um

90. dos mais importantes e antigos projetos humanos.


A educação formal, com a adjetivação “integral”,
constitui uma luta contemporânea que representa
PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA uma alternativa para o avanço
CATARINA
da sociedade em relação aos atuais limites da
1. EDUCAÇÃO BÁSICA E FORMAÇÃO escola. Mais do que a noção de educação integral,
INTEGRAL o que está posto na atualidade é como a escola
A Formação Integral tem assumido papel cada enquanto instituição social moderna pode cumprir
vez mais central no debate sobre os pressupostos a tarefa de promovê-la.
e finalidades da Educação Básica no Brasil. Como Contudo, vale ressaltar que a Educação

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125
Integral, embora tendo no projeto escolar humano pleno e a apropriação crítica do
moderno seu lócus privilegiado de realização, não conhecimento e da cultura.
se restringe a essa instituição social, uma vez que Nesta mesma direção, compreende-se o
ela pressupõe o reconhecimento de outras conhecimento como artefato humano produto e
demandas como o acesso à saúde, ao esporte, à produtor da cultura, constitutivo das relações entre
inclusão digital e à cultura, setores com os quais a os sujeitos, deles com o mundo e com a natureza.
instituição escolar pode estabelecer diálogos É, portanto, o conjunto das apropriações
enriquecedores. A grande questão em pauta, necessárias.
então, não é a validade ou a importância da Uma formação mais integral do cidadão supõe
formação integral como projeto educacional, mas considerar e reconhecer o ser humano como
a (re)configuração da escola e do currículo escolar sujeito que produz, por meio do trabalho, as
necessária para sua materialização. Esse, sim, é o condições de (re)produção da vida, modificando
grande desafio educacional contemporâneo. A os lugares e os territórios de viver, revelando
educação integral é, nesse sentido, uma estratégia relações sociais, políticas, econômicas, culturais e
histórica que visa desenvolver percursos socioambientais.
formativos mais integrados, complexos e Assim, os espaços de formação podem/devem
completos, que considerem a educabilidade se converter em lócus de socialização de saberes,
humana em sua múltipla dimensionalidade. de estudo organizado dos acontecimentos, de
Neste movimento, a noção de “currículo iniciação à pesquisa e de incentivo à leitura
integrado” se torna fundamental, uma vez que científica do mundo. Dessa forma, a Educação
expressa a intencionalidade coletiva da ação Integral que tem como horizonte a Formação
pedagógica nos planos do ensino e da Integral demanda um currículo que se conecte
aprendizagem. Assim, um currículo mais com a realidade do sujeito, uma vez que as
orgânico, portanto mais integrado, cumpre um experiências com as quais estes sujeitos se
papel essencial quando os percursos formativos envolvem diuturnamente são experiências nas
são pensados e desenvolvidos nessa perspectiva. quais os conhecimentos estão integrados.
Desta forma, quando tomamos a educação Em termos de aporte teórico-epistemológico, a
integral desde uma perspectiva histórico-cultural, perspectiva histórico-cultural oferece um
torna-se evidente a busca por uma formação que arcabouço dos mais amplos para a compreensão da
considere a emancipação, a autonomia e a Formação Integral e para a reflexão sobre ela.
liberdade como pressupostos para uma cidadania
ativa e crítica, que possibilite o desenvolvimento O ponto de partida é o sujeito na/da formação,
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compreendido como ser social e histórico de para compor o percurso formativo e que
direito subjetivo à aprendizagem e ao mobilizem os sujeitos para a aprendizagem;
desenvolvimento em sua concepção ampla. reconhecimento da diversidade de
Sujeito que, nas experiências de vida e nas relações identidades e de saberes como condição político-
com outros sujeitos, com a natureza e com as pedagógica para o desenvolvimento da Educação
estruturas e instituições sociais, faz apropriações Básica.
de mundo mediadas por diferentes linguagens. ampliação de espaços de autonomia
Esse sujeito tem o direito a uma formação que intelectual e política dos sujeitos envolvidos nos
tome como parâmetro todas as dimensões que percursos formativos;
constituem o humano. Uma formação que exploração das interfaces entre os saberes,
reconheça e ensine a reconhecer o direito a dos entre- lugares, das redes, das coletividades
como lócus geradores de conhecimento;
diferença, a diversidade cultural e identitária; que
democratização da gestão dos processos
contemple as dimensões ética, estética, política,
educativos pela valorização e fortalecimento do
espiritual, socioambiental, técnica e profissional.
trabalho coletivo.
As propostas pedagógicas das escolas,
organizadas na perspectiva da Educação Integral,
devem considerar a possibilidade concreta de No conjunto desses movimentos, a articulação

ultrapassar as fronteiras do conhecimento e dos entre as áreas do conhecimento torna-se

saberes. Assim, tomando-se por base essa fundamental. Os currículos organizados sob a

concepção, é importante que as redes de ensino perspectiva dessa articulação podem constituir

pautem seus projetos em alguns significativa estratégia de superação de processos

arranjos/movimentos curriculares mais pedagógicos fragmentários que tendem a tornar o

integradores, tais como: percurso formativo um acúmulo de etapas e fases.

superação do etapismo no percurso formativo; A articulação das diferentes áreas do

promoção do diálogo entre as diferentes áreas conhecimento contribui na formação mais

do completa dos sujeitos na medida em que sugerem

conhecimento, sem deixar de considerar as a organização de trabalhos pedagógicos nos quais

especificidades das áreas e dos componentes diferentes componentes curriculares possam

curriculares; dialogar e compartilhar conhecimentos.

escolhas teórico-metodológicas, de Compreende-se que a produção de experiências

conhecimentos e de experiências significativas curriculares articuladas não significa a perda da


identidade e das conquistas das trajetórias teórico-
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epistemológicas desses componentes. linguísticas, expressivo-sociais, cognitivas, dentre
Portanto, na perspectiva da Formação Integral outras, contribuindo assim para o
as áreas de Linguagens, Ciências Humanas, desenvolvimento do ser humano de forma
Ciências da Natureza e Matemática devem se omnilateral.
inter-relacionar permanentemente no fazer
Nesse sentido, é preciso que os envolvidos no
cotidiano da escola, embora mantenham sua
processo de elaboração dos projetos pedagógicos
singularidade. Noutras palavras, a ideia de
das escolas, ao refletirem sobre a organização
Formação Integral precisa ser incorporada de fato
curricular que desejam, delineiem não só os
em cada componente curricular de cada área do
conceitos a serem contemplados nas atividades de
conhecimento, tanto quanto na articulação entre
ensino e educação, como também as estratégias
elas.
para sua apropriação e as que viabilizam o direito
à igualdade de condições de acesso ao
PERCURSO FORMATIVO conhecimento e permanência para todos os
sujeitos na escola, incluindo-se os adultos e idosos
No âmbito da atualização da PCSC, e priorizando os de zero a 17 anos.
compreende-se o percurso formativo como Compreender o percurso formativo como um
processo constitutivo e constituinte da formação continuum que se dá ao longo da vida escolar,
humana. Nesse sentido, o percurso da formação, a tanto quanto ao longo de toda a vida, significa
ser desenvolvido na/pela escola, estrutura-se em considerar a singularidade dos tempos e dos
torno de uma organização curricular, que deverá modos de aprender dos diferentes sujeitos. Assim,
ter em vista o desenvolvimento e as faz-se necessário transcender os componentes
especificidades que constituem a diversidade de curriculares das áreas em suas especificidades
cada um dos sujeitos acolhidos na Educação promovendo o diálogo com os diferentes aspectos
Básica. Entende-se que é por meio da apropriação da cultura, entendida como conjunto de
dos diferentes elementos da cultura que cada objetivações humanas produzidas ao longo do seu
indivíduo desenvolve suas capacidades. processo histórico, com vistas a sua ampliação e
Desse modo, é fundamental que as práticas complexificação.
pedagógicas a serem levadas a efeito nas escolas Dialogar com as diferentes formas do
considerem a importância do desenvolvimento de conhecimento exige pensar em estratégias
todas as potencialidades humanas, sejam elas metodológicas que permitam aos estudantes da
físicas/motoras, emocionais/afetivas, artísticas, Educação Básica desenvolver formas de

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pensamento que lhes possibilitem a apropriação, a experienciar modos de ser e estar no mundo.
compreensão e a produção de novos Desta forma, convidamos os professores, nesta
conhecimentos. Tais estratégias nos remetem à atualização, a
compreensão da atividade orientadora de ensino. (1) revisitar os pressupostos teórico-
Uma atividade é orientadora porque o professor metodológicos das versões anteriores da Proposta
parte do pressuposto de que o resultado final da Curricular do Estado de Santa Catarina (1991,
aprendizagem é fruto das ações negociadas e tem 1998b, 2005), a fim de
consciência de que não domina o conjunto de (2) compreender quem são e como se
fenômenos da sala de aula e da turma. Por isso constituem os sujeitos da educação básica;
elege uma orientação geral que possibilita saber a (3) refletir acerca da função social da escola e
direção a ser seguida. O professor é o organizador dos direitos sociais, entre eles, em se tratando
da atividade e por isso sabe o que está em jogo no especificamente da escola, o direito de aprender e
espaço da sala de aula: os conceitos e os conteúdos desenvolver-se; (4) repensar a organização da
que permitem sua apropriação, as principais escola a partir dessa compreensão de percurso
dificuldades em apreendê-los, as respostas que formativo, além de (5) atualizar permanentemente
indicam se o conteúdo está sendo aprendido ou a proposta pedagógica da escola, tendo em vista os
não, e as ações necessárias para redirecionar a desafios e singularidades que marcam os sujeitos,
busca de um nível mais avançado de na diversidade em que se constituem.
conhecimento.
Por isso, em geral, uma atividade de ensino
REVISITANDO OS FUNDAMENTOS
conterá: a) a síntese histórica do conceito; b) o
TEÓRICOS METODOLÓGICOS DA
problema desencadeador do processo de
PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO
construção do conceito; c) a síntese da solução
DE SANTA CATARINA
coletiva, mediada pelo educador. (MOURA,
1996). Nas diferentes versões e documentos síntese da

As escolhas inerentes ao trabalho pedagógico, proposta curricular do Estado de Santa Catarina

desse modo, têm por finalidade permitir aos (1991, 1998b, 2005), as reflexões sobre a

sujeitos a ampliação de seus repertórios culturais organização pedagógica foram pautadas na teoria

– sem negar aquilo que já sabem, mas num histórico-cultural e da atividade. Entre outros

processo de ampliação dessas objetivações aspectos, é fundamental relembrar que, nesta

humanas –, de modo que as vivências com os teoria, concebe-se que as características humanas

diferentes elementos culturais lhes permitam se constituíram historicamente por intermédio dos
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processos de hominização, ou seja, processos por coletiva e histórica do ser humano, determinada
intermédio dos quais cada sujeito singular produz pelo trabalho. Eles constituem-se, portanto, em
a sua própria humanidade. produto da história das relações coletivas e
Nesses processos decorrentes de demandas desenvolvimento da própria atividade humana na
relacionadas à sobrevivência, o ser humano passa realização do trabalho.
a viver e agir em grupos e a utilizar-se dos objetos Assim sendo, concebe-se que a natureza
de forma distinta do modo como estes se humana não é dada de forma biológica, mas
apresentam na natureza, transformando-os em produzida nas relações intersubjetivas, o que
instrumentos, que são objetos transformados para remete à necessidade de se pensar o percurso
servir a determinadas finalidades no interior da formativo de cada novo ser da espécie, já que a
atividade humana. humanidade é forjada social e historicamente
Vivendo em grupos os seres humanos nessas relações e, consequentemente, nos
desenvolvem a necessidade de organizar as processos de mediação. É a mediação que permite
atividades práticas e a interagir constantemente. A que as gerações precursoras assegurem às novas
linguagem se desenvolve à medida que possibilita gerações o conhecimento e os traços culturais
referir-se a objetos e vivências. É por meio da deixados pelas culturas que as antecederam,
linguagem que o ser humano desenvolve as articulando a estes os conhecimentos advindos de
funções psicológicas superiores, tais como suas produções e vivências; ou, por outra, o ser
atenção, memória, representação etc. e são estas humano formou-se na atividade e é na atividade
funções que viabilizam a estruturação da que as novas gerações se apropriam das
consciência, do pensamento humano e objetivações produzidas, complexificando-as.
possibilitam operações abstratas.
A dimensão intrassubjetiva/intrapsicológica É por meio da apropriação cultural, mediada
dos seres humanos, assim, estrutura-se a partir das pela linguagem, em suas diferentes formas, que os
significações e dos conceitos elaborados sujeitos em sua singularidade se humanizam, o
socialmente, libertando-os da ação prática que resulta na ressignificação de aspectos
relacionada aos objetos, para a operação com emocionais, cognitivos, psicológicos e
representações e conceitos. Por conseguinte, sociológicos, dentre outros, de modo a se tornarem
conforme defendido pela Proposta Curricular do elementos significativos da conduta, da percepção,
Estado de Santa Catarina (PCSC), tanto as da linguagem, do pensamento e da consciência.
características humanas específicas quanto a O desenvolvimento da consciência
linguagem e a consciência resultam da ação
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[...] consiste no processo pelo qual o homem se atividades organizadas nesse espaço são
humaniza pela apropriação cultural. Esse processo direcionadas a um determinado objetivo, o que
não se restringe a uma relação unilateral de mera implica estabelecer relações conscientes com/a
transmissão desse patrimônio. O homem se partir de dada atividade. Isso, além de exigir a
apropria da cultura e nela se objetiva. Portanto, mediação de parceiros mais experientes,
esse movimento é dialético, a partir do qual o demanda, por parte dos responsáveis pelo
homem se constitui enquanto humano e, nesse processo, a organização de uma proposta
mesmo movimento, constitui a humanidade. curricular com vistas ao ensino, assegurando a
(LONGAREZI e FRANCO, 2013, p. 94). singularidade de cada sujeito, sejam eles bebês,
crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos.
Nesse processo, as funções psicológicas superiores
A proposta curricular, portanto, orienta-se por
surgem primeiramente na dimensão social, ou
interesses e necessidades de todos os sujeitos,
seja, intersubjetivamente/interpsiquicamente. Em
tendo em vista sua formação integral. Nesse
um segundo momento, tais funções se constituem
sentido, as ações pedagógicas na Educação Básica
em atividades individuais, como propriedades
podem desenvolver nas pessoas potencialidades
internas do pensamento, ou seja, na dimensão
de ser humano de diferentes naturezas e não
intrassubjetiva/intrapsíquica. Dessa forma, é
apenas determinados aspectos. Por conseguinte,
função dos profissionais que atuam na Educação
há que se
Básica organizar/planejar as atividades
orientadoras de ensino de modo que as interações
pensar em estratégias organizadas para as
e os processos de mediação cumpram com a
diferentes idades, características e ritmos; com
função que lhes cabe em meio às sociedades
profissionais qualificados que atuem como
contemporâneas. Atribuir a responsabilidade
mediadores entre os elementos culturais
dessa organização/planejamento aos professores
universais e os contextos particulares de bebês,
não significa desconsiderar o potencial mediador
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos;
das interações com os colegas tanto quanto com
em ambientes bem equipados; com uso de
os demais sujeitos do universo escolar.
diferentes linguagens e formas de comunicação;
Essa compreensão está relacionada, antes, à
do contato direto com as realidades naturais e
especificidade que justifica a existência social da
criadas pelo ser humano; com apoio de materiais
escola: o compromisso com a educação
especialmente preparados [...]. (WIGGERS, 2007,
sistematizada, com vistas ao desenvolvimento do
p. 211).
pensamento teórico e do ato criador. Assim, as

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Tais demandas decorrem do fato de que o decisões aleatórias, provenientes de adivinhações
sujeito, além de se tornar um ser genérico, no e tentativas de erros e acertos, são substituídas
sentido ontológico do termo, apropria-se de um pela ação de constante (e deliberada) compreensão
conjunto de características específicas e frente a atributos claros que permitam as
singulares. Nesse processo, vai produzindo uma conclusões baseadas em escolhas cada vez mais
biografia particular, como resultado da dinâmica conscientes e deliberadas.
da atividade humana. Portanto, é pelo fato de o ser
O processo de elaboração conceitual é aquele que
humano ser “geneticamente social” que ele se
ampara o desenvolvimento das funções superiores
constitui como ser humano singular. Assim,
da consciência e que é o resultado do encontro do
rompe-se com a crença de que existe uma natureza
conceito cotidiano e do sistematizado. Tal
humana biológica que é semelhante nas diversas
encontro, objeto da intencionalidade posta nas
idades, ao mesmo tempo em que se reafirma que
ações educativas no espaço escolar, tem como
cada pessoa se constitui em sujeito singular.
objetivo o aprofundamento e a amplificação da
É importante compreender que a aprendizagem
capacidade de compreensão e ação dirigida do
e o desenvolvimento são processos intimamente
sujeito.
imbricados. É preciso considerar o
O conceito surge como forma de atividade
desenvolvimento iminente dos sujeitos envolvidos
mental por meio da qual se reproduz o objeto
no processo quando da organização das atividades
idealizado e o sistema de suas relações, que em
orientadoras de ensino. Assim, o processo de
sua unidade refletem a universalidade e a essência
elaboração conceitual se destaca como referência
do movimento do objeto material. O conceito atua,
do trabalho pedagógico, desdobrando-se no
simultaneamente, como forma de reflexo do
entendimento da atividade como recurso didático,
objeto material e como meio de sua reprodução
formando uma compreensão consistente do
mental, de sua estruturação, isto é, como ação
referencial teórico de fundo que tem se mantido
mental especial. (DAVIDOV, 1988).
desde sua gênese.
Tal elaboração é considerada como um modo
O conceito é elaborado
desenvolvido culturalmente (portanto histórico) de
[...] quando uma série de atributos abstraídos
pensar as vivências cotidianas mediadas pela
torna a sintetizar-se, e quando a síntese abstrata
linguagem e decorrentes dos processos de análise
assim obtida se torna forma basilar de pensamento
e síntese, estabelecendo uma percepção e uma
com a qual a criança percebe e toma conhecimento
intencionalidade no processo de análise e tomada
de decisões (SMOLKA, 1993). Dessa forma, as
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da realidade que a cerca. (VYGOTSKY, 2000, p. entendimento e ação sobre a realidade. São
226). igualmente mediados pela linguagem e formam,
portanto, a primeira compreensão sobre a
Portanto, o conceito é um instrumento
realidade que o cerca.
intelectual de entendimento do real: é por meio
O conceito sistematizado, objeto das interações
dele que os seres humanos são capazes de
escolarizadas, resulta de ações intencionais e
estabelecer relações dialéticas de compreensão da
claramente objetivadas, partindo da definição
realidade que é fonte e objeto do modo específico
verbal (aquela que o medeia), aqui com uso mais
de apropriação cognitiva (VIGOTSKI, 1993).
elaborado, organizado e sofisticado, e abre a
Resulta das relações sociais dos sujeitos e tem,
possibilidade de reestruturação necessária para
portanto, história. Grupos diferentes desenvolvem
dominar as propriedades superiores do conceito.
conceitos diferentes. São resultados do esforço
A força mais evidente dos conceitos elaborados se
coletivo significativo da atividade mental na
manifesta em uma esfera, o pensamento teórico,
direção da comunicação, do conhecimento e da
que está determinada pelas propriedades
busca da resolução de problemas. Como têm
superiores dos conceitos, ou seja, seu caráter
história, refletem em si o movimento do seu
consciente e de voluntariedade.
processo de reelaboração e rearticulação oriundo
O tipo de pensamento que permite acessar a
da atividade humana.
essência dos objetos de conhecimento é o
Como instrumentos de apreensão da realidade
pensamento teórico, pois o meio para alcançá-lo é
podem ser entendidos dois: conceitos cotidianos e
buscar primeiro a essência do objeto (conteúdo),
conceitos sistematizados, que diferem em suas
sua relação principal. O pensamento teórico não
origens. Os cotidianos são desenvolvidos a partir
se ocupa com fatos isolados ou com características
das experiências sensoriais dos sujeitos mediados
diretas, imediatas do objeto. Este tipo de
pela intervenção daqueles que os cercam;
pensamento requer que o sujeito se ocupe dos
percorrem longo caminho partindo diretamente
objetos e fenômenos considerando-os num
das experiências e vivências, criando uma série de
sistema, numa rede de relações dentro de um todo
estruturas necessárias para que surjam as
[...]. (PERES e FREITAS, 2014, p. 20).
propriedades e os elementos dos conceitos.
Decorrem das experiências sensoriais e da Os conceitos cotidianos e
compreensão que tenha sido possível ao grupo sistematizados/elaborados não fluem por canais
social onde o sujeito está. Estabelecem-se como as isolados, mas estão imersos num processo de
primeiras explicações e compõem o filtro de contínua interação e devem produzir como

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resultado inevitável que as generalizações de entre eles. Ao realizar essas operações mentais, os
estrutura superior, características dos conceitos conceitos sistematizados oferecem o arcabouço
sistematizados, desenvolvam mudanças necessário para a sustentação da compreensão da
estruturais nos seus conceitos cotidianos. Dessa realidade na perspectiva da totalidade, ainda que
forma, o sujeito realiza voluntariamente algo que as informações tenham sido oferecidas pelos
utilizava espontaneamente com facilidade. Os conhecimentos fragmentados. É na generalização
conceitos cotidianos, estabelecidos anteriormente, dos conceitos que se torna possível que os
sofrem significativo incremento com as tarefas conhecimentos fragmentados pelos diferentes
que exigem trabalho com os conceitos componentes curriculares encontrem espaço e
sistematizados, fundamentais para o forma a oferecer uma compreensão totalizada da
desenvolvimento do pensamento teórico. realidade analisada.
Os conceitos
científicos/sistematizados/elaborados não ATIVIDADES PRINCIPAIS DO
ampliam simplesmente os conceitos cotidianos. DESENVOLVIMENTO HUMANO:
Eles criam as estruturas para saltos qualitativos, CONTRIBUIÇÕES PARA O PERCURSO
antecipando-se ao desenvolvimento dos sujeitos. FORMATIVO
Daí a importância da intervenção da ação
À luz dos pressupostos teóricos da teoria
pedagógica que vise às atividades que
histórico-cultural e da teoria da atividade, convém
desenvolvam a análise e a generalização na busca
considerar as atividades principais do sujeito nos
da atenção voluntária e da memória lógica,
processos de aprendizagem e desenvolvimento,
buscando as características fundamentais e
conforme Davidov (1988) a partir de estudos
diferenciadoras das funções superiores da
desenvolvidos por Leontiev. A atividade principal
consciência: a intelectualização (pensamento
promove as principais transformações nas
teórico) e o domínio, ou seja, a tomada de
particularidades psicológicas do ser humano em
consciência e a voluntariedade. (VYGOTSKI,
dado período de desenvolvimento, gerando as
1993).
neoformações. São elas que, em boa medida,
Em um movimento dialético, é preciso
governam as mudanças mais importantes nos
reafirmar que todo conceito é uma generalização,
processos psíquicos e nos traços psicológicos dos
consequência de outros processos de elaboração
sujeitos e decorrem dos conflitos gerados no
que se articulam. Essa relação é viável por
âmbito da atividade principal antecedente, numa
estabelecer semelhanças e diferenças entre si e as
relação dialética.
condições de estabelecer elos totais e parciais
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Ainda assim, tendo em vista as demandas Conforme estudos realizados pelos
relacionadas à formação integral, há que se pesquisadores que desenvolveram a teoria da
considerar a necessidade de os sujeitos se atividade, foram identificadas seis atividades
envolverem em atividades de outras naturezas, principais, responsáveis pelas neoformações
que desempenham papéis subsidiários e que psíquicas no ser humano. A primeira delas, a
irão desenvolver neles processos distintos, comunicação emocional direta com os adultos, é a
igualmente significativos. Dessa forma, essas atividade principal, desde as primeiras semanas de
atividades são complementares entre si e vida. Essa atividade se forma pela necessidade de
necessárias ao desenvolvimento omnilateral do ser interação com outras pessoas e se torna possível
humano, sua formação integral. mediante a percepção do sujeito. Conforme
Assim sendo, tais momentos do Davidov (1988), nos seis primeiros meses
desenvolvimento se caracterizam por uma predominam as atividades de comunicação. A
atividade principal. Dentro dela, surgem e se partir do sexto mês, começam a se formar as ações
formam novos tipos de atividades e se estruturam objetal-manipulatórias.
os processos psíquicos particulares. A atividade Por intermédio da atividade objetal-
principal não é aquela a qual, obrigatoriamente, em manipulatória, característica da criança nos
determinado momento do percurso formativo, o primeiros anos de vida, o sujeito reproduz os
sujeito dedica a maior parte de seu tempo. Não é, procedimentos e as ações elaboradas socialmente
também, a única presente naquele período de pelo manuseio dos objetos/instrumentos. Nesse
desenvolvimento. Cada atividade principal surge processo, ocorre, ainda, a separação da unidade
dos conflitos gerados no âmbito da atividade adulto-criança, dando origem ao “eu infantil”,
principal antecedente, numa relação dialética. convertendo a criança em um sujeito singular de
(DAVIDOV, 1988). ações conscientes. Sobretudo a partir de então, o
Os processos de aprendizagem necessitam sujeito procura realizar ações desenvolvidas pelos
oferecer aos sujeitos um amplo leque de vivências adultos, as quais nem sempre estão ao alcance de
e de atividades ao longo de todo o percurso suas condições físicas e de seu desenvolvimento
formativo, haja vista que a realização de uma dada psíquico, contradição que, conforme Elkonin
atividade não promove o desenvolvimento de (1998), é resolvida por meio dos jogos
todas as capacidades humanas; assim, importa que protagonizados.
a escola promova atividades relacionadas a Os jogos protagonizados, por sua vez, se
diferentes áreas do conhecimento, bem como a constituem na atividade principal das crianças
valores éticos, estéticos e políticos. após os primeiros anos de vida. De acordo com
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Elkonin (1998), essa surge na criança quando a Conforme Davidov (1988), nesta atividade
vida real não dá conta de seus desejos imediatos. sistemática, por intermédio da instrução e do
A referida atividade não existiu nas crianças em ensino, sob orientação do professor, os sujeitos
determinados momentos históricos. Ela surge com vão assimilando o conteúdo e as formas da
o conceito de infância, do modo como concebido consciência social – a ciência, a arte, a moral, o
hoje. Com o surgimento do sentimento de direito – e as capacidades de atuar de acordo as
infância, a criança passa a ocupar outro espaço na exigências estabelecidas. “O conteúdo dessas
sociedade, reservado e distinto dos ambientes dos formas de consciência social (conceitos
adultos. Decorrente dessa nova posição social, a científicos, imagens artísticas, valores morais,
criança, em linhas gerais, passa a não vivenciar normas jurídicas) tem caráter teórico”
mais diretamente muitas das situações reais. Por (DAVIDOV, 1988, p. 82). O pensamento teórico,
conseguinte, surge nela a necessidade de vivenciar conforme desenvolvido por Davidov (1988), se
esse contexto de forma simbólica, o que a leva a constitui em uma forma específica do pensamento
se envolver em tramas imaginárias, a exemplo dos humano, cujo desenvolvimento exige o
jogos protagonizados, temáticos e das envolvimento do sujeito em determinado tipo de
brincadeiras de “faz-de- conta”, fazendo emergir atividade – a atividade de estudo, a ser realizada
um momento específico do sob a orientação das ações e operações vinculadas
desenvolvimento social da vida humana. à instrução, ao ensino e à educação promovidos
A atividade de estudo possivelmente é definida pela escola. Nos processos educativos viabilizados
nas crianças nos anos iniciais do Ensino pela escola, há que se considerar também a
Fundamental. A partir da necessidade e da importância e a contribuição de outras formas de
participação em atividades de estudo, jogos e brincadeiras, por constituírem importantes
desenvolvem-se nos sujeitos a consciência, o ato estratégias metodológicas a serem utilizadas em
criador e o pensamento teórico, como também as diferentes momentos do percurso formativo dos
capacidades correspondentes – reflexão, análise e sujeitos.
planificação mental. Essa atividade forma nos
Para o referido autor, o conceito de teoria é
sujeitos as bases iniciais da consciência, do ato
sinônimo de consciência social nas formas mais
criador e do pensamento teórico. Assim sendo, o
elevadas de desenvolvimento de sua organização.
ingresso da criança de seis anos no Ensino
Para ele, a teoria mediatiza toda relação do homem
Fundamental assinala o início de um novo
em face da realidade e cria as condições para sua
momento do seu desenvolvimento, cuja atividade
transformação de forma consciente. Entretanto,
principal é o estudo.
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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por outra.
[...] o acesso à educação escolar não é garantia O entendimento do desenvolvimento humano
de desenvolvimento do pensamento teórico, pois dessa forma traz implicações para a estruturação
depende da lógica que fundamenta o conteúdo e os das atividades pedagógicas a serem levadas a
métodos de ensino. O modo de organização do efeito na Educação Básica, sobretudo quando se
ensino, a lógica considerada no desenvolvimento busca compreender o percurso formativo como
dos conceitos, interfere no tipo de pensamento que uma unidade. Ao admitir-se que, em cada
os estudantes desenvolvem. (DAVIDOV, 1982). momento do desenvolvimento, há atividades
principais, as quais são responsáveis pelas
neoformações psíquicas, e que essas não
Conforme Davidov (1988), essas formas de
desaparecem completamente, constituindo-se em
atividade incluem as atividades de estudo, as
linhas subsidiárias do desenvolvimento, demanda,
organizativas-sociais, a desportiva, a artística,
em alguma medida, orientar a estruturação das
entre outras. Por intermédio delas, desenvolvem-
atividades de aprendizagem a esses momentos, ao
se nos sujeitos as demandas relacionadas ao
longo de todo o percurso formativo.
trabalho, aos interesses profissionais, bem como
A título de ilustração, poderíamos aqui reiterar
outras capacidades fundamentais requeridas em
a importância dos jogos protagonizados para o
meio ao espaço social ocupado pelos adultos.
desenvolvimento das crianças em idade pré-
Cabe ainda destacar que, conforme Davidov
escolar, de modo que seu uso, na estruturação do
(1988), o processo de desenvolvimento humano
trabalho pedagógico na pré- escola, deva se
não é linear, por vezes, é contraditório. O percurso
constituir em atividade curricular, tendo em vista
de desenvolvimento dos sujeitos encontra
sua importância para o desenvolvimento de
obstáculos, os quais se manifestam em períodos
diferentes capacidades humanas, em determinado
especiais que são chamados de “crises”. As crises
momento do percurso formativo dos sujeitos. Essa
acompanham o desenvolvimento do ser humano e
atividade não perde sua importância para o
marcam a passagem de um ciclo do
desenvolvimento da criança quando ela, aos seis
desenvolvimento a outro. Elas consistem na
anos, ingressa no Ensino Fundamental. Os jogos
reestruturação da vivência, motivada pela troca
continuam sendo fundamentais para seu
das necessidades que movem a conduta dos
desenvolvimento, criando condições objetivas
sujeitos. Assim sendo, a crise é o ponto de viragem
para a atividade de estudo, como também para o
no percurso de desenvolvimento e diz respeito ao
surgimento de outras formas de jogos e
momento em que uma necessidade é substituída
brincadeiras, a exemplo dos jogos com regras
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explícitas – brincadeiras tradicionais, jogos de peculiaridades do meio e das características,
percurso, amarelinha, vareta, dominó, baralho etc. interesses e necessidades dos estudantes,
– que, conforme Vygotsky (2008), se relacionam conforme o estabelecido nos projetos escolares.
ao período tardio da idade pré-escolar, sendo Tais definições acerca da organização do percurso
assim centrais no desenvolvimento da criança formativo permitem compreender que a
naquele momento de sua vida. efetivação de um processo de formação integral
dos sujeitos está relacionada a uma organização
Os aspectos desenvolvidos anteriormente
escolar que oportunize à escola ser e fazer aquilo
consistem em orientações teóricas que podem
que lhe dá identidade e autoridade para
contribuir para a seleção das metodologias a serem
desempenhar a sua função social, função que não
adotadas na organização/planejamento do trabalho
mais permite conceber os espaços escolares
pedagógico escolar em suas diferentes
isoladamente. A partir desse entendimento, a
modalidades, rompendo com a tradição do ensino
instituição escolar em questão toma para si
escolar estruturado em etapas estanques. Seriam,
possibilidades e necessidades de se relacionar com
desse modo, sobretudo, as atividades principais e
outras instituições, relação que exige dela clareza
não as etapas da educação básica que definiriam as
sobre seu papel, o qual precisa ser explicitado no
estratégias metodológicas a serem adotadas para a
Projeto Político Pedagógico (PPP). O termo
consecução dos objetivos educacionais, tendo em
projeto político- pedagógico foi utilizado na
vista a formação integral dos diferentes sujeitos
primeira versão da PC/SC para referir-se aos
acolhidos em toda a Educação Básica.
objetivos e às opções teórico-metodológicas a
serem adotadas pelas instituições escolares do
A ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
Estado, tendo em vista a consecução de seus
PEDAGÓGICO
objetivos e a função social que estas
desempenham. Compreendendo que toda ação
Neste item, buscaremos indicar alguns aspectos
educativa é também uma ação política, optamos
relevantes para a organização das atividades
por manter o termo político para reafirmar a
pedagógicas em sala de aula, à luz do processo de
presença de tal dimensão em meio às atividades de
formação dos sujeitos e de acordo com as
cuidado e educação levadas a efeito, de forma
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
coletiva, pelos estabelecimentos escolares.
Básica que, no Artigo 13, parágrafo 3º (BRASIL,
O PPP, como um documento síntese, um
2010e), indica que a organização do percurso
instrumento e um movimento da escola, carrega
formativo deve ser concebida em acordo com as
consigo a potencialidade de se transformar em um
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fio condutor entre o contexto escolar e a idade/série estão fortemente presentes.
comunidade, realçando o envolvimento da
Embora seja evidente a necessidade de avançar na
família, de modo que esta seja parte das decisões
política de acesso e permanência com vistas à
da escola. Cabe à escola, assim, entender os
universalização da Educação Básica, mudanças
sujeitos nessa relação indissociável com seu
legais nem sempre significam mudanças nas
entorno.
estruturas de inclusão/exclusão educacional e
A escola é, portanto, o espaço social justificado
social. Prova disso é tanto a falta de oferta de
pelo processo de mediação (VYGOTSKY, 2007),
escolarização no campo no que se refere às séries
ou seja, é nela que se reúnem sujeitos que
finais do Ensino Fundamental e Médio, como a
interagem uns com os outros em favor da
grande concentração de escolas no meio urbano.
elaboração conceitual progressivamente mais
Outro aspecto dessa realidade se encontra no
complexa, que os leva a pensar diferente, porque
campo da aprendizagem. Nele, a reflexão sobre o
deslocam suas representações de mundo. Dessa
significado e as formas como o conhecimento é
forma, desenvolver o ato criador, o pensamento
(re)produzido na escola, a transcendência dos
teórico, é (ou deveria ser) objetivo que move os
modelos pedagógicos e suas ‘receitas milagrosas’,
sujeitos para a escola e marca a sua especificidade,
a aceitação da diversidade (biológica, sexual,
sendo ela o espaço social da institucionalização do
cognitiva, cultural, étnica, territorial, dentre
desejo de aprender.
outras) e dos diferentes tempos de aprendizagem,
Tal institucionalização, dada a conformação
inerentes à condição humana, são desafios do
contemporânea das sociedades, assume status de
coletivo escolar, carecendo de debate, formação e
direito, mesmo que não plenamente assegurado
planejamento e implicando na reorganização
em todas as instâncias. Em determinados
escolar.
contextos, essa compreensão remete às discussões
No que compete, então, à organização
acerca do acesso, permanência e aprendizagem.
curricular, à luz do conceito de percurso
Dados do acesso à e permanência na escola
formativo, é aquela que materializa o próprio
mostram que, ainda que tenha havido melhora nos
currículo e que tem na sua constituição elementos
indicadores – IBGE (2010) e INEP (2013) – nos
que são essenciais e que estruturam a ação
últimos vinte anos, estamos distantes da meta de
educacional. Conforme a Resolução nº 4
universalização da educação básica no Brasil,
(BRASIL, 2010e), a organização do percurso
principalmente no que se refere à Educação
formativo é assegurada a partir de:
Infantil e Ensino Médio. Números indicativos de
trabalho embasado conceitualmente,
retenção, interrupção escolar e defasagem
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estruturado com materiais didático-pedagógicos, é preciso reconhecer a fonte das questões de
rede física adequada, espaços interno e externo análise na realidade vivenciada pela comunidade
socioculturais; como aquela que oferece os problemas, os objetos
tempos e espaços curriculares ampliados e de análise e síntese à luz dos conhecimentos
diversificados com a atuação de profissionais da sistematizados.
educação sob o propósito de construir O que se objetiva nas aprendizagens do sujeito
coletivamente a escola de qualidade social; por meio de um currículo que privilegie as ações
abordagem didático-pedagógica que de educação integral é a permanência de práticas
oriente o projeto político-pedagógico; que se renovem e sejam mediadas pelo entorno
matriz curricular compreendida como histórico, social e cultural, nas quais se
recurso propulsor de movimento, dinamismo reconheçam seus conhecimentos prévios como
curricular e educacional; organização da matriz ponto de partida, permitindo a instauração de
curricular que subsidie a aprendizagens e vivências que sustentem a
gestão do currículo escolar; organização de compreensões e, pela
formas de organizar o trabalho generalização dos conceitos, amparem novas
pedagógico; aprendizagens.
criação de métodos didático-pedagógicos O currículo que se realiza nesse movimento
utilizando- se recursos tecnológicos de informação precisa de espaço físico e condições didáticas que
e comunicação e permitam ao sujeito realizar ações próprias de
constituição de rede de aprendizagem, quem pesquisa, age e atua numa ação pedagógica
entendida como um conjunto de ações didático- que se complemente de forma ativa sobre o objeto
pedagógicas. estudado. Planejar e ordenar as ações educativas
A ação pedagógica da escola, ancorada na pressupõe encontrar formas de utilização
perspectiva de percurso formativo como unidade, multifuncionais para espaços que foram
consiste em condição concreta de repensar historicamente naturalizados em suas funções.
tempos, espaços e formas de aprendizagem na Transformar essas noções que a cultura escolar
relação com desenvolvimento humano, como propõe não é tarefa fácil, mas possível.
alternativa que busca superar os atuais limites
É preciso olhar a escola como um conjunto
impostos pelos componentes curriculares no
arquitetônico educativo e reconhecer espaços
ambiente escolar. Cabe pensar o currículo escolar
transformados em pedagógicos. Que seja o pátio,
como um contexto em permanente (re)elaboração,
ou o refeitório, a sala de artes, o salão de
em constante disputa e reordenamento. Para tanto,
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exposições, ou bosques que amparem espaços de escola (áreas, disciplinas, temáticas etc.) e como
pesquisa ou contação de histórias, muros que se crianças, jovens, adultos e idosos apropriam-se ou
transformam em murais etc. Uma educação não desses conhecimentos. Demanda fazer
integral não cabe dentro dos muros da escola. Em escolhas quanto à forma mais apropriada de
busca de espaço ou na perspectiva de partilhar a organização escolar (série, ciclo, módulos, dentre
vida fora do espaço escolar, encontrar na outros modos), considerando os sujeitos dentro de
vizinhança e arredores espaços que cumpram seus espaços de vida, sejam eles urbanos, rurais,
papéis pedagógicos tem sido uma solução das periferias urbanas, quilombos, aldeias
possível. São atitudes que educam para conhecer indígenas etc.
e atuar sobre os espaços que vivem e educam a A organização do conhecimento, independente
cidade, o trânsito e as vivências, chamando da forma, precisa ter intencionalidade para sua
atenção para os sujeitos e criando uma rede de produção/apropriação, considerando o
cuidado e educação. entrelaçamento entre o tempo de vida do sujeito
Procurar abrigar atividades em clubes, espaços (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos)
religiosos, praças, abrigos diversos para além da e o percurso formativo nos diferentes processos de
estrutura qualificada já existente na escola, traz aprendizagem e desenvolvimento, entre o
para a educação integral uma ampliação de conhecimento sistematizado e a realidade, no
possibilidades ao transformar o entorno, o bairro processo de elaboração conceitual, sendo
ou a cidade em espaços educativos, em salas de reforçado pela cultura em que está inserido.
referência. A principal indicação é a necessidade Essa relação com o saber (CHARLOT, 2000) é
de a cidade, grande ou pequena, ser objeto de compreendida como a interação com o outro,
observação e estudo, permitindo de forma viva e consigo mesmo e com o mundo. Como condição,
ativa o convívio dos sujeitos com o que ela tem envolve tempos e espaços de articulações
para oferecer, estabelecendo um conhecimento dialógicas entre professores e desses com os
que se torna aprofundado e organizado pelas sujeitos.
trilhas, rotas e intervenções possíveis. Nesse Nesse sentido, é possível repensar o currículo,
sentido, a proposta da educação integral é ampliar organizando-o por áreas, formulando conceitos
o repertório vivencial da vida escolar dos sujeitos, fundamentais e assumindo planejamento e
buscando relacionar os conceitos sistematizados posturas de trabalho docente coletivo, na
às vivências na comunidade. perspectiva da totalidade, estabelecendo a
Além dessa questão, importa compreender articulação entre os saberes e fazeres dos sujeitos
como se produz e se reproduz o conhecimento na e os conhecimentos científicos.
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Dentre as formas de organização, evidencia-se sujeito e a forma como esses aprendem é um dos
a predominância da seriação, ainda que pontos nodais desse modo de organização. Cada
experiências diferenciadas possam ser ciclo consiste em períodos alargados de
encontradas em meio aos diferentes sistemas. organização dos tempos e espaços de
Apresentam-se, na sequência, as principais aprendizagem, possibilitando flexibilidade e
características, potencialidades e fragilidades articulação na relação com o desenvolvimento
inerentes a cada uma dessas formas. etário e cognitivo. Essa forma de organização
demanda mudança nas concepções de
A seriação se constitui em um processo de
conhecimento e de aprendizagem, fundamentadas
organização do ensino por ano/série, com
no conhecimento da realidade e na prática social
cronologia marcada pelo ano escolar,
dos sujeitos e das comunidades onde vivem. Ela
compreendido como ano civil. Os conteúdos são
favorece ainda a reflexão sobre os processos
selecionados obedecendo a uma lógica de
educativos dos sujeitos, dos professores e da
organização do conhecimento produzido
comunidade. Esse modo de organização suscita
socialmente, agrupado por componentes
questionamentos quanto aos resultados da
curriculares e complexificado a cada ano/ série.
aprendizagem nos sujeitos, uma vez que muitos
Nessa modalidade organizativa a sala de aula é o
seriam promovidos sem alcançar os “conceitos
espaço central da aprendizagem escolar e o
essenciais”, desejados em razão da progressão
ano/série é o tempo privilegiado para organização
automática.
das atividades. As críticas à seriação estão
Outra forma é a Pedagogia da Alternância que
centradas na dificuldade do respeito aos tempos e
se relaciona mais diretamente com as experiências
ritmos de aprendizagem de cada sujeito do
desenvolvidas na Educação do Campo, Educação
conhecimento, dando centralidade ao conteúdo
Escolar Quilombola e Indígena, Casa Familiar
escolar e à avaliação. A seriação, por outro lado,
rural, entre outras. É organizada em ‘momentos’
dá segurança ao professor que tem sua formação
pedagógicos que interagem, os chamados de
profissional assentada nessa perspectiva.
“Tempo Escola” e “Tempo Comunidade”,
Os ciclos de formação, por sua vez, são
envolvendo cada sujeito num processo educativo
caracterizados pela organização em três grupos
uno, articulando a experiência propriamente dita à
etários, considerando as características dos
experiência de trabalho e vida no seio da
sujeitos do conhecimento em suas diferentes
comunidade da qual o sujeito é originário. Trata-
idades e situações socioculturais. O respeito aos
se, de fato, de uma perspectiva de práxis, uma vez
conhecimentos e ao desenvolvimento de cada
que busca trabalhar as vivências articuladas aos
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conhecimentos sistematizados. Tal forma de sujeitos envolvidos no processo educativo, a fim
organização escolar requer do sujeito do de que possibilite o (re)planejamento dessas ações
conhecimento a capacidade de assumir-se como no cotidiano escolar.
sujeito de sua própria formação de modo
A avaliação educacional é um dos elementos
permanente. Ela depende de disponibilidade dos
fundamentais no percurso formativo. Vincula-se
professores para o desenvolvimento de ações
ao desafio da aprendizagem como instrumento de
integrativas e planejamento constante para
contínua progressão. Não deve, portanto, ficar
organização dos conhecimentos. Além disso, a
restrita à produção de uma síntese avaliativa
pedagogia da alternância prescinde de calendário
individual, por disciplina, componente curricular
específico. As dificuldades encontradas nessa
ou por área, focada exclusivamente no
forma de organização dizem respeito à
desempenho individual do sujeito. Apresenta-se
necessidade de uma formação inicial integrada
como ponto de apoio à proposta curricular,
dos professores.
refletida no Projeto Político Pedagógico. Deve,
Convêm assim, junto com o Estado, buscar
sim, ganhar destaque a dimensão política da
formas de organização escolar que possibilitem a
avaliação, como parte do projeto educacional de
educação integral de cada sujeito, em atenção ao
cada rede de ensino e escola, garantindo que todos
percurso formativo a ser oportunizado na
aprendam e servindo de elemento central no
Educação Básica. A avaliação da aprendizagem
processo de reflexão crítica e contínua sobre o
constitui-se, então, num processo de
processo de aprendizagem em todas as suas
acompanhamento dos sujeitos, de modo que
dimensões. A avaliação deve servir como um
forneça indicadores para o aprimoramento do
instrumento de inclusão e não de classificação e/ou
processo educativo.
exclusão. Deve ser um indicador não apenas do
A avaliação, assim concebida, constitui-se em
nível de desenvolvimento do estudante, como
prática investigativa, instrumento de decisão sobre
também das estratégias pedagógicas e das
as atividades orientadoras de ensino que vêm
escolhas metodológicas do professor.
sendo adotadas, de forma contínua, sistemática,
Como processo, a avaliação deve reunir
expressa num movimento permanente de reflexão
informações relevantes acerca de aspectos do
e ação. Vale destacar que, como processo
currículo no percurso formativo, as quais
diagnóstico, implica na construção de estratégias
subsidiam tomadas de decisão, delineamento de
de documentação/registro das ações pedagógicas.
atividades e/ou ajustes, visando a promoção cada
É importante que se constitua, ainda, num
vez mais qualificada da aprendizagem. Não é uma
processo constante de diálogo entre os diferentes
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atividade isolada ou de curta duração, uma vez reorganiza o processo de ensino possibilitando ao
que a compreensão de seus aspectos e resultados sujeito novas oportunidades de aprendizagem. O
pode demandar outras iniciativas que extrapolam replanejamento é uma tarefa que se faz necessária
a própria avaliação. sempre que as atividades, estratégias de ensino e
É, pois, um movimento que considera os seus respectivos resultados não se evidenciarem
objetivos propostos e alcançados numa constante suficientes.
(re)elaboração de finalidades, metas e estratégias, Ao longo do desenvolvimento das três etapas,
com vistas a novas oportunidades de é fundamental que se considere a sistematização, a
aprendizagem e novos modos de ensinar e elaboração e a apropriação de conhecimentos, na
aprender. Constitui-se num processo de caráter forma de registros, relatos e outros instrumentos
formativo e contínuo, portanto, desenvolvida como subsídios para a avaliação. Neste âmbito
durante todo o percurso formativo, em todas as importa que os registros considerem relatos dos
relações vivenciadas nos tempos e espaços sujeitos acerca das suas próprias atividades, sejam
escolares, contribuindo para melhorar o ensino e a elas práticas, teóricas ou lúdicas, bem como outros
aprendizagem, sempre voltada à integralidade da instrumentos que subsidiem a avaliação.
formação. Se, pois, adotamos uma educação No conjunto dos registros e instrumentos o
voltada à formação integral, as estratégias de espaço coletivo do conselho de classe torna-se
avaliação precisam dar conta de diagnosticar se as lócus privilegiado. Por seu caráter participativo no
escolhas metodológicas estão em consonância processo de avaliação, oportuniza a tomada de
com tal formação, bem como fornecer os decisão coletiva sobre os processos de
subsídios para eventuais mudanças que precisem aprendizagem, tendo como base o percurso
ser feitas no percurso. formativo na sua integralidade. Daí a importância
Dado seu caráter formativo contempla pelo do envolvimento de todos os sujeitos que
menos três etapas: a de diagnóstico, a de compõem a comunidade escolar. Quando tomado
intervenção e a de replanejamento. O trabalho de nesta dimensão, o conselho de classe estimula
diagnóstico ocorre quando o professor verifica a constante diálogo desde os sujeitos, os
aprendizagem que o estudante realizou ou não, componentes curriculares e áreas do
compreendendo as possibilidades e as conhecimento, permitindo (re)planejamento de
dificuldades do processo, no momento. A ações, tanto no âmbito da sala de aula, quanto na
intervenção se dá quando o professor retoma o instituição escolar como um todo.
percurso formativo, após constatar que não houve
Tomando-se esta concepção de avaliação como
suficiente elaboração conceitual, e, por isso,
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pressuposto, algumas estratégias são É importante destacar ainda que, mais
fundamentais ao longo do percurso formativo dos recentemente, outras dimensões de avaliação vêm
sujeitos, entre as quais: i) a escuta dos interesses e implicando na vida e, por consequência, na
de suas expectativas de aprendizagem; ii) a organização do trabalho pedagógico das escolas.
observação das manifestações, das expressões, Além da avaliação da aprendizagem
representações e relações, além do modo como tradicionalmente desenvolvida para qualificar os
estes compreendem e ocupam espaços e processos de ensino e aprendizagem, surgem
territórios; iii) a ampliação dos repertórios de propostas de avaliação institucional e de avaliação
conhecimentos relativos aos conceitos das áreas e externa em larga escala, como as provas Brasil, do
componentes curriculares; iv) o registro de seus PISA e do ENEM.
avanços e limitações individuais e do processo A Proposta Curricular de Santa Catarina, ao
coletivo. longo de sua trajetória, vem sinalizando que o
Do ponto de vista das formas de Projeto Político Pedagógico das escolas constitui,
desenvolvimento do registro, algumas alternativas também, espaço e movimento da avaliação
podem ser adotadas, tais como: acompanhamento institucional. Neste sentido esta dimensão da
e observação de rodas de conversas, entrevistas, avaliação está ancorada nos processos coletivos de
diálogos informais, produção audiovisual e avaliação da aprendizagem especialmente nos
fotográfica, desenhos, testes orais e escritos, espaços de planejamento e nos conselhos de
mostra de trabalhos, cadernos de anotações, classe.
experimentos e relatos, pesquisas, criação e A avaliação de larga escala, por sua vez, vem se
apresentação de maquetes, painéis, cartazes, destacando nacionalmente como instrumento de
dramatizações e expressões corporais dentre mensuração de índices e resultados educacionais
várias outras possibilidades. Tomando-se como para os sistemas de ensino. Por meio de exames
referência os objetivos de aprendizagem no externos são fornecidos às escolas e aos sistemas
contexto do planejamento coletivo, distintas escolares elementos de avaliação comparativa. A
estratégias de avaliação podem ser adotadas, concepção assumida no contexto da Proposta
envolvendo atividades de leitura, diálogos, Curricular de Santa Catarina é de que os índices,
exercícios de reelaboração conceitual, entre várias embora relevantes para a formulação de políticas
outras. Convém ainda considerar que, no conjunto públicas, não deveriam dar lugar a
das estratégias, devem estar contempladas todas “ranqueamentos” competitivos. É essencial
as formas de diferenças e diversidades que acrescentar que as avaliações externas não
constituem o ambiente escolar. substituem o necessário e contínuo esforço de
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avaliação institucional como parte do Projeto
Político Pedagógico. DIVERSIDADE COMO PRINCÍPIO
É fundamental garantir na escola a FORMATIVO
compreensão, por parte do sujeito, da importância 1.1.1 A Diversidade como elemento fundante
de ter assegurado o seu percurso formativo na da atualização curricular
integralidade, em idade adequada, e sua formação
As diferenças culturais, raciais, de gênero, de
integral por meio do desenvolvimento pleno,
classe [...] não seriam problemáticas se fossem
evitando-se com isto a migração de estudantes para
apenas diferenças. A questão central é que elas são
exames de certificação.
hierarquizadas socialmente e se transformam em
Com o objetivo de viabilizar as possibilidades
desigualdades. (BHABHA, 1998, p. 220).
de organização e de gestão da escola, da sala de
aula e do processo pedagógico, citadas A educação básica como conceito, inaugurado
anteriormente, é importante considerar a pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
necessidade de constituição do Conselho de Nacional (LDB, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro
Escola, no qual as decisões são colegiadas, de 1996), estimulou a promulgação de um
inclusive as de planejamento e avaliação das ações conjunto de Diretrizes e Resoluções, com o intuito
educativas. Todos os sujeitos que integram o de tornar esse direito acessível à população. Como
espaço escolar e comunidade devem participar tal, a ideia de básica, como destaca Cury (2002),
desse processo. advém da concepção de base, sinônimo de
estrutura, fundamento sobre o qual deve se
É mister que a escola valorize, pois, os saberes que
alicerçar todo o percurso formativo que leva ao
os sujeitos trazem dos diferentes espaços sociais
exercício da cidadania.
em que estabelecem relações intersubjetivas, quer
A concepção da Educação Básica como direito
seja dos filmes a que assistem, das fotografias, da
vem acompanhada de duas outras dimensões,
televisão, dos quadrinhos, da literatura e dos
imprescindíveis para sua realização: a ideia de
diferentes modos de produção característicos da
uma educação comum e a ideia do respeito à
internet. As interações por meio desses diferentes
diferença. O conceito de comum se associa à
artefatos culturais podem servir como ponto de
noção de universal, coadunando com a perspectiva
partida para a ampliação dos conhecimentos
dos aprendizados de saberes válidos para toda e
sistematizados e o desenvolvimento do ato
qualquer pessoa, na esteira da noção de
criador e do pensamento teórico – função social
patrimônio cultural que merece ser partilhado.
da escola.
Articulado a isso, a noção de diferença também foi
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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incorporada. Nessa direção, ao longo das últimas em suas experiências de vida históricas e culturais,
duas décadas, no Brasil, políticas públicas em são únicos em suas personalidades e são também
educação vêm sendo firmadas com o intuito de diversos em suas formas de perceber o mundo.
reduzir as desigualdades no percurso educacional Esta noção nos remete à ideia de diferenças de
entre todos os segmentos sociais. Nos identidades constitutivas dos seres humanos, das
movimentos curriculares desencadeados nos suas organizações sociais, etnias, nacionalidades,
últimos 25 anos em Santa Catarina, algumas gêneros, orientação sexual, religiosidades. Enfim,
dessas questões já apareciam. Mas, é após a diversidades de grupos sociais, de identidades do
abertura política e no processo legislativo ser social em sua singularidade que se constituem
decorrente da democratização, que a Educação em espaços, em ambientes, em tempos históricos
Básica como um direito desponta ancorada no com características diversas. Essas relações
princípio do bem comum e no respeito à socioculturais constituem os sujeitos históricos,
diversidade. Assim, atender aos chamados da nas organizações de suas vidas sociais e políticas,
sociedade para atualizar a Proposta Curricular do nas suas relações com o ambiente e com outros
Estado de grupos, na produção e reprodução de suas
Santa Catarina é necessariamente responder a existências.
essas demandas e tensões, que culminam com a
Diversidade também é heterogeneidade, com
construção de um Sistema Nacional de Educação.
vistas ao reconhecimento de que todos somos
O movimento de Atualização da Proposta
diferentes. A diversidade está relacionada com as
Curricular do Estado de Santa Catarina exprime a
aspirações dos grupos humanos e das pessoas de
necessidade de uma Educação Básica que
viver em liberdade e no exercício de sua
reconheça e assuma a diversidade como um
autodeterminação, como também à aspiração da
princípio formativo e fundante do currículo
vida em democracia e à necessidade de vivenciar
escolar.
coletivamente as realidades sociais que são
1.1.2 De que diversidade estamos falando?
múltiplas e de lutar pelo reconhecimento dos
O conceito de diversidade está carregado de direitos humanos e a respeitá-los. Portanto, a
polissemia. Afinal, existem diversos sentidos valorização das diferenças étnicas e culturais, por
sobre diversidade. Mas, de qual diversidade se exemplo, não significa aderir aos valores do outro,
está falando? mas respeitá-lo como expressão da diversidade de
Entende-se a diversidade como característica todo ser humano, sem qualquer discriminação.
da espécie humana: seres humanos são diversos

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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A diversidade pode ser entendida como a parte do humano e assegurado lugar a sua
construção histórica, cultural e social das expressão na sociedade. O direito à diferença, no
diferenças. Uma construção que ultrapassa as espaço público, significa não apenas a tolerância
características biológicas observáveis a olho nu. com o outro, aquele que é diferente de nós, mas
Neste sentido, as diferenças são também implica a revisão do conjunto dos padrões sociais
construídas pelos sujeitos sociais ao longo do de relações na sociedade, exigindo uma mudança
processo histórico e cultural, nos processos de que afeta a todos. Isso significa que a questão da
adaptação dos seres humanos ao meio social e no identidade e da diferença tem caráter político. O
contexto das relações de poder. Dessa forma, direito à diferença se manifesta por meio da
mesmo os aspectos tipicamente observáveis, que afirmação dos direitos de crianças, mulheres,
aprendemos a ver como diferentes desde o nosso jovens, idosos, homossexuais, negros,
nascimento, só passaram a ser percebidos dessa quilombolas, indígenas, pessoas com deficiência,
maneira porque nós, seres humanos e sujeitos entre outros, que, para de fato se efetivarem,
sociais, no contexto da cultura, assim os nomeamos necessitam ser socialmente reconhecidos. Trata-se,
e identificamos. (GOMES, 2007, p. 17). portanto, de compreender como as identidades e as
diferenças são construídas e que mecanismos e
Ao abordar o tema diversidade não se pode
instituições estão implicados na construção das
restringi-lo aos grupos considerados excluídos,
identidades, determinando a valorização de uns e o
caracterizados como “os diferentes”, “os diversos”,
desprestígio de outros. É nesse contexto que
ou seja, como aqueles que não atendem à norma ou
emerge a defesa de uma educação multicultural.
ao padrão estabelecido a partir de uma identidade
(BRASIL, 2010c).
hegemônica como referência. A diferença está em
Os direitos civis, políticos e sociais focalizam,
todos nós! Somos pessoas únicas e em constante
pois, direta ou indiretamente, o tratamento
transformação num ambiente, também, em
igualitário, e estão em consonância com a temática
constantes transformações.
da igualdade social. Já o direito à diferença busca
Nas últimas décadas, consolidou-se como
garantir que, em nome da igualdade, não se
resultado de movimentos sociais, o direito à
desconsiderem as diferenças culturais e
diferença. Grupos específicos veem atendidas suas
individuais. Em decorrência, espera-se que a escola
demandas, não apenas de natureza social e política,
esteja atenta a essas diferenças, a fim de que em
como também individual. Esse direito se
torno delas não se construam mecanismos de
fundamenta na ideia de que devem ser
exclusão que impossibilitem a concretização do
consideradas e respeitadas as diferenças que fazem
direito à educação, que é um direito de todos.
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Portanto, por que é necessário discutir alguns intelectuais e emocionais, classes sociais, crenças,
grupos e explicitar os processos de preconceito, etnias, gêneros, origens, contextos socioculturais, e
discriminação e exclusão que viveram em função da cidade, do campo e de aldeias. Por isso, é preciso
de um currículo que não leva em consideração as fazer da escola a instituição acolhedora, inclusiva,
diferenças na escola? Como a diversidade vem pois essa é uma opção ‘transgressora’, porque
sendo pensada, reconhecida e acolhida nas escolas? rompe com a ilusão da homogeneidade e provoca,
Por que alguns grupos são considerados como “os” quase sempre, uma espécie de crise de identidade
diferentes? Por que esses grupos criam movimentos institucional (BRASIL, 2013, p. 25).
próprios e reivindicam uma reorganização
A diversidade como princípio formativo tem
curricular? Qual a relação entre diversidade,
sido apresentada como atrelada à educação
educação inclusiva e educação integral? Por que a
inclusiva e educação integral, e resulta no
questão da diversidade é central nessa proposta
enfrentamento desses discursos dominantes
curricular? Como considerar a diversidade como
homogeneizadores. Busca promover a discussão
princípio formativo?
nos espaços escolares e passa a deflagrar sistemas
de representação mais amplos e a compreender que
A diversidade, entendida como a valorização da diferença não se dá por meio de um
enriquecimento, possibilidade, processo de discurso harmonioso, inócuo, e pela aceitação de
construção, é própria dos seres humanos. É o tema grupos considerados excluídos como uma atitude,
que se impõe para que possamos construir uma apenas, de tolerância. O respeito e o
escola pautada no direito à educação e no direito à reconhecimento são o objetivo.
diferença e na formação integral do sujeito como 1.1.1 Quem são os sujeitos da diversidade?
movimentos que impulsionam a superação de
Na história da educação brasileira, registram-se
perspectivas monoculturais, etnocêntricas e
modos institucionais diferenciados para tratar com
hegemônicas que determinam os modos de fazer
os diferentes segmentos da sociedade. Já tivemos
educação escolar.
legislações que proibiam os escravos, os africanos
As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
e os libertos de frequentarem as escolas. Aos
para a Educação Básica estabelecem:
indígenas era reservado um modelo escolar
A educação destina-se a múltiplos sujeitos e
assimilacionista, considerando-os como uma
tem como objetivo a troca de saberes, a
cultura transitória diante de um modelo
socialização e o confronto do conhecimento,
eurocêntrico. Crianças com deficiência ou com
segundo diferentes abordagens exercidas por
diferenças comportamentais e emocionais foram
pessoas de diferentes condições físicas, sensoriais,
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excluídas do convívio com outras crianças e grupos afro-brasileiros e indígenas; é para aqueles que as
étnicos foram proibidos do uso de suas línguas diretrizes encaminham formas específicas de
maternas, como nos casos dos africanos, dos ensinar, aprender e de organizar a escola, como é o
indígenas, dos imigrantes europeus e asiáticos. Os caso dos indígenas, dos quilombolas, sujeitos do
conteúdos da escola pautavam-se por uma visão campo, sujeitos da educação especial que têm
etnocêntrica, masculina e burguesa. A “liberdade” garantido o eu direito à educação e à acessibilidade
religiosa era restrita aos praticantes do segmento por meio de atendimento educacional
religioso dominante. Com a aparente neutralidade especializado as suas necessidades específicas; e
presente no seu discurso, estabeleceu-se, na também para aqueles que se reconstroem em
invisibilidade dos conteúdos da diversidade, uma direitos, em suas identidades, nos movimentos de
das estratégias de sua homogeneização. direitos seus humanos, nas relações de gênero e na
Nas últimas décadas, segmentos sociais têm diversidade sexual.
demandado, para o Estado brasileiro e seus órgãos Para combater as inúmeras formas de
federativos, a necessidade de uma série de políticas discriminação ainda existentes, faz-se necessário
públicas, das quais o campo da educação se combinar os pactos nacionais e internacionais de
destaca. No contexto destas políticas, vislumbram proteção aos direitos humanos com medidas e
os segmentos sociais impactos sobre o seu percurso políticas que acelerem a construção de uma cultura
formativo; a representação de suas identidades de direitos em que se reconheçam as diferentes
plurais no currículo escolar; o respeito a seus identidades, como processo de inclusão de grupos
marcos históricos e civilizatórios; o socialmente vulneráveis. No rol de movimentos e
reconhecimento de seus processos históricos grupos sociais que demandam políticas de inclusão
sociais diferenciados; as suas concepções de social encontram-se crianças, adolescentes,
educação e de escola, enfim, questionam a ausência mulheres, pessoas idosas, lésbicas, gays,
de suas especificidades nos currículos oficiais. bissexuais, travestis, transexuais, pessoas
Assim, podemos afirmar que os sujeitos da com deficiência, povos indígenas, populações
diversidade somos todos nós, mas há que destacar negras e quilombolas, ciganos, ribeirinhos,
os grupos que vivenciaram processos de varzanteiros, pescadores, entre outros.
preconceito e discriminação, principalmente, no (BRASIL, 2010d, p. 64).
percurso formativo. É para aqueles que a Lei de
Nessa Atualização da Proposta Curricular de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº
Santa Catarina, e considerando as Diretrizes
9394/1996) diz ser obrigatório o ensino de seus
Curriculares Nacionais para Educação e Direitos
conteúdos históricos nas escolas, quais sejam, os
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Humanos, estão em discussão: a educação para as como construíram (e constroem) o “lugar” social
relações de gênero; a educação para a diversidade dos homens. O objetivo de tais análises sempre foi
sexual (orientação sexual e identidade de gênero); a o da mudança social denunciando à humanidade
educação e prevenção; a educação ambiental que “a diferença biológica remetia à diferença
formal; a educação das relações étnico-raciais; e as sexual e esta, por sua vez, ‘justificava’ a
modalidades de ensino: a educação especial; a desigualdade social”. (LOURO, 1997, p. 20-21).
educação escolar indígena; a educação do campo e Portanto, uma Educação para as Relações de
a educação escolar quilombola. Gênero, no âmbito da Educação Básica, reconhece
A Educação para as Relações de Gênero, nos esta categoria identitária como importante na vida
currículos escolares, só pode ser pensada no Brasil, das pessoas (sejam elas crianças, jovens, adultos e
a partir das décadas de 1970 e 1980, quando os idosos). Falar em gênero é perceber como, para
estudos feministas sobre a mulher passaram a se homens e mulheres, para meninos e meninas, a
utilizar da categoria “gênero”, inspirados no artigo cultura, a sociedade e o atual tempo histórico
de Joan Scott (SCOTT, 1995). O feminismo, constroem diferentes formas de “ser masculino” ou
afirma Furlani (2011), “ser feminino” (masculinidades e feminilidades). O
[...] possibilitou a crítica aos modelos de conceito “gênero” não é o mesmo que “sexo”
dominação e subordinação da mulher; demonstrou (nossa biologia). O gênero rejeitará o determinismo
as desigualdades sociais entre homens e mulheres biológico e concederá ênfase cultural na distinção
no acesso ao direito à educação, ao voto, ao entre os sexos. Com isso, o conceito de gênero
patrimônio familiar, à justiça, ao trabalho, a bens enfatizará “deliberadamente, a construção social e
materiais etc.; questionou as representações acerca histórica produzida sobre as características
do ‘ser mulher’ e do ‘ser feminino’; estudou o biológicas”. (LOURO, 1997, p. 22).
patriarcado, o machismo e mostrou o caráter de
Por exemplo, todos nós sabemos que os
construção social e cultural dessas representações
machos mamíferos, assim como os homens da
numa sociedade que é machista, misógina e sexista.
espécie humana, produzem testosterona (um
(FURLANI, 2011, p. 58-59).
hormônio relacionado com a libido e com a
Os estudos feministas iniciais (assim como os agressividade). Essa é uma característica biológica
atuais) buscavam mostrar que a desigualdade tinha determinante do sexo. No entanto, não é porque
uma trajetória histórica marcada por assimetrias produz testosterona que os meninos, jovens e
nas relações de poder que construíram (e homens adultos devem ser “naturalmente”
constroem) o “lugar” social das mulheres; assim violentos e agressivos. A agressividade nos

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homens não é a mesma em todos os países do No âmbito da educação as prioridades foram e
planeta. Dependendo da cultura e da organização continuam sendo: 1) promoção de ações no
social, valores educacionais e éticos se sobrepõem processo educacional para a equidade de gênero,
à biologia (ao sexo). Esses diferentes modos de ser raça, etnia e orientação sexual; 2) ampliação do
homem e essas diferentes possibilidades de acesso à educação infantil: creches e pré-escola;
masculinidades (mais ou menos agressivas) 3) promoção da alfabetização e oferta de ensino
exemplifica o gênero masculino e seu caráter fundamental para mulheres adultas e idosas,
relativo. As condições históricas e culturais de cada especialmente negras e índias;
sociedade passam a ser determinantes na 4) valorização das iniciativas culturais das
construção do gênero. mulheres; 5) estímulo à difusão de imagens não
O mesmo raciocínio poderia ser usado para discriminatórias e não estereotipadas das mulheres.
entender os diferentes modos de ser mulher
Ao se falar em gênero, não se fala apenas de
existentes na sociedade. Por exemplo, nascer
macho ou fêmea, homem e mulher, a partir do olhar
mulher significa ter a capacidade reprodutiva para
biológico. O gênero remete, também, a outros
ser mãe (o sexo biológico). No entanto, é a cultura
corpos. Remete a construções sociais, históricas,
que determina os muitos significados que a
culturais e políticas que dizem respeito a disputas
maternidade assume na contemporaneidade, assim
materiais e simbólicas que envolvem processos de
como os diversos arranjos familiares hoje
configuração de identidades em outros sujeitos. É a
possíveis. Esses modos de “ser mulher” são
partir da categoria gênero que sujeitos LGBT
apontados pelos estudos de gênero como um direito
podem ser compreendidos no mundo social atual, o
individual e coletivo e como decorrentes das muitas
que torna essa categoria imprescindível aos sujeitos
expressões de gênero, permanentemente em
da diversidade sexual.
construção na vida humana.
Uma Educação para Diversidade Sexual
Buscando a igualdade de gênero, o Brasil
reconhece que, nos sujeitos LGBT, a identidade de
consolidou o Plano Nacional de Políticas para as
gênero assume ainda mais importância na medida
Mulheres (PNPM) (BRASIL, 2004a) no final de
em que estão sujeitos a discriminações
2004, e definiu 4 metas para as Políticas Públicas:
homofóbicas, lesbofóbicas, transfóbicas e exclusão
1. Autonomia, igualdade no mundo do trabalho e
social. Conforme orienta o PNDH 3 é preciso
cidadania; 2. Educação inclusiva e não-sexista; 3.
garantir, em todas as instituições públicas, o
Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos
respeito à livre orientação sexual e à identidade de
reprodutivos; 4. Enfrentamento às formas de
gênero das pessoas, e desenvolver políticas
violência.
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afirmativas e de promoção de uma cultura de centra-se no pressuposto de que o direito à
respeito, favorecendo a visibilidade e o educação para todos deve ser garantido por meio da
reconhecimento social desses sujeitos. efetivação de políticas contra formas associadas de
Em Santa Catarina o Conselho Estadual de exclusão, em especial aquelas motivadas por
Educação, desde 2009, aprovou a Resolução nº 132 preconceito e discriminação de natureza étnico-
de 15 de dezembro de 2009 (SANTA CATARINA, racial, de orientação sexual ou de identidade de
2009), a fim de minimizar os processos de gênero, bem como, qualquer outra decorrente de
discriminação e preconceitos a travestis, conteúdos ou condutas incompatíveis com a
transexuais e transgêneros, garantindo-lhes o dignidade humana. Implementar políticas de
acesso e a permanência na Educação Básica. Esta prevenção à evasão motivada por preconceito e
normativa dispõe sobre o nome social nos registros discriminação à orientação sexual ou à identidade
escolares internos e dá outras providências, e de gênero passa pelo reconhecimento desses
passou a vigorar a partir de 2011, afirmando em seu sujeitos e pelo seu direito a estar na Educação
artigo 1º: Determinar, quando requerido, que as Básica.
escolas/instituições vinculadas ao Sistema Na Proposta Curricular de Santa Catarina
Estadual de Educação de Santa Catarina que, em (1998b), temáticas como educação e prevenção,
respeito à cidadania, aos direitos humanos, à “relações de gênero”, “diversidade sexual” e
diversidade, ao pluralismo, à dignidade humana, “direitos humanos”, mesmo que superficialmente,
além do nome civil, incluam o nome social de foram mencionadas no documento: Educação
travestis e transexuais nos Sexual. Constatamos que o texto inicia com
pressupostos teóricos para o trabalho de Educação
registros escolares internos. (SANTA
Sexual, segundo os quais a sexualidade é
CATARINA, 2009, p. 1).
apresentada como um conceito que ultrapassa a
O reconhecimento e o respeito às diferenças caracterização simplesmente biológica, para o
sexuais são tão importantes quanto o respeito à entendimento de uma identidade construída na
diversidade de crença religiosa. A laicidade do cultura e no meio social.
Estado, bem como a laicidade dos currículos Consideramos importante avançar nesta
escolares é fundamental para que a escola discuta análise, ampliando a abordagem ainda
as pluralidades, em todas as suas nuances e predominante no currículo da Educação Básica, ou
desdobramentos, como produto da ação humana e seja, relativizar o privilégio conferido à
da cultura, a partir do conhecimento científico. reprodução: entendemos, por exemplo, que as
A Proposta Curricular de Santa Catarina discussões acerca do ciclo da vida (nascer, crescer,
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reproduzir e morrer), podem ser problematizadas a partir da orientação sexual hegemônica
nos currículos, visando apresentar aos sujeitos, (heterossexualidade). Portanto, é preciso considerar
desde a Educação Infantil, a compreensão de que a o enfoque das práticas sexuais (seguras e inseguras
gravidez é uma questão de escolha futura, e que às DSts/HIV/AIDS, gravidez, HPV, outras
pode ser planejada na vida das pessoas. A doenças) em todas as possibilidades de
reprodução não deve ser vista, apenas, como relacionamentos (sejam eles, hetero, bi ou
sinônimo de sexualidade normal, mas sim, como homossexuais) como forma de maximizar a
um direito de escolha da pessoa. mudança comportamental desejada nas Políticas
A Educação Sexual, em toda a Educação Públicas de Educação e Saúde e, assim, minimizar
Básica, aponta para a necessidade de superar a vulnerabilidade de nossos jovens.
padrões estereotipados das relações de gênero e do
Outra atualização necessária é enfatizar o
modelo familiar único, pautado na família nuclear.
caráter da co- educação permanente, em toda a
O contexto atual requer o reconhecimento dos
Educação Básica, em todas as áreas e em todos os
diversos arranjos (organizações, configurações)
componentes curriculares a fim de que a igualdade
familiares da contemporaneidade, o que
nas relações de gênero se torne uma realidade na
possibilitará a reflexão e problematização do
Formação Integral de nossas crianças e jovens. A
conceito de família, ampliando os recursos para
organização de atividades pedagógicas nas quais
discutir gênero, diversidade sexual e direitos
meninas e meninos participam juntos permitirá,
humanos.
com mais eficiência, a reflexão das vivências
Entende-se, baseado no direito da pessoa
sexuais, dos processos socioculturais e políticos
humana da livre expressão de seus afetos e desejos,
que nos constituem, bem como da contribuição de
ser necessário ampliar o texto para o entendimento
meninos e meninas, homens e mulheres na
das identidades sexuais e de gênero como
superação das violências, dos comportamentos de
expressões legítimas e constituintes existenciais da
coerção, da manipulação afetiva, das
vida dos sujeitos.
vulnerabilidades que facilitam a gravidez
Outra mudança de atitude pedagógica refere-se
adolescente e a infecção ao HIV, HPV etc.
às discussões acerca da saúde sexual (em especial,
As ações de Educação e Prevenção têm um
destinadas às séries ou anos finais do Ensino
histórico na Secretaria de Estado da Educação de
Fundamental, Ensino Médio e EJA): sugerimos que
Santa Catarina, desde a década de 1980, quando foi
os currículos o façam a partir das práticas sexuais
desenvolvido o Programa Pré-Vida que buscou
como foco de análise (discutindo, também, outras
subsidiar os educadores no trabalho pioneiro de
possibilidades, além do sexo vaginal) e não, apenas,
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discutir o uso e o abuso de substâncias psicoativas. publicado o caderno de Política de Educação,
Nos anos de 1990 o uso e o abuso de drogas voltam Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências
a ser pauta de reflexões, assim como a abordagem na Escola, fundamentado num conjunto de
da Educação Sexual, na formação de educadores, legislações que estabelecem os princípios
com o desenvolvimento de materiais que os orientadores para a efetivação dos Direitos
auxiliassem a planejar e executar as ações nas Humanos. (SANTA CATARINA, 2011)
escolas (Educação Sexual esteve presente na A implementação da Educação e Prevenção
Proposta Curricular, caderno Temas tem a escola como um espaço privilegiado onde as
Multidisciplinares, no ano de 1998). crianças, adolescentes, adultos e idosos ampliam os
Neste mesmo tempo o Ministério da Saúde, por saberes científicos, a convivência, as inter-relações
conta do surgimento da AIDS, implementa ações com e entre sujeitos da diversidade (suas
conjuntas com o Ministério da Educação buscando diferenças, suas vivências, seus valores e ética).
minimizar a vulnerabilidade de adolescentes e Portanto, a educação deve ser também um espaço
jovens à infecção ao HIV/DSTs e à gravidez na de justiça social, cidadania e de respeito aos
adolescência. Deste trabalho integrado nasceu o direitos humanos. Importante, também, destacar
“Projeto Escola” (com vídeos-aula por meio do que o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de
Salto para o Futuro) e, em 2003, o projeto “Saúde outubro de 2003), no Art. 22, orienta que:
e Prevenção nas Escolas”, o qual se somou a várias [...] nos currículos mínimos dos diversos níveis
iniciativas, inclusive com outros parceiros, na de ensino formal serão inseridos conteúdos
implementação da Política de Prevenção. voltados ao processo de envelhecimento, ao
A partir destas políticas e projetos, foi respeito e à valorização do idoso, de forma a
implementado em nível estadual o Núcleo de eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos
Prevenção e Educação na Escola (NEPRE), que sobre a matéria. (BRASIL, 2003c).
mesmo sem uma política formal escrita, atuou de
O trabalho com crianças e adolescentes nas
modo eficiente com temáticas referentes ao uso de
escolas, desenvolvido pelos NEPRE’s, tem como
substâncias psicoativas, educação sexual e
foco primordial a prevenção, cujas ações devem ter
violências, numa perspectiva dos temas
como orientação os princípios educativos
transversais abordados, multidisciplinarmente. A
elencados nesse documento de Atualização da
partir de 2010, o NEPRE passou a ter amparo na
Proposta Curricular. Ver a diversidade como
legislação estadual com a Lei nº 14.408, de 10 de
princípio formativo requer minimizar as
abril de 2008, que instituiu a Política de Prevenção
vulnerabilidades a que estão expostos, com base no
à Violência (SANTA CATARINA, 2008). Foi
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respeito à diversidade sexual, de gênero, às etnias, Curricular do Estado de Santa Catarina (SANTA
às religiões, às culturas, evitando toda forma de CATARINA, 1998b) destaca que promover a
preconceito, de violência, de relações de poder, que educação ambiental na escola é considerá-la como
viole os direitos humanos. um processo educacional na gestão, currículo,
formação docente/discente e
Entre os sujeitos da escola e a sua relação com
comunidade,
a natureza destaca-se a Educação Ambiental
trabalhada independentemente
Formal (EAF). A justificativa de uma educação
de efemérides, datas comemorativas e outros fatos
para o ambiente tornou-se imprescindível quando
eventuais. Ou seja, Educação Ambiental é um
as populações começaram a sofrer os impactos
processo e não um evento. Sendo assim, a EAF é o
negativos ambientais e sociais como a
processo por meio do qual o indivíduo e a
contaminação do ar, das águas, do solo,
coletividade constroem valores socioambientais,
desflorestamento, extinção de espécies, violências,
conhecimentos, habilidades, atitudes e
ocupações territoriais inadequadas, dentre outros,
competências para trabalhar, individual e
que serviram de indicadores e alerta para o
coletivamente, tanto para evitar problemas
reconhecimento do papel da educação ambiental na
ambientais e propor soluções para os existentes,
formação e mobilização dos sujeitos, no resgate de
como para a prevenção dos novos com vistas à
valores e na ação social comprometidos com toda
manutenção da qualidade de vida e sua
forma de vida. A educação preconiza desempenhar
sustentabilidade (SANTA CATARINA, 2010;
alguma função no sujeito nos contextos sociais,
Capítulo 36 da Agenda 21).
econômicos, culturais e políticos, com o propósito
É importante ressaltar que esta definição não é
de mudar comportamentos para uma convivência
um marco epistemológico e sim um conceito em
sustentável na sociedade.
constante processo de construção como o ambiente
É importante que a escola, espaço de educação
nos apresenta, em que se observa o aparecimento de
formal e de transformações sociais e coletivas,
termos e supressão de outros. Por exemplo,
promova a construção de novas reflexões, atitudes,
o termo socioambiental, é definido como
valores e mudanças culturais e sociais. Dessa
forma, em consonância com os princípios da
um campo de interações entre a cultura, a
Educação Ambiental, buscam-se caminhos em que
sociedade e a base física e biológica dos processos
o sujeito conheça e se reconheça como parte
vitais, no qual todos os elementos constitutivos
integrante do meio no qual está inserido.
dessa relação modificam-se dinâmica e
O texto de Educação Ambiental da Proposta
mutuamente. Tal perspectiva considera o meio
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ambiente como espaço relacional, em que a diante das questões ambientais.
presença humana, longe de ser percebida como Assim, diante das necessidades hodiernas,
extemporânea, intrusa ou desagregadora, aparece alguns aspectos demandam atenção para um
como um agente que pertence à teia de relações da movimento pró-ativo da comunidade escolar como
vida social, natural, cultural, e interage com ela. as consequências dos eventos climáticos, a
(CARVALHO, 2004, p. 37). violência e a Segurança Alimentar e Nutricional.
Conforme o Programa Nacional Escolas
Sustentáveis (BRASIL, 2014), a escola poderá
Outro termo que também vem carregado de
promover, em conjunto com a sociedade, a
polissemias é sustentabilidade. Neste aspecto usa-
resiliência das comunidades em situação de risco
se o entendimento de sustentabilidade descrito no
como, por exemplo, nos eventos climáticos
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
extremos, através da disseminação da informação,
Sustentáveis e Responsabilidade Global e
geração de conhecimento e ações; como também,
fortalecido no Programa Nacional Escolas
na adaptação às mudanças do clima, que é parte de
Sustentáveis (BRASIL, 2014), que rompem com
estratégias de enfrentamento e de sobrevivência.
modos de vida fundamentados na ilusão da
Na perspectiva da violência, a Educação
acumulação infinita e do desenvolvimentismo.
Ambiental na escola pode ser orientada por
Segue-se aqui um rumo de uma sociedade
abordagens que fundamentam os pressupostos
socialmente justa e ecologicamente equilibrada,
pedagógicos, como o cuidado, a integridade e o
que conserva em si relação de interdependência e
diálogo: Boff (1999) traduz o cuidado como a
diversidade, requerendo um comprometimento de
atitude cuidadosa, protetora e amorosa para com
todos na responsabilidade individual e coletiva em
todos; a integridade é a coerência entre o que se
níveis local, nacional e planetário. Outro termo que
diz e o que se faz. Pode-se, por exemplo, alertar as
está em processo de subtração total da definição da
escolas quanto a projetos patrocinados por
Educação Ambiental é a palavra conscientização,
empresas que degradam o ambiente, apenas para
pois, consciência é produto do conhecimento e não
fazerem um falso marketing ambiental. Já o diálogo
se conscientiza ninguém. O sujeito pode ter
respeita a diversidade em todas as manifestações de
consciência, mas não ser ético em mudar
cunho científico e não cientifico. O direito humano
comportamentos. Neste sentido, usa-se a
à alimentação adequada no contexto da Segurança
informação como estratégia para a sensibilização
Alimentar e Nutricional pressupõe refletir e agir
socioambiental que possibilitará a mobilização
sobre os aspectos éticos, socioeconômicos e
social na mudança positiva de comportamentos
culturais acerca da soberania alimentar,
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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agroquímicos e produção de alimentos. Segundo que pareçam as ações, estas se tornam
Burity et al (2010), assegurar a alimentação dimensionais contagiando esferas cada vez mais
e nutrição adequados são amplas, desde a familiar, comunitária até mundiais
requisitos fundamentais para a (BRASIL, 2012d).
formação integral do ser humano, como Nesta linha, surge a Comissão de Meio
em conjunto aos direitos humanos. Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (Com-
Assim destacam-se o cuidado e a educação, Vida) que é uma resposta pró-ativa do Ministério
corroborando com o paradigma atual para escolas da Educação às demandas socioambientais
sustentáveis que embasam questões como urgentes. A Com-Vida (BRASIL, 2012d) é um
currículo, gestão, espaço físico e comunidade. No colegiado formado por estudantes, professores,
quesito currículo, este é orientado por um Projeto funcionários e gestores da escola, assim como por
Político Pedagógico que tem na valorização da membros da comunidade, que assumem
diversidade a conexão entre a sala de aula, os atribuições de levantar os problemas
saberes tradicionais e os conhecimentos científicos, socioambientais da escola e do entorno, dialogar e
além de incentivar a cidadania ambiental, visando à buscar respostas para eles. A sensibilização ocorre
promoção da responsabilidade de todos para por meio de um acordo de convivência,
transformação local e global. (BRASIL, 2012b). mobilizando a inteligência coletiva em pactos pela
Na gestão cuida e educa, a comunidade escolar transformação do cotidiano escolar e da localidade
poderá ter uma eficácia nas decisões de suas mais ampla para a sustentabilidade. A metodologia
políticas quando valorizar a diversidade como tem como base o protagonismo juvenil, que pode
mediadora através do diálogo, da democracia e da ser analisada em Nascimento (2003), na qual são
participação. E no espaço físico, o ambiente estimuladas as formas lúdicas para a elaboração
arborizado e ajardinado é planejado para dos projetos colaborativos e transformadores. Os
proporcionar uma aprendizagem significativa e de resultados são levados pelos estudantes, podendo
convívio social (BRASIL, 2012d). Quanto à exercer responsabilidades diante de sua
participação da comunidade, estimular que esta se comunidade e gestores públicos.
insira nas ações promovidas pelas escolas Trajber e Sato (2010) também contribuem,
exercendo controle social sobre o processo de quando trazem a epistemologia conceitual do que
transição rumo à sustentabilidade, dentre outros venha a ser uma escola sustentável, visando a
(BRASIL, 2014). Sendo assim, a escola poderá se inclusão social com proteção ecológica. Neste
tornar um espaço educador sustentável, com raciocínio, destaca-se também o estímulo à
potencial de reverberação; por mais insignificantes elaboração de projetos arquitetônicos universais
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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para a escola, fazendo leituras e práticas de outras organização de um currículo com base na
modalidades de lidar com a natureza, como, por diversidade, no contexto de cada região.
exemplo, a permacultura na construção de hortas A Educação das Relações Étnico-Raciais
escolares. As práticas socioambientais na (ERER): trata-se de política curricular,
permacultura advêm da transformação da determinada pelas Leis nº 10.639/2003 e nº
agricultura convencional em uma agricultura 11.645/2008 (BRASIL, 2003b, 2008b), que torna
permanente, que prioriza sistemas multifuncionais obrigatório o ensino de conteúdos de matriz afro-
eficientes e duradouros das ações humanas em brasileira, africana e indígena nos currículos das
harmonia com a dinâmica da natureza. Esta se escolas. Advinda das políticas de reparação,
sustenta no respeito a todas as formas de vida, nos objetiva atender as demandas das populações negra
processos naturais e na sabedoria das culturas e indígena brasileira no sentido de vislumbrar
nativas. Vai além da agricultura ecológica, ações de reconhecimento e de valorização de sua
considera os aspectos sociais, culturais, identidade histórico-cultural na educação.
econômicos e aproveita outras potencialidades Marcadamente, as políticas de Educação das
energéticas, ética, sistemas de captação e Relações Étnico-Raciais resultam da atuação dos
tratamento de águas e bioarquitetura. movimentos negro e indígena e assinalam a
Desta forma, a Educação Ambiental para a educação como espaço efetivo para combater,
atualidade requer um pensamento crítico e através de novos conteúdos, desigualdades sociais
inovador, permitindo mudanças na sociedade numa referentes a racismo. Procuram oferecer à educação
perspectiva holística, enfocando a relação entre o reflexões reorientadas para o reconhecimento dos
ser humano, a natureza e o conhecimento. Cabe valores e bases culturais dos descendentes de
aqui destacar que o holismo considera o universo africanos e dos povos indígenas, em suas formas
uma rede de inter-relações dinâmicas e orgânicas. específicas de organização.
Conforme Yus (2002) e Crema (1991), a Segundo Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva
concepção holística tem na alteridade o despertar (2007), relatora das Diretrizes Curriculares
para os potenciais humanos da criação, da emoção, Nacionais da ERER (DCNERER):
da intuição, do físico e da imaginação, como A educação das relações étnico-raciais tem por
também do racional, do lógico e do verbal. Para alvo a formação de cidadãos, mulheres e homens
atingirmos o que se preconiza como sociedades empenhados em promover condições de igualdade
sustentáveis, a educação, portanto, necessita no exercício de direitos sociais, políticos,
urgentemente de seres humanos saudáveis e econômicos, dos direitos de ser, viver, pensar,
integrais, e tudo isso pode reverberar na próprios aos diferentes pertencimentos étnico-
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raciais e sociais. Em outras palavras, persegue o e novos comportamentos para aqueles a quem se
objetivo precípuo de desencadear aprendizagens e dará essa oportunidade de aprender. São novas
ensinos em que se efetive participação no espaço perguntas que nos trarão estudantes para as quais
público. Isto é, em que se formem homens e serão necessárias novas respostas.
mulheres comprometidos com e na discussão de É significativo refletir sobre o quão importante
questões de interesse geral, sendo capazes de é a articulação dos saberes da escola com os
reconhecer e valorizar visões de mundo, saberes trazidos pelos sujeitos da escola. É ético
experiências históricas, contribuições dos que a escola garanta que essa mescla produza
diferentes povos que têm formado a nação, bem outros saberes, outras racionalidades, outras
como de negociar prioridades, coordenando interatividades e posturas no âmbito das relações
diferentes interesses, propósitos, desejos, além de étnico- raciais. Enquanto isso, novas tensões,
propor políticas que contemplem efetivamente a exercícios de diálogo vão se estabelecendo no
todos (SILVA, 2007). âmbito do currículo e as representações dos grupos
apresentados de forma subalterna, questionadas por
A ERER se aloja na ideia da desconstrução dos
três princípios da educação das Relações Étnico-
modelos e instituições escolares assumidos como
Raciais:
únicos e propõe a construção de possibilidades
a) A busca de uma consciência política e
educativas que levem em conta a pluralidade étnica.
histórica da diversidade, conduzindo para a
Esse processo de desconstrução e construção,
superação da indiferença com que a história das
levando em conta a identidade cultural brasileira e
relações raciais se deu no país. Esse princípio
as suas pertenças, pode se constituir em prática
chama para a reflexão profunda dos processos
constante de reflexão, no interior da escola.
históricos que nos constituíram como nação. De
Por se tratar de uma política curricular, a ERER
que formas foram tratados os segmentos étnicos
contesta a ausência dos sujeitos étnicos de matriz
que nos conformaram no que somos e, sobretudo,
africana e indígena no “território do
quem são esses sujeitos? Alerta para a importância
conhecimento”. E, em sendo o currículo um espaço
da desconstrução de ideias cujo conteúdo não
de tensões e disputa, traz em seu histórico registros
corresponde à perspectiva das populações negras e
de exercícios de diálogo, por diversos segmentos da
indígenas.
sociedade brasileira, em defesa de uma escola
b) O fortalecimento de identidades e de direitos,
manifestadamente plural. Nesse percurso, a
orientando para que ofereçam um processo
abertura proposta pela ERER para os currículos
afirmativo na construção das identidades. Propõe
encaminha novos saberes, novas formas de ensinar
que se amplie o acervo de informações e de acessos
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para que os sujeitos da Educação das Relações (que se não tratadas adequadamente) serão
Étnico-Raciais tenham de fato condições de negativas aos sujeitos envolvidos. São conteúdos
efetivar suas expectativas em relação a sua marcados pela desvalorização, pela inferiorização,
trajetória escolar e a seus projetos de vida. pela intolerância e pela ausência de conhecimento.
Reconhece que muitos dos sujeitos da ERER ainda Falamos do machismo, do racismo, da xenofobia,
não se compreendem protagonistas de processos e da homofobia, da intolerância religiosa, dos
saberes históricos a serem respeitados e que parte preconceitos regionais, geracionais, entre outros. O
dessa (in) compreensão se dá pela forma como esses racismo e outras formas de discriminação, embora
conteúdos e saberes são apresentados. Fortalecer a não tenham nascido na escola, perpassam esse
identidade dos estudantes significa, também, ambiente e ali precisam ser combatidos.
oferecer as suas versões sobre fatos que, ao longo Para tanto, romper com os silêncios
de nossa história, vêm sendo contados de uma curriculares e reordenar os conteúdos de modo
única forma. equânime no desenvolvimento de atividades e
escolhas pedagógicas é importante iniciativa para
Ações educativas de combate ao racismo e às
esse processo.
discriminações. Esse princípio encaminha para que
Muitos são os estudos que analisam as
se estabeleça conexão entre os objetivos da escola
transformações capazes de serem alçadas quando
e os dos sujeitos negros e indígenas, na busca por
tratamos da escolha dos conteúdos e saberes sobre
igualdade e equidade. Para tanto, é preciso
parte da população que nos conformou brasileiros.
reconhecer que todos os sujeitos da escola são
Contudo, ainda precisamos afirmar lugares
detentores de identidade, de história, de
positivos para as temáticas que nos trazem a ERER
personalidade cultural e étnica, que possuem
em nossa prática e reflexão pedagógicas.
conteúdos e saberes e que são sujeitos de direitos,
Precisamos refletir sobre o que ensinamos e
isto é, que têm o direito de ter direitos. Propõe esse
sabemos sobre nossa matriz de base histórico-
princípio o reconhecimento da escola como local
cultural africana. A ERER propõe a reeducação dos
de encontros e de desencontros. É de se imaginar
sujeitos sociais e da escola. Reeducar tendo como
que, no lugar em que os sujeitos se constroem
referência os estudos das populações africanas e
reflexivos, se façam presentes as tensões e os
indígenas, seu legado, suas influências e suas
conflitos próprios de quem se propõe a pensar o
contribuições às formas de ser da população
mundo. E no âmbito das tensões emergem reações
brasileira e catarinense. Indica (re)conhecer que a
e comportamentos que contrastam com os
perspectiva eurocêntrica da escola não favorece a
objetivos e função da escola e geram experiências
presença e a contribuição de outros sujeitos étnicos
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na intencionalidade do fazer pedagógico. Que escola pública mais pública”. Conquistaram, como
sendo pública, a escola é de todos e para todos e o diz Miguel Arroyo, o “Direito de Saber- se”,
eurocentrismo é um obstáculo para a igualdade. sobretudo, o direito de saber de si, pela ótica da
Inspira a pensar sobre o fato de que mesmo emancipação, da alteridade e do lugar de sujeitos
existindo um conjunto de instrumentos que nos autorais.
tornam todos iguais, ainda assim, operamos no A Educação Especial, a Educação Escolar
campo da cultura com mecanismos de classificação Indígena, a Educação do Campo e a Educação
e hierarquização. Portanto, torna-se essencial Escolar Quilombola devem ser compreendidas
pensar em uma estrutura escolar que acolha os como MODALIDADES de ENSINO, e assim
sujeitos reais, em seus tempos, seus pertencimentos, como os demais currículos escolares, constituem-
suas heranças e valores. Para a Educação das se em organização do conhecimento escolar.
Relações Étnico-Raciais, qualidade da educação Segundo este pressuposto, o currículo escolar deve
não é observada somente pela dimensão da ser flexível, em contínuo processo de construção,
aprendizagem, mas também por outras, como elaboração e inovação. O currículo escolar, quanto
aquelas que tratam da gestão e do currículo da a sua organização e funcionamento, deverá
escola, bem como das políticas e práticas para o priorizar as necessidades de pessoas com
respeito às diferenças. deficiência, transtornos do
A ERER propõe reorientação dos fundamentos espectro autista,
da educação e suas práticas chamando atenção para altas habilidade/superdotação e dos
a acolhida desses sujeitos e sua visibilidade na grupos étnicos, bem como os meios que promovam
escola, em especial, na demonstração de atenção os processos que efetivem sua metodologia e
quando da escolha dos livros didáticos, dos proporcionem o desenvolvimento intelectual do
brinquedos educativos e de todos os recursos para sujeito dos seus processos próprios de
o ensinar e o aprender. Propõe observar as aprendizagem.
abordagens curriculares e as escolhas Na Educação Especial, a inclusão de estudantes
metodológicas, bem como o (re)conhecimento da com deficiência, transtorno do espectro autista e
influência que as pertenças e condições sociais altas habilidades/superdotação demanda uma nova
exercem nas trajetórias educativas dos sujeitos da organização do trabalho pedagógico a partir da
escola. compreensão que se tem sobre “acesso aos níveis
Negros e indígenas, plurais e diversos entre si, mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
alcançaram através de suas legislações específicas artística, segundo a capacidade de cada um”.
o reconhecimento de suas reivindicações “por uma Ainda como marco político e legal o Brasil, por
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meio do Decreto nº 7.612/2011, implantou o Plano assistencialista e clínica terapêutica e passa a ser
Nacional da Pessoa com Deficiência – Plano Viver uma modalidade que perpassa todos os níveis,
sem Limite – que tem como eixos de atuação: etapas e outras modalidades de ensino, sem
acesso à educação; atenção à saúde; inclusão social substituí-los, ofertando os recursos e serviços de
e acessibilidade; “garantia de um sistema acessibilidade aos estudantes segundo o seu
educacional inclusivo”. (BRASIL, 2011b). público. Isso demarca um momento histórico
A atual Política de Educação Especial na importante na caminhada para, efetivamente,
Perspectiva da Educação Inclusiva, lançada pelo possibilitar um sistema que garanta não apenas a
Ministério da Educação em 2008, surgiu a partir inserção parcial, mas sim a inclusão de todos.
de um contexto de mudança de paradigma A reorganização dos serviços da Educação
impulsionado pelo movimento de educação Especial é consolidada no Atendimento
inclusiva. Ela é um marco no sentido de se Educacional Especializado – AEE, que constitui a
compreender que a educação é para todos, de principal ação dessa modalidade no âmbito das
ressignificação e reestruturação dos serviços de escolas do ensino comum, de modo a assegurar
Educação Especial que passam a estabelecer novas para os estudantes com deficiência, transtorno do
relações com a educação escolar comum. espectro autista e altas habilidades/superdotação,
No contexto de movimentos políticos e legais, o acesso, a permanência, a participação e o
a Política de Educação Especial do Estado de sucesso escolar. O AEE, segundo a Política
Santa Catarina, aprovada em 2006 pelo Conselho Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Deliberativo da Fundação Catarinense de Educação Inclusiva, é um serviço da Educação
Educação Especial, passou por uma atualização Especial que “identifica, elabora e organiza
conceitual quando editada e publicada em 2009, recursos pedagógicos e de acessibilidade, que
tendo como referências as diretrizes da Política eliminam as barreiras para a plena participação
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da dos estudantes, considerando suas necessidades
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008d) do específicas”. (BRASIL, 2008d). O direito à
Ministério da Educação (2008) e da Convenção educação dessas pessoas está garantido em
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência – documentos políticos, pedagógicos e legais,
ONU (2006), ratificada pelo Decreto nº instaurando, assim, um rompimento com a
6.949/2009 (BRASIL, 2009b). naturalização da deficiência ou do transtorno
Diante da perspectiva inclusiva, respaldada por como problema localizado no estudante, em
documentos políticos e legais, a Educação Especial função de uma modalidade de ensino: a Educação
deixa de ser um sistema paralelo com abordagem Especial, que passa a ser suplementar ou
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complementar à formação de estudantes (o 2008d).
público dessa modalidade). O olhar inovador que se lança na
É importante observar que no Estado de Santa contemporaneidade para a Educação Especial
Catarina, em 2006, foi publicada a Política de provoca a elaboração de posturas éticas e legais
Educação Especial do Estado de Santa Catarina que deverão subsidiar relações sociais promotoras
elaborada pela Fundação Catarinense de de novas práticas pedagógicas. Essas novas
Educação Especial (FCEE) e pela Secretaria de práticas, partindo de profissionais comprometidos
Estado da Educação, com o mesmo marco com os princípios balizados hoje, poderão garantir
conceitual da Proposta Curricular do Estado. Esta modos de alteridade renovados que reconhecerão
política adota nomenclaturas e dinâmicas para o ser humano como um constante vir a ser.
serviços já disponibilizados; inclui as pessoas com Na Educação Escolar Indígena, o
diagnóstico de transtorno do déficit de reconhecimento da diversidade sociocultural
atenção/hiperatividade como público da educação como política pública vem consolidando, através
especial; e institui a co-regência com o segundo das ações dos movimentos sociais indígenas, os
professor. parâmetros legais que orientam o funcionamento
desta modalidade de educação. A Constituição
Assim, a reorganização dos serviços da Educação
Federal de 1988 foi um marco legal através do
Especial na rede regular de ensino está
qual, em seus artigos 231 e 232, “se reconhece aos
consolidada no Atendimento Educacional
índios sua organização social, costumes, línguas,
Especializado – AEE (BRASIL, 2008d) e nos
crenças e tradições, e os direitos originários sobre
Atendimentos em Classe (SANTA CATARINA,
as terras que tradicionalmente ocupam”,
2006), ações que asseguram para os estudantes
rompendo com o paradigma integracionista e com
com deficiência, transtorno do espectro autista,
o regime de tutela com que até então as políticas
transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e
indigenistas eram tratadas.
altas habilidades/superdotação o acesso, a
Ainda sobre as políticas indígenas, na
permanência, a participação e o sucesso escolar.
Convenção nº 169 da Organização Internacional
O atendimento educacional especializado é um
do Trabalho ficam garantidos os Direitos
serviço da Educação Especial que “identifica,
Fundamentais para a subsistência da vida e a
elabora e organiza recursos pedagógicos e de
preservação da cultura dos povos indígenas, além
acessibilidade, que eliminam as barreiras para a
do direito à educação e meios de comunicação. No
plena participação dos estudantes, considerando
artigo 26 da referida Convenção: “Medidas
suas necessidades específicas”. (BRASIL,
deverão ser tomadas para garantir que os membros
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dos povos interessados tenham a oportunidade de especificidade da educação escolar indígena.
adquirir uma educação em todos os níveis pelo (SANTA CATARINA, 2013).
menos em condições de igualdade com a
No esteio desta retomada do protagonismo
comunidade nacional”. (ORGANIZAÇÃO
indígena, destacamos a Lei nº 9.394/1996, de
INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2011, p.
Diretrizes e Bases da Educação Nacional
35).
(BRASIL, 1996), o Plano Nacional de Educação
Para possibilitar o processo de ensino
– Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001 (BRASIL,
aprendizagem dos povos indígenas e tribais em pé
2001a), o Parecer nº 14/1999 do Conselho
de igualdade com a comunidade local, a
Nacional de Educação - CNE (BRASIL, 1999a)
Convenção prevê no artigo 27 que este processo
(que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais da
deve ser realizado “em cooperação com estes
Educação Escolar Indígena) regulamentadas pela
povos, para que possam satisfazer suas
Resolução nº 3/CNE/1999 (BRASIL, 1999b).
necessidades especiais e incorporar sua história,
Incorpora-se a esta legislação, ainda o Decreto
conhecimentos, técnicas e sistemas de valores,
nº 6.861/2009 (BRASIL, 2009a), no qual é criada
bem como promover suas aspirações sociais,
a política nacional dos Territórios
econômicas e culturais”. Desta forma, é garantida
EtnoEducacionais, resultado do diálogo entre os
a formação de membros dos povos indígenas, bem
Povos Indígenas, Governo Federal, governos
como a promoção de sua participação na
estaduais, municipais e a Sociedade Civil, que
formulação e implementação de programas
apontou para a necessidade de se reconhecer nas
educacionais, podendo, ainda, ter atendimento
políticas de educação escolar a diversidade
institucional específico e diferenciado no sistema
cultural e a territorialidade dos Povos Indígenas no
de educação. Corroborando tais Diretrizes, no
Brasil. O Referencial Curricular Nacional para as
Estado de Santa Catarina,
Escolas Indígenas (1998) aponta questões comuns
a Resolução nº 182, de 19 de novembro de 2013,
a todos professores e escolas, esclarecendo e
do CEE/SC estabeleceu também as “normas
incentivando a pluralidade e a diversidade das
complementares para o Credenciamento,
múltiplas programações curriculares dos projetos
Autorização de Cursos e seu Reconhecimento,
históricos e étnicos específicos.
Mudança de Instituição Mantenedora,
Este percurso ficou previsto na Proposta
Sede/Endereço e Denominação de
Curricular do Estado de Santa Catarina (1998b,
Estabelecimentos de Ensino, de Educação Básica
2005) por meio dos cadernos e de Temas
e suas modalidades, integrantes do Sistema
Multidisciplinares, além da Resolução n°
Estadual de Educação”, apontando para a
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05/CNE/2012, ao estabelecer que as políticas para políticas para a Educação Escolar Indígena, a
a Educação Escolar Indígena estejam: “pautadas centralidade do território étnico é fundamental.
pelos princípios da igualdade social, da diferença, Este é entendido como campo socioespacial e
da especificidade, do bilinguismo e da dialoga estreitamente com as manifestações de
interculturalidade, fundamentos da Educação identidade indígena. Trata-se de uma qualidade
Escolar Indígena”, incorporando as políticas subjetiva através da qual um grupo social ou
etnoterritoriais para sua gestão. (BRASIL, 2012c). indivíduo toma consciência de seus espaços de
A Educação Escolar Indígena no Estado de vida. Mesmo entendida em parte como abstração,
Santa Catarina deverá considerar os Kaingang, os é através da percepção do território que os grupos
Xokleng ou Laklanõ, os Guarani e os Xetá como estabelecem suas estratégicas políticas e sociais.
os principais grupos étnicos indígenas. Portadores A apropriação desses espaços, estabelecida pelas
de trajetórias históricas específicas, esses grupos sociedades indígenas, também é resultado de suas
compõem o que foi denominado genericamente de relações históricas, sociais e políticas. Logo, todo
‘populações indígenas’. Com trajetórias históricas o território é um espaço social que se diferencia de
distintas, esses povos reafirmam-se em suas “terra”.
identidades, reivindicam o direito de ser As escolas devem ser entendidas como
diferentes, de possuir processos próprios de inseridas nas políticas territoriais dessas
aprendizagem, com outras concepções espaço comunidades. Pensadas nestes termos, elas são
temporais, relações de trabalho, e, com base nestes objeto também de apropriação simbólica
pressupostos, reivindicam melhorias no constitutiva da composição da cultura local na sua
atendimento às suas comunidades. relação de domínio com o espaço. Espaço este que
Esses povos definiram seus territórios a partir permite com que a sociedade não se perceba
de outros limites, cuja dimensão varia de acordo somente em uma dimensão física sobre a qual está
com cada grupo étnico. Segundo dados do IBGE (terra), mas se aproprie desta também através de
(2010), esses grupos estão em crescimento uma relação de domínio simbólico no qual estão
populacional, com taxa de natalidade média de 3% incluídas as questões sobrenaturais e
ao ano, perfazendo uma população de 16.041 sociocosmológicas.
indivíduos em Santa Catarina. Os dados incluem Esta relação de domínio não é estática, pois
os que vivem nas Terras Indígenas e aqueles que dialoga com outras concepções de território
vivem em áreas não demarcadas, além de áreas presentes nas sociedades do entorno, sobretudo
urbanas. das não indígenas, resultando em manifestações
Para compreender tais dimensões dentro das (ora conflituosas) de territorialidades. Quer dizer,
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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das flexões que essa percepção de território pode Como processo defende imbricadamente a
sofrer em função da plasticidade que lhe é construção de um projeto de educação dos
característica, imbricada às questões fundiárias e trabalhadores e das trabalhadoras do campo para
ambientais, culturais e identitárias. “sujeitos concretos que se movimentam dentro de
determinadas condições sociais de existência”.
Os princípios da especificidade e diferença, da
(CALDART, 2004, p. 17). São agricultores
interculturalidade e do bilinguismo dispostos para
familiares, ribeirinhos, pescadores/as, mulheres
esta modalidade de educação levam em conta sua
camponesas, assentados, acampados, sujeitos
relação de antagonismo com os pressupostos
atingidos pelas barragens, quilombolas,
escolares integracionistas, tutelares e
extrativistas, entre outros.
eurocêntricos que permeiam muitas das
O marco inicial dos debates sobre Educação do
concepções político-pedagógicas. Esta escola,
Campo pode ser situado no I Encontro Nacional
dentro da forma específica de interpretar o mundo
de Educadores e Educadoras das Áreas de
pelos seus sujeitos, é um espaço coletivo, de
Reforma Agrária (I ENERA) em julho de 1997, em
práticas que promovam e garantam o
Brasília. O desafio alavancado naquele encontro
fortalecimento das práticas e saberes
provocou uma grande reunião de entidades,
“tradicionais”, sem subtrair-lhes o direito à
organizações e movimentos sociais, que juntos
igualdade de oportunidades e exercício de seus
realizaram, em 1998, em Luziânia (GO), a
direitos fundamentais. Não se trata de um
primeira Conferência por uma Educação Básica
‘retorno’ a um passado idealizado e folclorizado.
do Campo.
Mas, sim, da construção de um processo de
A afirmação desse movimento por Educação
(re)significação desses sujeitos no diálogo com
do Campo, permeado por lutas, tem evidenciado
outras formas de organização social não indígena.
algumas conquistas. De início pode-se destacar o
A Educação do Campo surge no contexto
PRONERA que teve suas ações a partir de 1998 e
histórico de luta e expressa as contradições sociais
possibilitou a efetivação do direito à educação nos
no campo. Como afirma Caldart (2011, p. 147),
diferentes níveis de ensino, da alfabetização à pós-
[...] é um movimento real de combate ao atual
graduação. Outras duas conquistas relacionadas a
estado de coisas, produzido pelos trabalhadores
esse movimento foram a aprovação pelo
´pobres do campo` trabalhadores sem-terra, sem
Congresso Nacional, a partir de 2001, de Planos
trabalho, sem escolas [...] configurada desde a
Nacionais de Educação (PNE) com destaque para
realidade da luta pela terra, pelo trabalho, pela
a Educação do Campo, e a instituição das
igualdade social.
Diretrizes Operacionais para a Educação Básica
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nas Escolas do Campo, aprovada pela Resolução e uma política de educação; entre política agrícola,
CNE/CEB de 3 de março de 2002. (BRASIL, política de saúde e política de educação, na relação
2002). dialógica entre reflexão pedagógica crítica e
As Diretrizes Operacionais para a Educação processos de formação humana. O diálogo se dá
Básica nas escolas do campo podem ser entendidas em torno de uma concepção de ser humano, cuja
como resultado de um trabalho no qual estavam formação é necessária para a própria
presentes e dele participando ativamente as implementação do projeto de campo e de
organizações e movimentos sociais. Trazem a sociedade que integra o projeto da Educação do
indicação legal do reconhecimento, por parte do Campo. E o diálogo principal necessariamente
Estado, da Educação do Campo. A aprovação do será com uma determinada tradição pedagógica
Decreto nº 7.352, de 04 de novembro de 2010 crítica, vinculada a objetivos políticos de
(BRASIL, 2010a), concretiza juridicamente e emancipação e de luta por justiça e igualdade
respalda a política nacional de Educação do social.
Campo. Quanto ao PNE/2014, apresenta avanços A Educação do Campo nasce como demanda
em relação ao PNE/2010, no qual foi visível o dos movimentos sociais do campo, entre eles o
poder do Estado para normatizar suas ações Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
considerando as reivindicações da sociedade civil Ao longo do tempo vem se configurando como
organizada. conceito, que se firma no campo educacional, ao
Por princípio, a agricultura capitalista passo que ocupa um lugar significativo no meio
(agronegócio) é incompatível com a Educação do acadêmico, com desenvolvimento de várias
Campo, “exatamente porque a primeira sobrevive pesquisas, promoção de debates, extensões,
da exclusão e morte dos camponeses”, e progride especializações, que no seu conjunto demonstram
num campo sem sujeitos, sem vida (CALDART, sua importância. Este processo de reconhecimento
2011, conceitual da Educação do Campo tem provocado
um tenso espaço de disputa ideológica e política.
p. 148). Nesse sentido, “educação rural ou para o
A expressão que nasce no bojo dos movimentos
meio rural” representa grupos sociais (classe e
sociais tem sido utilizada em diferentes espaços,
renda) e uma agricultura na qual o modelo de
por vezes inclusive camuflando propostas e
produção tem base na acumulação de terras
projetos que no seu interior retomam as propostas
(latifúndio) e de lucro. Já a Educação do Campo
da Educação Rural.
assume uma visão de totalidade dos processos
Por ser um conceito atual, precisamos discuti-
sociais; pensa a relação entre uma política agrária
lo dentro do contexto da sociedade brasileira,
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principalmente no que concerne aos sujeitos do modificação da realidade e permanência no
campo, principais agentes desse processo. Desta campo, com dignidade e qualidade de vida.
forma, a partir da década de 1990, a expressão É fundamental pensar a Educação do Campo
Educação Rural vem sendo substituída por sempre na tríade: Campo – Política Pública –
Educação do Campo, com o objetivo de incluir no Educação. Essa relação é tensa, é dialógica,
processo “[...] uma reflexão sobre o sentido atual envolta em um projeto de desenvolvimento
do trabalho camponês e das lutas sociais e diferenciado para a sociedade, que não
culturais que hoje tentam garantir a sobrevivência compreende o campo como espaço atrasado, e sim
deste trabalho.” (FERNANDES; CERIOLI; dinâmico, com direito à autonomia e respeito às
CALDART, 2004, p. 25). identidades dos povos do campo.
Contudo, não consiste somente em uma A educação do campo emerge das contradições
mudança de expressão, pois pressupõe um projeto do campo brasileiro, na luta social e na
de educação que se volta ao conjunto dos organização coletiva, no embate entre projetos de
trabalhadores do campo, sejam camponeses, campo diferentes. Nesse sentido, a educação
incluindo quilombolas, sejam as ações indígenas, pensada desde esse contexto vem ao encontro de
sejam diversos tipos de assalariados vinculados à uma nova proposta de escola, baseada nos
vida e ao trabalho no meio rural. preceitos da cooperação e do trabalho como
Busca apreender um fenômeno em fase de princípio educativo.
constituição histórica; por sua vez a discussão A escola do campo compreende não somente as
conceitual também participa deste movimento da que estão situadas naquele espaço geográfico. O
realidade. Trata-se, na expressão de Bernardo Decreto nº 7.352, de 04 de novembro de 2010,
Mançano Fernandes (1999), de uma disputa de confere amparo legal ao estabelecer seus limites,
“território imaterial”, que pode em alguns reconhecendo aquelas situadas em área rural,
momentos tornar- se força material na luta política
conforme definição pelo IBGE, ou em área
por territórios, como o destino de uma
urbana, desde que predominantemente destinadas
comunidade camponesa, por exemplo.
a populações do campo. (BRASIL, 2010a).
É inaceitável pensar a Educação do Campo
Ao longo dos últimos tempos, os movimentos
desconectada das necessidades dos seus sujeitos,
de Educação do Campo pensam e repensam a
desrespeitando sua cultura, sua história e seus
escola, considerando diferentes elementos
anseios de vivências e saberes. Ela deve ser
teóricos e pedagógicos, entre eles a educação
construída com base na realidade local, como
popular, que tem como seu principal precursor
ferramenta para os estudantes nos processos de
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Paulo Freire. Os professores que moram no campo pedagogia da alternância, escolas multisseriadas,
irão se envolver na construção do currículo da escolas itinerantes, conforme a especificidade da
Escola do Campo, buscando um ensino integrado, realidade local. Nas séries/anos iniciais do ensino
conectado à realidade do estudante, numa fundamental das escolas do campo, uma das
concepção libertária de educação (FREIRE, formas de organização é a multissérie, uma turma
2005). Assim, a escola, por meio de seu PPP pode composta de duas ou mais séries. A Escola
atender as especificidades do campo, inclusive Multisseriada apresenta muitas possibilidades de
com calendários especiais. Também é importante desenvolver o trabalho pedagógico, o professor
o reconhecimento da Pedagogia da Alternância atribui tarefas diferenciadas aos grupos e com a
como alternativa capaz de possibilitar o profundo mediação os estudantes das séries/anos mais
diálogo entre a vida e o trabalho no campo e a avançados ajudam as crianças das outras
escola. séries/anos. Nesta organização é importante
Historicamente, persiste uma profunda destacar que a dinâmica, o movimento de ensinar
desigualdade entre as condições objetivas em que considera os tempos de aprendizagem das crianças
escolas das áreas rurais e urbanas são constituídas. e não da série/ano.
Destaca-se, portanto, a necessidade de A Escola Itinerante é uma necessidade nas
universalização da Educação Básica em escolas realidades do Movimento dos Trabalhadores Sem
do (pensadas com os sujeitos do campo) e no Terra (MST). Caracteriza- se como aquela que
campo (como direito de acesso dos sujeitos a uma acompanha as famílias durante o tempo de
escola no espaço em que vivem). acampamento, onde permanecem até a
Conforme este entendimento, a formação desapropriação e regularização da terra pelo
inicial e continuada dos professores precisa estar governo.
em consonância com a proposta de educação do O Estado de Santa Catarina, de acordo com o
campo, com estudos que respeitem a diversidade e Parecer nº 263, de 21 de setembro de 2004, tem
o efetivo protagonismo dos sujeitos do campo na assegurado sempre que necessário a garantia do
construção da qualidade individual e coletiva, direito à educação das crianças acampadas a partir
conforme já mencionado em lei (art. 13 do Parecer de um processo de escolarização que compreende
CNE/CEB nº 36/2001) (BRASIL, 2001b), a realidade e as necessidades dessas crianças.
priorizando professores das comunidades do O Parecer autoriza o funcionamento da Escola
campo. Da mesma forma, a atenção escolar deverá Itinerante, como uma experiência pedagógica,
voltar- se à proposta pedagógica que respeite na com oferta do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
organização do ensino a seriação, o ciclo, a A escola base para questões de documentação e
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apoio pedagógico é a Escola de Ensino coletivos que compartilham trajetórias, possuem
Fundamental 30 de Outubro, localizada no laços de pertencimento, tradição cultural de
Assentamento Rio dos Patos, no Município de valorização dos antepassados calcada numa
Lebon Régis/SC, vinculada à Gerência de história identitária comum.
Educação de Caçador. Segundo Ely das Graças Souza, professora
Outras formas de organização das séries finais quilombola da Comunidade Invernada dos Negros
do Ensino Fundamental vêm se manifestando por (de Campos Novos), participante da elaboração
necessidades locais, possibilitando que os sujeitos deste documento,
permaneçam nas comunidades, pois no
desenvolvimento desses projetos a itinerância quilombo é o local onde vivem as pessoas que
geralmente é realizada pelos professores. foram escravizadas e o que nos identifica como
quilombo é a ideia de pertencimento à terra, o
Assim também é a Educação Escolar Quilombola
respeito à natureza e à preservação das tradições
(EEQ). Quilombos são territórios juridicamente
culturais herdadas dos mais velhos. Para nós,
reconhecidos pela Constituição Federal de 1988, o
quilombo também é lembrar-se das parteiras que
que garantiu a titularidade das terras para as
atendiam as mulheres no quilombo e na
pessoas remanescentes de quilombolas no país. É
redondeza, o uso dos chás das ervas medicinais
sabido que o termo quilombo é originário dos
para a cura das doenças do ser humano e também
processos de resistência dos africanos
dos animais.
escravizados no Brasil e, eram, originalmente,
territórios estabelecidos por negros que
pretendiam a liberdade do regime escravocrata, A Educação Escolar Quilombola está
tendo como símbolo emblemático e de referência relacionada com os aspectos de resistência desse
o Quilombo de Palmares, no Estado de Alagoas. segmento étnico-social que nos oferece profunda
São comunidades rurais e urbanas que reflexão sobre os valores de liberdade, tendo em
historicamente reivindicam o direito à terra e ao vista que os quilombos são territórios marcados
território, o que diz respeito não somente à pela história de escravidão de pessoas de origem
propriedade da terra, mas a todos os elementos que africana que, ao fugirem para terras distantes para
fazem parte de seus usos, costumes e tradições, se preservarem livres, vislumbraram e
como recursos ambientais e culturais necessários vivenciaram um modelo paralelo de existência,
a sua manutenção e às reminiscências históricas com cultura e educação próprias.
que permitem perpetuar sua memória. São A Educação Escolar Quilombola, construção

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desse movimento, é definida como uma g) Instituir o Plano Nacional de Educação
modalidade da educação básica no âmbito dos Quilombola, visando à valorização plena das
debates da CONAE (2010) que, no documento culturas das comunidades quilombolas, a
final, demanda ações e compromissos dos órgãos afirmação e manutenção de sua diversidade
federativos, a saber: étnica.
a) Garantir a elaboração de uma legislação
Assegurar que a atividade docente nas escolas
específica para a educação quilombola, com a
quilombolas seja exercida preferencialmente por
participação do movimento negro quilombola,
professores/as oriundos/as das comunidades
assegurando o direito à preservação de suas
quilombolas”. (CONAE, 2010, p. 131-132).
manifestações culturais e à sustentabilidade de seu
território tradicional. Assim, o Parecer 07/2010 (BRASIL, 2010b) e

b) Assegurar que a alimentação e a a Resolução CNE/CEB nº 4/2010 (BRASIL,

infraestrutura escolar quilombola respeitem a 2010e), do Conselho Nacional de Educação,

cultura alimentar do grupo, observando o cuidado instituem as Diretrizes Curriculares Gerais para a

com o meio ambiente e a geografia local. Educação Escolar Quilombola, num longo

c) Promover a formação específica e processo de escuta e consulta, envolvendo

diferenciada (inicial e continuada) aos/às quilombolas, pesquisadores, educadores,

profissionais das escolas quilombolas, movimentos sociais e entidades/ instituições

propiciando a elaboração de materiais didático- governamentais relacionados com a temática.

pedagógicos contextualizados com a identidade A implementação das políticas e dos direitos

étnico-racial do grupo. apontados pelas Diretrizes da Educação Escolar

d) Garantir a participação de representantes Quilombola depende também da regularização

quilombolas na composição dos conselhos fundiária e das políticas de gestão das

referentes à educação, nos três entes federados. comunidades conforme estabelecem os Decretos

e) Instituir um programa específico de nº 4.887/2003 (BRASIL, 2003a) e nº 6.261/2007

licenciatura para quilombolas, para garantir a (BRASIL,

valorização e a preservação cultural dessas 2007b).

comunidades étnicas. Contudo, a efetivação das ações apontadas

f) Garantir aos professores/as quilombolas a sua pelas Diretrizes Quilombolas necessita também da

formação em serviço e, quando for o caso, implementação das políticas e dos direitos

concomitantemente com a sua própria apontados pelos seguintes documentos: Decreto

escolarização. nº 4.887/2003 (BRASIL, 2003a), que regulamenta


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o procedimento para identificação, cooperação com os municípios, os Estados e a
reconhecimento, delimitação, demarcação e União. Pensada de acordo com princípios e valores
titulação das terras ocupadas por remanescentes dos quilombos, sistematiza os processos históricos
das comunidades dos quilombos de que trata o art. e as concepções da educação escolar dessas
68 do Ato das Disposições Constitucionais comunidades e se organiza em bases culturais e
Transitórias; Decreto nº 7.352/2010 (BRASIL, históricas próprias.
2010a), que dispõe sobre a política de Educação Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais,
do Campo e o Programa Nacional de Educação na são Princípios da Educação Escolar Quilombola:
Reforma Agrária (PRONERA); Decreto nº I) direito à igualdade, liberdade, diversidade e
6.040/2007 (BRASIL, 2007a), que pluralidade;
institui a Política Nacional de Desenvolvimento II) direito à educação pública, gratuita e de
Sustentável dos Povos e Comunidades qualidade;
Tradicionais; Resolução CNE/CP nº 1/2004 III) respeito e reconhecimento da história e da
(BRASIL, 2004b), que define Diretrizes cultura afro- brasileira como elementos
Curriculares Nacionais para a Educação das estruturantes do processo civilizatório nacional;
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de IV) proteção das manifestações da cultura afro-
História e Cultura Afro-brasileira e Africana; brasileira;
Resolução CNE/CEB nº 2/2008 (BRASIL, V) valorização da diversidade étnico-racial;
2008c), que define Diretrizes Complementares VI) promoção do bem de todos, sem
para a Educação do Campo e Parecer CNE/CEB preconceitos de origem, raça, sexo, cor, credo,
nº 13/2012 (BRASIL, 2012a), sobre Diretrizes idade e quaisquer outras formas de discriminação;
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar VII) garantia dos direitos humanos,
Indígena. econômicos, sociais, culturais, ambientais e do
Por definição, Educação Escolar Quilombola é controle social das comunidades quilombolas;
aquela que se faz nas escolas de território VIII) reconhecimento dos quilombolas como
quilombola e nas escolas que atendem estudantes povos ou comunidades tradicionais;
originários desses territórios, sejam eles rurais ou IX) conhecimento dos processos históricos de
urbanos, instituída com função e concepções luta pela regularização dos territórios tradicionais
educativas oriundas dos conteúdos e marcos dos povos quilombolas;
históricos dos sujeitos autodenominados X) direito ao desenvolvimento entendido como
quilombolas, cujas políticas são efetivadas modelo de desenvolvimento alternativo que
articuladamente entre os sistemas de ensino em considera a participação das comunidades
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quilombolas, as suas tradições locais, o seu ponto organização das comunidades quilombolas e
de vista ecológico, a sustentabilidade e as suas construção de práticas educativas que visem à
formas de produção do trabalho e de vida; superação de todas as formas de violência racial e
XI) superação do racismo – institucional, de gênero. (BRASIL, 2013, p. 461).
ambiental, alimentar, entre outros – e a eliminação
Apoiada pela LDB a Educação Escolar
de toda e qualquer forma de preconceito e
Quilombola poderá assumir diversas formas de
discriminação racial;
organização, como as séries anuais, os períodos
XII respeito à diversidade religiosa, ambiental semestrais, ciclos, alternância e grupos não
e sexual; seriados. Por se tratar também de educação em
espaço rural, as tradições culturais, questões
XV) superação de toda e qualquer prática de
climáticas e o tempo para o trabalho são critérios
sexismo, machismo, homofobia, lesbofobia e
para a definição do tempo escolar.
transfobia;
O tempo, o espaço social, as significações
XVI) reconhecimento e respeito da história dos
culturais e os valores de cada comunidade devem
quilombos, dos espaços e dos tempos nos quais as
subsidiar a organização do currículo das escolas
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos
quilombolas, bem como daquelas frequentadas
quilombolas aprendem e se educam;
por estudantes dos quilombos. O tempo curricular
XVII) direito dos estudantes, dos profissionais da
levará em consideração as especificidades das
educação e da comunidade de se apropriarem dos
organizações dos quilombos. Em Santa Catarina
conhecimentos tradicionais e das formas de
são conhecidos territórios autodenominados
produção das comunidades quilombolas de modo
quilombolas e/ou comunidades negras rurais,
a contribuir para o seu reconhecimento,
assim distribuídos (nome da comunidade
valorização e continuidade;
quilombola e município de localização):
XVIII) trabalho como princípio educativo das
Invernada dos Negros (Campos Novos e Abdon
ações didático- pedagógicas da escola;
Batista); São Roque (Praia Grande e
XIX) valorização das ações de cooperação e de
Mampituba/RS); Família Thomaz (Treze de
solidariedade presentes na história das
Maio); Morro do Boi (Balneário Camboriú);
comunidades quilombolas, a fim de contribuir
Campo dos Polí (Monte Carlo); Morro do
para o fortalecimento das redes de colaboração;
Fortunato (Garopaba); Santa Cruz (Paulo Lopes);
XX) reconhecimento do lugar social, cultural,
Aldeia (Imbituba); Caldas do Cubatão (Santo
político, econômico, educativo e ecológico
Amaro da Imperatriz); Itapocu (Araquari); Areias
ocupado pelas mulheres no processo histórico de
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Pequenas (Araquari); Tapera (São Francisco do Diretrizes Curriculares Nacionais para todas as
Sul); Mutirão e Costeira (Seara); Vidal Martins etapas e modalidades da Educação Básica) deverá
(Florianópolis); Valongo (Porto Belo); Tabuleiro garantir ao educando o direito de conhecer os
(Santo Amaro da Imperatriz). conteúdos da História Afro-brasileira e Africana
Essas comunidades buscam a construção de e o reconhecimento da história das populações de
suas escolas com infraestrutura adequada, origem africana como elemento estruturante do
produção de material didático específico e processo civilizatório nacional, considerando as
formação de professores quilombolas, com mudanças, as recriações e ressignificações
especial atenção às especificidades dos históricas e socioculturais que estruturam os
programas que envolvem a alimentação escolar e o modos de ser e estar no mundo dos povos
transporte dos estudantes. A gestão da escola africanos na
quilombola é consolidada pela participação diáspora.
coletiva. Envolve os aspectos pedagógicos, A organização do ensino, segundo as Diretrizes
administrativos, entre outros, e estabelecem Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
estratégias que se colocam na dimensão do Quilombola, deve considerar a memória coletiva,
universo histórico-cultural as referências ancestrais, a territorialidade, as
quilombola. línguas reminiscentes, os marcos civilizatórios, as
A construção do currículo deve respeitar os práticas culturais, as tecnologias e formas de
valores e interesses das comunidades quilombolas produção do trabalho, os acervos e repertórios
e o projeto político pedagógico deverá considerar orais, os festejos, usos, tradições e demais
a organização e prática, os contextos elementos que conformam o patrimônio cultural
socioculturais regionais e territoriais das das comunidades quilombolas de todo o país.
comunidades quilombolas. Para tanto, o projeto No Quilombo os saberes transmitidos pelos
político pedagógico deverá, também, pautar-se na mais velhos aos mais novos, contam e recontam a
realização de história e os ritos de origem da comunidade.
Assentados filosoficamente nos valores
diagnóstico da comunidade quilombola,
civilizatórios de matriz africana e afro-brasileira,
considerando a ancestralidade e a história de cada
os conteúdos conhecidos e vividos pelas
comunidade, bem como a territorialidade, o
comunidades quilombolas são estruturantes para a
etnodesenvolvimento e a sustentabilidade
conduta e as formas de se conduzir no espaço
socioambiental, cultural e seus hábitos culturais e
social, seja ele quilombola ou não.
alimentares. O currículo (obedecidas as
Crianças, jovens e idosos, mulheres e homens,
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famílias e relações de parentesco, são os sujeitos plena. No entanto, definir a “diversidade como
das comunidades. Ali todos são capazes de ensinar princípio formativo” significa redefinir o modo
e aprender, em processos educativos próprios e em pelo qual a Educação e as instituições escolares
outros buscados por meio da educação escolar são significadas, pensadas, organizadas e
formal. Espera-se que se estabeleça um profícuo planejadas. A “diversidade como princípio
diálogo entre os saberes da comunidade com os formativo” repercute, necessariamente, nos
saberes da escola. A valorização desses sujeitos conteúdos, na organização curricular, nos tempos
confere aos quilombolas legítimo direito de e espaços escolares, no modelo de gestão e
reconhecimento de seu longo e árduo percurso por avaliação, nos materiais didáticos, na formação
liberdade e autonomia histórico-cultural. inicial e continuada, nas relações humanas, no
sujeito da educação e no modelo de sociedade que
• Princípios da Diversidade e suas a Escola ajuda a construir.
dimensões pedagógicas Segundo o Art. 20 das Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica,
Temos o direito de ser iguais quando a nossa
diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser [...] o respeito aos educandos e a seus tempos
diferentes quando a nossa igualdade nos mentais, socioemocionais, culturais e identitários
descaracteriza. (SANTOS, 1997, p. 122). é um princípio orientador de toda a ação
educativa, sendo responsabilidade dos sistemas a
Nas instituições sociais, em geral, e na agenda
criação de condições
da Educação Pública, em especial, nos últimos
tenham a oportunidade de receber a formação
trinta anos, o debate acerca da cultura como local
que corresponda à idade própria de percurso
de construção sócio-histórica tem assumido
escolar. (BRASIL, 2010e, p. 824). para que
fundamental importância, tanto para a percepção
crianças, adolescentes, jovens e adultos, com sua
dos sujeitos e suas múltiplas expressões
diversidade,
identitárias, quanto pela necessidade do
Dessa forma, entendemos que a Proposta
reconhecimento e afirmação de direitos civis,
Curricular para o Estado de Santa Catarina, para
sociais e políticos desses mesmos sujeitos,
assegurar o reconhecimento da diversidade
historicamente excluídos.
humana à Formação Integral, poderá ser balizada
Para as políticas públicas educacionais, o
por um “mapa conceitual” e “princípios e
reconhecimento e a acolhida da “Diversidade”
dimensões pedagógicas” que auxiliem na
podem ser vistos, num primeiro momento, como
construção de uma prática pedagógica
uma indiscutível questão de direito e de cidadania
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democrática e igualitária. Para isso, destacamos romana no seu culto do Mesmo e do Neutro, do
alguns destes conceitos e princípios, construídos pensamento absoluto e globalizador, ressaltando,
no diálogo com os diferentes marcos legais em contrapartida, a relação ética, do frente a frente
disponíveis e apresentamos, na sequência, humano, fonte de todo sentido.
contribuições pedagógicas para pensá-los na ação É na elaboração do Projeto Político Pedagógico
prática cotidiana da escola, nos componentes – PPP que se tem a oportunidade de discutir,
curriculares. coletivamente, os princípios a serem seguidos pela

FIGURA 1 - MAPA CONCEITUAL comunidade escolar. Educar na alteridade e na

PARA DIVERSIDADE diferença é, sem dúvida, um princípio


fundamental para tomar consciência de que as

a) Educar na alteridade: Alteridade tem a ver


com a questão do outro. Quem são os outros na
cultura e na educação? Os outros são todos e não
apenas alguns outros. O outro se constrói,
permanentemente, na cultura e na educação,
multiplica-se, transforma-se, e é irredutível a uma
identidade que, pelas relações de poder, faz-se a
pessoas podem se relacionar de outro modo, no
oficial. Pensar a alteridade é reconhecer que o
qual as diferenças não são mais ignoradas ou
outro é sempre uma relação, é romper com
vistas como problema, pelo contrário, são
representações que o essencializam e o fixam em
enriquecimento. Por exemplo, em uma Educação
uma categoria que o impede de demonstrar seu
para as Diferenças Sexuais na Educação Básica, o
devir.
PPP deve garantir a promoção do respeito e do
Nas práticas escolares, a alteridade pressupõe o reconhecimento dos sujeitos de todas as
reconhecimento das diferenças pessoais, grupais orientações sexuais e identidades de gênero. Ao se
ou culturais sem reduzi-las à compreensão de um ter esse princípio no PPP, faz-se necessário
eu, evitando assim processos de homogeneização traduzi-lo em ações pedagógicas, principalmente,
das diferentes identidades que integram os na relação de um com o outro nas situações de
espaços formativos (LEVINAS, 1980). Esse preconceito e discriminação que precisam ser
conceito tem por base a tese central de Levinas, enfrentadas.
em que se inaugura a crítica frontal da categoria
Não existe uma fórmula a ser seguida para aquele
da totalidade, típica da filosofia ocidental greco-
que discrimina ou para aquele que recebe a
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discriminação. É importante conhecer o que processos históricos que produziram exclusões e
motiva o outro a discriminar para, então, dialogar desigualdades. Como decorrência desta
com aquele que discriminou, sem repressão, mas compreensão, são estratégias didáticas possíveis:
em um movimento que o faça perceber que sua - Investir na realização de cursos de formação
atitude não condiz com o projeto pensado para sua continuada para professores, com a discussão dos
escola, não condiz com uma escola que tem em seu conceitos do Mapa Conceitual para Diversidade,
projeto o combate aos estereótipos criados em nos vários Componentes Curriculares.
relações de alteridade que definem pessoas ou - Estabelecer diálogos com as diferentes culturas

grupos como problemas e, por consequência, presentes na comunidade escolar e garantir que
instituem-se práticas opressivas e excludentes. estas sejam incluídas no planejamento pedagógico.
Discutir, no âmbito das Escolas, as rotinas, - Introduzir a história dos diferentes povos
atitudes e práticas pessoais, adotadas nos espaços indígenas, africanos e afro-brasileiros, a
educativos, por exemplo, que possam estar participação das mulheres e o modo como a
promovendo a homofobia, a misoginia, o humanidade vivenciou a ocupação do território
machismo, o racismo, a transfobia e a lesbofobia, nos projetos e planejamentos escolares na
a fim de erradicá-las. educação básica.
Nas ações pedagógicas, gestores, professores e - Reorganizar a proposta político-pedagógica
estudantes não atuam na formatação do outro; eles da escola de modo a inserir os direitos humanos e
reconhecem a existência das diferenças, discutem, ambientais, tendo a diversidade como princípio
vivem e convivem com a presença do outro, formativo.
considerando e valorizando a história e a - Estar atento aos conteúdos científicos
experiência de cada sujeito, em um movimento adotados pelos professores, de modo que estes não
relacional que permite conhecer o outro pela sejam utilizados para justificar as desigualdades e
proximidade que se tem com ele. Educação na/da hierarquias étnicas, de gênero, de condições
alteridade e na diferença é reconhecer que o outro físicas, sensoriais e intelectuais, sexuais e
está na escola, bem perto de nós, não como alguém ambientais.
a ser tolerado, mas como alguém que tem a escola - Conhecer e incluir os valores civilizatórios
a sua disposição na promoção de ambientes indígenas e africanos que constituem a formação
inventivos, plurais e respeitosos. cultural brasileira, na organização e concepção do
b) Consciência política e histórica da currículo da educação básica, possibilitando assim
diversidade: Para respeitar as diversas formas de o rompimento com o eurocentrismo.
ser, existir, viver e produzir é preciso conhecer os
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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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c) Reconhecimento, valorização da diferença entendendo os Direitos Humanos em toda a sua
e fortalecimento das identidades: o entendimento diversidade.
de Educação Integral passa por considerar que os Valorizar a pluralidade estética, respeito às
sujeitos sociais são constituídos de múltiplas diversas culturas, à corporeidade, às formas de
identidades. Assim sendo, a escola deve garantir a ver, sentir e estar no mundo, questionando as
reafirmação das diferenças individuais e coletivas escolhas pautadas em padrões e/ou marcos
a partir do senso de pertencimento identitário e no civilizatórios dominantes.
combate ao racismo, machismo, homofobia,
xenofobia e a todas as formas de discriminação, d) Sustentabilidade socioambiental: Neste
violências e intolerâncias. princípio busca- se, por meio da gestão escolar,
incentivar e promover propostas para um
O posicionamento da escola diante das relações
desenvolvimento sustentável considerando a
étnico- raciais, de gênero, ambiental, sexual,
diversidade da vida e das culturas para a
estabelecidas no seu interior, compreende a
sobrevivência de toda forma de vida, de hoje e das
construção identitária positiva em relação ao seu
futuras gerações, principalmente no apoio à
pertencimento étnico-racial entre outros. São
construção do Projeto Político Pedagógico (PPP)
ações possíveis:
sustentado na convivência pública e na educação
Exercitar a diversidade como princípio
para a cidadania. Espera-se que a sustentabilidade
formativo requer não apenas conceber as datas
socioambiental numa dimensão política da
comemorativas pelo seu contexto histórico e
educação do cuidado com o sujeito, com o meio
crítico como um fato social, mas, sobretudo, a
ambiente local, regional e global possa ser
contextualização da diversidade no decorrer de
incorporada na realidade administrativo-
todo processo formativo.
pedagógica, social, estrutural e educacional.
Realizar, fomentar e apoiar práticas e
Espera-se também que os resultados estejam
iniciativas, concursos e campanhas e outros
em consonância com e para a comunidade escolar
eventos, divulgação de calendário de lutas LGBT,
e do entorno respeitando o espaço público, como
pesquisas e material didático, respeitando as
bem coletivo e de utilização democrática de todos.
especificidades, as diferentes linguagens
e) Pluralismo de ideias e de concepções
(públicos e mídia), em formatos acessíveis e
pedagógicas: na Escola, a socialização de todos os
alternativos para maior visibilidade aos LGBT e
conhecimentos científicos (saberes formais) e o
promover o respeito e o reconhecimento das
reconhecimento das experiências cotidianas dos
diferenças sexuais e identidades de gênero,
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sujeitos e de seus saberes populares e culturais podendo ser referência para sustentação de
possibilita não apenas a democratização do valores, visões de mundo, comportamentos ou
ensino, mas também um espaço aberto ao debate, atitudes homogeneizantes. A crença religiosa é
à experimentação e à inovação pedagógica. Para manifestação de foro íntimo. Sendo assim, na
acolher a diversidade o professor deve aceitar o escola pública laica, não são feitas orações, nos
desafio de novas experiências pedagógicas, assim tempos escolares, assim como não são utilizados
como, “dialogar com” e conhecer outras propostas símbolos religiosos fixados nos espaços escolares.
educativas, necessárias à compreensão das O ensino é pautado pela atitude crítica e ética
modalidades de educação específicas diante de todo conhecimento, pois, como
(Quilombola, do Campo, Ambiental, Especial, produção histórica, é passível de análise crítica
Indígena). Por exemplo, em relação às diferenças por/em todas as ciências, respeitadas as suas
sexuais e de gênero, promover a elaboração, especificidades. A escola considera e respeita as
produção e distribuição de materiais de referência opções religiosas da sua comunidade escolar
(obras científicas e literárias) e didático- (profissionais da educação, estudantes e famílias),
pedagógicos, considerando especificidades das sem privilegiar nenhuma religião,
comunidades LGBT, a realidade urbana e do independentemente de maioria ou minoria.
campo, a acessibilidade a pessoas com Gestores escolares devem atentar para que
deficiência, diferentes linguagens e formatos ninguém seja menosprezado, discriminado ou
alternativos (LIBRAS, Braile, material excluído por causa da religião que crê e/ou pratica,
pedagógico ampliado, em formato digitalizado e e combater as expressões de racismo, homofobia e
audiovisual com legenda). etnocentrismo, baseadas, respectivamente, na
intolerância às religiões não- hegemônicas
Laicidade do Estado e da escola pública
(africanas, afro-brasileiras, indígenas, espíritas,
catarinense: este é um princípio fundamental para
etc.) e demais identidades pessoais e/ou coletivas
assegurar a liberdade de expressão, a
(LGBT, ciganos, etc.).
imparcialidade pedagógica, a valorização da
f) Igualdade de direitos para acesso, permanência e
cultura popular/histórica, garantindo o respeito à
aprendizagem na escola:
diversidade cultural religiosa, sem praticar
qualquer forma de proselitismo (tentativa de A Constituição Brasileira garante a todos a
converter à religião de interesse). Os fenômenos igualdade de direitos, ampliando os direitos civis,
religiosos na escola laica precisam ser analisados políticos, econômicos, sociais, culturais e
criticamente como os demais fenômenos, não ambientais a todos os cidadãos e cidadãs, com

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vistas a sua universalidade, sem distinção de sexo, escola vai além de garantir acesso a todas as
cor, etnia, credo, religião, classe social, pessoas, o que implica em práticas pedagógicas
nacionalidade, gênero, identidade de gênero, livres de preconceitos e discriminações. Ao se
orientação sexual, geração, condição física ou discutir o PPP da escola é de fundamental
intelectual, origem, local de moradia, entre outras. importância considerar que a igualdade de direitos
Na Educação Básica, o acesso, a permanência e a pressupõe o direito à diferença.
aprendizagem constituem direitos educacionais É importante salientar que o direito à igualdade
que são consolidados por meio do incentivo ao avançou nas questões políticas e legais, mas é
protagonismo dos sujeitos considerando suas crucial que a escola compreenda o direito à
diferenças culturais e individuais; da valorização igualdade nas questões pedagógicas. Um exemplo
dos conhecimentos locais/regionais expressos em de direito à igualdade na questão pedagógica é
materiais didáticos e pedagógicos que abordam as reconhecer a capacidade universal de aprender de
diferenças culturais e individuais; do todos como ponto de partida e compreender que
reconhecimento dos diferentes tempos de existem diferenças nos processos de aprendizado
aprendizagem de cada estudante. A igualdade de dos estudantes.
direitos não pode ser confundida com a inclusão g) Outro exemplo de direito à igualdade é trabalhar o
das minorias aos costumes e tradições conhecimento escolar a partir de uma visão
hegemônicos, ao contrário, ao considerar todos intercultural, na qual diversos grupos sociais e
estudantes e suas diferenças humanas, tornam-se culturais são contemplados em sua história,
necessárias a revisão e a reorganização curricular geografia, entre outras áreas do conhecimento.
que considere que o sujeito, como cidadão pleno e Garantir, também, o acesso e a permanência de
integral, tem o direito de frequentar uma escola estudantes e profissionais LGBT nos espaços
voltada para a diversidade e na diversidade, que educacionais em todas as etapas da Educação
oportunize convivências e vivências reflexivas em Básica e modalidades de ensino, combatendo a
diversos espaços, tempos e grupos culturais discriminação e o preconceito, respeitando a
plurais. orientação sexual e identidade de gênero e o uso
É imprescindível que os membros da escola do nome social.
conheçam as políticas públicas e os documentos
políticos e legais, que garantem a igualdade de
direitos para os grupos sociais excluídos,
efetivem-se nas práticas pedagógicas e
contribuam para tanto. Isso significa dizer que a
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181
SANTA CATARINA. CONSELHO ESTADUAL RESOLVE:
DE EDUCAÇÃO.
CAPÍTULO I
RESOLUÇÃO N. 183, DE 19 DE NOVEMBRO
DE 2013. ESTABELECE DIRETRIZES DA AVALIAÇÃO
OPERACIONAIS PARA AVALIAÇÃO DO
PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM Art. 1º A avaliação do processo ensino-
aprendizagem, de responsabilidade do
estabelecimento de ensino, seguirá as diretrizes
estabelecidas na presente Resolução.

RESOLUÇÃO Nº 183, de 19 de novembro de


2013. Art. 2º A avaliação do processo ensino-
aprendizagem considerará, no seu exercício, os
Estabelece diretrizes operacionais para a seguintes princípios:
avaliação do processo ensino-aprendizagem nos
I- Aperfeiçoamento do processo ensino-
estabelecimentos de ensino de Educação Básica e
aprendizagem.
Profissional Técnica de Nível Médio, integrantes
II- Aferição do desempenho do aluno quanto à
do Sistema Estadual de Educação.
apropriação de conhecimentos em cada área de
estudos e o desenvolvimento de competências.
O PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL
DE EDUCAÇÃO
Art. 3º A avaliação do rendimento do aluno
DE SANTA CATARINA, no uso de suas
será contínua e cumulativa, mediante verificação
atribuições, considerando o disposto na Lei
de aprendizagem de conhecimentos e do
Nacional nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que
desenvolvimento de competências em atividades
fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
de classe e extraclasse, incluídos os
e na Lei Complementar Estadual nº 170, de 07 de
procedimentos próprios de recuperação paralela.
agosto de 1998, que dispõe sobre o Sistema
Estadual de Educação, e tendo em vista o Parágrafo único. O caráter cumulativo não se

deliberado na Sessão Plenária do dia 19 de aplica à avaliação por competências na Educação

novembro de 2013, por meio do Parecer nº 295, Profissional.

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Art. 4º A avaliação do rendimento do aluno conversão em caso de transferência de séries/anos
será atribuída pelo professor da série/ano, da em curso para unidades de ensino que adotam a
disciplina ou componente curricular, apreciada nota.
pelo Conselho de Classe.
§ 4º Na apreciação dos aspectos qualitativos
Parágrafo único. Na Educação Profissional, deverão ser considerados a compreensão e o
se previsto no Projeto Político Pedagógico da discernimento dos fatos e a percepção de suas
escola, a avaliação de que trata o caput deste artigo relações; a aplicabilidade dos conhecimentos; as
poderá ser atribuída pelo orientador de curso ou atitudes e os valores, a capacidade de análise e de
Conselho de Classe. síntese, além de outras competências
comportamentais e intelectivas, e habilidades para
atividades práticas.
Art. 5º A verificação do rendimento escolar
basear-se-á em avaliação contínua e cumulativa, a
ser expressa em notas, conceito descritivo ou outra Art. 6º O Projeto Político Pedagógico do
espécie de menção constante no Projeto Político estabelecimento de ensino deverá explicitar a
Pedagógico, com prevalência dos aspectos forma do atendimento ao disposto no artigo 5º,
qualitativos sobre os quantitativos e os resultados estabelecendo as expectativas de aprendizagem
obtidos durante o ano letivo preponderarão sobre que devem ser alcançadas em cada ano do
os de exames finais, caso estes sejam previstos no itinerário formativo dos alunos, bem como
Projeto Político Pedagógico. especificar instrumentos e critérios para a
avaliação e a frequência de sua aplicação, para o
§ 1o É facultado ao estabelecimento de ensino
alcance dos resultados parciais e finais.
proceder o registro em mais de uma das
modalidades previstas no caput deste artigo. § 1º Os estabelecimentos de ensino deverão
oferecer, a título de recuperação paralela de
§ 2º O Projeto Político-Pedagógico atenderá às
estudos, novas oportunidades de aprendizagem,
diretrizes emanadas desta Resolução, no tocante a
sucedidas de avaliação, quando verificado o
critérios de avaliação e percentual mínimo para
rendimento insuficiente, nos termos do
aprovação ou obtenção do conceito de
estabelecido no caput do art. 6º, durante os
competência desenvolvida;
bimestres ou trimestres, antes do registro das notas
§ 3º Quando a avaliação for expressa em ou conceitos bimestrais ou trimestrais.
conceito, o Projeto Político Pedagógico deverá
estabelecer a equivalência em notas, para
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§ 2º Para atribuição de nota ou conceito Art. 8º Cabe a cada estabelecimento de ensino
resultante da avaliação das atividades de expedir históricos escolares, declarações de
recuperação paralela de estudos, previsto no conclusão de série/ano, diplomas e certificados de
parágrafo anterior, deverá ser utilizado o mesmo conclusão de curso, em atendimento à Resolução
peso da que originou a necessidade de específica deste Conselho.
recuperação, prevalecendo o resultado maior
obtido.
Art. 9º Na Educação Infantil, a avaliação não
§ 3º As atividades referentes ao cumprimento tem caráter de promoção, inclusive para o ingresso
do § 2º e do § 4º deste artigo deverão ser na 1ª série/ano do Ensino Fundamental, e visa
planejadas pelos professores, juntamente com a diagnosticar e acompanhar o desenvolvimento da
coordenação pedagógica (ou equivalente) da criança em todos os seus aspectos.
escola.
CAPÍTULO II
§ 4º O Projeto Político Pedagógico deverá DA ACELERAÇÃO DE ESTUDOS
prever adequações curriculares e adoção de
estratégias, recursos e procedimentos
Art. 10 A aceleração de estudos poderá ser
diferenciados, quando necessário, para a avaliação
realizada sempre que se constatar defasagem na
da aprendizagem dos alunos com necessidades
relação idade-série/ano do aluno.
especiais, em atendimento à Resolução específica
deste Conselho.
Art. 11 A aceleração de estudos será oferecida
§ 5o O professor deverá registrar no Diário de
observando as seguintes determinações:
Classe, além das atividades regulares, as
I- ser organizada pelo estabelecimento de
atividades de recuperação de estudos, e seus
ensino, sob responsabilidade do Diretor;
resultados, bem como, a frequência dos alunos.
II- ser oferecida, preferencialmente, em horário
oposto ao período regular de aula;
Art. 7º Ter-se-ão como aprovados, quanto à
III- ter suas atividades pedagógicas
assiduidade, os alunos de frequência igual ou desenvolvidas em ambiente com recursos
superior a 75% (setenta e cinco por cento) das
didáticos e material adequado à especificidade;
horas de efetivo trabalho escolar. IV- ter suas atividades pedagógicas planejadas
e operacionalizadas por profissionais com

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capacitação docente convergente com a
finalidade. Art. 14 A avaliação do aluno de que trata o art.
12 deverá ser planejada, elaborada e
§ 1o A avaliação da aprendizagem dos alunos
operacionalizada por banca constituída por
que frequentam classes de aceleração de estudos é
membros do corpo docente, designados pela
de responsabilidade dos docentes nelas atuantes,
direção do estabelecimento de ensino, e ter o
apreciada pelo Conselho de Classe.
resultado apreciado pelo Conselho de Classe.
§ 2o O estabelecimento de ensino deverá
Parágrafo único. O estabelecimento de ensino
guardar, em seus arquivos, as atas específicas em
deverá guardar, em seus arquivos, as atas
que foram apreciados, pelo Conselho de Classe, os
específicas em que foi registrada, pela banca, a
resultados da avaliação dos alunos de que trata este
avaliação prevista no caput deste artigo e em que
artigo.
foram apreciados, pelo Conselho de Classe, os
resultados da citada avaliação.
CAPÍTULO III
DO AVANÇO NOS CURSOS OU
CAPÍTULO IV
SÉRIES/ANOS
DA CLASSIFICAÇÃO E
RECLASSIFICAÇÃO
Art. 12 O avanço nos cursos ou séries/anos, por
classificação, poderá ocorrer sempre que se
Art. 15 Entende-se por classificação/
constatarem altas habilidades ou atendimento
reclassificação, o
pessoal das expectativas de aprendizagem
posicionamento/reposicionamento do aluno que
referidas no caput do art. 6º, correspondentes a
permita sua matrícula no ano adequado,
todas as disciplinas ou áreas de estudo oferecidas
considerando a relação idade-ano de seu itinerário
no ano ou curso em que o aluno estiver
formativo.
matriculado.
§ 1o Para qualquer ano do itinerário formativo,
além dos critérios de promoção e transferência,
Art. 13 A proposição do avanço nos cursos ou
poderá ser efetuada a classificação ou
séries/anos caberá ao estabelecimento de ensino,
reclassificação do aluno, independente de
devendo ser ouvidos o aluno, os pais ou
escolarização anterior, tomando por base sua
responsáveis.
experiência e grau de desenvolvimento pessoal.
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§ 2o A reclassificação tomará como base as I- a avaliação do processo ensino-aprendizagem

normas curriculares gerais, cuja sequência deve desenvolvido pelo estabelecimento de ensino e a
ser preservada, e se constatar apropriação de proposição de ações para a sua melhoria;
conhecimento por parte do aluno, coerente com o II- a avaliação da prática docente, no que se
estabelecido no caput do art. 6º, a escola deverá refere à metodologia, aos conteúdos
programáticos e à totalidade das atividades
proceder de conformidade com a normatização
pedagógicas realizadas;
estabelecida neste Capítulo.
III- a avaliação dos envolvidos no trabalho
§ 3o Não poderá ser reclassificado o aluno em educativo e a proposição de ações para a superação
dependência de disciplina(s) ou o que estiver das dificuldades;
reprovado no ano cursado ou na dependência IV- a definição de critérios para a avaliação e sua

realizada. revisão, quando necessária;


V- apreciar, em caráter deliberativo, os
§ 4o A eliminação de disciplina(s) isolada(s) é
resultados das avaliações dos alunos apresentados
unicamente admitida pela prestação de Exames
individualmente pelos professores;
Supletivos, prerrogativa exclusiva de instituições
VI- decidir pela promoção ou retenção dos
especialmente credenciadas e autorizadas para
alunos.
este fim pelo órgão competente, não se aplicando
aos cursos de ensino regular e cursos de Educação
de Jovens e Adultos nas modalidades presencial e Art. 17 O Conselho de Classe será composto:
a distância. I- pelos professores da turma;

II- pela direção do estabelecimento de ensino ou

CAPÍTULO V seu representante;

DO CONSELHO DE CLASSE III- pela equipe pedagógica;


IV- por alunos;
V- por pais ou responsáveis, quando for o caso.
Art. 16 O Conselho de Classe é instância
deliberativa integrante da estrutura dos Parágrafo único. O funcionamento e a

estabelecimentos de ensino e tem sob sua composição da representação prevista nos incisos

responsabilidade: IV e V do Conselho de Classe será previsto no


Projeto Político Pedagógico.

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Art. 18 O Conselho de Classe será realizado, III- recurso, em grau superior, à Secretaria de
ordinariamente, por turma, bimestralmente ou Estado da Educação.
trimestralmente, nos períodos que antecedem ao
registro definitivo do rendimento dos alunos no Art. 22 Da decisão da Secretaria de Estado da
processo de apropriação de conhecimento e Educação, citada no art. 21, inciso III, caberá
desenvolvimento de competências. pedido de reconsideração ao Conselho Estadual de
Educação.

Art. 19 O Conselho de Classe poderá reunir-se Parágrafo único. O pedido de reconsideração


extraordinariamente, convocado pela direção do de que trata o caput deste artigo será admitido
estabelecimento de ensino, por 1/3 (um terço) dos somente em caso de permanência de ilegalidade
professores ou dos pais, quando for o caso, ou dos no processo.
alunos da turma.

Art. 23 Para instrução do recurso de que trata


Art. 20 Das reuniões do Conselho de Classe o inciso II do art. 21, desta Resolução, deverá ser
deverá ser lavrada ata, em livro próprio, com impetrado pelo aluno, quando maior de idade ou
assinatura de todos os presentes. por seu responsável legal, mediante requerimento
acompanhado de:

CAPÍTULO VI I- registro de notas ou conceitos em boletim ou


DA REVISÃO DE RESULTADOS E DOS documento equivalente e;
RECURSOS E SUA TRAMITAÇÃO II- resultado do pedido de revisão junto ao
estabelecimento de ensino.

Art. 21 Da decisão do Conselho de Classe Parágrafo único– A GERED, para


referente aos resultados da avaliação anual final, fundamentação, análise e emissão de parecer,
se observada a não obediência ao disposto nesta poderá requerer, junto ao estabelecimento de
Resolução, no Projeto Político Pedagógico da ensino, cópia dos seguintes documentos:
escola ou demais normas legais cabe:
I- diário de classe, com registro da realização
I- pedido de revisão do resultado junto ao dos estudos de recuperação e seus resultados;
próprio estabelecimento de ensino; II- avaliação descritiva do professor sobre o
II- recurso à GERED – Gerência Regional de processo ensino- aprendizagem do aluno durante o
Educação;
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ano letivo em questão, quando adotada pelo VI- a Secretaria de Estado da Educação terá o
estabelecimento de ensino; prazo de 15 (quinze) dias úteis para julgar o
III- plano de ensino do professor da disciplina recurso.
ou componente curricular em questão;
IV- instrumentos avaliativos;
Art. 25 De posse do resultado do julgamento
V- atas das reuniões do Conselho de Classe;
do pedido de revisão de que trata o art. 21, bem
VI- critérios de avaliação constantes do Projeto
como do resultado dos recursos de que tratam os
Político Pedagógico do estabelecimento de
incisos II e III do mesmo artigo, o interessado terá
ensino.
prazo de 10 (dez) dias úteis para interpor pedido
de reconsideração ao Conselho Estadual de
Art. 24 O pedido de revisão, bem como dos Educação de Santa Catarina.
recursos, de que trata o art. 21 deverá obedecer aos
Art. 26 O recurso de que trata o inciso II do art.
seguintes prazos:
21 e o pedido de reconsideração de que trata o art.
I- Pedido de revisão, 02 (dois) dias úteis após a 22, poderão ser protocolados na GERED ou
divulgação dos resultados pelo estabelecimento de enviados pelo correio.
ensino;
Art. 27 O recurso será acolhido em instância
II– o estabelecimento de ensino terá prazo de 05 superior unicamente na hipótese de haver sido
(cinco) dias úteis para julgar o pedido de revisão; rejeitado na imediatamente anterior, na ordem
estabelecida nos artigos 21 a 25.
III- decorrido o prazo previsto no inciso
anterior, o requerente terá o prazo de 02 (dois) dias Art. 28 Em todas as fases recursais é garantido
úteis para impetrar recurso junto à GERED; ao recorrente amplo direito ao contraditório.
IV- a GERED terá o prazo de 05 (cinco) dias úteis
CAPÍTULO VII
para julgar o recurso, após recebimento da
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
documentação prevista no parágrafo único do art.
23, se houver solicitado;
V- o recurso em grau superior, à Secretaria de Art. 29 Os estabelecimentos de ensino de

Estado da Educação, deverá ser impetrado em até Educação Básica e Profissional Técnica de Nível

10 (dez) dias úteis, após divulgação oficial do Médio, integrantes do Sistema Estadual de

parecer da GERED; Educação, deverão adaptar seu Regimento e


Projeto Político Pedagógico a esta Resolução, no

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que couber, com vigência a partir do ano letivo trimestralmente, nos períodos que antecedem ao
seguinte a sua promulgação. registro definitivo do rendimento dos alunos no
processo de apropriação de conhecimento e
Parágrafo único. A presente Resolução
desenvolvimento de competências.
aplica-se à Educação Profissional Técnica de
Nível Médio, no que couber, considerando a sua ( ) Certo ( ) Errado
especificidade de organização didático-
02. Acerca da Resolução n. 183/2013, julgue o
pedagógica de conformidade com as normas
item abaixo: Das reuniões do Conselho de
vigentes.
Classe deverá ser lavrada ata,

em livro próprio, com assinatura de todos os


Art. 30 Fica revogada a Resolução nº
presentes. ( ) Certo ( ) Errado
158/2008/CEE/SC, o Art. 24 da Resolução nº
061/2006/CEE/SC e o Parágrafo único do Art. 7º
da Resolução nº 64/98 CEE/SC e as demais RESPOSTAS
01. RESPOSTA: CERTO.
disposições contrárias.
02. RESPOSTA: CERTO.

Art. 31 O mantenedor do estabelecimento de SANTA CATARINA. Plano

ensino poderá baixar instruções complementares Estadual de Educação (decênio 2015-2024): Lei Nº
para a sua rede acerca desta Resolução. 16.794, de 14 de dezembro

2015
Art. 32 Esta Resolução entra em vigor no ano
seguinte à sua publicação.
LEI Nº 16.794, DE 14 DE DEZEMBRO DE
201530
QUESTÕES

Aprova o Plano Estadual de Educação


01. Acerca da Resolução n. 183/2013, julgue o
(PEE) para o decênio 2015-2024 e estabelece
item abaixo:
outras providências.

O Conselho de Classe será realizado,


ordinariamente, por turma, bimestralmente ou

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O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA VIII – estabelecimento de meta de aplicação
CATARINA de recursos públicos em educação como
Faço saber a todos os habitantes deste proporção do Produto Interno Bruto (PIB),
Estado que a Assembleia Legislativa decreta e que assegure atendimento às necessidades de
eu sanciono a seguinte Lei: expansão, com padrão de qualidade e
equidade;
IX – valorização dos profissionais da
Art. 1º Fica aprovado o Plano Estadual de
educação;
Educação (PEE), para o decênio 2015-2024,
X – promoção dos princípios de respeito
com vistas ao cumprimento do disposto no art.
aos direitos humanos, à diversidade e à
214 da Constituição da República, no art. 166
sustentabilidade socioambiental;
da Constituição do Estado e no art. 8º da Lei
XI – priorizar a instituição do ensino
federal nº 13.005, de 25 de junho de 2014,
integral na rede educacional pública
conforme redação constante do Anexo Único
catarinense; e
desta Lei.
XII – priorizar os investimentos
educacionais nos Municípios e regiões com
Art. 2º São diretrizes do PEE: níveis baixos de IDH e IDH-E.

I – erradicação do analfabetismo; Art. 3º As metas estabelecidas para todos os


II – universalização do atendimento escolar; níveis, modalidades e etapas educacionais,
III – superação das desigualdades previstas no Anexo Único desta Lei, deverão
educacionais, com ênfase na promoção da ser cumpridas no prazo do decênio 2015- 2024
cidadania e na erradicação de todas as formas e ter como referência a Pesquisa Nacional por
de discriminação; Amostra de Domicílios (PNAD), o censo
IV – melhoria da qualidade do ensino; demográfico e os censos estaduais da
V – formação para o trabalho e para a Educação Básica e Superior atualizados.
cidadania, com ênfase nos valores morais e
éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI – promoção do princípio da gestão Art. 4º O Sistema Nacional de Avaliação da
democrática da educação pública; Educação Básica, coordenado pela União, em
VII – promoção humanística, científica, colaboração com o Estado e os Municípios, de
cultural e tecnológica do Estado; acordo com a Lei federal nº 13.005, de 2014,
constituirá fonte de informação para a
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avaliação da qualidade da Educação Básica e Anexo Único desta Lei, de forma a garantir o
para a orientação das políticas públicas amplo acesso da população ao Plano.
estaduais para esse nível de ensino.

Art. 6º O Estado, em parceria com a União


Art. 5º O Estado, em regime de colaboração e os Municípios, de acordo com a Lei federal nº
com os Municípios e a sociedade civil, 13.005, de 2014, deverá promover pelo menos 2
procederá ao acompanhamento da execução (duas) conferências de educação a cada 2
do PEE e à avaliações periódicas realizadas a (dois) anos, ao longo do período de vigência
cada 2 (dois) anos por meio de comissão do PEE, articuladas e coordenadas pelos
constituída para esse fim. fóruns estadual e municipais de Educação.

§ 1º A comissão de que trata o caput deste


artigo será formada por representantes: Art. 7º O Estado deverá implantar o PEE no
primeiro ano de vigência desta Lei e aprovar a
I – da Comissão de Educação, Cultura e
lei específica do Sistema Estadual de Ensino,
Desporto da Assembleia Legislativa do Estado
com vistas a disciplinar a organização da
de Santa Catarina (ALESC);
Educação Básica e da Educação Superior,
II – dos conselhos estadual e municipais de
garantir a efetiva gestão democrática da
Educação; e
educação pública e valorizar os profissionais
III – dos fóruns estadual e municipais de
da educação nos respectivos âmbitos de
Educação.
atuação.
§ 2º As avaliações de que trata o caput deste
artigo terão como referência os estudos
Art. 8º O Estado, os Municípios e a União,
publicados pelo Instituto Nacional de Estudos
em regime de colaboração, de acordo com a Lei
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
federal nº 13.005, de 2014, são responsáveis
(INEP).
pelo financiamento da educação pública e
§ 3º O Estado, em colaboração com os executarão as metas e estratégias do PEE,
Municípios, de acordo com a Lei federal nº conforme estabelecido no Anexo Único desta
13.005, de 2014, divulgará o PEE e a Lei.
progressiva implementação das estratégias
Parágrafo único. As estratégias definidas
para a concretização das metas constantes do
no Anexo Único desta Lei não eliminam a

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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

191
adoção de medidas adicionais conjuntas entre o Anexo Único desta Lei, o projeto de lei
os entes citados no caput deste artigo, com referente ao PEE para o próximo decênio,
vistas ao cumprimento das metas do PEE. contendo diagnóstico, diretrizes, metas e
estratégias.

Art. 9º Os planos plurianuais, as leis de


diretrizes orçamentárias e as leis Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de
orçamentárias anuais do Estado e dos sua publicação.
Municípios, de acordo com a Lei federal nº
13.005, de 2014, serão elaborados de forma a
Florianópolis, 14 de dezembro de
assegurar a consignação de dotações
2015.
orçamentárias compatíveis com as diretrizes,
metas e estratégias do PEE e com os METAS E ESTRATÉGIAS

respectivos planos de educação, a fim de DO PLANO ESTADUAL DE

viabilizar a sua plena execução. EDUCAÇÃO (PEE) PARA O DECÊNIO


2015-2024

Art. 10. O Estado, no prazo de 2 (dois) anos


Meta 1: Universalizar, até 2016, a educação
contados da publicação desta Lei, deverá
infantil na pré- escola para as crianças de 4
atualizar o Sistema Estadual de Educação,
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a
responsável pela articulação entre os sistemas
oferta de educação infantil em creches de
de ensino estadual e municipais, em regime de
forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta
colaboração com a União e os Municípios, de
por cento) das crianças de até 3 (três) anos até
acordo com a Lei federal nº 13.005, de 2014,
o final da vigência deste PEE/SC.
para a efetivação das diretrizes, metas e
estratégias do PEE e do Plano Nacional de
Estratégias:
Educação (PNE).

1.1 Definir, em regime de colaboração entre


Art. 11. O Poder Executivo deverá a União, o Estado e os Municípios, metas de
encaminhar à ALESC, até o final do primeiro expansão das respectivas redes públicas de
semestre do nono ano do Plano de que trata educação infantil segundo padrão nacional de

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192
qualidade, considerando as peculiaridades respeitando, inclusive, as normas de
locais. acessibilidade.

1.2 Garantir que, ao final da vigência do 1.6 Implantar, até o segundo ano de vigência do
Plano, seja inferior a 10% (dez por cento) a Plano, avaliação da educação infantil,
diferença entre as taxas de frequência à articulada entre os setores da educação, a ser
educação infantil das crianças de até 3 (três) realizada a cada 2 (dois) anos, com base em
anos oriundas do quinto de renda familiar per parâmetros nacionais de qualidade, a fim de
capita mais elevado e as do quinto de renda aferir a infraestrutura física, o quadro de
familiar per capita mais baixa. pessoal, as condições de gestão, os recursos
pedagógicos, a situação de acessibilidade,
entre outros indicadores relevantes.
1.3 Realizar, periodicamente, em regime de
colaboração, levantamento da demanda por
creche para a população de até 3 (três) anos de 1.7 Ampliar a oferta de matrículas gratuitas em
idade, como forma de planejar a oferta e creches na rede pública até 2016.
verificar o atendimento da demanda manifesta
no Município.
1.8 Estimular a articulação entre pós-graduação,
núcleos de pesquisa e cursos de formação
1.4 Estabelecer, no primeiro ano de vigência para profissionais da educação, de modo a
do Plano, normas, procedimentos e prazos para garantir a elaboração de currículos e
definição de mecanismos de consulta pública propostas pedagógicas que incorporem os
da demanda das famílias por creches. avanços de pesquisas ligadas ao processo de
ensino e aprendizagem e às teorias
educacionais no atendimento da população
1.5 Manter e ampliar, em regime de colaboração,
de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
o programa de construção e reestruturação
das escolas, bem como de aquisição de
equipamentos e mobiliários, visando à
Fomentar o atendimento às populações do
expansão e à melhoria da infraestrutura física
campo, indígenas e quilombolas na educação
das escolas públicas de educação infantil,
infantil nas respectivas comunidades, por meio do
redimensionamento da distribuição territorial da
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193
oferta, limitando a nucleação das instituições
públicas de educação infantil e o deslocamento de 1.12 Fortalecer o acompanhamento e o
crianças, de forma a atender às especificidades monitoramento do acesso e da permanência das
dessas comunidades, garantido consulta prévia e crianças na educação infantil, em especial dos
informada. beneficiários de programas de transferência de
renda, em colaboração com as famílias e com os
1.9 Priorizar o acesso à educação infantil órgãos públicos de assistência social, saúde e
e fomentar a oferta do atendimento educacional proteção à infância.
especializado complementar e suplementar às
crianças com deficiência, transtornos do espectro
1.13 Promover a busca ativa de crianças
do autismo, transtorno do deficit de atenção com
em idade correspondente à educação infantil, em
hiperatividade e altas habilidades/superdotação,
parceria com órgãos públicos de assistência
assegurando a educação bilíngue para crianças -
social, saúde e proteção à infância, preservando o
público da educação especial e a transversalidade
direito de opção da família em relação às crianças
da educação especial nessa etapa da educação
de até 3 (três) anos de idade.
básica.

1.14 Os Municípios, com a colaboração da


1.10 Implementar, em caráter
União e do Estado, realizarão e publicarão, a cada
complementar, programas de orientação e apoio
ano, levantamento da demanda manifesta por
às famílias, por meio da articulação das áreas de
educação infantil em creches e pré- escolas, como
educação, saúde e assistência social, com foco no
forma de planejar e verificar o atendimento.
desenvolvimento integral das crianças de até 5
(cinco) anos de idade.
1.15 Estimular o acesso à educação infantil
em tempo integral, para todas as crianças de 0
1.11 Preservar as especificidades da
(zero) a 5 (cinco) anos, conforme estabelecido nas
educação infantil na organização das redes
Diretrizes Curriculares Nacionais para a
escolares, garantindo o atendimento da criança de
Educação Infantil.
0 (zero) a 5 (cinco) anos, em estabelecimentos
que atendam a parâmetros nacionais de qualidade
1.16 Implementar espaços de interatividade
e à articulação com a etapa escolar seguinte.
considerando a diversidade da população público

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194
alvo, tais como: brinquedoteca, ludoteca, recomendada, até o último ano de vigência deste
biblioteca infantil e parque infantil. Plano.

Estratégias:
1.17 Promover a formação inicial e
continuada dos(as) profissionais da educação
2.1 Pactuar entre a União, o Estado e os
infantil, garantindo o atendimento por
Municípios, no âmbito da instância permanente
profissionais com formação superior.
de que trata o § 5º do art. 7º, da Lei federal nº
13.005/2014, a implantação dos direitos e
1.18 Fomentar o atendimento às populações objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
do campo e às comunidades indígenas e que configurarão a base nacional comum
quilombolas na educação infantil nas respectivas curricular do ensino fundamental.
comunidades, por meio do redimensionamento da
distribuição territorial da oferta, limitando a
2.2 Estabelecer formas e fortalecer o
nucleação de escolas e o deslocamento de
acompanhamento e o monitoramento do acesso,
crianças, de forma a atender às especificidades
da permanência e do aproveitamento escolar dos
dessas comunidades, garantido consulta prévia e
beneficiários de programas de transferência de
informada à comunidade.
renda, bem como o controle das situações de
1.19 Repassar, preferencialmente, aos
discriminação, preconceito e violência na escola,
Municípios, as estruturas escolares estaduais que
visando ao estabelecimento de condições
se tornarem ociosas, de forma parcial ou total,
adequadas para o sucesso escolar dos estudantes,
para uso primário da educação infantil, podendo
em colaboração com as famílias e com os órgãos
ser utilizado, também, para Universidades
públicos de assistência social, saúde e proteção à
Comunitárias, educação profissionalizante,
infância, adolescência e juventude.
educação especial e educação do ensino médio e
fundamental.
2.3 Promover a busca ativa de crianças e
adolescentes fora da escola, o acompanhamento e
Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de
o monitoramento de acesso e permanência na
9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a
escola, em parceria com as áreas de saúde e
14 (quatorze) anos de idade e garantir que, pelo
assistência social, família e orgãos de proteção à
menos, 95% (noventa e cinco por cento) dos
infância, adolescência e juventude.
estudantes concluam essa etapa na idade
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195
estreitamento das relações entre as escolas e as
2.4 Desenvolver tecnologias pedagógicas famílias.
que combinem, de maneira articulada, à
organização do tempo e das atividades didáticas
2.8 Expandir o atendimento específico às
entre a escola e o ambiente comunitário,
populações do campo, quilombolas, povos
considerando as especificidades da educação
indígenas, povos nômades e das comunidades
especial, das escolas do campo, e das
tradicionais garantindo o acesso, permanência,
comunidades indígenas e quilombolas,
conclusão, bem como a formação de profissionais
preferencialmente, em suas próprias
para atuação junto a essas populações,
comunidades.
preferencialmente, na própria comunidade.

2.5 Disciplinar, em regime de colaboração


2.9 Desenvolver formas alternativas de
com os sistemas de ensino, a organização flexível
oferta do ensino fundamental, garantindo a
do trabalho pedagógico, incluindo adequação do
qualidade, para atender aos filhos de profissionais
calendário escolar de acordo com a realidade
que se dedicam a atividades de caráter itinerante,
local, a identidade cultural e as condições
conforme legislação vigente.
climáticas da região.

2.10 Oferecer atividades extracurriculares


2.6 Promover, em regime de colaboração,
aos estudantes de incentivo e de estímulo a
o relacionamento das escolas com instituições e
habilidades, promovendo, inclusive, certames e
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta
concursos de âmbito estadual.
regular de atividades culturais para a livre fruição
dos estudantes dentro e fora dos espaços
escolares, assegurando, ainda, que as escolas se 2.11 Promover atividades de
tornem polos de criação e difusão cultural. desenvolvimento e estímulo a habilidades
esportivas nas escolas, interligando-as a um plano

2.7 Incentivar, por meio de campanha de disseminação do desporto educacional e de

institucional e demais formas, a participação dos desenvolvimento esportivo estadual.

pais ou responsáveis no acompanhamento das


2.11 Efetivar parcerias, com as áreas de
atividades escolares dos filhos, por meio do
saúde, ação social e cidadania, rede de apoio ao
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196
sistema estadual e municipais de ensino para
atender o público da educação especial. 2.16 Criar estratégias didático-pedagógicas
que garantam a permanência de crianças nos anos
iniciais do ensino fundamental do campo.
2.12 Garantir o acesso, a permanência e o
aproveitamento escolar dos estudantes na
educação pública, viabilizando, em regime de 2.17 Estabelecer programas educacionais
colaboração, transporte escolar acessível com que, efetivamente, promovam a correção das
segurança, material escolar, laboratórios didáticos distorções idade/série com qualidade, permitindo
e biblioteca informatizada com acervo atualizado. ao estudante condições de inserção e
acompanhamento nas séries posteriores.

2.13 Garantir a oferta da alimentação


escolar, com segurança alimentar e nutricional, 2.18 Definir e garantir padrões de qualidade,
preferencialmente com produtos da região em regime de colaboração com os sistemas de
adquiridos diretamente de agricultores familiares. ensino, promovendo a igualdade de condições
para acesso e permanência no ensino
fundamental.
2.14 Fomentar as tecnologias educacionais
2.19 Garantir a implementação da Proposta
inovadoras das práticas pedagógicas que
Curricular do Estado de Santa Catarina de
assegurem a alfabetização, a partir de realidades
maneira a assegurar a formação básica comum,
linguísticas diferenciadas em comunidades
respeitando os valores culturais e artísticos nas
bilíngues ou multilíngues, favorecendo a
diferentes etapas e modalidades da educação.
melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos
estudantes, segundo as diversas abordagens
metodológicas. 2.20 Garantir a inclusão de pessoas com
deficiência nas instituições escolares do ensino
regular, com adaptação dos meios físicos e
2.15 Garantir, em regime de colaboração, a
pedagógicos e capacitação dos profissionais,
renovação, manutenção e criação das bibliotecas,
oportunizando condições para o seu
inclusive a biblioteca virtual com equipamentos,
desenvolvimento.
espaços, acervos bibliográficos, bem como
profissionais especializados, como condição para
a melhoria do processo ensino/aprendizagem.

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2.21 Avaliar, até o terceiro ano de vigência 3.1 Institucionalizar política e programa
do Plano, o dispositivo da Lei Complementar nº estadual para o ensino médio articulado aos
170/1998, que trata do número de estudantes por programas nacionais, com garantia dos recursos
turma. financeiros, para incentivar práticas pedagógicas
com abordagens interdisciplinares estruturadas
pela relação entre teoria e prática, por meio de
2.22 Fomentar as discussões e a
currículos escolares que organizem, de maneira
organização dos entes federados, a fim de definir
flexível e diversificada, conteúdos obrigatórios e
as responsabilidades de atendimento, priorizando
eletivos articulados em dimensões como ciência,
para o Município a educação infantil e os anos
trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e
iniciais, para o Estado os anos finais e o ensino
esporte, garantindo-se a aquisição de
médio e para a federação o ensino superior.
equipamentos e laboratórios, a produção de
material didático específico, a formação
2.23 Priorizar programas e desenvolver continuada em serviço de professores e a
metodologia de orientação, prevenção e articulação com instituições acadêmicas,
resistência ao consumo de substâncias esportivas e culturais.
psicoativas ao longo de toda vida escolar.
Promover articulação da comunidade escolar com
3.2 Pactuar, entre União, Estado e
a rede de políticas públicas para atendimento aos
Municípios, no âmbito da instância permanente
alunos envolvidos no consumo de drogas.
de negociação e cooperação, de que trata o § 5º
do art. 7º, da Lei federal nº 13.005/2014, a
Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento implantação dos direitos e objetivos de
escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 aprendizagem e desenvolvimento que
(dezessete) anos de idade e elevar, até o final do configurarão a base nacional comum curricular do
período de vigência deste Plano, a taxa líquida de ensino médio.
matrículas no ensino médio para 90% (noventa
por cento).
3.3 Promover a relação das escolas com
instituições e movimentos culturais, a fim de
Estratégias:
garantir a oferta regular de atividades culturais
para a livre fruição dos estudantes dentro e fora
dos espaços escolares, assegurando ainda que as
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escolas se tornem polos de criação e difusão da permanência e do aproveitamento escolar dos
cultural e prática desportiva, integrada ao jovens beneficiários de programas de
currículo escolar. transferência de renda, bem como dos sujeitos em
situações de discriminação, preconceito e
violência, práticas irregulares de exploração do
3.4 Contribuir com a universalização do
trabalho, consumo de drogas, gravidez precoce,
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
buscando a colaboração com as famílias.
fundamentado em matriz de referência do
conteúdo curricular do ensino médio e em
3.7 Promover a busca ativa da população de
técnicas estatísticas e psicométricas que
15 (quinze) a 17 (dezessete) anos fora da escola,
permitam comparabilidade de resultados,
de forma intersetorial, com os serviços de
articulando-o com o Sistema de Avaliação da
assistência social, saúde e proteção à
Educação Básica (SAEB), e promover sua
adolescência e à juventude.
utilização como instrumento de avaliação
sistêmica, para subsidiar políticas públicas para a
educação básica, de avaliação certificadora, 3.8 Criar e implementar programas de
possibilitando aferição de conhecimentos e educação e de cultura para a população urbana e
habilidades adquiridos dentro e fora da escola, e do campo, de jovens na faixa etária de 15 (quinze)
de avaliação classificatória, como critério de a 17 (dezessete) anos e de adultos, visando à
acesso à educação superior. qualificação social e profissional para aqueles que
estejam fora da escola e com defasagem no fluxo
escolar, especialmente, aos assistidos por
3.5 Expandir as matrículas gratuitas de
programas sociais.
ensino médio integrado à educação profissional,
incluindo as parcerias com instituições de
educação profissional, observando-se as 3.9 Redimensionar a oferta de ensino
peculiaridades das populações do campo, das médio nos turnos diurno e noturno, bem como a
comunidades indígenas e quilombolas e das distribuição territorial das escolas de ensino
pessoas público da educação especial. médio, de forma a atender a toda a demanda, de
acordo com as necessidades específicas dos
estudantes.
3.6 Fortalecer, de forma intersetorial, o
acompanhamento e o monitoramento do acesso,

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199
3.10 Desenvolver formas alternativas de escola de tempo integral, especialmente no ensino
oferta do ensino médio, garantindo a qualidade, médio inovador.
para atender aos filhos de profissionais que se
dedicam a atividades de caráter itinerante,
Meta 4: Universalizar, para o público da
conforme legislação vigente.
educação especial de 4 (quatro) a 17 (dezessete)
anos de idade, o acesso à educação básica e ao
3.11 Implementar políticas de prevenção à atendimento educacional especializado,
evasão motivada por preconceito ou por preferencialmente na rede regular de ensino, com
quaisquer formas de discriminação, criando rede a garantia de sistema educacional inclusivo, de
de proteção contra formas associadas à exclusão. salas de recursos multifuncionais e serviços
especializados, públicos ou conveniados.

3.12 Estimular a participação dos


Estratégias:
adolescentes nos cursos das áreas tecnológicas e
científicas, considerando as especificidades
4.1 Garantir a oferta de educação
regionais e culturais.
inclusiva, vedada a exclusão do ensino regular
sob alegação de deficiência, seja na rede regular
3.13 Promover e acompanhar a celebração pública, privada ou conveniada e promovida a
de convênios entre empresas/associações articulação pedagógica entre o ensino regular e o
certificadas e escolas de educação básica, atendimento educacional especializado, de salas
profissional e tecnológica para oportunizar de recursos multifuncionais, escolas e serviços
estágio, possibilitando o acesso ao mundo do especializados, públicos ou conveniados.
trabalho, conforme legislação vigente.

4.2 Contribuir na contabilização, para fins


3.14 Avaliar, até o terceiro ano de vigência do repasse do Fundo de Manutenção e
do Plano, o dispositivo da Lei Complementar nº Desenvolvimento da Educação Básica e de
170/1998, que trata do número de estudantes por Valorização dos Profissionais da Educação
turma. (FUNDEB), as matrículas dos estudantes da
educação regular da rede pública, salas de

3.15 Fomentar programa voltado à recursos multifuncionais, escolas e serviços

permanência (bolsa de estudo) dos alunos na especializados, públicos ou conveniados, que


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200
recebam atendimento educacional especializado 4.5 Garantir atendimento educacional
complementar e suplementar, sem prejuízo do especializado em salas de recursos
cômputo dessas matrículas na educação básica multifuncionais, preferencialmente em escolas da
regular, e as matrículas efetivadas, conforme o rede regular de ensino ou em instituições
censo escolar mais atualizado, na educação especializadas, públicas ou conveniadas, nas
especial oferecida em instituições comunitárias, formas complementar ou suplementar, a todos os
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, estudantes público da educação especial,
conveniadas com o Poder Público e com atuação matriculados em escolas de educação básica,
exclusiva na modalidade, nos termos da Lei públicas e privadas, serviços especializados,
federal nº 11.494/2007. públicos ou conveniados, conforme necessidade
identificada por meio de avaliação, ouvidos a
família e o estudante.
4.3 Promover, no prazo de vigência do
Plano, a universalização do atendimento escolar à
demanda manifesta pelas famílias de crianças 4.6 Estimular a criação de centros
público de educação especial, de 0 (zero) a 3 multidisciplinares de apoio, pesquisa e assessoria,
(três) anos de idade, bem como garantir o articulados com instituições acadêmicas,
atendimento na estimulação essencial, nos conveniados com a Fundação Catarinense de
serviços especializados, públicos ou conveniados, Educação Especial (FCEE) e integrados por
realizado por equipe multiprofissional, até 6 (seis) profissionais das áreas de saúde, assistência
anos de idade, conforme a avaliação diagnóstica. social, pedagogia e psicologia, para apoiar o
trabalho dos professores da educação básica e
serviços especializados, públicos ou
4.4 Fomentar, implantar, implementar e
conveniados, com estudantes público da
manter ao longo do Plano, salas de recursos
educação especial.
multifuncionais e promover a formação
4.7 Manter e ampliar programas
continuada de professores para o ensino regular e
suplementares que promovam a acessibilidade
para o atendimento educacional especializado nas
nas instituições públicas, para garantir o acesso e
escolas regulares, públicas e privadas e nas
a permanência dos(as) alunos(as) com deficiência
instituições especializadas públicas e
por meio da adequação arquitetônica, da oferta de
conveniadas.
transporte acessível e da disponibilização de
material didático próprio e de recursos de

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tecnologia assistiva, assegurando, ainda, no
contexto escolar, em todas as etapas, níveis e 4.10 Fomentar pesquisas voltadas para o
modalidades de ensino, a identificação dos(as) desenvolvimento de metodologias, materiais
alunos(as) com altas habilidades ou superdotação. didáticos, equipamentos e recursos de tecnologia
assistiva, com vistas à promoção do ensino e da
aprendizagem, bem como das condições de
4.8 Garantir a oferta de educação bilíngue,
acessibilidade dos estudantes público da
em Língua Brasileira de Sinais (Libras) como
educação especial.
primeira língua e na modalidade escrita da Língua
Portuguesa como segunda língua, aos estudantes
surdos e com deficiência auditiva de 0 (zero) a 17 4.11 Promover o desenvolvimento de
(dezessete) anos, em escolas inclusivas, nos pesquisas interdisciplinares para subsidiar a
termos do art. 22 do Decreto nº 5.626/2005, e dos formulação de políticas públicas intersetoriais
arts. 24 e 30, da Convenção sobre os Direitos das que atendam as especificidades educacionais de
Pessoas com Deficiência, bem como a adoção do estudantes público da educação especial que
Sistema Braille para cegos e surdocegos. requeiram medidas de atendimento especializado.

4.9 Fortalecer o acompanhamento e o 4.12 Promover a articulação intersetorial


monitoramento do acesso à escola e ao entre órgãos e políticas públicas de saúde,
atendimento educacional especializado, de salas assistência social e direitos humanos, em parceria
de recursos multifuncionais e serviços com as famílias, com a finalidade de desenvolver
especializados, públicos ou conveniados, bem modelos de atendimento, identificar e eliminar
como da permanência e do desenvolvimento barreiras de acesso e permanência voltados à
escolar dos estudantes público da educação continuidade do atendimento escolar na educação
especial beneficiários de programas de de jovens e adultos, salas de recursos
transferência de renda, juntamente com o combate multifuncionais, escolas e serviços
às situações de discriminação, preconceito e especializados, públicos ou conveniados das
violência, com vistas ao estabelecimento de pessoas, público da educação especial, com idade
condições adequadas para o sucesso educacional, superior à faixa etária de escolarização
em colaboração com as famílias e com os órgãos obrigatória, de forma a assegurar a atenção
públicos de assistência social, saúde e proteção à integral ao longo da vida.
infância, à adolescência e à juventude.
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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202
profissionais da educação, inclusive em nível de
4.13 Apoiar a ampliação das equipes de pós-graduação, observado o disposto no caput do
profissionais da educação para atender à demanda art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais
do processo de escolarização dos estudantes teóricos, das teorias de aprendizagem e dos
público da educação especial, garantindo a oferta processos de ensino-aprendizagem relacionados
de professores do atendimento educacional ao atendimento educacional de estudantes público
especializado, escolas e serviços especializados, da educação especial.
públicas ou conveniadas, segundo professor de
turma, cuidadores, professores de áreas
4.17 Promover parcerias com instituições
específicas, tradutores e intérpretes de Libras,
especializadas, conveniadas com o Poder
guias-intérpretes para surdocegos, professores de
Público, visando à ampliação da oferta de
Libras e professores bilíngues.
formação continuada e a produção de material
4.14 Definir, no segundo ano de vigência
didático acessível, assim como os serviços de
do Plano, indicadores de qualidade e política de
acessibilidade necessários ao pleno acesso,
avaliação e supervisão para o funcionamento de
participação e aprendizagem dos estudantes
instituições públicas e privadas, das escolas e dos
público da educação especial, matriculados na
serviços especializados, públicos ou conveniados
rede pública e privada de ensino, nas salas de
que prestam atendimento educacional a estudantes
recursos multifuncionais, nas escolas e nos
público da educação especial.
serviços especializados, públicos ou conveniados.
4.18 Garantir que as escolas de educação
4.15 Promover, por iniciativa da Secretaria básica e serviços especializados, públicos ou
de Estado da Educação, Fundação Catarinense de conveniados, promovam espaços para
Educação Especial e da Federação das APAEs de participação das famílias na elaboração do projeto
Santa Catarina, junto aos órgãos de pesquisa, político pedagógico na perspectiva da educação
demografia e estatística competentes, a obtenção inclusiva.
de informação detalhada sobre o perfil das
pessoas público da educação especial de 0 (zero)
4.19 Desenvolver e consolidar políticas de
a 17 (dezessete) anos.
produção e disseminação de materiais
pedagógicos adaptados à educação inclusiva para
4.16 Garantir a inclusão nos cursos de as bibliotecas da educação básica, salas de
licenciatura e nos demais cursos de formação para
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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recursos multifuncionais, e serviços dinâmica das escolas e que sejam ações
especializados, públicos ou conveniados. extensivas também às famílias.

4.20 Ampliar a oferta do atendimento Meta 5: Alfabetizar todas as crianças aos 6 (seis)
educacional especializado, complementar e anos de idade ou, até no máximo, aos 8 (oito) anos
suplementar, à escolarização de estudantes, de idade no ensino fundamental.
público da educação especial matriculados na
rede pública e privada de ensino, salas de recursos Estratégias:
multifuncionais, escolas e serviços
especializados, públicos ou conveniados a oferta 5.1 Estruturar os processos pedagógicos a
da educação bilíngue Libras/língua portuguesa fim de garantir a alfabetização plena a todas as
em contextos educacionais inclusivos e garantia crianças até o final do terceiro ano do ensino
da acessibilidade arquitetônica, nas fundamental, articulando-os com as estratégias
comunicações, informações, nos materiais desenvolvidas na educação infantil com a
didáticos e nos transportes. valorização dos professores, alfabetizadores e
com formação continuada e apoio pedagógico
específico.
4.21 Disponibilizar recursos de tecnologia
assistiva, serviços de acessibilidade e formação
continuada de professores, para o atendimento 5.2 Criar e implementar, onde não houver,
educacional especializado, complementar ou política de alfabetização que garanta a
suplementar, nas escolas públicas e privadas de permanência dos professores alfabetizadores para
ensino, salas de recursos multifuncionais, escolas os três primeiros anos do ensino fundamental.
e serviços especializados, públicos ou
conveniados.
5.3 Instituir instrumentos de avaliação
sistêmica, periódica e específica, para aferir a
4.22 Desenvolver e implantar metodologia alfabetização das crianças, bem como estimular
de preparação de toda a equipe profissional e de os sistemas de ensino e as escolas a criarem os
todas as turmas das escolas regulares que poderão respectivos instrumentos de avaliação e
receber estudantes público da educação especial, monitoramento.
para que a comunidade escolar possa incluí-los na

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5.4 Selecionar, certificar e divulgar articulação entre programas de pós-graduação
tecnologias educacionais para a alfabetização de stricto sensu e ações de formação continuada de
crianças, asseguradas a diversidade de métodos e professores para a alfabetização.
propostas pedagógicas, bem como o
acompanhamento dos resultados nos sistemas de
5.8 Assegurar a alfabetização das pessoas,
ensino em que forem aplicadas, devendo ser
público da educação especial, considerando as
disponibilizadas, preferencialmente, como
suas especificidades, inclusive a alfabetização
recursos educacionais abertos.
bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento
de terminalidade temporal.
5.5 Fomentar o desenvolvimento de
tecnologias educacionais e de práticas
5.9 Promover, em consonância com as
pedagógicas inovadoras que assegurem a
Diretrizes do Plano Nacional do Livro e da
alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo
Leitura, a formação de leitores e a capacitação de
escolar e a aprendizagem dos estudantes,
professores, bibliotecários e agentes da
consideradas as diversas abordagens
comunidade para atuarem como mediadores da
metodológicas e sua efetividade.
leitura.

5.6 Garantir a alfabetização de crianças do


5.10 Implantar, até o segundo ano de
campo, indígenas, quilombolas e de populações
vigência do Plano, programas de incentivo à
itinerantes, com a produção de materiais didáticos
leitura.
específicos, e desenvolver instrumentos de
5.11 Garantir a continuidade de
acompanhamento que considerem o uso da língua
programas de alfabetização que apresentem bons
materna pelas comunidades indígenas e a
resultados, no sentido de que se tornem políticas
identidade cultural das comunidades
públicas de Estado.
quilombolas.

5.7 Promover e estimular a formação


Meta 6: Oferecer educação em tempo integral
inicial e continuada de professores para a
em, no mínimo, 65% (sessenta e cinco por cento)
alfabetização de crianças, com o conhecimento de
nas escolas públicas, de forma a atender, pelo
novas tecnologias educacionais e práticas
menos, 40% (quarenta por cento) dos estudantes
pedagógicas inovadoras, estimulando a
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da educação básica, até o final da vigência deste cobertos, depósitos adequados para armazenar
Plano. gêneros alimentícios, banheiros e outros
equipamentos, bem como da produção de
Estratégias: material didático e da formação de recursos
humanos para a educação em tempo integral, bem
6.1 Promover, com o apoio da União e em como atender à legislação acerca da
regime de colaboração com os Municípios, a acessibilidade nesses espaços.
oferta de educação básica pública em tempo
integral, por meio de atividades de 6.4 Fomentar a articulação da escola com
acompanhamento pedagógico e os diferentes espaços educativos, culturais e
multidisciplinares, inclusive culturais e esportivos e com equipamentos públicos, tais
esportivas, de forma que o tempo de permanência como: centros comunitários, bibliotecas, praças,
dos estudantes na escola, ou sob sua parques, museus, teatros, cinemas, planetários e
responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 zoológico.
(sete) horas diárias durante todo o ano letivo, com
a ampliação progressiva da jornada de
6.5 Estimular a oferta de atividades para a
professores em uma única escola.
ampliação da jornada escolar dos estudantes
matriculados nas escolas de educação básica da
6.2 Instituir, em regime de colaboração, rede pública, em parceria com as entidades
programa de construção e/ou adequação de privadas de serviço social vinculadas ao sistema
escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário sindical, de forma concomitante e em articulação
adequado para atendimento em tempo integral, com a rede pública de ensino.
prioritariamente, em comunidades pobres ou com
crianças em situação de vulnerabilidade social.
6.6 Atender às escolas do campo, de
comunidades indígenas e quilombolas, dos povos
6.3 Aderir, em regime de colaboração, ao nômades e de comunidades tradicionais, com
programa nacional de ampliação e reestruturação oferta de educação em tempo integral baseada em
das escolas públicas, por meio da instalação de consulta prévia, considerando-se as
quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de peculiaridades locais.
informática, espaços para atividades culturais,
bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios
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6.7 Oportunizar a educação em tempo
integral para pessoas, público da educação Meta 7: Fomentar a qualidade da educação
especial, a educação em tempo integral para básica em todas as etapas e modalidades, com
pessoas na faixa etária de 4 (quatro) a 17 melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de
(dezessete) anos de idade, assegurando modo a atingir as seguintes médias estaduais no
atendimento educacional especializado, IDEB:
complementar e suplementar, ofertado em salas
de recursos multifuncionais da própria escola ou IDEB 20 20 20 20
em instituições especializadas, bem como 15 17 19 21
profissionais habilitados. Anos iniciais 5,8 6,0 6,3 6,5
6.8 Adotar medidas para otimizar o tempo do ensino
de permanência dos estudantes na escola, fffundamental
direcionando a expansão da jornada para o efetivo Anos finais do 5,5 5,7 6,0 6,2
trabalho escolar, combinado com atividades eensino
recreativas, esportivas, culturais e sociais, fundamental
articulado a um projeto educativo integrado. Ensino médio 4,7 5,2 5,4 5,6

6.9 Assegurar alimentação escolar que Estratégias:

contemple a necessidade nutricional diária dos


estudantes que permanecem na escola em tempo 7.1 Estabelecer e implantar, mediante
integral, conforme legislação específica, bem pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas
como orientação quanto à educação nutricional. para a educação básica e a base nacional comum
dos currículos, com direitos e objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes
6.10 Constituir fórum permanente de
para educação infantil e para cada ano do ensino
discussão e acompanhamento das políticas
fundamental e médio, respeitando-se a
curriculares de educação integral e em tempo
diversidade estadual, regional e local.
integral adotadas nas redes estadual, municipal e
7.2 Assegurar que: a) no quinto ano de
privada de ensino, para a construção de uma
vigência do Plano, pelo menos, 70% (setenta por
proposta curricular da educação integral no
cento) dos estudantes do ensino fundamental e do
Estado.
ensino médio tenham alcançado nível suficiente

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de aprendizado em relação aos direitos e objetivos pública e às estratégias de apoio técnico e
de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano financeiro voltadas à melhoria da gestão
de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo educacional, à formação de professores e
menos, o nível desejável; b) no último ano de profissionais de serviços e apoio escolares, à
vigência do Plano, todos os estudantes do ensino ampliação e ao desenvolvimento de recursos
fundamental e do ensino médio tenham alcançado pedagógicos e à melhoria e expansão da
nível suficiente de aprendizado em relação aos infraestrutura física da rede escolar.
direitos e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento de seu ano de estudo, e 80%
7.6 Colaborar no desenvolvimento de
(oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável.
indicadores específicos de avaliação da qualidade
da educação especial.
7.3 Contribuir com o redimensionamento
dos indicadores de avaliação institucional
7.7 Contribuir para a melhoria do
instituídos, em colaboração entre a União, o
desempenho dos estudantes da educação básica
Estado e os Municípios, a partir da realidade
nas avaliações da aprendizagem no Programa
educacional do Estado e dos Municípios de Santa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA).
Catarina.

7.8 Incentivar o desenvolvimento,


7.4 Induzir processo contínuo de
selecionar, referendar e divulgar tecnologias
autoavaliação das escolas de educação básica, por
educacionais para a educação infantil, o ensino
meio da constituição de instrumentos de avaliação
fundamental e médio e incentivar práticas
que orientem as dimensões a serem fortalecidas,
pedagógicas inovadoras que assegurem a
destacando-se a elaboração de planejamento
melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem,
estratégico, a melhoria contínua da qualidade
assegurada a diversidade de métodos e propostas
educacional, a formação continuada dos
pedagógicas, com preferência para softwares
profissionais da educação e o aprimoramento da
livres e recursos educacionais abertos, bem como
gestão democrática, articulado com o Projeto
o acompanhamento dos resultados nos sistemas
Político Pedagógico (PPP) da escola.
de ensino em que forem aplicadas.
7.5 Formalizar e executar os planos de
ações articuladas dando cumprimento às metas de
qualidade estabelecidas para a educação básica
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7.9 Garantir transporte gratuito, por meio entre União, Estado e Municípios, para a
de convênio entre as Secretarias Municipais de utilização pedagógica no ambiente escolar a todas
Educação e Secretaria de Estado da Educação, as escolas públicas da educação básica, criando,
com acessibilidade para todos os estudantes da inclusive, mecanismos para implementação das
educação do campo na faixa etária da educação condições necessárias para a universalização das
escolar obrigatória, mediante renovação e bibliotecas, nas instituições educacionais, com
financiamento compartilhado, com a participação acesso às redes digitais de computadores,
da União proporcional às necessidades dos entes inclusive a internet.
federados, visando a reduzir a evasão escolar e o
tempo médio de deslocamento a partir de cada
7.13 Ampliar programas e aprofundar
situação local.
ações de atendimento ao estudante, em todas as
etapas da educação básica, por meio de
7.10 Participar do desenvolvimento de programas suplementares de material didático-
pesquisas de modelos alternativos de atendimento escolar, transporte, alimentação e assistência à
escolar para a população do campo, que saúde.
considerem tanto as especificidades locais quanto 7.14 Assegurar a todas as escolas públicas
as experiências nacionais e internacionais. de educação básica o acesso à energia elétrica,
abastecimento de água tratada, esgotamento
sanitário e manejo dos resíduos sólidos, garantir o
7.11 Universalizar, em colaboração com a
acesso dos estudantes a espaços para: práticas
União, Estado e Municípios, até o quinto ano de
ambientais sustentáveis, prática esportiva, a bens
vigência do Plano, o acesso à rede mundial de
culturais e artísticos e a equipamentos e
computadores em banda larga de alta velocidade
laboratórios correspondentes ao currículo e, em
e triplicar, até o final da década, a relação
cada edifício escolar, garantir a acessibilidade às
computador/estudante nas escolas da rede pública
pessoas com deficiência.
de educação básica, promovendo a utilização
pedagógica das tecnologias da informação e da
comunicação. 7.15 Aderir e participar, em regime de
colaboração, de programa nacional de
reestruturação e aquisição de equipamentos para
7.12 Prover equipamentos e recursos
escolas públicas, visando à equalização regional
tecnológicos digitais, em regime de colaboração
das oportunidades educacionais.
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que se encontram em regime de liberdade assistida
7.16 Aderir, colaborar e participar em e em situação de rua, assegurando os princípios
regime de colaboração com a União, o Estado e da Lei federal nº 8.069/1990 – Estatuto da
os Municípios, na elaboração dos parâmetros Criança e do Adolescente.
mínimos de qualidade dos serviços da educação
básica, a serem utilizados como referência para
7.20 Garantir nos currículos escolares
infraestrutura das escolas e para recursos
conteúdos sobre a história e as culturas afro-
pedagógicos, entre outros insumos relevantes, e
brasileira e indígenas e implementar ações
como instrumento para adoção de medidas para a
educacionais, nos termos das Leis federais nº
melhoria da qualidade do ensino.
10.639/2003 e nº 11.645/2008, assegurando-se a
implementação das respectivas diretrizes
7.17 Informatizar a gestão das escolas curriculares nacionais, por meio de ações
públicas e das secretarias de educação, bem como colaborativas com fóruns de educação para a
manter programa de formação continuada para o diversidade étnico-racial, conselhos escolares,
pessoal técnico. equipes pedagógicas e a sociedade civil.

7.18 Garantir políticas de prevenção à 7.21 Consolidar a educação escolar no


violência na escola, inclusive pelo campo de populações tradicionais, de populações
desenvolvimento de ações destinadas à itinerantes e de
capacitação dos trabalhadores da educação e
comunidades indígenas e quilombolas,
demais membros da comunidade escolar, para
respeitando a articulação entre os ambientes
detecção dos sinais e de suas causas, como a
escolares e comunitários e garantindo: o
violência doméstica e sexual, favorecendo a
desenvolvimento sustentável e a preservação da
adoção das providências adequadas para
identidade cultural; a participação da comunidade
promover a construção da cultura de paz e um
na definição do modelo de organização
ambiente escolar dotado de segurança para a
pedagógica e de gestão das instituições,
comunidade.
consideradas as práticas socioculturais, e as
formas particulares de organização do tempo; a
7.19 Implementar políticas de inclusão e oferta bilíngue na educação infantil e nos anos
permanência na escola para adolescentes e jovens iniciais do ensino fundamental, em língua materna
das comunidades indígenas e em língua
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210
portuguesa; a reestruturação e a aquisição de 7.25 Universalizar, mediante articulação
equipamentos; a oferta de programa para a entre os órgãos responsáveis pelas áreas da saúde
formação inicial e continuada de profissionais da e da educação, o atendimento aos estudantes da
educação; e o atendimento em educação especial. rede escolar pública de educação básica por meio
7.22 Desenvolver currículos e propostas de ações de prevenção, promoção e atenção à
pedagógicas nas escolas do campo e nas saúde.
comunidades indígenas e quilombolas, incluindo
os conteúdos culturais correspondentes às
7.26 Estabelecer ações efetivas
respectivas comunidades e considerando o
especificamente voltadas para a promoção,
fortalecimento das práticas socioculturais e da
prevenção, atenção e atendimento à saúde e à
língua materna de cada comunidade indígena,
integridade física, mental e emocional dos
produzindo e disponibilizando materiais didáticos
profissionais da educação, e demais funcionários
específicos, inclusive para os estudantes com
das escolas, como condição para a melhoria da
deficiência.
qualidade educacional.

7.23 Mobilizar e criar espaços de


7.27 Criar, com a colaboração técnica e
participação para as famílias e setores da
financeira da União, em articulação com o sistema
sociedade civil, com o propósito de que a
nacional de avaliação, o sistema estadual de
educação seja assumida como responsabilidade
avaliação da educação básica, com participação,
de todos e de ampliar o controle social sobre o
por adesão, das redes municipais de ensino, para
cumprimento das políticas públicas educacionais.
orientar as políticas públicas e as práticas
pedagógicas, com o fornecimento das
7.24 Promover a articulação dos programas informações às escolas e à sociedade.
da área da educação, de âmbito local e nacional,
com os de outras áreas, como saúde, trabalho e
7.28 Promover, com especial ênfase, em
emprego, assistência social, esporte e cultura,
consonância com as diretrizes do Plano Nacional
possibilitando a criação de rede de apoio integral
do Livro e da Leitura, a formação de leitores e a
às famílias, como condição para a melhoria da
capacitação de professores, bibliotecários e
qualidade educacional.
agentes da comunidade para atuar como
mediadores da leitura, de acordo com a

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especificidade das diferentes etapas do
desenvolvimento e da aprendizagem. 7.33 Instituir, em regime de colaboração
entre os entes federados, política de preservação
da memória educacional.
7.29 Implementar um programa de
acompanhamento às escolas com relação ao
desempenho do IDEB, juntamente com os 7.34 Promover, em regime de colaboração
gestores das escolas. com os Municípios, a regulação e supervisão da
oferta da educação básica nas redes pública e
privada, de forma a garantir a qualidade e o
7.30 Orientar as políticas das redes e
cumprimento da função social da educação.
sistemas de ensino, em regime de colaboração
com os Municípios, de forma a buscar atingir as
metas do IDEB, diminuindo a diferença entre as 7.35 Reconhecer as práticas culturais e
escolas com os menores índices e a média sociais dos estudantes e da comunidade local,
estadual, garantindo equidade da aprendizagem como dimensões formadoras, articuladas à
e reduzindo pela metade, até o último ano de educação, nos projetos políticos- pedagógico e no
vigência do Plano, as diferenças entre as médias Plano de Desenvolvimento Institucional, na
dos índices do Estado e dos Municípios. organização e gestão dos currículos, nas
instâncias de participação das escolas e na
produção cotidiana da cultura e do trabalho
7.31 Institucionalizar programas e
escolar.
desenvolver metodologias para acompanhamento
pedagógico, recuperação paralela e progressão,
priorizando estudantes com rendimento escolar 7.36 Reestruturar e aprimorar o ensino
defasado, em regime de colaboração. médio, incentivando práticas pedagógicas com
7.32 Assegurar a renovação, manutenção e abordagens interdisciplinares, estruturadas pela
criação das bibliotecas com todos os materiais e relação entre teoria e prática, por meio de
infraestrutura necessária à boa aprendizagem dos currículos escolares com conteúdos obrigatórios
estudantes, inclusive biblioteca virtual com e eletivos, em dimensões como ciência, trabalho,
equipamentos, espaços, acervos bibliográficos, linguagens, tecnologia, cultura e esporte.
bem como profissionais especializados e
capacitados para a formação de leitores.

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7.37 Apoiar, técnica e financeiramente, a valorização da cultura da investigação para os
gestão escolar mediante transferência direta de profissionais da educação básica.
recursos financeiros à escola, garantindo a
participação da comunidade escolar no
7.41 Promover formação continuada
planejamento e na aplicação dos recursos, visando
específica para os profissionais de educação das
à ampliação da transparência e ao efetivo
escolas do campo.
desenvolvimento da gestão democrática.

7.42 Garantir que a educação escolar


7.38 Estimular a articulação entre a
indígena e quilombola tenham transporte escolar
graduação, pós- graduação, núcleos de pesquisa e
de acordo com anecessidade de acesso da
extensão, e cursos de formação continuada para
população à educação, bem como alimentação
profissionais da educação básica, de modo a
escolar, com segurança alimentar e nutricional,
garantir a elaboração de currículos e propostas
que valorize a cultura alimentar desses povos.
pedagógicas que incorporem os avanços de
7.43 Fortalecer a articulação da educação
pesquisas ligadas ao processo de ensino-
no campo, através de fórum específico para esta
aprendizagem e às teorias educacionais.
modalidade.

7.39 Promover a articulação intersetorial


7.44 Articular a construção coletiva das
entre órgãos e políticas públicas de cultura,
diretrizes curriculares para a educação no campo
esporte, saúde, assistência social, agricultura e
de Santa Catarina.
direitos humanos, em parceria com as famílias e
movimentos sociais, com o fim de desenvolver a
educação integral com a formação integral das
crianças e jovens. Meta 8: Elevar a escolaridade média da
população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove)
anos de idade, de modo a alcançar, no mínimo, 12
7.40 Expandir programa de composição de
(doze) anos de estudo no último ano de vigência
acervo de obras didáticas, paradidáticas, literárias,
deste Plano, para as populações do campo,
dicionários, obras e materiais produzidos em
quilombolas, indígenas, comunidades
Libras e em Braille, e ainda, programas
tradicionais e dos 25% (vinte e cinco por cento)
específicos de acesso a bens culturais,
mais pobres, igualando a escolaridade média entre
favorecendo a construção do conhecimento e a
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negros e não negros declarados à Fundação 8.4 Expandir a oferta gratuita de educação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística profissional por parte das entidades públicas, para
(IBGE). os segmentos populacionais aqui considerados.

Estratégias:
8.5 Promover entre órgãos
governamentais, de forma intersetorial, o
8.1 Institucionalizar, em regime de
acompanhamento e o monitoramento do acesso à
colaboração com os Municípios, programas e
escola, específico para os segmentos
desenvolver tecnologias para correção de fluxo,
populacionais considerados nesta meta,
para acompanhamento pedagógico
identificando motivos de absenteísmo e
individualizado e para recuperação e progressão
colaborando com os Municípios para a garantia de
parcial, priorizando estudantes com rendimento
frequência e apoio à aprendizagem, de maneira a
escolar defasado, atendendo as especificidades
estimular a ampliação do atendimento desses
dos segmentos populacionais aqui considerados.
estudantes na rede pública regular de ensino.

8.2 Implementar programas de educação


8.6 Promover o envolvimento de órgãos
de jovens e adultos para os segmentos
governamentais, de forma intersetorial, na busca
populacionais aqui considerados, que estejam
ativa de jovens fora da escola, pertencentes aos
fora da escola e com defasagem idade-série,
segmentos populacionais aqui considerados.
associados a outras estratégias que garantam a
continuidade da escolarização, após a
8.7 Garantir a oferta pública de ensino
alfabetização inicial.
médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA),
integrada à formação profissional aos jovens do
8.3 Garantir a oferta de exames de
campo, assegurando condições de acesso e
certificação e conclusão dos ensinos fundamental
permanência na sua própria comunidade.
e médio, garantindo acesso gratuito a esses
exames.
8.8 Reduzir as desigualdades regionais e
étnico-raciais, garantindo o acesso igualitário e a
permanência na educação profissional técnica de

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nível médio e superior, inclusive mediante a até o final da vigência deste Plano, reduzir em
adoção de políticas afirmativas, na forma da lei. 50% (cinquenta por cento) a taxa de
8.9 Elaborar e efetivar, em regime de analfabetismo funcional.
colaboração com os Municípios, políticas de
educação do campo que garantam a Estratégias:
universalização da educação básica com acesso e
permanência no próprio campo 9.1 Assegurar a oferta gratuita da educação
8.10 Fomentar e garantir a produção de de jovens e adultos, a todos que não tiveram
material didático, bem como o desenvolvimento acesso à educação básica na idade própria.
de currículos, conteúdos e metodologias
específicas para o desenvolvimento da educação
9.2 Realizar diagnóstico dos jovens e
da população considerada nessa meta.
adultos com ensino fundamental e médio
incompletos, para identificar a demanda ativa por
8.11 Consolidar a educação escolar no vagas na educação de jovens e adultos.
campo para populações tradicionais, populações
itinerantes e comunidades indígenas e
9.3 Realizar chamadas públicas regulares
quilombolas, respeitando a articulação entre os
para educação de jovens e adultos, promovendo
ambientes escolares e comunitários e garantindo:
busca ativa em regime de colaboração entre o
o desenvolvimento sustentável e preservação da
Estado e os Municípios em parceria com
identidade cultural; a participação da comunidade
organizações da sociedade civil.
na definição do modelo de organização
pedagógica e de gestão das instituições,
consideradas as práticas socioculturais e as 9.4 Implementar ações de alfabetização de

formas particulares de organização do tempo; a jovens e adultos com garantia de continuidade da

reestruturação e a aquisição de equipamentos; a escolarização básica.

oferta de programa para a formação inicial e


continuada de profissionais da educação. 9.5 Executar ações de atendimento ao
estudante da educação de jovens e adultos por

Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da meio de programas suplementares de transporte,

população com 15 (quinze) anos ou mais de idade alimentação e saúde, inclusive atendimento

para 98% (noventa e oito por cento) até 2017 e, oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos,

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em articulação com a área da saúde e assistência 9.10 Implementar programas de
social. capacitação tecnológica da população de jovens e
adultos, direcionados para os segmentos com
baixos níveis de escolarização formal.
9.6 Assegurar a oferta de educação de
9.11 Ampliar, produzir e garantir a
jovens e adultos, nas etapas de ensino fundamental
distribuição de material didático e o
e médio, às pessoas privadas de liberdade em
desenvolvimento de metodologias específicas,
todos os estabelecimentos penais, assegurando a
bem como garantir o acesso dos estudantes da
formação específica dos professores e
EJA aos diferentes espaços da escola.
implementação de diretrizes nacionais em regime
de colaboração.
9.12 Implementar currículos adequados às
especificidades da EJA para promover a inserção
9.7 Proceder levantamento de dados sobre a
no mundo do trabalho, inclusão digital e
demanda por EJA, na cidade e no campo, para
tecnológica e a participação social.
subsidiar a formulação de política pública que
garanta o acesso e a permanência a jovens, adultos
e idosos a esta modalidade da educação básica. 9.13 Implementar e manter políticas e
9.8 Apoiar técnica e financeiramente programas que considerem as especificidades da
projetos inovadores na educação de jovens e educação em espaços de privação de liberdade,
adultos, desenvolvidos na rede pública, que visem possibilitando a construção de novas estratégias
ao desenvolvimento de modelos adequados às pedagógicas, produção de materiais didáticos e a
necessidades específicas desses estudantes, implementação de novas metodologias e
viabilizando parcerias. tecnologias educacionais, assim como de
programas educativos e profissionalizantes na
modalidade educação a distância e presencial, no
9.9 Estabelecer mecanismos e incentivos
âmbito das escolas do sistema prisional, na
que integrem os segmentos empregadores,
educação básica, em consonância com o Plano
públicos e privados, e os sistemas de ensino, para
Estadual de Educação em Prisões/2010.
promover a compatibilização da jornada de
trabalho dos empregados com a oferta das ações
de alfabetização e de educação de jovens e
adultos. Meta 10: Oferecer, no mínimo, 10% (dez por

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

216
cento) das matrículas de educação de jovens e 10.4 Ampliar as oportunidades
adultos, nos ensinos fundamental e médio, na profissionais dos jovens e adultos com deficiência
forma integrada à educação profissional, até o e baixo nível de escolaridade, por meio do acesso
final da vigência deste Plano. à educação de jovens e adultos articulada à
educação profissional.
Estratégias:

10.5 Aderir programa nacional de


10.1 Aderir e participar de Programa
reestruturação e aquisição de equipamentos
Nacional de Integração da Educação Básica à
voltados à expansão e à melhoria da rede física de
Educação Profissional na modalidade de educação
escolas públicas que atuam na educação de jovens
de jovens e adultos, na perspectiva da educação
e adultos integrada à educação profissional,
inclusiva.
garantindo acessibilidade à pessoa com
deficiência.
10.2 Expandir as matrículas na educação
de jovens e adultos, de modo a articular a
10.6 Diversificar o currículo da educação
formação inicial e continuada de trabalhadores
de jovens e adultos, articulando a formação básica
com a educação profissional, objetivando a
e a preparação para o mundo do trabalho e
elevação do nível de escolaridade desses
estabelecendo inter-relações entre teoria e prática,
trabalhadores.
nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e
da cultura e cidadania, de forma a organizar o
10.3 Fomentar a integração da educação de tempo e o espaço pedagógico adequando-os às
jovens e adultos com a educação profissional, em características e às necessidades desses
cursos que atendam às necessidades do mundo do estudantes.
trabalho, de acordo com as características do
público da educação de jovens e adultos e 10.7 Fomentar a produção de material
considerando as especificidades das populações didático, o desenvolvimento de metodologias
itinerantes e do campo e das comunidades específicas, bem como os instrumentos de
indígenas e quilombolas, inclusive na modalidade avaliação, garantindo o acesso a equipamentos,
de educação a distância. laboratórios e aos diferentes espaços da escola.

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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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10.8 Estimular a formação continuada e modo a atender as pessoas privadas de liberdade
tecnológica digital de docentes das escolas nos estabelecimentos penais e instituições
públicas e privadas que atuam na educação de socioeducativas.
jovens e adultos articulada à educação
profissional.
10.13 Instituir e implementar programas e
mecanismos de reconhecimento de saberes dos
10.9 Fomentar a oferta pública de jovens e adultos trabalhadores, a serem
formação inicial e continuada para trabalhadores considerados na articulação curricular dos cursos
articulada à educação de jovens e adultos, em de formação inicial e continuada e dos cursos
regime de colaboração e com apoio de entidades técnicos de nível médio.
privadas de formação profissional vinculadas ao
sistema sindical e de entidades sem fins lucrativos
10.14 Expandir as matrículas na
de atendimento à pessoa com deficiência, com
modalidade de educação de jovens e adultos, de
atuação exclusiva na modalidade.
modo a articular a formação inicial e continuada
de trabalhadores com a educação profissional,
10.10 Aderir a Programa Nacional, que objetivando a elevação do nível de escolaridade
desenvolve ações de assistência social, financeira do trabalhador.
e de apoio psicopedagógico que contribuam para
garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem
e a conclusão com êxito da educação de jovens e
Meta 11: Triplicar as matrículas da educação
adultos articulada à educação profissional.
profissional técnica de nível médio, assegurando
a qualidade da oferta e, pelo menos, 60%
10.11 Garantir alimentação saudável e (sessenta por cento) da expansão no segmento
adequada e transporte para os estudantes da público.
educação de jovens e adultos integrado à educação Estratégias:
profissional.
11.1 Participar da política de expansão das
matrículas de educação profissional técnica de
10.12 Garantir e efetivar com qualidade a
nível médio da Rede Federal de Educação
expansão da oferta da educação de jovens e
Profissional, Científica e Tecnológica, levando
adultos integrada à educação profissional, de

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em consideração a responsabilidade dos institutos 11.6 Incentivar a oferta de programas de
na ordenação territorial, sua vinculação com reconhecimento de saberes para fins de
arranjos produtivos, sociais e culturais locais e certificação profissional em nível técnico nas
regionais, bem como a interiorização da educação instituições credenciadas.
profissional.

11.7 Cooperar na institucionalização de


11.2 Expandir a oferta de educação sistema nacional de avaliação da qualidade da
profissional técnica de nível médio na rede pública educação profissional técnica de nível médio das
estadual de ensino, com o apoio da União. redes pública e privada.

11.3 Expandir a oferta de educação 11.8 Expandir o atendimento do ensino


profissional técnica de nível médio na modalidade médio gratuito integrado à formação profissional
de educação a distância, assegurado padrão de para as populações do campo e para as
qualidade. comunidades indígenas e quilombolas, de acordo
11.4 Reestruturar as escolas de educação com os seus interesses e necessidades.
profissional levando-se em consideração as
especificidades de cada curso, a necessidade de
11.9 Expandir a oferta de educação
máquinas e equipamentos, implementos didáticos
profissional técnica de nível médio para o público
e tecnológicos, assegurando um padrão mínimo,
da educação especial.
bem como a capacitação dos profissionais
envolvidos.
11.10 Elevar gradualmente a taxa de
11.5 Promover a expansão do estágio na
educação profissional técnica de nível médio e do conclusão média dos cursos técnicos de nível

ensino médio regular, preservando seu caráter médio na rede pública federal e estadual para 90%

pedagógico integrado ao itinerário formativo do (noventa por cento) e elevar, nos cursos

estudante, visando à formação de qualificações presenciais, a relação de estudantes por professor

próprias da atividade profissional, à para 20 (vinte).

contextualização curricular e ao desenvolvimento


da juventude. 11.11 Desenvolver programas de
assistência estudantil e mecanismos de
mobilidade acadêmica, visando a garantir as
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condições necessárias à permanência dos matrículas, nas instituições de ensino superior
estudantes e à conclusão dos cursos técnicos de públicas e comunitárias.
nível médio.
Estratégias:

11.12 Adotar políticas afirmativas para


12.1 Otimizar, com a participação da União, a
reduzir as desigualdades no acesso e permanência
capacidade instalada da estrutura física e a
na educação profissional técnica de nível médio.
disponibilização dos recursos humanos das
instituições públicas e comunitárias de educação
11.13 Utilizar os dados do Sistema Nacional superior, mediante ações planejadas e coordenadas,
de Informação Profissional e as consultas de forma a ampliar e interiorizar o acesso à
promovidas junto a entidades empresariais de graduação.
trabalhadores, por meio de estudos e pesquisas
sistematizadas, para ofertar formação nas
12.2 Elevar gradualmente a taxa de conclusão
instituições especializadas em educação
média dos cursos de graduação presenciais nas
profissional.
universidades públicas para 90% (noventa por
cento); ofertar, no mínimo, um terço das vagas
11.14 Fomentar e garantir estudos e em cursos noturnos e elevar a relação de
pesquisas sobre a articulação entre formação, estudantes por professor(a) para 18 (dezoito),
currículo, pesquisa e mundo do trabalho, mediante estratégias de aproveitamento de
considerando as necessidades econômicas, créditos e inovações acadêmicas que valorizem
sociais e culturais do Estado. a aquisição de competências de nível superior.

12.3 Mapear a demanda e fomentar a oferta de


Meta 12: Articular, com a União, a elevação da educação superior pública e gratuita
taxa bruta de matrícula na educação superior para prioritariamente para a formação de professores,
55% (cinquenta e cinco por cento) e a taxa líquida para atender ao deficit de profissionais em todas
para 40% (quarenta por cento) da população de 18 as áreas de conhecimento e modalidades da
(dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos de idade, educação básica.
assegurada a qualidade da oferta e expansão para,
pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas

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12.4 Ampliar e garantir a oferta de bolsas de
estudos para graduação e pós-graduação, aos 12.8 Adotar e supervisionar, com a
professores e demais profissionais que atuam na participação da União, políticas de inclusão e de
educação básica. ação afirmativa na forma da lei, para o acesso e
permanência nos cursos de graduação, de
estudantes em vulnerabilidade socioeconômica,
12.5 Adotar políticas de assistência estudantil
egressos da escola pública, afrodescendentes,
para assegurar à população considerada
comunidades tradicionais, povos do campo,
economicamente carente, bolsa de estudos de
indígenas, quilombolas e para pessoas, público
graduação, de modo a reduzir as desigualdades
da educação especial, e outros estratos sociais
étnico-raciais e ampliar as taxas de acesso e
historicamente excluídos.
permanência na educação superior de estudantes
egressos da escola pública, afrodescendentes e
indígenas e de público da educação especial, de 12.9 Assegurar, na forma da lei, condições de
forma a apoiar seu sucesso acadêmico. acessibilidade às pessoas, público da educação
especial, nas instituições de ensino superior.

12.6 Incentivar as instituições de educação


superior a aderir e participar dos programas de 12.10 Fomentar estudos e pesquisas que
apoio financeiro do Governo Federal e analisem a necessidade de articulação entre
promover a divulgação de todas as políticas de formação, currículo, pesquisa e mundo do
incentivo ao acesso e permanência no ensino trabalho, considerando as necessidades
superior. econômicas, sociais e culturais do Estado.

12.7 Apoiar e implementar, no âmbito de sua 12.11 Participar da consolidação e ampliação


competência, ações que visem assegurar, no de programas e ações de incentivo à mobilidade
mínimo, 10% (dez por cento) do total de estudantil e docente em cursos de graduação e
créditos curriculares exigidos para a graduação pós-graduação, em âmbito nacional e
em programas e projetos de extensão internacional.
universitária, orientando sua ação,
prioritariamente, para áreas de grande
12.12 Articular, com a União, a expansão e a
pertinência social.
descentralização da oferta de educação superior

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pública e gratuita, atendendo a todas as regiões instituições, no âmbito do sistema estadual de
do Estado, considerando as especificidades das ensino.
populações do campo, comunidades indígenas e
quilombolas.
12.13 Colaborar na institucionalização de
Meta 13: Articular, com a União, a elevação da
programa nacional de composição de acervo
qualidade da educação superior e ampliar a
digital de referências bibliográficas e
proporção de mestres e doutores do corpo
audiovisuais para os cursos de graduação,
docente em efetivo exercício no conjunto do
assegurada a acessibilidade às pessoas com
sistema de educação superior para 80% (oitenta
deficiência.
por cento), sendo, do total, no mínimo, 40%
(quarenta por cento) doutores, até ao final da
12.14 Participar, com a União, da vigência deste Plano.
consolidação de processos seletivos nacional e
estadual para acesso à educação superior como Estratégias:
forma de superar exames vestibulares isolados.
13.1 Considerar, na avaliação das instituições
de ensino superior que ofertam cursos
12.15 Estimular mecanismos para ocupar as
presenciais e a distância, no âmbito do sistema
vagas ociosas em cada período letivo, na
estadual de ensino, as informações advindas dos
educação superior pública e comunitária.
órgãos/sistemas de avaliação da educação
superior nacional, para os processos de
12.16 Considerar as informações e orientações autorização de cursos, de reconhecimento ou
advindas dos órgãos reguladores nacional da renovação de reconhecimento de cursos
educação superior quanto aos procedimentos superiores e de credenciamento ou
adotados na área de avaliação, regulação e recredenciamento de instituições.
supervisão, em relação aos processos de 13.2 Acompanhar a realização das avaliações
autorização de cursos e instituições, de externas in loco, em relação aos processos de
reconhecimento ou renovação de regulação que compreendem os Atos
reconhecimento de cursos superiores e de Autorizativos e Regulatórios de cursos e
credenciamento ou recredenciamento de instituições de ensino superior que ofertam

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cursos presenciais e a distância, no âmbito do 13.7 Implantar campus da Universidade do
sistema estadual de ensino. Estado de Santa Catarina (UDESC) no
Município de Caçador.

13.3 Acompanhar a implementação das


13.8 Meta 14: Fomentar, em articulação com
respectivas Diretrizes Curriculares dos cursos
a União, a elevação gradual do número de
de licenciatura e bacharelado, nas instituições
matrículas na pós-graduação stricto sensu, de
de ensino superior, em consonância com o
modo a atingir a titulação anual de 2.400 (dois
resultado do processo avaliativo.
mil e quatrocentos) mestres e 900 (novecentos)
doutores, até o final da vigência deste Plano.
13.4 Fomentar, em articulação com a União, a
formação de consórcios entre instituições de
Estratégias:
educação superior, com vistas a potencializar a
atuação regional, inclusive por meio de plano de
14.1 Estimular a integração e a atuação
desenvolvimento institucional integrado,
articulada entre a Coordenação de
assegurando maior visibilidade nacional e
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
internacional às atividades de ensino, pesquisa e
(Capes) e às agências de fomento à pesquisa
extensão.
federal e estadual.

13.5 Promover, de forma articulada com a


14.2 Colaborar, em articulação com a União,
União, a oferta de programas de pós-graduação
na implementação de políticas de inclusão e de
stricto sensu.
ação afirmativa na forma da lei, para o acesso e
permanência nos cursos de pós- graduação
13.6 Promover, de forma articulada com a stricto sensu, para estudantes em
União, a formação inicial e continuada dos vulnerabilidade socioeconômica,
profissionais técnico- administrativos da afrodescendentes, comunidades tradicionais,
educação superior, bem como a formação povos do campo, indígenas, quilombolas e para
continuada dos docentes formadores. pessoas, público da educação especial, e outros
estratos sociais historicamente excluídos.

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14.3 Colaborar na institucionalização de 14.8 Oferecer, em articulação com a União,
programa nacional de composição de acervo financiamento público e específico às políticas
digital de referências bibliográficas e de acesso e permanência, para inclusão nos
audiovisuais para os cursos de pós-graduação programas de pós-graduação de estudantes em
stricto sensu, assegurada a acessibilidade às vulnerabilidade socioeconômica,
pessoas com deficiência. afrodescendentes, comunidades
tradicionais, povos do campo, indígenas,
quilombolas, para pessoas, público da educação
14.4 Estabelecer parcerias com os órgãos e
especial, e outros estratos sociais historicamente
agências oficiais de fomento nos diversos
excluídos.
programas, projetos e ações que objetivem a
internacionalização da pesquisa e da pós-
graduação stricto sensu, incentivando a atuação 14.9 Estimular estudos e pesquisas em direitos
em rede e o fortalecimento de grupos de humanos e inclusão.
pesquisa.
14.5 Garantir a publicização, transparência,
14.10 Estimular a articulação entre
autonomia e desburocratização da pesquisa
graduação, pós- graduação e núcleos de
científica desenvolvida com recursos públicos.
pesquisas, para estudos e elaboração de
currículos/propostas pedagógicas que
14.6 Adotar, em parceria com a União, incorporem ao processo de ensino-
políticas de assistência estudantil para assegurar aprendizagem o enfrentamento à todas as formas
aos estudantes considerados economicamente de discriminação.
carentes, bolsas de estudos de pós-graduação
stricto sensu.
14.11 Fomentar, em articulação com a União,
pesquisas voltadas para o desenvolvimento de
14.7 Ofertar bolsas de estudos de pós- metodologias, materiais didáticos,
graduação stricto sensu aos professores e paradidáticos, equipamentos e recursos de
demais profissionais da educação básica das tecnologia assistiva, com vistas à promoção do
redes públicas de ensino. ensino e da aprendizagem, bem como das
condições de acessibilidade dos estudantes,
público da educação especial, e criar programas

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que promovam a socialização dos resultados das magistério da educação básica de acordo com a
pesquisas. necessidade por área de conhecimento.
15.3 Apoiar o acesso ao financiamento
Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre
estudantil a estudantes matriculados em cursos
a União, o Estado e os Municípios, no prazo de
de licenciatura com avaliação positiva pelo
1 (um) ano de vigência deste Plano, política
Sistema Nacional de Avaliação da Educação
estadual de formação inicial e continuada, com
Superior (Sinaes), na forma da Lei federal nº
vistas à valorização dos profissionais da
10.861/2004, inclusive a amortização do saldo
educação, assegurando que todos os professores
devedor pela docência efetiva na rede pública de
da educação básica e suas modalidades possuam
educação básica.
formação específica de nível superior, obtida
em curso de licenciatura na área de
conhecimento em que atuam, bem como a 15.4 Instituir e consolidar, uma plataforma
oportunização, pelo Poder Público, de periódica eletrônica em âmbito estadual, com dados de
participação em cursos de formação continuada. formação de todos os professores da rede
pública, para organizar a demanda/oferta de
Estratégias: matrículas em cursos de formação inicial e
continuada dos profissionais da educação em
15.1 Promover, em regime de cooperação Santa Catarina.
entre a União, o Estado e os Municípios, ações
conjuntas a fim de organizar a oferta de cursos
15.5 Implementar cursos de licenciatura,
de formação inicial diante do diagnóstico das
para profissionais que atuam nas escolas do
necessidades de formação dos profissionais da
campo, comunidades indígenas, quilombolas,
educação, envolvendo as instituições públicas e
educação especial e, estratos historicamente
comunitárias de nível superior, sincronizando a
excluídos, em regime de colaboração com
oferta e a demanda de formação de profissionais
instituições públicas e comunitárias de ensino
da educação.
superior.

15.2 Ampliar a oferta de programas de


15.6 Articular com as instituições de nível
iniciação à docência a estudantes matriculados
superior, formadoras de profissionais para
em cursos de licenciatura, a fim de aprimorar a
educação básica, de forma a promover a reforma
formação dos profissionais para atuarem no
curricular dos cursos de licenciatura, garantindo
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a renovação pedagógica, com foco no 15.11 Rever legislação que institui a Política
aprendizado do estudante. de Formação Inicial e Continuada dos
Profissionais da Educação das redes públicas de
ensino do Estado, por meio do Fórum Estadual
15.7 Valorizar as práticas de ensino e os
de Educação/SC.
estágios nos cursos de formação de nível médio
e superior dos profissionais da educação,
visando ao trabalho sistemático de articulação 15.12 Promover programas de formação
entre a formação acadêmica e as demandas da docente, para educação profissional, voltados à
educação básica, em sintonia com as complementação didático- pedagógica dos
recomendações legais e as diretrizes curriculares profissionais sem habilitação para o magistério,
nacionais. que atuam na rede pública.

15.8 Desenvolver programas de formação 15.13 Implantar programas de formação dos


superior para docentes não habilitados na área profissionais da educação sobre diversidade,
de atuação em efetivo exercício nas redes educação ambiental e educação especial, para a
públicas. promoção e efetivação dos direitos sociais.

15.9 Assegurar a todos os profissionais da 15.14 Garantir formação continuada,


educação básica formação continuada em específica para o uso das tecnologias e
serviço, em sua área de atuação, considerando as conteúdos multimidiáticos, para todos os
necessidades, demandas e contextualizações envolvidos no processo educativo.
dos respectivos sistemas de ensino. 15.15 Possibilitar a participação em programa
de concessão de bolsas de estudos para que os
professores de idiomas das escolas públicas de
15.10 Fomentar a oferta de cursos técnicos de
educação básica realizem estudos de imersão e
nível médio e tecnológicos de nível superior,
aperfeiçoamento nos países que tenham como
destinados à formação, nas respectivas áreas de
idioma nativo as línguas que lecionam.
atuação, dos profissionais da educação de outros
segmentos que não os do magistério.
15.16 Criar e consolidar portal eletrônico para
subsidiar a atuação dos profissionais da

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educação básica, disponibilizando permanência nas instituições de ensino superior
gratuitamente materiais didáticos e pedagógicos públicas e comunitárias.
suplementares, inclusive aqueles com formato
acessível.
Meta 16: Formar 75% (setenta e cinco por
cento) dos professores da educação básica em
15.17 Implantar programas de formação dos nível de pós-graduação até o último ano de
professores para atuar nas escolas de tempo vigência deste Plano, e garantir a todos os
integral. profissionais da educação básica formação
continuada em sua área de atuação,
considerando as necessidades, demandas e
15.18 Estabelecer programas de parcerias
contextualização dos sistemas de ensino.
com instituições de ensino superior, para a
oferta de cursos de formação continuada, nos
Estratégias:
Municípios, atendendo a demanda local e
regional da rede pública.
16.1 Consolidar política estadual de formação,
em nível de pós-graduação, de professores da
15.19 Priorizar, em regime de cooperação educação básica, definindo diretrizes estaduais,
entre a União, Estado e Municípios, programa áreas prioritárias, instituições formadoras.
de treinamento e formação continuada no ensino 16.2 Realizar, em regime de colaboração, o
médio e fundamental, com a instituição de planejamento estratégico para o
residência pedagógica, em estabelecimentos dimensionamento da demanda por formação em
escolares, já durante a graduação, instituindo cursos de pós-graduação, para fomentar a
programas de bolsa para professores em respectiva oferta por parte das instituições
formação (licenciatura), buscando aprimorar a públicas e comunitárias de educação superior,
formação do docente. de forma orgânica e articulada às políticas de
formação do Estado e Municípios.
15.20 Priorizar programas de formação de
professores e profissionais da educação básica, 16.3 Consolidar programa definido em
instituindo programas de bolsa, que propiciem a legislação, de afastamento remunerado dos
obtenção de uma segunda licenciatura, professores, para cursar pós- graduação.
ofertando vagas, acesso e condições de

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VIII, do art. 206, da Constituição Federal, a fim
16.4 Possibilitar a mobilidade de docentes em de equiparar o rendimento médio dos demais
cursos de pós-graduação, em âmbito nacional e profissionais com escolaridade equivalente, até o
internacional, com licença remunerada durante final do sexto ano da vigência deste Plano.
o período em que estiver cursando.
16.5 Ampliar e garantir a oferta de bolsas de Estratégia:
estudo integral de pós-graduação dos
professores e demais profissionais da educação 17.1 Realizar, no prazo de 2 (dois) anos, a
básica. implantação ou a atualização dos Planos de
Carreira para os profissionais da educação
básica pública, respeitando a legislação federal.
16.6 Diagnosticar, consolidar e garantir
políticas públicas que atendam efetivamente as
demandas específicas de pós- graduação, em 17.2 Valorizar os profissionais do magistério
nível de especialização, mestrado e doutorado da rede pública da educação básica, a fim de
aos professores que lecionam nas escolas do equiparar a 80% (oitenta por cento) ao final do
campo, indígenas e quilombolas. sexto ano, e a igualar, no último ano de vigência
do Plano, o seu rendimento médio ao
rendimento médio dos demais profissionais com
16.7 Garantir programas de formação de
escolaridade equivalente.
professores e profissionais da educação básica e
suas modalidades, a oferta de cursos de pós-
graduação – lato sensu e stricto sensu – vagas, 17.3 Proporcionar condições de trabalho,
acesso e condições de permanência nas valorização dos profissionais da educação e
instituições de ensino superior públicas e concretização das políticas de formação, como
comunitárias. forma de garantia da qualidade na educação.

Meta 17: Valorizar os profissionais do magistério 17.4 Garantir o cumprimento da legislação


da rede pública de educação básica, assegurando nacional quanto à jornada de trabalho dos
no prazo de 2 (dois) anos a existência de plano profissionais do magistério da rede pública de
de carreira, assim como a sua reestruturação, ensino.
que tem como referência o piso nacional,
definido em lei federal, nos termos do inciso
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17.5 Estabelecer, até 2018, um plano de ação, 17.9 Garantir que os Planos de Carreira
especificamente voltado para a promoção, contemplem profissionais habilitados na área de
prevenção, atenção e atendimento à saúde e atuação, que realizem serviços de coordenação
integridade física, mental e emocional dos pedagógica (orientação, supervisão) e
profissionais da educação, como condição para administrativa, não docentes, nas escolas de
a melhoria da qualidade educacional. educação básica.

17.6 Assegurar a realização periódica de 17.10 Garantir a atualização e o cumprimento


concurso público para provimento de vagas, de todas as diretrizes do Estatuto Estadual e dos
comprovadamente, excedentes e permanentes, Estatutos Municipais do Magistério da rede
de modo a estruturar as redes públicas de pública de ensino.
educação básica, com pelo menos 80% (oitenta
por cento) dos profissionais do magistério e
17.11 Assegurar, na forma da lei, recursos
50% (cinquenta por cento) dos profissionais da
financeiros para valorização dos profissionais da
educação não docentes, que sejam ocupantes de
educação da rede pública.
cargos de provimento efetivo e que estejam em
exercício nas redes escolares a que se encontram
17.12 Priorizar o repasse de transferências
vinculados, até o final do Plano.
17.7 Implantar, nas redes públicas de estaduais voluntárias, na área de educação, para

educação básica, durante o estágio probatório, os Municípios que tenham aprovado lei

acompanhamento e supervisão dos profissionais específica estabelecendo planos de carreira para

por comissão designada para esta finalidade. os(as) profissionais da educação.

17.13 Estimular a existência de comissões


17.8 Estimular a existência de comissões e
fóruns permanentes de profissionais da permanentes de profissionais da educação de

educação de todos os sistemas públicos de todos os sistemas de ensino, para subsidiar os

ensino, atuando em todas as instâncias do órgãos competentes na elaboração,

Estado, para subsidiar os órgãos, na atualização reestruturação e implementação dos planos de

dos planos de carreira. carreira.

Meta 18: Garantir em legislação específica,


Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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aprovada no âmbito do Estado e dos a Gestão Democrática na área de sua
Municípios, condições para a efetivação da abrangência, respeitando a legislação nacional.
gestão democrática, na educação básica e
superior públicas que evidencie o compromisso
18.4 Ampliar os programas de apoio e
com o acesso, a permanência e o êxito na
formação aos conselheiros de conselhos que
aprendizagem do estudante do Sistema Estadual
tratem do acompanhamento e controle social do
de Ensino, no prazo de 1 (um) ano após a
FUNDEB, da alimentação escolar e outros,
aprovação deste Plano.
providenciando recursos financeiros, espaço
físico adequado, equipamentos e meios de
Estratégias:
transporte para visitas à rede escolar, com vistas
ao bom desempenho de suas funções.
18.1 Estabelecer em legislação específica,
diretrizes para a gestão democrática da educação
18.5 Consolidar o Fórum Estadual de
no Estado de Santa Catarina.
Educação e oferecer suporte técnico aos
Municípios para constituir os respectivos Fóruns
18.2 Criar e/ou consolidar fóruns decisórios de
Municipais, com o objetivo de: a) coordenar a
políticas públicas educacionais, conselhos
conferência estadual, regional, intermunicipal e
municipais de educação, conselhos escolares ou
municipal, bem como acompanhar e avaliar o
equivalentes, Conselho de Acompanhamento e
processo de implementação de suas deliberações;
Controle Social do FUNDEB e Conselho de
b) efetuar o acompanhamento da execução do
Alimentação Escolar (CAE), conselho de
Plano Estadual e dos Planos Municipais de
controle social envolvendo gestores públicos,
Educação; c) debater o financiamento da
trabalhadores da educação e organizações da
educação; d) avaliar o processo de implantação
sociedade civil, com representação paritária dos
das diretrizes curriculares do Sistema Estadual de
setores envolvidos com a educação e com as
Educação; e) promover as articulações
instituições educativas.
necessárias entre o Fórum Nacional de Educação,
o Fórum Estadual de Educação e os Fóruns de
18.3 Priorizar o repasse de transferências Educação dos Municípios; f) acompanhar, junto à
voluntárias do Estado de Santa Catarina, na área Assembleia Legislativa, a tramitação de projetos
da educação, para os Municípios que tenham legislativos relativos à Política Estadual de
aprovado legislação específica que regulamente Educação.
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pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

230
18.6 Estimular, em todos os Municípios a 18.11 Fortalecer os mecanismos e os
aprovação de leis que tratem da criação de instrumentos que assegurem a transparência e o
conselhos escolares nas redes de educação básica. controle social na utilização dos recursos públicos
aplicados em educação, por meio de audiências
públicas e a criação de portais eletrônicos de
18.7 Estimular, em todas as redes de
transparência.
educação básica, a constituição e o fortalecimento
de grêmios estudantis e associações de pais e
professores, assegurando-se-lhes, inclusive, 18.12 Estimular o fortalecimento de
espaços adequados e condições de funcionamento conselhos superiores nas instituições de ensino
nas escolas e fomentando a sua articulação superior, dos quais participem representantes de
orgânica com os conselhos escolares, por meio todos os segmentos de sua comunidade.
das respectivas representações.

18.13 Estimular, em todas as instituições de


18.8 Garantir a participação efetiva da ensino superior, a constituição e o fortalecimento
comunidade escolar e local na formulação e de diretórios acadêmicos assegurando-lhes
acompanhamento dos projetos políticos- espaços adequados para o bom funcionamento.
pedagógicos, currículos escolares, planos de
gestão escolar e regimentos escolares,
18.14 Consolidar e fortalecer os conselhos
possibilitando as condições objetivas necessárias
estadual e municipais de educação como órgãos
à operacionalização desta participação.
autônomos (com dotação orçamentária e
autonomia financeira e de gestão), plurais
18.9 Garantir, em regime de colaboração, (constituído de forma paritária, com ampla
programa de formação continuada para gestores representação social) e com funções deliberativas,
das escolas públicas. normativas e fiscalizadoras.

18.10 Aprovar dispositivo legal que dispõe 18.15 Aprimorar os mecanismos de


sobre a implantação, execução e avaliação da acompanhamento, fiscalização e avaliação dos
gestão escolar democrática nas diferentes redes gastos com educação, por meio dos conselhos
da educação básica. escolares, viabilizando ou promovendo ampla

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divulgação do orçamento público, efetiva planejamento e acompanhamento da educação
transparência nas rubricas orçamentárias e o escolar indígena.
estabelecimento de ações de

controle e articulação entre os órgãos 18.5 Elaborar diretrizes operacionais para a


responsáveis, assegurando o gerenciamento e a educação escolar indígena de Santa Catarina.
fiscalização dos recursos públicos destinados
às escolas.
Meta 19: Ampliar o investimento público em
educação pública de forma a atingir, no
18.1 Implantar avaliação institucional com a
mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do
participação efetiva da comunidade escolar
Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no
incorporando seus resultados no Projeto Político
quinto ano de vigência deste Plano e, no
Pedagógico e no Plano de Gestão.
mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do
PIB ao final do decênio.
18.2 Definir critérios técnicos para o
provimento dos cargos comissionados, Estratégias:
objetivando chegar ao mínimo necessário e que
estes sejam ocupados por profissionais 19.1 Garantir fontes de financiamento
habilitados na área da educação. permanentes e sustentáveis para todos os níveis,
etapas e modalidades da educação básica,
observando-se as políticas de colaboração entre
18.3 Utilizar, amplamente, os veículos de
os entes federados, em especial as decorrentes do
comunicação de massa objetivando a participação
art. 60, do Ato das Disposições Constitucionais
da sociedade na definição das prioridades
Transitórias, e do § 1º, do art. 75, da Lei federal nº
educacionais e na divulgação das experiências
9.394/1996, que tratam da capacidade de
emancipadoras de participação, em âmbito
atendimento e do esforço fiscal de cada ente
estadual, regional e municipal.
federado, com vistas a atender suas demandas
educacionais à luz do padrão de qualidade
18.4 Articular a criação de Comissão nacional.
Estadual de Educação Indígena, objetivando
garantir participação dos povos indígenas no

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19.2 Cooperar, com a União, no dos recursos públicos aplicados em educação,
aperfeiçoamento e ampliação dos mecanismos de especialmente a realização de
acompanhamento da arrecadação da contribuição audiênciaspúblicas e a criação de portais
social do salário-educação. eletrônicos de transparência, com a
colaboração entre as Secretarias de Educação
do Estado e dos Municípios, o Tribunal de
19.3 Acompanhar a contribuição para o
Contas do Estado e dos Municípios e o
Fundo de Apoio à Manutenção e ao
Ministério Público.
Desenvolvimento da Educação Superior no
Estado de Santa Catarina, nos termos do art. 171,
19.1 Desenvolver, com apoio da
da Constituição Estadual.
contabilidade geral da Secretaria de Estado da
Fazenda, estudos e acompanhamento regular dos
19.4 Otimizar a destinação de recursos à investimentos e custos por estudante da educação,
manutenção e o desenvolvimento do ensino, em em todos os níveis, etapas e modalidades.
acréscimo aos recursos vinculados nos termos do
art. 212, da Constituição Federal.
19.2 Adotar o Custo Aluno Qualidade
(CAQ) como indicador prioritário para o
19.5 Aplicar, na forma de lei específica, a financiamento de todas as etapas e modalidades
parcela da participação no resultado ou da da educação básica.
compensação financeira pela exploração de
petróleo e gás natural e outros recursos, com a
19.3 Acompanhar a regulamentação do § 4º,
finalidade de cumprimento da meta prevista no
do art. 164, da Constituição Estadual, no prazo de
inciso VI, do caput do art. 214, da Constituição
2 (dois) anos, por lei complementar, de forma a
Federal.
estabelecer as normas de cooperação entre o
Estado e os Municípios, em material educacional,
Fortalecer os mecanismos e os instrumentos e a articulação do Sistema Estadual de Educação
que assegurem, nos termos do Parágrafo único em regime de colaboração, com o equilíbrio na
do art. 48 da Lei Complementar federal nº repartição das responsabilidades e dos recursos e
101/2000, com a redação dada pela Lei efetivo cumprimento das funções redistributiva e
Complementar federal nº 131/2009, a supletiva da União no combate às desigualdades
transparência e o controle social na utilização
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educacionais regionais promovendo a adequação não atingirem o valor do Custo Aluno Qualidade
da legislação estadual. inicial (CAQi) e, posteriormente, do CAQ.

19.4 Acompanhar a elaboração da Lei de 19.8 Estabelecer, garantir e efetivar a


Responsabilidade Educacional, a ser amplamente articulação entre as metas deste Plano e demais
discutida com os diversos setores e segmentos da instrumentos orçamentários da União, do Estado
sociedade. e dos Municípios, dos Planos Municipais de
Educação e os respectivos PPAs, LDOs e LOAs,
em todos os níveis, etapas e modalidades de
19.5 Apoiar e defender a prorrogação do
ensino.
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação, com aperfeiçoamento 19.9 Definir recursos provenientes da
que aprofunde o regime de colaboração e a receita estadual para o financiamento público
participação financeira da União para garantir permanente da educação profissional pública,
equalização de oportunidades educacionais e com o objetivo da expansão da oferta de vagas.
padrão mínimo de qualidade do ensino, nos
termos do art. 211, da Constituição Federal.
19.10 Fortalecer os conselhos de
acompanhamento e fiscalização dos recursos da
19.6 Definir critérios para distribuição dos educação.
recursos adicionais dirigidos à educação ao longo
do decênio, que considerem a equalização das
19.11 Garantir a aplicação dos recursos
oportunidades educacionais, a vulnerabilidade
financeiros que devem ser destinados à melhoria
socioeconômica e o compromisso técnico e de
da qualidade e gratuidade do ensino, na formação
gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na
e valorização do magistério, na organização
instância prevista no art. 7º, da Lei federal nº
escolar, prioritariamente, em escolas públicas.
13.005/2014.

19.12 Garantir aplicação dos recursos


19.7 Buscar, junto à União, a
destinados à manutenção, reforma, ampliação e
complementação de recursos financeiros para o
construção de escolas públicas com
Estado e os Municípios que comprovadamente

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infraestrutura adequada às etapas e REDAÇÃO
modalidades de ensino.
COMO TIRAR NOTA BOA NA REDAÇÃO?

19.1 Fixar um cronograma de repasse de


Você quer tirar nota boa nas redações? Seja na escola,
recursos financeiros para as escolas públicas,
no vestibular ou em qualquer outro concurso? É
destinados a aquisição de materiais de expediente,
simples: é só ficar atento nos quesitos que os
manutenção e reparos do patrimônio permanente.
corretores levam em consideração! E para saber se
está tudo certo, o próprio escritor é quem tem que se
19.2 Destinar 100% (cem por cento) dos preocupar em fazer a revisão geral de seu texto, antes
recursos oriundos dos royalties do pré-sal para de passá-lo para o corretor!
investimentos em educação pública.

Veja os aspectos principais que necessitam de serem


revistos:

QUANTO À FORMA:

A letra legível: a letra ilegível é um obstáculo à


leitura. É importante lembrar que “letra feia” não é
sinônimo de letra ilegível, uma vez que pode existir
letras não muito bem traçadas, mas que, no entanto,
são lidas com facilidade.

• Margens e parágrafos: A escrita deve ir até a


margem (final da linha), geralmente estabelecida por
um traço vertical à direita da folha de caderno. Os
parágrafos devem estar iniciados com espaçamento!

Quanto à gramática:

• Acentuação: Observe se acentuou todas as palavras


corretamente!

• Pontuação: Revise as vírgulas em seu texto; elas


geralmente são necessárias quando há mais de um
verbo ou quando se quer explicar algo dito
anteriormente. Não prolongue os períodos, pois isso

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torna o texto confuso, use o ponto final! verídicos, comprovados através de exemplos,
além disso, o autor deve ter uma visão crítica e
• Concordância verbal: Concorde verbo com sujeito;
se este estiver no plural o verbo ficará no plural. reflexiva dos fatos, de forma a persuadir o leitor;
Quando ficar em dúvidas, volte ao sujeito da oração. a conclusão retoma o que foi dito de forma
bastante resumida (um parágrafo), de modo a
QUANTO À ESTILÍSTICA: reforçar o que foi exposto e também propõe uma
solução para o problema analisado.
• Frases: Devem estar claras e precisas: nem
curtas demais, provocando a falta de informação,
• Narração: A personagem deve viver um conflito;
nem longas porque faz com que os parágrafos
as ações, pensamentos, sentimentos da
fiquem confusos!
personagem devem estar ligados a este problema
de algum modo. As características físicas e
• Repetição: As palavras não devem ser repetidas,
psicológicas da personagem devem estar
afinal, os sinônimos existem para serem usados.
selecionadas de acordo com o conflito enfrentado.
Além disso, termos ou ideias repetidas
O final da história deve propor o desfecho do
empobrecem o texto e o torna monótono.
problema enfrentado pela personagem.

• Coerência e coesão: Se começar defendendo um


Releia seu texto e faça sempre esse roteiro de
ponto de vista, persista até o final. Nunca coloque
revisão e então verá que sua nota, de aspecto em
elementos contraditórios em seu texto. Também é
aspecto avaliado, estará superior a antes!
importante interligar os argumentos, utilizando
elementos de coesão, como: então, porém, mas, Por Sabrina Vilarinho
contudo, entretanto. Não coloque “concluindo” ou Graduada em Letras
“finalizando” na conclusão, porque são termos
óbvios!

QUANTO À ESTRUTURA: DICAS DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS E


VESTIBULARES

• Dissertação: este texto exige uma introdução,


Quem nunca ficou apreensivo diante de uma folha de
desenvolvimento e conclusão. A introdução
redação? Elemento fundamental para a composição
aponta o assunto específico a ser abordado; o
da nota em concursos e vestibulares, a redação
desenvolvimento deve apresentar argumentos
costuma provocar muita dor de cabeça nos
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candidatos, pois nesse momento todo nosso linha que você ultrapassa é desconsiderada no
conhecimento linguístico é colocado à prova dos momento da correção e certamente afetará seu
leitores/corretores, que julgarão se somos ou não desempenho;
proficientes na escrita da língua portuguesa.
→ 4. Quando terminar de escrever, releia todo o
Contudo, embora compor uma boa redação não seja texto. Uma leitura cuidadosa pode filtrar erros
tarefa fácil, existem algumas dicas que podem ajudar gramaticais, assim como problemas mais complexos
você a organizar melhor as ideias. Elaboramos para que afetem a coerência e a coesão do seu texto;
você dez dicas de redação para concursos e
→ 5. Uma redação não deve ser muito grande, nem
vestibulares que podem nortear os seus estudos.
muito pequena. Para evitar esse tipo de situação,
Lembre-se: são dicas, o que não exime você de buscar
geralmente um bom texto tem de quatro a cinco
cada vez mais o aprimoramento, certo?
parágrafos, pois essa forma contempla bem o
→ 1. Todo bom escritor é, por excelência, bom leitor. desenvolvimento de todas as partes que compõem a
Quando lemos, assimilamos novas ideias e redação, ou seja, introdução, desenvolvimento e
percebemos o funcionamento da língua na prática. conclusão;
Embora as gramáticas apresentem as regras para uma
6. A objetividade é um fator que conta muitos pontos
escrita correta, nem sempre mostram as reais
a seu favor. Evite rodeios, vá direto ao assunto,
situações de uso, que serão encontradas apenas em
optando por uma linguagem mais incisiva e enxuta.
textos dos mais diversos gêneros. Portanto, ler é o
Chavões e clichês são considerados termos
melhor aprendizado para quem estuda os mecanismos
desnecessários, por isso, evite-os;
da língua, seja ela qual for;

→ 7. Respeite a forma da redação, isto é, obedeça às


→ 2. Treine a escrita, pois a prática faz o bom
margens e faça o recuo correto dos parágrafos, afinal
escritor. O aprendizado fica ainda mais fundamentado
de contas, eles são essenciais para mostrar ao seu
e solidificado quando temos alguém para nos orientar,
leitor que um novo bloco de ideias será iniciado.
portanto, escreva muito, mas sempre que possível
Fique atento também à letra, se não houver restrições
solicite a correção de seus textos para alguém com
expressas no caderno de redação, prefira a letra de
conhecimento específico na área;
forma, pois geralmente são mais legíveis;
→ 3. Fique atento às instruções que são repassadas na
→ 8. O uso do título em uma redação nem sempre é
coletânea de textos para a composição da redação e
obrigatório, por isso fique atento às instruções. Caso
respeite o número mínimo e máximo de linhas. Cada
Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
pelos crimes da lei 9.307/96 por violar a marca e direito autoral com pena que podem chegar até 4 anos de reclusão. EDUCART CURSOS

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ele seja solicitado, deve ser uma frase nominal, breve
e não pontuada;

→ 9. Pontue suas orações com mais frequência.


Períodos longos podem tornar a leitura enfadonha e
deixar a escrita mais propensa a erros relacionados à
coerência e à coesão;

→ 10. Geralmente, a redação é a última atividade no


caderno de provas, o que não quer dizer que você
precise deixá-la para o final. Seu texto pode ser
responsável pela composição de até 60% da nota,
sendo assim, tente priorizá-lo. Caso opte pelo
rascunho, o que é aconselhável, fique atento quando
for passar a limpo, leia com cuidado para não
esquecer de nenhuma palavra ou frase.

As dicas aqui sugeridas podem ajudar você na


composição de uma boa redação. Porém, lembre-se:
não existe um manual a ser seguido e, infelizmente,
ainda não inventaram uma fórmula mágica que faz de
nós exímios escritores da noite para o dia. A
proficiência na modalidade escrita demanda tempo,
dedicação, muito treino e alguma inspiração,
portanto, bom trabalho e bons estudos!

Por.Luana.Castro
Graduada em Letras

Esse material possui propriedade intelectual (direito autoral) sendo sua distribuição ou comercialização indevida passível de responder
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