O Senhor nos dá vários exemplos bem específicos de como os antigos — Moisés e os profetas do Velho Testamento — ensinaram a obediência aos mandamentos de Deus e de como Ele, o Messias enviado dos céus, espera que os obedeçamos. Todas as vezes que Jesus menciona um dos mandamentos, ele inicia a frase nos lembrando a forma original que ele nos foi transmitido através do instrumento humano: “Ouvistes que foi dito…” [ηκούσατε ότι ερρέθη (ikúsate oti eréthi)] e logo a seguir ele assume a sua autoridade divina e introduz a correta interpretação da lei com as palavras: “Eu, porém, voz digo…” [εγώ δε λέγω υμίν (ego de lego imin)].
Como um Ser Onisciente, Deus Nunca Muda de
Opinião. Sua Lei é Imutável. Além do fato de que Jesus, sendo um com o Pai, é o único com autoridade para nos atualizar, ou corrigir, quanto à maneira como os mandamentos de Deus devem ser obedecidos, devemos também observar outras verdades importantes em relação à lei de Deus. Uma destas verdades é que o fato de Jesus nos corrigir não quer dizer de forma alguma que houve uma mudança de opinião por parte de Deus, pois Deus, sendo onisciente, nunca muda de opinião. A maneira que os antigos ensinavam a guarda dos mandamentos era a maneira que Deus permitiu que fosse até a chegada do Messias, e a razão da permissão nos foi dada pelo próprio Jesus: “Disse-lhes ele: Por causa da dureza de vossos corações…” (Mat 19:8). Ou seja, o Senhor na sua bondade para com a raça humana, tolerou uma obediência superficial da sua lei, pois sabia que enquanto o Espírito Santo não nos fosse enviado na sua totalidade e assim recebêssemos a capacidade de caminhar em santidade, não teríamos como observar a sua lei, a não ser na sua forma mais simples. Esta forma mais simples, é o que chamamos de “a letra da lei”. [Ezequiel 36:26,27] - 26Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. 27Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis. Deus Apenas dá Mandamentos Que Podem Ser Obedecidos A lei de Deus sempre é transmitida aos seres humanos em um nível proporcional à sua capacidade de obedecê-la. Ilustrações: Adão e Eva, os quais devido à sua completa inocência, receberam a forma da lei mais fácil possível: [Gen 2:16-17] - “Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Simples em quantidade (apenas um) e simples no conteúdo (não comer de uma determinada fruta). Infelizmente sabemos muito bem que apesar da extrema simplicidade da lei dada aos nossos pais, ainda assim foram desobedientes e optaram por ignorar as palavras do Criador e fazer aquilo que lhes parecia mais interessante.
O Homem Não Para de Inventar Novas Maneiras de
Pecar Depois da queda no Jardim do Éden e da invasão de Satanás e suas hostes no nosso planeta (Jó 1:7), o homem passou a maquinar todos os tipos de afrontas à perfeição do seu Criador, tornando-se necessário a introdução de novos mandamentos. O ser humano distancia cada vez mais da perfeição que um dia possuiu. Com o passar dos anos se distancia cada vez mais da simplicidade de Adão e Eva, mais o homem elabora novas maneiras de ofender a santidade do seu Criador e manchar a sua imagem. O homem não para de inventar novas maneiras de pecar contra Deus. Definitivamente estamos revivendo os dias de Noé: [Gen 6:5] - “Viu o Senhor que era grande a iniquidade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente”. E Jesus nos alertou que este seria um dos sinais de que se aproxima o seu retorno: [Mat 24:37] - “Pois como foi nos dias de Noé, assim será também na vinda do Filho do homem”. Todo o Homem é Consciente da Sua Condição de Pecador O homem não é mais inocente em relação ao pecado. Até a morte do Filho de Deus na cruz, os seres humanos ainda podiam argumentar uma certa ignorância quanto ao mundo espiritual. De fato, o próprio Jesus testificou desta verdade ao pedir a Deus que não considerasse as barbáries cometidas contra Ele: [Luc 23:34] - “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem”. Até o retorno de Jesus para o seu Pai, a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo, ainda não atuava na terra com todo o poder que atualmente Ele o faz, sobretudo o poder de convicção do erro (João 16:8). Ou seja, o homem nunca esteve tão a par da sua pecaminosidade como nos dias atuais. Ele pode pecar como nunca antes, mas também nunca se sentiu tão culpado como no presente.
Jesus Tornou os Mandamentos Mais Rigorosos
Porque Temos Mais Conhecimento e Poder Foi devido à sua própria presença entre nós, e a presença do Santo Espírito que seria enviado assim que retornasse para o Pai ( João 14:26), que o Senhor declarou que a partir de então a obediência aos mandamentos de Deus se tornaria mais rigorosa: [Mat 5:20] - “Pois eu vos digo que, se a vossa retidão [Gr. δικαιοσύνη (dikiosíne) s.f. retidão, justiça] não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”. Colocando em outras palavras, esta exigência de uma retidão superior para sermos salvos ocorreu porque ao aceitar Jesus como o nosso Salvador pessoal somos capacitados pelo Espírito Santo a obedecer toda a lei de Deus em um nível muito mais profundo, que é o espírito da lei. Sem o Espírito do Senhor, teríamos que contar com uma força que não possuímos, devido aos milhares de anos de pecados que carregamos nas nossas costas. Ao entender esta verdade, vemos então que o cumprimento superior da lei de Deus é impossível, mas, ao mesmo tempo, possível. O que determina a possibilidade de obediência é a presença ou não do Espírito de Deus na vida da pessoa: [Rom 8:9] - “Vós, porém, não sois controlados pela carne [Gr. σάρξ (sárks) s.f. carne; fig. ser humano, natureza humana], mas pelo Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós”. O Espírito da Lei A lei de Deus não é, e nunca foi baseada em meras obrigações, mas sim no amor. Todos os mandamentos de Deus têm como objetivo o bem das suas criaturas, este é o espírito da lei. Se o homem considera a lei de Deus apenas como uma série de regulamentos a serem observados com o objetivo de ser aprovado, então ele caiu no mesmo erro dos escribas e fariseus. Ele está se limitando à letra da lei e não ao seu espírito. A letra da lei é apenas a sua expressão, mas o espírito da lei é a sua essência. Observar apenas a letra levará o homem a todos os tipos de enganos e eventualmente à morte eterna, mas quando ele foca no seu espírito, ele passa a experimentar a vida inerente aos santos desejos de Deus, que são os seus mandamentos. [2Cor 3:6] - “o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”. [João 6:63] - “O espírito é o que vivifica, a carne [Gr. σάρξ (sárks)] para nada aproveita; as palavras [Gr. ρήμα (rima) s.n. palavra, ensino, mensagem, instrução] que eu vos tenho dito são espírito e são vida [Gr. ζωή (zoí) s.f. a vida por completo, alma e corpo]” (Ver também: Gal 5:25). Nesta fase no Sermão da Montanha, Jesus começa então a mostrar os dois aspectos da lei de Deus, o primeiro se limita à letra, ou de que forma ela foi transmitida e observada pelo povo de Deus no passado, até que o seu amado Filho fosse enviado para derramar a sua luz e abrir o entendimento dos escolhidos para o espírito da lei: [João 4:25-26] - “Replicou-lhe a mulher: Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo); quando ele vier há de nos explicar todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu sou ele, eu que falo contigo” (ver também: Luc 4:18; Isa 61:1).
A Letra da Lei e o Espírito da Lei: Um Exemplo
Ilustração: “letra da lei” e “espírito da lei”, pode parecer algo confuso para alguns, mas não precisa ser. Quando o departamento de transporte coloca placas de velocidade máxima nas estradas, digamos 80 Km/h, a letra da lei é que se os motoristas dirigirem acima desta velocidade serão punidos com uma multa. O espírito da lei, no entanto, é que se os motoristas dirigirem abaixo da velocidade indicada, acidentes serão evitados e vidas serão poupadas. Enquanto a letra da lei é direcionada mais para a punição que ocorrerá se for ignorada, o seu espírito foca nos benefícios que resultará se for obedecida.
O espírito da lei é, portanto, superior à letra da lei.
Quando o Espírito da Lei é Obedecido, a Letra da
Lei Deixa de Ser Necessária Outro ponto importante é que quando o espírito da lei é obedecido, a letra da lei deixa de ser necessária. Ilustração: Se todos os motoristas reconhecessem o perigo inerente de um automóvel, deixassem de ser egoístas, e saíssem de casa com o firme propósito de não causar nenhum sofrimento aos outros, certamente que as placas de velocidade máxima se tornariam cada vez mais desnecessárias, pois ao pegar as estradas as pessoas estariam o tempo todo preocupadas, não em chegar aos seus destinos o mais rápido possível, mas sim em dirigir de tal forma a não causar nenhum tipo de sofrimento aos seus irmãos (João 13:34; 1Jo 4:21). Jesus, ao nos ensinar a forma correta de guardar os mandamentos de Deus, tornou a lei, tal qual ela era até então observada, desnecessária ou obsoleta. O apóstolo Paulo explicou esta verdade da seguinte forma: [Rom 13:9-10] - “Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é a totalidade da lei”.
A Letra da Lei Não Elimina o Pecado. Ilustrando o
Apóstolo Paulo. No Sermão da Montanha Jesus ensina sobre as consequências da antiga obediência pela letra e da atual obediência pelo espírito. A obediência pelo espírito resulta em vidas salvas. Mas obediência que se apega à letra é que vidas são perdidas. Ou seja, da mesma forma que, apesar das placas de velocidade máxima nós humanos seguimos tendo acidentes fatais nas nossas estradas, assim também, apesar da existência dos mandamentos escritos seguimos tendo pessoas desobedientes que caminham rumo à morte eterna. Se não tivéssemos as placas ou os mandamentos, a situação seria pior. Ou seja, se ocorrem mortes não podemos culpar a lei — nem a dos governos e nem a de Deus — mas sim os homens, que mesmo sabendo o que deve ser feito, ainda assim não o faz. Foi isto o que o apóstolo Paulo quis dizer com as palavras: [1Tim 1:8-9] - “Sabemos, porém, que a lei [Gr. νόμος (nómos) s.m. sent.prim. lei; sent.sec. a Torá, cerimônias e tradições judaicas] é boa, se alguém corretamente a utiliza. Também sabemos que não se cria lei para quem é justo [Gr. δίκαιος (díkios) ad. justo, íntegro, aprovado, reto], mas para transgressores”.
Jesus Tornou Possível a Restauração Com o Pai.
Podemos Obedecer O Espírito da Lei No Sermão da Montanha Cristo nos ensinou uma nova maneira de viver muitas vezes superior àquela que até então as pessoas viviam; um estilo de vida que naturalmente leva o homem a se tornar íntimo com o seu Criador. [Mat 5:48] - “Portanto, sede vós perfeitos [Gr. τέλειος (télios) adj. perfeito, completo] como perfeito é o vosso Pai celeste”. A pergunta que surge naturalmente então é se algo assim é de fato possível. Sem Jesus, não, mas com Jesus, sim. Jesus não só tornou possível uma reconciliação com o Pai através do seu sacrifício expiatório — que é o ato de satisfazer a justiça divina frente ao pecado (1Tess 1:10) — como também tornou possível um viver em completa obediência ao espírito da lei, que é a obediência baseada no amor. Ao nascer, sofrer, morrer, ressuscitar, subir aos céus, e nos enviar o Espírito Santo, Jesus executou com precisão tudo o que era necessário para redimir (tomar de volta para Deus) aqueles que o Pai lhes deu: [João 17:6-7] - “Revelei o teu nome aos homens [Gr. άνθρωπος (ánthropos) s.m. homem, ser humano, pessoa] que do mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra, estilo de vida ímpio] me deste. Eram teus, e tu os deste a mim; e obedeceram [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à tua palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, verbo, relato]”. O que nos resta fazer então é nos incluir no grupo que pertence a Jesus, através da obediência a tudo aquilo que ouvimos de Deus, Pai e Filho: [João 14:21] - “Aquele que tem os meus mandamentos [Gr. εντολή (endolí) s.f. ordem, comando, regra, mandamento] e os guarda [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar], esse é o que me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar]; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei [Gr. εμφανίζω (enfanízo) v. revelar, aparecer, mostrar] a ele”. Jesus Não Veio Para Destruir ou Abolir, Mas Sim Completar a Lei de Deus Para que esse ponto ficasse bem claro, Jesus iniciou esta segunda parte do Sermão da Montanha com o devido esclarecimento: [Mat 5:17-20] - “Não suponhas [Gr. νομίζω (nomízo) v. aceitar como regra, ter como costume, supor] que vim destruir [Gr. καταλύω (katalío) v. destruir, por abaixo, dissolver] a lei ou os profetas [Gr. τον νόμον ή τους προφήτας (ton nómon i tu profítas) Lit. a lei ou os profetas]; não vim destruir, mas completar [Gr. πληρόω (pliro) v. completar, encher, lotar]. Porque em verdade vos digo que, até que o céu [Gr. ουρανός (uranós) s.m. céu] e a terra [Gr. γη (yí) s.f. terra] passem [Gr. παρέρχομαι (parer-rrome) v. passar, acabar, encerrar, desparecer], de modo nenhum passará da lei nem um jota nem um til, até que tudo seja cumprido [Gr. γίνομαι (guinome) v. cumprir, acabar, encerrar]. Qualquer, pois, que relaxar [Gr. λύω (lío) v. relaxar, enfraquecer, pegar leve, desconsiderar, afrouxar] em um destes mandamentos [Gr. εντολή (endolí) s.f. ordem, comando, regra, mandamento], por menor que seja, e assim ensinar [Gr. διδάσκω (didásko) v. ensinar, instruir, explicar] aos homens, será chamado o menor [Gr. ελάχιστος (elárristos) adj. menor em importância] no reino dos céus [Gr. βασίλειο των ουρανών (vasílio ton uranón) exp.idio. Reino dos Céus]; aquele, porém, que os cumprir [Gr. ποιέω (pieó) v. fazer, atuar, obedecer, praticar, executar] e ensinar será chamado grande [Gr. μέγας (megas) adj. grande, digno] no reino dos céus. Pois eu vos digo que, se a vossa retidão [Gr. δικαιοσύνη (dikiosíne) s.f. retidão, justiça] não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus [Gr. βασιλειο των ουρανων (vasílio ton uranón) Reino dos Céus]”.
[Mat 23:31-33] - “Assim, vós testemunhais contra vós mesmos que
sois filhos daqueles que mataram os profetas. Enchei [πληρόω (pliro)] vós, pois, a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?”. Ou seja, os líderes judeus completaram aquilo que os seus antepassados iniciaram. ⇒ Jesus, ao nos corrigir; ao nos esclarecer quanto à correta forma de guardar os mandamentos de Deus; e ao nos enviar o Espírito Santo, completou aquilo que Moisés e os profetas do passado ensinaram aos “antigos”, que é educar e capacitar o povo de Deus à obediência.
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[Mat 13:47-48] - “Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma
rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes. E, quando cheia [πληρόω (pliro)], puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora”. Ou seja, a rede ficou cheia por completo, já não era possível adicionar mais peixes pois não tinha espaço disponível. ⇒ Através das suas palavras, da sua vida exemplar, e do envio do Espírito Santo, Jesus preencheu todas as lacunas existentes. Não restou nenhum empecilho, seja conhecimento ou habilidade, que bloqueie a obediência da santa lei de Deus por qualquer ser humano que queira de fato agradar ao Senhor.
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[João 12:3] - “Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de
nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se [πληρόω (pliro)] a casa do cheiro do bálsamo”. Ou seja, o perfume era tão forte que não havia lugar na casa no qual o seu aroma não alcançou. ⇒ A vida exemplar de Jesus e os seus vários ensinos, ocupou todo o espaço possível no universo com o conhecimento da santa lei de Deus. Já não existe ignorância sobre como a lei de Deus deverá ser obedecida para herdarmos o Reino dos Céus. No juízo final ninguém poderá argumentar que desobedeceu aos mandamentos de Deus porque estava desinformado. O verdadeiro motivo da sua desobediência será revelado.
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[João 16:23-24] - “Em verdade, em verdade vos digo que tudo
quanto pedirdes ao Pai, ele vo-lo concederá em meu nome. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que a vossa felicidade seja completa [πληρόω (pliro)]”. Ou seja, se nos falta algo para sermos completamente felizes, Deus nos dará aquilo que falta. ⇒ Jesus supriu tudo o que faltava: exemplo, conhecimento e poder, para que a lei de Deus possa ser cumprida por todos nós.
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[Mat 8:16-17] - “Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos
endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos; para que se realizasse [πληρόω (pliro)] o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças”. Ou seja, a profecia já existia e as pessoas tinham o conhecimento dela, mas a sua realização apenas ocorreu com os milagres do Messias. ⇒ Por séculos o povo de Deus já sabia que o Senhor deu ao ser humano os seus santos mandamentos para serem observados, mas apenas após Jesus nos ensinar e nos enviar o Espírito Santo, adquirimos o correto conhecimento e a capacidade para assim realizar o propósito de Deus para os seus escolhidos aqui na terra, que é uma vida em completa obediência à sua santa lei.
SÉRIE: O SERMÃO DA MONTANHA: ESTUDO Nº
21: OS MANDAMENTOS DE DEUS: A RELIGIÃO DE HOMENS
Mateus 5:20 Estudo Teológico Nº 21
Neste estudo encerramos mais uma parte dos ensinos de Jesus na longa série sobre o Sermão da Montanha. Na sua função de Rabino, Jesus inicialmente esclareceu para os seus alunos [Gr. μαθητής (mathitís) s.m. aprendiz, discípulo, aluno, seguidor] qual é o verdadeiro objetivo do Messias em relação à lei de Deus: [Mat 5:17] - “Não suponhas [Gr. νομίζω (nomízo) v. aceitar como regra, ter como costume, supor] que vim destruir [Gr. καταλύω (katalío) v. destruir, por abaixo, dissolver] a lei ou os profetas [Gr. τον νόμον ή τους προφήτας (ton nómon i tu profítas) Lit. a lei ou os profetas]; não vim destruir, mas completar [Gr. πληρόω (pliro) v. completar, encher, lotar]”. [Acesse estudo sobre este verso] e agora o Senhor encerra esta aula inicial comparando a retidão externa e cheia de hipocrisia que os escribas e fariseus demonstravam com a verdadeira retidão exigida pelo Pai para que assim todos possamos obter a salvação e herdar o Reino: “Pois eu vos digo que, se a vossa retidão [Gr. δικαιοσύνη (dikiosíne) s.f. retidão, justiça] não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus [Gr. βασίλειο των ουρανών (vasílio ton uranón) exp.idio. Reino dos Céus]” (Mat 5:20). Esta é uma outra frase de Jesus que causa grande desconforto para os cristãos amantes deste mundo, uma vez que não existe a menor dúvida que Jesus espera que haja, não apenas retidão, mas um alto nível de retidão, naqueles que querem se salvar e serem recebidos no Reino dos Céus.
A Letra da Lei e o Espírito da Lei
A partir do próximo estudo, veremos que Jesus mencionará vários mandamentos contidos no Velho Testamento — seis para ser exato — contrastando a forma que cada um foi obedecido pelo povo de Deus desde os dias de Moisés e dos profetas (os antigos), com a maneira que Deus espera que os seguidores do Messias os observem. Esta diferença de perspectiva é o que chamamos de “a letra da lei [το γράμμα του νόμου (to grama tu nomu)]” versus “o espírito da lei [το πνεύμα του νόμου (to pnevma tu nomu)]”. Abordaremos esta diferença em profundidade, começando no estudo seguinte, mas por agora, queremos apenas dizer que enquanto a letra da lei se limita à consumação do pecado, o espírito da lei foca na sua raiz; enquanto a obediência pela letra se apoia na punição, a obediência pelo espírito se baseia no amor; amor a Deus e ao próximo (Mat 22:37-39). O que Jesus espera de nós é que, como pessoas abençoadas com a presença do Espírito Santo que Ele já nos enviou (João 14:16), e, portanto, plenamente capacitados, nos portemos como verdadeiros cidadãos do Reino, vivendo de acordo, não com a letra da lei, mas com o seu espírito. Se verdadeiramente — e não só de palavras — amamos ao nosso Criador e uns aos outros, estaremos consequentemente obedecendo toda a lei de Deus, Pai e Filho. Foi isso o que o apóstolo Paulo quis dizer quando nos escreveu: “Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é a totalidade da lei” (Rom 13:9-10). Jesus Nos Diz Que se Nós Mesmos Não Formos Retos Não Seremos Salvos Mas, voltando ao assunto deste estudo, que é a retidão dos escolhidos do Senhor. Devo aqui esclarecer que o original grego não deixa nenhum espaço para aqueles que argumentam que basta a retidão de Jesus para se obter a graça da salvação, e de que Deus não espera, e de fato até rejeita (pasmem), qualquer retidão que venha dos seus filhos. Neste verso, o nosso amado Mestre especificamente se referiu à retidão dos discípulos [Gr. υμών η δικαιοσύνη (imon i dikiosíne) a vossa retidão], e não: [Gr. δικαιοσύνη μου (dikiosíne mu) minha retidão]. Esta verdade não deve de forma alguma surpreender a ninguém, pois as Escrituras estão repletas de passagens semelhantes: “O Senhor julga os povos; julga-me, Senhor, de acordo com a minha retidão e conforme a integridade que há em mim” (Sal 7:8. Ver também Sal 18:20; Sal 18:24; Sal 23:3; Sal 40:9; Sal 119:121; Isa 51:1; Isa 51:7; Sof 2:3; Mat 6:33; Mat 21:32; Luc 1:75). O apóstolo Pedro, que andou fisicamente com Jesus por cerca de três anos e aprendeu o evangelho diretamente dos seus lábios, também foi bem claro que Deus espera que os seus servos possuem, eles mesmos, uma retidão que seja aceitável ao Senhor: “Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica a retidão” (Atos 10:34-35). De novo, notemos que Pedro não disse que Deus aceita aquele que possui ou depende da retidão de Jesus, mas sim aquele que pratica ele mesmo a retidão. Esta verdade se percebe de forma ainda mais clara quando a lemos no seu original: [Gr. εργαζόμενος δικαιοσύνην δεκτος αυτω εστίν (ergazomenos dikiosínin dektos afto estin) Lit. trabalhando a retidão aceitável a Ele está], sendo que o verbo usado pelo apóstolo e normalmente traduzido como “praticar” em português [εργάζομαι (ergazome)], possui também o significado de trabalhar, estar na ativa, levar adiante, executar ou realizar. Todos esses são termos que denotam um ato pessoal, no físico, e definitivamente não uma atitude passiva e dependente da atuação de uma outra pessoa. Tanto o Deus Pai, como o nosso amado Jesus, esperam que nos beneficiemos do Espírito Santo que o Filho pediu que nos fosse enviado (João 14:16) e caminhemos em completa retidão enquanto estivermos morando neste vale de lágrimas que é a terra. Argumentar e ensinar aos sedentos de Deus que o Senhor não se interessa pela nossa própria retidão é um abuso imperdoável das verdades do evangelho de Cristo; uma mentira diabólica e sem o menor respaldo, nem nos profetas do Senhor, e mais importante, sem nenhuma base nas palavras do nosso querido Salvador, que é o único porta-voz enviado diretamente dos céus: “Eis que uma nuvem brilhante [Gr. φωτεινός (fotinós) adj. cheio de luz, brilhante] os cobriu [Gr. επισκιάζω (episkiázo) v. lançar sombra, obscurecer]; e dela saiu uma voz [Gr. φωνή (foní) s.f. voz, som] que dizia: Este é o meu Filho amado [Gr. υιός μου ο αγαπητός (yiós mu o agapitós) Lit. Filho meu, o amado], em quem me deleito [Gr. ευδοκέω (idokéo) v. estar satisfeito com, se deleitar em, ter prazer em]; escutem [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] o que ele diz!” (Mat 17:5. Ver também: João 12:48-50. Comparar com Exo 20:19).
O Que Jesus Realmente Disse Sobre os Fariseus e a
Lei de Deus no Sermão do Monte Os líderes religiosos que Jesus menciona no Sermão do Monte não praticavam a retidão de Deus. Toda a religiosidade que eles faziam questão de exibir não passava de atos externos e sem conteúdo, feitos somente para impressionar o povo e assim fazer com que as multidões os vissem como verdadeiros representantes de Deus aqui na terra: “vós exteriormente pareceis retos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de falta da lei [υποκρίσεως και ανομίας (ipokríseos ke anomías)]” (Mat 23:28). É interessante que Jesus acusa os escribas e fariseus de terem dentro de si uma atitude frente a lei de Deus exatamente oposta àquela que tantos entre os nossos líderes ensinam. Muitos pregam erroneamente que o grande pecado dos fariseus era que eles focavam demais na lei de Deus, eram legalistas e, portanto, Jesus os desaprovava. O adjetivo usado várias vezes por Jesus em relação aos fariseus [ανομίας], no entanto, significa a ausência da lei: a letra “a” (prefixo grego de negação) + “nomias” (leis), portanto anomias [ανομίας] quer dizer: sem leis. A tradução desta palavra como iniquidade, maldade ou pecado, como se vê em várias Bíblias em português e espanhol (NVIport, ARC, NVT, TAR, NAA, ARA, NTLH, TB2010, BJport, RVA, NVIe sp, NTV, LBLA, RVA2015, BJesp), não expressa corretamente o verdadeiro significado daquilo que Jesus disse sobre os fariseus. Os fariseus não eram cheios da lei de Deus, mas sim vazios. Em tempo, no inglês, muitas versões respeitadas, como a ESV, LEB, NET, ISV, NLT, NKJV, CSB, NRSV, NJB e a AMP, corretamente traduziram “anomias” como [lawlessness], o que significa: sem lei. Já de Muito Tempo o Povo de Deus Negligencia a Retidão Que o Senhor Espera de Todos Nós Escrevendo cerca de oito séculos antes do Sermão da Montanha e usando de palavras bem semelhantes às de Jesus, Isaías já expressava com tristeza que os judeus não viviam a retidão que Deus espera do seu povo em geral e dos seus líderes em particular. Ele via que os muitos sofrimentos da nação eram o resultado direto de um viver onde a verdadeira retidão era negligenciada e toda a religiosidade demonstrada eram preceitos humanos. Nenhuma salvação ocorreria sem um viver reto perante Deus: “Tu sais ao encontro daquele que, com alegria, pratica a retidão [Heb. צדק (tsedek) s.m. retidão, justo, correto], daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque pecamos; há muito tempo temos estado em pecados [Heb. ( חטאrret) v. pecar]; acaso seremos salvos [Heb. ( ישעyashé) v. salvar, ser salvo, ser libertado]?” (Isa 64:5). E logo a seguir, no versículo seguinte, o profeta admite que aquilo que entendiam como retidão estava muito longe do que Deus espera do seu povo: “Pois todos nós somos como o imundo, e toda a nossa retidão [Heb. ( צדקהtsedaká) s.f. retidão, atos justos] como trapo de imundícia” (Isa 64:6). A religião dos escribas e fariseus era de fato uma religião de homens, e não de Deus, pois o verdadeiro adorador do Senhor ama tudo aquilo que procede de Deus e tem como o seu mais alto alvo viver de acordo com as suas instruções. De fato, o fiel servo do Senhor se alimenta das suas santas palavras, conforme Jesus nos ensinou ao citar Moisés: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mat 4:4. Ver também Deut 8:3). Esta contínua dependência do homem da palavra que vem do Pai, para que possa viver (João 5:40; 10:10), foi ensinada de uma forma ainda mais clara quando Jesus a aplicou à sua própria vida: “Disse-lhes Jesus: A minha comida [Gr. βρώμα (vroma) s.n. comida] é fazer [Gr. ποιέω (pieó) v. fazer, atuar, obedecer, praticar, executar] a vontade [Gr. θέλημα (thélima) s.n. desejo, propósito, vontade] daquele que me enviou, e completar [Gr. τελέω (teléo) v. terminar, completar] a sua obra [Gr. έργον (érgon) s.n. ação, ato, ocupação, obra]” (João 4:34).
Quem São os Fariseus dos Nossos Dias
Os escribas e fariseus não mais existem, mas a sua religião, uma religião cheia de ensinos de homens, continua firme e forte até os nossos dias: “Hipócritas! [Gr. υποκριτής (ipocrités) s.m. hipócritas, atores] Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: ‘Este povo [Gr. λαός (laós) s.m. povo, nação, multidão] me honra [Gr. τιμάω (timáo) v. honrar, estimar, valorizar] com os lábios [Gr. στόμα (stóma) s.n. boca, conversa, lábios, palavras]; o seu coração [Gr. Καρδία (kardía) s.f. coração; fig. inclinação e desejos do homem], porém, está longe [Gr. πόρρω (póro) adv. distante, longe] de mim. Em vão me adoram [Gr. σέβω (sébo) v. adorar, venerar], ensinando doutrinas [Gr. διδασκαλια (didaskalia) s.f. ensino, doutrina, instrução] que são preceitos de homem [Gr. εντάλματα ανθρώπων (entalmata anthropon) mandamentos de homens]’” (Mat 15:7-9. Ver também: Isa 29:13)”. Mas alguém perguntará: qual é a religião que consiste de preceitos de homens? A religião puramente de homens é aquela que não vive e não ensina, nem as palavras de obediência do Pai e nem as do seu Filho, Jesus: “Aquele que tem os meus mandamentos [Gr. εντολή (endolí) s.f. ordem, comando, regra, mandamento] e os guarda [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar], esse é o que me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar]; e aquele que me ama será amado de meu Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai], e eu o amarei, e me manifestarei [Gr. εμφανίζω (enfanízo) v. revelar, aparecer, mostrar] a ele” (João 14:21); “abençoados [Gr. μακάριος (makários) adj. bem-aventurado, abençoado, bênçãos, feliz] são os que ouvem [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] a palavra de Deus e a guardam [Gr. φυλάσσω (filásso) v. guardar, estar atento, observar]” (Luc 11:28). Qualquer igreja que não prega a obediência a tudo aquilo que saiu dos lábios do Senhor está pregando algo de invenção humana: “E eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põe em prática” (Eze 33:31).
Nunca Questione se Deve ou Não Obedecer Aos
Mandamentos de Deus. Sempre Obedeça! Toda a lei de Deus, Pai e Filho, é eterna e nos foi dada para ser obedecida sem reclamação, sem questionamentos e sem atraso. Assim que o cristão começa a questionar se deve ou não obedecer à Deus ele já iniciou o processo de distanciamento da presença do Senhor. Quanto mais ele questiona a obediência mais ele se distancia. As dúvidas quanto à obediência a Deus nunca procedem, e nem poderiam proceder, do Espírito Santo. No instante que o cristão começa uma discussão interna sobre a obediência aos mandamentos de Deus ele pode ter certeza absoluta que aquele é o instante em que se iniciou um ataque satânico contra ele. Isto foi exatamente o que ocorreu com os nossos pais no Éden: “Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu” (Gen 3:6). Se Eva tivesse valorizado o claro mandamento de Deus sobre aquela árvore, e tivesse fugido imediatamente, assim que ouviu a voz da serpente sugerindo um prazer contrário às instruções do seu Criador, nós não estaríamos na situação triste em que nos encontramos. Ela, no entanto, ponderou sobre o argumento do inimigo; questionou a lei de Deus e duvidou se de fato teria que levar as palavras do Senhor tão a sério, principalmente em se tratando de algo tão pequeno como o comer ou não de uma das muitas frutas do jardim. Infeliz é o homem que para e considera a voz da serpente. A voz da serpente é sempre agradável aos ouvidos do homem e quanto mais ele lhe dá atenção, mais ele se encanta e mais ele quer ouvir aquilo que ela tem a dizer. Feliz é o homem que aprendeu a fugir assim que ouve o primeiro som que sai da boca de Satanás (1Tim 6:11; 2Tim 2:22).
Os Preceitos de Homens e a Hipocrisia
A religião que consiste de preceitos de homens a que Jesus se refere gera hipócritas, pois enquanto os seus adeptos professam amar a Deus eles pisam friamente em uma das coisas mais preciosas para o Senhor que são os seus mandamentos (Mar 7:13). É como o homem que com o celular na mão esquerda declara o seu amor incondicional à esposa, enquanto com a direita, ele acaricia os cabelos da amante. Dizer que ama ao Pai e ao Filho não é nada, a menos que junto à declaração de amor exista também a obediência incondicional à tudo aquilo que saiu da sua boca: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Luc 11:28).
Os Escribas e Fariseus Não Amavam a Deus, Mas a
si Mesmos Queridos, enquanto pesquisava para este estudo do Sermão da Montanha, me deparei com inúmeros teólogos que têm a ousadia de afirmar que ao nos dizer que temos que ter uma retidão superior à dos escribas e fariseus para entrarmos no Reino dos céus, Jesus intencionalmente nos pediu por algo impossível. Estes teólogos argumentam erroneamente que em se tratando de obediência à lei de Deus os religiosos do templo eram profissionais e nós somos meros amadores, e se os escribas e fariseus não conseguiam agradar a Deus com a sua “retidão” então é perda de tempo para o cristão procurar uma vida reta e santa imaginando assim satisfazer os desejos de Deus (Mat 5:48; 1Pe 1:16). Olhem o absurdo irmãos. Primeiro, conforme já demonstrei em um outro estudo, nem Deus pai, nem o seu Filho, jamais nos pede por algo impossível de ser feito [Acessar estudo sobre quem consegue obedecer a lei de Deus]. Segundo, os escribas e fariseus apenas aparentavam amor a Deus e aos seus mandamentos, mas na realidade eram amantes de si mesmos. Assim como tantos líderes dos nossos dias, eles estavam defendendo os seus próprios interesses, como podemos ver nesta repreensão de Jesus: “Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou. Cegos! Qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?” (Mat 23:18-19).
Não Existe a Graça da Salvação Para o Homem
Desobediente Amados, fechando mais um importante bloco nesta longa série sobre o Sermão da Montanha, deixe-me deixar bem claro que não existe salvação sem a cruz. A única maneira que o homem no passado, no presente e no futuro, encontra perdão pelos seus pecados e se vê justificado perante o Pai é através do precioso sangue do Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo: Jesus (Isa 53:7; João 1:29; Efe 2:13; 1Pe 1:18-19). A cruz de Cristo é a base do cristianismo. O indivíduo que procurar obter a salvação sem a cruz, estará rejeitando o plano de salvação estabelecido pelo Criador e seguindo em um caminho que o levará à morte eterna (João 14:6). Que fique bem claro também, que o sangue do Filho unigênito de Deus não é aplicado a todos, e de uma forma frívola e barata (1Co 6:20), sem que haja qualquer requerimento por parte do Senhor, conforme frequentemente se ensina nas nossas igrejas mundanas. Mas o sangue é aplicado sim, tão somente àqueles que se arrependeram (Mat 4:17; Atos 3:19); se entregaram por completo à Jesus (Mat 10:37; Luc 14:26); e se dedicaram a uma vida de completa obediência à sua santa lei (1Jo 2:5-6). Não existe salvação para aqueles que deliberadamente rejeitam os mandamentos do Senhor: “Quem crê [Gr. πιστεύω (pistévo) v. crer, confiar, estar persuadido] no Filho tem a vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιον (zoin eônion) vida eterna]; o que, porém, desobedece [Gr. απειθέω (apithéo) v. desobedecer, recusar cumprir algo] ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece [Gr. μένω (mêno) v. morar, permanecer, reter, continuar, persistir] a ira [Gr. οργή (oryí) s.f. sent.prim. ira, raiva, indignação; sent.sec. punição, justiça] de Deus” (João 3:36).