Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ohana França
Orientador
Profo. Dr Amarildo Salina Ruiz
Co-orientadora
Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar de Sousa
CUIABÁ
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
REITORIA
Reitora
Vice-Reitor
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Pró-Reitora
Diretor
Chefe
Coordenador
Vice-Coordenador
ii
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N° 46
Ohana Franca
Orientador
Profo. Dr Amarildo Salina Ruiz
Co-orientadora
Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar de Sousa
CUIABÁ
2014
iii
iv
GRANITO MORRINHOS – MAGMATISMO DA SUÍTE
INTRUSIVA PENSAMIENTO – TERENO PARAGUÁ –
SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Profo. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Orientador (UFMT)
_______________________________________
Profa. Dra. Ana Cláudia Dantas Costa
Examinadora Interna (UFMT)
_______________________________________
Profo. Dr. Gerardo Ramiro Matos Salinas
Examinador Externo (UMSA-La Paz)
v
Dedicatória
vi
Agradecimentos
Embora esta dissertação seja individual, pela sua natureza acadêmica, não posso deixar de
expressar os meus sinceros agradecimentos a algumas pessoas que estiveram muito próximas neste
percurso, contribuindo sobremaneira para a construção deste trabalho.
Agradeço imensamente ao Profº. Dr. Amarildo Salina Ruiz e a Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar
pelo convite e incentivo a realizar esse trabalho, por serem compreensivos com meus limites, por todo
o aprendizado que me passaram, regado ao constante apoio, dedicação, paciência e excelentes
supervisões. À Msc. Maria Elisa Fróes Batata que sempre esteve presente, nunca se negando a dividir
seus conhecimentos, e que, com a sua clareza simples, generosidade imensurável, torna as coisas tão
fáceis e palpáveis;
Gostaria de ressaltar minha enorme admiração por estas três pessoas, que mais que professores,
são amigos que quero guardar com carinho, pois sei que para me orientar despenderam o seu precioso
tempo, mesmo em horas críticas de saúde familiar ou de compromissos particulares;
Agradeço aos que me ajudaram na descrição petrográfica, na confecção dos mapas, na utilização
de alguns softwares, bem como todo apoio e companheirismo durante essa etapa: Cinthya de Deus
Souza, Gabriela dos Santos, Antônio David Passos Corrêa, Rafael Cabrera, Flávia Regina dos Santos,
Regiane Oliveira e Kamila Gomes Fernandes. Também sou muito grata a todos os professores da
graduação e pós-graduação que embasaram a construção de meus conhecimentos geológicos ao longo
desses 7 (sete) anos, e aos membros da banca examinadora, pelas contribuições que certamente virão;
Ao meu companheiro Felix Huber, minha gratidão por permanecer ao meu lado, quando
possível, pelo cuidado, compreensão e imensa paciência que dedicou a mim nessa etapa das nossas vidas
(por que não houve como não envolvê-lo ao máximo);
Por fim agradeço imensamente a minha mãe Rose e a meu irmão Krivan, meu muito obrigada
a vocês que são a minha base, pessoas que tanto amo e apoiam minhas escolhas.
vii
Sumário
AGRADECIMENTOS……………………………………………………………………………… vii
SUMÁRIO…………………………………………………………………………………………... viii
LISTA DE FIGURAS………………………………………………………………………………… x
LISTA DE TABELAS………………………………………………………………………………. xii
LISTA DE ANEXOS……………………………………………………………………………….. xiii
RESUMO…………………………………………………………………………………………..... xiv
ABSTRACT………………………………………………………………………………………...... vx
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO………………………………………………………………………1
I.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA ..................................................................................................... 1
I.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................................................. 1
I.3. OBJETIVOS ................................................................................................................................... 2
I.4. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ...................................................................................... 2
I.5. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... 3
I.5.1. Etapa Preliminar ........................................................................................................................... 3
I.5.2. Etapa de Aquisição de Dados ....................................................................................................... 4
I.5.2.1. TRABALHO DE CAMPO...............................................................................................……. 4
I.5.2.2. TRABALHO DE LABORATÓRIO........................................................................................... 6
I.5.2.2.1. Análises Petrográficas ..................................................................................................... 6
I.5.2.2.2. Análises Litogeoquímicas ................................................................................................ 6
I.5.2.2.3. Análises Geocronológicas ............................................................................................... 6
I.5.3. Etapa de Tratamento e Interpretação dos Dados........................................................................... 8
I.5.4. Etapa de Elaboração e Apresentação da Dissertação .................................................................... 8
I.6. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL .................................................................................. 9
I.6.1. Cráton Amazônico ........................................................................................................................ 9
I.2.2. Sudoeste do Cráton Amazônico .................................................................................................. 13
I.2.2.1. PROVÍNCIA RONDONIANA-SAN IGNÁCIO ..................................................................... 13
I.2.2.1.1. Terreno Jauru ................................................................................................................ 16
I.2.2.1.2. Terreno Rio Alegre ........................................................................................................ 17
I.2.2.1.3. Faixa Alto Guaporé ....................................................................................................... 17
I.2.2.1.4. Terreno Paraguá ........................................................................................................... 18
I.2.2. PROVÍNCIA SUNSÁS-AGUAPEÍ............................................................................................ 28
I.2.2.1. Grupo Aguapeí (Mato Grosso e Oriente Boliviano) ........................................................ 28
I.2.3. Formação Guaporé.................................................................................................................. 29
CAPÍTULO II - ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS…. 30
viii
RESUMO. ............................................................................................................................................ 30
ABSTRACT. ........................................................................................................................................ 30
II. 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 31
II.2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ............................................................................... 31
II.3. ASPECTOS DE CAMPO E PETROGRÁFICOS DO GRANITO MORRINHOS .............. 34
II.4. ASPECTOS DEFORMACIONAIS ........................................................................................... 39
II.5. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA.................................................................................... 40
II.6. ANÁLISE GEOCRONOLÓGICA (U-Pb SHRIMP) E ISOTÓPICA (Sm-Nd) .................... 46
II.6.1. Análise U-Pb em Zircão (SHRIMP) .......................................................................................... 47
II.6.2. Análise Isotópica Sm-Nd ........................................................................................................... 49
II.7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 50
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................ 51
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 51
CAPÍTULO III - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES................................................... 53
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................. 55
ANEXO 1............................................................................................................................................. 60
ix
Lista de Figuras
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Figura I.1. Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo……………………………………..3
Figura I.2. Mapa de localização de afloramentos descritos, com identificação das amostras com análises
geocronológicas……………………………………………………………………………………..5
Figura I.3. Distribuição das províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Tassinari & Macambira
2004)……………………………………………………………………………………………….10
Figura I.4 Províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Extraído de Santos et al. 2008)………11
Figura I.5. Compartimentação geocronológica do Cráton Amazônico considerando o Maciço Rio Apa
como seu extremo meridional do Cráton Amazônico (Extraído de Ruiz 2005)……………………12
Figura I.6. (A) Mapa Tectônico da Província Rondoniana-San Ignácio, sudoeste do Cráton Amazônico;
(B) Principais Províncias do Cráton Amazônico (após Cordani & Teixeira 2007). Extraído e
modificado de Bettencourt et al. (2010)……………………………………………………………15
Figura I.7. (A) Mapa de integração dos granitóides do Complexo Granitóide Pensamiento/ Suíte
Intrusiva Pensamiento baseados em Litherland et al. 1986 e Bettencourt et al. (2010)……………..23
x
Figura II.7. Fotomicrografia das rochas do GM ilustrando a foliação S1 dada pela orientação
preferencial dos minerais placóides e prismáticos. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados à
direita………………………………………………………………………………………………39
Figura II.8. Relação de corte entre a foliação S1 (xistosidade) e as faixas de cisalhamento dúctil (S2)
paralelas às dobras D2………………………………………………………………………………40
Figura II.9. Diagramas de Harker (1909): variação de SiO2 versus óxidos (% em peso), e elementos
maiores e menores (ppm) para as rochas do GM…………………………………………………...42
Figura II.10. Diagramas de Classificação Geoquímica para as rochas do GM: (A) Total de álcalis versus
sílica (Le Bas 1986), (B) R1 versus R2 (La Roche et al. 1980) e (C) Q-P (Debon & Le Fort 1983)...43
Figura II.11. Diagramas classificatórios das séries magmáticas para as rochas do GM: (A) Total de
álcalis e CaO versus sílica (Peacock 1931), (B) A/CNK versus A/NK (Maniar & Piccoli, 1989) e
(C) FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2 (Frost et al. 2001)…………………………………………….44
Figura II.12. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM nos diagramas propostos por
Whalen et al. (1987)………………………………………………………………………………..45
Figura II.13. Diagramas de elementos traço para o GM: (A) Hf-Rb-Ta (Harris et al. 1986) e (B) Rb
versus Y+Nb (Pearce et al. 1996)………………………………………………………………….45
Figura II.14. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM no diagrama: (A) Rb/Nb versus
Y/Nb e (B) Y–Nb–3*Ga (Eby 1992)………………………………………………………………46
Figura II.15. Padrões de distribuição das rochas do GM nos diagramas: (A) ETR, normalizados pelos
valores condríticos (Nakamura 1977) e (B) elementos traço e K2O, normalizados pelos valores dos
granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984)………………………………………46
Figura II.16. Imagem de catadoluminescência de cristais de zircão (A) FC-22B 1.1, (B) FC-22B 2.1,
(C) FC-22B 3.1, (D) FC-22B 4.1, (E) FC-22B 5.1, (F) FC-22B 6.1, (G) FC-22B 7.1, (H) FC-22B
9.1, (I) FC-22B 10.1, (J) FC-22B 11.1. A imagem indica também os pontos de impacto do feixe
iônico………………………………………………………………………………………………48
Figura II.17. Diagrama concórdia U/Pb (SHRIMP) da amostra FC-22B, do GM mostra a idade
Concórdia de 1350 ± 12 Ma, interpretada como a idade de cristalização………………………….49
Figura II.18. Esquema evolutivo do Terreno Paraguá com ênfase na Orogenia San Ignácio…………50
xi
Lista de Tabelas
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Tabela I.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte
Intrusiva Pensamiento. De maneira que (B) indica análises em cristais de biotita, (M) em muscovita,
(Z) em zircão e (RT) em rocha total...................................................................................................27
xii
Lista de Anexos
xiii
Resumo
xiv
Abstract
This work presents the geologic, petrological, and geochronological data of Morrinhos Granite
belonging to Pensamiento Intrusive Suite, located in the areas of Paraguá Terrain, southwestern portion
of the Amazonian Craton. Geological mapping allowed the identification of two facies in Morrinhos
Granite, which are: Hornblende-biotite granodiorite e Biotite monzogranite, the first of which
predominates in areal extent. The first facies is characterized by leucocratic rocks, light gray, consisting
of quartz, plagioclase, alkali feldspar, biotite and hornblende, unlike facies Biotite monzogranite, that is
consisting of pinkish gray leucocratic rocks, with biotite as the only mafic essential. Both
metamorphosed at greenschist facies. Chemically, these rock types characterize an acid sequence formed
by sub alkaline magmatism, alkali-calcic metaluminous to slightly peraluminous type with some
features A-type granites as standard evolved through fractional crystallization mechanisms. Structural
data show two phases of deformation represented by the schistosity (S1) and cleavage crenulation (S2)
with preferential attitude, respectively, 220 /80 and 350/85, both probably related to San Ignácio
Orogeny. Geochronological determination obtained by the U-Pb (SHRIMP) and isotope geochemistry
(Sm-Nd) of these rocks indicate, respectively, crystallization age 1350 ± 12 Ma, T DM around 1.77 Ga
and negative value for εNd(1.35) of -2.57.The results obtained suggest that the Morrinhos Granite has
been generated in a continental magmatic arc during the post colisional stage of San Ignacio Orogeny
and allow to recognizes as an extension of Pensamiento Intrusive Suite.
xv
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
A área estudada situa-se nas proximidades da Vila Ponta do Aterro, município de Vila Bela da
Santíssima Trindade, sudoeste do estado de Mato Grosso, fronteira Brasil-Bolívia, onde ocorrem rochas
que constituem o Terreno Paraguá. Esse terreno, inserido na Província Rondoniana-San Ignácio, se
estende do oeste da Bolívia ao extremo ocidente do Brasil e é descrito como um fragmento crustal
alóctone, acrescido à margem do Proto-Cráton Amazônico do Mesoproterozoico ao Neoproterozoico
durante a Orogenia San Ignácio (1,40 a 1,28 Ga).
Litherland et al. (1986), Ruiz (2005), Matos et al. (2009), Bettencourt et al. (2010) e Ruiz et al.
(2012) têm classificado o expressivo magmatismo ácido estateriano de natureza plutônica que ocorre na
região, como sin a pós-cinemático conforme sua colocação em relação à Orogenia San Ignácio. Busca-
se saber se o Granito Morrinhos faz parte desse evento ígneo e, do ponto de vista litoestratigrafico, se é
abrigado como parte do Complexo Granitóide Pensamiento de Litherland et al. (1986) / Suíte Intrusiva
Pensamiento Ruiz et al. (2012).
A presente dissertação está estruturada em 3 (três) capítulos, onde o primeiro deles trata o tema
estudado, enfatizando a relevância desta pesquisa ao enriquecer o banco de dados referente às rochas
formadoras do Terreno Paraguá. São apresentados os objetivos, a localização da área de estudo,
materiais e métodos utilizados para a coleta de dados em campo e em laboratórios, bem como o Contexto
Geológico Regional.
O Capítulo III denominado Considerações Finais e Sugestões têm o intuito de expor uma
proposta de evolução geológica relacionada à Orogenia San Ignácio em território brasileiro, assim como
sugestões para trabalhos futuros, Referências Bibliográficas e os Anexos.
1
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.
I.3. OBJETIVOS
Esta pesquisa visou contribuir para o entendimento geológico do Cráton Amazônico na porção
sudoeste do estado de Mato Grosso, Terreno Paraguá, particularmente na evolução magmática e
deformacional relacionada à Orogenia San Ignácio, inclusa na Pronvíncia Rondoniana San-Ignácio. Para
tal propósito, utilizou-se do mapeamento lito-estrutural, análise petrográfica e geoquímica e
investigação geocronológica (U-Pb) e isotópica (Sm-Nd) do Granito Morrinhos.
O acesso por via terrestre é feito, partindo-se de Cuiabá, pela rodovia BR-070 até o município
de Cáceres, de onde se percorre cerca de 130 km pela BR-174 até Porto Esperidião. Desse ponto tem-
se duas alternativas para chegar a área de estudo, sendo que em uma delas percorre aproximadamente
180 Km pela MT-265, sem pavimentação asfáltica, passando pelo destacamento Santa Rita, Vila Santa
Luzia (Suvacão) até a sede da Vila Santa Clara do Monte Cristo - Ponta do Aterro. Na outra opção,
toma-se a rodovia BR-174 por cerca de 115 km até ao município de Pontes e Lacerda, e a partir daí,
percorre-se aproximadamente mais 165 km até área de estudo, através da MT-473 (estrada sem
pavimentação asfáltica), passando pelo posto do Grupo Especial de Segurança de Fronteira (GEFRON),
Vila São José da Serra (Matão), assentamento Triunfo, Vila Santa Luzia até a sede da Vila Santa Clara
do Monte Cristo - Ponta do Aterro. A locomoção no interior da área é feita pela MT-265 e por estradas
vicinais não asfaltadas, que interligam as vilas e fazendas (Fig. I.1).
2
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.
Este trabalho foi subdividido em quatro etapas que parcialmente se superpõem: preliminar,
aquisição de dados (em campo e em laboratório), tratamento e interpretação dos dados obtidos e
elaboração e apresentação da dissertação.
3
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.
Esta etapa corresponde às atividades desenvolvidas para a obtenção de dados em campo através
do mapeamento geológico, e em laboratório por meio de análises petrográficas, geoquímicas,
geocronológicas e isotópicas.
Foi realizada uma etapa de campo com duração de 10 (dez) dias, onde se descreveu 48 (quarenta
e oito) afloramentos, que, somados aos 108 (cento e oito) do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC;
Corrêa & França, 2011), perfazem 156 (cento e cinquenta e seis) pontos (Anexo 1), conforme ilustrado
no mapa de localização de afloramentos (Fig. I.2). Nessa fase buscou-se delimitar as diferentes fácies
litológicas, a checagem e refinamento do mapa geológico disponível de Corrêa & França (2011), bem
como coletar novos dados estruturais e amostras de rochas para os estudos geoquímicos e petrográficos.
4
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento.
Figura I.2. Mapa de localização de afloramentos descritos, com identificação das amostras com análises geocronológicas.
5
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
As análises petrográficas foram iniciadas com o estudo macroscópico que serviu de base para a
seleção de 20 (vinte) amostras para confecção de lâminas delgadas. No estudo microscópico foram
descritos os principais aspectos, como texturas, estruturas, processos de alteração, composição
mineralógica, entre outros.
Para o estudo litogeoquímico das rochas do Granito Morrinhos foram selecionadas 12 (doze)
amostras para obtenção da composição dos elementos maiores, menores e traços, incluindo terras raras
(ETR). Inicialmente, foram cortados tabletes dos exemplares no laboratório de Preparação de Amostra
do DRM/UFMT que, em seguida, foram enviados ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)-
Vancouver/Canadá para análises através dos métodos ICP (Inductively Couple Plasma) e ICP-MS
(Inductively Couple Plasma Mass Espectrometry).
6
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
A amostra coletada foi preparada seguindo os métodos convencionais como britagem, moagem
e peneiramento nas frações entre 63-250 mesh, sendo usada a do intervalo de 90 mesh. Para facilitar o
trabalho na etapa posterior fez-se a remoção dos minerais magnéticos com a utilização de ímã. Em
seguida, a amostra foi processada em líquido denso (Bromofórmio 2,85 g/cm3), que resultou num
concentrado de minerais pesados. Em seguida, a amostra foi processada no separador magnético Frantz,
e com o auxílio de lupa binocular, foram selecionados 100 (cem) cristais de zircão, que foram enviados
para o laboratório do CPGeo-IGc/USP.
Os dados isotópicos U-Pb (SHRIMP) em zircão foram obtidos utilizando-se um feixe primário
de O2 com 30 µm de diâmetro. Os detalhes sobre os procedimentos analíticos e calibração do aparelho
206
são descritos em Stern (1998), Williams (1998) e Sato et al. (2008). A razão Pb/238U tem um
componente de erro entre 1,5 a 2,0% da calibração das medidas quando se usam os zircões padrões. O
teor de U foi calibrado em relação a um cristal padrão SL13 com 238 ppm de U (< ± 10%), bem como
a razão Pb/U foi calibrada em relação ao padrão AS57 com idade de 1100 Ma (Paces & Miller 1993).
Todos os erros levaram em consideração as flutuações não lineares nas taxas de contagem iônica, além
daquelas esperadas pela contagem estatística (Stern 1998).
238
As constantes de desintegração e a razão atual U/235U utilizadas nos cálculos são aquelas
fornecidas por Steiger & Jäger (1977). Para o cálculo de idade integrada foram feitas médias ponderadas
dos pontos correspondendo a uma mesma geração de zircão, com base na interpretação das imagens de
catadoluminescência. As idades foram calculadas utilizando-se o programa Isoplot/EX de Ludwig
(1998).
Método Sm-Nd
coluna de teflon com resina Eichron® Ln-Spec. Após a coleta e secagem, as frações concentradas de Sm
e de Nd foram solubilizadas com HNO3. Essa solução é analisada por um espectrômetro de massa com
fonte de plasma (ICP-MS) modelo Thermo-Finnigan Neptune.
143
As razões Nd/144Nd foram normalizadas pelos valores de 146
Nd/144Nd=0,7219. A
reprodutibilidade dos resultados isotópicos foi avaliada por análises repetidas do padrão La Jolla. A
constante de decaimento usada foi o valor de 6,54 x 10-12/ano (Lugmair & Marti, 1978). Os cálculos das
idades-modelo foram feitos com base no modelo de evolução do manto empobrecido de DePaolo (1981).
Nesta etapa, foi realizado o tratamento dos dados obtidos em todas as etapas anteriores através
dos seguintes Softwares:
8
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
A primeira concepção, foi proposta por Amaral (1974), baseando-se, nos trabalhos de
mapeamento geológico executado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e no
Projeto Radambrasil nos anos 70. Outros autores seguem essa idéia (e.g. Issler 1977, Almeida 1978,
Hasui et al. 1984 e Costa & Hasui 1997: in Ruiz, 2005), apoiados nos conceitos da escola geossinclinal
que propunha que a tectônica pré-cambriana do cráton fosse caracterizada por processos de reativação
de plataforma e formação de blocos continentais por meio de retrabalhamento de crosta continental no
Arqueano e Paleoproterozoico e que durante o Mesoproterozoico teriam ocorrido apenas processos de
reativação e/ou retrabalhamento de rochas preexistentes. A segunda concepção, proposta por Cordani et
al. (1979), seguida e modificada por Tassinari (1981), Cordani & Brito Neves (1982), Teixeira et al.
(1989), Tassinari (1996), Tassinari & Macambira (1999), Santos (2000), entre outros, se fundamenta na
Teoria da Tectônica Global ou de Placas, e defendem a ocorrência, durante o Arqueano, Paleo e
Mesoproterozoico, de uma sucessão de arcos magmáticos envolvendo a formação de material juvenil,
além de processos subordinados de retrabalhamento crustal.
Além das divergências em torno dos modelos evolutivos, não há consenso de compartimentação
tectônica-geocronológica do Cráton Amazônico. Três principais modelos permanecem em debate:
Tassinari & Macambira (1999 e 2004), Santos et al. (2000 e 2008) e Ruiz (2005).
A compartimentação proposta por Tassinari & Macambira (1999 e 2004; Fig. I.3), baseada nas
idades do embasamento metamórfico, nas características geológicas e em evidências geofísicas, dados
evoluídos a partir de Cordani et al. (1979), retrata sucessivas acresções de crostas juvenis em cinturões
móveis proterozóicos (províncias Maroni-Itacaiúnas, 2,2 a 1,9 Ga; Ventuari-Tapajós, 1,9 a 1,8 Ga; Rio
9
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Negro-Juruena, 1,8 a 1,5 Ga; Rondoniano-San Ignácio, 1,5 a 1,3 Ga e Sunsás-Aguapeí, 1,2 a 0,9 Ga),
situados ao redor de um núcleo proto-cratônico arqueano (Província Amazônia Central, > 2,5 Ga).
Importante resaltando que este é o modelo adotado na elaboração dessa dissertação.
Figura I.3. Distribuição das províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Tassinari &
Macambira, 2004).
Santos et al. (2000 e 2008; Fig. I.4) com base, principalmente, nos dados geocronológicos
obtidos pelo método U-Pb (SHRIMP), propuseram uma subdivisão para o Cráton Amazônico, nas
10
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
seguintes províncias: Provínvia Carajás-Imataca (3,10 a 2,53 Ga); Transamazônica (2,25 a 2,00 Ga);
Tapajós-Parima (2,10 a 1,87 Ga); Amazônia Central (1,88 a 1,70 Ga); Rio Negro (1,86 a 1,52 Ga);
Rondônia-Juruena (1,76 a 1,47 Ga) e Sunsás (1,33 a 0,99 Ga).
Figura I.4. Províncias geocronológicas do Cráton Amazônico (Extraído de Santos et al. 2008).
Ruiz (2005), baseado em Tassinari & Macambira (2004), resgata a concepção de Almeida
(1967) e Amaral (1974), e apresenta uma compartimentação tectônica-geocronológica que considera o
Terreno Rio Apa, que aflora no Brasil (Mato Grosso do Sul) e Paraguai entre os sedimentos da Bacia
do Pantanal, como parte integrante do extremo meridional do Cráton Amazônico (Fig. I.5).
11
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Na Bolívia, segundo Litherland et al. (1989), o Cráton Amazônico (Escudo Brasil Central está
representando por um embasamento metamórfico de granulitos (Complexo Granulítico Lomas
Manechis), gnaisses (Complexo Gnáissico Chiquitania) e xistos (Grupo Xistos San Ignácio) que afloram
como cinturões metassedimentares. De acordo com os mesmo autores os protolitos dos granulitos
apresentam idade de Rb-Sr ~2000 Ma, porém, o padrão apresentado pelas rochas metamórficas como
um todo é devido a Orogenia San Ignásio, responsável pela colocação generalizada de corpos graníticos
e o metamorfismo da fácies granulito. O Ciclo Sunsás começou com a deposição do Grupo
Sunsás/Vibosi e terminou com o desenvolvimento dos Cinturões Moveis Sunsás/ Agapeí em ~1000 Ma.
12
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Saes & Fragoso César (1996) apresentam um arranjo tectônico destacando três terrenos: Jauru,
Paraguá, San Pablo e uma zona de sutura. Saes (1999) modifica parcialmente a proposta de Saes &
Fragoso César (1996), discriminando, de oeste para leste, os seguintes terrenos: Paraguá, Rio Alegre,
Santa Helena e Jauru.
Ruiz (2005) sugere, para a porção sudoeste do cráton em Mato Grosso, a divisão em cinco
Domínios Tectônicos: Cachoeirinha, Jauru, Rio Alegre, Santa Bárbara e Paraguá.
Segundo Tassinari & Macambira (2004), Ruiz (2009), Bettencourt et al. (2010) e Teixeira et al.
(2010), o sudoeste do Cráton Amazônico em Mato Grosso é constituído pelas províncias Rondoniana-
San Ignácio e Sunsás-Aguapeí.
Bettencourt et al. (2010) apresenta, pela primeira vez, uma revisão sobre as concepções
consensuais de vários pesquisadores (e.g. Cordani et al. 1979, Teixeira & Tassinari 1984, Teixeira et al.
1989, Litherland et al. 1986, Tassinari et al. 1996, Tassinari & Macambira 1999) sobre a Província
Rondoniana-San Ignácio, embasados na correlação detalhada dos dados geológicos e geocronológicos
da região sudoeste do Cráton Amazônico, incluindo a ambiência tectônica.
13
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
A Província Rondoniana-San Ignácio (1,5 a 1,3 Ga) segundo Bettencourt et al. (2010, I.6)
compreende: (1) O Terreno Jauru (1,78 a 1,42 Ga) que hospeda o embasamento paleoproterozoico (1,78
a 1,72 Ga), e os orógenos acrescionários Cachoeirinha (1,56 a 1,52 Ga) e Santa Helena (1,48 a 1,42 Ga),
ambos desenvolvido em arco magmático tipo Andino; (2) Terreno Paraguá (1,74 a 1,32 Ga), que
hospeda unidades pré-orogenia San Ignácio (>1640 Ma: Complexo Gnáissico Chiquitania, Grupo Xisto
San Ignácio, Complexo Granulítico Lomas Manechis) e o Complexo Granitóide Pensamiento,
desenvolvido em arco magmático tipo Andino (1,37 a 1,34 Ga); (3) Terreno Rio Alegre (1,51 a 1,38 Ga)
que inclui unidades geradas em cordilheira meso-oceânica e em ambiente de arco vulcânico
intraoceânico e, finalmente (4) Faixa Alto Guaporé (<1,42 a 1,34 Ga) que hospeda as unidades
desenvolvidas em bacia marginal passiva configurando arcos intra-oceânicos.
14
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura I.6. (A) Mapa Tectônico da Província Rondoniana-San Ignácio, sudoeste do Cráton
Amazônico; (B) Principais Províncias do Cráton Amazônico (após Cordani & Teixeira 2007).
Extraído e modificado de Bettencourt et al. (2010).
15
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
O Terreno Jauru (Fig. I.6) é limitado a leste e norte pela bacia dos Parecis, a sul pela bacia do
Pantanal e a oeste com o Terreno Rio Alegre por zona de cisalhamento normal.
Saes & Fragoso César (1996) foram os primeiros a definir o Terreno Jauru incluindo a este,
complexos metamórficos do Paleoproterozoico resultantes de acréscimos de arcos intra-oceânicos na
Província Amazônia Central.
De acordo com Geraldes et al. (2001), Matos et al. (2004) e Ruiz (2005), este bloco continental
guarda registros geológicos do Estateriano ao Toniano, que refletem pelo menos três orogenias
proterozóicas: Santa Fé, Cachoeirinha e Santa Helena.
Idades U-Pb e Pb-Pb indicam que o arcabouço geológico pré-orogenias do sistema Rondoniano-
San Ignácio formou-se no intervalo entre 1,8 a 1,75 Ga e idades mais jovens (1,55 Ga) podem ser
atribuídas ao reseting do sistema isotópico durante as orogenias superimpostas (Pinho, 1996, Santos et
al. 2000, Geraldes et al. 2001, Ruiz et al. 2004 e Ruiz, 2005).
A Orogenia Santa Fé (1,8 a 1,75 Ga; Ruiz, 2005) corresponde à formação de arcos insulares
em regime orogênico acrescionário, dominado por processos de coalescência de arcos vulcânicos.
As rochas meta-supracrustais representam os derrames e sedimentos clasto-químicos de arcos,
enquanto os corpos plutônicos máfico-ultramáficos são interpretados como remanescentes da
porção inferior da crosta oceânica (ofiolitos) e os ortognaisses, como intrusões cálcio-alcalinas do
tipo TTG.
A Orogenia Santa Helena (1,48 a 1,42 Ga) retrata a implantação de um arco magmático
continental (Arco Magmático Santa Helena, Geraldes 2000), caracterizado pela formação de intrusões
16
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
sin-cinemáticas das suítes intrusivas Santa Helena, Água Clara, Pindaituba e pelo magmatismo rapakivi,
pós-cinemático ou anorogênico da Suíte Rio Branco (Geraldes et al. 2001, Ruiz, 2005, Araújo 2008).
Ruiz (2005) sugere para essa orogenia o ambiente geodinâmico do tipo arco magmático continental
implantado sobre crosta formada durante as orogenias Santa Fé e Cachoeirinha.
O Terreno Rio Alegre foi definido como uma zona de sutura por Saes & Fragoso César (1996),
designado como Terreno Rio Alegre por Saes (1999) e Geraldes (2000), e Orógeno Rio Alegre por
Matos et al. (2004).
O estágio drift (1,51 a 1,50 Ga) é caracterizado pela formação de crosta oceânica primitiva
(Complexo Vulcano-Sedimentar Rio Alegre), constituída na base por derrames de lavas ultramáficas a
máficas e no topo derrames intermediários a ácidos, com sedimentação clasto-química associada (Matos
1994, Matos et al. 2004), sendo que plútons ultramáficos a máficos (Suíte Intrusiva Máfico-ultramáfica)
circulares a elípticos relacionam-se ao estágio extensional do terreno (Ruiz 2005). O estágio orogênico
(1,44 a 1,38 Ga) é caracterizado pelo consumo de crosta oceânica em provável arco vulcânico, com
geração de plútons e batólitos (Suíte Intrusiva Santa Rita) constituídos por rochas toleíticas a cálcio-
alcalinas, tipo I, metaluminosas a peraluminosas, com valores de εNd(t) positivos, caracterizando a
natureza juvenil do magma parental (Matos et al. 2004, Ruiz 2005).
Ruiz (2009) descreve o Terreno Rio Alegre como um segmento crustal com cerca de 15 km de
largura, com trend N40W, limitado por zonas de cisalhamentos dúcteis, a leste com o Terreno Jauru, a
oeste com o Terreno Paraguá. A norte e sul sua extensão é desconhecida (Matos et al. 2004), estando
recoberto por sequências sedimentares cenozóicas (Fig. I.6).
Segundo Bettencourt et al. (2010), a Faixa Alto Guaporé compreende uma área de 500x100 km,
com tendências direcionais WNW-ESE, na região sul e sudeste de Rondônia. É caracterizada como
acrescionária ao orógeno, compreendendo pelo menos seis unidades: Complexo Máfico-Ultramáfico
Trincheira, Complexo Colorado, Suíte Metamórfica Nova Mamoré, Suíte Intrusiva Serra do Colorado,
Suíte Intrusiva Igarapé Enganado e Suíte Intrusiva Alto Escondido. O limite norte é com a Bacia do
17
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Pacaás Novos, Suíte intrusiva Alto Candeias, Terreno Nova Brasilândia e Província Rio Negro-Juruena;
para o sul e leste as fronteiras são pouco conhecidas, sendo que os limites são cobertos por uma
sequência sedimentar fanerozóica de acordo com Bettencourt et al. (2010; Fig. I.6).
A partir de dados geológicos e geoquímicos Rizzoto et al. (2012) descreve o Complexo Máfico-
Ultramáfico Trincheira como uma unidade formada por varias fatias de rochas máficas e ultramáficas,
imbricadas e desmembradas por uma tectônica de empurrão, constituindo uma sequência ofiolítica
incompleta, posteriormente, exumada durante o acoplamento tectônico do Bloco Paraguá com o proto-
Cráton Amazônico durante o Mesoproterozoico, entre 1470 e 1350 Ma.
A área de estudo localiza-se neste terreno, e por isso, inicialmente será feita uma introdução
sobre o Terreno Paraguá. Em seguida será apresentada uma tentativa de correlação litoestratigráfica e
tectônica das unidades desse terreno existentes na região de fronteira Brasil – Bolívia. Esta correlação
está em ordem geocronológica do litotipo mais antigo para o mais jovem, dando enfoque às principais
unidades.
Inicialmente Klinck & Litherland (1982) e Litherland et al. (1986), com base nos dados
estruturais e idades K-Ar, agrupa os tratos geológicos pré-cambrianos do oriente boliviano que foram
poupados pela Orogenia Sunsás, em uma área estável então denominada “Cráton Paraguá” e seus
limites, com o Cinturão Móvel Sunsás e Aguapeí, foram definidos pelos fronts tectônicos Santa
Catalina-Rio Negro e Aguapeí, respectivamente.
Saes & Fragoso César (1996) propuseram o termo terreno e subdividiram o escudo pré-
cambriano em dois, o terreno Paraguá e terreno San Pablo. O conceito de terreno empregado por esses
18
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
autores é referente a uma entidade caracterizada por homogenuidade interna, continuidade em sua
estratigrafia, estilo tectônico, história geológica e são limitados por descontinuidade fundamentais a
nível de crosta terrestre.
Tohver et al. (2004) amplia a área e, por conseguinte, a definição do Terreno ou Cráton Paraguá
como toda a porção cratônica situada a sul do Cinturão Nova Brasilândia. Boger et al. (2005) descreve
esse terreno como um fragmento crustal alóctone, acrescido à margem do Proto-Cráton Amazônico
durante o Meso e Neoproterozoico. Essa colisão e aglutinação teria ocorrido durante a Orogenia Sunsás
(1,0 a 0,9 Ga).
Santos et al. (2007) ao discutirem o “Mito Cráton Paraguá” descartam a sua existência
considerando que cerca de 70% da área cratônica é composta por rochas graníticas do Complexo
Granitóide Pensamiento, cujas idades mesoproterozoicas seriam muito jovens para constituírem um
cráton.
Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) adotam o termo Terreno Paraguá, para denotar um
terreno composto por rochas do embasamento paleoproterozoico (Complexo Gnáissico Chiquitania,
Grupo Xistos San Ignácio e Complexo Granulítico Lomas Manechis) e granitóides mesoproterozoicos
(Complexo Granitóide Pensamiento), amalgamados ao proto-Cráton Amazônico durante a Orogenia San
Ignácio. Esse embasamento paleo-mesoproterozoico encontra-se recoberto, por discordância erosiva,
pelos sedimentos do Grupo Aguapeí, que retrata uma bacia intracontinental ou do tipo aulacogênica
(Saes 1999, Teixeira et al. 2010).
Segundo Ruiz (2009) no Terreno Paraguá são reconhecidas duas orogêneses que precederam a
Orogenia Sunsás: Orogenia Lomas Manechis (1,74 a 1,69 Ga) e Orogenia San Ignácio (1,4 a 1,28 Ga)
(Boger et al. 2005, Ruiz 2005, Santos et al. 2008).
A Orogenia Lomas Manechis (1,74 a 1,69 Ga) se caracteriza pela formação e retrabalhamento
termo-tectônico do Complexo Granulítico Lomas Manechis, Complexo Gnáissico Chiquitania e Grupo
Xistos San Ignácio. A Orogenia San Ignácio se manifesta em todo o Terreno Paraguá, sendo
caracterizada pela deformação penetrativa, com trend estrutural NNW, metamorfismo de fácies xisto-
verde a anfibolito e expressivo magmatismo ácido-intermediário, de caráter sin a pós cinemático,
representado principalmente pelo Complexo Granitóide Pensamiento (Litherland et al. 1986).
Ruiz et al. (2011) contrapõem o conceito inicial de Litherland et al. (1986), definindo como
Terreno Paraguá um fragmento crustal Estateriano (1,8 a 1,65 Ga) retrabalhado em dois ciclos
orogênicos distintos: Orogenia San Ignácio (1,4 a 1,3 Ga) e Sunsás (1,0 a 0,9 Ga), uma vez que as áreas
afetadas pelos Cinturões Móveis Sunsás e Aguapeí pertencem ao Terreno Paraguá e não apenas as
regiões poupadas por tais faixas orogênicas.
19
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Com base nos dados geológicos e geocronológicos disponíveis, Ruiz et al. (2011) discorda da
concepção de Tohver et al. (2004), e limita o uso do termo Paraguá ao fragmento crustal situado no
oriente boliviano e sudoeste de Mato Grosso, que faz contato, por meio de zonas de cisalhamentos
dúcteis com o Terreno Rio Alegre (Fig. I.6).
Dessa forma, adota-se neste trabalho o termo Terreno Paraguá para se referir a esta área
complexa sob o ponto de vista geológico e uma entidade tectônica que configura grande parte do escudo
pré-cambriano boliviano.
Com base em idades Rb-Sr Litherland et al. (1986) reconhecem o Complexo Granulítico Lomas
Manechis como parte mais antiga do embasamento metamórfico do Terreno Paraguá, e o define como
composto por granulitos charnockíticos, enderbíticos básicos e gnaisses bandados quartzo-feldspáticos.
Os granulitos da Folha Santa Rita na região da Serra de Santa Bárbara - Destacamento Fortuna
- município de Porto Esperidião - MT, relatado inicialmente em monografia de conclusão do Curso de
Geologia da UFMT (Jesus & Assis 2006) e descrito pela primeira vez por Matos et al. (2006),
caracterizam composição félsica, cor cinza-escuro a esverdeado, e estrutura gnáissica. Devido ao seu
caráter félsico, aspecto gnáissico e proximidade física com os granulitos bolivianos, os últimos autores
sugerem que estas rochas sejam correlacionáveis ao Grupo Granulítico Lomas Manechis, descrito por
Litherland et al. (1986). Belufi (2010) plota os granulitos localizados nas imediações da Fazenda Lajes
no diagrama QAP modal para granulitos (Winkler 1976) classificando-os como granulito charno-
enderbítico.
De acordo com Matos et al. (2006) as rochas granuliticas ortoderivadas do Complexo Lomas
Manechis da Folha Santa Rita e adjacências são classificadas como granulitos charnoquíticos. O
tratamento dos dados químicos dessas rochas sugerem para elas, altos valores de SiO2, refletindo
natureza evoluída do magmatismo, sub-alcalino, do tipo cálcio-alcalino, metaluminoso, sugerindo uma
provável contaminação crustal. Quanto ao arcabouço tectônico, seu protólito classifica-se como um
granitóide de arco magmático.
20
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Santos et al. (2008) data o gnaisse Rio Fortuna na Bolívia com uma idade de 1772-1734 Ma e
outra idade de 1336 ± 3 Ma que se correlaciona a idade de metamorfismo, sugerindo que o magmatismo
responsável pela formação do protólito gnáissico estudado foi formado durante a Orogenia Lomas
Manechis.
Na região de Vila Bela da Santíssima Trindade - MT a Suíte Intrusiva Serra do Baú foi
reconhecida pelos gnaisses Shangri-lá e Turvo, ambos polideformados. O primeiro deles é composto
por gnaisses monzograníticos, de natureza ortoderivada (Oliveira & Nogueira 2007); já o Gnaisse Turvo
(Figueiredo 2010) é constituído por ortognaisses, com idade de cristalização Pb-Pb de 1651 ± 4 Ma,
associados à evolução de arcos magmáticos em ambiente de subducção (Orogenia Lomas Manechi - 1,7
a 1,6 Ga), sendo posteriormente retrabalhados metamórfica e tectonicamente durante a Orogenia San
Ignácio (1,4 a 1,3 Ga). Próximo ao Destacamento Fortuna - município de Porto Esperidião - MT, Faria
et al. (2011) descrevem quatro corpos gnáissicos distintos, denominados gnaisses: Retiro, Córrego
Vermelho, Retiro I e Rio Fortuna, e agrupam estas rochas à Suíte Intrusiva Serra do Baú,
correlacionando-os aos gnaisses do tipo B do Complexo Gnáissico Chiquitania. O Gnaisse Rio Fortuna
é classificado como ortognaisse polideformado, gerado em um ambiente de arco magmático ou arco de
ilhas, com idade concórdia de cristalização no intercepto superior de 1711±13 Ma pelo método U-Pb
(laser ablation). Na mesma região Nascimento et al. (2013) descrevem o Gnaisse Furnas Azul
21
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
correspondente a uma intrusão alojada em anfibolitos e granulitos paraderivados que ocorrem como
enclaves e recortado por diques pegmatíticos e aplíticos.
França et al. (2013) apresentam um conjunto de corpos gnáissicos aflorantes próximos à Serra
de Santa Barbara e ao assentamento Triunfo, como pertencentes à Suíte Intrusiva Serra do Baú,
denominando-os Gnaisse Matão e Gnaisse Triunfo.
Suarez-Soruco (2000, in: Vargas-Mattos 2006) caracteriza esta unidade como composta por
sequências de rochas sedimentares metamorfizadas em grau de baixo a médio, compreendendo:
quartzitos, psamitos feldspáticos metamorfizados, xistos de duas micas e filito de origem vulcânica;
estas rochas encontram-se rodeadas por gnaisses e granitóides que afloram na forma de terreno granito-
greenstone favoráveis a mineralizações.
Segundo Adamek et al. (1996, in: Vargas-Mattos 2006) a complexidade desta faixa deve-se à
superimposição das estruturas do evento orogênico Sunsás sobre o evento San Ignácio, fator que
favoreceu a formação de corpos mineralizados em ouro.
Boger et al. (2005) analisaram algumas amostras desta unidade que afloram entre San Rafael e
San Ignácio e obtiveram idades Pb/Pb de 1764 ± 6 Ma (MSWD = 0,94). Os autores ainda sugerem que,
assim como o Complexo Gnáissico Chiquitania, que o Grupo Xistos San Ignácio deriva de protólito
paleoproterozoico, no entanto interpretam que essas rochas não foram depositadas antes de 1690 Ma,
que é a idade mais jovem obtida a partir da população de zircões detríticos.
O Complexo Xistos San Ignácio até o momento não apresenta correspondente na região
sudoeste do Cráton Amazônico em território brasileiro.
22
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura I.7. Mapa de integração dos granitóides do Complexo Granitóide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento baseados em Litherland et al. 1986
e Bettencourt et al. (2010).
23
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Baseados em relações geológicas, dados estruturais e análises Rb/Sr e K/Ar Litherland et al.
(1986) descrevem os seguintes granitos pertencentes ao Complexo Granitóide Pensamiento em território
boliviano: Puerto Alegre, La Junta, San Martin, Campamento, Florida, San Cristobal, Porvenir, Padre
Eterno, Três Picos, Orobayaya, Diamantina e o Complexo Granófiro.
Litherland et al. (1986) define os granitos Puerto Alegre e La Junta (sin a tardi-cinemáticos)
como rochas de cor cinza-rosado, textura inequigranular grossa a porfirítica, comumente com foliação
definida pelos minerais máficos e fenocristais de feldspatos alcalinos, definidos como Hoblenda-biotita
monzogranito, o segundo apresenta idade Rb-Sr de 1375 ± 80 Ma. De acordo com os mesmos autores
os granitos San Martin e Campamento (sin a tardi-cinemáticos) apresentam cor rosa-acinzentado, textura
equigranular média a grossa, foliação marcada por biotita e fenocristais de feldspatos e uma variação
composicional de Biotita sienogranito a monzogranito. Ainda segundo os autores acima o Granito
Florida (sin a tardi-cinemático) compreende tipos foliados e não foliados, com desenvolvimento de
fenocristais de feldspato alcalino, e apresenta idades K-Ar em biotita de 1380 ± 19 Ma e em muscovita
de 1244 ± 27 Ma.
Conforme Litherland et al. (1986) os granitos San Cristobal e Porvenir (tardi a pós-cinemáticos)
são unidades que apresentam cor rosa-claro a cinza-rosado, granulação média a grossa, descritos como
Biotita-hornblenda monzogranito, o primeiro exibe idade K-Ar em biotita de 1296 ± 1 Ma.
Segundo Litherland et al. (1986) o Granito Padre Eterno (tardi a pós-cinemático) é uma rocha
homogênea leucocrática, cor rosa-claro a cinza-rosado, granulação media, com fenocristais de
feldspatos, tendo biotita e hornblenda como máficos predominantes. Sua composição varia de
granodiorito a sienogranito, com predominância de monzogranito, e idade K-Ar em biotita de 1326 ±
19 Ma e em muscovita de 1268 ± 20 Ma. De acordo com os autores supracitados o Granito Três Picos
(tardi a pós-cinemático) é descrito como Biotita sienogranito e subordinadamente como monzogranito
e quartzo monzonito.
24
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
O Granito Orobayaya é dividido em três fácies (Litherland et al. 1986): Fácies equigranular
(parte mais externa, cor rosa-claro a cinza-rosado, granulação média a grossa, descrito como Biotita
monzogranito, localmente contendo xenólitos de aplito, microgranito, quartzo monzogranito e
granodiorito rico em máficos), Fácies mista (granulação grossa a pegmatítica, de composição
sienogranítica com xenólitos ricos em máficos, localmente, formado níveis) e Fácies feldspato pofirítica
(núcleo central composto por rocha de cor rosa, granulação média a grossa, de composição sienitica,
apresentando fenocristais de feldspato alcalino, e xenólitos ricos em biotita).
Litherland et al. (1986) descreve o Granito Diamantina (tardi a pós-cinemático) constituído por
rocha que varia de rosa-claro a cinza-claro de granulação média a grossa, com raros fenocristais de
feldspato alcalino, classificada como Biotita monzogranito, de idade Rb-Sr de 1391 ± 70 Ma. Esse
granito tem como característica distintiva a concentração de minerais de urânio.
O Complexo Granofirico segundo Litherland et al. (1986) faz parte do Complexo Granitóide
Pensamiento na região de Piso Firme, foi afetado pela Orogenia Sunsás, sendo algumas vezes adjacentes
aos cinturões de xistos do Grupo Xistos San Ignácio, e é constituído pelas unidades Piso Firme, Cerro
Grande, San Simon de Guarayos e Cerro Blanco. Conforme os mesmo autores o Granófiro Piso Firme
faz parte de um conjunto de corpos contemporâneos que inclui o Microgranito Bela Vista e os granitos
San Cristobal e Padre Eterno; e a Suíte Granofirica Cerro Grande forma três cinturões granofiricos en-
echelon que são, de norte para sul, San Simon de Guarayos, Cerro Blanco e Cerro Grande.
Conforme Matos et al. (2009) os granitos La Junta e San Martin (sin a tardi-cinemáticos)
apresentam idade de cristalização de 1347 ± 21 e 1373 ± 20 Ma, respectivamente, idades modelo T DM
entre 1,9 e 2,0 Ga e valores de εNd(1330) entre +1,8 e -4,3. Em adição, os plútons Porvenir, San Cristobal
e Piso Firme (tardi a pós-cinemáticos) têm idades TDM modelo entre 1,6 e 1,7 Ga e valores de εNd(1330)
entre +2,7 e +1,5, o que sugere uma origem em arco magmático intraoceânico. Segundo os mesmos
autores o plúton Diamantina (tardi a pós-cinemático de idade 1340 ± 20 Ma) tem idades TDM modelo
entre 1,6 e 1,9 Ga com valores de εNd(1330) entre +0,4 e -1,2, o que corrobora a hipótese de significativa
contribuição de material juvenil mesoproterozoica durante a sua gênese.
25
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Matos & Ruiz (1991) identificam o Granito Lajes, que posteriormente foi definido por Geraldes
(2000) como um granito tarde-cinemático fracamente foliados, com idade U-Pb em zircão de 1,31 Ga,
Nd TDM = 1,7 Ga. Matos et al. (2005) e Jesus & Assis (2006) tratam o Tarumã como ortognaisse,
interpretando o magmatismo gerador como sub-alcalino do tipo cálcio-alcalino, peraluminoso, gerado
em ambiente sin-cinemático, apresentando feições retrometamórficas. Matos et al. (em prep.) definem
o Granito Tarumã (sin-cinemático) como Hornblenda-biotita sienogranito foliado, localmente com
estrutura milonítica apresentando porfiroclastos de feldspato alcalino, granulação grossa, com idade de
cristalização de U-Pb de 1377 ± 5 Ma, Nd TDM=1930 Ma.
Jesus et al. (2010) definem para o Granito Passagem, tipicamente pós-cinemático, uma idade
concordante de 1291 ± 16 Ma (U-Pb, Laser ablation em zircão) com idade modelo TDM de 1,6 Ga e
εNd(t) em torno de -7, assinalando natureza híbrida do magma parental.
Ruiz et al. 2012 a partir de critérios geológicos, estruturais e geocronológicos apresenta para
Granito Fronteira (sin a tardi-cinemático) uma idade de cristalização Pb-Pb de 1333±4 Ma.
Nalon et al. (2013) definem para o Batólito Guaporeí uma idade Pb-Pb de 1314 ± 2,5 Ma (sin a
tardi-cinemático), interpretada como idade de formação da intrusão, com idade modelo TDM de 1,76 Ga,
e εNd(1,3) -14, o que indica forte contaminação crustal.
Campos & Couto 2013 descrevem pela primeira vez o Granito Três Reis (sin-cinemático)
constituído por tonalitos, granodioritos e monzogranitos, com xistosidade que evolui para um
bandamento composicional onde se destaca granada, bem como o Granito Amparo (tardi-cinemático),
de caráter predominantemente isotrópico, variando de tonalitos a sienogranitos.
A Tabela I.1 reúne informações geocronológicas registradas ao longo dos últimos anos de
pesquisa, de algumas unidades relacionadas à Orogenia San Ignácio, que configuram o Complexo
Granitoide Pensamiento em território boliviano, correlato à Suíte Intrusiva Pensamiento no Brasil.
26
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Tabela I.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento. De maneira que (B) indica
análises em cristais de biotita, (M) em muscovita, (Z) em zircão e (RT) em rocha total.
Litherland et al.
Cinemáticos (1340 Ma)
(1986) (B)1244±27
Granitoides Sin a Tardi
Litherland et al.
_ _ (RT) 1375±80 0,7052 _ _ _ _
(1986)
La Junta
-19,6 a
Matos et al. (2009) (Z) 1347±21 _ _ _ 1,87 a 2,04 - 4,29 a -2,94
-17,8
San Martín Matos et al. (2009) (Z) 1373±20 _ _ _ 1,68 -7,43 1,78 _
Fronteira Ruiz et al. (2012) _ (Z) 1333±4 _ _ _ _ _ _
Guaporeí Nalon et al. (2013) _ (Z) 1314±2,5 _ _ 1,76 -21,42 -14 _
Tarumã Matos et al. (em prep.) (Z) 1377±5 _ _ _ 1,9 -19,68 -4,11 _
27
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
A Província Sunsás segundo Litherland et al. (1986) é a mais jovem unidade geocronológica do
Cráton Amazônico, sendo suas rochas geradas a partir da erosão de crosta continental mais antiga,
seguida de sedimentação, deformação e metamorfismo entre 1,3 a 1,0 Ga. Segundo Teixeira et al. (2010)
a evolução tardia mesoproterozoica do Cinturão Sunsás pode ser distinguida a partir da margem passiva
para as fases pós-tectônicas. A margem passiva é representada pelos grupos Sunsás e Vibosi, enquanto
que as características de intraplaca são destacadas pela sedimentação crâtonica Aguapeí-Huanchaca e
Cinturão Nova Brasilândia.
Figueiredo et al. (1974) estabelece no extremo sul da serra Santa Bárbara, acerca de 12 km a
oeste do Destacamento Fortuna - município de Porto Esperidião - MT, a seção-tipo do Grupo Aguapeí,
reconhecendo três subunidades: a inferior composta por metaconglomerados oligomíticos e arenitos
quartzosos; a media constituida por ardósias, metassíltitos e filitos e a superior predominam metarenitos
feldspáticos, metassíltitos e ardósias.
A Formação Fortuna que é o pacote inferior é denominado como Formação Fortuna no Mato
Grosso (Souza & Hildred 1980), Arco-íris nas Serras Huanchaca/Ricardo Franco (Litherland & Power
1989) e Lower Psamitic Unit na Serra de Santo Corazón na Bolívia (Litherland et al. 1986). Essa
formação inicia-se por conglomerado basal com seixos de quartzo e abundante matriz sericítica, com
maior espessura a região de Santo Corazón e na forma de lentes em sua extensão mais setentrional na
Serra do Aguapeí, eventualmente apresentando cimento ferruginoso. Segue-se espesso pacote arenoso
(Lower Psamitic Unit) em Santo Corazón, adelgaçando-se e apresentando composição ortoquartzítica
nas Serras do Rio Branco e Huanchaca/Aguapeí. De acordo com Saes et al. (1987) essa sequência exibe
feições típicas de ambiente marinho raso, sob influência de correntes de maré e, esporadicamente, de
tempestades.
A Formação Vale da Promissão é a unidade intermediária denominada por Souza & Hildred
(1980), Cuatro Carpas por Litherland & Power (1989) e Argilaceous Unit por Litherland & Bloomfield
(1981). Caracteriza-se por variada associação de fácies, resultado da diferenciação paleogeográfica das
bacias, concomitante ao episódio de ascensão relativa do nível do mar que marca este intervalo. Nas
Serras do Aguapeí e Rio Branco, esta unidade apresenta uma sequência de pelitos amarelados e
subarcóseos líticos muito finos, arranjados em sequências granocrescentes cíclicas. Estruturas linsen,
28
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
flaser, wavy, gretas de sinerese, brechas intraformacionais, ondulações truncadas e estruturas diapíricas
são ubíquas e diagnósticas de contexto deposicional marinho de plataforma rasa, dominado por
tempestades (Saes et al. 1987). Na seção de Santo Corazón, ao julgar pelo registro de acamamentos
gradacionais (Litherland et al 1986), pode incorporar sequências turbidíticas componentes de um
sistema de leques submarinos.
A Formação Morro Cristalina (Souza & Hildred 1980) ocorre no topo de sucessão, onde volta
a predominar os quartzo-arenitos, frequentemente seixosos. Essa formação é denominada Buena Vista
na Serra Huanchaca (Litherland & Power 1989) e Upper Psamitic Unit na região de Santo Corazón
(Litherland et al. 1986).
Saes & Leite (1993) classificam a evolução sedimentar das unidades que compõem o Grupo
Aguapeí, em Mato Grosso e no oriente boliviano, como registro de um ciclo completo de oscilação do
cráton, com uma fase de individualização, marcada pela deposição de uma sequência inferior de quartzo-
arenitos e conglomerados e uma fase de submergência marcada pelo avanço de mares epicontinentais,
afogamento das áreas fontes e deposição da sequência pelítica intermediária. A sequência superior marca
o estágio de emergência final do cráton, com a erosão de parte das unidades precedentes e deposição de
fácies essencialmente continentais.
O Faixa Aguapeí é uma bacia sedimentar que sobrepõe os limites de terrenos anteriormentes
acrescionados, sua evolução começa com a reativação extensiona da margem sul do Cráton Amazônico
e formação de um rift intracontinental (aulacógeno Aguapeí) após 1,2 Ga (Litherland et al. 1989, Saes
e Fragoso César 1994, 1996). Saes (1999) compartimentou o Grupo Aguapeí como Aulacógeno Aguapeí
originado por rifteamento intracontinental durante a parte final do Mesoproterozoico.
29
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
CAPÍTULO II
ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS
type granites as standard evolved through fractional crystallization mechanisms. Structural data show
two phases of deformation represented by the schistosity (S1) and cleavage crenulation (S2) both
probably related to San Ignácio Orogeny. Geochronological (U-Pb SHRIMP) and isotope geochemical
(Sm-Nd) investigations these rocks indicated respectively a crystallization age of 1350 ± 12 Ma, TDM
around 1.77 Ga and negative value for εNd(1,35) of -2.57, suggesting partial melting processes of a
paleoproterozoic continental crust (Statherian) in his generation. The results obtained here suggest that
the Morrinhos Granite has been generated in a continental magmatic arc during the post colisional stage
of San Ignacio Orogeny and allow to recognizes it as a extension of Pensamiento Intrusive Suite.
Keywords: Morrinhos Granite; Pensamiento Intrusive Suite; San Ignacio Orogeny.
II.1. INTRODUÇÃO
Expressivo e volumoso magmatismo de natureza plutônica ácida, localizado na porção sudoeste
do Cráton Amazônico, de idade ectasiana, classificado como sin a pós-cinemático conforme sua
colocação em relação à Orogenia San Ignácio e designado como Complexo Granitoide Pensamiento/
Suíte Intrusiva Pensamiento, têm sido descrito por vários autores (Litherland et al. 1986, Ruiz 2005,
Ruiz 2009, Matos et al. 2009, Bettencourt et al. 2010).
A área estudada situa-se nas proximidades da Vila Ponta do Aterro, município de Vila Bela da
Santíssima Trindade, sudoeste do estado de Mato Grosso, fronteira Brasil-Bolívia, onde ocorrem rochas
que constituem o Terreno Paraguá. Esse terreno se estende do oeste da Bolívia ao extremo ocidente do
Brasil, descrito como um fragmento crustal alóctone, acrescido à margem do Proto-Cráton Amazônico
do Mesoproterozoico ao Neoproterozoico durante a Orogenia San Ignácio (1,40 a 1,28 Ga), inserido na
Província Rondoniana-San Ignácio.
O Granito Morrinhos (GM), alvo desde trabalho, encontra-se alojado em ortognaisses do
Complexo Metamórfico Chiquitania/ Suíte Intrusiva Serra do Baú, porção extremo oriental do Terreno
Paraguá. Este trabalho compreende dados obtidos a partir do mapeamento geológico sistemático na
escala de 1:300.000, caracterização petrográfica, análises geoquímicas, geocronológicas (U-
Pb/SHRIMP) e isotópicas (Sm-Nd) empregadas para definir a idade de colocação da intrusão, a
petrogênese do magma e o provável ambiente tectônico onde foi gerado. Os resultados alcançados
contribuirão para o conhecimento da evolução magmática e deformacional relacionada à Orogenia San
Ignácio em território brasileiro.
segundo Ruiz (2009), Matos et al. (2009) e Bettencourt et al. (2010) é o principal produto magmático
relacionado a Orogenia San Ignácio.
A Tabela II.1 reúne informações geocronológicas registradas ao longo dos últimos anos de
pesquisa, de algumas unidades relacionadas à Orogenia San Ignácio, que configuram o Complexo
Granitoide Pensamiento em território boliviano, correlato à Suíte Intrusiva Pensamiento no Brasil.
Figura II.1. (A) Mapa Tectônico da Província Rondoniana-San Ignácio, sudoeste do Cráton Amazônico;
(B) Principais Províncias do Cráton Amazônico (após Cordani & Teixeira 2007). Extraído e modificado
de Bettencourt et al. (2010).
32
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Tabela II.1. Dados geocronológicos de granitoides do Complexo Granitoide Pensamiento/ Suíte Intrusiva Pensamiento. De maneira que (B) indica análises em
cristais de biotita, (M) em muscovita, (Z) em zircão e (RT) em rocha total.
Litherland et al.
Cinemáticos (1340 Ma)
(1986) (B)1244±27
Granitoides Sin a Tardi
Litherland et al.
_ _ (RT) 1375±80 0,7052 _ _ _ _
(1986)
La Junta
-19,6 a
Matos et al. (2009) (Z) 1347±21 _ _ _ 1,87 a 2,04 - 4,29 a -2,94
-17,8
San Martín Matos et al. (2009) (Z) 1373±20 _ _ _ 1,68 -7,43 1,78 _
Fronteira Ruiz et al. (2012) _ (Z) 1333±4 _ _ _ _ _ _
Guaporeí Nalon et al. (2013) _ (Z) 1314±2,5 _ _ 1,76 -21,42 -14 _
Tarumã Matos et al. (em prep.) (Z) 1377±5 _ _ _ 1,9 -19,68 -4,11 _
33
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.3. Aspectos de campo e petrográficos do GM: (A) aspecto geomorfológico de ocorrência de
morro em várzea, (B) detalhe de trama mineralógica orientada, (C) aspecto macroscópico da FHBG com
fenocristais de plagioclásio em matriz inequigranular, e (D) aspecto macroscópico da FBM.
35
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
pertítico, tanto em vênulas como em grãos/gotas, e pode exibir intercrescimento gráfico, bem como
inclusão de apatita, biotita e opacos.
O quartzo é encontrado em grãos anédricos intersticiais, em subgrãos ou formando agregados
recristalizados, bem como de hábito vermicular intercrescido com plagioclásio e feldspato alcalino. A
deformação intracristalina do quartzo é marcada por extinção ondulante, lamelas e bandas de
deformação e pela presença de subgrãos.
A biotita ocorre em ambas às fácies, mas representa a única fase máfica primária das rochas da
FBM. Ocorre em lamelas, palhetas e plaquetas subédricas, com pleocroísmo castanho-claro a marrom-
escuro, isoladas ou formando agregados ou inclusas nos feldspatos. Nas rochas da FHBG está
geralmente associada à hornblenda, titanita e opacos. Exibe alteração parcial para clorita, muscovita
(Fig. II.4D) e opacos. Inclui, por vezes, cristais euédricos a subédricos de zircão, que nela desenvolvem
halos pleocróicos, bem como agulhas de rutilo, caracterizando textura sagenítica.
O anfibólio, representado pela hornblenda magmática é encontrado apenas na FHBG. Ocorre
de forma anédrica a subédrica, com pleocloísmo verde-oliva a castanho, compondo agregados máficos;
subordinadamente exibe geminação setorial além de inclusões de apatita. Observam-se processos de
alteração formando clorita, biotita e opacos, bem como a textura drop-like quartz.
A titanita está representada por duas gerações diferentes, sendo uma delas formada por cristais
anédricos a subédricos de hábito romboédrico, com borda de minerais opacos, caracterizando textura
coronítica (Fig. II.5C). A outra é definida por grãos poiquilíticos alaranjados anédricos (Fig. II.4C),
associados aos máficos.
A apatita representa fase acessória primária, ocorrendo com hábito acicular, prismático ou em
seções basais, inclusa, indiscriminadamente, nos feldspatos e nos minerais máficos. O zircão apresenta
típico hábito prismático bipiramidal, às vezes subédricos, associados principalmente aos máficos, onde
desenvolve halos pleocróicos; já o rutilo ocorre com hábito acicular incluso na biotita, formando a
textura sagenítica (Fig. II.5D). A allanita representa fase acessória primária em minúsculos grãos de cor
amarelada, metamícticos (Fig. II.5E), associados ao epidoto. Os minerais opacos podem ser fase
primária em cristais euédricos/subédricos isolados ou secundária proveniente de alteração de biotita,
hornblenda e titanita, por vezes, anédricos ou esqueletais, pretos ou com tonalidades marrons e
avermelhadas, ocorrendo isolados na matriz, em agregados máficos ou inclusos nos feldspatos, quartzo,
biotita e titanita.
O epidoto constitui agregado microgranular e é produto de alteração do plagioclásio. Os argilo-
minerais representam produto de alteração dos feldspatos e formam uma massa turva muito fina
juntamente com diminutas palhetas de sericita, de difícil distinção ao microscópio. A clorita ocorre com
hábito fibroso a fibrorradiado, produto de alteração da biotita e da hornblenda. A biotita secundária
ocorre associada à clorita através do processo de alteração da hornblenda. Os minerais opacos são
subédricos a anédricos, e produtos de alteração da titanita, anfibólio e da biotita.
36
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
37
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.5. Fotomicrografias das rochas da Fácies Biotita monzogranito do GM ilustrando: (A) textura
xenomórfica e nítida distinção entre quartzo, feldspato alcalino mais límpidos e plagioclásio
intensamente saussuritizado e palhetas de biotita parcialmente cloritizada; (B) duas gerações de
plagioclásio, uma primária representada por cristais intensamente saussuritizados e uma segunda de
grãos neo-cristalizados límpidos; (C) cristal romboédrico de titanita com textura coronítica formada por
opaco; (D) biotita com inclusões de rutilo acicular caracterizando textura sagenítica; (E) agregado de
palhetas de biotita, opacos e grão de allanita metamíctica. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados
à direita em (A), cruzados em (B), e paralelos em (C), (D) e (E).
38
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.7.Fotomicrografia das rochas do GM ilustrando a foliação S1 dada pela orientação preferencial
dos minerais placóides e prismáticos. Polarizadores paralelos à esquerda e cruzados à direita.
39
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.8. Relação de corte entre a foliação S1 (xistosidade) e as faixas de cisalhamento dúctil (S2)
paralelas às dobras D2.
40
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Tabela II.2. Composição química das amostras do GM (óxidos em peso % e demais elementos em ppm).
FC- FC- FC- FC- FC- FC- FC- OF- FC- OF- FC- FC-
Elem.
16B 17B 16C 19 22B 57A 57B 05B 57C 05A 25 104
SiO2 59,98 60,97 62,01 62,42 62,89 65,72 65,90 65,90 66,77 66,86 67,26 68,64
TiO2 1,41 1,41 1,42 1,35 1,27 0,88 0,83 0,80 0,78 0,77 0,64 0,47
Al2O3 15,24 14,79 14,64 14,41 14,63 14,57 14,56 14,89 14,48 14,61 14,58 14,79
Fe2O3 8,10 8,04 7,47 8,04 7,24 5,11 5,44 5,09 4,64 4,85 5,01 3,84
MnO 0,11 0,12 0,11 0,12 0,10 0,07 0,07 0,06 0,06 0,06 0,06 0,04
MgO 2,17 1,93 1,86 1,78 1,72 1,34 1,38 1,23 1,25 1,17 1,07 0,79
CaO 4,20 3,91 3,95 3,70 3,69 2,93 3,00 2,67 2,80 2,51 2,18 1,54
Na2O 3,01 2,88 2,86 2,91 2,93 2,75 2,82 2,91 2,68 2,80 3,00 2,59
K2O 4,16 4,19 4,00 4,08 4,14 4,99 4,56 5,08 5,15 5,16 4,99 6,37
P2O5 0,64 0,61 0,59 0,58 0,54 0,33 0,34 0,31 0,29 0,31 0,28 0,20
PF 0,50 0,70 0,60 0,20 0,40 0,90 0,70 0,70 0,70 0,50 0,60 0,40
Total 99,53 99,56 99,52 99,60 99,55 99,59 99,60 99,64 99,60 0,5 99,67 99,67
Ba 1493 1325 1414 1286 1332 1461 1336 1410 1476 1413 1306 963
Co 15,3 12,9 11,8 12,8 11,8 13,4 8,3 7,9 9,1 7,8 8,8 6,0
Cs 1,50 1,60 1,90 1,60 1,90 0,90 0,80 1,40 0,60 1,20 2,20 0,70
Ga 22,6 19,0 18,6 20,6 21,0 18,9 18,7 17,1 18,4 17,1 20,6 17,9
Hf 19,0 20,5 19,7 17,8 19,2 17,1 16,2 16,1 14,2 15,3 11,6 11,2
Nb 28,90 29,60 30,10 33,00 32,10 20,10 17,20 17,60 18,90 16,20 21,50 16,80
Rb 197,9 168,6 174,5 189,8 201,1 213,3 202,5 224,3 207,3 229,8 255,3 266,9
Sr 366,5 330,8 351,2 337,4 316,2 293,5 295,7 298,6 291,9 290,3 270,4 201,9
Ta 1,1 1,2 1,4 1,7 1,7 1,0 0,6 0,7 1,0 0,5 1,2 0,7
Th 21,4 27,0 25,5 21,8 38,8 36,9 38,5 24,2 42,6 29,9 64,4 135,2
U 2,3 1,8 2,1 2,5 3,4 1,9 1,7 1,4 1,6 1,3 3,8 2,5
W <0,5 0,6 <0,5 1,0 1,1 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 0,6 <0,5 <0,5
Zr 744,1 792,6 772,9 694,4 782,5 649,3 636,2 574,1 567,5 556,4 406,5 384,9
Y 68,8 66,3 75,3 70,0 70,3 55,3 41,4 37,4 53,3 26,1 37,3 40,8
La 111,6 142,5 140,2 89,1 141,2 115,7 91,9 84,8 136,5 92,8 94,1 134,6
Ce 245,7 282,7 314,8 226,1 307,6 265,4 218,8 186,7 306,5 196,1 210,1 331,8
Pr 30,71 34,19 37,52 27,88 36,68 32,70 27,54 23,71 36,69 24,08 22,97 38,65
Nd 122,6 125,3 143,5 112,2 139,4 130,1 111,6 91,4 143,6 85,7 82,5 150,4
Sm 21,59 21,93 24,80 20,80 22,62 20,94 17,55 16,87 22,18 13,19 13,19 25,43
Eu 3,46 2,93 3,59 3,02 3,17 2,53 2,10 2,38 2,68 1,99 1,24 1,70
Gd 16,85 17,75 20,00 16,68 17,50 14,68 11,81 12,93 15,76 9,94 8,86 17,24
Tb 2,45 2,35 2,77 2,53 2,45 2,08 1,62 1,61 2,12 1,21 1,26 2,11
Dy 14,12 12,58 15,21 12,49 13,58 10,31 8,26 8,15 10,89 5,77 6,15 8,74
Ho 2,37 2,41 2,81 2,70 2,50 1,90 1,36 1,43 1,81 0,90 1,36 1,57
Er 6,72 6,44 7,30 7,27 7,43 5,34 3,90 3,49 5,08 2,13 3,58 3,91
Tm 1,00 0,95 1,07 1,13 1,06 0,72 0,57 0,47 0,77 0,34 0,41 0,50
Yb 6,17 5,97 6,86 6,59 6,79 4,63 3,55 2,54 4,51 2,04 2,17 2,56
Lu 0,87 0,89 1,00 1,00 1,00 0,67 0,52 0,43 0,63 0,31 0,35 0,43
Eu/Eu* 0,56 0,46 0,50 0,50 0,49 0,44 0,45 0,50 0,44 0,53 0,35 0,25
(La/Yb)N 12,06 15,91 13,62 9,01 13,86 16,66 17,26 22,26 20,18 30,33 28,91 35,05
Quanto aos teores de SiO2, as rochas do GM são classificadas de intermediárias a ácidas, com
concentração nos intervalos de 59,98 a 62,89% (Fácies Hornblenda-biotita granodiorito) e 65,72 a
68,64% (Fácies Biotita monzogranito), com um nítido hiato composicional entre 62,89 e 65,72% em
decorrência de possível ausência de afloramentos. Os diagramas de Harker (1909; Fig. II.9) mostram
tendências com correlações lineares negativas entre sílica e TiO2, MgO, (Fe2O3)t, P2O5, CaO e Sr que
refletem o fracionamento de plagioclásio cálcico e minerais máficos primários, tais como, anfibólio,
biotita, titanita, óxidos de Fe/Ti e apatita durante a evolução magmática.
41
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.9. Diagramas de Harker (1909): variação de SiO2 versus óxidos (% em peso), e elementos
maiores e menores (ppm) para as rochas do GM.
II.10B); como quartzo-monzonitos, monzogranitos e granitos no diagrama Q-P de Debon & Le Fort
(1983; Fig. II.10C).
Conforme o diagrama da figura II.10A, a linha divisória de Irvine & Baragar (1971) sugere que
o magmatismo que originou as rochas do GM é de afinidade subalcalina, enquanto que seu caráter álcali-
cálcico fica evidenciado no diagrama de Peacock (1931; Fig. II.11A), pela interseção dos trends de total
de álcalis e CaO versus SiO2 obtidos para as rochas estudadas com índice em torno de 55.
Utilizando os índices de alcalinidade de Shand (1927), no diagrama A/CNK versus A/NK
proposto por Maniar & Piccoli (1989), as amostras estudadas classificam-se como metaluminosas, à
exceção de duas delas correspondentes a FBM que se caracterizam como levemente peraluminosas (Fig.
II.11B).
No diagrama proposto por Frost et al. (2001; Fig. II.11C) baseado na relação FeOt/(FeOt+MgO)
versus SiO2, que permite distinção em granitos magnesianos e ferrosos, as amostras analisadas plotam
no campo dos granitos tipo A ferrosos.
Figura II.10. Diagramas de Classificação Geoquímica para as rochas do GM: (A) Total de álcalis versus
sílica (Le Bas 1986), (B) R1 versus R2 (La Roche et al. 1980) e (C) Q-P (Debon & Le Fort 1983).
43
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.11. Diagramas classificatórios das séries magmáticas para as rochas do GM: (A) Total de
álcalis e CaO versus sílica (Peacock 1931), (B) A/CNK versus A/NK (Maniar & Piccoli, 1989) e (C)
FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2 (Frost et al. 2001).
44
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.12. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM nos diagramas propostos por
Whalen et al. (1987).
Figura II.13. Diagramas de elementos traço para o GM: (A) Hf-Rb-Ta (Harris et al. 1986) e (B) Rb
versus Y+Nb (Pearce et al. 1996).
45
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.14. Distribuição dos pontos representativos das rochas do GM no diagrama: (A) Rb/Nb versus
Y/Nb e (B) Y–Nb–3*Ga (Eby 1992).
Figura II.15. Padrões de distribuição das rochas do GM nos diagramas: (A) ETR, normalizados pelos
valores condríticos (Nakamura 1977) e (B) elementos traço e K2O, normalizados pelos valores dos
granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984).
47
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.16. Imagens de catadoluminescência de cristais de zircão (A) FC-22B 1.1, (B) FC-22B 2.1,
(C) FC-22B 3.1, (D) FC-22B 4.1, (E) FC-22B 5.1, (F) FC-22B 6.1, (G) FC-22B 7.1, (H) FC-22B 9.1,
(I) FC-22B 10.1, (J) FC-22B 11.1. Em cada imagem estão sinalizados pontos de impacto do feixe iônico.
Os resultados das análises U/Pb (SHRIMP) estão apresentados na Tabela II.3, cujas idades
variam entre 1324 ± 64 a 1375 ± 55 Ma. No diagrama Concórdia (Fig. II.17), os pontos analíticos
forneceram uma idade concordante de 1350 ± 12 Ma. O resultado obtido é interpretado como a idade de
cristalização do magma granítico do GM.
Tabela II.3. Dados isotópicos de zircões para o GM da amostra FC-22B. Razão corrigida para chumbo
comum. Erro 1-sigma.
Idade
206 Pb
Sigla 232Th/ Razão Razão Ma
U Th 207Pb/ % 206Pb/ % Erro 206Pb/ ± %
do Comum
(ppm) (ppm) 238U
235U Erro 238U Erro Corrigido 238U 1ϭ Disc
Grão %
1.1 69 140 2,11 3,00 2,59 10,9 0,2279 3,4 0,315 1323,6 40,8 -5
2.1 316 126 0,41 0,78 2,65 5,5 0,2343 3,0 0,547 1357,0 36,5 -8
3.1 85 178 2,17 1,08 2,94 6,4 0,2363 3,6 0,566 1367,4 44,5 5
4.1 245 154 0,65 1,28 2,55 7,5 0,2296 3,1 0,410 1332,4 36,8 -9
5.1 186 162 0,90 2,41 2,68 7,4 0,2348 3,1 0,421 1359,8 37,9 -7
6.1 180 259 1,49 1,25 2,66 6,0 0,2368 3,1 0,516 1370,1 38,3 -10
7.1 385 197 0,53 0,59 2,80 4,1 0,2377 3,0 0,734 1374,7 37,4 -4
9.1 70 73 1,08 1,91 2,77 11,8 0,2376 3,5 0,295 1374,4 42,6 -5
10.1 85 94 1,14 1,87 2,70 8,2 0,2323 3,3 0,403 1346,4 39,9 -4
11.1 76 102 1,39 2,21 2,66 8,8 0,2341 3,3 0,378 1356,0 40,7 -7
48
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.17. Diagrama concórdia U/Pb (SHRIMP) da amostra FC-22B, do GM mostra a idade
Concórdia de 1350 ± 12 Ma, interpretada como a idade de cristalização.
49
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Figura II.18. Esquema evolutivo do Terreno Paraguá com ênfase na Orogenia San Ignácio.
50
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Lajes (Matos e Ruiz 1991; Geraldes 2000), Passagem (Jesus et al. 2010), e Amparo (Campos &
Nascimento 2013).
Agradecimentos
Os autores agradecem ao PROCAD (096/2007), ao Instituto Nacional e Tecnologia de
Geociências da Amazônia (GEOCIAM) e ao Programa de Pós-graduação em Geociências da UFMT
pelo suporte financeiro ao desenvolvimento da pesquisa. A primeira autora agradece a CAPES pela
concessão de bolsa de mestrado.
Referências
Bettencourt J.S., Leite Jr. W.B., Ruiz A.S., Matos R., Payolla B.L., Tosdal R.M. 2010. The Rondonian-San Ignácio
Province in the SW Amazonian Craton: an overview. Journal of South American Earth Sciences, 29(1):28-46.
Boger S.D., Raetz M., Giles D., Etchart E., Fanning C.M. 2005. U-Pb age data from the Sunsas region of Eastern
Bolivia, evidence for the allochthonous origin of the Paragua Block. Precambrian Research, 139:121-146.
Debon, F. & Le Fort, P. (1983). A chemical–mineralogical classification of common plutonic rocks and
associations. Transactions of the Royal Society of Edinburgh, Earth Sciences 73, 135–149.
DePaolo D.J. 1981. Nd isotopic studies: Some new perspectives on Earth Structure and Evolution. EOS,
62(14):137-145.
Eby G.N., 1992. Chemical subdivision of the A-type granitoids: petrogenetic and tectonic implications. Geology,
20:641–644.
Frost, B. R., Barnes, C. G, Collins, W. J., Arculus, R. J., Ellis, D. J., Frost, C., 2001. A geochemical classification
for granitic rocks. Journal of Petrology 42, 2033–2048.
Geraldes, M.C. 2000. Geocronologia e geoquímica do plutonismo mesoproterozóico do SW do Estado de Mato
Grosso (SW do Cráton Amazônico). Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de
Doutorado, 193 p.
Gioia, S. M. C. L. & Pimentel, M. M. 2000. The Sm-Nd isotopic method in the geochronology laboratory of the
University of Brasilia. Annals of the Brazilian Academy of Sciences, 72: 219-245.
Harker A. 1909. The natural history of the igneous rocks. New York, 384 p.
Harris N. B. W., Perarce J. A. & Tindle A. G. 1986. Geochemical characteristics of collision-zone magmatism. In:
Special Publications of Geological Society, London, 19: 67-81.
Irvine I. N. & Baragar W. R. A. 1971. A guide to the chemical classification of the common volcanics rocks.
Canadian Journal Earth Science, v. 8, p. 523-548.
Jesus, G.C.; Sousa, M.Z.A.; Ruiz, A.S.; Matos, J.B. 2010. Petrologia e geocronologia (U/Pb-Sm/Nd) do Granito
Passagem, Complexo Granitóide Pensamiento, SW do Cráton Amazônico (MT). Revista Brasileira de
Geociências, 40(3): 392-408.
La Roche (de) H. 1980. Granites chemistry through multicationic diagrams. Sciences de la Terre, Série
Informatique Géologique, 13:65-88.
Le Bas M. J.; Le Maitre R. W., Streckeisen A.; Zanettin B. A. 1986. Chemical classification of volcanic rocks
based on total alkali-silica diagram. Journal of Petrology, v. 27, p.745-750.
Litherland M., Annells R.N., Appleton J.D., Berrangé J.P., Bloomfield K., Burton C.C.J., Darbyshire D.P.F.,
Fletcher C.J.N., Hawkins M.P., Klinck B.A., Lanos A., Mithcell W.I., O Connor E.A., Pitfield P.E.J., Power G.,
Webb B.C. 1986. The Geology and Mineral Resources of the Bolivian Precambrian Shield. London, Her Majesty’s
Stationery Office, 140 p.
Lugmair, G. W, Marti, K. (1978). Lunar initial 143Nd/144Nd: differential evolution of the lunar crust and mantle.
Earth and Planetary Science Letters. 39: 349-357.
Ludwig K. R. 1998. Isoplot/Ex. (v. 1.00b): a geochronological toolkit for Microsoft excel. Berkeley,
Geochronology Center. 45p. (Special Publication 1).
Maniar P. D. & Piccoli P. M. 1989. Tectonic discrimination of granitoids. Geol. Soc. Amer. Bull., 101:635-643.
Matos J.B. e Ruiz A.S. 1991. Contribuição à geologia da Folha Santa Rita – Mato Grosso. In: III Simpósio de
Geologia Centro Oeste, Anais, Cuiabá, p. 122 – 130.
Matos R., Teixeira W., Geraldes M.C., Bettencourt J.S. 2009. Geochemistry and Nd-Sr Isotopic Signatures of the
Pensamiento Granitoid Complex, Rondonian-San Ignacio Province, East Precambrian Shield of Bolívia:
Petrogenetic Constraints for a Mesoproterozoic Magmatic Arc Setting. Geol. USP Série Científica, 9(2):89-117.
Nakamura K. 1977. Volcanoes as a possible indicator of tectonic stress orientation: principle and proposal. Journal
of Volcanology Geothermal Research, 2:1-16.
Nalon P. A., Sousa M. Z. A., Ruiz A. S., Macambira M. J. B. 2013. Batólito Guaporeí: uma extensão do Complexo
Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Brazilian Journal of Geology, 43(1):85-100.
51
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Oliveira E. C., Lafon J. M., Gioia S. M. L., Pimentel M. M. 2008. Datação Sm-Nd em rocha total e granada do
metamorfismo granulítico da região de Tartarugal Grande, Amapá Central. Revista Brasileira de Geociências,
38:116-129.
Paces J. B., Miller Jr, J. D. 1993. Precise U-Pb ages of Duluth Complex and related mafic intrusions, northeastern
Minnesota: Geochronological insights to physical, petrogenetic, paleomagnetic, and tectonomagmatic processes
associated with the 1.1 Ga midcontinent rift system. Journal Geophysical Research, v. 98, p. 13997-14013.
Peacock M. A. (1931). Classification of igneous rock series. Journal of Geology, v. 39, p. 54–67.
Pearce J.A., Harris N.B.W., Tindle A.G. 1984. Trace element discrimination diagrams for the tectonic
interpretation of granitic rocks. Journal of Petrology., v. 25(4): p. 956-983.
Pearce J.A. 1996. Sources and settings of granitic rocks. Episodes, 19:120-125.
Ruiz A. S. 2005. Evolução geológica do sudoeste do Cráton Amazônico região limítrofe Brasil-Bolívia – Mato
Grosso. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, 14-245p.
Ruiz, A. S. 2009. Compartimentação Tectônica (Pré-Sunsás) do SW do Cráton Amazônico: ênfase em Mato
Grosso – Brasil. In: Congreso Geológico Boliviano, 18, Actas, p.159-163.
Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Matos, J. B.; Macambira, M. B.; Lima, G. A.; Faria, D. A. Craton ou Terreno Paraguá?
Uma discussão baseada em novos dados geológicos e geocronológicos do SW do Craton Amazônico em território
brasileiro. In: XIII Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 2011, Campinas. Anais do XIII Simpósio Nacional
de Estudos Tectônicos, 2011. v. único. p. 239-242.
Sato k., Basei M. A. S., Siga O. J., 2008. Novas técnicas aplicadas ao método U-Pb no CPGeo - IGc/USP: avanços
na digestão química, espectrometria de massa (TIMS) e exemplos de aplicação integrada com SHRIMP. Geologia
USP Série Científica, 8: 77-99
Shand S. J. (1927). Eruptive Rocks. Their Genesis, Composition, Classification, and Their Relation to Ore-
Deposits. London, pp: 360.
Steiger R. H., Jäger, E. 1977. Subcommission on geochronology: convention on the use of decay constants in
geoand chosmochronology. Earth Planetary Science Letters. 36: 359-362.
Stern R. A. 1998. High resolution SIMS determination of radiogenic trace isotope ratios in minerals. In: Cabri, L.
J.; Vaughan, D. J (Eds). Modern approaches to ore and environmental mineralogy. Mineralogical Association of
Canada. Short Course Series 27: 241-268.
Streckeisen A. 1976. To each plutonic rock, its proper name. Earth Science Review, Amsterdam, 12(1):1-33.
Whalen J. B., Currie K. L., Chappell B. W. 1987. A-type granites - geochemical characteristics, discrimination
and petrogenesis. Contributions to Mineralogy and Petrology, 95(4):407-419.
Williams I. 1998. U-Th-Pb geochronology by ion microprobe, In: McKibben M.A., Shanks III W.C., Ridley W.I.,
(eds), Applications of microanalytical techniques to understanding mineralizing processes. Society of Economic
Geologists. Short course 7: 1-35.
52
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
CAPÍTULO III
CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES
O mapeamento geológico desenvolvido na região da Vila Santa Clara do Monte Cristo - Ponta
do Aterro permitiu discriminar o Granito Morrinhos que configura um batólito alongado na direção
NNW com área de aproximadamente 1140 km², em grande parte recoberto pelos sedimentos da
Formação Guaporé.
O tratamento geoquímico permitiu classificar as rochas estudadas como uma sequência ácida
formada por magmatismo subalcalino, do tipo álcali-cálcico, metaluminoso a levemente peraluminoso,
com algumas feições de granitos tipo A, evoluído por meio de mecanismos de cristalização fracionada.
Quanto à caracterização geotectônica, os resultados observados por essas rochas são compatíveis com
as séries graníticas geradas em arco magmático em ambiente pós-colisional e coincidem com o campo
dos granitos tipo A2 pós-orogênicos.
53
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Admite-se que os granitoides da Suíte Intrusiva Pensamiento (Ruiz et al. 2012) no Brasil, entre
eles o Granito Morrinhos, ou Complexo Granitóide Pensamiento (Litherland et al. 1986) na Bolívia,
foram gerados inicialmente em um orógeno acrescionário, resultante do consumo do “Oceano Rio
Alegre” sob a placa continental Paraguá, seguido da colisão entre os terrenos paleo-mesoproterozoicos
Jauru e Paraguá (Fig. III.1).
Figura III.1. Esquema evolutivo do Terreno Paraguá com ênfase na Orogenia San Ignácio.
Se faz necessário uma integração dos dados existentes no setor brasileiro da Suíte Intrusiva
Pensamiento, seguido por detalhamento petrogenético, estrutural e geocronológico, para determinar a
sequência temporal dos eventos magmáticos e metamórficos-deformacionais que afetaram esta suíte.
54
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Referências
Almeida, F.F.M. 1967. Origem e evolução da Plataforma Brasileira. Rio de Janeiro, DNPM/DGM, 36p.
(Boletim 241).
Amaral, G. 1974. Geologia Pré-Cambriana da Região Amazônica. Tese de Doutorado, IGC, Universidade de São
Paulo, 212 p.
Araújo, L. M. B. Evolução do Magmatismo do Domínio Cachoeirinha: Suítes Intrusivas Santa Cruz, Alvorada,
Rio Branco e Salto do Céu SW do Cráton Amazônico MT. Rio Claro: UNESP, 2008 (Doutorado).
Belufi F. M. R., 2010. Contribuição a Petrografia e Geoquímica do Granito Lajes, SW do Craton Amazônico,
Fronteira Brasil-Bolívia. Instituto de Ciências Exatas e da Terra - UFMT, Monografia de Graduação p. 15-30.
Bettencourt J.S., Leite Jr. W.B., Ruiz A.S., Matos R., Payolla B.L., Tosdal R.M. 2010. The Rondonian-San Ignácio
Province in the SW Amazonian Craton: an overview. Journal of South American Earth Sciences, 29(1):28-
46.
Boger S.D., Raetz M., Giles D., Etchart E., Fanning C.M. 2005. U-Pb age data from the Sunsas region of Eastern
Bolivia, evidence for the allochthonous origin of the Paragua Block. Precambrian Research, 139:121-146.
Campos, F. A. P. & Nascimento, N. D. C. 2013. Análise Estrutural e Metamórfica do Terreno Paraguá, Porção
Norte da Folha São João do Guaporé - SW do Cráton Amazônico (MT). Instituto de Ciências Exatas e da
Terra - UFMT, Monografia de Graduação. 109 p.
Cordani , U.G. & Brito Neves, B. B. (1982). The Geology Evolution of South America During the Archean and
Early Proterozoic. Revista Brasileira de Geociências. 12(1-3): 78-88.
Cordani , U.G., Tassinari C.C.G., Teixeira W., Basei M.A.S., Kawasita K.1979. Evolução Tectônica da Amazônia
com base nos dados geocronológicos. In: Congresso Geológico Chileno, 2, Chile. Atas, p.137-48.
Corrêa A. D. P. & França O. 2011. Geologia, Geoquímica e Análise Estrutural da região Vila Ponta do Aterro
(MT), ênfase nos granitos Tarumã e Morrinhos – Terreno Paraguá – SW do Cráton Amazônico. Trabalho de
Conclusão de Curso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, UFMT, 90p.
Debon, F. & Le Fort, P. (1983). A chemical–mineralogical classification of common plutonic rocks and
associations. Transactions of the Royal Society of Edinburgh, Earth Sciences 73, 135–149.
DePaolo D.J. 1981. Nd isotopic studies: Some new perspectives on Earth Structure and Evolution. EOS,
62(14):137-145.
Del’Arco, J.O., Silva, R.H., Tarapanoff, I., Freire, F.A., Pereira, L.G.M.,Souza, S.L., Luz, J.S., Palmeira, R.C.B.,
Tassinari, C.C.G. 1982. Geologia. In: Ministério das Minas e Energia. Projeto RADAMBRASIL, Folha SE.21.
Corumbá e Parte da Folha SE 20. Rio de Janeiro, p. 25-160.
Eby G.N., 1992. Chemical subdivision of the A-type granitoids: petrogenetic and tectonic implications. Geology,
20:641–644.
Faria, D. A. 2011. Geologia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Serra do Baú – Ênfase no Gnaisse
Rio Fortuna - Terreno Paraguá, SW do Cráton Amazônico – Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de
Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Mato Grosso, 92p. (inédito).
França, O.; Corrêa, A. D. P.; Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Batata, M. E. Análise Estrutural Preliminar da Região
da Vila Ponta do Aterro (MT) – Terreno Paraguá – SW do Cráton Amazônico. In: Simpósio Nacional de
Estudos Tectônicos, Cuiabá, 2013. Anais do XIV Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos.
Figueiredo, A.J. de A.; Barros, A.M.; Eulalio Filho, A.; Rodrigues, A.P.; Barreto, B.F.; Pimentel, G.B.; Couto,
J.G.P.; Reischl, J.L.; Costa, S.A.G.; Resende Filho, S.T.; Pastore Junior, W.P.; Ribeiro Filho, W. Projeto Alto
Guapore. Relatorio Final. Goiania: CPRM, 1974. v.1. (Convenio DNPM/CPRM).
Figueiredo, A. J. A.; Olivatti, O. Projeto Alto Guaporé, Relatório Final Integrado. Escala 1:500.000. Goiânia:
CPRM, 1974. v. 11. Convênio DNPM/CPRM.
Figueiredo, F. L. P. 2010. Ortognaisse Turvo – Registro de Magmatismo Paleoproterozoico no Terreno Paraguá –
SW do Cráton Amazônico, Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso. Dissertação de mestrado, Instituto
de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Mato Grosso, 60p. (inédito)
55
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Frost, B. R., Barnes, C. G, Collins, W. J., Arculus, R. J., Ellis, D. J., Frost, C., 2001. A geochemical classification
for granitic rocks. Journal of Petrology 42, 2033–2048.
Geraldes, M.C. 2000. Geocronologia e geoquímica do plutonismo mesoproterozóico do SW do Estado de Mato
Grosso (SW do Cráton Amazônico). Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de
Doutorado, 193 p.
Geraldes, M.C. Van Schmus W.R. Condie, K.C. Bell, S. Teixeira, W. & Babinski M. 2001. Proterozoic geologic
evolution of the SW part of the Amazonian Craton in Mato Grosso state, Brazil. Precambrian Research, 111:
91-128.
Gioia, S. M. C. L. & Pimentel, M. M. 2000. The Sm-Nd isotopic method in the geochronology laboratory of the
University of Brasilia. Annals of the Brazilian Academy of Sciences, 72: 219-245.
Grohmann, C. H., Campanha, G. A. C., and Soares Junior, A. V. 2011. OpenStereo: um programa livre e
multiplataforma para análise de dados estruturais. In: XIII Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos.
Harker, A. 1909. The natural history of the igneous rocks. New York, 384 p.
Harris, N. B. W., Perarce J. A. & Tindle A. G. 1986. Geochemical characteristics of collision-zone magmatism.
In: Special Publications of Geological Society, London, 19: 67-81.
Irvine, I. N. & Baragar, W. R. A. 1971. A guide to the chemical classification of the common volcanics rocks.
Canadian Journal Earth Science, v. 8, p. 523-548.
Janousek, V., Farrow C. M. and Erban, V. 2006. Interpretation of whole-rock geochemical data in igneous
geochemistry: introducing Geochemical Data Toolkit (GCD-kit). Journ of Petrology 47(6): 1255-1259.
Jesus, C.G. & Assis, M.M.C. 2006. Petrográfia, Geoquímica e Deformação do Ortognaisse Tarumã - SW do Estado
de Mato Grosso - Fronteira Brasil/ Bolívia. Instituto de Ciências Exatas e da Terra - UFMT, Monografia de
Graduação p.15-19.
Jesus, G.C.; Sousa, M.Z.A.; Ruiz, A.S.; Matos, J.B. 2010. Petrologia e geocronologia (U/Pb-Sm/Nd) do Granito
Passagem, Complexo Granitóide Pensamiento, SW do Cráton Amazônico (MT). Revista Brasileira de
Geociências, 40(3): 392-408.
Klick, B.A. e Litherland, M. 1982. A model for the Proterozoic structural history of eastern Bolivia. Rep. East.
Bolivia Miner. Expl. Proj.Santa Cruz, BAK/15 (inédito).
La Roche (de) H. 1980. Granites chemistry through multicationic diagrams. Sciences de la Terre, Série
Informatique Géologique, 13:65-88.
Le Bas M. J.; Le Maitre R. W., Streckeisen A.; Zanettin B. A. 1986. Chemical classification of volcanic rocks
based on total alkali-silica diagram. Journal of Petrology, v. 27, p.745-750.
Litherland M. & Bloomfield, K. 1981. The Proterozoic History of Eastern Bolivia. Precambrian Research. Vol.
15, 157-179.
Litherland M., Annells R.N., Appleton J.D., Berrangé J.P., Bloomfield K., Burton C.C.J., Darbyshire D.P.F.,
Fletcher C.J.N., Hawkins M.P., Klinck B.A., Lanos A., Mithcell W.I., O Connor E.A., Pitfield P.E.J., Power
G., Webb B.C. 1986. The Geology and Mineral Resources of the Bolivian Precambrian Shield. London, Her
Majesty’s Stationery Office, 140 p.
Litherland, M., Annells, R. N., Darbyshire, D. P. F., Fletcher, C. J. N., Hawkins, M. P., Klinck, B. A., Mitchell,
W. I., O'Connor, E. A., Pitfield, P. E. J., Power, G. and Webb, B. C., 1989. The Proterozoic of eastern Bolivia
and its relationship to the Andean Mobile Belt. Precambrian Res., 43: 157-174.
Lugmair, G. W, Marti, K. (1978). Lunar initial 143Nd/144Nd: differential evolution of the lunar crust and mantle.
Earth and Planetary Science Letters. 39: 349-357.
Ludwig K. R. 1998. Isoplot/Ex. (v. 1.00b): a geochronological toolkit for Microsoft excel. Berkeley,
Geochronology Center. 45p. (Special Publication 1).
Maniar P. D. & Piccoli P. M. 1989. Tectonic discrimination of granitoids. Geol. Soc. Amer. Bull., 101:635-643.
Matos, J.B. 1994. Contribuição à geologia de parte da porção meridional do Cráton Amazônico, região do Rio
Alegre-MT. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Dissertação de Mestrado, 133p.
56
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Matos, J. B.; Assis, M. M. C.; Jesus, G. C.; Sousa, M. Z. A.; Costa, P. C. C.; Silva, C. H.; Ruiz, A. S. 2006. Rochas
Granulíticas Félsicas da Fronteira Brasil-Bolívia: aspectos petrográficos preliminares. In: XVII Congresso
Geológico Boliviano, 2006, Sucre. Colegio de ingenieros geologos de Chuquisaca. Sucre: Colegio de
Geólogos de Bolivia, v. único. p. 126-128.
Matos, J. B.; Juliani, C.; Tokashik, C. C. Oliveira, R. F; Ruiz, A. S.; Granulitos Ortoderivados da Suíte Lomas
Manechis, Fronteira Brasil-Bolívia – Geoquimíca e Geocronologia. In: 13º Simpósio de Geologia da
Amazônia, 2013, Belém. Anais do 13º Simpósio de Geologia da Amazônia.
Matos J.B. e Ruiz A.S. 1991. Contribuição à geologia da Folha Santa Rita – Mato Grosso. In: III Simpósio de
Geologia Centro Oeste, Anais, Cuiabá, p. 122 – 130.
Matos, J. B.; Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Batata, M. E. F.; Lima, G. A. Em preparação. Petrologia, Geoquímica
e Geocronologia U/Pb e Sm/Nd do Granito Tarumã, Terreno Paraguá - Fronteira Brasil-Bolívia.
Matos, J. B., Schorscher, J.H.D., Geraldes, M.C., Sousa, M.Z.A., Ruiz, A.S. 2004. Petrografia, geoquímica e
geocronologia das rochas do Orógeno Rio Alegre, Mato Grosso: um registro de crosta oceânica
Mesoproterozóica no SW do Cráton Amazônico. Geologia USP – Série Científica, 4: 75–90.
Matos J.B., Sousa M.Z.A., Silva C.H., Costa P.C.C., Ruiz A.S., Quadros A.P., Godoy A. M., Assis M. M.C. e
Jesus G.C. 2005. O Ortognaisse Tarumã do Domínio Paraguá: Caracterização Petrogenética Preliminar. In:
IX Simp. Geol. Centro Oeste, Anais, Goiânia, p. 187- 190.
Matos R., Teixeira W., Geraldes M.C., Bettencourt J.S. 2009. Geochemistry and Nd-Sr Isotopic Signatures of the
Pensamiento Granitoid Complex, Rondonian-San Ignacio Province, East Precambrian Shield of Bolívia:
Petrogenetic Constraints for a Mesoproterozoic Magmatic Arc Setting. Geol. USP Série Científica, 9(2):89-
117.
Nascimento, N. D. C.; Ruiz, A. S.; Pierosan, R; Sousa, M. Z. A. Gnaisse Furna Azul - Evidências de Anatexia Sob
Metamorfismo de Alta Temperatura no Terreno Paraguá - Sw do Cráton Amazônico. In: 13º Simpósio de
Geologia da Amazônia, 2013, Belém. Anais do 13º Simpósio de Geologia da Amazônia.
Nakamura K. 1977. Volcanoes as a possible indicator of tectonic stress orientation: principle and proposal. Journal
of Volcanology Geothermal Research, 2:1-16.
Nalon P. A., Sousa M. Z. A., Ruiz A. S., Macambira M. J. B. 2013. Batólito Guaporeí: uma extensão do Complexo
Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Brazilian Journal of Geology, 43(1):85-
100.
Oliveira E. C., Lafon J. M., Gioia S. M. L., Pimentel M. M. 2008. Datação Sm-Nd em rocha total e granada do
metamorfismo granulítico da região de Tartarugal Grande, Amapá Central. Revista Brasileira de Geociências,
38:116-129.
Oliveira, J.R. & Nogueira, E.R. 2007. Caracterização Geológica do Embasamento do Grupo Aguapeí na Borda
Sudoeste da Serra Ricardo Franco nas imediações de Vila Bela da Santíssima Trindade/MT. Trabalho de
Conclusão de Curso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá,
Trabalho de Conclusão de Curso, 75p.
Olivatti, O. & Ribeiro Filho, W. Projetos centro-oeste de Mato Grosso, Alto Guaporé e Serra Azul. S.L., CPRM,
1976b. 51p.
Paces J. B., Miller Jr, J. D. 1993. Precise U-Pb ages of Duluth Complex and related mafic intrusions, northeastern
Minnesota: Geochronological insights to physical, petrogenetic, paleomagnetic, and tectonomagmatic
processes associated with the 1.1 Ga midcontinent rift system. Journal Geophysical Research, v. 98, p. 13997-
14013.
Peacock M. A. (1931). Classification of igneous rock series. Journal of Geology, v. 39, p. 54–67.
Pearce J.A., Harris N.B.W., Tindle A.G. 1984. Trace element discrimination diagrams for the tectonic
interpretation of granitic rocks. Journal of Petrology, v. 25(4): p. 956-983.
Pearce J.A. 1996. Sources and settings of granitic rocks. Episodes, 19:120-125.
Pinho, F.E.C. 1996. The origen of the Cabaçal Cu-Au deposit, Alto Jauru Greenstone Belt, Brazil. Doctored
Dissertation. The University of Western Ontário, London, Canadá. 211p.
Rizzotto, G. J.; Hartmann, L. A. 2012. Geological and geochemical evolution of the Trincheira Complex, a
Mesoproterozoic ophiolite in the southwestern Amazon Craton, Brazil. Lithos, v. 148, p. 277-295.
57
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Rizzotto, G. J.; Santos, J. O. S; Hartmann, L. A.; Tohver, E.; Pimentel, M. M.; McNaughton, N. J. 2013. The
Mesoproterozoic Guaporé Suture in the SW Amazonian Craton: Geotectonic Implications Based on Field
Geology, Zircon Geochronology and Nd-Sr Isotope Geochemistry. Journal of South American Earth Sciences,
48(1):271-295.
Ruiz A. S. 2005. Evolução geológica do sudoeste do Cráton Amazônico região limítrofe Brasil-Bolívia – Mato
Grosso. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, 14-
245p.
Ruiz, A. S. 2009. Compartimentação Tectônica (Pré-Sunsás) do SW do Cráton Amazônico: ênfase em Mato
Grosso – Brasil. In: Congreso Geológico Boliviano, 18, Actas, p.159-163.
Ruiz, A.S., Geraldes, M.C., Matos, J.B, Teixeira, W., Van Schmus, W.R., Schmitt, R. 2004. The 1590 – 1520 Ma
Cachoeirinha magmatic arc and its tectonic implications for the Mesoproterozoic. SW Amazonian craton
crustal evolution. Anais da Academia Brasileira de Ciências. 76(4): 807-824.
Ruiz, A.S., Matos, J. B., Sousa, M. Z. A.; Lima, G. A.; Macambira, M. B.; Matos, G. R.; Faria, D. A.; Fança, O.;
Costa, P. C. C. Granites of Pensamiento Intrusive Suite: Records of Continental Magmatic Arc San Ignacio in
Brazil. In: VIII South American Symposium on Isotope Geology, 2012, Medellín. Anais do VIII South
American Symposium on Isotope Geology, 2012. v. único.
Ruiz, A. S.; Sousa, M. Z. A.; Matos, J. B.; Macambira, M. B.; Lima, G. A.; Faria, D. A. Craton ou Terreno Paraguá?
Uma discussão baseada em novos dados geológicos e geocronológicos do SW do Craton Amazônico em
território brasileiro. In: XIII Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 2011, Campinas. Anais do XIII
Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 2011. v. único. p. 239-242.
Saes, G.S. 1999. Evolução tectônica e paleogeográfica do Aulacogeno Aguapeí (1.2 - 1.0 Ga) e dos terrenos do
seu embasamento na porção sul do Craton Amazônico. Instittuto de Geociências, Universidade de São Paulo,
Tese de Doutorado, 135 p.
Saes, G.S.; Alvarenga, C.J.S.; Cunha, J.E. 1987. Depósitos de plataforma marinha dominada por marés e
tempestades do Prpterozóico Médio na porção sudente do cráton Amazônico, região de Rio Branco, MT. In:
Simp. sobre Sistemas Deposicionais no Pré- Cambriano. Ouro Preto, 1987. Anais Ouro Preto, SBG-NMG.
Boi. 6, p. 1- 15.
Saes G.S. & Fragoso Cesar A.R.S.1994. The Aguapeí Basin (sowthwest Amazonia): a Greenville age aulacogen
of the Sunsas orogen. SBG-Congresso Brasileiro de Geologia, 38, Camboriú, Boletim de Resumos
Expandidos, 1:207-209
Saes, G.S. & Fragoso César, A.R.S. 1996. Acresção de terrenos mesoproteróicos no SW da Amazônia. In: SBG,
Congresso Brasileiro de Geologia, 39, Atas, p.348.
Saes, G.S. & Leite, J. A. D. 1993. Evolução Tectono-Sedimentar do Grupo Aguapeí, Proterozóico Médio na Porção
Meridional do Cráton Amazônico: Mato Grosso e Oriente Boliviano. Revista Brasileira de Geociêcias,
23(1):31-37.
Sato k., Basei M. A. S., Siga O. J., 2008. Novas técnicas aplicadas ao método U-Pb no CPGeo - IGc/USP: avanços
na digestão química, espectrometria de massa (TIMS) e exemplos de aplicação integrada com SHRIMP.
Geologia USP Série Científica, 8: 77-99
Santos, J. O. S.; Hartmann, L. A.; Gaudette, H. E.; Groves, D. I.; Mcnaughton, N. J.; Fletcher, I. R. 2000. A new
understanding of the Amazon Craton Provinces based on integration of field mapping and U-Pb and Sm-Nd
Geochronology, Gondwana Research, 3:453-488.
Santos, J. O. S.; Rizzotto, G. J.; McNaughton, N. J.; Matos, R.; Hartmann L. A. O mito cráton Paraguá. In: X
Simpósio de Geologia da Amazônia, 11-15 nov. 2007, Porto Velho. Anais. Porto Velho: SBG-Núcleo Norte,
2007.
Santos, J.O.S.; Rizzotto, G.J.; Potter, P.E.; Mcnaughton, N.J.; Matos, R.S.; Hartmann, L.A.; Chemale Jr, F. &
Quadros, M.E.S. 2008. Age and Autochthonous Evolution of The Sunsás Orogen in the West Amazon Craton
based on mapping and U-Pb Greochronology. Precambrian Research, 165:120-152.
Santos, R.O.B., Pitthan, J.H.L., Barbosa, E.S., Fernandes, C.A.C., Tassinari, C.C.G., Campos, D. A. 1979. Folha
Sd.20 - Guaporé. Geologia. Rio De Janeiro, Ministério das Minas e Energia-Secretaria Geral, Projeto
RADAMBRASIL – Geologia, 19:21-123.
58
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Shand S. J. (1927). Eruptive Rocks. Their Genesis, Composition, Classification, and Their Relation to Ore-
Deposits. London, pp: 360.
Souza, E.P. e Hildred, P.R. 1980. Contribuição ao estudo da geologia do Grupo Aguapeí, Oeste de Mato Grosso.
In: SBG, Cong. Bras. Geol., 31, Camboriu, Anais, 2: 813 – 825.
Steiger R. H., Jäger, E. 1977. Subcommission on geochronology: convention on the use of decay constants in
geoand chosmochronology. Earth Planetary Science Letters. 36: 359-362.
Stern R. A. 1998. High resolution SIMS determination of radiogenic trace isotope ratios in minerals. In: Cabri, L.
J.; Vaughan, D. J (Eds). Modern approaches to ore and environmental mineralogy. Mineralogical Association
of Canada. Short Course Series 27: 241-268.
Streckeisen A. 1976. To each plutonic rock, its proper name. Earth Science Review, Amsterdam, 12(1):1-33.
Tassinari, C.C.G. Comentários sobre a geocronologia da Folha SD.21 Cuiabá. Goiânia, Projeto RADAMBRASIL,
1981. 1v. (Relatório Interno RADAMBRASIL, 446-G).
Tassinari, C.C.G. 1996. O Mapa Geocronológico do Cráton Amazônico no Brasil: revisão dos dados isotópicos.
Tese de Livre-Docência, Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, 139 p.
Tassinari, C.C.G. & Macambira, M.J.B. 1999. Geochronological Provinces Of The Amazonian Craton. Episodes,
38:174-182.
Tassinari, C. G. C., Macambira, M. J. B. 2004. A Evolução Tectônica do Cráton Amazônico. In: Neto-Mantesso,
V., Bartorelli, A, Carneiro, C. D. R., Brito-Neves, B. B. (eds). Geologia do Continente Sul-Americano:
Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, p.: 471-486.
Teixeira, W.; Geraldes, M. C.; Matos, R.; Ruiz, A. S.; Saes, G.; Vargas-Mattos, G. 2010. A Review of the tectonic
evolution of the Sunsás Belt, SW Amazonian Craton. Journal of South American Earth Sciences, 29:47-60.
Teixeira, W. & Tassinari, C.C.G. 1984. Caracterização Geocronológica da Província Rondoniana e suas
Implicações Geotectônicas. Congresso Brasileiro de Geologia. Vol. 3 p. 87-100.
Teixeira, W., Tassinari, C.C.G., Cordani, U.G. & Kawashita, K. 1989. A review of the Geochronoloy
of the Amazonian Cráton: Tectonic Implications. Precambrian Research, 42: 213-227.
Tohver, E., van der Pluijm, B., Mezger, K., Essene, E. J., Scandolara, J.E., Rizzotto, G. R., 2004. Significance of
the Nova Brasilândia metasedimentary belt in western Brazil: redefining the Mesoproterozoic boundary of the
Amazon craton. Tectonics 23 TC 6004.
Vargas-Mattos G. L. 2006. Estudo petrográfico e geoquímico do embasamento e dos granitoides das Orogenias
Sunsás e San Ignácio da região de San Ramón e Concepción, SW do Cráton Amazônico da Bolívia.
Dissertação de mestrado, faculdade de geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 110p.
Whalen J. B., Currie K. L., Chappell B. W. 1987. A-type granites - geochemical characteristics, discrimination
and petrogenesis. Contributions to Mineralogy and Petrology, 95(4):407-419.
Williams I. 1998. U-Th-Pb geochronology by ion microprobe, In: McKibben M.A., Shanks III W.C., Ridley W.I.,
(eds), Applications of microanalytical techniques to understanding mineralizing processes. Society of
Economic Geologists. Short course 7: 1-35.
59
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
Anexo 1
60
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
61
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
62
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
63
Franca, O. 2014. Granito Morrinhos – Magmatismo da Suíte Pensamiento
* Ponto de Controle.
** Amostra FC22B – utilizada para análise geocronológica U-Pb (SHRIMP).
*** Amostra FC41A – utilizada para análise isotópica (Sm-Nd).
64