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CoLABORACAO PREMIADA: NATUREZA, DILEMAS ETICOS E CONSEQUENCIAS Miguel Reale Jiinior! 1. Colaborac&o: quebra de paradigmas A Lei n. 12.850/2013 veio a disciplinar este novel instituto, estabele- cendo os requisitos exigiveis para admissao da proposta de colaboragao, as obrigagées a serem assumidas pelas partes, acusagao e defesa, os direitos ga- rantidos ao colaborador, os beneficios possiveis de serem concedidos, o papel do juiz no acordo de colaboragao e a hipétese de retratagdo ou rescisio do contrato de colaboragao’. 1 A Judith, mulher de miltiplas vertentes, com quem me casei, com a certeza de que seria uma aventura de cada dia. S6 nao esperava que fosse uma aventura de cada hora, como felizmente é. 2 Art. 42O juiz poders, a requerimento das partes, conceder o perdio judicial, reduzir em até 2/3 (dois tercos) a pena privativa de liberdade ou substitui-la por restritiva de direi- tos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigacao e com © processo criminal, desde que dessa colaboragao advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificacio dos demais coautores e participes da organizacao crimi- rnosa e das infragGes penais por eles praticadas; Il ~a revelacéo da estrutura hierarquica da divisio de tarefas da ofganizacao criminosa; III a prevengfo de infragSes penais decorrentes das atividades da organizacao criminosa; IV ~a recuperacao total ou parcial do produto ou do proveito das infragdes penais praticadas pela organizagao criminosas \V—a localizagao de eventual vitima com a sua integridade fisica preservada. — * § 12 Em qualquer caso, a concessio do beneficio levaré em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstancias, a gravidade e a repercussio social do fato criminoso e a eficécia da colaboragao. § 22Considerando a relevncia da colaboragao prestada, o Ministério Pablico, a qualquer tempo, o delegado de policia, nos autos do inquérito policial, com a manifestagio do Ministério Pablico, poderao requerer ou representar ao juiz pela concessao de perdio judicial a0 colaborador, ainda que esse beneficio nao tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cédigo de Processo Penal). § 3° O prazo para oferecimento de dentincia ou o processo, relativos ao colaborador, poderd ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogaveis por igual periodo, até que sejam cummpridas as medidas de colaborago, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. § 42 Nas mesmas hipoteses do caput, o Ministério Pablico poderé deixar de oferecer de- niincia se o colaborador: I~ nao for o lider da organizagao criminosa; II for o primeiro 1 prestar efetiva colaboragiio nos termos deste artigo. 0. na AA Colaboragio Premiada veio romper com dois prinefpios fundamen. tais, um do Direito Penal e outro do Direito Processual Penal. No campo do Direito Penal, desfezse o princrpio da legalidade a0 s impor penas no previstas na li, sendo autorizada até mesmo Progresso de regime mesmo que os dados objetivos, como tempo da pena ou reincidénci, segundo o Cédigo Penal, nfo autorizssem a execugio da pena em regine aberto, por exemplo. Insttuius, ento, todo um sistema de pena fruto do acordado na con- vvengi0 de colaboragio premiada. Surgem novas formas: sistema fechado dliferenciado,semiaberto diferenciado, abert diferencindo, fruto da imagina to cradora do Ministério Pablico Federal, com o que se quebra eftivamen te 0 paradigma: pena sem lei anterior, tio ciosamente cultivado pelo Direto Penal a partir do luminismo. "_ §58Se a colaboragio fer posterior sentenga, a pena poderd ser redusida até a metaie user admide a progesso de regime ainda que ausentes os equists bjetivs, ta {10 Aspartes poem reratars da propos caso em que as provas autoincriminattias roids pelo coakorador nfo perso ser utlizadas exluivamenteem seu desvoe SILA sentenga areca stems do acotdo homalgado © sun efi 3 Chic 0 Ministxo Pablco Federal um novo sistema de penas, expecificando forms Se cumprimento no pevistas no Cig Penal ena peépia Lei de Execugio Peal Ver fique-s, por exemple © que disp propos de Acordo: a) XX de reclusto no repine fecha prison» see cumpido em extabelecimento prisonal a ser definido pelo Jus

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